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FORTALEZA – 2017
FACULDADE ATENEU
MBA GESTÃO EM DESIGN DE MODA
___________________________________________
ISABEL BANDEIRA BESERRA LINHARES
A Deus em primeiro lugar. Aos meus pais Eledilma e Aderbal Beserra que
me ensinaram o valor de batalhar por meus sonhos.
Ao meu esposo Renato Linhares, pelo apoio incondicional, dedicação e
compreensão em todos os momentos dessa caminhada.
A minha orientadora Regina Almeida pela confiança no meu trabalho e
pelos ensinos não só acadêmicos, mas sociais que estarão comigo por toda vida.
RESUMO
O tema do presente estudo faz uma abordagem sobre o vestuário masculino dos
evangélicos, buscando discutir e desmistificar o estereótipo de que o homem
evangélico usa apenas trajes social e formal, partindo da hipótese de que algumas
pessoas acreditam que haja interferência da crença e regras estipuladas pela igreja
nos modos deste homem vestir-se. O estudo traz uma análise da construção da
identidade do homem evangélico através da roupa, sua relação com a moda,
baseada em pesquisa qualitativa, bibliográfica e de campo. Traz como referencial
teórico os estudos de Baldini 2006, Calanca, 2011; Gonçalo 2016, Bergstein 2013,
O’Keffe 1996, Queiroz 2009, Freyre 2009, Blakman 2014 e Ferrari 2013, abordando
esse homem como consumidor de moda e os significados que a roupa tem para ele.
O estudo revelou que o homem evangélico usa moda e os signos que sua roupa
carrega e que ele passou a utilizar a moda não apenas como distinção de posição
na igreja, mas como ferramenta de expressão, reforçando quem ele é através do
vestir.
The theme of the present study takes an approach on the masculine attire of
evangelicals, seeking to discuss and demystify the stereotype that evangelical men
wear only social and formal attire, assuming that some people believe there is
interference of belief and rules stipulated by Church in the manners of this man to
dress. The study brings an analysis of the construction of the identity of the
evangelical man through clothing, his relationship with fashion, based on qualitative,
bibliographical and field research. It brings as theoretical reference the studies of
Baldini 2006, Calanca, 2011; Gonçalo 2016, Bergstein 2013, O’Keffe 1996, Queiroz
2009 e Freyre 2009, Blakman 2014, Ferrari 2013, addressing this man as consumer
of fashion and the meanings that clothes have for him.The study revealed that the
evangelical man uses fashion and the signs that his clothes carry and that he came
to use fashion not only as a distinction of position in the church, but as a tool of
expression, reinforcing who he is through dressing.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 7
2 A ROUPA DO HOMEM EVANGÉLICO ADBV-SEDE ...................................... 8
3 O ROMPIMENTO COM O TRADICIONAL ....................................................... 11
4 ANÁLISE DE DADOS ...................................................................................... 12
4.1 Consumo consciente ...................................................................................... 14
4.2 A roupa que gera autoconfiança .................................................................... 15
4.3 A roupa como forma de identidade ................................................................ 16
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 20
ANEXO ................................................................................................................ 21
7
1.INTRODUÇÃO
Foi observado que de acordo com o cargo assumido dentro da igreja eles
mudam a forma de se vestir. Começam como obreiros, usando calça social, camisa
longa de botões e gravata, ao ser consagrado a diácono passam a usar o paletó
como roupa oficial para estar no púlpito ajudando o pastor. A partir dessa
observação, compreende-se que a roupa desses homens configura a função de
distinguir o cargo que ocupa na igreja, seu amadurecimento dentro do aspecto
religioso, como maior conhecimento teológico e espiritualidade e seus valores de
homem de bem. Desta forma entende-se que a indumentária evangélica assume a
função de diferenciação, como no século XVII com Luís XIV, seus sapatos
revelavam o status social dos membros da corte. “ Os saltos vermelhos, eram um
símbolo de classe na Europa dos séculos XVII e XVIII, eram usados apenas pelas
classes privilegiadas. ” (O’KEEFFE, 1996, p. 79). Da mesma forma é na igreja os
mais experientes como: diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores se vestem
com terno diferente do obreiro que está iniciando sua carreia na igreja, se veste de
forma menos elaborada.
10
1
(https://noticias.gospelmais.com.br/confira-10-principais-mudancas-igrejas-ultimas-decadas-67840.html)
12
4.ANÁLISE DE DADOS
Idade:
13
26 a 35 anos
10 (50%)
36 a 45 anos
3 (15%)
Mais de 46
1 (5%)
16 a 25 anos
6 (30%)
Grau de escolaridade:
Nível Superior
13 (65%)
Nível Médio
7 (35%)
Renda:
2 salários 3 salários
5 (25%) 2 (10%)
Acima de 3
salários
5 (25%)
1 salário
8 (40%)
14
Somente quando...
8 (45%)
O que me faz...
14 (70%)
Prezo sempre...
4 (20%)
Não
3 (15%)
Sim
17 (85%)
Não
6 (30%)
Sim
14 (70%)
Desde os anos 1980 o homem vem sendo estimulado a compor seu próprio
guarda-roupa, reunindo as marcas de que mais gosta (...). Desse modo,
cada homem poderia ter sua imagem própria. Muitos, no dia a dia, adeririam
a tais exercícios de estilo, outros preferem se vestir como a maioria ou ter
apenas como referência de moda a etiqueta interna do seu paletó.
(QUEIROZ, 2009, p. 37)
10,5% dos participantes afirma que a roupa define seu status social e
econômico e 10,5% responderam que a roupa não exerce função de definir nada
sobre o indivíduo, ela apenas cobre o corpo.
Não, a roupa...
2 (10,5%)
Quando perguntados sobre o que vestem hoje e que a 5 anos atrás não
vestiam e o porquê não vestiam: 1 respondeu que hoje se veste diferente, porque
passou a usa roupas que estejam de acordo com a idade atual, 1 respondeu que
passou a usar sapatênis porque é mais bonito e combina com uma variedade maior
de looks, 2 participantes afirmaram que agora usa roupas sociais porque passaram
a gostar desse tipo de roupa e 1 deles passou a usar porque em algumas ocasiões
se faz necessário, 2 passaram a usar terno porque sua função na igreja exige, 3
afirmam que nada mudou, 1 respondeu que usa acessórios hoje porque
anteriormente não podia comprar, 1 passou a usa roupas com temas de desenho e
que antes não usava porque achava infantil, 1 respondeu que atualmente usa
camisas com decote em V porque ganhou, 1 respondeu que hoje usa o que está na
moda preservando sempre sua identidade, 3 responderam que usam calças skiny, 1
porque está na moda, 1 usa calça skiny porque valoriza seu corpo e o terceiro não
disse o porquê, 4 usam hoje o mesmo que usavam há 5 anos atrás, 1 não lembrou e
1 não respondeu.
Quando questionados se a roupa poderia aumenta ou diminuir sua
masculinidade: 12 responderam que sim, a roupa pode refletir a masculinidade,
apenas um disse que o vestir interfere “um pouco”, 4 afirmaram que não, 1 não quis
responder. 2 participantes tiveram falas diferentes, 1 afirmou que você ser masculino
através da roupa depende do olhar do outro e não do que você veste. E segundo
participante respondeu que sim, a roupa diminui sua masculinidade, mas apenas no
caso de apresentações performáticas em que o homem se veste de mulher (drag
queen). “ Por outras palavras, nunca podemos esquecer que a relação significante-
significado nos signos do vestuário é nitidamente instável, para não se dizer fluida. “
(BALDINI, 2005, p. 22).
19
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo revela que o homem evangélico mudou com o passar dos anos,
não somente sua forma de vestir, mas também sua atitude perante a moda.
Considerando que a liderança de jovens exercida por Priscila Costa na ADBV –
Sede, influenciou uma geração, e propiciou mudanças no vestir e também na
maneira de pensar sobre o vestuário. Diferente dos evangélicos que fundaram essa
igreja, eles hoje em sua maioria possuem um grau de escolaridade superior, estão
conectados com o mundo inteiro através da tecnologia, é possível que tudo isso
tenha interferido para que hoje esse homem tenha mudado seu comportamento que
se difere do de seus pais, avós e refletiu diretamente em sua forma de se vestir.
A análise dos dados feita a partir dos resultados das entrevistas, apontam
que os homens evangélicos em sua maior parte presumem que a roupa é capaz de
aumentar ou diminuir a masculinidade. Dos 20 participantes da pesquisa, 12
afirmaram que a roupa diminui ou aumenta a virilidade, 5 dos 20 participantes
responderam que se sentem mais confiantes e com a autoestima elevada ao usar
peças mais ajustadas ao corpo (calça skinny, roupas no segmento underwear e
fitness). O homem evangélico se assemelha a uma geração que nasceu na década
de 1970, que pela influência dos astros do rock, que se vestiam com roupas
ajustadas ao corpo na intenção de realçar sua virilidade. Os homens evangélicos
tradicionais ainda existem, mas hoje aspiram valorizar o corpo e se sentirem bonitos.
Antes, não ousavam, pela compreensão de que não lhe era permitido ter vaidade ou
chamar atenção para si, pois iria contra as normas da igreja, eles inovam em ternos
e blazers de modelagem seca, camisas e gravatas com cores mais fortes e usam a
cor rosa, cor que anteriormente era especifica apenas para as mulheres.
No momento presente, eles enxergam no vestir não só moral, bons
costumes ou posição eclesiástica dentro da igreja, eles querem estar na moda, são
adeptos de diferentes estilos, utilizam a moda como artificio para ativar a suas
diferentes personas. Continuam preocupados com a identidade de homem
evangélico que vão transmitir, mas agora também carregam em suas roupas o valor
da imagem pessoal, uma identidade única, que é revelada pelo vestuário.
20
REFERÊNCIAS
2
Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/mosaico/article/view/64775/62711
Site: https://noticias.gospelmais.com.br/confira-10-principais-mudancas-igrejas-ultimas-decadas-
67840.html
Site: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2015/08/costa-x-costa-luta-pela-ad-no-ceara.html
21
ANEXO
Roteiro da entrevista
Idade
16 a 25 anos 26 a 35 anos 36 a 45 anos Mais de 46 anos
Grau de escolaridade
Fundamental Superior
Renda
1 salário 2 salários 3 salários Acima de 3 salários
2. Qual foi a última peça que você comprou? Por que você comprou?
3. Qual o critério que você usa para comprar novas, roupas, sapatos ou acessórios?
Prezo sempre pelo conforto, não importando se está na moda ou não
O que está na moda, tendência, gosto de estar sempre antenado nas novidades
O que me faz sentir bem, peças atemporais, confortáveis e que expressem quem
eu sou
O que a galera estiver usando compro
4. Você acredita que uma peça do vestuário pode valorizar seu corpo e deixá-lo
mais bonito?
Sim
Não
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5. Em seus guarda roupas descreva uma peça que te deixa com autoestima elevada
e que te deixa mais seguro de si.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7. A roupa traz uma significação maior que apenas a função de cobrir o corpo?
Sim, status social, econômico
Sim, revela se você está na moda
Sim, a roupa mostra sua identidade, quem você é, seus sentimentos. Ela dá uma
prévia da sua personalidade.
Não, a roupa serve apenas para cobrir o corpo
8. O que você veste hoje (roupa, calçados ou acessório) e que a 5 anos atrás você
não usaria? O que fez você mudar de opinião com relação a essa peça que antes
você não usava?