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Francisco de Rezende Lirio - 00343823

Atividade para a disciplina de História e Relações Étnico-raciais - Turma A - Módulo


Epistemologias de Dentro
Prof. Drª. Fernanda Oliveira da Silva

Respostas:

1) A lei 9.394/96, atualizada pelas leis 10.639/03 e 11.645/08, junto com as demais
normativas do ERER, modificam e modificaram as formas de elaborar o pensamento e construir o
conhecimento na medida em que obrigaram (principalmente) a branquitude até então pouquíssimo
racializada a refletir sobre a suposta democracia racial do país, mostrando através da letra da lei,
sem possibilidade de fuga, o absurdo apagamento histórico que sofreram os povos negro e indígena,
mudança que marcou as últimas décadas e que segue pulsante nas relações interétnicas/raciais e
multiculturais dentro e fora da academia e da sala de aula.

2) Em relação à academia ocidental, percebe-se que os saberes localizados são


concebidos em uma localização distante para, ao longo do tempo, acabar deslocando, permeando,
ou se sobrepondo à ciência étnico-racial tradicional do país. Tal aproximação não é natural, dando-
se somente através da práxis que intenciona uma dialética questionadora acerca do status quo
étnico-racial, como a de antropólogos (e cientistas sociais, historiadories etc.) antirracistas, por
exemplo, bem como de espaços de saber como as Escolas de Samba, a exemplo da Mangueira em
2019 que trouxe à discussão certa unidade multiétnica-racial e classista entre negros, pobres e
indígenas, e da Beija Flor em 2013, que contou uma história do Brasil da perspectiva dessa unidade.
Como outro exemplo há Gení Núnez e seus estudos sobre a branquitude, trazendo a
antropologia da dominação trabalhada por Ochy Curiel e o etnocídio exemplificado por Oyèrónké
Oyewùmí, praticados por uma antropologia colonial que não descreveu, mas inventou etnias
genéricas, etnocídio que se perpetua hoje na tentativa de caracterizar pessoas indígenas como
"descendentes" de indígenas, dificultando a autoidentificação.
Ademais, os estudos do racismo institucional possibilitaram as discussões acerca da Lei
de Cotas, e mais recentemente os trabalhos de Sílvio Almeida trazem à tona o racismo estrutural,
que nos permite perceber que tais instituições são racistas pois a sociedade é racista, sendo também
necessária uma revolução cultural e étnica no país. Que os estudos étnico-raciais possam, portanto,
se nutrir e se aproximar ainda mais dos saberes localizados do corpo, da mente e do espírito,
colocando-se também como possibilidade reparação histórica.
Referências:

ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.

CARNAVAL DA BAMBA. Desfile Mangueira 2019. Youtube. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=F9nRZt86zbc>. Acesso em 26 de jun. 2023.

LESSA, L.; NÚÑEZ, Geni. Luta e pensamento anticolonial: uma entrevista com Geni Núñez.
Epistemologias do Sul, v. 5, p. 38, 2022.

MUNDURUKU, Daniel. Educação indígena do corpo, da mente e do espírito. Revista Múltiplas


Leituras, vol. 2, nº 1, p. 21-29, jan./jun., 2009.

NOVIDADES DO SAMBA. BEIJA-FLOR 2023- DESFILE COMPLETO. Youtube. Disponível


em: <hhttps://www.youtube.com/watch?v=3D6xCOoi8Nw>. Acesso em 26 de jun. 2023.

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