Você está na página 1de 9

KRISHNA

NASCIMENTO, VIDA, DOUTRINA E MORTE DO SENHOR KRISHNA........

A figura central do Bhagavad Gita é Krishna. Os hinduístas adoram várias encarnações de


Deus, como instrutores que de tempo em tempo aparecem segundo as necessidades do
mundo para manter a justiça e destruir a maldade. Assim cada caminho hinduísta adora a uma
destas encarnações da Divindade e Krishna é quem tem maior número de devotos, porque
dizem que Ele é superior aos demais, pois enquanto encarnado possuía 50% da energia de
Narayana, sendo então um Maha Avatar.

O Senhor Krishna durante toda a sua vida praticou os admiráveis ensinamentos que
predicava, e assim dizia: “Conhece o segredo da vida quem em meio da maior atividade produz
a mais doce paz, e é ativo em meio da mais profunda calma”.

Ensinava que para chegar à ação, é necessário a não ação e a não ação na ação; ou seja, a
calma na atividade e a atividade em calma, são necessárias não apegar-se e nem identificar-se
com nada externo e trabalhar sem apego ao fruto da ação, porque a aflição não provem das
obras , e sim do apego ao fruto dessas mesmas ações. Assim devemos considerar o dinheiro,
a fama, a família, como meios do propósito para cumprirmos nosso dever, mas não como
absolutos fins da vida.

Unicamente temos que nos apegar por devoção ao Senhor. Trabalhemos pela família e
amemos a ela, sacrifiquemos-nos cem vidas se necessário for, mas não nos identifiquemos
com ela. A vida de Krishna foi exatamente o exemplo desses ensinamentos. Em um livro que
relata a vida de Krishna nos conta com milhões de anos de Antigüidade e em algumas
passagens oferece assombrosa semelhança com outros da vida de Jesus de Nazareth.

Krishna era de fina estirpe, e estava profetizado que um descendente daquela família seria rei
de Madura, cujo trono ocupava o tirano Kamsa, e ao interasse de que havia nascido um filho no
seio da família profetizada e não sabendo o ponto fixo de seu nascimento, ordenou a matança
de todos os filhos recém-nascidos.

Quando nasceu Krishna, um ponto de luz celestial iluminou o lugar, e segundo conta a divina
lenda, o recém-nascido exclamou: “SOU A LUZ DO MUNDO E NASÇO PARA O BEM DE
TODOS OS HOMENS”. Os sábios afirmaram que Deus havia nascido, e foram se render á Ele,
homenageando-o, como também aconteceu aos magos que adoraram o menino Jesus de
Belém. Por fim venceu Krishna ao tirano Kamsa, mas não quis ocupar seu trono, porque dizia
que não era deste mundo seu reino. Havia cumprido seu dever e lhe bastava seu cumprimento.

Os ensinamentos deste grande instrutor denotam que sua tônica fundamental, seu motivo
condutor é a renúncia, o desapaixona mento, o desapego, mas não a indiferença, que é muito
diferente e sem valor espiritual. Ensina Krishna que o genuíno amor somente é devido ao
imutável Ser, ou seja, a Deus.

Não temos de cometermos enganos de colocar nosso amor, nosso afeto nas coisas mundanas
e temporais, porque a inevitável queda desses afetos nos causaria aflição. Deus é o único Ser
imutável, e seu amor nunca falha, porque, seja lá o que formos, ou seja, lá o que fazemos, Ele
sempre nos olha com misericordioso amor, sem cólera, sem nojo, porque sabe que
caminhamos para a perfeição. Já nos diz a filosofia vedantina, que o amor que a mãe
reconhece em seu filho, e o amor que ela reconhece em seu marido, são simplesmente o amor
de Deus refletido neles.

Tal é a persistente tônica desses ensinamentos de Krishna, que Ele comunicou ao seu povo,
que quando um hinduísta faz qualquer coisa, como por exemplo, beber água, ele diz: “se há
virtude nisto, que retorne ao Senhor”. O hinduísta crê firmemente em Deus, e o considera a
alma de todas as almas, e como magno sacrifício lhe oferece todos os seus merecimentos ao
bem da humanidade.
Por outra parte, disse Krishna: “Quem vive no meio do mundo e oferece ao Senhor suas ações,
nunca se contamina com os males do mundo, assim é o homem que se mescla nas atividades
do mundo, oferece ao Senhor o fruto de suas ações”.

De todos estes ensinamentos inferimos que todo dever é sagrado. Não há no mundo dever
algum a que possamos em justiça qualificar de servil; todo trabalho é tão meritório como o
imperador em seu trono. Os ensinamentos de Krishna são de evidente valor prático, pois nos
estimulam a cumprir pacificamente nossos deveres da vida social.

VIDA DE KRISHNA
A virgem DEVAKI, irmã do tirano Kansa foi escolhida pêlos santos rishis (sábios), para ser a
mulher que iria trazer ao mundo um Deva (anjo). Foi acolhida por Vasichta, guiada até Ele por
Mahadéva (o grande anjo) onde foi recebida com enorme carinho, pois ela tinha deixado o
mundo das misérias para viver ao lado dos santos, gloriosos com seus destinos e desejosos
do caminho do céu. Eles lhe disseram: “No seio de uma mulher, o raio do esplendor divino
deve receber uma forma humana” .

Os Rishis presentes, se inclinaram ante DEVAKI e Vasichta disse: “Esta será nossa mãe
porque dela nascerá o Espírito que deverá nos regenerar. Viverá entre as mulheres virtuosas e
os mistérios se cumpriram”.

Devaki foi então viver entre essas mulheres gloriosas, e uma delas de idade já bem avançada,
lhe dava as instruções mais secretas. Vivia andando sozinha, pêlos bosques, vestida como
uma rainha, e perfumada pêlos místicos aromas das flores. Sempre descansava debaixo das
ramas das “árvores da vida”, sendo visitada por visões estranhas. Ouvia coros que cantavam:
“Glória a tí Devaki...”. Virá coroado de luz este fluído puro emanado de sua grande alma e as
estrelas palidecerão ante seu esplendor. Trarás a vida e desafiarás a morte, e Ele
rejuvenescerá o sangue de todos os seres.... Virá mais doce que o mel, mais puro que a boca
de uma virgem, e todos os corações se sentirão transbordados de amor.

Um dia Devaki caiu em um êxtase mais profundo. Ouviu uma música celeste, como um
oceano de harpas e de vozes divinas, e de repente o céu se abriu em abismos de luz. Milhões
se seres esplendidos a olhavam e em um raio deslumbrante, o sol dos Sóis, MAHADEVA, lhe
apareceu em forma humana. Iluminada pelo Espírito dos Mundos perdeu o conhecimento e no
ouvido da terra, em uma felicidade sem limites, concebeu ao filho divino. Quando sete luas já
tinham se passado, e descritos seus círculos mágicos ao redor da selva sagrada, ela foi
chamada pêlos mestres que lhe disseram: “A vontade dos Devas se cumpriu”.... Tu concebeste
na pureza do coração, e no amor divino-virgem e mãe, te saudamos.... Um filho nascerá de ti
que será o salvador do mundo.

Teu irmão Kansa te busca para matar o fruto que levas em teu seio. É necessário escapar à
sua perseguição. Os irmãos mais velhos irão te guiar até ao pé do monte Meru. Ali darás a luz
ao teu filho Divino e lhe chamarás KRISHNA, O CONSAGRADO. Que Ele ignore sua origem e
tudo o mais. Não fales Dele nunca. Viva sem temor, pois velaremos sobre ti.

Então ela foi morar com os pastores do monte Meru. Ao pé desse monte se estendia um
fresco vale, dominado por vastos bosques de cedros, por onde passava o sopro puro do
Himalaya. Neste alto vale habitava um povo de pastores, sobre o qual reinava o patriarca
NANDA. Ali Devaki encontrou um refúgio contra as perseguições de seu irmão Kansa; A
exceção de Nanda, ninguém supunha quem era a estrangeira e de onde procedia aquele filho.

As mulheres dali diziam unicamente: “É um filho dos Gandharvas (gênios que se supõem
presidirem os casamentos de amor). Porque os músicos de Indra devem ter presidido os
amores dessa mulher que parece uma ninfa celeste, uma Apsara”. O filho maravilhoso desta
mulher desconhecida cresceu entre os rebanhos e os pastores, ante os olhos de sua mãe.

O chamavam de “O Radiante”, porque só com sua presença, seu sorriso, e seus olhos, tinha o
Dom de difundir a alegria. Animais, crianças, mulheres, homens, todo o mundo lhe queria e Ele
parecia querer a todos, sempre sorrindo a sua mãe, jogando com as ovelhas e com as crianças
de sua idade e falando com os velhos. Krishna criança não tinha temor algum; cheio de
audácia executava movimentos surpreendentes. As vezes iam para a floresta e se recostava
sobre o musgo, abraçava as jovens panteras e abria-lhes a boca sem que elas se atrevessem
a mordê-lo.

Tinha também imobilidades repentinas, admirações profundas, tristezas estranhas. Então se


isolava de todos, e pensava absorto olhava sem responder. Mas sobre todas as coisas e sobre
todos os seres, Krishna adorava a sua jovem mãe, tão bela, tão radiante, que lhe falava do céu
e dos Devas, de combates heróicos e de coisas maravilhosas que ela havia aprendido com sua
família. E os pastores diziam: “Quem é esta mãe, e este filho? Nunca se veste como nossas
mulheres, parece uma rainha; e o filho também, foi criado com os nossos, mas não se parece
com eles...... é um gênio? ......... é um Deus?....... seja o que for, nos traz felicidade.............

Quando Krishna tinha quinze anos, sua mãe Devaki foi chamada pêlos anacoretas, seu antigo
povoado. Um dia desapareceu sem dizer adeus à seu filho. Krishna não a vendo mais, foi
procurar o patriarca Nanda e lhe perguntou sobre a mãe. Nanda nada falou, apenas disse que
ela teria feito uma viagem muito longa, e por isso não sabia quando ela voltaria. Então Krishna
caiu em uma meditação tão profunda, que até as crianças se isolaram Dele, e dirigindo-se ao
monte Meru para obter respostas, lá ficou por semanas. Até que em um dia de manhã, de
repente apareceu junto Dele um velho, de elevada estatura, vestido com traje branco. Parecia
um centenário. Sua barba de neve e seu rosto brilhavam como uma majestade. O jovem e o
ancião se olharam por um longo tempo. Os olhos do velho se pousaram com complacência
sobre Krishna; Este ficou tão maravilhado ao vê-lo, que emudeceu cheio de admiração e
mesmo que fosse a primeira vez que via este velho, lhe parecia que já o conhecia há muito
tempo. Por fim este senhor lhe perguntou , por quem ele estava esperando; e Krishna lhe disse
que estava a procura de sua mãe. E o velho lhe responde simplesmente que sua mãe se
encontra na presença Daquele que é imutável.

O menino assustado pergunta então se ela irá voltar um dia; e Ele responde que sim, mas só
quando a filha da serpente se render ao filho do touro, assim então Ele poderia voltar a ver sua
mãe em uma aurora de púrpura. E lhe diz o seguinte: “Então matarás o touro, e afastarás a
cabeça da serpente. Filho de Mahadeva saiba que eu e tu, formamos mais que um só, face ao
Senhor. Busca, busca, busca, sempre..... E o centenário estendeu a mão em sinal de bendição,
se voltou para o lado do Himalaya, e desapareceu em uma vibração luminosa.

Quando Krishna desceu do monte Meru, desceu totalmente transtornado. Uma energia nova
parecia irradiar de seu ser. Reuniu seus amigos e passaram então a defender os bons, e
combater os maus. Foi atrás dos touros e das serpentes.... Lutou contra as bestas ferozes,
libertou tribos oprimidas, mas mesmo assim seu coração permanecia triste, sua alma tinha
apenas um desejo oculto, voltar a ver sua mãe e encontrar novamente o ancião. Queria acima
de tudo, arrancar a cabeça da serpente, então resolveu falar com Kalayeni, o rei das serpentes,
e pediu para lutar com o mais terrível de seus animais e em presença de um mago negro.

Dizia-se que aquele animal, adestrado por Kalayeni (o mago negro), havia já devorado
centenas de homens e que seu olhar irradiava um espanto aos mais valentes. Do fundo do
templo tenebroso de Kali, Krishna viu sair, junto com a voz de Kalayeni, um enorme réptil azul
verdoso. “Esta serpente, disse Kalayeni, sabe muitas coisas, é um demônio poderoso; ela mata
os vencidos, ela está te olhando e está em seu poder. Somente te resta adorá-la ou perecer em
uma luta insensata”. Krishna ficou indignado, e quis lutar com a serpente, Ele parecia mais a
ponta de um raio. Brigou muito com ela, e finalmente a venceu, cortando-lhe a cabeça.

Aquela cabeça ainda viva pergunta a Krishna porque Ele teria feito isto; se Ele achava que
matando os vivos, conseguiria encontrar a verdade? Disse-lhe a serpente que a vida está na
morte, e a morte está na vida, e sendo assim morreu. Então Krishna fez vários Yagnas,
(austeridades para purificação) para se limpar das impurezas, lá no rio Ganges, sob a luz do
sol de Mahadeva. Logo em seguida, Ele volta para a antiga terra natal, e passa a sonhar com
combates celestiais no infinito dos céus. Passou então a acontecer fatos místicos lindíssimos,
como que durante o seu sono, Ele vibrava uma melodia suave e Angélica.
Atraídas pela música as Golpis, as filhas das mulheres do vilarejo, enfim, ficaram enamoradas
por ELE. Algumas se aproximavam Dele, o acariciavam sempre encantadas por sua melodia;
e ELE abstraído por seu sono dos Deuses não as via. Atraídas mais e mais por seu canto, as
Golpis começaram a ficar impacientes, pois Ele não as olhavam. Nichdali, a filha de Nanda,
com os olhos fechados, havia caído em uma espécie de êxtase. Sua irmã Saraswati mais
atrevida se deslizou ao lado do filho de Devaki (Krishna) e lhe disse com carinho: Oh,!
Krishna... Não vês que te escutamos e que não podemos dormir? Tuas melodias nos
encantaram, Oh! Herói adorável...

Aí então Krishna, levantou-se e gentilmente começou a contar para elas várias estórias, lendas,
e todas cada vez mais enamoradas do Mestre.... cantou até altas horas da madrugada, e todas
continuavam embebidas daquele néctar de amor e sedução que emanava misticamente
daquele jovem sábio, que também se embriagava com as expectativas que provocava
naquelas inocentes criaturas que já O adoravam.

Passaram a se encontrar todas as noites, sempre com a mesma finalidade, onde o Mestre
aproveitou para lhes ensinar seus cantos e dividir com elas cada vez mais seus ensinamentos
revestidos de pura magia esotérica e encantamentos divinos. Mas então o previsível
aconteceu, Saraswati e Nichdali se apaixonaram por Ele, e resolveram que iriam fazer–lhe uma
proposta, e esperavam com o coração na mão que fosse aceita. Propuseram nada mais nada
menos, que Ele as desposassem; Krishna ficou pensativo........ Muito pensativo........ Passando
seus braços ao redor da cintura de ambas....... Primeiro pousou sua boca sobre os lábios de
Saraswati, logo em seguida sobre os olhos de Nichdali experimentando através destes dois
longos beijos, o sabor estonteante e voluptuoso de toda a terra.

Voltando a ambas, lhes disse: (primeiro olhando para Saraswati):


-Teus lábios têm o perfume do âmbar e de todas as flores.....

(olhando para Nichdali) comentou:


-Tuas pálpebras velam profundos olhos e sabes sondar tua própria alma. As amo
incondicionalmente, não amarei somente um ser nunca.... Somente amarei com amor eterno....
e complementou seu raciocínio dizendo assim: Para Eu amar um só ser, seria necessário que a
luz se extinguisse do dia, que um raio caísse em meu coração e que uma alma se lançasse
fora do céu.

E assim ambas voltaram para casa, tristes e chorosas. Na noite seguinte as golpis se reuniram
para seus jogos, mas em vão esperaram seu Mestre. Ele havia desaparecido não deixando
mais que sua essência, um perfume de seu ser: os cantos e as danças sagradas. Deste
momento em diante, Krishna, procurou seus antepassados em busca de notícias ainda de sua
mãe e do velho ancião. Deparou-se com a inveja e ira de seu tio, o rei Kansas; teve encontros
com demônios de toda a extirpe, brigou contra toda a ilusão que chegava até Ele; e assim o rei
de Madura, o rei Kansas, tentava impor ao caminho do Mestre sempre dificuldades enormes
com o objetivo de vê-lo desanimar e cair desgraçadamente ao chão.

E foi assim, durante o seu caminhar, que encontrou um centenário Vasichta que vivia a quase
um ano, em uma cabana escondida no mais profundo da selva santa. Este velho tinha já se
libertado das leis da matéria, e vivia totalmente liberado das ações egoístas dos homens.
Krishna, marchando pelo estreito caminho, se encontrou de repente com este ancião; Estava
sentado, as pernas cruzadas sobre uma esteira, apoiado em um poste que sustentava sua
cabana, em uma paz profunda. De seus olhos de cego, saia um resplendor interno de vidente,
e quando Krishna o viu, o reconheceu, sabendo que era “o sublime ancião”. Sentiu uma
comoção de alegria;.... O velho estende seus braços em direção a Ele, e disse “OM”.

Intuitivamente o velho olha para o rei Kansas que o perseguia, e fala que a morte seria
benéfica já que a matéria de seu corpo não prestava para mais nada, e que o filho de
Mahadeva e de sua irmã estava ali, representado por Krishna, aquele que iria destruir seu
reinado. Pálido de ira, Kansas estendeu seu arco, e com toda sua força, lançou uma flecha
contra Krishna. Mas, neste momento, seu braço tremeu e a seta disparada, desviando-se do
seu alvo, foi cravar diretamente no peito de Vasichta, que com os braços em cruz, parecia
esperá-la com total êxtase. Krishna ecoa um grito terrível, pois sentiu vibrar a flecha em seu
ouvido, e viu a mesma no corpo do santo... e lhe parecia que havia entrado em seu próprio
coração; de tal modo que sua alma neste instante havia se identificado com a do rishi (homem
santo).

Com esta flecha aguda, toda a dor do mundo transpassou a alma de Krishna. Entretanto, o
velho com a flecha em seu peito, murmurava para Krishna: “Filho de Mahadeva, porque gritas?
Matar é uma ação tão absurda que só os profundos ignorantes os escravos do ego a
praticam.

A flecha não pode ferir sua alma, e a vítima é o vencedor do assassino. Triunfa Krishna... o
destino se cumpre. Eu volto a Aquele que não se muda jamais, sendo Ele eternamente
imutável. Que Deus receba minha alma. Mas tu és o elegido salvador do mundo, em pé......
Krishna....... Então um resplendor rendeu o negro céu e Krishna que tinha caído na terra como
ferido por um raio, passou sobre uma luz deslumbradora. Mas seu corpo parecia insensível,
sua alma unida a do ancião, pelo poder da simpatia, subiu nos espaços, elevando-se ambos ao
sétimo céu dos devas (deuses), até ao Pai de todos os Seres, ao Sol dos Sóis, Mahadeva, a
Inteligência Divina. Ambos se submergiram em um oceano de luz, e bem no centro Krishna viu
a DEVAKI, sua mãe radiante, sua mãe glorificada, que com um sorriso inefável, lhe estendia os
braços e lhe atraia em seu seio.

Milhares de devas vinham beber na radiação da Virgem-Mãe, como em um foco incandescente


e Krishna se sentiu como reabsorvido em um olhar de Amor de Devaki. Então, do coração da
mãe luminosa, viu-se raios que atravessaram todos os céus. Ela sentiu que Krishna era a alma
divina de todos os seres, a palavra de vida, o verbo criador superior da vida Universal; Ele a
penetrava, SEM a menor essência de dor, através do fogo da oração e a felicidade de um
divino sacro-ofício.

Quando Krishna voltou a si, a selva estava sombria e torrentes de chuva caiam sobre a
cabana. “O ancião sublime” já não era mais que um cadáver. Mas Krishna se levantou como
um ressuscitado. Um abismo o separavam do mundo e de suas vãs aparências. Ele havia
percebido a grande verdade e compreendido sua missão. E quanto ao rei Kansas, cheio de
espanto, corria sobre o seu carro perseguido pela tempestade e seus cavalos corriam
fustigados por mil demônios. Krishna foi saudado pêlos anacoretas (povo da aldeia de sua
mãe) como o sucessor esperado e predestinado de Vasichta.

Celebrou-se o SHRADA, a cerimônia fúnebre do santo ancião, na selva sagrada, e o filho de


Devaki (Krishna) recebeu o bastão dos sete nós, sinal de comando, depois de haver feito o
sacrifício do fogo em presença dos mais antigos anacoretas, daqueles que sabem de memória
os três vedas (verdades eternas).

Em seguida, Krishna se retirou ao monte Meru para meditar ali sua doutrina e o caminho da
salvação para os homens. Suas meditações e suas austeridades duraram sete anos. Então
sentiu que havia dominado sua natureza terrena por meio de sua natureza divina, e que se
havia identificado grandemente com o sol de Mahadeva para merecer o nome de filho de Deus.
Então chamou a seu lado, os anacoretas jovens e anciões para revelar-lhes sua doutrina. Eles
encontraram Krishna totalmente modificado, bastante purificado e engrandecido; o herói se
havia transformado em Santo; não havia perdido sua força de leão, mas havia ganho a doçura
das aves. Entre os primeiros que o ouviram, estava Árjuna, um descendente dos reis solares,
um dos Pándavas destronados pêlos Kauravas, os reis lunares.

O jovem Árjuna era apaixonado, cheio de fogo, mas pronto a desencorajar-se e a cair em
dúvida, e se entusiasmou apaixonadamente com as doutrinas de Krishna. Este, sentado sobre
os cedros do monte Meru, frente ao Himalaya, começou a falar aos seus discípulos as
verdades inacessíveis aos homens que vivem na escravidão dos sentidos. Os ensinou a
doutrina do ATMA imortal, de seus renascimentos, e de sua união mística com Deus. O corpo,
envolve o ATMA, ou seja, a ALMA, e este corpo é finito; mas o ATMA que habita um corpo
material é invisível, incorruptível e eterno. O homem terrestre é triplo como a divindade que
reflete: inteligência, atma e corpo. Se o atma se une a inteligência, alcança SATWA, a
sabedoria e a paz. Se o atma permanece incerto entre a inteligência e o corpo, então está
dominado por RAJAS, a paixão e vai de objeto em objeto em um círculo fatal. Se finalmente o
atma abandona o corpo, então cai em TAMAS, o sem razão, a ignorância, a morte temporal. E
aí o que cada homem pode observar de si mesmo e ao seu redor (o anunciado desta doutrina
foi mais tarde a de Platão).

Mas Árjuna queria saber qual é o destino do homem depois de sua morte..... Se tivermos de
obedecer sempre a mesma ordem?.... Ou podemos escapar deste destino?....

Jamais escapamos da lei suprema e obedecemos a ela sempre.... Disse Krishna, eis aqui o
mistério dos renascimentos. Como as profundidades do céu se abrem aos raios das estrelas,
assim as profundidades desta vida se iluminam a luz desta verdade. E Árjuna continuava
perguntando sobre os mistérios da reencarnação, pelas leis que governam nossa matéria, as
trigunas (Satwa, Rajas e Tamas). Quando Krishna pressentiu esse profundo momento de
interesse de Árjuna sobre os mistérios da vida, Krishna aproveitou o momento e concluiu:
“Escuta, um grandessíssimo e profundo segredo, o mistério soberano, sublime e puro. Para se
alcançar a perfeição, tem que se conquistar a ciência da unidade (síntese ou yoga), que está
acima da sabedoria; há de elevar-se ao Ser Divino que está acima do ATMA, sobre a própria
inteligência. Mas este Ser Divino, este amigo sublime, está em cada um de nós. Porque Deus
reside no interior de todo homem, mas poucos sabem encontrá-lo. E é esta a via de salvação”.

Uma vez que hajas pressentido ao ser perfeito que está sobre o mundo e em ti mesmo, decide-
te abandonar o inimigo, que toma a forma do desejo (por coisas materiais). Domina vossas
paixões. Os gozos que procuram os sentidos são como as matrizes dos sofrimentos que hão
de vir. Não faça somente o bem: SEJA BOM...... Renuncie ao fruto de vossas obras, mas que
cada uma de vossas ações seja como uma oferenda ao Ser Supremo. Aquele que se rende à
Deus, alcança a perfeição. Unido espiritualmente, alcançarás esta sabedoria espiritual que está
acima do culto das oferendas, e sente uma felicidade divina, porque aquele que encontra em si
mesmo sua felicidade, seu gozo e ao mesmo tempo também sua luz, é UM com DEUS. .. e
sabendo a alma que tenha encontrado à Deus, estará liberta dos renascimento e da morte, e
beberá a água da imortalidade.

Deste modo, Krishna explicava sua doutrina a seus discípulos e pela contemplação interna, os
elevavam pouco a pouco as sublimes verdades que se haviam revelado sob os relâmpagos da
visão direta. E assim aconteceram vários ensinamentos aos discípulos de Krishna. Todos
ficavam sempre muito embevecidos com suas palavras e discursos. Aqui eu diria: leia o Gita,
com todo o seu coração e discernimento átmico, pois Nele está contido toda a beleza da vida,
na sua mais profunda verdade, que somos todos nós. Depois de haver instruído a seus
discípulos no monte Merú, Krishna foi com eles até as margens do rio Ganges, para converter
o povo. Entrava nas cabanas, e se detinha com as palavras. Ao entardecer, nos arredores das
aldeias, a multidão se agrupava ao seu redor. O que pregava ao povo era a caridade ao
próximo. Ele dizia: “O mal que praticamos aos nossos próximos, nos perseguem como nossa
sombra do corpo”. As obras que tem como base o amor ao próximo, são as que devem ser
ambicionadas pelo justo, pois serão as que pesam mais na balança celeste. Se acompanhares
os bons, teus exemplos serão inúteis; não temas em viver entre os maus, para conduzi-los até
o bem.

Quando os semi-sábios, os incrédulos, lhe pediam explicações sobre a natureza de Deus,


respondia com sentenças como esta: “A ciência do homem é vã; todas suas boas ações são
ilusórias quando não sabe relacioná-las a Deus; somente Deus pode compreender Deus.....
Não eram essas as únicas coisas novas de seus ensinamentos; embelezava e arrastava a
multidão, sobre tudo que dizia de Deus vivo, de VISHNU. Ensinava que o Senhor do universo
havia encarnado mais de uma vez entre os homens; se havia manifestado sucessivamente nos
sete rishis (mestres ascencionados), em Vyasa (também mestre Ascenso), e em Vasichta, e se
manifestaria de novo.

Mas Vishnu, gostava de falar através dos humildes: de um mendigo, através de uma mulher
arrependida, de uma criança... Por meio dos exemplos mencionados e tantos outros, Krishna
predicava o culto à Vishnu. O renome do profeta do monte Meru se difundiu pela Índia. Nesta
ocasião, o velho Nanda já havia morrido, e suas duas filhas que Krishna amava viviam
separadas. Saraswati, irritada pela partida de Krishna, havia buscado recompensa em um
casamento com um homem de casta nobre, que se apaixonou por sua beleza, mas em
seguida a repudiou e a vendeu a um comerciante. Tempos depois, voltou a sua cidade natal a
procura de sua irmã; esta não tinha se casado, e vivia com um irmão como sua servente.
Saraswati contou toda sua estória para a irmã, e esta lhe disse que somente Krishna poderia
salvar-lhe. Explicou a irmã que ELE tinha se tornado Santo, um grande profeta, e que Ele vivia
pregando ao redor do Ganges. Então resolveram ir ao encontro DELE. Krishna se dispôs a
ensinar sua doutrina aos guerreiros, porque por turnos predicava aos monges, também aos
homens da casta militar e ao povo. Aos monges ensinava, com a calma da idade madura, as
verdades profundas da ciência divina; entre aos Rajás celebrava as virtudes guerreiras e
familiares com o fogo da juventude; ao povo falava, com a sensibilidade da infância, de
caridade, de resignação e de esperança.

Logo as duas irmãs se encontraram com o Mestre, e foram por Ele reconhecidas como suas
seguidoras, e as nomeou como Saraswati sendo sua seguidora da fé, e Nichdali como sua
seguidora do amor. Kansa reinava ainda em Madura. Depois do assassinato de Vasichta, o rei
não havia encontrado paz sobre seu trono. Nysumba, esposa de Kansa, Também se rendeu
ao fracasso, e só pensava em seus poderes perdidos. O rei ainda inconformado mandou outra
tropa de soldados até as margens do Ganges, com a finalidade de persuadirem Krishna, para
levá-lo à presença do rei. O Mestre muito intuitivo, logo percebeu a intenção, e muito
inteligentemente, pediu um tempo aos soldados e antes de irem ao rei, começou a falar do Rei
do Mundo, Mahadeva. Claro, aí vocês já podem imaginar, Krishna conquistou a todos, e sendo
assim não O levaram até a presença de Kansa.

Inconformado, Kansa voltou para pega-lo com mais soldados de sua confiança, mas com a
convicção de que não iriam ouvi-Lo....... Tudo em vão...... Mais uma vez Krishna encanta a
todos. Nesta altura Ele já estava sendo chamado até de Mago. Kansa triplicou sua guarda, e
mandou colocar cadeados em todos os portões do palácio. Certo dia ouviu um grande ruído na
cidade, gritos de alegria e de triunfo. Os guardas lhe trouxeram a noticia de que era Krishna
que entrava em Madura, e que todo o povo rompia suas portas para recebê-Lo. E tudo isto era
fato: Entrou sob uma chuva de guirlandas de flores; todos o aclamavam; todos O saudavam
como vencedor da serpente, o herói do monte Meru, mas acima de tudo ao profeta de VISHNU.

Seguido de brilhante cortejo e saudado como um libertador pelo povo, Krishna se apresentou
ao rei Kansa e sua mulher, lhes dizendo que apesar de merecerem castigos pêlos seus erros,
por um reinado de injustiças, ainda assim Ele não iria lhes conferir a morte, pois queria mostrar
aos seus seguidores que não é matando que se reequilibra um mal feito, e sim triunfando sobre
seus inimigos.

Resolveu mandá-los a um lugar de penitencias com a finalidade de que eles observassem seus
crimes. Passado alguns dias Krishna com a concordância dos mais velhos, consagra o seu
discípulo Arjuna, o mais ilustre descendente da raça solar, como rei de Madura, e deu-lhe a
autoridade suprema dos Brahmanes, que se converteram em instrutores dos reis. Krishna
continuou sendo chefe dos anacoretas, que formaram o conselho superior dos Brahmanes.

Então construíram para si mesmos uma cidade forte entre as montanhas; se chamava
DWARKA. No centro desta cidade encontrava-se o templo dos iniciados, cuja parte mais
importante estava oculta no subterrâneo; Entretanto, quando os reis do culto lunar souberam
que um rei do culto solar havia subido ao trono em Madura e que os Brahmanes iam ser os
donos da Índia, formaram entre si uma poderosa liga para derrubar o trono. Arjuna, por sua
parte, agrupou ao seu redor todos os reis do culto solar, da tradição branca, ária, védica. Desde
o fundo do templo de Dwarka, Krishna os seguia, os dirigia. Os dois exércitos se encontravam
em presença, e a batalha era eminente. Arjuna, ao faltar-lhe ao seu lado o Mestre, sentia-se
conturbado e seu valor debilitado. Uma manhã, ao romper o dia, Krishna apareceu ante a tenda
do rei, seu discípulo e lhe perguntou por que não teria começado o combate que iria decidir
quem iria reinar sobre a terra, os filhos do sol ou os filhos da lua?

E Arjuna responde que sem Ele não poderia fazê-lo. Desolado, pediu ao Mestre que junto dele
olhasse os dois exércitos imensos e essas multidões que iriam morrer. Desde a eminência em
que estavam colocados, o Senhor dos Espíritos e o rei de Madura contemplaram os dois
exércitos imensos, alinhados em ordem, um frente ao outro. Viam-se brilhar os fios das malhas
douradas dos chefes; milhares de guerreiros, cavalos e elefantes, esperavam o sinal do
combate. E neste momento, o mais ancião dos Kauravas, assoprou a grande concha com um
rugido de leão, e assim deu-se o início ao combate. Krishna sentiu-se logo muito violentado e
sentiu fundir-se seu coração, submergido na piedade e falou muito abatido: “Ao ver tudo isto,
minha boca se seca, meu corpo treme, meus cabelos se eriçam sobre minha cabeça, meu pé
arde, meu espírito gira em tonturas. Ninguém pode viver bem, vindo desta
matança”. Questionou sobre absolutamente tudo, seus parentes, amigos, enfim....... Exausto
Arjuna foi surpreendido por Krishna quando este lhe disse: Em pé! Chamo-te de rei do sono
para que teu espírito esteja sempre alerta. Mas teu espírito dormiu e teu corpo venceu tua
alma. Os que acreditam que a alma mata ou morre, se enganam igualmente. Nem mata e nem
pode matar. Ela não foi nascida e não morre, e não pode perdê-la, o ser que a sempre teve.
Nem a espada a corta, nem o fogo a queima, nem a água a molham, nem o ar a seca.
Duradoura, firme, eterna, ela atravessa o todo; para aquele que nasce a morte é certa, e para o
que morre o renascimento é certo.

Então Arjuna sentiu ferver seu sangue real com seu valor, lançando-se sobre seu carro dando
o sinal de combate. Krishna se despediu de seus discípulos, porque estava seguro da vitória
dos filhos do sol. Ele havia compreendido que, para fazer valer sua religião aos vencidos, era
preciso ganhar sobre sua alma uma última vitória, mais difícil que a das armas. De igual modo
que o santo Vasichta havia sido morto, atravessado por uma flecha para revelar a verdade
suprema a Krishna, assim Krishna deveria morrer voluntariamente sob os golpes de seu
inimigo mortal, para implantar no coração de seus adversários a fé que Ele havia ensinado aos
seus seguidores e ao mundo. Ele sabia que o rei de Madura havia se refugiado na casa de
Kalayeni, o mago negro, rei das serpentes; e que Ele Krishna estava sempre sendo vigiado
pêlos homens desse seu rival. O mestre sentia em contra partida que sua missão tinha
terminado e por esta razão, cessou de evitar a companhia do inimigo pelo poder de sua
vontade. Por fim, o filho de DEVAKI queria morrer longe dos homens, perto do Himalaya. Ali se
sentiria mais perto de sua mãe radiante, do sublime ancião e do sol de Mahadeva.

Krishna partiu...... Nenhum de seus discípulos havia penetrado seus desígnios. Somente
Saraswati e Nichdali que o seguiram é claro, com sua permissão. Após alguns dias de viagem,
elas questionaram ao Mestre do porque daquilo? E Krishna respondeu: É necessário que o
filho de Mahadeva morra atravessado por uma flecha, para que o mundo acredite em sua
palavra. Pediu então que todos orassem durante sete dias. O semblante de Krishna se
transfigurava e parecia mais radiante. Após o sétimo dia os arqueiros do rei Kansa chegaram
próximo do Mestre, olharam para as mulheres..... Eram soldados rudes, de rosto amarelado e
negro. Ao ver a figura estática do santo, se deteve. Primeiro o injuriaram, depois lhe jogaram
pedras, mas Ele não saia de sua imobilidade. Logo os arqueiros se colocaram a distancia e se
puseram a atirar sobre Ele. A primeira flecha que lhe atravessou lhe brotou o sangue e Krishna
exclamou: “Vasichta, os filhos do sol venceram”. Quando a Segunda flecha vibrou em sua
carne, disse: “Minha mãe radiante, que os que me amam, entrem comigo em sua luz”. E na
terceira disse somente: “Mahadeva! (Deus)....

“E logo, com o nome de Deus, entrego meu espírito”.

O sol havia se escondido, um grande vento se fez, uma tempestade de neve inundou o
Himalaya. O céu se fechou. Os assassinos fugiram; e as duas mulheres caíram desvanecidas
sobre o solo; O corpo de Krishna foi queimado por seus discípulos na cidade santa de
DWARKA. Saraswati e Nichdal se atiraram na fogueira para unirem-se a seu dono e Mestre; e
a multidão acreditou ver o filho de Mahadeva sair das chamas em um corpo cheio de luz,
subindo rumo ao infinito e levando consigo as duas nobres mulheres que tanto o amavam em
vida. Depois disto, uma grande parte da Índia adotou o culto de Vishnú, que conciliava os
cultos solares e lunares na religião de Brahma (Deus).

Tal é a legenda de Krishna, reconstituída em seu conjunto orgânico e colocada na perspectiva


da estória. Ela arroja uma viva luz sobre as origens do Brahmanismo. “SEMPRE HÁ UM
GRANDE SER HUMANO NA ORIGEM DE UMA GRANDE INSTITUIÇÃO”. Considerando o
papel dominante de Krishna na tradição épica e religiosa, seus aspectos humanos por uma
parte e por outra, sua identificação constante com Deus manifestado ou Vishnu, força-nos a
crer que Ele foi o criador do culto Vishnuista, que deu ao Brahmanismo sua virtude e seu
prestígio. É, pois, lógico admitir que em meio ao caos religioso e social que se criava na Índia
primitiva, a invasão dos cultos naturalistas e apaixonados, apareceu um reformador iluminado
que renovou a pura doutrina ária pela idéia da trindade e do verbo divino manifestado, que
possuiu ao céu pela sua obra e por sacrifício de sua vida, e deu assim à Índia sua alma
religiosa, sua forma nacional e sua organização definitiva.

Mas a importância de Krishna nos parece ainda maior e de um caráter realmente universal, se
notarmos que sua doutrina encerra duas idéias mães, dos princípios organizadores das
religiões e da filosofia esotérica. Estas são: a doutrina orgânica da imortalidade da alma ou das
existências progressivas pela reencarnação, e a que corresponde à trindade ou verbo divino
revelado ao homem. A idéia de que Deus, a verdade, se revela no homem consciente com um
poder redentor que ressalta até as profundidades do céu pela força de amor e de sacrifício;
essa idéia fecunda entre todas, aparece pela primeira vez em Krishna. Ela se personifica no
momento em que, saindo de sua juventude ária, a humanidade vai se render-se mais e mais ao
culto da matéria.

Krishna nos revela a idéia do verbo divino; Depois de Krishna há como uma poderosa
irradiação do verbo solar através dos templos da Ásia, África e Europa. Em todas as partes o
Deus Solar é um Deus mediador e a luz também é a palavra de vida. Por Krishna entrou a
idéia messiânica no mundo antigo; por Jesus irradiou-se esta mesma idéia sobre o ocidente; e
hoje sendo difundido imensamente pela filosofia do Mestre atual encarnado em nossa época,
“Sri Bhagavan Mitra Deva” (o primeiro de uma sucessão de nove avataras), para que
possamos chegar ao cume desta estória com a vinda do próximo Maha Avatar que terá 100%
da energia de Narayana, ou seja, Ele próprio, aproximadamente daqui a 12 mil anos (isto pode
ser modificado pelo acréscimo do nosso nível conscencional) que virá com o nome de Kalki
Avatar, sendo Este mais conhecido aqui no ocidente com o nome de “Senhor Maytréia”.
(também Mestre da Suddha Dharma Mandalam, morador em uma das cidades santas, em
Badari Vana, localizada no norte do Himalaya. Para terminar esta matéria recordarei uma
passagem do Srimad Bhagavad Gita onde Arjuna questiona Krishna da seguinte forma:

“Quem sou eu? E o Senhor respondeu: “Tu és, meu filho, tudo aquilo que eu sou”.
-Pra que eu vivo?
-Tu vives para responder à todas as tuas perguntas.
-Onde estás, Oh! Grande Deus?
E onde não estou?.............

Você também pode gostar