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Dimensionamento de Ligações Soldadas
Índice
3.1 Considerações preliminares
3.2 Processos e materiais de soldagem
3.2.1 Processos de soldagem
3.2.2 Eletrodos
3.3 Classificação das ligações soldadas
3.3.1 Classificação quanto ao tipo de junta
3.3.2 Classificação quanto ao tipo de solda
3.3.3 Classificação quanto à continuidade
3.3.4 Classificação quanto à posição de soldagem
3.4 Simbologia de soldagem
3.5 Disposições construtivas
3.5.1 Soldas de filete
3.5.2 Soldas de entalhe
3.6 Força resistente de cálculo das soldas
3.7 Ligações excêntricas
3.7.1 Considerações preliminares
3.7.2 Ligações excêntricas por corte
3.7.3 Ligações excêntricas por flexão
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Dimensionamento de Ligações de Estruturas de Aço
Departamento de Engenharia Civil Capítulo 3
CIV 353 – Estruturas Metálicas Dimensionamento de Ligacões Soldadas
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Dimensionamento de Ligações Soldadas
O sucesso de uma ligação soldada está relacionado à observação dos seguintes critérios:
a) a correta definição do tipo de solda em função do tipo de elementos a serem ligados;
b) a adequada preparação das partes a serem ligadas;
c) o emprego de mão-de-obra qualificada;
d) o uso de materiais adequados,
e) a realização de um adequado controle de qualidade;
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do metal-base e do metal de adição (metal da solda) (Figura 3.2). Como resultado da fusão,
as superfícies entre as peças são eliminadas, os metais são solidificados e a solda é formada.
Portanto, o processo de soldagem é uma operação que tem por objetivo unir as peças
metálicas e solda é o resultado desta operação. O material das peças que estão sendo
soldadas é denominado metal- base. Nos processos de soldagem por fusão, normalmente
um material adicional é utilizado para formação da solda, denominado metal da solda.
Durante o processo de soldagem o metal da solda é fundido pela fonte de calor e misturado
com um certa quantidade de metal-base também fundido, formando a chamada poça de
fusão (Figura 3.3).
Existem diversos tipos de processos de soldagem por fusão que podem ser classificados de
acordo com o tipo de fonte de energia utilizada para fundir as peças. Dentre estes, os
processos de soldagem que utilizam a energia elétrica são os de maior interesse para as
estruturas de aço. Nestes casos, a fusão dos materiais é promovida pelo calor produzido por
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um arco elétrico. Em função da tendência de reação do material fundido com a atmosfera,
o que pode gerar impurezas na solda, a maioria os processos de soldagem por fusão requer
a utilização de algum meio de proteção.
a) Soldagem por arco elétrico com eletrodo revestido (SMAW - Shielded metal arc
welding)
Neste processo, o calor necessário para a fusão dos materiais é obtido pela formação de um
arco elétrico entre o metal-base e o eletrodo revestido, formado por um metal compatível
com o metal-base (Figura 3.4). Durante o processo de soldagem o revestimento é
consumido juntamente com o eletrodo, transformando-se em gases inertes e em escória,
impedindo que o material fundido entre em contato com a atmosfera. Se houver este
contato, ocorrerão combinações químicas que tornarão a solda frágil e menos resistente à
corrosão.
É um processo manual no qual utiliza-se eletrodo de vareta, sendo o mais antigo, simples e
versátil entre os processos de soldagem.
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O processo de soldagem por arco submerso pode ser automático ou semi-automático, com
grande penetração e grande velocidade.
c) Soldagem por arco elétrico com proteção gasosa (GMAW - Gas metal arc welding)
Este processo também é conhecido como MIG (Metal Inert Gas), quando se utilizam gases
inertes, ou como MAG (Metal Active Gas), quando se utilizam gases ativos ou mistura de
gases ativos e inertes. No caso em que utiliza-se eletrodo de tungstênio com um gás inerte,
o processo recebe o nome de TIG (Tungsten Inert Gas) ou GTAW (Gas tungsten arc
welding).
Este processo pode ser utilizado em todas as posições de soldagem e permite um melhor
controle visual.
d) Soldagem por arco elétrico com fluxo no núcleo (FCAW - Flux cored arc welding)
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É um processo automático ou semi-automático, também conhecido como processo de
soldagem com arame tubular.
3.2.2 Eletrodos
Os eletrodos são varetas de aço carbono ou aços de baixa liga especificados de modo a
apresentar resistência não inferior àquelas dos aços com os quais são aplicados.
Os eletrodos mais utilizados em estruturas de aço, assim como os aços com os quais devem
ser utilizados são apresentados na Tabela 3.1, onde fw é a resistência nominal à ruptura por
tração do eletrodo. O eletrodo mais frequentemente utilizado em estruturas metálicas em
geral é o E 70 XX.
Em função da posição relativa entre as peças a serem ligadas, definem-se os tipos de junta
descritos a seguir:
a) junta de topo (Figura 3.8.a);
b) junta em T (Figura 3.8.b);
c) junta de canto (Figura 3.8.c);
d) junta com transpasse ou sobreposta (Figura 3.8.d);
e) junta de borda (Figura 3.8.e);
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As disposições construtivas do projeto de uma ligação podem exigir uma preparação das
peças para soldagem. Esta preparação, que envolve a execução de cortes, sulcos na
superfície da(s) peça(s) ou conformação especial da junta, define o espaço que conterá a
solda e recebe o nome de chanfro. Os tipos de chanfros mais comuns em juntas de topo são
mostrados na Figura 3.9.
O tipo de chanfro a ser utilizado em uma determinada condição de soldagem deve ser
escolhido em função do processo de soldagem, dimensões e espessura das peças a serem
ligadas, maior ou menor facilidade de deslocá-las e ter acesso à região da junta, custo de
preparação do chanfro, etc. Juntas sem chanfro normalmente são utilizadas somente para
união de peças de pequena espessura, onde as condições de soldagem permitem obter a
penetração desejada.
a)
b)
d)
c)
e)
Figura 3.8 - Tipos de junta: (a) junta de topo; b) junta em T; c) junta de canto; d) junta
com transpasse ou sobreposta; e) junta de borda.
g) em J h) em duplo J i) em duplo U
Figura 3.9 - Tipos de chanfro comuns em juntas de topo.
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3.3.2 Classificação quanto ao tipo de solda
De acordo com a posição do metal da solda em relação ao metal-base, os tipos de solda são
definidos como:
a) solda de entalhe (Figura 3.10.a e b);
b) solda de filete (Figura 3.10.c);
c) solda de tampão (Figura 3.10.d e e).
Nas soldas de entalhe, o metal da solda é disposto entre as peças metálicas, com ou sem a
execução de chanfros, cujas formas são apresentadas na Figura 3.9. A solda de entalhe pode
ser de penetração total (Figura 3.10.a), se alcançar toda a espessura das peças a serem
ligadas, ou parcial (Figura 3.10.b), se abranger somente uma parte da espessura das peças
a serem ligadas.
Nas soldas de filete, o metal da solda é disposto nas faces laterais das peças a serem ligadas
(Figura 3.10.c).
Nas soldas de tampão, o metal da solda é depositado em furos circulares (Figura 3.10.d) ou
alongados (Figura 3.10.e), executados em uma das peças a serem ligadas.
(a) (b)
(c)
(d) (e)
Figura 3.10 - Tipos de solda: (a) solda de entalhe de penetração parcial; (b) solda de
entalhe de penetração total; (c) solda de filete; (d) solda de tampão com furo circular; (e)
solda de tampão com furos alongados.
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3.3.3 Classificação quanto à continuidade
De acordo com a continuidade as soldas são definidas como:
a) solda contínua (Figura 3.11.a);
b) solda intermitente (Figura 3.11.b);
c) solda ponteada (Figura 3.11.c).
As soldas contínuas e as soldas intermitentes são utilizadas para fins estruturais, sendo que
as contínuas não apresentam interrupção ao longo de sua extensão (Figura 3.11.a), enquanto
que as intermitentes são dispostas em intervalos regulares (Figura 3.11.b). As soldas
ponteadas (Figura 3.11.c) não são utilizadas para fins estruturais e têm a finalidade de
manter as peças a serem ligadas alinhadas até a aplicação da solda definitiva.
A solda plana (Figura 3.12.a) é a mais simples de se executar, a de menor custo e a que
produz melhores resultados. Por esses motivos, a solda plana é a preferida nos trabalhos de
fábrica, quando é possível posicionar as peças a serem ligadas de forma adequada. A solda
horizontal (Figura 3.12.b) e vertical (Figura 3.12.c) são empregadas tanto em trabalhos de
fábrica, como de campo. A solda de sobrecabeça (Figura 3.12.d) é a mais difícil de se
executar, sendo reservada a casos onde não existe outra alternativa de soldagem. A solda
de sobrecabeça é mais susceptível a defeitos e requer mão-de-obra de maior qualificação.
Na Figura 3.13 apresenta-se uma escala de custos crescente entre os tipos de solda de acordo
com a posição de soldagem.
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(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.12 - Tipos de solda quanto à posição de soldagem: (a) solda plana; (b) solda
horizontal; (c) solda vertical; (d) solda de sobrecabeça.
Figura 3.13 - Escala de custos crescente entre os tipos de solda de acordo com a posição
de soldagem.
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3.4 Simbologia de soldagem
A apresentação da solda nos desenhos de projeto ou de fabricação requer uma convenção
de símbolos que possibilite a descrição de suas características (tamanho, comprimento, tipo,
etc.). Para isto utiliza-se a simbologia da AWS (American Welding Society), definida pela
norma AWS A2.4, que consiste de uma série de símbolos, sinais e números, dispostos de
uma forma ordenada, de maneira a fornecer as informações sobre uma determinada solda
e/ou operação de soldagem. A simbologia da AWS é composta pelos seguintes elementos:
a) linha horizontal de referência;
b) seta;
c) símbolo básico da solda;
d) dimensões e outros dados;
e) símbolos suplementares.
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Nas Figuras 3.17 e 3.18 apresentam-se alguns exemplos de soldas e suas respectivas
simbologias.
(a) (b)
Figura 3.17 - Exemplos de soldas e respectivas simbologias
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3.5 Disposições construtivas
b
tw
Figura 3.19 - Filete de solda com indicação da seção transvesal real e teórica, onde tw é a
garganta efetiva do filete.
A área efetiva (Aw) de uma solda de filete deve ser calculada como o produto do
comprimento efetivo da solda pela espessura da garganta efetiva:
Aw l w t w
onde:
lw comprimento efetivo da solda;
tw garganta efetiva do filete (igual à menor distância medida da raiz do filete à face
plana teórica da solda) conforme Figura 3.19.
b
tw 0,707 b
2
O comprimento efetivo de uma solda de filete deve ser igual ao comprimento total da solda
de dimensão uniforme, incluindo os retornos nas extremidades.
A MB l w b
onde:
lw comprimento efetivo da solda;
b menor distância da raiz do filete à face externa do triângulo inscrito.
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Na Tabela 3.2 apresenta-se o tamnho mínimo da perna de uma solda de filete, dado em
função da parte menos espessa a ser soldada.
A resistência de uma solda de entalhe é determinda em função de uma área efetiva de solda
(Aw) e de uma área teórica de fusão (AMB).
A área efetiva (Aw) de uma solda de filete deve ser calculada como o produto do
comprimento efetivo da solda pela espessura da garganta efetiva:
Aw l w te
onde:
lw comprimento efetivo da solda;
te espessura efetiva.
A área teórica de fusão (AMB) é igual ao produto do comprimento da solda pela espessura
da peça mais delgada da ligação.
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Tabela 3.3 - Espessura mínimas da garganta efetiva de uma solda de penetração parcial
Para efeitos de verificação das soldas de filete, os esforços solicitantes em qualquer direção
no plano perpendicular ao eixo longitudinal da solda são considerados como esforços
cisalhantes.
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Tabela 3.4 - Força resistente de cálculo de soldas (ABNT NBR 8800:2008).
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3.7 Ligações excêntricas
F F
a) b)
y y
F Fy
..
Fx
Fy
e Mt=F.e
.
CG
CG
x Fx x
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A taxa de esforço devido ao cisalhamento (fv’) é constante ao longo de todo o cordão e dada
por:
F
f v
lw
As componentes x e y da taxa de esforço (fv’) são dadas por:
F
f vx x
w
Fy
f vy
w
. . y
..x
x
.
. i F"v x
ri F"v y
F"v y
h
CG
Mt x
.
.. .
b
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3.7.3 Ligações excêntricas por flexão
São ligações em que a linha de ação da carga não passa pelo centro de gravidade da solda
e está fora do plano da ligação (Figura 3.6.4).
y
F Fy
f vx
Fx
. f vy
e Fy
x Fx
CG h
Mo = F e
A taxa de esforço devido ao esforço cortante (fv’)é constante ao longo de todo o cordão e
dada por:
F
f v
lw
As componentes x e y da taxa de esforço(fv’) são dadas por:
F
f vx x
w
Fy
f vy
w
O momento fletor Mo (Figura 3.6.4) gera esforços adicionais de cisalhamento na solda. A
taxa de esforço devido ao momento fletor na solda, por unidade de comprimento, em um
ponto qualquer “i”, situado a uma distância ci do eixo neutro da seção da solda é dado por:
M
f vx o
W
onde:
W módulo resistente à flexão do cordão de solda;
M0 momento fletor aplicado
Mo F e
A taxa de esforço final na solda (fv) é dada pela soma vetorial nos eixos x e y:
fv f '
vx f vx'' f
2 ' 2
vy
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