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Produção Ágil
Docentes
Turma 3DA
Cátia Alves (CVA)
1190375_André Monteiro
Venceslau Correia (VEC)
1181897_Daniel Rebelo
Hélio Castro (HCC)
Unidade Curricular
1190648_Gustavo Alves
Análise e Otimização de
1190795_Juliana Azevedo
Processos
Janeiro de 2022
Agradecimentos
No que respeita a todo o conteúdo necessário para a elaborar este relatório,
devemos um agradecimento especial a docente da Unidade Curricular de Análise e
Otimização de Processos (ANAOP), Cátia Filipa Veiga Alves.
II
Resumo
O presente relatório surge no âmbito da unidade curricular de Análise e Otimização
de Processos, lecionada pela docente Cátia Alves, no decorrer do primeiro semestre do
terceiro ano da Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial, no Instituto Superior de
Engenharia do Porto.
Numa fase inicial, a equipa fez um levantamento de vários artigos científicos, com
o objetivo de identificar artigos publicados recentemente e, posteriormente, elaborou a
escolha dos mais indicados, para o objetivo do relatório. Por último, foi realizada uma
conclusão, para se abordarem os principais conhecimentos adquiridos, com uma crítica
sucinta aos conteúdos explorados.
Palavras-Chave
III
Índice
Agradecimentos .................................................................................................................II
Resumo............................................................................................................................ III
1. Introdução ......................................................................................................................6
3. Conclusão ................................................................................................................... 19
4. Referências................................................................................................................. 21
IV
Índice de Figuras
Figura 1 - Método Científico por Francis Bacon, 1620 .....................................................7
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Tabela retirada de Elkinsa, Huanga et Aldenb 2003 (adaptada) ................. 13
Acrónimos/Siglas
ANAOP - Análise e Otimização de Processos;
PDSA - Plan-Do-Study-Act.
V
1. Introdução
Este relatório, elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Análise e Otimização
de Processos (ANAOP), inserida no terceiro ano da licenciatura em Engenharia e
Gestão Industrial, aborda, no seu contexto geral, o Estado da Arte da Produção Ágil.
6
2. Estado da Arte
2.1. História
2.1.1. Evolução
No entanto, há quem defenda que as raízes desta metodologia poderão ter surgido
no ano de 1620, num Método Científico desenvolvido pelo político, filósofo, escritor e
cientista inglês Francis Bacon (Rigby, Sutherland e Takeuchi, 2016), onde já se
verificavam ideologias da Produção Ágil. O método baseava-se numa pergunta, na
pesquisa de informação, na formulação de uma hipótese e na sua experimentação e
ainda na partilha de conhecimento, como é demonstrado na Figura 1. Toda esta teoria
assemelha-se à abordagem ágil dos dias de hoje, que será abordada mais à frente, no
Capítulo 2.1.2.
7
no aumento de eficiência dos fluxos de trabalho, que era conseguida pelo resto da
administração, a quem Taylor incentivava a estudar o processo, com vista à sua
otimização. Desta forma, já na altura verificava-se a comunicação e o aproveitamento
das competências de outros membros da organização, ainda que apenas de uma parte.
Ao longo das décadas seguintes, para além dos acontecimentos já referidos, deram-
se alguns outros em que são evidentes alguns princípios da Produção Ágil. No entanto,
foi a partir da década de 90 que se reforçou este tipo de produção. Nas décadas de 70
e 80, os Estados Unidos sofreram perda da liderança na indústria (Roger N. Nagel,
1991), acompanhada pelos avanços das indústrias europeia e nipónica. A época
marcada pela produção em massa estava a chegar ao fim, face à intensificação da
competitividade mundial a partir da década de 80, e a necessidade de mudança surgia
cada vez mais (V. M. M. Thilak, S. R. Devadasan and N. M. Sivaram, 2015). Os Estados
Unidos, à procura da retoma à liderança da indústria e ao saber que precisavam de agir,
apostaram em alta no novo paradigma da Produção Ágil, que, ao longo do tempo, se
tem verificado cada vez mais presente em todo o mundo.
2.1.2. Atualidade
8
processos flexibilizados conseguem concretizar uma larga gama de produtos com
apenas algumas alterações (Wu et al., 2017, citado por Gunasekaran et al., 2018).
9
permite uma mobilização oportuna de recursos a nível mundial (Dubey et al., 2018,
citado por Gunasekaran et al., 2018).
A automação flexível é cada vez mais presente nas organizações, com capacidade
de ser controlada por computador, com os sistemas de feedback em circuito fechado e
com uma capacidade de diagnóstico interno. Este tipo de automação opera em redes
integradas, mas independentes de máquinas de controlo numérico, alimentadores,
atuadores e transportadores com sensores conectados (Lee et al., 1997, citado por
Gunasekaran et al., 2018).
10
aos colaboradores trabalhar em equipas autodirigidas, comunicativas e auto-
organizadas (Iqbal, Huq e Bhutta, 2018, citado por Gunasekaran et al., 2018).
Inversamente, segundo os autores Forsythe, 1997; Plonka, 1997, citado por Bingjie
Ding, Xavier Ferràs Hernández e Núria Agell Jané, 2021, a produção ágil pode fortalecer
a implementação da Indústria 4.0, sendo que a agilidade produtiva só pode ser
alcançada com conhecimento e uma rede de comunicação associada à força de
trabalho.
A gestão ágil com base em tecnologias da Indústria 4.0 combina o habitual conceito
da gestão convencional com a metodologia de trabalho ágil, integrando equipas de
11
forma ágil no desenvolvimento de projetos, no entanto, sem esta tecnologia, as equipas
que trabalham em paralelo necessitam de uma colaboração mais frequente entre
participantes (Eisentrager et al. 2018, citado por Bingjie Ding, Xavier Ferràs Hernández
e Núria Agell Jané, 2021).
A norma da indústria até aos tempos atuais tem sido a utilização de sistemas
dedicados, projetados e construídos para a produção de um modelo específico,
conseguindo alcançar baixos custos de produção por unidade e eficiência elevada, para
12
a produção de grandes séries. Este tipo de máquinas e processos são adequados a
produtos com grande procura (que exigem produções em grandes séries) e com um
tempo de vida útil longo, que permite a utilização desta maquinaria durante um grande
período de tempo, resultante num baixo investimento por unidade.
Por outro lado, este tipo de sistemas não permite a adaptação rápida e económica
para a produção de novos modelos, sendo que muitos dos seus componentes e
ferramentas não são reutilizáveis para estas novas produções. É nestas áreas que as
vantagens de um sistema ágil surgem. Apesar do investimento inicial neste ser superior
ao investimento inicial num sistema dedicado, permitem ser adaptados a novos produtos
com um investimento muito reduzido, o que não é possível se o sistema for
especificamente desenhado para a produção de apenas um modelo. Estas adaptações
inesperadas à produção de novos modelos são também muito mais céleres, porque as
ferramentas, máquinas e características das máquinas são reconfiguráveis e estão
preparadas para modificações. Como evidenciado no artigo em questão, estes sistemas
ágeis tendem a recorrer a máquinas CNC e são caracterizados por layouts curtos com
linhas paralelas.
A transição para um sistema ágil irá permitir diversidade produtiva entre modelos
pertencentes a uma classe de produto. Isto significa que, dentro da classe de motores
com 6 cilindros (classe de produto), este tipo de sistemas é capaz de produzir motores
V6 e 6 em linha (variantes dentro da classe), com apenas algumas adaptações. (Elkinsa,
Huanga et Aldenb 2003)
13
entretanto, adquirida pela Ericsson Telent. Esta empresa fornece os seus produtos às
maiores produtoras de equipamentos originais (OEMs) presentes no mercado
aeroespacial e da defesa e para todas as principais companhias aéreas do mundo.
As recomendações por parte dos autores, que esperam tornar a então denominada
GECMAe numa empresa mais ágil, começam pela redução dos níveis de hierarquia
dentro da empresa. Esta redução aproxima as várias partes da empresa, tornando a
comunicação mais facilitada, mais rápida e evita a perda de informação durante o
processo. Outro aspeto tocado pelos autores é a separação entre os novos produtos a
desenvolver para serem introduzidos no mercado e aqueles que já se encontram
afirmados no mesmo. Esta separação tem como objetivo focar a agilidade onde esta é
mais importante, ou seja, nos novos produtos. A agilidade é importante para dar
capacidade à empresa de desenvolver novos produtos e iniciar a produção destes
enquanto ainda são novidade, de forma que a empresa seja capaz de se estabelecer
no mercado antes dos seus concorrentes. Para alcançar a desejada agilidade, os
autores sugerem a utilização de layouts por processo, já que estes são caracterizados
pela flexibilidade, enquanto aconselham a transformação para layout por célula nas
linhas dos produtos já a meio da sua vida útil, casos em que interessa reduzir o custo
de produção unitário.
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tanto detalhe, mas de qualquer forma indica diretamente quais as medidas tomadas em
cada um destes casos.
Para começar, uma das medidas que mais tem influenciado a agilidade das
empresas é a implementação de modelos digitais de simulação e modelação. Este tipo
de sistemas permite que de forma rápida, económica e confiável sejam desenhados
novos componentes, estudada a performance das partes, aperfeiçoados os designs,
desenhadas linhas produtivas, entre muitas outras possibilidades. Disto são exemplos
os softwares de CAD, CAE e RPT.
Tal como é referido por Mason-Jonest, Ben Naylor et Towill, 2000, o pensamento
Lean é um princípio que muitas empresas tentam seguir, mas, mais recentemente, a
Produção Ágil tem sido destacada como uma alternativa ou oportunidade de melhoria
15
da atitude Lean, e estudar ambos os temas de forma isolada um do outro pode fazer
com que se perca valor dos benefícios que ambos poderiam trazer.
Para além disto, os autores também consideram que, em citações feitas por outros
escritores, tais como: “Muitas organizações adotaram o paradigma do pensamento
Lean” (Womack et Jones 1994, citado por Mason-Jonest, Ben Naylor et Towill, 2000) e
“no seu percurso, com vista a otimizar a performance das mesmas e melhorar a sua
posição competitiva. Recentemente, a Produção Ágil tem sido enaltecida como uma
alternativa ao Lean” (Richards 1996, citado por Mason-Jonest, Ben Naylor et Towill,
2000). A ideia transmitida é que, após ser aplicado o pensamento Lean, o próximo passo
é a Produção Ágil, o que, na opinião dos autores é completamente errado.
A opinião dos mesmos acerca desta combinação é que pode existir, mas não da
maneira descrita pelos autores anteriores. Esta aliança pode funcionar com uma
estratégia que possua um ponto de desacoplamento, em que se retiram as partes
vantajosas de cada estratégia. Assim, a supply chain pode adotar uma abordagem Lean
no início, permitindo a elaboração de um cronograma nivelado, abrindo uma
oportunidade para redução de custos e, ao mesmo tempo, a jusante do ponto de
desacoplamento, a existência de uma resposta ágil, perfeita para responder às
exigências de um mercado instável/imprevisível. (Mason-Jonest, Ben-Naylor et Towill,
2000).
Neste artigo, foi novamente reforçado que ambas as metodologias de produção, Lean
e ágil, não devem ser estudadas separadamente, mas sim serem combinadas com a
estratégia da supply chain, tendo em consideração o conhecimento do mercado e o
posicionamento do ponto de desacoplamento, já referido anteriormente, uma vez que a
produção ágil se adequa mais a procuras instáveis e a Lean requer um cronograma bem
nivelado.
16
Para além disso, através da análise da Tabela 2, é facilmente transmitida a
informação do desenvolvimento de cada metodologia de produção em várias das suas
características, segundo a interpretação dos autores, baseada em revisões
bibliográficas acerca da produção Lean, ágil e gestão da supply chain, retiradas da
análise de casos industriais verídicos.
Para além desta comparação entre as duas metodologias de produção, ainda foi
realizada outra, que tem como propósito apresentar a importância de cada medida
apresentada na Tabela 3, para cada tipo de produção.
Concluindo, segundo o que foi escrito por Ben Naylor, Mohamed Naim et Danny
Berry, 1999, os produtores, ou responsáveis pela gestão da produção, nunca devem
olhar para as operações em separado do resto de toda a cadeia de
abastecimento/supply chain, dado que quer haja a aplicação da metodologia Lean ou
ágil, se deve ter a noção em que parte desta cadeia a análise está a ser efetuada. No
entanto, o que se destaca fortemente no artigo é a defesa, por parte dos autores, de
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que todas as empresas se devem esforçar por incluir ambas as produções, o chamado
Leagile, uma vez que, cuidadosamente, combina os benefícios dos paradigmas Lean e
ágil.
18
3. Conclusão
Dado como concluído o desenvolvimento do presente relatório, é vantajoso
recapitular e avaliar o trabalho desenvolvido, refletindo sobre os vários aspetos
abordados e resumindo as conclusões retiradas.
Após isso, foi abordada a atualidade da Produção Ágil. Com este capítulo podemos
concluir que, para a implementação de um sistema ágil numa organização, é necessário
possuir um ambiente interno e externo favoráveis a esta mudança. Caso isto se
evidencie, e caso a Produção Ágil possa ser implementada, existem 5 competências
que esta necessita, sendo estas a personalização em massa, supply chain networking,
automação da produção, competências dos colaboradores e a utilização de tecnologia.
19
e a capacidade de agilidade produtiva, coisa que só é possível fazer analisando
singularmente cada caso de estudo.
Para concluir, o grupo considera ter alcançado todos os objetivos com sucesso e
espera ter conseguido realizar um trabalho que, de forma simples, mas eficaz, se
debruce sobre a produção ágil. Para isto, o grupo enfrentou alguns desafios que teve
que ultrapassar, nomeadamente o calendário apertado que não permitiu o investimento
de mais tempo sobre os pequenos pormenores e a procura de artigos que fossem claros
na transmissão da informação pretendida.
20
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