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Básicos de Térmica em
Edifícios
Formação base no âmbito do SCE
Exercícios resolvidos
V1.4 | 2023
1
2
3
Exercício 2.1
Enunciado: Determinar o valor da resistência térmica total (Rtot) de uma parede exterior
com o seguinte pormenor construtivo:
Exterior Interior
Reboco armado 1 cm
Cortiça ICB 10 cm
Resolução:
A resistência térmica total (Rtot) do elemento construtivo é dada pelo somatório das
resistências das várias camadas que compõem o elemento e das respetivas resistências
térmicas superficiais.
4
𝒆 𝝀 𝑹=𝒆 𝝀
Material Homogéneo Fonte
𝒐
𝒎 𝑾/(𝒎. 𝑪) [(𝒎𝟐 . 𝒐𝑪)/𝑾]
Dado que se trata de uma parede exterior, deverão ser ainda consideradas uma
resistência térmica superficial exterior, Rse= 0,04 (m2.ºC)/W e uma resistência térmica
superficial interior para um fluxo de calor horizontal, Rsi=0,13 (m2.ºC)/W.
E assim:
0,009 0,10 0,01
𝑅𝑡𝑜𝑡 = 0,13 + + 0,49 + + + 0,04 = 2,89 (𝑚2 . 𝑜𝐶 )/𝑊
1,3 0,045 1,8
5
Exercício 2.2
Enunciado: Determinar o valor do coeficiente de transmissão térmica (U) das paredes
exteriores com os seguintes pormenores construtivos:
Nota: Considere painéis de resina fenólica com densidade superior a 1700 kg/m3, estuque
projetado com densidade igual a 1000 kg/m3, reboco tradicional com densidade igual a 1800
kg/m3
Resolução:
Situação 1 – Caixa-de-ar Fortemente Ventilada
• Painéis de resina fenólica → e = 0,012 m; ʎ = 0,25 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Revestimento de Pisos ou de Paredes “Plásticos ρ = 1700
kg/m3”
• Caixa-de-ar fortemente ventilada → Não se considera a resistência
• Cortiça ICB → e = 0,10 m; ʎ = 0,045 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.1, Isolantes Térmicos “Aglomerado de cortiça expandida ρ = 90
a 140 kg/m3”
• Bloco Betão leve → R = 0,49 (𝒎𝟐 . 𝒐𝑪)/𝑾
o ITE50, Quadro I.5, Paredes de Alvenaria “Bloco de Betão leve 0,20”)
6
• Estuque projetado → e = 0,015 m; ʎ = 0,43 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Gessos (Estuques) “Estuque projetado ρ = 900 a 1200 kg/m3”
7
Como a caixa-de-ar é fracamente ventilada, o valor da resistência da mesma depende
da resistência térmica das camadas que se encontram entre a caixa-de-ar e o exterior
(reboco + betão).
0,02 0,10
𝑅𝑝𝑎𝑛𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = + = 0,07 (𝑚2 . 𝑜𝐶 )/𝑊 ≤ 0,15 (𝑚2 . 𝑜𝐶 )/𝑊
1,3 2,0
8
• Tijolo cerâmico furado → R = 0,39 (𝒎𝟐 . 𝒐𝑪)/𝑾
o ITE50, Quadro I.5, Paredes de Alvenaria “Tijolo cerâmico furado” 0,15)
• Estuque projetado → e = 0,015 m; ʎ = 0,43 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Gessos (Estuques) “Estuque projetado ρ = 900 a 1200
kg/m3”
0,02
𝑅𝑝𝑎𝑛𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 = + 0,27 = 0,58 (𝑚2 . 𝑜𝐶 )/𝑊 > 0,15 (𝑚2 . 𝑜𝐶 )/𝑊
0,065
1
𝑈3 =
0,02 0,08 0,015
0,04 + + 0,27 + 0,15 + 0,037 + 0,39 + 0,43 + 0,13
0,065
= 0,29 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶 )
9
Exercício 2.3
Enunciado: Determinar o valor do coeficiente de transmissão térmica (U) de uma
cobertura sob desvão fortemente ventilado, sabendo que a mesma solução de
cobertura em contacto com o exterior tem um coeficiente de transmissão térmica U =
0,35 W/(m2.ºC), calculado para um fluxo vertical ascendente.
Resolução
Qualquer valor de coeficiente de transmissão térmica inclui o valor do somatório das
resistências térmicas dos materiais construtivos e o somatório de duas resistências
térmicas superficiais.
Se a solução de cobertura em contacto com o exterior possui um U (↑) = 0,35
[W/(m2.oC)] para um fluxo vertical ascendente, significa que o valor de U foi calculado
considerando um Rsi = 0,10 [(m2.oC)/W] e um Rse = 0,04 [(m2.oC)/W].
Quando a mesma solução construtiva passa a ser uma solução interior, é necessário
corrigir o valor de U, ou seja, é necessário retirar o valor de Rse e adicionar o valor de Rsi
para a respetiva direção de fluxo.
Qualquer correção ao valor de um coeficiente de transmissão térmica, apenas pode ser
realizado com recurso a resistências térmicas, ou seja:
10
Subtraindo o valor de Rse e adicionando o valor de Rsi uma vez que a solução passa para
uma solução interior.
1
𝑈(↑) = = 0,34 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶)
1
− 0,04 + 0,10
0,35
Esta metodologia aplica-se também quando pretendemos inverter os fluxos de calor que
atravessa os elementos construtivos horizontais (coberturas e pavimentos).
11
12
Exercício 2.4
Enunciado: Determinar o valor do
coeficiente de transmissão térmica do Cerâmica 1,3 cm
Betonilha 4,0 cm
pavimento em contacto com o solo (Ubf), XPS 4,0 cm
Betão armado 20,0 cm
sabendo que o pavimento possui z<0
isolamento contínuo, cota exterior
inferior a 0,5m e de acordo com o
seguinte pormenor:
13
Resolução:
As tabelas 27 a 29 do Manual SCE, identificam os valores de 𝑈𝑏𝑓 para as diferentes
soluções de colocação de isolamento térmico em que:
Cálculo de Rf:
• Cerâmica → e = 0,013 m; ʎ = 1,3 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Revestimento de pisos ou de Paredes, “cerâmica
vidrada/grés cerâmico ρ = 2300 kg/m3”
• Betonilha → e = 0,04 m; ʎ = 1,3 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Argamassas, “argamassas e rebocos tradicionais ρ =
1800 a 2000 kg/m3”
• XPS → e = 0,04 m; ʎ = 0,037 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.1, Isolantes Térmicos “poliestireno expandido extrudido
(XPS) ρ = 25 a 40 kg/m3”
• Betão Armado → e = 0,20 m; ʎ = 2,0 𝑾/(𝒎. 𝒐𝑪)
o ITE50, Quadro I.2, Betões, “betão armado inertes correntes com %
armadura < 1%, ρ = 2300 a 2400 kg/m3”
14
0,013 0,04 0,04 0,20
𝑅𝑓 = + + + = 1,22 (𝑚2 . 𝑜𝐶 ) 𝑊
1,3 1,3 0,037 2,0
Localização P (m)
3,20
4,00
4,00
4,00
4,00
1,80
4,00
Garagem 2,00
4,20
P (total) 40,00
15
Assim, o fator B´ pode ser determinado, obtendo-se:
𝐴𝑝 99,56
𝐵´ = = = 4,98 𝑚
0,5 × 0,5 × 40
16
Resultado das interpolações
17
18
Exercício 2.5
Enunciado: Qual o coeficiente de transmissão térmica de um vão envidraçado em
contacto com um espaço não aquecido, sabendo que é composto por caixilharia
metálica fixa sem corte térmico e vidro simples?
Resolução:
Recorrendo ao ITE 50, temos que para o vão em causa 𝑈𝑤 = 6,00 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶 ).
Atendendo a que para a determinação do coeficiente foram tidas em conta as
resistências térmicas superficiais interior e exterior, respetivamente 0,13 e 0,04
(m2.oC)/W, para determinação do coeficiente de transmissão térmica do vão interior, a
resistência térmica superficial exterior dará lugar a uma interior, existindo um acréscimo
de 0,09 (m2.oC)/W (i.e., 0,13-0,04).
Assim:
1 1
𝑈𝑊 (𝑖𝑛𝑡) = = = 3,90 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶)
1 1
𝑈𝑊 + 0,09 6,00 + 0,09
19
Exercício 2.6
Enunciado: Determinar o coeficiente de transmissão térmica de um vão envidraçado
vertical duplo exterior possuindo a janela interior um coeficiente de transmissão térmica
de 4,3 W/(m2.oC), a janela exterior de 4,5 W/(m2.oC) e a distância entre ambas é de 20
cm.
Resolução:
1
𝑈𝑊 =
1 1
𝑈𝑊𝑖 − 𝑅𝑠𝑒 + 𝑅𝑎𝑟 + 𝑈𝑊𝑒 − 𝑅𝑠𝑖
1
𝑈𝑊 = = 2,15 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶 )
1 1
4,3 − 0,04 + 0,18 + 4,5 − 0,13
20
Exercício 2.7
Enunciado: Determine o coeficiente de transmissão térmica do vão envidraçado médio
dia-noite (UWDN) de um vão envidraçado vertical exterior com caixilharia metálica com
corte térmico e vidro duplo com caixa-de-ar de 6 mm, possuindo uma proteção solar
exterior por intermédio de persiana de réguas de plástico.
Resolução:
Recorrendo ao ITE 50, temos que para o vão em causa 𝑈𝑊 = 3,70 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶 ).
Não se encontrando descrito se a proteção solar possui, ou não, preenchimento com
espuma, considera-se a situação mais desfavorável, obtendo-se:
E assim:
1 1
𝑈𝑊𝑆 = = = 2,32 𝑊/(𝑚2 . 𝑜𝐶 )
1 1
𝑈𝑊 + 𝛥𝑅 3,70 + 0,16
21
22
Exercício 2.8
Enunciado: Determinar o fator solar do vão envidraçado com os dispositivos de
proteção solar totalmente ativados (𝑔𝑡𝑜𝑡), de um vão envidraçado exterior com vidro
duplo colorido na massa 4mm e incolor 4mm, possuindo uma proteção solar exterior
por intermédio de estore veneziano de lâminas metálicas e pelo interior por uma cortina
transparente de cor clara.
Resolução:
O vão envidraçado possui duas proteções solares, uma pelo interior e outra pelo
exterior, ambas não opacas. Do enunciado e por recurso às tabelas 51 (𝑔⊥,𝑣𝑖 ) e 48 (𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑣𝑐 )
do Manual SCE, temos:
• 𝑔⊥,𝑣𝑖 = 0,60
• 𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑣𝑐 (𝑒𝑠𝑡𝑜𝑟𝑒) = 0,09
• 𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑣𝑐 (𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖𝑛𝑎) = 0,39
23
Exercício 2.9
Enunciado: Determinar o fator solar do vão envidraçado com os dispositivos de
proteção solar totalmente ativados (𝑔𝑡𝑜𝑡), de um vão envidraçado exterior com vidro
duplo colorido na massa 4mm e incolor 4mm, possuindo uma proteção solar exterior
por intermédio de persiana de réguas metálicas de cor clara e pelo interior por uma
cortina transparente de cor clara.
Resolução:
O vão envidraçado possui duas proteções solares, uma pelo interior e outra pelo
exterior. Como a proteção exterior é opaca, o fator solar é retirado diretamente da
tabela 48 do Manual SCE, obtendo-se:
24
Exercício 2.10
Enunciado: Determinar o fator de sombreamento do horizonte de um vão envidraçado
orientado a Este, com uma altura de 2m e que a encontra a 6m do solo. Em linha reta
em relação ao vão envidraçado e a 15m de distância do mesmo, existe um edifício com
5 pisos.
Resolução:
De acordo com o enunciado, o centro do vão encontra-se a uma altura de 7m, existindo
um edifício a provocar sombreamento com 15m de altura (à falta de informação deve
considerar-se um total de 3m por piso).
O ângulo pode então ser determinado da seguinte forma:
(15 − 7)
𝑡𝑎𝑛(𝛼) = ⇔ 𝛼 = 28,07𝑜
15
25
O fator de sombreamento provocado por elementos no horizonte encontra-se na tabela
53 do Manual SCE, e tem-se:
Uma vez que o ângulo se encontra entre dois valores tabelas é necessário interpolar
para determinar o fator, obtendo-se 𝑭𝒉 = 𝟎, 𝟕𝟒.
26
Exercício 2.11
Enunciado: Determinar o fator de obstrução, na estação de aquecimento, de um vão
envidraçado de um apartamento, orientado a Este, com um edifício nas imediações a
provocar um sombreamento do horizonte (ângulo de 10o) e com uma pala horizontal
(ângulo de 53o).
Resolução:
27
Ângulo Fator
45 0,74
53 𝐹𝑜
60 0,64
60 − 53 0,64 − 𝐹𝑜 0,64 − 𝐹𝑜
= ⇔ 0,47 = ⇔ 𝐹𝑜 = 0,69
60 − 45 0,64 − 0,74 −0,10
Uma vez que não se verifica a existência de sombreamento verticais, o fator 𝐹𝑓 toma o
valor de 1.
Assim, o fator de obstrução (𝑭𝑺 ) para o envidraçado em análise é:
28
Exercício 2.12
Enunciado: Determinar o fator de obstrução, na estação de aquecimento, de um vão
envidraçado de um apartamento, orientado a Este, possuindo os sombreamentos
visíveis na figura seguinte, onde B1= 60o e B2= 45o.
Resolução:
O vão possui dois elementos verticais, um à direita e outra à esquerda pelo que o fator
de sombreamento de elementos verticais será o produto entre os dois fatores.
29
𝐹𝑓 = 𝐹𝑓 𝑒𝑠𝑞. × 𝐹𝑓 𝑑𝑖𝑟. = 0,80 × 1 = 0,80
𝐹𝑠 = 𝐹ℎ × 𝐹𝑜 × 𝐹𝑓 = 1 × 1 × 0,80 = 0,80
30
Exercício 2.13
Enunciado: Determinar o fator de obstrução, na estação de aquecimento, de um vão
envidraçado de um apartamento, orientado a Este, possuindo um sombreamento do
horizonte com um ângulo de 30o. O vão envidraçado encontra-se recuado 10 cm em
relação à fachada.
Resolução:
Recorrendo à Tabela 53 do Manual SCE, o fator de sombreamento 𝐹ℎ , para uma
orientação oeste e um ângulo de 30º, toma o valor de 0,71.
Na ausência de sombreamentos provocados por elementos verticais ou por elementos
horizontais, os respetivos fatores, 𝐹𝑓 e 𝐹𝑜 , tomam o valor 1.
Para efeitos de cálculo, caso um vão envidraçado se encontre recuado em relação à
fachada, o produto 𝐹𝑜 × 𝐹𝑓 não deve ser superior a 0,90.
Sabendo que este se encontra recuado, o fator de obstrução toma então o seguinte
valor:
31
32
Exercício 3.1
Enunciado: Determine a zona climática de verão e de inverno de um edifício localizado
em Penamacor a uma altitude de 268m.
Resolução:
1º- Identificação NUTS III (Tabela 116 do Manual SCE) → Beira Interior Sul
33
2º- Graus-dias para aquecimento (Tabela 9 Manual SCE)
𝑋 = 𝑋𝑅𝐸𝐹 + 𝑎 × (𝑧 − 𝑧𝑅𝐸𝐹 )
34
3º- Temperatura média exterior (Tabela 10 Manual SCE)
𝑋 = 𝑋𝑅𝐸𝐹 + 𝑎 × (𝑧 − 𝑧𝑅𝐸𝐹 )
35
4º - Zonas climáticas
A zona climática de inverno é determinada através da Tabela 7 do Manual SCE, em
função do nº de graus-dias para aquecimento. Neste caso, o nº de graus-dias
determinado (GD) é igual a 1166ºC e, portanto, a zona climática de inverno corresponde
a I1.
Por sua vez, a zona climática de verão é determinada através da Tabela 8 do Manual
SCE, em função da temperatura média exterior. Tendo-se determinado 𝜃𝑒𝑥𝑡,𝑣 igual a
25,7ºC, a zona climática de verão corresponde a V3.
36
Exercício 3.2
Enunciado: Considerando um edifício localizado em Odivelas, a uma altitude de 500m,
indique a duração da estação de aquecimento (em meses) e a temperatura exterior
média do mês mais frio da estação de aquecimento.
Resolução:
Pela Tabela 116, verifica-se que Odivelas corresponde ao NUTS III de Grande Lisboa.
37
𝑋 = 𝑋𝑅𝐸𝐹 + 𝑎 × (𝑧 − 𝑧𝑅𝐸𝐹 )
Desta forma, é possível concluir que para um edifício localizado em Odivelas, a uma
altitude de 500m, a duração da estação de aquecimento (inverno) corresponde a
aproximadamente 6,5 meses e a temperatura média exterior do mês mais frio para esta
estação é de 9,2ºC.
38
39
Exercício 3.3
Enunciado: Identifique os espaços não úteis e indique a respetiva área útil de pavimento
desta fração de habitação.
40
Resolução:
A fração de habitação apresenta como espaço interior não útil a lavandaria. A
lavandaria, por norma, é sempre um espaço não útil, a não ser que neste espaço não se
verifique a possibilidade de ventilação para o exterior ou para um espaço interior não
útil, quer seja por infiltrações através dos vãos envidraçados, condutas, aberturas ou
outro componente. Neste caso, como a mesma apresenta uma grelha de ventilação para
o exterior, é considerada espaço interior não útil.
Desta forma, a área útil de pavimento, que corresponde ao somatório das áreas de
pavimento, medidas em planta pelo perímetro interior, de todos os espaços interiores
úteis pertencentes ao edifício, com ocupação atual ou prevista e com necessidades de
energia atuais ou previstas associadas ao aquecimento ou arrefecimento ambiente para
conforto humano, é dada pela soma das áreas dos restantes compartimentos: W.C.,
cozinha/sala e hall.
41
42
Exercício 3.4
Enunciado: Considere uma fração inserida num edifício exclusivamente de habitação, a
construir no Porto, em que as frações do 1º ao 4 piso são geometricamente iguais.
Considere que a espessura da parede que separa as frações de habitação é de 30 cm, e
a espessura da parede que separa a sala da lavandaria é 15 cm.
a) Qual o coeficiente de redução de perdas (bztu) do espaço interior não útil (ENU)
interior a esta fração autónoma de habitação, sabendo que a área de aberturas
permanente correspondente a 18% da área total de grelha (10x20cm)?
b) Considere agora que se trata de uma fração inserida num edifício enquadrado como
existente no âmbito do SCE. Quais os coeficientes de redução de perdas (bztu) de
todos os espaços não úteis?
43
Resolução:
a) O espaço interior não útil interior a esta fração autónoma é a lavandaria. Dado
que não é possível determinar a temperatura interior deste espaço, o valor de
bztu deve ser determinado recorrendo à metodologia de cálculo prevista no
manual SCE.
𝐴𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 3600
= = 1006 < 1500 𝑚𝑚2 𝑚2
𝐴𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 (1,35 × 2,65)
2- O volume do espaço interior não útil (VENU), que neste caso é igual a:
3- A razão Ai/Au, sendo que Ai corresponde ao somatório das áreas dos elementos
construtivos que separam o espaço interior não útil do espaço interior útil (da
fração de habitação ou de uma fração de comércio e serviços) e para Au são
contabilizadas as áreas dos elementos construtivos que separam o espaço
𝐴 9,54
interior não útil do exterior. Desta forma, 𝐴 𝑖 = 3,58 = 2,66.
𝑢
44
𝐴𝑖 = 2,65(2 × 1,2 + (1,35 − 0,15)) = 9,54 𝑚2
𝐴𝑖 9,54
= = 2,66
𝐴𝑢 3,58
(Nota: No enunciado é referido que as frações do 1º ao 4º piso são geometricamente iguais, pelo que ao
nível do pavimento e da cobertura, a lavandaria contacta com outras lavandarias, consideradas espaço
interiores não úteis. Desta forma, as áreas destes elementos construtivos não são contabilizadas para Ai
nem para Au).
E assim, pela tabela 16, tem-se que o valor de bztu para esta lavandaria é igual a 0,7.
45
b) Nesta alínea é solicitado o valor de bztu de todos os espaços não úteis, onde se
incluem a lavandaria e a circulação comum (note-se que uma circulação comum
exterior à fração autónoma deve ser sempre considerada como espaço interior
não útil). No entanto, os dados fornecidos no enunciado não permitem
determinar o valor de bztu da circulação comum.
46
Exercício 3.5
Enunciado: Determinar o coeficiente de redução de perdas de uma lavandaria de uma
pequena loja, sabendo que a mesma possui cobertura exterior, pavimento em contacto
com o solo, pé-direito de 3m e uma grelha de abertura fixa com 20x30cm, sendo a área
de aberturas permanentes correspondente a 21% da área total.
Resolução:
De acordo com a informação, a área de aberturas é de 0,0126 m2 (0,2 x 0,3 x 21%).
Assim, tem-se:
𝐴𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 12600
= = 600 < 1500 𝑚𝑚2 𝑚2
𝐴𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 (2 × 3 + 3 × 3 + 2 × 3)
Logo o espaço não é fortemente ventilado (caso o espaço fosse fortemente ventilado,
bztu=1).
47
Desta forma, o bztu tem de ser estimado de acordo com a metodologia prevista no
Manual SCE:
• 𝑉𝐸𝑁𝑈 = 3 × 2 × 3 = 18 𝑚3 𝑉𝑒𝑛𝑢 ≤ 50 𝑚3
• Com aberturas permanentes F
• 𝐴𝑖 = (3 + 2) × 3 = 15 𝑚2
• 𝐴𝑢 = (3 + 2) × 3 + 3 × 2 = 21 𝑚2
• 𝐴𝑖 𝐴𝑢 = 15 21 = 0,71
48
Exercício 3.6
Enunciado: Determinar o coeficiente de redução de perdas de uma garagem comum a
5 frações de um edifício (3 frações de habitação e 2 frações de comércio e serviços),
encontrando-se na figura seguinte os valores de Ai de cada fração em contato com a
garagem e o valor de Au da garagem. O volume da garagem é superior a 200 m3 e não
existem aberturas de ventilação.
Garagem 𝐴𝑢 = 140 𝑚2
Corte
Resolução:
Para determinação do valor de bztu da garagem é necessário determinar a razão Ai/Au.
Ai corresponde ao somatório das áreas dos elementos de todas as frações de habitação
e comércio e serviços que separam os respetivos espaços interiores úteis do espaço
interior não útil, e Au corresponde ao somatório das áreas dos elementos que separam o
espaço interior não útil do ambiente exterior, que neste caso é igual a 140m2 (dados do
enunciado).
49
Assim:
𝐴𝑖 60 + 60 + 50 + 120 + 60
= = 2,5
𝐴𝑢 140
50
51
Exercício 3.7
Enunciado: Atendendo aos resultados obtidos no exercício 3.5, indique quais as
condições fronteira a considerar na avaliação do desempenho energético do edifício
para quantificação das trocas térmicas entre os espaços interiores úteis e os demais
ambientes com os quais estes podem contactar.
6
1
8
2 3 2 4
3
7
Resolução:
As condições de fronteira são definidas relativamente ao espaço interior útil.
No que respeita às paredes 2, 5, 6 e 8, bem como a cobertura (assinalada com o número
1), as mesmas separam o espaço interior útil do exterior, pelo que aplica-se a condição
fronteira exterior.
As paredes assinaladas com os números 3 e 4 separam o espaço interior útil de um
espaço interior não útil. De acordo com o resultado obtido no exercício 3.5, a lavandaria
apresenta um valor de bztu igual a 0,9, pelo que a condição fronteira aplicável a estas
paredes é condição fronteira interior com bztu > 0,7.
Ao nível do pavimento da fração (7), a mesma contacta com o solo, pelo que a condição
fronteira aplicável é a condição fronteira solo.
52
53
Exercício 3.8
Enunciado: Efetuar a marcação da envolvente para os resultados obtidos nas alíneas a)
e b) do exercício 3.4, tendo em conta as tramas para pavimentos e coberturas da figura
8 e as cores para marcação da envolvente apresentadas na tabela 17 do Manual SCE.
Caso necessário, considere um bztu da circulação comum igual a 0,3.
Resolução:
De acordo com os resultados obtidos na alínea a) do exercício 3.4, o valor de bztu da
lavandaria é igual a 0,7. Considerando que a circulação horizontal comum apresenta um
coeficiente de redução de perdas igual a 0,3, a condição fronteira aplicável às paredes
que separam o espaço interior útil destes dois espaços é condição fronteira interior com
bztu ≤ 0,7, pelo que as mesmas devem ser delimitadas a azul.
54
Por sua vez, ao nível das paredes orientadas a este e a oeste que separam a fração de
habitação de outras frações de habitação, assim como ao nível do pavimento e
cobertura (que também contactam com outras frações de habitação), aplica-se a
condição fronteira sem trocas térmicas, pelo que a mesmas devem ser representadas a
verde. Por fim, a parede orientada a sul contacta com o exterior, pelo que a condição
fronteira aplicável é a condição fronteira exterior, devendo a mesma ser delimitada a
vermelho.
A figura seguinte apresenta a marcação da envolvente para os resultados obtidos na
alínea a) do exercício 3.4.
55
No que se refere à alínea b) do exercício 3.4, tendo-se recorrido à regra de simplificação
para determinação dos valores de bztu dos espaços interiores não úteis (lavandaria e
circulação comum), os mesmos assumem um valor igual a 0,8, pelo que a condição
fronteira aplicável aos elementos construtivos que separam o espaço interior útil destes
dois espaços é a condição fronteira interior com bztu > 0,7, devendo os mesmos ser
identificados a amarelo.
Relativamente aos restantes elementos construtivos que separam o espaço interior útil
dos demais ambientes, as condições fronteira mantêm-se.
Desta forma, a marcação da envolvente tendo em conta os resultados obtidos na alínea
b) do exercício 3.4, vem então igual a:
56
Exercício 3.9
Enunciado: Atendendo à planta de um escritório localizado no 2º andar de um edifício
com utilização mista (habitação e comércio e serviços), em que as frações do 1º ao 4
piso são geometricamente iguais. Considere que a espessura da parede que separa a
fração de habitação da fração de comércio e serviços é de 30 cm, e a espessura da
parede que separa o escritório do arquivo é 15 cm.
Indique:
a) Área interior útil de pavimento
b) O coeficiente de redução de perdas do(s) espaço(s) interior(es) não útil(eis)
interior(es) à fração de serviços
c) A marcação da envolvente, assumindo que a circulação comum apresenta um
valor de bztu=0,7 e que as restantes frações de serviços apresenta um bztu=0,8.
57
Resolução:
a) A área útil de pavimento corresponde ao somatório das áreas de todos os
espaços interiores úteis da fração em análise, medidas em planta, pelo interior.
Neste caso, identifica-se como espaço interior não útil o arquivo (devido à
presença de uma grelha de ventilação permanentemente aberta para o
exterior), pelo que a área deste compartimento não deverá ser contabilizada
para efeitos da determinação da área útil de pavimento.
Tem-se então:
Assim, através da consulta da tabela 16 do Manual SCE, tem-se que o valor de bztu do
arquivo é igual a 0,7.
58
c) Para a marcação da envolvente, é necessário identificar as condições fronteira
dos elementos construtivos que separam o espaço interior útil dos demais
ambientes.
No que respeita às paredes que separam o espaço interior útil dos espaços interiores
não úteis (arquivo e circulação comum), ambos com bztu = 0,7, aplica-se a condição
fronteira interior com bztu ≤ 0,7, pelo que as mesmas devem ser delimitadas a azul.
Ao nível das paredes orientadas a este e oeste, que contactam com frações de
habitação, verifica-se uma condição fronteira sem trocas térmicas, pelo que as mesmas
devem ser identificadas a verde.
Quer ao nível do pavimento, quer ao nível da cobertura, a fração em estudo contacta
com outras frações de serviços, cujo valor de bztu é igual a 0,8. Para estes elementos
construtivos, aplica-se a condição fronteira interior com bztu > 0,7 e devem ser
delimitados a amarelo.
59
Por fim, a parede
orientada a sul contacta com o exterior, pelo que aplica-se a condição fronteira exterior
e deve ser delimitada a vermelho.
60
61
Exercício 4.1
Enunciado: Considere o pormenor construtivo apresentado para uma parede exterior,
pertencente a um edifício de habitação em projeto, localizado em Braga, a uma altitude
de 167 m, com a seguinte constituição do interior para o exterior:
int. ext.
Esta solução construtiva cumpre com o requisito mínimo regulamentar a que está
sujeita?
Resolução:
Para verificar se a solução construtiva se encontra ou não regulamentar, é necessário
determinar o valor do seu coeficiente de transmissão térmica (U) e comparar com o
respetivo valor máximo admissível (Umáx).
62
1.º Determinação do coeficiente de transmissão térmica superficial da solução
construtiva (parede)
1 1
𝑈𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 = =
𝑅𝑡𝑜𝑡 𝑅𝑠𝑖 + ∑𝑗 𝑅𝑗 + 𝑅𝑠𝑒
Tratando-se de uma parede, o fluxo de calor apresenta um sentido horizontal, pelo que
o valor de 𝑅𝑠𝑖 é igual a 0,13 (m2.ºC)/W. Uma vez que a mesma contacta com o exterior,
para o cálculo de 𝑅𝑡𝑜𝑡 deverá ainda ser considerada uma resistência térmica superficial
exterior, 𝑅𝑠𝑒 , igual a 0,04 (m2.ºC)/W.
A parcela ∑𝑗 𝑅𝑗 diz respeito à soma das resistências térmicas de todos os materiais que
constituem o elemento construtivo:
𝑑 0,008
𝑅𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 (𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = = = 0,12 (𝑚2 . ℃)/𝑊
𝜆 0,065
(2) O tijolo é um material não homogéneo, pelo que o valor da sua resistência
térmica é consultado diretamente no ITE 50 (Quadro I.5). O mesmo aplica-se à
camada (4).
63
(3) O valor da condutibilidade térmica da cortiça utilizada como isolante térmico
consulta-se no Quadro I.1 do ITE 50, obtendo-se:
𝑑 0,06
𝑅𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 (𝑖𝑠𝑜𝑙𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = = = 1,33 (𝑚2 . ℃)/𝑊
𝜆 0,045
𝑑 0,02
𝑅𝑟𝑒𝑏𝑜𝑐𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (1800 𝑘𝑔/𝑚3 ) = = = 0,015 (𝑚2 . ℃)/𝑊
𝜆 1,3
Desta forma:
𝑅𝑡𝑜𝑡 = 𝑅𝑠𝑖 + ∑ 𝑅𝑗 + 𝑅𝑠𝑒 = 0,13 + 0,12 + 0,27 + 1,33 + 0,39 + 0,015 + 0,04 = 2,3 (𝑚2 . ℃)/𝑊
𝑗
E assim:
1 1
𝑼𝒑𝒂𝒓𝒆𝒅𝒆 = = = 0,43 𝑊/(𝑚2 . ℃)
𝑅𝑡𝑜𝑡 2,3
64
2.º Determinação da zona climática de inverno
Da leitura da tabela 1 da Portaria n.º 138-I/2021, que apresenta os coeficientes de
transmissão térmica superficiais máximos dos elementos da envolvente opaca dos
edifícios de habitação, verifica-se que os valores de Umáx são definidos em função da
condição fronteira do elemento construtivo e da zona climática de inverno do local onde
se insere o edifício (I1, I2 ou I3).
Neste sentido, é necessário determinar a zona climática de inverno para um edifício
localizado em Braga, a uma altitude de 167 m.
Pela tabela 116 do Manual SCE, verifica-se que Braga corresponde à NUTS III Cávado.
65
Assim:
Pela tabela 7 do Manual SCE verifica-se que 𝐺𝐷 = 1485,8℃ corresponde a uma zona
climática de inverno I2.
66
3.º Verificação do cumprimento do requisito
Pela tabela 1 da Portaria n.º 138-I/2021, verifica-se que o valor de Umáx para um
elemento construtivo vertical com condição fronteira exterior, inserido numa zona
climática de inverno I2, é de 0,40 W/(m2.ºC).
67
Exercício 4.2
Enunciado: Considere uma moradia de tipologia T3 em projeto, a construir em Idanha-
a-Nova, a uma altitude de 285m, com as seguintes áreas:
• Sala – 40m2
• Quartos – 46m2
• Cozinha – 15m2
• Despensa – 2m2
• Corredores – 21m2
• WC’s – 16m2
• Vão 1: 1,50m x 1,10m, orientado a Poente, em caixilharia de PVC com vidro duplo
baixo emissivo, Uw= 1,60 W/(m2.ºC), fator solar do vidro= 0,61, proteção solar
exterior constituída por persiana de réguas metálicas de cor clara e proteção
solar interior constituída por cortinas ligeiramente transparentes de cor azul-
claro
• Vão 2: 1,50m x 0,60m, orientado a Norte, em caixilharia de PVC, com vidro duplo
baixo emissivo, Uw= 1,60 W/(m2.ºC), fator solar do vidro= 0,61, sem proteções
solares
68
Resolução:
69
E assim:
Pela tabela 7 do Manual SCE verifica-se que 𝐺𝐷 = 1196,6 ℃ corresponde a uma zona
climática de inverno I1.
70
2.º Verificação do cumprimento do requisito (UW ≤ UW,máx)
Pela tabela 6 da Portaria n.º 138-I/2021 verifica-se que o valor de UW,máx para um
vão envidraçado vertical exterior, de um edifício de habitação inserido numa zona
climática de inverno I1 é igual a 2,8 W/(m2.ºC).
Desta forma, verifica-se que tanto o vão 1, como o vão 2 cumprem o requisito relativo
ao coeficiente de transmissão térmica superficial.
71
Verificação do requisito relativo ao fator solar
De acordo com a alínea k) do número 2.2 do Anexo I da Portaria n.º 138-I/2021, estão
excluídos da verificação do requisito de fator solar os vãos envidraçados que se
encontrem orientados no quadrante Norte, inclusive.
Para além disso, e de acordo com a alínea m) do referido número, em edifícios de
habitação, os vãos envidraçados com condição fronteira exterior ou interior com ganhos
solares, inseridos em espaços interiores úteis, em que se verifique que Aenv,espaço seja
igual ou inferior a 5% da Apav encontram-se, também, isentos do cumprimento deste
requisito.
Desta forma, dado que o vão 2 se encontra orientado a Norte, está excluído da
verificação desde requisito.
Dado que esta razão é superior a 5%, o vão 1 está sujeito ao requisito de fator solar, que
deve verificar a seguinte condição:
72
Constituição do vão 1:
• Vidro duplo; Fator solar do vidro: 𝑔┴,𝑣𝑖 = 0,61
• Proteção solar exterior constituída por persiana de réguas metálicas de cor clara
• Proteção solar interior constituída por cortinas ligeiramente transparentes de
cor azul-claro
Para a determinação do fator solar do vão envidraçado com os dispositivos de proteção
solar totalmente ativados (𝑔𝑡𝑜𝑡), devem ser considerados todos os dispositivos de
proteção solar, do exterior para o interior, até ao primeiro dispositivo de proteção solar
opaco, inclusive.
Pela leitura da tabela 48 do Manual SCE, verifica-se que o primeiro dispositivo de
proteção solar, exterior ao vidro, é opaco. Desta forma, o valor de 𝑔𝑡𝑜𝑡 deve ser obtido
através da seguinte equação:
73
Logo:
𝑔𝑡𝑜𝑡 = 𝑔𝑡𝑜𝑡 ,𝑣𝑐,𝑜𝑝 = 0,04
74
Cálculo auxiliar: Determinação da zona climática de verão
Da leitura da tabela 8 da Portaria n.º 138-I/2021, que define os fatores solares máximos
admissíveis de vãos envidraçados com condição fronteira exterior ou interior com
ganhos solares, gtot,máx, verifica-se que os mesmos são dados em função da inércia do
espaço onde se insere o vão e da zona climática de verão onde se insere o edifício.
A zona climática de verão é definida em função da temperatura média exterior na
estação convencional de arrefecimento.
Desta forma:
75
Assim pela tabela 8 do Manual SCE, verifica-se que 𝜃𝑒𝑥𝑡,𝑣 = 25,6 ℃ corresponde a
uma zona climática de verão V3.
Em suma: O vão 1 cumpre 2 requisitos (UW e gtot.Fo.Ff) e o vão 2 cumpre 1 requisito (UW).
76
Exercício 4.3
Enunciado: Considere a informação constante da ficha técnica de um vão envidraçado,
inserido na sala de um edifício de habitação novo, localizado em Matosinhos, a uma
altitude de 67 metros.
O vão envidraçado, orientado a Sul, apresenta um dispositivo de proteção solar exterior
constituído por estore veneziano de réguas metálicas de cor escura e um dispositivo de
proteção solar interior, constituído por uma cortina ligeiramente transparente de cor
clara.
Para além dos dispositivos de proteção solar, o vão apresenta ainda sombreamento
provocado por uma pala horizontal (com um ângulo de 45º) e por duas palas verticais,
à esquerda e à direita do mesmo, cujos ângulos são de, respetivamente, 30º e 45º. O
vão encontra-se à face exterior da parede.
A sala onde se insere o vão envidraçado em análise, apresenta inércia do espaço média
e tem uma área de pavimento igual a 40m2, sendo a área útil de pavimento da fração de
habitação igual a 100m2. Para além disso, a área de vãos envidraçados deste
compartimento é igual a 6,3m2.
Verifique se o vão envidraçado cumpre com os requisitos mínimos a que está sujeito.
77
78
Resolução:
Os vãos envidraçados encontram-se sujeitos à verificação de requisitos relativos ao seu
coeficiente de transmissão térmica e de fator solar.
Dispondo de informação técnica por parte do fabricante, a mesma deverá ser
considerada para efeitos da caracterização e verificação regulamentar do vão
envidraçado.
Uma vez identificada a NUTS III, é necessário determinar o número de graus-dias para
aquecimento, através da tabela 9 do Manual SCE e procedendo-se à devida correção
dos valores em função da altitude a que se encontra o edifício.
79
𝐺𝐷 = 𝐺𝐷𝑅𝐸𝐹 + 𝑎 × (𝑧 − 𝑧𝑅𝐸𝐹 ) = 1250 + 1600 × (0,067 − 0,094) = 1206,8 ℃
Pela tabela 7 do Manual SCE verifica-se que 𝐺𝐷 = 1206,8℃ corresponde a uma zona
climática de inverno I1.
80
𝑼𝑾 = 1,40 𝑊/(𝑚2 . ℃) ≤ 𝑼𝑾,𝒎á𝒙 = 2,80 𝑊/(𝑚2 . ℃)
Em que:
81
Logo:
1 1
𝑈𝑊𝑆 = = = 1,26 𝑊/(𝑚2 . ℃)
1 1
𝑈𝑊 + ∆𝑅 1,40 + 0,08
82
Dados que a razão entre Aenv,espaço e Apav é superior a 5%, o vão em análise encontra-se
sujeito à verificação do requisito.
De acordo com a alínea g) do n.º 2.2 da Portaria n.º 138-I/2021, os vãos envidraçados
com condição fronteira exterior ou interior com ganhos solares em espaços interiores
úteis devem verificar a seguinte condição:
Como visto anteriormente, a relação entre Aenv,espaço e Apav é superior a 15%, pelo que a
condição a aplicar, neste caso, é a condição anterior (que consta da alínea i) da Portaria
n.º 138-I/2021).
Cálculos auxiliares: determinação de gtot
De acordo com a ficha técnica, o valor do fator solar da área transparente para uma
incidência da radiação perpendicular ao vão envidraçado (gꞱ,vi) é de 0,57.
No cálculo do fator solar do vão envidraçado com os dispositivos de proteção solar
totalmente ativados (gtot), para além do fator solar do vidro, deve ainda ter-se em
consideração os fatores solares dos dispositivos de proteção solar.
Dado que se trata de um vidro duplo (informação que consta do campo “descrição” da
ficha técnica), para determinação do gtot deve aplicar-se a seguinte equação:
83
No cálculo do gtot, e para aplicação da equação anterior, devem ser considerados todos
os dispositivos de proteção, do exterior para o interior, até ao primeiro dispositivo de
proteção solar opaco, inclusive.
Os dispositivos de proteção solar do vão envidraçado em análise são:
E tem-se então:
𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑣𝑐,𝑖 0,09 0,38
𝑔𝑡𝑜𝑡 = 𝑔Ʇ,𝑣𝑖 ∏ = 0,57 × × = 0,03
0,75 0,75 0,75
𝑖
84
Cálculos auxiliares: determinação dos fatores de sombreamento Fo e Ff
Para verificação do requisito relativo ao fator solar, deve ainda ter-se em consideração
a existência de sombreamento provocado por elementos horizontais e verticais, sendo
os mesmos traduzidos por Fo e Ff, respetivamente.
De acordo com o enunciado, existe um elemento de sombreamento horizontal, que faz
um ângulo de 45º com o vão em análise. O fator Fo para um ângulo igual a 45º, para a
estação de arrefecimento (verão), deve ser consultado na tabela 55 do manual SCE.
Note-se que para verificação do requisito do fator solar, a estação em análise é a estação
de arrefecimento (verão).
Assim, e sabendo que o vão se encontra orientado a Sul (dado do enunciado):
𝐹𝑜 = 0,55
Por sua vez, o vão apresenta também sombreamento provocado por elementos
verticais, à esquerda e à direita do mesmo, que fazem um ângulo de 30º e de 45º,
respetivamente.
O valor dos fatores de sombreamento provocados por elementos verticais (Ff), na
estação de arrefecimento, encontram-se definidos na tabela 57 do Manual SCE.
Assim, para um vão orientado a Sul, tem-se:
85
𝐹𝑓 = 𝐹𝑓,𝑒𝑠𝑞 × 𝐹𝑓,𝑑𝑖𝑟 = 0,91 × 0,87 = 0,79
86
𝜃𝑒𝑥𝑡,𝑣 = 𝜃𝑒𝑥𝑡,𝑣,𝑅𝐸𝐹 + 𝑎 × (𝑧 − 𝑧𝑅𝐸𝐹 ) = 20,9 + 0 × (0,067 − 0,094) = 20,9 ℃
87
Assim, e como visto anteriormente, para verificação do requisito aplica-se a seguinte
equação:
E tem-se:
𝑔𝑡𝑜𝑡 × 𝐹𝑜 × 𝐹𝑓 = 0,01
0,15 0,15
𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑚á𝑥 . = 0,56 × = 0,53
𝐴𝑒𝑛𝑣,𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜 0,16
( )
𝐴𝑝𝑎𝑣
Pelo que:
0,15
𝑔𝑡𝑜𝑡 × 𝐹𝑜 × 𝐹𝑓 ≤ 𝑔𝑡𝑜𝑡,𝑚á𝑥 . → 0,01 ≤ 0,53
𝐴𝑒𝑛𝑣,𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜
( )
𝐴𝑝𝑎𝑣
88