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Dissertação

documento escrito submetido para a


obtenção de um grau acadêmico, tal
como como uma tese de doutorado,
habilitação, etc

Dissertação (do latim disertatio ou


dissertatione)[1][2] é um gênero textual
que designa uma modalidade de redação
ou composição, escrita em prosa ou
apresentada de forma oral,[2] sobre um
tema sobre o qual se devem apresentar e
discutir argumentos, provas, exemplos
etc.[3] A dissertação é um tipo de
redação muito utilizado nas escolas,
bem como em exames vestibulares ou
concursos. É classificada como
dissertação argumentativa ou dissertação
expositiva e se diferencia da dissertação
de mestrado.

Estrutura

A dissertação argumentativa ou
expositiva geralmente se limita a uma
página de até 30 linhas, tratando apenas
de um tema particular para fins
avaliativos.

A dissertação argumentativa ou
expositiva é composta por três partes:
introdução, desenvolvimento e conclusão.
Dentro da dissertação, podem existir
descrições, narrações, comparações
etc.[4] E também a interferência do autor
por meio de digressões e parênteses
explicativos, como, por exemplo, a obra
Os Rougon-Macquart, do escritor
naturalista Émile Zola.[5]

Tipos de dissertação

Dissertação argumentativa

É a modalidade de texto que tenta


convencer o leitor sobre algo com base
em raciocínio e evidências de provas. A
dissertação argumentativa não dá
espaço para o leitor ter suas próprias
conclusões uma vez que a conclusão já
se encontra no texto, de modo que a
única possibilidade de interpretação é a
aceitação da conclusão proposta por
parte do autor.[6] Este tipo de redação é a
base que mantém o discurso forense por
sua natureza persuasiva.[7]

Quanto ao ponto de vista do autor


presente na dissertação argumentativa,
temos, ainda, os seguintes tipos de
dissertação:

Dissertação subjetiva

O autor se envolve claramente no texto


ao expressar suas ideias e usar verbos
na primeira pessoa.[8]
Exemplo

O texto aprovado na Câmara, a meu ver, vai saturar ainda mais o já


superlotado e caótico sistema carcerário do país e atravancar ainda mais
o judiciário. Estamos às vésperas de sediar uma Copa do Mundo e
Olimpíadas e enquanto a polícia poderia continuar concentrando esforços
em garantir a segurança da população brasileira e turistas, bem como
levar à justiça criminosos de maior periculosidade, se a nova lei for
aprovada no Senado e sancionada pela presidente Dilma, certamente
obrigará as forças policiais a reprimir novamente os usuários.[9]

— Ronald Sanson Stresser Junior, A nova Lei de Drogas (http://www.observatorio


daimprensa.com.br/news/view/_ed749_a_nova_lei_de_drogas) , Site Observatório
da imprensa, 04/06/2013 na edição 749

Dissertação objetiva

O autor usa verbos na terceira pessoa


defendendo conceitos conhecidos ou
universais, já expressos anteriormente
por outros. É o tipo de dissertação
comumente pedido em provas de
concursos.[8]
Exemplo

Fez há pouco tempo 30 anos que Edwin Schur pretendeu demonstrar,


num livro que se tornou célebre na literatura científica criminológica
(Edwin Schur, Crimes Without Victims, 1965), que o Estado carece de
legitimação para intervir com o arsenal punitivo em situações que se
traduzam na permuta, sem coação e entre adultos, de bens ou serviços
escassos que, embora muito procurados, são penalmente proibidos.[10]

— Jorge de Figueiredo Dias, Uma proposta alternativa ao discurso da


criminalização/descriminalização das drogas (http://www.ibadpp.com.br/542/uma
-proposta-alternativa-ao-discurso-da-criminalizacaodescriminalizacao-das-droga
s-por-jorge-de-figueiredo-dias) , Site do Instituto Baiano de Direito Processual
Penal

Dissertação expositiva

É a modalidade de texto explicativa sem


a intenção de convencer o leitor, debater,
polemizar ou contestar posições
diferentes.[11][12]
Exemplo

A velha controvérsia sobre o comportamento dos viciados em


entorpecentes — simples criminosos, ou doentes que necessitam de
tratamento — voltou à discussão no fim da semana passada, depois que o
Presidente Costa e Silva assinou decreto-lei alterando o artigo 281 do
Código Penal, que legisla sobre o tráfico e uso de entorpecentes.

— Revista Veja, O vício passa a ser crime com a nova lei, 1 de janeiro de 1969, p.
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Críticas

Capa de dissertação apresentada à Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo para obtenção de título de mestre em
filosofia
Em seu conceito de educação bancária,
Paulo Freire afirmou que a narração e a
dissertação são suas características
marcantes:[13]

A narração ou a dissertação
que implica num sujeito - o
narrador - e em objetos
pacientes, ouvintes - os
educandos. Mantendo a
contradição entre educador e
educando, a narração não
promove a educação:
"narração de conteúdos que,
por isto mesmo, tendem a
petrificar-se ou a fazer-se algo
quase morto.(...) Essa
educação apresenta retalhos
da realidade de forma
estática, sem levar em conta a
experiência do educando."[14]
— Freire, P.

Lucídio Bianchetti criticou a forma como


a produção de dissertações é ensinada
nas escolas que seguem um modelo de
preenchimento artificial da estrutura
"introdução-desenvolvimento-conclusão",
essa prática resulta em conclusões
forçosamente otimistas:[15]

Como as propostas de
redação envolvem temas que
implicam discussão e crítica,
a conclusão nessas produções
textuais apontam para uma
solução do problema posto no
início. E a solução não é
proposta em decorrência dos
conflitos apontados, é uma
solução desejada, sonhada
pelo vestibulando (a maioria
adolescente). "O mundo é bom
e o amor até existe", é uma
proposição que sintetiza as
conclusões dessas redações.
Não importa qual é o conflito,
a conclusão é, não raro, uma
solução cor-de-rosa.[15]
— Bianchetti, L.
Referências

1. Moisés, Massaud (1997). Dicionário


de Termos Literários revisada e
ampliada ed. [S.l.]: Editora
Pensamento-Cultrix. p. 128.
ISBN 9788531601309
2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário
da língua portuguesa. 2ª edição. Rio
de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p.
599.
3. Dicionário UNESP do português
contemporâneo (http://books.googl
e.com/books?id=RFrCN3hCsHoC&pg
=PA447) . [S.l.]: UNESP. p. 447.
ISBN 978-85-7139-576-3
4. Nestor Delvaux (1967). Português no
curso colegial, la. série: cursos
claśsico, científico, comercial,
industrial e normal (http://books.goo
gle.com/books?id=9-wuAAAAYAAJ) .
[S.l.]: Editora F.T.D. p. 37
5. Massaud Moisés (2002). Dicionário
de termos literários (http://books.go
ogle.com/books?id=0Pn4qAZ-QyoC&
pg=PA128) . [S.l.]: Editora Cultrix.
p. 128. ISBN 978-85-316-0130-9
6. Lúcia Santaella (2001). Matrizes da
linguagem e pensamento: sonora,
visual, verbal : aplicações na
hipermídia (http://books.google.co
m/books?id=f-3QmOPYpqIC&pg=PA3
61) . [S.l.]: Editora Iluminuras Ltda.
p. 361. ISBN 978-85-7321-152-8
7. Nelson Maia Schocair. Portugues
Juridico (http://books.google.com/b
ooks?id=7ivrNPf_-QsC&pg=PA155) .
[S.l.]: CAMPUS JURIDICO. p. 155.
ISBN 978-85-352-3063-5
8. RENATO AQUINO. Português Para
Concursos (http://books.google.co
m/books?id=mgb_fwpKousC&pg=PA
268) . [S.l.]: CAMPUS. p. 268.
ISBN 978-85-352-1798-8
9. Ronald Sanson Stresser Junior, A
nova Lei de Drogas (http://www.obse
rvatoriodaimprensa.com.br/news/vie
w/_ed749_a_nova_lei_de_drogas) ,
Site Observatório da imprensa,
04/06/2013 na edição 749
10. Jorge de Figueiredo Dias, Uma
proposta alternativa ao discurso da
criminalização/descriminalização
das drogas (http://www.ibadpp.com.
br/542/uma-proposta-alternativa-ao-
discurso-da-criminalizacaodescrimin
alizacao-das-drogas-por-jorge-de-figu
eiredo-dias) , Site do Instituto Baiano
de Direito Processual Penal
11. Laine de Andrade e Silva. Redação:
qualidade na comunicação escrita (h
ttp://books.google.com/books?id=yr
0HlOc5EfoC&pg=PA25) . [S.l.]:
IBPEX. pp. 25–. ISBN 978-85-99583-
99-9. Consultado em 25 de agosto de
2013
12. J. Simões - José Ferreira Simões.
Língua Portuguesa Aplicada À
Leitura E À Produção de Textos (htt
p://books.google.com/books?id=ieN
zeC68HlUC&pg=PA170) . [S.l.]: J.
Simões. p. 170. ISBN 978-85-99109-
03-8
13. Vicente Zatti. Autonomia e Educação
em Immanuel Kant & Paulo Freire (htt
p://books.google.com/books?id=l2Yl
Ioc6BeQC&pg=PA47) . [S.l.]:
EDIPUCRS. p. 47. ISBN 978-85-7430-
656-8
14. Paulo Freire. Pedagogia do oprimido
(http://books.google.com/books?id=
m9VzSQAACAAJ) . [S.l.]: Paz e Terra.
p. 65. ISBN 978-85-7753-016-8
15. Lucídio Bianchetti (2002). Trama e
texto (http://books.google.com/book
s?id=Mox2zw6IALgC&pg=PA107) .
[S.l.]: Grupo Editorial Summus.
p. 107. ISBN 978-85-323-0778-1

Ver também

Descrição
Narração
Redação
Discurso
Tipos textuais
Ligações externas

Considerações a respeito de tipologia


textual (https://web.archive.org/web/2
0071010011619/http://acd.ufrj.br/~pe
ad/tema07/consideracoes.html)
Português Ensino a Distância, UFRJ
Como elaborar Dissertações e Teses -
Diretrizes para elaboração de
dissertações e teses na EESC-USP (htt
p://www.teses.usp.br/info/diretrizesfin
al.pdf)

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