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FACULDADE ATENEU

MBA GESTÃO DO DESIGN DE MODA

ISABEL BANDEIRA BESERRA LINHARES

A RELAÇÃO DO HOMEM EVANGÉLICO COM A MODA

FORTALEZA – 2017
FACULDADE ATENEU
MBA GESTÃO EM DESIGN DE MODA

A RELAÇÃO DO HOMEM EVANGÉLICO COM A MODA

Este artigo faz parte de uma


pesquisa desenvolvida para a conclusão do
curso de Especialização em Gestão de Design
de Moda da Faculdade Ateneu – FATE no ano
de 2017.1
Orientadora: Profa. MSc. Regina
Celia Santos de Almeida.
FORTALEZA – 2017
Artigo apresentado como requisito parcial para a obtenção do Título de
Especialista em Gestão de Design de Moda do Instituto Ateneu.

___________________________________________
ISABEL BANDEIRA BESERRA LINHARES

Aprovado em _______/_______/_______ Nota: _______

Profa. MSc. Regina Celia Santos de Almeida.


ORIENTADORA

Profa. MSc. Regina Celia Santos de Almeida.


Coordenadora
FORTALEZA – 2017
AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar. Aos meus pais Eledilma e Aderbal Beserra que
me ensinaram o valor de batalhar por meus sonhos.
Ao meu esposo Renato Linhares, pelo apoio incondicional, dedicação e
compreensão em todos os momentos dessa caminhada.
A minha orientadora Regina Almeida pela confiança no meu trabalho e
pelos ensinos não só acadêmicos, mas sociais que estarão comigo por toda vida.
RESUMO

O tema do presente estudo faz uma abordagem sobre o vestuário masculino dos
evangélicos, buscando discutir e desmistificar o estereótipo de que o homem
evangélico usa apenas trajes social e formal, partindo da hipótese de que algumas
pessoas acreditam que haja interferência da crença e regras estipuladas pela igreja
nos modos deste homem vestir-se. O estudo traz uma análise da construção da
identidade do homem evangélico através da roupa, sua relação com a moda,
baseada em pesquisa qualitativa, bibliográfica e de campo. Traz como referencial
teórico os estudos de Baldini 2006, Calanca, 2011; Gonçalo 2016, Bergstein 2013,
O’Keffe 1996, Queiroz 2009, Freyre 2009, Blakman 2014 e Ferrari 2013, abordando
esse homem como consumidor de moda e os significados que a roupa tem para ele.
O estudo revelou que o homem evangélico usa moda e os signos que sua roupa
carrega e que ele passou a utilizar a moda não apenas como distinção de posição
na igreja, mas como ferramenta de expressão, reforçando quem ele é através do
vestir.

Palavras-chave: Identidade, Consumo, Signos.


ABSTRACT

The theme of the present study takes an approach on the masculine attire of
evangelicals, seeking to discuss and demystify the stereotype that evangelical men
wear only social and formal attire, assuming that some people believe there is
interference of belief and rules stipulated by Church in the manners of this man to
dress. The study brings an analysis of the construction of the identity of the
evangelical man through clothing, his relationship with fashion, based on qualitative,
bibliographical and field research. It brings as theoretical reference the studies of
Baldini 2006, Calanca, 2011; Gonçalo 2016, Bergstein 2013, O’Keffe 1996, Queiroz
2009 e Freyre 2009, Blakman 2014, Ferrari 2013, addressing this man as consumer
of fashion and the meanings that clothes have for him.The study revealed that the
evangelical man uses fashion and the signs that his clothes carry and that he came
to use fashion not only as a distinction of position in the church, but as a tool of
expression, reinforcing who he is through dressing.

Key words: Identity, Consumption, Signs


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 7
2 A ROUPA DO HOMEM EVANGÉLICO ADBV-SEDE ...................................... 8
3 O ROMPIMENTO COM O TRADICIONAL ....................................................... 11
4 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 12
4.1 Consumo consciente ...................................................................................... 14
4.2 A roupa que gera autoconfiança .................................................................... 15
4.3 A roupa como forma de identidade ................................................................ 16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 20
ANEXO ................................................................................................................ 21
7

1.INTRODUÇÃO

A história mostra que o homem sempre teve importante participação na


moda. No início da civilização usada apenas com a função de proteção para o corpo,
passou a ter também expressão de identidade, a indumentária masculina sempre
esteve carregada de signos.
Na corte de Luís XIV somente os homens do alto poder podiam usar um
par de mocassins específico, de salto quadrado e vermelho. “Mais tarde, no palácio
de Luís XIV homens da aristocracia não só usavam sapatos altos, como também
exibiam saltos pintados de vermelho, para indicar que eram membros da corte. ”
(BERGSTEIN, 2012, p. 133). Luís XV vestia-se preocupado em realçar sua beleza e
aumentar sua estatura. Nesse período a moda era de uso exclusivo da aristocracia e
existiam as leis sumptuárias que regulamentavam o que pessoas de diferentes
classes sociais podiam ou não vestir. “Durante séculos as leis sumptuárias
regulamentaram minuciosamente as roupas, as cores, os tecidos que cada
categoria social devia usar. ” (BALDINI, 2006, p. 12).
Em 1793 as leis sumptuárias foram abolidas e homens da burguesia
podiam vestir as mesmas roupas que os aristocratas. Até então os homens eram os
criativos e construtores da moda. Com a Revolução Francesa esses homens
entregaram as mulheres esse papel de serem as precursoras da moda. (...)
confiaram as mulheres a tarefa de serem as sentinelas da vanguarda da moda.
(BALDINI, 2006, p. 14).
No momento pós-guerra em 1950, o cenário da moda masculina mais
uma vez se modificou, e os homens ressurgem com alfaiataria modificada, moderna
e com cores fortes, todo esse movimento na moda masculina mais a frente resultou
na Revolução do Pavão (Peacock Revolution). “ (...) a austeridade do vestuário pós-
guerra na Europa começava a ser substituída pelas novas silhuetas e pelo aumento
de cores e padronagens na moda masculina, que culminariam na chamada Peacock
Revolution dos anos 1960. ” (BLACKMAN, 2014, p. 180). Essa revolução foi
marcada por calças extremamente apertadas, salto alto, blusas com babados e
muito brilho, os homens vestiam-se para dizer quem eles eram, para reforçar a
masculinidade e afirmavam isso através da roupa. Desde então a roupa masculina
passeia entre a expressão livre e o conservadorismo tradicional.
8

Atualmente percebe-se que nas lojas de departamentos o espaço


destinado a eles foi aumentado com mais calças, bermudas, blusas de todos os
modelos e cores. O número de acessórios não se resume apenas a relógios, mas
agora são pulseiras, colares e piercings. Os sapatos cada vez mais chegam as lojas
com cores e design diferenciados, a exemplo os sapatos sociais, que agora vem
com saltos embutidos, podendo deixar o homem mais alto.
Esse novo homem mudou seus hábitos e comportamento e em sua
grande maioria está mais aberto a moda, aderindo à novas tendências e vivendo a
moda de uma forma mais plena. Diante de tantas mudanças no cenário da moda
masculina, um grupo especifico de homens, os evangélicos também estão
caminhando a passos largos para essas mudanças.
Em algumas igrejas, os homens estão acompanhando a moda e
desconfigurando o estereótipo de que o “homem crente” só veste blusa de manga
longa, calça social e gravata. Esse novo homem também quer valorizar o corpo, é
vaidoso e aspira mostrar quem ele é através de sua roupa.
Esta pesquisa aborda os diferentes posicionamentos do homem
evangélico perante a moda, buscando compreender como ele se relaciona com esse
mundo de infinitas possibilidades. Analisa também como a moda masculina cresceu
e se modificou com o passar dos anos dentro da igreja e de que forma o homem
evangélico está inserido nesse mundo, abordando o vestuário tradicional masculino
no início da igreja, a forma como esse tradicionalismo no vestir foi desconstruída e
como se deu essa mudança.
Assim esse estudo contribui para gerar maior conhecimento sobre o
assunto no meio acadêmico tendo como eixo o campo da moda. Trata-se de um
estudo de caso, de caráter descritivo, utilizando-se da metodologia de pesquisa
qualitativa através da coleta de dados. O estudo foi desenvolvido a partir de
pesquisa bibliográfica, para endossar teoricamente esse trabalho foram utilizados
livros, artigos científicos, sites e revistas. A pesquisa de campo foi realizada por
questionários, formulados com questões abertas e fechadas. A execução do
questionário foi online e off-line, através do Google Docs e 20 homens responderam
entre os meses de 13 de maio a 30 de junho de 2017. Os resultados dos dados
foram baseados através da análise de discurso.
9

2.A ROUPA DO HOMEM EVANGÉLICO ADBV – SEDE

Para compreender o que seria a roupa do homem evangélico, é


necessário entender sobre sua igreja e fé. A igreja Assembleia de Deus Bela Vista,
foi fundada em 1963 no bairro Bela Vista e hoje sua sede se localiza do Centro de
Fortaleza. Essa igreja é considerada pentecostal, que na linguagem dos evangélicos
significa a crença nos dons espirituais e também uma igreja que segue com
fidelidade os mandamentos de Deus. Cada congregação tem a Bíblia como o
manual de como seguir a Deus, mas cada denominação se difere em seus costumes
(regras) adotados.
As igrejas denominadas Assembleia de Deus, sempre tiveram costumes
conservadores com vestir feminino e masculino. Neste caso, será estudado o
público masculino. O código de vestir masculino na igreja é baseado na modéstia,
no vestir-se como um homem de bem, virtuoso e devotado a palavra de Deus.

Em linhas gerais, exponho que este termo é entendido pelos evangélicos


como a atitude de não chamar a atenção para quilo que não convém.
Modéstia na cultura evangélica seria o bom senso, uma recusa a
ultrapassar os limites, uma reserva apropriada. (GONÇALO, 2016, p. 04)

Foi observado que de acordo com o cargo assumido dentro da igreja eles
mudam a forma de se vestir. Começam como obreiros, usando calça social, camisa
longa de botões e gravata, ao ser consagrado a diácono passam a usar o paletó
como roupa oficial para estar no púlpito ajudando o pastor. A partir dessa
observação, compreende-se que a roupa desses homens configura a função de
distinguir o cargo que ocupa na igreja, seu amadurecimento dentro do aspecto
religioso, como maior conhecimento teológico e espiritualidade e seus valores de
homem de bem. Desta forma entende-se que a indumentária evangélica assume a
função de diferenciação, como no século XVII com Luís XIV, seus sapatos
revelavam o status social dos membros da corte. “ Os saltos vermelhos, eram um
símbolo de classe na Europa dos séculos XVII e XVIII, eram usados apenas pelas
classes privilegiadas. ” (O’KEEFFE, 1996, p. 79). Da mesma forma é na igreja os
mais experientes como: diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores se vestem
com terno diferente do obreiro que está iniciando sua carreia na igreja, se veste de
forma menos elaborada.
10

Esses homens usavam a alfaiataria como veste oficial dentro da igreja e


fora também. Esse caminho que o evangélico percorre não é uma regra, mas o
vestir-se com mais formalidade tem um significado para eles. Segundo Keane et al.
(2016 apud Gonçalo et al., 2002), a ideologia da moralidade protestante está
baseada em noções de sinceridade: a exigência moral de que as pessoas têm de
falar e agir conforme o postulado das Escrituras Sagradas. O terno conferia a
idoneidade que os cristãos evangélicos queriam passar.

Imagem 01: Congresso de obreiros década de 60.

Esse costume de se vestir com mais formalidade que a roupa social


apresenta, se dá pelo fato de os cristãos enxergarem na roupa quem a pessoa é,
então a forma de se vestir mostra a sua identidade. “Deste modo, a estética deixa de
ser uma categoria puramente livre e desinteressada e passa a ser um elemento
ético e moral, em que os dogmas da religião são vivenciados através das
vestimentas. ” (GONÇALO, 2016, p. 03). O homem evangélico era um homem
simples e que se vestia com modéstia, e a roupa social transmitia esses valores,
apresentando um resumo de seus costumes, modos de viver e comportamento.
Fonte: httpmariosergiohistoria.blogspot.com.br201508costa-x-costa-luta-pela-ad-no-ceara.ht

(...) a indumentária é um fenômeno completo porque, além propiciar um


ml discurso histórico, econômico, etnológico e tecnológico, também tem
valência de linguagem, na acepção de sistema de comunicação, isto é, um
sistema de signos, por meio do qual os seres humanos delineiam a sua
posição, no mundo e a sua relação com ele. (CALANCA, 2011, p. 16).
11

Com o passar dos anos aconteceram algumas mudanças relacionada ao


vestuário masculino evangélico, a forma desse como eles vestiam-se sofreu
algumas alterações, porém sempre esteve cercada de costumes que foram
passados de pai para filho, como: barba sempre feita, não usavam pulseiras,
correntes no pescoço, usar shorts não era de bom tom, mesmo que não fosse na
igreja, e a cor rosa se limitava ao uso feminino. Tudo que chamasse atenção não era
correto para um homem da igreja usar, porque o “homem da igreja” não pode se
vestir para chamar a atenção. “ A roupa diz respeito à pessoa inteira, a todo o corpo,
a todas as relações do homem com o seu corpo, assim como as relações do corpo
com a sociedade. ” (CALANCA, 2011, p. 16). A moda aqui assume o papel de
passar para a sociedade os valores ético e moral do homem evangélico.

3.O ROMPIMENTO COM O TRADICIONAL

Se antes o homem evangélico espelhava-se na modéstia para vestir-se,


com o passar dos anos esse pensamento foi mudando. De acordo com o site Gospel
Mais, um estudo feito pelo Protestante Digital revela 10 principais mudanças nas
igrejas evangélicas e em segundo lugar destaca-se: “vestimentas casuais. Em
locais quentes ou frios, urbanos e rurais, nas igrejas de qualquer raça ou etnia,
branco, negros ou vietnamitas, é cada vez mais raro o uso de roupas sociais. ”1 Nas
igrejas ADBV foi identificado que as maiores mudanças com relação a moda
masculina começaram a partir da nova liderança da Juventude.
A UMADEC (União da Mocidade da Assembleia de Deus do Ceará) passou
a ser liderada por Priscila Costa. Priscila já trabalhou no rádio e na TV, é formada
em jornalismo pela UFC e hoje é vereadora em Fortaleza. Uma mulher jovem e
cheia de ideais pautados na liberdade de expressão do indivíduo. Os congressos de
jovens passaram a se chamar Conferência Força Jovem e os cultos levam em sua
liturgia a mesma atmosfera jovem e moderna das conferências.
Nesses eventos Priscila com seu conhecimento e pensamento inovador,
trouxe cantores de outras denominações evangélicas que os jovens se identificavam
e palestrantes com linguagem simples e de fácil compreensão.

1
(https://noticias.gospelmais.com.br/confira-10-principais-mudancas-igrejas-ultimas-decadas-67840.html)
12

Imagem 02 e 03: Conferência Força Jovem 2015.


Fonte: Arquivo pessoal.

Foi observado que a forma como esses cantores e palestrantes se


expressavam, influenciou os jovens, a ponto de romper com o tradicionalismo da
igreja, mudando não somente a forma de vestir, como também seu comportamento.
Modificando radicalmente seus modos com relação aos seus antecessores.

Fenômeno social ou cultural, mais ou menos coercitivo, que consiste na


mudança periódica de estilo, e cuja a vitalidade provém da necessidade de
conquistar ou manter, por algum tempo, determinada posição social. Modo,
como maneira, feição ou forma particular; jeito; sistema, prática, método;
estado, situação, disposição; meio, maneira, via; educação, comedimento,
prudência; jeito, habilidade; arte, significa quase um inteiro processo de
aculturação. (Freyre, 2009, p. 28).

4.ANÁLISE DE DADOS

A pesquisa de campo foi realizada na cidade de Fortaleza, Ceará e teve


como público alvo os frequentadores da igreja Assembleia de Deus Bela Vista,
localizada no centro da cidade. A ADBV é a igreja sede das Assembleias de Deus
de Fortaleza. A ADBV – Centro foi escolhida por ter um público diversificado, que vai
do tradicional ao moderno em suas diferentes formas de pensar. A pesquisa foi
baseada na proposta de entender como o homem evangélico se relaciona com a
moda e qual o valor que ele dá ao que veste. Foram entrevistados 20 homens com
idades entre 16 e 55 anos.

Idade:
13

26 a 35 anos
10 (50%)

36 a 45 anos
3 (15%)

Mais de 46
1 (5%)

16 a 25 anos
6 (30%)

Grau de escolaridade:

Nível Superior
13 (65%)

Nível Médio
7 (35%)

Renda:

2 salários 3 salários
5 (25%) 2 (10%)

Acima de 3
salários
5 (25%)

1 salário
8 (40%)
14

4.1 Consumo consciente

As três perguntas iniciais do questionário abordaram o ato do consumo e


qual o critério que eles utilizam para comprar novas peças. A maioria dos homens
entrevistados declaram comprar roupas somente quando precisa, mostrando que
não compram por impulso, destaca-se aqui o consumo consciente. A pesquisa
revela que 35% dos participantes compram por impulso, seduzidos pelo que as
vitrines apresentam, ao passo que 45% compram novas roupas, calçados ou
acessórios, apenas quando precisam, 15% compram duas vezes por ano e 5%
compram apenas uma vez por ano.

Somente quando...
8 (45%)

Uma vez por ano


1 (5%)

Sempre que tenho... Duas vezes por ano


7 (35%) 3 (15%)

Quando perguntado aos participantes qual a última peça de roupa,


calçados ou acessório que eles compraram, a maioria dos entrevistados, 8 deles
compraram camisas ou camisetas, 7 compraram calçados, 3 compraram ternos, 1
comprou paletó, 2 compraram cuecas, 1 comprou shorts e 1 participante não
lembrou.
Com relação ao porquê da compra: 1 comprou porque se identificou com
o perfil da loja, 5 responderam que compraram porque estavam precisando, 1
comprou porque gostou da estampa, 1 comprou porque achou bonita a camisa, 1
comprou para renovar o guarda-roupa, 1 comprou porque subiu de cargo na igreja e
precisa se vestir de acordo com a nova função, 1 comprou porque precisava de um
15

terno para ir a um casamento, 1 comprou um estilo de calçado novo porque ainda


não tinha esse estilo, 1 afirmou comprar uma camiseta na sessão feminina por “falta
do que fazer”, 1 comprou porque queria mudar o que já costumava vestir, 5 não
responderam.
Com relação ao critério utilizado pelos participantes para decidir por uma
peça ou outra no ato da compra, a pesquisa revela que 70% dos participantes
escolhem determinada roupa, calçados ou acessórios por ser confortável, atemporal
e expressar sua identidade, 20% preza apenas pelo conforto e 10% escolhe sempre
o que está na moda, para não ficar de fora do que há de novo em tendências.

O que me faz...
14 (70%)

Prezo sempre...
4 (20%)

O que está na...


2 (10%)

4.1 A roupa que gera autoconfiança

Os super-heróis ao vestirem suas roupas de combate, se transformam de


um homem comum em super-homens, como o homem aranha (QUEIROZ, 2009,
p.46). A roupa dá a esse homem a sensação de poder e confiança. “ A moda não é
apenas a roupa, é mais do que cobrir o corpo para se proteger ou por uma questão
moral. Cada forma, textura, estampa, cor tem seu significado. “ (QUEIROZ, 2009, p.
47).
16

Não
3 (15%)

Sim
17 (85%)

Quando questionados se havia alguma roupa que os deixassem com


autoestima elevada e mais seguros: 5 responderam peças em jeans destacando
calças ou jaqueta, 4 responderam que nenhuma roupa causa essa sensação, 4
participantes afirmaram que a roupa mais ajustada ao corpo lhes conferia mais
segurança e elevava a autoestima, 1 respondeu que quando usa suas roupas do
seguimento fitness se sente mais seguro, 1 respondeu que suas cuecas elevam a
sua autoestima, 5 descreveram diferentes peças que dão uma sensação de
segurança, como: blazer, blusão, jaqueta de couro, blusa de cor única, blusa
alongada com moletom. Observa-se que 5 dos 20 participantes descreveram que
peças com modelagens ajustadas e que valorizam a silhueta os deixavam mais
confiantes, é possível notar a valorização do corpo, como fonte de autoconfiança.
Quando perguntados se suas roupas definiam seu estado de espirito:
70% dos participantes responderam que sim. “Quando vamos para um velório,
usamos roupas na cor preta, demonstrando nossa tristeza. “ (Pr. José Maria Félix,
55 anos). Contrapondo 30% que responderam que o que veste não define o estado
de espirito ou sentimentos. “ A maneira pela qual, na prática de revestir o corpo, se
instaura a ligação entre signos e sentidos, institui, de fato, um processo que vai além
do puro e simples componente físico (...). “ (CALANCA, 2011, p. 18).
17

Não
6 (30%)

Sim
14 (70%)

4.2 A roupa como formadora de identidade


78,9% dos entrevistados assumem que a roupa tem a capacidade de
expressar sua personalidade, seus sentimentos. Afirmando assim, que a roupa diz
quem você é, muito além do simples estar na moda, mas revela a sua identidade.

Desde os anos 1980 o homem vem sendo estimulado a compor seu próprio
guarda-roupa, reunindo as marcas de que mais gosta (...). Desse modo,
cada homem poderia ter sua imagem própria. Muitos, no dia a dia, adeririam
a tais exercícios de estilo, outros preferem se vestir como a maioria ou ter
apenas como referência de moda a etiqueta interna do seu paletó.
(QUEIROZ, 2009, p. 37)

10,5% dos participantes afirma que a roupa define seu status social e
econômico e 10,5% responderam que a roupa não exerce função de definir nada
sobre o indivíduo, ela apenas cobre o corpo.

Não, a roupa...
2 (10,5%)

Sim, status social


2 (10,5%)
18

Quando perguntados sobre o que vestem hoje e que a 5 anos atrás não
vestiam e o porquê não vestiam: 1 respondeu que hoje se veste diferente, porque
passou a usa roupas que estejam de acordo com a idade atual, 1 respondeu que
passou a usar sapatênis porque é mais bonito e combina com uma variedade maior
de looks, 2 participantes afirmaram que agora usa roupas sociais porque passaram
a gostar desse tipo de roupa e 1 deles passou a usar porque em algumas ocasiões
se faz necessário, 2 passaram a usar terno porque sua função na igreja exige, 3
afirmam que nada mudou, 1 respondeu que usa acessórios hoje porque
anteriormente não podia comprar, 1 passou a usa roupas com temas de desenho e
que antes não usava porque achava infantil, 1 respondeu que atualmente usa
camisas com decote em V porque ganhou, 1 respondeu que hoje usa o que está na
moda preservando sempre sua identidade, 3 responderam que usam calças skiny, 1
porque está na moda, 1 usa calça skiny porque valoriza seu corpo e o terceiro não
disse o porquê, 4 usam hoje o mesmo que usavam há 5 anos atrás, 1 não lembrou e
1 não respondeu.
Quando questionados se a roupa poderia aumenta ou diminuir sua
masculinidade: 12 responderam que sim, a roupa pode refletir a masculinidade,
apenas um disse que o vestir interfere “um pouco”, 4 afirmaram que não, 1 não quis
responder. 2 participantes tiveram falas diferentes, 1 afirmou que você ser masculino
através da roupa depende do olhar do outro e não do que você veste. E segundo
participante respondeu que sim, a roupa diminui sua masculinidade, mas apenas no
caso de apresentações performáticas em que o homem se veste de mulher (drag
queen). “ Por outras palavras, nunca podemos esquecer que a relação significante-
significado nos signos do vestuário é nitidamente instável, para não se dizer fluida. “
(BALDINI, 2005, p. 22).
19

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo revela que o homem evangélico mudou com o passar dos anos,
não somente sua forma de vestir, mas também sua atitude perante a moda.
Considerando que a liderança de jovens exercida por Priscila Costa na ADBV –
Sede, influenciou uma geração, e propiciou mudanças no vestir e também na
maneira de pensar sobre o vestuário. Diferente dos evangélicos que fundaram essa
igreja, eles hoje em sua maioria possuem um grau de escolaridade superior, estão
conectados com o mundo inteiro através da tecnologia, é possível que tudo isso
tenha interferido para que hoje esse homem tenha mudado seu comportamento que
se difere do de seus pais, avós e refletiu diretamente em sua forma de se vestir.
A análise dos dados feita a partir dos resultados das entrevistas, apontam
que os homens evangélicos em sua maior parte presumem que a roupa é capaz de
aumentar ou diminuir a masculinidade. Dos 20 participantes da pesquisa, 12
afirmaram que a roupa diminui ou aumenta a virilidade, 5 dos 20 participantes
responderam que se sentem mais confiantes e com a autoestima elevada ao usar
peças mais ajustadas ao corpo (calça skinny, roupas no segmento underwear e
fitness). O homem evangélico se assemelha a uma geração que nasceu na década
de 1970, que pela influência dos astros do rock, que se vestiam com roupas
ajustadas ao corpo na intenção de realçar sua virilidade. Os homens evangélicos
tradicionais ainda existem, mas hoje aspiram valorizar o corpo e se sentirem bonitos.
Antes, não ousavam, pela compreensão de que não lhe era permitido ter vaidade ou
chamar atenção para si, pois iria contra as normas da igreja, eles inovam em ternos
e blazers de modelagem seca, camisas e gravatas com cores mais fortes e usam a
cor rosa, cor que anteriormente era especifica apenas para as mulheres.
No momento presente, eles enxergam no vestir não só moral, bons
costumes ou posição eclesiástica dentro da igreja, eles querem estar na moda, são
adeptos de diferentes estilos, utilizam a moda como artificio para ativar a suas
diferentes personas. Continuam preocupados com a identidade de homem
evangélico que vão transmitir, mas agora também carregam em suas roupas o valor
da imagem pessoal, uma identidade única, que é revelada pelo vestuário.
20

REFERÊNCIAS

BALDINI, Massimo. A Invenção da moda. As teorias, os estilistas, a história.


Portugal: Edições 70, 2006.
BONIZOL FERRARI, Fernanda. O homem contemporâneo e sua relação com a
moda, Universidade Federal, Juiz de Fora, Instituto de Artes e Design.
Especialização em Moda, Cultura de Moda e Arte, 2013.
CALANCA, Daniela. História social da moda. São Paulo: Senac, 2011.
FREYRE, Gilberto Modos de homem & modas de mulher. São Paulo: Global
editora, 2009.
GONÇALO, Rita. Moda Church – Performances e produções estéticas do vestir
feminino em igrejas evangélicas cariocas, Mosaico. Volume 7, Número 11, 20162.
O’KEEFFE, Linda. Sapatos. Uma festa de sapatos de salto, sandálias e botas...
Alemanha: H.F Ullmann publishing GmbH, 1996.
QUEIROZ, O herói desmascarado. São Paulo: Estação da letras e cores, 2009.

2
Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/mosaico/article/view/64775/62711
Site: https://noticias.gospelmais.com.br/confira-10-principais-mudancas-igrejas-ultimas-decadas-
67840.html
Site: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2015/08/costa-x-costa-luta-pela-ad-no-ceara.html
21

ANEXO

Roteiro da entrevista

Idade
16 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos Mais de 46 anos

Grau de escolaridade
Fundamental Superior

Renda
1 salário 2 salários 3 salários Acima de 3 salários

1. Com que frequência você costuma comprar roupas, sapatos ou acessórios?


Uma vez por ano
Duas vezes por ano
Sempre que tenho vontade, vejo uma peça interessante e logo compro
Somente quando preciso

2. Qual foi a última peça que você comprou? Por que você comprou?

3. Qual o critério que você usa para comprar novas, roupas, sapatos ou acessórios?
Prezo sempre pelo conforto, não importando se está na moda ou não
O que está na moda, tendência, gosto de estar sempre antenado nas novidades
O que me faz sentir bem, peças atemporais, confortáveis e que expressem quem
eu sou
O que a galera estiver usando compro

4. Você acredita que uma peça do vestuário pode valorizar seu corpo e deixá-lo
mais bonito?
Sim
Não
22

5. Em seus guarda roupas descreva uma peça que te deixa com autoestima elevada
e que te deixa mais seguro de si.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

6. A roupa que você escolhe vestir descreve seu estado de espirito?


Sim
Não

7. A roupa traz uma significação maior que apenas a função de cobrir o corpo?
Sim, status social, econômico
Sim, revela se você está na moda
Sim, a roupa mostra sua identidade, quem você é, seus sentimentos. Ela dá uma
prévia da sua personalidade.
Não, a roupa serve apenas para cobrir o corpo

8. O que você veste hoje (roupa, calçados ou acessório) e que a 5 anos atrás você
não usaria? O que fez você mudar de opinião com relação a essa peça que antes
você não usava?

9. Você acredita que a roupa pode aumentar ou diminuir a sua masculinidade?


___________________________________________________________________

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