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AS CONCEPÇÕES DE GÊNERO NO ENSINO TÉCNICO, O

PATRIARCADO ESTRUTURAL E O CAMINHO FUTURO DOS


ESTUDANTES: POSSIBILIDADES DE INVESTIGAÇÃO
PROPICIADAS NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA

Nícolas Vieira da Costa


Estudante de mestrado do Programa de Pós-graduação em Geografia da
Universidade Estadual de Campinas
nicolasvcosta@gmail.com

Marcos de Oliveira Soares


Professor Doutor em Geografia adjunto da Universidade Federal de São
Carlos, campus Sorocaba
marcossoares@ufscar.br

RESUMO
A partir da concepção de patriarcado estrutural na sociedade brasileira, a presente pesquisa discute
como têm sido determinada as escolhas de jovens meninas e meninos nos cursos técnicos de uma
Escola Técnica Estadual (ETEC). A partir da experiência vivida no estágio supervisionado em
Geografia, o artigo visa compreender a diferença entre o número de meninas e meninos em
determinados cursos técnicos e as razões dessa diferença. Foi realizada uma pequena revisão
bibliográfica a respeito do tema e utilizada como metodologia entrevistas, com uma base de pesquisa
participante, estas que foram realizadas anonimamente através da plataforma Google Forms. Os
resultados obtidos mostram que a concepção patriarcal ultrapassa a estrutura escolar evidenciada
primeiramente pela quantidade de corpos femininos e masculinos nos cursos, bem como, afeta nas
respectivas escolhas destes cursos como caminho futuro.
Palavras-chave: Escola Técnica Estadual. Gênero. Patriarcado.

ABSTRACT
Based on the conception of structural patriarchy in Brazilian society, the present research discusses how
the choices of young girls and boys in the technical courses of a State Technical School (ETEC) have
been determined. Based on the experience lived in the supervised internship in Geography, the article
aims to understand the difference between the number of girls and boys in certain technical courses and
the reasons for this difference. A small bibliographic review was carried out on the subject and
interviews were used as a methodology, with a participant research base, which were carried out
anonymously through the Google Forms platform. The results obtained show that the patriarchal
conception goes beyond the school structure, evidenced primarily by the amount of female and male
bodies in the courses, as well as affects the respective choices of these courses as a future path.Key-
words: State Technical School. Gender. Patriarchy.

INTRODUÇÃO

As relações patriarcais estabelecidas desde a formação da sociedade brasileira


contemporânea nos colocam em problemáticas explícitas sobre o ingresso de meninas e
meninos no mundo dos estudos e a percepção destes corpos em relação ao mercado de
trabalho atual, seja da forma pragmática que a sociedade incube em uma padronização de
vida para ambos os gêneros, como também, na relação que estes tendem a seguir como
concepção para o futuro.
É importante conceber que as funções que os gêneros tendem a estabelecer socialmente,
não condiz com a realidade que a sociedade pós-moderna possui, ou seja, as tarefas tidas como
“de menina” e “de menino” não são determinantes para a escolha de futuro, mas os impasses
que surgem com aqueles que ousam desviar destas imposições patriarcais pesam nestas
escolhas, principalmente no que diz a respeito às meninas.
Provindo destas concepções levantadas sobre o desenvolvimento social dos meninos e
meninas, iniciamos a problemática que envolve este artigo, esta que foi observada e vivenciada
no período de estágio supervisionado realizado durante o ano de 2019, como disciplina
obrigatória para conclusão do curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal
de São Carlos, campus Sorocaba, o estágio em questão foi realizado em uma Escola Técnica
Estadual (ETEC), localizada no município de Sorocaba – SP.
É necessário considerarmos o estágio supervisionado como um momento importante
na formação de professore(as) e, nesse sentido, concordando com o que nos diz Lima e Pimenta
(2006, p. 11):

A profissão docente é uma prática social, ou seja, como tantas outras, é uma
forma de se intervir na realidade social, no caso, por meio da educação que
ocorre, não só, mas essencialmente nas instituições de ensino.

Nesse sentido esse estágio supervisionado em Geografia proporcionou a observação de


um fenômeno, objeto de investigação nesse artigo, que é a concepção de gênero (ou
concepções) presente nas relações entre alunos e alunas de uma escola técnica estadual em
uma cidade média do estado de São Paulo.
Ainda sobre essa questão da relação formativa que o estágio supervisionado
proporciona ao(a) licenciando(a), temos a relação entre teoria e prática que não deve ser lida
como uma relação mecânica entre o “pensar sobre” e o “fazer sobre”. O estágio pode funcionar
como um momento de uma prática educativa no contexto do lócus preferencial de vivência dos
processos de aprendizagem que são as escolas da educação básica e, nesse sentido, os
fenômenos vivenciados durante o período de realização de tais estágios, podem sim servir de
objeto de investigação para o próprio processo formativo. Além disso, o estágio supervisionado
entendido como um campo de investigação e pesquisa possibilitou, por exemplo, que essa
vivência na ETEC, tenha servido de base para a realização deste artigo. Isso porque, como nos
diz novamente Lima e Pimenta (2006, p. 12-13):

A prática educativa (institucional) é um traço cultural compartilhado e que


tem relações com o que acontece em outros âmbitos da sociedade e de suas
instituições. Portanto, no estágio dos cursos de formação de professores,
compete possibilitar que os futuros professores se apropriem da compreensão
dessa complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas por
seus profissionais, como possibilidade de se prepararem para sua inserção
profissional. É, pois, uma atividade de conhecimento das práticas
institucionais e das ações nelas praticadas.

Avançaremos então para a problemática observada durante as aulas acompanhadas em


determinadas turmas do ETIM1: a falta do corpo feminino em alguns cursos integrais como
Mecânica e Mecatrônica, em contraponto, a exacerbação do mesmo gênero no curso de
Alimentos.
Estas diferenciações eram absurdamente evidentes dentro das salas de aula, com turmas
praticamente masculinas em alguns cursos técnicos e turmas femininas em apenas um dos
cursos oferecidos na ETEC durante o período de estágio. Surgiu desta observação a seguinte
questão: esta diferença tem sua raiz ligada à estrutura social patriarcal brasileira? Por qual
motivo as meninas não se interessam por alguns cursos e se atraem por outros?
O artigo trabalha com base na pesquisa participante, através de um questionário online
e anônimo, na plataforma Google Forms2, realizado com estudantes da escola em questão, bem
como, com estudantes de outras escolas técnicas, de escolas municipais, estaduais, particulares
e universitários da região.
Desta forma, o artigo se divide nos tópicos: “introdução”; “o feminino e o masculino
na imposição social”, neste que será tratada a base da sociedade patriarcal e como a mesma
delimita as pessoas, utilizando-se Simone de Beauvoir e Pierre Bourdieu para tratar desta
temática em questão; “a relação entre o número de estudantes ingressantes nos ensinos
integrais”, onde será demonstrado através dos números totais, obtidos com o Centro Paula

1Ensino Técnico Integrado ao Médio (ETIM) é um sistema de ensino em que o/a aluno/a estuda as disciplinas
básicas correspondentes ao Ensino Médio, de acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), como Língua
Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Química, Física, Biologia etc, em conjunto das disciplinas que
compõem o curso técnico escolhido.
2
Plataforma online utilizada para gerenciamento e agrupamento de pesquisas. <https://www.google.com/intl/pt-
BR/forms/about/>.
Souza3 (CPS), as discrepâncias dos estudantes masculinos e femininos ingressantes durante os
anos 2016 a 2019; “pesquisa e resultados”, neste será trabalhada a discussão sobre os resultados
obtidos através do formulário e como essa diferenciação entre os números totais de estudantes
se dá pela estrutura social imposta; e “conclusão”.

1. O FEMININO E O MASCULINO NA IMPOSIÇÃO SOCIAL: UMA BREVE


ANÁLISE

As dificuldades investidas em relação ao que o feminino sofre no percurso da vida são


impostas principalmente pela construção do gênero e de seus pré-conceitos estabelecidos desde
os primeiros passos dos infantes, seja a partir das cores “rosa” e “azul”, dos brinquedos “de
meninas” e “de meninos”, como carros e bonecas, e o conhecimento do corpo e de suas
diferenciações biológicas.
Simone de Beauvoir, em sua obra “O segundo sexo”, nos traz uma visão da construção
social que tem seu cerne a problemática que

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico,


psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário
entre o macho e o castrado que qualifica de feminino. (BEAUVOIR, 1967, p.
9)

Ou seja, a padronização apoia-se acima do gênero e de seus aspectos de diferenciação


para determinar o uso do corpo, suas escolhas e sociabilidades através do tempo; é preciso
lembrar que esta padronização advém de anos, na qual a menina e o menino em seu
desenvolvimento psicossocial passam por liberdades e inibições que seus determinantes
sexuais interpõem.
Seus corpos são meios de interação com o espaço, e suas formas de utilizar e aproveitar-
se deste são facilitadas a partir de seus órgãos sexuais, como o pênis para o menino e a liberdade
que este órgão lhe confere, em conjunto da forma que aqueles em torno dele [menino] o tratam;
por outro lado a menina, a partir de sua vagina vê a necessidade de se guardar como um tesouro

3 Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, é responsável pela administração das Escolas Técnicas Estaduais (ETEC) e
Faculdades de Tecnologia Estaduais (Fatec).
a partir de sua criação e das sanções que são estabelecidas socialmente, transformando-se em
um produto castrado pela sociedade (Beauvoir, 1967).
Não há diferenças para a criança, se esta for criada de forma crítica, onde os papéis de
gênero não estabelecem seu futuro, sabe-se que a existência do homem e da mulher são naturais
para elas, porém suas bases sociais são intrincadas nos discursos de que meninas devem ser
cuidadosas e também objetificadas, as mesmas devem agir de acordo com o que a sociedade
impõe sobre elas.

Através de cumprimentos e censuras, de imagens e de palavras, ela descobre


o sentido das palavras "bonita" e "feia"; sabe, desde logo, que para agradar é
preciso ser "bonita como uma imagem"; ela procura assemelhar-se a uma
imagem, fantasia-se, olha-se no espelho, compara-se às princesas e às fadas
dos contos. (BEAUVOIR, 1967, p. 20).

Pierre Bourdieu (2012) traz esta concepção da objetificação do corpo feminino em


relação à exclusão e inferioridade das mesmas na sociedade,

Através das trocas simbólicas, das relações de produção e reprodução do


capital simbólico, cujo dispositivo central é o mercado matrimonial, que estão
na base de toda a ordem social: as mulheres só podem aí ser vistas como
objetos, ou melhor, como símbolos cujo sentido se constitui fora delas e cuja
função é contribuir para a perpetuação ou o aumento do capital simbólico em
poder dos homens. (BOURDIEU, 2012, p. 55).

Desta forma, o corpo feminino se torna algo superior à sua biologia, é um símbolo, um
objeto a ser conquistado pelo homem e pela sociedade patriarcal, inferior ao corpo masculino,
partindo da ideia de inferioridade das mulheres, precisamos entender que esta é dada desde a
formação inicial que as meninas têm em suas famílias e na sociedade em geral, nas liberdades
individuais e sociais que são dadas a cada indivíduo só pelo órgão genital que possuem no meio
de suas pernas. Sobre essa questão nos diz Simone de Beauvoir (1967):

A imensa possibilidade do menino está em que sua maneira de existir para


outrem encoraja-o a por-se para si. Êle faz o aprendizado de sua existência
como livre movimento para o mundo; rivaliza-se em rudeza e em
independência com os outros meninos, despreza as meninas. Subindo nas
árvores, brigando com colegas, enfrentando-os em jogos violentos, êle
apreende seu corpo com um meio de dominar a natureza e um instrumento de
luta; orgulha-se de seus músculos como de seu sexo; através de jogos,
esportes, lutas, desafios, provas, encontra um emprego equilibrado para suas
forças; ao mesmo tempo conhece as lições severas da violência; aprende a
receber pancada, a desdenhar a dor, a recusar as lágrimas da primeira infância.
Empreende, inventa, ousa. [...] (BEAUVOIR, 1967, p. 21-22).
O menino tem em sua formação a liberdade, a possibilidade de escolha e de expressão,
como Beauvoir registra no excerto acima, seu desenvolvimento é livre no espaço, condiz com
as descobertas através da experimentação, observação, da utilização da força, de seu sexo.
Por outro lado, em relação ao desenvolvimento das meninas e a utilização do mundo,
Beauvoir (1967) afirma que:

[...] na mulher há, no início, um conflito entre sua existência autônoma e seu
"ser-outro"; ensinam-lhe que para agradar é preciso procurar agradar, fazer-
se objeto; ela deve, portanto, renunciar à sua autonomia. Tratam-na como uma
boneca viva e recusam-lhe a liberdade; fecha-se assim um círculo vicioso,
pois quanto menos exercer sua liberdade para compreender, apreender e
descobrir o mundo que a cerca, menos encontrará nele recursos, menos ousará
afirmar-se como sujeito; se a encorajassem a isso, ela poderia manifestar a
mesma exuberância viva, a mesma curiosidade, o mesmo espírito de
iniciativa, a mesma ousadia que um menino. (BEAUVOIR, 1967, p. 22).

Esta exclusão social feminina se baseia no desenvolvimento do indivíduo, de sua


liberdade de escolha, seu relacionamento com o mundo e suas descobertas, sendo assim, as
escolas também possuem papel social nesta determinação das preferências, partindo da
formação e designação que são dadas aos gêneros, Brito e Santos (2015, p. 385) tratam a
reprodução da exclusão pela cultura sexista em que homens e mulheres são determinados em
posições, seria então um reflexo desta cultura sexista a falta de alunas nos cursos técnicos de
Mecânica e Mecatrônica?
A feminilidade imposta socialmente molda e limita a jovem menina em suas escolhas,
baseando-se a partir da falta dos incentivos, estes que são dados aos meninos e não às meninas
(Beauvoir, 1967); a menina é vista não como um ser humano com liberdades e vontades, mas
sim como uma instituição que utiliza de seus corpos para manutenção do patriarcado, para
silenciar seus espaços, suas escolhas, suas expressões e vontades.
Provindo destas concepções sobre o desenvolvimento social dos meninos e meninas,
avançaremos para a problemática observada no período de estágio que foi realizado, durante o
ano de 2019, na Escola Técnica Estadual, localizada no município de Sorocaba – SP: a falta do
corpo feminino em algumas turmas do Ensino Técnico Integrado ao Médio (ETIM), como
Mecânica e Mecatrônica, em contraponto a exacerbação deste corpo no curso de Alimentos,
esta diferenças são advindas da estrutura social patriarcal?
2. A RELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE ESTUDANTES INGRESSANTES NOS
ENSINOS INTEGRAIS

Apoiando-se na observação das aulas acompanhadas durante estágio na ETEC em


questão, foi verificado que existiam turmas predominantemente masculinas, sendo estas em
determinados cursos do ETIM, como Mecatrônica e Mecânica, ambos tidos como cursos mais
“masculinos”, contrapondo-se a estes dois cursos estava o ETIM de Alimentos, que possuía
um maior número de meninas em comparação aos de meninos.
A investigação desses dados foi feita de forma preliminar com a secretaria da escola,
assim foi solicitado os dados de alunos ingressantes desta modalidade de Ensino Integral, os
números obtidos se basearam a partir do ano de 2016, que de acordo com a própria secretaria
seria o ano que se iniciou o Ensino Técnico Integrado ao Médio na ETEC.
Desta forma, através de dados disponibilizados pela secretaria da ETEC e dos registros
do Centro Paula Souza, foram criadas as tabelas abaixo (tabela 1 e 2), estas que mostram os
números de estudantes ingressantes nos quatro ETIM disponíveis (tabela 1) até aquele ano
(2019) e o número total de estudantes ingressantes nos 4 ETIMs analisados (tabela 2) não foi
considerado o número de estudantes que desistiram do Ensino Integral durante estes quatro
anos analisados.
Cursos Mecânica Mecatrônica Eletrônica Alimentos Total
/Anos M F M F M F M F M F
2016 35 5 33 3 33 7 3 35 104 50
2017 38 2 30 8 28 11 11 31 107 52
2018 35 6 36 4 34 6 5 35 110 51
2019 38 2 35 5 35 5 9 31 117 43
Tabela 1. Relação entre estudantes ingressantes no ETIM da ETEC, por gênero, durante os anos de 2016-
2019.
Fonte: (Centro Paula Souza, 2019).

Total Mecânica Mecatrônica Eletrônica Alimentos Total


de M F M F M F M F M F
Alunos 146 15 134 20 130 29 28 132 438 196
Tabela 2. Número total de estudantes ingressantes no ETIM da ETEC, por gênero, durante os anos de
2016-2019.
Fonte: (Centro Paula Souza, 2019).
Através destes números pode-se compreender a grande diferença presente nestas salas
de ETIM, sendo que o total de meninos ingressantes desde 2016 até 2019 eram de 438, em
contrapartida com o de meninas que eram de 196; também há um desnivelamento evidenciado
em relação ao curso de Alimentos, este que abrigava 132 meninas do total.
Como evidenciado nas tabelas, existe principalmente uma presença masculina em três
cursos: Mecânica, Mecatrônica e Eletrônica; o que fortalece a primeira observação tida a partir
da vivência do estágio, não há um grande contingente de garotas nestes três cursos técnicos, a
partir desta primeira análise levantou-se o questionamento: seria este um problema em relação
à sociedade com os pré-conceitos de que os três primeiros cursos citados são cursos técnicos
para meninos ou seria apenas uma questão de preferência e gosto das meninas?
Para responder essa questão e não permanecer baseado no empirismo da sala de aula
foi efetuado uma pesquisa online e anônima com os estudantes da escola analisada, com o
auxílio da ferramenta Google Forms.
Esta pesquisa teve um bom início de coleta de dados e informações dos alunos e alunas
da ETEC, porém foi levantada a possibilidade de ampliar esta pesquisa para outras escolas,
sendo estas, municipais, estaduais, particulares, técnicas, bem como, de universitários que
faziam parte do corpo discente da Universidade Federal de São Carlos, campus Sorocaba.

3. PESQUISA E RESULTADOS OBTIDOS

A princípio para a obtenção das informações era uma entrevista com os(as) alunos(as)
que estivessem dispostos a responder às questões, mas em vista do pouco tempo que havia para
a produção da mesma, consequência direta do período de estágio, trabalho e estudos que o autor
vivenciava, foi determinado que um questionário online seria mais prático para obtenção dos
dados, este que foi compartilhado por algumas professoras do corpo docente da ETEC e pela
orientadora pedagógica.
A pesquisa foi efetuada de forma online, baseada nos conceitos de pesquisa (com
observação) participante4, para que os resultados e as discussões trouxessem a visão e opinião
daqueles que convivem em meio à concepção patriarcal que a sociedade impõe.

4
Marconi e Lakatos (2003) dão um caráter exploratório à pesquisa participante, considerando uma forma de
investigação de pesquisa empírica cujas finalidades são desenvolver hipóteses, ampliar a familiaridade do
pesquisador com o ambiente da pesquisa e realizar pesquisas futuras com vistas a clarificar conceitos.
O questionário realizado foi baseado em informações ínfimas para que não houvesse a
possibilidade de identificação da pessoa que o respondia, bem como perguntas a respeito de
sua opinião sobre o papel do gênero na escolha dos cursos técnicos, sendo estas: gênero; idade;
qual escola estudou (estadual, municipal, técnica ou particular); se realizou algum curso
técnico; se acredita que alguns técnicos possuem públicos determinantemente
masculinos/femininos; e se acredita que algum fator externo dificulta a entrada de meninas nos
cursos como Mecânica e Mecatrônica. Sendo esta última pergunta a utilizada como evidência
da opinião das pessoas participantes.
Para analisar a relação entre as pessoas dos gêneros feminino e masculino que
responderam à pesquisa, foi feita a seguinte tabela.
PESSOAS DO GÊNERO FEMININO
IDADE 10-14 anos 15-19 anos 20-24 anos 25-29 anos 30+ anos Total
TOTAL 1 30 18 4 1
ESCOLAS Estadual Municipal Técnica Particular Outras 54
TOTAL 16 3 26 3 6
PESSOAS DO GÊNERO MASCULINO
IDADE 10-14 anos 15-19 anos 20-24 anos 25-29 anos 30+ anos Total
TOTAL 1 30 10 4 1
ESCOLA Estadual Municipal Técnica Particular Outras 46
TOTAL 12 1 30 2 1
Tabela 3. Relação entre participantes dos gêneros feminino e masculino e os tipos de escola que estes
estudaram, da pesquisa realizada via Google Forms.
Fonte: (Nícolas Vieira da Costa, 2021).

O foco principal de discussão partiu da visão e opiniões expressas pelos estudantes na


última questão do questionário (acredita que algum fator externo dificulta a entrada de meninas
nos cursos como Mecânica e Mecatrônica?), a discussão final do artigo será baseada nos
trechos das experiências e opiniões destas pessoas.
A problemática parte do princípio de que as respostas obtidas através de ambas as
pessoas, tanto as masculinas quanto femininas, possuíam uma dualidade extremamente
significativa, na qual as pessoas com gênero feminino geralmente intercalavam a falta de
meninas a fatores externos a elas, em razão da sociedade, do machismo, do bullying entre outros
fatores como pode ser evidenciado nestas respostas que foram selecionadas abaixo.
Porque historicamente são profissões majoritariamente masculinas. Acredito que o fator é em
si interno, advindo do enraizamento patriarcal na sociedade que faz com que todos e todas
aceitem indiretamente que são cursos masculinos e de difícil entrada e permanência. – Aluna
de escola estadual, 20-24 anos.

Infelizmente existe um fator chamado preconceito! Existe muito bullying quando uma mulher
resolve fazer mecânica, infelizmente da parte dos professores também. – Aluna de escola
particular, 25-29 anos.

Cursos técnicos mais voltados ao campo de exatas, em geral, possuem mais estudantes do sexo
masculino matriculados. Acredito que seja por conta de todo um sistema sexista que incentiva,
desde crianças, a separação de afazeres entre meninos e meninas. Meninos são incentivados
a resolução de problemas usando lógica, mecânica, etc. Meninas são ensinadas a usarem a
"arte", cuidar de casa, etc. – Aluna de escola técnica, 20-24 anos.

Eu acho que seja uma questão de machismo estrutural. As meninas veem a dominância
masculina e ao mesmo tempo em que escutam frases como "isso não é curso para mulheres",
fazem com que se sintam barradas do curso. – Aluna de escola estadual, 20-24 anos.

Os quatro relatos acima demonstram uma percepção crítica em relação a falta de


meninas nas áreas como Mecânica e Mecatrônica, podendo ser evidenciada uma concepção do
patriarcado estrutural afetando nas escolhas e na vida das garotas desde jovem. O terceiro relato
reforça uma das ideias de Beauvoir (1967), no momento em que a pessoa utiliza do historicismo
e das práticas que meninos e meninas são incentivados desde pequenos e que são determinantes
para moldar a escolha destes e de seu papel na sociedade contemporânea.

Acredito que seja por criação, por não saberem do que se trata o curso, acharem que é algo
completamente diferente do que é. Assim que escolhi meu curso é falei para meu pai, a primeira
coisa que ele disse foi " esse curso não é de homem?", é algo de criação, que foi implantado
desde cedo. – Aluna de escola técnica, cursando ETIM, 15-19 anos.
Desde sempre foram os homens quem faziam a maioria dos trabalhos na sociedade, mulheres
ficavam com coisas mais simples ou mais delicadas, trabalhos que não exigiam nada de seu
físico ou estudo demais. Alguns cursos acredito que a sociedade "imponha" que ele seja
destinado a apenas um sexo, como por exemplo cursos técnicos de mecânica não são nada
comuns para mulheres, por ser uma "profissão masculina", como já dito anteriormente.
Quando escolhi o curso de ****, meus familiares e amigos ficaram surpresos com a escolha
me vangloriando como se fosse algo extremamente fora do comum fazer um curso que não é
escolhido por mulheres, o que não deveria ocorrer e deveria ser comum para qualquer um.
Aliás na minha sala que tem 40 alunos possuem apenas 5 meninas. – Aluna de escola técnica,
cursando ETIM, 15-19 anos.

Os dois relatos acima foram extraídos de alunas da ETEC e mostram que ambas são
estudantes do ETIM, onde em uma destas turmas conta com 40 alunos em seu total, com apenas
5 garotas, também é possível observar que ambas ao contarem aos seus pais e familiares sobre
a escolha de seu curso, foram surpreendidas com o desconcerto dos mesmos, uma delas
chegando a escutar: “esse curso não é de homem?”, enquanto a outra tem a família se
vangloriando pela escolha da garota, pois era algo extremamente fora do comum para sua visão.

Quando eu era mais nova queria ter feito um curso técnico, meu pai vivia falando de um primo
meu e que ele tinha um futuro garantido porque tinha feito Técnico de Mecânica e agora
trabalhava em uma multinacional na cidade, quando fui escolher um curso pra tentar o
vestibulinho, de todos achei mais interessante o de Mecatrônica, fiz a inscrição e meu pai me
apoiou na época, passei na prova, mas não fui fazer a matrícula porque tinha medo de me
chamarem de lésbica, eu já sofria muito preconceito por não ser tão feminina quanto as
meninas da minha escola, então decidi que ia ser melhor não fazer o técnico, hoje acho isso
uma besteira. – Aluna de escola estadual, 20-24 anos.

O relato acima demonstra um dos aspectos mais brutais do bullying na escola, onde
uma garota por conta de um preconceito pela orientação sexual diferente da tida como padrão
decidiu por desistir de prosseguir com a matrícula de um curso técnico. Não fica claro se a
pessoa é realmente homossexual ou não.
Maia (2014) informa que é neste período da vida em que os adolescentes se voltam para
os questionamentos sobre sua sexualidade, e muitas das vezes decidem por reprimir ou alterar
suas escolhas, visto que, “essas preocupações são mais fortes de que as escolares, tais como
uma profissão futura, ou a tarefa de matemática que precisa ser feita ou, ainda, o valor da conta
de luz de uma casa etc.”. (MAIA, p. 9, 2014).
Em contrapartida, as respostas das pessoas de gênero masculino tendiam a questão da
falta de garotas neste curso por gosto das mesmas, por falta de interesse, mostrando que a
problemática não é vista de forma igual em relação ao gênero masculino, tratando-se de uma
visão deveras interna que os meninos têm das escolhas das meninas, bem como, mostra que
esta estrutura patriarcal está enraizada na opinião dos garotos de forma profunda, sendo que
estes não possuem uma visão crítica ao problema.

Acredito sim na concepção de que homens e mulheres possuem, em regra geral, aptidões
diferentes ligadas diretamente as suas características naturais. Isso não é nem de longe um
atributo negativo, nem que precisa necessariamente ser ligado a algum tipo de segregação
social premeditada. Não que as profissões devam, de alguma maneira, se restringir somente a
um sexo, ou que isso tenha que ser uma regra; no entanto não creio que seja escandalizante o
fato de que algumas profissões são sim mais ocupadas por homens ou mulheres. Trata-se de
um fator histórico e biológico que o politicamente correto do século XXI enxerga como uma
grande ameaça a igualdade, sendo que a própria natureza humana não carece de ser
completamente igual para ser uniforme. – Aluno de escola técnica, cursando ETIM, 15-19
anos.

Acho que as meninas não se interessam por isso. – Aluno de escola técnica, cursando ETIM,
15-19 anos.

Acredito que sejam cursos que chamam mais atenção do público masculino assim como o
curso que chama mais atenção do público feminino é o de Alimentos. – Aluno de escola técnica,
cursando ETIM, 15-19 anos.

Entretanto, algumas pessoas de gênero masculino, principalmente os mais velhos,


também citaram a questão relacionada à construção social que é determinante para a escolha
destes cursos técnicos, evidenciando uma análise mais precisa da imposição que o gênero força
em ambos gêneros.

Acredito que o problema está enclausurado no modelo de sociedade em que vivemos, dado
que, o mercado de trabalho ainda é um campo de hegemonia masculina, estes dois cursos em
específico ainda possuem uma visão de que apenas homens são capazes de exercer. Contudo,
a problemática é a visão de mundo que temos, bem como, a impossibilidade de igualdade de
gênero no trabalho e, depois, nas questões de salários, oportunidades e manutenção de
carreira. – Aluno de escola estadual, 25-29 anos.

Acredito que exista uma crença equivocada de que a maioria desses cursos não seja "feito"
para as mulheres, uma vez que cursos técnicos mais amplamente existentes, como mecânica,
eletrônica, informática, etc, possuem um público no mercado de trabalho majoritariamente
masculino. Isso também se manifesta na visão dessas profissões como exigentes de uma
elevada carga de trabalho físico, o que leva muitas pessoas a justificar de maneira errônea a
falta de mulheres nessas áreas pelo argumento da disparidade entre a força feminina e a
masculina. É válido lembrar que muitos desses argumentos são desenvolvidos e ensinados
dentro de casa, o que leva muitas meninas a optarem por cursos vistos como femininos, e o
mesmo vale para os homens. – Aluno de escola técnica, 20-24 anos.

Portanto temos duas determinantes que abrangem ambos os públicos; em relação ao


gênero feminino, o fator externo se torna mais presente na escolha dos cursos, seja ele vindo
da família, amigos ou do medo da sociedade pela visão que o curso carrega, também na questão
do bullying que estas garotas consequentemente sofrerão na escola, em contrapartida, se mostra
pertinente o poder da voz das meninas das duas últimas respostas de pessoas com gênero
feminino, sendo estas que escolheram o curso de Mecatrônica, independente da fala de seus
pais e familiares.
No que diz respeito do gênero masculino, o fator interno de escolha prevaleceu nas
respostas, pode-se relacionar ao fato da pergunta ser diretamente ligada ao público feminino,
fazendo que com os participantes não conseguissem relacionar a problemática externa
envolvida; mas também se verificou que nas pessoas de gênero masculino mais velhas as
respostas se mostravam com uma maior percepção crítica na questão do gênero e na escolha
dos cursos de meninos e meninas.
Esta característica da determinação social do gênero é imposta fora e dentro da escola,
de forma que o meio escolar reforça estes aspectos, pode se tratar a problemática da falta de
um currículo escolar que trabalhe a sexualidade de maneira mais ampla e que não acabe por
reforçar visões estereotipadas de um mundo binário como o que vivemos, porém, no que cerne
a estrutura curricular das ETECs, estas que é a mesma para todas as escolas, ela apenas reflete
uma estrutura ainda maior, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
O Ensino Médio na estrutura curricular para o Centro Paula Souza (2021) compreende:

1- componentes curriculares que integram a Base Nacional Comum e


contribuem para consolidar a formação global comum;
2 – componentes curriculares da Parte Diversificada, conforme dispuser a
legislação federal e/ou estadual.

Desta forma, ao utilizar-se da BNCC, o Centro Paula Souza garante uma visão
mercadológica da educação, algo que a ETEC já produzia anteriormente, como pode ser
observado no primeiro objetivo estratégico descrito em seu site: “Atender às demandas sociais
e do mercado de trabalho.” (CPS, 2021).
A BNCC estrutura o currículo do ensino médio a estabelecer os arranjos curriculares
de acordo com suas demandas para o contexto local e a possibilidade de cada sistema de ensino,
tendo como principal base a sequência abaixo:
I – linguagens e suas tecnologias;
II – matemática e suas tecnologias;
III – ciências da natureza e suas tecnologias;
IV – ciências humanas e sociais aplicadas;
V – formação técnica e profissional. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
2021).

Esta estrutura curricular não abre espaço para uma concepção de gênero que seja
desconstruída, apenas reforça os papéis sociais estabelecidos dentro e fora da escola, o ensino
mercadológico não propõe uma discussão sobre as questões de gênero, porque não interessa ao
mercado esta desconstrução, a escola neoliberal não propõe o estímulo de seres pensantes, e
sim de mão-de-obra especializada e barata.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir este artigo considerando ao menos, três dimensões que a questão em
tela nos possibilita pensar.
A primeira delas é que o estágio supervisionado em Geografia (que podemos aqui
estender para todos os estágios supervisionados das licenciaturas) é um campo de investigação
e pesquisa que possibilita com que os/as licenciandos/as se deparem com as condições reais
das/nas escolas e, sobre tais condições reais, realizarem as suas práticas educativas.
Um estágio, portanto que propicie ao/a licenciando/a desenvolver habilidades de
pesquisadores/as a partir dessas condições reais que vivencia.
A segunda dimensão diz respeito à formação de professores/as sob o critério da práxis,
entendida como uma possibilidade de intervenção e possível transformação do real. Nesse
sentido, na formação de professores/as de Geografia, o estágio supervisionado deve estar
inserido na sala de aula, na escola e nas demandas que a sociedade em geral apresenta.
A formação de professores/as em Geografia deve estar a serviço também de temas que
não sejam necessariamente do escopo de estudos dessa ciência, mas que, por se apresentarem
em momentos como os do estágio supervisionado, possa ser objeto de investigação e pesquisa.
E por fim, a terceira dimensão é a que trata da concepção de gênero presente na ETEC
acompanhada no estágio supervisionado.
A análise feita sobre o tema é de grande interesse para o levantamento de dados
quantitativos em relação ao número de meninas que são estudantes de determinados cursos,
mas também para problematizar e questionar os efeitos da sociedade patriarcal nos modelos
dos lares brasileiros e o quanto a mesma estabelece padrões e normas que regulam o que é
feminino e masculino.
Para isto, é necessário não apenas uma mudança na base estrutural da sociedade atual
em sua totalidade, como também uma concepção de mundo mais justo, para que não haja
distinções entre o “azul” e o “rosa”, entre o “carrinho de plástico” e a “boneca”, Adichie (2015,
p. 15), em sua obra “Sejamos todos feministas” nos orienta que:

O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em


vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para
sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do
gênero.

Não basta que se reconheçam as problemáticas que este determinismo de gênero impõe
para a sociedade como um todo, é necessária uma desconstrução desta visão e dos papéis de
gênero estabelecidos anteriormente, a escola é determinante na propagação e na estabilidade
desse conceito, seja através dos ETIMs ou até mesmo do ensino médio comum, onde não há
espaço para a discussão do gênero, advinda de uma visão neoliberal do ensino que apenas
contribui para reforçar uma divisão mercadológica entre homens e mulheres.
Por fim, o motivo para esta pesquisa é direcionado a problemática de reconhecer que as
diferenças existem, sendo impostas pelo padrão do gênero e pela sociedade patriarcal, mas que
elas não são determinantes para que o espaço feminino e masculino seja tão delimitado. É
necessário mostrar a voz de escolha destes que são direcionados a setores tão especificados e
concepções de seus futuros, em que não são fundamentais os papéis dos gêneros.
Ao mesmo tempo corroborar com a concepção que tais diferenças podem e devem ser
objeto de discussão em sala de aula, incorporadas que devem/deveriam ser pelos currículos
escolares.

REFERÊNCIAS
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia das Letras,
2015.

BEAUVOIR, Simone. Infância. In: BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. 2 ed. São Paulo:
Difusão Europeia do Livro, 1967.

BOURDIEU, Pierre. Uma imagem ampliada. In: BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina.
11 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012, p. 15-67.

BRITO, Leandro Teófilo; SANTOS, Mônica Pereira. Diferentes formas de ser uma menina na
escola: apontamentos sobre feminilidades e os processos de inclusão/exclusão. In: Educação
Unisinos, v. 19, n. 3, Porto Alegre: set./dez. 2015, p. 382-389. Disponível em:
https://doi.org/10.4013/edu.2015.193.08. Acesso em 08 nov. 2022.

CENTRO PAULA SOUZA. Regimento comum ETEC. Disponível em:


https://www.cps.sp.gov.br/regimento-comum-etec/. Acesso em: 08 nov. 2022.

CENTRO PAULA SOUZA. Sobre o Centro Paula Souza. Disponível em:


https://www.cps.sp.gov.br/sobre-o-centro-paula-souza. Acesso em: 08 nov. 2022.

LIMA, Maria Socorro Lucena; PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e docência: diferentes
concepções. In: Revista Poíesis Pedagógica, v. 3, n. 3-4, 2006, p. 5-24.

MAIA, Ana Cláudia Bortolozzi. Sexualidade e Educação Sexual. In: Redefor – Educação
Especial e Inclusiva. Acervo Digital UNESP. Disponível em:
http://acervodigital.unesp.br/handle/unesp/155340. Acesso em 08 nov. 2022.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da Metodologia


Científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. A etapa do Ensino Médio. In: MINISTÉRIO DA


EDUCAÇÃO. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, cap. 5, p.
461-580. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 08 nov. 2022.

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