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3º DIA

Um compilado do conhecimento transmitido nas


palestras do segundo dia de congresso
SUMÁRIO

01 Dr.Júlio Braga
Os desafios atuais do ensino
médico no Brasil

02 Dr. Bernardo O que você precisa saber sobre as


Precht residências médicas do país

03 Dr. Bruno Estudos: da idealização à


Farnetano realidade acadêmica

O profissionalismo médico e o
04 Dr. Hélio
Angotti
Código de Ética dos
Estudantes de Medicina
1º AULA
Dr. Júlio Braga

perfil de acadêmico adequado


Quando se pensa nos desafios do ensino médico no Brasil, há diversos parâmetros que
precisam ser considerados e analisados a fim de que esses entraves sejam superados e
a melhor formação médica possa ser fornecida.

Dessa maneira, o primeiro desafio que se pode destacar é acerca do Ingresso, isto é, da
busca de um perfil de acadêmico adequado, que busque, por exemplo, sempre estar
atualizado, de modo que isso possa inclusive refletir na sua vida profissional

Quando se analisa o processo de ingresso na


faculdade de medicina hoje no Brasil, notamos
que ela apresentou uma significativa abertura
para novos estudantes em relação a períodos
anteriores da história nacional. Em 1813, por
exemplo, por meio da reforma “Bom Será” do
Dr. Manoel Carvalho, ficou estabelecido que a
exigência mínima para ingressar na faculdade
de medicina, além de saber ler e escrever,
seria ter conhecimento da língua inglesa e
francesa, algo muito restritivo.

Por outro lado, embora atualmente não seja requisitado o mesmo nível
de conhecimento de línguas estrangeiras, não se pode ignorar que é
indispensável que o acadêmico de medicina busque oferecer um maior
nível de qualificação para prestar seus cuidados à população
1º AULA
Dr. Júlio Braga

“Os novos acadêmicos devem buscar


ser os melhores em sua atuação”
Assim, ainda que, atualmente, o ingresso na faculdade de
medicina seja mais facilitado, é fundamental que os novos
acadêmicos busquem ser os melhores em sua atuação, se
mantendo atualizados, não só em sua graduação, mas também
em sua vida profissional.

“as faculdades públicas proporcionam menores custos e maior


reconhecimento ?? “
A resposta é não necessariamente. Isso irá variar de acordo com a realidade de
cada instituição, porém é válido lembrar que algumas faculdades privadas
poderão inclusive ter alguns benefícios em relação às públicas, entre os quais
podemos citar a grade curricular que tende a ser mais ajustável e previsível o
que, consequentemente, pode ser favorável para a conciliação com a atividade
profissional de alguns acadêmicos.

(I D D)
Além disso, outra forma de verificar qual seria a melhor faculdade de medicina para se
ingressar seria por meio da consulta de indicadores como o Indicador de Diferença entre
os desempenhos (IDD), o qual mede o impacto da faculdade sobre a trajetória do ensino e
formação dos alunos que nela ingressam, o ENADE e o SAEME-CFM, sendo este um
sistema de acreditação de escolas médicas reconhecido internacionalmente e que já
validou mais de 60 cursos.
1º AULA
Dr. Júlio Braga

O terceiro desafio ocorre acerca


da autorização para a abertura
de Cursos de Medicina.
Isso ocorre em parte devido aos instrumentos de avaliação dos cursos, que às vezes são métodos
ineficientes e genéricos, como afirma o Dr. Júlio Braga. Tais instrumentos deveriam considerar outros
fatores que são muito mais relevantes para a formação de novas faculdades de medicina, por
exemplo, se há a disponibilidade de professores médicos para atender os novos alunos, haja vista a já
reduzida parcela de professores médicos nos anos iniciais dos cursos de medicina no Brasil. Ademais,
outra dificuldade para a abertura de mais faculdades de medicina no Brasil e que é a mesma dificuldade
que o Programa Mais Médicos tem se deparado, mesmo que ele tente flexibilizar tal questão, é a
carência de mais campos de estágios para essa novas instituições, uma vez que, para que ocorra a
adequada formação médica, é indispensável que o acadêmico possa exercitar seus conhecimentos
teóricos ao longo do curso.

Em síntese, pode-se concluir que no Brasil há menos leitos


hospitalares por habitantes que a média do mundo, de
acordo com a OMS, e há menos leitos efetivos por egressos
de medicina, bem como, por outro lado, mais leitos
privados, em termos proporcionais, em relação aos países
membros da OCDE.
1º AULA
Dr. Júlio Braga

“Brasil tem uma grande relação de


aluno de medicina por habitantes”
Por fim, deve-se concluir que o Brasil tem
uma grande relação de aluno de medicina
por habitantes e isso é acompanhado de
menor disponibilidade de campo de
estágios para estes acadêmicos quando
comparado com o exterior e, assim, torna-
se claro que, não só não é seguro manter
esse paradigma na formação médica, como
também é perigoso que se agrave ainda
mais.
2º AULA
Dr. Bernardo Precht

: “o que não é contado sobre a preparação


para a residência médica?”.
O primeiro passo é refletir sobre o atual cenário médico, ou seja,
como é a procura e a disponibilidade de vagas para residência
médica nos últimos anos? De modo imediato, pode parecer até
motivador quando se nota que há cada vez mais vagas de
residência ociosas, isto é, não ocupadas, transmitindo uma
falsa sensação de que há mais vagas disponíveis.

Por outro lado, pode causar em alguns


estudantes também a sensação de
desmotivação, uma vez que a chegada
de novos formandos em medicina tem
sido crescente e que não demonstra
perspectiva de retrocesso.
2º AULA
Dr. Bernardo Precht

diversas especialidades médicas


têm diminuído o número de vagas….
. E somado a isso, é importante destacar que diversas
especialidades médicas têm diminuído o número de vagas
ofertadas nos últimos 4 anos para a residências, incluindo
grandes áreas como o Dr. Bernardo Precht traz, entre as
quais pode-se destacar :

clinica médica (-5,1%),


obstetrícia (-11,5%),
dermatologia (-30,9%),
cardiologia (-17,3%),
ortopedia (-28,7)
urologia (-20,7%).
1•Então como um estudante deveria julgar o
momento atual?
2•Ele é bom ou ruim para correr atrás da sua
vaga de residência médica?
3•Ainda vale a pena ter residência?
2º AULA
Dr. Bernardo Precht

Quando pensamos acerca do valor e da importância de se fazer uma


residência, o Dr. Bernardo afirma que é extremamente importante.
Inclusive, modo pessoal, ele salienta que foi por meio da sua
especialização que ele pode aprender a lidar com pessoas do seu meio
profissional, a se inserir em bons serviços, além de obter disciplina e
compreender melhor a questão da hierarquia lá presente, enfim, sua
especialização trouxe a ele muitos benefícios que vão além das diversas
informações que se obtêm

Pensando agora no questionamento acerca do


cenário atual ser bom ou ruim para se preparar
para a residência, pode-se dizer que depende.

Pois, por um lado, pode parecer difícil quando se considera que há uma
concorrência que aumenta progressivamente ou um número de vagas cada
vez mais reduzidas para o ingresso na especialização desejada.

Já sob outra ótica, pode parecer até


motivador quando se destaca o fato de,
na modernidade, haver uma imensurável
disponibilidade de informações,
materiais, vídeos e toda sorte de
conteúdo que qualquer acadêmico pode
conseguir alcançar por meio de seu
computador ou celular.
2º AULA
Dr. Bernardo Precht

como dar conta do volume de conteúdo do internato,


dos desafios pessoais ou do cenário adverso que terei
enfrentar durante minha preparação?

A resposta é, dizendo: Não!


Não às distrações, não aos projetos menos relevantes, não aos
métodos falhos de preparação… não para tudo que te afasta do
seu objetivo de especialização. Ou seja, não é somente uma
questão de se obter mais foco, mas sim de tomar as decisões
corretas durante a preparação para a residência médica.

Dessa maneira, o Dr. Bernardo Precht demonstra


objetivamente que a melhor forma de
preparação que o acadêmico pode ter em seu
internato é a realização de atividades práticas
após o estudo teórico feito pelo estudante.

o ato de praticar a atividade, principalmente de forma espaçada em


relação ao estudo teórico, contribui para que haja uma recuperação
ativa das informações que outrora tinham sido estudadas.
2º AULA
Dr. Bernardo Precht

revisões e treinamento
prático intervalado
Assim, por meio de revisões e treinamento prático intervalado após
o estudo teórico, o acadêmico que está preparando para sua
residência não só terá o caminho necessário para dizer não para
suas distrações, mas também as condições de utilizar o cenário
atual para seu melhor aproveitamento e preparação, otimizando
tempo e potencializar o aprendizado.

Focando nessa questão da importância de se buscar a melhor


preparação para a residência, vale se questionar o porquê é tão
almejado tal objetivo. A resposta dessa indagação é devido ao tempo
- de estudar, revisar e praticar tudo que é necessário para a prova da
residência - se tornar muito escasso, tão escasso que não há mais
cabimento perder nem mesmo o mínimo desse ativo com um estudo
que não seja eficaz para o aprendizado.
3º AULA
Dr. Bruno Farnetano

idealização= uma abstração


sobre uma ideia futura.
Inicialmente, quando se medita acerca do significado do termo
“idealização”, ele pode ser compreendido como uma abstração sobre uma
ideia futura. Nesse sentido, um tipo de idealização que faz parte do
pensamento de muitos acadêmicos de medicina é que eles serão felizes
depois de formados.

“a vida não muda depois de formado, “


Mas um ponto que é digno de ser enfatizado: a vida não muda depois de
formado, ou seja, dificuldades e aflições ainda existirão, mesmo depois de
terminar a graduação. Tal fato, muito provavelmente, já foi experimentado
pelos acadêmicos de medicina quando perceberam que aquela alegria e
euforia do início do curso não subsistiu por muito tempo, pelo menos, não
como eles imaginavam que seria. Assim também ocorre após a formação e
término do curso.

Por isso, cabe destacar que essa


lacuna entre a idealização e a
realidade é denominada de angústia,
ou “desamor”
3º AULA
Dr. Bruno Farnetano

Essa angústia pode ser vista em diversos


aspectos na vida dos estudantes, entre os quais
se vislumbra-o, por exemplo, por meio do
“vitismo”. Esse vitimismo surge, para muitos
estudantes, em decorrência da opressão da
faculdade de medicina, a qual ousou propiciar que
determinados alunos tivessem a esperança de
que, quando fossem aprovados, seriam então
felizes. Sendo assim, é importante que algo fique
claro, se somos vítimas de algo, somos dos
nossos próprios desejos e vaidade, pois são eles
que nos induzem a buscar e satisfazer a soberba,
orgulho e o hedonismo que habita em nós.

1. Me sinto ofendido com facilidade?


2. Sou teimoso?
3. Possuo excessivo temor com minha auto-imagem e com o que vão pensar de mim?
4. Possuo um espírito crítico? Costumo criticar todos ao meu redor?
5. Sou irônico?
6. Eu falo muito e escuto pouco?

Outro ponto importante que precisa ser avaliado é se atuamos segundo os anseios
hedônicos, tal investigação pode ser constatada quando analisamos se nós temos tido
capacidade de abdicar de determinados prazeres ou se, ainda, há alguma vulnerabilidade dos
estudantes diante da pornografia ou de imagens sensuais no instagram, por exemplo
3º AULA
Dr. Bruno Farnetano

real significado da vida acadêmica.


Contudo, quando voltamos ao tema inicial da apresentação da
palestra, ou seja, “da idealização à realidade acadêmica”, ainda nos
resta analisar e refletirmos acerca do real significado da vida
acadêmica. Para o Dr. Bruno, a vida acadêmica significa abrir mão de
prazeres imediatos para, no futuro, se comprometer a realizar uma
atividade que também possa te gerar recursos positivos para a vida.
Nesse sentido, é de se esperar o seguinte questionamento: "como o
acadêmico pode abrir mão de seus prazeres e ser feliz?”. Para
responder isso é preciso entender as 3 fases da aquisição de
conhecimento acadêmico, as quais serão abordadas a seguir.

A primeira fase é o início. Essa fase é um


embate inicial em que você se submete às
pessoas. Você pode, por exemplo, se submeter
a um professor, desde que ele possua essas 3
qualidades: (1) saiba atender pessoas, (2)
goste de atender pessoas e (3) está disposto
a ensinar aos jovens acadêmicos.

A segunda fase é o progresso. É quando o estudante tem a possibilidade de ver na


prática médica aquilo que ele estudou. A terceira e última fase é a perfeição, mas
não necessariamente o sucesso e a perfeição materialista, mas sim a contemplação
da perfeição.
4º AULA
Dr. Hélio Angotti

é preciso que o profissionalismo nesse setor e a ética do estudante


seja melhor compreendido pelo acadêmico em formação.
Tal tema, muitas vezes, costuma não ser o principal foco dos
estudantes e profissionais da medicina, mas, como o Dr. Hélio
apresenta, “o médico que só sabe medicina, nem medicina
sabe”, ou seja, é preciso que este profissional da área da saúde
busque continuamente extrapolar o conhecimento mínimo
exigido da sua área. Isso porque, a medicina é a mais humana
das ciências e a mais científica das humanidades e, portanto,
devemos ter excelência na atuação

Observar altos padrões morais e éticos


Demonstrar compromisso contínuo com
a excelência.
Buscar a excelência por meio da
contínua aquisição de conhecimento e
desenvolvimento de novas habilidades.
Lidar adequadamente com altos graus de
incerteza e de complexidade.
Demonstrar valores humanísticos como:
empatia e compaixão, honestidade e
integridade, cuidado e altruísmo.
4º AULA
Dr. Hélio Angotti

sintomas que indicam que a classe


médica não vai tão bem.
Prescrever para um amigo ou familiar sem documentação da relação médico-paciente
Médico em relação sexual com pacientes.
Estudante de ressaca chegando para o atendimento de pacientes após uma noitada com os colegas na noite anterior,
Estudante que olhou o prontuário de uma celebridade internada
Residente que agrediu verbalmente colega na frente da equipe multidisciplinar
Estudante postando foto de paciente no instagram
Politização rasteira da ciência e da profissão e abandono dos valores

Por isso, é fundamental destacar a diferença


entre "ser médico” e ser apenas um bacharel em
medicina, pois o ser médico exige um grau superior
de compromisso e de dedicação, que se manifesta
no dia a dia e em qualquer lugar.

E isso nos leva a lidar com o choque de visões e o risco de perder a chama
do profissionalismo. Muitas vezes, essa perda ocorre devido à influência
de uma medicina utilitarista ou contaminada por valores ideológicos e,
para manter essa chama acesa, é necessário reconhecer que a vida
humana é sagrada e digna de defesa e todo cuidado
4º AULA
Dr. Hélio Angotti

a vida humana é sagrada e digna de


defesa e todo cuidado.

Já acerca do Código de Ética do Estudante de Medicina, podemos destacar


que a ética compõe ⅓ das ações humanas, pois essa ação humana, na
perspectiva aristotélica, é composta pela episteme, isto é, o conhecimento
ou a ciência, a técnica ou a habilidade e pela práxis, que é a ética e a
moralidade. Assim, cada ato humano é permeado por essas características
e elas precisam avançar juntas, sobretudo no espaço hospitalar,
valorizando o crescimento em termos de ciência, atividades e moralidade
ética.

ser médico é um nobre


privilégio.
Por fim, ser médico é um nobre privilégio. Ninguém tem o direito de se formar médico. Medicina não é um direito de
ninguém, é um dever adquirido para com o paciente diante da sociedade. É uma honra, uma terrível responsabilidade e
um privilégio enorme ter a oportunidade de ser médico e ter a saúde e a vida alheia nas suas mãos.

NÃo podemos oferecer aquilo que não somos, assim, prometam ser.
Agradecemos a sua participação em
nosso ii conem!

Esperamos que, com um ouvido atento


e boa disposição, a formação médica e
o futuro profissional de vocês
tenham sido impactados.

Que com toda a alegria e determinação


busquemos SER. Contem com a aemed
nessa nobre jornada!

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