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CONTEÚDO GLOBAL de história 2º Ano

2º ciclo do ensino secundário

Segredo
Prof.
fdd Domingos Segredo Manuel

Um olhar à luz da
Reforma Educativa

Produzido pelo professor Domingos Segredo Manuel, Técnico Médio de Geo/História e


Licenciado em História pelo ISCED-Luanda.
E-Mail:dsm85@live.com/domingosmanuel180@gmail.com
CONTEÚDO GLOBAL de história 2º Ano
2º ciclo do ensino secundário

Segredo
Prof.
Por Domingos Segredo Manuel (lic.)

ATENÇÃO
Não autorizada
qualquer cópia,
parcial ou total,
deste material sem
anuência prévia do
autor.

Esta apostila pertence ao (á) estudante


_______________________________________________

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CONTEÚDO GLOBAL de história 2º Ano
2º ciclo do ensino secundário

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Nota do autor
“A incompreensão do presente
nasce fatalmente da ignorância do
passado”. Marc Bloch

O ensino da História nesta classe desempenha um papel muito


importante na formação da personalidade dos alunos. Ela deve despertar
nos alunos a consciência nacional e patriótica, desenvolver sentimentos
de solidariedade e respeito para com todo os povos do mundo e relacionar
a História do seu país com a do continente africano e a dos outros
continentes.
A disciplina de História oferece a possibilidade de pôr os alunos em
contacto com a evolução da sociedade humana, com a luta dos povos
contra a opressão e a exploração através dos tempos, com os problemas
políticos, económicos e sociais.
Meu desejo ao produzir este material é querer contribuir para a
compreensão dos alunos, sobre os problemas actuais que se fazem sentir,
e mostrar um prisma diferenciado dos conteúdos à luz da reforma
educativa e sistema de ensino e aprendizagem.
Começamos por analisar a História como sistema de Ciência –
conceito, objecto de estudo, função social, metodologias, etc.. Na segunda
unidade abordamos a questão ligada as primeiras comunidades
humanas a habitar o território que é hoje Angola e o seu processo de
sedentarização, assim como também as migrações dos povos bantu.
Demos um realce especial a História de África e a nossa própria
História, em particular, por se relacionar com a realidade em que os
alunos estão inseridos e, que poderá comparar e compreender melhor,
contribuindo assim para a sua constante transformação e mudança. Daí
a importância dos temas que abordam o tráfico de escravos e os vários
aspectos com eles relacionados: os seus efeitos sobre o continente
africano, sociedades africanas afectadas pelo tráfico de escravos a partir
do século XV e pela presença europeia no período compreendido entre os
séculos XV e XVIII.
Para o efeito, desejo bons estudos e melhor desempenho.
O Autor.

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Índice

UNIDADE I – do tráfico de escravos ao comércio


“lícito” (1822 – 1880)……………………………. 5
1.1. O contexto histórico da abolição do tráfico de escravos negros……. 5
1.2. O fim do ciclo em Angola…………………………………………………….. 6
1.3. Os avanços na ocupação territorial e os ensaios de uma nova
colonização……………………………………………………………………… 7
1.4. A sociedade colonial: os colonos e os “filhos do país”; imprensa e a
afirmação da imprensa africana…..……………………………………… 10
1.5. As sociedades africanas face à mudança………………………………… 11
Síntese da Unidade Temática……………………………………………..………
Dados Cronológicos…………………………………………………………………..
Avaliação Formativa…………………………………………………………………

UNIDADE Ii – Angola no período da conquista


europeia de África (1880 – 1915)…………… 16
2.1. O novo contexto imperialista: as explorações geográficas e
científicas, a Conferência de Berlim e o prelúdio para a conquista
europeia de áfrica. ……………………………………………………………. 18
2.2. Panorâmica geral dos modelos coloniais: britânicos francês, belga e
português……………………………………………………………………... 20
2.3. A nova política portuguesa. ………………………………………………… 22
2.4. A importância económica de angola no espaço colonial português.. 22
Síntese da Unidade temática………………………………………………………
Dados cronológicos…………………………………………………………………..
Avaliação Formativa…………………………………………………………………

UNIDADE Iii – A ÁFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS


MUNDIAIS (1914 – 1945)………………...………… 16
3.1. As duas guerras mundiais no contexto das rivalidades imperialista 18
3.2. O Impacto económico das guerras mundiais em África: o reforço
da exploração, o comércio colonial e o comércio mundial…………… 20
3.3. O impacto político das guerras mundiais………………………………... 22
Síntese da Unidade Temática……………………………………………………
Dados Cronológicos…………………………………………………………………..
Avaliação Formativa…………………………………………………………………

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UNIDADE IV – O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A
SOCIEDADE ANGOLANA NA PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO xx (1915 – 1960)…... 18
4.1. Angola (1915 –1950): aspectos políticos. ………………………………… 20
4.2. Factores de conflito na sociedade colonial………………………………. 22
4.3. A viragem após a Segunda Guerra Mundial…………......................... 23
Síntese da Unidade Temática………………………………………………..……
Dados cronológicos…………………………………………………………………..
Avaliação Formativa…………………………………………………………………

UNIDADE V – A REVOLTA ANTI-COLONIAL E A LUTA DE


LIBERTÃO NACIONAL (1961 – 1975)……………. 18
5.1. O contexto internacional da emancipação afro-asiática………………. 20
5.2. 1961 – o início da guerra de libertação de Angola………………………. 22
5.3. 1962 – 1974: dificuldades, contradições e divisões no seio do
nacionalismo angolano………………………………………………………. 23
5.4. A transição para a independência (1974-1915)…………………………. 34
Síntese da Unidade Temática………………………………………………………
Dados cronológicos………………………………………….………………………..
35
Avaliação Formativa (1)……………………………..………………………………
Avaliação Formativa (2)…………………………………..…………………………

Bibliografia……………………………………………….………….

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Revisão dos conhecimentos adquiridos
na classe anterior

dificuldades

APRESENTAÇÃO INTRODUTÓRIA DAS UNIDADES


TEMÁTICAS.

Avaliação diagnóstica

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UNIDADE I – do tráfico de escravos ao comércio
“lícito” (1822-1880).

PLANO DE ESTUDO: 1.1. O CONTEXTO HISTÓRICO DA ABOLIÇÃO DO


TRÁFICO DE ESCRAVOS NEGROS.
1.2. O FIM DO CICLO EM ANGOLA.
1.3. OS AVANÇOS NA OCUPAÇÃO TERRITORIAL E OS
ENSAIOS DE UMA NOVA COLONIZAÇÃO.
1.4. A SOCIEDADE COLONIAL: OS COLONOS E OS
“FILHOS DO PAÍS”; A IMPRENSA E A AFIRMAÇÃO
DA IMPRENSA ANGOLANA.
1.5. AS SOCIEDADES AFRICANAS FACE À MUDANÇA.

1.1. O contexto histórico da abolição do tráfico de


escravos negros.
O tráfico de escravos era um negócio muito lucrativo para os
negreiros europeus, desde o século XV. Era tão lucrativo, que os
europeus e a sociedade capitalista da época, não pensavam em promover
outro tipo de comércio com a África.
A luta aberta contra o tráfico de escravos teve início no século
XVIII, na época das Luzes (iluminismo). Foram os filósofos, escritores e
correntes religiosas da época que tomaram a peito o movimento
antiescravista. Sob perspectiva ideológica, o movimento iluminista e o
liberalismo foram sérios críticos do escravismo. Logicamente, ao
defenderem a liberdade como um direito acessível a todos os homens, os
pensadores destes movimentos apontavam a escravidão como um
inegável signo de barbárie.
Dentre os mentores destacam-se os seguintes: Voltaire,
Montesquieu, Bernardin de Saint Pierre, Elarkson e Willian Wilberforce
que em 1788 fundaram a Sociedade para a Abolição do Tráfico de
Escravos. Estes despertaram a sociedade contra o grande genocídio (o
tráfico de escravos e a escravatura).
Em Setembro do mesmo ano, na França foi fundada a Sociedade
dos amigos dos negros com a influência de Mirabeau, Condorcet e La
Fayette. Graças a estes homens, no dia 4 de Fevereiro de 1794, foi
aprovada a convenção sobre a Liberdade dos Negros pela Assembleia
Constituinte Francesa.

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Dos principais factores que provocaram o fim do tráfico de
escravos, destaca-se o factor económico, devido a explosão
da revolução industrial por parte da Inglaterra. Devido ao avanço da
tecnologia e da abertura de novos mercados, as indústrias precisavam
cada vez mais de matérias-primas cuja fonte eram as colónias1.
Por outro lado, os africanos eram necessários para a produção de
matéria-prima e também tinham de se constituírem consumidores dos
produtos acabados que saiam da indústria europeia.
A Inglaterra, como necessitava de substituir a agricultura
doméstica pela indústria comercial e ainda com o surgimento de
correntes humanistas fruto do iluminismo e do liberalismo, foi motivada
em 1772 a proibir a escravatura no seu território. Em 18072, proibiu o
tráfico negreiro nas suas colónias. E, de 1811 a 1834, dava liberdade aos
escravos do seu império.
Relativamente as outras potências, a Dinamarca aboliu o tráfico
em 1769, Os Estados Unidos da América (EUA) em 1808, os Holandeses
em 1814, e a França decretou a abolição em 1848.
Portanto, as significativas transformações económicas da época
colocaram o sistema escravista em desuso. O desenvolvimento do
capitalismo industrial empreendeu uma nova lógica comercial avessa ao
escravismo. Buscando sempre a ampliação de lucros e mercados, as
nações industrializadas percebiam que a manutenção de uma população
escrava reduzia seriamente o número de consumidores.
Na condição de pioneira do capitalismo industrial, a Inglaterra
não poupou esforço para que o tráfico de escravos fosse logo substituído
pelo trabalho assalariado. Neste sentido, o parlamento Britânico aprovou,
em 1845, a chamada Lei Bill Aberdeen.
Tendo carácter visivelmente autoritário, esta lei autorizava as
embarcações britânicas patrulhar e prender qualquer navio negreiro que
fosse pego transportando escravos ao longo do oceano atlântico.
Mais tarde, em 1850, a estas patrulhas associam-se a França e
os Estados Unidos da América e deu-se início as patrulhas conjugadas,
tornando ilícito o tráfico de escravos negros.

1 Mas tudo isto exigia mão-de-obra barata e quanto mais barata fosse os lucros eram
maiores.
2 Nesse ano, o Parlamento Inglês decretou uma lei que considerava o tráfico de escravos

Ilegal em todo território e nas suas possessões.

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Com o arranque da revolução industrial e abolição do tráfico de
escravos os Estados Unidos da América afastou-se do circuito e o
comércio tornou-se bilateral entre Europa e África.

RESUMO
Factores 1 Acção dos movimentos humanistas iluministas dentre
para a eles filósofos, escritores e correntes religiosas;
abolição do 2 Económico – fruto da revolução industrial;
tráfico de 3 Criação de leis que eliciavam o tráfico de escravos e a
escravos escravatura.
negros

1.2. O fim do ciclo em Angola

Enquanto outras potências aboliam o tráfico de escravos, Portugal


continuava intransigente devido a necessidade de mão-de-obra para a
produção de algodão e do açúcar no Brasil e Cuba. Continuou até 1850
e mesmo no limiar do século XX, tendo transformado a escravatura nas
suas colónias no trabalho forçado ou sob contrato. Desafiava as
partilhas conjugadas (França, EUA e Inglaterra) e a lei sobre a abolição
do tráfico de escravos.
Depois de inúmeras negociações, por decreto de 10 de Dezembro
de 1836, o Visconde Sá da Bandeira3 “suprimia” a compra e a venda
de escravos nos territórios portugueses situados a Sul do equador.

Em Angola, Portugal viria abolir o tráfico em 1878, mas de forma


não oficial continuou a traficar em Benguela até 1905.
A atitude portuguesa de continuar com o tráfico negreiro fez com
que se criasse a Comissão Mista Luso-Britânica, cujos os objetivos
foram os seguintes:

• Fiscalizar; e

3 Então Ministro da Marinha e do Ultramar.

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• Controlar o processo da aplicação das leis que proibiam o tráfico
de escravos, uma vez que a máquina tinha substituído o
trabalho escravo.

Tal como ficou patente nas linhas acima descritas, uma vez
abolido o tráfico de escravos, como consequência disso, os portugueses
criaram no seu lugar o trabalho forçado. Os Angolanos nesta época
eram submetidos ao trabalho forçado (prestando serviços nas
construções de estradas, linhas férreas, quartéis, nas roças de café, nas
fazendas agrícolas, etc.).

1.2.1. O impacto da independência do brasil (1822-25)


na colónia de angola

Ao contrário dos espanhóis, que lutaram por pedras preciosas, os


portugueses optaram pela colonização de base agrícola. Aproveitando-se
da sua experiência praticada nas ilhas do Atlântico (Açores e Cabo Verde),
fomentaram a cultura da cana de açúcar no Brasil.

Desde muito cedo, Portugal teve o Brasil como a sua joia da coroa
e para lá se produziram todas as políticas para fazer desse território uma
fonte e uma reserva para a sua economia. É o comércio de escravos que
marca profundamente Portugal – como potência colonizadora -, o Brasil
e Angola, este último que, nesse projecto, é a maior vítima.

Num contexto em que a potência colonizadora dependia em


diversos domínios, mas sobretudo o económico, de uma colónia, estavam
criadas as premissas para a proclamação da independência do Brasil. De
facto, esta foi decretada em 1822 amputando Portugal das forças vivas
da sua base económica. Assim, uma vez realizada a libertação comercial,
o Brasil deixou de ter necessidade da metrópole.

Quando o Brasil ficou independente de Portugal, Lisboa virou-se


para os territórios africanos como forma de compensação. Até àquela
altura, a África desempenhava o papel de fornecedor de escravos que
trabalhavam nas plantações brasileiras. A compensação não seria
apenas política, mas também económica. As Cortes de Lisboa tinham

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formulado a ideia de compensação através de companhias que fizessem
o comércio com as colónias como ficou patente em 18224. Mais tarde
tornou-se claro que a medida das Cortes visava impedir uma eventual
tentativa de anexação de Angola pelo Brasil, porque fora enviada uma
expedição militar para Luanda e Benguela.

A instabilidade política que Portugal atravessava dificultou


qualquer tentativa de um interesse sólido de Lisboa aos territórios
africanos, pois maior parte da atenção era sobre assuntos domésticos
perante a falta de meios, financeiros e humanos, para pôr em marcha um
projecto contínuo. A falta de meios ficou directamente afectada pela
independência do Brasil, uma vez que Portugal deixou de ter as receitas
anteriormente ganhas. A violência tomou conta de algumas cidades de
Portugal continental.

Além deste entrave, os territórios africanos, dispersos, tinham


importância devido ao papel que desempenhavam para o Brasil -
fornecimento de mão-de-obra escrava - pelo que o seu papel na nova
conjuntura era, simplesmente, imaginável.

O aparelho de Estado Imperial foi reformulado, pela


independência do Brasil para adequar as instituições ultramarinas aos
princípios do regime liberal vigente.

Segundo Bandeira, era imperiosa a existência de quatro governos


gerais, três dos quais em África - Cabo Verde, Moçambique e Angola, e
uma administração em Goa e um governo particular em São Tomé e
Príncipe. Aos governadores concediam amplas atribuições civis e
militares e junto com eles funcionariam Conselhos de Governo compostos
por chefes de repartições judiciais, militares, fiscais e eclesiásticas. O
governador devia consultar ao Conselho de Governo em todos os
assuntos de importância.

No terreno, a administração colonial tinha reduzido mão para o


controlo vendo-se obrigada a ceder perante os poderes e interesses locais.
Isso foi notório na incapacidade de supressão do tráfico de escravos. O
Brasil independente tinha assinado, em 1826, um acordo com a
Inglaterra visando a abolição gradual do tráfico de escravos até 1830,
enquanto Portugal era ainda reticente sobre esta data, até 1836, quando

4 A 19 de Abril de 1822 entrara nas Cortes uma proposta por meio do Relatório da
Comissão do Ultramar. Cfr. Diário das Cortes de 1822, p. 988.

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Sá de Bandeira preferiu a abolição unilateral, entretanto ignorada nas
colónias africanas.

Devido as divergências com Londres, a política externa de


Portugal ficou abalada, devido a posição do primeiro em aprovar um
projecto que previa aprisionamento de quaisquer navios portugueses
suspeitos de tráfico de escravos e de um julgamento de seus autores em
tribunais militares britânicos. A fraqueza de Portugal em fazer cumprir a
abolição deveu-se a falta de organização e de força de administração
colonial, que dificilmente poderia impor quaisquer medidas de gênero
sem risco de sublevação e de perda das possessões.

1.2.2. A repressão ao tráfico.

Como visto antes, a Inglaterra, economicamente mais interessada


pela abolição do tráfico de escravos, abraçou de corpo e alma a campanha
do abolicionismo. Mobilizando toda a Europa, as nações nórdicas, por
exemplo, não hesitaram em apoiar a campanha da Inglaterra porque a
abolição do tráfico de escravos não lhes prejudicava em nada.
Depois da lei de 1772 que institucionalizava a proibição do tráfico
de escravos, a partir de 1807, os interesses lançam-se na grande ofensiva
contra o chamado grande circuito, mobilizando tanto a opinião pública
britânica como a internacional.
A partir desta mesma data o parlamento britânico proibia o
transporte de escravos em navios ingleses, de igual modo que
encarregava a ROYAL MARINE BRITÂNICA no sentido de impedir por
todos os meios ao seu alcance a navegação pelo atlântico de barcos que
transportassem cargas humanas.
Depois de uma série de leis intermediárias, a abolição completa
da escravidão nas colónias ingleses ocorreu em agosto de 1834 através
do Slavery Abolition Act que libertou 776 mil homens, mulheres e
crianças. Por meio do Aberdeen Act5, nesse ínterim, a Inglaterra havia
declarado guerra aberta ao tráfico.
Depois da independência do Brasil, o tráfico de escravo passou a
conhecer características diferentes:

5 Também conhecido como Slave Trade Suppression Act (Lei de Supressão do Comércio
de Escravos) ou mais conhecido no Brasil como Bill Aberdeen.

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- O primeiro período a considerar é o de 1830, que corresponde
ao começo da acção da frota Britânica na repressão do tráfico ao sul do
Equador, conhecendo assim uma cessação temporária renascendo
depois com formas mais rígidas de organização. Neste mesmo ano nas
colónias portuguesas se deixou de cobrar direitos sobre a exportação de
escravos, o que fez diminuir profunda e drasticamente os rendimentos
públicos e reduzir consideravelmente a margem de manobra das
autoridades portuguesas;
- Em 1839 os cruzadores britânicos foram unilateralmente
autorizado a visitar e a apressar navios portugueses empregues no
tráfico. Esse bloqueio efectuado pela marinha inglesa aos principais
portos das colónias portuguesas em África – sobretudo Luanda, Benguela
e ilha de Moçambique – provocou uma nova alteração das zonas de
embarque;
- 1850 é a data fundamental porque marca o encerramento do
Brasil como principal mercado para a mão-de-obra de escravo, graças a
Lei Eusébio de Queirós.
O tráfico não termina de imediato, nem se reduz desde logo, houve
uma actividade esporádica e sem significado; sofreu uma alteração
qualitativa e foi gradualmente cedendo a troca de mercadorias o lugar
dominante na vida colonial.
Com a assinatura do Tratado Grã-Bretanha e Portugal a 03 de
Julho de 1842, relativa a conjugação de acções dos dois países no sentido
da completa abolição do tráfico, sobretudo, em Angola, as duas marinhas
militares receberam ordem de revistar e fiscalizar todos os navios
suspeitos de negreiros.
Criaram-se as primeiras Comissões Luso-Britânicas Mistas que
residiam nas colónias portuguesas a fim de julgarem todos os casos de
apresamento.
A partir de 1845, as medidas contra o tráfico de escravos tomadas
pelo governo luso tornaram-se mais eficazes na repressão do tráfico ilícito
e o contrabando sofreu um golpe considerável devido:
A existência de um destacamento das forças navais portuguesas
que a partir de Luanda capturavam alguns barcos negreiros;
Agressividade da marinha militar britânica que patrulhava o
litoral de Angola e o atlântico;
A implantação de uma comissão mista luso-britânica e de um
tribunal de arbitragem em Luanda, a partir de 1844;

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A interrupção oficial do tráfico pelo facto de o governo brasileiro
ter proibido, a partir de 1850, a entrada de escravos no Brasil.
Até aproximadamente 1900, o contrabando de escravos
continuou em Angola, muitas vezes sob protecção das autoridades
portuguesas, em direcção às Antilhas e Sul dos EUA.6
Em 1854, com a campanha abolicionista que aos poucos foi
conquistando as gerais simpatias de todos ministros portugueses e
britânicos, criou-se uma outra comissão mista: Junta Protectora Dos
Escravos E Libertos.
Mas como o tráfico ilegal reorganizou-se e desenvolveu
rapidamente concentrando a sua atenção nos territórios de Ambriz,
Malembo e Cabinda, onde surgiu a necessidade de o governo luso
indemnizar os colonos donos de escravos para que pudessem colaborar
com o governo, a fazenda não tinha possibilidades financeiras para o
efeito. E como forma de sair da crise que a lei sobre a abolição gerou, em
1848, decretou-se que a abolição só seria efectiva daí á 20 anos, isto é,
em 1878. Depois deste último decreto de Sá da Bandeira, foi-lhe
encarregue estudar e aprofundar todos os assuntos relacionados com a
abolição.

Como responderia?
1. Porque se diz que até 1834 a Inglaterra havia declarado guerra
ao tráfico?
2. A independência do Brasil foi um marco importante para o
processo da abolição do tráfico de escravos.
3. Mencione as diferentes características da repressão ao tráfico
de escravos.
4. Que medidas contra o tráfico de escravos foram tomadas pelo
governo luso a partir de 1845?

6 Para a Colónia de Angola este contrbando só terminou em 1961 com a sublevação da


Baixa de Cassanje.

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1.2.3. A diversidade das rotas comerceia.

Até hoje, pouco se sabe sobre as várias fases das rotas comerciais
do passado longínquo dos antigos reinos que integram hoje o território
de Angola. Entretanto, a distância socioeconómica das sociedades
africanas desta região, permitiu a abertura de rotas comerciais
importantes que estabeleceram a ligação entre os povos das diversas
regiões, sejam as mais próximas ou as mais afastadas.
As fontes minerais como sal, ferro, os níveis de produção
provenientes da agricultura e da pastorícia ou ainda de uma pequena
indústria local (cerâmica, por exemplo), foram suficientes para fazer
movimentar homens e mercadorias e fomentar uma complexa rede de
comércio, primeiro para os mercados locais que supriam as necessidades
mais urgentes das populações locais e áreas vizinhas, ou para as grandes
feiras onde a amplitude das transações comerciais exigia outros recursos,
sendo que os seus concorrentes eram provenientes de paragens mais
longínquas. A diversidade de unidade de troca nestas transações explica
por si a complexidade destes circuitos comerciais.
De facto, as redes comerciais tradicionais existiam para manter o
fluxo de produtos entre o litoral e o interior.
Com efeito, só para citar alguns, paralelamente existia uma
diversificada rede comercial luso-africana, que ligava, por exemplo, o
Ndongo com os mercados de Mbata, Soyo, Loango, Maiombe e outros.
Do norte importavam-se principalmente tecidos de ráfia que
serviam, em Angola, como moeda. Outros bens especialmente apreciados
nos mercados locais eram, por exemplo, penas de papagaio, cauda de
elefante e madeira vermelha (a famosa tacula).
Pode-se mencionar também os povos Mobiri ou Vili do sul do rio
Dande que, provavelmente, já nesta altura, faziam negócios com
mercadorias Holandesas. Maior procura tinham, alem dos tecidos, as
armas e munições cuja venda à africanos pertencentes a coroa
interditava os portugueses aos interior.
Todavia, no interior não eram geralmente os europeus que
desenvolviam os processos por eles impulsionados e as feiras não eram
igualmente criação europeia. Elas já existiam para responder as
solicitações do consumo interno e não só e, com o acentuar desta
intervenção, adaptaram-se ao novo quadro vigente. Quer isso dizer, que
o comércio de longa distância já existia antes da intervenção europeia. O
aspecto novo nesta interacção seria a ligação transatlântica das
mercadorias africanas que passaram a chegar a outros mundos.

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Entretanto, com a abolição do tráfico de escravos e a consequente
necessidade de obtenção de matéria-prima para movimentar as
indústrias na Europa, essas rotas foram sendo retomadas pelos novos
parceiros comerciais com a intervenção dos portugueses.
Para o efeito, criaram-se caravanas lideradas por exploradores,
que com o tempo rapidamente transformaram-se em caravanas de
carregadores lideradas por comerciantes brancos, em primeiro lugar,
mas também por alguns mestiços, oriundos das comunidades luso-
africanas que tiraram proveito das novas possibilidades de posse
territorial, de comércio e de ascensão social.
Os caravaneiros eram conhecidos como carregadores, a maioria
deles eram escravos à mercê dos seus donos.
Ser carregador não era uma actividade exclusiva de quem tinha
a sua liberdade apreendida. Era também uma profissão e entre os
carregadores contavam-se homens livres que optavam por assim ganhar
a vida, levando nos ombros mercadorias ou pessoas.
No final do século XIX, em Angola, então portuguesa, existiam
ainda cerca de 200 mil carregadores. Só no século XX, com o início de
construção sistemática de estradas e caminhos-de-ferro, é que os
carregadores deixaram gradualmente de ser necessários.7

Como responderia?

1. Que função desempenhavam as rotas comerciais no período pré-


colonial?
a) Cite as diferentes redes/rotas comerciais existentes na altura.
b) Que produtos eram transacionados?
2. Explique como a ingerência/intervenção portuguesa alterou a
natureza das rotas comerciais tradicionais.
a) Que nome receberam os caravaneiros e porquê?

7 As caravanas de carregadores, no século XIX, criaram uma densa rede comercial e de


comunicação no interior de África. O mérito próprio dos africanos na exploração da
África Central, nomeadamente de Luanda às Lundas, é realçado no livro da
antropóloga e historiadora alemã Beatrix Heintze através de uma multiplicidade de
perspectivas, com especial relevo para o papel dos chefes das caravanas, intérpretes e
carregadores. Nessa altura, os exploradores europeus olhavam os Africanos como
seres menores. Eram muito poucos os que os consideravam como «indivíduos por
direito próprio». A literatura de viagens do século XIX está cheia de preconceitos e da
subestimação dos autóctones.

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1.3. Os avanços na ocupação territorial e os ensaios de
uma nova colonização.

A história da ocupação territorial de angola teve início em 1575


com a conquista portuguesa e consequente fundação da colónia. Quatro
anos mais tarde, em 1579, multiplicavam-se as acções militares para
fazer frente às barreiras impostas pelas autoridades do Reino do Ndongo
na aquisição desenfreada de escravos.
De forma a assegurar a sua soberania e para desenvolver
economicamente as colónias, Portugal traçou objectivos de intervenção
muito específicos. Estes objectivos passavam pela implantação daquilo
que diziam ser a “civilização” dos africanos e pela instalação de
agricultores portugueses nos territórios do interior de Angola. Mas, essas
políticas mostraram-se insuficientes e frágeis, porque houve pouca
aderência dos agricultores brancos da metrópole com desejo de se
fixarem no interior. Assim, Portugal viu-se obrigado a recorrer aos
degredados8 e a colonização penal do interior de Angola.
Até ao século XIX, o domínio português no território angolano não
ia muito além das regiões costeiras como Luanda, Benguela, Moçâmedes
(Namibe), e Ambriz (Bengo), alcançando um pouco do interior, com o
distrito do Gulungo Alto.

8 Degredado/degredo é, sem dúvida, um dos mais antigos registros de punição no


universo do antigo Império Português. O degredo consistia numa espécie de exílio,
como o ostracismo na Grécia Antiga. O degredado era banido de sua terra de origem
(no caso, a Metrópole portuguesa) por ter cometido algum tipo de crime. Os crimes
cometidos pelos degredados variavam desde crimes comuns, como roubo, até crimes
de ordem religiosa, condenados pelo Tribunal do Santo Ofício, como feitiçaria, rituais
de bruxaria, etc.

Com o banimento, o degradado era enviado para alguma região dos domínios coloniais,
fosse para a costa leste ou oeste da África, fosse para o Brasil. Isso se dava porque
havia um imaginário entre os portugueses que associava as colónias, sobretudo no
“Novo Mundo”, ao purgatório, quando não ao próprio inferno. O criminoso degredado
teria a oportunidade de redimir-se e expiar a sua culpa. Desse modo, a pena do
degredo estava diretamente associada às concepções eclesiásticas da época.

Por essa razão, as colónias ficaram conhecidos por algum tempo como “inferno
atlântico”, um lugar inóspito que serviria para purgar qualquer mal, dado o carácter
das dificuldades que se apresentavam a quem aqui se estabelecia. O imaginário
paradisíaco que se tinha do “novo mundo” nos anos iniciais da colonização
desvaneceu-se nas décadas seguintes e principalmente no século XVII em razão dessa
perspectiva infernal que foi aos poucos sendo construída.

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Era evidente que Portugal não conseguia dominar a maior parte
dos povos de angola e, por isso, justificava-se a constante preocupação
da metrópole com a falta de penetração efectiva para o interior do
território e com o controlo efetivo da longa faixa costeira.
Esta situação incentivou as ambições de outros países europeus,
como a Inglaterra, a França, a Alemanha e Bélgica. E aquelas
preocupações portuguesas fizeram ainda mais sentido quando, entre
1880 e 1890, os países colonizadores europeus definiram a ocupação
efectiva dos territórios coloniais como critério decisivo para a realização
das singulares pretensões colonizadoras, ao contrário do tradicional
direito histórico.
À base disso, entre 1891 e 1919, sucederam-se várias campanhas
militares que tinham como objectivo a divisão e o domínio dos reinos
africanos menos centralizados e o combate à resistência dos nativos à
ocupação. Os territórios e reinos africanos do Libolo, Bailundo (1902),
Humbe (1905) e Kongo (1913) foram sendo sucessivamente ocupados
pelos portugueses.

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1.4. A sociedade colonial: os colonos e os “filhos do
país”, imprensa e a afirmação da imprensa africana.

Após a ocupação territorial de Angola, a sociedade colonial estava


dividida em seguintes estratos: por um lado colonos (comerciantes,
sacerdotes, oficiais e funcionários do aparelho do estado) considerados
cidadãos portugueses de 1ª, os cidadãos de 2ª (os filhos fruto da
miscigenação racial) e, por outro lado, o estrato tradicional africano (os
nativos, “indígenas”9).
Esta estratificação10 social tornou-se mais ainda evidente a partir
de 1880, quando o acesso dos “filhos do país11” a cargos públicos era
constantemente condicionado em benefício dos imigrantes portugueses
recém-chegados. Nesta época registou-se um enorme afluxo de
portugueses para Angola, o que agravou as tensões e as lutas entre estes
e os “filhos do país”, sobretudo pelos cargos da administração colonial.
Os filhos do país, sentindo-se amplamente prejudicados,
manifestavam a sua insatisfação através da produção literária escrita,
isto é, através da imprensa produzida e publicada em Luanda, em
simultâneo, a degradação da situação económica e social da burguesia12
colonial também para a proliferação dos jornais que criticavam o regime
e que abordavam cada vez mais a questão da independência de Angola.
Apesar destes esforços, não resultou destes acontecimentos o
nascimento da imprensa. Tal somente viria a acontecer em 1845 com a
publicação do “Boletim do Governo-Geral”, na província de Angola, mas
que se tornou na primeira publicação imprensa em todas as províncias
portuguesas de África.

9 São designados como povos aborígenes, autóctones, nativos, ou indígenas aqueles


que viviam numa área geográfica antes da sua colonização por outro povo ou que,
após a colonização, não se identificam com o povo que os coloniza. Para os portugueses
os indígenas eram os afastados da civilização, matumbos ou ignorantes.
10 Estratificação social é um conceito sociológico usado para analisar e interpretar a

classificação dos indivíduos e grupos sociais, com base em dados e condições


socioeconômicas comuns.
O principal objetivo da estratificação social no âmbito dos estudos da Sociologia é
compreender o funcionamento da organização hierárquica de uma sociedade. Além
disso, também visa identificar as principais distinções entre as classes sociais e como
as desigualdades são socialmente construídas.
11 Considerados cidadãos de 2ª.
12 Classe social do regime capitalista, onde seus membros são os proprietários do

capital, ou seja comerciantes, industriais, proprietários de terras, de imóveis, os


possuidores de riquezas e dos meios de produção. Na sociedade colonial portuguesa,
os burgueses representavam os cidadão de 1ª.

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A publicação de boletins oficiais de informação visava, segundo o
governo colonial, tornar pública a administração colonial, divulgando,
entre outros assuntos, notícias relacionadas com as vagas disponíveis
para o exercício de cargos públicos. Mas, na verdade a distância entre a
intenção e a prática conduziu a reivindicações pela autonomia (proto-
nacionalismo/primeiro nacionalismo) dos designados “filhos do país”.
Enquanto aconteciam essa reivindicações, o derrube da
monarquia absolutista e a vitória do liberalismo em Portugal, em 1820,
contribuíram para a afirmação da liberdade de pensamento e de
comunicação e para a sua consolidação através dos movimentos
associativos criados, da literatura e da imprensa.
Assim, em 1881, foi fundado o ECHO DA ENGOLA, da
responsabilidade editorial de Inocêncio Matoso, o primeiro jornal
publicado em Luanda pelos “filhos do país”.
A chamada imprensa africana (angolana, no caso particular) era
constituída por jornais fundados por indivíduos descendentes de famílias
de naturalidade angolana. Destes destacam-se nomes como José Fonte
Pereira, João Braga (dono do jornal O PHAROL DO POVO, 1883-1885),
Arcénio de Carpo (fundador do jornal O FUTURO DE ANGOLA, 1882-
1891) e José Rocha fundador do jornal O MERCATIL13.

A lista dos periódicos


Em Luanda: Boletim do Governo Geral da Província de Angola (1845),
Almanak Statistico da Província d’Angola e suas Dependências
(1852), A Aurora (1856), A Civilização da África Portuguesa
(1866), O Commercio de Loanda (1867), O Mercantil (1870),
Almanach Popular (1872), O Cruzeiro do Sul (1873), O Meteoro
(1873), Correspondência de Angola (1875), Jornal de Loanda
(1878), Noticiário de Angola (1880), Boletim da Sociedade
Propagadora de Conhecimentos Geographico-africanos de
Loanda (1881), Gazeta de Angola (1881), O Echo de Angola
(1881), A Verdade (1882), O Futuro d’Angola (1882), A União
Africo-Portugueza (1882), O Ultramar (1882), O Pharol do Povo

13
O “filho do país” José Rocha fundou o jornal O MERCATIL, que persistiu durante décadas. As notícias
apresentadas neste jornal eram consideradas graves pelo governador de Angola, uma vez que se referia à
guerra dos Dembos, região onde não se fazia sentir autoridade militar portuguesa. O encerramento deste
jornal aconteu devido a publicação de notícias referentes à derrota portuguesa na guerra dos Dembos em
1873, após a sublevação da população local contra o porto militar de Kasatola e o consequente envio de
forças militares portuguesas que, sem sucesso, tiveram de abandonar a região derrotada.

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(1883), O Raio (1884), O Bisnagas (1884), O Arauto dos
Concelhos (1886), A Tesourinha (1886), O Serão (1886), O Rei
Guilherme (1886), O Progresso d’Angola (1887), O Exército
Ultramarino (1887), O Imparcial (1888), O Foguete (1888),
Mukuarimi (1888), Arauto Africano (1889), Nuen’exi (1889), O
Desastre (1889), Correio de Loanda (1890), O Chicote (1890), O
Polícia Africano (1890), Os Concelhos de Leste (1891), Notícias
de Angola (1891), Commercio d’Angola, 1892, A Província
(1893), O Imparcial (1894), o Independente (1894), Bofetadas
(1894), Propaganda Colonial (1896), O Santelmo (1896), Revista
de Loanda (1896), Propaganda Angolense (1897), A Folha de
Loanda (1899).
Em Benguela: O Progresso (1870) e A Semana (1893).
Em Moçâmedes (Namibe): Jornal de Moçâmedes (1881), Almanach de
Moçâmedes (1884), O Sul d’Angola (1892), A Tesoura (1892), A
Tesourinha (1892) e A Bofetada (1893).
Na Catumbela: A Ventosa (1886).
No Ambriz: A Africana (1893).
Angola, no século XIX, tinha 59 jornais. Em Luanda foram editados 49,
seis em Moçâmedes (Namibe), dois em Benguela e um no
Ambriz.

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1.5. As sociedades africanas face à mudança.

1.5.1. Cabinda.

1.5.2. Kongo.

1.5.3. Bailundo

1.5.3.1. Viye (Bié).

1.5.3.2. Mbalundu (Bailundo).

1.5.4. O comércio a longa distância dos Ovimbundu.

1.5.5. O fim da expansão económica e territorial dos


Cokwe/Tchokwe (Lunda)

1.5.6. Os Nyaneka Humbe.

1.5.7. Os Ovambo.

SÍNTESE DA UNIDADE TEMÁTICA

DADOS CRONOLÓGICOS

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 1)

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UNIDADE Ii – Angola no período da conquista
europeia de África (1880-1915).

PLANO DE ESTUDO: 2.1. O NOVO CONTEXTO IMPERIALISTA, AS


EXPLORAÇÕES GEOGRÁFICAS, A CONFERÊNCIA
DE BERLIM E O PRELÚDIO PARA A CONQUISTA
EUROPEIA DE ÁFRICA.
2.2. PANORÂMICA GERAL DOS MODELOS COLONIAIS
BRITÂNICOS, FRANCÊS E BELGA.
2.3. A NOVA POLÍTICA PORTUGUESA.
2.4. A IMPORTÂNCIA ECONÓMICA DE ANGOLA NO
ESPAÇO COLONIAL PORTUGUÊS.

2.1. O novo contexto imperialista: as explorações


geográficas, a conferência de Berlim e o prelúdio
para a partilha europeia de África.

Nesta unidade temática analisaremos como se desenrolou esse


novo contexto que ficou marcado pelo uso da força aquando da ocupação
dos territórios africanos; pela obsessão europeia face às riquezas naturais
do continente e aos “mercados cativos” para o escoamento de produtos;
pela rivalidade entre potências europeias; pelo impacto mundial da
Revolução Industrial; pelo espírito de aventura e curiosidade científica
dos exploradores da europa.

As viagens dos exploradores europeus, movidos por vários


interesses (nomeadamente científicos), despertaram o interesse colonial
dos seus países de origem relativamente aos territórios do continente
africano, o que acabou por ocasionar a instalação dos sistemas de
exploração colonial europeia. As expedições visavam, por um lado,
desvendar os mistérios da geografia africano, sobretudo no interior, como
aconteceu com David Livingstone14 (1870-1885), e, por outro lado,

14Devid Livingstone - foi um missionário e explorador britânico que se tornou famoso por ter
sido um dos primeiros europeus a ter explorado o interior da África. Ele percorreu 48.000 km
em terras africanas. Numa aventura de mais de 15 anos, atravessou duas vezes o deserto do
Kalahari, navegou o rio Zambeze de Angola até Moçambique, procurou as fontes do rio Nilo,
descobriu as cataratas Vitória e foi o primeiro europeu a atravessar o lago Tanganica. Cruzou

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previam já a conquista do Kongo, cujo processo culminou com o
estabelecimento do Estado Livre do Kongo com Henry Morton Stanley
(1879-1884).

Para além disso, outras dessas viagens permitiram a ocupação de


territórios, tal como fez o franco-italiano Pierre Savorgnan de Brazza que,
ao serviço da administração francesa, ocupou, em 1881, a região de
Brazzaville (actualmente, República do Kongo).

O alemão Heinrich Barth foi também um explorador europeu. O


interesse da Alemanha nos territórios de África proporcionou um
conjunto de expedições ao continente africano. Dentre as várias viagens
sobre os territórios centro e leste de África, Barth conseguiu reunir
informações sobre os costumes de diversos povos em diferentes
territórios.

Dentre os exploradores portugueses tem-se a destacar Silva Porto


e Serpa Pinto. Estes, exploraram territórios como o Bié, Benguela, a
nascente do rio Kwanza, as cataratas Vitória, chegaram a Pretória e
Durban.

Entre todos os exploradores de África, Henry Morton Stanley, o


marinheiro e jornalista americano, foi o mais famoso aventureiro daquela
época. Em 1871 conseguiu um dos seus maiores feitos, quando cumpriu
a missão de descobrir o paradeiro e resgatar outro explorador europeu, o
escocês David Livingstone, perdido nas profundezas do interior de África,
para onde partira, em 1868, em busca das nascentes do Nilo.

Contudo, o maior feito de Stanley foi a expedição de 1874 e 1877,


que terminou com a circum-navegação do Lago Vitória, numa travessia
inédita entre uma costa e outra do continente africano, depois de ter
partido para o interior de África com o objectivo de decifrar os mistérios
do Lago Tanganica.

De certa forma, essas viagens favoreceram o despertar do conflito


pela ocupação do espaço africano. Neste contexto, por direitos seculares
de ocupação, Portugal reivindicou a posse da bacia do Kongo, devido aos
antigos tratados que havia celebrado com este reino, entre os quais se
destaca o mais conhecido e decisivo tratado de Simulambuco, assinado
em 1885. Os portugueses procuraram defender a ocupação daquele e de

Uganda, a Tanzânia e o Quênia. O objetivo de Livingstone era levar o livre comércio, o


cristianismo e a civilização para o interior do continente africano.

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outros territórios que diziam serem sua pertença, desde a expansão
marítima, também enquanto país pioneiro de tal época.

As disputas internacionais, particularmente entre Grã-Bretanha,


França, Portugal, Alemanha e a Bélgica, sustentaram os vários conflitos
pela ocupação do espaço africano e terminaram com a realização da
Conferência de Berlim (entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro
de 1885).

Organizado pelo Chanceler do Império Alemão, Otto Von


Bismarck, o evento contou com a participação de países europeus
(Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França,
Grã-Bretanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Rússia e Suécia)
mas também do Império Otomano e dos Estados Unidos. O objetivo
declarado era o de "regulamentar a liberdade do comércio nas bacias do
Congo e do Níger, assim como novas ocupações de territórios sobre a
costa ocidental da África."

A partir desta conferência, os até então países invasores


decidiram partilhar o continente africano, sobrepondo-se às suas leis e
soberania. A referida conferência ditou, na sua ata geral, dentre outras
as seguintes directrizes:

A delimitação de novas fronteiras em África (nomeadamente, na


Bacia do Kongo), dentro das quais se assegurava o comércio livre
internacional e a livre circulação de mercadorias europeias e africanas, o
que favorecia a concorrência entre os agentes comerciais instalados na
região e o reforço da autoridade colonial que visava o cumprimento dos
direitos de ocupação adquiridos;

A dissolução da Associação Internacional, substituída pelo Estado


Livre do Kongo (actualmente RDC);

A liberdade de navegação no rio Kongo e seus afluentes, como o


Niassa;

O princípio da ocupação efectiva para o estabelecimento de


qualquer colónia em substituição do tradicional direito histórico (secular)
de descoberta (foi neste momento que Portugal se sentiu verdadeiramente
ameaçado);

A obrigação de comunicação às potências representadas em


Berlim, por parte de qualquer Estado, de territórios conquistados em
África.

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Em análise, as explorações europeias em África foram motivadas,
sobretudo, por razões económicas e foram concretizadas pelo recurso à
força, tendo em conta a brutalidade com que se tratavam os nativos, pela
divisão drástica dos territórios africanos, para além de outras formas de
manifestação da supremacia face aos territórios coloniais.

Colônias africanas por potência colonizadora. Ver em


https://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_de_África

Como responderia?

1. Cite os nomes de alguns exploradores europeus.

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2. Lê a biografia de Stanley e elabora uma crítica sobre os meios
utilizados (nomeadamente a força) para a concretização dos seus
objectivos de exploração.
3. Por que razão se realizou a conferência de Berlim?
4. O que significou, para os africanos, a partilha de África?
5. As explorações europeias em África foram motivadas, sobretudo, por
razões económicas. Comenta a afirmação.

2.1. Panorâmica geral dos modelos coloniais:


Britânico, francês, belga e português.

Consumado o processo de conquista dos territórios, e para


garantir uma adequada gestão das possessões ocupadas, os europeus
criaram um sistema de administração que se caracterizou pela
dominação dos africanos por meio da força. Tal sistema dividia-se em
dois regimes distintos: colonização directa (direct rule) e colonização
indirecta (indirect rule).
O regime de administração directa foi um modelo de
administração colonial baseado na institucionalização de uma política de
“assimilação” e centrou-se na alteração drástica do paradigma15 social
africano, visando a criação de uma nova ordem social, isto é, a
transformação dos africanos em cidadãos europeus e “civilizados”. Este
modelo de administração foi utilizado pelos belgas (évolues), franceses
(assimilés) e pelos portugueses (assimilados).
O regime de administração indirecta (indirect rule), por sua vez,
centrava-se na gestão administrativa que visava, de uma forma não
abrupta, a integração dos africanos na sociedade europeia. Neste modelo,
a administração central era representada pelas autoridades tradicionais
locais e contava com a participação dos nativos na vida social e produtiva
da sua terra.
O inderect rule foi utilizado pelos britânicos nas suas colónias da
África Ocidental como Gana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia. Desta forma,
foi possível aos ingleses controlar enormes e diferenciadas massas
populacionais. Ainda assim, o regime indirect rule, por conta do

15

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pagamento de impostos em dinheiro, também estabelecia contratos e
forçava os africanos a trabalharem continuamente para os europeus,
várias vezes longe das suas aldeias (o dinheiro era utilizado no pagamento
do imposto e no seu sustento).
Logo, conclui-se que não havia diferença entre os dois regimes de
administração colonial, senão no método. O fim era, na verdade, o
mesmo: a exploração dos africanos e dos recursos naturais das suas
terras, pelos possuidores europeus, para a aquisição de lucros.

Como responderia?

1. Explica os diferentes regimes de administração colonial.


2. Destaca a indirect rule.
3. Reflete sobre as consequências dos regimes praticados para os
africanos.

2.2. A nova política portuguesa.

A disputa pela posse da bacia do Congo envolveu vários países


europeus rivais, como a França, a Inglaterra e a Bélgica, contra as
pretensões do país pioneiro da expansão marítima europeia – Portugal,
que há muito morava em África e reclamava posse sobre aquele e outros
territórios onde se instalara.
Nesta disputa, Portugal não detinha a capacidade político-militar
necessária para se impor perante aqueles outros países que, no final da
conferência de Berlim, acabaram por ficar com o direito de posse da maior
parte dos territórios africanos.
Os portugueses foram obrigados a aceitar as decisões de Berlim,
não conseguindo fazer valer os seus pretextos. Mas ainda, alguns dos
projectos portugueses para o território africano, como o “Mapa-cor-de-
rosa” (a pretensão de unir os territórios compreendidos entre Angola e
Moçambique), que colidiram com os interesses das grandes potências
europeias, como o gigante industrial inglês, que elaborou um projecto
para ligar o Egipto à África do Sul através de uma linha de caminho-de-
ferro.

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Como tal, a Inglaterra fez chegar um ultimato, em 1890, ao
governo português. Neste documento, a Inglaterra apresentava duas
opções como solução do conflito: ou os portugueses desocupavam
imediatamente os territórios situados entre Angola e Moçambique ou o
governo inglês declarava guerra a Portugal.
Este conjunto de acontecimentos conduziu Portugal a novas
acções para ocupação efectiva dos territórios africanos,
consubstanciados, por exemplo, no uso da força, que também se fez
sentir em Angola.
Até o final do século XIX, Portugal instalou, definitivamente, o
novo sistema colonial em Angola. Mas, as contradições ideológicas, os
contornos de uma gestão administrativa de regime directo sob uma base
assimilacionista, os custos de investimento, assim como outras razões,
acabaram por ditar o fracasso do projecto colonial português num
território que representava uma preciosa joia no espaço colonial. Além
disso, em reacção às campanhas de ocupação, despoletou o movimento
de resistência dos africanos, através das guerras e da imprensa, que
intensificou os apelos autonomistas em Angola.

Como responderia?

1. Quais foram as pretensões portuguesas, no século XIX, em relação


aos territorios africanos?
2. Identifica as consequências do projecto colonial português para
Angola.

2.2.1. a) O “ultimatum” britânico de 1890.

As explorações levadas a cabo por Stanley para o rei belga


Leopoldo II, orientadas para a conquista do Kongo, contribuíram para a
fundação do Estado Livre do Kongo, em 1882, mas também permitiram,
àquele explorador, a realização de tratados com os chefes indígenas locais
e a conquista de regiões que já haviam sofrido influência portuguesa.
Até 1885, a conferência de Berlim determinou o fim do tradicional
direito histórico de ocupação e o substituiu pelo princípio da ocupação
efectiva, ao qual acrescentou a obrigatoriedade dos países comunicarem,

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à potências representadas em Berlim, qualquer ocupação concretizada
em África.
De modos que os tratados de 1886, assinados entre Portugal e
França e entre Portugal e Alemanha, delimitaram, respectivamente, as
fronteiras da Guiné, de Angola e de Moçambique com os territórios
africanos ocupados por aqueles países europeus concorrentes de
Portugal.
Para além dos tratados estabelecidos, neste mesmo ano, o governo
português apresentou aos países europeus um mapa onde se pintava de
cor-de-rosa os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique.
Era o conhecido Mapa cor-de-rosa.
Porém, as intenções portuguesas condicionavam o projecto inglês
que pretendia ligar, através de uma linha de caminho-de-ferro construída
no interior do continente africano, as cidades do Cabo (África do Sul) e
do Cairo (Egipto).
Ao mesmo tempo, a Inglaterra já tinha iniciado a exploração do
ouro de Mashona (Moçambique), por concessão do rei daquela região, e
a reacção portuguesa surgiu após a expedição de Serpa Pinto que visava
a exploração da região dos Lagos, integrada no Mapa cor-de-rosa.
Este conflito de interesse gerou um clima de tensão política entre
Portugal e Inglaterra. Mas sob a argumentação de aquele território lhe
pertencia, e apoiando-se nas decisões oriundas de Berlim, que haviam
terminado com o direito histórico de ocupação, a Inglaterra enviou a 11
de Janeiro de 1890, ao governo português, um ultimato16. Neste
documento se determinava que os portugueses desocupassem
imediatamente os territórios situados entre Angola e Moçambique, caso
contrário o governo inglês declarava guerra a Portugal.
Perante tal situação, e devido à fraca capacidade político-militar
para fazer frente ao que considerou ser uma agressão, Portugal teve de
ceder. Esta decisão provocou, no país, inúmeras manifestações de
descontentamento.
No entanto, a concorrência alemã e belga nas disputas pela posse
dos territórios impediu o cumprimento dos desígnios imperiais de
Inglaterra, tendo em conta os vários tratados estabelecidos. Por exemplo,
em 1896, Alemanha e Inglaterra definiram que Zanzibar teria uma parte
de influência alemã e uma outra de influência britânica. Mas, um ano

16 Última condição que uma nação ou individualidade apresenta a outra e cuja aceitação
ou negação determina a paz ou a guerra.

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mais tarde, estabeleceram que os territórios alemãs que faziam fronteira
com Angola e Moçambique não seriam anexados pelos ingleses.
Além disso, o projecto inglês de ligar o Cabo ao Cairo também não
se concretizaria devido aos elevados custos inerentes à obra, às barreiras
climáticas e geográficas, a par do incidente que, entre 1898 e 1899, pôs
à beira da guerra a Inglaterra e a França pela posse de Fachoda (actual
território do Sudão do Sul), local onde cruzariam as linhas ferroviárias
inglesas e francesas.

Como responderia?

1. Diga o que foi o ultimato inglês de 1890?


2. Identifica as causas directas do ultimato inglês a Portugal?
3. Porque razão Portugal cedeu ao ultimato?
4. Conseguiu a Inglaterra cumprir com os seus desígnios imperiais
relativamente ao projecto Cabo – Cairo? Explique porquê.

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2.3.1. b) O novo nacionalismo colonial; as
contradições ideológicas: racismo e
assimilacionismo.

Como na primeira unidade, para melhor garantir a soberania nos


territórios dominados, para a implantação do que se dizia a “civilização”
dos africanos, assim como desenvolver economicamente as colónias,
Portugal optou pela instalação de agricultores brancos nos territórios do
interior de África. Contudo, o próprio nacionalismo colonial encontrou
contradições ideológicas:
Por um lado, havia uma maioria que defendia uma intervenção
directa através da instalação de colonos garantindo-lhes condições
adequadas, como condições de transporte às terras, sementes, animais e
outras; que utilizariam a força para submeter os nativos ao poder
colonial.
Por outro lado, uma minoria preferia uma colonização conduzida
por uma política pacífica de penetração, em que os colonos teriam de
responder por si próprios, custeando as despesas do
empreendimento/projecto.
Contudo, o segundo modelo implicava um maior investimento do
governo para desenvolver as condições infra-estruturais que atraíssem a
população branca para a zona rural, desviando-se da Europa ou mesmo
da América. Por isso, ao longo de vários regimes, a colonização directa
conseguiu um maior número de apoiantes.
Mas, tal como aconteceu com a utilização dos degredados, o
desejo de transferir a vida do campo portuguesa para a Angola rural
ficou-se apenas pelo sonho. Ainda existia a imagem negativa criada no
seio dos portugueses da metrópole, que pensavam que Angola continuava
a ser um destino para despojo dos exilados condenados, onde nem a
coragem, nem a força os poderia livrar de serem devorados pelos insectos,
animais selvagens, indígenas e degredados e pela inadequada assistência
possível de ser prestada.

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Fruto deste pensamento, o racismo passou a ser um formato de
descriminação racial e social utilizado, como arma do sistema colonial
português, para convencer os africanos da sua inferioridade perante a
supremacia do homem branco.
Na colónia de angola, nas empresas, hospitais e estabelecimentos
de ensino a descriminação racial era notória. O trabalho pesado era para
o negro; a escola para negros só ía até ao nível determinado pelo homem
branco; nos hospitais, as salas de tratamento dos negros tinham de estar
afastadas das dos brancos.
As ideias incutidas na cabeça do negro, nomeadamente de que a
sua raça foi criada apenas para cumprir as ordens do homem branco,
visavam impor o respeito e a adoração e anular quaisquer possibilidade
de revolta do negro colonizado.
Durante a sua vigência secular, a colonização portuguesa tratou
os africanos apenas como uma fonte de mão-de-obra não paga,
contrariando com aquilo que definiam com “civilizar os africanos”. Tal
“civilização”, realizada através do processo de assimilação, defendia a
transformação dos africanos em portugueses. Criou-se, assim, um
sistema conhecido por indigenato, que dividia a população em duas
categorias distintas, numa sociedade colonial em que a classificação de
assimilado era condição necessária para se poder alcançar o mesmo
status do europeu. Isso originou vários condicionalismos ao povo
africano. Saber ler e escrever era apenas um deles.

Como responderia?
1. Apresenta as razões das contradições ideológicas que teve o
nacionalismo colonial português no início do século XIX?
2. O que entendes por assimilado?
3. Por que os portugueses usavam o racismo contra os africanos?
4. Acreditas na superioridade do homem branco em ralação ao
negro africano? Justifica a tua resposta.
5. Descreve o impacto do racismo e do assimilacionismo nas
sociedades colonizadas.

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2.3.2. A instalação do aparelho político e
administrativo colonial e as campanhas de
ocupação.

O último quartel do século XIX foi o período em que se observou


a aceleração da instalação do sistema colonial português em África,
também devido ao crescente interesse das elites metropolitanas (governos
e grandes capitalistas) na conquista territorial africana.
Com a perda do Brasil, independente desde 1822, Portugal
centrou as suas atenções e objectivos no continente africano,
especialmente em Angola, tendo a partir da metrópole elaborado vários
planos para instalar o sistema colonial naquele território.
Abolido o tráfico de escravos, começou a observar-se, na
sociedade portuguesa e entre a classe dirigente, a exaltação do
sentimento nacionalista que se traduziu na implantação de novas formas
de exploração colonial e num comprometimento da classe burguesa na
criação de condições necessárias para a exploração de matérias-primas
que pudessem sustentar a indústria em crescimento e cujos produtos
seriam consumidos nas terras então conquistadas.
Assim, a conquista de territórios e a consequente instalação do
sistema colonial assumiram-se como um meio para a acumulação de
capitais e para o desenvolvimento da indústria, mas, sobretudo, como
uma forma ideal para, perante as nações europeias, Portugal recuperar
as suas perdas e o seu prestígio.
No entanto, as contradições ideológicas, a resistência por parte
dos traficantes perante uma alternativa económica que substituísse o
comércio de escravos, as resistências africanas à ocupação, o fracasso da
atracção de povoamento, assim como a falta de um projecto de
colonização possível e abrangente, acabaram por levar a sucessivos
adiamentos do mesmo.

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As tentativas de instalação ocorreram em três períodos distintos
e em relação aos quais se adoptou, em diversos domínios, a necessária
legislação.
Na primeira fase do projecto da política de expansão portuguesa
no território de Angola (1836-1861), o estadista português Sá da
Bandeira elaborou um plano de incentivo à criação de novas receitas, a
partir do aumento de impostos sobre os africanos e das taxas aduaneiras
dos portos de Angola, para suprir o vazio deixado pelo tráfico de escravos;
ordenou a ocupação e a anexação dos portos de Ambriz e de Cabinda
para a angariação de receitas comprometidas pelo contrabando
estrangeiro.
A pesar destes esforços, os resultados não foram os desejados
devido à concorrência inglesa e francesa. Ainda neste período, a nova
legislação definiu, em 1844, a organização dos serviços médicos de
saúde; em 1845 e 1856, a organização Ensino Primário e a sua extensão
aos filhos dos soberanos africanos; em 1861, a política de concentração
costeira e a centralização.
Na segunda fase (1861-1877), devido às elevadas despesas
contraídas; às rejeições africanas à autoridade portuguesa e às críticas
de viajantes estrangeiros contra o sistema colonial, Portugal, por ordem
do governador Sebastião Menezes, interrompeu a expansão territorial
para o interior e implementou uma política laboral severa. Não obstante,
a influência portuguesa continuou na zona costeira.
Neste fase destacam-se a adopção de medidas relacionadas com
a reforma administrativa, a exploração mineira, a alteração do sistema
alfandegário, as obras públicas, a organização militar, bem como a
reforma do Ensino e da saúde.
Na terceira fase (1877-1891), activistas coloniais portugueses
inspiraram o governo a renovar o sistema colonial, incentivando a criação
de um programa de investimento no desenvolvimento económico e nas
campanhas de ocupação. De facto, o sistema colonial esgotou os recursos
de Angola e impedia os africanos de ultrapassarem a sua condição de
pobreza, razão pela qual os africanos se mostraram mais hostís perante
um sistema a que eram leais, mas que ao longo dos séculos os oprimia.
Por isso, os activistas defendiam a sua participação no sistema e
a implementação de programas económicos e educacionais que, na
prática, se deviam traduzir na melhoria das suas condições de vida. Além
disso, desejavam que se abolissem todas as formas de discriminação
racial e social que separavam os brancos europeus dos negros africanos,

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para que pudessem abandonar a ideia da resistência ao colonialismo
português.
Contudo, a necessidade de preservação da sua herança histórica
e de recuperação do crédito internacional perdido com a conferência de
Berlim (1885) e o ultimato inglês (1890) fez com que Portugal avançasse
para a ocupação definitiva dos territórios, através do uso da força,
sustentando uma campanha que teve lugar em vários territórios,
nomeadamente em Angola, entre 1891 1 1919. E perante estas
campanhas multiplicaram-se as resistências armadas africanas.
Mas, como reagiram os africanos às campanhas de ocupação
colonial?
Este é um assunto que iremos abordar a seguir.

Como responderia?
1. Descreve as motivações para a ocupação efectiva dos territórios
africanos.
2. Destaca a exaltação do sentimento nacionalista com a
instalação do novo sistema de exploração colonial.
3. Distingue as três fases da política de expansão colonial no
território de Angola.

2.3.2.1 A resistência armada africana no Kongo.

Para anular a influência dos interesses de outros países europeus


relativamente à região do Kongo, os portugueses partiram para uma
política de agressão sobre este reino.
Como vimos, para pôr fim aos conflitos europeus pela ocupação
do Kongo, realizou-se a Conferência de Berlim, sugerida pelos alemães,
que se mostraram divergentes com o acordos de 1884, assinados entre
Portugal e Inglaterra, e que definiram a cedência a Portugal do território
compreendido entre os paralelos 5´e 8º.
As deliberações saídas da referida conferência delimitaram novas
fronteiras em África, nomeadamente na região do Kongo. Portugal
renunciou, a favor da Bélgica, à margem direita do rio Kongo, mas
conseguiu o direito sobre os territórios de Cabinda e Ambriz. Desta forma,

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os portugueses controlavam as rotas do norte em direcção ao litoral,
particularmente a da borracha, na exploração do comércio colonial.
Assim, as divergências registadas no norte de Angola, para uma
ocupação efectiva e dominação dos africanos, favoreceu a revolta dos
nativos. Uma das principais revoltas aconteceu em 1913 e 1914, sob o
comando de Álvaro Tulante Buta, um pequeno chefe católico de São
Salvador.
Tulante Buta manifestando-se contra o recrutamento de mão-de-
obra forçada que era enviada para São Tomé e Príncipe e para a América,
levou a cabo uma rebelião generalizada que reuniu todos os habitantes
do seu distrito, independente das suas convicções religiosas (católicos,
protestantes e animistas).
A positiva reação popular conguesa deu forças a Tulante Buta
para prosseguir com a revolta que obrigou os europeus a pôr fim ao
recrutamento de trabalhadores para as empresas privadas.
Contudo, as operações militares revelaram a superioridade dos
portugueses e a revolta terminou em 1917, com a derrota da população
local e com o envio de Tulante Buta para uma prisão de Luanda onde
acabou por falecer “vítima de doença”.

Como responderia?
1. Indica as razões que justificam as campanhas de ocupação no
Kongo.
2. Explica o movimento de resistência do Kongo.
3. Destaca o papel de Tulante Buta.

2.3.2.2 A resistência armada africana no Ndembu


(Dembos).

A região dos Ndembu (Dembos) compreende as terras cravadas


entre os rios Bengo e Dande (Ndanji).
No século XIX, o distrito correspondia à área a norte do Gulungo
Alto, integrando parte das chefias que ostentavam o título de Ndembu,
entre os quais, Kakulu Kahenda, Ngombe-Ya-Mukyama, Kazwangongo e
Kibaxe kya Mumbamba.

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Em 1871 ocorreu a revolta dos dembos contra os portugueses,
porque o povo rejeitava a autoridade militar e a exploração contínua
praticada pelos colonialistas europeus. Assim, os Ndembu de
Kazwangongo começaram a recusar o pagamento dos dízimos (impostos)
e decidiram igualmente que não seriam mais vassalos de Portugal.
Por sua vez, os Ndembu de Ngombe-Ya-Mukyama iniciaram, em
Dezembro de 1871, uma revolta contra a autoridade colonial, atacando o
posto administrativo de Kasatola. A revolta expandiu-se, mais tarde,
entre as jurisdições de Kazwangongo e de Kakulu Kahenda.
Portugal, a partir do governo central em Luanda, enviou para a
região um reforço militar de 250 homens, comandados pelo capitão
Sebastião da Motta, que intensificou o combate contra os Ndembu. Ainda
assim, as condições no terreno (dimensão da revolta e gravidade da
guerra) levaram o capitão português a pedir mais reforços militares.
As autoridade coloniais em Luanda, temendo que a revolta se
expandisse para a cidade e também para outros pontos do território,
enviaram, em 1872, um reforço de 560 homens fortes capazes de fazer
frente aos cerca de 10.000 homens da guerrilha Ndembu revoltosos,
armados e perito no uso da táctica de guerrilha que provocava um intenso
desgaste psicológico aos portugueses.
A guerra teve como consequência um elevado número de baixas
no grupo de militares portugueses e, por isso, Luanda foi obrigada a pedir
um reforço militar a Benguela e Moçâmedes (Namibe). Contudo, sem
efeitos, pois foram derrotados.
Em Setembro de 1872 verificou-se uma tentativa de negociação
de paz, mas sem sucesso, uma vez que os reis Ndembu se recusaram a
assinar um tratado que julgavam ser uma tentativa de os subordinar à
autoridade portuguesa ou de os forçar a abdicar de parte da sua
soberania.
O conflito terminou, apenas em 1873, com inúmeras baixas civis
e militares entre portugueses, que foram obrigados a abandonar a região.
O ministro português dos Negócios da Marinha e Ultramar
assinou um portaria a qual decretava a abolição dos dízimos dos
conselhos, ou seja, os Ndembu deixaram de pagar impostos aos
portugueses e recuperaram a independência e o exercício da sua
autoridade local. Por sua vez, os comerciantes estrangeiros (brancos,
negros e mestiços) eram obrigados a pagar um imposto pela sua presença
e realização de trocas comerciais na região.

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Infelizmente, a inexistência de uma organização unificada, de um
poder centralizado, nas estruturas político-administrativa, produtiva, de
defesa e segurança, favoreceu a fragilização da soberania nacional e,
consequentemente, da independência reconquistada. Três décadas e
meia depois, 1907, os ndembu voltaram a cair nas mãos da renovada
autoridade colonial portuguesa.
Como responderia?
1. Descreve as campanhas de ocupação colonial nos Dembos.
2. Explica o movimento de resistência nos Dembos.
3. Menciona os principais chefes Dembos da época.
4. Destaca os papéis de Kazwangongo e Kakulu Kahenda.
5. Por que razão os Dembos não conseguiram conservar a sua
independência?

2.3.2.3 A resistência em Malanje (Malange).

No final do século XIX, devido ao considerável cruzamento de


raças, Malange era considerada como uma cidade afro-europeia. Além
disso, no início do século XX; Malanje tornou-se num importante centro
de exploração de relevantes matérias-primas, como os produtos minerais
(diamantes, sobretudo) e agrícolas (milho, feijão, algodão, etc.), que
seguiam através dos caminhos-de-ferro para Luanda.
Os efeitos da revolta dos Ndembu ecoavam entre outros povos,
como os de Ambaca e os de Kalandula. Estes, inspirados pela acção nos
territórios vizinhos, deram início, em Junho de 1874, a uma revolta
contra as autoridades coloniais portuguesas, conseguindo o apoio dos
combatentes africanos que antes engrossavam as fileiras coloniais e dos
guerrilheiros Ndembu. Estes últimos, comandados pelo rei Kazwangongo,
invadiram Kalandula (conselho do Duque de Bragança) e conquistaram
os vassalos de Portugal.
A guerra em Kalandula e Ambaca, levada a cabo pelos nativos,
tinha como objectivo pôr fim a um sistema colonial que dividia os
africanos, colocando as autoridades locais umas contra as outras (dividir
para melhor reinar).
Para fazer frente ao conflito iniciado, o governador-geral
português José Andrade organizou uma coluna de centenas de milhares
de europeus que atacaram os conselhos de Ambaca e Kalandula.

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As posições portuguesas estabelecidas no forte de Kalandula, a
sua artilharia e as espingardas de longo alcance disponíveis e a traição
de alguns irmãos africanos instigados pelos colonialistas conduziram à
derrota dos nativos. O que se seguiu foi, durante décadas, a sua
submissão à violência colonialista.

Como responderia?
1. Indica as razões inerentes às campanhas de ocupação em Malanje.
2. Que efeito teve a resistência dos Ndembu sobre Malanje?
3. Explica o movimento de resistência em Ambaca e Kalandula.
4. Destaca o papel de Kazwangongo nesta resistência.
5. Que razões justificam as derrotas em Ambaca e Kalandula?

2.3.2.4 A resistência armada africana no Bié (Viye).

A quebra da aliança entre os portugueses e o reino do Bié se deu


em 1886 com a subida ao poder do rei Ciyoka. Diante desta situação, os
portugueses responderam com a conquista do reino de Ngalanji e com a
construção, no reino Ngangela, do forte do Kwangu.
Após a morte de Ciyoka, em 1888, assumiu o poder o rei
Ndunduma I. Foi durante este reinado que, em 1890, o rei africano acabou
se envolvendo num conflito com o representante máximo de Portugal no
Bié, o capitão-mor Silva Porto, que acabou por encontrar no suicídio a
resposta mais adequada perante as acções de desrespeito face à sua
autoridade. Este incidente motivou a intervenção das forças portugueses
comandadas por Artur de Paiva naquele reino.
Este episódio concluiu com o assalto final do exército português
ao planalto, sob o comado do capitão Teixeira da Silva, visando impedir
a formação de uma aliança alargada entre Bié, o Bailundo e outros
estados do planalto que dificultassem a ocupação e dominação desses
territórios.
Apelidado de “o terrível” pelos colonialistas, o resistente rei
Ndunduma não respeitava (não reconhecia) a autoridade portuguesa
naquele reino, e ripostava todos os ataques, porque o reino era seu e
qualquer intromissão por parte do estrangeiro representava uma ameaça
à sua soberania.

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No confronto directo, os estragos provocados pela artilharia
portuguesa destruíram a resistência do rei Ndunduma I. Ndunduma
terminou preso, a 4 de Dezembro de 1890, e foi desterrado para Cabo
Verde, onde chegou a falecer.
Na sequência, os portugueses construíram, no Bié, um forte e
marcaram o fim da independência naquele reino.

Como responderia?
1. Indica as razões associadas às campanhas de ocupação no Bié.
2. Explica o movimento de resistência no Bié.
3. Destaca o papel do rei Ndunduma I.

2.3.2.5 A resistência armada africana no Bailundo


(Mbalundu).

A instauração da autoridade colonial portuguesa no planalto foi


acompanhada pela fixação de comerciantes que ali procuravam obter
vários produtos, entre os quais a cera e a borracha, assim como pela
construção de vários fortes, nomeadamente no Huambo e no Bié.
Em 1891, o exército português, munido de artilharia e auxiliado
por batedores, procedeu a um assalto final ao planalto sob o comando do
capitão Teixeira da Silva.
Em 1893, após a morte do rei Ekuikui II, subiu ao trono do reino
do Bailundo o rei Numa II. Este continuou a guerra contra os
portugueses, mas, apesar de toda a sua vontade e força, não conseguiu
vencê-los.
Mais tarde, uma nova revolta no reino do Bailundo opôs a
autoridade portuguesa, porque a população local continuava a
manifestar-se contra o trabalho forçado no reino e a rejeitar a submissão
ao domínio português.
A 7 de Abril de 1902, o capitão-mor convocou as autoridades
tradicionais do Bailundo, convite rejeitado por Mutu-Ya-Kevela, que não
reconhecia qualquer autoridade do representante português sobre si.

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depois de dois dias, isto é em 9 de Abril de 1902, reuniu-se a corte
do Bailundo, onde se juntaram os representantes de todos os reinos do
Planalto para prepararem a guerra contra os portugueses.
Em reacção ao sequestro de Kalandula pelo capitão-mor
português, iniciou-se, a 15 de Maio de 1902, a revolta dirigida por Mutu-
Ya-Kavela, um grande chefe militar e administrador do paço
(corte/residência do rei) Kalandula.
Mutu-Ya-Kevela reuniu perto de 10.000 africanos de todos os
reinos Umbundu, com o objectivo de recuperar a soberania nacional e
pôr fim à escravização dos africanos. A revolta provocou a paralisação do
recrutamento de trabalhadores no Planalto centra.
A repressão não se fez esperar. O exército português, comandado
por Gabriel Moncada, iniciou uma grande ofensiva. Assim, mobilizou
uma coluna com 458 soldados que partiu de Benguela, com o objectivo
de dominar definitivamente o Planalto Central, construiu novas fortalezas
no interior e instalou novas guarnições em pontos estratégicos para
estabelecer o domínio das caravanas comerciais.
Os africanos reagiram cercando a fortaleza do Bailundo,
aprisionaram e mataram um significativo número de comerciantes
europeus, além de terem queimado e saqueado as suas propriedades.
Ainda assim, a superioridade militar portuguesa conduziu à derrota final
dos Ovimbundu, que perderam cerca de 2.000 revoltosos. O próprio
Mutu-Ya-Kevela foi morto em combate, a 4 de agosto de 1902.
A vitória na guerra permitiu aos portugueses a execução de um
sistema colonial caracterizado pela opressão e pela imposição da
autoridade colonial face à autoridade política, económica e social dos
Ovimbundu. Ainda assim, a resistência, a resistência Ovimbundu em
relação ao domínio colonial português continuou, sobretudo a partir de
1915.

Como responderia?

1. Indica as razões das campanhas de ocupação no Bailundo.


2. Descreve o movimento de resistência do Bailundo.
3. Quem foi Mutu-Ya-Kavela?
4. Destaca o papel de Mutu-Ya-Kavela.

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2.3.2.6 A resistência armada africana dos Humbe.

Os portugueses haviam sido expulsos do Humbe pelo rei


Cipalanga. Com a morte deste, a ascensão ao trono de Cimgwalula
proporcionou o restabelecimento do pacto de aliança e de amizade com
os portugueses, mas este também teve um fim com a morte daquele rei,
voltando a instalar-se um clima de inimizade.
Em 1869, os portugueses voltaram a atacar o Humbe, enquanto
a construção da fortaleza naquela região, em 1880, permitiu o
restabelecimento da aliança com as autoridades reais daquele reino.
Contra tal aliança estalou uma revolta popular comandada por Sekulu
Cahungu, que, após derrubar o rei, se apossou do poder e, por
consequência, expulsou os portugueses do reino.
Diante dista situação, os comerciantes portugueses viram as suas
casas serem saqueadas e queimadas, enquanto o seu símbolo de
resistência e expressão de autoridade – a fortaleza, também foi destruído.
A resposta veio do posto administrativo vizinho, a fortaleza da Huíla, de
onde partiu o reforço militar que forçou Cahungu a recuar.
A actuação portuguesa no Humbe conquistou alguns adeptos
locais, como foi o caso de Tchoia, que levou a cabo um golpe de estado
na capital do reino, Mutano, que acabou com a destronação e morte do
rei Cahungu.
Pouco tempo depois, Tchioa foi também alvo de uma revolta
popular. Esta revolta resultou de uma aliança de Matamã, formada pelo
reino de Humbe, liderado por Luhuna (que se tornou rei), e com a
participação do grande guerreiro Orlog e dos Ngambwe do rei Hamavoko.
Na sequência da peste bovina ocorrida em 1895, que dizimou o
gado (principal fonte de fornecimento de produtos, bem como da força
militar), abateu-se sobre Matamã, da qual fazia parte o reino de Humbe,
uma grande seca (1915). A consequência principal foi a fragilização das
forças do reino, aproveitada pelos portugueses, que avançaram para uma
campanha.
Liderados pelo capitão Pereira d`Eça, os portugueses atacaram e
conquistaram a capital do reino e colocaram um ponto final na
resistência Humbe. Consumada a queda da resistência, os portugueses
criaram o Conselho Colonial de Humbe, efetivando assim a sua
ocupação.

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Como responderia?
1. Indica as razões das campanhas de ocupação no Humbe.
2. Explica o movimento de resistência dos Humbe.
3. Destaca o poder da coligação de Matam.

2.3.2.7 A resistência armada africana dos Ovambo.

No âmbito da disputa colonialista europeia do século XIX, as


pretensões de ocupação do sul de Angola foram um motivo de rivalidades
entre alemães e portugueses, conduzindo estes últimos à implantação do
seu projecto colonial de ocupação definitiva do território Ambó.
No entanto, a realização deste projecto foi comprometida pelo
impacto provocado pela resistência Humbe, entre 1886 e 1915, com
várias derrotas portuguesas nas batalhas travadas.
Ainda assim, no território dos Ambós sucederam-se várias
batalhas, como a de Mufilo, Naulila e Môngwa. Todas elas encabeçadas
pelo grande rei ovambo Mandume Ya Ndemufayo.
A batalha de Mufilo ocorreu em 27 de Agosto de 1907. Nesta
batalha, sob o comando do caipão português Alves Roçadas, as forças
portuguesas depararam-se, logo à chegada, com tiroteios provocados por
2.000 guerreiros nativos, aos quais responderam, inicialmente, com as
entrincheiradas forças portuguesas e depois com a cavalaria.
O combate prosseguiu e, quatro horas após o seu início, entrou
em cena o 2º esquadrão comandado pelo tenente Martins de Lima, que,
apesar de ter sido cercado num terreno difícil, avançou sobre os nativos
que não conseguiram manter a sua resistência. Contudo, durante o
conflito tombaram vários homens e cavalos portugueses que se
embaraçaram na vegetação e foram cercados pelo fogo dos Kwamato,
aqueles que os portugueses consideravam invencíveis.
Uma outra batalha, a de Naulila ocorreu em 18 de Dezembro de
1914, foi travada entre as forças portuguesas e alemães. Os portugueses
sofreram uma traumática derrota perante os alemães, contando, no final
do combate, setenta militares mortos. Os sobreviventes tiveram que
abandonar temporariamente a região que fazia fronteira com a
estimulando colónia do sudoeste africano (Namíbia), que era ocupada
pelos alemães.

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Infelizmente, para os alemães, não foi possível dominar
definitivamente os portugueses, por estavam concentrados na 1ª Guerra
Mundial. Uma situação que abriu oportunidades à Portugal se
reorganizar, de se reforçar com militares e armamentos, para além de
reformularem a sua estratégia, incentivando os nativos, sobretudo os
mais próximos do rei Mandume, a traí-lo.
Os relatos da derrota portuguesa em Naulila, e por consequência
a perda do prestígio das forças portuguesas ao nível internacional,
provocaram um caos político e, por isso, o governo central (Lisboa) enviou
da metrópole uma força expedicionária, comandada pelo general Pereira
d`Eça, para sanar a crise provocada pelas forças alemães. Contudo, a
mesma não foi necessária, porque à sua chegada os alemães já se haviam
rendido às forças portuguesas.
Enquanto isso, a reorganização portuguesa surtiu efeitos na
batalha de Môngwa ocorrida em 20 de Agosto de 1915. Inicialmente, a
determinação do rei Mandume dificultou projecto de implementação da
administração colonial no território Ovambo, tendo imposto pesadas
derrotas aos colonialistas. Mas perante tais dificuldades, os portugueses
recrutaram alguns indígenas e incitaram-nos a lutar contra o seu próprio
reino.
A ajuda dos traidores indígenas foi crucial, que, sob as ordens de
comando do capitão Ferreira do Amaral, foram usados com escudos,
determinando a posição estratégica de ataque dos Ambó. Assim,
contribuíram para a vitória portuguesa sobre os Ovambo e para a morte
do rei Mandume Ya Ndemufayo.
No final do combate, apesar de várias baixas (dezenas de militares
mortos), os portugueses conseguiram ocupar o reino Ambó, embora não
de forma efectiva, porque a dominação total da região do sul ainda foi
necessário um pouco mais de uma dezena de anos.

Como responderia?
1. Indica as razões das campanhas de ocupação dos Ovambos.
2. Descreve as principais batalhas que opuseram os portugueses aos
Ovambo.
3. Destaca a batalha de Môngwa.
4. Quem foi Mandume Ya Ndemufayo?

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2.3.3. A marginalização dos “angolenses” e os apelos
autonomistas.

As restrições na ascensão a cargos no aparelho político-


administrativo ou no acesso a determinados empregos, a obrigatoriedade
do pagamento de pesados impostos ou do cumprimento da política de
indigenato que submetia os nativos ao trabalho forçado, a extorsão de
terras, assim como a proibição da utilização de línguas locais no ensino,
na imprensa e em todas outras actividades de carácter público,
administrativo, religioso e de justiça constituíram-se como meios de
marginalização ou descriminação social, económica e cultural dos
angolenses pelo sistema colonial português.
Para contrapor essa marginalização de que eram alvos, os
angolenses exigiram ao governo colonial a aplicação de uma lei para todos
e em igualdade de circunstâncias. O impacto das suas reivindicações fez-
se sentir em diversas instituições, como nas escolas, nas igrejas e nas
instituições missionárias e militares, e ainda contribuiu para o
desenvolvimento da imprensa local.
Fundado por descendentes de famílias angolanas, os “filhos do
país”, vários jornais começaram a surgir em Angola, como o Pharol do
Povo, O Mercantil ou O Futuro de Angola e tantos outros.17
Apesar da repressão de era alvo, no século XIX, a imprensa
angolana desempenhou o seu papel e conseguiu transformar-se num
forte difusor dos apelos autonomistas e das manifestações
independentistas que se registaram na época, tendo, por isso,
contribuído para a elevação da noção de nacionalismo africano no seio
da sociedade colonizada.
O PHAROL DO POVO (1883-1885), do qual era dono o filho do país
João Braga, denunciava as arbitrariedades cometidas contra os africanos
e criticava drasticamente a monarquia constitucional de Portugal
defendendo o ideal republicano. Os seus editores pertenciam a família de
“filhos do país”, pobres e originários de Mbaka (ambaquistas), daí a sua
popularidade no interior.
José de Fontes Pereira (1823-1891) foi um “filho do país”
considerado por muitos como o maior jornalista daquela época e um
percursor do nacionalismo angolano. Ele, como os outros, não escapou
às perseguições do regime colonial por causa dos seus escritos

17Para mais detalhes consultar a primeira unidade temática no sumário 1.4 A SOCIEDADE
COLONIAL: OS COLONOS E OS “FILHOS DO PAÍS”, IMPRENSA E A AFIRMAÇÃO DA IMPRENSA AFRICANA.

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publicados no periódico O FUTURO d`ANGOLA, que defendiam a
emancipação de Angola, referindo que este era um “território
historicamente diferente de Portugal”.
Em dois anos seguidos foram publicados dois periódicos em
língua kimbundu: em 1888 MUKARIMI (linguarido) e em 1889 MUEN`EXI (o
senhor das Terras).
Os títulos eram conhecidos em kimbundu, embora os seus textos
fossem preenchidos quase na íntegra em português, reservando umas
diminutas frases em kimbundu.

Como responderia?
1. Identifica as formas de marginalização a que foram sujeitos os
“angolenses”.
2. Descreve as consequências da marginalização dos “angolenses”.
3. Ressalta o papel da imprensa nos apelos autonomistas.

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2.4. A importância económica de Angola no espaço
colonial português.

Foi no final do século XIX que se acentuou a necessidade dos


países europeus obterem lucros através da exploração das riquezas
naturais existentes em África. Desta forma expandiu-se o capitalismo
industrial e a colonização africana desenvolveu-se. Portugal foi um dos
países europeus colonizadores, estabelecendo sobretudo vínculos
económicos com os países colonizados.
Como vimos anteriormente, até ao século XIX, a economia
angolana era sustentada pelo tráfico de escravos. O combate cerrado
àquele negócio desumano deu lugar à sua abolição, em 1836, por Sá da
Bandeira.
No entanto, a resistência à mudança da burguesia escravocrata,
face à definição de uma alternativa de produção, fez com que o tráfico
continuasse de forma clandestina, com o embarque de escravos para o
Brasil feito a partir de novos portos africanos, mantendo o elo que unia
Angola à metrópole (Lisboa) e ao Brasil (comércio triangular).
O ciclo só se fechou em 1878. Ainda assim, tal não significou o
fim da exploração dos africanos, porque no lugar do tráfico, foi instituído
o “trabalho forçado”.
Os africanos mostravam-se contra a exportação de homens
africanos para o exercício desse tipo de trabalho. E, por isso, passaram a
oferecer resistência ao sistema de exploração colonial, como aconteceu
nos reinos do Bailundo (1902) ou do Kongo (1913).
Em 1900, a crise do marfim paralisou o comércio entre Luanda e
Benguela. Quatro anos depois, em 1904, a crise da borracha teve como
efeito imediato a paralisação das caravanas comerciais do Viye (Bié) e do
Mbalundu (Bailundo). Este período de crise no comércio que sustentava
a economia de Angola levou os colonialistas a desenvolverem a produção
mineral e agrícola orientada para a exportação. A mão-de-obra produtiva
eram os africanos, sem terem direitos sobre os meios de produção.
No final do século XIX, pouco mais de um terço dos comerciantes
portugueses que operava em Angola dedicava-se exclusivamente à venda
de álcool. Com a proibição, em 1902, do fabrico e comércio de álcool, o
governo colonial pretendia estimular as exportações dos vinhos
metropolitanos.

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Contudo, tal proibição não acabou de facto com aquele comércio
e, pelo contrário, aumentaram-se os problemas associados, como a
degradação social e moral dos africanos que consumiam o álcool ou o
bloqueio dos comerciantes europeus que não possuíam outro meio de
troca senão aquele. Por isso, a prática continuou.
Os comerciantes europeus fabricavam rum individualmente,
embora em pequenas proporções, e utilizavam-no para pagar aos
africanos que para si trabalhavam.
Ao mesmo tempo, no final do século XIX, começou a verificar-se
um conjunto de transformações na colónia de Angola, que tiveram como
origem a construção dos caminhos-de-ferro de Luanda (1886), Benguela
(1893) e de Moçâmedes (1905).
A partir de 1905, enquanto se assistia a decadência na exploração
de produtos como o marfim ou óleo de palma, as grandes companhias de
exploradores europeus começavam a explorar outros produtos, como o
café e o açúcar. Por sua vez, a produção do milho, por ter associado um
rendimento inferior e por servir para alimentar a mão-de-obra, era
entregue aos africanos.
A criação do imposto de trabalho, em 1906, que visava a
arrecadação de receitas por parte do governo colonial, obrigou o escravo
liberto (comerciante por conta própria) a tornar-se mão-de-obra
assalariada para poder pagá-lo. Tal lei converteu-se numa vantajosa
estratégia para a angariação de mão-de-obra necessária para a
construção de estradas, caminhos-de-ferro e para a extração mineira.
Em 1907, o governo colonial tornou obrigatória a cultura do
algodão para responder à exportação do mesmo, que, na época, era feita
pela Inglaterra. Nesta altura, o trabalho forçado ainda era uma realidade.
A 5 de Outubro de 1910 foi instaurada a República em Portugal.
Mas os seus efeitos para a colónia de Angola estiveram longe de significar
a reforma das políticas indígenas ou anulação do trabalho forçado, já que
a Constituição republicana de 1911 perpetuava a obrigação dos contratos
por dois ano e proibindo os patrões de castigar os trabalhadores.
Em 1912, com a chegada do governador-geral de Angola, Norton
de Matos, observaram-se algumas mudanças, fruto da elaboração de leis
que proibiam o trabalho forçado e que previam a institucionalização, no
seu lugar, do trabalho livre. Mas, à data da sua retirada, em 1915, os
colonos voltaram às anteriores práticas que sustentavam o trabalho
forçado.

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Até 1914, a exportação da cana-de-açúcar atingia os cerca de 6
milhões de toneladas. Nesta altura, o aumento da produção,
impulsionado pelas companhias de exploração europeias, implicava a
existência de um número maior de canais de escoamento, porque as vias
existentes, fundamentalmente os caminhos-de-ferro, eram insuficientes
no estabelecimento de ligações aos mercados do interior de Angola e da
África Central e Austral. Para colmatar esta insuficiência, em 1915
iniciou-se, em Angola, a construção de estradas, com recursos a mão-se-
obra africana.
Porém, somente em 1930 teve início o processo sistemático de
desenvolvimento económico sobretudo devido ao aumento da produção e
da exportação de produtos como o milho, o café, o sisal e a cana-de-
açúcar. Angola era, nesta época, uma colónia extremamente importante
para Portugal. A sua contribuição média nas importações totais
portuguesas representava mais de 40% do mercado colonial.

Como responderia?
1. Refere as transformações económicas operadas em Angola no século
XIX.
2. Estabelece uma relação entre o desenvolvimento económico e a
construção de vias de comunicação.
3. Salienta a importância económica da colónia de Angola na primeira
metade do século XX.

SÍNTESE DA UNIDADE TEMÁTICA

DADOS CRONOLÓGICOS

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 2)


1. Relaciona os elementos da coluna A com os da coluna B.

A B
1. Espírito de aventura e
curiosidade científica dos a) Modelos coloniais
exploradores europeus
2. Mapa cor-de-rosa b) Novo contexto imperialista
3. Direct rule, indirect rule,
evolués, assimilées e c) Ultimato inglês (1890)
assimilados

2. Responde às questões seguintes.


a) Indica o contexto em que se enquadram as personalidades
Tulante Buta e rei Ndunduma I.
b) Explica o seu contributo para a resistência às campanhas
de ocupação colonial.
3. Lê o texto e responde às questões.

(..) A aguardente fora o principal artigo de troca usado pelos portugueses


para obterem escravos. Por sua vez, o fim da escravatura não alterou a
importância do álcool no comércio angolano. De facto, o vinho e as bebidas
alcoólicas portuguesas constituíam a espinha dorsal do comércio de
Portugal com Angola – uma actividade comercial que beneficiava os
industriais de Portugal e os portugueses em Angola, mas tinha
consequências económicas e físicas gravemente negativas para muitos
africanos da colónia.
Bender – Angola sob o domínio
português.

a) Avalia a importância económica de Angola no espaço


colonial português.
b) Comenta a frase sublinhada no documento.

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UNIDADE Iii – A ÁFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS
MUNDIAIS (1914-1945).

PLANO DE ESTUDO: 3.1. AS DUAS GUERRAS MUNDIAIS NO CONTEXTO


DAS RIVALIDADES IMPERIALISTAS.
3.2. O IMPACTO ECONÓMICO DAS GUERRAS
MUNDIAIS EM ÁFRICA: O REFORÇO DA
EXPLORAÇÃO, O COMÉRCIO COLONIAL E O
COMÉRCIO MUNDIAL.
3.3. O IMPACTO POLÍTICO DAS GUERRAS MUNDIAIS.

3.1. As duas guerras mundiais no contexto das rivalidades


imperialistas.

O conflito bélico-militar que decorreu entre 1914-1918, designado


por Primeira Guerra Mundial, foi desencadeado por um confronto
regional que envolveu o Império Austro-húngaro e a Sérvia. Este conflito
alargou-se, depois, a uma escala europeia, e consequentemente mundial,
onde participaram trinta e duas nações, vinte e oito das quais
organizadas em distintas alianças.
Nos anos que antecederam a eclosão do conflito sucederam certos
acontecimentos que marcaram fortemente a cena política europeia, entre
os quais o assassinato de Francisco Fernando, arquiduque austríaco,
pelo nacionalista sérvio Gavrilo Príncipe, em Sarajevo, no dia 28 de
Junho de 1914. Este incidente viria a ser o antecedente mais imediato da
eclosão da 1ª Guerra Mundial, dando início às hostilidades entre o
Império Austro-húngaro e a Sérvia, a 28 de Julho de 1914.
Todavia, os verdadeiros motivos que determinaram o desencadear
do conflito eram já anteriores, exprimindo um contexto de rivalidades
imperialistas, desde os pequenos conflitos (como a guerra franco-
prussiana, ocorrida entre 1870 e 18719 que ameaçavam em permanência
a paz, à acentuação dos confrontos internacionais, passando pela

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concorrência económica e pelo nacionalismo exacerbado das potências
europeias.
As rivalidades internacionais datadas de há séculos
acentuaram-se fundamentalmente com 1) a partilha colonial de África,
definida na conferência internacional de Berlim, entre 1884 e 1885. 2) a
dominação política sobre as regiões potencialmente produtoras de
matérias-primas que conduziu ao reforço da disputa pela posse de
territórios em África e 3) a das políticas de exploração colonial.
De alguma forma, as rivalidades económicas e políticas
permitiram o crescimento das potencialidades industriais das diferentes
nações europeias, especialmente da Inglaterra e da Alemanha, pelo
declarado imperativo de expandir os seus mercados e de encontrar uma
fonte de fornecimento permanente de matérias-primas necessárias à
indústria, que, ao mesmo tempo, fosse um espaço de escoamento dos
produtos fabricados.
Neste contexto, o confronto agravava-se dia após dia e o embate
efetivo entre os dois blocos antagónicos tornava-se iminente, uma vez que
ambos encaravam a guerra como o único meio pelo qual passaria a
realização dos seus intentos.
Também no contexto das rivalidades imperialistas afirmava-se
um espírito nacionalista que, no decurso do século XIX e nos princípios
do século XX, crescia em cada canto da Europa a um rito considerável: a
França pretendia reconquistar as cidades da Alsácia e da Lorena,
anexadas pela Alemanha na guerra franco-prussiana (1870-1871), na
Alemanha, proclamava-se a superioridade da raça germânica
(Pangermanismo); enquanto na Península Balcânica, as nações daquela
região (Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia e Bulgária) manifestavam-
se contra o domínio do Império Austro-Húngaro e da Turquia, ao qual
estavam sujeitos.
Por sua vez, a corrida armamentista que caracterizou fortemente
a sociedade internacional no final do século XIX e no início do século XX
conduziu à criação de dois sistemas de alianças e, por consequência, ao
desenvolvimento de um clima belicista denominada “paz armada” que
opôs, por um lado, a Tríplice Aliança (criada em 1882 e constituída pela
Alemanha, Áustria e Itália [1915] e, por outro lado, a Tríplice Etente
(criada em 1904 e constituída pela França, Inglaterra e Rússia).
Neste clima de paz armada e de exaltação dos sentimentos
nacionalistas, qualquer incidente entre os dois blocos poderia resultar
num grande conflito internacional. E isto confirmou-se quando, em
resposta ao assassinato do arquiduque austríaco Francisco Fernando, a

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Áustria declarou à Servia, a 28 de Julho de 1914. A partir deste momento
envolveram-se no conflito, a um ritmo frenético, diferentes países de
acordo com as alianças que haviam estabelecidos, declarando guerra aos
países opositores.
O conflito só terminou em 1918 e com um saldo de várias baixas,
principalmente entre os vencidos, para além das condições de
capitulação18 a que tiveram de se sujeitar. A conferência de Paz de
Versalhes (Tratado de Versalhes) de 1919 decretou a aplicação de
condições duras aos países derrotados, nomeadamente o desarmamento
completo da Alemanha.
Após isso, a Europa viveu um clima de paz. Contudo, era uma paz
frágil, porque a Alemanha nunca aceitou as condições impostas no final
da guerra e as rivalidades ainda pairavam, mesmo entre os vencedores
da guerra (por exemplo, a Inglaterra e a França disputavam entre si uma
nova hegemonia19).
Esta insegurança resultante da frágil e diminuta durabilidade da
paz confirmou-se em 1939, aquando do início da 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), cujas dimensões e consequências vieram a ser ainda mais
devastadoras do que as do primeiro conflito mundial.
O impacto da 2ª Guerra Mundial também se fez sentir em terras
africanas. Aqui decorreram algumas batalhas envolvendo potências
europeias, como a frança e a Inglaterra, que através dos seus exércitos
levaram a cabo uma campanha para anexação de territórios pertencentes
à Alemanha (seu principal opositor na guerra), como o Togo, Camarões,
Tanganica e Namíbia.
O confronto envolveu intervenção portuguesa, numa tentativa de
evitar a possível extensão da campanha franco-inglesa às suas colónias,
Angola e Moçambique que faziam fronteira com as colónias alemãs.
Com a anterior derrota alemã e como resultado das campanhas
de anexação inglesa e francesa durante o segundo conflito mundial nos
territórios africanos antes pertença da Alemanha, o Togo e parte dos
Camarões acabaram por ficar sob o domínio francês, Tanganica e a outra
parte dos camarões ficou sob domínio inglês.

18 Rendição. Condições em que um chefe militar ou Estado envolvido na guerra se rende.


19 Autoridade soberans. Superioridade ou supremacia.

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Por plebiscito20, a Bélgica foi-lhe concedida, pela Liga das Nações,
o mandato sobre as colónias alemãs de Ruanda-Urundi, conquistadas
por tropas nacionais durante o conflito.
Por sua vez, a união Sul-africana (África do Sul) ficou com a
administração da Namíbia, inicialmente por um mandato, mas de forma
ilegítima e convertendo-a numa província sul-africana depois de 1945.

Como responderia?
1. Identifica os motivos que desencadearam as duas guerras
mundiais.
2. Destaca as rivalidades internacionais.
3. Que impacto tiveram, em África, as rivalidades internacionais?
4. Explica o significado da expressão “rivalidades imperialistas”.
5. Descreve as consequências das duas guerras mundiais para o
continente africano.
6. A História não é senão uma sucessão de lutas. Os interesses
humanos não são senão assuntos de debates e pretextos para
batalhas. Alberto Torres, O Problema Mundial, 2016.
a) Comenta a afirmação.

3.2. O impacto económico das guerras mundiais em


África: o reforço da exploração, o comércio colonial e
o comércio mundial.

O raio de destruição provocado pelas duas guerras mundiais foi


extenso, uma vez que tais conflitos opuseram as principais potências
industriais e comerciais da europa e do Mundo, países que investiram na
criação de uma indústria bélica que evoluiu significativamente com o
desenrolar da guerra.

20 Voto expresso directamente pelo povo.

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As altas de inflação21, o desemprego e a miséria foram as
consequências inerentes a uma profunda crise económica mundial
provocada por aqueles conflitos.
As economias dos países tornaram-se, desde então, sensíveis ao
mercado mundial e facilmente afectadas pelas flutuações da conjuntura
internacional. Como tal, as economias integradas nas trocas mundiais
modeladas/planeadas em distintos níveis, por uma legislação22
concebida pelas potências coloniais, ficaram também condicionadas
pelas flutuações internacionais.
O controlo dos preços, a requisição das colheitas e o cultivo
obrigatório de determinados produtos agrícolas (destinados à satisfação
do esforço da guerra) obrigou as administrações locais a recorrerem
permanentemente ao recrutamento obrigatório de mão-de-obra agrícola,
para além da construção de infraestruturas militares e da incorporação
de indivíduos nas fileiras do exército.
No período entre as duas guerras, as trocas externas entre as
colónias e as metrópoles, as produções agrícolas e de mineração, que
constituíam a base das exportações, diminuíam devido às variações do
comércio mundial, o que se refletiu nas economias locais.
Fortemente influenciado pela conjuntura mundial e pela crise das
economias inglesas, francesas e italiana, a diminuição do comércio
externo refletiu-se nas importações e nas exportações. Os sectores
directamente ligados ao mercado mundial foram os que mais sentiram os
efeitos da recessão. De facto, durante a grande depressão dos anos 30, a
crise atingiu até aqueles produtos que constituíam o núcleo das
exportações, como foi o caso do algodão, cujas regiões especializadas
viram os seus produtores em extremas dificuldades.
No entanto, acelerou-se a corrida á exploração colonial africana,
sobretudo por parte de países fora da europa, como os Estados Unidos
da América (EUA). O enfraquecimento das estruturas económicas e
financeiras dos países europeus obrigou-os a partilhar, com os
americanos, o domínio do mundo.
Assim, os EUA tornaram-se credores de uma Europa falida. À
excepção da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), todos
os outros países europeus não tinham, após uma morosa guerra,
condições para concorrerem no mercado africano.

21 Alta geral dos preços correspondente a uma disparidade entre a procura e a oferta de
bens e serviços.
22 Conjunto de elis. Preceitos legais que regulam determindada matéria.

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Nesse contexto, os norte-americanos formularam políticas do tipo
liberal para África, com base nos interesses económicas definidos e num
regime de igualdade económica.

Como responderia?

1. Explica o impacto económico das guerras mundiais em África.


2. Explica o reforço da exploração colonial.
3. De que forma se fez sentir, após a guerra, o reforço da exploração
económica nas colónias?
4. Descreve as características do comércio colonial e mundial.
5. Que acção, ao nível económico, desenvolveram os EUA em África?

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3.3. O impacto político das guerras mundiais.

Na primeira Guerra Mundial participaram 52.000 soldados


africanos das colónias.
Já desde Setembro de 1939, altura do início dos confrontos entre
a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha, os países aliados recrutaram
forçadamente, nas suas colónias, mais de meio milhão de africanos, entre
operários e soldados, que lutaram contra as tropas fascistas alemãs e
italianas. Os africanos participaram em teatros operacionais na Líbia,
Itália, Alemanha, França, Birmânia, Médio Oriente e Indochina.
Só em 1940 foram recrutados, apenas nas colónias sob
dominação francesa, mais de cem mil soldados africanos.
Segundo o historiador africano Joseph Ki-Zerbo, foram
recrutados 127.320 soldados africanos na África Ocidental, 15.500 na
África Equatorial e 34.000 no Madagáscar.23
Existem memórias da presença dos africanos nos confrontos do
norte de África, como na Batalha de El Alamein (Egipto), que envolveu as
tropas britânicas e alemãs, em que se verificou a derrota dos alemães e
obrigados a abandonar a região. Mas o reconhecimento aos africanos
nunca foi dado. De facto, os africanos foram forçados a participar nas
guerras sem daí terem retirado qualquer proveito/compensação.
Os milhares de africanos que contribuíram para libertar a Europa
do fascismo foram, acima de tudo, utilizados como escudo, tendo muitos
deles, mais de 150.000, perdido a vida em combate.
Apesar de tudo, aquela participação dos africanos,
essencialmente da África francesa, permitiu contacto com o modus
vivendi24 do homem branco (colonizador) e evidenciou a desumanidade
dos auto-intitulados “civilizados”.
As duas guerras mundiais provocaram o declínio político e
diversas crises económicas nas grandes potências europeias.

23 Ki-Zerbo: História da África Negra. 1999.


24 Modo de vida.

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A Europa, após o conflito, viu o seu poder, também colonial,
diminuído. Por exemplo, a Bélgica, Holanda e a França sofreram pesadas
derrotas; uma parte considerável do império britânico foi ocupado; a
Itália de Mussolini perdeu, em 1942, as colónias do Iraque, Egipto e
Tunísia; os alemães incitavam os nacionalistas contra os aliados. Na
Ásia, os japoneses declararam a independência de todos os países sob
seu domínio, concedendo-a, no ano seguinte, em 1943, à Birmânia.
Já em 1947, a Grã-Bretanha cedeu independência à Índia, por
força do impacto de um movimento nacionalista liderado por Mahatma
Gandhi25.
Em 1954, os efeitos da Victória comunista na China animaram os
guerrilheiros vietnamitas de Ho Chi Minh26 na luta contra o opressor, a
França, que acabou expulsa da Indochina.
Em África, as políticas e o apoio dos vencedores da guerra (EUA e
a URSS), as acções da ONU, que desde 1948 se opunha à exploração
colonial e exigia a restituição da emancipação a todos os países oprimidos
pelas potências coloniais, assim como o movimento pan-africanista27,
que aproveitou os sinais de enfraquecimento dos impérios coloniais,
estimularam as lideranças africanas na busca da independência política.
Neste contexto, individualidades como Jomo Kenyatta (Quénia),
Kwame Nkrumah (Gana), Sékou Touré (Guiné Conacri), Julius Nyerere
(Tanganica), Leopold Sédar Senghor (Senegal), Amílcar Cabral (Guiné-
Bissau), Samora Machel (Moçambique), Agostinho Neto, Holden Roberto,
Jonas Savimbi (Angola) e tantos outros, catapultaram/projectaram África
para tal conquista. E a 2ª Guerra Mundial foi o conflito que contribuiu
decisivamente para acelerar a descolonização, tornando-a num processo
irreversível.

Como responderia?

25 Mohandas Karamchand Gandhi (ou Mahatma Gandhi) (1869-1948), líder nacionalista


indiano que levou seu país a conquista da independência mediante uma revolução
pacífica. Gandhi estudou na Grã-Bretanha e se licenciou em Direito pela University
College de Londres. Foi advogado em Bombaim (Índia) e mais tarde em Durban (África
do Sul). Durante sua estada neste último país, foi tratado como membro de uma raça
inferior, razão pela qual iniciou sua longa luta em favor dos direitos civis de todas as
raças.
26 Ho Chi Minh (1890-1969), seu verdadeiro nome era Nguyên That Thanh, destacado

político vietnamita na luta contra o domínio colonial francês.


27 Relativo ao Pan-Africanismo (ideologia que propõe a União de todos os povos africanos

ara potenciar a voz do continente ao nível internacional).

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1. Particulariza a participação dos africanos nos conflitos
mundiais.
2. Explica os principais resultados dessa participação.
3. Menciona as consequências políticas inerentes às duas guerras
mundiais.

3.3.1. A mobilização dos africanos e a politização das elites assimiladas.

Como vimos na unidade 2, nas colónias portuguesas o sistema


colonial definiu, como uma das suas prioridades, a civilização do negro.
Para tal, implantou-se o assimilacionismo28.
A politica de assimilação foi o produto de uma tentativa que a
França e Portugal engendraram para destruir a tradição cultural das
coloniais africanas e para formar, através da europeização, uma elite
privilegiada que se submetesse à colaboração com os colonizadores.
O Estatuto do indígena, publicado em 1921 em Portugal, assim
como a francesa Lei do Indigénat, de 1924, dividiam os africanos em
indígenas (indigènes) e assimilados (assimilées).
Com o derrube da República em 1926 e a ascensão do Estado
Novo de Salazar em 1933, Portugal restaurou o seu interesse em concluir
a chamada “missão histórica”. A mesma visava transformar os africanos
em portugueses. Para a realização de tal missão criou-se o sistema de
indigenato, que supostamente protegeria os interesses dos africanos.
Mas, na realidade, esse sistema estabeleceu e promoveu um regime de
desigualdade social e política, nomeadamente com a divisão da
população em duas categorias jurídicas distintas:
Por um lado, os africanos e mestiços indígenas (nativos,
igualmente designados como não-assimilados, não-civilizados).
Consideram-se não-assimilados todos aqueles que não haviam
assimilado a cultura portuguesa, de acordo com o Estatuto do
indigenato, que fazia a distinção entre o indígena e o cidadão português.
Os não-assimilados não estavam sujeitos às mesmas regras jurídicas
(obrigações do cumprimento de um contrato, rompimento coercivo de um
contrato, regime salarial e de impostos, posse de terras, serviço militar,
acesso à escola e saúde) dos cidadãos portugueses.
Por outro lado, os não-indígenas, constituídos por todos os
brancos, mestiços e africanos assimilados, também designados como
civilizados. Os assimilados eram aqueles que haviam assimilado a
cultura portuguesa, desde que aprovados na inspecção a que eram

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Processo de assimilação, para que duas coisas se tornem semelhantes.

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submetidos pelo administrador local. Este passava a carta de
recomendação que habilitava o acesso do agora assimilado aos
denominados “benefícios”, como o bilhete de identidade português, a
ascensão nos níveis de ensino, o acesso dos seus filhos à escola, o acesso
ao crédito, a aquisição de propriedade e a não obrigatoriedade do trabalho
em obras públicas. Ainda assim, tinham que prestar serviço militar e
público, ter formação em francês ou português, comprovar bens e manter
uma vida cristã. Como se pode perceber, a classificação de assimilado
eram condição necessária para se poder alcançar a mesma posição social
de um cidadão europeu.
Contudo, o estado de assimilado implicava vários
condicionalismos, tal como expressava o Diploma Legislativo n.º237 de 4
Julho de 1931, que definia as condições para tal: saber ler, escrever e
falar bem o português; ser trabalhador assalariado; ter o mesmo padrão
de vida de um cidadão europeu; nunca ter cometido um crime registado.
Os colonialistas do Estado Novo sabiam que o processo de
“civilização” dos africanos levaria séculos para ser alcançado e o reduzido
número de assimilados na colónia de Angola, em meados do século XX,
era o reflexo da complexidade do processo. Ao mesmo tempo, o próprio
sistema de indigenato só beneficiava os imigrantes europeus, excluindo
os colonizados, o que justificava as diferenças que se observavam nas
sociedades colonizadas.
Longe da realidade das colónias francesas, nas colónias
portuguesas a quantidade de assimilados alcançou números muito
reduzidos. A maior taxa observou-se em Angola: 0,77%. A escassez de
assimilados nas colónias portuguesas explica-se pelo facto de poucos
africanos terem acesso às instituições nas quais lhes seria transmitida a
“civilização” e porque esta implicava o cumprimento de determinadas
obrigações legais, como pagar impostos pesados e prestar serviço militar
obrigatório.

Como responderia?
1. Identifica os objectivos dos europeus na politização das elites
africanas assimiladas.
2. Explica o sistema de indigenato em Portugal.
3. Refere sobre a desigualdade social promovida pelo sistema de
indigenato.
4. Enumera as características que distinguiam um assimilado de
um não assimilado.
5. Caracteriza psicologicamente um não assimilado.

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3.3.2. As diferentes raízes do primeiro nacionalismo.

Os primeiros sinais evidentes do nacionalismo, em África, foram


dados após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), superando uma fase
anterior das primeiras resistências africanas (pré-colonialismo) e uma
fase intermédia (protonacionalismo), inicialmente ofuscada devido ao seu
baixo nível de organização.
Posteriormente, a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a acção da
ONU, assim como o papel exercido pelos EUA e pela URSS contribuíram
decisivamente para acelerar o processo de descolonização.
É igualmente importante salientar a participação efectiva dos
africanos nos conflitos mundiais, porque, para além das mortes nos
cenários operacionais e de ausência de recompensas financeiras e
morais, permitiu que os próprios africanos conhecessem com maior
pormenor os povos colonizadores e a sua realidade. A parir desse
conhecimento, os africanos puderam começar a estudar as melhores
formas de África se libertar do colonialismo europeu.
Desenvolveu-se, desse modo, uma organização política na qual a
consciência e a intelectualidade acabaram por ser determinantes.
Baseada essencialmente na luta política, essa organização que os
africanos construíram foi denominado como nacionalismo.
As lutas pela liberdade e pela independência de África contaram
com a participação de vários grupos, como as massas populares, os
estudantes, os religiosos e outros jovens. As lutas de libertação não
aconteceram de igual forma em todas as regiões do continente africano,
tendo sido mais intensas em alguns locais, de acordo com a forma e a
intensidade da manifestação nacionalista. O nacionalismo converteu-se
num movimento através do qual os africanos negaram a opressão a que
estavam submetidos pelos povos opressores, os europeus.
Neste processo foi fundamental o papel empreendido pelos líderes
dos movimentos nacionalistas, uma vez que foram eles os
impulsionadores, dirigentes e porta-vozes de tais acções. Homens como
Jomo Kenyatta (líder da sangrenta luta contra o colonialismo no Quénia),
Kwame Nkrumah (Gana), Sékou Touré (Guiné Conacri), Julius Nyerere
(Tanganica), Leopold Sédar Senghor (Senegal) e Amílcar Cabral (Guiné-

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Bissau) mostraram o caminho para a liberdade colonial. Há ainda a
referenciar Samora Machel (Moçambique), Mário Pinto de Andrade,
Agostinho Neto, Holden Roberto, Jonas Savimbi (Angola).
Movidos por sentimentos nacionalistas, esses dirigentes
organizaram manifestações, criaram movimentos que evoluíram para
partidos políticos, evidenciaram a força do nacionalismo ao nível
internacional, nomeadamente no 5.º Congresso Pan-africano de
Manchester, em 1945, onde os líderes de partidos e organizações de
massas exigiram a autonomia política para os países africanos.
De facto, os movimentos independentistas, sob sua direcção,
puderam alcançar o seu objectivo primordial, as independências políticas
dos países africano, cujos desenvolvimentos veremos na unidade 5.

Como responderia?
1. Define nacionalismo.
2. Caracteriza os primeiros focos do nacionalismo em África.
3. Destaca o papel desempenhado por diferentes líderes africanos.
4. Descreve o significado da Liberdade para um povo africano.

SÍNTESE DA UNIDADE TEMÁTICA

DADOS CRONOLÓGICOS

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 3)


1. Relaciona os elementos da coluna A com os da coluna B.

A B
1. Impacto político das duas guerras a) Disputa pela posse de
mundiais regiões ricas em matérias-
primas
2. Politização das elites assimiladas b) Crise económica
3. Rivalidades imperialistas no c) Aceleração do processo de
contexto das duas guerras descolonização
mundiais
4. Impacto económico das duas d) Formação internacional de
guerras mundiais um grupo africano
privilegiado e submisso
aos colonizadores

2. Lê o texto e responde às questões.

A política de assimilação selectiva vigorou aproximadamente de 1926 até


1961. Historicamente representou uma expressão moderna daquilo a que
se chamou a “missão civilizadora”. Ao contrário da anterior política
invertebrada, a nova política era estritamente regulada pela burocracia e
dependente do sistema educativo para o seu próprio sucesso.
Wheeler e Pélissier, História de Angola, editora Tinta da
China, 2013.

a) Define assimilação.
b) Explica o surgimento do assimilacionismo nas colónias
africanas.
c) Caracteriza a assimilação de um ponto de vista social.

3. Sobre o primeiro nacionalismo:


c) Justifica o fracasso inicial das resistências africanas.
d) Caracteriza as diferentes raízes do nacionalismo.
e) Enumera as acções que permitiram aos líderes dos
movimentos nacionalistas clarificar o caminho da liberdade
africana.

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UNIDADE IV – O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A
SOCIEDADE ANGOLANA NA PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO xx (1915-1960).

PLANO DE ESTUDO: 4.1. ANGOLA (1915-1950) – ASPECTOS POLÍTICOS.


4.2. FACTORES DE CONFLITO NA SOCIEDADE
COLONIAL.
4.3. A “PROVINCIALIZAÇÃO” DE 1915 E A POLÍTICA
DO “FENÓMENO ULTRAMARINO”.

4.1. Angola (1915-1950): aspetos políticos.

Objectivos específicos:

• Reconhecer a instabilidade política e social portuguesa


entre 1910 e 1933.
• Associar o Estado Novo e a nova política colonial.

Na sequência da implantação da República portuguesa, em 1910,


foram tomadas várias medidas políticas orientadas para a melhoria das
condições de trabalho da mão-de-obra e para a liberalização do trabalho
nas colónias, ou seja, leis que aboliram definitivamente a escravatura e
a substituíram pelo trabalho “contratado” ( temporário e pago). Ao
mesmo tempo, Portugal envolveu-se na Primeira Guerra Mundial (1914-
1918) com o intuito de proteger o seu império colonial das pressões
internacionais, nomeadamente da sociedade das Nações (SDN), que
exigiam a defesa dos interesses dos indígenas e o desenvolvimento dos
territórios colonizados. Como resposta, o país europeu procedeu uma
revisão constitucional, em 1920, e criou o regime de altos-funcionários
plenipotenciários29 para os territórios coloniais de Angola e Moçambique.
Os dois pilares (demográfico e financeiro) em que aceitava o
projecto colonial português desvaneciam, em meados da década de 1920,
condicionando o plano para um rápido desenvolvimento dos territórios
colonizados. A população branca mostrava-se relutante em emigrar para

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África e, por outro lado, os financiadores recusavam-se a investir o seu
já escasso capital naquele projecto colonial.
A crise política e social instalada em Portugal, assim como a ruína
dos planos de fomento expunha o império à ameaça da sua inevitável
partilha pelas grandes potências europeias. E, também por isso, reaviva-
se o movimento político radical defesa das colónias, para a preservação
da “missão histórica” portuguesa.
Estavam assim criadas as condições para a queda da primeira
República portuguesa, o que vai acontecer a 28 de Maio de 1926, através
de um golpe protagonizado pelos militares. Posteriormente, já depois de
um período de ditadura militar, em 1933, instalou-se, em Portugal, um
novo regime político, doravante designado como Estado Novo.
De caráter altamente centralizado, o Estado Novo de Salazar foi
buscar inspiração à governação fascista de Mussolini na Itália,
sustentado por uma burguesia monopolista apoiada no exército e que
visava adoptar o aparelho do Estado colonial de uma maior consciência
e eficácia no seu funcionamento. Na política económica, Salazar
preocupou-se com a nacionalização da exploração dos territórios
ultramarinos.
No entanto, o sistema colonial português entrou em crise, após a
Segunda Guerra Mundial, com o aparecimento dos movimentos que
lutavam pela autodeterminação dos povos colonizados e que, como tal,
ameaçavam a continuidade dos impérios coloniais. O governante
português optou, então, pela “modernização” do sistema: decretou,
teoricamente, o fim das formas de exploração laboral, como trabalho
forçado, e declarou a autorização de representação política às populações
locais. Os resultados foram, contudo, diminutos.
As pressões internacionais continuaram e, por isso, o governo
Colonial adaptou o assimilacionismo, transformando os territórios
coloniais em “províncias ultramarinas” que, ao nível político, passavam
a fazer parte da Nação portuguesa (luso-tropicalismo). Mas esta mudança
foi apenas teórica. Na prática, os cidadãos continuavam a ser apenas os
brancos, enquanto as populações africanas viam as suas autoridades
tradicionais serem afastadas do processo de governação.

Como responderia?
1. Debruça-te sobre a instabilidade política e social portuguesa
entre 1910 e 1933.
2. Associa o Estado Novo e a nova política colonial.

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4.1.1. a frustração da expectativa na colônia no período
da primeira república 1910 a 1926.

Objectivos específicos:

• Enumerar as medidas de desenvolvimento para as colónias


durante a república.
• Justificar o fracasso das políticas republicanas
• Indicar as razões das expectativas frustradas na colônia de
Angola

No início do século XX tornaram-se evidentes os pressupostos


gerais que norteavam as políticas económicas e ideológicas do
colonialismo português e que, como tal, provocavam mudanças
significativas no espaço colonial.
No quadro das intenções de desenvolvimento para Angola, na
vigência da primeira República (1903 – 1926), o governo colonial traçou
algumas medidas laborais protectoras para os indígenas. O trabalho
forçado, legislado ainda em 1878 e reforçado com o regulamento de 1899,
e que se sustentava na “obrigação moral e legal” dos africanos
trabalharem para os europeus, foi abolido e deu lugar ao trabalho Livre.
Foi também proibido fabrico do álcool e definiram-se medidas para
implementação da “civilização”, como o aumento da assistência médica,
a instrução primária e profissional, assistência agrícola, o combate à
comportamentos considerados selvagens. Surgiram, ainda, várias
reformas que visavam a descentralização administrativa. As leis de 1914
– Leis Orgânicas da Administração Civil e da Administração
Financeira – permitiram que as colónias declarasse a sua autonomia
administrativa e financeira, mas sempre sob controlo e fiscalização da
metrópole. Tais leis criaram, nas colónias, grandes expectativas em
relação ao desenvolvimento económico das mesmas, às possibilidades de
ascensão social e de igualdade racial.
No entanto, na realidade não se verificaram resultados relevantes
relativos ao trabalho forçado, ao fim da insistência na escravatura e na
exportação de africanos para São Tomé e Príncipe.

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A insuficiência de recursos disponíveis para alimentar o projecto
colonial, a renitência dos patrões, a resistência à mudança (força da
tradição) e a inexistência de uma política colonial eficaz conduziram ao
fracasso de muitas acções republicanas e, por consequência, ao fracasso
da própria República.
Assim, foram goradas30 as expectativas na colónia de Angola, por
conta de um colonialismo que insistiu em conservar as mais obsoletas
práticas de exploração territorial e humana, fundamentadas na a
superioridade civilizacional e racial da população colonizadora branca
relativamente aos negros.
Também as esperanças dos entusiastas republicanos em relação
às suas missões em Angola acabariam por não se converterem
concretizações reais. Aliás, não se verificaram quaisquer mudanças
profundas, em território angolano, até ao final da primeira República
portuguesa em 1926.

Como responderia?
1. Diga que medidas de desenvolvimento foram implementadas
para as colónias durante a república.
2. Justifica o fracasso das políticas republicanas
3. Indica as razões das expectativas frustradas na colônia de
Angola

4.1.1.1. Os projetos políticos: os altos Comissários


e o papel de Norton de Matos.

Objectivos específicos:

• Descrever o papel exercido pelos altos Comissários.


• Destacar a figura de Norton de Matos e as razões dos
fracassos das suas medidas.
• Relacionar Norton de Matos com a repressão aos
movimentos de revolta em Angola.

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Em 1920 o regime dos altos-comissários surgiu devido a
necessidade de ordem internacional. Das diferentes figuras que
exerceram tal cargo, destacaram-se Vicente Ferreira e Norton de Matos,
pela concretização de fundamentais acções para o desenvolvimento
progressivo da província de Angola. Entre as várias medidas tomadas
constam a publicação da Carta Orgânica de Angola, a ocupação
administrativa total da possessão territorial, a construção de portos e
caminhos de Ferro, a exploração de diamantes, a substituição do
carregador indígena por meios eficientes de transporte ou o incremento
da colonização, que incluía a construção de aldeias para colonos.
Desde a sua chegada, em 1912, para a ocupação do cargo de
Governador-Geral de Angola, Norton de Matos decidiu introduzir
mudanças no sistema de trabalho indígena através da formulação de
diplomas que visavam transformar o “trabalho forçado” em “trabalho
livre” e proteger os trabalhadores africanos. No entanto, tais leis colidiam
com os objectivos dos colonos e, por isso, à sua retirada, em 1915, para
a metrópole, os brancos reacenderam, quase na totalidade, as práticas
do trabalho forçado.
Já na sua segunda estadia, em 1921 e 1923, e como alto-
comissário, Norton de Matos procurou salvar as fracassadas campanhas
adaptadas por antigas autoridades coloniais, como Sá da Bandeira, e
proporcionar uma mudança de paradigma na gestão do espaço colonial.
As suas medidas incluíam o trabalho livre assalariado, a reorganização
do sistema monetário de Angola, a institucionalização do acesso ao
sistema de crédito, acima de tudo para a passagem de um sistema
fechado imóbil para um sistema aberto aos novos desafios da ordem
nacional.
Entretanto, a ineficiência da primeira República portuguesa e,
por consequência, as fragilidades da política colonial, a inexistência de
meios favoráveis à concretização de um tão desafiante projecto político
(falta de financiamento da banca e da média e pequena burguesia
colonial), a resistência à mudança por parte de determinadas classes
dominantes da metrópole e da colónia, a subsistência de um modo de
produção esclavagista conduziram ao fracasso as acções de Norton de
Matos.
A reconhecida entrega de Norton de Matos aos desafios que se
impunham em Angola não ofuscaram, contudo, as consequências de
uma repressão política (entre 1922 e 1930) a todos os movimentos de
revolta, cujas bases legislativa e executiva foram por si lançadas. De

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facto, em nome da salvaguarda do seu programa económico, as
associações, os jornais e os sindicatos de assimilados foram destruídos e
várias figuras de destaque (negros e mestiços) deportadas da sociedade
angolana.
A autoridade foi estabelecida por meio da exibição do poder e da
força, em detrimento da liberdade de imprensa e de associação, tendo
como exemplos disso mesmo o Grêmio Africano e a Liga Africana.
Também em 1922 a força voltaria a ser utilizada, desta vez para a
repressão, na revolta de Catete31, um movimento contestatário da
exploração abusiva e da expropriação de terras que favoreciam as
companhias coloniais.
De facto, dado o impacto do exercício plenipotenciário dos altos-
comissários, desde 1920, as leis republicanas constituíram um ensaio de
um modelo ditatorial que seria imposto pelo Estado Novo, a partir de
1933.

Como responderia?

• Descreve o papel exercido pelos altos Comissários.


• Destaca a figura de Norton de Matos e as razões dos
fracassos das suas medidas.
• Faz um enquadramento da relação de Norton de Matos com
a repressão aos movimentos de revolta em Angola.

4.1.1.2. Os fracassos económicos.

Objectivos específicos:

• Explicar as razões dos inexistentes progressos económicos


em Angola.
• Justificar as dificuldades dos africanos perante as medidas
de desenvolvimento tomadas pelos colonos.

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• Associar a perda da autonomia financeira das colônias ao
fracasso das políticas republicanas.

Durante a República portuguesa verificaram-se progressos


económicos em Angola que relançaram as esperanças de que as reformas
implementadas e o desenvolvimento consequentemente seriam capazes
de assegurar a paz, a prosperidade e a justiça, após séculos de injustiça
e estagnação.
A unidade para as colónias poderia, desta forma, vir a ser
alcançada, mas as medidas tomadas viriam, antes, a favorecer o desejo
de obtenção de maiores lucros para as elites, sem que estas se
interessassem pela condição dos africanos.
O preponderante exercício do Poder pelos altos-comissários na
década de 1920, propiciou a emigração branca, visando alterar o quadro
económico mercantilista metropolitano, e uma aposta na utilização mais
racional da força de trabalho africano. Pretendia-se, assim, implementar
um processo de descentralização económica baseado no investimento em
infra-estruturas (estradas, escolas e hospitais) e na imigração de brancos
da metrópole para as colónias.
No entanto, os resultados das políticas republicanas foram
bastante pobres e em 1921 as colónias perderam a autonomia financeira,
que lhes havia sido concedida em 1914. Já a partir de 1926, as colónias
passaram a estar totalmente dependentes das decisões tomadas por
Portugal.
Nestas circunstâncias, qualquer agente económico africano
(camponês, comerciante, trabalhador) não consegui a sua liberdade e,
por isso, via-se forçado a trabalhar para os brancos de modo a poder
angariar dinheiro para sua subsistência. Ao mesmo tempo, o regime dos
altos-comissários acabou por refletir, em Angola, um contexto de
instabilidade, no qual se incluíram greves de paralisação dos
trabalhadores africanos e dos europeus e a agitação dos colonos e dos
empresários europeus, entre 1920 e 1926.
As políticas de desenvolvimento económico acabariam por não
triunfar devido à incapacidade financeira, aos vários projetos inacabados,
aos conflitos raciais e aos conflitos de interesses (na metrópole e na
colónia).

Como responderia?

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1. Explica as razões dos inexistentes progressos económicos
em Angola.
2. Justifica as dificuldades dos africanos perante as medidas
de desenvolvimento tomadas pelos Colonos.
3. Associa a perda da autonomia financeira das colónias ao
fracasso das políticas republicanas.

4.1.2. A primeira política colonial salazarismo


(1930 - 1951): o Acto Colonial (1930), a
mísitica imperial, o reforço da exploração
colonial.

Objectivos específicos:

• Descrever os acontecimentos ocorridos em Angola no início


da ditadura salazarista.
• Caracterizar a primeira política colonial salazarismo.
• Explicar em que consistiu o Acto Colonial.

Os acontecimentos ocorridos em Angola, no início da ditadura


salazarista evidenciavam uma crise que ameaçava a solidez do sistema.
Desde logo, a inexistência, naquela colónia, de um movimento separatista
de colonos brancos distribuídos por distintas frações: umas que
pretendiam retirar a autonomia económica e financeira à metrópole;
outras, constituídas por exilados e deportados, que se opunham às
medidas da metrópole para exilar todos os indivíduos que contrariassem
as políticas do regime ditatorial definidas para as colónias. Esta
diversidade de interesses de origem, em Março de 1930, a algumas
movimentações armadas e a confrontos e envolveram funcionários civis
e militares contra a autoridade do poder central.
A reação por parte do governo da metrópole foi imediata e
traduziu-se no Acto Colonial – um conjunto de medidas políticas,
tomadas desde Junho de 1930, que se destinavam ao reforço do controlo
português nas colónias, para além de procurarem a exaltação de Salazar
como uma figura inteligente, nacionalista, ditatorial, gestora das finanças
e promotora do bom nome de Portugal.
Conhecido por ter introduzido correções no orçamento
metropolitano, Salazar também aprovou vários decretos para exercer, a

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partir de Lisboa, um maior controlo económico e financeiro sobre os
orçamentos da colónia para o seu equilíbrio.
Assim, tendo por princípio basilar a centralização política, em
contraste com a autonomia vivida durante a República, o Estado Novo
regeu-se sob uma legislação composta por vários documentos essenciais,
nomeadamente, o Acto Colonial. Este foi o primeiro documento
constitucional do Estado Novo, promulgado a 8 de Julho de 1930, através
do Decreto nº 18 570, quando António de Oliveira Salazar assumia as
funções de Ministro (interino) das colónias. O documento era constituído,
fundamentalmente, por normas regulamentares sobre o funcionamento
dos órgãos da administração colonial, extinguindo regime dos altos-
comissários.
Dotado de um forte carácter nacionalista, o Acto Colonial
assumiu-se como a concretização de duas das intenções governativas de
Salazar: 1) a defesa do império colonial e 2) a promoção dos interesses
portugueses contra as ameaças estrangeiras, como os apelos
internacionais ao fim do trabalho forçado, considerados, por Salazar,
como uma ingerência política interna e uma ameaça ao império. Tal
documento vigorou até depois da Segunda Guerra Mundial e apenas foi
revogado em 1951.
Além disso, naquele mesmo ano de 1930 foram também
promulgados uma nova Carta Orgânica e a Lei da Reforma
Administrativa e financeira.
O regime ditatorial português procurou ainda a estreitar as
relações existentes entre as colónias africanas e a metrópole, através da
criação de cruzeiros de férias e, por consequência, de um mútuo
intercâmbio.

Como responderia?
1. Descreve os acontecimentos ocorridos em Angola no início da
ditadura salazarista.
2. Caracteriza a primeira política colonial salazarismo.
3. Explica em que consistiu o Acto Colonial.

Aplicação de conhecimentos e competências


1. Indica dois factores que contribuíram para o fracasso das
medidas republicanas em Angola.
2. “… por conta de um colonialismo que insistiu em conservar as
mais obsoletas práticas de exploração territorial e humana.”

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a) Explica a afirmação anterior.
3. Justifica o fracasso das medidas de Norton de Matos enquanto
alto-comissário em Angola.
4. Ao nível económico, que impacto teve a primeira República
portuguesa na colónia de Angola.
5. Em que consistiu o “Acto Colonial”?
6. Caracteriza a governação de Salazar.

4.2. Factores do conflito na sociedade colonial.

Objectivos específicos:

• Enumerar os factores de conflito na sociedade colonial no


século XIX.

A sociedade colonial era, no século XIX, muito diferenciada e


marcada pela exploração dos africanos através do trabalho forçado, da
obrigação do pagamento de impostos ou mesmo da expropriação das
suas terras em benefício dos colonos brancos. As mudanças nas colónias
eram insignificantes, caso contrário teriam sido produtivas as políticas
republicanas ou mesmo as tentativas de Norton de Matos destinadas à
transformação do trabalho forçado em trabalho Livre.
O centralizado Estado Novo dizia proteger os africanos, contudo,
tal não passou de teoria. A cega tentativa de alcance da “missão histórica”
portuguesa deu origem à formulação do Estatuto do indigenato, um
sistema que, como vimos, dividia a população em duas categorias
principais: assimiladas (civilizados) e indígenas (não assimilados).
Ao mesmo tempo, a repressão política encarregava-se de eliminar
quaisquer tentativas de oposição às políticas do regime, relativamente às
colónias, bem como a organização de qualquer movimento político
indígena.
Nestas condições, qualquer tentativa de uma coabitação pacífica
(colonizador é colonizado) viria a mostrar-se impossível.

Como responderia?

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1. Menciona os factores de conflito na sociedade colonial, no
século XIX.

4.2.1. Trabalho forçado imposto e expropriação de


terras.

Objectivos específicos:

• Explicar a razão pela qual as leis da reforma não


terminaram com trabalho forçado.
• Reconhecer o pagamento de impostos como um meio de
exploração.
• Referir-se o impacto da expropriação europeia das terras
africanas.

Como vimos na primeira unidade, o fim do tráfico de escravos, em


Angola, aconteceu em 1878, correspondendo à data da declaração da
Abolição final. No entanto, em nenhum momento tal abolição representou
o fim da escravidão, uma vez que foi institucionalizado o trabalho forçado
ou contratado, que, por definição, se tratava de um processo em que o
governo fornecia, aos colonos portugueses, trabalhadores africanos não
remunerados ou muito mal pagos.
As expectativas que surgiram com a instauração da República
portuguesa, em 1910, relativamente a possíveis reformas das políticas
indígenas foram desvanecendo com a Constituição Republicana de 1911,
porque apesar de limitar os contratos a dois anos, a mesma reforçava a
obrigação dos indígenas trabalharem para os patrões. Ao mesmo tempo,
as reformas de Norton de Matos introduzidas no sistema de trabalho
forçado, como a aprovação da Lei do trabalho (1914) ou a abolição do
trabalho forçado (1921) cessaram pelo facto dos colonos insistirem na
continuidade de todas as práticas laborais.

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O surgimento do Estado Novo trouxe algumas transformações
para o trabalho contratado, como as novas leis indígenas de 1926 a
1928, que teoricamente eliminavam a clausula da vagabundagem e
salvaguardavam o trabalho africano em serviços de interesse público.
Contudo, determinavam que, sem direito a recusa, os africanos teriam de
trabalhar para os seus patrões, livremente e por salários, durante um
determinado período de tempo.
Também durante o Estado Novo foram brutais os aumentos de
impostos, novos e por substituição, constituindo uma verdadeira
exploração fiscal.
É histórico o sistema de cobrança de impostos que esteve sempre
presente no processo de conquista europeia, tendo passado por várias
fases: o dízimo anual (1848), a tributação directa sobre os indígenas (a
partir de 1881), o imposto da cubata (1907), cuja taxa fixa era de 600
Reis. Este último imposto pago, em géneros ou espécie, era mais uma
forma disfarçada de trabalho forçado, uma vez que a maior parte da
população não se encontrava integrada na economia monetária e, por
isso, não dispunha do dinheiro necessário para pagar o referido imposto.
Assim, os indígenas tinham de prestar serviços por salários baixos ou
cultivar produtos que garantissem às companhias europeias maiores
lucros nas transações comerciais. Em 1920, o imposto da cubata foi
substituído pelo imposto do indígena ou “imposto por cabeça”.
A existência de um reduzido número de brancos portugueses na
colónia, bem como a sua resistência ao trabalho agrícola, tornou
improvável a expropriação das terras africanas, antes do século XIX, por
aqueles europeus. Essa imunidade relativa provinha, apenas, das
históricas leis de 1838 e 1865 que eram de prática ambígua em relação
à realidade africana, na qual não funcionavam os imprecisos conceitos
europeus de terra “não ocupada” e “ocupada”.
No ano de 1907, um decreto definiu a delimitação das regiões fixas
exclusivamente para africanos, exprimindo uma estratégia legal que os
europeus encontraram para empurrar os africanos para a zonas pouco
atractivas e para ocuparem as melhores regiões. Os exemplos mais
evidentes desse processo aconteceram entre 1912 e 1932, como se pode
ver no quadro abaixo:
Terras Terras Terras Terras
reservadas entregues a entregues a distribuídas
a indígenas indivíduos 198 por colonos
Data com títulos estrangeiros portugueses
particulares
africanos

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1912 25.382 1.000 62.678 404.917
a hectares hectares hectares hectares
1932
Nota: A ocupação de terras em Angola, entre 1912-1932. (Adaptado de Bender, 1980)

Consequência da fixação portuguesa nas zonas rurais do


território de Angola, instalou-se a fome associada a expropriação de
terras africanas. E a sua intensificação, ao longo dos anos, agravou os
conflitos pela posse de terras entre europeus e africanos.
Como responderia?

1. Explica a razão pela qual as leis da reforma não terminaram


com trabalho forçado.
2. Explica por que o pagamento de impostos era como um
meio de exploração.
3. Fala sobre o impacto da expropriação europeia das terras
africanas.

4.2.2. Discriminação social e racial o estatuto dos


indígenas e a repressão política.

Objectivos específicos:

• Mencionar as formas de discriminação racial e social sofrida


pelos africanos.
• Dizer em que consistiu o estatuto do indigenato
• Explicar as razões da política repressiva salazarista.

Como vimos na unidade temática, o Estado Novo de Salazar


(1932) restaurou o projeto perseguido por Portugal durante a sua
histórica presença em África, a “missão civilizadora”. Esta avisava a
transformação dos africanos em portugueses por meio de um sistema
designado como Estatuto do Indigenato, fortemente promotor da
desigualdade social, garantido automaticamente a cidadania ao branco,
enquanto os negros e mestiços haviam de requerê-la.

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Em simultâneo, apesar da relativa integração das comunidades
rurais africanas nos circuitos económicos, as mesmas não deixaram de
sofrer com a discriminação económica, social, política e cultural:
restrições a certos empregos e à ascensão a cargos do aparelho
administrativo colonial, obrigação do pagamento de pesados impostos,
trabalho forçado, expropriação de terras, culturas obrigatórias, privação
do uso das suas línguas nacionais em actos públicos. O seu
desenvolvimento socioeconómico era, desta forma, praticamente
impossível.
Longe do Indigenát que vigorava nas colónias francesas, nas
colónias portuguesas a quantidade de assimilados (indigenato) foi
reduzida. A maior taxa observou-se em Angola, cerca de 0,77%. A
escassez de assimilados nas colónias portuguesas justifica-se pelo fato
de poucos africanos terem, na época, acesso às instituições nas quais
lhes seria transmitida a tal “civilização” e, ainda, pela obrigatoriedade de
cumprimento de determinadas obrigações legais, como pagamento de
impostos pesados e a prestação do serviço militar.
Evidentemente, o sistema do indigenato só beneficiáva os
imigrantes europeus, excluindo sempre os colonizados e daí emergiram
diversas clivagens na sociedade colonizada.
Além disso, durante a ditadura salazarista a repressão política
surgiu levada a cabo pela polícia internacional de defesa do Estado
(PIDE). Criada por Salazar no final da Segunda Guerra Mundial (1945),
com o objectivo de defender o regime contra as organizações clandestinas,
a PIDE foi um forte mecanismo de controlo do Estado, cujos métodos de
acção incluíam desde a vigilância de suspeitos à prisão sem provas de
culpa. Com um carácter secreto, reprime a todas as formas de oposição
ao regime político, em Portugal e nos territórios africanos, através da
limitação do direito de expressão, de reunião e de organização política.
Em África, a política seletiva de repressão idealizada por Salazar
fez-se sentir em ações ignóbeis32 que aconteceram, por exemplo, no
Campo do Tarrafal, em Cabo Verde, para onde eram enviados, para
serem presos e torturados, os suspeitos de estarem envolvidos em
qualquer tendência ideológica ou política. E por esta situação viriam a
passar os nacionalismos africanos.

Como responderia?

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2. Menciona as formas de discriminação racial e social sofrida
pelos africanos.
3. Em que consistia o sistema do indigenato?
4. O que era a PIDE?
5. Explica as razões da política repressiva salazarista.

Aplicação de conhecimentos e competências


1. De que forma o trabalho forçado se assumiu como um
mecanismo de exploração colonial?
2. Quais as principais consequências da ocupação das melhores
regiões da colónia pelos colonizadores portugueses?
3. Diz a principal razão pela qual o indigenato não se traduziu na
civilização dos africanos.

4.3. A viragem após a Segunda Guerra Mundial.

Objectivos específicos:

• Estabelecer uma relação entre a afirmação dos movimentos


nacionalistas angolanos e o luso-tropicalismo português.

O final da Segunda Guerra Mundial proporcionou uma viragem


de página na história colonial. Sopravam, agora, os ventos da autonomia
para as colónias perante o fim irreversível dos impérios coloniais. O
momento foi, assim, aproveitado pela Ásia e pela África, onde se assistiu
ao surgimento de movimentos nacionalistas que se ergueram para
combater o colonialismo europeu. O processo de recuperação da
liberdade e da independência tornou-se inadiável.
Ainda assim, alguns países tentaram prosseguir com o sonho da
colonização através da criação de um formato de distinto só tinha a
designação. De facto, Portugal criou, no início da década de 1950, uma
nova e ideologia com a qual continuaria a dominar os povos africanos –
o luso-tropicalismo. Enquanto isso, as medidas de fomento ultramarino
motivaram a emigração branca para Angola ao mesmo tempo que as
possibilidades socioeconómicas dos africanos eram diminuídas.

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As mudanças socioeconómicas e a exclusão promovida pelo
sistema de indigenato aumentaram, inevitavelmente, as tensões entre
colonizados e colonizadores. Nasciam, então, as verdadeiras actividades
nacionalista, ou seja, os movimentos anticoloniais que procuraram,
através das lutas, manifestar seu descontentamento e o seu desejo de
liberdade.

Como responderia?
1. Pesquisa sobre o tema e responda as seguintes questões:
2. O que é o luso-tropicalismo?
3. Quais são os seus fundamentos teóricos?
4. Que impacto teve esta ideologia sore a afirmação dos
movimentos nacionalistas angolanos?

4.3.1. A provincialização de 1951 e a política do


fomento Ultramarino.

Objectivos específicos:

• Identificar a ideologia que Portugal seguiu, na colónia, após


1951.
• Esclarecer o pretendido com a ideologia luso-tropicalista.
• Caracterizar a colonização centralizada no século XX.

Entre as várias medidas que visavam comentar a colonização e


desenvolver o território ultramarino constavam a ampliação dos serviços
do Estado, com a construção de novas instalações, o aumento da
produção agrícola e industrial, a instalação de colonos em aldeias
preparadas pelo governo, o apetrechamento dos portos, (o que inclui a
construção dos cais de Luanda e Moçâmedes e a ampliação do cais
Lobito), e um maior investimento nos ensinos primário, secundário e
técnico.
Dos objetivos de Portugal para as colónias, no século XX, faziam
parte a assimilação espiritual, a diferenciação administrativa e a
solidariedade económica. O resultado de uma concepção ideológica
desenhada por Marcelo Caetano (considerado um dos mais importantes

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mentores da teoria da colonização naquele século), aquele que viria a ser,
em Portugal, o substituto de Salazar enquanto Presidente do Conselho.
A intenção era integrar as colónias africanas sob o domínio
português num espaço territorial metropolitano. Assim, já em 1951
haviam ficado definidos os “princípios fundamentais da moderna
colonização” portuguesa. Como tal, o termo “colónias” foi substituído por
“províncias ultramarinas” e Portugal insistiu na assimilação da ideologia
lusotropicalista, segundo a qual todos os africanos seriam considerados
portugueses, de acordo com a política indígena, e, por isso, integrados na
nação portuguesa sem que as suas leis e culturas fossem desrespeitadas.
Contudo, tal não se verificou. Perante os abusos dos colonos, a proteção
do estado português em relação aos africanos era diminuta e os negros
e mestiços não conseguiam obter facilmente documentos fundamentais,
como as “licenças de cidadania” e o Bilhete de Identidade, para o acesso
aos seus direitos cívicos (acesso ao emprego decente, a um cargo na
administração pública ou à carta de condução).
Discriminação racial relativamente aos negros ou mestiços (que
não eram considerados cidadãos como os brancos, tendo de requerer, por
processo administrativo, a cidadania às instituições criadas para tutelar
os direitos indígenas) evidenciou uma colonização, no século XX
fortemente centralizada e que promovia a submissão das colónias e a
desigualdade de direitos entre colonizadores e colonizados. Uma
discriminação que acontecia em relação ao regime laboral, aos impostos,
aos direitos de terra, de ensino, de assistência médica, de serviço militar,
entre outros aspectos.

Como responderia?
1. Identifica a ideologia que Portugal seguiu, na colónia, após
1951.
2. Explica, qual era a pretensão de Portugal com a ideologia luso-
tropicalista?
3. Caracteriza a colonização centralizada no século XX.

4.3.2. Mudanças económicas e sociais.

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Objectivos específicos:

• Apontar a principal consequência da manutenção da


colonização.
• Justificar o aumento da imigração branca para Angola.
• Descrever o impacto provocado por esse crescimento
migratório.

As medidas tomadas para impulsionar o fomento da colonização


provocaram um aumento exponencial da população branca em Angola,
entre 1940 e 1950. A imigração, principalmente para os distritos do
Kongo, Zaire, Uíge e Porto Amboim, foi acompanhada por uma intensa
actividade de concretização de novos investimentos, que, contudo, retirou
oportunidades sociais e económicas aos indígenas e aumentou o fosso
entre colonizados e colonizadores. A marginalização racial tornou-se,
também, muito evidente e repetida em várias áreas ou situações.
De facto, os progressos económicos registados ficaram a dever-se
aos lucros que os colonos europeus conseguiram angariar com seus
negócios, ao aumento progressivo dos preços, dos seus salários e das
suas condições de vida. Por outro lado, a realidade socioeconómica dos
colonizados era bem diferente, uma vez que uma parte significativa destes
constituía a mão-de-obra barata.
No final da Segunda Guerra Mundial, a economia de Angola era
sustentada pelo café, que muito contribuiu para a prosperidade dos
oligarcas33 angolanos. Entre 1951 e 1953, incentivados por essa
prosperidade, muitos colonos portugueses emigraram para Angola, o que
ocasionou a compra de terras e a continuidade dos abusos através do
trabalho forçado ou da concorrência social e económica entre as raças.
Desta forma, os conflitos entre negros e brancos intensificavam
dia após dia.

Como responderia?
1. Aponta a principal consequência da manutenção da
colonização.
2. Justifica o aumento da imigração branca para Angola.
3. Descreve o impacto provocado por esse crescimento migratório.

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4.3.3. Assimilacionismo aumento de tensões entre
colonizados e colonizadores e as primeiras atividades
nacionalismos.

Objectivos específicos:

• Justificar os prejuízos do assimilacionismo para os


colonizados
• Relacionar a discriminação racial com o aumento das
tensões entre colonizados e colonizadores
• Descrever o início das acções nacionalista

O assimilacionismo apenas beneficiava os imigrantes europeus


e excluía os colonizados, tal como ficou provado através dos Estatutos de
1954, que reafirmavam a exclusão dos interesses e direitos dos
indígenas, a sua assimilação e diferenciação administrativa.
A exploração dos brancos sobre os negros manifestava-se de
diversas formas: os vários impostos sobre o algodão obrigavam os
africanos a vender os seus produtos a preços baixos; cada vez mais
indígenas eram condenados, pelos tribunais, ao desterro nas fazendas de
cacau em São Tomé; muitos contratados negros eram adquiridos por
meio de rugas. Ao mesmo tempo, a desigualdade racial também
verificava nos baixos salários dos operários negros ou na proibição de
manifestações de índole cultural ou nacional que estes pudessem
organizar.
Inevitavelmente, tais situações transformaram-se no principal
motivo do agravamento das tensões entre colonizados e colonizadores,
dando origem a inúmeras manifestações de descontentamento. Lutas
que, ao longo do tempo, se foram tornando cada vez mais organizadas,
como resultado da tomada de consciência dos africanos em relação à
necessidade de se libertarem do colonizador. No entanto, nem sempre
houve homogeneidade nas questões inerentes ao nacionalismo e alguns
grupos debatiam-se com ideias antagónicas. Por exemplo, a unidade
entre o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e o
movimento nacionalista de Holden Roberto, exilado no Congo
independente, não foi com seguida. Desta forma, tais movimentos
puderam ser facilmente controlados pelas autoridades coloniais.

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Em outubro de 1955 nascia, em Luanda, o Partido Comunista de
Angola (PCA). O exercício de uma maior clandestinidade34, associado à
criação do partido, não se intensificou, uma vez que os seus verdadeiros
promotores, como Mário de Andrade e Agostinho Neto, estavam exilados
ou presos no exterior do país e também devido à forte vigilância da PIDE.
O Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) surgiu
no início de 1956 e com características de um partido de frente
nacionalista e um programa de acção similar ao do Partido Comunista de
Angola. Entretanto, acabaria por fundir-se com vários outros movimentos
clandestinos e daí resultou, em Dezembro de 1956, O Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA), com destaque para figura de Viriato da
Cruz.
Do Congo emergiu um movimento nacionalista nos finais de 1958.
Inicialmente designado como União das Populações do Norte de Angola
(UPNA), viria a ter o seu nome alterado, pelo líder Holden Roberto (nesta
altura a participar na Conferência Geral de Todos os Povos de África
realizada em Acra, Gana), devido às críticas que afirmavam que aquele
primeiro nome exprimia um carácter tribalista. A, agora, União das
Populações de Angola (UPA) juntou-se, assim, aos outros movimentos
anticoloniais que combatiam pela libertação de todo o território angolano.
Por sua vez, os brancos intelectuais formaram, no final de 1958,
o Movimento de Libertação Nacional (MLN). Impedida a sua inclusão nesse
movimento, os negros responderam com a formação do Movimento de
Libertação de Angola (MLA). No entanto, a fraca capacidade de resposta
às perseguições da PIDE conduziu à fusão de ambos, o que originou o
Movimento de Libertação Nacional de Angola (MLNA), conhecido em
alguns locais como Movimento de Independência Nacional de Angola
(MINA).
Ainda assim, as sucessivas detenções e prisões dos líderes dos
movimentos criados, particularmente em 1959, provocaram um
retrocesso nos seus objetivos nacionalistas.
Já em 1960, a agitação política de Angola esteve a cargo da frente
revolucionária africana para a Independência Nacional das colónias
portuguesas (FRAIN), sob orientação de Lúcio Lara, nacionalista que
abrira um escritório do MPLA em Conacri.
Apesar da acção dos vários movimentos angolanos, Portugal
manteve a sua intransigência em relação às questões nacionalistas até

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ao início da verdadeira luta de Libertação Nacional, em 1961, um assunto
que trataremos na próxima unidade temática.

Como responderia?
1. Justifica os prejuízos do assimilacionismo para os colonizados.
2. Relaciona a discriminação racial com o aumento das tensões
entre colonizados e colonizadores.
3. Descreve o início das acções nacionalista.

SÍNTESE DA UNIDADE TEMÁTICA

DADOS CRONOLÓGICOS

APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS

1. Salienta as consequências imediatas da segunda guerra


mundial para os impérios coloniais e para os africanos.
2. De que forma o ano de 1951 marcou uma viragem na política
colonial portuguesa?
3. Explica como luso-tropicalismo não significou, de facto, a
integração dos africanos na nação portuguesa.
4. Justifica a intensificação dos conflitos entre colonizados e
colonizadores a partir de 1950.
5. Identifica as principais actividades nacionalista em Angola.
6. Num breve texto de 15 linhas, salienta a convivência pacífica
dos africanos em relação aos portugueses apesar da acção
colonizadora destes últimos.

Produzido pelo professor Domingos Segredo Manuel, Técnico Médio de Geo/História e


Licenciado em História pelo ISCED-Luanda.
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2º ciclo do ensino secundário

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Atividades complementares
1. Justifique as razões do insucesso das políticas que publicaram
as portuguesas.
2. Descreve o impacto provocado pelo exercício plenipotenciário
dos altos-comissários.
3. Refira-te, brevemente, sobre indigenato, assimilacionismo,
trabalho forçado e impostos.
4. Regista a designação, o ano de criação e o nome dos respectivos
líderes dos movimentos nacionalistas surgidos no século XX
em Angola.
5. Comenta o significado da frase de Manuel Inácio Pestana: “O
facto de Angola ter sido colonizado por Portugal, durante cinco
séculos, não justifica, de forma alguma, que se ensine aos
alunos a criarem, hoje, rivalidades do passado. É necessário
promover a exaltação dos mais puros sentimentos de amor pela
pátria, e a consciência da inter-relação entre os povos”.
6. Regista os teus conhecimentos sobre o neocolonialismo.

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 4)


1. Preenche os espaços em branco e completa o texto.
a) No início do século _____ tornaram-se videntes os pressupostos
gerais que norteavam as políticas económicas e ideológicas do
colonialismo _____________________.
b) As leis de _______________________ - leis Orgânicas da
Administração Civil e da Administração Financeira-
permitiram que as colónias declarassem a sua autonomia
___________ e _________________, mas sempre sob o controlo e
fiscalização dá _____________________.
c) Mas, na realidade, não se verificaram os resultados relevantes
relativos ao trabalho _________________, ao fim da insistência
na escravatura e na exportação de Africanos
para_____________________.

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2. Responde às questões que se seguem relacionadas com acção
de Norton de Matos.
a) Resume os projectos do alto-comissário para o
desenvolvimento de Angola.
b) Justifica o fracasso de tais projectos.
c) Analise as consequências da concentração de poderes nos
altos-comissários.

3. Sobre a ditadura salazarista:


a) Apresenta os princípios orientadores do Estado Novo.
b) Explícita os factores de conflito na sociedade colonial durante
o Estado Novo.
c) Por que razão o ano de 1951 significou uma viragem na política
portuguesa e no reforço da exploração colonial?

UNIDADE V – A REVOLTA ANTI-COLONIAL E A LUTA DE


LIBERTAÇÃO NACIONAL (1961-1975).

PLANO DE ESTUDO: 5.1. O CONTEXTO INTERNACIONAL DA


EMANCIPAÇÃO AFRO-ASIÁTICA.
5.2. 1961 – O INÍCIO DA GUERRA DE LIBERTAÇÃO DE
ANGOLA.
5.3. 1962 – 1974: DIFICULDADES, CONTRADIÇÕES E
DIVISÕES NO NACIONALISMO ANGOLANO.
5.4. A TRANSIÇÃO PARA A INDEPENDÊNCIA (1974-
1975).

5.1. O contexto internacional da emancipação afro-


asiática.

Objectivos específicos:

• Localizar no tempo o início da emancipação afro-asiática;

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• Nomear alguns líderes dos movimentos anticoloniais

Os anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial


produziram um contexto internacional que marcou o início do declínio
dos impérios coloniais na Ásia e na África. A formação naqueles
territórios, como a Índia a Indonésia, o Vietname e a Indochina, de
movimentos anticolonialistas, intensificou a onda nacionalista e obrigou
os colonizadores a reconhecerem o direito de liberdade aos povos
colonizados.
A situação internacional favoreceu igualmente o aparecimento de
alguns movimentos autonomistas em países da Europa, sobretudo
naqueles em que a independência estava hipotecada nas mãos dos
dominadores imperialistas. Nestes países multiplicaram-se as
manifestações e as críticas ao desenvolvimento económico sustentado na
exploração brutal dos povos subjugados, o que contribuiu para o
despertar da consciência anticolonialista e, consequentemente, para a
queda dos impérios coloniais.
O processo de emancipação contou de forma determinante com
a liderança de homens intelectuais que detinham amplos conhecimentos
sobre a situação política e social daquela época. Sem medo da repressão,
e aproveitando os conhecimentos adquiridos durante o contacto que
mantiveram com os europeus, colocaram em prática os ideais do
nacionalismo, desenvolveram a luta anticolonial e fizeram chegar o
mesmo sentimento independentista a várias camadas da população.
Entre eles destacaram-se, na Ásia, Mohandâs Gandhi (conhecido
igualmente por Mahatma Gandhi), da Índia; Jawaharlal Nehru, da
Indonésia, assim como Leopold Senghor (Senegal), Kwame Nkrumah
(Gana), Jomo Kenyatta (Quénia), entre outros, em África.

Como responderia?

1. Localiza no tempo o início da emancipação afro-asiática.


2. Explica com se deu o processo de emancipação afro-asiática.
3. Nomeia alguns líderes dos movimentos anticoloniais.

5.1.1. O novo ambiente ideológico.

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Objectivos específicos:
1. Caracterizar o novo ambiente ideológico em África;
2. Destacar as políticas Coloniais de investimento;
3. Referir o caso de Angola relativamente ao investimento
colonial português.

O processo de luta anticolonial tinha, de facto, tomado um rumo


irreversível, alcançando as diversas partes dos continentes asiático e
africano e as suas diferentes camadas sociais.
Em África foi crucial a contribuição para o despertar da
consciência revolucionária anticolonial o pan-africanismo, que
fundamentava sua formação na reivindicação dos direitos políticos para
o alcance da autonomia nacional. A luta visava, no final, derrubar o
regime colonial. Perante este cenário, o regime da metrópole decidiu fazer
investimentos e aumentar o capital estrangeiro nas colónias, para a
consolidação do projecto colonial, introduzindo assim um novo ambiente
ideológico no processo de dominação dos territórios africanos.
Entre as várias políticas coloniais orientadas para a integração de
África no sistema capitalista internacional, tendo em conta o
desenvolvimento alcançado pela extração de novas matérias-primas,
destacaram-se, na África francesa, a supressão do trabalho forçado e os
planos de modernização e industrialização de países como a Argélia.
Já a Grã-Bretanha, embora tenha optado por medidas que
evitassem a severa exploração colonial a favor da integração dos
colonizados na economia metropolitana, defendendo por isso o self-
government, não deixou de explorar as matérias-primas essenciais ao
desenvolvimento da economia metropolitana, evidente nas políticas de
financiamento da educação, saúde, agricultura e transportes.
No Congo, sob dominação belga, as manifestações e os confrontos
que opuseram os colonizados às autoridades coloniais, desde 1959,
conduziram aquele país a independência no ano seguinte. Por isso, no
final do seu exercício, a administração colonial tomou medidas que
visavam a expansão económica e social do país, preconizando o aumento
do emprego por via do desenvolvimento da agricultura, de uma maior
intervenção do Estado na indústria, da transformação das matérias-
primas locais, da diminuição das importações. No entanto, tais medidas
não passaram de um plano, quando se instituiu o poder presidencial
Centralizado no General Mobutu, logo em 1961.

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Os acontecimentos ocorridos no Congo tiveram um significativo
impacto no território vizinho, Angola, onde se iniciou, em 1961, a luta de
libertação nacional. O objectivo da luta era pôr fim a uma enferrujada
forma de exploração humana, territorial e racial levada a cabo pelo regime
português. Como reação a esta luta de libertação, Portugal traçou planos
de industrialização para o desenvolvimento das colónias.
Lamentavelmente, a insuficiência de capital fez com que apenas na
década de 60 fosse possível iniciar o processo de modernização dos
territórios sob domínio português, quando já se extinguia o período de
vigência do regime colonial.

Como responderia?
1. Caracteriza o novo ambiente ideológico em África.
2. Destaca as políticas Coloniais de investimento.
3. Referi o caso de Angola relativamente ao investimento colonial
português.
4. O entendes por self-government?

5.1.2. A descolonização da Ásia

Objectivos específicos:
1. Descrever o processo de emancipação asiática;
2. Destacar o aparecimento dos movimentos anticoloniais na
Ásia;
3. Enaltecer a contribuição dos líderes nacionalistas para as
independências asiáticas.

Estado Ex-colónia Independência


Indochina Franco-nipônica 1941
Índia Inglesa 1947
Paquistão Inglesa 1947
Birmânia Inglesa 1948
Ceilão atual Sri Lanka Inglesa 1948
Coreia do Norte Japonesa 1948
Coreia do Sul Japonesa 1948
Laos Francesa 1949

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Indonésia Holandesa 1949
Camboja Francesa 1953
Malásia Inglesa 1957
Singapura Inglesa 1965
Quadro: Colônias asiáticas Independentes após a Segunda Guerra Mundial

A descolonização asiática é considerada como a primeira etapa


da descolonização por ter sido na Ásia que surgiram os primeiros
movimentos anticoloniais movidos por profundos sentimentos
nacionalistas. Em comum com a África, segunda etapa da
descolonização, teve o facto de, depois da independência, se tem mantido
em alguns países do continente os conflitos entre diferentes facções
políticas ou movimentos nacionalistas.
O vasto domínio colonial britânico na Ásia, que incluía os países
do Médio Oriente e numerosas ilhas dos oceanos Índico e Pacífico,
começou a ser colocado em causa no final da Segunda Guerra Mundial
(1945), altura em que o processo de descolonização se destacou como
resultado das acções dos movimentos anticoloniais. No quadro dos países
asiáticos que se encontravam sob domínio britânico, e que alcançaram a
independência, salientam-se a Indonésia, a Indochina, o Vietname e,
principalmente, a Índia. Aqui, a dominação inglesa caracterizou-se pela
extrema violência.
Recorrendo a armas de resistência passiva, expressas por meio
da desobediência civil e da rejeição à cooperação, Mohandâs (alma
grande), também conhecido por Mahatma Gandhi, levou a cabo o
combate ao domínio britânico na Índia. Ao mesmo tempo, o partido do
congresso, presidido por Nehru, exigiu aos britânicos a realização de
reformas constitucionais, com o intuito de ocasionar a independência da
Índia.
No entanto, o território indiano era partilhado por hindus e
muçulmanos e, como tal, a independência teria necessariamente de
significar a satisfação dos anseios de conquista de soberania territorial
por parte de cada um dos grupos. Os muçulmanos, que tinham apoio
declarado dos ingleses, defendiam a constituição de dos Estados
distintos.
À ofensiva japonesa de 1942, que visava a conquista do território
indiano, respondeu o governo britânico apresentando aos nacionalistas
uma proposta de integração da índia na Commonwealth (Comunidade
Britânica das Nações). Tal proposta foi recusada por Gandhi que insistia
no abandono imediato dos ingleses daquela território. Os britânicos, por

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sua vez, levaram a cabo uma repressão que culminou com a prisão de
Gandhi, mas que, em simultâneo, encontrou aprontar oposição da parte
do Congresso indiano que organizou as populações em motins e
sabotagens.
Os indianos haviam atacados os britânicos e o resultado foi a
destruição de equipamentos e estruturas militares e paramilitares
ferroviárias e comunicação. A reação não se fez esperar. O governo
colonial ofereceu uma violenta repressão que causou a destruição de
zonas populacionais, assim como a prisão de alguns líderes de
movimentos. Contudo, a resistência nacionalista prosseguiu.
A guerra culminou com a independência. Mas tal não significou a
paz e a unidade indiana, pois o Partido do Congresso liderado por Nehru
e Gandhi, e a Liga Muçulmana, liderada por Ali Linnah, envolveram-se
numa disputa política marcada pela defesa de ideias opostas. Uma
disputa que teve a forte participação moral dos ingleses que ansiavam o
retorno do seu domínio colonial naquela território.
A oposição entre hindus e muçulmanos conduziu ao violento
massacre de Calcutá, a 16 de Agosto de 1946, até ser aceite, naquele
mesmo ano, a proposta de Lord Mountbatten (último vice-rei da Índia)
para a formação de duas Assembleias Constituintes, cada uma com uma
constituição e leis próprias e com a liberdade de estabelecer, ou não,
relações com a Commonwealth.
Com a votação favorável do Parlamento inglês da lei da
Independência, a 15 de Junho, foi proclamada a independência da União
Indiana (maioritariamente hindu) e do Paquistão (de maioria muçulmana)
a 15 de Agosto de 1947.
A descolonização indiana contagiou outras partes da Ásia sob o
domínio colonial, como o Ceilão e a Birmânia, no início de 1948.
Na indonésia o território fazia parte das ilhas holandesas,
Sukarno, líder do movimento nacionalista, proclamou a independência
em Agosto de 1945 e formou o governo republicano. Contudo, a
independência indonésia foi rejeitada pelos holandeses. Estes
estabeleceram a administração colonial através da ocupação de Java e
Sumatra e concluíram o processo com a prisão dos nacionalistas. Ainda
assim, o processo de descolonização indiano influenciou de forma
significativa os indonésios e inspirou-os a resistir militarmente e através
da desobediência civil. A independência definitiva da Indonésia aconteceu
em 1954, quando Sukarno pôs fim à União Holando-indonésia e se tornou
o primeiro presidente indonésio.

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A Indochina era um território cuja dominação era repartida entre
franceses e japoneses. Estes últimos levaram a cabo um movimento de
oposição ao colonialismo francês para se apoderarem do território. Os
resultados desta acção foram inconsequentes até ao momento em que o
movimento Vietminh (Movimento Revolucionário para a Independência
do Vietname), criado em 1941 por Ho Chi Minh e outros dirigentes
comunistas, se constituiu como uma verdadeira oposição ao domínio
franco-nipônico.
Consumada a derrota japonesa, os chineses do Guomindang
apoiaram Ho Chi Minh, que proclamou a independência da República
Democrática do Vietname. Mas essa independência foi prontamente
negada pela França. Por isso, sob o comando do general De Gaulle, os
franceses avançaram numa ofensiva à região da Cochinchina, onde
derrotaram os chineses, para logo depois proporem a Ho Chi Minh a
integração do Vietname como Estado independente na União Francesa,
da qual fariam igualmente parte o Laos e o Camboja.
Não houve, por parte da França, aplicação efectiva desses acordos
e, por isso, surgiram novos confrontos que se agudizaram, a 23 de
Novembro de 1946, com o bombardeamento do porto de Haiphong pela
marinha francesa, do qual resultaram dezenas de milhares de vítimas,
entre mortos e feridos. A este ataque, o movimento Vietminh respondeu
com uma chacina, em Hanói, que resultam em duas centenas de vítimas
mortais europeias, no dia 19 de Dezembro daquele ano. O acontecimento
marcou o início da guerra da Indochina.
A França insistiu na integração do Vietname na União Francesa,
negociando-a com o antigo Imperador Bao Dai. No entanto, a victoria do
comunismo na China, em 1949, alterou a situação, pois o Vietminh
optou por aceitar o auxílio dos chineses, que cederam espaço no seu
território, onde foram criadas as bases militares de retaguarda do
movimento. Os franceses continuaram com a guerra para restabelecer a
sua administração colonial. Várias e sangrentas batalhas sucederam-se.
A verdadeira resposta do Vietminh à guerra de reconquista
colonial francesa ocorreu a 7 de Maio de 1954, na batalha de Dien Bien
Phu. Nela os franceses foram derrotados e tiveram defender-se. Os
acordos de 21 de Julho, em Genebra, reconheceram a independência do
Laos, do Camboja e do Vietname. Este último ficou dividido em dois: a
Norte, a República Democrática, de ideologia comunista e sob a
presidência de Ho Chi Minh; a sul, a República Nacionalista, de ideologia
capitalista.

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Fracassada a tentativa de unificação do território, em 1956,
seguiu-se um longo conflito conhecido como Guerra do Vietname.

Como responderia?

1. Descreve o processo de emancipação asiática.


2. Por que a descolonização asiática é considerada como a
primeira etapa da descolonização?
3. Destaca o aparecimento dos movimentos anticoloniais na Ásia.
4. Fala sobre a contribuição dos líderes nacionalistas para as
independências asiáticas.

5.1.3. As independências africanas até 1960 e depois.

Objectivos específicos:
1. Descrever o processo da emancipação africana;
2. Destacar o aparecimento de movimentos anticoloniais em
África;
3. Enaltecer a contribuição dos líderes nacionalista para as
independências africanas.

Estado Ex-colónia Independência


Líbia Italiana 1951
Egito Britânica 1953
Tunísia Francesa 1955
Marrocos Francesa 1956
Sudão Britânica 1956
Gana Britânica 1957

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Guiné Conacri Francesa 1958
Congo Belga 1960
Nigéria Britânica 1960
Serra Leoa Britânica 1961
Tanganica Britânica 1961
Argélia Francesa 1962
Uganda Britânica 1962
Quênia Britânica 1963
Rodésia do Norte/Zâmbia Britânica 1964
Rodésia do Sul/Zimbabwe Britânica 1965
Gâmbia Britânica 1965
Bechuanalândia/Botswana Britânica 1966
Guiné-Bissau Portuguesa 1974
Angola Portuguesa 1975
Moçambique Portuguesa 1975
Quadro: Colônias africanas Independentes a partir de 1950

Como vimos na unidade temática 3 e 4, vários foram os factores


que concorreram para o fim do colonialismo e, por consequência, para o
alcance da independência dos países africanos, nomeadamente a
Segunda Guerra Mundial, as políticas anticoloniais das principais
potências a que o mundo se subordinou após o conflito, as acções de
resistência desencadeadas pelos movimentos nacionalistas africanos e a
promoção, pela ONU, do livre arbítrio dos povos até então oprimidos.
A estes somaram-se os Congressos pan-africanistas (sobretudo o
quinto Congresso de Manchester, de 1945, durante o qual os líderes de
partidos e organizações de massas exigiram a autonomia política) e a
Conferência de Bandung (1955), onde se aprovaram 10 princípios
fundamentais que reforçaram a luta contra o colonialismo europeu e a
afirmação dos chamados Países do Terceiro Mundo no seio das Nações
mundiais.
Ao contrário do que muitas vezes se afirma, as independências
africanas não foram pedidas pelos colonizadores, antes resultaram da
luta dos africanos. E mesmo no caso em que foram negociadas, o
colonizador só o fez porque se encontrava pressionado quer pelo contexto
internacional (consequências negativas ocasionadas pela Segunda
Guerra Mundial; vozes da ONU e das superpotências mundiais), quer
pelas circunstâncias locais (revoltas internas, guerras coloniais.
Desobediência).
A norte do Saara, a intensidade das revoltas contra o domínio
francês conduziu à independência da Tunísia, em 1955, e de Marrocos,

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sobre o comando de Yussef, em 1956. Também o Egito, com Gamal
Abdel Nasser no comando, conseguiu a independência face ao domínio
Britânico, em 1956.
As negociações para a independência ocorreram igualmente ao sul
do deserto do Saara e nos países do Oeste africano sob domínio britânico,
como a Gold Coast (Costa do Ouro), que, em 1957 e sob direção de
Kwame Nkrumah (pioneiro da moderna ideia de unidade africana),
alcançou a independência e passou a designar-se como Gana.
Na África sob domínio francês conseguiram recuperar a
autonomia países como Guiné-Conacri, Mauritânia, Níger, Senegal, Mali,
Chade, Benin, Nigéria, Camarões, Togo, Costa do Marfim, República
Centro Africana, Congo Brazzaville, República do Congo, Gabão,
Madagáscar e Serra Leoa.
Na Argélia, por sua vez, houve lutas Armadas e sangrentas entre
1954 e 1962. Os antecedentes destes conflitos manifestaram-se durante
a Segunda Guerra Mundial, em 1943, quando os nacionalismos argelinos
consolidaram a ideia da independência face ao domínio francês. Mais
tarde, em 1947, cresceu a onda de frustração dos nacionalistas, porque
tomando em consideração os Estatutos de 20 de Setembro, os franceses
negaram-se a reconhecer a autonomia política da Argélia. Como
resultado destas perturbações aconteceram várias revoltas que se
agudizaram em finais de 1954, expandindo-se pelo território inteiro e
sendo reforçadas com a criação, em Novembro, da Frente de Libertação
Nacional (FLN). A guerra continuou e, em outubro de 1958, a França,
por intermédio do general Charles de Gaulle, decidiu negociar a
independência Argelina com a FLN. Em março de 1962, em Évian, e
tendo por base a salvaguarda dos interesses económicos e bélicos, a
França reconheceu a independência da Argélia.
Igualmente violentas, mas mais longas, foram as lutas pela
independência dos territórios da África central.
Na colónia belga do Congo, a violência agudizou-se se para além
do processo de recuperação da autonomia do país, com
desentendimentos que levaram a conflitos pós-independência. Depois do
crescimento da força nacionalista formaram-se vários movimentos
defensores da emancipação política do país, movimentos como:
Associação do baixo Congo (ABAKO), em 1956, de base étnica bakongo
e liderada por Kasavubu, e o Movimento Nacional do Congo (MNC), sob
liderança de Patrice Lumumba, para além de ter sido eleito um magistrado
local, em 1957, após vários anos de um conflito que se estendeu ao

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interior da região, a independência chegou a 30 de Junho de 1960,
nascendo a República Democrática do Congo.
Ainda assim a independência não significou o calar das armas,
muito menos a paz, pois a falta de entendimento entre as forças políticas
locais desencadeou, no país, uma guerra civil que se prolongou por várias
décadas.
A violência também se fez sentir na África Oriental, sob o domínio
britânico. No Quénia, por exemplo, as comunidades locais de colonos
brancos eram numerosas e, por isso, os nacionalistas sentiram maiores
dificuldades para levar a bom termo os seus intentos. Em meados de
década de 1950 teve lugar uma rebelião de agricultores africanos,
designados por “Mau Mau”, contra o domínio britânico, mas só após
vários anos de luta sangrenta o Quênia, de Jomo Kenyatta, conseguiu
a independência em 1963.
Outras colónias britânicas, como a Rodésia do Norte (Zâmbia) e
Niassalândia (Malawi), tornaram-se independentes em 1964. Na Rodésia
do Sul (Zimbabwe), o processo da independência teve o seu auge apenas
em 1965, depois de uma rebelião contra a coroa britânica empreendida
pelos colonos locais que declararam unilateralmente a independência.
Na região mais a sul do continente africano, desde a década de
1940, com o crescimento das intenções de descolonização e da defesa dos
direitos humanos, os brancos do Partido Nacional começaram a edificar
um conjunto de leis discriminatórias que ficaram conhecidas como
Apartheid. Na prática, o mesmo já existia, uma vez que os brancos
britânicos e holandeses (que lutavam pelo poder na África do Sul)
definiram o destino do negro como sendo o de servir o branco.
O Apartheid foi, de facto, um abominável regime engendrado pelos
brancos da África do Sul que consistia na separação, até mesmo física,
entre as raças (branca e negra). A independência política da África do Sul
foi alcançada em 1961, tornando-se esta numa República. Contudo, o
regime do Apartheid manteve-se até a década de 1990. Já nesta década
recrudesceram as lutas de vários activistas, nomeadamente Nelson
Mandela, Steven Bico, que defendiam a justiça social e que
influenciaram o governo sul-africano a proceder ao desmantelamento das
leis discriminatórias e a realizar eleições democráticas (o que aconteceria
no ano de 1994).
Nas colónias portuguesas, por sua vez, a intransigência do
colonizador Face às ideias independentistas arrastou a situação até a
segunda metade da década de 1970. Por esta altura terminarão as
guerras protagonizadas pelos movimentos de libertação contra o

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Colonialismo português com o alcance da independência: em Angola
(1961-1975), na Guiné-Bissau (1973-1974) e em Moçambique (1964-
1975).
Por isso se justifica que só na década de 1970 se pode dizer que,
na sua generalidade, África era o continente politicamente independente.
Verificavam-se algumas excepções de continuadas submissões de
pequenos estados pelos outros como a Namíbia que só se libertou do jogo
sul-africano em 1990
Mas, como a maior parte dos países africanos se tornou
independente no ano de 1960, este é considerado como o Ano de África.

Como responderia?

1. Descreve o processo da emancipação africana.


2. Menciona os factores concorreram para o fim do colonialismo
em África.
3. Destaca o aparecimento de movimentos anticoloniais em
África.
4. Fale sobre a contribuição dos líderes nacionalista para as
independências africanas.

Aplicação de conhecimentos e competências


1. Identifica os factores internacionais que contribuíram para a
fundação afro-asiáticos.
2. Justifica por que razão a descolonização asiática é considerada
como a primeira etapa da descolonização.
3. Explica o impacto da descolonização asiática no processo de
emancipação africana.
4. Enumera alguns países africanos que alcançaram a
independência partir de 1950. Nomeia alguns dos principais
líderes nacionalismos
5. “Ao contrário do que muitos afirmaram, as independências
africanas não foram seguidas.” Comenta a afirmação.

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5.2. 1961: O início da guerra de libertação de Angola.

Objectivos específicos:
1. Reconhecer o agravamento da relação entre colonizadores e
colonizados em Angola;
2. Identificar o início da luta de libertação no país.

Em Angola, sobretudo a partir da década de 1960, a relação


pacífica entre colonizadores e colonizados tornou-se cada vez mais
impossível. A intransigência do regime colonial também se acentuou,
uma vez que os portugueses não imaginavam perder aquela que era sua
joia da coroa. Assim, insistiu se uma obsoleta forma de exploração.
A década anterior tinha sido de grandes objecções mútuas. Os
anos anteriores tinham testemunhado o nascimento e a evolução de
vários movimentos anticoloniais que acabaram reprimidos, sobretudo
em 1959.
As prisões no Lobito e em Luanda falavam por si. Em 1957, a
PIDE35 deteve, no Lobito, cinco (5) indivíduos suspeitos de ligações aos
movimentos anticolonialistas, e em 1959 deteve, em Luanda, vários
indivíduos suspeitos de praticarem actividades subversivas.
Já em 1958, a UPNA participara, em Acra (Gana), na Conferência
Geral dos Povos de África e, nesse mesmo ano evoluiu para UPA,
apresentando-se como mais uma força do nacionalismo angolano.
A decadência do colonialismo português era cada vez mais
evidente. A independência de Angola estava cada vez mais próxima. O
seu vizinho, o Congo, alcançará a sua independência em 1960, O que
teve um impacto significativo em Angola, particularmente ao longo da
zona fronteiriça, constituindo-se como uma força psicológica adicional
para os nacionalistas angolanos.
Os agricultores da Baixa de Cassange protestaram contra o
governo colonial português, abandonando as terras e deixando de pagar
impostos, que os obrigavam a cultivar o algodão e a vendê-lo a preços

35 A Polícia Internacional e de Defesa do Estado foi a polícia política portuguesa entre


22 de outubro de 1945 e 24 de novembro de 1969, responsável pela repressão de
todas as formas de oposição ao regime político do Estado Novo. Tinha como principal
objectivo a prevenção e proteção dos crimes contra a segurança do Estado. No
essencial defendia o regime do Estado Novo utilizando todos os meios ao seu alcance.

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muito baixos. Tais protestos intensificaram-se 1961, quando ocorreu a
revolta da baixa Cassange.36
Em resposta, as forças portugueses bombardearam aquela área.
Em Luanda, a 4 de Fevereiro, os tanques dos nacionalistas actuaram
contra as prisões e as esquadras da polícia e, no norte da região,
ocorreram inúmeros levantamentos populares contra aldeias, postos
administrativos e plantação de café, com grande impacto internacional.
Esses acontecimentos marcaram, assim, o início da luta de
libertação Nacional em Angola. A guerra colonial decorreu durante longos
14 anos, entre 1961 e 1975, ano em que o país se tornou independente.

Como responderia?
1. Explica o agravamento da relação entre colonizadores e
colonizados em Angola.
2. Identifica o início da luta de libertação no país.

5.2.1. O Prelúdio do início da luta armada o 4 de janeiro


de 1961.

Objectivos específicos:

• Descrever o massacre da baixa de Cassange;


• Identificar as razões do mesmo;
• Analisar as consequências inerentes ao massacre.

1961 constitui um marco na história contemporânea de Angola,


porque naquele ano sucederam-se os acontecimentos que constituíram o
início efectivo da revolução nacional para a independência.
Estendendo-se entre Malange e Luanda, a região da Baixa do
Cassange era uma grande produtora de algodão, cujo os produtores eram
obrigados, pelos portugueses, a vender à companhia Cotonang a matéria-
prima por preços muito baixos. Dados os prejuízos ocasionados, a par da
obrigação do pagamento do imposto de capacitação, os cultivadores de

36 Assista o vídeo curto “Angola - A Revolta da Baixa do Cassange (Guerra de Maria -


1961)” in https://youtu.be/v_ARxdSbvgg; https://youtu.be/9qqP3mXTZbU

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algodão começaram a recusar-se a proceder ao cultivo e a pagamento de
impostos.
Alcançando as regiões de Kunda e Ngengo, para Além de que
Kivota, tais reações provocaram confrontos com as autoridades coloniais
que os obrigavam a trabalhar para os patrões ou para o Estado.
Como consequência desses confrontos, a população angolana foi
obrigada a cultivar apenas o algodão, em detrimento das culturas
alimentares, e a vender a totalidade das suas colheitas aos preços
estabelecidos pelo governo, ou seja, abaixo da média do mercado
mundial. O Camponês africano era, assim, um exemplo de mão-de-obra
explorada, somente fornecedora de produtos à companhia, sem qualquer
lucro individual.
Os efeitos desta realidade evidenciaram-se nas contas anuais de
um indígena e da sua família, que entre 1959 e 1960 dispunham de um
rendimento não superior a trinta dólares. O caos instalado levou os
cultivadores a desencadearem, em Janeiro de 1961, ataques a vários
pontos que representavam autoridade colonial, nomeadamente, as
instituições comerciais, administrativas e missionárias.
Fracamente armados de catanas e canhangulos37, mas
desejavelmente unidos, os revoltosos partiram para uma revolta que
acabou fortemente reprimida. A repressão colonial foi levado a cabo por
meio de bombardeamentos (com bombas incendiárias de Napalm38) e de
execuções, provocando uma extrema violência e milhares de mortos no
seio dos nacionalistas. Na história de Angola este acontecimento ficou
conhecido como o Massacre da Baixa de Cassange, de 4 de Janeiro de
1961.
Apesar da repressão, a revolta inspirou diversas outras acções de
subversão, como aquela que veio acontecer em Março de 1961.

Como responderia?
1. Descreve o massacre da Baixa de Cassange.
2. Identifica as razões do mesmo.
3. Analisa as consequências inerentes ao massacre.

37 Do quimbundo, espingarda antiga ou de fabrico artesanal, de um só cano comprido


e estreito.
38 Gasolina gelificada com palmitato de sódio ou de alumínio usado no fabrico de
projéteis incendiários.

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5.2.2. 4 de Fevereiro de 1961.

Objectivos específicos:

• Descrever os ataques de Luanda;


• Identificar as razões desses ataques;
• Avaliar as suas consequências.

As autoridades colonialista acreditavam que a origem do 4


Fevereiro não era obra dos angolanos, mas sim tem uma conspiração
internacional que, assente em interesses estrangeiros, pretendia
derrubar o colonialismo português no país africano.
Mas, para os nacionalistas, o 4 de Fevereiro tinha como objectivo
fundamental a libertação de políticos que se encontravam presos na Casa
de Reclusão Militar, na Cadeia de São Paulo e nas instalações da 7ª
Esquadra da estrada de Catete. Os intervenientes desejavam, em
simultâneo, a obtenção de armamentos para levar a cabo a luta pela
independência. Ainda assim, relatos houve que difundiam a ideia de que
a revolta se associava à necessidade de melhoria das condições de vida
da população local. Contudo, as informações que davam conta de que os
presos políticos da Casa de Reclusão poderiam ser transferidos para o
Aljube ou para o Campo de Concentração do Tarrafal (Cabo Verde)
serviram de antecedente imediato aos ataques de Luanda. Mesmo sem
armamento adequado à dimensão do ataque, os participantes no assalto
uniram-se de catanas e cassetetes39 e atacaram, em grupos de duas
centenas, a Prisão de São Paulo, a 7ª Esquadra da PSP e a Casa de
Reclusão Militar, assim como a estação de radio.40

39
Mocas, pedaço de madeira que serve de arma = Cacete, clava.
40 Leia-se mais no artigo em Política de O Novo Jornal intitulado “QUATRO DE
FEVEREIRO: ROUPAS E CATANAS FORAM FINANCIADAS POR ERNESTO LARA
FILHO”, in https://novojornal.co.ao/politica/interior/quatro-de-fevereiro-roupa-e-
catanas-foram-financiadas-por-ernesto-lara-filho-5787.html. E também a visão
eurocêntrica deste acontecimento no artigo publicado na Revista Militar intitulado
“OS ASSALTOS DE 4 DE FEVEREIRO EM LUANDA E O MASSACRE DE 15 DE
MARÇO NO NORTE DE ANGOLA – ANTECEDENTES” segundo António Lopes Pires
Nunes (Tenente-coronel português), in https://www.revistamilitar.pt/artigo/906

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Um ataque com impacto internacional, divulgado pelos jornalistas
estrangeiros que se encontravam em Luanda.
A operação revoltosa do 4 de Fevereiro não foi, no entanto, bem-
sucedida, uma vez que o objetivo primordial, a libertação dos presos
políticos, não se verificou. E apesar da repressão colonialista pela milícia
branca que aconteceu no dia seguinte, com um massacre de africanos
nos musseques de Luanda, aquele dia foi fundamental para reforçar o
sentimento de dever de luta junto dos nacionalistas angolanos. E a partir
de então, o governo colonial deparou-se com uma situação de revolta
contínua entre os africanos, que teve de procurar controlar para poder
manter a sua autoridade.
O MPLA Não foi o único movimento nacionalista envolvido na
revolução, mas fruto de um maior protagonismo assinalou o dia 4
Fevereiro de 1961 como a data do início da luta armada de libertação
nacional.

Como responderia?
1. Descrever os ataques de Luanda;
2. Identificar as razões desses ataques;
3. Avaliar as suas consequências.

5.2.3. O 15 de Março de 1961 EA revolta generalizada no


Noroeste de Angola.

Objectivos específicos:

• Descrever os ataques de Março de 1961;


• Enumerar as razões subjacentes aos ataques,
• Avaliar as suas consequências.

A convivência entre os colonizados e os colonizadores agudizou-


se em Março de 1961. Na origem dos ataques do dia 15 estiveram exemplo
da anterior revolta de Janeiro, o tribalismo, o ódio às instituições
coloniais e a rejeição do homem branco.

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Os revoltosos evidenciavam seu desejo de libertação face à
opressão física e mental. Apesar da debilidade ao nível de armamento, os
angolanos apostavam na força psicológica, na força moralizadora
espiritual de movimentos religiosos como o protestantismo, o tocoismo e o
kimbanguismo, para além de contarem com a influência do Movimento
Independentista do Congo. Ao mesmo tempo, as críticas internacionais à
política colonial portuguesa e a acção dos movimentos independentistas
africanos, que nesta altura já haviam desenvolvido a liberdade a vários
países africanos, animaram as forças subversivas angolanas contra os
horrores e a desumanidade de que eram alvo por parte do regime colonial
português.
Assim, em 15 de Março de 1961, ocorreu a sublevação do Norte
de Angola, um movimento nacionalista angolano cujo eco se fez sentir a
nível internacional. Como tal, chegaram do estrangeiro apoios materiais
para o movimento nacionalista UPA que, no início da luta de libertação
nacional, ganhou protagonismo ao liderar as movimentações militares
contra as fortemente Armadas forças portuguesas.
A sublevação aconteceu em várias partes do Norte de Angola
situadas entre os distritos dos Zaire e do Uíge, como São Salvador,
Mbembe, Mbaya, Quicabo e também em Kibaxe, Aldeia Viçosa (Dembos)
e Quitexe (Kwanza Norte), onde ocorreram violentos massacres que
vitimaram homens, velhos e crianças, autoridades administrativas,
brancos, negros e mestiços. A rebelião Instalou à hora do início dos
trabalhos nas fazendas. Nela foram assassinados, com catanas e
canhangulos, um número incalculável de proprietários brancos e
trabalhadores negros.
A gravidade da situação provocou a fuga de vários colonos para
Carmona (actual município sede do Uíge), Salazar (actual Ndalatando) e
Luanda em busca de segurança, enquanto várias mulheres e crianças
tiveram de retornar a metrópole, tendo em conta o medo em que viviam.
Entretanto, assistiu-se a uma retaliação violenta realizada pelo
exército português e pelos brancos que haviam fugido para os centros
mais populosos a procura de segurança.
Ao mesmo tempo, nos distritos do Zaire e do Uíge residia o maior
número de prosélitos41 da igreja protestante que sofreram as primeiras
represálias, uma vez que o regime colonial caracterizava as missões
protestantes como sendo revolucionária e um foco de colaboração com os
rebeldes através da formação ministrada aos dirigentes dos movimentos

41 Crentes.

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nacionalistas, o que lhes permitia obter uma nova visão sobre a situação
daquela período.
Multiplicaram-se os bombardeamentos às aldeias, o fogo posto
nas sanzalas e os tiros à queima-roupa. Foram presos e perseguidos
vários indivíduos instruídos (considerados pelos portugueses como
autores morais da revolta) e foram massacrados muitos Ambundu
(seguindo o curso do kwanza, estes procuravam fugir para o centro e o
sul de Angola).
Foi uma guerra que não teve testemunhas externas, senão um
diminuto número de membros das Missões Batistas e Metodistas, e
evidenciou um carácter violento e discriminatório em relação à raça,
tendo apenas escapado as populações que, na altura se situavam longe
dos centros de confronto (nas cidades) e das missões protestantes.
O impacto da revolta de Março não foi o esperado, sobretudo
porque a UPA atacou como pouca forças bélicas e as suas acções não
foram suficientemente rápidas. Como tal, o número de vítimas mortais
entre os colonos brancos foi reduzido e o regime colonial não ficou
significativamente fragilizado.
Apesar dos resultados não alcançarem o patamar ansiado, o 4 de
Janeiro, o 4 do Fevereiro e o 15 de Março transformaram-se em
momentos determinados na história de Angola. E o ano de 1961 afirmou-
se como um ano decisivo no combate contra o domínio colonial
português.

Como responderia?
1. Descreve os ataques de Março de 1961.
2. Enumera as razões subjacentes aos ataques.
3. Avalia as suas consequências.

Aplicação De Conhecimentos E Competências.

1. Justifique a importância do ano de 1961 para a Angola


contemporânea
2. Esclareça o significado do Massacre da baixa de Cassange no
contexto da luta de libertação nacional

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3. Identifique os principais objetivos subjacentes ao 4 fevereiro
4. Caracteriza a repressão e implementada pelo regime Colonial
após os ataques de 15 de Março
5. Comenta o papel da igreja no processo da revolução nacional

5.3. 1962 - 1934: Dificuldades, contradições e divisões


no seio do nacionalismo angolano.

Objectivos específicos:

• Identificar os principais movimentos de libertação nacional


e respectivos líderes;
• Reconhecer as divisões surgidas no seio do nacionalismo
angolano;
• Refletir sobre as consequências de tais divisões.

As actividades nacionalistas ganharam cunho efectivo com a


entrada em acção dos vários movimentos anticoloniais. E, como vimos na
unidade temática 4, alguns destes movimentos por circunstâncias da
situação tiveram de difundir-se para darem lugar a organizações mais
afinadas e com maior capacidade de resposta face à exigente situação.
Mas no decorrer desse processo, registraram-se várias divergências e
divisões entre esses movimentos.
Várias dessas contradições e divisões eram, na verdade,
profundas. E apenas agudizaram-se no período nacionalista de 1962-
1974, embora vários autores tentem afastar da análise as questões
regionalista, étnica e/ou racial dos conflitos de interesses criados pelas
rivalidades entre a FNLA e o MPLA e entre este e a UNITA.
Tais contradições surgiram no seio dos movimentos anticoloniais
constituídos e liderados por nacionalistas que faziam parte das elites que
emergiram de base ideológico-educativas e socioculturais distintas. Este
factor constituíra uma fundamental base de divergências entre os
dirigentes de movimentos rivais que lutavam pela conquista do poder
através das armas. Aliás, cada um dos seus líderes alimentava o sonho
de dirigir o país depois que o mesmo conquistasse a independência. E,
por nunca se terem unido de facto no combate ao inimigo comum – o

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colonialismo português, cada movimento anticolonial procurou levar a
guerra na sua frente estratégica visando aniquilar o outro movimento e
na outra frente lutar contra o inimigo. E isso significou a falta de uma
estratégia nacional de combate ao colonialismo português tendo em vista
do objectivo de independência.
Deste modo, antes do início da Revolução Nacional operava no
norte de Angola a UPNA (União das Populações do Norte de Angola).
Criada em 1954, esta organização acabou por ser anotada como um
movimento racista e tribalista. Por isso, visando exprimir o abandono
desta visão associada aos interesses bakongo, a UPNA refundou-se
passando, desde 1958, a chamar-se UPA (União das Populações de
Angola). Evoluiu para FNLA (Frente Nacional de Libertação de
Angola), em Março de 1962, organizada pelos imigrantes angolanos
formados nas missões Batistas em Leopoldville (atual kinshasa), no
campo sobre dominação belga, nomeadamente, José Eduardo Pinock e
Holden Roberto primeiro presidente.
Enquanto organização nacionalista anticomunista, a UPA-FNLA
recebeu apoio financeiro, político e militar dos Estados Unidos, do Zaire
e de vários estados africanos moderados (não comprometidos nem com
os capitalistas e nem com os socialistas).
A fundação da UPA constituiu, em si, uma expressão de
contradição no seio do nacionalismo angolano, dado que apresentou o
falhanço das tentativas de negociação encetadas entre os seus dirigentes
e os do MPLA. Se ambos tivessem chegado a acordo, a fusão daqueles
dois movimentos originaria uma força mais significativa na luta contra o
colonialismo português. A divergência entre os dois movimentos
evidenciam-se também no campo de batalha: a insurreição de Março
apesar de ter sido bem preparada, manifestou alguma imprudência, pois
antes que o MPLA o fizesse, a UPA terá posto em prática o plano de ataque
numa altura inapropriada.
Já durante os ataques de Março, a inexistência de planos
amadurecidos e o insuficiente apoio de outras partes do país que não
estavam verdadeiramente preparadas para revolta terão levado a UPA
agir sozinha, tomando a dianteira dos ataques a todos aqueles que
estavam do lado dos portugueses, como foram os vários Ambundu e
Ovimbundu, os mestiços, os assimilados e os brancos.
Entre os distintos movimentos anticoloniais, o MPLA (Movimento
Popular de Libertação de Angola) resultara da aglomeração das várias
tendências ideológicas de uma elite formada (nas escolas portuguesas,
católicas e metodistas) e constituída o destintos membros como Mário

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Pinto de Andrade (primeiro presidente), Viriato da Cruz e Lúcio Lara. Ou
seja, a fusão da PLUA (Partido da Luta Unida dos Africanos de
Angola) com vários outros movimentos clandestinos resultara, em
Dezembro de 1956, o MPLA fundado no exílio em Conacri, por aqueles
distintos membros.
Antes da luta de libertação nacional, o MPLA erradica apenas em
Luanda e só mais tarde surgiu em outras regiões Ambundu. Desde a sua
criação que se aventavam questões raciais, pois durante muitos anos o
MPLA se constituíra apenas, com extensão de Daniel Chipenda, por
membros de origem Ambundu. E apenas a partir de 1974 começou a
permitir, na sua organização, a inclusão de brancos que se identificassem
com a vontade do MPLA no tangente à luta dos negros contra os brancos
colonialistas para o alcance da independência.
Os seus quadros eram universitários mestiços e negros
assimilados que se formaram nas universidades europeias. Ou seja, os
dirigentes do MPLA eram, na sua maioria, oriundos dos meios urbanos
habitados pela pequena burguesia angolana. Devido ao seu
posicionamento anti-imperialista, o MPLA beneficiara do apoio
diplomático e Militar da URSS (União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas) e de vários outros países socialistas como a Cuba e países
africanos progressistas.
Já a UNITA (União Nacional para a Independência Total de
Angola) surgiu como um terceiro movimento nacionalista para lutar
contra o colonialismo português cujo modus de acção (ataque de
guerrilha) se fazia sentir no Centro Leste e Sul do país a sua. A sua
fundação ocorrera em Março de 1966 , na região de Muangai (Moxico), e
o seu líder fundador foi Jonas Savimbi.
Os seus membros (José Liahuca, Jerónimo Wanga, Jorge
Valentim entre outros) foram formados pelas missões protestantes por
via de bolsas de estudos da CIEAC (Conselho de Igrejas Evangélicas do
Centro de Angola), alguns deles na condição de dirigente da igreja.
Desde a sua fundação que se colocavam interrogações sobre o seu
real papel no quadro da luta anticolonial. Durante a mesma, a UNITA
lançava ataques contra vários postos militares portugueses. Mas os seus
ataques incomodavam mais os movimentos rivais do que o exército
português. As dificuldades em o derrotar, encontradas pelos guerreiros
do MPLA, justificaram a interrogação sobre se a UNITA teria ou não
recebido o apoio do exército português para aniquilar o MPLA e a FNLA.
Na verdade, embora menores se comparados com os apoios
recebidos pelo MPLA e a FNLA, desde que a luta teve início tudo o que a

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UNITA recebera foi um despretensioso apoio financeiro e militar da China
Popular e da Zâmbia e um pouco do depois da África do Sul, que
formaram os primeiros militares que se instalaram no interior do
território nacional.
Jonas Savimbi defendia que apenas os angolanos em Angola eram
capazes de se libertar do domínio estrangeiro. Para tal, tinham de se unir.
Apesar de ser repto à luta nacional e democrática, a UNITA também
nunca deixou de parte as suas diferenças para com os outros dois
movimentos, como aliás acontecia com o MPLA e a FNLA.
De facto, no desenrolar da luta de libertação, ao invés de
buscarem a união e juntarem forças no combate ao colonialismo
português, os movimentos anticoloniais procederam de forma contrária.
A FNLA e o MPLA combatiam um contra o outro, combatiam
individualmente contra o colonialismo português e ainda contra o UNITA.
E está fazia o mesmo contra os outros movimentos.
Tudo isso evidenciou uma ausência de concentração entre os
movimentos de revolução nacional e das contradições e divisões geradas
no seio do nacionalismo angolano. Inevitavelmente, tais dificuldades
viriam a contribuir para o retardar da independência do país.

Como responderia?
1. Identifica os principais movimentos de libertação nacional e
seus respectivos líderes.
2. Fale sobre as divisões surgidas no seio do nacionalismo
angolano.
3. Reflita sobre as consequências de tais divisões.

5.3.1. O quadro geral da evolução das lutas de libertação


nas colônias portuguesas.

Objectivos específicos:

• Caracterizar as lutas de libertação nas restantes colónias


portuguesas;
• Particularizar a guerra na Guiné-Bissau;

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• Avaliar a reação portuguesa no combate contra a luta de
libertação nas colónias.

Não foi só em Angola que as lutas de libertação nacional ficaram


marcadas pelos confrontos entre os nacionalistas e as forças do regime
colonial. Nas outras colónias portuguesas também se verificaram
inúmeros conflitos armados.
Em Angola, havia ocorrido, em 1961, grandes acontecimentos que
marcaram o início da Revolução Nacional. No desenrolar da luta
sucederam os desentendimentos entre os principais movimentos
anticoloniais (FNLA, MPLA, UNITA) e a intransigência do regime colonial
arrastou a denominada guerra colonial durante longos 14 anos.
Por sua vez, a luta de libertação na Guiné teve início em Janeiro
de 1963 com acções de guerrilha em Tite, levadas a cabo pelas bem
organizadas militar (equipamentos eficientes) e politicamente (apoio do
governo da Guiné Conacri), forças nacionalistas do PAIGC (Partido
Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) liderado por
Amílcar Cabral. Alguns historiadores consideram-na, uma revolta
científica da sua organização, isto é, a preparação militar, psicológica e
moral dos combatentes.
Durante algum tempo, as forças portuguesas conseguiram ter
vitórias em várias campanhas para reposição da sua autoridade. A
“Operação Tridente”, que visava a reconquista do domínio das ilhas de
Como, foi uma dessas campanhas. Contudo, os portugueses também
sofreram pesadas baixas perante o PAIGC. Em 1967, os ataques do
PAIGC destinaram-se aos quartéis e acampamentos militares
portugueses; em 1968, Antônio Spinola (governador da colónia) conduziu
uma nova campanha para reprimir os nacionalistas; uns anos depois, em
Janeiro de 1973, o assassinato do principal líder do PAIGC não abalou
os ânimos dos povos colonizados.
Entretanto, a instabilidade no país colonizador, devido aos efeitos
devastadores da guerra colonial, ao desgaste do regime no plano interno
e internacional, ao início do fim do regime ditatorial português, foi
aproveitada pelo PAIGC, a 24 de Setembro de 1974, declarou
unilateralmente a independência.
O regime colonial deixou de conseguir vencer no terreno dos
revolucionários e, por isso, os acordos de cessar-fogo surgiram em 1974.
Neste ano, Portugal acabaria por reconhecer a independência da Guiné-
Bissau.

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Em Moçambique, a luta de libertação nacional opôs as forças
guerrilheiras da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)
contra as forças armadas portuguesas desde Setembro de 1964, aquando
do ataque ao posto administrativo de Chai.
Também em Moçambique apenas surgiu um movimento
anticolonial a quem o governo português reconhecia o direito de negociar
em nome do povo moçambicano. A bárbara actuação portuguesa
culminou com assassinato de Eduardo Mondlane, em Fevereiro de 1969,
mas não esmoreceu os moçambicanos, e a guerra continuou. A nova
liderança da FRELIMO, Samora Machel e Marcelino dos Santos assumiu
o desafio de continuar a luta até à conquista do objectivo final. E como
resultado dos acordos de Lusaka, entre Portugal e Moçambique, a
FRELIMO declarou a independência do país africano a 25 de Junho de
1975.
Em São Tomé, depois de centenas de agricultores serem
assassinados pelas forças portuguesas que queriam restabelecer a sua
autoridade naquela colónia, a independência foi obtida no dia 14 de
Julho de 1975. Uns dias antes, a 5 de Julho de 1975, Cabo Verde
também conseguiu recuperar a sua independência.
O desgaste do regime ao longo da guerra colonial e as pressões
externas da ONU e das potências ocidentais, que criticavam duramente
as políticas coloniais portuguesas em África, forçaram Portugal a
implementar as reformas e a proceder a algumas concessões para
suprimir as revoltas. Sobre tais reformas falaremos adiante.42

Como responderia?
1. Caracteriza as lutas de libertação nas restantes colónias
portuguesas.
2. Particulariza a guerra na Guiné-Bissau.

42 Sobre os antecedentes imediatos e a proclamação da independência em São Tomé e


Príncipe, Cabo verde, Moçambique, Guiné-Bissau, saiba mais lendo os artigos
intitulados “INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS: São Tomé e Príncipe – 12 DE Julho DE
1975; Cabo Verde – 05 de Julho de 1975; Moçambique – 25 d Junho de 1975; Guiné
Bissau – 10 de Setembro de 1975 da RTP Em Direto. In:
• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/s-tome-e-principe-12-
de-julho-de-1975/
• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/cabo-verde-5-de-julho-
de-1975/
• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/mocambique-25-
junho-1975/
• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/guine-bissau-10-de-
setembro-de-1974/

Produzido pelo professor Domingos Segredo Manuel, Técnico Médio de Geo/História e


Licenciado em História pelo ISCED-Luanda.
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3. Avalia a reação portuguesa no combate contra a luta de
libertação nas colónias.

5.3.2. O impacto da guerra de libertação na sociedade


angolana.

Objectivos específicos:

• Caracterizar a reação portuguesa faça à guerra de


libertação nas colónias;
• Enumerar os novos métodos de dominação colonial.

A guerra de libertação iniciou-se com os ataques nacionalistas nos


distritos do Zaire e do Uíge, no início da década de 60, mas os seus efeitos
rapidamente se estenderam aos distritos de Luanda, Kwanza Norte e
Malanje e às regiões Leste, Centro e Sul de Angola. Nestes distritos,
poucos foram os angolanos que tiveram a possibilidade de se refugiarem
no exterior do território, sobretudo em relação às populações do extremo
norte da fronteira com Congo (então Leopoldville), acabaram por aí se
esconder.
A gravidade da situação, reconhecida desde Março pelo governo
português enquanto ameaça à continuidade do regime na colónia, levou
Portugal a organizar tropas e recursos bélicos e a convencer a opinião
pública da necessidade de uma resposta a altura dos acontecimentos.
Reunidos os meios e os apoios suficientes, Portugal partiu para
África para tentar pôr em prática uma táctica contra a subversão que se
verificava em suas possessões no continente africano. No entanto, o país
europeu não estava verdadeiramente preparado para enfrentar o conflito
em curso e, por isso, teve de adaptar-se ao mesmo recorrendo à guerra,
à repressão e à violência.
Vivia uma situação de “olho por olho”, “dente por dente”.
A resistência dos nacionalistas e as dificuldades impostas pelo
conflito levaram Portugal a alterar os métodos de actuação no sentido de
controlar as revoltas e garantir os seus domínios em África. Para tal,
como veremos, Portugal teve de introduzir algumas reformas, ceder às

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exigências dos nacionalistas e exaltar a ideia do luso-tropicalismo e da
portugalidade.

Como responderia?
1. Caracteriza a reação portuguesa faça à guerra de libertação
nas colónias.
2. Enumera os novos métodos de dominação colonial.

5.3.2.1. A reação portuguesa ao desencadear da luta de


libertação, guerra e repressão.

Objectivos específicos:

• Avaliar a acção portuguesa contra a luta de libertação


nacional em Angola;
• Descrever os momentos da guerra colonial em Angola;
• Salientar as acções repressivas dos portugueses.

Apesar dos acontecimentos de 4 de Fevereiro, foi em 15 de Março


o momento determinante. Portugal assumiu que teria ter ripostar e foi
com este acontecimento que o mundo tomou conhecimento da guerra que
os angolanos levavam a cabo contra o colonialismo português.
Em nome da salvaguarda do regime, o governo de Salazar, através
das suas tropas, desencadeou uma violenta reacção que
progressivamente se foi agravando. As características do desgastante
conflito (guerra de guerrilha) exigiram ao exército português o apoio de
meios navais e aéreos. Acreditando que os nacionalistas agiam em
conjunto com grupos políticos internacionais, as forças portuguesas,
auxiliar das pela igreja católica, pela polícia política e pelos grupos com
poderes económicos e financeiros, actuaram barbaramente face aos
revoltosos angolanos.
A guerra continuava e os portugueses proibiram, durante algum
tempo, a presença de jornalistas no território, sendo estes acusados de
noticiarem factos tendenciosos. A repressão portuguesa perseguia e
prendia os revoltosos, os populares do Norte, em particular, e até os

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membros da igreja, estes últimos acusados de incitarem as diversas
revoltas através das missões cristãs organizadas. Alguns padres
acabaram desterrados em Portugal, como o Cônego Manuel das Neves; os
metodistas foram acusados de colaborarem com os revoltosos, e por isso,
vários missionários, pastores e professores africanos que estavam nos
Dembos desapareceram, foram presos ou mortos.
Partindo do Norte, de onde as populações locais tiveram de fugir
em direção ao antigo Zaire (Leopoldville/Congo) à procura de abrigo, a
repressão seguiu para as regiões Centro, Sul e Leste de Angola. Aqui, os
ataques portugueses visavam neutralizar as incursões do MPLA e da
FNLA, assim como as acções de um terceiro movimento nacionalista
angolano a União Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA), fundado por Jonas Malheiro Savimbi, em Março de 1966, na
região de Muangai, (Moxico). Este movimento negava o pressuposto
ideológico como factor determinante na luta de libertação nacional, mas
defendia a união como uma ideia fundamental para que os angolanos
conseguissem combater o regime colonial português.

Como responderia?
1. Avalia a acção portuguesa contra a luta de libertação nacional
em Angola.
2. Descreve os momentos da guerra colonial em Angola.
3. Salienta as acções repressivas dos portugueses.

5.3.2.2. Transformações económicas e sociais da


aceleradas: Abolição da legislação discriminatória,
expansão do ensino e o auge da ideologia do “luso-
tropicalismo” e da portugalidade.

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Objectivos específicos:

• Justificar as transformações socioeconómicas feitas pelo


governo português na colónia;
• Avaliar os resultados dessas transformações;
• Analisar criticamente a ideologia do lusotropicalismo.

A guerra de independência levada a cabo pelos nacionalistas


angolanos obrigou o governo português a repensar os métodos de
actuação e os modos de relacionamento com as populações africanas. As
exigências dos colonizados angolanos (o direito à cidadania, o tratamento
igualitário perante as leis, o aumento de oportunidades na educação, na
assistência médica, anulação do trabalho forçado) eram significativas e
sem a concretização das mesmas, pelos colonizadores, as revoltas não
teriam fim.
Assim, Adriano Moreira, ministro do Ultramar, lançou, em Agosto
de 1961, várias reformas que serviram de base ao novo Código do
Trabalho Rural (1962). Entre tais reformas constavam a anulação do
Estatuto dos Indígenas, de 1954 (Decreto-lei nº 39.666) e a promoção dos
direitos iguais entre “civilizados” (cidadãos portugueses) e “não
civilizados” (indígenas) (Decreto-lei nº 43.893).
Seguiram-se outras reformas que, teoricamente, visavam a
mudança de vida dos africanos, como o direito à ocupação das terras e o
consequente estímulo à actividade económica dos africanos (Decreto-lei
nº 43.894).
Ainda em 1961 foi abolido o trabalho forçado ou contratado e os
angariadores foram proibidos de usar a coerção para recrutar mão-de-
obra contratada. Além disso, os indígenas, até então não assimilados,
passaram a ter a possibilidade de possuir um bilhete de identidade.
Considerando a educação realizada pelas missões religiosas
despertara nos africanos a consciência nacionalista e a vontade de
guerra, o governo colonial decidiu outorgar o ensino nas mãos dos
portugueses, implementando diversas reformas educativas.
Uma dessas medidas consistiu na formação de professores para
a lecionação do curso de educação rural e na criação de centros de
formação. Foi ainda fundada, pelo governo colonial, uma extensão da
Universidade de Lisboa, a Universidade de Estudos Gerais, em 1963, que
abarcava as regiões de Luanda (Faculdade de Arte e Medicina), de Sá da
Bandeira – Lubango (Faculdade de Educação), e Nova Lisboa – Huambo
(Faculdades de Agronomia e Veterinária). Observou-se em Angola, no

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período em que ocorreram as reformas (1961/1962), um crescimento
acelerado, nomeadamente a expansão do ensino elementar para os
africanos.
As reformas sociais (cidadania e educação) e económicas
(condições de trabalho), ainda assim, não representaram mudanças
significativas na vida dos africanos. Aliás, o objectivo do governo
português era apenas reforçar a sua autoridade nas colónias, eliminar o
ódio racial ou os sentimentos existentes, conquistar a lealdade do negro
africano e proteger-se das pressões internacionais que apelavam ao fim
da colonização.
Como tal, as suas intervenções sustentaram-se na teoria
ideológica do “luso-tropicalismo”, segundo a qual os africanos seriam
integrados no espaço metropolitano e, teoricamente, considerados
cidadãos portugueses e livres de quaisquer tipos de discriminação.
Esta situação nunca aconteceu e os africanos continuaram a ser
alvos da discriminação (racial, social, educacional, salarial) dos
portugueses e não podiam, por exemplo, acender aos lugares cimeiros da
administração colonial.

Como responderia?
1. Justifica as transformações socioeconómicas feitas pelo
governo português na colónia.
2. Avalia os resultados dessas transformações.
3. Analisa criticamente a ideologia do lusotropicalismo.

Aplicação de conhecimentos e competências.


1. Justifique as divisões surgidas no seio do nacionalismo
angolano.
2. Explica o que diferenciou as lutas de libertação nas colónias
da Guiné-Bissau e Moçambique e na colónia de Angola.
3. Refira-te ao impacto da guerra de libertação na sociedade
angolana.
4. Explica as intenções portuguesas subjacente às mudanças
introduzidas na colónia de Angola.
5. “O luso-tropicalismo não representou, de facto, uma
mudança de vida para os africanos.”
a) Justifica esta afirmação.

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5.4. A transição para a independência.

Objectivos específicos:

• Reconhecer o impacto do 25 de Abril de 1974 em Angola;


• Explicar o processo de independência vivido na colónia.

O período de transição para a independência de Angola foi


marcado por vários acontecimentos ocorridos em Portugal,
nomeadamente a revolução de 25 de Abril de 1974. Contestado
inicialmente pelas famílias dos militares que estavam a morrer ou a ficar
mutilados na guerra colonial, o regime viu acentuar-se uma contestação
popular transversal a todos os sectores da sociedade portuguesa
(políticos, militares, estudantes, religiosos) relativamente aos gastos
inerentes à manutenção de uma guerra colonial.
O clima de tensão agravou-se, ainda, com a pressão internacional
sobre as políticas coloniais portuguesas nos territórios africanos. E,
também por isso, a 25 de Abril de 1974, ocorreu, no país, a conhecida
como Revolução dos Cravos.
Com o regime internamente fragilizado e forçado a negociar, o
problema em Angola centrava-se agora na busca de um entendimento
entre o MPLA, a UNITA e a FNLA. As divergências, contudo, falaram mais
alto e mesmos os acordos que os três movimentos haviam inicialmente
assinado foram, a seguir, violados e cada um deles decidiu reinstalar-se
na sua base de origem. E logo depois levantou-se a guerra de uns contra
os outros.
Em Novembro de 1975, o MPLA, fortemente radicado em Luanda
e livre de quaisquer presenças da FNLA ou da UNITA, acabou por
declarar a independência do país. Em Luanda a população festejou a
declaração de independência como uma vitória do MPLA sobre o regime
português e os restantes movimentos anticoloniais. Estes, por sua vez,

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aliaram-se e proclamaram a independência numa província do centro do
país. O resultado foi o desencadear de um conflito no país.43

Como responderia?
1. Fale do impacto do 25 de Abril de 1974 em Angola.
2. Explica o processo de independência vivido na colónia.

5.4.1. O 25 de abril de 1974 a queda do regime


salazarista em Portugal e o fim da guerra colonial.

Objectivos específicos:

• Indicar as razões da revolução do 25 de Abril de 1974 em


Portugal;
• Enumerar as razões da queda da ditadura salazarista;
• Avaliar o impacto do fim do regime ditatorial português.

Quando estalou a revolta armada em Angola, já em Portugal se


manifestara a oposição política interna ao regime salazarista. Na época,
um grupo de militares apoiantes do General Humberto Delgado
responsabilizaram o governo pela fraude eleitoral que, em 1958, levou à
derrota do seu líder ante o Almirante Américo Tomás, candidato do
regime.
Em Abril de 1961 assistiu-se a uma tentativa de golpe de Estado,
mas esta fracassou. Ainda assim, as dissensões44 no seio da sociedade
portuguesa, sobretudo as relacionadas com a guerra colonial,
continuaram.

43 Sobre os antecedentes imediatos e a proclamação da independência em Angola, saiba


mais lendo o artigo intitulado “INDEPENDÊNCIAS AFRICANAS: ANGOLA – 11 DE
NOVEMBRO DE 1975”, da RTP Em Direto.
In:https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/angola-11-de-novembro-
de-1975/
44 Divergências, oposições.

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De facto, a luta armada que ocorria em Angola, e nas restantes
colónias portuguesas africanas, agravara a crítica social e inflamara os
ânimos militares em Lisboa. E, em 1973, surgiram movimentos
contestatários e de reivindicações corporativistas particularmente entre os
contingentes que operavam em Angola.
Entretanto, em Portugal, foi criado o movimento de capitais, que
em Fevereiro de 1974 adquiriu o nome de MFA (Movimento das Forças
Armadas), que encontraria caminhos para o fim das guerras coloniais,
conflitos responsáveis pela diminuição do prestígio das Forças Armadas,
pela vulgarização do regime político e pelo empobrecimento económico da
metrópole.
Ao mesmo tempo, a oposição dos Estados Unidos, que pretendiam
afastar um aliado desgastado internacionalmente, a teimosia de Américo
Tomás e Marcelo Caetano (substituto de Salazar como Presidente do
Conselho), permanentes defensores da guerra colonial, foram factores
que contribuíram para o eclodir da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Também conhecida como “Revolução dos Cravos”, esta
revolução popular e pacífica, liderada pelos militares, derrubou a
ditadura imposta pelo Estado Novo desde 1933. Por consequência, foi
implantada a democracia, neste caso com raízes socialistas.
Em Portugal, formou-se um novo governo de quem se esperaram
novos posicionamentos em relação às colónias, nomeadamente o fim da
guerra e a negociação para independência.

Como responderia?
1. Indica as razões da revolução do 25 de Abril de 1974 em
Portugal.
2. Enumera as razões da queda da ditadura salazarista.
3. Avalia o impacto do fim do regime ditatorial português.

5.4.2. O período de transição para a independência


(1974-1975).

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Objectivos específicos:

• Descrever o processo de transição para a independência em


Angola;
• Destacar os acordos de Mombassa;
• Indicar as razões do fracasso dos acordos de Alvor.

A guerra de libertação ocorrida nas colónias portuguesas entre


1961 e 1974, contribuiu decisivamente para o alargamento da
consciência nacional face aos acontecimentos em curso. As pesadas
derrotas que Portugal sofria no terreno, bem como a crítica à situação
interna e o consequente derrube da ditadura, concorreram para a
descolonização daquelas territórios sob a dominação portuguesa.
Para minimizar os impactos da revolução e para regular as novas
relações com a colónia de Angola, o general Spínola (que em Maio de 1974
assumira a presidência de Portugal) propôs várias medidas no âmbito do
programa da Junta de Salvação Nacional. Medidas que visavam até
descolonização gradual e prolongada, a cessação dos conflitos entre a
FNLA, MPLA, UNITA e Portugal e o entendimento entre os três
movimentos nacionalistas angolanos, assim como a definição dos
representantes do governo que conduziriam o processo de transição para
a independência do país africano.45
Em Angola, após o fim da guerra colonial, a liberdade total era
condicionada pelas dificuldades de entendimento entre os três
movimentos anticoloniais. Por isso, sucederam-se várias reuniões, como
a de Kinshasa, que decorreu em Novembro de 1974 entre a FNLA e a
UNITA e a do Luso (Moxico), a 18 de Dezembro de 1974, que marcou a
assinatura da convenção de cooperação entre Agostinho Neto (MPLA) e
Jonas Savimbi (UNITA).

45 Já depois do encontro com o presidente do Zaire, Mobutu, em Cabo Verde, no dia 21


de Setembro, António de Spínola anunciava a sua intenção de conduzir directamente
as negociações para a independência de Angola. Seis dias depois, em vésperas da
sua renúncia à Presidência da República, reunia-se no Ministério da Coordenação
Interterritorial em Lisboa com representantes das “forças vivas de Angola”,
reafirmando o seu empenho num processo de descolonização democrático, que
respeitasse a vontade do povo angolano e a pluralidade partidária. Segundo o
historiador Norrie MacQueen (1997, 207-208), esta reunião teria representado a
derradeira tentativa por parte do presidente português de implementar em Angola as
suas teses federalistas, expostas na sua obra Portugal e o Futuro.
Vide o vídeo do discurso de Spínola perante representantes angolanos sobre o
processo de descolonização de Angola, em 27/09/1974. Fonte: Arquivo da RTP,
LX084929XD. In: https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/angola-
11-de-novembro-de-1975/

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Sobre a presidência de Jomo Kenyatta, Presidente do Quênia,
organizou-se em Mombassa, em Janeiro de 1975, uma reunião entre os
dirigentes dos três movimentos anticoloniais angolanos. Holden Roberto
(FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA). Buscava-se um
consenso para as linhas orientadoras das negociações que se realizariam
com o governo português e que visavam acordar a independência de
Angola. Os três líderes acordaram, assim, que deixariam correr o período
de transição até à independência e, posteriormente, exerceriam o poder
de forma partilhada.
Posteriormente, entre 10 e 15 de Janeiro de 1975, realizou-se a
Cimeira de Alvor entre o colonizador e os movimentos anticoloniais
(FNLA, MPLA, UNITA). Neste encontro, Portugal reconheceu os três
movimentos como legais e únicos representantes do povo angolano. Ao
mesmo tempo, legitimou o direito a independência de Angola (marcada
para 11 de Novembro), a Constituição de um governo de transição a partir
de 31 de Janeiro de 1975, a formação de um exército nacional (que
incluiria militares portugueses), a organização pelo governo de transição
no prazo máximo de 9 meses, das eleições para a formação de uma
Assembleia Constituinte apenas com a participação dos movimentos
representados em Alvor.
No entanto, os desentendimentos de longa data entre os
movimentos de libertação nacional angolanos condicionaram a
salvaguarda do interesse nacional e conduziram os acordos de Alvor ao
fracasso, de tal forma que não foi possível evitar a guerra civil.

Como responderia?
1. Descreve o processo de transição para a independência em
Angola.
2. Destaca os acordos de Mombassa.
3. Indica as razões do fracasso dos acordos de Alvor.

5.4.3. Nova guerra e o acesso à Independência.

Objectivos específicos:

• Identificar as razões da guerra surgida em Angola;

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• Analisar criticamente os desentendimentos entre os três
movimentos anticoloniais.

Os acordos de Alvor tinham perspectivado o alcance de um


entendimento entre os três movimentos anticoloniais e o governo
português para uma transição pacífica para a independência de Angola.
Mas este entendimento nunca foi alcançado.
Instalou-se, portanto, o caos no país. Cada um dos movimentos,
a FNLA, o MPLA e a UNITA, regressaram à base onde incidiram o seu raio
de acção ideológica e estratégico-militar e apostaram no recrutamento
contínuo de soldados para as suas fileiras.
A FNLA fixou-se no Norte de Angola e, uma outra parte, nos
campos de treino do Congo independente para onde haviam fugido um
número significativo dos seus partidários durante a repressão colonial.
O MPLA, com um exército de milhares de soldados (FAPLA)
sediou-se em Luanda, particularmente nos musseques, mas exercendo
uma influência significativa no Leste e em Cabinda.
A UNITA organiza milhares de guerrilheiros aos quais se juntaram
outros milhares de trabalhadores Ovimbundu fugidos nas plantações de
café.
O processo de transição estava assim maculado. Multiplicavam-
se os desentendimentos, as propagandas políticas antagônicas e os
ataques entre os movimentos nacionalistas, assim como se evidenciava a
incapacidade portuguesa na gestão dos conflitos (entre o fim de 1974 e o
início de 1975).
As tentativas para se encontrar um entendimento por via do
diálogo, nunca esmoreceram. Entre 16 e 25 de Junho de 1975, realizou-
se, sob sugestão da UNITA e mais uma vez com a presidência de Jomo
Kenyatta, a Reunião Internacional de Nakuru (Quênia), sem a presença
portuguesa. No final das conversações, os dirigentes angolanos
reconheceram que a situação no país se estava a deteriorar devido,
fundamentalmente, à existência de zonas de influência ideológica e
estratégico-militar e, por isso, assumiram a responsabilidade pôr fim às
mesmas, investindo antes na formação de um exército nacional.
Nada disso aconteceu. O MPLA partiu, em Julho, para o controlo
total da zona Luanda-Malanje, eliminando até Agosto quaisquer
elementos políticos ou militares da FNLA. Nesta altura, o MPLA passou
a exercer a sua influência em onze províncias de Angola.

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Dominado pela crise política interna e sem forças para suportar a
situação, Portugal retirou suas tropas de Angola. Oficialmente, os últimos
integrantes do exército português abandonaram o país africano a 10 de
Novembro de 1975, no dia em que foi a arreada a bandeira portuguesa.
Era a oportunidade ideal para que os angolanos pudessem, a
partir de então, assumir a gestão da sua soberania e traçar novos rumos
para o país. Já no dia 11 de Novembro, o presidente do MPLA, Agostinho
Neto, gozando do domínio exclusivo sobre Luanda, local onde estavam
centradas as atenções internacionais, declarou unilateralmente a
independência nacional e o nascimento de um Estado soberano, a
República Popular de Angola, com a capital estabelecida em Luanda.
A par desta declaração de independência, a Coligação FNLA-
UNITA, com Holden Roberto e Jonas Savimbi na dianteira, proclamou a
independência da República Popular e Democrática de Angola, em Nova
Lisboa (Huambo). Contudo, tal proclamação nunca chegou a ser
reconhecida pela Comunidade Internacional.
Portugal, vendo frustradas as suas aspirações na obtenção de um
entendimento entre os três movimentos anticoloniais, não reconheceu a
independência da República Popular de Angola. Ao mesmo tempo, a
disputa entre o MPLA, a UNITA e a FNLA pelos recursos naturais
(petróleo, diamantes, café) do país e pelos apoios financeiros e materiais
das potências estrangeiras (URSS e Cuba ao MPLA, África do Sul e China
à FNLA) agudizaram as tensões e a luta pelo controle do país,
conduzindo-o a um longo período de guerra civil.

Como responderia?
1. Identificar as razões da guerra surgida em Angola.
2. Analisar criticamente os desentendimentos entre os três
movimentos anticoloniais.

SÍNTESE DA UNIDADE TEMÁTICA

DADOS CRONOLÓGICOS

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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS
1. Explica o impacto da Revolução de 25 de Abril de 1974 na colónia de
Angola.
2. Justifica o fracasso das tentativas de entendimento entre os três
movimentos nacionalistas angolanos.
3. Classifique as decisões tomadas nos acordos de Alvor.
4. Analisa criticamente o apoio concedido pelas potências estrangeiras a
cada um dos movimentos nacionalistas.
5. Num texto de 25 linhas fale sobre a coragem dos nacionalistas que
lutaram pela independência do seu país durante a guerra colonial.

Actividades Complementares.
1. Defina descolonização.
2. Identifique as causas do tardio processo de descolonização nas
colónias portuguesas relativamente aos restantes territórios africanos
sob dominação europeia.
3. Lê o livro de Lawrence Henderson, A Igreja em Angola, e encontra as
referências sobre a participação da igreja na luta de libertação
nacional de angola.
4. Lê o livro de Jean Martial Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA
e o MPLA (1961-1975), e identifica as origens dos desentendimentos
entre os movimentos nacionalistas angolanos.
5. Elabora um quadro cronológico dos acontecimentos mais marcantes
sucedidos na colónia de Angola durante a guerra de libertação
nacional.
6. Apresenta o principal objectivo da teoria do luso-tropicalismo.

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 5) 1

1. Preenche os espaços em branco e completa o texto.

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a) _______________ foi um ano determinante para a história
contemporânea de Angola, naquele ano sucederam-se os
acontecimentos que constituíram o início efectivo da
________________________ nacional para a _________________.

b) Dentre os vários acontecimentos destacam-se: a 4 de


______________, o Massacre da Baixa do Cassange; a 4 de
Fevereiro, os ataques de _____________________ ; a _______ de
Março, os ataques às fazendas no norte de Angola.

c) Apesar de não terem alcançado os resultados esperados, tais


acontecimentos foram decisivos para o combate contra o domínio
colonial _________________.

2. A partir do que estudaste sobre os movimentos anticoloniais surgidos


em Angola, elabora um pequeno texto sobre os mesmos. não te
esqueças de referir:

a) A sua designação e origem.


b) Os seus líderes.
c) As suas características positivas e negativas.

AVALIAÇÃO FORMATIVA (UNIDADE 5) 2

1. O que significou para as colónias asiáticas e africanas o novo contexto


internacional após a Segunda Guerra Mundial?
2. Explica, em que consiste a primeira etapa da descolonização.
3. Enuncia as semelhanças existentes entre a descolonização asiática e
a emancipação aplicada.
4. Sobre a guerra de libertação de Angola responde:
a) Justifica os factores que estiveram na origem da revolução nacional
em Angola.
b) Explica a reação inicial dos colonialistas a esta revolução.
c) Comenta a seguinte afirmação: “O branco que se diz civilizado e
civilizador não faz mais que imitar o negro ou até superá-lo em
selvajaria”. (Dalila Mateus e Álvaro Mateus, 2011).

5. Leia o texto e responda as questões:

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“Nakuru (1975) representou a última esperança de acordo de paz entre
movimentos nacionalistas angolanos. Os objectivos da reunião da qual
participaram Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi eram de pôr fim
as divergências entre dirigentes angolanos, especialmente entre Agostinho Neto
e Holden Roberto, e de concluir rapidamente um novo acordo definitivo,
permitindo evitar novos confrontos armados entre combatentes da FNLA e do
MPLA. O verão sangrento depois dos acordos de Nakuru, nos confrontos entre
FNLA e MPLA (Julho de 1975), exprimiram como na realidade a cimeira de
Nakuru de nada servira”.
Jean Martial Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA e o MPLA (1961-1975),
Mayamba, 2010.

a) Avalia o impacto da guerra de libertação na sociedade angolana.


b) Por que razão a proclamação da independência (1975) não significa
necessariamente a paz para os angolanos?
c) Consideras que hoje, enquanto partidos políticos, os antigos
movimentos nacionalistas têm sabido ultrapassar as diferenças?
Justifica a tua resposta.

Referências bibliográficas
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a 1858), Ministério da Educação Angola, 1997.
• ABRANCHES, Henrique: A Khonkhava de Feti, 1ª Edição, Grecima,
Luanda, 2014.
• ABRANCHES, Henrique: Kissoko de Guerra, Edições ASA, Portugal,
1989.

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• BENDER, Gerald: Angola sob dominação portuguesa. Mito e Realidade,
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• BIRMINGHAM, David: África central até 1870, Empresa Nacional do
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• BOSCO, Terésio: Gandhi O Profeta da Índia Livre, 6ª Edição, Editora
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Outras referências

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• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/mocambique
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• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/guine-
bissau-10-de-setembro-de-1974/
• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/angola-11-
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• https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/angola-11-
de-novembro-de-1975/
• https://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_de_África
• https://youtu.be/v_ARxdSbvgg; https://youtu.be/9qqP3mXTZbU
• https://novojornal.co.ao/politica/interior/quatro-de-fevereiro-
roupa-e-catanas-foram-financiadas-por-ernesto-lara-filho-5787.html.
• https://www.revistamilitar.pt/artigo/906

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O Autor
Domingos Segredo Manuel “Segredo”
nasceu em Luanda, Ingombota, a 27 de
Agosto de 1985. Concluiu em 2002 o Ensino
de Base na Escola Cuba Ngola do Cazenga.
É Técnico Médio, desde 2007, em
Geografia História pelo Instituto Médio
Normal de Educação – António Jacinto e
Licenciado em ensino da História pelo
Instituto Superior de Ciências da
Educação/ISCED-Luanda.
Sua principal área de estudo é História de Angola. Autor de vários
artigos e comunicativas publicados na internet, Coordenou diversos
projectos particulares. Pesquisador audaz e caçador de saber, segredo é
Autodidacta em Língua Portuguesa (disciplina que leccionou vários anos)
e se distingue também pela imaginação inspirada e carácter idealista com
pseudónimo de “Sofrido das Chagas”, cujas obras ainda congelam.
Actualmente Segredo lecciona, com muita paixão, a disciplina de
História do Segundo Ciclo do Ensino Secundário, no Colégio Júlio Verne.

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