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PORTUGUÊS

SINTAXE PARTE 2

SINTAXE 2
COMENTADO
PORTUGUÊS
COMENTADO
GABARITO COMENTADO

1. “Todas as frases abaixo mostram a presença da conjunção OU; aquela frase em que ela tem
valor de adição é:
a) Aquele senhor falava inglês ou francês com facilidade;
b) Comprarei um carro novo: um Fusca ou um BMW;
c) Ou você se conserta ou desaparece daqui!;
d) Rui Barbosa, ou a Águia de Haia, foi famoso jurista;
e) Vamos estudar ou seremos reprovados.

COMENTÁRIO:
A conjunção OU pode ser não exclusiva – de valor aditivo – ou exclusiva – de valor alternativo
propriamente dito.
Note que, na letra A, é possível trocar OU por E, evidenciando a não exclusão.
Nas letras B, C e E, a conjunção OU de fato tem valor exclusivo. Somente uma das duas opções
pode ocorrer.
Na letra D, a conjunção OU introduz um aposto explicativo. Assim sendo, sua ideia não está
associada à exclusão, e sim a esclarecimento.
Resposta: A

2. “Após sucessivos anos de poucas chuvas, os reservatórios das hidrelétricas brasileiras nas
regiões Sudeste e Sul chegaram ao mês de setembro em seu pior nível histórico, abaixo
mesmo do patamar de 2001, quando o país enfrentou um severo racionamento de energia.
Para especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, esse cenário torna elevado o risco de apagões
(interrupções temporárias localizadas de fornecimento), ainda mais em momentos de picos
de consumo, que ficam mais frequentes com a volta do calor."
(BBC News Brasil, 19/09/2021)
A frase abaixo em que o vocábulo “quando” mostra o mesmo valor daquele apresentado
no texto acima é:
a) Não se pode prever quando isso vai ocorrer de novo;
b) Desconhecemos quando esses fatos vão acontecer;
c) Os vulcões entraram em erupção quando o tempo mudou;
d) Esse é o momento quando todos devem tomar precauções;
e) As notícias chegaram quando menos se esperava.

COMENTÁRIO:
O vocábulo “quando” atua como pronome relativo, retomando o antecedente “2001”. Isso
pode ser evidenciado, substituindo-se “quando” por “em que” – “... patamar de 2001, em que
o país enfrentou um severo racionamento de energia”.
Nas letras A e B, “quando” atua como advérbio interrogativo. Note que temos interrogativas
indiretas – “Quando isso vai ocorrer de novo?” e “Quando esses fatos vão acontecer?”.
Nas letras C e E, “quando” atua como conjunção temporal. Note que é possível substituir
“quando” por outra conjunção ou locução conjuntiva temporal, como “assim que” e “no
instante em que” – “... assim que o tempo mudou” e “no instante em que menos se esperava”.
Já na letra D, “quando” retoma “momento”, atuando como pronome relativo. Note que é
possível substituí-lo por “em que” – “... momento em que todos devem tomar precauções”.
Resposta: D

3. “Um homem de 44 anos foi preso na noite desta quinta-feira (16), após tentar furtar uma
residência, localizada na rua Duque de Caxias entre Rafael Vaz e Silva e Guanabara, em Porto
Velho.
A Polícia Militar foi informada que o criminoso, usando um alicate grande, teria cortado o
cadeado do portão da residência, porém, o cachorro da casa começou a latir e o homem fugiu.
Populares seguiram o criminoso, acionaram a Polícia Militar, ele recebeu voz de prisão e foi
encaminhado para a Central de Flagrantes.”
(Rondoniagora, 17/09/2021)
Na frase “o cachorro da casa começou a latir e o homem fugiu”, a conjunção E mostra o
mesmo valor em:
a) O ladrão chegou perto da casa e observou o cenário;
b) O bandido usou o alicate e cortou o cadeado;
c) A Polícia Militar chegou e o bandido ficou com medo;
d) O meliante foi preso e encaminhado para a delegacia;
e) Os assaltos e furtos são comuns nas grandes cidades.
COMENTÁRIO:
No texto original, a conjunção E estabelece uma relação de causa e efeito – o homem fugiu
porque o cachorro da casa começou a latir.
O mesmo ocorre na letra C – o bandido ficou com medo porque a Polícia chegou.
Resposta: C

4. O célebre político e escritor italiano Maquiavel escreveu em sua obra O Príncipe: “Por
conseguinte, um senhor prudente não pode nem deve cumprir a palavra dada, quando tal
observância lhe for prejudicial e quando as razões que levaram à sua promessa deixarem de
existir. E se os homens fossem todos bons, tal preceito não valeria: mas como são pérfidos e
não cumprem a palavra contigo, tu também não és obrigado a cumprir a palavra com eles”.

O termo inicial desse segmento “Por conseguinte” mostra que tudo o que está nele
expresso funciona como uma:
a) explicação;
b) retificação;
c) condição;
d) conclusão;
e) concessão.

COMENTÁRIO:
Questão tranquila, algo raro quando se fala em FGV.
A conjunção “Por conseguinte” expressa a ideia de conclusão.
Resposta: D

5. Texto 4 – A Quadrilha

“A quadrilha, também conhecida como quadrilha junina, quadrilha caipira ou quadrilha matuta
é um estilo de dança folclórica coletiva típica das festas juninas brasileiras. Que acontecem,
geralmente, nos meses de Junho e Julho em todas as regiões do Brasil, principalmente no
Nordeste. Por isso, as apresentações de quadrilha fazem referências a cultura nordestina, por
exemplo, a caracterização do homem do campo, do caipira ou do matuto.
No entanto, a quadrilha é de origem francesa. Dessa forma, a ‘quadrille’ surgiu em Paris, no
século XVIII.
Ademais, era uma dança de salão composta por quatro casais, no entanto, era uma dança da
elite europeia. Antes de chegar à França, a dança pertencia aos ingleses, onde era conhecida
como ‘contredanse’, cuja origem vinha dos camponeses no século XIII. Depois, se difundiu por
toda Europa.
Em suma, foi trazida ao Brasil, para a cidade do Rio de Janeiro durante o período da Regência,
em 1830, logo, se popularizando em todo o país.” (Segredos do Mundo, 01/04/2021.
Adaptado)
No texto 4, o conector sublinhado que está adequadamente empregado é:

a) “No entanto, a quadrilha é de origem francesa.”;


b) “Dessa forma, a ‘quadrille’ surgiu em Paris, no século XVIII.”;
c) “...no entanto, era uma dança da elite europeia.”;
d) “Antes de chegar à França, a dança pertencia aos ingleses, onde era conhecida como
‘contredanse’...”;
e) “Em suma, foi trazida ao Brasil, para a cidade do Rio de Janeiro durante o período da
Regência, em 1830...”.

COMENTÁRIO:
A letra D já é descartada, haja vista que “onde” não está retomando lugar.
Na letra B, a expressão “Dessa forma” introduz uma conclusão, mas não ocorre essa relação
lógica entre as orações anterior e posterior. Não faz sentido o trecho “... é de origem francesa.
Dessa forma, surgiu em
Paris...”.
Na letra C, a expressão “no entanto” introduz uma oposição, mas não ocorre essa
relação lógica entre as orações anterior e posterior. Não faz sentido o trecho “... era uma dança
de salão composta por quatro casais, no entanto, era uma dança da elite europeia”.
Na letra E, a expressão “Em suma” dá a ideia de “Em síntese”. No entanto, não se faz uma
síntese, e sim uma adição de conteúdo.
A letra A é a única em que o termo destacado confere lógica, pois relaciona informações de
natureza oposta.
Resposta: A

6. “ De repente, um índio jovem, neto do tuxaua Senembi, o Camaleão, que integrava a


expedição de Carrasco, se aproxima de um dos cativos (que estava preso pela muçurana), bate
nele brandamente, várias vezes, com a mão espalmada, e reivindica a sua posse, alegando que
fora ele, neto de Senembi, quem primeiro tocara aquele inimigo, durante a luta – circunstância
que lhe garantia o direito de executá-lo.” (Alberto Mussa, A primeira história do mundo, p.
129)
“que integrava a expedição de Carrasco” (texto 2) é uma oração adjetiva explicativa e é
precedida por vírgula; a oração abaixo que NÃO deveria ser precedida por vírgula, por
ser restritiva, é:

a) Cabral, que descobriu o Brasil, era fidalgo português;


b) O romance, que é de boa qualidade, é de autor jovem;
c) Esse é o candidato, que foi eleito para presidente;
d) A língua portuguesa, que provém do latim, é musical;
e) A data do descobrimento, que é incerta, foi confirmada.

COMENTÁRIO:
Na letra C, é coerente que a oração adjetiva “que foi eleito para presidente” seja restritiva, e
não explicativa, já que se pressupõe que haja outros candidatos não eleitos. Faz-se menção,
portanto, a um candidato específico.
As vírgulas deveriam ser eliminadas.
Resposta: C

7. “Deve-se rezar para se ter mente sã em corpo são.”


A segunda oração desse pensamento é chamada de reduzida, com o verbo (ter) no
infinitivo. Assinale a opção que apresenta a forma adequada para transformar essa
oração em desenvolvida.
a) Para uma mente sã em corpo são.
b) Para que se tenha mente sã em corpo são.
c) Para que se tivesse mente sã em corpo são.
d) A fim de que se tivesse mente sã em corpo são.
e) A fim de ter-se mente são em corpo são.

COMENTÁRIO:
A oração reduzida é “para se ter mente sã em corpo são”.
Note que se trata de uma oração subordinada não introduzida por conector e com verbo no
infinitivo.
Para desenvolver uma oração reduzida, o primeiro passo é fazer aparecer o conector. Como
dito, a FGV apela frequentemente em suas questões para o QUE. Somente esse filtro já nos
elimina as letras A e E, opções que não apresentam QUE.
Agora vamos analisar as flexões verbais. Note que a locução “Deve-se rezar” apresenta auxiliar
no presente do indicativo. Esse tempo não é compatível com a forma “tivesse”, presente nas
letras C e D.
Resta-nos como resposta a letra B.
Resposta: B

8. “A matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também suprema
beleza – uma beleza fria e austera, como a da escultura.” Bertrand Russell.
Assinale a opção que apresenta a afirmação adequada sobre os componentes desse
pensamento.
a) O segmento “vista corretamente” indica a causa da oração seguinte.
b) Os segmentos “não apenas” e “mas também” indicam oposição de ideias.
c) As palavras “verdade” e “beleza” indicam valores que se contradizem na ciência
matemática.
d) O termo “a” em “a da escultura” engloba a verdade e a beleza da matemática.
e) A comparação “como a da escultura” traz uma valorização artística da matemática.
COMENTÁRIO:
Letra A – ERRADA – Indica uma condição, não uma causa.
Letra B – ERRADA – Indica adição.
Letra C – ERRADA – Não há contradição. Trata-se de duas qualidades positivas da matemática.
Letra D – ERRADA – Há elipse apenas de “beleza”.
Letra E – CERTA
Resposta: E
9. É muito conhecida a frase “O crime não compensa”; se colocarmos a conjunção MAS
após essa frase, uma complementação formalmente adequada será:
a) O crime não compensa, mas a pena pode ser demasiadamente longa;
b) O crime não compensa, mas todos preferem não cometê-lo;
c) O crime não compensa, mas o número de criminosos diminui a cada dia;
d) O crime não compensa, mas felizmente muitos criminosos são presos;
e) O crime não compensa, mas o lucro pode ser transitoriamente grande.

COMENTÁRIO:
O conector MAS é adversativo e, necessariamente, precisa introduzir uma ideia de contraste.
Isso somente ocorre na letra E: a oração anterior apresenta uma desvantagem do crime; já a
segunda, uma vantagem.
Resposta: E

10. Texto 1
“A instituição policial brasileira, segundo documentação existente no Museu Nacional do Rio
de Janeiro, data de 1530, quando da chegada de Martim Afonso de Sousa enviado ao Brasil –
Colônia por D. João III. A pesquisa histórica revela que no dia 20 de novembro de 1530, a
polícia brasileira iniciava as suas ações, promovendo justiça e organizando os serviços de
ordem pública, como melhor entendesse nas terras conquistadas do Brasil. A partir de então a
instituição policial brasileira passou por seguidas reformulações nos anos de 1534, 1538, 1557,
1565, 1566, 1603, e, assim, sucessivamente. Somente em 1808, com a chegada do príncipe
Dom João ao Brasil, a polícia começou a ser estruturada, comandada por um delegado e
composta por escrivães e agentes.”
Os termos sublinhados no texto 1 são conectores, ou seja, ligam partes do texto; a opção
abaixo em que o valor semântico de um desses termos NÃO está corretamente indicado
é:
a) segundo = conformidade;
b) quando = tempo;
c) como = conformidade;
d) assim = modo;
e) com = companhia.
COMENTÁRIO:
Leiamos o trecho "... com a chegada do príncipe Dom João ao Brasil, a polícia começou a ser
estruturada...".
Não temos aqui uma ideia de companhia, mas sim de causa ou tempo.
Resposta: E
11. “A dificuldade de aumentar o Fundo Eleitoral para as eleições municipais do ano que vem
está revivendo entre deputados e senadores a necessidade do financiamento privado das
campanhas eleitorais. Com o aumento do custo pela volta da propaganda no rádio e na
televisão, haverá necessidade de novo tipo de financiamento”.
(Uma questão de dinheiro, Merval Pereira).
Os termos abaixo que mostram, respectivamente, as ideias de causa e consequência são:
a) a dificuldade de aumentar o Fundo Eleitoral / a necessidade do financiamento privado
das campanhas;
b) o aumento de custo das campanhas eleitorais / a volta da propaganda no rádio e na
televisão;
c) a necessidade de novo tipo de financiamento / o aumento de custo das campanhas
eleitorais;
d) a necessidade do financiamento privado das campanhas / a dificuldade de aumentar o
Fundo Eleitoral;
e) o aumento de custo das campanhas eleitorais / a dificuldade de aumentar o Fundo
Eleitoral.

COMENTÁRIO:
A necessidade do financiamento privado de campanha, segundo o texto, se dá devido às
dificuldades em aumentar o Fundo Eleitoral para as eleições municipais. É justamente isso que
está evidenciado na letra A.
Resposta: A

12. “É natural desejar que se faça justiça”.


Se transformarmos a oração reduzida “desejar” em uma oração desenvolvida, a forma
adequada será:
a) que se deseje que se faça justiça;
b) o desejo de que se faça justiça;
c) que se desejasse que se faça justiça;
d) o desejo de que seja feita justiça;
e) desejarmos que se faça justiça.
COMENTÁRIO:
Questão clássica da FGV, amplamente trabalhada em nossos PDFs.
Note que, nas letras B (o desejo de que se faça justiça) e D (o desejo de que seja feita justiça),
não houve o desenvolvimento em oração, pois “desejo” é substantivo.
Na letra E (desejarmos que se faça justiça), a oração continua reduzida, pois não é introduzida
por conjunção. Note que empregamos a forma de infinitivo flexionado “desejarmos”.
Na letra C (que se desejasse que se faça justiça), a forma verbal “desejasse” não está
correlacionada com “faça”.
Na letra A, apresenta-se uma oração desenvolvida, com a forma “deseje” correlacionada com
“faça”.
Resposta: A

13. “Quanto mais a pena for rápida e próxima do delito, tanto mais justa e útil ela será”.
Nesse pensamento, há uma correlação entre dois termos precedidos por “Quanto mais”
e “tanto mais”, que são:
a) mais rápida e mais próxima do delito;
b) mais justa e mais útil;
c) mais rápida / mais justa;
d) mais rápida e próxima / mais justa e útil;
e) mais próxima / mais útil.

COMENTÁRIO:
Note que “Quanto mais” está associado aos adjetivos “rápida” e “próxima”.
Já “tanto mais” está associado aos adjetivos “justa” e “útil”.
Dessa forma, o primeiro grupo refere-se aos modificados por “Quanto mais” – “rápida e
próxima”. Já o segundo grupo, aos modificados por “tanto mais” – “justa e útil”.
Resposta: D

14. Texto – Há sempre o inesperado


Quem não nasceu de novo por causa de um inesperado?
Iniciei-me no exílio antropológico quando – de agosto a novembro de 1961 – fiz trabalho de
campo entre os índios gaviões no sul do Pará. Mas, como os exilados também se comunicam,
solicitei a uma respeitável figura do último reduto urbano que visitamos, uma cidadezinha na
margem esquerda do rio Tocantins, que cuidasse da correspondência que Júlio César Melatti,
meu companheiro de aventura, e eu iríamos receber. Naquele mundo sem internet,
telefonemas eram impossíveis e cartas ou pacotes demoravam semanas para ir e vir.
Recebemos uma rala correspondência na aldeia do Cocal. E, quando chegamos à nossa base,
no final da pesquisa, descobrimos que nossa correspondência havia sido violada.
Por quê? Ora, por engano, respondeu o responsável, arrolando em seguida o inesperado e
ironia que até hoje permeiam a atividade de pesquisa de Brasil. Foi quando soubemos que
quem havia se comprometido a cuidar de nossas cartas não acreditava que estávamos
“estudando índios”. Na sua mente, éramos bons demais para perdermos tempo com uma
atividade tão inútil quanto estúpida. Éramos estrangeiros disfarçados – muito provavelmente
americanos – atrás de urânio e outros metais preciosos. Essa plausível hipótese levou o nosso
intermediário ao imperativo de “conferir” a correspondência.
Mas agora que os nossos rostos escalavrados pelo ordálio do trabalho de campo provavam
como estava errado, ele, pela primeira vez em sua vida, acreditou ter testemunhado dois
cientistas em ação.
Há sempre o inesperado.
Roberto da Matta. O GLOBO. Rio de Janeiro, 18/10/2017
Assinale a opção que apresenta o segmento do texto em que a conjunção e tem valor
adversativo (oposição), e não aditivo (adição).
a) “... meu companheiro de aventuras, e eu iríamos receber”.
b) “... demoravam semanas para ir e vir”.
c) “ E quando chegamos à nossa base...”.
d) “... arrolando em seguida o inesperado e a ironia...”.
e) “... atrás de urânio e outros metais preciosos”.
COMENTÁRIO:
Observe o trecho:
Recebemos uma rala correspondência na aldeia do Cocal. E, quando chegamos à nossa base, no
final da pesquisa, descobrimos que nossa correspondência havia sido violada.
Nele, duas ideias se opõem: receber a correspondência, porém violada.
Dessa forma, é possível trocar o conector “e” por “mas”, “entretanto”, “no entanto”, etc.
Resposta: C

15. Ao assumir a direção de um carro, o pacato e humilde senhor Andante se transforma no


terrível senhor
Volante, modelo de arrogância e violência. Protagonizada pelo personagem Pateta, a cena do
desenho clássico da Disney (1950) ilustra uma situação comum até hoje no trânsito, onde os
motoristas descarregam toda sorte de frustrações. São condutores que não usam as luzes
indicadoras de direção (conhecidas como piscas ou setas) nas conversões – e apontam o dedo
médio para os pedestres que lhes chamam a atenção por isso –, ou ultrapassam pela direita –
inclusive pelo acostamento das rodovias –, ignoram as faixas de pedestres e dirigem veículos
com pneus carecas ou amortecedores vencidos.
Não por acaso, o fator humano é responsável pela maioria dos acidentes. Dirigir
defensivamente é essencial para prevenir os desastres ou pelo menos minimizar suas
consequências. De acordo com o professor Adilson Lombardo, especialista em segurança no
trânsito, a direção defensiva passa por uma série de comportamentos ligados à inteligência
emocional e ao raciocínio lógico. “É preciso avaliar o risco, analisar as possibilidades, reduzir a
velocidade perto de escolas ou em dias de chuva, não fazer ultrapassagens perigosas”, ensina.
Na prática, são medidas simples, que podem ser resumidas em duas: bom senso e respeito às
normas.
Para o especialista, um trânsito mais seguro depende do comportamento mais inteligente não
apenas do condutor de veículo automotor, mas também do pedestre e do ciclista. Assim como
o motorista tem de respeitar a preferência do pedestre na faixa de segurança nos casos em
que não há semáforo, o pedestre precisa atravessar na faixa e respeitar a sinalização luminosa,
quando houver. Bicicletas, por sua vez, não devem trafegar em pistas exclusivas de ônibus, e
cabe ao ciclista usar os equipamentos de segurança obrigatórios, como o capacete.
Lombardo lembra que as pessoas costumam transferir muitos de seus comportamentos para
o trânsito. “O carro não é uma extensão do corpo”, adverte. “O motorista deve seguir as regras
e respeitar o próximo, demonstrando gentileza e educação.”
Adaptado de Gazeta do Povo.com.br. Curitiba, 22/08/2009.
Assinale a opção que apresenta o segmento em que a conjunção ou tem valor alternativo, e
não valor aditivo.
a) “conhecidas como piscas ou setas”.
b) “... ou ultrapassam pela direita – inclusive pelo acostamento das rodovias”.
c) “e dirigem veículos com pneus carecas ou amortecedores vencidos”.
d) “... para prevenir os desastres ou pelo menos minimizar suas consequências”.
e) “reduzir a velocidade perto de escolas ou em dias de chuva”.
COMENTÁRIO:
Atenção para esta questão!
A FGV entende a alternância não exclusiva como adição. Isso significa que, se há possibilidade
de as duas ações ocorrerem simultaneamente, tem-se uma ideia de adição. No entanto, se a
alternância for exclusiva, tem-se, no entendimento da FGV, uma alternância propriamente dita.
Com base nesse entendimento, analisemos as alternativas:
Letra A – ERRADA – Veja que é possível associar a ideia de adição, haja vista que as luzes
indicadoras de direção são conhecidas tanto por piscas como setas. Não há exclusão, o que,
no entendimento da FGV, implica uma relação de adição.
Letra B – ERRADA – Observe o trecho: “São condutores que não usam as luzes indicadoras
de direção (conhecidas como piscas ou setas) nas conversões – e apontam o dedo médio para
os pedestres que lhes chamam a atenção por isso –, ou ultrapassam pela direita – inclusive
pelo acostamento das rodovias –, ignoram as faixas de pedestres e dirigem veículos com pneus
carecas ou amortecedores vencidos.”.
Todos os exemplos de má conduta no trânsito listados podem ocorrer de forma simultânea.
Não há ideia de exclusão, o que implica uma relação de adição, segundo a FGV.
Letra C – ERRADA – Os exemplos citados podem ocorrer de forma simultânea. Não há ideia
de exclusão, o que implica uma relação de adição, segundo a FGV.
Letra D – CERTA – As ideias de “prevenção de acidentes” e “pelo menos a minimização das
consequências” são exclusivas. Ora, se se admite minimizar as consequências, já se está
admitindo que não é possível se prevenir plenamente de acidentes. Como há uma ideia de
exclusão, trata-se, no entendimento da FGV, de uma alternância propriamente dita!
Letra E – ERRADA – As duas condutas citadas – reduzir a velocidade perto de escolas e em
dias de chuva - podem ocorrer de forma simultânea. Não há ideia de exclusão, o que implica
uma relação de adição, segundo a FGV.
Resposta: D
16. Guerra civil
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
O 11º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrando o crescimento das
mortes violentas no Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram 61.619 pessoas que
perderam a vida devido à violência. Outro dado relevante é o crescimento da violência em
alguns estados do Sul e do Sudeste. Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
os inaceitáveis números da violência no país. Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação
ocorre de fato. Tem sido assim com o governo federal e boa parte das demais unidades da
Federação. Agora, com a crise, o argumento é a incapacidade de investimento, mas, mesmo
em períodos de economia mais forte, pouco se viu da implementação de programas
estruturantes com o objetivo de enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição de
equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medidas essenciais, mas é preciso ir muito
além. Definir metas e alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho, deve ser parte de
um programa bem articulado, que permita o acompanhamento das ações e que incentive o
trabalho integrado entre as forças policiais do estado, da União e das guardas municipais.
O segmento do texto em que a conjunção E tem valor adversativo (oposição) e NÃO
aditivo (adição) é:

a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul e do Sudeste”;


b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação decorre de fato”;
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte das demais unidades da
Federação”; d) “...viaturas e novas tecnologias”;
e) “Definir metas e alcançá-las...”.
COMENTÁRIO:
No trecho “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação decorre do fato”, há um contraste
entre duas ideias: o tempo passa, mas nenhuma ação ocorre.
É possível, assim, substituir a conjunção “e” pelas formas adversativas “mas”, “no entanto”,
“entretanto”, etc.
Resposta: B

17. Violência: O Valor da vida


Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p.
412
A violência é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as sociedades sob várias
formas. Em geral, ao nos referirmos à violência, estamos falando da agressão física. Mas
violência é uma categoria com amplos significados. Hoje, esse termo denota, além da agressão
física, diversos tipos de imposição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar ou de
gênero, ou a censura da fala e do pensamento de determinados indivíduos e, ainda, o desgaste
causado pelas condições de trabalho e condições econômicas. Dessa forma, podemos definir
a violência como qualquer relação de força que um indivíduo impõe a outro. Consideremos o
surgimento das desigualdades econômicas na história: a vida em sociedade sempre foi
violenta, porque, para sobreviver em ambientes hostis, o ser humano precisou produzir
violência em escala inédita no reino animal. Por outro lado, nas sociedades complexas, a
violência deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento da
organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a
qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa
desigualdade social é o fenômeno em que alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e
valores exclusivos e negados à maioria da população de uma sociedade. Tal desigualdade
aparece em condições históricas específicas, constituindo-se em um tipo de violência
fundamental para a constituição de civilizações.
Em todos os segmentos abaixo há termos unidos pela conjunção aditiva E; o segmento do
texto em que esses termos NÃO podem ser trocados de posição é:
a) “ou a censura da fala e do pensamento”;
b) “desgaste causado pelas condições de trabalho e condições econômicas”;
c) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento da
organização”;
d) “...e, ainda, o desgaste causado pelas condições de trabalho”;
e) “...desfrutam de bens e valores exclusivos”.
COMENTÁRIO:
Em todos os exemplos citados, temos o “e” expressando ideia aditiva.
No entanto, na letra C, além da ideia aditiva, há uma ideia de sequência temporal. Note que
primeiro deixa de ser uma ferramenta de sobrevivência, para, na sequência, tornar-se um
instrumento da organização.
A troca de posição entre os termos coordenados entre si, portanto, geraria incoerência lógica,
pois afetaria essa sequência temporal.
Resposta: C

18. Cada um por si


Paula Ferreira, O Globo, 22/11/2017 (adaptado)
Ouvir a opinião do outro, trabalhar em equipe e compartilhar conhecimento são habilidades
desejadas não só no mercado de trabalho, mas no exercício da cidadania e nas relações
interpessoais. Mas valores como este não são bem desenvolvidos nas escolas do Brasil, indica
um relatório divulgado ontem com dados do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA). Os estudantes brasileiros estão entre os piores, em meio a 52 países ou
economias com dados disponíveis, em resolver problemas de maneira colaborativa. De acordo
com especialistas, há razões claras para essa posição. Por um lado, o foco em avaliações de
larga escala afetou o que é prioridade nas escolas do país. Por outro, o modelo de acesso ao
nível superior e a infinidade de provas desestimulam estudantes a trabalhar coletivamente.
- Os países com bom desempenho nessa habilidade têm estruturas de aula que promovem
maior interação durante o aprendizado das disciplinas comuns. Aulas nas quais há incentivo
para a colaboração entre pares têm impactos positivos sobre essa competência – afirmou um
dos diretores da Instituição, acrescentando ainda que o Brasil precisa melhorar em áreas
essenciais.
“Mas valores como este não são bem desenvolvidos nas escolas do Brasil, / indica um
relatório divulgado ontem com dados do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA)”. O conectivo que substituiria adequadamente, no contexto, a barra
transversal inserida no segmento do texto é: a) pois;
b) mas também;
c) conforme;
d) contudo;
e) todavia.
COMENTÁRIO:
É possível identificar a ideia de concordância entre as duas orações que formam o
período.
Perceba a possibilidade de reescrita a seguir:
“Mas valores como este não são bem desenvolvidos nas escolas do Brasil, CONFORME indica
um relatório divulgado ontem com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(PISA)”.
“Mas valores como este não são bem desenvolvidos nas escolas do Brasil, SEGUNDO indica um
relatório divulgado ontem com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(PISA)”.
“Mas valores como este não são bem desenvolvidos nas escolas do Brasil, DE ACORDO COM o
que indica um relatório divulgado ontem com dados do Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (PISA)”.
Resposta: C

19. Quem protege os cidadãos do estado?


Renato Mocellin & Rosiane de Camargo, História em Debate
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas
pelos países, busca garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no
entanto, inúmeras situações em que o Estado coloca a população em risco, estabelecendo
políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços públicos essenciais e
envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para
a vida das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos
sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em
regiões de conflito onde há perigo para a população.
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em
uma guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu
criar uma organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida
em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política
favorável ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões
remotas e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes
envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização
informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é
proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos
profissionais da organização.
O item abaixo em que o conector sublinhado tem seu substituto corretamente indicado
é:
a) “O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais” /
de modo que;
b) “Há, no entanto, inúmeras situações...” / no entretanto;
c) “atuam de forma a evitar que haja risco” / de modo a;
d) “Por meio de acordos internacionais...” / Conforme;
e) “sem que essa ação fosse entendida como uma posição política” / a menos que.
COMENTÁRIO:
Letra A – ERRADA – A locução “assim como”, no contexto, indica adição. No entanto, a locução
“de modo que” expressa a ideia de consequência.
Letra B – ERRADA – Não existe a locução “no entretanto”. Existe sim “entretanto” e “no
entanto”.
Letra C – CERTA – As duas locuções - “de forma a” e “de modo a” – introduzem uma ideia de
consequência.
Letra D – ERRADA – A locução “por meio de” explicitamente introduz uma ideia de meio, ao
passo que “conforme” introduz uma ideia de conformidade.
Letra E – ERRADA – A locução “sem que” expressa ideia de negação e modo, ao passo que
que a locução “a menos que” expressa negação e condição.
Resposta: C

20. Ressentimento e Covardia


Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente
ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos
deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em
outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias,
difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos
de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde
colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo
do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos
cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou
deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por
caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto
qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação,
também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir
e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de
expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira
liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O texto mostra uma série de elementos aditivados por meio de diferentes processos; o
trecho em que NÃO ocorre qualquer tipo de aditivação é:
a) “... que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente
os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação”;
b) “A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados
em lei, como a da imprensa”;
c) “... que pune injúrias, difamações e calúnias”;
d) “...bem como a violação dos direitos autorais”;
e) “... a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
COMENTÁRIO:
Na letra B, temos uma ideia de condição expressa em “se praticados em outros meios” e uma
ideia de comparação expressa em “como a (lei) da imprensa”.
Resposta: B

21. Ressentimento e Covardia


Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente
ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos
deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em
outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias,
difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos
de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde
colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo
do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos
cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou
deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por
caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto
qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação,
também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir
e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de
expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira
liberdade.
(Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O segmento abaixo em que a conjunção OU tem valor claramente alternativo é:
a) “No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais
tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades”;
b) “Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito
aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou
deformados”;
c) “...que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por
caso”;
d) “Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto
qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas”;
e) “Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também”.
COMENTÁRIO:
Atenção para esta questão!
A FGV entende a alternância não exclusiva como adição. Isso significa que, se há possibilidade
de as duas ações ocorrerem simultaneamente, tem-se uma ideia de adição. No entanto, se a
alternância for exclusiva, tem-se, no entendimento da FGV, uma alternância propriamente dita.
Nas letras B, C, D e E, as ideias ligadas pela conjunção OU podem ocorrer de forma simultânea.
Como não há a ideia de exclusão, a FGV entende se tratar de uma adição.
Já na letra A, há uma ideia de exclusão entre as ideias “mais cedo” e “mais tarde” – ou um ou
outro, nunca os dois simultaneamente. Quando ocorre a ideia de exclusão, a FGV entende se
tratar de uma alternância propriamente dita.
Resposta: A

22. Texto 1 - Fontes murmurantes


Não se trata de uma referência às fontes murmurantes cantadas por Ary Barroso em sua
"Aquarela do Brasil". As fontes em questão são outras, estão atualmente em debate nos meios
jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das "fontes".
Contrariando a maioria, diria até a unanimidade dos colegas de ofício, sou contra este tipo de
sigilo e, sobretudo, contra as fontes em causa. Tenho alguns anos de estrada, mais do que
pretendia e merecia, e em minha vida profissional nunca levei em consideração qualquer tipo
de informação que não fosse assumida pelo informante.
Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira no
jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a maioria
dos furos são, por natureza, furados.
O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista, que geralmente é manipulado na
medida em que aceita e divulga as informações obtidas com a garantia do próprio sigilo. São
fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as especulações e as jogadas
inconfessáveis dos interessados, que são os próprios informantes.
Digo "inconfessáveis" por um motivo óbvio: se fossem confessáveis, as fontes não pediriam
sigilo, confessariam o que sabem ou supõem, assumindo a responsabilidade pela informação.
Os defensores do sigilo das fontes se justificam com o dever de informar a sociedade, como
se esse dever fosse a tábua da lei, o mandamento supremo acima de qualquer outro
mandamento ou lei. No fundo, aquela velha máxima de que o fim justifica os meios, pedra
angular em que se baseou a Inquisição medieval e todos os movimentos totalitários que
desgraçaram a humanidade.
CONY, Carlos Heitor. Folha de São Paulo. 06/12/2005.
“Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira no
jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a maioria
dos furos são, por natureza, furados.”
O segmento do texto destacado acima mostra uma série de conectores argumentativos.
Assinale a opção que indica o conector cujo valor semântico é inadequado ao contexto.
a) do que / comparação.
b) mas / oposição.
c) que / causa.
d) e / adição.
e) uma vez que / tempo.
COMENTÁRIO:
Letra A – CERTA – De fato, trata-se de uma comparação.
Letra B – CERTA – De fato, trata-se de uma oposição adversativa.
Letra C – CERTA – De fato, é possível trocar o “que” pelas conjunções explicativas/causais
“porque”, “pois”, “uma vez que”, etc.
Letra D – CERTA – De fato, é possível a substituição por “bem como”.
Letra E – ERRADA – Trata-se de um conector empegado como causal no contexto. Note que
é possível a substituição por “porque”, “pois”, “uma vez que”, etc.
Resposta: D

23. Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, com o nome Erros do passado,
o articulista Paulo Guedes escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e previdenciário
brasileiros são politicamente anacrônicos, economicamente desastrosos e socialmente
perversos. Arquitetados de início em sistemas políticos fechados (na Alemanha imperial de
Bismarck e na Itália fascista de Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos programas
socialdemocratas, são hoje armas de destruição em massa de empregos locais em meio à
competição global. Reduzem a competitividade das empresas, fabricam desigualdades sociais,
dissipam em consumo corrente a poupança compulsória dos encargos recolhidos, derrubam
o crescimento da economia e solapam o valor futuro das aposentadorias”.
(adaptado)
Todos os itens abaixo são períodos compostos por duas orações, separadas por um sinal de
pontuação; o item em que a inclusão de um conectivo entre essas duas orações foi feita de
forma adequada ao sentido original é:
a) Todos julgam segundo a aparência, ninguém julga segundo a essência / Todos julgam
segundo a aparência, embora ninguém julgue segundo a essência;
b) O amor vence tudo, cedamos nós também ao amor / O amor vence tudo, por isso
cedamos nós também ao amor;
c) Deus fez o amor, o homem fez o ato sexual / Deus fez o amor à medida que o homem
fez o ato sexual;
d) O amor é um grande mestre, ensina de uma só vez / O amor é um grande mestre, logo
ensina de uma só vez;
e) O talento sem genialidade é pouca coisa. A genialidade sem talento é nada / O talento
sem genialidade é pouca coisa, mesmo que a genialidade sem talento seja nada.
COMENTÁRIO:
Letra A – ERRADA – A segunda parte se apresenta como uma causa da primeira. Note: Todos
julgam segundo a aparência, PORQUE ninguém julga segundo a essência.
Letra B – CERTA - A segunda parte se apresenta como uma conclusão/consequência da
primeira.
Letra C – ERRADA - A segunda parte estabelece uma ideia de contraste com a primeira. Note:
Deus fez o amor ENQUANTO QUE o homem fez o ato sexual;
Letra D – ERRADA - A segunda parte se apresenta como uma causa da primeira. Note: O amor
é um grande mestre, POIS ensina de uma só vez.
Letra E – ERRADA – A segunda parte se apresenta como uma soma da primeira. Note: O
talento sem genialidade é pouca coisa E a genialidade sem talento é nada.
Resposta: B

24. A frase abaixo em que os dois termos unidos pela conjunção E são equivalentes, fazendo
com que o segundo termo possa ser retirado da frase é:
a) “As novas opiniões são sempre suspeitas E geralmente opostas, pelo fato de não serem
comuns”;
b) “O verdadeiro amor é uma expressão da produtividade interna e compreende
solicitude, respeito, responsabilidade E conhecimento;
c) “Qualquer pessoa é capaz de ficar alegre E de bom humor quando está bem-vestida”;
d) “O amor E a amizade são como o eco: dão tanto quanto recebem”;
e) “O amor não mata a morte E a morte não mata o amor, pois, no fundo, entendem-se
muito bem”.
COMENTÁRIO:
Devemos assinalar aquela opção em que a conjunção E liga dois termos equivalente, ou seja,
não há no termo seguinte qualquer acréscimo de sentido em relação ao primeiro.
Analisemos os itens:
Letra A – ERRADA – Não expressam a mesma ideia os adjetivos “suspeitas” e “opostas”.
Letra B – ERRADA – Não expressam a mesma ideia os substantivos “solicitude”, “respeito”,
“responsabilidade” e “conhecimento”.
Letra C – CERTA – Expressam a mesma ideia “alegre” e “de bom humor”.
Letra D – ERRADA – Não expressam a mesma ideia os substantivos “amor” e “amizade”.
Letra E – ERRADA – As duas orações conectadas pelo E – “O amor mata a morte” e “a morte
mata o amor” não expressam a mesma ideia
Resposta: C

25. “Inteligência e sabedoria não são a mesma coisa. Entretanto, na linguagem cotidiana,
usamos os dois termos indistintamente”.
Nesse segmento do texto 2, o conector “entretanto” só NÃO pode ser substituído de forma
semanticamente adequada por:
a) contudo;
b) todavia;
c) conquanto;
d) no entanto;
e) porém.
COMENTÁRIO:
O conector “entretanto” é adversativo. A única opção cujo conector não é adversativo é a letra
C.
O conector “conquanto” expressa concessão.
Resposta: C

26. Observação
Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar detalhadamente o
que nos cerca. Por outro lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais
que, para nos proteger do excesso, aprendemos a não perceber o que está em volta,
aprendemos a nos proteger. Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva. Os produtos
precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até que sejamos capazes
de “ver sem olhar”. Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de
perceber uma imagem de propaganda.
Isso nos tem levado à autoproteção ou a uma atitude passiva, já que não é preciso fazer
nenhum esforço, pois a propaganda e as imagens se encarregam de nos invadir.
Entretanto, para apreciar a arte e saber ler imagens, uma primeira habilidade que precisamos
renovar, estimular e desenvolver é a observação. Ela deve deixar de ser passiva para tornar-se
ativa, voluntária: observo o que quero, porque quero, como quero, da forma que quero,
quando quero observar.
Se pedirmos a um amigo que descreva alguém, ele pode dizer genericamente: alto, magro, de
meia-idade: ou então ser bem específico: tem aproximadamente 1 metro e oitenta, é magro,
está vestido com uma calça azul, camisa branca, tênis, jaqueta de couro marrom, tem cabelos
escuros, encaracolados, curtos, olhos azuis, usa costeletas, tem um sinal escuro do lado direito do
rosto e cerca de 40 anos.
Essa segunda descrição é mais detalhada e demonstra mais observação. Naturalmente, se eu
estiver procurando tal pessoa, a partir dessa descrição detalhada, posso encontrá-la com mais
facilidade.
OLIVEIRA, J. e GARCEZ, L. Explicando a Arte. Ed. Nova Fronteira. 2001.
Em todas as opções a seguir foram sublinhadas orações. Indique aquela que tem seu valor
semântico corretamente indicado.
a) “Vivemos tão apressados que estamos perdendo a habilidade de observar
detalhadamente o que nos cerca.” / consequência.
b) “Por outro lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais que,
para nos protegermos do excesso, aprendemos a não perceber muito o que está em volta, ...”
/ explicação.
c) “Por isso a propaganda fica cada vez mais agressiva.” / conclusão.
d) “Os produtos precisam, a qualquer custo, chamar a atenção do possível comprador, até
que sejamos capazes de ´ver sem olhar´.” / proporção.
e) “Ou seja, mesmo sem estarmos interessados, não podemos escapar de perceber uma
imagem de propaganda.” / causa.
COMENTÁRIO:
Letra A – CERTA – De fato! A palavra intensificadora “tão”, presente na oração principal, é o
gatilho para o aparecimento de uma oração subordinada adverbial consecutiva, introduzida
geralmente pela conjunção consecutiva QUE.
Letra B – ERRADA – Tem-se uma ideia de finalidade, não explicação.
Letra C – ERRADA – Cuidado!
Galera, tomem cuidado! Da mesma forma que confundimos causa e explicação, muitas
vezes fazemos confusão entre consequência e conclusão.
A consequência expressa na oração subordinada está associada a uma quantificação ou
intensificação expressas na oração principal. Vocês se lembram da construção típica com
expressões intensificadoras na oração principal - tão, tamanho, de tal forma, etc. - ensejando
o aparecimento do “que” consecutivo?
Já a conclusão expressa na oração coordenada não depende de uma quantificação ou
intensificação da ideia presente na oração coordenada anterior.
Vejamos dois exemplos:
Ele se dedicou de tal forma ao projeto, que foi promovido à chefia.
Note que a promoção está associada ao grau de dedicação ao projeto. A oração em destaque
expressa uma CONSEQUÊNCIA).
Eu e minha esposa vamos mudar de cidade, por isso vamos ter que pedir demissão.
Note que o pedido de demissão NÃO está associado a uma quantificação ou intensificação
expressas na oração anterior. Ora, não é possível graduar “mudar de cidade”. A oração em
destaque expressa uma CONCLUSÃO.
Analisemos o trecho do texto:
Por outro lado, somos tão bombardeados por imagens e por estímulos visuais que, para nos
proteger do excesso, aprendemos a não perceber o que está em volta, aprendemos a nos proteger.
Por isso, a propaganda fica cada vez mais agressiva.
De fato! A palavra intensificadora “tão”, presente na oração principal, é o gatilho para o
aparecimento de uma oração subordinada adverbial consecutiva, introduzida pela conjunção
consecutiva POR ISSO.
Letra D – ERRADA – Tem-se uma ideia de tempo, não de proporção.
Letra E – ERRADA – Tem-se uma ideia de concessão, não causa.
Resposta: A

27. Ao assumir a direção de um carro, o pacato e humilde senhor Andante se transforma no


terrível senhor Volante, modelo de arrogância e violência. Protagonizada pelo personagem
Pateta, a cena do desenho clássico da Disney (1950) ilustra uma situação comum até hoje no
trânsito, onde os motoristas descarregam toda sorte de frustrações. São condutores que não
usam as luzes indicadoras de direção (conhecidas como piscas ou setas) nas conversões – e
apontam o dedo médio para os pedestres que lhes chamam a atenção por isso –, ou
ultrapassam pela direita – inclusive pelo acostamento das rodovias –, ignoram as faixas de
pedestres e dirigem veículos com pneus carecas ou amortecedores vencidos.
Não por acaso, o fator humano é responsável pela maioria dos acidentes. Dirigir
defensivamente é essencial para prevenir os desastres ou pelo menos minimizar suas
consequências. De acordo com o professor Adilson Lombardo, especialista em segurança no
trânsito, a direção defensiva passa por uma série de comportamentos ligados à inteligência
emocional e ao raciocínio lógico. “É preciso avaliar o risco, analisar as possibilidades, reduzir a
velocidade perto de escolas ou em dias de chuva, não fazer ultrapassagens perigosas”, ensina.
Na prática, são medidas simples, que podem ser resumidas em duas: bom senso e respeito às
normas.
Para o especialista, um trânsito mais seguro depende do comportamento mais inteligente não
apenas do condutor de veículo automotor, mas também do pedestre e do ciclista. Assim como
o motorista tem de respeitar a preferência do pedestre na faixa de segurança nos casos em
que não há semáforo, o pedestre precisa atravessar na faixa e respeitar a sinalização luminosa,
quando houver. Bicicletas, por sua vez, não devem trafegar em pistas exclusivas de ônibus, e
cabe ao ciclista usar os equipamentos de segurança obrigatórios, como o capacete.
Lombardo lembra que as pessoas costumam transferir muitos de seus comportamentos para
o trânsito. “O carro não é uma extensão do corpo”, adverte. “O motorista deve seguir as regras
e respeitar o próximo, demonstrando gentileza e educação.”
Adaptado de Gazeta do Povo.com.br. Curitiba, 22/08/2009.
“Dirigir defensivamente é essencial para prevenir os desastres ou pelo menos minimizar
suas consequências”.
Assinale a opção que apresenta a forma de reescrever esse período do texto de modo a manter
o sentido original, a correção e o paralelismo na construção.
a) Dirigir defensivamente é essencial para a prevenção dos desastres ou pelo menos a
minimização de suas consequências.
b) Dirigir defensivamente é essencial para que se previnam os desastres ou pelo menos a
minimização de suas consequências.
c) Dirigir defensivamente é essencial para a prevenção dos desastres ou pelo menos para
que minimizem suas consequências.
d) Dirigir defensivamente é essencial para que se previna os desastres ou pelo menos se
minimize as suas consequências.
e) Dirigir defensivamente é essencial para que seja prevenido os desastres ou pelo menos
sejam minimizadas as suas consequências.
COMENTÁRIO:
Letra A:
Analisemos a reescrita proposta: Dirigir defensivamente é essencial para a prevenção dos
desastres ou pelo menos a minimização de suas consequências.
Foi mantida a forma substantiva nas duas leituras (prevenção e minimização).
Deve-se ressaltar, todavia, que seria mais adequada para a clareza da frase a repetição da
preposição PARA, ou seja, a reescritura mais recomendada seria “Dirigir defensivamente é
essencial para a prevenção dos desastres ou pelo menos para a minimização de suas
consequências.” A forma expressa pelo quesito, por sua vez, não está errada
Letra B:
Analisemos a reescrita proposta: Dirigir defensivamente é essencial para que se previnam os
desastres ou pelo menos a minimização de suas consequências.
Não se mantém na reescrita o paralelismo, pois não há similaridade de estrutura entre os
termos coordenados. O correto, dessa forma, seria: “Dirigir defensivamente é essencial PARA
QUE SE PREVINAM os desastres ou pelo menos PARA QUE SE MINIMIZEM suas
consequências.
Letra C:
Analisemos a reescrita proposta: Dirigir defensivamente é essencial para a prevenção dos
desastres ou pelo menos para que minimizem suas consequências.
Não se mantém na reescrita o paralelismo, pois não há similaridade de estrutura entre os
termos coordenados. O correto, dessa forma, seria: “Dirigir defensivamente é essencial PARA
A PREVENÇÃO DOS desastres ou pelo menos PARA A MINIMIZAÇÃO DE suas
consequências.
Letra D:
Analisemos a reescrita proposta: Dirigir defensivamente é essencial para que se previna os
desastres ou pelo menos se minimize as suas consequências.
Note a presença do “se” pronome apassivador, assim classificado, pois está ladeado de verbos
que solicitam objeto direto – prevenir e minimizar. O “se” apassivador tem como missão
transformar o objeto direto em sujeito paciente, o que faz com que os termos “os desastres” e
“as suas consequências”, originalmente objetos diretos de “prevenir” e “minimizar”,
respectivamente, transformem-se em sujeito paciente.
Isso posto, as formas verbais deveriam estar no plural para concordar com o elemento sujeito
(PREVINAM – MINIMIZEM)
Letra E:
Analisemos a reescrita proposta: Dirigir defensivamente é essencial para que seja prevenido os
desastres ou pelo menos sejam minimizadas as suas consequências.
Há erro de concordância em “seja prevenido”. Deveríamos empregar a forma “sejam
prevenidos”, para que houvesse concordância com o sujeito “os desastres”.
Resposta: A

28. Texto – Do que as pessoas têm medo?


A geração pós-1980 e início de 1990 só conhece os tempos militares pelos livros de História e
pelas séries da TV. Para a maioria dela, as palavras “democracia” e “liberdade” têm sentido
diferente daquele para quem conheceu a falta desses direitos e as consequências de brigar
por eles. Se hoje é possível existir redes sociais; se é possível que pessoas se organizem em
grupos ou movimentos e digam ou escrevam o que querem e o que pensam, devem-se essas
prerrogativas a quem no passado combateu as arbitrariedades de uma ditadura violenta, a
custo muito alto.
A liberdade não é um benefício seletivo. Não existe numa sociedade quando alguns indivíduos
têm mais liberdade que outros, ou quando a de uns se sobrepõe à de outros.
É fundamental para a evolução das sociedades compreender que o status quo das culturas está
sempre se modificando, e que todas as modificações relacionadas aos costumes de cada época
precisaram quebrar paradigmas que pareciam imutáveis. Foi assim com a conquista do voto
da mulher, com a trajetória até o divórcio e para que a “desquitada” deixasse de ser
discriminada. Foi assim, também, com outros costumes: o comprimento das saias, a introdução
do biquíni, a inclusão racial, as famílias constituídas por união estável, o primeiro beijo na TV e
tantas outras mudanças que precisaram vencer os movimentos conservadores até
conseguirem se estabelecer. Hoje, ninguém se importa em ver um casal se beijando numa
novela (desde que o casal seja formado por um homem e uma mulher). Há pouco mais de 60
anos, o primeiro beijo na TV, comportado, um encostar de lábios, foi um escândalo para a
época.
A questão do momento é se existe limite para a expressão da arte.
Simone Kamenetz, O Globo, 18/10/2017. (Adaptado)
Um dos conselhos para uma boa escrita é que as frases de um texto tenham a mesma
organização sintática numa enumeração.
No fragmento “Se hoje é possível existir redes sociais; se é possível que pessoas se organizem em
grupos...”, para que as duas frases tenham a mesma organização, a mudança adequada seria:
a) a primeira frase deveria ser “Se é possível que existam redes sociais”.
b) a primeira frase deveria ser “Se é possível a existência de redes sociais”.
c) a segunda frase deveria ser “se é possível a organização de pessoas em grupos”.
d) a segunda frase deveria ser “se é possível que pessoas sejam organizadas em grupos”.
e) a segunda frase deveria ser “se é possível pessoas organizando-se em grupos”.

COMENTÁRIO:
Letra A: A primeira frase deveria ser “Se é possível que existam redes sociais”.
Essa proposição está correta haja vista a formação de plural da forma verbal “existam”, que
concorda diretamente com o termo sujeito redes sociais. Semelhante estrutura ocorre na frase
seguinte em que o verbo também se conjuga no presente do subjuntivo. Está pronta a
correlação.
Letra B: A primeira frase NÃO deveria ser “Se é possível a existência de redes sociais”, uma
vez que não estaria garantido o paralelismo. Somente estaria correta se a reescrita fosse: “Se
hoje é possível QUE EXISTAM redes sociais; se é possível QUE PESSOAS SE ORGANIZEM em
grupos...”
Letra C: A segunda frase NÃO deveria ser “se é possível a organização de pessoas em grupos”,
uma vez que não estaria garantido o paralelismo. Somente estaria correta se a reescrita fosse:
“Se hoje é possível EXISTIR redes sociais; se é possível PESSOAS ORGANIZAREM-SE em
grupos...”
Letra D: A segunda frase NÃO deveria ser “se é possível que pessoas sejam organizadas em
grupos”, uma vez que não estaria garantido o paralelismo. Não seria possível a correlação com
a forma de voz passiva sejam organizadas, uma vez que o verbo existir, por ser intransitivo,
não admite transposição para a voz passiva.
Letra E: A segunda frase NÃO deveria ser “se é possível pessoas organizando-se em grupos”,
uma vez que não estaria garantido o paralelismo. Somente estaria correta se a reescrita fosse:
“Se hoje é possível EXISTINDO redes sociais; se é possível PESSOAS ORGANIZANDO-SE em
grupos...”
Resposta: A
29. Violência: O Valor da vida
Kalina Vanderlei Silva / Maciel Henrique Silva, Dicionário de conceitos históricos. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 412
A violência é um fenômeno social presente no cotidiano de todas as sociedades sob várias
formas. Em geral, ao nos referirmos à violência, estamos falando da agressão física. Mas
violência é uma categoria com amplos significados. Hoje, esse termo denota, além da agressão
física, diversos tipos de imposição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar ou de
gênero, ou a censura da fala e do pensamento de determinados indivíduos e, ainda, o desgaste
causado pelas condições de trabalho e condições econômicas. Dessa forma, podemos definir
a violência como qualquer relação de força que um indivíduo impõe a outro. Consideremos o
surgimento das desigualdades econômicas na história: a vida em sociedade sempre foi
violenta, porque, para sobreviver em ambientes hostis, o ser humano precisou produzir
violência em escala inédita no reino animal. Por outro lado, nas sociedades complexas, a
violência deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumento da
organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social sem a
qual, acreditam alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se complexificaria. Essa
desigualdade social é o fenômeno em que alguns indivíduos ou grupos desfrutam de bens e
valores exclusivos e negados à maioria da população de uma sociedade. Tal desigualdade
aparece em condições históricas específicas, constituindo-se em um tipo de violência
fundamental para a constituição de civilizações.
“Ou seja, foi usada para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a oração
reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvida, a forma adequada seria:
a) para a criação de uma desigualdade social;
b) para que se criasse uma desigualdade social;
c) para que se crie uma desigualdade social;
d) para a criatividade de uma desigualdade social;
e) para criarem uma desigualdade social.
COMENTÁRIO:
Letra A: Nesta proposta de reescrita, não existe verbo, portanto não se pode chamar de
oração. Cuidado com a pegadinha!
Letra B: A oração “para que se criasse uma desigualdade social” está correta, haja vista a
manutenção das formas verbais correlatas – “foi” e “criasse”. Construção final: “Ou seja, foi
usada para que se criasse uma desigualdade social...”.
Letra C: A oração “para que se crie uma desigualdade social” não estabelece correlação
adequada com a frase “ foi usada...”. Não há compatibilidade entre as formas verbais “foi” e
“crie”.
Letra D: Nesta proposta de reescrita, não existe verbo, portanto não se pode chamar de
oração. Cuidado com a pegadinha!
Letra E: A oração “criarem uma desigualdade social” conserva o caráter reduzido (criarem –
forma de infinitivo pessoal), portanto não corresponde à solicitação de transformar em oração
desenvolvida. Lembremonos de que a oração reduzida não é introduzida por conector e
apresenta seu verbo numa das três formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Já a
oração desenvolvida, apresenta sua forma verbal flexionada e é introduzida por conector –
conjunção ou pronome.
Resposta: B

30. A produção do conhecimento,


Flávio de Campos
Estudar é semelhante ao trabalho de um detetive que investiga um determinado assunto. O
bom detetive é aquele que considera o maior número de hipóteses e escolhe aquelas que
julgar mais convincentes. Para fazer isso, ao contrário do que se pode pensar, é importante ter
dúvidas. Todos têm dúvidas. Do mais importante cientista ao mais humilde trabalhador.
O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e
tentar solucionar o maior número delas. Em qualquer área profissional, há sempre questões
em aberto, onde as reflexões e as investigações ainda não obtiveram respostas conclusivas. A
pesquisa dá respostas sempre provisórias. Sempre é possível ampliar e reformular essas
respostas obtidas anteriormente.
“Sempre é possível ampliar e reformular essas respostas obtidas anteriormente”;
transformando-se as orações reduzidas em orações desenvolvidas e procurando-se manter a
correção e o paralelismo no texto produzido, a escritura adequada seria:
a) sempre é possível que se amplie e reformule essas respostas obtidas anteriormente;
b) sempre é possível que se ampliem e a reformulação das respostas obtidas
anteriormente;
c) sempre é possível a ampliação e a reformulação das respostas obtidas anteriormente;
d) sempre são possíveis a ampliação e a reformulação das respostas obtidas
anteriormente;
e) sempre é possível que se ampliem e reformulem as respostas obtidas anteriormente.
COMENTÁRIO:
Letra A:
A forma correta seria “sempre é possível que SE AMPLIEM E SE REFORMULEM essas
respostas obtidas anteriormente.
Note a presença do “se” pronome apassivador, assim classificado, pois está ladeado de verbos
que solicitam objeto direto – ampliar e reformular. O “se” apassivador tem como missão
transformar o objeto direto em sujeito paciente, o que faz com que o termo “essas respostas...”,
originalmente objeto direto de “ampliar” e “reformular”, transforme-se em sujeito paciente.
Letra B:
Não se mantém na reescrita o paralelismo, pois não há similaridade de estrutura entre os
termos coordenados. O correto, dessa forma, seria: “sempre é possível que se ampliem e SE
REFORMULEM AS respostas obtidas anteriormente”.
Letra C:
A construção não se faz correta, uma vez que não se formou oração. Temos período em que
os elementos nucleares são substantivos, portanto não se forma oração desenvolvida. O ideal
seria “sempre é possível que se ampliem e SE REFORMULEM AS respostas obtidas
anteriormente”.
Letra D:
A construção não se faz correta, uma vez que não se formou oração. Temos período em que
os elementos nucleares são substantivos, portanto não se forma oração desenvolvida. O ideal
seria ““sempre é possível que se ampliem e SE REFORMULEM AS respostas obtidas
anteriormente”.
Deve-se ressaltar que as formas de concordância em C e D estão corretas. Em C, a forma verbal
concordou com o elemento mais próximo e, em D, concorda com os dois núcleos, por isso fica
no plural (são possíveis...).
Letra E:
A noção de paralelismo foi mantida. Observa-se a conjugação das formas verbais no presente
do subjuntivo (SE AMPLIEM E SE REFORMULEM), o que caracteriza a construção de orações
desenvolvidas. Nessas condições, eles concordam com o sujeito (as respostas), que aparece
conjugado no plural.
Resposta: E

31. A produção do conhecimento


Flávio de Campos
Estudar é semelhante ao trabalho de um detetive que investiga um determinado assunto. O
bom detetive é aquele que considera o maior número de hipóteses e escolhe aquelas que
julgar mais convincentes. Para fazer isso, ao contrário do que se pode pensar, é importante
ter dúvidas. Todos têm dúvidas. Do mais importante cientista ao mais humilde trabalhador.
O que faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas
e tentar solucionar o maior número delas. Em qualquer área profissional, há sempre questões
em aberto, onde as reflexões e as investigações ainda não obtiveram respostas conclusivas. A
pesquisa dá respostas sempre provisórias. Sempre é possível ampliar e reformular essas
respostas obtidas anteriormente.
“Estudar é semelhante ao trabalho de um detetive que investiga um determinado assunto. O
bom detetive é aquele que considera o maior número de hipóteses e escolhe aquelas que
julgar mais convincentes. Para fazer isso, ao contrário do que se pode pensar, é importante ter
dúvidas. Todos têm dúvidas. Do mais importante cientista ao mais humilde trabalhador. O que
faz um trabalho de investigação ser bom é a capacidade de organizar essas dúvidas e tentar
solucionar o maior número delas”.
A forma desenvolvida adequada das formas reduzidas acima destacadas é:
a) que julgar mais convincentes / que julgasse mais convincentes;
b) Para fazer isso / para que faça isso;
c) É importante ter dúvidas / é importante que se tivesse dúvidas;
d) O que faz um trabalho de investigação ser bom / o que faz com que um trabalho de
investigação fosse bom;
e) a capacidade de organizar essas dúvidas / a capacidade de que se organizem essas
dúvidas.
COMENTÁRIO:
Letra A: A proposta de reescrita não mantém a correlação entre as formas verbais “escolhe” e
“julga”. Uma proposta de correção seria: ... que julga mais convincentes;
Letra B: Deve-se manter o tom de impessoal, com indeterminação do agente da ação verbal,
que permeia o texto desde o seu início. Dessa forma, ao desenvolver a oração, cabe o
acréscimo da partícula apassivadora “se”, resultando em “para que se faça isso”.
Letra C: A proposta de reescrita não mantém a correlação entre as formas verbais “É” e
“tivesse”. Uma proposta de correção seria: é importante que se tenham dúvidas.
Letra D: A proposta de reescrita não mantém a correlação entre as formas verbais “faz” e
“fosse”. Uma proposta de correção seria: o que faz com que um trabalho de investigação seja
bom.
Letra E: Note a presença do “se” pronome apassivador, assim classificado, pois está ladeado
de verbo que solicita objeto direto – organizar. O “se” apassivador tem como missão
transformar o objeto direto em sujeito paciente, o que faz com que o termo “essas dúvidas...”,
originalmente objeto direto de “organizar”, transforme-se em sujeito paciente.
Resposta: E

32. Quem protege os cidadãos do estado?


Renato Mocellin & Rosiane de Camargo, História em Debate
O conjunto de leis nacionais, assim como de tratados e declarações internacionais ratificadas
pelos países, busca garantir aos cidadãos o acesso pleno aos direitos conquistados. Há, no
entanto, inúmeras situações em que o Estado coloca a população em risco, estabelecendo
políticas públicas autoritárias, investindo poucos recursos nos serviços públicos essenciais e
envolvendo civis em conflitos armados, por exemplo.
Existem diversas organizações internacionais que atuam de forma a evitar que haja risco para
a vida das pessoas nesses casos, como a Anistia Internacional, a Cruz Vermelha e os Médicos
sem Fronteiras. Por meio de acordos internacionais, essas instituições conseguem atuar em
regiões de conflito onde há perigo para a população.
Os Médicos sem Fronteiras, por exemplo, nasceram de uma experiência de voluntariado em
uma guerra civil nigeriana, no fim dos anos 1960. Um grupo de médicos e jornalistas decidiu
criar uma organização que pudesse oferecer atendimento médico a toda população envolvida
em conflitos e guerras, sem que essa ação fosse entendida como uma posição política
favorável ou contrária aos lados envolvidos. Assim, seus membros conseguem chegar a regiões
remotas e/ou sob forte bombardeio para atender os que estão feridos e sob risco de vida.
Para que a imparcialidade dos Médicos sem Fronteiras seja possível, é preciso que as partes
envolvidas no conflito respeitem os direitos dos pacientes atendidos. Assim, a organização
informa a localização de suas bases e o tipo de atendimento que deve ocorrer ali; o objetivo é
proporcionar uma atuação transparente, que sublinhe o caráter humanitário da ação dos
profissionais da organização.
“Assim, seus membros conseguem chegar a regiões remotas e/ou sob forte bombardeio
para atender os que estão feridos e sob risco de vida”.
Se transformarmos a oração reduzida sublinhada em forma de oração desenvolvida, teremos:
a) para que se atendam os que estão feridos;
b) para atenção dos que estão feridos;
c) para atendimento dos que estão feridos;
d) para que se atenda os que estão feridos;
e) para que se atendesse os que estão feridos.
COMENTÁRIO:
Letra A: A reescrita proposta satisfez a correlação entre as formas verbais “conseguem” e
“atendam”.
ALTERNATIVA B: O trecho “para atenção dos ...” não possui verbo, não constituindo, portanto,
uma oração desenvolvida.
Letra C: O trecho “para atendimento dos ...” não possui verbo, não constituindo, portanto, uma
oração desenvolvida.
Letra D: No trecho “para que se atenda os que estão feridos”, a forma de conjugação da voz
passiva sintética exige a concordância da forma verbal (atendam) com o sujeito (os).
Note a presença do “se” pronome apassivador, assim classificado, pois está ladeado de verbo
que solicita objeto direto – atender. O “se” apassivador tem como missão transformar o objeto
direto em sujeito paciente, o que faz com que o termo “os” (= aqueles), originalmente objeto
direto de “atender”, transforme-se em sujeito paciente.
Letra E: A proposta de reescrita não respeitou a correlação entre tempos verbais. As forma
“conseguem” e “atendessem” não são compatíveis.
Resposta: A

33. “Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio)


A forma de oração desenvolvida adequada correspondente à oração sublinhada acima é: a)
relembrarmos este dia;
b) a relembrança deste dia;
c) que relembremos este dia;
d) que relembrássemos este dia;
e) uma nova lembrança deste dia.
COMENTÁRIO:
Letra A: A proposta de reescrita “relembrarmos este dia” não resultou em uma oração
desenvolvida, pois nela não está presente o conector.
Letra B: A proposta de reescrita “a relembrança deste dia” não apresenta verbo, portanto não
se trata de uma oração desenvolvida.
Letra C: Na proposta de reescrita “que relembremos este dia”, ocorre perfeita adequação com
o contexto. A forma do presente do subjuntivo “relembremos” garante concordância e
correlação verbais.
Letra D: Na proposta de reescrita “uma nova lembrança deste dia”, não houve correlação
entre as formas verbais “seja” e “relembrássemos”.
Letra E: A proposta de reescrita “a relembrança deste dia” não apresenta verbo, portanto não
se trata de uma oração desenvolvida.
Resposta: C

Texto para a questão 34


Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo é de azar. Falo assim referindo-me ao
futebol que, ao contrário da roleta ou da loteria, implica tática e estratégia, sem falar no principal,
que é o talento e a habilidade dos jogadores. Apesar disso, não consegue eliminar o azar, isto é,
o acaso.
E já que falamos em acaso, vale lembrar que, em francês, “acaso” escreve-se “hasard”, como no
célebre verso de Mallarmé, que diz: “um lance de dados jamais eliminará o acaso”. Ele está, no
fundo, referindo-se ao fazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, está ainda
assim sujeito ao azar, ou seja, ao acaso.
Se no poema é assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se movendo
num campo de amplas dimensões. Se é verdade que eles jogam conforme esquemas de marcação
e ataque, seguindo a orientação do técnico, deve-se, no entanto, levar em conta que cada jogador
tem sua percepção da jogada e decide deslocar-se nesta ou naquela direção, ou manter-se
parado, certo de que a bola chegará a seus pés. Nada disso se pode prever, daí resultando um
alto índice de probabilidades, ou seja, de ocorrências imprevisíveis e que, portanto, escapam ao
controle.
Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto.
Não é à toa que, quando se cria essa situação, os jogadores da defesa se afligem em anular as
possibilidades que têm os adversários de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da
imprevisibilidade. O time adversário desloca para a área do que sofre o tiro de canto seus
jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecear para dentro do gol. Isto reduz o
grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilidades do time atacante de aproveitar em seu
favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, as dificuldades
de evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio,
por mais exímio que seja, não pode com precisão absoluta lançar a bola na cabeça de
determinado jogador. Além do mais, a inquietação ali na área é grande, todos os jogadores se
movimentam, uns tentando escapar à marcação, outros procurando marcá-los. Essa
movimentação, multiplicada pelo número de jogadores que se movem, aumenta fantasticamente
o grau de imprevisibilidade do que ocorrerá quando a bola for lançada. A que altura chegará ali?
Qual jogador estará, naquele instante, em posição propícia para cabeceá-la, seja para dentro do
gol, seja para longe dele? Não existe treinamento tático, posição privilegiada, nada que torne
previsível o desfecho do tiro de canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e,
dependendo da sorte, será gol ou não.
Não quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto do acaso,
mas a verdade é que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, não se vai muito
longe; jogadores, técnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado
“pé frio”. Como não pretendo passar por supersticioso, evito aderir abertamente a essa tese, mas
quando vejo, durante uma partida, meu time perder “gols feitos”, nasce-me o desagradável temor
de que aquele não é um bom dia para nós e de que a derrota é certa.
Que eu, mero torcedor, pense assim, é compreensível, mas que dizer de técnicos de futebol que
vivem de terço na mão e medalhas de santos sob a camisa e que, em face de cada lance decisivo,
as puxam para fora, as beijam e murmuram orações? Isso para não falar nos que consultam
pais-de-santo e pagam promessas a Iemanjá. É como se dissessem: treino os jogadores, traço o
esquema de jogo, armo jogadas, mas, independentemente disso, existem forças imponderáveis
que só obedecem aos santos e pais-de-santo; são as forças do acaso.
Mas não se pode descartar o fator psicológico que, como se sabe, atua sobre os jogadores de
qualquer esporte; tanto isso é certo que, hoje, entre os preparadores das equipes há sempre um
psicólogo. De fato, se o jogador não estiver psicologicamente preparado para vencer, não dará o
melhor de si.
Exemplifico essa crença na psicologia com a história de um técnico inglês que, num jogo decisivo
da Copa da Europa, teve um de seus jogadores machucado. Não era um craque, mas sua perda
desfalcaria o time. O médico da equipe, depois de atender o jogador, disse ao técnico: “Ele já
voltou a si do desmaio, mas não sabe quem é”. E o técnico: “Ótimo! Diga que ele é o Pelé e que
volte para o campo imediatamente”. (Ferreira Gullar. Jogos de azar. Em: Folha de S. Paulo,
24/06/2007.)

34. A conjunção “Mas”, que introduz o penúltimo parágrafo, estabelece com o restante do
texto uma relação de:
É possível identificar entre as duas frases que o compõem uma relação de: a) adição
b) contraste
c) comparação
d) concessão
e) retificação
COMENTÁRIO:
Cuidado com essa questão!
Sabemos que a conjunção “mas” tem valor adversativo, o que nos direciona instintivamente
para a ideia de contraste, oposição. Devemos, assim, tomar cuidado para não assinalar a letra
No entanto, a leitura global do texto nos dá um entendimento distinto. O início do penúltimo
parágrafo “Mas não se pode descartar o fator psicológico...” não opõe este aos parágrafos
anteriores. Devemos, assim, tomar cuidado para não assinalar a letra B ou E.
Observe que, nos parágrafos anteriores, faz-se menção à influência do acaso nos resultados
das partidas de futebol. E isso não se opõe à necessidade de preparo psicológico apontada no
penúltimo parágrafo.
Na verdade, a relação entre o penúltimo parágrafo e os anteriores é de inclusão. É como se o
texto estivesse dizendo o seguinte: “Não só o acaso influencia o resultado das partidas, mas
(também) o preparo psicológico tem o poder de produzir bons resultados.”
Pode-se subtender o termo “também” após a conjunção “Mas”, o que nos faz concluir que a
relação estabelecida é de ADIÇÃO.
Resposta: A

Texto para a questão 35


CONSUMIDORES COM MAIS ACESSO À INFORMAÇÃO QUESTIONAM A VERDADE QUE
LHES É VENDIDA
Ênio Rodrigo
Se você é mulher, talvez já tenha observado com mais atenção como a publicidade de produtos
de beleza, especialmente os voltados a tratamentos de rejuvenescimento, usualmente possuem
novíssimos "componentes anti-idade" e "microcápsulas" que ajudam "a sua pele a ter mais
firmeza em oito dias", por exemplo, ou mesmo que determinados organismos "vivos" (mesmo
depois de envazados, transportados e acondicionados em prateleiras com pouco controle de
temperatura) fervilham aos milhões dentro de um vasilhame esperando para serem ingeridos
ajudando a regular sua flora intestinal. Homens, crianças, e todo tipo de público também não
estão fora do alcance desse discurso que utiliza um recurso cada vez mais presente na
publicidade: a ciência e a tecnologia como argumento de venda.
Silvania Sousa do Nascimento, doutora em didática da ciência e tecnologia pela Universidade
Paris e professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
enxerga nesse processo um resquício da visão positivista, na qual a ciência pode ser entendida
como verdade absoluta. "A visão de que a ciência é a baliza ética da verdade e o mito do cientista
como gênio criador é amplamente difundida, mas entra, cada vez mais, em atrito com a
realidade, principalmente em uma sociedade informacional, como a nossa", acrescenta.
Para entender esse processo numa sociedade pautada na dinâmica da informação, Ricardo
Cavallini, consultor corporativo e autor do livro “O marketing depois de amanhã (Universo dos
Livros, 2007)”, afirma que, primeiramente, devemos repensar a noção de público específico ou
senso comum. "Essas categorizações estão sendo postas de lado. A publicidade contemporânea
trata com pessoas e elas têm cada vez mais acesso à informação e é assim que vejo a
comunicação: com fronteiras menos marcadas e deixando de lado o paradigma de que o público
é passivo", acredita. Silvania concorda e diz que a sociedade começa a perceber que a verdade
suprema é estanque, não condiz com o dia a dia. "Ao se depararem com uma informação, as
pessoas começam a pesquisar e isso as aproxima do fazer científico, ou seja, de que a verdade é
questionável", enfatiza.
Para a professora da UFMG, isso cria o "jornalista contínuo", um indivíduo que põe a verdade à
prova o tempo todo. "A noção de ciência atual é a de verdade em construção, ou seja, de que
determinados produtos ou processos imediatamente anteriores à ação atual são defasados".
Cavallini considera que há três linhas de pensamento possíveis que poderiam explicar a
utilização do recurso da imagem científica para vender: a quantidade de informação que a
ciência pode agregar a um produto; o quanto essa informação pode ser usada como diferencial
na concorrência entre produtos similares; e a ciência como um selo de qualidade ou garantia. Ele
cita o caso dos chamados produtos "verdes", associados a determinadas características com viés
ecológico ou produtos que precisam de algum tipo de "auditoria" para comprovarem seu
discurso. "Na mídia, a ciência entra como mecanismo de validação, criando uma marca de
avanço tecnológico, mesmo que por pouquíssimo tempo", finaliza Silvania.
O fascínio por determinados temas científicos segue a lógica da saturação do termo, ou seja,
ecoar algo que já esteja exercendo certo fascínio na sociedade. "O interesse do público muda
bastante e a publicidade se aproveita desses temas que estão na mídia para recriá-los a partir
de um jogo de sedução com a linguagem", diz Cristina Bruzzo, pesquisadora da Faculdade de
Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e que acompanhou a apropriação
da imagem da molécula de DNA pelas mídias (inclusive publicidade). "A imagem do DNA, por
exemplo, foi acrescida de diversos sentidos, que não o sentido original para a ciência, e
transformada em discurso de venda de diversos produtos", diz.
Onde estão os dados comprovando as afirmações científicas, no entanto? De acordo com
Eduardo Corrêa, do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), os
anúncios, antes de serem veiculados com qualquer informação de cunho científico, devem trazer
os registros de comprovação das pesquisas em órgãos competentes. Segundo ele, o Conar não
tem o papel de avalizar metodologias ou resultados, o que fica a cargo do Ministério da Saúde,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou outros órgãos. "O consumidor pode pedir
uma revisão ou confirmação científica dos dados apresentados, contudo, em 99% dos casos, esses
certificados são garantia de qualidade. Se surgirem dúvidas quanto a dados numéricos de
pesquisas de opinião pública, temos analistas no Conar que podem dar seus pareceres", esclarece
Corrêa. Mesmo assim, de acordo com ele, os processos investigatórios são raríssimos.
RODRIGO, Enio. Ciência e cultura na publicidade. Disponível
em:
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S00097252009000100006&script=sci_arttext>.
Acesso em 22/04/2015.
35. Analise os trechos extraídos do texto e assinale a opção em que a palavra em destaque
pertence a uma classe de palavra diferente das demais:
a) “possuem novíssimos ‘componentes anti-idade’ e ‘microcápsulas’ que ajudam a sua pele
a ter mais firmeza em oito dias”
b) “não estão fora do alcance desse discurso que utiliza um recurso cada vez mais presente
na publicidade”
c) “Ricardo Cavallini, consultor corporativo e autor do livro ‘O marketing depois de amanhã
(Universo dos Livros,
2007)’, afirma que, primeiramente, devemos repensar a noção de público específico ou senso
comum.”
d) “há três linhas de pensamento possíveis que poderiam explicar a utilização do recurso da
imagem científica para vender”
e) “Segundo ele, o Conar não tem o papel de avalizar metodologias ou resultados, o que
fica a cargo do Ministério da Saúde”
COMENTÁRIO:
A questão explora as funções do “que”. Vale a pena fazer um breve quadro-resumo de suas
principais funções gramaticais. Vamos a ele!
a) Pronome Relativo: Resolvi a questão que o professor passou em sala.
Observação: Uma maneira fácil de identificar o “que” pronome relativo é substituí-lo pelas
formas “o qual”, “os quais”, “a qual”, “as quais”.
Resolvi a questão que o professor passou em sala. = Resolvi a questão a qual o professor passou
em sala.
b) Pronome Interrogativo: Que aconteceu com ele? Quero saber o que aconteceu.
Observação: O pronome interrogativo “que” introduz interrogativas diretas e indiretas. Pode
ser acompanhado pela partícula expletiva “o”.
c) Conjunção Integrante: Pedi que me avisassem.
Observação: A conjunção integrante introduz orações subordinadas substantivas.
Pedi que me avisassem. = Pedi ISTO.
A oração “que me avisassem” é do tipo substantiva. O “que” que a introduz é uma conjunção
integrante, portanto!
d) Conjunção Explicativa: Dorme, meu filho, que a dor vai passar.
Observação: Uma maneira fácil de identificar o “que” conjunção explicativa é substituí-lo pela
forma “pois”.
Dorme, meu filho, que a dor vai passar. = Dorme, meu filho, pois a dor vai passar.
e) Conjunção Consecutiva: Estava tão ansioso que não conseguia dormir.
Observação: Uma maneira fácil de identificar o “que” conjunção consecutiva (que introduz a
ideia de consequência) é observar a presença explícita ou implícita de uma palavra
intensificadora – tal, tão, tanto, tamanho – na oração principal.
Analisemos os itens:
Na letra A, é possível trocar o “que” pela forma “as quais”. Observe:
“possuem novíssimos ‘componentes anti-idade’ e ‘microcápsulas’ que ajudam a sua pele a ter
mais firmeza em oito dias”
= “possuem novíssimos ‘componentes anti-idade’ e ‘microcápsulas’ as quais ajudam a sua pele
a ter mais firmeza em oito dias”
Trata-se, portanto, de pronome relativo.
Na letra B, é possível trocar o “que” pela forma “o qual”. Observe:
“não estão fora do alcance desse discurso que utiliza um recurso cada vez mais presente na
publicidade” = “não estão fora do alcance desse discurso o qual utiliza um recurso cada vez mais
presente na publicidade”
Trata-se, portanto, de pronome relativo.
Na letra D, é possível trocar o “que” pela forma “as quais”. Observe:
“há três linhas de pensamento possíveis que poderiam explicar a utilização do recurso da
imagem científica para vender”
= “há três linhas de pensamento possíveis as quais poderiam explicar a utilização do recurso da
imagem científica para vender”
Trata-se, portanto, de pronome relativo.
Na letra E, observe a construção “o que”. Falamos anteriormente da possibilidade de essa
combinação ser a junção de uma partícula expletiva com um pronome interrogativo,
introduzindo interrogativas diretas e indiretas.
Não temos, nesse caso, uma frase interrogativa.
Temos aqui uma nova combinação, formada pela junção do pronome demonstrativo “o” com
o pronome relativo “que”. A identificação do “o” como pronome demonstrativo é possível
substituindo-se pelas formas “aquele”, “aquilo”, “esse”, “isso”, etc.
Observe:
“Segundo ele, o Conar não tem o papel de avalizar metodologias ou resultados, o que fica a
cargo do Ministério da Saúde”
= “Segundo ele, o Conar não tem o papel de avalizar metodologias ou resultados, isso que fica
a cargo do
Ministério da Saúde”
Dessa forma, fique atento às duas possibilidades para a parceria “o que”.
Uma primeira possibilidade é se tratar da junção do expletivo “o” e do interrogativo “que” em
frases interrogativas diretas ou indiretas.
Uma segunda possibilidade é se tratar da junção do demonstrativo “o” e do relativo “que”.
O “que” em destaque é, portanto, pronome relativo.
Por fim, analisemos a letra C:
“Ricardo Cavallini, consultor corporativo e autor do livro ‘O marketing depois de amanhã
(Universo dos Livros, 2007)’, afirma que, primeiramente, devemos repensar a noção de
público específico ou senso comum.”
= “Ricardo Cavallini, consultor corporativo e autor do livro ‘O marketing depois de amanhã
(Universo dos Livros, 2007)’, afirma ISSO.”
A oração “que, primeiramente, devemos repensar a noção de público específico ou senso comum”
é do tipo substantiva, o que faz do “que” que a introduz uma CONJUNÇÃO INTEGRANTE.
Resposta: C

36. Acorda, amor


Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
Minha nossa santa criatura
Chame, chame, chame lá
Chame, chame o ladrão, chame o ladrão
Acorda, amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão de escada
Fazendo confusão, que aflição
São os homens
E eu aqui parado de pijama
Eu não gosto de passar vexame
Chame, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses
Convém, às vezes, você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer
Acorda, amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre, o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção!
Não demora
Dia desses chega a sua hora Não discuta à toa, não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)
(Chico Buarque)
I - A oração “eu não vindo” introduz uma circunstância de condição.
II – As vírgulas empregadas nos versos “Acorda, amor” e “Convém, às vezes, você sofrer”
apresentam as mesmas justificativas para uso.
III – No verso “Convém, às vezes, você sofrer”, é possível identificar uma oração reduzida
de natureza substantiva.
Está(ão) correta(s)
a) I apenas
b) II apenas
c) III apenas
d) I e II, apenas
e) I e III, apenas
COMENTÁRIO:
A assertiva I é verdadeira.
Observe os versos:
Mas depois de um ano eu não vindo
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer.
É possível reescrever esses versos da seguinte forma, mantendo o sentido original:
Mas depois de um ano, se eu não vier (caso eu não venha)
Ponha a roupa de domingo
E pode me esquecer
Dessa forma, a oração “eu não vindo” tem valor condicional.
A assertiva II é falsa.
As vírgulas empregadas em “Acorda, amor” tem por finalidade isolar um vocativo. Já as vírgulas
empregadas em “Convém, às vezes, você sofrer” isolam um adjunto adverbial de tempo “às
vezes”.
A assertiva III é verdadeira.
No verso “Convém, às vezes, você sofrer”, é possível distinguir uma oração subordinada
substantiva. Observemos:
“Convém, às vezes, você sofrer”
= Convém, às vezes, ISTO”
Como a oração em destaque não é introduzida por conjunção, concluímos que ela se apresenta
na forma reduzida de infinitivo.
Desenvolvendo a oração, obteríamos:
“Convém, às vezes, você sofrer”
= Convém, às vezes, que você sofra”
Resposta: E

37. Assinale a opção cujo “se” em destaque exerce a mesma função que em:
“Não checamos se o professor havia lançado as notas no sistema. ”
a) Se fumar faz mal à saúde, deveríamos largar imediatamente esse vício.
b) Muitos anos passaram, mas os dois ex-amigos, egoístas que sempre foram, nunca
estiveram dispostos a se perdoarem.
c) Pedi, encarecidamente, que se definisse nossa função na equipe.
d) Não foi decidido, mesmo sob protestos das partes envolvidas, se o réu deveria iniciar
o cumprimento da pena após a decisão em 2ª instância.
e) Pedirei a gentileza de nos deixar a sós se não for incômodo.
COMENTÁRIO:
Analisemos a frase “Não checamos se o professor havia lançado as notas no sistema.”.
É possível identificar a presença de uma oração subordinada substantiva. Vejamos:
“Não checamos se o professor havia lançado as notas no sistema.”.
= “Não checamos ISTO.”.
Dessa forma, o “se” que introduz a oração substantiva exerce a função de conjunção
subordinativa integrante.
Analisemos as opções:
Na letra A, o “Se” é conjunção subordinativa causal. É possível chegar a essa conclusão,
fazendo a seguinte reescrita:
Se fumar faz mal à saúde, deveríamos largar imediatamente esse vício.
= Deveríamos largar imediatamente o vício do fumo, porque faz mal à saúde.
Na letra B, o “se” é pronome recíproco. É possível chegar a essa conclusão, fazendo a seguinte
reescrita:
Muitos anos passaram, mas os dois ex-amigos, egoístas que sempre foram, nunca estiveram
dispostos a se perdoarem.
= Muitos anos passaram, mas os dois ex-amigos, egoístas que sempre foram, nunca estiveram
dispostos a perdoarem um ao outro.
Na letra C, o “se” é pronome apassivador ou partícula apassivadora. É possível chegar a essa
conclusão, fazendo a seguinte reescrita:
Pedi, encarecidamente, que se definisse nossa função na equipe.
= Pedi, encarecidamente, que fosse definida nossa função na equipe.
Na letra D, o “se” é conjunção subordinativa integrante. É possível chegar a essa conclusão,
fazendo a seguinte reescrita:
Não foi decidido, mesmo sob protestos das partes envolvidas, se o réu deveria iniciar o
cumprimento da pena após a decisão em 2ª instância.
= Não foi decidido, mesmo sob protestos das partes envolvidas, ISTO.
Na letra E, o “se” é conjunção subordinativa condicional. É possível chegar a essa conclusão,
fazendo a seguinte reescrita:
Pedirei a gentileza de nos deixar a sós se não for incômodo.
= Pedirei a gentileza de nos deixar a sós caso não seja incômodo.
Resposta: D
38. O que é o que é?
Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto — como se chama
o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente — como
se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado
por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota — como se chama o que se sentiu?
O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a
própria pergunta. Qual é o nome? e é este o nome.
Assinale a alternativa correta.
a) O “se” presente em “Se recebo um presente ....” e em “Uma pessoa de quem não se
gosta mais...” pertencem à mesma classe gramatical.
b) O “o” presente em “como se chama o que se sentiu?” e em “O único modo de chamar
é perguntar” pertencem a mesma classe gramatical.
c) O “mais” presente em “Uma pessoa de quem não se gosta mais” expressa valor
semântico de intensidade.
d) As duas ocorrências da preposição “por” em “Estar ocupado, e de repente parar por ter
sido tomado por uma desocupação” introduzem uma ideia de causa.
e) O “quem” presente em “pessoa de quem não gosto” e o “que” presente em “que não
gosta mais da gente” pertencem à mesma classe gramatical, mas exercem diferentes funções
sintáticas.
COMENTÁRIO:
Letra A – ERRADA – O “se” presente em “Se recebo um presente...” é conjunção subordinativa
condicional. Isso pode ser facilmente identificado, substituindo-se “se” por “caso”.
“Se recebo um presente...”
= “Caso receba um presente...”
Já em “Uma pessoa de quem não se gosta mais...”, o “se” exerce a função de índice de
indeterminação do sujeito, haja vista que está ladeado de um verbo que não pede objeto direto
- gostar.
Letra B – ERRADA - O “o” presente em “como se chama o que se sentiu?” é pronome
demonstrativo. Isso pode ser identificado, substituindo-se “o” por “aquilo”.
“como se chama o que se sentiu?”
= “como se chama aquilo que se sentiu?”
Já em “O único modo de chamar é perguntar”, o “o” exerce a função de artigo, determinando
o substantivo “modo”.
Letra C – ERRADA – Não se trata de intensidade, mas sim de tempo. Observemos que, ao se
afirmar que “não se gosta mais”, dá-se a entender que antes se gostava e agora não mais.
Letra D – ERRADA – O primeiro “por” introduz uma ideia de causa (= ... e de repente parar
porque foi tomado por uma desocupação.).
Já o segundo “por” introduz o agente da ação “tomar” (foi a desocupação que “tomou conta”).
Letra E – CERTA – De fato, trata-se de dois pronomes relativos, o que nos permite dizer que
pertencem à mesma classe gramatical.
Analisemos as funções sintáticas desses pronomes relativos:
Em “pessoa de quem não gosto”, a oração adjetiva é “de quem não gosto” e o pronome relativo
“quem” substitui o elemento anterior “pessoa”.
Analisando a oração, temos que “eu” é o sujeito; “gosto” é verbo transitivo indireto; e “quem”
é objeto indireto.
Eu não gosto da pessoa
“da pessoa” >> OI; quem = “pessoa” >> quem = OI
Em “que não gosta mais da gente”, a oração adjetiva é “que não gosta mais da gente” e o
pronome relativo “que” substitui o elemento anterior “pessoa”.
Analisando a oração, temos que o pronome relativo “que” é o sujeito; “gosta” é verbo transitivo
indireto; e “da gente” é objeto indireto.
A pessoa não gosta mais da gente
“A pessoa” >> Sujeito; que = “pessoa” >> que = Sujeito
Portanto, também é correto se afirmar que os dois termos em destaque exercem funções
sintáticas diferentes.
Resposta: E

39. Assinale a opção cuja reescrita mantém a correção gramatical e preserva o sentido
original do seguinte trecho:
Slater mostra o que de bom essas drogas fizeram pelos pacientes, mas sem esconder os
graves efeitos secundários que elas provocam e o tamanho da nossa ignorância em
relação a seus mecanismos de ação
a) Slater não só mostra o que de bom essas drogas fizeram pelos pacientes, mas explicita
os graves efeitos secundários que elas provocam e o tamanho da nossa ignorância em relação
a seus mecanismos de ação.
b) Embora Slater não esconda os graves efeitos secundários que elas provocam e o
tamanho da nossa ignorância em relação a seus mecanismos de ação, mostra o que de bom
essas drogas fizeram pelos pacientes.
c) Slater mostra o que de bom essas drogas fizeram pelos pacientes, mesmo não
escondendo os graves efeitos secundários que elas provocam e o tamanho da nossa ignorância
em relação a seus mecanismos de ação
d) Apesar de mostrar o que de bom essas drogas fizeram pelos pacientes, não esconde
os graves efeitos secundários que elas provocam e o tamanho da nossa ignorância em relação
a seus mecanismos de ação
e) Slater mostra o que de bom essas drogas fizeram pelos pacientes, à medida que não
esconde os graves efeitos secundários que elas provocam e o tamanho da nossa ignorância
em relação a seus mecanismos de ação
COMENTÁRIO:
Observemos a conjunção “mas”, cujo sentido é adversativo.
Antes de analisarmos as opções, vale a pena ressaltar a diferença entre a oposição adversativa
– o principal representante é o “mas” - e a concessiva - o principal representante é o “embora”.
Vejamos dois exemplos:
João é um bom funcionário, mas chega atrasado todo dia.
João é um bom funcionário, embora chegue atrasado todo dia.
Na primeira, destaca-se, por meio da conjunção “mas”, o fato de João chegar atrasado todo
dia. Já na segunda, a conjunção concessiva “embora” relativiza o fato de João chegar atrasado
todo dia.
Na primeira, enfatiza-se o defeito; na segunda, a qualidade.
Analisemos as opções:
Letra A – ERRADA – Cuidado com essa redação. Nela, empregamos o conector “mas”. No
entanto, ele não está sozinho. Observemos que temos a presença da expressão “não só... mas
(também)”, que tem valor de adição, e não de oposição adversativa. É preciso identificar a
palavra “também” subentendida após a conjunção “mas”.
Letra B – ERRADA – Na redação original, a conjunção adversativa “mas” enfatiza os graves
efeitos secundários e o tamanho da ignorância sobre o tema. Ao mesmo tempo, relativiza-se
(atenua-se) o que de bom os medicamentos trazem para os pacientes.
Na proposta de reescrita, utiliza-se a conjunção concessiva “embora”. Essa conjunção relativiza
os graves efeitos e a ignorância sobre o tema, mudando-se, assim, o sentido original.
Letra C – ERRADA – Ocorre o emprego da conjunção concessiva “mesmo”. Essa conjunção
relativiza os graves efeitos e a ignorância sobre o tema, mudando-se, assim, o sentido original.
Letra D – CERTA - Ocorre o emprego da locução conjuntiva concessiva “Apesar de”. Essa
conjunção relativiza o que de bom os medicamentos trazem para os pacientes e enfatiza os
graves efeitos e a ignorância sobre o tema, mantendo-se, assim, o sentido original.
Letra E – ERRADA – A locução “à medida que” tem sentido de proporção, bem diferente,
portanto, do sentido original de oposição.
Resposta: D

40. Observe o trecho:


Slater parte de um ponto de vista privilegiado. Além de escritora, ela é psicóloga e paciente
psiquiátrica.
É possível identificar entre as duas frases que o compõem uma relação de:
a) adição
b) explicação
c) comparação
d) oposição
e) conclusão
COMENTÁRIO:
Cuidado com essa questão!
O enunciado aqui é decisivo, pois se pede do candidato que ele identifique a relação entre as
FRASES.
O que pode nos confundir é a presença do conector “Além de”, que dá o sentido de adição.
No entanto, essa relação de adição se dá entre os termos da segunda frase, e não entre as
frases. Diz-se na segunda frase que ela é escritora, psicóloga E paciente psiquiátrica.
Dessa forma, o grande risco é marcarmos a letra A. No entanto, repetindo, não é de adição a
relação entre as frases.
Agora analisemos a relação entre as frases. É possível explicitá-la, fazendo-se a seguinte
reescrita:
Slater parte de um ponto de vista privilegiado, POIS, além de escritora, ela é psicóloga e paciente
psiquiátrica.
A presença da conjunção POIS explicita, portanto, a relação de EXPLICAÇÃO.
Resposta: B

41. Assinale a opção cujo “que” em destaque exerce a mesma função que em: “A cidade em
que moramos passa por uma grave crise na Segurança Pública. ”
a) Os riscos a que nos submetemos no ambiente de trabalho devem ser recompensados
com indenizações justas.
b) Os percalços que aprendemos a superar nos fortalecem como civilização.
c) Pedi a todos os meus alunos que copiassem com atenção a aula.
d) Visitei a escola em que meus pais estudaram durante a adolescência.
e) Li diversos autores que são referência no assunto.
COMENTÁRIO:
Para descobrir a função sintática do pronome relativo “que”, devemos analisar a oração em
que ele está inserido. A função sintática do pronome relativo será a função exercida pelo termo
que ele substitui.
Vejamos um exemplo:
A menina que eu vi parecia-se com você.
> Oração Subordinada Adjetiva: que eu vi.
> Sujeito: eu, VTD: vi, OD: que (= menina)
Analisemos a frase “A cidade em que moramos passa por uma grave crise na Segurança
Pública.”.
> Oração Subordinada Adjetiva: em que moramos.
> Sujeito: nós; VI: moramos; Adjunto Adverbial de Lugar: que (= cidade)
Devemos, assim, procurar a opção que tenha um pronome relativo “que” atuando
sintaticamente como adjunto adverbial.
Vejamos:
Letra A – ERRADA – Observe a frase:
Os riscos a que nos submetemos no ambiente de trabalho devem ser recompensados com
indenizações justas.
> Oração Subordinada Adjetiva: a que nos submetemos.
> Sujeito: nós; VTDI: submetemos; OD: nos; OI: que (= riscos)
A função do pronome relativo “que” é de objeto indireto.
Letra B – ERRADA - Observe a frase:
Os percalços que aprendemos a superar nos fortalecem como civilização.
> Oração Subordinada Adjetiva: que aprendemos a superar.
> Sujeito: nós; Forma Verbal: aprendemos a superar; OD: que (= percalços) A função do
pronome relativo “que” é de objeto direto
Letra C – ERRADA - Observe a frase:
Pedi a todos os meus alunos que copiassem com atenção a aula.
Trata-se aqui não de m pronome relativo, mas sim de uma conjunção subordinativa integrante,
responsável por introduzir uma oração subordinada substantiva.
Pedi a todos os meus alunos que copiassem com atenção a aula.
= Pedi a todos os meus alunos ISTO.
A conjunção integrante não desempenha função sintática, diferentemente do pronome
relativo.
Letra D – CERTA - Observe a frase:
Visitei a escola em que meus pais estudaram durante a adolescência.
> Oração Subordinada Adjetiva: em que meus pais estudaram durante a adolescência.
> Sujeito: meus pais;
> VI: estudaram;
> Adjunto Adverbial de Tempo: durante a adolescência > Adjunto Adverbial de Lugar: que (=
escola).
A função do pronome relativo “que” é de adjunto adverbial.
Letra E – ERRADA - Observe a frase:
Li diversos autores que são referência no assunto.
> Oração Subordinada Adjetiva: que são referência no assunto
> Sujeito: que (= autores);
> VL: são;
> Predicativo do Sujeito: referência
> Complemento Nominal: no assunto.
A função do pronome relativo “que” é de sujeito.
Resposta: D

42. “Como estão familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas extremas, querem
estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los nem levá-los a
uma UTI para entubá-los e espetá-los com cateteres.”.
No período destacado, a primeira oração expressa em relação à seguinte o valor semântico de:
a) causa
b) consequência
c) finalidade
d) comparação
e) conformidade
COMENTÁRIO:
Questão relativamente simples, que trata do valor semântico dos conectores, em particular a
conjunção "como".
Para resolver esse tipo de questão, uma habilidade que se exige do aluno é reescrever o texto,
identificando as corretas relações lógicas. Vejamos um exemplo:

Como estava chovendo, não pude ir ao show.


= Não pude ir ao show, porque estava chovendo.
Dessa forma, a conjunção "como" assume valor semântico causal.

Analisemos o "como" no trecho:


Como estão familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas extremas, querem estar
seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los nem levá-los a uma UTI
para entubá-los e espetá-los com cateteres.”.
É possível reescrever o trecho acima da seguinte forma:
"Devido ao fato de estarem familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas
extremas, querem estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los
nem levá-los a uma UTI para entubálos e espetá-los com cateteres.”.
Fica claro, assim, que a conjunção "como" assume valor causal.
Observação:
Além do valor causal, o conector “como” também pode assumir um sentido de comparação e
de conformidade.
Vejamos:
Resolvi essa questão como o José Maria havia ensinado.
= Resolvi essa questão conforme o que José Maria havia ensinado.
= Resolvi essa questão acordo com o que José Maria havia ensinado.
Trata-se do “como” com valor conformativo.

Eu queria muito gostar de Português como você.


= Eu queria muito gostar de Português tanto quanto você.
= Eu queria muito gostar de Português assim como você.
Trata-se do “como” com valor comparativo.
Resposta: A

43. A frase “Conhecia o assunto como poucos, mas cometeu erros bobos e inaceitáveis.” pode
ser reescrita mantendose a correção gramatical e o sentido original da seguinte maneira:
a) Conhecia o assunto como poucos, por isso cometeu erros bobos e inaceitáveis.
b) À medida em que conhecia o assunto como poucos, cometeu erros bobos e
inaceitáveis.
c) Cometeu erros bobos e inaceitáveis, porquanto conhecia o assunto como poucos.
d) Conquanto conhecesse o assunto como poucos, cometeu erros bobos e inaceitáveis.
e) Cometerá erros bobos e inaceitáveis, a menos que conheça o assunto como poucos.
COMENTÁRIO:
Letra A - ERRADA - Ocorre uma alteração do sentido original, uma vez que a locução
conjuntiva "por isso" tem valor conclusivo. Na redação original, a conjunção "mas" estabelece
uma relação de oposição adversativa entre as orações por ela conectadas.
Letra B - ERRADA - A locução conjuntiva "À medida em que" está grafada erradamente.
Simplesmente não existe essa redação. A locução "À medida que" tem valor semântico
proporcional; já a locução "Na medida em que" tem valor semântico causal. Nenhuma dessas
opções, no entanto, atende ao sentido original.
Letra C - ERRADA - A conjunção "porquanto" tem valor semântico causal, equivalendo a "visto
que", "porque". O emprego desse conector contrasta com o sentido de oposição adversativa
presente na redação original.
Letra D - CERTA - A conjunção "conquanto" é concessiva e equivale a "embora", "apesar de".
Na redação original "Conhecia o assunto como poucos, mas cometeu erros bobos e inaceitáveis.",
com o emprego do conector adversativo "mas", destacam-se os erros bobos e inaceitáveis.
Com o emprego do conector concessivo "conquanto", obtém-se o mesmo sentido com a
seguinte construção: " Conquanto conhecesse o assunto como poucos, cometeu erros bobos
e inaceitáveis.". Continua como destaque os erros bobos e inaceitáveis, permanecendo o
sentido original.
Observe a diferença entre oposição concessiva e oposição adversativa
João é um bom funcionário, mas chega atrasado todo dia.
João é um bom funcionário, embora chegue atrasado todo dia.
Na primeira, destaca-se, por meio da conjunção “mas”, o fato de João chegar atrasado todo
dia. Já na segunda, a conjunção concessiva “embora” relativiza o fato de João chegar atrasado
todo dia.
Na primeira, enfatiza-se o defeito; na segunda, a qualidade.
Letra E - ERRADA - A locução "a menos que" tem valor condicional e contrasta com o sentido
original de oposição adversativa.
Resposta: D

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