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Hoje, a matemática aplicada é utilizada em modelagens que vão da medicina

Matemática Aplicada
à astronomia, das comunicações ao desenvolvimento de equipamentos de Edson Carlos Chenço
precisão, enfim, em importantes áreas do dia a dia. Ao digitar senhas em caixas
eletrônicos, ao pensar na chance probabilística de ganhar na loteria, ao avaliar
riscos de um investimento, ao elaborar uma planilha orçamentária, as pessoas
estão “matematizando”, isto é, avaliando tudo que as cerca do ponto de vista
matemático.
Neste livro, houve a preocupação de mostrar a versatilidade dos conceitos
de matemática aplicada e sua utilidade. Estruturada em dez capítulos, a obra
parte dos conceitos iniciais de potenciação e radiciação, passando pelas
equações e problemas de primeiro e segundo grau, pelas progressões, matrizes
e determinantes, até finalizar com as funções polinomiais, limites e funções
derivadas. Em todos os capítulos há dezenas de exercícios resolvidos, exemplos
solucionados, aplicações em diversas áreas e, ainda, sugestões de outros
materiais que venham a enriquecer os conhecimentos do leitor.
Ter uma base sólida em matemática aplicada, portanto, possibilitará uma
formação científica de qualidade. Melhores decisões são tomadas quando se tem
acesso a informações precisas, ampliando o olhar sobre os problemas que se
manifestam no cotidiano.

Edson Carlos Chenço


matemática
aplicada
Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6480-9

58558 9 788538 764809


Matemática aplicada

Edson Carlos Chenço

IESDE
2019
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos
direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: IESDE BRASIL S/A.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C447m
Chenço, Edson Carlos
Matemática aplicada / Edson Carlos Chenço. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2019.
230 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6480-9
1. Matemática. 2. Matemática - Estudo e ensino. I. Título.
CDD: 510
19-59539
CDU: 51

Todos os direitos reservados.

IESDE BRASIL S/A.


Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Edson Carlos Chenço
Doutorando em Negócios Internacionais pela Florida Christian University (FCU). Mestre
em Metrologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Especialista
em Gestão de Negócios pela MUST University. Professor de programas de pós-graduação e
corporativos. Consultor de finanças e projetos empresariais.
Sumário

Apresentação 7
1 Fundamentos de matemática básica 9
1.1 Números inteiros e racionais 9
1.2 Potenciação 10
1.3 Radiciação 12
1.4 Razão e proporção 13
1.5 Regra de três 16
1.6 Equações do primeiro grau 18
1.7 Equações do segundo grau 22

2 Estudo dos conjuntos 31


2.1 Conceitos fundamentais 31
2.2 Tipos especiais de conjuntos 34
2.3 Produto cartesiano 37
2.4 Intervalos 40
2.5 Exercícios resolvidos 41

3 Funções: gráficos e aplicações 47


3.1 Conceito de função 47
3.2 Função de primeiro grau 48
3.3 Tipos de funções de primeiro grau 49
3.4 Aplicação especial para funções de primeiro grau 54
3.5 Exercícios resolvidos 58

4 Funções: outros modelos 65


4.1 Função quadrática ou polinomial 65
4.2 Função exponencial 69
4.3 Função logarítmica 73
4.4 Função inversa 76

5 Sequências e progressões 83
5.1 Sequências 83
5.2 Progressões aritméticas 87
5.3 Progressões geométricas 92
6 Análise combinatória e probabilidades 97
Mega-Sena: concurso 2120 de hoje pode pagar R$ 20 milhões 97
Números de celulares de todo o país terão nove dígitos a partir do dia 6 97
Rodízio de veículos em São Paulo é suspenso para o fim de ano 97
6.1 Conceitos introdutórios 98
6.2 Princípio fundamental da contagem 99
6.3 Probabilidade 106

7 Probabilidades – Distribuições 115


7.1 Variáveis aleatórias discretas ou contínuas 115
7.2 Distribuições discretas 117
7.3 Relação entre valor esperado e medidas de dispersão 118
7.4 Distribuições binomiais 122
7.5 Distribuição de Poisson 125
7.6 Esperança matemática 126

8 Matrizes 133
8.1 Matrizes m x n 133
8.2 Operações envolvendo matrizes 136
8.3 Determinantes de uma matriz 139

9 Sistemas lineares 143


9.1 Complemento algébrico e menor complementar 143
9.2 Sistemas lineares 145
9.3 Sistemas normais 147
9.4 Sistemas equivalentes 148
9.5 Sistemas escalonados 149

10 Funções polinomiais, limites e derivadas 159


10.1 Funções polinomiais 159
10.2 Multiplicidade de uma raiz 161
10.3 Princípio da indução finita 163
10.4 Limites 168
10.5 Derivadas 178
10.6 Aplicações das derivadas às atividades econômicas 192

Gabarito 197
Referências 229
Apresentação

Atualmente, cada vez mais se exige a capacidade de trabalhar e interpretar informações.


Essa habilidade, essencial ao avanço da ciência, desenvolve-se rapidamente com os novos modelos
matemáticos que se apresentam, além dos muitos que já conhecemos e são utilizados. Por meio
deles, emergem novos conhecimentos, habilidades e competências, os quais serão facilitadores e
decisivos para alinhar teorias e práticas nas diversas áreas de atuação.

Ter uma base sólida em matemática aplicada, portanto, possibilitará uma formação científica
de qualidade. Melhores decisões são tomadas quando se tem acesso a informações precisas,
ampliando o olhar sobre os problemas que se manifestam no cotidiano.

Hoje, utilizamos a matemática aplicada em modelagens que vão da medicina à astronomia,


das comunicações ao desenvolvimento de equipamentos de precisão, enfim, em importantes
tarefas do dia a dia. Ao digitarmos senhas em caixas eletrônicos, ao pensarmos em nossa chance
probabilística de ganhar na loteria, ao avaliarmos riscos de um investimento, ao elaborarmos nossa
planilha orçamentária, estamos “matematizando”, isto é, avaliando tudo que nos cerca do ponto de
vista matemático.

Neste livro, houve a preocupação de mostrar a versatilidade dos conceitos de matemática


aplicada e sua utilidade. Estruturado em dez capítulos, partindo dos conceitos iniciais de
potenciação e radiciação, passamos pelas equações e problemas de primeiro e segundo grau,
pelas progressões, matrizes e determinantes, até finalizarmos com as funções polinomiais,
limites e funções derivadas. Em todos os capítulos há dezenas de exercícios resolvidos,
exemplos solucionados, aplicações à área de gestão e, ainda, sugestões de outros materiais que
venham a enriquecer seus conhecimentos.

Bons estudos!
1
Fundamentos de matemática básica

Neste primeiro capítulo, apresentaremos de maneira objetiva os principais conceitos da


matemática básica e suas aplicações. Em princípio, esses conteúdos parecem muito simples, mas
conhecê-los e saber aplicá-los é fundamental para avançar nas seções propostas neste livro.
Os pontos mais importantes deste capítulo são: potenciação, radiciação, expressões, equações
e sistemas do primeiro grau. Ainda, abordaremos razão, proporção e regra de três, números reais e
aplicações para equações e sistemas do segundo grau.

1.1 Números inteiros e racionais


As frações e os números decimais são de conhecimento geral, principalmente nos anos
iniciais do Ensino Fundamental. Esses números têm em comum o fato de pertencerem a um mesmo
conjunto numérico chamado de conjunto dos números racionais, sempre representado pela letra Q.
Todo número escrito na forma a/b é racional, sendo que a e b são, cada um, números inteiros,
desde que b seja diferente de zero.

Importante relembrar: números inteiros são aqueles que não possuem


casas decimais, mas podem ser positivos e negativos.

Podemos dizer também que os números decimais estão entre os números racionais, pois, se
dividirmos uma fração, teremos como resultado um valor decimal. Vejamos os exemplos:
4 15 4
= 0, 80  7, 5 =4
5 2 1
Os números naturais também podem ser incluídos no conjunto Q, pois são expressos na
forma de fração, resultando em valor natural. O mesmo acontece com números inteiros. Nesses
casos, as frações são chamadas de frações aparentes. Vejamos os exemplos:
15 49
=5  7
3 7
Praticamente em todas as situações que envolvam medidas e contagem, os números inteiros e
racionais estão presentes. São necessários nos cálculos de engenharia, da matemática financeira, na
resolução de problemas de física, química e biologia, entre outras áreas. Como exemplo, podemos
observar o cálculo da média harmônica que envolve números inteiros, decimais e fracionários ao
mesmo tempo, demonstrando uma medida de velocidade média.
10 Matemática aplicada

• Velocidade de ida: 80 km/h.


• Velocidade de volta: 30 km/h.
• Percursos: 2 (ida e volta).
Portanto:
2 2
  43, 9km / h
1 1 0, 0125  0, 033

80 30

1.2 Potenciação
A potenciação, também chamada de exponenciação, é uma das principais operações
desenvolvidas com os números reais, que englobam todos os conjuntos numéricos (naturais,
inteiros, racionais e irracionais). Quando desenvolvemos uma potência, um número é multiplicado
uma, duas ou inúmeras vezes por ele mesmo.
an = a . a . a . …
n vezes
O estudo da potenciação permite percebê-la como uma ferramenta fundamental para que
se possa avançar no pensamento matemático. Além de ajudar na resolução e solução de operações,
facilita a representação de números muito grandes ou muito pequenos de maneira mais objetiva.
Conhecer as regras de potenciação é, nesse sentido, pré-requisito para avançar no estudo de
conceitos e operações matemáticas, além de outras áreas do conhecimento.
Na multiplicação 3 . 3 . 3, você observa que todos os fatores são iguais. Essa mesma
representação pode ser abreviada:
3 . 3 . 3 = 33 = 27
Logo:

expoente
33 = 27 potência
base

Encontra-se a aplicação desse conceito em relatórios de pesquisas científicas e estudos


especializados. Observe estes exemplos:
a) 5.820.000 podemos representar com a notação: 5,82 . 106.
b) 0,00019 pode ser representado do seguinte modo: 1,9 . 10–4.

É possível utilizar a ideia de potenciação também no cálculo de juros em operações


financeiras, nas quais o tempo avaliado é sempre representado por uma potência na fórmula.
Fundamentos de matemática básica 11

1.2.1 Propriedades da potenciação


A potenciação tem um conjunto de propriedades que devem ser utilizadas para a resolução
das operações. As propriedades tornam mais simples algumas operações que envolvem as potências.
O filósofo Arquimedes, que viveu no século III a.C., já lançava mão dos conceitos de
exponenciação para especular sobre medidas relativas ao universo. Os estudos evoluíram durante
séculos e, hoje, as propriedades da potenciação são aplicadas em estudos avançados. Por meio do
estudo de um ramo da geometria chamado fractal, por exemplo, foi possível descrever a retina em
minúsculas partes associadas e, com base nesses desenhos precisos, instrumentalizar a medicina
para fazer cirurgias utilizando raios laser e elevando a possibilidade de recuperação parcial ou total
da visão.
A seguir, apresentamos as propriedades da potenciação:
a) Um número natural elevado ao expoente 1 será sempre igual a ele mesmo. Exemplo:
51 = 5

b) Um número natural não nulo elevado ao expoente zero será sempre igual a 1. Exemplo:
80 = 1

c) Potência de base 1 será sempre igual a 1. Exemplo: 14 = 1

d) Toda vez que o expoente for negativo, significa que haverá uma troca de posição entre o
numerador e o denominador.
1 1
Exemplo: 53  
5 125
3

e) Potência negativa no denominador se transformará em numerador quando trocar o sinal


dessa potência.
1 3
Exemplos:  73  3  53
7 3
53
f) Base 10: resulta no numeral formado pelo algarismo 1 mais o total de zeros de acordo
com as unidades do expoente.

Exemplo: 104 = 10 . 10 . 10 . 10 = 10.000

g) Quadrado perfeito: quando o produto é formado por dois fatores iguais.

Exemplos: 52 = 5 . 5 = 25 92 = 9 . 9 = 81

Produto de potências de mesma base: devemos conservar a base e somar os expoentes.


Exemplo: 52 . 54 = 52 + 4 = 56 = 15.625

Para dividir potências de mesma base, não nula, conservamos a base e subtraímos os
expoentes. Exemplo: 56 : 54 = 56 – 4 = 52 = 25
Para elevar uma potência a um novo expoente, o que chamamos de “potência da potência”:
conserve a base e multiplique os expoentes. Exemplo: (64)3 = 64 . 64 . 64 = 612 = 2176782336
12 Matemática aplicada

As propriedades da potenciação, como vimos, simplificam muito as operações numéricas


e facilitam o avanço nos estudos das expressões e equações em temas como a radiciação, que será
nosso próximo assunto.

1.3 Radiciação
A operação inversa à potenciação se chama radiciação. Por meio das principais propriedades
da radiciação é possível resolver com mais facilidade exercícios que envolvem raízes.
Exemplo: 72 = 49 ∴ 49 = 7
n
a =b n = índice a = radicando b = raiz
Como a raiz é quadrada, não precisamos colocar o algarismo 2 no radical.
A radiciação é uma operação matemática para definir o valor de um número que, ao ser
multiplicado por ele mesmo uma ou inúmeras vezes, se transformará em outro número. Sabemos,
por exemplo, que a raiz quadrada de 16 é 4, pois se multiplicarmos o número 4 por ele mesmo, seu
resultado será 16. Nesse caso, temos um quadrado exato ou perfeito. Caso a intenção seja extrair a
raiz de um número não inteiro, como 16,7, teremos como resultado um número decimal.

1.3.1 Propriedades da radiciação


Como vimos nas operações de potência, nas operações de radiciação também temos
propriedades importantes que facilitarão cálculos mais complexos, principalmente quando é
necessário simplificar radicais.
As primeiras propriedades da radiciação aparecem em estudos antigos, do século IV a.C.,
e muitos acreditam que o símbolo original era r, letra inicial da palavra radix, em latim. Vejamos
essas propriedades:
a) Índice par: quando o radicando é positivo resulta em número positivo. Para radicandos
negativos, não existe raiz real.
Exemplos: 16 = 4 −16
Temos resultado Não existe

Não há nenhum quadrado perfeito que resulte –4, por isso não é possível extrair a raiz.
b) Índice ímpar de uma raiz: para radicando positivo, a raiz também é positiva. Exemplo:
3
64 = 4
Para radicando negativo, o resultado mantém o sinal do radicando. Exemplo: 64  4
3

c) Expoente fracionário: quando há uma fração no expoente, transforma-se em raiz, na


qual o numerador é o índice do radical e o denominador é a potência do radicando.
3 1 1
=
Exemplos: 55 =
5
53 62 6 60=
,5
6=
2
6

d) Exemplos de propriedades especiais: 6  0  0 5


1 1 3
43  4
Fundamentos de matemática básica 13

e) Exemplos de radical de um produto e radical do quociente: basta fazer o produto ou a


divisão, mantendo-se o mesmo radical.
3
4 5  3 4  3 5

3 33
3 
5 35

12 : 6 6:6
12
86  8  8

f) Exemplos de simplificação, adição e subtração de radicais semelhantes: basta fazer a


decomposição para simplificar ao máximo a operação.
576  26  32  23  3  24

3
5  2 3 5  1  2   3 5  3 3 5

6 3 5  3 3 5  6  3  3 5  3 3 5

 
2
g) Exemplo de potência de um radical: 5 3 6  52  3 62  25 3 36

h) Exemplo de radical de radical: 7  222 7  8 7


5 5 3 5 3 5 3
i) Exemplo de racionalização de denominadores de índice 2:   
3 3 3 9 3
De todas as propriedades apresentadas, duas são mais complexas e muito importantes. A
primeira é a propriedade radical de radical e a segunda, a de racionalização de denominadores de índice
2. Essas propriedades permitem simplificar as expressões e tornar suas resoluções mais eficientes.

1.4 Razão e proporção


Para que exista uma razão, se faz necessário associar pelo menos dois números. E é
importante que sejam diferentes de zero. A razão ocorre quando comparamos essas duas ou mais
medidas e simplificamos ao máximo os valores dessas relações. Os resultados podem ser expressos
em porcentagem ou em números decimais.
As razões e proporções podem ser grandezas diretas, inversas ou recíprocas. Significa que
podem representar grandezas equivalentes, grandezas de mesma espécie ou grandezas de espécies
diferentes. Na matemática aplicada, os conceitos de razão e proporção são utilizados em operações
que envolvam finanças, proporcionalidade, muitas variáveis ou áreas mais especializadas, como a
estatística.
14 Matemática aplicada

1.4.1 Razão
Razão, do latim ratio, significa divisão. São várias as situações na matemática em que se
utiliza o conceito de razão. Exemplos:
a) Para cada 180 passageiros, 90 eram mulheres. Logo: 90 : 180, um para dois.
b) De 1.600 ingressos, 400 eram para a plateia VIP. Logo, 400 : 1.600, um para quatro.
Então, 400 : 1.600, o antecedente é 400 e o consequente é 1600.
• Razões inversas
Observamos que, ao multiplicarmos uma razão e o seu inverso, sempre resultará em 1.
4 5
 1
5 4

• Razões equivalentes
As razões equivalentes podem ser obtidas por produto ou divisão.
...×2...
2 4
=
4 8
... ×2 ...
... :2 ...
2 1
=
4 2
... :2 ...
• Grandezas de mesma espécie
Vemos que é possível relacionar grandezas representadas na mesma unidade.
Altura do armário 1 → 180 cm, logo, 1,8 m → 1
Altura do armário 2 → 540 cm, logo, 5,4 m → 3
• Grandezas de espécies diferentes
As grandezas se apresentam em unidades de medidas diferentes, mas mantêm correlação.
Distância → 180 km
Gasolina gasta → 18 litros
180
= 10km/l
18
Logo, a razão será 10 quilômetros por litro.

Vejamos outro exemplo: a distância de 750 km é percorrida por um avião em 5 horas. Qual
a razão entre essas grandezas?
750km
= 150km / h
5h
Fundamentos de matemática básica 15

1.4.2 Proporção
É uma igualdade entre duas razões. Quando observamos quatro números racionais a, b, c
e d, não nulos, é certo que formam uma proporção quando a razão do primeiro pelo segundo for
igual à razão do terceiro pelo quarto.
Logo, a : b = c : d, onde se lê a está para b, assim como c está para d.
Observe a proporção a seguir, na qual a segunda fração equivale ao dobro do valor da
primeira.
5 10
=
50 100
Produto dos meios: 50 . 10 = 500
Produto dos extremos: 5 . 100 = 500
• Termo desconhecido na proporção
Normalmente o termo desconhecido é chamado de x.
4 20
=
8 x
4 . x = 8 . 20
4x = 160, logo, x = 40
• Terceira proporcional
Na terceira proporcional, repetimos no terceiro termo o valor do denominador do
segundo termo e assim completamos a proporção.
10 20
=
20 x
10 . x = 20 . 20
10x = 400
Logo, x = 400 : 10
x = 40
• Quarta proporcional
Em a : b, assim como c : x, indicamos por x a quarta proporcional. Dados os valores 10, 20
e 12, por exemplo, determinamos a quarta proporcional do seguinte modo:
10 20
=
20 x
10x = 20 . 12
10x = 240, portanto, x = 24
Grandezas proporcionais
16 Matemática aplicada

Grandeza é aquilo que pode ser contado e medido. Superfície, volume, comprimento e
custo, por exemplo, são grandezas cujas medidas podem ser aumentadas ou diminuídas
de acordo com a situação apresentada. Diferenciamos as grandezas em diretamente
proporcionais ou inversamente proporcionais, dependendo da relação entre elas. Vejamos
os exemplos:
a) 10 operários fazem 50 metros de obra, logo, 20 operários farão 100 metros da mesma
obra.
10 : 50, assim como 20 : 100 (diretamente proporcional)
b) Para fazer uma obra, 10 operários trabalham 8 horas por dia. Se colocarmos 20 operários,
farão a mesma obra trabalhando 4 horas por dia.
10 : 8, assim como 20 : 4 (inversamente proporcional)

Os cálculos de proporção, como vimos, simplificam e facilitam análises e conclusões sobre


grandezas. São, também, pré-requisitos para o entendimento da próxima seção.

1.5 Regra de três


As referências a regra de três são muito antigas, as primeiras menções a esses estudos
apareceram na China e no Egito há mais de 3.000 anos. Em 1203, o matemático italiano Leonardo
Fibonacci apresentou os primeiros estudos estruturados a respeito do uso e da importância da
regra de três como decorrentes do conteúdo apresentado sobre razão e proporção.
A regra de três é um processo matemático que permite resolver problemas, no qual duas ou
mais grandezas são diretamente ou inversamente proporcionais, considerando definir um valor
por meio de valores conhecidos (regra de três simples) ou, no caso da regra de três composta, um
valor por meio de inúmeros valores e variáveis conhecidas.
• Regra de três simples
Essa regra de três, temos quatro valores e conhecemos três. O quarto valor, portanto, será
determinado a partir de três já conhecidos. Exemplos:
1. Em 5 casas de mesma metragem gastam-se R$ 100,00 de energia elétrica. Aumentando o
número de casas para 8, quanto será gasto aproximadamente?
5 8
=
100 x
5x = 100 . 8 ∴ 5x = 800
800
x=
5
x = R$ 160,00
Fundamentos de matemática básica 17

2. Considere que 8 operários constroem um barracão em 20 dias. Diminuindo-se o número


de operários para 4, quantos dias eles levarão para fazer o trabalho, considerando o
mesmo ritmo?
8 operários gastam 20
4 gastam x
Na tabela a seguir, observe que se diminuirmos o número de operários, teremos de aumentar
os dias de trabalho, resultando em uma relação inversa.
Tabela 1 – Relação entre operários e dias

Operários Dias
8 20

4 X
Fonte: Elaborada pelo autor.

Logo, 4x = 20 . 8
4x = 160
x = 40 dias

• Regra de três composta


É chamada de composta quando envolve mais de duas grandezas direta ou inversamente
proporcionais. Pode ter um grande número de variáveis para serem observadas. Vejamos um
exemplo.
Considere que 10 operários, trabalhando 8 horas por dia, fazem 1.000 metros de asfalto em 5
dias. Aumentando-se o número de operários em 20%, trabalhando 6 horas por dia, durante 8 dias,
quantos metros de asfalto, aproximadamente, os operários farão?
Para a resolução, observe que temos quatro grandezas – operários, horas, metragem e dias –,
conforme tabela a seguir.
Tabela 2 – Relação entre quatro variáveis

Operários Horas Metragem Dias


10 8 1.000 5

12 6 x 8
Fonte: Elaborada pelo autor.

Como a incógnita x está na unidade de medida metro, todas as observações serão feitas com
base nessa medida.
• Se fazem 1.000 metros de asfalto em 5 dias, em 8 dias farão mais (direta).
• Se fazem 1.000 metros de asfalto em 8 horas, em 6 horas farão menos (direta).
• Se fazem 1.000 metros de asfalto com 10 operários, com 12 operários farão mais (direta).
18 Matemática aplicada

Dessa forma, podemos estabelecer a seguinte relação:


1.000 10 8 5
  
x 12 6 8

Portanto,
1.000 400
=
x 576

x = 1.440 metros

Os estudos de regra de três simples e composta foram essenciais para compreendermos que
na maioria das operações matemáticas há um elemento desconhecido, geralmente denominado
x. É a incógnita do problema. À medida que encontrávamos essa incógnita x na regra de três, o
problema estava solucionado.
Nos próximos temas abordados neste livro, as incógnitas estarão muito presentes. São elas que
permitem equacionar as situações-problema e estabelecer relações de igualdade. Os conhecimentos
obtidos no estudo da regra de três, então, permitem aprofundar conceitos matemáticos.

1.6 Equações do primeiro grau


Por que estudar equações do primeiro grau? As equações fazem parte não só da matemática,
mas de muitas outras áreas do conhecimento – engenharia, economia, ciências ambientais, biologia,
química e até mesmo arte. São importantes, então, para a construção do saber.
Toda sentença matemática aberta que revela uma relação de igualdade é uma equação. No
latim, o prefixo equa significa igual. Para ser uma equação do primeiro grau é necessário que a
sentença tenha também pelo menos uma incógnita, e que essa incógnita esteja elevada ao expoente
1, isso é, que seja de grau 1 ou primeiro grau.
Por essa razão, são equações muito simples e de fácil resolução. Na equação a seguir, a
incógnita é definida pela letra x. Exemplo: 8x + 7 = 10. Vale ressaltar que não importa a letra
utilizada para representar a incógnita, e sim que ela indica um valor desconhecido.
Outro ponto importante é que, por ser uma igualdade, as incógnitas deverão ser separadas
dos valores numéricos pelo sinal de igual. É necessário, então, o cuidado de lembrar que o sinal
de igualdade representa uma balança em equilíbrio: toda operação realizada de um dos lados da
equação deverá ser realizada do outro, para não afetar o equilíbrio e o resultado. Exemplo:
2x + 7 = x + 10
Todos os termos x ou acompanhados por x (incógnitas) ficarão agrupados de um lado. O
sinal de igual os manterá ligados ao outro lado.
2x + 7 (–7) = x + 10 (–7)
2x = x + 10 – 7
Fundamentos de matemática básica 19

2x (–x) = x +10 – 7 + (–x)


2x – x = 10 – 7
Perceba que, ao ajustar alguns termos como +7 e x, os termos com incógnitas ficaram à
esquerda e os termos numéricos, à direita. Os sinais desses termos também se inverteram, pois
realizamos as operações inversas de cada um.
Resolver uma equação significa fazer uma série de operações. Essas operações tornam-se
cada vez mais simples e possibilitam definir os elementos ou as raízes da equação. Vejamos alguns
exemplos de resolução de equações do primeiro grau com uma incógnita:
a) 8x – 6 = 3x – 1
8x – 3x = 6 – 1
5x = 5
x=1

b) 5 x  2  x  2
3 3

5x  6  3x  2
3
2x = 8
x=4
Agora, observemos a equação:
2x + 8 = 3y – 4
Essa é uma equação de primeiro grau com duas incógnitas, x e y. Esse modelo de equação
pode ser representado na forma de ax + by = c, sendo que os números a e b são diferentes de zero.
Nessa equação, temos:
x e y = incógnitas b = coeficiente de y
a = coeficiente de x c = termo independente
Para resolver uma equação com duas incógnitas, x e y, é necessário que uma das incógnitas
tenha seu valor atribuído.
Por exemplo: dada a equação do primeiro grau com duas incógnitas 5x + 3y = 13, encontre
o valor de y quando x assumir valor igual a 2.
5x + 3y = 13
5 . 2 + 3y = 13
10 + 3y = 13
3y = 13 – 10
Portanto, 3y = 3 = 1
20 Matemática aplicada

1.6.1 Sistemas do primeiro grau


Quando correlacionamos duas equações do primeiro grau e suas incógnitas são estudadas
ao mesmo tempo, temos um sistema. São chamados sistemas, pois as equações não podem ser
estudadas individualmente e, para revelar essa dependência entre elas, usamos sempre uma chave.
Os sistemas são muito utilizados em engenharia, nas ciências agrárias, nos problemas de pesquisas
operacionais em administração e em outras áreas do conhecimento.
A fim de resolver um sistema do primeiro grau, é necessário encontrar valores para as
incógnitas que satisfaçam ao mesmo tempo todas as equações. Existem alguns modelos para
solucionar sistemas do primeiro grau; os mais comuns são os métodos da adição e da substituição.
Vamos conhecê-los por meio do exemplo a seguir.

Em um concurso público, um candidato acertou inúmeras questões que


valiam dois pontos e outras que valiam três pontos. No total, acertou 26
questões e marcou 58 pontos. Esse candidato acertou quantas questões
de valor três pontos?

x + y = 26 → questões certas
2x + 3y = 58 – pontos de acertos
Sempre indicamos o sistema por meio de uma chave:

x + y = 26
2x + 3y = 58

• Resolução pelo método da substituição:


Determinamos o valor de x → x = 26 – y
Agora substituímos na segunda equação:
2 . (26 – y) + 3y = 58
52 – 2y + 3y = 58
y=6

Substituindo o valor de y, é possível saber quantas questões de dois


pontos foram acertadas:

x + y = 26
x + 6 = 26
x = 26 – 6
Logo, x = 20 questões.
• Resolução pelo método da adição:

x + y = 26
2x + 3y = 58
Fundamentos de matemática básica 21

Escolhemos o valor –2 para multiplicar a primeira equação, pois nesse


método se faz necessário que uma das duas incógnitas tenha o mesmo
valor numérico, porém com sinal oposto:

–2x – 2y = –52
+
2x + 3y = 58
_________________
–2y + 3y = –52 + 58
y=6

–2y e +3y resultam em y e –52 + 58 resultam em 6.


Logo, y = 6 e, substituindo em uma das equações, temos x = 20.

Vamos observar:
x + y = 26
x + 6 = 26
x = 26 – 6
x = 20

É possível também resolver sistemas do primeiro grau nos quais alguns valores são
representados na forma de frações ou na forma decimal. A resolução é semelhante aos exemplos
apresentados.

1.6.2 Inequações do primeiro grau


Toda sentença matemática aberta por uma desigualdade é chamada de inequação. As
inequações do primeiro grau com uma variável podem ser representadas das seguintes formas:
ax + b > 0 ax + b < 0 ax + b ≥ 0 ax + b ≤ 0
Os números a e b devem ser reais e diferentes de zero. Os símbolos utilizados são: maior >,
menor <, maior ou igual ≥ e menor ou igual ≤. Importa compreender que, enquanto as equações
são igualdades, as inequações fazem exatamente o papel inverso. Exemplos:
5x – 4 > 0 3x – 9 ≤ 0
5
x 8  0
3
Vamos observar uma aplicação:
Pedro tem duas vezes a idade que Marcelo terá daqui a 8 anos, mas a idade de Pedro não
supera o triplo da idade de Marcelo. Quantos anos Pedro tem?
22 Matemática aplicada

Resolução:
x é a idade de Marcelo
2(x + 8) é a idade de Pedro
Temos ainda que a idade de Pedro não supera o triplo da idade de Marcelo:
3x ≥ 2(x + 8)
3x ≥ 2x + 16
3x – 2x ≥ 16
x ≥ 16
A idade de Pedro é maior que 16 anos.

1.7 Equações do segundo grau


A diferença fundamental entre uma equação do primeiro grau e uma do segundo grau é o
expoente. Toda equação do segundo grau terá um termo ao quadrado, ou seja, o expoente 2. Pode
ser chamada também de equação polinomial do segundo grau ou equação quadrática.
As equações do segundo grau têm muitas aplicabilidades. Foram e são fundamentais nos
estudos da geometria, das progressões matemáticas, da engenharia e navegação. Em física, por
exemplo, são muito utilizadas nos cálculos para lançamento de projéteis. Bháskara, Sridhara e
Bramagupta, na Índia, criaram a fórmula matemática, e o francês François Viète criou o método
resolutivo, com símbolos e letras.
Uma equação na forma ax2 + bx + c = 0, sendo a ≠ 0, é denominada equação de segundo
grau. Vejamos alguns exemplos:

2x2 + 7x – 5 = 0 (forma completa ou normal)


Onde:
a=2
b=7
c = –5

5x2 – x = 0 (forma reduzida)


Onde:
a=5
b = –1
c=0

2x2 – 48 = 0 (forma reduzida)


Fundamentos de matemática básica 23

Onde:
a=2
b=0
c = –48

Uma equação completa apresenta sempre três termos:


a = coeficiente x2
b = coeficiente x
c = termo independente
Nas equações incompletas, há os termos a e b ou os termos a e c. Nesses casos, a resolução
será muito mais simples, como veremos a seguir.
• Raízes da equação do segundo grau completa
Quando resolvemos uma equação do segundo grau, estamos de fato buscando suas raízes. As
raízes são os números reais que substituirão as incógnitas de uma equação, chamadas de conjunto
verdade ou conjunto solução.
Para solucionar equações completas do segundo grau podemos utilizar a Fórmula de
Bháskara, que é dada por:

b   
x
2a

Sendo que ∆ = b2 – 4ac


Como exemplo, vamos resolver a equação: x2 + 3x – 10 = 0. Consideremos a = 1, b = 3 e
c = –10.
∆ = b² – 4ac
3² – 4 . 1 . (–10) = 9 + 40 = 49
3   49
x  49
2

3  7 3  7
x’  2  x "   5
2 2
Agora vamos observar outras resoluções possíveis para equações incompletas.
Dada a equação x2 – 49 = 0, em que a = 1 e c = 49, temos:
x2 = 49

x = 49
x = +– 7
24 Matemática aplicada

Dada a equação x2 – 12x = 0 , em que a = 1 e b = 12. Coloque x em evidência, pois é o fator


comum a todos os termos:
x (x – 12) = 0
Logo, x' = 0 ou x – 12 = 0
x" = 12

Quando os coeficientes não são dados pelos tradicionais a, b e c, mas usadas outras letras
ou símbolos, as equações são chamadas de literais. Suas raízes serão calculadas em função de outra
letra, que poderá assumir diferentes valores. Exemplo:
4x2 – 16j2 = 0
x2 = 4j2
x = 4 j2
x = +– 2j
Hoje, temos programas computacionais que resolvem em segundos equações complexas
do segundo grau. Geralmente são suplementos em programas de administração, engenharia,
aeronáutica e astronomia. A evolução dos estudos que envolvem as equações, em especial aquelas
do segundo grau, permitiram maior precisão nos cálculos e melhora nos resultados de estudos
científicos.

1.7.1 Equações irracionais


Dentre os principais tipos de equações, a irracional é a mais complexa, porque aliamos todos
os conceitos já utilizados em equações com os conceitos de potenciação e radiciação, o que torna a
resolução mais trabalhosa. Toda equação irracional apresenta sempre um radicando e, dentro dele,
uma incógnita que necessita ser resolvida.
A solução das equações irracionais permitirão resolver problemas que envolvam geometria
espacial, como cálculos de volumes, geometria descritiva, geometria analítica, diferencial e estudos
de engenharia.
Para resolver uma equação irracional, o primeiro passo é tentar transformá-la em uma
equação racional. Isso acontece quando elevamos todos os elementos da equação a uma potência
viável. Transformada em uma equação racional, é hora de obter as raízes da equação e ver se podem
ser aceitas ou não, ou seja, verificar as igualdades. Exemplos:
a) x  19  9
Solução: Verificação:

 
2
x  19  92 62  19  81  9
x + 19 = 81 Logo, V = (62)
x = 81 – 19
x = 62
Fundamentos de matemática básica 25

Observe que, à esquerda, temos a solução da equação obtendo o valor de x. À direita,


fazemos a prova real e vemos que o número que realmente satisfaz a equação é 62. A verificação
tem o objetivo de validar ou não os resultados.

b) 6x x  0
Solução: Verificação:
6  x  x 6  2   2   0
 
2
  x  4  0F 
2
6x
6 – x = –x2 4  2  02  2  0
x2 + x – 6 = o 6   3    3   0
x' = 2 x" = –3 9  3  0  3  3  0 V 

Logo, V = {–3}; note que 2 é uma raiz que não satisfaz essa equação irracional. Isso porque,
quando fazemos a verificação dos resultados à direita, observamos que os valores não representam
os resultados das raízes da equação.

1.7.2 Sistemas do segundo grau


Vimos nesse capítulo como são estruturados e resolvidos os sistemas do primeiro grau,
formados apenas por equações do primeiro grau ou de grau 1. Agora vamos resolver os sistemas
do segundo grau.
Na matemática aplicada, os sistemas do segundo grau são utilizados para a resolução de
problemas que envolvam duas ou mais incógnitas. Podem ser aplicados na solução de exercícios
de raciocínio lógico quantitativo, progressões geométricas e aritméticas, correlações lineares e
quadráticas, entre outras necessidades.
Os sistemas do segundo grau podem envolver não apenas equações do segundo grau, mas
também do primeiro grau. Quando representados graficamente, se envolverem somente equações
do segundo grau, teremos parábolas. Se houver uma equação do primeiro grau, teremos parábola
e reta.
Exemplo:

x2 + y2 = 10 → equação do segundo grau


x + y = 4 → equação do primeiro grau

Para a solução, o primeiro passo é isolar x ou y em uma das equações. Escolhemos a segunda
equação pela simplicidade, pois teremos que usá-la em um processo de substituição.
x=4–y
26 Matemática aplicada

Substituindo na primeira:
x2 + y2 = 10
(4 – y)2 + y2 = 10
(4)2 – 2 . 4 . y + (y)2 + y2 = 10
16 – 8y + 2y2 – 10 = 0
6 – 8y + 2y2 = 0
Podemos dividir toda a equação por 2, tendo:
y2 – 4y + 3 = 0

Agora devemos resolver normalmente a equação do segundo grau:


y = 4 4
2
y' = 3 e y" = 1

Para determinar o valor de x, substituímos na outra equação:


Para y = 3
x=4–y
x' = 4 – 3
x' = 1
Para y = 1
x=4–y
x" = 4 – 1
x" = 3
Logo, teremos como solução os pares ordenados: {(3; 1) e (1; 3)}.
Como exemplo, vamos determinar dois números cuja soma é igual a 1 e o produto é igual
a –12:
x + y = 1 e x . y = –12
Substituindo: x = 1 – y
Logo, (1 – y) . y = –12
y – y2 + 12 = 0
Multiplicamos por –1:
y2 – y – 12 = 0
y’ = 4 e y’’ = –3
Para y = 4
x=1–y
x’ = 1 – 4
x’ = –3
Fundamentos de matemática básica 27

Para y = –3
x=1–y
x’’ = 1 – (–3)
x’’ = 1 + 3
x’’ = 4
Solução = {(–3; 4) e (4; –3)}

Para saber um pouco mais


Boyer e Merzbach (2012), em sua obra História da matemática, descreve
que Bháskara contribuiu muito para a matemática e a astronomia. Foi
um dos mais importantes cientistas do século XVII, inclusive chefiou
um laboratório de astronomia na Índia. Bháskara teria criado inúmeras
fórmulas que envolviam conhecimentos de matemática e física, sendo
uma das mais conhecidas a utilizada para encontrar as raízes de uma
equação quadrática. Em alguns países como França, Inglaterra e Grécia,
contudo, há controvérsias que apontam outros matemáticos como
responsáveis pelo desenvolvimento dessa teoria, como François Viète e
René Descartes. Vale a pena, a quem atua na área, conhecer a história da
matemática e suas referências.

Considerações finais
Todos os conceitos apresentados nesse capítulo compõem os fundamentos necessários
para o início dos estudos de matemática aplicada. Além de conhecê-los e entender suas
aplicabilidades, é importante exercitá-los. Os exercícios ajudarão a diferenciar e fixar os
diversos modelos, identificar as propriedades, os casos especiais e formar, assim, uma boa
base matemática.

Ampliando seus conhecimentos


Cada vez mais o acesso aos conteúdos de matemática é facilitado com a entrada de
novos autores, novas metodologias e recursos visuais. A internet é uma fonte excelente
de pesquisa, com textos e vídeos preparados pelos professores para facilitar a ampliar
a aprendizagem. A seguir, algumas dicas relacionadas aos assuntos abordados para seu
aprofundamento.
• SÓ MATEMÁTICA. Disponível em: https://www.somatematica.com.br/. Acesso em: 22
ago. 2019.
28 Matemática aplicada

Nesse site você encontrará um conjunto de vídeos sobre potenciação e radiciação, com
conceitos, aplicações e muitos exercícios resolvidos. É recomendável explorar os materiais
disponibilizados.

• FUNDAMENTOS da matemática elementar. São Paulo: Editora Saraiva. (Coleção)


Coleção interessante para pesquisa, sempre atualizado e enriquecido com conceitos e
novos exercícios.

• BOYER, C. B.; MERZBACH, U. C. História da matemática. 3. ed. Trad. de Helena Castro.


São Paulo: Editora Blucher, 2012. (Tradução da 3. ed. Americana).
Obra de referência para conhecer os matemáticos citados nesse capítulo e suas
contribuições, em especial para o estudo das equações.

Atividades
1. Faça a redução a uma potência:

a) [(–53)4]
3
b)  2  
2

  
 7  
2. Resolva as expressões a seguir:

a) [42 + (6 – 3)2] : (10 – 5)2


b) [(–32)2]

c) 43 : 4 . 44 : 4 . 45 : 4 : 46 – 4
d) 4 4 − 2 4
e) 1 ⋅ 62
64
f) 3 1 + 49

g)
3
16 + 3 54
3
125

h) 10 6
5 3
3. Resolva as equações do primeiro grau a seguir:

a) 1 x  2   3 x  7
5 2
Fundamentos de matemática básica 29

b) 16 7
x  7   3x
5 4
c) 20 y  4 x  20 , sendo y = 8

4. Ao fazer a soma das despesas do mês, Pedro somou duas vezes algumas contas da padaria,
apresentando um gasto de R$ 634,00. Se ele não tivesse cometido esse engano, o valor
encontrado seria de R$ 498,00. Portanto, qual é o valor correto dos gastos?

5. A soma das idades de Pedro e João é de 64 anos. Sabendo que a idade de João é o triplo da
idade de Pedro, qual é a idade de cada um deles?

6. Resolva os sistemas e inequações do primeiro grau:

a) x + y = 14 e 2x + 3y = 48
b) 3x + 4y = 51 e x – y = 10
c) 3(1 – 2x) < 2(x + 1) + x – 7

7. Resolva os exercícios de proporção e regra de três simples e composta.

a) Considere que 10 operários, trabalhando 7 horas por dia durante 15 dias, constroem
300 metros de um muro com nível de dificuldade 2. Se aumentarmos o nível de
dificuldade para 3, com 12 operários trabalhando 8 horas por dia, durante 12 dias,
quantos metros de muro aproximadamente serão feitos?
b) Uma fábrica produz lotes de 500 aparelhos de ar-condicionado por mês, trabalhando
com 20 operários durante 30 dias, 7 horas por dia. Se a fábrica aumentar a produção para
600 aparelhos e diminuir o prazo para 20 dias, 35 operários teriam de trabalhar quantas
horas?

8. Resolva as equações irracionais e os sistemas do segundo grau:

a) 9 x  14  2
Determine o valor de x.
b) 2x  3  x  5
Determine o valor de x.
c) x 2  y 2  20

x+y=6
2
Estudo dos conjuntos

Começamos este capítulo com a seguinte indagação: por que estudar a teoria dos conjuntos?
O estudo da teoria dos conjuntos é um dos primeiros conteúdos apresentados no ensino
médio. Apesar de parecer simples, sua compreensão formará a base para o entendimento dos
conteúdos seguintes, como as funções.
A maioria dos temas da matemática evoluiu a partir dos estudos de muitos pesquisadores.
No caso específico da teoria dos conjuntos, seu início, em meados de 1850, envolveu pesquisas de
vários matemáticos na Inglaterra, França e Índia principalmente, culminando na publicação de um
artigo por Georg Cantor, que se tornou referência na área. Segundo Cantor (1874), um conjunto “é
uma coleção de objetos claramente distinguíveis uns dos outros, chamados elementos, e que pode
ser pensada como um todo”. Por sua relevância, esse artigo influenciou outros estudiosos em toda
a Europa.
Em seus estudos, Cantor provou, por exemplo, que uma coleção de números reais e uma
coleção de números inteiros positivos não são contáveis, mas ordenáveis1. Assim, a partir dessas
novas ideias, os conceitos de progressões aritméticas e geométricas foram revistos. Neste capítulo,
portanto, veremos a definição e importância da teoria dos conjuntos.

2.1 Conceitos fundamentais


Por volta de 1900, a teoria dos conjuntos de Georg Contor evoluiu para uma série de estudos
paralelos cheios de paradoxos e contradições estudados até hoje. Por paradoxo compreendemos
um pensamento que reavalia o senso comum, as definições e expectativas. Tornam-se, por isso,
argumentos críticos interessantes que impulsionam os estudos de lógica e filosofia, incluindo a
matemática.
Em 1901, o filósofo e matemático Bertrand Russel demonstrou um paradoxo que expôs
diretamente uma falha nos fundamentos da teoria dos conjuntos. Enquanto esse fundamento
indicava que um conjunto pode conter sempre outros conjuntos, inclusive a si mesmo, Russel provou
que essa não era uma verdade para todos os conjuntos, o que levou os cientistas a repensarem a
lógica moderna.

Para melhor compreender o que são conjuntos, podemos pensar em


exemplos como o conjunto de aviões de uma companhia aérea ou o
conjunto das árvores de uma floresta tropical.

1 John O’Connor e Edmund Robertson (1998) descrevem detalhadamente esse período histórico, entre outros da
matemática, em seu projeto MacTutor History of Mathematics Archive, que reúne informações de pesquisadores
relevantes na área. Disponível em: http://www-history.mcs.st-andrews.ac.uk/history/. Acesso em: 2 set. 2019.
32 Matemática aplicada

2.1.1 Relações entre elemento, pertinência, inclusão e simbologia


Para avaliar se um elemento também pertence ou não a um conjunto que se compõe de
outros elementos com as mesmas características, são úteis as relações de pertinência e inclusão em
conjuntos. A seguir, apresentamos ambas as relações.
Relação de pertinência
Segundo Iezzi e Murakami (2013), a noção de pertinência entre elemento e conjunto é
chamada de conceito primitivo e não necessita de definição. Para demonstrar que um elemento
pertence a um conjunto, usamos o símbolo (pertence). Se esse elemento não pertencer a um
conjunto, no entanto, indicamos pelo símbolo (não pertence). Ainda nas relações de pertinência,
encontram-se as definições de (existe) e (não existe).
Resumindo, podemos dizer que elemento é um dos itens que compõem o conjunto –
peroba, por exemplo, é um elemento do conjunto de árvores de uma floresta – e pertinência é a
característica associada a um elemento que faz parte de um conjunto. Vejamos:
• José Pedro pertence ao conjunto dos alunos de um curso.
• Dentre os ossos do corpo humano, existe um de nome esterno.
Relação de inclusão
A relação entre conjuntos é chamada de inclusão. Utilizamos a relação de inclusão para
demonstrar quando todos os elementos de determinado conjunto pertencem ou não a outro
conjunto. Para isso, existem os símbolos de inclusão:
: está contido
: não está contido
: contém
: não contém
É válido observar que as relações de pertinência só ocorrem entre um elemento e um
conjunto, e as relações de inclusão só ocorrem entre conjuntos.
Há uma simbologia bastante ampla no estudo da teoria dos conjuntos, sendo importante
conhecê-la. Existem também os elementos de complementação que simplificam frases, palavras ou
expressões, a saber:
: para todo ou qualquer que seja
|: tal que
É interessante observar o volume de símbolos que compõem a teoria dos conjuntos. Isso
talvez torne o entendimento de toda a teoria e aplicabilidade um pouco mais complexo. Além dos
símbolos de pertinência, inclusão e complementares, temos os símbolos operacionais e os símbolos
que definem cada conjunto. Vejamos, a seguir, os símbolos das operações com conjuntos.
Estudo dos conjuntos 33

Figura 1 – A B: A união B
A

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 2 – A B : A intersecção B
A

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 3 – A – B: Diferença de A com B*


A

*A figura também pode ilustrar a diferença de B com A (B – A).


Fonte: Elaborada pelo autor.

Esses símbolos são utilizados na comparação entre quantidades de elementos de diferentes


conjuntos observados ao mesmo tempo. São também chamados de elementos lógicos. A seguir,
dada a sua relevância, apresentamos os símbolos comparativos de elementos entre conjuntos.
a < b: a menor que b
a ≤: a menor ou igual a b
a > b: a maior que b
a ≥ b: a maior ou igual a b
Para complementar o estudo e aplicações dos símbolos na teoria dos conjuntos, vamos
identificar cada tipo de conjunto numérico e suas características principais.
34 Matemática aplicada

Quadro 1 – Conjuntos numéricos e características

Símbolo Característica

Conjunto dos números naturais: {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...}


O número zero é o primeiro elemento desse conjunto. O sucessor de cada número nesse conjunto é
N igual à soma dele mesmo com uma unidade, ou seja, o sucessor de 3 será 4, pois 3 + 1 = 4.
Para representar o conjunto dos números naturais não nulos (ou seja, diferentes de zero), deve-se
colocar um * ao lado do símbolo: N*.

Conjunto dos números inteiros: {..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3...}


Z
Os números negativos, junto com os números naturais, formam o conjunto dos números inteiros.

Conjunto dos números racionais: { ..., –1, –1, 2, 0, 1, 5/4…}


Dividindo um número inteiro por outro número inteiro, tem-se um número racional. Um número
Q racional é representado por uma parte inteira e uma parte fracionária.
A letra Q vem da palavra inglesa quotient, que significa quociente, já que um número racional é um
quociente de dois números inteiros.

Conjunto dos números irracionais: { ..., v2, v3, 3,1416...}


Não podem ser obtidos pela divisão de dois números inteiros, ou seja, são números reais, mas
Q’= I
não racionais. Esses números possuem infinitas casas depois da vírgula, que não se repetem
periodicamente. O número irracional mais conhecido é o pi (π).

Conjunto dos números reais: N Z Q I


O conjunto dos números reais é formado por todos os números racionais e irracionais, e indicado
R por R. Indicamos por R* o conjunto dos números reais sem o zero, ou seja, o símbolo R* é usado para
representar o conjunto dos números reais não nulos:
R* = R – {0}
Fonte: Iezzi; Murakami, 2013, p. 172-179.

2.2 Tipos especiais de conjuntos


Além dos conjuntos numéricos, encontram-se nomenclaturas específicas para tipos especiais
de conjuntos, como os destacados a seguir.
Conjunto vazio
É o conjunto representado por Ø ou {}, e não possui elementos.
O conjunto vazio também pode ser chamado de conjunto nulo. Deve-se usar uma
representação simbólica ou outra, nunca as duas juntas.
Subconjuntos
O subconjunto também é um conjunto, entretanto uma característica fundamental dele é
estar totalmente incluído em outro conjunto qualquer.
De um conjunto podemos obter um ou muitos subconjuntos. Há uma maneira simples de
calcular o número de subconjuntos presente em um conjunto. Imagine que deseja saber quantos
subconjuntos de duas cores distintas pode-se formar com oito cores; basta calcular: 28, que é igual
a 256.
Um método rápido para calcular o número de subconjuntos de um conjunto é aplicar 2n, em
que n é o número de elementos do conjunto. Se todos os elementos de um conjunto que podemos
Estudo dos conjuntos 35

chamar de D pertencerem a outro conjunto que podemos chamar de E, então D é um subconjunto


do conjunto E, logo, D E. O conjunto vazio, por convenção, é subconjunto de qualquer conjunto,
ou seja, Ø D.
Conjunto universo
É o conjunto que possui todos os elementos, de modo que os conjuntos considerados em
determinado exemplo ou exercício serão subconjuntos de um conjunto maior, chamado conjunto
universo.
Considere o conjunto A = {2, 6, 7, 8} e o conjunto B = {1, 3, 4, 5, 9}. Nesse caso, temos o
conjunto universo: U = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}. Se operarmos com as representações, vemos: A
B – união de conjuntos.
Definimos como união dos conjuntos A e B se os elementos pertencentes a A também
pertencem a B, isto é, A B = {x / x A ou x B}. Por exemplo:
• Dados dois conjuntos: A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {6, 7, 8, 9}, a união será juntar todos os
elementos de A e B em somente um conjunto (não é necessário repetir os elementos
comuns).
• O conjunto que representará essa união ficará do seguinte modo: {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}.
A representação da união de conjuntos é feita pelo símbolo , então A B = {1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8, 9}.

Figura 4 – Representação A B
A

Fonte: Elaborada pelo autor.

Outros exemplos:
• Dados os conjuntos B = {0, 1, 2, 3, 4, 5}, C = {1, 3, 5, 7,9} e D = {5, 6, 7, 8, 9}, vamos obter:
a) B C.
b) B C D.

Solução:

a) B C = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9}.
b) B C D = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}.
Para uma representação A B – intersecção de conjuntos –, por sua vez, como intersecção
dos conjuntos A e B, definimos o conjunto representado por todos os elementos que pertencem a
A e B simultaneamente, isto é:

A B = { x / x A e x B}
36 Matemática aplicada

A intersecção de dois conjuntos equivale a representar somente os elementos que são comuns
a ambos os conjuntos.
Dados dois conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e B = {5, 6, 7, 8, 9}, podemos concluir que a
intersecção, representada por A B, será o conjunto {5, 6}, que se compõe de elementos que
aparecem nos dois conjuntos ao mesmo tempo.
Caso dois conjuntos ou mais não tenham elementos comuns, a intersecção entre eles será
um conjunto vazio.
Figura 5 – Representação A B
A

Fonte: Elaborada pelo autor.

• Dados os conjuntos A = {0, 1, 5, 7, 9}, B = {0, 2, 5, 7}, C = {4, 6, 7, 9} e D = {0, 1, 6}, vamos
definir:
a) A B
b) A C
c) A B D

Solução:
a) A B = {0, 5, 7}
b) A C = {7, 9}
c) A B D = {0}

Definimos como diferença entre A e B (seguindo-se essa ordem) o conjunto representado


por A – B, formado por todos os elementos de A, mas que não pertencem a B, isto é: A – B =
{x / x A ou x B}.
Figura 6 – Representação A – B
A

Fonte: Elaborada pelo autor.


Estudo dos conjuntos 37

Vejamos um exemplo:
• Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} e B = {2, 4, 6}, obtenha:
a) A – B
b) B – A

Solução:
a) A – B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} – {2, 4, 6} = {1, 3, 5, 7}
b) B – A = {2, 4, 6} – {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} = { Ø }

Nesse contexto, é importante conhecer o princípio da inclusão e exclusão (para dois


conjuntos). Esse princípio estabelece a propriedade para calcular o número de elementos da união
de dois conjuntos A e B, em função do número de elementos de A e de B.

n(A B) = n(A) + n(B) – n(A B)


Definindo:
n(A) = número de elementos do conjunto A;
n(B) = número de elementos do conjunto B;
n(A B) = número de elementos da intersecção;
n(A B) = número de elementos da união.

Por exemplo:
Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7} e B = {4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}, temos:
A B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
A B = {4, 5, 6, 7}

Pelo princípio da inclusão e exclusão, podemos comprovar que:


n(A B) = n(A) + n(B) – n(A B)
10 = 7 + 7 – 4 (verdadeiro)

2.3 Produto cartesiano


Chamamos de produto cartesiano o conjunto de todos os pares ordenados (x, y), em que x
pertence a A e y pertence a B, formando A . B. Podemos representar também da seguinte forma: A
. B = {(x, y) / x A e y B}.
Consideremos os conjuntos A = {1, 4} e B = {3, 5, 9}. Temos, então, os pares: A . B = {(1,3),
(1,5), (1,9), (4,3), (4,5), (4,9)}.

2.3.1 Gráfico cartesiano


O gráfico é uma forma de representarmos os elementos do produto cartesiano, em que os
elementos de A pertencerão ao eixo x e os elementos de B, ao eixo y. O gráfico será formado pelos
pontos que pertencem ao produto A . B.
38 Matemática aplicada

Considerando, ainda, os conjuntos expostos anteriormente e o produto cartesiano A . B =


{(1,3), (1,5), (1,9), (4,3), (4,5), (4,9)}, a representação no plano cartesiano será:

Gráfico 1 – Representação A . B

12

10
C F

6
B E

4
A D

0 2 4 6 8 10 12

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ainda, considerando os conjuntos A e B, são possíveis as relações:

B . A = (3,1), (5,1), (9,1), (3,4), (5,4), (9,4)


A . A = (1,1), (1,4), (4,4), (4,1)
B . B = (3,3), (3,5), (3,9), (5,5), (5,3), (5,9), (9,9), (9.3), (9,5)

Vejamos alguns exemplos:


• Considerando os conjuntos A = {1 , 2 , 3} e B = {1, 5}, construa um novo conjunto indicado
por A . B cujos elementos são pares ordenados formados pelos elementos de A e de B.
Solução:
A . B = {(1,1) , (1,5), (2,1), (2,5), (3,1), (3,5)}

• Dados os elementos do conjunto A = {1, 2, 3, 4} e do conjunto B = {2, 3}, como ficam


A . B e B . A?

Solução:
A . B = {(1, 2); (2, 2); (3, 2); (4, 2); (1, 3); (2, 3); (3, 3); (4, 3)}
B . A = {(2, 1); (2, 2); (2, 3); (2, 4); (3, 1); (3, 2); (3, 3); (3, 4)}
Estudo dos conjuntos 39

2.3.2 Relações binárias


A relação binária é definida como um subconjunto do produto cartesiano existente entre os
conjuntos A e B. É sempre um conjunto de pares ordenados, por essa razão chamada binária.
Toda relação binária é um conjunto de pares ordenados, em que o primeiro elemento pertence
ao conjunto de partida e o segundo elemento pertence ao conjunto de chegada. Por exemplo:
Figura 7 – Relação binária
A A A
a a
a
d b b
b c c
c d d

Fonte: Elaborada pelo autor.

Vamos supor o conjunto A = {1, 2} e o conjunto B = {3, 4, 5}, com A, B N. O produto


cartesiano A . B, nesse caso, será dado por:
A . B = {(1,3); (1,4); (1,5); (2,3); (2,4); (2,5)}
Se representarmos cada ponto de A . B geometricamente no plano cartesiano, também
chamado de plano (x, y), observamos que essa definição fica mais clara. Isso porque todos os
pontos desse exemplo serão indicados da seguinte forma:

Gráfico 2 – Relação Binária A = {1, 2} . B = {3, 4, 5}


y

x
0 1 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Vimos, portanto, que uma relação binária é um conjunto em que todos os pares ordenados
são pertencentes ao conjunto cartesiano. Importa reforçar ainda que o produto cartesiano é o
resultado de pares ordenados, nos quais a abscissa deve pertencer ao conjunto A e a ordenada, ao
conjunto B.
40 Matemática aplicada

2.4 Intervalos
Segundo Dante (2013), outra representação dos conjuntos pode ser feita com o uso de
intervalos, que são subconjuntos do conjunto R, determinados por desigualdades. Os intervalos
são classificados em abertos e fechados, podendo serem representados da seguinte forma:
• Intervalo aberto: ]a,b[ ou {x Є R / a < x < b}
• Intervalo fechado: [a,b] ou {x Є R / a ≤ x ≤ b}
• Intervalo fechado em a e aberto em b: [a,b[ ou {x Є R / a ≤ x < b}
• Intervalo aberto em a e fechado em b: ]a,b] ou {x Є R / a < x ≤ b}
• Semirreta esquerda aberta ou fechada em a: ]– ∞, a[ ou ] – ∞, a]
• Podendo ser representado {x Є R / x < a} ou {x Є R / x ≤ a}
• Semirreta direita aberta ou fechada em a: ]a, + ∞[ ou [a, + ∞[
• Podendo ser representado {x Є R / x > a} ou {x Є R / x ≥ a}

Observe as representações na reta real:


Figura 8 – Representação gráfica de reta real

a b
]a, b[
a b
[a, b]
a b
[a, b[
a b
]a, b]
a
]–∞, a]
a
]a, + ∞[
Fonte: Iezzi; Murakami, 2013.

A seguir, apresentamos um exemplo da representação gráfica do intervalo {x Є R / –3 < x ≤ 3}.


Figura 9 – Representação gráfica de intervalo

–3 3
Fonte: Iezzi; Murakami, 2013.

Vamos facilitar a compreensão por meio de exemplos:

1. Determine a diferença entre os intervalos reais A – B:

A = {x R / –3 < x ≤ 4}
B = {x R / 1 ≤ x < 7}
Logo, A – B ?

–3 4

1 7
Estudo dos conjuntos 41

Portanto, A – B é:

–3 4

Então, –3 < x < 1, isto é, A – B = {x R / –3 < x < 1}.

2. Represente na reta real os intervalos:

a) ]–∞, 2]

b) ]1, 5[

1 5

c) {x R / 3 < x ≤ 7}

3 7

Os intervalos na reta real também são muito utilizados para representar os resultados das
inequações. Vimos, portanto, que uma reta na qual cada um dos infinitos números reais pode ser
representado é chamada de reta real. Vimos também que em toda reta real os números são sempre
organizados de maneira crescente, do menor para o maior.

2.5 Exercícios resolvidos


Para compreendermos melhor os conceitos apresentados neste capítulo, vamos observar a
seguir alguns exercícios resolvidos.

1. Uma docente de estatística aplicou em uma turma uma enquete rápida de modelo quantitativo
para saber por quais clubes os alunos torciam e chegou ao seguinte resultado:

23 alunos torcem para o São Paulo.


23 alunos torcem para o Palmeiras.
15 torcem para o Athletico Paranaense.
6 torcem para o São Paulo e Athletico Paranaense.
5 torcem para o Athletico Paranaense e Palmeiras.

Vamos chamar de A o conjunto dos torcedores do São Paulo, de B o conjunto dos torcedores
do Palmeiras e de C o conjunto dos torcedores do Atlético Paranaense, logo, A B C = Ø.
Quantos alunos participaram da pesquisa?
Solução:
A = São Paulo
B = Palmeiras
C = Athletico Paranaense
18 + 5 + 6 + 4 + 17 = 50, logo, 50 alunos participaram da pesquisa.
42 Matemática aplicada

Figura 10 – Torcedores do São Paulo, Palmeiras e/ou Athletico Paranaense.

0 18
17
0
6 5

Fonte: Elaborada pelo autor.

2. Dados os conjuntos A = {0, 1, 2, 3, 4, 5}, B = {4, 5, 6, 7} e C = {4, 5, 6, 8}, descubra o resultado


de: (A – C) (B – C).

Solução:
A – C = {0, 1, 2, 3} → Esse é o conjunto de todos os elementos de A que não pertencem a B.
B – C = {7} → Esse é o conjunto de todos os elementos que pertencem a B e não pertencem
a C.
Logo, a intersecção entre (A – C) (B – C) é vazia, visto que nenhum número se repete
nesses dois conjuntos.

3. Seja A = {1, {3}, {1,3}}, considere as afirmações e avalie se são verdadeiras ou falsas.

(I) 1 A
(II) 3 A
(III) Ø A
(IV) {1,3} A

Solução:
Para chegar à resposta correta dessa questão, lembre-se das relações de pertinência e das
relações entre subconjunto e conjunto.

Relação de pertinência: somente para relacionar o elemento e seu


conjunto. Relação de subconjunto e conjunto, usamos o símbolo
(lê-se: está contido).

Analisaremos item a item com muita atenção:

(I) Veja que 1 é elemento de A e o símbolo usado (pertence) para relacionar está correto,
então o item I é verdadeiro.
Estudo dos conjuntos 43

(II) Note que 3 não é elemento do conjunto A, portanto, não pertence ao conjunto A. Logo,
o item II não está correto. Observe que {3} é elemento de A. Há uma diferença entre 3 e
{3} – enquanto 3 indica que o elemento 3 não pertence ao conjunto A, {3} indica o conjunto
composto pelo elemento 3, e este conjunto pertence a A. O item IV é semelhante.
(III) Uma das propriedades de inclusão (por definição de subconjunto) diz o seguinte: o Ø
(vazio) está contido em qualquer conjunto, portanto o item III está correto.
(IV) Aqui vemos que {1,3} é um elemento de A e não um subconjunto, logo, a afirmação
não está correta, pois deveria ser usado o símbolo de pertence. Nesse caso, o símbolo estaria
correto se, em vez de {1,3}, tivéssemos {{1,3}} – observe que uma chave a mais indica o
subconjunto composto pelo elemento {1,3}.

4. Sabendo que x = {1, 2, 3, 4}, y = {4, 5, 6} e z = {1, 6, 7, 8, 9}, podemos afirmar que o conjunto
(x y) z é dado por?

Solução:

O exercício pede o conjunto (x y) z, “x intersecção, y união z”.


A relação de intersecção antecede a união e está dentro de parênteses; por isso é a operação
realizada primeiro.
(x y), “x intersecção y” é o conjunto formado pelos elementos que pertencem a x e também
a y, que são comuns aos dois conjuntos.
x = {1, 2, 3, 4}, y = {4, 5, 6}
(x y) = {4}

Todos os elementos dos conjuntos fazem parte do conjunto união e não há necessidade de
se repetir o mesmo elemento.
(x y) = {4} e z = {1, 6, 7, 8, 9}
(x y) z = {1, 4, 6, 7, 8, 9}

5. Felipe e Márcia têm uma filha chamada Mariana. Eles se programam para viajar sempre no
mês de janeiro. Felipe sai de férias do escritório nos dias 2 a 28, e Márcia, 5 a 30. As férias
de Mariana na faculdade ocorrem nos dias 1º a 25. Como eles poderão viajar de modo que
possam otimizar os três calendários?

Solução:
Observamos a necessidade de fazer uma intersecção:
Felipe = {2, 3, 4, 5, …, 25, 26, 27, 28}
Márcia = {5, 6, 7, …, 25, 26, 27, 28, 29, 30}
Mariana = {1, 2, 3, 4, 5, …, 25}
Note que Márcia só pode viajar a partir do dia 5, assim como podem Felipe e Mariana.
Observe que a família só poderá estar unida no período de {5, 6, 7, …, 23, 24, 25}, ou seja,
durante 21 dias. Lembre-se de não excluir o dia 5, pois está incluso no período de férias.
44 Matemática aplicada

6. Em uma turma de 30 alunos do ensino médio, 16 gostam de Língua Portuguesa e 20 gostam


de Geografia. O número de alunos dessa turma que gostam de Língua Portuguesa e Geografia
é igual a quanto?

Solução:

Sejam Língua Portuguesa (LP) e Geografia (G), podemos calcular:


n(LP G) = soma dos alunos que gostam de ambas as disciplinas; isso é uma união.
n(LP G) = número de alunos que gostam de Língua Portuguesa e Geografia (intersecção).

Assim, temos: n(LP) = 16, n(G) = 20 e n(LP U G) = 30.


n(LP G) = n(LP) + n(G) – n(LP G), fazendo a substituição dos valores.
30 = 16 + 20 – n(LP G) ↔ n(LP G) = 36 – 30 ↔ n(LP G) = 6.

Nos nossos cálculos, consideramos que todos os alunos (30) gostam de pelo menos uma
disciplina, certo? Em momento algum, no entanto, o enunciado afirma isso. Você está de
acordo?
Podemos ter alguns alunos que não gostam de nenhuma dessas disciplinas, o que aumentaria
o número de alunos que gostam de ambas.

Exemplos:

Suponha que 1 aluno não goste de Língua Portuguesa nem de Geografia:


30 – 1 = 29. Isso quer dizer que 29 alunos gostam de Língua Portuguesa ou Geografia.
Refazendo os cálculos para o valor 29, teremos: 36 – 29 = 7 alunos gostam de Língua
Portuguesa e Geografia. Portanto, o número de alunos que gostam de Língua Portuguesa e
Geografia é menor ou igual a 30, pois pode haver alunos que não gostam de ambas.
n(LP G) ≤ 30.
n(LP) + n(G) – n(LP G) ≤ 30.
16 + 20 – n(LP G) ≤ 30 ↔ 36 – 30 ≤ n(LP G) ↔ 6 ≤ n(LP G) ou n(LP G) ≥ 6.

Por essa razão, o número de alunos que gostam de Língua Portuguesa e Geografia será no
mínimo 6.

7. Em uma pesquisa de mercado para um cliente, observa-se que 15 consumidores utilizam


pelo menos um dos produtos: shampoo ou condicionador. Sabendo que 10 dessas pessoas
não usam condicionador e que 2 não usam shampoo, qual é o número de consumidores que
utilizam ambos os produtos?

Solução:

Se 15 consumidores utilizam pelo menos um dos produtos, podemos ter:

10 consumidores não usam condicionador, então usam shampoo.


Estudo dos conjuntos 45

Total de pessoas que usam só shampoo = 10

2 consumidores não usam shampoo, então usam condicionador.


Total de consumidores que usam só condicionador = 2

Vamos chamar de x o número de consumidores que usam os dois produtos:


(consumidores que usam só shampoo) + (consumidores que usam
só condicionador) + x(ambos) = 15

10 + 2 + x = 15 ↔ x = 3 consumidores

Considerações finais
É pertinente e interessante observar como a teoria dos conjuntos revolucionou a matemática
moderna. Os conceitos de funções, de progressões aritméticas, geométricas e muitos outros de
estatística, como seleção e organização de informações, representações gráficas e correlações, têm
como base fundamental a teoria dos conjuntos. Além de Cantor, outros matemáticos foram
importantes nessa teoria, como o inglês John Venn, que, para facilitar o entendimento das relações
de união e intersecção entre conjuntos e seus elementos, criou os chamados Diagramas de Venn2.

Ampliando seus conhecimentos


Para aprofundar seus estudos da teoria dos conjuntos, seguem algumas indicações para
complementá-los.
• Matematiques. Disponível em: http://www.matematiques.com.br/. Acesso em: 19 set.
2019.
A teoria dos conjuntos foi fundamental nos cálculos das indústrias para a produção, por
exemplo, de automóveis, DVDs e computadores. Fórmulas e mais fórmulas utilizando
essa teoria foram desenvolvidas até se chegar a um modelo de ampla aplicabilidade. Nesse
site, você pode conhecer um pouco mais sobre a teoria dos conjuntos e outros assuntos
relacionados à matemática na prática.

• O HOMEM que viu o infinito (The man who knew infinity). Direção: Matt Brown. Reino
Unido: Diamond Films, 2015. 1 filme (108 min.).
O filme apresenta a história real de Srinivasa Aiyangar Ramanujan (1887-1920), um dos
maiores gênios e mais influentes matemáticos do século XX. De origem humilde e sem
formação acadêmica, Ramanujan contribuiu para a matemática com diversos trabalhos,
entre eles a teoria dos conjuntos, números e séries infinitas.

2 “Diagrama de Venn é um sistema de organização de conjuntos numéricos, onde os elementos são agrupados em
figuras geométricas, facilitando a visualização da divisão feita entre os diferentes grupos” (SIGNIFICADOS, 2018).
46 Matemática aplicada

Atividades
1. Durante cinco anos, um cavalo deve tomar pelo menos duas vacinas para se manter saudável.
Então, um haras vacinou todos os seus cavalos, 80% contra a raiva e 60% contra o tétano.
Determine o percentual de animais que foram vacinados contra as duas doenças equinas.

2. Os candidatos L, M e N disputaram na sede do partido a liderança em 2019. Cada membro


votou apenas em sua preferência. Houve 100 votos para L e M, 80 votos para M e N, e 20
votos para L e N. Qual foi o resultado dessa eleição?

3. Considerando os conjuntos U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}, A = {1, 2}, B = {2, 3, 4} e C = {4, 5},


determine (U – A) (B C).

4. Dados os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 5}, determine o conjunto A – B. É possível que


seja um conjunto vazio ou não?

5. Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4} e B = {3, 4, 5}, então o número de elementos de A Bé


igual a?
3
Funções: gráficos e aplicações

Podemos dizer que função é um caso particular de relação entre os elementos de dois
conjuntos A e B, em que cada elemento do conjunto A se relaciona com somente um elemento do
conjunto B. Dizemos que é um caso particular porque nem todas as relações são funções, apenas
aquelas que se enquadram nessa definição.
Se em um barzinho para um happy hour, por exemplo, o garçom explica que uma tulipa
custa R$ 3,00, porém 10 custarão R$ 25,00, entenderemos que o valor de y a ser pago para o garçom
vai depender da quantidade x de tulipas que as pessoas beberem.
Logo, o valor y será obtido de acordo com a quantidade x consumida. Podemos dizer que
y = 3,00 . x, ou ainda, y = f (x). Assim, acabamos de criar uma função.
Da mesma forma, à medida que o preço do carro sobe, o valor do consórcio também sobe –
portanto, o valor do consórcio sobe em função do valor do carro, de modo que podemos dizer que
y se modifica em função de x.
Observe que o estudo das funções será relevante para a resolução de situações-problema
presentes na matemática aplicada. Por isso, um dos objetivos do estudo deste capítulo em relação
às funções é partir de informações que já sabemos para aquelas a conhecer.

3.1 Conceito de função


As funções matemáticas são conceitos muito presentes em nosso cotidiano. Quando
analisamos, por exemplo, fenômenos econômicos, muitas vezes utilizamos essas funções para
interpretá-los e descrevê-los. As funções são usadas como ferramentas que ajudam na resolução
de problemas.
Vejamos a seguir, na Tabela 1, o resumo dos preços médios de um produto em Curitiba
durante seis bimestres, no decorrer de um ano.
Tabela 1 – Preço do produto “X” em Curitiba

Bimestre (t) Bim. 1 Bim. 2 Bim. 3 Bim. 4 Bim. 5 Bim. 6


Preço (p) R$ 6,70 6,75 6,80 6,88 6,95 7,01
Fonte: Elaborada pelo autor.

A cada bimestre, observamos um preço para o produto “X”. Logo, podemos afirmar que cada
preço (p) está associado a um bimestre (t). O preço, portanto, vai depender do bimestre escolhido.
Nesse caso, podemos também substituir cada bimestre por um número, como uma associação
entre duas variáveis numéricas. Vejamos a Tabela 2 a seguir.
48 Matemática aplicada

Tabela 2 – Preço do produto “X” em Curitiba com variáveis numéricas

Bimestre (t) 1 2 3 4 5 6
Preço (p) R$ 6,70 6,75 6,80 6,88 6,95 7,01
Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que cada valor da variável “bimestre” está associado a um único valor da variável
“preço”; é isso que caracteriza uma função matemática.
A variável t, nesse caso, é chamada de independente, e a variável p é chamada de dependente.
A variável t independente é o domínio, e a variável p dependente é a imagem. Vamos ver essas
informações no Gráfico 1, a seguir.
Gráfico 1 – Representação do preço do produto “X” em Curitiba
7,01

6,98 7,01

6,95
Preço

6,85 6,88

6,08
6,73 6,75
6,07

6,06
1 2 4 5 6
Bimestre
Fonte: Elaborado pelo autor.

Observamos, então, que o eixo y representa a imagem (variável preços) e o eixo x representa
o domínio (bimestres). O resultado gráfico é uma correlação ou função linear. Podemos dizer
também que trata de uma série temporal, pois a variável independente x está representando
um período expresso em bimestres. Ainda, vemos uma evolução de preços na série histórica de
bimestres, por isso avaliamos ser um gráfico bastante positivo.

3.2 Função de primeiro grau


Uma função de primeiro grau é definida por y = f(x) = ax + b, com a ≠ 0, em que: a é
chamado de coeficiente angular e b, de coeficiente linear. Essas funções são modelos lineares, isto
é, são representadas no plano cartesiano por uma reta e definem um dos tipos mais comuns, o qual
possui aplicações corriqueiras.
Sendo x e y duas variáveis, uma será dependente da outra: cada valor atribuído para a variável
x irá corresponder apenas a um valor para a variável y. Portanto, nesse caso, a variável y está em
função de x, e essa dependência é definida como uma função.
Os valores atribuídos à variável x são definidos como de domínio da função, e os valores de
y espelhados a partir de x são a imagem da função. Logo, na prática atribuímos valores para x e
definimos o valor correspondente para cada elemento da variável y.
Funções: gráficos e aplicações 49

Na função de primeiro grau existe uma lei de formação que define a estrutura dela. Nesse
caso, a lei de formação é dada por: y = ax + b, sendo que a e b são sempre números reais e diferentes
de zero.

Exemplos de funções de primeiro grau:


y = 8x + 4, onde a = 8 e b = 4
y = –15x – 7, onde a = –15 e b = –7
y = 10x, então a = 10 e b = 0

Vamos ver, nas próximas seções, que todos os tipos de função têm uma lei de formação
exclusiva.

3.3 Tipos de funções de primeiro grau


Nesta seção, conheceremos as funções de primeiro grau: crescente, descrescente e afim.
Podem ser chamadas também de funções lineares, pois apresentam uma tendência de linha,
normalmente uma reta.

3.3.1 Função crescente


Avaliemos o seguinte exemplo:
À medida que as vendas aumentam, as comissões dos colaboradores também tendem
a aumentar. Observe que o crescimento de uma variável (vendas) fez crescer também a outra
(comissões). Logo, como as variáveis estão correlacionadas, se construíssemos um gráfico, teríamos
uma reta crescente – nesse caso, a > 0.
Gráfico 2 – Exemplo de função crescente entre vendas e comissões

R$ 600,00
y Comissões

R$ 500,00

R$ 400,00

R$ 300,00

R$ 200,00

R$ 100,00
R$ 1.000,00 R$ 2.000,00 R$ 3.000,00 R$ 4.000,00 R$ 5.000,00 R$ 6.000,00
x Vendas
Fonte: Elaborado pelo autor.
50 Matemática aplicada

A função crescente refere-se à relação observável de crescimento ou decrescimento entre


variáveis. Logo, no Gráfico 2 observamos que à medida que as vendas (x) vão aumentando, as
comissões (y) vão evoluindo positivamente. Se ambas fossem diminuindo, contudo, a função ainda
seria crescente. O que torna uma função crescente é o fato de as variáveis se comportarem em um
mesmo sentido. O gráfico permite observar o comportamento das variáveis de modo rápido e
simplificado.

3.3.2 Função decrescente


Neste caso, as variáveis são inversamente proporcionais. Isto é, enquanto uma aumenta, a
outra diminui.
À medida que nossa idade aumenta, por exemplo, diminui nosso tempo restante de vida.
Observe que a variável independente (ou domínio) é a idade e, enquanto ela aumentar, nosso tempo
restante de vida, nossa variável dependente, tende a diminuir. O Gráfico 3, a seguir, representa essa
função.
Vamos considerar, em hipótese, que a média de vida do brasileiro seja de 70 anos. Então, se
temos 20 anos, há um tempo restante de 50 anos. Com 50 anos, nosso tempo restante estimado é
de 20 anos. Vamos ver isso graficamente.
Gráfico 3 – Exemplo de função decrescente entre idade e tempo restante de vida
Tempo restante de vida
50

38

25

13

0
0 15 30 45 60
Fonte: Elaborado pelo autor.

O valor do coeficiente a vai indicar se a função é crescente ou decrescente,


determinando o grau de inclinação da reta. Já o coeficiente linear b, no
plano cartesiano, vai definir o ponto de intersecção da função com o
eixo y.
Funções: gráficos e aplicações 51

Gráfico 4a – Função crescente (a > 0) Gráfico 4b – Função decrescente (a < 0)

y y

b b

x x

Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor.

Em resumo:

• Função crescente: se os valores de x aumentam, os valores


correspondentes a y também tendem a aumentar. Há uma observação
importante: se os valores de x e y diminuírem, a função continuará
sendo uma linha crescente.
• Função decrescente: os valores são inversamente proporcionais; se
os valores de x aumentam, os valores correspondentes a y tendem a
diminuir.

3.3.3 Função afim


A função de primeiro grau é também conhecida como função polinomial de grau 1 ou função
afim. A principal característica de uma função afim ao ser representada no plano cartesiano é o
gráfico resultante sempre ser uma reta com inclinação dependente do coeficiente angular.
Vejamos um exemplo: um vendedor trabalha em regime salarial que inclui uma parte fixa e
outra variável. Seu salário atual é de R$ 4.600,00 e a parte variável é formada por comissões de 7%
sobre a venda. Portanto, a função será dada por f(x) = 0,07x + 4.600, podendo ser definida também
como y = 0,07x + 4.600.
Se os produtos vendidos têm valor de R$ 18.000,00, é possível determinar, nesse caso, quanto
corresponde ao salário mais comissões:

y = 0,07 . 18.000 + 4.600


y = 1.260 + 4.600
y = R$ 5.860,00

Existem, ainda, casos particulares da função afim. Apresentamos, a seguir, alguns deles.
52 Matemática aplicada

Função identidade
• Definida por f(x) = x
• Condições: a = 1 e b = 0

Passará exatamente no cruzamento dos eixos x e y, no ponto (0,0). Ela intersecta a origem do
plano cartesiano. Vejamos, no Gráfico 5 a seguir, um exemplo da função identidade y = 2x.
Gráfico 5 – Representação da função identidade y = 2x
8 Eixo y

Eixo x
0
0 1 2 3 4
Fonte: Elaborado pelo autor.

Função constante
• Definida por f(x) = b
• Condições: a = 0

Paralela ao eixo x, intersectando o eixo y em b. Eis um exemplo da função constante y = 1


(Gráfico 6).
Gráfico 6 – Representação da função identidade y = 1
4 Eixo y

Eixo x
0
0 1 2 3 4
Fonte: Elaborado pelo autor.
Funções: gráficos e aplicações 53

Função linear
• Definida por f(x) = ax, com b = 0.
Sua característica principal é o gráfico sempre intersectar a origem do plano cartesiano e
apenas a inclinação da reta variar, dependendo do valor de a. Vamos representar as funções lineares
y = 1 / 2x, 2x e 4x, e observar os comportamentos.
Gráfico 7 – Representação da função linear
eixo y

16 16
15,5 y = 4x
15
14,5
14
13,5
13
12,5
12 12
11,5
11
10,5
10
9,5
9 y = 2x
8,5
8 8 8
7,5
7
6,5
6 6
5,5
5
4,5
4 4 4 y = 0,5x
3,5
3
2,5
2 2 2
1,5
1 1,5
0,5 1
0,5
0
0 1 2 3 4
Fonte: Elaborado pelo autor.

O gráfico revela simultaneamente o comportamento de três funcões lineares. Logo, permite


analisar múltiplas informações ao mesmo tempo, o que facilita a análise dos dados.

3.3.4 Raiz ou zero de uma função de primeiro grau


Para determinar a raiz ou o zero de uma função de primeiro grau, é preciso considerar y
= 0. No instante em que o elemento y assume esse valor, a reta está intersectando o eixo x em
determinado ponto. É o que chamamos de raiz ou o zero da função. Vamos ver alguns exemplos:

Considere a função: y = 4x + 8
Se tomarmos y = 0, temos:
4x + 8 = 0
4x = –8
x = –2

A reta representada pela função y = 4x + 8, portanto, intersecta o eixo x em –2.


54 Matemática aplicada

Considere a função: y = –2x + 10


Sendo y = 0, a equação se apresenta como:
–2x + 10 = 0
–2x = –10 (–1)
x=5

A reta representada pela função y = –2x + 10, portanto, intersecta o eixo x em 5.

3.4 Aplicação especial para funções de primeiro grau


Vamos agora estabelecer um estudo paralelo entre a função de primeiro grau definida pela
expressão y = ax + b e um método para determinar essa função com base em dados obtidos em
diversas áreas, das ciências econômicas e administração até biologia ou engenharia. É um método
bastante interessante e eficaz que permite, por exemplo, por meio de séries históricas, fazer boas
projeções.
Quando construímos o gráfico de uma função de primeiro grau, os pontos estão perfei-
tamente alinhados de modo crescente, se o coeficiente angular for positivo, ou decrescente, se for
negativo. Nos fenômenos cujo comportamento se aproxima de uma função de primeiro grau, os
pontos gráficos não se apresentam totalmente alinhados, e sim distribuídos aleatoriamente em
torno do que chamamos de reta de regressão.
Relacionando duas variáveis, x e y, faz-se necessário um modelo matemático que consiga
efetivamente relacionar as variáveis para estudo. Esse modelo, chamado de regressão linear simples,
é uma técnica utilizada para pesquisar e modelar a relação existente entre essas variáveis com o
comportamento próximo a uma função de primeiro grau. Observe o Gráfico 8 a seguir:
Gráfico 8 – Diagrama de dispersão de comportamento linear
9

6.8

4.5

2.3

0
0 2 4 6 8

Fonte: Elaborado pelo autor.

O diagrama de dispersão revela os pontos obtidos por meio da correlação das variáveis x e
y. Perceba que eles estão ajustados na linha gráfica ou muito próximos dela. Isso indica que existe
uma relação bastante forte entre as variáveis. Podemos, assim, ajustar um modelo que torne essa
linha perfeita.
Funções: gráficos e aplicações 55

Para isso, cabe considerar que o ajuste do modelo de regressão linear simples é dado por:
y=α.x+β+ε
Em que:
• y é o valor observado (variável dependente);
• x é a variável explicativa (variável independente);
• α ou a é o coeficiente angular (inclinação da reta);
• β ou b é o intercepto (coeficiente linear).

Podemos também exprimir de uma forma mais conhecida como equação da reta:
y = ax + b
Vamos aplicar essas teorias a um exemplo e construir o modelo passo a passo. Observe a
relação a seguir:
O valor de um carro é a variável independente em relação a um consórcio, pois os valores de
um consórcio variam em função do preço do carro.
Tabela 3 – Relação entre as variáveis carro e consórcio

Carro (x) Consórcio (y)


20 2

30 3

40 4

50 5

60 6
Fonte: Elaborada pelo autor.

Em um primeiro passo, vamos estabelecer as médias das variáveis x e y.

Média x = ∑x Média y =
∑y
n n
20  30  40  50  60 23 456
 40 4
5 5
Agora, em um segundo passo, vamos fazer alguns cálculos auxiliares para encontrar o
coeficiente angular:
Tabela 4 – Dados para encontrar o coeficiente angular

Σx Σy Σx² Σxy
20 2 400 40

30 3 900 90

40 4 1600 160

50 5 2500 250

60 6 3600 360

200 20 9000 900


Fonte: Elaborada pelo autor.
56 Matemática aplicada

Calculando o coeficiente angular a Calculando o coeficiente linear b


 x y b = média y – a . média x
xy
a n
 x
2

 x2 
N b = 4 – 0,1 . 40
200  20 b=4–4
900 
a 5
 200 
2
b=0
9000 
N

900  800
a
9000  8000
a = 0,1
O terceiro passo implica desenvolver a equação ajustante da reta:
y=a.x+b
y = 0,1 . x + 0, que é uma função de primeiro grau.
Ou y = 0,1 . x
Agora, já podemos fazer, por exemplo, uma projeção: quando x for igual a 65, qual será o
valor de y?
y = 0,1 . x
y = 0,1 . 65
y = 6,5

Vamos para um exemplo prático:


Observe, na Tabela 5 a seguir, quantidades e preços praticados por uma empresa para
determinado produto.
Tabela 5 – Quantidade e preços de determinado produto de uma empresa

Q (un.) P (R$)
80 120

95 110

100 92

115 84

125 79

130 75
Fonte: Elaborada pelo autor.

a) Determine o coeficiente angular e linear.


b) Determine a equação ajustante da reta.
Funções: gráficos e aplicações 57

c) Projete o preço para uma quantidade de 150 peças.


d) Projete a quantidade para um preço de 100 reais.

Solução:
Média x = 107,5 Média y = 93,33

Cálculo auxliar:
Σx = 645 Σy = 560 Σx2 = 71.175 Σx . y = 58.535
a) Coeficiente angular a:
58535  60200
a
71175  69337, 5
1665 a = –0,90 (função decrescente)
a
1837, 5
Coeficiente linear b:
b = média y – a . média x
b = 93,33 – (–0,90) . 107,5
b = 93,33 + 96,75
b = 190,08
b) Equação ajustante:
y = ax + b
y = –0,90 . x + 190,08

c) Preço para a quantidade de R$150,00:


y = –0,90 . x + 190,08
y = –0,90 . 150 + 190,08
y = –135 + 190,08
y = R$ 55,08

d) Quantidade para o preço de R$ 100,00:


100 = –0,90 . x + 190,08
100 = –0,90 . x + 190,08
100 – 190.08 = –0,90 . x
–90,08 = –0,90 . x(1)
90, 08
x
0, 90
x = 100 unidades
58 Matemática aplicada

3.5 Exercícios resolvidos


1. Na maioria das cidades, a tarifa cobrada pelos taxistas e aplicativos corresponde a um
valor fixo chamado de bandeirada e um valor variável cobrado de acordo com o total de
quilômetros rodados. Para fazer uma corrida de 9 quilômetros, com a bandeirada a R$ 5,20
e o custo do quilômetro rodado a R$ 3,20, determine:

a) A lei de formação que mostra o valor da tarifa cobrada em função dos quilômetros de
duração da viagem.
b) Qual será o valor do pagamento ao final da corrida.

Solução:
Considerando P o preço da tarifa, temos:
P(x) = ax + b
P(x) = 3,20 . x + 5,20
Logo:
P(x) = 3.20 . 9 + 5,20
P(x) = R$ 34,00 a corrida

2. Para dar continuidade à produção de moda de inverno, um empresário compra uma


máquina por R$ 3.000,00. Cada peça que ele produzir terá um custo variável de R$ 120,00.
Inicialmente, ele vai produzir 30 peças por semana. Qual será seu gasto total na semana?

Solução:
G(x) = ax + b
G(x) = 120 . x + 3.000
G(x) = 120 . 30 + 3.000
Logo:
G(x) = R$ 6.600,00

3. Um empresário produz 300 salgados mensalmente. Na Tabela 1 a seguir, estão detalhados os


custos totais (CT) de produção e a quantidade (Q) produzida.

Tabela 6 – Custos de produção de salgados e quantidades produzidas

Q CT (R$)
0 40,00

50 140,00

100 240,00

150 340,00

200 440,00

250 540,00

300 640,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Funções: gráficos e aplicações 59

Com base nessas informações, calcule o custo médio unitário (CMU) da produção.
Solução:
Tabela 7 – Custo médio dos salgados produzidos

Q CT (R$) CMU
0 40,00

50 140,00 140 : 50 = 2,80

100 240,00 240 : 100 = 2,40

150 340,00 340 : 150 = 2,27

200 440,00 440 : 200 = 2,20

250 540,00 540 : 250 = 2,16

300 640,00 640 : 300 = 2,13


Fonte: Elaborada pelo autor.

Algumas observações interessantes:


• Mesmo quando a produção é zero, já temos gastos. São os chamados gastos fixos que
independem da produção. De todo modo, ao final do mês terão de ser pagos aluguel,
IPTU etc., valores que observamos já estarem diluídos no custo médio. Quanto maior a
produção, menor o custo de cada unidade.
• Observe também que, se continuarmos a aumentar a produção, o custo médio de cada
unidade tenderá a cair. Essas quedas, porém, serão cada vez menores.
Vejamos agora qual é o custo fixo (CF) e o custo variável (CV) por unidade:
Tabela 8 – Custo fixo e custo variável dos salgados produzidos

Q CT (R$) CMU CF unitário CV unitário


0 40,00

50 140,00 140 : 50 = 2,80 40 : 50 = 0,80 2,80 – 0,80 = 2

100 240,00 240 : 100 = 2,40 40 : 100 = 0,40 2,40 – 0,40 = 2

150 340,00 340 : 150 = 2,27 40 : 150 = 0,27 2,27 – 0,27 = 2

200 440,00 440 : 200 = 2,20 40 : 200 = 0,20 2,20 – 0,20 = 2

250 540,00 540 : 250 = 2,16 40 : 250 = 0,16 2,16 – 0,16 = 2

300 640,00 640 : 300 = 2,13 40 : 300 = 0,13 2,13 – 0,13 = 2


Fonte: Elaborada pelo autor.

Concluindo:
• Quando observamos o custo fixo unitário, chegamos à conclusão de que é variável,
diminuindo à medida que o volume de produção aumenta.
• Quando vemos o custo variável unitário, percebemos que é fixo, em R$ 2, durante certo
tempo.
60 Matemática aplicada

• Logo, podemos dizer que os custos fixos são fixos no total, mas variáveis quando
observados individualmente. Já os custos variáveis são variáveis no total, mas fixos
quando olhamos unitariamente durante certo tempo.
Nesse contexto, nossa função pode ser criada.
A função afim mostra que f(x) = ax + b, então podemos dizer que:
C(x) = CV . x + CF ou
CT = 2 . x + 40

Portanto, substituindo a função custo total, teremos:


CT = 2.300 + 40

CT = R$ 640,00, que é o valor necessário para produzir 300 unidades.

Vamos acrescentar mais uma informação: o preço da venda de cada unidade é de R$ 4,50.
Logo, defina a função receita total (RT):
RT(x) = preço de venda . quantidade
Função RT = 4,50 . x

Assim, a receita gerada pela venda de 300 unidades será:


RT = 4,50 . 300
RT = R$ 1.350,00

Podemos dizer que nosso lucro foi de: R$ 1.350,00 – R$ 640,00 = R$ 710,00.
Ou, podemos também fazê-lo utilizando a função lucro total (LT):
LT(x) = RT – CT
LT(x) = 4,50 . x – (2x + 40)
LT(x) = 4,50 . x – 2x – 40
LT(x) = 2,50 . x – 40

Aplicando no cálculo, teremos:


LT = 2,50 . 300 – 40
LT = 750,00 – 40
LT = R$ 710,00

E ainda podemos determinar o ponto de nivelamento, que mostrará o volume a ser produzido
para cobrir os custos totais. Para isso, basta calcular:
RT = CT
4,50 . x = 2x + 40
4,50 . x – 2x = 40
Funções: gráficos e aplicações 61

2,50 . x = 40
x = 40 : 2,50
x = 16 unidades

Vamos fazer mais um exemplo completo.

4. Uma fábrica produz resistores com cada unidade custando R$ 37,00. O custo fixo é de
R$ 5.000,00 para uma produção de 0 a 250 unidades. O preço de venda de cada unidade é
de R$ 97,00.

a) Determine a função custo total e seu valor.


b) Determine a função receita total e seu valor.
c) Defina também a função lucro total e o respectivo valor.
d) Determine o ponto de nivelamento.
e) Calcule o número x de unidades para um lucro de R$ 14.400,00.

Solução:
a) CT(x) = ax + b
CT(x) = CV . x + CF
CT(x) = 37 . x + 5.000
CT = 37.250 + 5.000
CT= R$ 14.250,00

b) RT(x) = preço de venda . x


RT(x) = 97 . x
RT = 97 . 250
RT = R$ 24.250,00

c) LT(x) = RT(x) – CT(x)


LT(x) = 97 . x – (37 . x + 5.000)
LT(x) = 97 . x – 37 . x – 5.000
LT(x) = 60 . x – 5.000
LT = 60 . 250 – 5.000
LT = R$ 10.000,00
d) RT(x) = CT(x)
97 . x = 37 . x + 5.000
60 . x = 5.000
x = 5.000 : 60
x = aproximadamente 83 unidades

e) LT(x) = 60x – 5.000


62 Matemática aplicada

14.400 = 60x – 5.000


14.400 + 5.000 = 60x
x = 19.400 : 60
x = aproximadamente 323 unidades

Considerações finais
O estudo das funções permitiu observar o comportamento de duas ou mais variáveis por
meio de cálculos e gráficos. Permitiu também aplicar esses conceitos a problemas práticos. Uma
aplicação bastante comum na gestão ocorre na avaliação de séries históricas relativas a custo,
receita, demanda, oferta e lucro.
É possível, ainda, avaliar o comportamento dessas séries históricas e temporais e
compreender sua evolução ao longo do tempo.

Ampliando seus conhecimentos


• GEOGEBRA. Aplicativos matemáticos gratuitos. 2019. Disponível em: https://www.
geogebra.org/. Acesso em: 11 out. 2019.
O uso de novas tecnologias permite estudar de forma mais criativa e rápida vários temas
da matemática, inclusive as funções. Além do programa Microsoft Excel, sugerimos a
plataforma Geogebra, que permite associar o cálculo à representação gráfica, sendo um
grande facilitador da compreensão.

Atividades
1. Atribuímos valores para x na função a seguir. Construa a reta do gráfico utilizando os valores
de y que você encontrou.

y=x+2
x y
0

2. Um vendedor de planos de seguro de vida recebe salário de R$ 1.000,00, mais comissão de


R$ 15,00 por plano vendido.

a) Determine a expressão que relacione o salário total (S) em função da quantidade de


plano (s) vendida.
Funções: gráficos e aplicações 63

b) Sabendo que seu salário em um mês foi de R$ 1.915,00, quantos planos ele vendeu?

3. Observe a tabela a seguir:

Quantidade Custo (R$)


0 400,00

100 1.000,00

200 1.800,00

300 2.600,00

400 3.000,00

a) Determine o custo médio por unidade.


b) Determine o custo fixo total.
c) Determine o custo fixo unitário.
d) Determine o custo variável unitário.

4. Uma empresa tem um custo fixo de R$ 15.000,00 e um custo por unidade produzida de
R$ 28,00. A produção varia de 0 a 500 unidades. O preço de venda de cada unidade é de
R$ 88,00. Determine:

a) A função custo total e seu valor.


b) A função receita total e seu valor.
c) A função lucro total e seu valor.
d) O ponto de nivelamento.
e) Para um lucro de R$ 40.000,00, quantas unidades deveriam ser produzidas nessas
condições?

5. Dados os seguintes valores:

x y
2 1

5 2

6 5

8 7

9 8

Determine:
a) A média de x e de y.
b) O cálculo auxiliar para obter a e b.
c) Obtenha a e b.
d) Faça a equação ajustante da reta.
e) Estabeleça o valor para y quando x = 13.
f) Estabeleça o valor para x quando y = 6,17.
4
Funções: outros modelos

Neste capítulo estudaremos situações práticas de funções de segundo grau a partir da


construção de gráficos. Para este estudo convém reforçar o tema vértice da parábola, visto que as
coordenadas do vértice são úteis para a determinação dos valores máximos e mínimos, bem como
os intervalos de crescimento e decrescimento das funções associadas.

4.1 Função quadrática ou polinomial


A função quadrática ou polinomial pode ser definida por: y = f(x) = ax2 + bx + c, com a ≠ 0.
O gráfico conhecido como parábola é resultante de uma função de segundo grau. Deve-se
seguir alguns passos para a sua obtenção, a saber:
1. O coeficiente angular a deverá indicar se a concavidade da parábola é voltada para cima
(a > 0) ou para baixo (a < 0).
2. O termo independente c define o ponto em que uma parábola corta o eixo y e será obtido
a partir de x = 0.
3. As raízes da função y = ax2 + bx + c serão definidas a partir de uma parábola que corta o
eixo x, se essas raízes existirem.
4. Para encontrar as raízes, utilizamos a fórmula a seguir:

 b2  
x
2a

Nela, o discriminante ∆ será definido por: ∆ = b2 – 4ac. Dessa forma, a fórmula se


apresenta como:

 b  b2  4ac
x
2a

E, considerando que se deve encontrar duas raízes, pode-se indicar x’ e x’’ do seguinte
modo:

b   e b  
x1  x2 
2a 2a
5. O número de raízes ou pontos em que a parábola toca o eixo x dependerá do
discriminante, o que significa que:
• Se ∆ > 0, temos duas raízes reais distintas, x1 ≠ x2, indicando que a parábola cortará o
eixo x em dois pontos distintos.
• Se ∆ = 0, temos duas raízes reais iguais, x1 = x2, indicando que a parábola tocará o eixo
x em um único ponto.
66 Matemática aplicada

b  0 b
x x
2a 2a
• Se ∆ < 0, não existem raízes reais, isto é, a parábola não cruza o eixo x.

6. O vértice da parábola é dado pelo ponto:


 b  
V   xv ; yv    ; 
 2a 4a 
Portanto, as coordenadas do vértice serão obtidas ao ligarmos o ponto (xv) ao eixo x,
com o ponto (yv) definido no eixo y. Observe que há uma simetria entre os dois lados da
parábola.
Observando a função y = x2 – 3x + 2 e o seu gráfico, o vértice da parábola está em:
b
 x; v  
2a

  3  3
 x; v     1, 5
2 1 2


 y; v  
4a

  b2  4ac

   3   4 1  2
2

  98 1

Logo :
1
 v; y  
 0, 25
4
Portanto, o ponto resultante da correlação entre (x;v) e (y;v) será o vértice da parábola.
Gráfico 1 – Observando o vértice da função y = x2 – 3x + 2

19

17
15
13
Eixo y

11
9
7
5

3
1
–1 5
–5 0
Eixo x Vértice da função
Fonte: Elaborado pelo autor.
Funções: outros modelos 67

Observe a seguir alguns exemplos de funções de segundo grau.


Gráfico 2 – Exemplo de função de segundo grau: a > 0 e ∆ > 0
8

0
–4 –2 0 2 4

–2

–4
Fonte: Elaborado pelo autor.

Gráfico 3 – Exemplo de função de segundo grau: a < 0 e ∆ < 0

0
–4 –2 0 2 4
–2

–4

–6

–8

–10

–12

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para melhor compreensão, vamos analisar como se pode aplicar os conceitos


apresentados anteriormente em um exemplo prático.
Em uma fazenda, a produção P, referente à plantação de laranja depende da quantidade, q,
de adubo utilizado. Essa dependência pode ser expressada por: P = –3q2 + 75q + 450. Nessa
fazenda, a produção é medida em kg e a quantidade de adubo em g/m2. Com esses dados,
definimos:
a) os coeficientes dos termos da função;
b) a concavidade;
c) a estrutura da parábola e os pontos em que ela corta o eixo q;
d) o vértice da parábola.
68 Matemática aplicada

Solução:
a) a = –3, b = 75 e c = 450
b) A concavidade é voltada para baixo, pois a < 0.
c) A parábola corta o eixo P em c = 450, pois se q = 0, temos:

P(0) = –3 . 02 + 75 . 0 + 450
P(0) = 450
A parábola corta o eixo q quando P = 0, isto é: –3q2 + 75q + 450 = 0. As raízes serão
obtidas usando a fórmula de equação de segundo grau:
∆ = b2 – 4ac
∆ = 752 – 4 . (–3) . 450
∆ = 5.625 + 5.400
∆ = 11.025
Logo, ∆ > 0
Já podemos obter as duas raízes distintas:
b  
q1 e q 2 
2a

75  105
q1   5
6

75  105
q2   30
6

Ao calcular os valores das raízes, determina-se onde a parábola cruza o eixo x. Nesse
caso, no ponto (–5; 30).

d) O vértice da parábola coresponde a:


V = (qv; Pv)

 b    
V  ;  
 2a   4a 

 75 11  025 


 2   3  4   3   
V ;  12, 5; 918, 75 
 

Dessa forma, obtém-se o gráfico da função:


Funções: outros modelos 69

Gráfico 4 – Eixo de simetria da função parábola com concavidade para baixo


1000

eixo p
Eixo de simetria
900

800

700

600

500

400

300

200
y = –3x2 + 75x + 450
100

0
–10 0 10 20 30
eixo q
Fonte: Elaborado pelo autor.

Observe que o eixo de simetria é uma reta que liga 918,75 em P com 12,5 em q, dividindo
a parábola em dois lados iguais. Esse eixo é obtido com a definição dos valores do vértice.

4.2 Função exponencial


A função exponencial apresenta importantes aplicações práticas, principalmente na área
financeira e de gestão da qualidade. É usada também para representar situações cuja taxa de
variação é considerada grande, como ocorre em rendimentos financeiros capitalizados por juros
compostos; no decaimento radioativo de substâncias químicas; no desenvolvimento de bactérias e
micro-organismos; no crescimento populacional; entre outras situações.
Para resolver as funções exponenciais utilizamos, se necessário, as regras envolvendo
potenciação. Essa função, como qualquer outra, possui uma relação de dependência, em que uma
incógnita depende do valor da outra, com a diferença de que sua parte variável, representada por
x, se encontra no expoente. Observe alguns exemplos:
y = 3x
y = 12x + 7x
y = 0,19x + 1
A formação de uma função exponencial segue uma lei que indica: a base elevada ao expoente
x precisa ser maior que zero e diferente de um. A notação representativa desta lei é f: R → R, tal que
y = ax, sendo a > 0 e a ≠ 1.
70 Matemática aplicada

Gráfico 5 – Função exponencial do tipo: a > 1


100

80

60

40

20

0
0 2 4 6 8

– 20
Fonte: Elaborado pelo autor.

Gráfico 6 – Função exponencial do tipo: 0 < a < 1


2,5

1.5

0.5

0
–5 0 5 10 15
Fonte: Elaborado pelo autor.

A base a determina o crescimento ou decrescimento de uma função exponencial. Se a > 1,


a função será crescente e seu crescimento é diferenciado. Quanto maior o valor de a, maior será o
crescimento de y a cada aumento de x, fazendo com que a função avance rapidamente devido aos
valores altos.
Porém, se 0 < a < 1, temos uma função exponencial decrescente e, quanto menor for o valor
de a, maior será o decrescimento de y para cada aumento de x. Assim, a função começa a alcançar
mais rápido valores próximos de zero. Vejamos um exemplo.
A população de um grande bairro, de 2015 a 2019, teve um crescimento estimado conforme
a tabela a seguir:
Tabela 1 – População de um grande bairro, de 2015 a 2019

Ano 2015 2016 2017 2018 2019

População 57.800 60.690 63.724 66.911 70.2564

Fonte: Elaborada pelo autor.


Funções: outros modelos 71

Queremos apresentar a população do bairro como uma função do ano, sendo 2015 o ano
inicial. É importante que, de 2015 a 2019, o crescimento da população do bairro seja semelhante
aos dados na Tabela 1.
Para avaliar se essa situação pode ser representada por uma função exponencial, faremos as
seguintes divisões:
2016 : 2015 → 60.690 : 57.800 = 1,05
2017 : 2016 → 63.724 : 60.690 = 1,04999999 = 1,05
2018 : 2017 → 66.911 : 63.724 = 1,05
2019 : 2018 → 70.256 : 66.911 = 1,04999999 = 1,05
Observamos que os resultados são aproximadamente iguais, por isso temos uma função
exponencial cuja base é dada por a = 1,05; o coeficiente b será obtido substituindo em y = b . ax, o
valor de a = 1,05. Tomamos um dos pares ordenados x e y, como (x : y) = (4; 57.800):
57.800 = b . 1,054
57.800 = b . 1.21550625
b = 47552
Logo, a função população será dada por y = 47552 . 1,05x. Observe a situação a seguir.
Em um depósito, as sacas de café, com o tempo, começaram a carunchar e as condições de
consumo decaíram, de acordo com um modelo exponencial. Na sequência, a Tabela 2 revela dois
períodos e a quantidade de sacas de café que ainda apresentam condições de serem vendidas e
consumidas.
Tabela 2 – Períodos e quantidade de sacas em condições de venda/consumo

Tempo registrado após estocagem x 2 anos 6 anos

Quantidade de sacas y em toneladas 680 248


Fonte: Elaborada pelo autor.

O primeiro passo envolve mostrar a quantidade aproveitável de café como uma função do
ano após a estocagem. Pelo enunciado, sabemos que o modelo é exponencial e que os pares (2; 680)
e (6; 248) precisam satisfazer a expressão y = b . ax, logo:
x = 2 e y = 680, então temos: 680 = b . a2
x = 6 e y = 248, então temos: 248 = b . a6
Resolvendo o sistema de equações, temos:

b  a 6 248 a 6 248
  
b  a 2 680 a 2 680

a 4  0, 3647058

a  4 0, 3647058

Por tan to, a  0, 77711


72 Matemática aplicada

Portanto, a = 0,77711
Substituindo a = 0,77711 em b . a2 = 680, obtemos b:
b . 0,777112 = 680, portanto, b = 1126,2
Agora já temos a função exponencial: y = 1126,2 . 0,77711x.
Vejamos, agora, alguns exercícios resolvidos.

1. Um cliente toma emprestado uma importância de R$ 15.000,00, com juros compostos de


10% ao mês, isto é, que incidem mês a mês sobre o montante do mês anterior – popularmente
conhecido como “juros sobre juros”. Qual será o montante no final do mês 3?

Solução:
M(1) = 15.000 + 10% do valor inicial
M(1) = 15.000 + 10% de 15.000
M(1) = 15.000 + 10 : 100 . 15.000
M(1) = 15.000 + 0,10 . 15.000

Colocando 15.000 em evidência, temos:


M(1) = 15.000 . (1+ 0,10)1
M(1) = 16.500

Logo, para o final do mês 3, teremos:


M(3) = 15.000 . (1 + 0,10)3
M(3) = 15.000 . 1,103
M(3) = 15000 . 1,331
M(3) = R$ 19.965,00

2. Considerando uma empilhadeira com valor inicial de R$ 500.000,00, e com depreciação de


20% ao ano, qual função representa esse valor no decorrer do tempo?

Solução:
V(1) = 500.000,00 – 20% do valor inicial
V(1) = 500.000,00 – 0,20 . 500.000,00
V(1) = 500.000,00 . (1 – 0,20)x
V(1) = 500.000,00 . 0,80
V(1) = 400.000,00
Portanto, a função exponencial é y = 500.000 . 0,80x.
Funções: outros modelos 73

4.3 Função logarítmica


A função logarítmica de base a é definida pela lei de formação f(x) = loga x, com a ≠ 1 e a > 0.
O domínio é representado pelo conjunto dos números reais maiores que zero. Por exemplo:
f(x) = log2 x é função logarítmica de base 2.
f(x) = log 1 x é função logarítmica de base 1/5.
5
f(x) = log10 x é função logarítmica de base 10.
Vejamos a representação gráfica de uma função logarítmica:
Gráfico 7 – Função logarítmica do tipo: y = log2 x, onde a > 0

x y

1/4 –2

1/2 –1

1 0 2
1 2 3 4
2 1

4 2

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para 0 < a < 1, temos o gráfico da seguinte forma:


Gráfico 8 – Função logarítmica do tipo: y = log 1 x
2
Função decrescente
x y

1/4 2

1/2 1

1 0

2 –1 1 2 3 4
2
4 –2

1
Fonte: Elaborado pelo autor.
74 Matemática aplicada

Nos gráficos, é possível perceber que as concavidades estão diferentes. No primeiro, em que
a > 0, a curva do gráfico está à direita do eixo y, porém, quando a função está entre 0 e 1, 0 < a < 1,
nota-se que há uma inversão em relação à função exponencial. Por esse motivo, y pode assumir
todas e quaisquer soluções reais a partir de sua imagem.
Com base nos estudos na área, chegamos à conclusão de que as funções logarítmicas são
uma função inversa da função exponencial, conforme indica os gráficos comparativos a seguir:
Gráfico 9 – Comparação entre a função exponencial e logarítmica para: a > 1 e 0 < a < 1

a) a > 1
y

1
y = ax

1 x
y = logax

Fonte: Elaborado pelo autor.

b) 0 < a < 1
y

y = ax
1

1 x

y = logax

Fonte: Elaborado pelo autor.


Funções: outros modelos 75

Definições:
• loga 1 = 0
• loga a = 1
• loga an = n
• alog ab = b

Propriedades operatórias:
• loga (M . N) = loga M + loga N
• loga (M : N) = loga M – logna
• loga MN = N . loga M
• Mudança de base:
loga b = logc b : logc a
loga b . logc a = logc b
loga b = 1 : logb a

Vejamos um exemplo, dada a equação logarítmica logx + 3 (5x – 1) = 1.


Primeiro, verificamos as condições de existência do logaritmo:
x+3>0
x > –3
5x – 1 > 0
5x > 1
x > 1/5
Agora, resolvemos a equação logarítmica pela propriedade básica do logaritmo:
logx + 3 (5x – 1) = 1
(5x – 1)1 = x + 3
5x – 1 = x + 3
5x – x = 3 + 1
4x = 4
x=1
Só existe uma resposta possível para logx + 3 (5x – 1) = 1, que é x = 1.
76 Matemática aplicada

4.4 Função inversa


Para iniciar os estudos deste tema, devemos atentar aos seguintes conceitos, possivelmente,
já vistos na Educação Básica.

4.4.1 Função injetora


Uma função é chamada de injetora se cada imagem possui, no máximo, um domínio.
Figura 1 – Exemplo de função injetora

A B

Fonte: Elaborada pelo autor.

Vejamos um exemplo, dados os conjuntos A = {–1, 0, 1} e B = {–1, 1, 2, 3}. Vamos determinar


a função f: A → B definida pela lei y = 2x + 1.
x = –1 x=0 x=1
y = 2 . (–1) + 1 y=2.0+1 y=2.1+1
y = –2 + 1 y=0+1 y=2+1
y = –1 y=1 y=3
Figura 2 – Representação do exemplo anterior A = {–1, 0, 1} e B = {–1, 1, 2, 3}

f
A B
–1

–1
1

0 2

1
3

Fonte: Elaborada pelo autor.

Dada uma função f: A → B injetora, chamamos de função inversa de f a função f–1: B → A, tal
que, para todo (x, y) f, há (y, x) f–1.
Funções: outros modelos 77

4.4.2 Função sobrejetora


Uma função é sobrejetora se o conjunto imagem é igual ao contradomínio B, isto é, não sobra
elemento no contradomínio. Para cada elemento de A existe um elemento de B correspondente,
mesmo que seja comum a outro elemento.
Figura 3 – Exemplos de função sobrejetora
a) b)

A B A B

Fonte: Elaborada pelo autor.

Vejamos um exemplo, dados os conjuntos A = {–1, 1, 2} e B = {1, 7}. Vamos determinar a


função f: A → B definida pela lei y = 2x2 – 1.
x = –1 x=1 x=2
y = 2 . (–1)2 – 1 y = 2 . 12 – 1 y = 2 . 22 – 1
y=2.1–1 y=2.1–1 y=2.4–1
y=2–1 y=2–1 y=8–1
y=1 y=1 y=7
Figura 4 – Representação gráfica de A = {–1, 1, 2} e B = {1, 7}

f
A B
–1
1

7
2

Fonte: Elaborada pelo autor.

Todos os elementos do contradomínio foram associados no domínio. Portanto, f é uma


função sobrejetora.
78 Matemática aplicada

4.4.3 Função bijetora


Uma função é bijetora se é injetora e sobrejetora ao mesmo tempo.
Figura 5 – Exemplo de função bijetora

A B

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nesse caso, não sobra elemento no contradomínio (sobrejetora) e cada imagem possui uma
única associação (injetora). As associações são únicas, logo, nunca teremos um valor relacionado
a mais que um no outro conjunto.
Vejamos um exemplo, dados os conjuntos A = {0, 2, 4} e B = {–1, 3, 7}. Vamos determinar a
função f: A → B definida pela lei y = 2x – 1.
x=0 x=2 x=4
y=2.0–1 y=2.2–1 y=4.2–1
y=0–1 y=4–1 y=8–1
y = –1 y=3 y=7
Figura 6 – Representação referente aos conjuntos A = {0, 2, 4} e B = {–1, 3 , 7}

A B

0 –1

3
2

7
4

Fonte: Elaborada pelo autor.

Cada elemento de B é imagem de pelo menos um elemento de A e cada elemento de A


possui uma imagem distinta em B.

4.4.4 Função inversa


A partir de agora observaremos duas funções: a função f, inversa de v, que faz a ligação entre
a função x e a função y; e a função g, que determinará a ligação entre a função y até a função x. O
mesmo ocorrerá em relação à imagem. O domínio da função f será a imagem da função g e vice-
versa, conforme passos a seguir.
Funções: outros modelos 79

Isolar x na sentença y = f(x).


• Por ser usual a letra x como símbolo da variável independente, trocamos x por y e y por x.
Vejamos exemplos de aplicação desse conceito:

1. Seja a função: y = x + 5, na lei de correspondência f: A → B.


Troca-se o x por y e vice-versa, então teremos: x = y + 5.
Isola-se o y:x – 5 = y ou y = x – 5.
Lei de correspondência da função f–1.

2. Determinar a lei da função inversa de y  x  2 para x ≠1.


x 1
y 2
x
y 1
x(y – 1) = y + 2
xy – x = y + 2
xy – y = x + 2
y(x + 1) = x + 2
x 2
y
x 1

A lei de formação da função inversa é igual à lei da função dada.

Considerações finais
Neste capítulo, avançamos muito no estudo das funções. Vimos que nem todas as relações
são funções, somente aquelas em que cada elemento de um conjunto se relaciona com um, e
somente um, elemento de outro conjunto. Outra observação bastante interessante é que as funções
podem ser estudadas, independentemente de seu tipo e comportamento. Podem ser exponenciais,
inversas, logarítmicas etc., e todas podem ser aplicadas a atividades e ações empresariais.

Ampliando seus conhecimentos


• MUROLO, A.; BONETTO, G. Matemática aplicada à administração, ciências contábeis e
economia. 2. ed. ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
Esta obra é um ótimo material de pesquisa sobre aplicações de funções à área gerencial.
Essa edição, em especial, apresenta uma série de aplicabilidades para custos, demanda,
oferta e receita.
80 Matemática aplicada

• VENNGAGE. Criador de Infográficos Gratuito. 2019. Disponível em: https://pt.venngage.


com/. Acesso em: 11 out. 2019.
• INFOGRAM. Create Infographics, Reports and Maps. 2019. Disponível em: https://
infogram.com/. Acesso em: 11 out. 2019.

• VISUALLY. Premium Content Creation for Better Marketing. 2019. Disponível em:
https://visual.ly/. Acesso em: 11 out. 2019.

Uma das formas mais interessantes de estudar as funções é por meio dos gráficos,
considerando terem recursos como cores, formas, organização bidimensional e outros
que facilitam entender como as informações se comportam e variam à medida que
atribuímos ou substituímos novos valores. O Microsoft Excel traz uma área exclusiva
com variadas opções de gráficos, inclusive os mais usados em estudos de funções, como
o linear e o de dispersão. Porém, existem também outros programas com muitos recursos
para a construção precisa de gráficos, como o Venngage, que inclusive associa gráficos a
imagens e reproduz movimentos, e os aplicativos Infogram e Visually, que são excelentes.

Atividades
1. Um gerente de loja acompanhou durante 21 dias as vendas de televisores 4K. Ele notou que
o número de televisores vendidos, dado por N, em relação ao número de dias, dado por t,
pode ser obtido por N = 0,25t – 4t + 16. Com essas informações:

a) calcule os coeficientes da função;


b) calcule a forma da concavidade;
c) explique a estrutura da parábola e determine suas raízes;
d) determine o vértice;
e) obtenha o número de televisores 4k para o último dia, ou seja, o 21º dia, quando t = 20.

2. O valor v de uma ação negociada no Ibovespa, no decorrer de 12 meses, é dado pela


expressão: v = 2t2 – 20t + 60. Sabe-se que o valor da ação é dado em reais. Determine:

a) os coeficientes da função;
b) a forma da concavidade;
c) as características da parábola e suas raízes;
d) o vértice;
e) o valor da ação após um ano, ou seja, no último mês (12) de avaliação.

3. O montante de uma dívida no decorrer de n meses é dado por M(n) = 25.000 . 1,07x.
Determine o montante final nos meses 7 e 9.
Funções: outros modelos 81

4. O montante de uma dívida no decorrer de x meses é dado por M(x) = 10.000 . 1,05x.
Determine após quanto tempo o montante será de R$ 40.000,00.

5. A população de uma cidade é de 480 mil habitantes e cresce 2,75% ao ano. Determine a
expressão da população (P) como função do tempo.

6. Um carro com valor inicial de R$ 42.000,00 sofre uma depreciação de 12,5% ao ano.
Determine a expressão do valor (V) como função do tempo (t).

7. Calcule o valor dos seguintes logaritmos:

a) log16 64
b) log5 (0,000064)
c) log49 3
7

8. Se log5 x = 2 e log10 y = 4, então log20 y : x é?

9. Sendo log3 x, determine f(81).

10. Sendo f(x) = 2 log4 x2, determine f(6).

11. Um capital C é aplicado a uma taxa anual de 8%, com juros capitalizados anualmente.
Considerando que não foram feitas novas aplicações ou retiradas, em quantos anos o capital
acumulado será o dobro do capital inicial?

• Considere M = C . (1 + i)t, em que M é o montante, C é o capital inicial, i é a taxa de juros


e t é o tempo.Use log 2 = 0,301 e log 1,08 = 0,033)

12. Verifique se a função f(x) = log5 (3x – 6) é crescente ou decrescente e determine seu domínio.

13. Dada a função f(x) = x², qual será a sua inversa?

14. Determine a inversa da função f(x) = (2x + 3) : (3x – 5), para x ≠ 5/3.
5
Sequências e progressões

Desde o século XVII a.C., existem relatos do uso de sequências e progressões nos papiros de
Ahmés. Mas, além dele, outros importantes matemáticos e filósofos já tratavam do assunto, como
os pitagóricos Euclides e Diofanto de Alexandria, Leonardo Fibonacci e Carl Friedrich Gauss.
Nos estudos do som, os pitagóricos (585 a.C.) chegaram à conclusão de que o movimento
das cordas produzia uma sequência que, observada atentamente, era vibratória e podia ser medida.
Mais à frente, Fibonacci criou sequências numéricas que ampliavam os estudos sobre
progressões, utilizadas em várias pesquisas. Gauss, também chamado de príncipe da matemática,
deu continuidade às pesquisas introduzindo os cálculos matemáticos definitivamente no estudo
das sequências e progressões.
É interessante observar a aplicabilidade desses conceitos e cálculos como ferramentas
matemáticas. Juros simples e compostos, por exemplo, nada mais são do que progressões aritméticas
e geométricas muito utilizadas na matemática financeira e na gestão de negócios. As sequências
estão presentes no nosso dia a dia, sendo notáveis, por exemplo, em calendários e datas de eventos
especiais que se repetem periodicamente, como as Olimpíadas, a Copa do Mundo etc.
Podemos citar ainda outros importantes estudos, como os de Charles Darwin, que
apresentam uma complexa teoria sobre a evolução das espécies. Sequências e progressões, portanto,
são conceitos utilizados em muitas áreas, algumas vezes também mencionados em livros como An
essay on the principle of population de Thomas Malthus, economista britânico (1803, tradução livre):
“as populações crescem em progressão geométrica ao mesmo tempo que as reservas alimentares
crescem apenas como uma progressão aritmética”.

5.1 Sequências
Podemos chamar de sequência ou sucessão numérica a representação de uma função dentro
de um grupo de números. A sequência é, portanto, uma ordem em um conjunto, podendo ser
classificada em finita ou infinita.
• Exemplo de sequência finita: (1, 3, 5, 7, 9)
• Exemplo de sequência infinita: (1, 3, 5, 7, ...)

Para simbolizar que uma sequência é infinita, observe que usamos reticências no final dela.
Vamos considerar a sequência em que foram realizadas as edições da Copa do Mundo FIFA
a partir de 1994:
• Estados Unidos: 1994
• França: 1998
• Coreia do Sul e Japão: 2002
84 Matemática aplicada

• Alemanha: 2006
• África do Sul: 2010
• Brasil: 2014
• Rússia: 2018

Organizando esses dados, temos: (1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014, 2018). Os parênteses
demonstram que estamos dispondo essas informações em uma sequência que, nesse caso,
apresenta-se em ordem crescente. Essa é uma forma de organizar esse conjunto de informações.
Cada um desses elementos é chamado de termo de uma sequência e pode ser representado
também pela letra a, acompanhada de um índice que mostra sua ordem ou posição, logo: (a1, a2,
a3, a4, ..., an).
Na sequência de anos em que ocorreu a Copa do Mundo, por exemplo, temos:
• Primeiro termo: a1 = 1994.
• Segundo termo: a2 = 1998.
• Terceiro termo: a3 = 2002, e assim sucessivamente.

O termo an, que representa o enésimo termo, será a data de 2018, última medição, que
representa a Copa do Mundo realizada na Rússia.

5.1.1 Lei de formação de uma sequência


Observe as sequências:
Figura 1 – Sequência de triângulos

Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura 2 – Sequência de setas

...

Fonte: Elaborada pelo autor.

Analisando a sequência de setas, podemos dizer que a figura a ocupar a oitava posição é:
Sequências e progressões 85

Em matemática, uma sequência é qualquer f em que o domínio é N. Por exemplo: f = N* → R,


definido por f(n) = 5n.
Podemos chamar n de 1, 2, 3, ... logo:

f(1) = 5 . 1 = 5
f(2) = 5 . 2 = 10
f(3) = 3 . 3 = 15 e f(n) = 5n

Então, temos como resposta a sequência (3, 6, 9, ..., 3n).

5.1.2 Formas de sequência


Como vimos, as sequências podem ser finitas ou infinitas. Na sequência numérica finita, a
quantidade de elementos de um conjunto é limitada. Os elementos também podem ser chamados
de termos. Para representá-la, utilizamos: (a1, a2, a3, a4, ... an). Exemplo:
y = conjunto dos números ímpares menores que 15.
[0, 15] = {y R / 0 < y < 15}, logo, y = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13}.

Na sequência numérica infinita, os termos ou elementos são ilimitados. Nesse caso, a


representação é feita de outra maneira: (a1, a2, a3, a4, ...). Por exemplo:
y será o conjunto do número 4 ou dos números maiores que 4.
[4, + ∞[ = { y R / y ≥ 4}, logo y = {4, 5, 6, 7, 8, ...}.
As sequências ainda podem ser ordenadas como crescentes ou decrescentes. Para isso, é
necessário levar em conta o antecessor e o sucessor de um termo.
Crescente: a1 < a2 < a3 < a4 < ... < an < ...
Exemplo: 1 < 2 < 3 < 4 < ... < 500 < ...
Decrescente: a1 > a2 > a3 > a4 > ... > an > ...
Exemplo: 500 > 499 > 498 > ...

5.1.2.1 Sequências definidas a partir do termo geral


Podemos determinar a lei de formação de uma sequência observando seu comportamento,
à medida que os termos avançam. Também chamada de fórmula do termo geral, essa lei permite
encontrar o valor de qualquer termo da sequência. É também conhecida como fórmula do
enésimo termo.
Considere a sequência: (4, 8, 12, 16, 20, ...). Quando n = 1, nos referimos ao primeiro termo
da sequência, que é 4. O segundo termo será 8, o terceiro será 12 e assim por diante.
Ou seja:
n = 1, logo, a1 = 4
n = 2, logo, a2 = 8
n = 3, logo, a3 = 12
86 Matemática aplicada

Para encontrar uma única lei de formação dessa sequência, ou a fórmula do termo geral, é
necessário observar um mesmo padrão de comportamento para todos os termos.
Logo:
Se n = 1, então a1 = 4. Portanto, 4 . 1 = 4.
Se n = 2, então a2 = 8. Portanto, 4 . 2 = 8.
Se n = 3, então a3 = 12. Portanto, 4 . 3 = 12.

É possível, dessa forma, observar qual é o padrão. O número 4 aparece em todos os termos,
logo, podemos dizer que o enésimo termo dessa sequência será dado por an = 4n. Assim, por
exemplo, a15 = 4 . 15 = 60.
Em algumas sequências, encontrar o termo geral pode ser mais complicado e demandar
certa lógica. Observemos a sequência: (1, 5, 9, 13, 17, ...).
Se n = 1, temos a1 = 1 = 4 . 1 – 3 = 1
Se n = 2, temos a2 = 5 = 4 . 2 – 3 = 5
Se n = 3, temos a3 = 9 = 4 . 3 – 3 = 9

Para encontrar a relação entre os termos e identificar o termo geral foi necessário um pouco
mais de atenção e raciocínio lógico. Nesse caso, temos an = 4n – 3.
Cada elemento ou termo an será calculado em função da sua posição n na sequência. Vejamos
um exemplo: quais serão os três primeiros termos da sequência em que o termo geral é an = n + 10?
a1 = 1 + 10 = 11
a2 = 2 + 10 = 12
a3 = 3 + 10 = 13
Podemos dizer que a sequência com termo geral an = n + 10 será igual a (11, 12, 13, …).

5.1.2.2 Sequência definida por recorrência


A recorrência é uma regra que nos permite calcular um termo qualquer de uma sequência
em função de termos anteriores. Ao contrário do que acontece com os conjuntos, as sequências
(a, b, c) e (b, c, a) não são as mesmas, pois o que define uma sequência além de seus elementos é a
ordem deles. No exemplo indicado, usamos uma sequência de letras, mas poderiam ser símbolos
ou números.
Considere o termo geral: an+1 = an + 5. Sabendo que a1 = 6, vamos calcular os quatro primeiros
termos dessa sequência.
a1 = 6
a3+1 = a3 + 5
a4 = 16 + 5
a4 = 21
Logo, essa sequência ficará (6, 11, 16, 21).
Sequências e progressões 87

O exercício a seguir aborda o tema de sequências recorrentes. Vamos observar a resolução


para compreender a aplicação dos conceitos até então apresentados.

Quais são os cinco primeiros elementos de uma sequência an = 12n + 1?


Solução:
Para o primeiro termo, n = 1, temos a1 = 121 + 1 = 12 + 1 = 13
Para o segundo termo, n = 2, temos a2 = 122 + 1 = 144 + 1 = 145
Para o terceiro termo, n = 3, temos a3 = 123 + 1 = 1.728 + 1 = 1.729
Para o quarto termo, n = 4, temos a4 = 124 + 1 = 20.736 + 1 = 20.737
Para o quinto termo, n = 5, temos a5 = 125 + 1 = 248.832 + 1 = 248.833
Dessa forma, temos a sequência (13, 145, 1.729, 20.737, 248.833).
Esse conjunto de informações que aprendemos sobre as sequências e suas características
será fundamental para avançarmos aos próximos assuntos, que são as progressões aritméticas e as
progressões geométricas.

5.2 Progressões aritméticas


A progressão aritmética (PA) é comumente utilizada na matemática financeira, normalmente
aplicada a juros simples, cálculos de rendimento de poupança, modelos de financiamento etc.
Existem muitas aplicações para a PA, então será possível observar outras relações.
Vejamos a sequência: (4, 7, 10, 13, 16, 19). O elemento 4 é o primeiro termo e aparece
indicado por a1; o elemento 7 é o segundo termo e será indicado por a2; e assim sucessivamente.
Em relação a essa sequência, podemos notar que é sempre constante. Ela obedece a uma
regra: aumenta de 3 em 3 unidades. Essa diferença na progressão aritmética é chamada de razão e
representada por r.
Portanto, uma PA é uma sequência em que cada termo, a partir do segundo, é a soma do
anterior com uma constante r dada. Ou ainda, uma PA é uma sequência numérica obtida a partir
de um primeiro termo, na qual todos os demais termos, ao serem somados com uma razão, terão
crescimento constante.
São exemplos de PA:
(10, 20, 30, 40, 50) → é uma PA de razão 10.
(11, 8, 5, 2, –1, –4, –7) → é uma PA de razão –3.
(7, 7, 7, 7, 7, 7) → é uma PA de razão 0.
Esses exemplos são bastante simples. No decorrer do capítulo vamos introduzir graus de
dificuldade em progressões mais elaboradas.
88 Matemática aplicada

5.2.1 Notação
As notações são símbolos e abreviações que ajudam na apresentação de determinados
assuntos, uma generalização. Existem muitas notações que são representadas da mesma forma em
todo o mundo, fortalecendo o fato de a linguagem matemática ser um grande facilitador.
A seguir, vamos demonstrar a notação do termo geral de uma PA.
PA (a1, a2, a3, a4, ..., an)
Em que:
a1 = primeiro termo da PA.
an = último termo, termo geral ou enésimo termo.
n = número de termos (se essa PA for finita).
r = razão.

Exemplo:
PA = (4, 8, 12, 16, 20, 24)
a1, a2, ... an ou a6
a1 = 4 → representa o primeiro termo.
an = a6 = 24 → representa o último termo.
n = 6 → representa o número de termos.
r = 4 → representa a razão.
Podemos observar que os elementos necessários para caracterizarmos uma PA foram
demonstrados com a finalidade de esclarecer os conceitos e facilitar o entendimento. Porém
aprofundaremos esses conceitos, visto ser um tema amplo, pois uma PA pode apresentar diversas
classificações importantes para a resolução de problemas.

5.2.2 Classificação
Podemos classificar uma PA como finita ou infinita. Com relação ao seu crescimento, ainda,
observando sua razão, podemos defini-la como crescente, decrescente ou constante.

5.2.2.1 Quanto à razão


• Crescente
Exemplo: (6, 12, 18, 24, 30) → é uma PA de razão 6, ou seja, r > 0.
• Decrescente
Exemplo: (15, 12, 8, 6, 3, 0, –3) → é uma PA de razão –3, ou seja, r < 0.
• Constante ou estacionária
Exemplo: (7, 7, 7, 7, 7) → é uma PA de razão nula, ou seja, r = 0.
Sequências e progressões 89

5.2.2.2 Quanto ao número de termos


Podemos classificar uma PA como:
• Finita
Exemplo: (4, 8, 12, 16, 20, 24) → é uma PA de 6 termos e razão igual a 4. Podemos dizer
que é uma PA com número de termos limitado.
• Infinita
Exemplo: (9, 7, 5, 3, 1, –1, –3, –5, ...) → é uma PA de infinitos termos, indicada por
reticências (...), e de razão –2.

5.2.3 Propriedades
As propriedades de uma PA auxiliam a antecipar passos na resolução de problemas, bem
como a simplificar as resoluções ajustando algumas etapas.

5.2.3.1 Termos consecutivos


Em uma PA, qualquer termo, a partir do segundo, é a média aritmética de seu antecessor e
de seu sucessor.
Vamos considerar, por exemplo, a PA (2, 6, 10, 14, 18, 22). Podemos escolher três termos
consecutivos quaisquer, como 2, 6 e 10 ou 10, 14 e 18. O termo médio será a média aritmética dos
outros dois termos.
2  10
6
2

10  18
 14
2

5.2.3.2 Termo médio


Se uma PA apresentar qualquer número ímpar de termos, o termo médio (do meio) será a
média aritmética do primeiro e do último termos.
Observe, por exemplo, a PA (5, 10, 15, 20, 25, 30, 35). O termo médio é 20, ou seja:
5  35
 20
2

5.2.3.3 Termos equidistantes


Nessa propriedade, observe que partimos dos dois termos centrais (de dentro para fora) e
que em todos a média aritmética é exatamente a mesma.
Observe, por exemplo, a PA (4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32).
16 + 20 = 36
12 + 24 = 36
8 + 28 = 36
4 + 32 + 36 (extremos)
90 Matemática aplicada

5.2.3.4 Termo geral


Observadas todas as notações e as principais propriedades, chegamos ao momento de definir
o termo geral. Ele nos levará à construção da fórmula geral da PA, que usaremos para os exercícios
e aplicações. Portanto, uma PA pode ser descrita como:
PA (a1, a2, a3, ..., an)
Considerando a2 = a1 + r
a3 = a2 + r = (a1 + r) + r = a1 +2r
a4 = a3 + r = (a1 + 2r) + r = a1 +3r
...
an = a1 + (n – 1)r

Portanto, substituindo, temos a PA (a1, a1 + r, a1 + 2r, a1 + 3r, ..., a1 + (n – 1) r). Ajustando e


simplificando, a fórmula geral é dada por:
an = a1 + (n – 1) r, para n que pertence a N*
Vamos aplicar a fórmula geral na resolução de alguns exemplos:

1. Determine primeiramente o quinto termo da PA (3, 6, 9, ...).

Solução:
O primeiro passo é observar quais são os dois primeiros termos e achar a razão.
a1 = 3
a2 = 6
r = a2 – a1 = 6 – 3 = 3

Logo:
a5 = a1 + r + r + r + r
a5 = 3 + 3 . 4
a5 = 15

2. Determine o oitavo termo da PA em que a3 = 6 e r = –2.

Solução:
Como já sabemos que o terceiro termo é 6 e a razão é –2, para definir o oitavo termo
seguiremos dois passos.
a) Definimos a1:
6 = a1 + (3 – 1) . (–2) → a1 = 10
Sequências e progressões 91

b) Substituímos novamente na fórmula, só que agora buscando o 8º termo:


a1 = 10
r = –2
a8 = 10 + (8 – 1) . (–2)
a8 = 10 + 7(–2)
a8 = 10 – 14
a8 = –4

5.2.4 Soma dos termos de uma PA finita


Vamos observar a sequência (3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 21). Nela, temos uma PA de razão 2.
Assim, calcular a soma dos termos dessa sequência seria uma tarefa simples, pois o conjunto é
finito e pequeno. Se tivéssemos que somar 200 ou 300 números, essa tarefa não seria fácil. Para a
solução dessa situação, podemos usar a propriedade dos números equidistantes.

a1 + a10 = 3 + 21 = 24
a2 + a9 = 5 + 19 = 24, e assim com todos até a5 + a6 = 11 + 13 = 24

Logo, confirmamos que a soma dos termos é equidistante (24) e apareceu 5 vezes nessa PA.
Em vez de somarmos termo a termo, podemos calcular 5 . 24 = 120. Então, soma10 ou S10 = 120.
Podemos simplificar utilizando a fórmula:
n
Sn = (a1 + an) .
2
Vamos para mais algumas aplicações a partir dos exemplos propostos:

1. Calcule a soma dos 60 primeiros termos da PA (2, 6, 10, 14, ...).

Solução:
a1 = 2
r = a2 – a1 = 6 – 2 = 4
a60 = a1 + 59r = 2 + 59 . 4 = 2 + 236 = 238

S60 = (2 + 238) . 60 : 2
S60 = 240 . 30
S60 = 7.200
92 Matemática aplicada

2. Um carteiro percorre 10 quilômetros na primeira hora, 8 quilômetros na segunda hora e


assim por diante, em progressão aritmética. Quanto percorrerá em 5 horas?

Solução:
a1 = 10
r = a2 – a1 = 8 – 10 = –2

a5 = a1 + 4r = 10 + 4 . –3 → 10 – 12 = –2

S5 = (10 – 2) . 2,5
S5 = 20 km

5.3 Progressões geométricas


Observe a sequência: (3, 6, 12, 24, 48, ...). Cada termo está apresentando uma posição. Logo,
podemos chamar o primeiro termo de a1, o segundo de a2 e assim sucessivamente.
Diferentemente da progressão aritmética, na progressão geométrica (PG), a diferença entre
dois termos consecutivos não é uma constante. Como determinamos, então, se uma sequência é
PG?
Basta dividir o termo consequente (a2) pelo antecedente (a1), depois a3 por a2, e assim n
vezes. Quando, em uma sequência, essas divisões resultam em um mesmo número, significa
encontramos a razão da PG.
Na sequência apresentada no início dessa seção, temos:
6 12 24
= = ... = 2
3 6 12

Logo, 2 é a razão da progressão geométrica, chamada de q.

A progressão geométrica é uma sequência muito utilizada e presente em nosso cotidiano.


Seu estudo é aplicado em previsões de situações de curto e médio prazo, como fenômenos
naturais, temperatura e condições geológicas. Também é utilizado nas ciências exatas, em estudos
de viabilidade econômico-financeira e sistemas de juros, por exemplo. Observemos a seguir uma
aplicação deste conceito.
No ano de 2016, a empresa X produziu 300 mil unidades de um transistor. A X fez uma
previsão de que a cada ano a produção aumentaria 10% em relação ao anterior. Logo, quantas peças
foram produzidas em 2019?
Solução:
• 2016: 300 – primeiro termo da PG
• 2017: 330
• 2018: 363
• 2019: 399,3 – quarto termo da PG; peças produzidas em 2019
Sequências e progressões 93

Observe que o crescimento foi geométrico. Vamos ver o que ocorre se representarmos isso
em um gráfico:
Gráfico 1 – Crescimento geométrico da produção

Unidades
400

375

350

325

300
2014 2015 2016 2017 2018

Fonte: Elaborado pelo autor.

Notamos um acentuado e rápido crescimento da linha gráfica, pois os valores aumentam


consideravelmente a cada ano. A isso chamamos de comportamento geométrico.

5.3.1 Representação e fórmula geral


Para calcular uma progressão geométrica é preciso definir alguns elementos que comporão
a fórmula geral:

a1 = primeiro termo da PG.


an = último termo da PG ou, ainda, enésimo termo.
n = número de termos da PG.
q = razão da PG.

Analogamente à progressão aritmética, pode-se definir o termo geral de uma progressão


geométrica de acordo com o primeiro termo e a razão, de modo que:
Considerando a2 = a1 . q
a3 = a2 . q = (a1 . q) . r = a1 . q²
a4 = a3 + q = (a1 . q²) . q = a1 . q³
Logo:
an = a1 · qn – 1

5.3.2 Classificação
A classificação da PG, analogamente à PA, pode se organizar em:
94 Matemática aplicada

• Finita
Exemplo: (3, 6, 12, 24) → apresenta um número finito de termos com q = 2.
• Infinita
Exemplo: (2, 8, 32, 128, 512, ...) → número infinito de termos, indicado por reticências
(...) e q = 4.

5.3.3 Comportamento da progressão geométrica


A progressão geométrica pode ser classificada de acordo com a razão q em:
• Crescente: o termo posterior é maior que o anterior. Para que isso aconteça, é necessário
e suficiente que a1 > 0 e q > 1, ou a1 < 0 e 0 < q.
Exemplos: (2, 4, 8, ...); q = 2 e (–4, –2, –1, –½, ...); q = ½

• Decrescente: o termo posterior é menor que o anterior. Para que isso aconteça, é necessário
e suficiente que a1 > 0 e 0 < q < 1, ou a1 < 0 e q > 1.
Exemplos: (8, 4, 2, 1, ½, ...); q = ½ e (–1, –2, –4, –8, ...); q = 2

• Constante: todos os termos da PG são iguais, ou seja, q = 1.


Exemplo: (5, 5, 5, 5, ...); q = 1

• Oscilante: todos os termos são diferentes de zero e dois termos consecutivos quaisquer
têm sinais opostos. Para que isso aconteça, é necessário e suficiente que a1 ≠ 0 e q < 0.
Exemplo: (3, –6, 12, –24, 48, –96, ...); q = –2

• Quase nula: o primeiro termo é diferente de zero e todos os demais são iguais a zero, isto
é, a1 ≠ 0 e q = 0.
Exemplo: (9, 0, 0, 0, 0, ...); q = 0

Vejamos alguns exemplos de aplicação desses conceitos para melhor entendê-los.

1. Determinar o décimo termo da PG (2, 4, 8, ...).

Solução:
a1 = 2
q=4:2=2

an = a1 . qn – 1

a10 = a1 . q9
a10 = 2 . 29
a10 = 210 = 1.024

2. Determine o número de termos da PG (3, 6, ..., 768).

Solução:
a1 = 3
Sequências e progressões 95

q=6:3=2
an = 768
an = a1 . qn – 1

768 = 3 . 2n – 1
256 = 2n – 1
28 = 2n – 1
8=n–1
n=9

Considerações finais
Nesse capítulo foi possível perceber como o estudo de sequências, progressões aritméticas
e geométricas, além de ser muito interessante, permite inúmeras aplicabilidades, facilitando a
resolução de problemas. No cotidiano, observa-se a progressão aritmética em estudos de áreas
afins, na organização do calendário etc. Por sua vez, a progressão geométrica pode ser encontrada
em relações comerciais, taxas de crescimento populacional, entre outros. Portanto, o estudo de
sequências é um importante passo para o entendimento dos conceitos matemáticos presentes no
dia a dia.

Ampliando seus conhecimentos


Existe um conceito muito interessante conhecido como sequência de Fibonacci. Essa
sequência tem aplicações na análise de mercados financeiros, na biologia, na teoria dos jogos, entre
outras áreas. É bastante complexa e seu estudo tornou-se mais detalhado apenas com o avanço
das novas tecnologias. Os gregos e indianos já descreviam as sequências antes de Cristo, mas a
sequência aparece pela primeira vez no livro Liber Abaci, no ano de 1202, por autoria de Fibonacci
(SIGLER, 2003). Seus estudos partiram do crescimento de uma população de coelhos, em que, ao
longo do tempo, o comportamento geométrico de nascimento ficava muito evidente. O estudo
de Fibonacci está muito ligado aos comportamentos apresentados pela natureza, nas espirais que
compõem a formação das folhas das plantas, na anatomia humana e na reprodução de seres vivos.
A sequência de Fibonacci também está presente em algumas produções do cinema e da televisão.
O tema é apresentado na série Criminal Minds, do Canal AXN, e na série Touch, do Canal Fox. No
filme O Código da Vinci, a sequência de Fibonacci foi utilizada como um código.
Vale a pena conhecer um pouco mais sobre esse conceito, para isso sugerimos:
• DANTE, L. R. Matemática: contexto e aplicações. 2. ed. São Paulo: Ática, 2013.
Apresenta um capítulo inteiro sobre sequências e progressões, rico em conceitos e
exercícios resolvidos.
96 Matemática aplicada

Atividades
1. Uma sequência numérica infinita (a1, a2, a3, ..., an, ...) é tal que a soma dos n termos iniciais é
igual a n2 + 7n. Qual será o terceiro termo dessa sequência?

2. A senha da sua TV por assinatura possui seis números, sequenciais e menores que 100. Você
lembra apenas dos números: (32, 28, ..., 33, 42, 38). Como existe uma lógica nessa sequência,
descubra o terceiro número.

3. A soma de três espaços consecutivos é igual a 20. Cada um dos espaços vazios deve ser
preenchido por um número inteiro e positivo. Logo, no espaço definido pela letra G, qual
número deverá ser escrito?

4. Observe as sequências de termos gerais: an = 2n + 1; bn = 2n; cn = an bn+1, em que n pertence


a N. Qual é o décimo quinto termo da sequência de termo geral cn?

5. Determine o quarto termo na sequência definida por:

a1 = 4
an + 1 = an + 7 . n (n pertence a N*)

6. Determine o sétimo termo da PA em que a4 = 20 e r = –4.

7. Determine a soma dos 70 primeiros termos da PA (3, 6, 9, 12, ...).

8. Interpole 3 meios aritméticos entre 2 e 18.

9. Um número é divisível por 9 se a soma dos algarismos for igual a um número que seja
múltiplo de 9. Determine então quantos múltiplos de 9 existem entre 200 e 1000.

10. Um corredor percorre 40 quilômetros na primeira hora, 34 quilômetros na segunda hora e


assim sucessivamente. Quantos quilômetros percorrerá em 6 horas?

11. Em uma progressão de 6 termos, a razão é igual a 5. O produto do primeiro termo com o
último é 12.500. Determine o valor do terceiro termo.

12. Calcule a soma dos 10 primeiros termos da progressão geométrica (2, 4, 8 ...).

13. Calcule a soma dos termos da PG (1, 1 , 1 , 1 , ...).


2 4 8
14. Dados os valores a1 = 1 e a2 = 3, determine a razão e, em seguida, calcule a soma dos n
primeiros termos.

15. Sendo o terceiro termo de uma progressão geométrica dado por 10 e o sexto termo dado
por 80, a razão dessa PG será?
6
Análise combinatória e probabilidades

Frequentemente, notícias envolvendo jogos, sorteios, estimativas, chances, contagens,


amplitudes, entre outras aplicações dos conceitos de análise combinatória e probabilidade, estão
em evidência nos jornais e nas redes sociais. Observe estes exemplos:

Mega-Sena: concurso 2120


de hoje pode pagar R$ 20 milhões

A contece nesta quarta-feira,


30 de janeiro de 2019, o
sorteio do concurso de número
R$ 20.000.000,00. As dezenas
serão sorteadas às 20h na cidade
de Guaraciaba, em Santa Catarina,
2120 da Mega-Sena, que hoje onde se encontra o Caminhão da
tem premiação estimada em Sorte.
Fonte: Bohrer, 2019.

Números de celulares de todo o país


terão nove dígitos a partir do dia 6
[...] Para fazer ligações ou a Anatel, a inclusão de mais
mandar mensagens de qualquer um dígito nos telefones móveis
lugar do país, seja de telefone tem como principal objetivo
fixo ou móvel, para celulares aumentar a disponibilidade de
será preciso discar o 9 antes do números na telefonia celular.
número do telefone. Segundo Fonte: Craide, 2016.

Rodízio de veículos em São Paulo


é suspenso para o fim de ano
O rodízio de automóveis fim de ano. A restrição voltará a
ficará suspenso na cidade de São funcionar no dia 14 de janeiro,
Paulo a partir desta sexta-feira de acordo com a prefeitura.
(21), em razão dos feriados de Fonte: Jovem Pan, 2018.
98 Matemática aplicada

A aplicação da análise combinatória e da probabilidade é muito mais ampla do que os


exemplos citados. As organizações empresariais utilizam esses estudos em muitas tomadas de
decisões, como em pesquisas mercadológicas, avaliação de riscos das operações, comparação
e análise de dados e, ainda, ferramentas e programas computacionais muito eficientes. O Lean
Six Sigma1, por exemplo, utiliza as probabilidades para desenvolver a melhoria da qualidade dos
processos.

6.1 Conceitos introdutórios


Os tipos de problemas que envolvem probabilidades são infinitos – por isso é importante
conhecer seus conceitos básicos. Os estudos de probabilidade analisam os experimentos aleatórios,
que são eventos cujos resultados são imprevisíveis. Podemos considerar um exemplo simples:
lançar um dado honesto quatro vezes seguidas e, na face voltada para cima, obter um valor ímpar.
Pensar a respeito implica avaliar probabilidades.
Pierre de Fermat e Blaise Pascal2 foram os primeiros matemáticos a dar tratamento
científico ao tema, lançando as teorias sobre análise combinatória, um dos pilares do estudo de
probabilidades. A necessidade de calcular o número de chances de sucesso em jogos de azar levou
a análise combinatória ao desenvolvimento de métodos de contagem que permitiam observar os
elementos de um conjunto obtido sob determinadas condições. Assim, as probabilidades surgem
da necessidade de tomar decisões e avaliar as hipóteses possíveis. Além de Fermat e Pascal, outros
matemáticos também contribuíram para o avanço da teoria das probabilidades, destacando-se os
da família Bernoulli3 e Pierre Laplace4.
A Figura 1 a seguir apresenta os três níveis de tratamento das informações para o
desenvolvimento da teoria da análise combinatória. Observe:
Figura 1 – Análise combinatória

Organizar e contar Agrupar os dados Ordenar informações

Fonte: Elaborada pelo autor.

Fazer a contagem, agrupar os dados conforme suas características e ordenar as informações


para a obtenção e comparação dos resultados, portanto, são objetivos da análise combinatória.
Logo, a análise combinatória é o estudo que permite a um conjunto finito de elementos ser avaliado,
utilizando a lógica matemática e todas as possibilidades de combinações.

1 Método para obter resultados rápidos, envolvendo a resolução de problemas por meio da implantação de uma
cultura de melhoramento contínuo dos processos, reduzindo sua variabilidade e evitando desperdícios.
2 Pierre de Fermat, advogado e oficial francês, propôs um sistema de geometria analítica. Seus estudos em teoria
de número são amplamente lembrados. Blaise Pascal, filósofo e matemático francês, inventou a primeira máquina de
calcular para processos de adição e subtração. Juntos, por meio de cartas, estabeleceram os fundamentos da Teoria das
Probabilidades.
3 A família Bernoulli é reconhecida por se compor de notáveis cientistas das áreas de matemática e física.
4 Matemático, astrônomo e físico francês, Pierre Simon Laplace formulou muitas teorias que ainda são válidas, como
o fato de que o movimento planetário, conforme seus cálculos matemáticos demonstraram, não levaria os planetas a se
chocarem.
Análise combinatória e probabilidades 99

6.2 Princípio fundamental da contagem


Vamos observar o seguinte exemplo:
Arthur aproveitou uma promoção e comprou 3 camisas de modelos diferentes, que estavam
disponíveis nas cores azul, branca, laranja, preta e bege. Para avaliar quantas opções Arthur terá
para se vestir, podemos organizar as informações conforme a Figura 2 a seguir.
Figura 2 – Modelos que representam as opções de Arthur
m = modelos diferentes de camisas (3)
n = cores diferentes das camisas (5 )

Azul Azul Azul

Branco Branco Branco

Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3


Laranja Laranja Laranja

Preta Preta Preta

Bege Bege Bege

Fonte: Elaborada pelo autor.

Nessa figura, é possível observar que:


m . n = 3 . 5 = 15 opções de escolha.
Chamamos de princípio fundamental da contagem, ou princípio multiplicativo, o método
algébrico que determinará o número total de possibilidades de o evento ocorrer, sob certas
condições, por meio do produto entre m e n. É importante observar que existem, em um
experimento, inúmeras possibilidades a serem combinadas utilizando esse método.
Ainda, o princípio fundamental da contagem pode ser chamado também de princípio da
combinatória, implicando avaliar que o número de possibilidades de ações distintas e independentes
é resultante da multiplicação da quantidade de maneiras possíveis que cada uma delas pode ser
realizada.
Para dar continuidade aos estudos de análise combinatória, é necessário conhecer um pouco
mais sobre o número fatorial.

6.2.1 Número fatorial


O fatorial é um número inteiro positivo representado por n!. Ele é obtido multiplicando
seu valor por todos os antecessores até chegar a 1. O zero é excluído, já que toda multiplicação
resultaria em zero.
Vejamos a representação matemática do fatorial:
n! = n . (n – 1) . (n – 2) ... 3 . 2 . 1 para n ≥ 2
100 Matemática aplicada

O fatorial de um número também pode ser expressado pelo fatorial de (n + 1) dividido


por (n + 1):
n! = (n + 1)! : (n + 1)
Observe alguns exemplos:
3! = (3 + 1)! : (3 + 1) = 4! : 4 = 4 . 3 . 2 . 1 : 4 = 24 : 4 = 6
2! = (2 + 1)! : (2 + 1) = 3! : 3 = 3 . 2 . 1 : 3 = 6 : 3 = 2

6.2.1.1 Casos especiais


1! = 1
Para esse fatorial:
(1 + 1)! : (1 + 1) = 2! : 2 = 2 . 1 : 2 = 1
0! = 1
Para esse fatorial, também vale a mesma regra:
(0 + 1)! : (0 + 1) = 1! : 1 = 1

6.2.1.2 Equações com fatorial


• Adição
x – 12 = 4!
x – 12 = 4 . 3 . 2 . 1 (24)
x – 12 = 24
x = 24 + 12 = 36

• Subtração
6! – 3!
(6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1) – (3 . 2 . 1) = 120

• Multiplicação
2! . 4!
(2 . 1) . (4 . 3 . 2 . 1)
2 . 24 = 48

• Divisão
6 ! 6  5  4  3  2 1 720
   30
4! 4  3  2 1 24

Podemos calcular com mais agilidade quando compomos o fatorial de cima até o fatorial
de baixo. Fatoriais iguais no numerador e denominador podem ser simplificados, uma vez que
representam o mesmo número. Vejamos:
6! 6  5  4 !
  30
4! 4!
Análise combinatória e probabilidades 101

Mais um exemplo:
7 ! 7  6  5  4  3  2 1 5040 5040
    35
4 ! 3 ! 4  3  2 1 3  2 1 24  6 144

Observe que também podemos agilizar os cálculos quando simplificamos 4 com 4, que
são os fatoriais maiores, e distribuímos o segundo fatorial até 1. Sobram, então, apenas produtos
comuns para resolver:
7 5 4 7  6  5 210
   35
4 ! 3  2 1 3  2 1 6

6.2.2 Formas de agrupamento simples


Temos três formas de agrupar dados utilizando o princípio da análise combinatória: arranjo
simples, combinação simples e permutação simples. Cada uma das formas tem características
próprias, conforme veremos a seguir.

6.2.2.1 Arranjo simples


Se tomarmos n elementos, p a p, onde n ≥ 1, de modo que, se mudarmos a ordem e natureza
desses elementos, o resultado final é alterado, temos um arranjo. A fórmula para cálculo do arranjo
é dada por:
n!
An;p 
 n  p !
Vamos compreender a aplicabilidade desse conceito em exemplos:

1. Quantos números distintos de 4 algarismos podemos formar com os números naturais


de 1 a 8?

Solução:
n → número de elementos que podemos utilizar: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 (total 8).
p → para termos números distintos devemos usar sempre quatro algarismos diferentes, sem
repetição.

Se tomarmos os algarismos 1.234, teremos um número. Se usarmos os mesmos algarismos em


outra ordem, 2.314, teremos um novo número, embora ainda sejam os mesmos algarismos.
A isso chamamos de arranjo.

Aplicamos, portanto, a fórmula:


n!
A
 n  p !
8! 8! 8  7  6  5  4 !
A  
8  4 ! 4 ! 4!
= 1.680 números distintos
102 Matemática aplicada

2. As senhas da TV a cabo de uma operadora são formadas por 3 vogais distintas e 4 números
inteiros, de 2 a 9, também distintos. Quantas senhas podem ser formadas, de modo que o
número 7 ocupe sempre a “casa” da dezena de milhar?

Solução:
___ ___ ____ ____ ____ 7 _____
Vogais distintas. Números distintos: 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9.
n = 5 n=7
p = 3 p = 3, pois o número 7 já está fixado.
n! n!
A 
 n  p !  n  p !
5! 7!
A 
5  3! 7  3!
5! 7 !
A 
2! 4!

5 . 4 . 3 . 7 . 6 . 5 = 60 . 210 = 12.600 senhas distintas

6.2.2.2 Combinação simples


Neste tipo de agrupamento, um resultado se diferencia do outro pela natureza dos números
componentes. A ordem em que os números estarão agrupados não alterará o valor final.
Assim, a fórmula para calcular a combinação é:
n!
Cn;p 
p ! n  p !

Com n ≥ p, em que n é o número de elementos e p, o número de combinações, diz-se:


combinação p a p de n elementos. Vejamos alguns exemplos a seguir.

1. Quantas comissões de formatura de 5 alunos distintos podemos ter em uma turma de


9 alunos?

Perceba que, nesse exemplo, ao escolher 5 alunos para a comissão, independentemente da


ordem, obtém-se, ao final, comissões iguais (com os mesmos componentes).
Solução:
n = 9 alunos
p = 5 alunos
n!
Cn;p 
p ! n  p !
Análise combinatória e probabilidades 103

9!
C
5! 9  5!

9! 3024
C 
5! 4 ! 24

→ 126 comissões distintas.

2. Quantas vitaminas de 3 frutas distintas podemos elaborar com laranja, coco, banana, uva,
goiaba, abacaxi e mamão?

Solução:
n=7
p=3
n! 7! 7!
Cn;p   
p ! n  p ! 3! 7  3! 3! 4 !
Logo, é possível preparar 35 vitaminas distintas.

6.2.2.3 Permutação simples


Permutar traz a ideia de troca recíproca. Nesse caso, a permutação indica que os elementos
do agrupamento serão reorganizados entre si, não havendo escolha de elementos específicos.
Na permutação, o total de elementos é igual à forma que são tomados. Logo, temos que n =
p. A fórmula para o cálculo da permutação é:

Pn = n!

Vejamos alguns exemplos:

1. Com a palavra ARQUIVO, podemos obter quantos:

a) Anagramas distintos?
b) Anagramas distintos iniciados por vogal?
c) Anagramas distintos em que a quinta letra é a?
d) Anagramas distintos iniciados por q e terminados por r?
e) Anagramas em que as letras av apareçam sempre juntas, nessa ordem?

Solução:
Perceba que, na permutação, anagramas aparecem em muitos problemas. Referem-se a
jogos de letras, de modo que, a partir de uma palavra, se pode formar outras novas palavras,
podendo ter sentido na língua portuguesa ou não.
a) No primeiro item solicitado na atividade, portanto, faremos apenas a permutação das
letras, sem restrição:
__ __ __ __ __ __ __
P7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040 anagramas distintos
104 Matemática aplicada

b) Agora, como a palavra possui apenas 3 vogais, permutamos as outras letras e multiplicamos
por 3.
A __ __ __ __ __ __
I __ __ __ __ __ __
O __ __ __ __ __ __
3 . P6! = 3 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 3 . 720 = 2.160 anagramas distintos
c) Fixamos, então, a letra a, conforme pedido no enunciado, e permutamos as letras
restantes.
__ __ __ __ A __ __
P6! = 720 anagramas distintos
d) A restrição agora pede que os anagramas sejam iniciados por q e terminados em r, então
essas letras ficam fixas e permutam-se as demais.
q __ __ __ __ __ r
P5! = 120 anagramas distintos
e) Por último, o item pede que as letras av fiquem sempre unidas e na mesma ordem.
Portanto, elas se tornam um único elemento, pois serão permutadas juntas e poderão
ocupar qualquer um dos 6 lugares indicados a seguir:
A V __ __ __ __ __
__ A V __ __ __ __
__ __ A V __ __ __
__ __ __ A V __ __
__ __ __ __ A V __
__ __ __ __ __ A V

Logo, temos 6 formas diferentes de agrupar 5 letras.


6 . P5! → 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 → 6 . 120 = 720 anagramas distintos

2. Dispostos em ordem crescente e de maneira distinta os números 2, 3, 5, 8 e 9, que posição


ocupa o número 95.832?

Solução:
Se colocarmos os 5 números em ordem crescente e distinta, teremos:
1ª posição: 23.589
2ª posição: 23.598
3ª posição: 23.859
Logo, __? posição será 95.831
Análise combinatória e probabilidades 105

Se fixarmos 2 e permutarmos os 4 números restantes: 2 __ __ __ __, teremos no máximo o


valor de 23.985, logo, P4!
Se fixarmos 3 e permutarmos os 4 números restantes: 3 __ __ __ __, teremos no máximo o
valor de 39.852, logo, mais uma P4!
Se agora fixarmos 5, teremos 5 __ __ __ __ = 59.832, logo, P4!
O mesmo ocorre com 8, pois teremos 8 __ __ __ __ = 89.532, logo, P4!
Se fizermos o mesmo com 9, contudo, vamos ultrapassar o que queremos e chegaremos a
98.532, portanto, teremos de fixar um segundo número.
Logo: 9 2 __ __ __ = 92.853 ... P3!
9 3 __ __ __ = 93.852 ... P3!
9 5 __ __ __ = 95.831 ... P3!
Calculando:
4 . P4! + 3 . P3! = 4 . 4 . 3 . 2 . 1 + 3 . 3 . 2 . 1
4 . 24 + 3 . 2
96 + 6 = 102ª posição na ordem crescente

6.2.2.4 Arranjos, combinações e permutações com repetição


Nessas formas de agrupamento admitimos que os valores não são distintos e podem se
repetir. São chamados também de agrupamentos compostos.
• Arranjo composto ou arranjo com repetição
É dado pela fórmula: (AR)n ; p = np
Vejamos o exemplo a seguir: considerando os números de 1 a 7, quantas dezenas com dois
algarismos podem ser obtidas, uma vez que é permitida a repetição?
Solução:
Temos 7 números que queremos agrupar de 2 em 2. Logo, (AR)n ; p = np = 72 = 49 dezenas
possíveis.
• Combinação composta ou com repetição
Os agrupamentos, por terem os mesmos objetos em uma mesma quantidade e em ordem
diferente, não são considerados agrupamentos distintos. Logo,

Cr  n p  
 n  p  1 !
p !  n  1 !

Vamos considerar este exemplo: você está em um pequeno mercado e resolve comprar
sucos para o final de semana. Pode escolher entre laranja, abacaxi ou goiaba, e pode
comprá-los da forma que desejar. De quantas formas você pode comprar 5 sucos?
106 Matemática aplicada

Solução:
n – tipos de suco = 3
p – agrupamento = 5

Cr  n p  
 n  p  1!
p !  n  1 !

Cr3;5  
 3  5 -1 !
5 !  3 - 1 !

7!
Cr3;5  
5!2 !

7  6  5! 7  6
Cr3;5     21
5 ! 2 1 2 1

• Permutação com repetição


A permutação com repetição, na análise combinatória, é utilizada quando os elementos
estão se repetindo – um, dois ou todos.
n!
Pr =
p1 ! p2 !...pn !

Observemos o exemplo: quantos anagramas distintos podemos criar a partir da palavra


CALCULADORA?
Solução:
Na palavra, a letra a aparece 3 vezes, l e c aparecem 2 vezes cada. Logo,
11!
Pr 
3!2 !2 !

11 10  9  8  7  6  5  4 ! 3 ! 6  652  800


Pr    1.663.2000
3! 4 ! 4

Mais de um milhão e meio de novos anagramas podem ser definidos.

6.3 Probabilidade
Na introdução deste capítulo, notamos que a curiosidade em compreender os fenômenos,
principalmente aqueles que envolvem possibilidades, sempre acompanhou a sociedade. Assim
surgiu a probabilidade e, como vimos, os conceitos de análise combinatória e princípio fundamental
da contagem, os quais ajudam a fundamentar este estudo.
Análise combinatória e probabilidades 107

Hoje, os estudos de probabilidade são aplicados em todas as áreas do conhecimento, da


matemática à medicina. São fundamentais em algumas áreas, como estatística, inteligência
competitiva e estudos mercadológicos. Observamos o uso da probabilidade na avaliação de níveis
de risco sobre um investimento, no retorno e desvio-padrão, nas correlações e regressões, no
cálculo de volatilidade no mercado de ações, na avaliação de indicadores de qualidade, na análise
sistêmica que busca os valores esperados de retorno, no marketing, na avaliação da chance de
sucesso ou fracasso de um produto novo, nas medições por minuto de ligações em um call center,
entre outras inúmeras aplicações.
Dessa forma, as probabilidades têm axiomas, teoremas e conceitos repletos de utilidades.

6.3.1 Teoria das probabilidades


A teoria das probabilidades busca estimar as chances de ocorrência de um determinado
acontecimento. É um ramo da matemática que cria, elabora e pesquisa modelos para estudar
experimentos ou fenômenos aleatórios.
Chamamos de experimento qualquer processo de observação. Se medirmos a corrente
elétrica inúmeras vezes em um ambiente, por exemplo, ela pode oscilar e essas oscilações podem
ser medidas. Ao fazermos um experimento, então, as oscilações são componentes aleatórios do
processo.

São características de um experimento aleatório:


• Se for possível repetir as mesmas condições do experimento, seus resultados ainda
podem ser diferentes, pois existem variáveis ou fatores que nem sempre conseguimos
controlar.
• É possível descrever os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Se o experimento for repetido muitas vezes, uma configuração de regularidade
aparecerá. Com isso, é possível construir um modelo probabilístico.

Os resultados de um experimento aleatório são caracterizados pelos seguintes elementos:


• O conjunto de resultados possíveis, que chamamos de espaço amostral, é representado
pela letra grega Ω.
• A coleção de conjuntos de resultados de interesse é chamada de A.
• O valor numérico que mostre a probabilidade de ocorrência de cada um dos conjuntos de
interesse é chamado de P.

Existem quatro pontos desejáveis na especificação de um espaço amostral:


• SS1: Lista de possíveis resultados de um experimento.
• SS2: Desenvolvê-lo sem duplicação.
• SS3: Nível de detalhamento suficiente para atender aos interesses do pesquisador.
• SS4: Listagem dos resultados para complementações e ampliação de novos resultados
possíveis.
108 Matemática aplicada

Em resumo:

• Experimento aleatório – pode apresentar resultados diferentes


quando repetido nas mesmas condições.
• Espaço amostral – conjunto de todos os resultados possíveis de um
experimento aleatório.

6.3.2 Eventos probabilísticos


Existem muitos eventos possíveis em probabilidade. Cada um deles, ou cada coleção de
eventos, apresenta características diferentes e uma apresentação específica.
No espaço amostral, temos os mais variados tipos e coleções de eventos que podem ser
caracterizados. Por isso, é essencial considerar:
• um evento é um subconjunto do espaço amostral;
• ao realizarmos um experimento aleatório, o resultado pertence a um dado evento A,
portanto dizemos que ocorreu A.

6.3.2.1 Evento certo ou impossível


Um evento é certo quando a sua ocorrência coincide com o espaço amostral, ou seja, sua
possibilidade de ocorrência é igual a 100%. Já o evento impossível é igual ao conjunto vazio,
tornando sua probabilidade de acontecer igual a 0%.
Vejamos os exemplos:

1. Ao lançar um dado, obtém-se o espaço amostral: Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}.

Considere, então, o evento A: ocorrência de um número menor que 7 e maior que 0. Todos os
números que compõem o espaço amostral, nesse caso, satisfazem o evento. Por isso, temos:
A = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Podemos dizer, assim, que A é um evento certo.

2. No lançamento de um dado, como obter o valor 7?

Não existe, no espaço amostral apresentado inicialmente, nenhum número 7, o que faz com
que a resposta seja vazia.
B=Ø
Dizemos, então, que B é um conjunto vazio, pois não existe lado com valor 7 em um dado.
Análise combinatória e probabilidades 109

6.3.2.2 União de eventos


A união de eventos ocorre quando, na análise de dois deles, qualquer um atende ao proposto.
É importante ressaltar que, nesse caso, os eventos estão conectados pela palavra ou.

Evento E = ocorrência de um número par (C) ou número múltiplo de 3 (D)


C = {2, 4, 6}
D = {3, 6}
E = C D = {2, 3, 4, 6}

6.3.2.3 Intersecção de eventos


No caso da intersecção de eventos, ao analisá-los, devemos observar os elementos que
aparecem nos dois e satisfazem a proposição ao mesmo tempo. Neste exemplo, observe que os
eventos se conectam com a palavra e, sendo obrigatório que pertença a ambos.
Evento F = ocorrência de um número par (C) e múltiplo de 3 (D)
F= C D = {2, 4, 6} {3, 6}
F = {6}

6.3.2.4 Eventos complementares


Considere as seguintes informações:
• A probabilidade de sucesso em um evento: p
• A probabilidade de insucesso em um evento: q

Podemos dizer que p + q = 100%, assim, p e q são complementares.


Evento H = {banana, laranja, uva)
Evento I = {melancia, mamão)
Logo, p + q ou H I = {banana, laranja, uva, melancia e mamão}

6.3.2.5 Eventos independentes


Os eventos são independentes quando a realização ou não de um deles não afeta a
probabilidade de realização do outro e vice-versa.
Vejamos este exemplo: lançado um dado duas vezes, qual é a probabilidade de se obter 4 no
segundo lançamento, se no primeiro o resultado foi 6?
Nesse caso, a probabilidade do segundo lançamento não depende do valor que foi encontrado
no primeiro.
110 Matemática aplicada

6.3.2.6 Eventos mutuamente exclusivos


Dois ou mais eventos são mutuamente exclusivos quando a realização de um deles exclui a
realização do outro.
Ao lançar uma moeda “honesta”, por exemplo, a saída do resultado “cara” exclui a possibilidade
de sair “coroa”.
Observação: em eventos mutuamente exclusivos, a probabilidade de um evento acontecer é
igual à soma da probabilidade de que cada um deles aconteça. Logo, P = P1 + P2.

6.3.3 Probabilidade da ocorrência de um evento


Definimos a probabilidade de um evento acontecer quando dividimos o número de eventos
escolhidos pelo total de eventos respectivos ao espaço amostral e representamos pela fórmula:

número de ocorrências de A
P(A) =
número de elementos de Ω

ou

nA
PA 
n 

Vejamos alguns exemplos:

1. Sendo o experimento aleatório o lançamento de uma moeda “honesta”, qual a probabilidade


de sair “cara”?

Solução:
n(A) = 1 n(Ω) = 2
1
Logo: P  A    0, 50 ou, ainda, 50%
2
2. No lançamento de um dado não viciado, qual a probabilidade de sair um número menor
que 4?

Solução:
Espaço amostral Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
Evento menor que 4 = 3, 2, 1
Logo,   2  1 ou 0, 33 , ou, ainda, 33% aproximadamente
A 6 3
Análise combinatória e probabilidades 111

3. Lançando simultaneamente 3 moedas “honestas”, qual a probabilidade de serem obtidas


pelo menos duas caras e exatamente duas caras?

Solução:
C = cara
K = coroa
Ω = {C, C, C; C, C, K; C, K, K; K, K, K; K, C, C; K, K, C; C, K, C; K, C, K) = n(Ω) = 8
Pelo menos duas caras: Exatamente duas caras:
C, C, C C, C, K
C, C, K K, C, C
K, C, C C, K, C
C, K, C
Logo, 4 = 1 ou 0,50, ou, ainda, 50% Logo, 3 ou 0,375, ou, ainda, 37,5%
8 2 8

Considerações finais
Nesse capítulo, avançamos no estudo das probabilidades aplicando as propriedades mais
importantes, em especial, a união e intersecção. Diferenciamos o que são eventos probabilísticos e
eventos certos, o que é muito importante principalmente na tomada de decisões. Também vimos
as diferentes formas de ocorrência dos eventos e seus resultados quando utilizados em situações
práticas.

Ampliando seus conhecimentos


O tema probabilidade é bastante amplo e, para abranger todos os estudos sobre ele, seria
necessária a produção de vários livros como este. Como há um extenso conteúdo de pesquisa,
principalmente no que tange a aplicações em outras áreas, vale a pena se aprofundar, conhecer
mais teoremas, axiomas e outras propriedades. Por isso, vamos ver algumas sugestões para que
você amplie sua pesquisa.
• A GRANDE aposta. Direção: Adam McKay. EUA: Paramount Pictures, 2015. 1 filme (130
min.).
O filme apresenta quatro analistas que, prevendo um colapso bancário mundial, em
razão da fragilidade dos modelos utilizados, conseguem, por meio de outros modelos de
previsões estatísticos e usando probabilidade, antever e reduzir os riscos da catástrofe.
Baseado na história real do analista Michael Lewis.
112 Matemática aplicada

• ALVES, M. M. de O. Probabilidades: história, teoria e aplicações. [S.l.]: Amazon, 2019.


(Publicação independente).
Com uma abordagem extremamente didática, o livro é excelente para quem está iniciando
os estudos sobre probabilidades.

• HISTÓRIA da matemática – Aula 14 – Probabilidade. Publicado pelo canal Univesp. 1


vídeo (17min.). 2 out. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=r0GnS_
SWU2s. Acesso em: 10 set. 2019.
O vídeo apresenta uma síntese muito interessante da história da matemática focada
especialmente no tema probabilidades.

Atividades
1. Quantas centenas distintas de 3 algarismos podemos formar com os números 2, 4, 5, 6, 7, 8
e 9?

2. Em um escritório de contabilidade com 8 funcionários, quantas comissões de 3 funcionários


podemos formar?

3. Um grupo de profissionais é formado por 3 advogados e 4 engenheiros. Quantas comissões


de 4 pessoas são possíveis com 2 advogados e 2 engenheiros?

4. Com a palavra PORTUGAL, podemos formar quantos:

a) Anagramas distintos?
b) Anagramas distintos terminados por consoante?
c) Anagramas distintos iniciados por G e terminados por O?
d) Anagramas distintos em que as letras UR apareçam sempre juntas em qualquer ordem?

5. Dois técnicos de futebol e quatro jogadores vão tirar uma foto. Os jogadores devem ficar
entre os técnicos. De quantas formas distintas eles podem tirar essa foto?

6. Em um acidente automobilístico, a testemunha observou que a placa do motorista que


cometeu a infração era formada por 3 letras, todas vogais distintas, e quatro números também
distintos, sendo que 8 ocupava a casa milhar. Quantos veículos podem ser suspeitos?

7. Qual é o número de senhas de 5 letras que não se repetem e que podem ser obtidas com as
10 primeiras letras do alfabeto?

8. Se participar de uma loteria com um jogo simples, qual será a chance de ganhar o prêmio
maior?
Análise combinatória e probabilidades 113

9. Tomando todos os números de 3 algarismos distintos, com a permutação dos dígitos 7, 8 e


9, qual é a probabilidade de, escolhendo um número desses ao acaso, ele ser:

a) Ímpar?
b) Par?
c) Múltiplo de 6?
d) Múltiplo de 4?
e) Maior que 780?

10. Vamos considerar todos os números naturais de 4 algarismos distintos que se podem formar
com os algarismos 1, 3, 4, 7, 8 e 9. Escolhendo um deles ao acaso, qual é a probabilidade de
sair um número que comece em 3 e termine em 7?

11. Joga-se um dado “honesto” três vezes: qual é a probabilidade de sair a face 6, em seguida a
face 2 e na terceira jogada a face 4?

12. Jogando-se dois dados “honestos” ao mesmo tempo, qual é a soma de todas as faces voltadas
para cima?

13. No lançamento simultâneo de dois dados perfeitos distinguíveis, calcule a probabilidade de


não sair soma 5.

14. Ao retirar uma carta de um baralho de 52 cartas, qual é a probabilidade de ser vermelha ou
um ás?
7
Probabilidades – Distribuições

Neste capítulo vamos aprofundar um pouco mais os conceitos iniciais de probabilidade que
vimos anteriormente. Para isso, abordaremos os seguintes temas: distribuições discretas, contínuas,
polinomiais e outros modelos, além das aplicações para a esperança estatística, também chamada
esperança matemática.
Quando estudamos uma variável com resultados ou valores que tendem a mostrar variação
de uma observação para outra, dizemos que temos uma variável aleatória. Isso ocorre em razão de
fatores importantes relacionados, como a chance.
Sempre é interessante que a definição de uma variável aleatória esteja associada à um
experimento ou uma amostra para que seus possíveis resultados sejam numéricos. Se não forem
numéricos devemos ajustá-los codificando para uma linguagem numérica – em vez de chamarmos
os eventos de cara (C) ou coroa (K), por exemplo, podemos chamar cara de (1) e coroa de (0).

7.1 Variáveis aleatórias discretas ou contínuas


Uma das formas de classificar as variáveis como discretas ou contínuas é por meio da
observação de como os valores se apresentam. Em uma variável discreta, os valores observados
podem ser contados. Por exemplo: número de casas em uma rua, número de revistas em uma
banca, número de cadernos em uma turma etc.
Nas variáveis contínuas, pode-se considerar quaisquer valores dentro de um determinado
intervalo. A maioria das variáveis aleatórias é contínua, pois admite qualquer tipo de valor, como
a duração de um acesso à internet, os pesos das caixas de frutas, as temperaturas medidas ao longo
dia etc.
Compreender claramente o significado dessas duas variáveis é importante, porque impacta
no modelo de distribuição de probabilidade a ser usado.
Se uma variável aleatória x apresenta os valores x1, x2, x3, ..., xn, com as probabilidades
correspondentes p1, p2, p3, ..., pn, então o valor esperado E(x) será:
E(x) = p1 . x1 + p2 . x2 + p3 . x3 + ... + pn . xn
O valor esperado também pode ser chamado de média probabilística u.
Para melhor entendimento, vamos desenvolver um exemplo que demonstra como calcular o
valor esperado ou a média probabilística:
116 Matemática aplicada

• Uma empresa, sobre a venda de fogões a gás de quatro bocas, registrou os dados
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 – Venda de fogões a gás de quatro bocas

xi p(x)

Número vendido Frequência relativa


0 0,20

1 0,30

2 0,30

3 0,20
Fonte: Elaborada pelo autor.

Solução:
E(x) ou u = 0,20 . (0) + 0,30 . (1) + 0,30 . (2) + 0,20 . (3) =
= 0 + 0,30 + 0,60 + 060 = 1,50
Considerando que a empresa não pode vender 1,5 fogões em nenhum dia, pois a variável
é discreta e consiste em números inteiros, como devemos interpretar esse valor? Podemos
dizer que esse valor esperado é uma média a longo prazo.

No próximo exemplo temos uma situação que envolve jogos de azar, como o lançamento de
dados, muito comum nos estudos de probabilidade.
• Se jogarmos um dado “honesto”, qual o valor esperado em uma jogada? Se há seis jogadas
possíveis, qual pode ser o valor esperado?
Solução:
Em uma jogada: 1
6
6
Em seis jogadas:
1 1 1
 1    2   ..........    6   3, 5
6 6 6
Podemos dizer que 3,5 é um evento impossível para uma única jogada, mas pode
perfeitamente representar a média probabilística para um grande número de jogadas.
Portanto, o valor esperado E(x) ou u é igual a 3,5.

Podemos calcular o valor esperado mesmo que não tenhamos observações amostrais.
Observe o exemplo a seguir, que mostra uma situação desse tipo.
• Um aplicador avalia que tem 0,30 de probabilidade de ganhar R$ 30.000,00 e 0,70 de
perder R$ 20.000,00 em um investimento. Logo, de quanto será o seu ganho esperado?
Solução:
0,70 . 30.000 + 0,60 . (–20.0000)
2.100 – 1.200 = 900,00
O ganho esperado ou médio do aplicador será de R$ 900,00.
Probabilidades – Distribuições 117

Os cálculos apresentados até aqui norteiam as aplicações dos diferentes tipos de variáveis.
Nosso próximo passo será utilizar essas variáveis para o entendimento do que são distribuições
discretas e contínuas.

7.2 Distribuições discretas


A distribuição de probabilidade de uma variável aleatória para uma variável discreta é
definida por uma função de probabilidade denominada f(x). A função mostra a probabilidade
correspondente a cada um dos valores da variável aleatória.
Vamos considerar como exemplo a situação de uma variável discreta e sua distribuição de
probabilidade referente a vendas de motocicletas da empresa fictícia Racing Ltda. Nos últimos
300 dias de operações, em 54 dias, não foram efetuadas vendas; em 117 dias, houve uma moto
vendida; em 72 dias, duas motos vendidas; em 42 dias, três motos vendidas; em 12 dias, quatro
motos vendidas; e em 3 dias, cinco motos vendidas.
Selecionando como experimento um dia de operação na Racing, definimos nossa variável
de interesse como sendo o número de motocicletas vendidas durante um dia (x). Sabemos que
x é uma variável discreta que pode assumir os valores inteiros 0, 1, 2, 3, 4 ou 5. A função f(0) vai
mostrar a probabilidade de 0 motocicletas serem vendidas, f(1) mostrará a probabilidade de uma
motocicleta ser vendida e assim por diante.
Os dados do problema mostram 54 dos 300 dias com 0 vendas, portanto f(0) será igual a 54 :
300 = 0,18. Desse modo, a chance de uma motociclieta ter sido vendida durante um dia é pequena,
de 0,18. Por analogia, podemos calcular o número de vendas para os diversos cenários que se
apresentam. Vamos observar:
Tabela 2 – Probabilidade referente à variável aleatória x que satisfaz f(x) ≥ 0 e Σ f(x) = 1.

x vendas Cálculo auxiliar f(x)


0 54 : 300 0,18

1 117 : 300 0,39

2 72 : 300 0,24

3 42 : 300 0,14

4 12 : 300 0,04

5 3 : 300 0,01

Total – 1,00
Fonte: Elaborada pelo autor.

Podemos agora fazer a representação gráfica da distribuição de probabilidade para o número


de motocicletas vendidas pela empresa Racing, durante um dia.
118 Matemática aplicada

Gráfico 1 – Distribuição de probabilidade: motocicletas vendidas em um dia


0,45

0.4

0.35

0.3
Probabilidade
0.25

0.2

0,15

0.1

0,05

0
0 1 2 2 4 5

Fonte: Elaborada pelo autor.

Uma boa razão para definir a tabela e o gráfico de uma variável aleatória é que, uma vez
conhecida, fica mais fácil determinar a probabilidade de uma série de eventos que podem ser
interessantes a um gestor ou a autoridades competentes. Nesse caso, as informações apresentadas
podem ajudá-lo a entender o processo comercial de vendas da empresa analisada.

7.3 Relação entre valor esperado e medidas de dispersão


Para melhor compreensão dos conceitos a seguir, vamos conhecer um pouco mais das
medidas de posição ou de tendência central e das medidas de dispersão ou variabilidade.

7.3.1 Medidas de posição e/ou tendência central


A probabilidade associada à estatística permite uma série de aplicações interessantes. E as
medidas de posição, principalmente a média, contribuem para a resolução de problemas.
As principais medidas de posição são: média, mediana e moda. A média é, com certeza, a
principal medida utilizada como ferramenta gerencial. Ela pode ser uma medida representativa ou
não. Vamos observar as duas apresentações a seguir:

A = (4, 5, 7, 4, 5) = média 25 : 5 = 5
B = (1, 2, 2, 7, 13) = média 25 : 5 = 5

Observe que A traz uma média bem representativa, pois a maioria dos valores está centrada
(próxima) à média. Por sua vez, B traz uma média pouco representativa, pois a maioria dos
elementos está distante (dispersa) em relação à média. Logo, podemos dizer que a média é útil para
avaliar os fenômenos representados por medidas ou valores, porém não deve ser analisada sozinha,
visto que pode levar a uma interpretação errônea dos dados.
Além da média há duas outras medidas de dispersão: a mediana e a moda. O papel da mediana
é estabelecer o meio da distribuição. O fato de um valor estar no meio não necessariamente fará
dele a média. Observe:
Probabilidades – Distribuições 119

A = (4, 5, 7, 4, 5)
O primeiro passo é colocar os dados em ordem crescente:
A = (4, 4, 5, 5, 7)
A mediana é 5, que está exatamente no centro. Nesse caso também é o mesmo valor da
média.

Observando agora em B:
B = (1, 2, 2, 7, 13)
Vemos que agora a mediana é 2 e a média, 5. Estar no meio, portanto, não é o mesmo que
estar na média.

Por fim, temos a moda. Ela é o valor mais representativo de um conjunto, ou seja, aquele
com maior número de repetições. Por isso a moda pode impactar a média sem, necessariamente,
influenciar o valor da mediana. Observe:

B = (1, 2, 2, 7, 13)
A moda da distribuição é 2.

Dessa forma, vemos que o valor esperado ou a média esperada de uma variável aleatória é
uma medida normalmente central e de posição. A expressão matemática para obtê-la é dada por:
E(x) = u = Σx . f(x)
Voltando à nossa tabela, vamos acrescentar o valor esperado ou a média:
Tabela 3 – Valor esperado ou média

x vendas Cálculo auxiliar f(x) x · f(x)

0 54 : 300 0,18 0 · (0,18) = 0,00

1 117 : 300 0,39 1 · (0,39) = 0,39

2 72 : 300 0,24 2 · (0,24) = 0,48

3 42 : 300 0,14 3 · (0,14) = 0,42

4 12 : 300 0,04 4 · (0,04) = 0,16

5 3 : 300 0,01 5 · (0,01) = 0,05

Total – 1,00 E(x) = u = Σx · f(x) = 1,50


Fonte: Elaborada pelo autor.

A Tabela 3 revela que, associando cada valor da variável venda de motocicletas distribuída
nos 300 dias, foi possível determinar o valor esperado.

7.3.2 Medidas de dispersão ou variabilidade


Como vimos anteriormente, definimos a posição média para a variável aleatória, mas
normalmente também precisamos de uma medida de dispersão que possa sintetizar o grau de
variabilidade dos valores dessa variável aleatória. Nos estudos estatísticos existem várias medidas
de dispersão, mas as principais são: variância, desvio-padrão e coeficiente de variação.
120 Matemática aplicada

A variância e o desvio-padrão são medidas de dispersão absolutas, e recebem esse nome por
se expressarem na mesma unidade de medida em que está a variável. Já o chamado coeficiente de
variação (CV) expressará essa dispersão de forma relativa.
Para compreendermos melhor o papel dessas medidas, vamos fazer os cálculos considerando
os valores do exemplo presente na seção anterior, a loja de motocicletas.
O primeiro passo é definir a variância. Para isso, construiremos nova tabela e aplicamos a
fórmula da variância:
var(x) = s2 = Σ(x – u)2 . f(x)
Tabela 4 – Cálculos para a definição da variância

x vendas x–u (x – u)2 f(x) (x – u)2 . f(x)

0 0 – 1,50 = –1,50 2,25 0,18 2,25 . (0,18) = 0,4050

1 1 – 1,50 = –0,50 0,25 0,39 0,25 . (0,39) = 0,0975

2 2 – 1,50 = 0,50 0,25 0,24 0,25 . (0,24) = 0,0600

3 3 – 1,50 = 1,50 2,25 0,14 2,25 . (0,14) = 0,3150

4 4 – 1,50 = 2,50 6,25 0,04 6,25 . (0,04) = 0,2500

5 5 – 1,50 = 3,50 12,25 0,01 12,25 . (0,01) = 0,1225

Total – – – 1,2500 dias²


Fonte: Elaborada pelo autor.

Portanto, variância = 1,25 dias2


Note que o primeiro passo é observar as dispersões entre cada dia e a média. Para darmos
continuidade ao cálculo, elevamos essa diferença ao quadrado. Portanto, a variância é uma medida
quadrática ou bidimensional. O último passo é associar esses resultados a cada probabilidade, ou
seja, multiplicar pelo valor de f(x). Vale mencionar que a variância costuma ser uma medida de
difícil interpretação sem a ajuda de um programa computacional que possa gerar os gráficos de
observação.
Por meio da variância temos o desvio-padrão, que é a raiz quadrada da variância e estabelece
o intervalo ao qual podemos chamar de região central, onde estão localizados os elementos que se
encontram na média.
Desvio-padrão: √1,25 = 1,118 dias.
Logo:
u – desvio u=1,50 u + desvio
0,38 2,61
Probabilidades – Distribuições 121

Para finalizar, vamos tratar do coeficiente de variação relativa. O papel do CV é mostrar o


percentual de elementos dispersos em relação à média, ou seja, a porcentagem de elementos acima
e abaixo da média. Para calcular o CV, basta dividir o desvio-padrão pela média u.
CV = desvio : u = 1,118 : 1,50 = 0,74 ou 74%
Ao observar a Tabela 4 atentamente, percebemos uma dispersão bastante significativa nos
valores entre 3 e 5. Por isso, nos cálculos, obtivemos um coeficiente de variação tão elevado.
Vejamos um exemplo de aplicação:
• A seguir, apresentamos uma distribuição de probabilidade referente a uma variável
aleatória x.
Tabela 5 – Probabilidade de uma variável x dada pelos vetores 2, 4 e 6

x f(x)

2 0,25

4 0,50

6 0,25
Fonte: Elaborada pelo autor.

a) Calcule E(x) ou u, o valor esperado de x.


b) Calcule s2 (variância).
c) Calcule s (desvio-padrão).
d) Encontre o coeficiente de variação relativa.

Solução:
Tabela 6 – Cálculos auxiliares para encontrar os valores enunciados

x f(x) x . f(x) (x – u) (x – u)2 (x – u)2 . f(x)

2 0,25 0,50 2 – 4 = –2,00 –2,002 = 4,00 4,00 . 0,25 = 1,00

4 0,50 2,00 4 – 4 = 0,00 0,002 = 0,00 0 . 0,50 = 0,00

6 0,25 1,50 6 – 4 = 2,00 2,002 = 4,00 4,00 . 0,25 = 1,00

– – u = 4,00 – – = 2,00 varíável2

Fonte: Elaborada pelo autor.

Portanto:
a) u = 4,00
b) Variância = 2,00 variável2
c) 2, 00 = 1,414
d) CV = 1,414 : 4 = 0,285 ou 28,5%
122 Matemática aplicada

Vamos para mais uma aplicação prática:


• Observe a carteira de investimentos a seguir. Nela, vemos os ativos de várias empresas,
com o retorno esperado e a probabilidade de esses retornos ocorrerem nos mais diversos
cenários.
Tabela 7 – Carteira fictícia de investimentos em quatro cenários

Cenário Retorno esperado x Probabilidade p(x)


Ruim 4% 0,20

Regular 9% 0,25

Bom 13% 0,35

Ótimo 17% 0,20


Fonte: Elaborada pelo autor.

Fazendo a relação u = x . p(x), teremos o retorno médio esperado:


4% . 0,20 + 9% . 0,25 . 13% . 0,35 + 17% . 0,20 = 0,11 ou 11%

Portanto, é possível observar inúmeras aplicabilidades ao retorno esperado associado


às probabilidades. A seguir serão apresentadas outras formas de distribuição e suas respectivas
aplicações.

7.4 Distribuições binomiais


A distribuição binomial surgiu a partir dos primeiros ensaios de Daniel Bernoulli, cujos
experimentos permitem só dois resultados possíveis: um deles chamado S (sucesso) e outro
chamado F (fracasso). Nos ensaios, Bernoulli representou cada sucesso por p e cada fracasso por q,
decorrendo que cada fracasso será igual a 1 – p.
Vamos fazer um experimento do ensaio:
• Lançando uma moeda, podemos ter dois resultados: cara ou coroa. Vamos apostar que
sairá cara. Logo, cara será nosso S (sucesso). Se sair coroa (fracasso), perdemos a aposta.

Ao fazer inúmeros experimentos e descrever os resultados da variável aleatória sempre


agrupados em duas classes, S ou F, obtém-se uma distribuição binomial.
Um ponto importante que deve ser observado é que os eventos nunca ocorrem ao mesmo
tempo, portanto haverá somente um resultado, ou seja, os eventos serão sempre excludentes. No
nosso exemplo, o resultado cara exclui a possibilidade do resultado coroa.
Como outros exemplos citamos situações em que uma possibilidade automaticamente
exclui a outra: um resistor elétrico pode ser perfeito ou defeituoso; em uma pesquisa de mercado, o
entrevistado pode dizer sim ou não; em uma prova, a resposta pode ser certa ou errada.
Inclusive, as variáveis contínuas também podem ser divididas em duas categorias. A
velocidade de um carro em movimento, por exemplo, pode ser medida e estar dentro ou fora do
limite. Sendo velocidade uma variável contínua, assume valores inteiros ou fracionados.
Probabilidades – Distribuições 123

Independentemente de a variável ser contínua ou discreta, a soma das categorias sucesso e


fracasso deve ser sempre 100% ou 1.
Quatro propriedades fundamentais devem ser respeitadas para que uma probabilidade
binomial possa estar definida. São elas:
I. Haverá somente dois resultados possíveis em cada repetição, chamados de sucesso e
fracasso.
II. Podem ser feitas inúmeras (n) repetições do experimento, sendo n uma constante.
III. A probabilidade de sucesso ou fracasso será sempre constante em todas as repetições.
IV. Essas repetições são independentes e excludentes, por isso o resultado de uma repetição
não influenciará nem será influenciado por outros resultados.

Para que se tenha um modelo binomial, a distribuição do número de sucessos p será o


processo composto de uma sequência de n observações independentes com probabilidade
constante.

n
P  x     px 1  p 
nx

x
 

Ou ainda:

Cn; x   p    q 
x n- x

Onde:
n!
Cn; x 
x ! n  x !

A distribuição binomial é aplicada em avaliações de questões mercadológicas, resultados de


ações publicitárias, controles de qualidade para grandes amostras, entre outras áreas.
Os parâmetros da distribuição binomial são n e p, logo, a média e a variância são obtidas por
u = np e s2 = np (1 – p). Com base nessa informação, vamos agora aplicar os conceitos e a fórmula
da distribuição binomial a exercícios práticos. No primeiro exemplo, resolveremos um problema
que envolve vários lançamentos de um dado “honesto”.

1. Qual a probabilidade de saírem 3 coroas em 6 lançamentos de uma moeda não viciada?

Solução:
6!
Cn; x   p    q    0, 50    0, 50  
x nx 3 6 3

3! 6  3!

65 4
  0,125  0,125 
3  2 1

 20  0, 015625  0, 3125 ou 31, 25%


124 Matemática aplicada

No próximo exemplo, faremos a aplicação da distribuição binomial para a área de marketing


e gestão.

2. Uma pesquisa de marketing foi feita à porta de um supermercado para avaliar o novo sabor
de um produto. Nove consumidores foram entrevistados. A probabilidade de que o novo
sabor seja um sucesso é de 60%. A distribuição se comporta como uma binomial. Determine:

a) A probabilidade de 3 consumidores gostarem do produto.


b) A probabilidade de 7 ou mais consumidores gostarem do produto.
c) A probabilidade de todos gostarem do produto.
d) A probabilidade de ninguém gostar do produto.

Solução:
a)
9! 987
  0, 60    0, 40  
3 6
 0, 216  0, 004096 
3! 9  3! 3  2 1

 0, 0743 ou 7, 43%

b)
9!
  0, 60    0, 40   ... 
7 2

7 ! 9  7 !

9!
  0, 60    0, 40   ... 
8 1

8 !9  8 !

9!
  0, 60    0, 40 
9 0

9 !9  9 !

 36  0, 02799  0,16  ... 

9  0, 0279  0,16  ... 

1  0, 0100 1  0, 2316 ou 23,16%

c)
9!
 0, 609   0, 40   1  0, 0100 1  0, 001007  1, 007%
0

9 !9  9 !

d)
9!
 0, 600   0, 40   1 1  0, 0002621  0, 0262
9

0 !9  0 !
Probabilidades – Distribuições 125

Por meio desses exemplos é possível observar como a distribuição binomial pode colaborar
com os gestores nas análises estatísticas das empresas. Os indicadores oferecem a possibilidade de
adotar ou ajustar ações estratégicas, de acordo com as necessidades da gestão.

7.5 Distribuição de Poisson


O engenheiro e matemático francês Denis Poisson (1781-1840) foi um grande entusiasta
de estudos sobre a mecânica celeste e o comportamento dos esferoides. Poisson desenvolveu
também trabalhos que envolviam o campo da eletricidade e da astronomia. Em 1837, publicou um
importante tratado, Traitè des jugements, e, mesmo muito doente, demonstrou pela primeira vez a
distribuição que leva seu nome.
Na probabilidade, a distribuição de Poisson é uma distribuição de variáveis discretas e
adequada para descrever situações onde existe uma chance de ocorrência em um intervalo ou
campo contínuo, geralmente dado por tempo ou área.
Como a variável é aleatória discreta, as ocorrências são representadas por valores inteiros,
mas as unidades de medida são contínuas. Com essa distribuição, só é possível mostrar falhas ou
ocorrências contáveis.
Atualmente as distribuições de Poisson são muito utilizadas em testes de gestão de eficiência
e qualidade, na área comercial e de marketing, sintetizando acesso a sites e consultas de produtos,
em estatísticas de atendimento de call centers e muitas outras aplicações.
Um único parâmetro carateriza a distribuição de Poisson, que é a letra grega lambda (λ). Ela
representa a taxa média de ocorrência por unidade de medida.
A fórmula ainda apresenta a constante e. A primeira aplicação prática, feita por Bernoulli,
já citado neste capítulo, buscava encontrar um valor para o cálculo de uma expressão de juros
compostos. Por ser uma constante, como pi (π), assume sempre o valor de 2,71828.
A fórmula geral é dada por:

e    x
Px  x  0,1, 2,..., n
x!

As medidas média (u), variância (S2) e desvio-padrão (S) de Poisson são dadas por:
u
S2   2
S  2

Vamos fazer nova aplicação da distribuição de Poisson para praticar. Observe o exemplo:
• O número de defeitos em peças de automóvel de uma empresa ocorre como uma
distribuição de Poisson, com λ = 3. Determine a probabilidade de uma peça apresentar
mais que quatro defeitos.
126 Matemática aplicada

Solução:
e3  34
P  x  4  1
4!

27, 718283  34
P  x  4  1
4!

P  x  4   1  0,1680

P  x  4   0, 832 ou 83, 2%

7.6 Esperança matemática


Agora que já conhecemos as medidas de posição (média, mediana e moda), as medidas
de dispersão (variância, desvio-padrão e coeficiente de variação) e as principais distribuições
estatísticas, podemos unir esses aprendizados para utilizá-los em esperança matemática.
A esperança matemática refere-se ao valor esperado quando um fenômeno pode assumir
inúmeros resultados. Trata-se da soma de todos esses resultados possíveis, isto é, a soma dos
produtos da ocorrência de um ou vários eventos pelo valor atribuído a cada um dos acontecimentos.
Podemos usar a esperança para resolver questões que envolvam comparação de ganhos e
perdas, retrabalho na indústria, ganhos incrementais de vendas, resultados com múltiplos eventos,
entre outras. A fórmula para obtê-la é dada por:
E(x) = u = ∑x . P(x)
Já vimos um pouco desse assunto em retorno esperado, agora vamos aplicá-lo a exemplos
mais complexos.

1. Em uma rifa de 100 números está sendo ofertado um prêmio de R$ 2.000,00. Cada aposta
custa R$ 30,00. O comprador do bilhete está realizando uma aposta considerada razoável?

Solução:
Número de ocorrências: 100
Custo do bilhete: R$ 30,00
Valor do prêmio: R$ 2.000,00

Probabilidade = a 1 : 100 = 0,01


Esperança matemática = 0,01 : 100 . 2.000,00 = R$ 10,00

Se o comprador pagou R$ 30,00, porém sua esperança de recebimento é R$ 10,00, essa não
é uma aposta razoável.
Probabilidades – Distribuições 127

2. Os alunos de uma sala de aula respondem a uma prova de 8 questões. O número x de


perguntas respondidas corretamente é dado por:

Tabela 8 – Perguntas respondidas corretamente pelos alunos

Perguntas x 0 1 2 3 4 5 6 7 8
P(x) 0,02 0,02 0,06 0,06 0,08 0,22 0,3 0,16 0,08
Fonte: Elaborada pelo autor.

Qual o valor esperado de acertos dessas questões?


Solução:
0 . 0,02 + 1 . 0,02 + 2 . 0,06 + ... + 7 . 0,16 . 8 . 0,08 = 5,3
O número esperado de acertos é de, aproximadamente, 6 questões.

3. Uma fábrica produz caixas de cotonetes a um custo de R$ 50,00 cada. Em uma primeira
fase das caixas produzidas, 90% apresentam cotonetes perfeitos. As caixas com cotonetes
imperfeitos vão para uma segunda fase para tentar corrigi-los, na qual existe um custo
adicional de R$ 30,00. Mas somente 60% dessas caixas ficam perfeitas. O restante continua
com defeito. Sabendo que cada caixa perfeita é vendida por R$ 90,00, e que a fábrica ainda
consegue vender as caixas com defeito por R$ 25,00, em média, qual o lucro ou prejuízo
esperado? E ainda, valeu a pena a fábrica ter feito a segunda fase (retrabalho)?

Solução:
Primeira fase
Custo: R$ 50,00
Venda: R$ 90,00
Lucro x = 40,00 – Prob. 0,90
Logo, R$ 40,00 . 0,90 = R$ 36,00

Segunda fase – envolve duas situações:


a) Perfeita (P)
Custo: R$ 50,00 + R$ 30,00
Venda: R$ 90,00
Lucro x: R$ 10,00
Prob.: 0,06
Logo, R$ 10,00 . 0,06 = R$ 0,60

b) Defeituosa (D)
Custo: R$ 80,00
Venda: R$ 25,00
Prejuízo x: (R$ –55,00)
Prob.: 0,04
Logo, (R$ –55,00) . 0,04 = R$ –2,20
128 Matemática aplicada

Portanto, o ganho médio (esperança) será de R$ 36,00 + R$ 0,60 – R$ 2,20 = R$ 34,40 de


lucro.

O enunciado, porém, também pergunta se valeu a pena o retrabalho. Para calcular, basta
limitar os dados apenas à primeira fase (P e D).

Caixas perfeitas: 90%, logo, R$ 40,00 . R$ 0,90 = R$ 36,00


Caixas defeituosas: 10%, logo, R$ –25,00 . R$ 0,10 = R$ –2,50

Assim, vemos que o retrabalho valeu a pena, pois o ganho médio é maior: R$ 33,50.

4. Em um caça-níqueis com dois discos que giram simultaneamente, o apostador, para fazer
uma única jogada, paga R$ 80,00. Ele roda os dois discos e, se aparecerem as imagens de
duas maçãs, ganha R$ 40,00. Se aparecerem duas bananas, ganha R$ 80,00. Se forem duas
pêras, ganha R$ 100,00, e se forem duas uvas, R$ 160,00. O caça-níqueis tem em cada disco,
no seu desenho original, 4 maçãs, 3 bananas, 2 pêras e 1 uva. O que é possível de acontecer
com esse apostador nessas condições, ganhar ou perder dinheiro?

Solução:
Primeiro vamos observar as probabilidades de cada uma das frutas surgir:

Maçã: 4/10 = 0,40


Banana: 3/10 = 0,30
Pêra: 2/10 = 0,20
Uva 1/10 ou 0,10

O caça-níqueis, contudo, roda sempre com duas frutas. Logo, vamos calcular duas frutas
selecionadas ao mesmo tempo:

M e M = 0,40 . 0,40 = 0,16


B e B = 0,30 . 0,30 = 0,09
P e P = 0,20 . 0,20 = 0,04
U e U = 0,10 . 0,10 = 0,01

Vale considerar, ainda, que podem sair frutas diferentes ao rodar o caça-níqueis e a
probabilidade de isso acontecer será dada por 1 – (0,16 + 0,09 + 0,04 + 0,01) = 0,70.

Para facilitar, vamos estruturar as informações:

Tabela 9 – Probabilidades e ganhos no caça-níqueis, segundo as frutas que podem surgir

Frutas Paga Recebe x Prob. x Ganho médio u

MM –80 40 –40 0,16 –40 . 0,16 = R$ –6,40

BB –80 80 0 0,09 0 . 0,09 = R$ 0,00

PP –80 100 +20 0,04 +20 . 0,04 = R$ +0,80


(Continua)
Probabilidades – Distribuições 129

Frutas Paga Recebe x Prob. x Ganho médio u

UU –80 +160 +80 0,01 +80 . 0,01 = R$ + 0,80

Frutas
–80 0 –80 0,70 –80 . 0,70 = R$ –56,00
dif.

– – – – – u = perda de R$ 60,60
Fonte: Elaborada pelo autor.

A cada R$ 80,00 jogados em cada aposta no caça-níqueis, o cassino lucra em média


R$ 66,60. Considerando que os caça-níqueis normais têm três discos de frutas aparecendo na tela,
o ganho aumenta para R$ 76,00 a cada R$ 80,00 apostados. Para o jogador, há a quase certeza da
perda total ou parcial do valor apostado, pois a probabilidade de aparecerem frutas diferentes é
muito alta, 70%.

Considerações finais
Probabilidade é um tema complexo, repleto de fórmulas e propriedades, mas, ao mesmo
tempo, enriquecedor e importante para a resolução de problemas nas atividades do cotidiano de
empresas e pessoas. Vimos como as distribuições de Poisson, binomiais e esperança matemática
são excelentes ferramentas para problemas que envolvem probabilidades. Hoje, essas ferramentas
são utilizadas em testes de mercado para avaliação de novos produtos, em análises de gestão da
qualidade e diminuição de perdas nas empresas, na avaliação de pesquisas médicas e no cotidiano
das pessoas, como no processo de criação de senhas para movimentação bancária.
Os estudos de probabilidade também são muito utilizados nas novas tecnologias
computacionais, auxiliando, por exemplo, nos estudos de previsões climáticas, agricultura e
astronomia. Aproveite para conhecer mais e aprofundar seus estudos.

Ampliando seus conhecimentos


• IEZZI, G. Fundamentos da matemática elementar. São Paulo: Saraiva, 2013. (v. 2).
Esse livro apresenta uma série de exercícios resolvidos de probabilidade, com aplicações
inclusive no Microsoft Excel. As teorias são escritas em linguagem simples e detalhada,
sendo uma leitura recomendável para aprofundar o entendimento.

Atividades
1. Uma empreiteira construirá um prédio e faz as seguintes estimativas.

Tempo de obra Probabilidade


15 dias 0,30

20 dias 0,20

28 dias 0,50
130 Matemática aplicada

Qual será o prazo médio para a execução dessa obra, de acordo com as estimativas
apresentadas?

2. Um investidor está sendo orientado sobre os cenários do mercado.

A probabilidade de momento ruim é de 50% e, se isso ocorrer, o ganho será de 10%. Se o


mercado se comportar bem, e a chance de isso acontecer é de 20%, o investidor ganha 15%.
Se o mercado apresentar resultados ótimos, por sua vez, o investidor ganha 19%. Nessas
condições, e considerando que qualquer um desses cenários pode ocorrer, qual será o
resultado esperado de ganho ou média de ganho do investidor?

3. Em um programa de TV, o jogador tem uma chance de levar o maior prêmio. Porém só
leva se, ao jogar dois dados “honestos”, a soma das faces voltadas para cima for 11. Qual a
probabilidade de ganhar o prêmio maior?

4. Ainda em relação ao problema anterior, se as somas puderem ser 11 ou 5, as chances


aumentam para quanto?

5. A tabela a seguir apresenta uma distribuição de probabilidade referente a uma variável


aleatória y.

y f(x)
3 0,25

6 0,50

9 0,25

a) Calcule E(x) ou u, o valor esperado de x.


b) Calcule s2 (variância).
c) Calcule s (desvio-padrão).

6. Observe duas carteiras de investimentos apresentadas a seguir:

Carteira 1
Cenário Retorno x% f(x)
Ótimo 15 0,28
Bom 9 0,25
Regular 6 0,35
Ruim 3 0,12

Carteira 2
Cenário Retorno x% f(x)
Ótimo 14 0,30
Bom 10 0,40
Regular 7 0,20
Ruim 4 0,10

a) Determine o retorno médio esperado, a variância e o desvio-padrão de cada carteira.


b) Em qual das carteiras você prefere investir? Por quê?
Probabilidades – Distribuições 131

7. Para contratar um seguro de vida, uma seguradora cobra a taxa de R$ 1.500,00 e, em caso
de acidente, paga R$ 35.000,00 para o segurado. A probabilidade de um segurado sofrer
acidente é de 4%. Quanto ganha em média a seguradora por cada apólice comprada?

8. Em cinco jogadas de uma moeda “honesta”, sendo P(x < 2) a probabilidade de caras esperadas,
determine P(0) + P(1).

9. Em um colégio, seis alunos participaram da Olimpíada de Matemática de 2018 e a


probabilidade de classificação é de 25%. Qual a chance de metade deles se classificar
utilizando a distribuição binomial?

10. A área de gestão da qualidade de uma empresa de Curitiba seleciona aleatoriamente 10


embalagens de um caminhão com carga muito grande, e se sabe por histórico que 20% dessas
embalagens apresentam defeitos. Das 10 selecionadas, qual a probabilidade de exatamente 2
estarem defeituosas?

11. Sendo n = 7 e p = 0,25, determine o desvio-padrão e as características de simetria/


assimetria.

12. No vestibular, uma prova se apresenta com 60 questões independentes. Cada questão
tem 5 alternativas de resposta, mas somente uma é correta. Um aluno resolve assinalar
aleatoriamente as respostas. Será que ele consegue tirar nota 5?

13. Em uma agência do INSS, uma enquete observou que o número médio de segurados
atendidos é de 6 por hora. Determine a probabilidade de, em uma hora qualquer do dia, os
guichês atenderem 8 segurados.

14. Uma pesquisa mostra que um número médio de 6 clientes por hora abastece seus veículos
com etanol em determinado posto. Pergunta-se:

a) Qual a chance de 3 clientes pararem na mesma hora?


b) Qual a chance de todos os clientes pararem na mesma hora?
8
Matrizes

Com o avanço das novas tecnologias e computadores mais potentes, as matrizes e


determinantes passaram de assuntos coadjuvantes do ensino médio para um novo patamar.
Atualmente, projetos de economia, engenharia, física, medicina e outras áreas usam toda a teoria
das matrizes para melhorar e inovar seus processos.
Inclusive na leitura de materiais on-line, as matrizes estão de alguma forma presentes.
A resolução de um computador é uma matriz de pixels, essencial para a qualidade da leitura. Além
disso, os softwares que utilizamos, em sua maioria, têm a programação baseada em matrizes. Vamos
aprender mais sobre elas neste capítulo.

8.1 Matrizes m x n
Uma tabela retangular formada por linhas e colunas que organizam informações numéricas
é chamada de matriz. Dessa forma, é possível realizar simultaneamente uma série de operações e
cálculos, utilizando todos os dados que as colunas e linhas apresentam.
Em matrizes, os números são os elementos. As linhas são classificadas de cima para baixo (1,
2, 3, ...n) e as colunas, da esquerda para a direita (1, 2, 3, ...n). Vejamos um exemplo na Tabela 1 a
seguir, a qual mostra as notas atribuídas a três funcionários em quatro competências.
Tabela 1 – Notas atribuídas a três funcionários

Agilidade Qualidade Cooperação Finalização


F1 8 7 9 8

F2 9 6 7 8

F3 7 8 6 9
Fonte: Elaborada pelo autor.

Os dados dessa tabela permitem fazer inúmeras avaliações a respeito desses funcionários,
visto estarem organizados por categorias em cada coluna: agilidade, qualidade, cooperação e
finalização. A matriz presente nessa tabela é identificada como 3 x 4, e nela podemos selecionar,
por exemplo, a nota especificamente atribuída ao funcionário 2 (F2) na categoria qualidade:

8 7 9 8 
 
9 6 7 8 
7 8 6 9 
 

As matrizes com m linhas e n colunas, sendo m e n números naturais diferentes de zero, são
chamadas de matrizes m x n. Observe os exemplos:
134 Matemática aplicada

Matriz 2 x 3
8 7 9 8 
 
9 6 7 8 

Matriz 2 x 2
8 7 
 
9 6 

As matrizes são representadas sempre por letras maiúsculas e seus elementos por minúsculas.
Elas vêm acompanhadas por dois índices numéricos, chamados i e j, os quais representam,
respectivamente, a linha e a coluna que cada elemento está ocupando.

 a11 a12 a1n 


 
 a 21 a 22 a 2 n 
A  m x n    a 31 a 32 a 3 n 
 
 
a a a 
 m1 m 2 mn 
A seguir, vamos conhecer alguns tipos de matrizes especiais.

8.1.1 Matrizes especiais


São chamadas de matrizes especiais aquelas associadas a propriedades específicas, por isso
sua resolução é diferente da matriz padrão m x n. Para cada um dos tipos, haverá sempre uma
propriedade associada.
• Matriz linha
É uma matriz do tipo 1 x n, isto é, uma matriz de linha única chamada i. Por exemplo:
Matriz A = [7, –4, 2, 5], do tipo 1 x 4.
• Matriz coluna
É uma matriz do tipo m x 1, isto é, com uma coluna única chamada j. Por exemplo:
Matriz A do tipo 1 x 3.

7 
 
A   4 
 
 8 
• Matriz quadrada
Toda matriz quadrada tem uma diagonal principal e uma diagonal secundária, sendo a
principal formada pelos elementos aij, em que i = j. Na diagonal secundária, temos i + j =
n + 1. Por exemplo:
Matriz 2 x 2, ou seja, matriz quadrada de ordem 2.

4 7
A 
3 5
Matrizes 135

Observe:
 a11 a12 a1n 
 
 a 21 a 22 a 2 n 
A  m x n    a 31 a 32 a 3 n 
 
 
a 
 m1 a m 2 a mn 

Secundária à esquerda i + j Principal à direita i = j


Veja a matriz a seguir:
 1 4 8 
 
A3   6 7 2 
4 3 2
 

Logo, –1 é o elemento da diagonal principal representada por (a11) = i = j = 1.


8 é o elemento da diagonal secundária, então i + j = n + 1 = 3 + 1 = 4.
• Matriz nula – diagonal e identidade
A matriz diagonal é do tipo quadrada, em que todos os elementos que não estão na
diagonal são nulos.

1 0 
A2 x 2   
0 9 

Por sua vez, também do tipo quadrada, na matriz identidade todos os elementos da
diagonal principal são representados pelo elemento 1 e os demais são representados por
zero.

1 0 
Id2 x 2   
0 1 

• Matriz transposta
Chamada de A– ou At, obtida a partir da matriz original A, a matriz transposta troca de
forma ordenada as linhas por colunas ou colunas por linhas.
Assim, se a matriz A é do tipo m x n, a matriz inversa At será do tipo n x m. Observe que
a primeira linha da matriz A corresponde à primeira coluna na matriz At.

 4 3 5
A  log o,
2 1 6

4 2
 
A  3 1
t

5 6
 
136 Matemática aplicada

• Matriz simétrica
Sendo A igual a At, chamamos de matriz simétrica de ordem
4 2 4
 
A  2 1 6 
4 6 2 
 

Observe que: a12 = a21 = 2; a13 = a31 = 4; e assim por diante. Logo, aij = aji.
• Matriz oposta
Nessa matriz, troca-se o sinal de todos os elementos da matriz A.

 4 2 
A 
 2 7 

 4 2
Logo  A   
 2 7 

8.2 Operações envolvendo matrizes


Uma operação com qualquer tipo de matriz sempre terá como resultado uma nova matriz,
seja na adição, subtração ou quaisquer outros cálculos que forem realizados. Mas é importante
salientar que na igualdade, adição e subtração, como veremos a seguir, as matrizes devem ser da
mesma ordem.

8.2.1 Igualdade de matrizes


As matrizes A e B, do tipo m x n, serão iguais se todos os elementos que ocupam a mesma
posição também forem iguais.

 4 0
A 
 2 b 

 4 c
B 
 2 5

Portanto, c = 0 e b = 5.

8.2.2 Adição de matrizes


Dadas as matrizes A e B, a soma delas será chamada de C (A + B = C), desde que 1 ≤ i ≤ m
e todo 1 ≤ i ≤ n.

8 7   1 3  8   1 7  3   7 10 
      
9 6   2 4   9  2 6  4  11 10 
Matrizes 137

Propriedades da adição:
• Cumulativa: matrizes A + B = B + A
• Associativa: matrizes (A + B) + C = A + (B + C)
• Elemento oposto: matrizes A e –A → A + (–A) = (–A) + A = 0
• Elemento neutro: matriz A e 0 → A + 0 = 0 + A = A

8.2.3 Subtração de matrizes


Ao subtrairmos A – B, teremos como resultado uma matriz de mesma ordem, ou seja, mesmo
formato. Nesse caso, é necessário muito cuidado com os sinais negativos na operação. Os valores
positivos de B ficarão negativos; e os negativos, em razão do “jogo de sinais”, ficarão positivos.

A  B  A   B  
3 0   2 5 
5 4    1 3  
    

3 0   2 5
   
5 4   1 3

3   2  0   5   1 5 
   
 5 1 4   3   6 7 

8.2.4 Produto de um número real por uma matriz


Para a multiplicação de uma matriz por uma constante, considere um número real e uma
matriz do tipo m x n. O produto entre eles é uma nova matriz obtida a partir da multiplicação de
cada elemento da matriz original por uma constante x, isto é, bij = xaij.
B  xA
 4 7  5  4 5  7  20 35 
 5      
 2 1  5  2 5   1  10 5

Propriedades do produto:
Se duas matrizes forem do mesmo tipo e seus números reais, são válidas as propriedades
apresentadas na sequência.
• Associativa: x . (yA) = (xy) . A
• Distributiva de um número real em relação à soma de matrizes: x . (A + B) = x · A + x · B
• Distributiva de uma matriz em relação à soma de dois números reais = (x + y) . A = x · A
=y·A
• Elemento neutro: x · A = A
138 Matemática aplicada

8.2.5 Multiplicação entre matrizes


Para multiplicar uma matriz, não basta multiplicar seus elementos uns pelos outros. O
produto das matrizes A e B resulta em uma matriz, em que cada elemento é obtido por meio da
soma dos produtos dos elementos correspondentes da i-ésima linha de A por elementos da j-ésima
coluna A.
Observe a multiplicação das matrizes a seguir:
A B
2 5  3 4 
    
1 4  2 5 

Primeira linha e primeira coluna:

2  3  5 5  2  10 

Primeira linha e segunda coluna:

2  4  8 5  5  25

Segunda linha e primeira coluna:

1  3  3 4  2  8 

Segunda linha e segunda coluna:

15 33 
1  4  4 4  5  20   A  B   
11 24 

Agora, uma matriz 3 x 2 na resolução do produto de matrizes:

2 1 
  3 1 4 
A  B  5 3    
1 6 3
0 1 
 

 3  3  1 1 2   1  1  6 2  4  1 3 
 
  5  3  3 1 5   1  3  6 5 4  33 
0  3   1 1 0   1   1  6 0  4   1  3
 

Assim, temos A . B igual a:

 7 4 11 
 
 18 13 29 
 1 6 3
 
Matrizes 139

O próximo passo é inverter e fazer B . A:

2 1 
3 1 4   
BA     5 3 
1 6 3  0 1
 

3  2   1  5  4  0 3 1   1  3  4 1


 
 1 2  6  5  3  0 1 1  6  3  3  3 

1 4
BA   
32 28 

Propriedades da multiplicação de matrizes:


Verificadas as condições de existência para a multiplicação de matrizes, são aceitas as
propriedades apresentadas na sequência.
• Associativa: (A . B) . C = A . (B . C)
• Distributiva: A . (B + C) = A . B + A . C ou (A + B) . C = A . C = B . C
• Elemento neutro: A . In = In . A = A, sendo I a matriz identidade.

8.3 Determinantes de uma matriz


Como visto anteriormente, matrizes quadradas são aquelas que têm o mesmo número
de linhas e colunas. Para essas matrizes, é possível associar um número ao qual chamamos de
determinante.
Os determinantes são demasiadamente úteis às ciências. Eles ajudam a solucionar problemas
que envolvem sistemas lineares, geometria analítica, equações em projetos de engenharia, entre
outros. Os cálculos de áreas regulares ou irregulares também são facilitados com o uso dos
determinantes. Nesta seção faremos uma introdução ao tema, que será melhor aprofundado no
próximo capítulo.
A notação de um determinante é dada por det ou Det. Logo, se nosso objetivo é demonstrar
o determinante de uma matriz A, escrevemos: det |A| ou Det (A). Mas existem outras notações
matemáticas aceitas.

8.3.1 Determinante de primeira ordem


Seja uma matriz quadrada de primeira ordem M = a[11], o seu determinante é o número real
a11. Observe os exemplos:
M = 7 → det M = 7 ou |7| = 7
M = –5 → det M = –5 ou |–5| = –5
É importante ressaltar que as duas barras verticais que representam o determinante de uma
matriz não são a representação de módulo.
140 Matemática aplicada

No caso de uma matriz de segunda ordem, observe:

 a11 a12 
M  
a 21 a 22 

Sendo uma matriz de ordem 2, o determinante associado a M por definição é dado por:

 a11 a12 
det M   
a 21 a 22 

Consideremos o exemplo apresentado: dada a matriz M de ordem 2, o determinante será


a diferença (subtração) do produto da diagonal principal (a11 e a22) pelo produto da diagonal
secundária (a12 e a21).

8 6 
M  
6 5 

Det M = 8 . 5 – 6 . 6 = 40 – 36 = 4

8.3.2 Menor complementar


É chamado de menor complementar (MC) quando suprimimos a linha e coluna aij de uma
matriz M, de ordem n > 1. Vejamos um exemplo, dada a matriz M:

 a11 a12 
M  
a 21 a 22 

MC11 = |a22 | = a22

 a11 a12 
M  
a 21 a 22 

MC12 = |a21| = a21


Observe uma matriz de ordem 3:

 a11 a12 a13 


 
M  a 21 a 22 a 23 
a 31 a 32 a 33 
 

a 22 a 23 
MC11   
a 32 a 33 

Logo : a 22 a 33  a 23 a 32

a 21 a 23 
MC12   
a 31 a 33 

Logo : a 21 a 33  a 23 a 31
Matrizes 141

Observe que, na matriz de ordem 3, o desenvolvimento será um pouco maior, pois sobrará
uma linha com 3 elementos e uma coluna com 3 elementos em cada uma das operações realizadas.
Perceba, ainda, que cada resultado determinante obtido será uma matriz 2 x 2.

Considerações finais
Vimos como o estudo de matrizes e determinantes é interessante e facilitador na resolução
de problemas matemáticos. Se comparado a outros estudos matemáticos, é possível perceber
que ele é bastante recente, com aproximadamente 150 anos. Por outro lado, parece ser o campo
mais promissor da matemática aplicada, pois vários estudiosos continuam ampliando as suas
aplicabilidades e grande parte dos modelos computacionais já utiliza as matrizes como base para o
desenvolvimento de novos projetos.

Ampliando seus conhecimentos


• NUMB3RS. Autores: Nicolas Falacci e Cheryl Heuton. Estados Unidos: Pramount/CBS,
2005. 118 episódios.
Muitas produções de cinema e artes gráficas utilizam as matrizes, as quais são construídas
a partir de softwares que codificam e manipulam pixels com formas geométricas, dando
movimento, cor e textura a cada apresentação. Apenas um quadro dos milhares que
formam um filme, por exemplo, compreende milhões de pixels construídos com o
auxílio de matrizes. Recomendamos, portanto, a série NUMB3RS que, em 118 episódios,
revela fórmulas e explicações matemáticas de modo didático, inclusive com conceitos
relacionados às matrizes.

• MICROSOFT OFFICE. Centro de Treinamento do Office 365. Disponível em: https://


support.office.com/pt-br/office-training-center. Acesso em: 26 set. 2019.
Desde setembro de 2018, o Office 365 vem aprimorando as fórmulas de matrizes,
facilitando sua concepção e resolução. Para conhecer um pouco mais essa ferramenta,
sugerimos acessar a seção de treinamento no site oficial da Microsoft e selecionar Excel.

Atividades
1. Dadas as matrizes 1 e 2, determine uma nova matriz que resulte da soma dessas duas.

1 3 4 
 
1 2 5 1 
2 2 1 
 

 3 3 5
 
2  2 3 1 
 4 0 2
 
142 Matemática aplicada

2. Usando a propriedade do produto, resolva a matriz a seguir.

4 6 9
 
5  0 8 2
6 2 3
 

3. Determine o valor das incógnitas que aparecem nas matrizes e os seus valores.

 x y   x 10  8 2 
   
 4 8   t 3z  6 12 

4. Verifique se a matriz AB é igual a B, de modo a validar a propriedade comutativa aplicada.

1 3 
A 
1 0 

3 4 
B 
5 6 

5. Dadas as matrizes A e B a seguir, determine a soma A + B.

 3 1 1 y 
A  B 
 x 6 1 2 

6. Dada uma matriz de ordem 2, defina o determinante, indicando a diagonal principal e a


secundária.

12 10 
M 
 8 10 

7. Dada a matriz de ordem 3, determine MC11 e MC12.

8 4 7 
 
M  5 6 3
4 9 1
 
9
Sistemas lineares

Com a aplicação dos conceitos de sistemas lineares, é possível resolver problemas mais
complexos, que envolvem inúmeras incógnitas. Os sistemas são utilizados no cálculo de projeções
financeiras, na construção de projeções estatísticas, na estruturação de modelos computacionais e
em outras aplicações.
Para iniciarmos os estudos sobre sistemas lineares, no entanto, será necessário avançar em
alguns pré-requisitos fundamentais ao entendimento do assunto.

9.1 Complemento algébrico e menor complementar


Chamamos de complemento algébrico ou cofator o elemento aij de uma matriz quadrada de
ordem n, tal que Aij = (–1)i+j . MCij.
Observe a matriz:

 a11 a12 
A  
a 21 a 22 
Os complementos ou cofatores relativos aos elementos a11 e a12 da matriz A serão:

A11   1  a 22   1 a 22  a 22


11 2

A12   1  a 21   1 a 21  a 21


1 2 3

Vamos repetir o processo para uma matriz quadrada 3 x 3:

 a11 a13 
A22   1    1  a11a 33  a13a 31 
22

a 31 a 33 

 a11 a13 
A23   1    1  a11a 32  a12 a 31 
23

a 31 a 32 

 a12 a13 
A31   1    1  a12 a 23  a13a 22 
3 1

a 22 a 23 
Como vimos no Capítulo 8, quando suprimimos a linha e coluna aij de uma matriz M, de
ordem n > 1, compreendemos isso como menor complementar (MC).
Tanto o complemento algébrico quanto o menor complementar são muito utilizados nas
aplicações desenvolvidas neste capítulo, por isso a importância dessa revisão.
Para encontrar o determinante de matrizes, são necessárias regras e teoremas específicos. De
modo a aprofundar o que estudamos anteriormente, portanto, apresentamos a seguir uma regra de
relevante conhecimento.
144 Matemática aplicada

9.1.1 Regra de Sarrus


Já estudamos o cálculo de determinantes de segunda ordem. Para o cálculo de determinantes
de terceira ordem, por sua vez, podemos utilizar a regra de Sarrus.
Dada a matriz A3 x 3:

 a11 a12 a13 


 
a 21 a 22 a 23 
a 31 a 32 a 33 
 

Repetimos as duas primeiras colunas ao lado da terceira:

a11 a12 a13 a11 a12


a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

E encontramos a soma do produto dos elementos da diagonal:

a11 a12 a13 a11 a12


a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

Logo, a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32
Agora, fazemos o mesmo, porém colocando as diagonais secundárias:

a11 a12 a13 a11 a12


a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

Logo, – (a13 a22 a31 + a11 a23 a32 + a12 a21 a33)
Ao juntarmos esses elementos, temos:

a11 a12 a13 a11 a12


a 21 a 22 a 23 a 21 a 22
a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

= – (a13 a22 a31 + a11 a23 a32 + a12 a21 a33) + (a11 a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21 a32).
A regra de Sarrus, junto às demais já apresentadas, objetiva facilitar os cálculos de
uma determinante. É algo de grande relevância, considerando que em áreas de pesquisa e
desenvolvimento é a ampla aplicabilidade de matrizes, como nos códigos de linguagem de
programação de computadores.
Sistemas lineares 145

9.2 Sistemas lineares


Chamamos de linear toda equação apresentada pela forma:
a1x1 + a2x2 + a3x3 + a4x4 + ............... anxn = b
Essa equação é formada por números reais a1, a2, ..., an, chamados de coeficientes das
incógnitas. São exemplos de equações lineares:
5x + 7y + 6z = 9
–5x + 7j = 4t – 8
x – y = –11t + 4
Existem, porém, equações que não são lineares, como:
zt – 3y + m = 15
x2 – 7m = 6d – 19
Observe que um termo da segunda equação faz com que ela não seja um modelo linear:
o termo x2.

9.2.1 O sistema linear


Podemos dizer que o sistema linear é representado por um conjunto de equações lineares,
que obedecem ao formato:

a11x1 + a12x2 + ... + a1nxn = b1


a21x1 + a22x2 + ... + a2nxn = b2
...
...
am1x1 + am2x2 + ... + amnxn = bm

Em matemática, o sistema linear também pode ser conceituado como um sistema de


equações do primeiro grau. Isso significa que essas equações possuem apenas polinômios de grau
1 e em cada um deles existe uma incógnita. Logo, podemos dizer que em um sistema linear não
haverá multiplicação de incógnitas, apenas soma e subtração. Ainda, podemos dizer que não há
também potência diferente de 0 ou 1. Nesse sentido, os métodos explorados a seguir tendem a
facilitar o cálculo de sistemas lineares.

9.2.2 Matrizes associadas a um sistema linear


Podemos associar um sistema linear a matrizes. Nesse caso, cada coeficiente é associado a
um termo aij da matriz, respeitando a ordem das incógnitas. Observe:

3x + 2y – z = 0
2x + y + z = 8
–3x + y + z = 3
146 Matemática aplicada

Esse sistema linear resultará em uma matriz incompleta, pois não acrescentamos os valores
colocados à frente da igualdade, apenas os valores que acompanham as incógnitas. Observe:

 3 2 1
 
A2 1 1
 3 1 1 
 
Para transformá-la em uma matriz completa, precisamos acrescentar uma coluna formada
pelos termos independentes das equações do sistema. Em uma matriz, os termos independentes
são aqueles colocados após o sinal de igual e que não estão acompanhados de incógnitas. Também
podem ser chamados de termos resultantes. Após inserirmos a quarta coluna com os termos
independentes, chamaremos essa matriz de B:

 3 2 1 0 
 
B   2 1 1 8
 3 1 1 3 
 
Um sistema em que todos os termos independentes são nulos é chamado de homogêneo.
Vejamos um exemplo:

5x + 4y – 3z = 0
–4x + 7y – 8z = 0
x2 – y + 3z = 0

Consideramos que esse sistema é homogêneo, em razão de todos os termos independentes


serem iguais a zero.

9.2.3 Classificações de um sistema


Um sistema pode ser classificado de acordo com o número de possíveis soluções. Vejamos
o exemplo:

x+y=6
3x – y = 2
x=6–y
Substituindo na segunda equação, 3 . (6 – y) – y = 2, então: 18 – 3y – y = 2. Isso resultará em
–4y = –16, logo, y = 4.
Substituindo na primeira equação, x + 4 = 6, logo x = 2.
Ao resolver esse sistema, encontramos como solução o par ordenado (2,4). Nesse caso, há
apenas essa única possibilidade de solução. Por isso, é um sistema possível e determinado.
Vejamos um sistema mais complexo:

x+y=6
2x + 3y = 14
Sistemas lineares 147

x=6–y
Substituindo na segunda equação, 2x + 3y = 14: 2 . (6 – y) + 3y = 14. Portanto, 12 – 2y + 3y
= 14, resultando em: –2y + 3y = 14 – 12. Logo, y = 2, o que permite calcular: x + y = 6, isto é, x + 2
= 6. Por fim, encontra-se: x = 4.
Podemos ter inúmeros pares ordenados resultantes do sistema, como (2,4). São infinitas as
soluções, de modo que esse é um sistema classificado como possível e indeterminado.
Agora, observe o próximo sistema:

x + y = 10
–x – y = 10

Nesse caso, ao tentar a resolução, eliminamos x e y. Logo vemos que nenhum par ordenado
satisfaz ao mesmo tempo as equações. Esse sistema não tem solução, sendo impossível resolvê-lo.

9.3 Sistemas normais


Quando um sistema apresenta o mesmo número de equações e de incógnitas, é chamado de
sistema normal, desde que seu determinante da matriz incompleta associada seja diferente de zero.
Portanto, se m = n e Det A ≠ 0, podemos dizer que o sistema é normal.

9.3.1 Regra de Cramer


A regra de Cramer define que todo sistema dito normal terá uma única solução, dada por:
Dxi
xi =
D

Nessa fórmula, devemos considerar que:


• i pertence a {1,2,3,..., n}.
• D = Det A, que se refere ao determinante da matriz associada ao sistema.
• Dxi = determinante obtido pela substituição, na matriz incompleta, da coluna i pela coluna
formada por termos independentes.
À medida que fazemos a classificação de um sistema, observando a forma como se
apresenta, podemos definir que tipo de método vamos utilizar para resolvê-lo. Em alguns casos,
só de observamos a forma como os termos se apresentam já conseguimos definir se ele tem
resolução ou não.
Como vimos, de acordo com as classificações de um sistema linear, a depender de suas
equações e incógnitas, ele pode ser de três tipos:
148 Matemática aplicada

I. Determinado e possível, se o determinante A ≠ 0, o que resulta em uma solução única.


Exemplo:

x–y+z=3
2x + y – z = 0
3x – y + 2z = 6

m.n=3

1 1 1 
 
D  2 1 1  3  0
3 1 2 
 

II. Indeterminado e possível, possuindo infinitas soluções. Exemplo:

a + 5b + 2c = 1
–2a + b + c = –2
–x + 4b + 3c = –1

D = 0; Da = 0; Db = 0; Dc = 0

III. Impossível, isto é, sem possibilidade de solução (D = 0). Exemplo:

a + 2b + c = 1
2a + b – 3c = 4
3a + 3b – 2c = 0

1 2 1  1 2 1 
   
D  2 1 3   0 Da   4 1 3   35  0
3 3 2   0 3 2 
   

9.4 Sistemas equivalentes


Se dois sistemas apresentarem o mesmo conjunto de solução, serão chamados de equivalentes.
Vejamos o exemplo:

S1 = 4x + y = 6 S2 = x+y=8
x+y=4 x–y=4

O par ordenado (x,y) = (2,2) satisfaz a ambos os sistemas. Portanto, dizemos que S1 e S2 são
equivalentes.
Sistemas lineares 149

A partir desse conceito, definem-se algumas propriedades:


a) Ao trocar de posição as equações de um sistema, outro sistema equivalente será possível.

x + y + 3z (1) x–y=5 (2)


x–y=5 (2) será equivalente a: y+z=4 (3)
y+z=4 (3) x + y + 3z (1)

b) Quando multiplicamos uma ou mais equações de um sistema por uma constante,


obtemos um sistema equivalente ao anterior.
x + 3y = 4 (1)
x–y=0 (2)

Multiplicando a equação (2) por 4, teremos:


x + 3y = 4
4x – 4y = 0

Logo, ambos os sistemas passam a ser equivalentes.


c) Se adicionarmos a uma das equações de um sistema o produto resultante de outra equação
desse mesmo sistema por um número constante, obteremos um sistema equivalente ao
anterior.
x + 3y = 5 (1)
x–y=1 (2)

Ajustamos para:
–x – 3y = –5
x–y=1
–4y = –4

x – 3y = 5
–4y = 4

Podemos observar que os resultados (x,y) representam a solução de ambos os sistemas.

9.5 Sistemas escalonados


Vários métodos podem ser utilizados para resolver sistemas lineares com escalonamento.
Os mais comuns são: o método da adição, o método da substituição e o método de Cramer, o qual
é usado, geralmente, para sistemas maiores, tipo 3 x 3, com incógnitas determinadas ou não. Para
que você possa perceber a diferença entre eles, alguns exemplos estão propostos a seguir.
150 Matemática aplicada

• Método da adição
Adiciona-se membro a membro das equações com o objetivo de calcular uma das
incógnitas. Exemplo:

x+y=7
x – 3y = –1

O primeiro passo nessa equação será multiplicar a segunda equação por (–1) e, assim,
eliminar a incógnita x. É importante ter a percepção de que qualquer operação que
consiga anular uma das incógnitas irá facilitar o cálculo.

x + y = 7 e –x + 3y = 1

Perceba que x será anulado nessa operação e sobrarão apenas as incógnitas y para serem
calculadas.

4y = 8
y=2

Substituindo o valor de y em uma das equações, teremos:

x+y=7
x+2=7
x=5

Portanto, x = 5; y = 2

• Método da substituição
O primeiro passo é escolher uma das equações dadas para isolar uma das incógnitas e, em
seguida, substituir em outra equação. Exemplo:

x + 2y = 9
3x + y = 7

Vamos isolar x, portanto x = 9 – 2y.


Agora, vamos substituir na segunda equação:

3 . (9 – 2y) + y = 7
27 – 6y + y = 7
–5y = 7 – 27
5y = 20
y=4
Sistemas lineares 151

Escolhemos, então, uma das equações para encontrar x:

x + 2y = 9
x+2.4=9
x+8=9
x=1

Portanto, x = 1; y = 4

Agora, observe o exemplo de um sistema com três equações. O fato de o número de


equações ser igual ao número de incógnitas facilitará a resolução do sistema. Logo, m (equações)
= n (incógnitas).

2x – 3y – z = 4
x + 2y + z = 3
3x – y – 2z = 1

Devemos trocar de posição a primeira equação com a segunda, para que o primeiro
coeficiente x seja igual a 1.

x + 2y + z = 3
2x – 3y – z = 4
3x – y – 2z = 1

Agora, fazemos a segunda posição pela soma da primeira equação, multiplicada por –2, com
a segunda equação.

x + 2y + z = 3
–7y – 3y = –2 → (–2)
3x – y – 2z = 1

A seguir, trocamos a terceira equação pela soma da primeira, multiplicada por –3, com a
terceira equação.
x + 2y + z = 3
–7x – 3z = –2 → (–3)
–7y – 5z = –8
152 Matemática aplicada

Por fim, anulamos os coeficientes da segunda incógnita a partir da terceira equação, e


trocamos a terceira equação pela soma da segunda, multiplicada por –1, com a terceira equação.

x + 2y + z = 3
–7x – 3z = –2 → (–1)
–2z = –6

Com isso, já encontramos o valor de z na última equação, que é 3. Agora, basta substituí-lo
para encontrar y.

–2z = 6, logo, z = 3
–7y – 3 . (3) = –2
–7y – 9 = –2
y = –1

Por fim, como temos y, acharemos o valor de x.

x + 2 . (–1) + 3 = 3
x–2+3=3
x=2

Portanto, x = 2, y = –1 e z = 3.
Vamos avançar, agora, para um sistema mais complexo, com três equações e quatro incógnitas.
Dado o sistema:

a+b+c–d=6
2a + b – 2c + d = –1
a – 2b + c + 2d = –3

Observe que o número de equações é menor que o número de incógnitas. Logo, m < n.
Anulamos todos os coeficientes da primeira incógnita a partir da segunda equação. Então,
trocamos a segunda equação pela soma do produto da primeira equação por –2 com a segunda
equação. Vejamos:

a+b+c–d=6 a+b+c–d=6
2a + b – 2c + d = –1 → (–2) → –b – 4c + 3d = –13
a – 2b + c + 2d = –3 a – 2b + c + 2d = –3
Sistemas lineares 153

Trocamos a terceira equação pela soma do produto da primeira equação por –1 com a
terceira equação.

a+b+c–d=6 a+b+c–d=6
–b – 4c + 3d = –13 → (–1) → –b – 4c + 3d = –13
a – 2b + c + 2d = –3 –3b + 0d + 3d = –9

Na sequência, anulamos os coeficientes da segunda incógnita a partir da terceira equação.


Trocamos a terceira equação pela soma do produto da segunda equação por –3 com a terceira
equação.

a+b+c–d=6 a + b + c – 3d = 6
–b – 4c + 3d = –13 → (–3) → –y – 4c + 3d = –13
–3b + 0d + c = 9 12c – 6d = 30

Dessa forma, está feito o escalonamento do sistema. Como m < n, sabemos que o sistema
é possível e indeterminado, por isso admitem-se infinitas soluções. Chamamos de grau de
indeterminação (GI) a diferença entre o número de incógnitas e o de equações de um sistema
nessas condições.
GI = n – m = 4 – 3 = 1
Se o grau de indeterminação é 1, atribuímos a uma das incógnitas um valor ᾱ, supostamente
conhecido, e resolvemos o sistema em função desse valor. Sendo d = ᾱ, substituindo esse valor na
terceira equação, por exemplo, teremos:

12c 6 ᾱ = 30

30 6ᾱ 5 ᾱ
12c 30 6 ᾱ c
2 2

Verificados os valores c e d, podemos substituí-los na segunda equação:

5 ᾱ
b 4 3 ᾱ = 13
2

b 10 2 ᾱ 3 ᾱ = –13

b ᾱ 13 10

b ᾱ 3

b ᾱ 3
154 Matemática aplicada

Agora que já conhecemos b, c e d, podemos substituí-los na primeira equação para encontrar


o valor de a.

5 ᾱ
a ᾱ 3 ᾱ= 6
2

2a 2ᾱ 6 5 ᾱ 2ᾱ = 12

2a 2ᾱ 11 12

2a 1 ᾱ

a 1 ᾱ :2
Os sistemas lineares podem ser ainda maiores, como 4 x 4, 5 x 5 etc. Porém, quanto maiores,
mais complexos são em suas resoluções. Atualmente, temos ferramentas computacionais que
facilitam o trabalho de resolução de grandes sistemas.
Para entender melhor esse método, vejamos alguns exemplos resolvidos.
1. Escalone e resolva os seguintes sistemas lineares:
a) Sistema linear básico tipo 2 x 2.
x + 3y = 0
3x + 5y = 0

Solução:
Multiplicamos a primeira equação por (–3):

–3x + 9y = 0
3x 5y  0
4 y  0
Substituindo na primeira equação:
x + 3y = 0
x + 3 . (–4) = 0
x – 12 = 0
x = –12

S = (–12;0)

b) Sistema de 3 equações e 3 incógnitas, 3 x 3.

a + 2b + c = 9
2a + b – c = 3
3a – b – 2c = – 4
Sistemas lineares 155

Solução:

a + 2b + c = 9
2a + b – c = 3 ← multiplicamos por (–2)
3a – b – 2c = –4 ← multiplicamos por (–3)

a + 2b + c = 9
–3b – 3c = –15
–7b – 5c = –31

Podemos simplificar para reduzir os elementos, sem modificar o valor final:

a + 2b + c = 9
–3b – 3c = –15 ← divisível por (–3)
–7b – 5c = –31

a + 2b + c = 9

a + 2b + c = 9
b+c =5
–7b – 5c = –31 ← multiplicamos por 7

a + 2b + c = 9
b+c =5
2c = 4

c=2
Substituindo na primeira e na segunda colunas, teremos b = 3 e a = 1, portanto
S = (1,2,3).

Agora, para facilitar a compreensão, vamos proceder com a aplicação da regra de Cramer,
determinando x e y na equação:

x + 2y = 9
3x + y = 7

Tornando esse sistema uma matriz, teremos: A . B = C

1 2   x   9 
   
3 1   y  7 
156 Matemática aplicada

det  A x 
x
det  A 

y
 
det A y
det  A 

Calculando o determinante da matriz incompleta, teremos:

1 2 
det  A      1 1  2  3  5
3 1 

Para obter a matriz Ax, é necessário substituir a primeira coluna da matriz A, na qual estão
os coeficientes de x, pela coluna da matriz C.

9 2 
Ax     9 1  2  7  5
7 1 

Agora, façamos o mesmo com a matriz Ay, substituindo a segunda coluna da matriz A:

1 9 
Ay     1  7  9  3  20
3 7 

det(A x ) 5
x  1
det(A) 5

det(A y ) 5 1
y  
dett(A) 20 4

Os exercícios apresentados foram resolvidos de forma mais fácil quando lançamos mão
do uso de determinantes. Os determinantes são uma importante propriedade das matrizes e têm
especial relevância para os conceitos apresentados até então.

Considerações finais
As matrizes e determinantes, quando aplicadas à engenharia, à estatística e a outras áreas
complexas do conhecimento, reduzem demasiadamente o tempo para se chegar à solução de
situações-problema. Cálculos de medição, como os utilizados na construção de um prédio, por
exemplo, irão demandar a análise de múltiplas equações ao mesmo tempo. Ainda, essa análise
é importante para estabelecer a equação ajustante de uma parábola em estatística, em que se faz
necessário elaborar sistemas de equações com muitas incógnitas.
Sistemas lineares 157

Ampliando seus conhecimentos


• SILVEIRA, J. F. Porto da. Surgimento da teoria das matrizes. UFRGS. Disponível em:
www.mat.ufrgs.br/~portosil/passa3b.html. Acesso em: 3 out. 2019.
O texto indicado elucida o surgimento e a história da teoria das matrizes. Trata-se de um
portal da UFRGS, que disponibiliza também outros textos pertinentes sobre o assunto.

• EXCEL trabalhando com matrizes. 2015. 1 vídeo (19 min.). Publicado pelo canal Wesley
Matos – Excel Man. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nJ1t8qbVA9s.
Acesso em: 3 out. 2019.
Vale a pena conhecer as videoaulas sobre matrizes e determinantes desenvolvidas pelo
professor de computação gráfica Wesley Matos. Com exemplos práticos, o professor
apresenta o passo a passo da construção de matrizes e determinantes utilizando a
ferramenta Microsoft Excel.

Atividades
1. Obtenha matriz transposta Bt a partir da matriz B:

1 2
 
B  4 1
0 3
 

2. Obtenha a matriz oposta de A:

 1 4 
A 
 4 1

3. Faça a adição das matrizes M e N e encontre o resultado chamado matriz P.

3 3 6 2 
M  N  
2 5  1 4 

4. Dadas as matrizes a seguir, obtenha A – B.

6 3   1 2 
AB    
3 4  7 0 

5. Resolva a matriz B = x . A, isto é, multiplique um número inteiro por uma matriz.

8 7 
B  3  
6 5 
158 Matemática aplicada

6. Determine o conjunto-solução do sistema linear a seguir:

3x + y = 13
x + 2y = 16

7. Usando o método da substituição, determine o conjunto-solução do sistema a seguir:

3x + y = 11
x + 2y = 7

8. Usando a resolução por meio de determinantes, com a regra de Cramer, resolva o mesmo
sistema anterior.

3x + y = 11
x + 2y = 7

9. Determine o conjunto-solução do sistema 3 x 3 a seguir utilizando o método da adição.

x+y+z=9
3x – 2y – z = –4
2x – 3y + 2z = 3

10. Determine o conjunto-solução do sistema 3 x 3 por escalonamento utilizando a regra de


Cramer.

x + 2y + z = 0
2x – y + 3 = 1
–x + 3y + z = –2
10
Funções polinomiais, limites e derivadas

Este capítulo está organizado em três partes. A primeira tratará das funções polinomiais,
que é um pré-requisito de pré-cálculo para desenvolvermos as duas etapas finais, denominadas
limites e derivadas. Nosso objetivo será descrever o comportamento de uma ou mais funções à
medida que seu argumento se aproxima de determinado valor. Entende-se por argumento o ângulo
formado pelo eixo positivo do plano cartesiano e a função.
Na segunda parte deste capítulo veremos técnicas para o cálculo de limites e propriedades
relevantes. Finalmente, na terceira parte chegaremos às derivadas. É válido observar que o conceito
de derivadas relaciona-se à taxa de variação instantânea de uma função e que, na prática, está
muito presente no cotidiano das pessoas e empresas. As técnicas de derivação possibilitam, por
exemplo, a análise da taxa de crescimento de uma população, a variação de custos e demandas em
uma empresa. Logo, os três temas são fundamentais e aplicáveis.

10.1 Funções polinomiais


Observe a soma: an xn + an – 1xn – 1, ..., a0. Cada monômio dessa soma é um termo do polinômio.
Normalmente, a forma padronizada de escrever uma função polinomial é com os seus
termos em graus decrescentes. Na fórmula, observamos, ainda, que as constantes an, an–1, ..., a0 são
os coeficientes do polinômio.
Chamamos o termo an xn de central ou principal, e a0 de termo constante ou independente. É
importante saber que n é sempre um número inteiro e não negativo.
Podemos dizer que toda função polinomial é definida e contínua para os números reais. As
funções polinomiais ainda podem ser classificadas e caracterizadas de acordo com o seu grau, que
corresponderá ao valor do maior expoente da variável do polinômio.
São chamadas de funções de grau 1, ou n = 1, aquelas dadas por P(x) = a0x0 + a1x1, que
será igual a a0 + a1x. A função f(x) = 4x + 1, por exemplo, é polinomial de grau 1, dada por dois
monômios.
Nas funções polinomiais de grau 2, a sua representação é parabólica e o termo a sempre
estará ao quadrado. A função f(x) = 5x2 + 4x + 2, por exemplo, é polinomial de grau 2 e representada
por três monômios.
160 Matemática aplicada

Vejamos funções polinomiais de outros graus:


f(x) = 10 → Nesse caso não há variável, mas podemos considerá-la com grau 0. Logo, é uma
função constante.
f(x) = 0 → Não há grau.
As funções polinomiais têm múltiplas aplicações, das mais simples utilizadas em química,
física, biologia e ciências sociais, às mais complexas usadas na engenharia, no cálculo numérico
e na economia. Além disso, podem ser representadas graficamente. Avaliemos alguns exemplos:
1. O gráfico de um grau de um polinômio (ou função linear) é dado por f(x) = a0 + a1x,
em que 1 ≠ 0. É uma linha oblíqua com coeficiente linear igual a 1 e coeficiente angular
igual a1.
Gráfico 1 – Função de grau 1 dada por y = 2x + 1

10 x y

0 1
8
1 3

2 5
6
3 7
4 4 9

0
0 1 2 3 4 5
Fonte: Elaborado pelo autor.

2. O gráfico de um polinômio de grau 2, dado por y = x2 – x – 2, define uma parábola.


Gráfico 2 – Função de grau 2 dada por y = x2 – x – 2
5
x y
4 2 0

3 1 –2

0 –2
2
–1 0
1
–2 4
0
–4 –2 0 2 4
–1

–2

–3
Fonte: Elaborado pelo autor.
Funções polinomiais, limites e derivadas 161

3. O gráfico do polinômio de grau 3 representará sempre uma curva cúbica.


Gráfico 3 – Função de grau 3 dada por y = 4x3 – 3x2 – 5x

x y
4
2 10

1 –3
2 0 0

–1 –2

–2 –34
–4 –2 0 2 4 6

–2

–4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos observar que os Gráficos 1, 2 e 3 são totalmente distintos, dependendo do grau da


função.
A partir do grau das equações polinomiais, também definimos quantas raízes tem em cada
uma delas.
Vejamos outros exemplos:
(x – 1)2 = 0, logo (x – 1) . (x – 1) = 0
Portanto, admite duas raízes reais iguais a 1.

(x – 1)5 = 0, logo (x – 1) . (x – 1) . (x – 1) . (x – 1) . (x – 1) = 0
Então, temos cinco raízes.

10.2 Multiplicidade de uma raiz


Nas equações algébricas, as raízes podem ser todas distintas ou não. Dependerá de como
cada equação se apresenta. A multiplicidade define o grau da junção dos termos comuns.

Exemplo 1:
Na equação (x – 4)2 . (x + 3)3 . (x – 1) = 0, teremos:
(x – 4) . (x – 4), logo, 4 é uma raiz dupla ou de multiplicidade 2.
(x + 3) . (x + 3) . (x + 3), então, –3 é uma raiz tripla ou de multiplicidade 3.
(x – 1), portanto, 1 é uma raiz simples ou de multiplicidade 1.
162 Matemática aplicada

Exemplo 2:
Vejamos a equação p(x) = 8 . (x + 4) . (x – 7) . (x – 5) . (x + 4) . (x – 7) . (x + 4)
8x + 32 = 0
8x = –32
Logo, x = –4
x – 7 = 0, portanto, x =7
x – 5 = 0, portanto, x = 5
x + 4 = 0, portanto, x = –4
x – 7 = 0, portanto, x = 7
x + 4 = 0, portanto, x = –4

Assim, p(x) é o produto da constante 8 por 6 fatores de primeiro grau. Podemos dizer que é
de sexto grau e as raízes são: –4, 7, 5, –4, 7 e –4.
Em que:
–4 é raiz tripla ou de multiplicidade 3.
7 é raiz dupla ou de multiplicidade 2.
5 é raiz simples ou de multiplicidade 1.
Então: p(x) = 8 . (x + 4)3 . (x – 7)2 . (x – 5)

Vamos aplicar esses novos conhecimentos à resolução dos exercícios a seguir:


1. Uma pessoa vai viajar para os Estados Unidos e está avaliando três planos de internet
para escolher o mais viável.
• Plano 1: R$ 35,00 de taxa fixa + R$ 0,50 por hora utilizada efetivamente.
• Plano 2: R$ 20,00 de taxa fixa + R$ 1,90 por hora utilizada efetivamente.
• Plano 3: sem custo de taxa fixa + R$ 3,95 por hora efetivamente utilizada.

Qual será o plano mais interessante para uma pessoa que utilizará 7 horas? E se o utilizar
acima de 30 horas, esse plano continuará interessante?

Solução:
Podemos definir as funções de cada plano utilizando as funções polinomiais de primeiro
grau.

Primeiro para 7 horas:


Plano 1: R$ 0,50 . 7 + R$ 35,00 = R$ 38,50
Plano 2: R$ 1,90 . 7 + R$ 20,00 = R$ 33,30
Plano 3: R$ 3,90 . 7 + R$ 0,00 = R$ 27,30
Funções polinomiais, limites e derivadas 163

Agora para 30 horas:


Plano 1: R$ 0,50 . 30 + R$ 35,00 = R$ 50,00
Plano 2: R$ 1,90 . 30 + R$ 20,00 = R$ 77,00
Plano 3: R$ 3,90 . 30 + R$ 0,00 = R$ 117,00

Se a pessoa utilizar apenas 7 horas, o plano 3 é mais interessante. Mas em um tempo


maior, como 30 horas, o plano 1, mesmo com uma taxa adicional, é muito melhor. Logo,
podemos dizer que o plano 3 é melhor somente em curtos períodos.

2. Defina, em função de m, o grau de p(x) = (m – 2) x4 + (m2 – 4) x5 + 3x2 – 1.

Solução:
O monômio com maior grau é o que tem o elemento x5. Logo, para o grau dessa função
ser igual a 5, m2 – 4 deve ser diferente de zero.
m2 – 4 será igual a zero quando m2 = 4, logo m = +–2.
Quando m é igual a –2, o grau de p(x) = 4.
Quando m for igual a +2, o primeiro e segundo termo somem, então, o termo que terá
maior grau será 3x2. Logo, o grau de p(x) = 2.
E se m for ≠ de –2 e +2, o (m2 – 2)2 será ≠ 0. O grau de p(x), então, será igual a 5.

3. Sendo a equação (x3 – x2 + x – 1)30 = 0, determine a multiplicidade da raiz x = 1.

Solução:
P(x) = [x2(x – 1) + 1(x – 1)]30
P(x) = [(x – 1) . (x2 + 1)]30
P(x) = (x – 1)30 . (x2 + 1)30 = 0
Como (x – 1)30 = 0, temos que 1 é raiz de multiplicidade 30.

É válido ressaltar que, atualmente, existem tecnologias avançadas para observar o


comportamento de várias funções polinomiais simultaneamente e fazer boas aproximações
entre elas. Isso possibilita agilidade na resolução de problemas com maior grau de precisão,
especialmente em engenharias e na construção civil.

10.3 Princípio da indução finita


Vamos iniciar esse assunto conhecendo uma propriedade curiosa sobre os números ímpares.
Se somarmos apenas um número ímpar, por exemplo, o resultado da soma será ele mesmo, isto é,
1 = 1. Se somarmos os dois primeiros números ímpares, será 1 + 3 = 4; os três primeiros, 1 + 3 + 5
= 9; por fim, os quatro primeiros ímpares, 1 + 3 + 5 + 7 = 16.
164 Matemática aplicada

A essa altura, podemos observar um padrão de construção. É bem provável que a regra a
balizar essa construção descreva que a soma dos n primeiros números ímpares será igual a n2. Para
validarmos essa regra, contudo, teríamos que testá-la para todos os naturais, o que seria praticamente
impossível. Para testar esse padrão, há várias maneiras. A mais comum, que conheceremos a seguir,
chama-se princípio da indução finita.
Imagine-se posicionando peças de um dominó em pé, construindo uma reta ou curva. Se a
distância entre as peças for adequada, ao empurrar uma, poderemos vê-la derrubando a peça à sua
frente, que derrubará outra, e outra, até o fim da série. Essa imagem nos ajuda a entender o que é a
indução finita, cujo princípio se baseia em duas ideias.
A primeira ideia se chama passo indutivo. Em analogia ao dominó, significa dizer que se
uma peça cair sobre outra, então essa também cairá. Essa afirmação, é claro, não garante que todas
as peças venham a cair.
A segunda ideia se chama base, que se refere, nesse exemplo, à primeira peça de dominó que
cairá. Juntando ambas as ideias, podemos garantir que todo o dominó cairá. Mas a base não precisa
ser necessariamente a primeira peça, poderia ser a sétima ou qualquer outra.
Voltando ao nosso problema inicial, vamos usar o princípio da indução finita para demonstrar
que a soma dos primeiros números naturais ímpares é dada por n2. Reescrevendo essa afirmação
em linguagem matemática, temos:
1 + 3 + 5 + ... + (2n – 1) = n2, sendo (2n – 1) o enésimo termo.
Base = 1, então 12.
Hipótese: podemos avaliar que essa propriedade funciona para um determinado valor de n,
ou seja, n = k.
Tese: se funcionar para k, funcionará também para k + 1.
Vamos observar agora outro exemplo:
12 = 1
12 + 22 = 5
12 + 22 + 32 = 14
12 + 22 + 32 + 42 = 30
Se estendemos essa soma para uma quantidade n de números naturais, o resultado será:

n   n  1   2n  1
12  22  ...  n2 
6
Vamos testar:
n soma
n   n  1   2n  1 1  1  1   2 1  1
1  1
6 6

2   2  1   2  2  1
2 5
6
Funções polinomiais, limites e derivadas 165

O fato de testarmos e ter dado certo para os dois primeiros n, no entanto, não significa que
possamos afirmar que dará certo para todos os números naturais. Como essa é uma propriedade
associada aos números naturais, um bom método para verificar se funciona a todos os números é
usar também o princípio da indução finita.
Primeiramente, vamos verificar a base como fizemos no primeiro exemplo.

1  1  1   2 1  1
Base: para n  1
6

Hipótese: admitir que a fórmula funciona para um determinado número natural, que
k   k  1   2k  1
chamaremos de k. Assim, se somarmos 12  22  32  ...k 2 
6
Logo, 1  2  3  ...  k    k  1 
2 2 2 2 2

 k   k  1   2k  1 
  k  1
2

k   k  1   2k  1  6   k  1
2

 k  1   k 
Portanto,   2k  1  6   k  1
6

Fazendo a propriedade distributiva 2  k  1  2k


 k  6k  6  , podemos usar o 7K e
6 
redistribuí-lo, pois isso viabilizará a fatoração por agrupamento:

 k  1  2k 2
 3k  4 k  6 
6 

 k  1   k
  2x  3  2  2k  3
6

 k  1   k  2    2k  3
Observe que essa expressão representa nossa regra inicial, substituindo o n por (k + 1).

n   n  1   2n  1  k  1   k  2    2k  3
Portanto, 
6 6

Dessa forma, mostra-se que a regra vale para 1 e, se vale para o natural k, vale para k + 1.
Logo, funcionará para qualquer número natural.
Agora vamos aplicar o princípio da indução finita para resolver dois problemas de igualdade.
1. O primeiro deles será provar que 3 divide 5n + 2 . 11n. Ou seja, expressões nesse formato
são sempre divisíveis por 3.
Base: n = 1, então 5 + 2 . 11 = 27, que realmente é divisível por 3. Na base, portanto,
funcionou.
166 Matemática aplicada

Hipótese de indução: admitimos que essa expressão é divisível por 3 para um determinado
número natural, que podemos representar por k. Assim, podemos escrever: 5k + 2 . 11k
será divisível por 3.
Agora vamos provar que 5k + 1 + 2 . 11k + 1 também é divisível por 3.
5 . 5k + 2 . 11 . 11k
5 . (5k + 2 . 11k) + 6 . 2 . 11k
Divisível por 3 Com certeza
por indução divisível por 3

Logo, se a expressão é divisível por 3 por um número inteiro positivo (6), será também
divisível o sucessor. Ou seja, o fato de valer para k demonstra que vale também para k + 1.

2. Agora vamos para mais uma aplicação com uma soma curiosa, usando os fatoriais:

1 . 1! = 1
1 . 1! + 2 . 2! = 5
1 . 1! + 2 . 2! + 3 . 3! = 23

Vamos estender um pouquinho mais essas observações:

1 . 1! + 2 . 2! + 3 . 3! + 4 . 4! = 119

Em todas essas linhas, o resultado obtido é sempre uma unidade a menos do que o
próximo fatorial, ou seja:

1 . 1! = 1 → 2! – 1
1 . 1! + 2 . 2! = 5 → 3! – 1
1 . 1! + 2 . 2! + 3 . 3! = 23 → 4! – 1
1 . 1! + 2 . 2! + 3 . 3! + 4 . 4! = 119 → 5! – 1

Dizemos, assim, que essas expressões podem ser dadas por (n + 1)! – 1.
Vamos provar que:
n
 k  k !   n  1!  1
k 1

Base: (n = 1)
Hipótese: 1 . 1! + 2 . 2! + ... + p . p! = (p + 1! – 1)
Nosso objetivo é demonstrar que essa mesma propriedade vale para o próximo, ou seja,
p + 1.

1 . 1! + 2 . 2! + ... + p . p! + (p + 1) . (p + 1)!
Logo, (p + 1) – 1 + (p + 1) . (p + 1)!
Funções polinomiais, limites e derivadas 167

Colocando em evidência:
(p + 1)! . (1 + p + 1) = 1
= (p + 2)! – 1
Para praticar um pouco mais esses conceitos, vamos analisar alguns exercícios resolvidos
por indução finita a seguir.
1. Provar por indução matemática que:
1 + 3 + 5 + ... + (2n – 1) = n . n ≥ 1

Solução:
O primeiro passo é definir a base e a hipótese que queremos demonstrar.

Base: para n = 1, então 1 = 12. O passo base é verdadeiro.


Hipótese: sendo a fórmula verdadeira para n = k . k ≥ 1, então deve ser verdadeira para
n = k + 1.
Ou seja, 1 + 3 + 5 + ... + (2k – 1) = k . k ≥ 1

Deve-se mostrar que:


1 + 3 + 5 + ... + (2k – 1) + (2k + 1) = (k + 1)2 . k ≥ 1

Portanto, sabe-se que:


1+ 3 + 5 + ... + (2k – 1) + (2k + 1) = k2 + (2k + 1) = (k + 1)2

2. Provar por indução matemática que:


2 . 1 + 2 . 2 + 2 . 3 + ... + 2n = n2 + n, sendo n ≥ 1.

Solução:
Base: para n = 1, então 2 . 1 = 2 e 12 + 1 = 2. Logo, verdadeira.
Hipótese: 2 . 1 + 2 . 2 + 2 . 3 + ... + 2k = k2 + k = k . (k + 1) com k ≥ 1.

Queremos mostrar que:


2 . 1 + 2 . 2 + ... + 2k + 2(k + 1) =
(k + 1)2 + (k + 1) =
(k + 1) . [(k + 1) + 1] =
(k + 1) . (k + 2), sendo k ≥ 1

Portanto, sabe-se que:


2 . 1 + 2 . 2 + ... + 2k + 2(k + 1) =
k(k + 1) + 2(k + 1) =
k2 + k + 2k + 2 =
k2 + 3k + 2 =
(k + 1) . (k + 2)
168 Matemática aplicada

Vimos como as induções matemáticas são importantes para testar raciocínios lógicos na
avaliação das proposições. Uma indução é usada, portanto, para demonstrar a verdade de um
número infinito de proposições.

10.4 Limites
Para iniciar o entendimento de limites é necessária uma compreensão prévia do conteúdo
de funções, que são a base para esse estudo. Os limites são muito utilizados em geografia, cálculos
populacionais, de território, computação, engenharia, economia etc., de modo a serem um conceito
de importante domínio.
Observe a função A = f(x) = x2.
Gráfico 4 – Representação da função parábola f(x) = x2
10
eixo y

9 9
9

5
4 4
4
3

2
1 1
1
0
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5
eixo x
Fonte: Elaborado pelo autor

Essa parábola está representando a área da função. Agora vamos atribuir para x o valor 3 e,
calculando o resultado, teremos f(3) = 32 = 9.
A seguir, a parábola representada com as novas informações:
Gráfico 5 – Parábola f(x) = x2, delimitada por x = 3

10
eixo y

9 9
9

5
4 4
4
3

2
1 1
1
0
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5
eixo x
Fonte: Elaborado pelo autor
Funções polinomiais, limites e derivadas 169

Observe que quando x assume o valor 3, no eixo y o valor correspondente é 9. Agora já


temos condições de entrar na ideia intuitiva de limites.

10.4.1 Ideia intuitiva de limites


Na introdução das ideias de limites será possível observar que não nos interessa a função
quando x é igual a 3. Poderá haver situações em que a função não estará nem definida quando x for
igual a 3. O que nos interessa em relação a limites é quando x está na “vizinhança” daquele valor 3
do gráfico, isto é, os valores de x se aproximando do valor 3 a partir dos valores menores que 3 e
dos valores maiores que 3. Com isso poderemos perceber para qual valor a tendência dessa função
se direciona. Esse valor que a função tende a assumir é chamado limite.
Observando nosso próximo gráfico, vamos imaginar valores de x vindo da esquerda. Note
que esses valores de x vão determinar novas áreas da função. Quanto mais esse valor de x se
aproximar de 3, o valor da nova área da função ficará mais próxima de 9, e isso irá acontecer a cada
vez que x se aproximar de 3.
Gráfico 6 – Aproximações para f(x) = x2 pela esquerda

10
eixo y

9 9
9

5
4 4
4
3

2
1 1
1
0
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5
eixo x
Fonte: Elaborado pelo autor.

Você percebeu que essas aproximações foram feitas a partir de valores menores que 3, ou
pela esquerda, mas essa aproximação também poderá se dar pela direita, pois podemos ter valores
de x que são maiores que 3, mas que irão cada vez mais se aproximar de 3. Observando o gráfico
novamente, vamos perceber uma área maior partindo um pouquinho acima de 3 até acima de 9
no eixo y.
170 Matemática aplicada

Gráfico 7 – Aproximações para f(x) = x2 pela direita

16 16
16

eixo y
15
14
13
12
11
10
9 9
9
8
7
6
5
4 4 4
3

1 2
1
1
0
0
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5
eixo x
Fonte: Elaborado pelo autor.

Cada vez mais que o x se aproximar de 3 pela direita, mais próxima a área ficará de 9 em y.
Finalizando, então, podemos dizer que quando o limite da função y = x2 tende para 3, seu resultado
será igual a 9. Se essa função representasse uma folha de alumínio de 3 cm em um dos lados, a área
que é dada por x2 se aproximaria de 9 cm2 como limite para a função. Logo, utilizando a notação
matemática, temos:

lim x 2  9
x 3

Em que a notação “x → 3” indica que x tende para 3 e “lim” representa limite de.

10.4.2 Propriedades dos limites


As propriedades de limites são regras que simplificam os procedimentos para se chegar aos
resultados das operações. Estudar essas propriedades facilitará a teoria apresentada a partir desse
momento. Alguns limites podem ser calculados por manipulação algébrica.

Sendo lim f (x ) e lim g(x ), e considerando c um número real qualquer (constante), então:
x→a x→ a

a. lim [f (x )  g  x ]  lim f (x )  lim g(x )


x a x a x a

b. lim [c  f  x ]  c  lim f (x )
x a x a
Funções polinomiais, limites e derivadas 171

Perceba que no item a) aplicamos a propriedade distributiva. Nele, vemos a propriedade da


soma ou da diferença dos limites de duas funções. Já o item b) mostra a constante que multiplica
uma função.
c. lim [f  x   g  x ]  [lim f ( x)] : [lim g( x)]
x a x a x a

d. [lim f  x  : lim g  x ]  lim f (x ) : lim g(x ), desde que lim g(x )  0


x a x a x a

A forma de fazer o item c) é muito parecida com o item a). É a separação dos dois limites.
Dizemos então que o limite do produto de duas funções é igual ao produto dos limites dessas
funções. No item d), o denominador precisa ser diferente de 0 para não anular toda a função.
e. lim [f  x  ]n  [lim f  x  ]n
x a x a

Nessa propriedade temos o limite da potência de uma fração. Todo o limite da função f(x)
estará elevado à potência n.
f. lim
n
f  x   n lim f  x 
x a x a

Se lim f  x   0,
x a

n é um inteiro positivo. Mas se o limite da função for menor ou igual a zero, n será um
inteiro positivo ímpar.
g. lim | f  x  |  | lim f  x  |
x a x a

Em relação ao limite do módulo de uma função, basta colocá-lo inteiro no interior do


módulo.
h. lim c  c
x a

O limite de uma constante é a própria constante.


i. lim x  a
x a

O limite de x, quando x tende para a, é o próprio valor a.

Vistas as propriedades de limites, observe como elas facilitam os cálculos ao serem utilizadas
na resolução dos exercícios a seguir. Vale ressaltar que, para maior praticidade, sempre que há um
limite tendendo a determinado valor significa que ele se aproxima daquele valor. Por isso a função
se aproximará do valor que se obtém substituindo x. Porém não é isso que ocorre. Não podemos
dizer que há uma substituição, e sim que os valores tendem para um valor infinitesimalmente
próximo de um x qualquer dado.

1. Seja lim f (x )  9 e lim g(x )  4


x 3 x 3

a) lim [3  f (x )  2  g(x )] 
x 3
172 Matemática aplicada

Solução:
Note que no interior dos colchetes o que temos é a adição de duas funções. Logo, o primeiro
passo é separá-las:
lim 3  f (x )  lim 2  g(x )  3  lim f ( x)  2  lim g( x)
x 3 x 3 x 3

Agora basta substituir os limites:


3 · 9 + 2 · 4 = 27 + 8 = 35
b) lim  f (x )  g(x )
x 3

Solução:
Observe que no radicando temos duas funções: f(x) e g(x). Logo, se f(x) = 9 e g(x) = 4, temos:

lim f ( x)  lim g(x )  9  4  36  6


x 3 x 3

c) lim [| f (x ) : g(x ) |]
x→ 3

Solução:
Temos duas funções sendo divididas e modulares.
Logo: | lim f (x ) : g(x ) |
x→ 3

Como temos o limite relacionado a uma fração, ele será o limite tanto da função quanto do
denominador. Vejamos na forma de fração para facilitar o entendimento:
| lim f (x ) | : | lim g(x ) |  | 9 : 4 |  9 : 4
x 3 x 3


2. Resolva a função: lim 4 t 2  5t  7
t 2

Solução:

Primeiramente, vamos separar em três limites.

lim 4 t 2  lim 5t  lim 7, portanto,


t 2 t 2 t 2

4 lim t 2  5 lim t  7 

Lembre-se de que o limite de uma constante é a própria constante 7. Logo:

4 (lim t)2  5 (lim t)  7  4  22  5  2  7  19


t 2 t 2

3. Resolva a função:

x 4  x2  1
lim
x 2 22  5
Funções polinomiais, limites e derivadas 173

Solução:
Como é uma função polinomial simples, basta substituir a variável x pelo limite x → 2.

x 4  x 2  1 16  4  1 19
lim  
x 2 22  5 45 9

4. Resolva a função:

y 2  5y  3
lim 3
x 2 y2 1

Solução:

32  5  3  3
3
32  1

9  15  3 3 27 3
3  
9 1 8 2

10.4.3 Limites laterais


Continuando os estudos de limites, vamos ver agora especificamente os limites laterais.
Consideremos f(x) definida em um intervalo aberto (a, b), onde a < b. Se f(x) se aproximar
cada vez mais de L, à medida que x se aproximar de a nesse intervalo, dizemos que L é o limite
lateral à direita da função f.
Assim, escrevemos: lim f (x )  L
x a
Usaremos x = a para indicar que os valores de x são sempre maiores que a.
+

Gráfico 8 – Representação de limites laterais

a b x
Fonte: Elaborado pelo autor.

Observamos que o Gráfico 8 mostra função na qual a tem valor menor que b, e essa função
está definida apenas para esses valores de x. Esses valores, porém, não são nem a nem b. Por essa
razão, o intervalo é aberto.
Vamos imaginar que tomando um valor de x entre a e b, e substituindo o valor na função f,
encontraremos a imagem da função.
174 Matemática aplicada

Gráfico 9 – Determinando a imagem da função

f(x) f

a x b x
Fonte: Elaborado pelo autor.

Logo, f(x) será a imagem da função f para o valor de x.


Em nossa definição está escrito que, caso f(x) se aproxime cada vez de L à medida que x se
aproximar de a nesse intervalo, podemos dizer que L é o limite lateral à direita da função f.
Gráfico 10 – Demonstração da aproximação de x para a e de f(x) para L

f(x)

a x b x
Fonte: Elaborado pelo autor.

Cada vez que aproximarmos o valor f(x) de a, mais próximo também ficará de L. Então
podemos dizer que L é o limite da função à direita, quando x tende para a. Logo, os valores de x
serão sempre maiores que o valor a por estarem à direita.
No estudo dos limites não nos interessa saber o que ocorre quando a função é exatamente
a. Só interessa saber como se dão as aproximações em relação ao valor a. De maneira análoga,
procedemos com o mesmo raciocínio para a esquerda, e aí escrevemos lim f (x )  L .
x  a
Vamos acompanhar alguns exemplos de observação:

1. Dada a função f(x) = x, se x ≥ 1 e –x; se x < 1. Determine os limites: lim f (x ) e lim f (x ) .


x  1 x  1
Solução:
Primeiramente vamos fazer a observação para o limite de f(x), quando x tende para o valor
1 pelo lado direito. Então escrevemos lim f (x ) .
x  1

1 x
Funções polinomiais, limites e derivadas 175

Os valores de x tendem ao valor 1 pelo lado direito, isto é, estão cada vez mais próximos ao
valor 1. Portanto, podemos dizer que: lim x se x tende a 1 pelo lado direito, quando o seu
valor será: lim x  1
x  1

Agora vamos observar à esquerda:

1 x

Logo, lim x  1
x  1

Temos, então:
lim x  1 e lim x   x  1
x  1 x  1

A função f(x), portanto, será igual a –x quando x for representado por valores menores que 1.
Se organizarmos essas informações no plano cartesiano, temos:
Gráfico 11 – Representação de lim x  1
x  1

f(x) = x

1 x

Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 11, a função f(x) é uma função identidade que passa por 0,0. Interessa-nos, no
entanto, apenas o valor 1 ou os valores maiores que 1. Portanto, bolinha fechada.

Gráfico 12 – Representação de lim x  1


x  1

f(x) = x

f(x) = –x 1

1 x
–1

Fonte: Elaborado pelo autor.


176 Matemática aplicada

Ao juntarmos as duas informações, temos o gráfico final do exemplo:

Gráfico 13 – Representação final de lim x  1 e lim x  1


x  1 x  1
f(x) = x

f(x) = –x 1

1 x
–1

Fonte: Elaborado pelo autor.

2. Determine os limites de lim f (x ) e lim f (x ) para a função:


x  2 x  2

f (x)  x  2

Solução:
O primeiro passo é observamos o comportamento dos valores em cada linha de representação.
Primeiro para x → 2+ e, em seguida, para x → 2–.

lim f (x )  lim x  2  lim 2  2  0


x  2 x  2 x  2

2 x

lim (x )  lim x  2 Não existe


x  2 x  2

2 x

Neste caso temos um limite lateral positivo que vale 0 e um limite lateral negativo que não
existe.

Observação: não existe no conjunto dos números reais uma raiz quadrada
de número negativo. Mas, vale ressaltar, a raiz quadrada de números
negativos pode existir no conjunto dos números complexos, chamados
de números imaginários e aplicados em várias áreas – engenharia, física
etc. Vamos observar um exemplo:

9  9   1

Fatoramos a raiz de 9 e a raiz de (–1):

9  1  3 i

Sendo i a unidade imaginária.


Funções polinomiais, limites e derivadas 177

10.4.4 Limites no infinito


1
Vamos analisar o comportamento da função: f(x) = 1 – . Atribuindo valores para x,
x
encontraremos os valores f(x). Veja as duas representações a seguir, para x tendendo a +∞ (infinito
positivo) e x tendendo para –∞ (infinito negativo).
Tabela 1 – Representações de x tendendo a +∞ e a –∞

a) Representação: x → +∞ b) Representação: x → –∞

x f (x) x f (x)

1 0 –1 2

1 3
2 –2
2 2

2 4
3 –3
3 3

3 5
4 –4
4 4

99 101
100 –100
100 100

999 1.001
1.000 –1.000
1.000 1.000

Fonte: Elaborada pelo autor.

Observe que nas representações tendendo a mais infinito os valores de x ficam cada vez
maiores. À medida que o valor de x tende a ir a mais infinito, f(x) tende ao valor 1. Cada vez mais,
o valor do numerador se aproxima do denominador.
Se observarmos os valores de x tendendo a menos infinito, observaremos que, ao usarmos
valores suficientemente grandes, porém negativos, também f(x) tenderá ao valor 1.
Graficamente, temos a seguinte representação:
Gráfico 14 – Observação para x = ∞+ e x = ∞–
y

x
–1

Fonte: Elaborado pelo autor.


178 Matemática aplicada

Logo, podemos chegar a algumas conclusões:


• Dizemos que f(x) possui limite L quando x tende a mais infinito e, à medida que x se
distancia da origem no sentido positivo, f(x) fica cada vez mais próximo de L.
• Entendemos que f(x) possui limite L quando x tende a menos infinito e, à medida que x se
distancia da origem no sentido negativo, f(x) também ficará cada vez mais próximo de L.
Para mais clareza, analisemos a percepção gráfica de um limite no infinito:
Gráfico 15 – Representação da função g(x) = 2 com limites x → ∞+ e x → ∞–

2
g(x)

–2

Fonte: Elaborado pelo autor.

No Gráfico 15, vemos que à medida que o x caminha para mais infinito, ou seja, tende ao
infinito pela direita, mais a função se aproximará do valor 2. Logo, podemos dizer: o limite da
função g(x) = 2, quando x tende a +∞. Observando o contrário, vemos que o valor de x tende a
menos infinito, se o seu limite se aproximar do valor –2.

10.5 Derivadas
Segundo Boyer e Merzbach, em sua obra História da matemática (2012), Pierre de Fermat,
cientista francês magistrado, produziu ensaios que até hoje são muito relevantes. Fermat, um dos
pioneiros no estudo das funções, demonstrou as limitações do conceito da reta tangente em uma
curva como aquela que encontrava a curva em um único ponto.
Na mesma época, outros matemáticos, como Gotfried Leibniz e Isaac Newton, desenvolviam
estudos paralelos que, juntos, deram origem às derivadas.
Para que possamos entender os conceitos de derivadas, é preciso voltar a alguns pré-requisitos
importantes.

10.5.1 Coeficientes da reta


Quando representamos uma função linear graficamente, é possível obter dois coeficientes
importantes: o coeficiente angular e o coeficiente linear. No estudo de funções, vimos que os
coeficientes permitem representar com muita precisão a função no plano gráfico.
Funções polinomiais, limites e derivadas 179

Sejam A (x1, y1) e B (x2, y2) dois pontos distintos do plano cartesiano, o coeficiente angular
m do segmento de reta AB é dado por:
y y y
m 2 1 
x 2  x1 x (variação de y em função da variação de x) = tangente θ ou tangente do
ângulo teta.
Vamos imaginar dois pontos no plano cartesiano, conforme representação gráfica a seguir.
y  y1 y
Gráfico 16 – Linha gráfica de 2 
x 2  x1 x
Y

YB B

YA A

XA XB X

Fonte: Elaborado pelo autor.

O coeficiente angular está diretamente relacionado com a inclinação de uma reta ou com
a inclinação de um segmento de reta. É a variação na vertical, ou seja, no eixo y pela variação
horizontal no eixo x.
Se nós completarmos esses segmentos de reta, teremos um triângulo retângulo. Vejamos:
Gráfico 17 – Representação da área dada pela função e os segmentos yB – yA e xA – xB

YB B

∆Y = YB – YA

YA A

∆X = XB – XA

XA XB
Fonte: Elaborado pelo autor.

O que teremos na vertical é a variação no eixo y de um dos segmentos de reta, e na horizontal,


no eixo x, a variação do outro segmento.
No plano cartesiano, uma reta pode aparecer de inúmeras maneiras. Ela pode estar na
vertical ou na horizontal, e pode ser crescente ou decrescente. Quando a reta for crescente, o
coeficiente angular será sempre um valor positivo, ou seja, maior que 0. Quando for decrescente,
apresentará valor negativo ou menor que 0. Se a reta estiver na horizontal, não será nem crescente
nem decrescente, e seu coeficiente angular m será igual a 0. Por sua vez, o coeficiente angular m em
uma reta vertical não existe, pois, em ∆y , o ∆x está no denominador e não pode ser 0.
∆x
180 Matemática aplicada

Gráfico 18 – Ângulo θ (teta) resultante da representação

Ângulo teta
Y

YB B

∆Y = YB – YA

YA A

∆X = XB – XA

XA XB

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à tangente do ângulo teta, podemos dizer que ela é exatamente igual ao
coeficiente angular. Se prolongarmos a reta gráfica para baixo e para cima, o ângulo teta cruza o
eixo x. Portanto, o ângulo teta é formado pelo eixo x com a reta.
Logo, a tangente do ângulo teta será dada por: cateto oposto (∆y) dividido pelo cateto
adjacente (∆x), isto é, ∆y . Acompanhemos um exemplo:
∆x
• Determine o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos: A (–2, 1) e B (3, 4).
Solução:
y
m
x

y 2  y1
m
x 2  x1

1  4 3 3
m  
2  3 5 5

Portanto, já temos o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos A e B, que é m = 3 .
5
Gráfico 19 – Representação do coeficiente angular nos pontos A e B

4 B

5 3

A –1

–2 3 X

Fonte: Elaborado pelo autor.


Funções polinomiais, limites e derivadas 181

10.5.2 Equação ponto e coeficiente angular


Equação ponto é aquela que passa por (x0, y0) e possui coeficiente angular m.
y – y0 = m (x – x0)
Em um plano cartesiano, quando temos um ponto p definido e sabemos suas coordenadas,
passará uma infinidade de retas. Cada uma delas possui um coeficiente angular m diferente.
Gráfico 20 – Infinitas retas passando por um mesmo ponto p definido

Fonte: Elaborado pelo autor.

Portanto, para definir a equação da reta que se deseja, será necessário ter o coeficiente e os
valores (coordenadas) de, pelo menos, um ponto que passa por ela. Por exemplo:
• Escreva uma equação da reta que passa pelo ponto (3, 2) com inclinação −3 .
2
Solução:
y  y 0  m(x  x 0 )
3
y  2   (x  3)
2
 2 y  4  3x  9
= 2y
2 y + 3x
3x 
– 13
13 = 0, isto é, chegamos à equação geral da reta. Isolando y, temos:
3x 13
y 
2 2
Então, a equação reduzida da reta é dada por y = mx + n. O elemento m = −3 é o nosso
2
coeficiente angular, e o valor n é o coeficiente linear. Observando graficamente:
Gráfico 21 – Representação dos coeficientes linear e angular
Y

13
2

2 Ângulo teta

3 X

Fonte: Elaborado pelo autor.


182 Matemática aplicada

Como temos um coeficiente angular negativo, a reta ficou decrescente. Logo, a tangente do
ângulo teta vale −3 . O valor 13 é exatamente onde a reta cruza o eixo das ordenadas y.
2 2
Vejamos mais um exemplo:
• Escreva a equação para uma reta que passa pelos pontos: (–3, –2) e (4, 3).
Solução:
O primeiro passo é determinar o coeficiente angular m = ∆x .
∆y

m
 2  3  5  5
 3  4  7 7
O próximo passo é encontrar a equação da reta:
y – y0 = m (x – x0)
Vamos substituir y0 e x0, também colocando as coordenadas de um dos dois pontos:
5
y  3   ( x  4)
7

7 y  21  5x  20

Logo, 7y – 5x – 1 → equação geral da reta.


A equação reduzida será:
5 1
y  x
7 7
Portanto, coeficiente angular = 5 e coeficiente linear = 1 .
7 7

10.5.3 Reta tangente


Este tema é fundamental para o estudo das derivadas. Vamos iniciar compreendendo o
conceito da reta tangente a uma curva. Para isso, vejamos um gráfico no plano cartesiano com o
pedaço de uma função na forma de curva:
Gráfico 22 – Ponto p para a construção da reta tangente

p
Y1

y = f(x)

X1 X

Fonte: Elaborado pelo autor.


Funções polinomiais, limites e derivadas 183

Vemos também que o gráfico apresenta um ponto p com abscissa em x1 e ordenada em


y1. Nosso objetivo é descobrir a equação da reta tangente a essa curva no ponto p, e assim temos
aproximadamente o que vemos a seguir:
Gráfico 23 – Representação da reta tangente passando pelo ponto p
t
Y Reta tangente

p
Y1 y = f(x)

X1

Fonte: Elaborado pelo autor.

A única certeza é que essa reta passa por p e possui as coordenadas (x1, y1).
Vamos considerar no gráfico outro ponto qualquer, que chamaremos de q. Esse ponto q terá
coordenadas (x2, y2).
Gráfico 24 – Observação das coordenadas
Reta tangente
Y

Y1 p
q Reta secante

y = f(x)

X1

Fonte: Elaborado pelo autor.

Essa nova reta (p, q) está cortando o gráfico em dois pontos. Podemos dizer que é uma
reta secante à curva y = f(x). Para saber seu coeficiente angular m, usamos a fórmula já estudada:
y y y
m 2 1  .
x 2  x1 x
f ( x 2 )  f (x1 )
Logo, m  .
(x 2  x1 )
O coeficiente angular da reta secante é dado por:

f (x1  x )  f (x1 )
m
x1  x  x1

f (x1  x )  f (x1 )
m
x
184 Matemática aplicada

O ponto q sempre tenderá para zero, isto é, cada vez mais a inclinação da reta secante ficará
muito próxima da reta tangente. O ponto q irá se deslocar sobre a curva, diminuindo as distâncias
em relação ao ponto p.
Portanto, se considerarmos o coeficiente angular da reta secante e fizermos com que ∆x
tenda a zero, o ponto q irá exatamente tender a p. O coeficiente angular da reta tangente, então,
será dado por:
f (x  x )  f (x )
m t  lim
x  0 x

Vejamos alguns exemplos:

1. Encontre a inclinação da reta tangente à curva y = x2 – 6x + 8, no ponto (x1, y1).

Solução:
f(x) = x2 – 6x + 8
f(x1) = x12 – 6x1 + 8
f(x1 + ∆x) = (x1 + ∆x)2 – 6(x1 + ∆x) + 8

Como temos um produto notável, é preciso desenvolvê-lo:


f(x1 + ∆x) = x12 + 2 . x1 . ∆x + (∆x)2 – 6x1 + 6 . (∆x) + 8

x12  2  x1  x  (x )2  6 x1  6  (x )  8  (x12  6 x  8)


Logo,
x  0 x

Podemos simplificar os termos anulando-os, de modo que todos os demais termos estarão
acompanhados de ∆x.
x12  2  x1  x  (x )2  6 x1  6  (x )  8  x12  6 x  8)
Logo,
x  0 x

Colocamos ∆x em evidência:
x  (2 x  x  6)
x  0 x

Temos: 2x + 6, então m = 2x + 6.

2. Agora, determine m para a função: y = x3 + x2 – x + 7.

Solução:
f (x  x )  f (x )
m t  lim
x  0 x

(x  x )3  2(x  x )2  (x  x )  7  (x 3  2 x 2  x  7)
x  0 x
Funções polinomiais, limites e derivadas 185

Como há um termo ao cubo, precisamos fazer a distribuição: o cubo do primeiro mais três
vezes o primeiro ao quadrado pelo segundo, mais três vezes o primeiro pelo segundo ao
quadrado mais o cubo do segundo.
Portanto, a3 + 3 . a2 . b + 3 . a . b2 + b3

Logo, x  3  x  x  3  x       x   x  2  x  x   x   x  x  7  x  x  x  7
3 2 2 2 3 2 3 2

x  0 x

Podemos cortar os termos semelhantes com sinais diferentes:

x 3  3  x 2  x  3  x       x   x 2  2  x  x   x   x  x  7  x 3  x 2  x  7
2 3 2

x  0 x

Sobrará somente os termos acompanhados de ∆x:

3  x 2  x  3  x       x   2  x  x   x   x
2 3 2

x  0 x

Colocamos ∆x em evidência, pois todos os termos que sobraram estão acompanhados da


variação ∆x, e simplificamos:

x(3x 2  3x  x   x   2 x  x  1)
2

x  0 x

Se ∆x tende a zero, podemos dizer que todos os termos também:


0 0 0

x(3x  3x  x   x   2 x  x  1)
2 2

x  0 x

Sobrou m = 3x2 + 2x – 1.
Podemos chamar essa relação de razão incremental, que também pode ser dada por:

y f (x )  f (x 0 )

x x  x0

10.5.4 Incrementos e razão incremental


Se y = f(x) é uma função contínua em determinado intervalo, do qual fazem parte os
números reais x1 e x2, sendo esses valores muito próximos entre si, podemos definir as seguintes
relações:
a) Incremento da variável independente x: pode variar, diminuir e aumentar de x1 até x2,
sendo essa variação denominada acréscimo ou incremento da variável x. É indicada por
∆x = x2 – x1.
b) Incremento da função: a variável dependente ou função y pode variar de f(x1) até f(x2),
sendo essa variação denominada aumento ou acréscimo da função y = f(x). É indicada
por ∆x = f(x2) – f(x1).
186 Matemática aplicada

Vejamos mais alguns exemplos:

1. Calcule a razão incremental da função f(x) = 3x – 1, relativa ao ponto x0 = 2.

Solução:
y f (x )  f (x 0 )

x x  x0

y 3x  1  (3  x 0 1 )

x x  x0

3x  1  (3  2  1)

x 2

3x  1  (5)

x 2

y 3x  6

x x 2

2. Usando a razão incremental, dada a função f(x) = 3x2 + 2z – 1, encontre f ’(3). Aproveite para
utilizar a fórmula geral:

f (x  x )  f (x )
lim
x0 x

f (3  x )  f (3)
lim
x0 x
Logo:
f(3) = 3 . 32 + 2 . 3 – 1 = 32
f(3 + ∆x) = 3 . (3 + ∆x)2 + 2 . (3 + ∆x) – 1
= 3 . (9 + 6 . ∆x + (∆x)2) + 6 + 2∆x – 1
= 27 + 18 . ∆x + 3 . (∆x)2 + 6 + 2∆x – 1
= 32 + 20∆x + 3 . (∆x)2
Portanto:

32  20x  (3x )2  32
lim
x0 x

20x  (3x)2
lim
x0 x

Colocando ∆x em evidência, temos:


x(20  3x )
lim
x0 x
Funções polinomiais, limites e derivadas 187

Anulamos ∆x em evidência com o ∆x do denominador, então temos:


lim 20  3x
x0

lim 20  3  0
x0

 f ’(3)  20

10.5.5 Derivada de uma função


Dizemos que uma função é derivável ou diferenciável quando existe a derivada em todos
os pontos de seu domínio. Em cálculo, a derivada no ponto de uma função representa a taxa
de variação instantânea em relação a esse ponto. Podemos citar como exemplo típico a função
velocidade, que representa a taxa de variação (derivada) da função espaço.
Como já estudamos, a derivada de uma função y = f(x) em um ponto x = x0 é igual ao valor
da tangente trigonométrica do ângulo formado pela tangente geométrica à curva representativa de
y = f(x), no ponto x = x0, conforme visto nos Gráficos 23 e 24 deste capítulo. Podemos dizer, ainda,
que a derivada é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função no ponto x0.

10.5.6 Técnicas de derivação


Existem procedimentos que permitem de maneira rápida e prática encontrar as funções
derivadas, isto é, dada uma função, aplicam-se as técnicas de derivação adequadas para se obter a
derivada.
Nas subseções anteriores, para algumas funções, vimos a expressão algébrica que as definia.
Assim, identificávamos a função derivada a partir da definição.
Muitas vezes, o processo de determinação da função derivada é trabalhoso, por isso
precisamos de técnicas mais simples. As principais regras a serem aplicadas nesse contexto serão
apresentadas a seguir.

10.5.6.1 Função constante


Dada a função f(x) = k, sendo k uma constante, sua derivada será f ‘(x) = 0. Exemplo:

Derivar y = 7; f (x) = 10
Portanto, y = 7 → y ‘= 0; f(x) = 10 → f ‘(x) = 0

10.5.6.2 Função de primeiro grau


Seja a função f(x) = a . x + b, então a derivada será f ‘(x) = a. De modo mais simples,
y = a . x + b terá derivada y ‘= a. Exemplo:
f(x) = 2x + 7 → f ‘(x) = 2
f(x) y = 3x → y ‘= 3
q = –5p + 8 → q ‘= –5
M = 500j → M ‘= 500
188 Matemática aplicada

10.5.6.3 Constante multiplicando função


A função f(x) obtida com a multiplicação da função u(x) pela constante k será:
f(x) = k . u(x)
Ou, de modo simplificado, y = k . u, sendo que u(x) é derivável, então f ‘(x) = k . u ‘(x).

Exemplo:
Dada a função f(x) = 8 . u(x), em que u(x) = 4x + 3, obtenha f ‘(x).

Solução:
Para u(x) = 4x + 3, a derivada é u ‘(x) = 4
Portanto, f ‘(x) = 8 . u’(x) → f ‘(x) = 8 . 4 = 32

Podemos confirmar a validade desse resultado fazendo primeiro a multiplicação indicada


para obter f(x) e, em seguida, derivando a função = 8:
f(x) = 8 . u (x) → 8 . (4x + 3) → f(x) = 32x + 24, logo f ‘(x) = 32

10.5.6.4 Soma ou diferença de funções


Dada a função f(x) definida a partir da soma das funções u(x) e v(x), logo f(x) = u(x) + v(x).
Então, a derivada de f(x) será dada por:
f ‘(x) = u ‘(x) + v ‘(x)
De modo simplificado, temos: y = u + v. E teremos: y’ = u’ + v’
De modo análogo, fazemos o mesmo para a subtração, bastando apenas a mudança de sinal.
Por exemplo:
Dada a função u(x) + v(x), em que u(x) = 4x + 5 e v(x) = 8x + 12, obtemos f ‘(x) fazendo: u(x)
= 4x + 5, então u ‘(x) = 4 e v(x) = 8x + 12, de modo que v ‘(x) = 8.
Logo, u ‘(x) + v ‘(x) = 4 + 8 = 12
Para verificar a validade do resultado, calculamos:
4x + 5 + 8x + 12; teremos f(x) = 12x + 17; derivando, f ‘(x) = 12

10.5.6.5 Potência de x
Dada a função f(x) = xn, em que n é um número real, sua derivada será: f ‘(x) = n . xn – 1. Ou
ainda, de modo simplificado, y = xn = n . xn–1.

Exemplos:

a) f(x) = x4 → f ‘(x) = 4 . x4–1 → 4x3


b) f(x) = 18x2 → f ‘(x) = 18 . (2x2–1) = 36x
Funções polinomiais, limites e derivadas 189

c) y = x–1 → y’ = –1 . x–1–1 → –1x–2


d) 3 3
1 3
1
a  500  b 4  a ’  500  b 4  a ’  500   b 4
4
1 1
1.500 4
a’  b  a ’  375  b 4
4
e) 7.000.000 1
y 2 ,5
 y  7.000.000  2,5  7.000.000  x 2,5
x x

y ’  7.000.000  (2, 5)  x 2,51  y ’  17.500.000  x 3,5

10.5.6.6 Função exponencial


Dada uma função exponencial f(x) = ax, em que a é um número real tal que a > 0 e ≠ 1,
a derivada será:
f ‘(x) = ax . ln a
De modo simplificado, temos: y = ax → y’ = ax . ln a
Por exemplo, derivemos:

a) f(x) = 4x → f ’(x) = 4x . ln 4, que também pode ser escrita da seguinte forma: f ‘(x) =
(ln 4) . 4x.
b) D(x) = 4.000 . 1,03x → D’(x) = 4.000 . ln 1,03, que também pode ser escrita como D ‘(x)
= 4.000 . (ln 1,03) . 1,03x.

10.5.6.7 Função exponencial de base e


Dada a função exponencial f(x) = ex, em que e = 2,71828, a derivada será: f ‘(x) = ex.
Por exemplo, derivemos as funções:

a) f(x) = 7 ex → f ‘(x) = 7 ex
b) y = –3ex + xe + 4e → y’ = –3ex + exe–1 + 0 → y’ = –3ex + exe–1
Observe que a derivada de xe é obtida pela regra da potência de x, e que a derivada de 4e é
zero, pois 4 é uma constante.

10.5.6.8 Logaritmo natural

Dada a função obtida pelo logaritmo do módulo de x, define-se esse módulo por |x| = x, se x
≥ 0, e –x, se x < 0. Logo, por exemplo, |3| = 3, pois 3 ≥ 0 e |–3| = – |–3| = 3, visto que –3 < 0.
Consideremos a função f(x) = ln |x|; a derivada será f ‘(x) = 1 ou, de modo simplificado, a
1 x
função y = ln |x| → y’ = .
x
190 Matemática aplicada

Por exemplo, derivando a função:


f(x) = 6 ln (x) → f ‘(x) = 5 . 1
x

10.5.6.9 Produto de funções


Dada uma função definida pelo produto das funções u(x) e v(x), tal como f(x) = u(x) . v(x),
a derivada será dada por: f ‘(x) = u ‘(x) . v(x) + u(x) . v ‘(x).
Na forma simplificada, temos: y = uv → y’ = u’v + uv’.
Por exemplo, derivemos as funções pela regra do produto:
a) f(x) = (2x + 4) . (x3 – 20)
u = 2x + 4
u’ = 2
v = x3 – 20
v’ = 3x2

Portanto, f ‘(x) = 2 . (x3 – 20) + (2x + 4) . 3x2. Logo, f ‘(x) = 2x3 – 40 + 6x3 + 12x2 → f ’(x)
= 8x3 + 12x2 – 40
b) y = x3 . 4x
u = x3
u’ = 2x2
v = 4x
v’ = 4x . ln 4 ou (ln 4) . 4x
y’ = 2x2 . 4x + x3 . (ln 4) . 4x
y’ = 4x . [(ln 4). x3 + 2x2]

10.5.6.10 Quociente de funções


Uma função f(x) pode ser definida também pelas funções u(x) e v(x). Logo:
u( x )
f (x) =
v(x)

u ’(x )  v (x )  u(x )  v ’(x )


f ’(x ) 
[v (x )]2

Ou, de modo simplificado:


u ’ v  u  v ’
y’
v2
Funções polinomiais, limites e derivadas 191

Por exemplo, derivemos as funções:


50 x  300
f (x) 
x 5

u(x )  50 x  300

u ’(x)  50

v(x)  x  5

v ’(x)  1

Portanto:

50  (x  5)  (50 x  300) 1
f ’(x ) 
(x  5)2

50 x  250  50 x  300
f ’(x ) 
(x 2  10 x  25)

50
f ’( x)  2
x  10  25

Vejamos mais exemplos de aplicação desses conceitos:

1. Com base nas técnicas e propriedades, derive as funções a seguir:

a) y = 8x7 + 5

Solução:
y’ = 8 . 7 . x8 – 1
y’ = 56x7

b) f(x) = 3x3 + 2x2 + 2x + 9

Solução:
y’ = 3 . 33–1 + 2 . 2x2–1 + 1 . 2x1–1 + 0
y’ = 9x2 + 4x + 2

c) q = 9

Solução:
Derivada de constante é 0.
192 Matemática aplicada

d) q = –2p4 + 12p3 – 5p2 – 8p + 7

Solução:
q’ = 4 . (–2) . p4–1 + 3 . 12p3–1 – 2 . 5 . p2–1 – 1 . 8 . p1–1 + 0
q’ = –8p3 + 36p2 – 10p – 0

e) y = x

Solução:
y’ = 1 . x1–1
y’ = 1 . x0
y’ = 1

f) y = 6 . u(x), em que u(x) = 4x + 4

Solução:
Se y = 6 . u(x), então y’ = 6 . u ‘(x)
Para u(x) = 4x + 4, teremos u ‘(x) = 4
Portanto, y’ = 7 . 4 = 28

g) Dada a função f(x) = u(x) + v(x), em que u(x) = 7x + 6 e v(x) = 8x + 12, obtenha a
derivada.

Solução:
u = 7x + 6
u’ = 7
v = 8x + 12
v’ = 8
Logo, y’ = u ‘(x) + v ‘(x) = 7 + 8 = 15

h) Dada a função f(x) = u(x) – v(x), em que u(x) = x + 8 e v(x) = 5x, obtenha a derivada.
u=x+8
u’ = 1
v = 5x
v1 = 5
Logo, f(x) = u ‘(x) – v ‘(x) = 1 – 5 = –4

10.6 Aplicações das derivadas às atividades econômicas


É importante compreender como o estudo das derivadas pode contribuir para ampliar o
entendimento e a aplicabilidade na solução de questões comerciais, econômicas e administrativas.
Custo marginal, receita e lucro marginal, por exemplo, são conceitos utilizados o tempo todo pelas
empresas na adequação de suas atividades.
Funções polinomiais, limites e derivadas 193

10.6.1 Funções marginais


Entre as funções marginais mais importantes, estão o custo e custo médio marginal, a receita
marginal e o lucro marginal. O significado de marginal pode ser estendido a outras funções, como
produção marginal e produção média marginal. Para entender melhor esse conceito, vejamos o
exemplo:
Em uma fábrica de resistores, na produção de q unidades de um certo resistor industrial
elétrico, o custo em reais foi avaliado e se estabeleceu que C = 0,1q3 + 20q2 + 1.450q + 9.500. Para
produzir 100 resistores, qual será o custo de produção? E o custo na produção do aparelho 101?
Qual será, também, a taxa de variação do custo em relação à quantidade quando q = 100?
• Determinando o custo quando são produzidos 100 resistores.
q = 100 → C(100) = 0,1 . 1003 + 20 . 1002 + 1.450 . 100 + 9.500
C(100) = 100.000 + 200.000 + 145.000 + 9.500
C(100) = 454.500,00
Calculamos, agora, o custo de produção do resistor 101.
q = 101 → C(101) = 0,1 . 1013 + 20 . 1012 + 1.450 . 101 + 9.500
C(101) = 103.030,10 + 204.020 + 146.450 + 9.500
C(101) = 463.050,00
• A diferença entre os custos é de: R$ 8.550,00.
Para determinar a taxa de variação do custo em relação à quantidade quando q = 100, é
importante lembrar que a taxa de variação no ponto q = 100 é sinônimo da derivada da função
custo.
C ‘(q) = 0,1q3 + 20q2 + 1.450q + 9.500
C ‘(q) = 0,1 . 3q2 + 2 . 20q + 1.450
C ‘(q) = 0,3q2 + 40q + 1.450

q = 100

C ‘(q) = 0,3 . 1002 + 40 . 100 + 1.450


C ‘(q) = 8.450,00
A taxa de variação do custo em q = 100 é de R$ 8.450,00/unidade. Lembrando que o custo
de fabricação do resistor 101 foi de R$ 8.550,00. Há uma diferença pequena, na taxa de variação,
de R$ 100,00.
Não é casual a proximidade entre os valores 8.550 e 8.450 reais. Existe um vínculo entre o
custo de fabricação da unidade 101 e a taxa de variação em q = 100. Se dividirmos a diferença dos
custos pela diferença das quantidades, que nesse caso é de 1 unidade, temos a taxa de variação
média do custo em relação à quantidade no intervalo de 100 a 101.
194 Matemática aplicada

A taxa de variação média de C(q) para o intervalo de 100 até 100 + h corresponde a:
C(100  h)  C(10)
h

C(100  h)  C(100)
C ’(100)  lim  8450
h0 h

O acréscimo de custo para o acréscimo de 1 unidade produzida, de valor R$ 8.550,00,


é conhecido como custo marginal. O custo marginal é a derivada da função custo em um
determinado ponto.

10.6.2 Receita marginal


A receita marginal (RM) oferece a variação da receita correspondente ao aumento de
uma unidade de venda de um produto. A função receita marginal é obtida pela derivada da
função receita.

10.6.3 Lucro marginal


O lucro marginal (LM) permite encontrar a variação do lucro correspondente ao aumento
de uma unidade na venda de um produto. A função lucro marginal é a derivada da função lucro.
Vejamos os exemplos:

1. Em uma fábrica de calças jeans, o custo em reais para produzir q calças é dado por C(q) =
0,001q3 – 0,2q2 + 42 q + 4.900.

a) Obtenha a função custo marginal.


Cmg = C ‘(q) = 0,001 . 3q2 – 0,2 . 2q + 42 + 0
Cmg = 0,003q2 – 0,4q + 45

b) Obtenha o custo marginal para q = 200 unidades.


Cmg = 0,003 . 2002 – 0,4 . 200 + 45
Cmg = 120 – 80 + 45
Cmg = 85,00

2. Em uma fábrica de baterias, o preço da bateria de lítio é dado por p = –0,5q + 500, para uma
produção de 0 a 500.

a) Obtenha a função receita, dada por R = p . q.


R(q) = (–0,5q + 500) . q
R(q) = –0,5 q2 + 500q

b) Obtenha a função receita marginal.


Rm(q) = –0,5 . 2q + 500
Rm(q) = –1q + 500
Funções polinomiais, limites e derivadas 195

c) Determine a receita marginal para 300 unidades.


Rm(q) = –1 . 300 + 500
Rm(q) = 200,00

3. Dada a função custo igual a 80q + 28.000 e a função receita, –0,4q2 + 400q, determine a
função lucro, o lucro marginal e o lucro para uma produção de 200 unidades.

L(q) = RT – CT
L(q) = (–0,4q2 + 400q) – (80q + 28.000)
L(q) = –0,4q2 + 400q – 80q – 28.000
L(q) = –0,4q2 + 320q – 28.000
Lm(q) = –0,4 . 2q + 320
Lm(q) = –0,8q + 320

O lucro marginal para 200 unidades será:


Lm(200) = –0,8 . 200 + 320
Lm(200) = –160 + 320
Lm(200) = 160,00

Os exercícios práticos desenvolvidos revelam como as derivadas apresentam grande


aplicabilidade em diferentes áreas, como engenharia, astrofísica, indústria, entre outras, sendo um
domínio relevante à formação do matemático.

Considerações finais
Este capítulo contemplou três assuntos muito complexos e interligados: função polinomial,
limites e derivadas. O tema é amplo, sendo possível avançar mais nas particularidades e nos casos
que o envolvem. Os conceitos elementares apresentados, e suas devidas aplicações, servem como
estímulo para que você avance nos estudos futuros.

Ampliando seus conhecimentos


• Leithold, L. Matemática aplicada à economia e administração. São Paulo: Harbra, 1998.
Há muita bibliografia interessante para os conteúdos deste capítulo, mas, para ajudá-lo a se
aprofundar no tema, sugerimos, especialmente, a leitura dessa obra e de outras traduzidas
do matemático Louis Leithold.

Atividades
1. Sejam f(x) = 2x – 3, g(x) = –4 – x e h(x) = x2 – x – 1, determine p(x) = f(x) . g(x) + h(x).

2. Sejam f(x) e g(x), tais que f(x) = ax2 + (b – 1) x + 3 e g(x) = bx2 + (–a + 2) x – 1, determine a
e b, de modo que f(x) + g(x) seja independente de x.
196 Matemática aplicada

3. Sejam f(x) = ix e g(x) = 3x + 2i, determine a, b e c que verifiquem f(x) . g(x) = ax2 + bx + c.

4. Usando o princípio da indução matemática, mostre que as proposições 4 + 7 + 10 + ... + (3n


+ 1) = (2n + 2) . n não são verdadeiras para todo n que pertença aos números naturais.

5. Prove por indução matemática que a soma dos primeiros n números ímpares é igual a n2.
Isto é, 1 + 3 + 5 + ... + (2n – 1) = n2.

6. Mostre por indução matemática que:

1 1 1 2
  5  ...  
2 3 (2n  1)  (2n  1) 2n  1

Para qualquer n ≥ 0.

7. Resolva os itens:
x 3
a) lim
x3 x 3

x 1
b) lim
x 1 x 1

8. Seja f(x) = x2 – 1, se x < 2; 1, se x = 2; e x – 1, se x > 2, determine se existem os limites:


lim f (x ), lim f (x ) e lim f (x ).
x  2 x  2 x2

1
9. Determine o limite para: lim x 3  2 3 x 
x0 x2

10. Derive, pelo modo simplificado, as funções a seguir:

a) y = 7x3 – 9x2 + 8x
b) y  x x  9

11. Derive, pelo processo analítico, a função:

y = 4x3 + 2x2 – 7x + 5

12. Em uma fábrica de cadeiras de madeira, o custo para produzir q unidades é de: C(q) = 4q2 +
180q + 400. Determine o custo marginal para a produção de 10 unidades.

13. Em uma empresa de banquetas, o preço do tipo mais exclusivo é dado por p = –0,5q + 700
para uma produção que varia de 0 a 1.000 unidades. Obtenha a função receita e a receita
marginal para a venda de 200 banquetas.

14. Dadas as funções custo = 10q2 + 27q + 500 e receita = 18q2 + 30q, determine:

a) A função lucro.
b) A função lucro marginal.
c) O lucro marginal para 250 unidades.
Gabarito

1 Fundamentos de matemática básica


1.

a) (–5)3 . 4 = (–5)12
 2    3 6
2 2
b)   = 
7 7
2.
25
a) 16  9 : 25  1
25
b) [(–32)2] = 32 . 2 = 34 = 81

c) 43 – 1 + 4 + 5 – 1 – 6 – 4 = 43 – 4 = 60

d) 4 4  2 4   4  2   4  2  2  4

e) 1  62  64  62  62  1  1
64 62 36

f) 3
1  49  3 1  7  3 8  3 23  2

g)
3
16  3 64 23 2  33 2

3
125 5
3
2 3
5 = 2
5

h) 10  6  2 2
5 3

3.

a) 2 x  20  13x  70
10
2x + 13x = –20 – 70
15x = –90
x = –6

b) 4 x  7  7  3x
5 4
16 x  140  35  60 x
20
16 x  60 x  35  140
34 x  175
175
x
34
198 Matemática aplicada

c) 20 . 8 – 4x = 20
160 – 4x = 20
–4x = –140
x = 35

4.

498 + 2x = 634
2x = 634 – 498
2x = 136, portanto, x = 68
Logo, 498 + 68 = R$ 566,00

5.

3x + x
João = 3x e Pedro = x
4x = 64, logo, x + 16
Portanto, Pedro tem 16 anos e João tem 48 anos.

6.

a) x + y = 14
2x + 3y = 48
Podemos optar por eliminar x, então multiplicamos toda a primeira linha por (–2).
–2x – 2y = –28 Isso resultará em:
2x + 3y = 48 y = 20

Substituindo em qualquer equação:


x + y = 14, portanto, x + 20 = 14, logo, x = –6

b) Podemos fazer a letra “b” pelo modelo da substituição:


x = 10 + y
Logo, 3 . (10 + y) + 4y = 51

Substituindo uma das equações:


30 + 3y + 4y = 51
7y = 51 – 30 x = 10 + 7
7y = 21 x = 17
y=7

c) 3 – 6x < 2x + 2 + x – 7
–6x –2x – x > + 3 – 7 +2
–9x > –2
x> 2
9
Gabarito 199

7.

a)
O H D ND M
10 7 15 2 300
12 8 12 3 x

Sempre tomando x como referência:


• Se 10 operários constroem 300 metros, 10 operários farão mais (direta).
• Se em 7 horas constroem 300 metros, em 8 horas farão mais (direta).
• Se em 15 dias constroem 300 metros, em 12 dias farão menos (direta).
• Se com nível de dificuldade 2 constroem 300 metros, com nível de dificuldade 3 farão
menos (inversa).
300 10 7 15 3
   
x 12 8 12 2

300 3.150
  3.150 x  300  2.304  x  219m
x 2.304

b) AP OP D H
500 20 30 7

600 35 20 x

Vamos tomar a coluna x como referência:


• Se 500 aparelhos são feitos em 7 horas, para fazer 600 se gastará mais (direta).
• Se em 30 dias gastamos 7 horas por dia, em 20 dias gastaremos mais horas (inversa).
• Se em 7 horas precisamos de 20 operários, usando 35 operários gastaremos menos horas
(inversa).
Portanto:
7 500 35 20
  
x 600 20 30
7 350.000
  x  7, 2horas
x 360.000

8.

a) 9 x  14  2
9x – 14 = 4
9x = 4 + 14
9x = 18
x = 18
9
x=2
200 Matemática aplicada

b) 2x  3  x  5
2x  3  x  5
2 2

2x + 3 = x – 5
x = –8
c) Isolando x ou y na segunda equação do sistema:
x+y=6
x=6–y
Substituindo o valor de x na primeira equação:
x² + y² = 20
(6 – y)² + y² = 20
(6)² – 2 . 6 . y + (y)² + y² = 20
36 – 12y + y² + y² – 20 = 0
16 – 12y + 2y² = 0
2y² – 12y + 16 = 0 (dividir todos os membros da equação por 2)

y² – 6y + 8 = 0
∆ = b² – 4ac
∆ = (–6)² – 4 . 1 . 8
∆ = 36 – 32
∆=4

a = 1, b = –6 e c = 8

y’ = 4 e y’’ = 2

Substituindo na primeira equação:


x=6–y
x=6–4
Logo, x = 2

2 Estudo dos conjuntos


1.
A B

80 – x x 60 – x
Gabarito 201

80 – x + x + 60 – x = 100
140 – 2x + x = 100
– x = 100 – 140
– x = – 40
x = 40
O percentual de animais vacinados contra as duas doenças é de 40%.

2.

Votos recebidos pelo candidato L = 100 + 20 = 120.


Votos recebidos pelo candidato M = 100 + 80 = 180.
Votos recebidos pelo candidato N = 80 + 20 = 100.

3.

U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6} A = {1, 2} B = {2, 3, 4} C = {4, 5}


(U – A) (B U C)
(U – A) → {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6} – {1, 2} → {0, 3, 4, 5, 6}
(B U C) → {2, 3, 4} U {4, 5} → {2, 3, 4, 5}
(U – A) (B U C) = {0, 3, 4, 5, 6} {2, 3, 4, 5}
(U – A) (B U C) = {3, 4, 5}

4. O conjunto A – B é formado pelos elementos que pertencem a A e não pertencem a B, ou


seja, A – B = {1}. Logo, não é um conjunto vazio.

5. Os elementos do conjunto A B são aqueles que pertencem ao conjunto A ou pertencem ao


conjunto B, sem a necessidade de repetição.

A B = (1, 2, 3, 4, 5)

3 Funções: gráficos e aplicações


1.

y=x+2

x y
0 0+2=2

1 1+2=3

2 2+2=4

3 3+2+5

4 4+2=6

5 5+2=7
202 Matemática aplicada

Esses dados resultam no gráfico:


Y

7 y=x+2

5
R2 = 1

4
Y

0
0 1 3 4 5
X

2.

S = ax + b
S = 15x + 1.000
Logo, 1.915 = 15x + 1.000
915 = 15x
x = 61 planos

3.

Q Custo Custo médio unitário Custo fixo unitário Custos variáveis unitários

0 400,00

100 1.000,00 1.000 : 100 = 10 400 : 100 = 4 10 – 4 = 6

200 1.800,00 1.800 : 200 = 8 400 : 200 = 2 8–2=6

300 2.100,00 2.100 : 300 = 7 400 : 300 = 1,33 7 – 1,33 = 5,67

400 2.400,00 2.400 : 400 = 6 400 : 400 = 1 6–1=5

a) Custo médio por unidade: 10,00; 8,00; 7,00; 6,00


b) Custo fixo total: 400,00
c) Custo fixo unitário: 4,00; 2,00; 1,33; 1,00
d) Custo variável unitário: 6,00; 6,00; 5,67; 5,00
Gabarito 203

4.

a) CT(x) = 28 . x + 15.000
CT = 28.500 + 15.000
CT = R$ 29.000,00

b) RT(x) = 88 . x
RT = 88 . 500
RT = R$ 44.000,00

c) LT(x) = RT(x) – CT(x)


Lt = 88 . x – (28 . x + 15000)
Lt= 88 . x – 28x – 15000
Lt= 60 . x – 15.000
Lt= 60 . 500 – 15.000
Lt = R$ 15.000,00

d) RT(x) = CT(x)
88 . x = 28 . x + 15.000
88 . x – 28 . x = 15.000
60 . x = 15.000
x = 250 unidades

e) LT(x) = 60 . x – 15.000
40.000 = 60 . x – 15.000
40.000 + 15 . 000 = 60 . x
55.000 = 60 . x
x = aproximadamente 917 unidades

5.

a) Média x = 6 Média y = 4,6


b)
Σx Σy Σx2 Σxy
2 1 4 2

5 2 25 10

6 5 36 30

8 7 64 56

9 8 81 72

30 23 210 170
204 Matemática aplicada

c) a = coeficiente angular b = coeficiente linear

 x y b = média y – a . média x


xy 
a n
 
2
 x
 x2 
n b = 4,6 – a . 6

30  23 b = 4,6 – 1,066 . 6
170 
a 5
 30 
2
b = 4,6 – 6,396
210 
5

170  138 b = –1,796


a
210  180

a  32
30

a  1, 066

d) Equação da reta:
y = ax + b
y = 1,066 . x – 1,796

e) y = 1,066 . 13 – 1,796
y = 12,062

f) 6,17 = 1,066 . x – 1,796


6,17 + 1,796 = 1,066 . x
x = 7,472

4 Funções: outros modelos


1.

a) Os coeficientes da função são: a = 0,25, b= –4 e c = 16.


b) A concavidade é voltada para cima, pois a > 0.
c) A parábola corta o eixo N em c = 16, pois quando t = 0, temos:
N(0) = 0,25 . 02 – 4 . 0 + 16, portanto, N(0) = 16
E corta o eixo t quando n = 0, ou seja:
0,25t2 – 4t + 16 = 0
Obtendo as raízes utilizando a fórmula de Báskara, temos:
∆ = b2 – 4ac
∆ = (–4)2 – 4 . 0,25 . 16
16 – 16
∆=0
Gabarito 205

Isso nos dá duas raízes retas e iguais, representadas por:


b
t
2a

t
 4 
2  0, 25
t=8
Logo, podemos dizer que a parábola “toca” o eixo t no ponto t = 8.

d) O vértice da parábola será dado por:


  b    
 2a  ;  4a 
   
v = (8; 0)
e) N(20) = 0,25 . 202 – 4 . 20 + 16 = N (20) = 36 televisores 4k.

2.

a) Os coeficientes da função são: a = 2, b = –20 e c = 60.


b) A concavidade é voltada para cima, pois a > 0.
c) A parábola corta o eixo v em c = 60, pois quando temos t = 0, se observa:
v (0) = 2 . 02 – 20 . 0 + 60 = v (0) = 60
A parábola cortará o eixo t quando v = 0, logo:
2t2 – 20t + 16 = 0
∆ = –80
∆<0
d) v = (–5; 10)
e) v(12) = 2 . 122 – 20 . 12 + 60
v(12) = 108
3.

25.000 . 1,077 = 25.000 . 1,6057814 = 40.144,53


25.000 . 1,079 = 25.000 . 1,8384592 = 45.961,48

4.

10.000 . 1,05x = 40.000


40.000
1, 05x =
10.000
1,05x = 4 meses
206 Matemática aplicada

5.

Podemos dizer que P = f(t), portanto, P = b . at.


Com taxa de crescimento i = 2,75%, vamos calcular:
Base = 1 + i
100
a = 1 + 2, 75
100
a = 1,0275
Então, a função será: P = 480000 . 1,0275t.

6.

V = b . at
12, 5
a=1–
100

a = 0,875
Logo, V = 42.000 . 0,875x

7.

a)
log16 64 = x
64 = 16x
26 = (24)x
6 = 4x
x = 6/4
x = 3/2

b)
log5 (0,000064) = x
0,000064 = 5x
64
= 5x
1.000.000
26
= 5x
106
(2/10)6 = 5x
(1/5)6 = 5x
5–6 = 5x
x = –6
Gabarito 207

c)
log 49
3
7 =x
71/3 = (72) x
71/3 = 72x
1/3 = 2x
x = 1/6

8.
log5 x = 2, logo, x = 52, que é igual a 25.
log10 y = 4, logo, y = 104, que é igual a 10.000.
Substituindo esses valores na expressão apresentada, temos:

k = log20 10.000
25
k = log20 400
k = log20 202
k = 2 . log20 20
k=2

9.

f(81) = log3 x = 81
3k = 81
3k = 34
Logo, k = 4

10.

f(6) = 2 log6 62
f(6) = 2 . 2 log6 6
f(6) = 4

11.

C . (1 + i)t = M
C . (1 + i)t = 2C
(1 + i)t = 2
(1 + 0,08)t = 2
1,08t = 2
Log 1,08t = log 2
t . log 1,08 = log 2
t = log 2 : log 1,08
t = 0,301 : 0,033
t = 9,12 ou aproximadamente 9 anos.
208 Matemática aplicada

12.

Como a base é 5 > 1, a função é crescente.


Existe log a b somente se a e b > 0 e a ≠ 1.
3x – 6 > 0
3x > 6
x>2
Logo, podemos dizer que D(f) = {x R | x > 2}

13.

x = y²
x = y2
x =y
y= x
A função f(x) = x² terá inversa f –1(x) = x

14.

x = (2y + 3) : (3y – 5)
x . (3y – 5) = 2y + 3
3yx – 5x = 2y + 3
3yx – 2y = 5x + 3
y . (3x – 2) = 5x + 3
y = (5x + 3) : (3x – 2), para x ≠ 2/3

5 Sequências e progressões
1.

n2 + 7n
Dois primeiros termos: 22 + 7 . 2 = 4 + 14 = 18
Três primeiros termos: 32 + 7 . 3 = 9 + 21 = 30
Logo, 30 – 18 = 12. Esse é o terceiro termo da sequência.

2.

Observe que sempre diminui 4 para um e aumenta 9 para outro.


32 – 4 = 28
28 + 9 = 37
37 – 4 = 33
33 + 9 = 42
42 – 4 = 38
Gabarito 209

3.

A B C D E F G H
8 _ _ _ _ _ ? _
A soma dos três espaços consecutivos é igual a 15:
(1) 8 + B + C = 15
(2) B + C + D = 15

Desenvolvendo a expressão 2 menos a expressão 1:


B + C + D – 8 – B – C = 20 – 20
D–8=0
D=8

8 + E + F = 20
E + F + G = 20
E + F + G – 8 – E – F = 20 – 20
G–8=0
G=8

4.

c15 = a15, b16


Logo, (2 . 15 + 1) . (2 . 16) = 992

5.

n=1
a2 = a1 + 7 . 1
a2 = 4 + 7 = 11

n=2
a3 = a2 + 7 . 2
a3 = 11 + 14 = 25
n=3
a4 = a3 + 7 . 3
a4 = 25 + 21 = 46
210 Matemática aplicada

6.
a4 = 20
r = –4
a7= a4 + 3r
a7 = 20 + 3 . (–4)
a7 = 20 – 12
a7 = 8

7.
a1= 3
r = a1 – a2 = 6 – 3 = 3
a70 = a1 + 69 . r
a70 = 3 + 69 . 3 = 3 + 210

S70 = (3 + 210) . 35
S70 = 213 . 35 = 7.455

8.
2, -----, -----, -----, 18
a1 = 2
an = a5 = 18
a5 = a1 + 4r
18 = 2 + 4r
18 – 2 = 4r
16 = 4r
r=4
Logo, a PA será (2, 6, 10, 14, 18).

9.
a1 = 207
an = 999
r=9
an = a1 + (n – 1) . r
999 = 207 + 9n – 9
999 – 207 + 9 = 9n
9n = 801
n = 89
Gabarito 211

10.
a6 = 40 + (6 – 1) . (–6) S = (40 + 10) . 3
a6 = 40 + 5 . (–6) S = 50 . 3
a6 = 40 – 30 S = 150 km
a6 = 10

11.
a1 . a6 = 12.500
q=5

a1 . a1 . q5 = 12.500

a12 . 55 = 12.500
a12 . 3125 = 12.500
a12 = 4

a1 = 2
a3 = a1, qn – 1
a3 = a1 . q2
a3 = 2 . 52
a3 = 50

12.

a1   q n  1
Sn 
q 1

2   210  1
S10 
2 1
S10 = 2 . (1.024 – 1)
S10 = 2.046

13.
Temos agora uma PG infinita, logo:
a1 = 1
q=(1 ):1
2
a
S 1
1 q

1
S
1
1
2
S=2
212 Matemática aplicada

14.

q = a2 : a1
q=3:1
q=3
a1  q n  1
Sn 
q 1

1 310  1
Sn 
3 1

59049  1
Sn 
2

Sn  28524

15.

a6 = a3 . q3
80 = 10 . q3
q3 = 8
q=2

6 Análise combinatória e probabilidades


1.

n=7
p=3
7! 7!
A   7  6  5  210 centenas distintas
7  3! 4 !
2.

n=8
p=3
8! 8 ! 8  7  6  5 ! 336
C    =5656comissões
3 !  8  3  ! 3 ! 5 ! 3  2 1 5 ! 6

3.

n=3n=4
p=2p=2
Logo, C3 ; 2 , C4 ; 2
3! 4! 3! 4 !
C    = 3 . 6 = 18 comissões distintas
2 !  3  2  ! 2 !  4  2  ! 2 !1! 2 ! 2 !
Gabarito 213

4.

a) Portugal = 8 letras → P8! = 40.320


b) Terminam em P, R, T, G e L → 5 . P7! → 5 . 5.040 = 25.200
c) Começam em G e terminam em O → sobram apenas 5 letras para serem permutadas,
logo, P5! = 120.
d) U R __ __ __ __ __ __
__ U R __ __ __ __ __
__ __U R __ __ __ __
__ __ __ U R __ __ __
__ __ __ __ U R __ __
__ __ __ __ __ U R __
__ __ __ __ __ __ U R
Poderia ser também RU. Logo, temos 2 . 7 . P6! = 8.640.

5.

T1 __ __ __ __ T2
T2 __ __ __ __ T1
2 . P4! → 2 . 4 . 3 . 2 . 1 = 48.

6.

__ __ __ 8 __ __ __
vogais milhar
5! 9!
A 
5  3! 9  3!
5! 9 !

2! 6!

= 5 . 4 . 3 . 9 . 8 .7 → 60 . 504 = 30.240 motoristas suspeitos.

7.
10 !
 10 ! : 5 !  10  9  8  7  6  30.240
10  5 !
8.

C60,6 = 60 . 59 . 58 . 57 . 56 . 55 : 6! = 10 . 59 . 29 . 19 . 14 . 11 = 50.063.860.

9.

Ω = {789, 798, 879, 897, 978, 987} → n(Ω) = 6


a) Evento ser ímpar: A = {789, 879, 897, 987} → n(A) = 4.
Logo, 4 ou 2 ou 0,66%, ou, ainda, 66%.
6 3
214 Matemática aplicada

b) Evento par: B = {798, 978} → n(B) = 2.

Logo, 2 ou 1 ou 0,33, ou, ainda, 33%.


6 3
c) Evento C: ser múltiplo de 6 → C = {798, 978} → n(C) = 2.
Logo, 2 ou 1 ou 0,33, ou, ainda, 33%.
6 3
d) Evento D: ser múltiplo de 4 → D = Ø → n(D) = 0.
0
Logo, ou 0, ou, ainda, 0%.
6
e) Evento E: ser maior que 780 → E = Ω → n(E) = 6.
Logo, 1 ou 100%.
10.

3 ___ ___ 7
A6 ; 4 = 360
A4 ; 2 = 12
P(A) = 12 ou 1 ou 0,033, ou, ainda, 3,33%.
360 30
11.
1
Face 6 =
6
1
Em seguida, face 2 =
6
1
Por fim, face 4 =
6
1 1 1 1
Logo, P     ou 0,00462, ou, ainda, 0,462%.
6 6 6 216
12.

Um dado → 6 faces voltadas para cima.


Dois dados → Nn = 62 = 36 subconjuntos de duas faces voltadas para cima, que podem ser
somadas.
(1, 1) (1, 2) (1, 3) (1, 4) (1, 5) (1, 6)
(2, 1)......................................(2, 6)
(3, 1)......................................(3, 6)
(4, 1)......................................(4, 6)
(5, 1)......................................(5, 6)
(6,1) (6, 2) (6, 3) (6, 4) (6, 5) (6, 6)
Gabarito 215

13.

Seja A o evento “sair soma 5”, então:


A = {(1, 4), (2, 3), (3, 2), (4, 1)} → n(A) = 4
4 1
P(A) = ou
36 9
Logo, 1  1  8 ou 0,888, ou, ainda, 88,8%.
9 9
14.

n(Ω) = 52.
Evento A: a carta é vermelha → n (A) = 26
Evento B: a carta é ás → n (B) = 4
n(A B) = 2
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B)
26 4 2
 
52 52 52

Logo: 28 ou 7 ou 0,538, ou, ainda, 53,8%.


52 13

7 Probabilidades – Distribuições
1.

0,30 . (15) + 0,20 . (20) + 0,50 . (28)


4,5 + 4 + 14
Logo, o prazo será de 22,5 dias, ou seja, 22 dias e meio.

2.

Cenários Retorno Probabilidade


Ruim 10 0,50
Bom 15 0,20
Ótimo 19 0,30

0,50 . (10) + 0,20 . (15) + 0,30 . (19)


5 + 3 + 5,7
Logo, o ganho médio será de 13,7%.

3.

Sair 11 → (5,6) ou (6,5).


Dois dados ao mesmo tempo: 36 eventos (somas).
Logo: 2 : 36 = 0,055 ou 5,5%.
216 Matemática aplicada

4.

Sair 11 → (5,6) (6,5) = 2 chances


Sair 5 → (1,4) (2,3) (3,2) (4,1) = 4 chances
Logo: 6 : 36, ou, aproximadamente, 17%.

5.

x f(x) x . f(x) (x – u) (x – u)² (x – u)² . f(x)

2 0,25 0,50 2 – 4 = –2,00 –2,00² = 4,00 4,00 . 0,25 = 1,00

4 0,50 2,00 4 – 4 = 0,00 0,00² = 0,00 0 . 0,50 = 0,00

6 0,25 1,50 6 – 4 = 2,00 2,00² = 4,00 4,00 . 0,25 = 1,00

– – u = 4,00 – – = 2,00

Portanto:
a) Média probabilística ou resultado esperado: 4,00
b) Variância probabilística: 2,00
c) Desvio padrão probabilístico: 2, 00 = 1,414.

6.

Carteira 1

Cenário Ret . x% f(x) x . f(x) (x – u) (x – u)² (x – u)² . f(x)


Ótimo 15 0,28 4,20 15 – 8,91 = 6,09 37,088 10,664

Bom 9 0,25 2,25 9 – 8,91 = 0,09 0,0081 0,002025

Regular 6 0,35 2 ,10 6 – 8,91 = -2,91 8,4681 2,96383

Ruim 3 0,12 0,36 3 – 8,91 = - 5,91 34,928 4,19136

– – – u = 8,91 – – s² = 17,821

Carteira 2

Cenário Ret . x% f(x) x . f(x) (x – u) (x – u)² (x – u)² . f(x)


Ótimo 14 0,30 4,20 14 – 10 = 4,00 16 4,80

Bom 10 0,40 4,00 10 – 10 = 0,00 0 0

Regular 7 0,20 1,40 7 – 10 = –3,00 9 1,80

Ruim 4 0,10 0,40 4 – 10 = –6,00 36 3,60

– – – u = 10 – – s² = 10,2

a)
Carteira 1 = ganho médio de 8,91% Carteira 2 = ganho médio de 10%
Variância 1 = 17,82 Variância 2 = 10,2
Desvio padrão 1 = 4,22 Desvio padrão 2 = 3,16
A carteira 2 apresenta melhor retorno médio esperado e menor desvio padrão, isto é, menor
risco.
Gabarito 217

b) Com base no ganho médio e o nível de risco envolvido (desvio), a carteira 2 é a melhor
opção de investimento.
7.

Prob.
Cenários S. paga S. ganha x x . Prob. (x)
(x)
Sofrer acidente R$ –35.000,00 R$ +1.500,00 R$ –33.500,00 0,04 R$ –1.340,00

Não sofrer acidente R$ 0,00 R$ +1.500,00 R$ +1.500,00 0,96 R$ 1.440,00

Ganho médio de R$ 100,00 por cada apólice assegurada.

8.

P  0   1 1  0, 03125

5!
P 1    0, 50    0, 50 
1 4

1!  5  1 !

P 1  5  0, 50  0, 0625

P  0   P 1  0, 03125  0,1562  0,1875

 18, 75%

9.

6!
  0, 25    0, 75 
3 3

3! 6  3!

6!
  0, 015625  0, 4218
3!3!

 0,1318 ou 13,18%
10.

10 !
P 2    0, 20    0, 80 
2 8

2 ! 10  2  !

10 !
  0, 04  0,1677
2 !8 !

 45  0, 00670  0, 3020

 30, 20%
218 Matemática aplicada

11.

S  np  1  p   7   0, 25    0, 75 

S  1.3125  S  1,145

É assimétrica à direita, pois p < 0,5.

12.

60 !
P  30     0, 20    0, 80 
30 30

30 !  60  30  !

Chance 0 de conseguir nota 5.


P(30) = Nota 5 = 0,00000002.

13.

Segurados atendidos em média: 6. A probabilidade de atender 8 em determinada hora do


dia é:

e6  68
P  x  8 
8!

P  0,1 ou 10%

14.

a)
e6  68 0, 53568
P  x  3    0, 089 ou 8, 9%
8! 6

b)
e  6  66 0,115660
P  x  6    0, 000160
6! 720

8 Matrizes
1.

 1 3 3  3 4  5  4 6 9 
   
 2   2  5  3 1  1    0 8 2 
 2  4 2  0 1  2  6 2 3
   
Gabarito 219

2.

5  4 5  6 5  9  20 30 45
   
  5  0 5  8 5  2    0 40 10 
 5  6 5  2 5  3  30 10 15 
   

3.

x+x=8 y + 10 = –2
2x = 8 y = –2 – 10
x=4 y = –12
4+t=6 8 + 3z = 12
t=6–4 3z= 12 – 8
t=2 3z = 4, logo, z = 4
3
4.

1  3  3  5 1   4   3  6 
AB   
1  3  0  5 1   4   0  6 

18 14 
AB   
 3 4 

3 1   4  1 3  3   4   0 
BA   
 5 1  6 1 53  60 

 1 9 
BA   
11 15

5.

3y + 1 . 2 = 0 x.1+2.1=0
3y = 12 x=2
y=4

 3 1
AB   
 x 6

Portanto,

1 4  3  1 1  4   4 5 
     
1 2  2  1 6  2   3 8 
220 Matemática aplicada

6.

12 . 10 – 8 . 10 = 120 – 80 = 40

7.

MC11 = a22 a33 – a23 a32


= 6 . 1 – 3 . 9 → 6 – 27 = –21
MC12 = a21 a33 – a23 a31
= 5 . 1 – 3 . 4 → 5 – 12 = –7

9 Sistemas lineares
1. Nesse exercício, você deverá usar a regra da matriz transposta.

1 4 0
Bt   
 4 1 3

2. Aqui, vamos utilizar a regra da matriz oposta.

 1 4 
A   
 4 1 

3. Nesse exercício, precisaremos usar a regra de adição de matrizes.

3  6 3   2  
P 
2 1 5  4 

9 1 
P 
3 9 

4. Associamos cada termo da matriz à esquerda com o respectivo termo da matriz à direita, na
mesma ordem.

6 3   1 2 
  
3 4   7 0 

 6   1 3   2  
 
3   7  4  0 

5 1
 
 4 4 
Gabarito 221

5. Nesse exercício, aplicaremos a regra do produto.

24 21
 xA  
18 15 

6. Aqui, podemos utilizar o método da adição, que é bem simples:

3x + y = 13 → multiplicamos por (–2) e teremos:


x + 2y = 16

–6x –2y = –26


x + 2y = 16

– 5x = –10, portanto x = 5.

Para calcularmos y, basta substituir em uma das equações:

3x + y = 13
3 . 5 + y = 13
15 + y = 13
y = 13 – 15
y = –2

S = (5,–2)

7. Para esse exercício de sistema linear, usamos o método da substituição solicitado. Esse
método será muito útil quando o sistema não for linear.

Isolando uma variável:

3x + y = 11 → temos: y = 11 – 3x
x + 2y = 7

Substituímos na segunda equação:

x + 2 . (11 – 3x) = 7
x + 22 – 6x = 7
–5x = –15
x=3
222 Matemática aplicada

Agora, para acharmos y, podemos usar qualquer equação, inclusive aquela na qual isolamos
a variável.

y = 11 – 3x
y = 11 – 3 . 3
y=2

S = (3,2)

8. Utilizando a regra de Cramer, vamos resolver o mesmo sistema por meio de determinantes.

3 1
det    3  2   1 1  5
1 2

11 1
det x   11  2    7 1  15
7 2

3 11
det y    3  7   1 11  10
1 7

Finalizando, vamos encontrar o conjunto solução:


det x 15
=x = =3
det 5

det y 10
=x = =2
det 5

S = (3,2)

9. Como temos um sistema 3 x 3, o primeiro passo é chamar as equações de I, II e III. Então,


usarmos a equação II para somar com I e com III.

I→x+y+z=9
II → 3x – 2y – z = –4
III → 2x – 3y + 2z = 3

II + I = 4x – y = 5
2 . II + III = 8x – 7y = –5 → multiplicamos a equação II por 2 para eliminar z.
Portanto, agora temos um sistema 2 x 2:

–8x + 2y = –10
8x – 7y = –5

– 5y = –15, logo y = 3
Gabarito 223

O próximo passo é usar uma das equações para substituir o x:

4x – y = 5 → 4x – 3 = 5
4x = 8 → x = 4

E agora determinamos z:
x+y+z=9
4 + 3 + z = 9 → z = 9 – 7, logo z = 2
S = (4,3,2)

10. Nossa meta agora é resolver o sistema por escalonamento utilizando a regra de Cramer. O
primeiro passo é definir os determinantes:

1 2 1 1 2
Det  2 1 1 2 1 3  8  5
1 3 1 1 3

0 2 1 0 2
Det x  1 1 1 2 1  1  4  5
2 3 1 1 3

1 0 1 1 0
Det y  2 1 1 2 1  3  (3)  0
1 2 1 1 2

1 2 0 1 2
Det z  2 1 1 2 1 0  (5)  5
1 3 2 1 3

Det x 5
x  1
Det 5

Det y 0
y  0
Det 5

Det z 5
z   1
Det 5

S  1, 0,  1
224 Matemática aplicada

10 Funções polinomiais, limites e derivadas


1. p(x) = (2x – 3) . (–4 – x) + x2 – x +

Fazendo a propriedade distributiva, temos:


= –8x – 2x2 + 12 + 3x + x2 – x + 1

Juntando os termos semelhantes:


= –x2 – 6x + 13

2. Vamos somar as duas funções polinomiais, já reduzindo os termos que são semelhantes:

f(x) + g(x) = (a + b) x2 + (b – a + 1) . x + 2

Para que seja independente de x, os coeficientes de x2 e x precisam ser nulos. Logo, (f) + (g)
devem ter grau zero, ou seja, é necessário serem uma função constante.
Portanto, a + b = 0 e b – a + 1 = 0
a+b=0
b–a+1=0

Logo:

a+b=0
–a + b = –1
1
2b = –1, então b 
2
Para determinar a:
a = –b, logo:
1 1
a 
2 2
3.

f(x) . g(x) = ix (3x + 2i)


= 3ix2 + 2i2x

Podemos reescrever:
= 3ix2 – 2x

Logo, a = 3i; b = –2; e o termo independente c não aparece, de modo que é zero.

4.

O primeiro passo é mostrar que, para n – 1, a proposição é verdadeira. Isso significa admitir
que a PA possui apenas um termo, logo:
a1 = (2n – 2) . n
4 = (2 . 1 + 2) . 1
4=4
Gabarito 225

Para n = 1, então a proposição é válida.


Formulando a hipótese de indução considerando n = x, logo:

4 + 7 + 10 + ... + (3x + 1) = (2 + 2x) . x

Vamos supor que a proposição é válida para n – x, então podemos provar que é verdadeira
também para n = x + 1? Vejamos:

4 + 7 + 10 + ... + (3x + 1) + [3(x + 1 + 1] = (2(x + 1) + 2) . (x + 1)


4 + 7 + 10 + ... + (3x + 1) = + [3x + 4] = (2x + 4) . (x + 1)
4 + 7 + 10 + ... + (3x + 1) + [3x + 4] – 2x2 + 2x + 4x + 4
4 + 7 + 10 + ... + (3x + 1) + 3x + 3 = (2x + 2) . x + 4x + 4
A proposição, portanto, não é verdadeira para todo n > 0 e pertencente aos naturais.

5.
Hipótese: 1 + 3 + 5 + 5 + ... + 2p – 1 = p2
Logo, 1 + 3 + 5 + 7 + ... + 2p – 1 + 2(p+1) – 1 = (p + 1)2, que desejamos demonstrar.
= p2 + 2p – 2 – 1 = p2 + 2p + 1 = (p + 1)2

Logo, a soma dos primeiros números ímpares é igual a n2.

6. Para provar a igualdade por indução, devemos primeiro testar a base.

Base: n = 1
1 1
 (2  1) 
2 1 3
E do lado direito:
1 1

2,1  3 3

Agora, vamos aplicar a hipótese da indução supondo que a nossa igualdade é válida para n.
1 1 1 n
 3   5  ...  
2 3 (2n  1)  (2n  1) 2n  1
Desejamos chegar a:
1 1 1 1 n 1
 3   5  ...   
2 3 (2n  1)  (2n  1) (2n  1)  (2n  3) 2n  3

Aplicando a hipótese, vamos substituir:


n 1 n 1
 
(2n  1) (2n  1)  (2n  3) 2n  3
Tirando o mmc, temos:
1 n 1
n  (2n  3)  
(2n  1)  (2n  3) 2n  3
226 Matemática aplicada

Aplicando a propriedade distributiva, temos:


2n2  3n  1 n 1

(2n  1)  (2n  3) 2n  3
Fatorando 2n2 + 3n + 1 (aplicando Báskara), temos:

(n  1)  (2n  1) n 1

(2n  1)  (2n  3) 2n  3
Sobrará:
n 1 n 1

2n  3 2n  3

7.

a) Embora x2 – y2 = (x + y) . (x y), podemos dizer também que: x  y  ( x  y )  ( x  y ).


Logo:
x 3
lim
x3 x 3

x 3
lim
x3
 x 3   x 3 
Simplificando, temos:
1 1 1
 
x 3 3 3 2 3

Racionalizando, temos:

1 3 3
 
2 3 3 6

b)
x 1
lim
x 1 x 1
Não podemos simplesmente substituir, pois o resultado será 0 . Logo:
0
1 1
lim 
x 1 x 1 2

x 1 x 1

x 1 x 1

Fazendo a propriedade distributiva, temos:

x  x  x 1 x 1

(x  1)  ( x  1) (x  1)  ( x  1)
Gabarito 227

Se x ≠ 1, podemos novamente simplificar (x – 1) por (x – 1):

1 1 1
 
x 1 1 1 2

8.
lim f (x )  lim x 2  1  22  1  3
x  2 x  2

lim f (x )  lim x  1  2  1  1
x  2 x  2

lim f (x )  
x2

9.
1
lim x 3  lim 23 x  lim
x0 x0 x2
x0

0  0  

Logo: +∞

10.

a) y = 7x3 – 9x2 + 8x
y’ = 3 . 7 . x3–1 + 2 . 9 . x2–1 + 1 . 8x1–1
y’ = 21x2 + 18x + 8

b) y  x x  9

1
y  x1  x 2  9

3
y  x2  9

3
3 1
y ’   x2
2
1
3
y ’   x2
2

3
y’  x
2
228 Matemática aplicada

11.
y  4 x3  2x2  7 x  5

f (x  x )  f (x )
y ’  lim
x  0 x

4(x  x )3  2  (x  x )2  7(x  x )  5  (4 x 3  2 x 2  7 x  5)
y ’  lim
x  0 x

4 x 3  12  x 2  x  12 x  (x )2  4(x )3  2 x 2  4  x  x  ()2  7 x  7 x  5  (4 x 3  2 x 2  7 x  5)


y’
x  0 x

x(12 x 2  x  12 x  (x)2  4(x)2  4 x  x  7)


y’
x  0 x

y ’  12 x 2  4 x  7

12.
Cm = 8q + 180
Para 10 unidades = 8 .10 + 180 = 80 + 180 = R$ 260,00
13.
p = –0,5q + 700
Como R = p . q

R(q) = (–0,5q + 700) . q


R(q) = –0,5q2 + 700q

Receita marginal:
R’(m) = –0,5 . 2 q + 700
R’(m) = –1q + 700

Para 200 unidades:


R’(m) = –1.200 + 700
R’(m) = 500,00
14.

a) LT = RT – CT
LT = (18q2 + 30q) – (10q2 + 27q + 500)
LT = 18q2 + 30q – 10q2 – 27q – 500
LT = 8q2 + 30q – 500

b) L(m) = L’ = 2 . 8q + 3
L(m) = 16q + 3

c) Para uma produção de 250 unidades, temos:


L(m) = 16 . 250 + 3
L(m) = 4.003,00
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Disponível em: https://maisminas.org/mega-sena-concurso-2120-de-hoje/. Acesso em: 2 ago. 2019.

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230 Matemática aplicada

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Hoje, a matemática aplicada é utilizada em modelagens que vão da medicina

Matemática Aplicada
à astronomia, das comunicações ao desenvolvimento de equipamentos de Edson Carlos Chenço
precisão, enfim, em importantes áreas do dia a dia. Ao digitar senhas em caixas
eletrônicos, ao pensar na chance probabilística de ganhar na loteria, ao avaliar
riscos de um investimento, ao elaborar uma planilha orçamentária, as pessoas
estão “matematizando”, isto é, avaliando tudo que as cerca do ponto de vista
matemático.
Neste livro, houve a preocupação de mostrar a versatilidade dos conceitos
de matemática aplicada e sua utilidade. Estruturada em dez capítulos, a obra
parte dos conceitos iniciais de potenciação e radiciação, passando pelas
equações e problemas de primeiro e segundo grau, pelas progressões, matrizes
e determinantes, até finalizar com as funções polinomiais, limites e funções
derivadas. Em todos os capítulos há dezenas de exercícios resolvidos, exemplos
solucionados, aplicações em diversas áreas e, ainda, sugestões de outros
materiais que venham a enriquecer os conhecimentos do leitor.
Ter uma base sólida em matemática aplicada, portanto, possibilitará uma
formação científica de qualidade. Melhores decisões são tomadas quando se tem
acesso a informações precisas, ampliando o olhar sobre os problemas que se
manifestam no cotidiano.

Edson Carlos Chenço


matemática
aplicada
Código Logístico Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6480-9

58558 9 788538 764809

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