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NATURALISMO
Obras: Memórias Póstuma de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial
de Aires.
Contos: Papéis avulsos, Histórias sem data, Várias histórias, Relíquias da casa velha, Missa de
Galo.
poesia: Ocidentais.
"Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para
dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de
dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos
de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam
não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro,
como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado,
agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos
espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía
delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e
tragar-me.”
“Dom Casmurro”, Machado de Assis.
Aluísio Azevedo
Aluísio Azevedo nasceu na cidade de São Luís, Maranhão, em 14 de abril de 1857.
Quando jovem ele fazia caricaturas e poesias, como colaborador, para jornais e revistas
no Rio de Janeiro. Seu primeiro romance publicado foi: Uma lágrima de mulher, em 1880.
Fundador da cadeira número quatro da Academia Brasileira de Letras e crítico social, este
escritor naturalista foi autor de diversos livros, entre eles estão: O Mulato, que provocou
escândalo na época de seu lançamento, Casa de Pensão, que o consagrou e O Cortiço,
conhecido com sua obra mais importante.
Este autor, que não escondia seu inconformismo com a sociedade brasileira e com suas
regras, escreveu ainda outros títulos: Condessa Vésper, Girândola de Amores, Filomena Borges,
O Coruja, O Homem, O Esqueleto, A Mortalha de Alzira, O livro de uma Sogra e Demônios.
Durante grande parte de sua vida, Aluísio de Azevedo viveu daquilo que ganhava como
escritor, mas ao entrar para a vida diplomática ele abandonou a produção literária.
Faleceu em Buenos Aires (Argentina), aos 56 anos, no dia 21 de janeiro de 1913.
João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um
vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura
taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que
ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe
deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que
estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.
Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação
ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que
afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da
própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de
estopa cheio de palha. A comida arranjava-lhe, mediante quatrocentos réis
por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava
de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que
tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.
“O cortiço”, Aluísio de Azevedo.
Raul Pompeia
O escritor nasceu em 12 de abril de 1863, em Angra dos Reis, no
Rio de Janeiro. Mais tarde, fez faculdade de Direito em São Paulo, foi
professor de Mitologia na Escola de Belas Artes e diretor da
Biblioteca Nacional. Era republicano e abolicionista, mas partidário
do presidente Floriano Peixoto.
O autor, que cometeu suicídio em 25 de dezembro de 1895, foi um
dos principais nomes do naturalismo brasileiro. Suas obras,
portanto, são caracterizadas pelo antirromantismo e determinismo.
O seu romance mais conhecido é O Ateneu, o qual critica o ambiente
de colégios internos do século XIX.
“Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros
que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.
Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a
compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam,
alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica
de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas,
um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao
crepúsculo - a paisagem é a mesma de cada lado, beirando a estrada da
vida.”
“O Ateneu”, Raul Pompeia.
Dedicatória:
Ao verme que primeiro roeu as
frias carnes do meu cadáver
dedico como saudosa lembrança
estas memórias póstumas.
Brás Cubas