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A crise dos anos 30


Licenciatura em Ensino de História com Habilitações em Documentação

Universidade Rovuma
Extensão de Cabo Delgado
2023
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A crise dos anos 30 (Dependência e depressão, 1930-1938)

Trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no departamento de
Letras e Ciências Sociais, na cadeira
de HÁ III, leccionado pelo: Msc.
Mouzinho M.L. Manhalo

Universidade Rovuma

Extensão de cabo delgado

2023
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Índice
Introdução...................................................................................................................................4
1. A crise dos anos 30.................................................................................................................5
1.1. Contextualização..................................................................................................................5
1.2. Dependência e depressão (1930-1938)................................................................................5
1.3. Produção..............................................................................................................................6
2. Penúria de alimentos, fomes e epidemias...............................................................................8
3. A reacção dos africanos perante a crise..................................................................................9
4. A Dependência dos Africanos e a superação........................................................................10
Conclusão..................................................................................................................................13
Referência bibliográfica............................................................................................................14
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Introdução

A Grande Depressão, um marco económico e social que assolou a primeira metade do


século XX, teve um impacto global profundo e duradouro. Originada nos Estados Unidos em
1929, essa crise económica afectou inúmeros países, abrangendo diferentes continentes e
culminando em consequências históricas significativas. Desde o século XIX, as crises cíclicas
da economia mundial fizeram diminuir o crescimento da África e impuseram sacrifícios aos
africanos já englobados pelo sistema de relações monetárias. Em 1930, portanto, somente a
gravidade das dificuldades que o continente experimentou ao receber o contragolpe da crise é
que era nova. O presente tema em pesquisa, pretende abordar os aspectos que levaram a
depressão no período acima ilustrado, perceber aqueles que foram, os motivos que levaram
com que o continente africano dependesse dos europeus, e não obstante qual foi o papel que a
primeira guerra mundial despenhou principalmente nas colónias francesas em África. O
objectivo geral deste trabalho ć de analisar os impactos da Grande Depressão na África,
oferecendo um olhar detalhado sobre as implicações económicas, sociais e políticas que esse
período de turbulência gerou no continente africano.

Objectivos Específicos:

1. Investigar como a queda drástica dos preços das commodities e a diminuição do


comércio global afectaram as economias africanas, com foco nas consequências imediatas
sobre o comércio e o desenvolvimento económico.

2. Examinar os efeitos sociais e políticos da Grande Depressão, incluindo os desafios


do desemprego, pobreza e instabilidade política que surgiram no período, e como essas
dinâmicas moldaram o contexto histórico da África colonial.

Metodologia

No que concerne aos aspectos metodológicos usados para elaboração deste trabalho
caracterizou-se pesquisa bibliográfica. Quanto a estrutura o trabalho conta com elementos
pré-textuais, e por fim encontramos os elementos pós-textuais. E no final do trabalho estão
referenciados todos os autores citados ao longo da pesquisa
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1. A crise dos anos 30

1.1. Contextualização

A compreensão da Grande Depressão na África requer uma análise contextualizada,


considerando o legado histórico do colonialismo e suas implicações socioeconómicas.
Segundo CHIBBER (2003), o processo de colonização exerceu uma influência marcante na
economia dos países africanos, impondo um modelo de exploração que repercutiu fortemente
em sua estrutura económica. Durante a colonização, a África foi inserida no sistema global de
economia, fornecendo matérias-primas e recursos essenciais para o crescimento das potências
colonizadoras.

Essa integração económica, no entanto, gerou uma vulnerabilidade a choques


externos, como a Grande Depressão iniciada em **1929**. De acordo com HOPKINS
(1973), a economia da África Ocidental, por exemplo, tornou-se altamente dependente da
exportação de commodities, deixando-a susceptível às flutuações de preços no mercado
internacional. A brusca queda nos preços das matérias-primas durante a Grande Depressão
desencadeou uma crise económica profunda em muitos países africanos.

Além disso, as relações coloniais estabelecidas impactaram profundamente as


estruturas sociais e políticas. RODNEY (1972), argumenta que o processo de colonização
europeia resultou em uma exploração económica extensiva e sistemática da África, minando
as estruturas sociais pré-coloniais e enfraquecendo as economias locais. A exploração
descontrolada dos recursos naturais, o deslocamento de populações e a imposição de sistemas
de produção estrangeiros prejudicaram a coesão social e o desenvolvimento económico
sustentável.

Dessa forma, a Grande Depressão se tornou um momento crucial, agravando as


desigualdades e a dependência económica já enraizadas no período colonial. Os impactos
económicos, sociais e políticos da Grande Depressão na África estão profundamente
interligados com o contexto histórico do colonialismo, delineando um cenário complexo e
multifacetado que influenciou o curso da história africana na busca pela autodeterminação
económica e política.
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1.2. Dependência e depressão (1930-1938)

Segundo BOAHEN (2010, p.393), o continente africano conheceu um período não


muito bom entre os anos 1930-1938. Neste período a situação dos africanos tornou-se tão
trágica quanto a do início do dos tempos. Foi através dos sectores capitalistas mais avançados
(minas, plantações e zonas de cultura de produtos básicos comercializáveis) que a Depressão
chegou à África. No entanto, alcançou todas as ramificações secundárias e terciárias,
mergulhando em dificuldades os africanos que vendiam alimentos aos trabalhadores e
também outros cultivadores, bem como os pastores, que julgavam contrário aos seus
interesses vender o gado pelos preços em vigor. Todos os comerciantes africanos foram
atingidos, ainda que só vendessem produtos locais, como a cola.

1.3. Produção

Numa altura que vivia se o término da primeira guerra mundial, o mundo passou a
concentrar as forcas na produção agrícola ao invés do daquilo que se registou nos anos 1914,
onde as nações estiveram concentradas na produção de materiais bélicos para o combate.

O facto é que o “esforço de guerra” foi particularmente severo na África de língua


francesa. Em 1915 foi aí lançado um programa de “intensificação da produção”, que atingiu o
ponto máximo em 1916-1917. (BOAHEN, 2010 apud COQUERY-VIDROVITCH, 1972, p.
492).

Nessa altura, foram organizados campos para os ditos produtos estratégicos como por
exemplo borracha, oleaginosas, madeira e entre outros. Nessa altura, o governo francês ter-se-
á garantido provisoriamente a venda desses produtos, requisitando 140 mil toneladas de
oleaginosas em 1918 e quase 3 milhões de toneladas em 1919. Assim, não obstante, Michel,
1982 faz a seguinte abordagem:

[…] De modo geral, no entanto, a guerra demonstrou a necessidade de


organizar a produção (foi esse o papel atribuído à Conferência Económica
Colonial de 1917) e serviu para lançar as primeiras empresas especulativas
em grande escala – algodão em Oubangui-Chari (actual República Centro-
Africana), madeira no Gabão e na Costa do Marfim – no início dos anos de
1920, após a violenta mas breve crise de 1921-1922. Pg.423

Foi devido a razões opostas que a crise de 1930, a qual provocou o colapso
dos preços, conduziu a uma redefinição dos objectivos e das técnicas de produção,
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pelo menos naqueles territórios submetidos à autoridade francesa, cuja economia mantinha-se
até então como économie de traite..

Não se tratava de uma crise de superprodução. O baixíssimo nível dos rendimentos


fazia com que os produtos em questão representassem apenas uma proporção mínima do
comércio internacional (por exemplo, as exportações de amendoim do Senegal compunham
50% da receita da África Ocidental Francesa, mas representavam somente 5% da produção
mundial), e as medidas de protecção tomadas pelas autoridades coloniais permitiram rápida
recuperação, graças a uma política (embora limitada) de subvenções. Essas medidas incluíam
bónus à exportação na África Ocidental Francesa, pagas às companhias expatriadas para
compensar a queda dos preços, e a subscrição da dívida nacional na África Equatorial
Francesa, então à beira da bancarrota devido ao deficit da receita aduaneira.

No entanto, para a massa dos pequenos camponeses pobres, a situação agravou-se:


tiveram de esgotar suas magras reservas, hipotecar terras e tornar-se rendeiros pelo sistema
dos “dois-terços” ou pelo dos “três-quartos” (o abusa das plantações de cacau da Costa do
Marfim). Não era mais necessário forçar os africanos a trabalhar mediante leis estritas e
obrigatórias. A partir de 1931, a falta de dinheiro (a cujo uso já não se podia fugir) tornou-se
aguda e cada vez tornava-se mais difícil voltar ao modo de subsistência tradicional, fundado
na lavoura de alimentos, que não mais garantia a sobrevivência. Estritamente falando, os
africanos já não tinham opção (Cf. COQUERY, p. 539),

De acordo com BOAHEN (2010, p.395), a divisão internacional do trabalho


aprofundou de modo permanente o fosso entre a produção e o consumo nas colónias. O
grosso da produção da crescente economia monetária jamais foi destinado a satisfazer a
demanda e o consumo locais. Em contrapartida, os diversos artigos vendidos no comércio
varejista eram, na sua maior parte, de origem estrangeira. O artesanato local sofria bastante
com a concorrência e as intervenções europeias, como aliás já ocorria no período pré-colonial.
Este autor salienta ainda:

Na década de 1920, quando a economia colonial já estava firmemente


estabelecida, os africanos produziam bens que não consumiam e consumiam
produtos que não produziam. De facto, a demanda interna não favorecia o
desenvolvimento dos recursos da África. Há, ainda, outra consequência
nefasta: os colonizadores devastaram parte dos recursos e negligenciaram
outros, porque avaliavam sua utilidade relativamente à Europa e não ao
continente africano (BOAHEN, 2010, p.395).
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Nenhum dos grandes agregados económicos, como poupança, investimentos, preços,


rendas e produção, estava voltado para necessidades domésticas. Essas considerações
estruturais é que levaram economistas e historiadores africanos, em trabalhos recentes, a
contestar as antigas definições de desenvolvimento colonial e a declarar que, ao contrário, o
colonialismo não trouxera no plano económico senão dependência, desequilíbrio e
subdesenvolvimento (RODNEY, 1972 citado por BOAHEN, 2010, p.395).

2. Penúria de alimentos, fomes e epidemias

Este período caracteriza-se principalmente pela falta de produtos alimentares. Desta


feita, COQUERY-VIDROVITCH sublinhou:

A economia de guerra dos anos 1915-1918 acarretou uma série de graves


implicações. A medida mais nociva foi a requisição de alimentos para a
metrópole, no instante mesmo em que as tropas (10 mil homens somente na
África Equatorial Francesa, mas algo acima de 160 mil na África Ocidental
Francesa) exauriam os campos. No Gabão, somente um quarto da produção
obrigatória foi deixada para consumo local. No Médio Congo e em
Oubangui-Chari, até a mandioca foi exportada: 210 toneladas em 1915, 157
em 191. 1972, p.492.

Na África Ocidental Francesa, como consequência da decisão de exportar produtos


básicos, a administração esvaziou as reserva, que já se encontravam desfalcados devido a dois
anos seguidos de semiestiagem (1911-1912) e a um ano de aridez total (1913). A seca assolou
toda a zona sudanesa, desde o Senegal até Uadai e o Chade. Das carências periódicas de
alimentos passou-se à fome devastadora, que fez com certeza de 250 a 400 mil vítimas42,
apenas aliviada com 4 mil toneladas de cereais que o Sudão francês (actual Mali) não tivera
nem meios nem tempo de expedir para a França (COSNIER, 1921, p. 253 criado por
BOAHEN, 2010).

Enfraquecidas, as populações foram assoladas por epidemias, com a recrudescência da


varíola e, sobretudo, a disseminação da gripe espanhola proveniente da Europa, que talvez
tenha feito desaparecer um décimo da população da África Equatorial Francesa. Embora nem
sempre acusando resultados tão desastrosos, o problema da escassez de alimentos provocado
pelo sistema colonial foi constante no período. Vamos, por exemplo, encontrá-lo em Ruanda,
“celeiro” do Congo Belga, depois de uma nova seca, em 1928-1929.

No conjunto, não obstante, a catástrofe foi menor As fomes foram contidas graças ao
progresso dos meios de transporte, e as epidemias, controladas pelas primeiras campanhas
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sanitárias. Mesmo assim, a queda dos preços e a falta de empregos foram cruelmente sentidas
em toda parte: “Foi no preço pago ao produtor que o declínio mais se fez sentir. O poder
aquisitivo da população autóctone decaiu em maior proporção do que nas crises anteriores

3. A reacção dos africanos perante a crise

No meio de tantas dificuldades o povo africano não podia ficar de braços cruzados
perante essa crise, foi que no entanto, manifestam diversas acções contra as potências
imperialistas, assim segundo BOAHEN (2010, p.397) defende:

A reacção dos africanos à crise foi combater as soluções apresentadas pelos


europeus. Contra a redução de salários, os trabalhadores fizeram greves mais
frequentes e maciças, apesar da falta de sindicatos. Relativamente, poucas páginas
têm sido consagradas à luta espontânea da classe operária africana antes da criação
dos sindicatos […] As empresas estrangeiras estavam dispostas a prosseguir
acumulando, fosse como fosse, enquanto operários e camponeses entregues às suas
safras comerciais procuravam resistir ao empobrecimento e defender os magros
ganhos que tempos melhores lhes haviam propiciado.

Um outro método de defesa utilizado pelos africanos era a fuga à economia monetária.
Os sectores que se havia ricem-integrado nessa economia ou que mal tinham experimentado a
sua influência foram os primeiros a fugir dela. Fenómeno semelhante produzira-se no final da
Primeira Guerra Mundial, obrigando os governos coloniais a restabelecerem a economia
colonial em certas regiões.

Os governos coloniais não concederam mais que um mínimo de assistência aos


africanos que definhavam com a Depressão. Suspenderam a cobrança de impostos e
sustentaram os preços (os franceses fizeram isso com o amendoim). Tentaram moderar a
exploração forçada, exercida pelos intermediários. Eram medidas ditadas pela necessidade.
Nenhuma moeda tinha circulação; a queda dos preços em um país obrigava os camponeses
desesperados a percorrerem longas distâncias para contrabandear sua colheita para outra
região, onde esperavam auferir ínfima vantagem. Quanto aos intermediários, os governos
tinham de impedir que eles se apoderassem dos poucos lucros restantes, destinados à
exportação (BOAHEN, 2010, p.398).

Graças ao trabalho dos africanos e ao pagamento dos impostos, as estradas de ferro


continuaram rentáveis e as receitas fiscais das colónias foram preservadas. No entanto, o pior
para a população africana foi a redução dos serviços sociais, já muito pobres, sobretudo
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medicina e educação, que se tornaram mais caros. Depois de 1934, nos anos de retomada da
economia, salários, preços e diversos serviços oferecidos aos africanos não regressaram ao
nível anterior, enquanto o capital privado obtinha, novamente, lucros bastante elevados.

4. A Dependência dos Africanos e a superação

Segundo BOAHEN, dependência a que os africanos ficaram reduzidos depois da


grande crise mostra a amplitude das mudanças verificadas em sua vida, aproximadamente
cinquenta anos após o advento do colonialismo. Nos primeiros anos, o impacto do
colonialismo pouco se fez sentir; mas introduziu transformações profundas à medida que se
desenvolveu. A economia africana de modo algum foi estudada durante o período colonial, e
nem mesmo durante a fase nacionalista que se lhe seguiu, quando então era maior a
preocupação em estudar a história da África vista pelos próprios africanos (2010, p.398).

O debate sobre a significação da experiência colonial foi inibido, desde que numerosas
mudanças eram económicas, enquanto outras – políticas, raciais e culturais – também tinham
base económica. No período seguinte ao desenvolvimento da economia monetária, a
sociedade africana diferenciou-se e novas classes formaram-se. Embora limitadamente,
constituiu--se um proletariado em diversas regiões do continente, enquanto o número de
camponeses não cessava de crescer por toda parte. O desenvolvimento do campesinato
acarretava, por si, novas diferenciações. Como em todas as comunidades camponesas situadas
na órbita capitalista, surgiram grandes explorações em detrimento dos pequenos agricultores e
dos trabalhadores agrícolas sem terras (Idem)

No decurso dos anos 1920, todas as regiões de culturas comerciais viram surgir
grandes proprietários de terras empregando trabalhadores agrícolas e capazes,
Segundo a ocasião, de introduzir novas técnicas. Assim formou-se uma segunda camada da
população, composta por alguns privilegiados que haviam sido beneficiados com alguma
educação durante os primeiros anos do colonialismo, no momento em que eram ensinadas aos
africanos certas noções indispensáveis à boa marcha da economia colonial. Pode-se notar,
finalmente, que as redes de distribuição estavam entregues, em nível local, a africanos que
dominavam o sector na África ocidental e no norte do continente. Os camponeses que tinham
vencido nas culturas comerciais, os negociantes africanos e a elite culta formavam, em
conjunto, o embrião de uma pequena burguesia. Estavam frequentemente ligados às antigas
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classes possuidoras das regiões semifeudais da África e, por isso, muitas vezes mimados pelos
europeus. Mas o fato capital é que, à parte toda a política colonial, a marcha da economia
favoreceu o progresso dessas camadas da população que económicas e culturalmente
pertenciam ao mundo colonial dependente.

Historiadores suscitam que economia africana de modo algum foi estudada durante o
período colonial, e nem mesmo durante a fase nacionalista que se lhe seguiu, quando então
era maior a preocupação em estudar a história da África vista pelos próprios africanos.

4.1. Causas da Grande Depressão

Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque (1929):

-A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929 é frequentemente


considerada o evento catalisador da Grande Depressão. John Kenneth Galbraith, um influente
economista, escreveu em seu livro "A Grande Crise de 1929" que "a euforia e a especulação
que tinham dominado durante anos no mercado de acções agora deram lugar ao pânico e ao
desespero."

 Superprodução e Crédito Fácil:

Autores como Charles Kindleberger, em "A World in Depression," argumentam que a


superprodução industrial e agrícola, juntamente com a disponibilidade de crédito fácil nos
anos 1920, levou a um excesso de oferta e à queda dos preços. Isso desencadeou uma espiral
de deflação e reduziu os lucros das empresas.

 Políticas Proteccionistas e Tarifas:

- A imposição de políticas proteccionistas e tarifas comerciais, como a Lei Smoot-


Hawley nos Estados Unidos, exacerbou a crise. Barry Eichengreen, autor de "Golden Fetters,"
argumenta que essas políticas reduziram ainda mais o comércio internacional, prejudicando a
recuperação económica global.

4.1.2. Factores que Afectaram a África

Dependência Económica em Recursos Naturais:


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A economia africana era altamente dependente da exportação de matérias-primas,


como minerais e produtos agrícolas. Paul Collier, em "The Bottom Billion," observa que a
queda nos preços dessas commodities teve um impacto severo na África, pois reduziu
drasticamente sua receita de exportação.

Endividamento e Dependência Externa:

Autores como Nguigi wa Thiong'o, em "Decolonising the Mind," apontam que a


dependência da África em relação a empréstimos e investimentos estrangeiros a tornou
vulnerável à crise global. A falta de crédito internacional afectou negativamente a capacidade
dos países africanos de financiar projectos de desenvolvimento.

4.2. Consequências na África

 Desemprego e Pobreza:

A Grande Depressão levou ao desemprego em massa e à pobreza generalizada em


muitas partes da África. As populações rurais, que dependiam da agricultura e da exploração
de recursos naturais, foram particularmente afectadas.

 Movimentos Nacionalistas e de Resistência:

Frantz Fanon, em "Os Condenados da Terra," argumenta que a crise económica e a


desilusão com o colonialismo contribuíram para o surgimento de movimentos de resistência e
nacionalistas na África. A falta de oportunidades económicas aumentou o desejo de
autonomia e independência.

 Transformações Económicas a Longo Prazo:

A Grande Depressão também teve efeitos a longo prazo nas economias africanas.
Alguns países começaram a buscar a diversificação de suas economias e a redução da
dependência de commodities como uma forma de evitar vulnerabilidades semelhantes no
futuro.
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Conclusão

O continente africano conheceu um período bastante turbulento nos anos 30. Onde, os
africanos foram açulados pela crise e como não bastasse, foram de igualmente. A crise em
África foi imposta em duas formas, isto é, a própria crise e a dependência do africano para o
próprio europeu. Foi através dos sectores capitalistas mais avançados (minas, plantações e
zonas de cultura de produtos básicos comercializáveis) que a Depressão chegou à África. No
entanto, alcançou todas as ramificações secundárias e terciárias, mergulhando em dificuldades
os africanos que vendiam alimentos aos trabalhadores e também outros cultivadores, bem
como os pastores, que julgavam contrário aos seus interesses vender o gado pelos preços em
vigor. Nesse contexto, a Grande Depressão na África não deve ser vista como um evento
isolado, mas sim como um momento que intensificou os problemas enraizados do período
colonial. Os desafios económicos, sociais e políticos enfrentados durante essa crise
evidenciaram a necessidade de buscar autodeterminação económica e política. A história da
África, moldada por essas circunstâncias, serve como um lembrete contundente da resiliência
do continente e de sua determinação em forjar um futuro independente e sustentável. É uma
história de superação e busca por justiça, que continua a ecoar no presente e influenciar o
futuro da África.
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Referência bibliográfica

BOAHEN, A. (2010).A Tendências e processos novos na África do século XIX. In: AJAYI, J.
F. A. (Ed.). África do século XIX à década de 1880. 2. ed. rev. Brasília: Unesco,

CHIBBER, V. (2003). Travado no Lugar: Construção do Estado e Industrialização Tardia


na Índia. Princeton University Press.

HOPKINS, A. G. (1973). História Económica da África Ocidental. Longman.

RODNEY, W. (1972). Como a Europa Subdesenvolveu a África. Howard University Press.

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