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fdd Domingos Segredo Manuel
Um olhar à luz da
Reforma Educativa
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Por Domingos Segredo Manuel (lic.)
ATENÇÃO
Não autorizada
qualquer cópia,
parcial ou total,
deste material sem
anuência prévia do
autor.
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Nota do autor
“A incompreensão do presente
nasce fatalmente da ignorância do
passado”. Marc Bloch
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Índice
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UNIDADE IV – O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A
SOCIEDADE ANGOLANA NA PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO xx (1915 – 1960)…... 18
4.1. Angola (1915 –1950): aspectos políticos. ………………………………… 20
4.2. Factores de conflito na sociedade colonial………………………………. 22
4.3. A viragem após a Segunda Guerra Mundial…………......................... 23
Síntese da Unidade Temática………………………………………………..……
Dados cronológicos…………………………………………………………………..
Avaliação Formativa…………………………………………………………………
Bibliografia……………………………………………….………….
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Revisão dos conhecimentos adquiridos
na classe anterior
dificuldades
Avaliação diagnóstica
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UNIDADE I – do tráfico de escravos ao comércio
“lícito” (1822-1880).
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Dos principais factores que provocaram o fim do tráfico de
escravos, destaca-se o factor económico, devido a explosão
da revolução industrial por parte da Inglaterra. Devido ao avanço da
tecnologia e da abertura de novos mercados, as indústrias precisavam
cada vez mais de matérias-primas cuja fonte eram as colónias1.
Por outro lado, os africanos eram necessários para a produção de
matéria-prima e também tinham de se constituírem consumidores dos
produtos acabados que saiam da indústria europeia.
A Inglaterra, como necessitava de substituir a agricultura
doméstica pela indústria comercial e ainda com o surgimento de
correntes humanistas fruto do iluminismo e do liberalismo, foi motivada
em 1772 a proibir a escravatura no seu território. Em 18072, proibiu o
tráfico negreiro nas suas colónias. E, de 1811 a 1834, dava liberdade aos
escravos do seu império.
Relativamente as outras potências, a Dinamarca aboliu o tráfico
em 1769, Os Estados Unidos da América (EUA) em 1808, os Holandeses
em 1814, e a França decretou a abolição em 1848.
Portanto, as significativas transformações económicas da época
colocaram o sistema escravista em desuso. O desenvolvimento do
capitalismo industrial empreendeu uma nova lógica comercial avessa ao
escravismo. Buscando sempre a ampliação de lucros e mercados, as
nações industrializadas percebiam que a manutenção de uma população
escrava reduzia seriamente o número de consumidores.
Na condição de pioneira do capitalismo industrial, a Inglaterra
não poupou esforço para que o tráfico de escravos fosse logo substituído
pelo trabalho assalariado. Neste sentido, o parlamento Britânico aprovou,
em 1845, a chamada Lei Bill Aberdeen.
Tendo carácter visivelmente autoritário, esta lei autorizava as
embarcações britânicas patrulhar e prender qualquer navio negreiro que
fosse pego transportando escravos ao longo do oceano atlântico.
Mais tarde, em 1850, a estas patrulhas associam-se a França e
os Estados Unidos da América e deu-se início as patrulhas conjugadas,
tornando ilícito o tráfico de escravos negros.
1 Mas tudo isto exigia mão-de-obra barata e quanto mais barata fosse os lucros eram
maiores.
2 Nesse ano, o Parlamento Inglês decretou uma lei que considerava o tráfico de escravos
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Com o arranque da revolução industrial e abolição do tráfico de
escravos os Estados Unidos da América afastou-se do circuito e o
comércio tornou-se bilateral entre Europa e África.
RESUMO
Factores 1 Acção dos movimentos humanistas iluministas dentre
para a eles filósofos, escritores e correntes religiosas;
abolição do 2 Económico – fruto da revolução industrial;
tráfico de 3 Criação de leis que eliciavam o tráfico de escravos e a
escravos escravatura.
negros
• Fiscalizar; e
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• Controlar o processo da aplicação das leis que proibiam o tráfico
de escravos, uma vez que a máquina tinha substituído o
trabalho escravo.
Tal como ficou patente nas linhas acima descritas, uma vez
abolido o tráfico de escravos, como consequência disso, os portugueses
criaram no seu lugar o trabalho forçado. Os Angolanos nesta época
eram submetidos ao trabalho forçado (prestando serviços nas
construções de estradas, linhas férreas, quartéis, nas roças de café, nas
fazendas agrícolas, etc.).
Desde muito cedo, Portugal teve o Brasil como a sua joia da coroa
e para lá se produziram todas as políticas para fazer desse território uma
fonte e uma reserva para a sua economia. É o comércio de escravos que
marca profundamente Portugal – como potência colonizadora -, o Brasil
e Angola, este último que, nesse projecto, é a maior vítima.
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formulado a ideia de compensação através de companhias que fizessem
o comércio com as colónias como ficou patente em 18224. Mais tarde
tornou-se claro que a medida das Cortes visava impedir uma eventual
tentativa de anexação de Angola pelo Brasil, porque fora enviada uma
expedição militar para Luanda e Benguela.
4 A 19 de Abril de 1822 entrara nas Cortes uma proposta por meio do Relatório da
Comissão do Ultramar. Cfr. Diário das Cortes de 1822, p. 988.
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Sá de Bandeira preferiu a abolição unilateral, entretanto ignorada nas
colónias africanas.
5 Também conhecido como Slave Trade Suppression Act (Lei de Supressão do Comércio
de Escravos) ou mais conhecido no Brasil como Bill Aberdeen.
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- O primeiro período a considerar é o de 1830, que corresponde
ao começo da acção da frota Britânica na repressão do tráfico ao sul do
Equador, conhecendo assim uma cessação temporária renascendo
depois com formas mais rígidas de organização. Neste mesmo ano nas
colónias portuguesas se deixou de cobrar direitos sobre a exportação de
escravos, o que fez diminuir profunda e drasticamente os rendimentos
públicos e reduzir consideravelmente a margem de manobra das
autoridades portuguesas;
- Em 1839 os cruzadores britânicos foram unilateralmente
autorizado a visitar e a apressar navios portugueses empregues no
tráfico. Esse bloqueio efectuado pela marinha inglesa aos principais
portos das colónias portuguesas em África – sobretudo Luanda, Benguela
e ilha de Moçambique – provocou uma nova alteração das zonas de
embarque;
- 1850 é a data fundamental porque marca o encerramento do
Brasil como principal mercado para a mão-de-obra de escravo, graças a
Lei Eusébio de Queirós.
O tráfico não termina de imediato, nem se reduz desde logo, houve
uma actividade esporádica e sem significado; sofreu uma alteração
qualitativa e foi gradualmente cedendo a troca de mercadorias o lugar
dominante na vida colonial.
Com a assinatura do Tratado Grã-Bretanha e Portugal a 03 de
Julho de 1842, relativa a conjugação de acções dos dois países no sentido
da completa abolição do tráfico, sobretudo, em Angola, as duas marinhas
militares receberam ordem de revistar e fiscalizar todos os navios
suspeitos de negreiros.
Criaram-se as primeiras Comissões Luso-Britânicas Mistas que
residiam nas colónias portuguesas a fim de julgarem todos os casos de
apresamento.
A partir de 1845, as medidas contra o tráfico de escravos tomadas
pelo governo luso tornaram-se mais eficazes na repressão do tráfico ilícito
e o contrabando sofreu um golpe considerável devido:
A existência de um destacamento das forças navais portuguesas
que a partir de Luanda capturavam alguns barcos negreiros;
Agressividade da marinha militar britânica que patrulhava o
litoral de Angola e o atlântico;
A implantação de uma comissão mista luso-britânica e de um
tribunal de arbitragem em Luanda, a partir de 1844;
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A interrupção oficial do tráfico pelo facto de o governo brasileiro
ter proibido, a partir de 1850, a entrada de escravos no Brasil.
Até aproximadamente 1900, o contrabando de escravos
continuou em Angola, muitas vezes sob protecção das autoridades
portuguesas, em direcção às Antilhas e Sul dos EUA.6
Em 1854, com a campanha abolicionista que aos poucos foi
conquistando as gerais simpatias de todos ministros portugueses e
britânicos, criou-se uma outra comissão mista: Junta Protectora Dos
Escravos E Libertos.
Mas como o tráfico ilegal reorganizou-se e desenvolveu
rapidamente concentrando a sua atenção nos territórios de Ambriz,
Malembo e Cabinda, onde surgiu a necessidade de o governo luso
indemnizar os colonos donos de escravos para que pudessem colaborar
com o governo, a fazenda não tinha possibilidades financeiras para o
efeito. E como forma de sair da crise que a lei sobre a abolição gerou, em
1848, decretou-se que a abolição só seria efectiva daí á 20 anos, isto é,
em 1878. Depois deste último decreto de Sá da Bandeira, foi-lhe
encarregue estudar e aprofundar todos os assuntos relacionados com a
abolição.
Como responderia?
1. Porque se diz que até 1834 a Inglaterra havia declarado guerra
ao tráfico?
2. A independência do Brasil foi um marco importante para o
processo da abolição do tráfico de escravos.
3. Mencione as diferentes características da repressão ao tráfico
de escravos.
4. Que medidas contra o tráfico de escravos foram tomadas pelo
governo luso a partir de 1845?
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1.2.3. A diversidade das rotas comerceia.
Até hoje, pouco se sabe sobre as várias fases das rotas comerciais
do passado longínquo dos antigos reinos que integram hoje o território
de Angola. Entretanto, a distância socioeconómica das sociedades
africanas desta região, permitiu a abertura de rotas comerciais
importantes que estabeleceram a ligação entre os povos das diversas
regiões, sejam as mais próximas ou as mais afastadas.
As fontes minerais como sal, ferro, os níveis de produção
provenientes da agricultura e da pastorícia ou ainda de uma pequena
indústria local (cerâmica, por exemplo), foram suficientes para fazer
movimentar homens e mercadorias e fomentar uma complexa rede de
comércio, primeiro para os mercados locais que supriam as necessidades
mais urgentes das populações locais e áreas vizinhas, ou para as grandes
feiras onde a amplitude das transações comerciais exigia outros recursos,
sendo que os seus concorrentes eram provenientes de paragens mais
longínquas. A diversidade de unidade de troca nestas transações explica
por si a complexidade destes circuitos comerciais.
De facto, as redes comerciais tradicionais existiam para manter o
fluxo de produtos entre o litoral e o interior.
Com efeito, só para citar alguns, paralelamente existia uma
diversificada rede comercial luso-africana, que ligava, por exemplo, o
Ndongo com os mercados de Mbata, Soyo, Loango, Maiombe e outros.
Do norte importavam-se principalmente tecidos de ráfia que
serviam, em Angola, como moeda. Outros bens especialmente apreciados
nos mercados locais eram, por exemplo, penas de papagaio, cauda de
elefante e madeira vermelha (a famosa tacula).
Pode-se mencionar também os povos Mobiri ou Vili do sul do rio
Dande que, provavelmente, já nesta altura, faziam negócios com
mercadorias Holandesas. Maior procura tinham, alem dos tecidos, as
armas e munições cuja venda à africanos pertencentes a coroa
interditava os portugueses aos interior.
Todavia, no interior não eram geralmente os europeus que
desenvolviam os processos por eles impulsionados e as feiras não eram
igualmente criação europeia. Elas já existiam para responder as
solicitações do consumo interno e não só e, com o acentuar desta
intervenção, adaptaram-se ao novo quadro vigente. Quer isso dizer, que
o comércio de longa distância já existia antes da intervenção europeia. O
aspecto novo nesta interacção seria a ligação transatlântica das
mercadorias africanas que passaram a chegar a outros mundos.
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Entretanto, com a abolição do tráfico de escravos e a consequente
necessidade de obtenção de matéria-prima para movimentar as
indústrias na Europa, essas rotas foram sendo retomadas pelos novos
parceiros comerciais com a intervenção dos portugueses.
Para o efeito, criaram-se caravanas lideradas por exploradores,
que com o tempo rapidamente transformaram-se em caravanas de
carregadores lideradas por comerciantes brancos, em primeiro lugar,
mas também por alguns mestiços, oriundos das comunidades luso-
africanas que tiraram proveito das novas possibilidades de posse
territorial, de comércio e de ascensão social.
Os caravaneiros eram conhecidos como carregadores, a maioria
deles eram escravos à mercê dos seus donos.
Ser carregador não era uma actividade exclusiva de quem tinha
a sua liberdade apreendida. Era também uma profissão e entre os
carregadores contavam-se homens livres que optavam por assim ganhar
a vida, levando nos ombros mercadorias ou pessoas.
No final do século XIX, em Angola, então portuguesa, existiam
ainda cerca de 200 mil carregadores. Só no século XX, com o início de
construção sistemática de estradas e caminhos-de-ferro, é que os
carregadores deixaram gradualmente de ser necessários.7
Como responderia?
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1.3. Os avanços na ocupação territorial e os ensaios de
uma nova colonização.
Com o banimento, o degradado era enviado para alguma região dos domínios coloniais,
fosse para a costa leste ou oeste da África, fosse para o Brasil. Isso se dava porque
havia um imaginário entre os portugueses que associava as colónias, sobretudo no
“Novo Mundo”, ao purgatório, quando não ao próprio inferno. O criminoso degredado
teria a oportunidade de redimir-se e expiar a sua culpa. Desse modo, a pena do
degredo estava diretamente associada às concepções eclesiásticas da época.
Por essa razão, as colónias ficaram conhecidos por algum tempo como “inferno
atlântico”, um lugar inóspito que serviria para purgar qualquer mal, dado o carácter
das dificuldades que se apresentavam a quem aqui se estabelecia. O imaginário
paradisíaco que se tinha do “novo mundo” nos anos iniciais da colonização
desvaneceu-se nas décadas seguintes e principalmente no século XVII em razão dessa
perspectiva infernal que foi aos poucos sendo construída.
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Era evidente que Portugal não conseguia dominar a maior parte
dos povos de angola e, por isso, justificava-se a constante preocupação
da metrópole com a falta de penetração efectiva para o interior do
território e com o controlo efetivo da longa faixa costeira.
Esta situação incentivou as ambições de outros países europeus,
como a Inglaterra, a França, a Alemanha e Bélgica. E aquelas
preocupações portuguesas fizeram ainda mais sentido quando, entre
1880 e 1890, os países colonizadores europeus definiram a ocupação
efectiva dos territórios coloniais como critério decisivo para a realização
das singulares pretensões colonizadoras, ao contrário do tradicional
direito histórico.
À base disso, entre 1891 e 1919, sucederam-se várias campanhas
militares que tinham como objectivo a divisão e o domínio dos reinos
africanos menos centralizados e o combate à resistência dos nativos à
ocupação. Os territórios e reinos africanos do Libolo, Bailundo (1902),
Humbe (1905) e Kongo (1913) foram sendo sucessivamente ocupados
pelos portugueses.
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1.4. A sociedade colonial: os colonos e os “filhos do
país”, imprensa e a afirmação da imprensa africana.
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A publicação de boletins oficiais de informação visava, segundo o
governo colonial, tornar pública a administração colonial, divulgando,
entre outros assuntos, notícias relacionadas com as vagas disponíveis
para o exercício de cargos públicos. Mas, na verdade a distância entre a
intenção e a prática conduziu a reivindicações pela autonomia (proto-
nacionalismo/primeiro nacionalismo) dos designados “filhos do país”.
Enquanto aconteciam essa reivindicações, o derrube da
monarquia absolutista e a vitória do liberalismo em Portugal, em 1820,
contribuíram para a afirmação da liberdade de pensamento e de
comunicação e para a sua consolidação através dos movimentos
associativos criados, da literatura e da imprensa.
Assim, em 1881, foi fundado o ECHO DA ENGOLA, da
responsabilidade editorial de Inocêncio Matoso, o primeiro jornal
publicado em Luanda pelos “filhos do país”.
A chamada imprensa africana (angolana, no caso particular) era
constituída por jornais fundados por indivíduos descendentes de famílias
de naturalidade angolana. Destes destacam-se nomes como José Fonte
Pereira, João Braga (dono do jornal O PHAROL DO POVO, 1883-1885),
Arcénio de Carpo (fundador do jornal O FUTURO DE ANGOLA, 1882-
1891) e José Rocha fundador do jornal O MERCATIL13.
13
O “filho do país” José Rocha fundou o jornal O MERCATIL, que persistiu durante décadas. As notícias
apresentadas neste jornal eram consideradas graves pelo governador de Angola, uma vez que se referia à
guerra dos Dembos, região onde não se fazia sentir autoridade militar portuguesa. O encerramento deste
jornal aconteu devido a publicação de notícias referentes à derrota portuguesa na guerra dos Dembos em
1873, após a sublevação da população local contra o porto militar de Kasatola e o consequente envio de
forças militares portuguesas que, sem sucesso, tiveram de abandonar a região derrotada.
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(1883), O Raio (1884), O Bisnagas (1884), O Arauto dos
Concelhos (1886), A Tesourinha (1886), O Serão (1886), O Rei
Guilherme (1886), O Progresso d’Angola (1887), O Exército
Ultramarino (1887), O Imparcial (1888), O Foguete (1888),
Mukuarimi (1888), Arauto Africano (1889), Nuen’exi (1889), O
Desastre (1889), Correio de Loanda (1890), O Chicote (1890), O
Polícia Africano (1890), Os Concelhos de Leste (1891), Notícias
de Angola (1891), Commercio d’Angola, 1892, A Província
(1893), O Imparcial (1894), o Independente (1894), Bofetadas
(1894), Propaganda Colonial (1896), O Santelmo (1896), Revista
de Loanda (1896), Propaganda Angolense (1897), A Folha de
Loanda (1899).
Em Benguela: O Progresso (1870) e A Semana (1893).
Em Moçâmedes (Namibe): Jornal de Moçâmedes (1881), Almanach de
Moçâmedes (1884), O Sul d’Angola (1892), A Tesoura (1892), A
Tesourinha (1892) e A Bofetada (1893).
Na Catumbela: A Ventosa (1886).
No Ambriz: A Africana (1893).
Angola, no século XIX, tinha 59 jornais. Em Luanda foram editados 49,
seis em Moçâmedes (Namibe), dois em Benguela e um no
Ambriz.
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1.5. As sociedades africanas face à mudança.
1.5.1. Cabinda.
1.5.2. Kongo.
1.5.3. Bailundo
1.5.7. Os Ovambo.
DADOS CRONOLÓGICOS
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UNIDADE Ii – Angola no período da conquista
europeia de África (1880-1915).
14Devid Livingstone - foi um missionário e explorador britânico que se tornou famoso por ter
sido um dos primeiros europeus a ter explorado o interior da África. Ele percorreu 48.000 km
em terras africanas. Numa aventura de mais de 15 anos, atravessou duas vezes o deserto do
Kalahari, navegou o rio Zambeze de Angola até Moçambique, procurou as fontes do rio Nilo,
descobriu as cataratas Vitória e foi o primeiro europeu a atravessar o lago Tanganica. Cruzou
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previam já a conquista do Kongo, cujo processo culminou com o
estabelecimento do Estado Livre do Kongo com Henry Morton Stanley
(1879-1884).
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outros territórios que diziam serem sua pertença, desde a expansão
marítima, também enquanto país pioneiro de tal época.
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Em análise, as explorações europeias em África foram motivadas,
sobretudo, por razões económicas e foram concretizadas pelo recurso à
força, tendo em conta a brutalidade com que se tratavam os nativos, pela
divisão drástica dos territórios africanos, para além de outras formas de
manifestação da supremacia face aos territórios coloniais.
Como responderia?
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2. Lê a biografia de Stanley e elabora uma crítica sobre os meios
utilizados (nomeadamente a força) para a concretização dos seus
objectivos de exploração.
3. Por que razão se realizou a conferência de Berlim?
4. O que significou, para os africanos, a partilha de África?
5. As explorações europeias em África foram motivadas, sobretudo, por
razões económicas. Comenta a afirmação.
15
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pagamento de impostos em dinheiro, também estabelecia contratos e
forçava os africanos a trabalharem continuamente para os europeus,
várias vezes longe das suas aldeias (o dinheiro era utilizado no pagamento
do imposto e no seu sustento).
Logo, conclui-se que não havia diferença entre os dois regimes de
administração colonial, senão no método. O fim era, na verdade, o
mesmo: a exploração dos africanos e dos recursos naturais das suas
terras, pelos possuidores europeus, para a aquisição de lucros.
Como responderia?
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Como tal, a Inglaterra fez chegar um ultimato, em 1890, ao
governo português. Neste documento, a Inglaterra apresentava duas
opções como solução do conflito: ou os portugueses desocupavam
imediatamente os territórios situados entre Angola e Moçambique ou o
governo inglês declarava guerra a Portugal.
Este conjunto de acontecimentos conduziu Portugal a novas
acções para ocupação efectiva dos territórios africanos,
consubstanciados, por exemplo, no uso da força, que também se fez
sentir em Angola.
Até o final do século XIX, Portugal instalou, definitivamente, o
novo sistema colonial em Angola. Mas, as contradições ideológicas, os
contornos de uma gestão administrativa de regime directo sob uma base
assimilacionista, os custos de investimento, assim como outras razões,
acabaram por ditar o fracasso do projecto colonial português num
território que representava uma preciosa joia no espaço colonial. Além
disso, em reacção às campanhas de ocupação, despoletou o movimento
de resistência dos africanos, através das guerras e da imprensa, que
intensificou os apelos autonomistas em Angola.
Como responderia?
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à potências representadas em Berlim, qualquer ocupação concretizada
em África.
De modos que os tratados de 1886, assinados entre Portugal e
França e entre Portugal e Alemanha, delimitaram, respectivamente, as
fronteiras da Guiné, de Angola e de Moçambique com os territórios
africanos ocupados por aqueles países europeus concorrentes de
Portugal.
Para além dos tratados estabelecidos, neste mesmo ano, o governo
português apresentou aos países europeus um mapa onde se pintava de
cor-de-rosa os territórios compreendidos entre Angola e Moçambique.
Era o conhecido Mapa cor-de-rosa.
Porém, as intenções portuguesas condicionavam o projecto inglês
que pretendia ligar, através de uma linha de caminho-de-ferro construída
no interior do continente africano, as cidades do Cabo (África do Sul) e
do Cairo (Egipto).
Ao mesmo tempo, a Inglaterra já tinha iniciado a exploração do
ouro de Mashona (Moçambique), por concessão do rei daquela região, e
a reacção portuguesa surgiu após a expedição de Serpa Pinto que visava
a exploração da região dos Lagos, integrada no Mapa cor-de-rosa.
Este conflito de interesse gerou um clima de tensão política entre
Portugal e Inglaterra. Mas sob a argumentação de aquele território lhe
pertencia, e apoiando-se nas decisões oriundas de Berlim, que haviam
terminado com o direito histórico de ocupação, a Inglaterra enviou a 11
de Janeiro de 1890, ao governo português, um ultimato16. Neste
documento se determinava que os portugueses desocupassem
imediatamente os territórios situados entre Angola e Moçambique, caso
contrário o governo inglês declarava guerra a Portugal.
Perante tal situação, e devido à fraca capacidade político-militar
para fazer frente ao que considerou ser uma agressão, Portugal teve de
ceder. Esta decisão provocou, no país, inúmeras manifestações de
descontentamento.
No entanto, a concorrência alemã e belga nas disputas pela posse
dos territórios impediu o cumprimento dos desígnios imperiais de
Inglaterra, tendo em conta os vários tratados estabelecidos. Por exemplo,
em 1896, Alemanha e Inglaterra definiram que Zanzibar teria uma parte
de influência alemã e uma outra de influência britânica. Mas, um ano
16 Última condição que uma nação ou individualidade apresenta a outra e cuja aceitação
ou negação determina a paz ou a guerra.
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mais tarde, estabeleceram que os territórios alemãs que faziam fronteira
com Angola e Moçambique não seriam anexados pelos ingleses.
Além disso, o projecto inglês de ligar o Cabo ao Cairo também não
se concretizaria devido aos elevados custos inerentes à obra, às barreiras
climáticas e geográficas, a par do incidente que, entre 1898 e 1899, pôs
à beira da guerra a Inglaterra e a França pela posse de Fachoda (actual
território do Sudão do Sul), local onde cruzariam as linhas ferroviárias
inglesas e francesas.
Como responderia?
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2.3.1. b) O novo nacionalismo colonial; as
contradições ideológicas: racismo e
assimilacionismo.
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Fruto deste pensamento, o racismo passou a ser um formato de
descriminação racial e social utilizado, como arma do sistema colonial
português, para convencer os africanos da sua inferioridade perante a
supremacia do homem branco.
Na colónia de angola, nas empresas, hospitais e estabelecimentos
de ensino a descriminação racial era notória. O trabalho pesado era para
o negro; a escola para negros só ía até ao nível determinado pelo homem
branco; nos hospitais, as salas de tratamento dos negros tinham de estar
afastadas das dos brancos.
As ideias incutidas na cabeça do negro, nomeadamente de que a
sua raça foi criada apenas para cumprir as ordens do homem branco,
visavam impor o respeito e a adoração e anular quaisquer possibilidade
de revolta do negro colonizado.
Durante a sua vigência secular, a colonização portuguesa tratou
os africanos apenas como uma fonte de mão-de-obra não paga,
contrariando com aquilo que definiam com “civilizar os africanos”. Tal
“civilização”, realizada através do processo de assimilação, defendia a
transformação dos africanos em portugueses. Criou-se, assim, um
sistema conhecido por indigenato, que dividia a população em duas
categorias distintas, numa sociedade colonial em que a classificação de
assimilado era condição necessária para se poder alcançar o mesmo
status do europeu. Isso originou vários condicionalismos ao povo
africano. Saber ler e escrever era apenas um deles.
Como responderia?
1. Apresenta as razões das contradições ideológicas que teve o
nacionalismo colonial português no início do século XIX?
2. O que entendes por assimilado?
3. Por que os portugueses usavam o racismo contra os africanos?
4. Acreditas na superioridade do homem branco em ralação ao
negro africano? Justifica a tua resposta.
5. Descreve o impacto do racismo e do assimilacionismo nas
sociedades colonizadas.
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2.3.2. A instalação do aparelho político e
administrativo colonial e as campanhas de
ocupação.
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As tentativas de instalação ocorreram em três períodos distintos
e em relação aos quais se adoptou, em diversos domínios, a necessária
legislação.
Na primeira fase do projecto da política de expansão portuguesa
no território de Angola (1836-1861), o estadista português Sá da
Bandeira elaborou um plano de incentivo à criação de novas receitas, a
partir do aumento de impostos sobre os africanos e das taxas aduaneiras
dos portos de Angola, para suprir o vazio deixado pelo tráfico de escravos;
ordenou a ocupação e a anexação dos portos de Ambriz e de Cabinda
para a angariação de receitas comprometidas pelo contrabando
estrangeiro.
A pesar destes esforços, os resultados não foram os desejados
devido à concorrência inglesa e francesa. Ainda neste período, a nova
legislação definiu, em 1844, a organização dos serviços médicos de
saúde; em 1845 e 1856, a organização Ensino Primário e a sua extensão
aos filhos dos soberanos africanos; em 1861, a política de concentração
costeira e a centralização.
Na segunda fase (1861-1877), devido às elevadas despesas
contraídas; às rejeições africanas à autoridade portuguesa e às críticas
de viajantes estrangeiros contra o sistema colonial, Portugal, por ordem
do governador Sebastião Menezes, interrompeu a expansão territorial
para o interior e implementou uma política laboral severa. Não obstante,
a influência portuguesa continuou na zona costeira.
Neste fase destacam-se a adopção de medidas relacionadas com
a reforma administrativa, a exploração mineira, a alteração do sistema
alfandegário, as obras públicas, a organização militar, bem como a
reforma do Ensino e da saúde.
Na terceira fase (1877-1891), activistas coloniais portugueses
inspiraram o governo a renovar o sistema colonial, incentivando a criação
de um programa de investimento no desenvolvimento económico e nas
campanhas de ocupação. De facto, o sistema colonial esgotou os recursos
de Angola e impedia os africanos de ultrapassarem a sua condição de
pobreza, razão pela qual os africanos se mostraram mais hostís perante
um sistema a que eram leais, mas que ao longo dos séculos os oprimia.
Por isso, os activistas defendiam a sua participação no sistema e
a implementação de programas económicos e educacionais que, na
prática, se deviam traduzir na melhoria das suas condições de vida. Além
disso, desejavam que se abolissem todas as formas de discriminação
racial e social que separavam os brancos europeus dos negros africanos,
Segredo
Prof.
para que pudessem abandonar a ideia da resistência ao colonialismo
português.
Contudo, a necessidade de preservação da sua herança histórica
e de recuperação do crédito internacional perdido com a conferência de
Berlim (1885) e o ultimato inglês (1890) fez com que Portugal avançasse
para a ocupação definitiva dos territórios, através do uso da força,
sustentando uma campanha que teve lugar em vários territórios,
nomeadamente em Angola, entre 1891 1 1919. E perante estas
campanhas multiplicaram-se as resistências armadas africanas.
Mas, como reagiram os africanos às campanhas de ocupação
colonial?
Este é um assunto que iremos abordar a seguir.
Como responderia?
1. Descreve as motivações para a ocupação efectiva dos territórios
africanos.
2. Destaca a exaltação do sentimento nacionalista com a
instalação do novo sistema de exploração colonial.
3. Distingue as três fases da política de expansão colonial no
território de Angola.
Segredo
Prof.
os portugueses controlavam as rotas do norte em direcção ao litoral,
particularmente a da borracha, na exploração do comércio colonial.
Assim, as divergências registadas no norte de Angola, para uma
ocupação efectiva e dominação dos africanos, favoreceu a revolta dos
nativos. Uma das principais revoltas aconteceu em 1913 e 1914, sob o
comando de Álvaro Tulante Buta, um pequeno chefe católico de São
Salvador.
Tulante Buta manifestando-se contra o recrutamento de mão-de-
obra forçada que era enviada para São Tomé e Príncipe e para a América,
levou a cabo uma rebelião generalizada que reuniu todos os habitantes
do seu distrito, independente das suas convicções religiosas (católicos,
protestantes e animistas).
A positiva reação popular conguesa deu forças a Tulante Buta
para prosseguir com a revolta que obrigou os europeus a pôr fim ao
recrutamento de trabalhadores para as empresas privadas.
Contudo, as operações militares revelaram a superioridade dos
portugueses e a revolta terminou em 1917, com a derrota da população
local e com o envio de Tulante Buta para uma prisão de Luanda onde
acabou por falecer “vítima de doença”.
Como responderia?
1. Indica as razões que justificam as campanhas de ocupação no
Kongo.
2. Explica o movimento de resistência do Kongo.
3. Destaca o papel de Tulante Buta.
Segredo
Prof.
Em 1871 ocorreu a revolta dos dembos contra os portugueses,
porque o povo rejeitava a autoridade militar e a exploração contínua
praticada pelos colonialistas europeus. Assim, os Ndembu de
Kazwangongo começaram a recusar o pagamento dos dízimos (impostos)
e decidiram igualmente que não seriam mais vassalos de Portugal.
Por sua vez, os Ndembu de Ngombe-Ya-Mukyama iniciaram, em
Dezembro de 1871, uma revolta contra a autoridade colonial, atacando o
posto administrativo de Kasatola. A revolta expandiu-se, mais tarde,
entre as jurisdições de Kazwangongo e de Kakulu Kahenda.
Portugal, a partir do governo central em Luanda, enviou para a
região um reforço militar de 250 homens, comandados pelo capitão
Sebastião da Motta, que intensificou o combate contra os Ndembu. Ainda
assim, as condições no terreno (dimensão da revolta e gravidade da
guerra) levaram o capitão português a pedir mais reforços militares.
As autoridade coloniais em Luanda, temendo que a revolta se
expandisse para a cidade e também para outros pontos do território,
enviaram, em 1872, um reforço de 560 homens fortes capazes de fazer
frente aos cerca de 10.000 homens da guerrilha Ndembu revoltosos,
armados e perito no uso da táctica de guerrilha que provocava um intenso
desgaste psicológico aos portugueses.
A guerra teve como consequência um elevado número de baixas
no grupo de militares portugueses e, por isso, Luanda foi obrigada a pedir
um reforço militar a Benguela e Moçâmedes (Namibe). Contudo, sem
efeitos, pois foram derrotados.
Em Setembro de 1872 verificou-se uma tentativa de negociação
de paz, mas sem sucesso, uma vez que os reis Ndembu se recusaram a
assinar um tratado que julgavam ser uma tentativa de os subordinar à
autoridade portuguesa ou de os forçar a abdicar de parte da sua
soberania.
O conflito terminou, apenas em 1873, com inúmeras baixas civis
e militares entre portugueses, que foram obrigados a abandonar a região.
O ministro português dos Negócios da Marinha e Ultramar
assinou um portaria a qual decretava a abolição dos dízimos dos
conselhos, ou seja, os Ndembu deixaram de pagar impostos aos
portugueses e recuperaram a independência e o exercício da sua
autoridade local. Por sua vez, os comerciantes estrangeiros (brancos,
negros e mestiços) eram obrigados a pagar um imposto pela sua presença
e realização de trocas comerciais na região.
Segredo
Prof.
Infelizmente, a inexistência de uma organização unificada, de um
poder centralizado, nas estruturas político-administrativa, produtiva, de
defesa e segurança, favoreceu a fragilização da soberania nacional e,
consequentemente, da independência reconquistada. Três décadas e
meia depois, 1907, os ndembu voltaram a cair nas mãos da renovada
autoridade colonial portuguesa.
Como responderia?
1. Descreve as campanhas de ocupação colonial nos Dembos.
2. Explica o movimento de resistência nos Dembos.
3. Menciona os principais chefes Dembos da época.
4. Destaca os papéis de Kazwangongo e Kakulu Kahenda.
5. Por que razão os Dembos não conseguiram conservar a sua
independência?
Segredo
Prof.
As posições portuguesas estabelecidas no forte de Kalandula, a
sua artilharia e as espingardas de longo alcance disponíveis e a traição
de alguns irmãos africanos instigados pelos colonialistas conduziram à
derrota dos nativos. O que se seguiu foi, durante décadas, a sua
submissão à violência colonialista.
Como responderia?
1. Indica as razões inerentes às campanhas de ocupação em Malanje.
2. Que efeito teve a resistência dos Ndembu sobre Malanje?
3. Explica o movimento de resistência em Ambaca e Kalandula.
4. Destaca o papel de Kazwangongo nesta resistência.
5. Que razões justificam as derrotas em Ambaca e Kalandula?
Segredo
Prof.
No confronto directo, os estragos provocados pela artilharia
portuguesa destruíram a resistência do rei Ndunduma I. Ndunduma
terminou preso, a 4 de Dezembro de 1890, e foi desterrado para Cabo
Verde, onde chegou a falecer.
Na sequência, os portugueses construíram, no Bié, um forte e
marcaram o fim da independência naquele reino.
Como responderia?
1. Indica as razões associadas às campanhas de ocupação no Bié.
2. Explica o movimento de resistência no Bié.
3. Destaca o papel do rei Ndunduma I.
Segredo
Prof.
depois de dois dias, isto é em 9 de Abril de 1902, reuniu-se a corte
do Bailundo, onde se juntaram os representantes de todos os reinos do
Planalto para prepararem a guerra contra os portugueses.
Em reacção ao sequestro de Kalandula pelo capitão-mor
português, iniciou-se, a 15 de Maio de 1902, a revolta dirigida por Mutu-
Ya-Kavela, um grande chefe militar e administrador do paço
(corte/residência do rei) Kalandula.
Mutu-Ya-Kevela reuniu perto de 10.000 africanos de todos os
reinos Umbundu, com o objectivo de recuperar a soberania nacional e
pôr fim à escravização dos africanos. A revolta provocou a paralisação do
recrutamento de trabalhadores no Planalto centra.
A repressão não se fez esperar. O exército português, comandado
por Gabriel Moncada, iniciou uma grande ofensiva. Assim, mobilizou
uma coluna com 458 soldados que partiu de Benguela, com o objectivo
de dominar definitivamente o Planalto Central, construiu novas fortalezas
no interior e instalou novas guarnições em pontos estratégicos para
estabelecer o domínio das caravanas comerciais.
Os africanos reagiram cercando a fortaleza do Bailundo,
aprisionaram e mataram um significativo número de comerciantes
europeus, além de terem queimado e saqueado as suas propriedades.
Ainda assim, a superioridade militar portuguesa conduziu à derrota final
dos Ovimbundu, que perderam cerca de 2.000 revoltosos. O próprio
Mutu-Ya-Kevela foi morto em combate, a 4 de agosto de 1902.
A vitória na guerra permitiu aos portugueses a execução de um
sistema colonial caracterizado pela opressão e pela imposição da
autoridade colonial face à autoridade política, económica e social dos
Ovimbundu. Ainda assim, a resistência, a resistência Ovimbundu em
relação ao domínio colonial português continuou, sobretudo a partir de
1915.
Como responderia?
Segredo
Prof.
2.3.2.6 A resistência armada africana dos Humbe.
Segredo
Prof.
Como responderia?
1. Indica as razões das campanhas de ocupação no Humbe.
2. Explica o movimento de resistência dos Humbe.
3. Destaca o poder da coligação de Matam.
Segredo
Prof.
Infelizmente, para os alemães, não foi possível dominar
definitivamente os portugueses, por estavam concentrados na 1ª Guerra
Mundial. Uma situação que abriu oportunidades à Portugal se
reorganizar, de se reforçar com militares e armamentos, para além de
reformularem a sua estratégia, incentivando os nativos, sobretudo os
mais próximos do rei Mandume, a traí-lo.
Os relatos da derrota portuguesa em Naulila, e por consequência
a perda do prestígio das forças portuguesas ao nível internacional,
provocaram um caos político e, por isso, o governo central (Lisboa) enviou
da metrópole uma força expedicionária, comandada pelo general Pereira
d`Eça, para sanar a crise provocada pelas forças alemães. Contudo, a
mesma não foi necessária, porque à sua chegada os alemães já se haviam
rendido às forças portuguesas.
Enquanto isso, a reorganização portuguesa surtiu efeitos na
batalha de Môngwa ocorrida em 20 de Agosto de 1915. Inicialmente, a
determinação do rei Mandume dificultou projecto de implementação da
administração colonial no território Ovambo, tendo imposto pesadas
derrotas aos colonialistas. Mas perante tais dificuldades, os portugueses
recrutaram alguns indígenas e incitaram-nos a lutar contra o seu próprio
reino.
A ajuda dos traidores indígenas foi crucial, que, sob as ordens de
comando do capitão Ferreira do Amaral, foram usados com escudos,
determinando a posição estratégica de ataque dos Ambó. Assim,
contribuíram para a vitória portuguesa sobre os Ovambo e para a morte
do rei Mandume Ya Ndemufayo.
No final do combate, apesar de várias baixas (dezenas de militares
mortos), os portugueses conseguiram ocupar o reino Ambó, embora não
de forma efectiva, porque a dominação total da região do sul ainda foi
necessário um pouco mais de uma dezena de anos.
Como responderia?
1. Indica as razões das campanhas de ocupação dos Ovambos.
2. Descreve as principais batalhas que opuseram os portugueses aos
Ovambo.
3. Destaca a batalha de Môngwa.
4. Quem foi Mandume Ya Ndemufayo?
Segredo
Prof.
2.3.3. A marginalização dos “angolenses” e os apelos
autonomistas.
17Para mais detalhes consultar a primeira unidade temática no sumário 1.4 A SOCIEDADE
COLONIAL: OS COLONOS E OS “FILHOS DO PAÍS”, IMPRENSA E A AFIRMAÇÃO DA IMPRENSA AFRICANA.
Segredo
Prof.
publicados no periódico O FUTURO d`ANGOLA, que defendiam a
emancipação de Angola, referindo que este era um “território
historicamente diferente de Portugal”.
Em dois anos seguidos foram publicados dois periódicos em
língua kimbundu: em 1888 MUKARIMI (linguarido) e em 1889 MUEN`EXI (o
senhor das Terras).
Os títulos eram conhecidos em kimbundu, embora os seus textos
fossem preenchidos quase na íntegra em português, reservando umas
diminutas frases em kimbundu.
Como responderia?
1. Identifica as formas de marginalização a que foram sujeitos os
“angolenses”.
2. Descreve as consequências da marginalização dos “angolenses”.
3. Ressalta o papel da imprensa nos apelos autonomistas.
Segredo
Prof.
2.4. A importância económica de Angola no espaço
colonial português.
Segredo
Prof.
Contudo, tal proibição não acabou de facto com aquele comércio
e, pelo contrário, aumentaram-se os problemas associados, como a
degradação social e moral dos africanos que consumiam o álcool ou o
bloqueio dos comerciantes europeus que não possuíam outro meio de
troca senão aquele. Por isso, a prática continuou.
Os comerciantes europeus fabricavam rum individualmente,
embora em pequenas proporções, e utilizavam-no para pagar aos
africanos que para si trabalhavam.
Ao mesmo tempo, no final do século XIX, começou a verificar-se
um conjunto de transformações na colónia de Angola, que tiveram como
origem a construção dos caminhos-de-ferro de Luanda (1886), Benguela
(1893) e de Moçâmedes (1905).
A partir de 1905, enquanto se assistia a decadência na exploração
de produtos como o marfim ou óleo de palma, as grandes companhias de
exploradores europeus começavam a explorar outros produtos, como o
café e o açúcar. Por sua vez, a produção do milho, por ter associado um
rendimento inferior e por servir para alimentar a mão-de-obra, era
entregue aos africanos.
A criação do imposto de trabalho, em 1906, que visava a
arrecadação de receitas por parte do governo colonial, obrigou o escravo
liberto (comerciante por conta própria) a tornar-se mão-de-obra
assalariada para poder pagá-lo. Tal lei converteu-se numa vantajosa
estratégia para a angariação de mão-de-obra necessária para a
construção de estradas, caminhos-de-ferro e para a extração mineira.
Em 1907, o governo colonial tornou obrigatória a cultura do
algodão para responder à exportação do mesmo, que, na época, era feita
pela Inglaterra. Nesta altura, o trabalho forçado ainda era uma realidade.
A 5 de Outubro de 1910 foi instaurada a República em Portugal.
Mas os seus efeitos para a colónia de Angola estiveram longe de significar
a reforma das políticas indígenas ou anulação do trabalho forçado, já que
a Constituição republicana de 1911 perpetuava a obrigação dos contratos
por dois ano e proibindo os patrões de castigar os trabalhadores.
Em 1912, com a chegada do governador-geral de Angola, Norton
de Matos, observaram-se algumas mudanças, fruto da elaboração de leis
que proibiam o trabalho forçado e que previam a institucionalização, no
seu lugar, do trabalho livre. Mas, à data da sua retirada, em 1915, os
colonos voltaram às anteriores práticas que sustentavam o trabalho
forçado.
Segredo
Prof.
Até 1914, a exportação da cana-de-açúcar atingia os cerca de 6
milhões de toneladas. Nesta altura, o aumento da produção,
impulsionado pelas companhias de exploração europeias, implicava a
existência de um número maior de canais de escoamento, porque as vias
existentes, fundamentalmente os caminhos-de-ferro, eram insuficientes
no estabelecimento de ligações aos mercados do interior de Angola e da
África Central e Austral. Para colmatar esta insuficiência, em 1915
iniciou-se, em Angola, a construção de estradas, com recursos a mão-se-
obra africana.
Porém, somente em 1930 teve início o processo sistemático de
desenvolvimento económico sobretudo devido ao aumento da produção e
da exportação de produtos como o milho, o café, o sisal e a cana-de-
açúcar. Angola era, nesta época, uma colónia extremamente importante
para Portugal. A sua contribuição média nas importações totais
portuguesas representava mais de 40% do mercado colonial.
Como responderia?
1. Refere as transformações económicas operadas em Angola no século
XIX.
2. Estabelece uma relação entre o desenvolvimento económico e a
construção de vias de comunicação.
3. Salienta a importância económica da colónia de Angola na primeira
metade do século XX.
DADOS CRONOLÓGICOS
Segredo
Prof.
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS
A B
1. Espírito de aventura e
curiosidade científica dos a) Modelos coloniais
exploradores europeus
2. Mapa cor-de-rosa b) Novo contexto imperialista
3. Direct rule, indirect rule,
evolués, assimilées e c) Ultimato inglês (1890)
assimilados
Segredo
Prof.
UNIDADE Iii – A ÁFRICA NO PERÍODO DAS GUERRAS
MUNDIAIS (1914-1945).
Segredo
Prof.
concorrência económica e pelo nacionalismo exacerbado das potências
europeias.
As rivalidades internacionais datadas de há séculos
acentuaram-se fundamentalmente com 1) a partilha colonial de África,
definida na conferência internacional de Berlim, entre 1884 e 1885. 2) a
dominação política sobre as regiões potencialmente produtoras de
matérias-primas que conduziu ao reforço da disputa pela posse de
territórios em África e 3) a das políticas de exploração colonial.
De alguma forma, as rivalidades económicas e políticas
permitiram o crescimento das potencialidades industriais das diferentes
nações europeias, especialmente da Inglaterra e da Alemanha, pelo
declarado imperativo de expandir os seus mercados e de encontrar uma
fonte de fornecimento permanente de matérias-primas necessárias à
indústria, que, ao mesmo tempo, fosse um espaço de escoamento dos
produtos fabricados.
Neste contexto, o confronto agravava-se dia após dia e o embate
efetivo entre os dois blocos antagónicos tornava-se iminente, uma vez que
ambos encaravam a guerra como o único meio pelo qual passaria a
realização dos seus intentos.
Também no contexto das rivalidades imperialistas afirmava-se
um espírito nacionalista que, no decurso do século XIX e nos princípios
do século XX, crescia em cada canto da Europa a um rito considerável: a
França pretendia reconquistar as cidades da Alsácia e da Lorena,
anexadas pela Alemanha na guerra franco-prussiana (1870-1871), na
Alemanha, proclamava-se a superioridade da raça germânica
(Pangermanismo); enquanto na Península Balcânica, as nações daquela
região (Sérvia, Montenegro, Grécia, Romênia e Bulgária) manifestavam-
se contra o domínio do Império Austro-Húngaro e da Turquia, ao qual
estavam sujeitos.
Por sua vez, a corrida armamentista que caracterizou fortemente
a sociedade internacional no final do século XIX e no início do século XX
conduziu à criação de dois sistemas de alianças e, por consequência, ao
desenvolvimento de um clima belicista denominada “paz armada” que
opôs, por um lado, a Tríplice Aliança (criada em 1882 e constituída pela
Alemanha, Áustria e Itália [1915] e, por outro lado, a Tríplice Etente
(criada em 1904 e constituída pela França, Inglaterra e Rússia).
Neste clima de paz armada e de exaltação dos sentimentos
nacionalistas, qualquer incidente entre os dois blocos poderia resultar
num grande conflito internacional. E isto confirmou-se quando, em
resposta ao assassinato do arquiduque austríaco Francisco Fernando, a
Segredo
Prof.
Áustria declarou à Servia, a 28 de Julho de 1914. A partir deste momento
envolveram-se no conflito, a um ritmo frenético, diferentes países de
acordo com as alianças que haviam estabelecidos, declarando guerra aos
países opositores.
O conflito só terminou em 1918 e com um saldo de várias baixas,
principalmente entre os vencidos, para além das condições de
capitulação18 a que tiveram de se sujeitar. A conferência de Paz de
Versalhes (Tratado de Versalhes) de 1919 decretou a aplicação de
condições duras aos países derrotados, nomeadamente o desarmamento
completo da Alemanha.
Após isso, a Europa viveu um clima de paz. Contudo, era uma paz
frágil, porque a Alemanha nunca aceitou as condições impostas no final
da guerra e as rivalidades ainda pairavam, mesmo entre os vencedores
da guerra (por exemplo, a Inglaterra e a França disputavam entre si uma
nova hegemonia19).
Esta insegurança resultante da frágil e diminuta durabilidade da
paz confirmou-se em 1939, aquando do início da 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), cujas dimensões e consequências vieram a ser ainda mais
devastadoras do que as do primeiro conflito mundial.
O impacto da 2ª Guerra Mundial também se fez sentir em terras
africanas. Aqui decorreram algumas batalhas envolvendo potências
europeias, como a frança e a Inglaterra, que através dos seus exércitos
levaram a cabo uma campanha para anexação de territórios pertencentes
à Alemanha (seu principal opositor na guerra), como o Togo, Camarões,
Tanganica e Namíbia.
O confronto envolveu intervenção portuguesa, numa tentativa de
evitar a possível extensão da campanha franco-inglesa às suas colónias,
Angola e Moçambique que faziam fronteira com as colónias alemãs.
Com a anterior derrota alemã e como resultado das campanhas
de anexação inglesa e francesa durante o segundo conflito mundial nos
territórios africanos antes pertença da Alemanha, o Togo e parte dos
Camarões acabaram por ficar sob o domínio francês, Tanganica e a outra
parte dos camarões ficou sob domínio inglês.
Segredo
Prof.
Por plebiscito20, a Bélgica foi-lhe concedida, pela Liga das Nações,
o mandato sobre as colónias alemãs de Ruanda-Urundi, conquistadas
por tropas nacionais durante o conflito.
Por sua vez, a união Sul-africana (África do Sul) ficou com a
administração da Namíbia, inicialmente por um mandato, mas de forma
ilegítima e convertendo-a numa província sul-africana depois de 1945.
Como responderia?
1. Identifica os motivos que desencadearam as duas guerras
mundiais.
2. Destaca as rivalidades internacionais.
3. Que impacto tiveram, em África, as rivalidades internacionais?
4. Explica o significado da expressão “rivalidades imperialistas”.
5. Descreve as consequências das duas guerras mundiais para o
continente africano.
6. A História não é senão uma sucessão de lutas. Os interesses
humanos não são senão assuntos de debates e pretextos para
batalhas. Alberto Torres, O Problema Mundial, 2016.
a) Comenta a afirmação.
Segredo
Prof.
As altas de inflação21, o desemprego e a miséria foram as
consequências inerentes a uma profunda crise económica mundial
provocada por aqueles conflitos.
As economias dos países tornaram-se, desde então, sensíveis ao
mercado mundial e facilmente afectadas pelas flutuações da conjuntura
internacional. Como tal, as economias integradas nas trocas mundiais
modeladas/planeadas em distintos níveis, por uma legislação22
concebida pelas potências coloniais, ficaram também condicionadas
pelas flutuações internacionais.
O controlo dos preços, a requisição das colheitas e o cultivo
obrigatório de determinados produtos agrícolas (destinados à satisfação
do esforço da guerra) obrigou as administrações locais a recorrerem
permanentemente ao recrutamento obrigatório de mão-de-obra agrícola,
para além da construção de infraestruturas militares e da incorporação
de indivíduos nas fileiras do exército.
No período entre as duas guerras, as trocas externas entre as
colónias e as metrópoles, as produções agrícolas e de mineração, que
constituíam a base das exportações, diminuíam devido às variações do
comércio mundial, o que se refletiu nas economias locais.
Fortemente influenciado pela conjuntura mundial e pela crise das
economias inglesas, francesas e italiana, a diminuição do comércio
externo refletiu-se nas importações e nas exportações. Os sectores
directamente ligados ao mercado mundial foram os que mais sentiram os
efeitos da recessão. De facto, durante a grande depressão dos anos 30, a
crise atingiu até aqueles produtos que constituíam o núcleo das
exportações, como foi o caso do algodão, cujas regiões especializadas
viram os seus produtores em extremas dificuldades.
No entanto, acelerou-se a corrida á exploração colonial africana,
sobretudo por parte de países fora da europa, como os Estados Unidos
da América (EUA). O enfraquecimento das estruturas económicas e
financeiras dos países europeus obrigou-os a partilhar, com os
americanos, o domínio do mundo.
Assim, os EUA tornaram-se credores de uma Europa falida. À
excepção da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), todos
os outros países europeus não tinham, após uma morosa guerra,
condições para concorrerem no mercado africano.
21 Alta geral dos preços correspondente a uma disparidade entre a procura e a oferta de
bens e serviços.
22 Conjunto de elis. Preceitos legais que regulam determindada matéria.
Segredo
Prof.
Nesse contexto, os norte-americanos formularam políticas do tipo
liberal para África, com base nos interesses económicas definidos e num
regime de igualdade económica.
Como responderia?
Segredo
Prof.
3.3. O impacto político das guerras mundiais.
Segredo
Prof.
A Europa, após o conflito, viu o seu poder, também colonial,
diminuído. Por exemplo, a Bélgica, Holanda e a França sofreram pesadas
derrotas; uma parte considerável do império britânico foi ocupado; a
Itália de Mussolini perdeu, em 1942, as colónias do Iraque, Egipto e
Tunísia; os alemães incitavam os nacionalistas contra os aliados. Na
Ásia, os japoneses declararam a independência de todos os países sob
seu domínio, concedendo-a, no ano seguinte, em 1943, à Birmânia.
Já em 1947, a Grã-Bretanha cedeu independência à Índia, por
força do impacto de um movimento nacionalista liderado por Mahatma
Gandhi25.
Em 1954, os efeitos da Victória comunista na China animaram os
guerrilheiros vietnamitas de Ho Chi Minh26 na luta contra o opressor, a
França, que acabou expulsa da Indochina.
Em África, as políticas e o apoio dos vencedores da guerra (EUA e
a URSS), as acções da ONU, que desde 1948 se opunha à exploração
colonial e exigia a restituição da emancipação a todos os países oprimidos
pelas potências coloniais, assim como o movimento pan-africanista27,
que aproveitou os sinais de enfraquecimento dos impérios coloniais,
estimularam as lideranças africanas na busca da independência política.
Neste contexto, individualidades como Jomo Kenyatta (Quénia),
Kwame Nkrumah (Gana), Sékou Touré (Guiné Conacri), Julius Nyerere
(Tanganica), Leopold Sédar Senghor (Senegal), Amílcar Cabral (Guiné-
Bissau), Samora Machel (Moçambique), Agostinho Neto, Holden Roberto,
Jonas Savimbi (Angola) e tantos outros, catapultaram/projectaram África
para tal conquista. E a 2ª Guerra Mundial foi o conflito que contribuiu
decisivamente para acelerar a descolonização, tornando-a num processo
irreversível.
Como responderia?
Segredo
Prof.
1. Particulariza a participação dos africanos nos conflitos
mundiais.
2. Explica os principais resultados dessa participação.
3. Menciona as consequências políticas inerentes às duas guerras
mundiais.
28
Processo de assimilação, para que duas coisas se tornem semelhantes.
Segredo
Prof.
submetidos pelo administrador local. Este passava a carta de
recomendação que habilitava o acesso do agora assimilado aos
denominados “benefícios”, como o bilhete de identidade português, a
ascensão nos níveis de ensino, o acesso dos seus filhos à escola, o acesso
ao crédito, a aquisição de propriedade e a não obrigatoriedade do trabalho
em obras públicas. Ainda assim, tinham que prestar serviço militar e
público, ter formação em francês ou português, comprovar bens e manter
uma vida cristã. Como se pode perceber, a classificação de assimilado
eram condição necessária para se poder alcançar a mesma posição social
de um cidadão europeu.
Contudo, o estado de assimilado implicava vários
condicionalismos, tal como expressava o Diploma Legislativo n.º237 de 4
Julho de 1931, que definia as condições para tal: saber ler, escrever e
falar bem o português; ser trabalhador assalariado; ter o mesmo padrão
de vida de um cidadão europeu; nunca ter cometido um crime registado.
Os colonialistas do Estado Novo sabiam que o processo de
“civilização” dos africanos levaria séculos para ser alcançado e o reduzido
número de assimilados na colónia de Angola, em meados do século XX,
era o reflexo da complexidade do processo. Ao mesmo tempo, o próprio
sistema de indigenato só beneficiava os imigrantes europeus, excluindo
os colonizados, o que justificava as diferenças que se observavam nas
sociedades colonizadas.
Longe da realidade das colónias francesas, nas colónias
portuguesas a quantidade de assimilados alcançou números muito
reduzidos. A maior taxa observou-se em Angola: 0,77%. A escassez de
assimilados nas colónias portuguesas explica-se pelo facto de poucos
africanos terem acesso às instituições nas quais lhes seria transmitida a
“civilização” e porque esta implicava o cumprimento de determinadas
obrigações legais, como pagar impostos pesados e prestar serviço militar
obrigatório.
Como responderia?
1. Identifica os objectivos dos europeus na politização das elites
africanas assimiladas.
2. Explica o sistema de indigenato em Portugal.
3. Refere sobre a desigualdade social promovida pelo sistema de
indigenato.
4. Enumera as características que distinguiam um assimilado de
um não assimilado.
5. Caracteriza psicologicamente um não assimilado.
Segredo
Prof.
3.3.2. As diferentes raízes do primeiro nacionalismo.
Segredo
Prof.
Bissau) mostraram o caminho para a liberdade colonial. Há ainda a
referenciar Samora Machel (Moçambique), Mário Pinto de Andrade,
Agostinho Neto, Holden Roberto, Jonas Savimbi (Angola).
Movidos por sentimentos nacionalistas, esses dirigentes
organizaram manifestações, criaram movimentos que evoluíram para
partidos políticos, evidenciaram a força do nacionalismo ao nível
internacional, nomeadamente no 5.º Congresso Pan-africano de
Manchester, em 1945, onde os líderes de partidos e organizações de
massas exigiram a autonomia política para os países africanos.
De facto, os movimentos independentistas, sob sua direcção,
puderam alcançar o seu objectivo primordial, as independências políticas
dos países africano, cujos desenvolvimentos veremos na unidade 5.
Como responderia?
1. Define nacionalismo.
2. Caracteriza os primeiros focos do nacionalismo em África.
3. Destaca o papel desempenhado por diferentes líderes africanos.
4. Descreve o significado da Liberdade para um povo africano.
DADOS CRONOLÓGICOS
Segredo
Prof.
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS
A B
1. Impacto político das duas guerras a) Disputa pela posse de
mundiais regiões ricas em matérias-
primas
2. Politização das elites assimiladas b) Crise económica
3. Rivalidades imperialistas no c) Aceleração do processo de
contexto das duas guerras descolonização
mundiais
4. Impacto económico das duas d) Formação internacional de
guerras mundiais um grupo africano
privilegiado e submisso
aos colonizadores
a) Define assimilação.
b) Explica o surgimento do assimilacionismo nas colónias
africanas.
c) Caracteriza a assimilação de um ponto de vista social.
Segredo
Prof.
UNIDADE IV – O COLONIALISMO PORTUGUÊS E A
SOCIEDADE ANGOLANA NA PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO xx (1915-1960).
Objectivos específicos:
29
0
Segredo
Prof.
África e, por outro lado, os financiadores recusavam-se a investir o seu
já escasso capital naquele projecto colonial.
A crise política e social instalada em Portugal, assim como a ruína
dos planos de fomento expunha o império à ameaça da sua inevitável
partilha pelas grandes potências europeias. E, também por isso, reaviva-
se o movimento político radical defesa das colónias, para a preservação
da “missão histórica” portuguesa.
Estavam assim criadas as condições para a queda da primeira
República portuguesa, o que vai acontecer a 28 de Maio de 1926, através
de um golpe protagonizado pelos militares. Posteriormente, já depois de
um período de ditadura militar, em 1933, instalou-se, em Portugal, um
novo regime político, doravante designado como Estado Novo.
De caráter altamente centralizado, o Estado Novo de Salazar foi
buscar inspiração à governação fascista de Mussolini na Itália,
sustentado por uma burguesia monopolista apoiada no exército e que
visava adoptar o aparelho do Estado colonial de uma maior consciência
e eficácia no seu funcionamento. Na política económica, Salazar
preocupou-se com a nacionalização da exploração dos territórios
ultramarinos.
No entanto, o sistema colonial português entrou em crise, após a
Segunda Guerra Mundial, com o aparecimento dos movimentos que
lutavam pela autodeterminação dos povos colonizados e que, como tal,
ameaçavam a continuidade dos impérios coloniais. O governante
português optou, então, pela “modernização” do sistema: decretou,
teoricamente, o fim das formas de exploração laboral, como trabalho
forçado, e declarou a autorização de representação política às populações
locais. Os resultados foram, contudo, diminutos.
As pressões internacionais continuaram e, por isso, o governo
Colonial adaptou o assimilacionismo, transformando os territórios
coloniais em “províncias ultramarinas” que, ao nível político, passavam
a fazer parte da Nação portuguesa (luso-tropicalismo). Mas esta mudança
foi apenas teórica. Na prática, os cidadãos continuavam a ser apenas os
brancos, enquanto as populações africanas viam as suas autoridades
tradicionais serem afastadas do processo de governação.
Como responderia?
1. Debruça-te sobre a instabilidade política e social portuguesa
entre 1910 e 1933.
2. Associa o Estado Novo e a nova política colonial.
Segredo
Prof.
4.1.1. a frustração da expectativa na colônia no período
da primeira república 1910 a 1926.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
A insuficiência de recursos disponíveis para alimentar o projecto
colonial, a renitência dos patrões, a resistência à mudança (força da
tradição) e a inexistência de uma política colonial eficaz conduziram ao
fracasso de muitas acções republicanas e, por consequência, ao fracasso
da própria República.
Assim, foram goradas30 as expectativas na colónia de Angola, por
conta de um colonialismo que insistiu em conservar as mais obsoletas
práticas de exploração territorial e humana, fundamentadas na a
superioridade civilizacional e racial da população colonizadora branca
relativamente aos negros.
Também as esperanças dos entusiastas republicanos em relação
às suas missões em Angola acabariam por não se converterem
concretizações reais. Aliás, não se verificaram quaisquer mudanças
profundas, em território angolano, até ao final da primeira República
portuguesa em 1926.
Como responderia?
1. Diga que medidas de desenvolvimento foram implementadas
para as colónias durante a república.
2. Justifica o fracasso das políticas republicanas
3. Indica as razões das expectativas frustradas na colônia de
Angola
Objectivos específicos:
30
Segredo
Prof.
Em 1920 o regime dos altos-comissários surgiu devido a
necessidade de ordem internacional. Das diferentes figuras que
exerceram tal cargo, destacaram-se Vicente Ferreira e Norton de Matos,
pela concretização de fundamentais acções para o desenvolvimento
progressivo da província de Angola. Entre as várias medidas tomadas
constam a publicação da Carta Orgânica de Angola, a ocupação
administrativa total da possessão territorial, a construção de portos e
caminhos de Ferro, a exploração de diamantes, a substituição do
carregador indígena por meios eficientes de transporte ou o incremento
da colonização, que incluía a construção de aldeias para colonos.
Desde a sua chegada, em 1912, para a ocupação do cargo de
Governador-Geral de Angola, Norton de Matos decidiu introduzir
mudanças no sistema de trabalho indígena através da formulação de
diplomas que visavam transformar o “trabalho forçado” em “trabalho
livre” e proteger os trabalhadores africanos. No entanto, tais leis colidiam
com os objectivos dos colonos e, por isso, à sua retirada, em 1915, para
a metrópole, os brancos reacenderam, quase na totalidade, as práticas
do trabalho forçado.
Já na sua segunda estadia, em 1921 e 1923, e como alto-
comissário, Norton de Matos procurou salvar as fracassadas campanhas
adaptadas por antigas autoridades coloniais, como Sá da Bandeira, e
proporcionar uma mudança de paradigma na gestão do espaço colonial.
As suas medidas incluíam o trabalho livre assalariado, a reorganização
do sistema monetário de Angola, a institucionalização do acesso ao
sistema de crédito, acima de tudo para a passagem de um sistema
fechado imóbil para um sistema aberto aos novos desafios da ordem
nacional.
Entretanto, a ineficiência da primeira República portuguesa e,
por consequência, as fragilidades da política colonial, a inexistência de
meios favoráveis à concretização de um tão desafiante projecto político
(falta de financiamento da banca e da média e pequena burguesia
colonial), a resistência à mudança por parte de determinadas classes
dominantes da metrópole e da colónia, a subsistência de um modo de
produção esclavagista conduziram ao fracasso as acções de Norton de
Matos.
A reconhecida entrega de Norton de Matos aos desafios que se
impunham em Angola não ofuscaram, contudo, as consequências de
uma repressão política (entre 1922 e 1930) a todos os movimentos de
revolta, cujas bases legislativa e executiva foram por si lançadas. De
Segredo
Prof.
facto, em nome da salvaguarda do seu programa económico, as
associações, os jornais e os sindicatos de assimilados foram destruídos e
várias figuras de destaque (negros e mestiços) deportadas da sociedade
angolana.
A autoridade foi estabelecida por meio da exibição do poder e da
força, em detrimento da liberdade de imprensa e de associação, tendo
como exemplos disso mesmo o Grêmio Africano e a Liga Africana.
Também em 1922 a força voltaria a ser utilizada, desta vez para a
repressão, na revolta de Catete31, um movimento contestatário da
exploração abusiva e da expropriação de terras que favoreciam as
companhias coloniais.
De facto, dado o impacto do exercício plenipotenciário dos altos-
comissários, desde 1920, as leis republicanas constituíram um ensaio de
um modelo ditatorial que seria imposto pelo Estado Novo, a partir de
1933.
Como responderia?
Objectivos específicos:
31
Segredo
Prof.
• Associar a perda da autonomia financeira das colônias ao
fracasso das políticas republicanas.
Como responderia?
Segredo
Prof.
1. Explica as razões dos inexistentes progressos económicos
em Angola.
2. Justifica as dificuldades dos africanos perante as medidas
de desenvolvimento tomadas pelos Colonos.
3. Associa a perda da autonomia financeira das colónias ao
fracasso das políticas republicanas.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
partir de Lisboa, um maior controlo económico e financeiro sobre os
orçamentos da colónia para o seu equilíbrio.
Assim, tendo por princípio basilar a centralização política, em
contraste com a autonomia vivida durante a República, o Estado Novo
regeu-se sob uma legislação composta por vários documentos essenciais,
nomeadamente, o Acto Colonial. Este foi o primeiro documento
constitucional do Estado Novo, promulgado a 8 de Julho de 1930, através
do Decreto nº 18 570, quando António de Oliveira Salazar assumia as
funções de Ministro (interino) das colónias. O documento era constituído,
fundamentalmente, por normas regulamentares sobre o funcionamento
dos órgãos da administração colonial, extinguindo regime dos altos-
comissários.
Dotado de um forte carácter nacionalista, o Acto Colonial
assumiu-se como a concretização de duas das intenções governativas de
Salazar: 1) a defesa do império colonial e 2) a promoção dos interesses
portugueses contra as ameaças estrangeiras, como os apelos
internacionais ao fim do trabalho forçado, considerados, por Salazar,
como uma ingerência política interna e uma ameaça ao império. Tal
documento vigorou até depois da Segunda Guerra Mundial e apenas foi
revogado em 1951.
Além disso, naquele mesmo ano de 1930 foram também
promulgados uma nova Carta Orgânica e a Lei da Reforma
Administrativa e financeira.
O regime ditatorial português procurou ainda a estreitar as
relações existentes entre as colónias africanas e a metrópole, através da
criação de cruzeiros de férias e, por consequência, de um mútuo
intercâmbio.
Como responderia?
1. Descreve os acontecimentos ocorridos em Angola no início da
ditadura salazarista.
2. Caracteriza a primeira política colonial salazarismo.
3. Explica em que consistiu o Acto Colonial.
Segredo
Prof.
a) Explica a afirmação anterior.
3. Justifica o fracasso das medidas de Norton de Matos enquanto
alto-comissário em Angola.
4. Ao nível económico, que impacto teve a primeira República
portuguesa na colónia de Angola.
5. Em que consistiu o “Acto Colonial”?
6. Caracteriza a governação de Salazar.
Objectivos específicos:
Como responderia?
Segredo
Prof.
1. Menciona os factores de conflito na sociedade colonial, no
século XIX.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
O surgimento do Estado Novo trouxe algumas transformações
para o trabalho contratado, como as novas leis indígenas de 1926 a
1928, que teoricamente eliminavam a clausula da vagabundagem e
salvaguardavam o trabalho africano em serviços de interesse público.
Contudo, determinavam que, sem direito a recusa, os africanos teriam de
trabalhar para os seus patrões, livremente e por salários, durante um
determinado período de tempo.
Também durante o Estado Novo foram brutais os aumentos de
impostos, novos e por substituição, constituindo uma verdadeira
exploração fiscal.
É histórico o sistema de cobrança de impostos que esteve sempre
presente no processo de conquista europeia, tendo passado por várias
fases: o dízimo anual (1848), a tributação directa sobre os indígenas (a
partir de 1881), o imposto da cubata (1907), cuja taxa fixa era de 600
Reis. Este último imposto pago, em géneros ou espécie, era mais uma
forma disfarçada de trabalho forçado, uma vez que a maior parte da
população não se encontrava integrada na economia monetária e, por
isso, não dispunha do dinheiro necessário para pagar o referido imposto.
Assim, os indígenas tinham de prestar serviços por salários baixos ou
cultivar produtos que garantissem às companhias europeias maiores
lucros nas transações comerciais. Em 1920, o imposto da cubata foi
substituído pelo imposto do indígena ou “imposto por cabeça”.
A existência de um reduzido número de brancos portugueses na
colónia, bem como a sua resistência ao trabalho agrícola, tornou
improvável a expropriação das terras africanas, antes do século XIX, por
aqueles europeus. Essa imunidade relativa provinha, apenas, das
históricas leis de 1838 e 1865 que eram de prática ambígua em relação
à realidade africana, na qual não funcionavam os imprecisos conceitos
europeus de terra “não ocupada” e “ocupada”.
No ano de 1907, um decreto definiu a delimitação das regiões fixas
exclusivamente para africanos, exprimindo uma estratégia legal que os
europeus encontraram para empurrar os africanos para a zonas pouco
atractivas e para ocuparem as melhores regiões. Os exemplos mais
evidentes desse processo aconteceram entre 1912 e 1932, como se pode
ver no quadro abaixo:
Terras Terras Terras Terras
reservadas entregues a entregues a distribuídas
a indígenas indivíduos 198 por colonos
Data com títulos estrangeiros portugueses
particulares
africanos
Segredo
Prof.
1912 25.382 1.000 62.678 404.917
a hectares hectares hectares hectares
1932
Nota: A ocupação de terras em Angola, entre 1912-1932. (Adaptado de Bender, 1980)
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
Em simultâneo, apesar da relativa integração das comunidades
rurais africanas nos circuitos económicos, as mesmas não deixaram de
sofrer com a discriminação económica, social, política e cultural:
restrições a certos empregos e à ascensão a cargos do aparelho
administrativo colonial, obrigação do pagamento de pesados impostos,
trabalho forçado, expropriação de terras, culturas obrigatórias, privação
do uso das suas línguas nacionais em actos públicos. O seu
desenvolvimento socioeconómico era, desta forma, praticamente
impossível.
Longe do Indigenát que vigorava nas colónias francesas, nas
colónias portuguesas a quantidade de assimilados (indigenato) foi
reduzida. A maior taxa observou-se em Angola, cerca de 0,77%. A
escassez de assimilados nas colónias portuguesas justifica-se pelo fato
de poucos africanos terem, na época, acesso às instituições nas quais
lhes seria transmitida a tal “civilização” e, ainda, pela obrigatoriedade de
cumprimento de determinadas obrigações legais, como pagamento de
impostos pesados e a prestação do serviço militar.
Evidentemente, o sistema do indigenato só beneficiáva os
imigrantes europeus, excluindo sempre os colonizados e daí emergiram
diversas clivagens na sociedade colonizada.
Além disso, durante a ditadura salazarista a repressão política
surgiu levada a cabo pela polícia internacional de defesa do Estado
(PIDE). Criada por Salazar no final da Segunda Guerra Mundial (1945),
com o objectivo de defender o regime contra as organizações clandestinas,
a PIDE foi um forte mecanismo de controlo do Estado, cujos métodos de
acção incluíam desde a vigilância de suspeitos à prisão sem provas de
culpa. Com um carácter secreto, reprime a todas as formas de oposição
ao regime político, em Portugal e nos territórios africanos, através da
limitação do direito de expressão, de reunião e de organização política.
Em África, a política seletiva de repressão idealizada por Salazar
fez-se sentir em ações ignóbeis32 que aconteceram, por exemplo, no
Campo do Tarrafal, em Cabo Verde, para onde eram enviados, para
serem presos e torturados, os suspeitos de estarem envolvidos em
qualquer tendência ideológica ou política. E por esta situação viriam a
passar os nacionalismos africanos.
Como responderia?
32
Segredo
Prof.
2. Menciona as formas de discriminação racial e social sofrida
pelos africanos.
3. Em que consistia o sistema do indigenato?
4. O que era a PIDE?
5. Explica as razões da política repressiva salazarista.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
As mudanças socioeconómicas e a exclusão promovida pelo
sistema de indigenato aumentaram, inevitavelmente, as tensões entre
colonizados e colonizadores. Nasciam, então, as verdadeiras actividades
nacionalista, ou seja, os movimentos anticoloniais que procuraram,
através das lutas, manifestar seu descontentamento e o seu desejo de
liberdade.
Como responderia?
1. Pesquisa sobre o tema e responda as seguintes questões:
2. O que é o luso-tropicalismo?
3. Quais são os seus fundamentos teóricos?
4. Que impacto teve esta ideologia sore a afirmação dos
movimentos nacionalistas angolanos?
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
mentores da teoria da colonização naquele século), aquele que viria a ser,
em Portugal, o substituto de Salazar enquanto Presidente do Conselho.
A intenção era integrar as colónias africanas sob o domínio
português num espaço territorial metropolitano. Assim, já em 1951
haviam ficado definidos os “princípios fundamentais da moderna
colonização” portuguesa. Como tal, o termo “colónias” foi substituído por
“províncias ultramarinas” e Portugal insistiu na assimilação da ideologia
lusotropicalista, segundo a qual todos os africanos seriam considerados
portugueses, de acordo com a política indígena, e, por isso, integrados na
nação portuguesa sem que as suas leis e culturas fossem desrespeitadas.
Contudo, tal não se verificou. Perante os abusos dos colonos, a proteção
do estado português em relação aos africanos era diminuta e os negros
e mestiços não conseguiam obter facilmente documentos fundamentais,
como as “licenças de cidadania” e o Bilhete de Identidade, para o acesso
aos seus direitos cívicos (acesso ao emprego decente, a um cargo na
administração pública ou à carta de condução).
Discriminação racial relativamente aos negros ou mestiços (que
não eram considerados cidadãos como os brancos, tendo de requerer, por
processo administrativo, a cidadania às instituições criadas para tutelar
os direitos indígenas) evidenciou uma colonização, no século XX
fortemente centralizada e que promovia a submissão das colónias e a
desigualdade de direitos entre colonizadores e colonizados. Uma
discriminação que acontecia em relação ao regime laboral, aos impostos,
aos direitos de terra, de ensino, de assistência médica, de serviço militar,
entre outros aspectos.
Como responderia?
1. Identifica a ideologia que Portugal seguiu, na colónia, após
1951.
2. Explica, qual era a pretensão de Portugal com a ideologia luso-
tropicalista?
3. Caracteriza a colonização centralizada no século XX.
Segredo
Prof.
Objectivos específicos:
Como responderia?
1. Aponta a principal consequência da manutenção da
colonização.
2. Justifica o aumento da imigração branca para Angola.
3. Descreve o impacto provocado por esse crescimento migratório.
33
Segredo
Prof.
4.3.3. Assimilacionismo aumento de tensões entre
colonizados e colonizadores e as primeiras atividades
nacionalismos.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
Em outubro de 1955 nascia, em Luanda, o Partido Comunista de
Angola (PCA). O exercício de uma maior clandestinidade34, associado à
criação do partido, não se intensificou, uma vez que os seus verdadeiros
promotores, como Mário de Andrade e Agostinho Neto, estavam exilados
ou presos no exterior do país e também devido à forte vigilância da PIDE.
O Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUA) surgiu
no início de 1956 e com características de um partido de frente
nacionalista e um programa de acção similar ao do Partido Comunista de
Angola. Entretanto, acabaria por fundir-se com vários outros movimentos
clandestinos e daí resultou, em Dezembro de 1956, O Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA), com destaque para figura de Viriato da
Cruz.
Do Congo emergiu um movimento nacionalista nos finais de 1958.
Inicialmente designado como União das Populações do Norte de Angola
(UPNA), viria a ter o seu nome alterado, pelo líder Holden Roberto (nesta
altura a participar na Conferência Geral de Todos os Povos de África
realizada em Acra, Gana), devido às críticas que afirmavam que aquele
primeiro nome exprimia um carácter tribalista. A, agora, União das
Populações de Angola (UPA) juntou-se, assim, aos outros movimentos
anticoloniais que combatiam pela libertação de todo o território angolano.
Por sua vez, os brancos intelectuais formaram, no final de 1958,
o Movimento de Libertação Nacional (MLN). Impedida a sua inclusão nesse
movimento, os negros responderam com a formação do Movimento de
Libertação de Angola (MLA). No entanto, a fraca capacidade de resposta
às perseguições da PIDE conduziu à fusão de ambos, o que originou o
Movimento de Libertação Nacional de Angola (MLNA), conhecido em
alguns locais como Movimento de Independência Nacional de Angola
(MINA).
Ainda assim, as sucessivas detenções e prisões dos líderes dos
movimentos criados, particularmente em 1959, provocaram um
retrocesso nos seus objetivos nacionalistas.
Já em 1960, a agitação política de Angola esteve a cargo da frente
revolucionária africana para a Independência Nacional das colónias
portuguesas (FRAIN), sob orientação de Lúcio Lara, nacionalista que
abrira um escritório do MPLA em Conacri.
Apesar da acção dos vários movimentos angolanos, Portugal
manteve a sua intransigência em relação às questões nacionalistas até
34
Segredo
Prof.
ao início da verdadeira luta de Libertação Nacional, em 1961, um assunto
que trataremos na próxima unidade temática.
Como responderia?
1. Justifica os prejuízos do assimilacionismo para os colonizados.
2. Relaciona a discriminação racial com o aumento das tensões
entre colonizados e colonizadores.
3. Descreve o início das acções nacionalista.
DADOS CRONOLÓGICOS
Segredo
Prof.
Atividades complementares
1. Justifique as razões do insucesso das políticas que publicaram
as portuguesas.
2. Descreve o impacto provocado pelo exercício plenipotenciário
dos altos-comissários.
3. Refira-te, brevemente, sobre indigenato, assimilacionismo,
trabalho forçado e impostos.
4. Regista a designação, o ano de criação e o nome dos respectivos
líderes dos movimentos nacionalistas surgidos no século XX
em Angola.
5. Comenta o significado da frase de Manuel Inácio Pestana: “O
facto de Angola ter sido colonizado por Portugal, durante cinco
séculos, não justifica, de forma alguma, que se ensine aos
alunos a criarem, hoje, rivalidades do passado. É necessário
promover a exaltação dos mais puros sentimentos de amor pela
pátria, e a consciência da inter-relação entre os povos”.
6. Regista os teus conhecimentos sobre o neocolonialismo.
Segredo
Prof.
2. Responde às questões que se seguem relacionadas com acção
de Norton de Matos.
a) Resume os projectos do alto-comissário para o
desenvolvimento de Angola.
b) Justifica o fracasso de tais projectos.
c) Analise as consequências da concentração de poderes nos
altos-comissários.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
• Nomear alguns líderes dos movimentos anticoloniais
Como responderia?
Segredo
Prof.
Objectivos específicos:
1. Caracterizar o novo ambiente ideológico em África;
2. Destacar as políticas Coloniais de investimento;
3. Referir o caso de Angola relativamente ao investimento
colonial português.
Segredo
Prof.
Os acontecimentos ocorridos no Congo tiveram um significativo
impacto no território vizinho, Angola, onde se iniciou, em 1961, a luta de
libertação nacional. O objectivo da luta era pôr fim a uma enferrujada
forma de exploração humana, territorial e racial levada a cabo pelo regime
português. Como reação a esta luta de libertação, Portugal traçou planos
de industrialização para o desenvolvimento das colónias.
Lamentavelmente, a insuficiência de capital fez com que apenas na
década de 60 fosse possível iniciar o processo de modernização dos
territórios sob domínio português, quando já se extinguia o período de
vigência do regime colonial.
Como responderia?
1. Caracteriza o novo ambiente ideológico em África.
2. Destaca as políticas Coloniais de investimento.
3. Referi o caso de Angola relativamente ao investimento colonial
português.
4. O entendes por self-government?
Objectivos específicos:
1. Descrever o processo de emancipação asiática;
2. Destacar o aparecimento dos movimentos anticoloniais na
Ásia;
3. Enaltecer a contribuição dos líderes nacionalistas para as
independências asiáticas.
Segredo
Prof.
Indonésia Holandesa 1949
Camboja Francesa 1953
Malásia Inglesa 1957
Singapura Inglesa 1965
Quadro: Colônias asiáticas Independentes após a Segunda Guerra Mundial
Segredo
Prof.
sua vez, levaram a cabo uma repressão que culminou com a prisão de
Gandhi, mas que, em simultâneo, encontrou aprontar oposição da parte
do Congresso indiano que organizou as populações em motins e
sabotagens.
Os indianos haviam atacados os britânicos e o resultado foi a
destruição de equipamentos e estruturas militares e paramilitares
ferroviárias e comunicação. A reação não se fez esperar. O governo
colonial ofereceu uma violenta repressão que causou a destruição de
zonas populacionais, assim como a prisão de alguns líderes de
movimentos. Contudo, a resistência nacionalista prosseguiu.
A guerra culminou com a independência. Mas tal não significou a
paz e a unidade indiana, pois o Partido do Congresso liderado por Nehru
e Gandhi, e a Liga Muçulmana, liderada por Ali Linnah, envolveram-se
numa disputa política marcada pela defesa de ideias opostas. Uma
disputa que teve a forte participação moral dos ingleses que ansiavam o
retorno do seu domínio colonial naquela território.
A oposição entre hindus e muçulmanos conduziu ao violento
massacre de Calcutá, a 16 de Agosto de 1946, até ser aceite, naquele
mesmo ano, a proposta de Lord Mountbatten (último vice-rei da Índia)
para a formação de duas Assembleias Constituintes, cada uma com uma
constituição e leis próprias e com a liberdade de estabelecer, ou não,
relações com a Commonwealth.
Com a votação favorável do Parlamento inglês da lei da
Independência, a 15 de Junho, foi proclamada a independência da União
Indiana (maioritariamente hindu) e do Paquistão (de maioria muçulmana)
a 15 de Agosto de 1947.
A descolonização indiana contagiou outras partes da Ásia sob o
domínio colonial, como o Ceilão e a Birmânia, no início de 1948.
Na indonésia o território fazia parte das ilhas holandesas,
Sukarno, líder do movimento nacionalista, proclamou a independência
em Agosto de 1945 e formou o governo republicano. Contudo, a
independência indonésia foi rejeitada pelos holandeses. Estes
estabeleceram a administração colonial através da ocupação de Java e
Sumatra e concluíram o processo com a prisão dos nacionalistas. Ainda
assim, o processo de descolonização indiano influenciou de forma
significativa os indonésios e inspirou-os a resistir militarmente e através
da desobediência civil. A independência definitiva da Indonésia aconteceu
em 1954, quando Sukarno pôs fim à União Holando-indonésia e se tornou
o primeiro presidente indonésio.
Segredo
Prof.
A Indochina era um território cuja dominação era repartida entre
franceses e japoneses. Estes últimos levaram a cabo um movimento de
oposição ao colonialismo francês para se apoderarem do território. Os
resultados desta acção foram inconsequentes até ao momento em que o
movimento Vietminh (Movimento Revolucionário para a Independência
do Vietname), criado em 1941 por Ho Chi Minh e outros dirigentes
comunistas, se constituiu como uma verdadeira oposição ao domínio
franco-nipônico.
Consumada a derrota japonesa, os chineses do Guomindang
apoiaram Ho Chi Minh, que proclamou a independência da República
Democrática do Vietname. Mas essa independência foi prontamente
negada pela França. Por isso, sob o comando do general De Gaulle, os
franceses avançaram numa ofensiva à região da Cochinchina, onde
derrotaram os chineses, para logo depois proporem a Ho Chi Minh a
integração do Vietname como Estado independente na União Francesa,
da qual fariam igualmente parte o Laos e o Camboja.
Não houve, por parte da França, aplicação efectiva desses acordos
e, por isso, surgiram novos confrontos que se agudizaram, a 23 de
Novembro de 1946, com o bombardeamento do porto de Haiphong pela
marinha francesa, do qual resultaram dezenas de milhares de vítimas,
entre mortos e feridos. A este ataque, o movimento Vietminh respondeu
com uma chacina, em Hanói, que resultam em duas centenas de vítimas
mortais europeias, no dia 19 de Dezembro daquele ano. O acontecimento
marcou o início da guerra da Indochina.
A França insistiu na integração do Vietname na União Francesa,
negociando-a com o antigo Imperador Bao Dai. No entanto, a victoria do
comunismo na China, em 1949, alterou a situação, pois o Vietminh
optou por aceitar o auxílio dos chineses, que cederam espaço no seu
território, onde foram criadas as bases militares de retaguarda do
movimento. Os franceses continuaram com a guerra para restabelecer a
sua administração colonial. Várias e sangrentas batalhas sucederam-se.
A verdadeira resposta do Vietminh à guerra de reconquista
colonial francesa ocorreu a 7 de Maio de 1954, na batalha de Dien Bien
Phu. Nela os franceses foram derrotados e tiveram defender-se. Os
acordos de 21 de Julho, em Genebra, reconheceram a independência do
Laos, do Camboja e do Vietname. Este último ficou dividido em dois: a
Norte, a República Democrática, de ideologia comunista e sob a
presidência de Ho Chi Minh; a sul, a República Nacionalista, de ideologia
capitalista.
Segredo
Prof.
Fracassada a tentativa de unificação do território, em 1956,
seguiu-se um longo conflito conhecido como Guerra do Vietname.
Como responderia?
Objectivos específicos:
1. Descrever o processo da emancipação africana;
2. Destacar o aparecimento de movimentos anticoloniais em
África;
3. Enaltecer a contribuição dos líderes nacionalista para as
independências africanas.
Segredo
Prof.
Guiné Conacri Francesa 1958
Congo Belga 1960
Nigéria Britânica 1960
Serra Leoa Britânica 1961
Tanganica Britânica 1961
Argélia Francesa 1962
Uganda Britânica 1962
Quênia Britânica 1963
Rodésia do Norte/Zâmbia Britânica 1964
Rodésia do Sul/Zimbabwe Britânica 1965
Gâmbia Britânica 1965
Bechuanalândia/Botswana Britânica 1966
Guiné-Bissau Portuguesa 1974
Angola Portuguesa 1975
Moçambique Portuguesa 1975
Quadro: Colônias africanas Independentes a partir de 1950
Segredo
Prof.
sobre o comando de Yussef, em 1956. Também o Egito, com Gamal
Abdel Nasser no comando, conseguiu a independência face ao domínio
Britânico, em 1956.
As negociações para a independência ocorreram igualmente ao sul
do deserto do Saara e nos países do Oeste africano sob domínio britânico,
como a Gold Coast (Costa do Ouro), que, em 1957 e sob direção de
Kwame Nkrumah (pioneiro da moderna ideia de unidade africana),
alcançou a independência e passou a designar-se como Gana.
Na África sob domínio francês conseguiram recuperar a
autonomia países como Guiné-Conacri, Mauritânia, Níger, Senegal, Mali,
Chade, Benin, Nigéria, Camarões, Togo, Costa do Marfim, República
Centro Africana, Congo Brazzaville, República do Congo, Gabão,
Madagáscar e Serra Leoa.
Na Argélia, por sua vez, houve lutas Armadas e sangrentas entre
1954 e 1962. Os antecedentes destes conflitos manifestaram-se durante
a Segunda Guerra Mundial, em 1943, quando os nacionalismos argelinos
consolidaram a ideia da independência face ao domínio francês. Mais
tarde, em 1947, cresceu a onda de frustração dos nacionalistas, porque
tomando em consideração os Estatutos de 20 de Setembro, os franceses
negaram-se a reconhecer a autonomia política da Argélia. Como
resultado destas perturbações aconteceram várias revoltas que se
agudizaram em finais de 1954, expandindo-se pelo território inteiro e
sendo reforçadas com a criação, em Novembro, da Frente de Libertação
Nacional (FLN). A guerra continuou e, em outubro de 1958, a França,
por intermédio do general Charles de Gaulle, decidiu negociar a
independência Argelina com a FLN. Em março de 1962, em Évian, e
tendo por base a salvaguarda dos interesses económicos e bélicos, a
França reconheceu a independência da Argélia.
Igualmente violentas, mas mais longas, foram as lutas pela
independência dos territórios da África central.
Na colónia belga do Congo, a violência agudizou-se se para além
do processo de recuperação da autonomia do país, com
desentendimentos que levaram a conflitos pós-independência. Depois do
crescimento da força nacionalista formaram-se vários movimentos
defensores da emancipação política do país, movimentos como:
Associação do baixo Congo (ABAKO), em 1956, de base étnica bakongo
e liderada por Kasavubu, e o Movimento Nacional do Congo (MNC), sob
liderança de Patrice Lumumba, para além de ter sido eleito um magistrado
local, em 1957, após vários anos de um conflito que se estendeu ao
Segredo
Prof.
interior da região, a independência chegou a 30 de Junho de 1960,
nascendo a República Democrática do Congo.
Ainda assim a independência não significou o calar das armas,
muito menos a paz, pois a falta de entendimento entre as forças políticas
locais desencadeou, no país, uma guerra civil que se prolongou por várias
décadas.
A violência também se fez sentir na África Oriental, sob o domínio
britânico. No Quénia, por exemplo, as comunidades locais de colonos
brancos eram numerosas e, por isso, os nacionalistas sentiram maiores
dificuldades para levar a bom termo os seus intentos. Em meados de
década de 1950 teve lugar uma rebelião de agricultores africanos,
designados por “Mau Mau”, contra o domínio britânico, mas só após
vários anos de luta sangrenta o Quênia, de Jomo Kenyatta, conseguiu
a independência em 1963.
Outras colónias britânicas, como a Rodésia do Norte (Zâmbia) e
Niassalândia (Malawi), tornaram-se independentes em 1964. Na Rodésia
do Sul (Zimbabwe), o processo da independência teve o seu auge apenas
em 1965, depois de uma rebelião contra a coroa britânica empreendida
pelos colonos locais que declararam unilateralmente a independência.
Na região mais a sul do continente africano, desde a década de
1940, com o crescimento das intenções de descolonização e da defesa dos
direitos humanos, os brancos do Partido Nacional começaram a edificar
um conjunto de leis discriminatórias que ficaram conhecidas como
Apartheid. Na prática, o mesmo já existia, uma vez que os brancos
britânicos e holandeses (que lutavam pelo poder na África do Sul)
definiram o destino do negro como sendo o de servir o branco.
O Apartheid foi, de facto, um abominável regime engendrado pelos
brancos da África do Sul que consistia na separação, até mesmo física,
entre as raças (branca e negra). A independência política da África do Sul
foi alcançada em 1961, tornando-se esta numa República. Contudo, o
regime do Apartheid manteve-se até a década de 1990. Já nesta década
recrudesceram as lutas de vários activistas, nomeadamente Nelson
Mandela, Steven Bico, que defendiam a justiça social e que
influenciaram o governo sul-africano a proceder ao desmantelamento das
leis discriminatórias e a realizar eleições democráticas (o que aconteceria
no ano de 1994).
Nas colónias portuguesas, por sua vez, a intransigência do
colonizador Face às ideias independentistas arrastou a situação até a
segunda metade da década de 1970. Por esta altura terminarão as
guerras protagonizadas pelos movimentos de libertação contra o
Segredo
Prof.
Colonialismo português com o alcance da independência: em Angola
(1961-1975), na Guiné-Bissau (1973-1974) e em Moçambique (1964-
1975).
Por isso se justifica que só na década de 1970 se pode dizer que,
na sua generalidade, África era o continente politicamente independente.
Verificavam-se algumas excepções de continuadas submissões de
pequenos estados pelos outros como a Namíbia que só se libertou do jogo
sul-africano em 1990
Mas, como a maior parte dos países africanos se tornou
independente no ano de 1960, este é considerado como o Ano de África.
Como responderia?
Segredo
Prof.
5.2. 1961: O início da guerra de libertação de Angola.
Objectivos específicos:
1. Reconhecer o agravamento da relação entre colonizadores e
colonizados em Angola;
2. Identificar o início da luta de libertação no país.
Segredo
Prof.
muito baixos. Tais protestos intensificaram-se 1961, quando ocorreu a
revolta da baixa Cassange.36
Em resposta, as forças portugueses bombardearam aquela área.
Em Luanda, a 4 de Fevereiro, os tanques dos nacionalistas actuaram
contra as prisões e as esquadras da polícia e, no norte da região,
ocorreram inúmeros levantamentos populares contra aldeias, postos
administrativos e plantação de café, com grande impacto internacional.
Esses acontecimentos marcaram, assim, o início da luta de
libertação Nacional em Angola. A guerra colonial decorreu durante longos
14 anos, entre 1961 e 1975, ano em que o país se tornou independente.
Como responderia?
1. Explica o agravamento da relação entre colonizadores e
colonizados em Angola.
2. Identifica o início da luta de libertação no país.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
algodão começaram a recusar-se a proceder ao cultivo e a pagamento de
impostos.
Alcançando as regiões de Kunda e Ngengo, para Além de que
Kivota, tais reações provocaram confrontos com as autoridades coloniais
que os obrigavam a trabalhar para os patrões ou para o Estado.
Como consequência desses confrontos, a população angolana foi
obrigada a cultivar apenas o algodão, em detrimento das culturas
alimentares, e a vender a totalidade das suas colheitas aos preços
estabelecidos pelo governo, ou seja, abaixo da média do mercado
mundial. O Camponês africano era, assim, um exemplo de mão-de-obra
explorada, somente fornecedora de produtos à companhia, sem qualquer
lucro individual.
Os efeitos desta realidade evidenciaram-se nas contas anuais de
um indígena e da sua família, que entre 1959 e 1960 dispunham de um
rendimento não superior a trinta dólares. O caos instalado levou os
cultivadores a desencadearem, em Janeiro de 1961, ataques a vários
pontos que representavam autoridade colonial, nomeadamente, as
instituições comerciais, administrativas e missionárias.
Fracamente armados de catanas e canhangulos37, mas
desejavelmente unidos, os revoltosos partiram para uma revolta que
acabou fortemente reprimida. A repressão colonial foi levado a cabo por
meio de bombardeamentos (com bombas incendiárias de Napalm38) e de
execuções, provocando uma extrema violência e milhares de mortos no
seio dos nacionalistas. Na história de Angola este acontecimento ficou
conhecido como o Massacre da Baixa de Cassange, de 4 de Janeiro de
1961.
Apesar da repressão, a revolta inspirou diversas outras acções de
subversão, como aquela que veio acontecer em Março de 1961.
Como responderia?
1. Descreve o massacre da Baixa de Cassange.
2. Identifica as razões do mesmo.
3. Analisa as consequências inerentes ao massacre.
Segredo
Prof.
5.2.2. 4 de Fevereiro de 1961.
Objectivos específicos:
39
Mocas, pedaço de madeira que serve de arma = Cacete, clava.
40 Leia-se mais no artigo em Política de O Novo Jornal intitulado “QUATRO DE
FEVEREIRO: ROUPAS E CATANAS FORAM FINANCIADAS POR ERNESTO LARA
FILHO”, in https://novojornal.co.ao/politica/interior/quatro-de-fevereiro-roupa-e-
catanas-foram-financiadas-por-ernesto-lara-filho-5787.html. E também a visão
eurocêntrica deste acontecimento no artigo publicado na Revista Militar intitulado
“OS ASSALTOS DE 4 DE FEVEREIRO EM LUANDA E O MASSACRE DE 15 DE
MARÇO NO NORTE DE ANGOLA – ANTECEDENTES” segundo António Lopes Pires
Nunes (Tenente-coronel português), in https://www.revistamilitar.pt/artigo/906
Segredo
Prof.
Um ataque com impacto internacional, divulgado pelos jornalistas
estrangeiros que se encontravam em Luanda.
A operação revoltosa do 4 de Fevereiro não foi, no entanto, bem-
sucedida, uma vez que o objetivo primordial, a libertação dos presos
políticos, não se verificou. E apesar da repressão colonialista pela milícia
branca que aconteceu no dia seguinte, com um massacre de africanos
nos musseques de Luanda, aquele dia foi fundamental para reforçar o
sentimento de dever de luta junto dos nacionalistas angolanos. E a partir
de então, o governo colonial deparou-se com uma situação de revolta
contínua entre os africanos, que teve de procurar controlar para poder
manter a sua autoridade.
O MPLA Não foi o único movimento nacionalista envolvido na
revolução, mas fruto de um maior protagonismo assinalou o dia 4
Fevereiro de 1961 como a data do início da luta armada de libertação
nacional.
Como responderia?
1. Descrever os ataques de Luanda;
2. Identificar as razões desses ataques;
3. Avaliar as suas consequências.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
Os revoltosos evidenciavam seu desejo de libertação face à
opressão física e mental. Apesar da debilidade ao nível de armamento, os
angolanos apostavam na força psicológica, na força moralizadora
espiritual de movimentos religiosos como o protestantismo, o tocoismo e o
kimbanguismo, para além de contarem com a influência do Movimento
Independentista do Congo. Ao mesmo tempo, as críticas internacionais à
política colonial portuguesa e a acção dos movimentos independentistas
africanos, que nesta altura já haviam desenvolvido a liberdade a vários
países africanos, animaram as forças subversivas angolanas contra os
horrores e a desumanidade de que eram alvo por parte do regime colonial
português.
Assim, em 15 de Março de 1961, ocorreu a sublevação do Norte
de Angola, um movimento nacionalista angolano cujo eco se fez sentir a
nível internacional. Como tal, chegaram do estrangeiro apoios materiais
para o movimento nacionalista UPA que, no início da luta de libertação
nacional, ganhou protagonismo ao liderar as movimentações militares
contra as fortemente Armadas forças portuguesas.
A sublevação aconteceu em várias partes do Norte de Angola
situadas entre os distritos dos Zaire e do Uíge, como São Salvador,
Mbembe, Mbaya, Quicabo e também em Kibaxe, Aldeia Viçosa (Dembos)
e Quitexe (Kwanza Norte), onde ocorreram violentos massacres que
vitimaram homens, velhos e crianças, autoridades administrativas,
brancos, negros e mestiços. A rebelião Instalou à hora do início dos
trabalhos nas fazendas. Nela foram assassinados, com catanas e
canhangulos, um número incalculável de proprietários brancos e
trabalhadores negros.
A gravidade da situação provocou a fuga de vários colonos para
Carmona (actual município sede do Uíge), Salazar (actual Ndalatando) e
Luanda em busca de segurança, enquanto várias mulheres e crianças
tiveram de retornar a metrópole, tendo em conta o medo em que viviam.
Entretanto, assistiu-se a uma retaliação violenta realizada pelo
exército português e pelos brancos que haviam fugido para os centros
mais populosos a procura de segurança.
Ao mesmo tempo, nos distritos do Zaire e do Uíge residia o maior
número de prosélitos41 da igreja protestante que sofreram as primeiras
represálias, uma vez que o regime colonial caracterizava as missões
protestantes como sendo revolucionária e um foco de colaboração com os
rebeldes através da formação ministrada aos dirigentes dos movimentos
41 Crentes.
Segredo
Prof.
nacionalistas, o que lhes permitia obter uma nova visão sobre a situação
daquela período.
Multiplicaram-se os bombardeamentos às aldeias, o fogo posto
nas sanzalas e os tiros à queima-roupa. Foram presos e perseguidos
vários indivíduos instruídos (considerados pelos portugueses como
autores morais da revolta) e foram massacrados muitos Ambundu
(seguindo o curso do kwanza, estes procuravam fugir para o centro e o
sul de Angola).
Foi uma guerra que não teve testemunhas externas, senão um
diminuto número de membros das Missões Batistas e Metodistas, e
evidenciou um carácter violento e discriminatório em relação à raça,
tendo apenas escapado as populações que, na altura se situavam longe
dos centros de confronto (nas cidades) e das missões protestantes.
O impacto da revolta de Março não foi o esperado, sobretudo
porque a UPA atacou como pouca forças bélicas e as suas acções não
foram suficientemente rápidas. Como tal, o número de vítimas mortais
entre os colonos brancos foi reduzido e o regime colonial não ficou
significativamente fragilizado.
Apesar dos resultados não alcançarem o patamar ansiado, o 4 de
Janeiro, o 4 do Fevereiro e o 15 de Março transformaram-se em
momentos determinados na história de Angola. E o ano de 1961 afirmou-
se como um ano decisivo no combate contra o domínio colonial
português.
Como responderia?
1. Descreve os ataques de Março de 1961.
2. Enumera as razões subjacentes aos ataques.
3. Avalia as suas consequências.
Segredo
Prof.
3. Identifique os principais objetivos subjacentes ao 4 fevereiro
4. Caracteriza a repressão e implementada pelo regime Colonial
após os ataques de 15 de Março
5. Comenta o papel da igreja no processo da revolução nacional
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
colonialismo português, cada movimento anticolonial procurou levar a
guerra na sua frente estratégica visando aniquilar o outro movimento e
na outra frente lutar contra o inimigo. E isso significou a falta de uma
estratégia nacional de combate ao colonialismo português tendo em vista
do objectivo de independência.
Deste modo, antes do início da Revolução Nacional operava no
norte de Angola a UPNA (União das Populações do Norte de Angola).
Criada em 1954, esta organização acabou por ser anotada como um
movimento racista e tribalista. Por isso, visando exprimir o abandono
desta visão associada aos interesses bakongo, a UPNA refundou-se
passando, desde 1958, a chamar-se UPA (União das Populações de
Angola). Evoluiu para FNLA (Frente Nacional de Libertação de
Angola), em Março de 1962, organizada pelos imigrantes angolanos
formados nas missões Batistas em Leopoldville (atual kinshasa), no
campo sobre dominação belga, nomeadamente, José Eduardo Pinock e
Holden Roberto primeiro presidente.
Enquanto organização nacionalista anticomunista, a UPA-FNLA
recebeu apoio financeiro, político e militar dos Estados Unidos, do Zaire
e de vários estados africanos moderados (não comprometidos nem com
os capitalistas e nem com os socialistas).
A fundação da UPA constituiu, em si, uma expressão de
contradição no seio do nacionalismo angolano, dado que apresentou o
falhanço das tentativas de negociação encetadas entre os seus dirigentes
e os do MPLA. Se ambos tivessem chegado a acordo, a fusão daqueles
dois movimentos originaria uma força mais significativa na luta contra o
colonialismo português. A divergência entre os dois movimentos
evidenciam-se também no campo de batalha: a insurreição de Março
apesar de ter sido bem preparada, manifestou alguma imprudência, pois
antes que o MPLA o fizesse, a UPA terá posto em prática o plano de ataque
numa altura inapropriada.
Já durante os ataques de Março, a inexistência de planos
amadurecidos e o insuficiente apoio de outras partes do país que não
estavam verdadeiramente preparadas para revolta terão levado a UPA
agir sozinha, tomando a dianteira dos ataques a todos aqueles que
estavam do lado dos portugueses, como foram os vários Ambundu e
Ovimbundu, os mestiços, os assimilados e os brancos.
Entre os distintos movimentos anticoloniais, o MPLA (Movimento
Popular de Libertação de Angola) resultara da aglomeração das várias
tendências ideológicas de uma elite formada (nas escolas portuguesas,
católicas e metodistas) e constituída o destintos membros como Mário
Segredo
Prof.
Pinto de Andrade (primeiro presidente), Viriato da Cruz e Lúcio Lara. Ou
seja, a fusão da PLUA (Partido da Luta Unida dos Africanos de
Angola) com vários outros movimentos clandestinos resultara, em
Dezembro de 1956, o MPLA fundado no exílio em Conacri, por aqueles
distintos membros.
Antes da luta de libertação nacional, o MPLA erradica apenas em
Luanda e só mais tarde surgiu em outras regiões Ambundu. Desde a sua
criação que se aventavam questões raciais, pois durante muitos anos o
MPLA se constituíra apenas, com extensão de Daniel Chipenda, por
membros de origem Ambundu. E apenas a partir de 1974 começou a
permitir, na sua organização, a inclusão de brancos que se identificassem
com a vontade do MPLA no tangente à luta dos negros contra os brancos
colonialistas para o alcance da independência.
Os seus quadros eram universitários mestiços e negros
assimilados que se formaram nas universidades europeias. Ou seja, os
dirigentes do MPLA eram, na sua maioria, oriundos dos meios urbanos
habitados pela pequena burguesia angolana. Devido ao seu
posicionamento anti-imperialista, o MPLA beneficiara do apoio
diplomático e Militar da URSS (União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas) e de vários outros países socialistas como a Cuba e países
africanos progressistas.
Já a UNITA (União Nacional para a Independência Total de
Angola) surgiu como um terceiro movimento nacionalista para lutar
contra o colonialismo português cujo modus de acção (ataque de
guerrilha) se fazia sentir no Centro Leste e Sul do país a sua. A sua
fundação ocorrera em Março de 1966 , na região de Muangai (Moxico), e
o seu líder fundador foi Jonas Savimbi.
Os seus membros (José Liahuca, Jerónimo Wanga, Jorge
Valentim entre outros) foram formados pelas missões protestantes por
via de bolsas de estudos da CIEAC (Conselho de Igrejas Evangélicas do
Centro de Angola), alguns deles na condição de dirigente da igreja.
Desde a sua fundação que se colocavam interrogações sobre o seu
real papel no quadro da luta anticolonial. Durante a mesma, a UNITA
lançava ataques contra vários postos militares portugueses. Mas os seus
ataques incomodavam mais os movimentos rivais do que o exército
português. As dificuldades em o derrotar, encontradas pelos guerreiros
do MPLA, justificaram a interrogação sobre se a UNITA teria ou não
recebido o apoio do exército português para aniquilar o MPLA e a FNLA.
Na verdade, embora menores se comparados com os apoios
recebidos pelo MPLA e a FNLA, desde que a luta teve início tudo o que a
Segredo
Prof.
UNITA recebera foi um despretensioso apoio financeiro e militar da China
Popular e da Zâmbia e um pouco do depois da África do Sul, que
formaram os primeiros militares que se instalaram no interior do
território nacional.
Jonas Savimbi defendia que apenas os angolanos em Angola eram
capazes de se libertar do domínio estrangeiro. Para tal, tinham de se unir.
Apesar de ser repto à luta nacional e democrática, a UNITA também
nunca deixou de parte as suas diferenças para com os outros dois
movimentos, como aliás acontecia com o MPLA e a FNLA.
De facto, no desenrolar da luta de libertação, ao invés de
buscarem a união e juntarem forças no combate ao colonialismo
português, os movimentos anticoloniais procederam de forma contrária.
A FNLA e o MPLA combatiam um contra o outro, combatiam
individualmente contra o colonialismo português e ainda contra o UNITA.
E está fazia o mesmo contra os outros movimentos.
Tudo isso evidenciou uma ausência de concentração entre os
movimentos de revolução nacional e das contradições e divisões geradas
no seio do nacionalismo angolano. Inevitavelmente, tais dificuldades
viriam a contribuir para o retardar da independência do país.
Como responderia?
1. Identifica os principais movimentos de libertação nacional e
seus respectivos líderes.
2. Fale sobre as divisões surgidas no seio do nacionalismo
angolano.
3. Reflita sobre as consequências de tais divisões.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
• Avaliar a reação portuguesa no combate contra a luta de
libertação nas colónias.
Segredo
Prof.
Em Moçambique, a luta de libertação nacional opôs as forças
guerrilheiras da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)
contra as forças armadas portuguesas desde Setembro de 1964, aquando
do ataque ao posto administrativo de Chai.
Também em Moçambique apenas surgiu um movimento
anticolonial a quem o governo português reconhecia o direito de negociar
em nome do povo moçambicano. A bárbara actuação portuguesa
culminou com assassinato de Eduardo Mondlane, em Fevereiro de 1969,
mas não esmoreceu os moçambicanos, e a guerra continuou. A nova
liderança da FRELIMO, Samora Machel e Marcelino dos Santos assumiu
o desafio de continuar a luta até à conquista do objectivo final. E como
resultado dos acordos de Lusaka, entre Portugal e Moçambique, a
FRELIMO declarou a independência do país africano a 25 de Junho de
1975.
Em São Tomé, depois de centenas de agricultores serem
assassinados pelas forças portuguesas que queriam restabelecer a sua
autoridade naquela colónia, a independência foi obtida no dia 14 de
Julho de 1975. Uns dias antes, a 5 de Julho de 1975, Cabo Verde
também conseguiu recuperar a sua independência.
O desgaste do regime ao longo da guerra colonial e as pressões
externas da ONU e das potências ocidentais, que criticavam duramente
as políticas coloniais portuguesas em África, forçaram Portugal a
implementar as reformas e a proceder a algumas concessões para
suprimir as revoltas. Sobre tais reformas falaremos adiante.42
Como responderia?
1. Caracteriza as lutas de libertação nas restantes colónias
portuguesas.
2. Particulariza a guerra na Guiné-Bissau.
Segredo
Prof.
3. Avalia a reação portuguesa no combate contra a luta de
libertação nas colónias.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
exigências dos nacionalistas e exaltar a ideia do luso-tropicalismo e da
portugalidade.
Como responderia?
1. Caracteriza a reação portuguesa faça à guerra de libertação
nas colónias.
2. Enumera os novos métodos de dominação colonial.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
membros da igreja, estes últimos acusados de incitarem as diversas
revoltas através das missões cristãs organizadas. Alguns padres
acabaram desterrados em Portugal, como o Cônego Manuel das Neves; os
metodistas foram acusados de colaborarem com os revoltosos, e por isso,
vários missionários, pastores e professores africanos que estavam nos
Dembos desapareceram, foram presos ou mortos.
Partindo do Norte, de onde as populações locais tiveram de fugir
em direção ao antigo Zaire (Leopoldville/Congo) à procura de abrigo, a
repressão seguiu para as regiões Centro, Sul e Leste de Angola. Aqui, os
ataques portugueses visavam neutralizar as incursões do MPLA e da
FNLA, assim como as acções de um terceiro movimento nacionalista
angolano a União Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA), fundado por Jonas Malheiro Savimbi, em Março de 1966, na
região de Muangai, (Moxico). Este movimento negava o pressuposto
ideológico como factor determinante na luta de libertação nacional, mas
defendia a união como uma ideia fundamental para que os angolanos
conseguissem combater o regime colonial português.
Como responderia?
1. Avalia a acção portuguesa contra a luta de libertação nacional
em Angola.
2. Descreve os momentos da guerra colonial em Angola.
3. Salienta as acções repressivas dos portugueses.
Segredo
Prof.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
período em que ocorreram as reformas (1961/1962), um crescimento
acelerado, nomeadamente a expansão do ensino elementar para os
africanos.
As reformas sociais (cidadania e educação) e económicas
(condições de trabalho), ainda assim, não representaram mudanças
significativas na vida dos africanos. Aliás, o objectivo do governo
português era apenas reforçar a sua autoridade nas colónias, eliminar o
ódio racial ou os sentimentos existentes, conquistar a lealdade do negro
africano e proteger-se das pressões internacionais que apelavam ao fim
da colonização.
Como tal, as suas intervenções sustentaram-se na teoria
ideológica do “luso-tropicalismo”, segundo a qual os africanos seriam
integrados no espaço metropolitano e, teoricamente, considerados
cidadãos portugueses e livres de quaisquer tipos de discriminação.
Esta situação nunca aconteceu e os africanos continuaram a ser
alvos da discriminação (racial, social, educacional, salarial) dos
portugueses e não podiam, por exemplo, acender aos lugares cimeiros da
administração colonial.
Como responderia?
1. Justifica as transformações socioeconómicas feitas pelo
governo português na colónia.
2. Avalia os resultados dessas transformações.
3. Analisa criticamente a ideologia do lusotropicalismo.
Segredo
Prof.
5.4. A transição para a independência.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
aliaram-se e proclamaram a independência numa província do centro do
país. O resultado foi o desencadear de um conflito no país.43
Como responderia?
1. Fale do impacto do 25 de Abril de 1974 em Angola.
2. Explica o processo de independência vivido na colónia.
Objectivos específicos:
Segredo
Prof.
De facto, a luta armada que ocorria em Angola, e nas restantes
colónias portuguesas africanas, agravara a crítica social e inflamara os
ânimos militares em Lisboa. E, em 1973, surgiram movimentos
contestatários e de reivindicações corporativistas particularmente entre os
contingentes que operavam em Angola.
Entretanto, em Portugal, foi criado o movimento de capitais, que
em Fevereiro de 1974 adquiriu o nome de MFA (Movimento das Forças
Armadas), que encontraria caminhos para o fim das guerras coloniais,
conflitos responsáveis pela diminuição do prestígio das Forças Armadas,
pela vulgarização do regime político e pelo empobrecimento económico da
metrópole.
Ao mesmo tempo, a oposição dos Estados Unidos, que pretendiam
afastar um aliado desgastado internacionalmente, a teimosia de Américo
Tomás e Marcelo Caetano (substituto de Salazar como Presidente do
Conselho), permanentes defensores da guerra colonial, foram factores
que contribuíram para o eclodir da Revolução de 25 de Abril de 1974.
Também conhecida como “Revolução dos Cravos”, esta
revolução popular e pacífica, liderada pelos militares, derrubou a
ditadura imposta pelo Estado Novo desde 1933. Por consequência, foi
implantada a democracia, neste caso com raízes socialistas.
Em Portugal, formou-se um novo governo de quem se esperaram
novos posicionamentos em relação às colónias, nomeadamente o fim da
guerra e a negociação para independência.
Como responderia?
1. Indica as razões da revolução do 25 de Abril de 1974 em
Portugal.
2. Enumera as razões da queda da ditadura salazarista.
3. Avalia o impacto do fim do regime ditatorial português.
Segredo
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Objectivos específicos:
Segredo
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Sobre a presidência de Jomo Kenyatta, Presidente do Quênia,
organizou-se em Mombassa, em Janeiro de 1975, uma reunião entre os
dirigentes dos três movimentos anticoloniais angolanos. Holden Roberto
(FNLA), Agostinho Neto (MPLA) e Jonas Savimbi (UNITA). Buscava-se um
consenso para as linhas orientadoras das negociações que se realizariam
com o governo português e que visavam acordar a independência de
Angola. Os três líderes acordaram, assim, que deixariam correr o período
de transição até à independência e, posteriormente, exerceriam o poder
de forma partilhada.
Posteriormente, entre 10 e 15 de Janeiro de 1975, realizou-se a
Cimeira de Alvor entre o colonizador e os movimentos anticoloniais
(FNLA, MPLA, UNITA). Neste encontro, Portugal reconheceu os três
movimentos como legais e únicos representantes do povo angolano. Ao
mesmo tempo, legitimou o direito a independência de Angola (marcada
para 11 de Novembro), a Constituição de um governo de transição a partir
de 31 de Janeiro de 1975, a formação de um exército nacional (que
incluiria militares portugueses), a organização pelo governo de transição
no prazo máximo de 9 meses, das eleições para a formação de uma
Assembleia Constituinte apenas com a participação dos movimentos
representados em Alvor.
No entanto, os desentendimentos de longa data entre os
movimentos de libertação nacional angolanos condicionaram a
salvaguarda do interesse nacional e conduziram os acordos de Alvor ao
fracasso, de tal forma que não foi possível evitar a guerra civil.
Como responderia?
1. Descreve o processo de transição para a independência em
Angola.
2. Destaca os acordos de Mombassa.
3. Indica as razões do fracasso dos acordos de Alvor.
Objectivos específicos:
Segredo
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• Analisar criticamente os desentendimentos entre os três
movimentos anticoloniais.
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Dominado pela crise política interna e sem forças para suportar a
situação, Portugal retirou suas tropas de Angola. Oficialmente, os últimos
integrantes do exército português abandonaram o país africano a 10 de
Novembro de 1975, no dia em que foi a arreada a bandeira portuguesa.
Era a oportunidade ideal para que os angolanos pudessem, a
partir de então, assumir a gestão da sua soberania e traçar novos rumos
para o país. Já no dia 11 de Novembro, o presidente do MPLA, Agostinho
Neto, gozando do domínio exclusivo sobre Luanda, local onde estavam
centradas as atenções internacionais, declarou unilateralmente a
independência nacional e o nascimento de um Estado soberano, a
República Popular de Angola, com a capital estabelecida em Luanda.
A par desta declaração de independência, a Coligação FNLA-
UNITA, com Holden Roberto e Jonas Savimbi na dianteira, proclamou a
independência da República Popular e Democrática de Angola, em Nova
Lisboa (Huambo). Contudo, tal proclamação nunca chegou a ser
reconhecida pela Comunidade Internacional.
Portugal, vendo frustradas as suas aspirações na obtenção de um
entendimento entre os três movimentos anticoloniais, não reconheceu a
independência da República Popular de Angola. Ao mesmo tempo, a
disputa entre o MPLA, a UNITA e a FNLA pelos recursos naturais
(petróleo, diamantes, café) do país e pelos apoios financeiros e materiais
das potências estrangeiras (URSS e Cuba ao MPLA, África do Sul e China
à FNLA) agudizaram as tensões e a luta pelo controle do país,
conduzindo-o a um longo período de guerra civil.
Como responderia?
1. Identificar as razões da guerra surgida em Angola.
2. Analisar criticamente os desentendimentos entre os três
movimentos anticoloniais.
DADOS CRONOLÓGICOS
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APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS
1. Explica o impacto da Revolução de 25 de Abril de 1974 na colónia de
Angola.
2. Justifica o fracasso das tentativas de entendimento entre os três
movimentos nacionalistas angolanos.
3. Classifique as decisões tomadas nos acordos de Alvor.
4. Analisa criticamente o apoio concedido pelas potências estrangeiras a
cada um dos movimentos nacionalistas.
5. Num texto de 25 linhas fale sobre a coragem dos nacionalistas que
lutaram pela independência do seu país durante a guerra colonial.
Actividades Complementares.
1. Defina descolonização.
2. Identifique as causas do tardio processo de descolonização nas
colónias portuguesas relativamente aos restantes territórios africanos
sob dominação europeia.
3. Lê o livro de Lawrence Henderson, A Igreja em Angola, e encontra as
referências sobre a participação da igreja na luta de libertação
nacional de angola.
4. Lê o livro de Jean Martial Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA
e o MPLA (1961-1975), e identifica as origens dos desentendimentos
entre os movimentos nacionalistas angolanos.
5. Elabora um quadro cronológico dos acontecimentos mais marcantes
sucedidos na colónia de Angola durante a guerra de libertação
nacional.
6. Apresenta o principal objectivo da teoria do luso-tropicalismo.
Segredo
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a) _______________ foi um ano determinante para a história
contemporânea de Angola, naquele ano sucederam-se os
acontecimentos que constituíram o início efectivo da
________________________ nacional para a _________________.
Segredo
Prof.
“Nakuru (1975) representou a última esperança de acordo de paz entre
movimentos nacionalistas angolanos. Os objectivos da reunião da qual
participaram Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi eram de pôr fim
as divergências entre dirigentes angolanos, especialmente entre Agostinho Neto
e Holden Roberto, e de concluir rapidamente um novo acordo definitivo,
permitindo evitar novos confrontos armados entre combatentes da FNLA e do
MPLA. O verão sangrento depois dos acordos de Nakuru, nos confrontos entre
FNLA e MPLA (Julho de 1975), exprimiram como na realidade a cimeira de
Nakuru de nada servira”.
Jean Martial Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA e o MPLA (1961-1975),
Mayamba, 2010.
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Segredo
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• https://youtu.be/v_ARxdSbvgg; https://youtu.be/9qqP3mXTZbU
• https://novojornal.co.ao/politica/interior/quatro-de-fevereiro-
roupa-e-catanas-foram-financiadas-por-ernesto-lara-filho-5787.html.
• https://www.revistamilitar.pt/artigo/906
Segredo
Prof.
O Autor
Domingos Segredo Manuel “Segredo”
nasceu em Luanda, Ingombota, a 27 de
Agosto de 1985. Concluiu em 2002 o Ensino
de Base na Escola Cuba Ngola do Cazenga.
É Técnico Médio, desde 2007, em
Geografia História pelo Instituto Médio
Normal de Educação – António Jacinto e
Licenciado em ensino da História pelo
Instituto Superior de Ciências da
Educação/ISCED-Luanda.
Sua principal área de estudo é História de Angola. Autor de vários
artigos e comunicativas publicados na internet, Coordenou diversos
projectos particulares. Pesquisador audaz e caçador de saber, segredo é
Autodidacta em Língua Portuguesa (disciplina que leccionou vários anos)
e se distingue também pela imaginação inspirada e carácter idealista com
pseudónimo de “Sofrido das Chagas”, cujas obras ainda congelam.
Actualmente Segredo lecciona, com muita paixão, a disciplina de
História do Segundo Ciclo do Ensino Secundário, no Colégio Júlio Verne.