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Copyright 2020 © Mari Mendes

Design da Capa: Matheus e Mari Mendes

Diagramação: Matheus e Mari Mendes

Revisão: Carla Santos

1ª Edição
Brasil, 2020

Reservados todos os direitos. Proibido a reprodução total ou parcial desta


obra, sem a autorização expressa do autor. Lei 9.610, de 19 de fevereiro de
1998, artigo 184. “Violar direitos autorais, pode acarretar pena de 3 (três)
meses a 1 (um) ano ou multa.”

Plágio é crime!

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos


descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
“LIVRO REGISTRADO NA AVCTORIS”
Eu sou Maximus Bizolli, o máximo... me considero perfeito. Tenho
em excesso, dinheiro, mulheres, arrogância, devassidão, loucura e
pilantragem. Mas não se confunda, esse é o outro lado de minha
personalidade, o que aparece geralmente à noite, ou quando confrontado,
minha arrogância não me deixa ouvir ninguém. Às vezes, ela aparece durante
o dia e surto geral. Claro que o eu, centrado, controlado, tenta barrar esse
Max louco, desequilibrado de aparecer, muitas vezes com sucesso, em outras
nem tanto.
Tento, com tudo de mim, ser o CEO que todos querem e admiram, e
confesso, tenho tido êxito. Sou adorado pelas mulheres e admirado pelos
meus concorrentes. Mas mal sabem eles que o Maximus perfeito que adoram
e idolatram, quando deixa o lado obscuro tomar conta, fica com suas
mulheres à noite. Mas no dia seguinte, conversa com todos como se nada
tivesse acontecido. Sou dono de negócios aceitos pela sociedade, mas
também tenho negócios que a sociedade hipócrita condena, mas consome...
Sou bilionário, bonito, desejado e nada modesto. Mas, às vezes, sinto
falta de algo em minha vida. A vida me mostrou de maneira inusitada, o que
eu precisaria para quebrar minha arrogância e orgulho: uma pequena mulher
que mexeria com o meu mundo de uma maneira, que o viraria de cabeça para
baixo e me deixaria sem rumo. Com ela consegui ver que meu mundo era
podre... Um anjo que me mostraria que perfeição é amar e não ter ou ser.
Te convido a conhecer como um homem arrogante como eu teve que
ir ao pó, tomar um banho de humildade, para aprender que a vida é mais do
que dinheiro e mulheres.
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Epílogo
— Max! — Corre para o meu lado e me afasto.
— Está maluca? Como entra assim na frente de um carro em
movimento, sua louca? — Minha vontade é de beijá-la e, ao mesmo tempo,
sacudi-la com força.
— Max, por favor, estou tentando falar com você já tem quase um
mês... desde a última vez que nos vimos e não consigo. — Engraçado, não vi
nenhuma chamada dela ou mensagem.
— Sério? E o que quer tanto falar comigo? — desdenho já entrando
no carro.
— Max... por favor, não se vá! Me deixe te explicar minha reação,
quero também ouvir sua explicação e...
— Quer explicar, me ouvir? — corto-a com asco de sua hipocrisia,
nesse momento a odeio com tudo de mim. Sentimentos conflitantes enchem
meu coração. — Engraçado, quando supliquei para me ouvir, me rechaçou,
humilhou e desprezou, agora quer me ouvir? Sinto muito, minha cara, não
tenho mais nenhum interesse em sua explicação e menos ainda em me
explicar. Você já me condenou e agora estou bem com isso. Quero te pedir
para parar de incomodar Davi e meus seguranças. Me esqueça, e vá viver sua
vida. Não tenho mais interesse nenhum em você ou em uma vida em comum.
Minha vida já está replanejada e você não cabe mais nela. Fui claro?
Ela está estática e treme tanto, que penso que passará mal. Foda-se, se
não estou me sentindo um crápula. Nunca tratei uma mulher assim, mas
também nenhuma me tratou com essa o fez.
A última imagem que tenho dela, é ela caindo de joelhos e cobrindo o
rosto com as mãos. Fecho meus olhos e uma lágrima solitária desliza pelo
meu rosto e se perde em meio a minha barba cerrada. Ponho meus óculos
escuros.
— Senhor? — meu motorista me chama.
— Pede a alguém para vir buscá-la e levá-la para o seu apartamento.
E, por favor, não quero mais falar sobre essa mulher, ela faz parte de meu
passado.
Olho-me no espelho e o que vejo me satisfaz e muito. Passo a
aparência que todo CEO deve ter, educado, elegante, centrado, bem-vestido,
trajando terno Armani, um dos Rolex de minha coleção imensa e um anel de
ouro no dedo mindinho. Cabelos claros bem aparados na nuca e com um
ligeiro topete que gosto de pentear jogando para trás. Meus olhos são azuis
intensos, barba rala e clara já com alguns fios grisalhos, muito bem cuidada e
aparada; faço questão de mantê-la sempre brilhante e bem hidratada, assim
como meus cabelos.
Mas o que enlouquece as mulheres, além de meu dinheiro e pau, é
minha boca. As mulheres ficam alucinadas com o formato ligeiro de bico que
tenho em meus lábios, parece que vivo fazendo essas poses que a mulherada
faz para postar fotos nos stories. Ou mesmo que tenho umas boas doses de
Botox em meus lábios. Claro que meu bico é natural, de nascença, já tive
curiosidade de olhar fotos de quando eu era criança, e o bicão sempre esteve
presente. Se na infância era motivo de bullying, hoje o motivo é outro: ser
cobiçado e muito assediado pelas mulheres. E essa minha boca bicuda já me
rendeu tantas bocetas, que perdi a conta.
Sei que deixo a mulherada louca, quando passo, tenho dinheiro,
beleza, pau grande e a boca que é um chamariz fenomenal. Foda-se!
Tenho espelho em casa e o que vejo me deixa orgulhoso e mais
safado, ainda tem o bônus de ser muito gostoso, elas que dizem, não eu!
Meus sapatos feitos a mão em couro italiano brilham e seu bico fino
dá aquela elegância clássica e ao mesmo tempo despojada. Olho o mundo
com pena do alto de meus dois metros.
As pessoas são tolas, tanto homens quanto mulheres, pouca coisa
compra sua adoração.
Divirto-me com todos, eles são marionetes em minhas mãos. Mas
meu verdadeiro fascínio e diversão são as mulheres. Todas têm um preço,
umas mais e outras menos. Eu avalio e pago. Nunca existiu uma que se negou
a mim, estipulo o preço de acordo com vários critérios. Tenho gostos bem
estranhos, digamos, peculiares. Antes que eu me esqueça de mencionar,
homens também têm seu preço, basta avaliar.
Aos 39 anos levo uma vida dupla, sem remorso. De dia, sou o CEO
dedicado, praticamente invencível, onipotente e desejado pelas mulheres, por
meu desempenho na cama e dinheiro, fama e sucesso. E pelos homens, para
futuras alianças e parcerias.
Esse lado todos desejam, o lado que deixo que conheçam. Mas meu
lado oculto, secreto e sombrio, pertence ao Maximus Bizolli, insano, maníaco
e louco. Ele se manifesta somente à noite, exceto os momentos que a falta de
controle me pega de jeito. Posso contar nos dedos de uma mão as vezes que
meu lado obscuro se manifestou durante o dia.
Sou um CEO muito diferente em todos os sentidos. Não gosto do
tradicional, sair para trabalhar de manhã e voltar à noite. Chegar em um
prédio arranha-céu, todo de vidro, com secretária, cadeira de couro e
trabalhar preso feito um condenado e, em algum momento durante o dia,
comer a secretária. Odeio me sentir preso. Odeio o comum, odeio o
tradicional. Gosto de prender. Tenho meus fetiches...
Dito isso, fica claro que trabalho em casa, cercado por seguranças
altamente treinados e capacitados, porque estou entre os homens mais ricos
do mundo. Herança de meus pais, é claro, mas com muito esforço de minha
parte também em expandir nossos negócios. Temos várias ramificações de
empreendimentos, de casas noturnas à produtora de filmes adultos.
Claro que temos participações em grandes empresas e investimentos
de milhões em Bolsas de Valores.
E gerencio tudo do meu casarão, castelo, como queiram, que é bem
afastado da cidade. Gosto de viver isolado, odeio multidões, odeio pessoas
me cercando e falando merdas. Sou antissocial assumido. Faço todas as
minhas negociações por teleconferências. Quando preciso resolver algo
urgente, que somente eu consigo, eu vou junto com minha escolta. Mas isso é
muito raro. Sou um ermitão assumido com uma estranha compulsão ou
fetiche. Te conto mais à frente.
Tenho cinco seguranças que me seguem igual carrapatos. Isso tudo
depois que tentaram me sequestrar. Quase conseguiram, mas fui salvo por
meu amigo, que sempre está presente. Mas ele pagou um preço alto, levou
um tiro na perna e manca até hoje: Davi Matiello. Devo minha vida a esse
homem. O único amigo que tenho e considero.
Eu comprei um casarão que foi construído no século XVIII, pertenceu
a um carrasco nobre da época. Segundo o corretor – que me contou com uma
palidez mortal –, ele tinha um porão subterrâneo onde torturava mulheres e
seus empregados. Chegou a desmembrar vários e deixar como aviso, em
lugares estratégicos. Era temido e, por onde passava, causava terror. Comprei
essa casa assombrada apesar das histórias macabras.
Tinha em mente o que faria no porão e não seria tão cruel como o
nobre tenebroso, mas confesso que tenho minhas manias e não são santas.
Depois que comprei, contratei vários arquitetos, engenheiros e
designers. Falei exatamente o que queria e voltei para a minha cobertura
quadriplex, em um bairro nobre, em Alambri.
Gastei uma fortuna decorando e criando a ilusão de que era somente
uma gigantesca montanha coberta por vegetação. A obra demorou quase dois
anos para ficar como eu queria. Mas valeu a pena a espera e cada centavo
investido, ficou perfeito.
O casarão exótico ficou entre a vegetação, coberto por heras e plantas
de variados tamanhos e espécies, isso causava um frescor na casa espetacular.
Por fora mato, por dentro luxo.
Sou um colecionador viciado em móveis antigos e decorações
clássicas. Meu prazer é descobrir novos antiquários espalhados pelo mundo e
obter tudo que me conta histórias passadas. Depois de mulheres esse é meu
maior vício.
No interior fiz questão de decorar com todo conforto do século XXI.
A vista daqui é espetacular, de todos os ângulos. O casarão possui dois
andares. Quartos no superior; no térreo, salas imensas, cozinha moderna,
copa com mesa imensa com dezesseis cadeiras, e uma imensa biblioteca. E o
porão, que já mencionei anteriormente.
Todos os móveis são antigos, garimpados em antiquários espalhados
pelo mundo. Cada um conta uma história fantástica. Muitos pertenceram a
grandes figuras da história dos quatro cantos do mundo, em períodos e épocas
diferentes. Sou bem eclético e amante do belo, raro e caro.
Meu orgulho são as poltronas Luís XV originais e meus vários
quadros de Monet. Tenho um salão onde ficam obras de pintores que
atravessaram os séculos com suas obras, nos deixando tão belo legado.
Lembro-me de alguns: Tarsila do Amaral, Pablo Picasso, Pierre Auguste
Renoir, Van Gogh, Candido Portinari, todos belíssimos. Mas Monet e Tarsila
do Amaral me tocam de uma maneira que não consigo explicar. Poderia ficar
horas olhando os quadros desses gênios que deixaram essas obras-primas
eternizadas para nosso deleite.
Gosto de misturar o raro com o popular. Um de meus hobbys
favoritos é adquirir raridades e o outro são mulheres, como já mencionei
anteriormente. Essas últimas idolatro como a uma obra rara de um de meus
artistas favoritos.
Quando você entra no casarão medieval, parece que está entrando em
uma máquina do tempo e sendo transportado para um passado bem distante.
Você procura os cavalos e seus cavaleiros de tão real, que é o ambiente que
mandei construir aqui. É cercado por um imenso fosso e ponte levadiça que
fica entre as árvores escondida, e que é acionada com controle remoto.
Tenho vários empregados que mantêm tudo aqui funcionando com
perfeição. Todos os quartos têm camas dossel com fios de ouro em vários
detalhes de cada cabeceira. O projeto é único para cada quarto. Os baús feitos
a mão com madeiras entalhadas raras, cravejados de pedras preciosas compõe
o estilo medieval. Cortinas de veludo em tonalidades diferentes. Grandes
tapetes felpudos, e lareiras de pedras dão o toque bem medieval. As
tapeçarias na parede, todas importadas da Índia, são belíssimas.
O toque de modernidade nos quartos são os imensos closets,
aparelhos eletrônicos e o banheiro com banheiras imensas e confortáveis,
com acabamentos em ouro. Sei viver e aproveitar o que o dinheiro pode
comprar e vamos conversar, o dinheiro compra tudo. As camas com dossel
pertenceram a rainhas e reis, assim como eu. Penso com soberba e orgulho.
Todos os dormitórios seguem essa linha de luxo e exuberância.
Os janelões são feitos por pedaços de vidro coloridos (vitrais) ou
pinturas de vários estilos sobre o vidro que, geralmente, representam cenas ou
personagens. Gosto dessa combinação de elementos arquitetônicos
característicos do estilo gótico em alguns ambientes. Sou um homem exótico
e soberbo, admito sem remorso algum.
Meu outro lado, o que ninguém do meu meio sabe fica bem
resguardado no subterrâneo do casarão medieval. Lá tem dois imensos, e
gigantes ambientes. Um para colocar o que me reservo no direito de adquirir
depois de pagar o preço que elas merecem. Meu museu, meu segredo, minha
obsessão. Tem centenas de caixas de vidros em gigantescas prateleiras,
contendo meus espólios, gosto de pensar assim, me faz bem.
Cada mulher que fico, escolho um despojo que vou guardar em meu
museu de relíquias. Se meu fetiche for por seios, meu espólio é o sutiã; se for
a boceta, recolho a calcinha; e se for os pés, me aposso das sandálias. No
primeiro olhar, já sei o que vai me deixar com o pau duro, por horas. Essas
partes femininas, me põe de joelhos. Doente? Talvez!
Não é à toa que eu e Davi temos o mesmo terapeuta. Somos ambos
perturbados à nossa maneira. Balanço a cabeça afastando os dias em que que
sou obrigado a ir a minha consulta quinzenal. Antes era toda semana, agora
meu terapeuta me liberou e vou por quinzena. Consigo controlar mais meus
sentimentos. “Mais ou menos”, penso divertido e triste ao mesmo tempo.
Voltando ao meu museu, ele está repleto de despojos conquistados ao
longo dos anos. Gosto de passear aqui quando tenho insônia, ou mesmo
quando me sinto solitário. Aqui tudo é monitorado, somente uma pessoa de
uma firma de extrema confiança é autorizada a entrar aqui para manter limpo
e arejado. Essa pessoa tem um contrato comigo de fidelidade e trabalha para
pessoas que tem os mesmos fetiches que eu ou piores. Eu o vi somente uma
vez, pessoalmente. Claro que o monitoro quando vem para fazer a
manutenção e limpeza.
No outro quarto, tenho todo um aparato para brincar com as mulheres
que trago para cá, quase todo dia, é uma maldita compulsão. Estou me
tratando, senão seriam várias vezes ao dia.
Sou tarado, fascinado, por essas três partes do corpo de uma mulher.
Pés, boceta e seios, vocês já sabem disso, já disse, não é? Viram o tamanho
de minha obsessão?
Tenho verdadeiro fetiche por essas partes e quando as trago para cá,
adoro com tudo de mim. Nunca achei uma mulher que me fizesse adorar as
três partes juntas, sempre tem uma que me atrai e as outras duas não. Claro
que trepo com a mulher, mesmo que outra parte de minha tara não seja
satisfeita. Adoro a parte que me atrai na mulher escolhida até me cansar,
depois trepo duas ou três vezes com a escolhida da noite e, quando me farto,
mando um dos meus seguranças as levarem. São raras as vezes que fico com
uma de cada vez, a maioria das vezes fico com várias durante a noite. Claro
que vão com a carteira cheia, as recompenso bem, pois sou muito generoso,
apesar de exigente. Gosto de sexo duro e a maioria sai daqui trançando as
pernas.
Tenho correntes, que as prendo na cama, vendas para os olhos, penas,
uso somente coisas leves. Não sou um Dom, mas gosto de inventar algumas
coisas de vez em quando na cama, isso apimenta as trepadas.
Nada de humilhação e bater com chicotes, enforcar... somente uns
tapas bem dados nas bundas para deixar minha marca.
A cama com dossel é imensa, cabe mais de seis pessoas com folga.
De vez em quando gosto de promover umas orgias aqui e convido meu
grande amigo Davi, que é tão puto quanto eu. Mas não demonstra; assim
como eu faço, somos ambos discretos.
Quem me vê durante o dia, jamais imagina o demônio devasso que
sou à noite. Sou um puto com P maiúsculo. Rocco[1] não é ninguém perto de
Maximus Bizolli.
As poltronas são bem macias e o sofá imenso, onde trepamos sempre,
é igualmente macio e confortável.
Toda semana vem uma equipe de limpeza aqui e deixa o lugar
impecável, e a cada três meses, mando trocar os forros de todos os sofás e
poltronas. Sou um homem exigente e, se vejo alguma mancha, mando tirarem
no dia seguinte e forrar novamente. Tenho asco a coisas sujas e com cheiro
ruim. E determinadas secreções têm um cheiro asqueroso no dia seguinte.
O frigobar está sempre cheio com variedades de vinho, whisky e
outras bebidas.
Não gosto de sair, meus homens sabem o que gosto e, quando quero,
mando buscarem, penso sempre o seguinte: “não é possível que a mulher que
trazem não terá uma das três partes que me faz ficar de pau duro
instantaneamente. Sei, sou um cara doente e desprezível, estou muito bem
com isso. Mas o que posso fazer se elas cedem tão facilmente? Raramente
saio à caça”.
De vez em quando resolvo sair e procurar eu mesmo, e sempre vou
em uma de minhas casas noturnas. Sempre me abasteço lá, as presas ficam à
espera do predador. Gosto de sexo todos os dias. Adoro! Relaxa e me acalma
e o prazer final é o espólio que cada mulher que trepo, deixa para trás.
Somente de pensar nisso, fico de pau duro.
Hoje tenho uma reunião com a produtora de filmes adultos, claro que
por teleconferência[2] e já estou pronto e descendo a escada para ir ao meu
escritório projetado especialmente para esse fim.
Entro e caminho até minha mesa de madeira Bocote[3]. É uma madeira
bem exótica, devido a sua impecável aparência e elegância também. Marrom
claro com desenhos intrincados em tons mais escuros a tornam única, por isso
a escolhi para fazer minha mesa. Uma cadeira de couro confeccionada
especialmente para o meu tamanho e conforto; sou enorme, quase dois
metros.
A estante com a mesma madeira da mesa forma um ambiente clássico
e requintado, como gosto e aprecio.
Sento-me e já abro a sala de reuniões virtual, todos os participantes já
estão aguardando.
Gosto desse tipo de reunião porque é possível realizar reuniões à
distância sem prejuízos com a experiência ou perdas de informação. Reduz
custos, evita atrasos e ainda aumenta a produtividade. Sem falar no asco que
tenho de estar cercado por muitas pessoas.
Eu aprovei e adotei essa maneira inovadora, pois me satisfaz
plenamente.
Vejo um dos casais principais de nossa produtora. Eles são os mais
requisitados para a produção de filmes adultos. E vejo o diretor também. Eles
agendaram uma reunião comigo, porque os atores querem um aumento
substancial para fazer o próximo filme. Esses mesmos atores, Selma e
Orlando, trabalham nas cenas adultas e ainda trabalham no estúdio fazendo
outros serviços. Orlando e Selma agendam as entrevistas e selecionam as
moças que passam por Davi, meu amigo. Sempre escolhem três de mais de
dez entrevistadas. E isso tem dado certo por anos.
Teve um dia que bebi demais em uma festa e acabei trepando com
Selma, a dividi com seu marido Orlando e Davi. Depois disso, a mulher virou
um demônio em minha vida. A porra me assediava dia e noite. Até o dia que
me cansei e fiz uma reunião com eles, ameacei demitir os dois. Orlando me
disse que não sabia de nada. E me pediu desculpas, prometendo manter sua
mulher na linha. Mas a maldita sempre me olhava com rancor. Foda-se essa
puta!
Depois dessa reunião, a maldita puta me deu paz. Assim pensei...
— Bom dia a todos — cumprimento seco.
— Bom dia, Maximus, é um prazer conversar com você diretamente
— diz o diretor, que não me recordo o nome. Davi que cuida dessa parte.
Como disse, gosto mais de trabalhar oculto nas sombras.
— Obrigado, e qual é o motivo, para estarmos tendo essa reunião? —
pergunto pragmático.
— Bom, a Selma e o Orlando querem um aumento para fazerem as
próximas cenas — responde olhando para os atores, que ainda não se
manifestaram. Ela me olha com desejo explícito, maldita!
— Por que vocês querem um aumento? O que ganham não é o
suficiente? — pergunto frio, pois sei que são um dos casais mais bem pagos
nesse meio. Faço bem a lição de casa.
— Uma produtora nos ofereceu mais e... — A infeliz siliconada
começa a falar e a corto.
— Podem ir. — Sou curto e grosso, não gosto desse tipo de
chantagem.
Vejo que os três se assustam e me regozijo por dentro, como pensei,
estão de complô.
— Não! Viemos para chegar a um acordo — diz finalmente o ator
bombado, marido da vadia.
— Veja bem, vocês são uma das duplas que mais ganham dentro das
dez maiores produtoras no ramo. A minha produtora é uma das que mais
valorizam o trabalho de vocês ou melhor dos atores, e exatamente por isso
estou muito à vontade para negar essa petição. Como disse se oferecerem um
salário maior para vocês, fiquem à vontade para irem, sem nem precisarem
pagar a rescisão do contrato. Vocês trabalham na produtora quando não estão
filmando. Selma, você é a recepcionista e Orlando, você é o cinegrafista.
Vocês têm dois empregos em um. Isso é um bônus, creio eu. Mas entendo se
não estão satisfeitos, era somente isso? — digo pronto para encerrar a
reunião.
— Não... Se não pode dar esse aumento entendemos e vamos
continuar nossa parceria... — o diretor desonesto se pronuncia, olhando para
os atores trapaceiros.
— Não posso não!!! Eu posso! Na verdade, eu não quero dar o
aumento — digo me levantando irado com tanta ousadia desses infelizes.
— Senhor Maximus, ficaremos com prazer trabalhando em sua
produtora, e nos perdoe tomar seu tempo — diz o diretor, agora pálido. O
casal me olha com ódio, mas é tão rápido que penso que foi somente fruto de
minha imaginação.
Sinto um ligeiro arrepio, uma sensação muito ruim de que algo muito
doloroso vai acontecer em um futuro não muito distante e me quebraria de
forma avassaladora. Balanço a cabeça, espantando essa ideia maluca.
— Como queiram, boa tarde. — Levanto-me e saio da sala,
desgostoso com a ousadia desses merdas. Porra, eles são o casal que mais
ganha nesse meio!
Caralho! Desço para tomar um café, vou para a mesa arrumada no
jardim em frente à piscina.
Está tudo como gosto. Tomo meu café com tranquilidade, lendo as
notícias do mundo business.
— Aí está o puto de meu amigo. — Entra um Davi bocudo e sem
limites.
Continuo tomando meu café e lendo, ignorando-o completamente.
Ele chega por trás e dá um tapa em minha cabeça.
— Cadê a língua, ficou perdida dentro de alguma boceta? — pergunta
puxando a cadeira e se sentando ao meu lado. Sorrio de lado.
— Você não tem casa não, seu puto? Chega logo de manhã para me
encher a porra do saco? — Finjo raiva, na verdade amo meu amigo.
— Tenho casa sim, mas não tenho você comigo lá. — Pisca os cílios
com rapidez, fazendo charme. Palhaço!
— Vai se foder, Davi! — Jogo um pedaço de pão nele, que o pega
com a boca e sorri de orelha a orelha.
— Não, obrigado, fodi ontem até cansar, incrível você ter rejeitado
uma boceta, mesmo que partilhada. — Pega um pedaço de queijo e enche a
xícara de café fumegante.
— Ontem não estava com vontade de dividir. Queria todas só para o
meu deleite. Esfolei meu pau com várias mulheres na minha masmorra
erótica. Meu pau não se levanta, nem se minha vida depender disso agora, foi
abusado demais ontem! — digo sorrindo igual lobo. Fecho meus olhos,
relembrando a orgia que fiz ontem. Estava ansioso e, quando fico assim, me
desforro em bocetas aos montes, estava incansável e as mulheres com certeza
estão esfoladas e andando torto. Todas esposas de meus amigos e parceiros
de negociações. Penso sinistro, chifrudos!
Para não ter que procurar outros meios de afugentar essa agitação,
resolvi dar vazão aos meus fetiches. Mandei meus seguranças de confiança
irem aos meus clubes e trazerem algumas esposas de meus parceiros, para a
minha noitada. Sempre encontro várias lá, algumas ficam sempre a espera.
Vadias!
Tomei um banho e desci para a masmorra erótica, onde venho
quando quero foder muitas, ou tenho uma festa regada a orgias e troca de
casais.
Ontem queria somente eu e as mulheres. Meu pau doía pronto para
abater todas. Quando chegaram, foram mais de cinco, nem sei, pedi que
tirassem as roupas e ficassem nuas. Elas são avisadas de meu fetiche e já
vem conscientes.
Tirei minha camisa e fiquei somente de calça e descalço. Mandei que
ficassem uma do lado da outra e passei em revista. Observando, pés, bocetas
e seios com cuidado. Separei as que os pés me deixaram mais, duro. As de
seios que me encheram os olhos e finalmente as bocetas que sacudiram meu
pau.
Feito a seleção, peguei as dos seios perfeitos e fiz a festa neles.
Depois peguei as de pés que me alucinaram, beijei, lambi e me masturbei
com eles; finalmente peguei as bocetas e me refestelei nelas.
Depois disso virou uma orgia total, assim ficamos até o dia
amanhecer e os seguranças as levarem, todas com os bolsos cheios, eu
satisfeito em realizar minhas fantasias e com o espólio da festa que fiz com
elas.
Lembrei-me de que peguei, calcinhas, sutiãs e sandálias e levei para
o museu de minha obsessão. Coloquei os meus objetos de conquistas em
caixas de vidros, juntos com centenas de outras.
Andei, parei e olhei orgulhoso cada peça conquistada, cada uma
simbolizava que eu comi uma mulher diferente, dando vazão a minha tara,
mania ou fetiche. Com queiram...
Ouço a voz de Davi e volto ao presente com um sorriso satisfeito.
— Sem problemas, mano. Somos parças, sempre seremos. Max, me
responda uma coisa aqui. Bateu-me uma dúvida cruel — fala sério.
— Diga. — Sinto o gosto do suco refrescante de laranja com hortelã
descer por minha garganta abaixo e fecho os olhos com prazer.
— Desde que nos conhecemos, e isso tem décadas, sempre dividimos
nossas mulheres, até mesmo as namoradas, certo? Será que algum dia surgirá
alguma em nossas vidas que não dividiremos? — Davi pergunta sério e me
olha fixamente.
Dou uma gargalhada alta e debochada.
— Cara, você só pode estar ficando maluco! Claro que iremos dividir
todas, meu caro, bocetas são todas iguais e serve somente para uma coisa
para nós homens: enfiar o nosso pau. Por que acha que tem boceta especial?
Respondi sua pergunta? Acho melhor ser mais claro, para não ficar nenhuma
dúvida: Eu nunca serei laçado por boceta alguma, mulher alguma. Nasci para
ser de todas, gosto de variedades e não me importo de compartilhar o que é
bom para mim. Portanto, amigo, minhas bocetas são suas, quando e onde
quiser. E espero que as suas sempre sejam minhas — digo sorrindo cheio de
orgulho, com certeza e convicção do que digo.
Davi me olha e solta a pérola:
— Porque um amigo meu, que dividia comigo suas mulheres,
arrumou uma coisinha gostosa, que só de olhar meu pau fica duro. Sugeri a
partilha e apanhei igual um cachorro. O cara surtou e faltou me matar,
precisou da coisinha gostosa, chamada namorada, intervir e pedir para ele
parar. — Me mostra os roxos nos braços e pescoço e um corte na boca.
— Ele te agrediu e bateu por causa de uma boceta? — pergunto
incrédulo.
— Não, ele me bateu por causa da mulher que diz amar — fala
baixinho e com o olhar perdido.
— Besteira, daqui a pouco ele libera, é só você esperar. — A
arrogância me domina, quando afirmo isso.
— Ele já está com ela tem quase um ano e depois que a conheceu não
ficou com nenhuma outra mulher. — Me olha muito sério.
— Esse cara só pode estar louco! Daqui a pouco enjoa. Quem aguenta
comer uma mulher a vida toda? — falo e me arrepio com desgosto, só de
pensar nessa possibilidade.
— Um homem apaixonado, Max, ele aguenta e quer ficar somente
com uma mulher a vida toda — diz enigmático. Olho meu amigo e estranho
suas palavras.
— Bom, de uma coisa eu sei: nunca, jamais quero ser gado. Sou de
todas e a mulher que me faria ser fiel, nasceu morta ou foi abortada! —
zombo com empáfia.
Mudamos de assunto, terminamos nosso café e vamos trabalhar em
meu escritório. Somos sócios em muitos empreendimentos.
Abro meus olhos e vejo que o dia está clareando e hoje estou muito
ansiosa. Afinal consegui arrumar o trabalho que estava batalhando há meses:
dar aulas de inglês on-line.
A parte da manhã já tenho meus alunos fixos. Trabalho em casa.
Optei por trabalhar assim, sempre vi meus pais saírem de madrugada para
trabalharem e chegarem tarde em casa e me lembro de dizer que não queria
aquela vida para mim desde muito nova. Cansei de vê-los saírem para
trabalharem com chuva, doentes e, às vezes, me deixavam na escolinha
sempre aos berros, ou, às vezes, eu estava doente mesmo.
Meus pais sempre foram pessoas simples, mas honestas e compraram
esse apartamento com muito sacrifício. Eles conseguiram também,
comprarem um pequeno sítio no interior de São Paulo, a pouco mais de um
ano. Conversamos muito e consegui convencê-los a me deixar aqui no
apartamento morando sozinha, devido à minha faculdade que, na época,
estava finalizando o último ano.
Já tinha meus alunos fixos e sempre colaborava em casa, mesmo antes
de me formar. Meus pais não queriam aceitar minha ajuda, me diziam que
somente pagar minha faculdade já estava excelente. Mas eu ajudava todos os
meses, pagando pelo menos a água e luz. Amo demais meus pais, eles são
meu porto seguro. Eles estão muito felizes e aposentados vivendo nesse lugar
tão tranquilo e verdejante.
Viajo para lá duas vezes ao ano, eles reclamam que vou pouco, mas
tenho muitos compromissos e não posso ir como gostaria, com mais
frequência.
Mas ligo para eles sempre que posso, e eles a mesma coisa. Entendem
que tenho meus alunos e agora o novo serviço. Com isso, ficarei ainda mais
apertada.
Levanto-me leve e feliz, por ver que anos de dedicação na faculdade,
agora começa a dar frutos maiores. Dar aulas on-line em uma faculdade a
distância sempre foi minha meta e por que não dizer sonho. Sonhei com isso
o curso todo, fiz inscrições, testes, entrevistas, até conseguir finalmente a
vaga. Não acreditei quando me ligaram me informando que fui uma das
escolhidas.
Até agora, estou em êxtase. Liguei para os meus pais contando e
ficaram felizes por mim, como sempre. Como eles sempre dizem, minhas
conquistas são deles.
Liguei para a minha amiga Serena e contei a novidade, e em pouco
tempo ela já estava em minha casa. Comemoramos comendo uma deliciosa
pizza e bebendo suco de uva.
Tenho profundo respeito por Serena, ela sempre foi uma amiga
presente. Meus pais também a amam muito.
Vou ao banheiro cantando e tomo um banho caprichado. Fico feliz de
não precisar depilar nunca mais, fiz depilação a laser e tirei todos os pelos do
corpo, cabelos somente na cabeça e sobrancelha. Estou depiladinha e lisinha.
Amo meus longos cabelos loiros lisos, cacheados somente nas pontas,
minhas sobrancelhas claras. Só não gosto de meu pequeno nariz salpicado de
sardas e as que estão espalhadas por todo o meu corpo.
Melhor coisa de todas meninas: depilação a laser, me cansei da
maldita dor ao depilar com cera quente a cada quinzena, ou raspar com
Gillete e ter alergia por algum fio que ficava encravado. Aconselho vocês a
fazerem. Me ouçam!
Sinto-me livre, leve e limpa sem pelos em abundância pelo corpo
todo.
Saio enrolada em uma toalha branca e macia, me seco e coloco um
conjunto de lingerie da Victoria’s Secret. Se tem uma coisa que sou vaidosa
em excesso são com minhas roupas íntimas. Adoro me fazer esse mimo.
Outra coisa que sou obcecada são com as unhas das mãos e dos pés. Faço
toda semana e passo muito creme em meu corpo todo, principalmente em
meus pés. Odeio pés secos, sem cuidados, com unhas quebradas e sem
cuidados. Pés têm que ser hidratados e cuidados, se meu pé não está feito, me
sinto suja. Eu tenho essa obsessão, vai entender, né?
Mamãe e Serena vivem dizendo que sou louca com o excesso de
cuidado com essa parte específica de meu corpo. Concordo com elas, sei que
peco no excesso de zelo com meus pés muito brancos e muito macios. Sorrio
satisfeita ao olhá-los. Adoro calçar uma sandália bem alta ou mesmo um
chinelo, rasteira, e ver meus pés arrumadinhos e bem hidratados. A Serena
me chama de “a louca dos pés”.
Vou para a cozinha e preparo um café fresquinho. Hoje não tenho
alunos. Segunda, gosto de fazer uma bela faxina no apartamento, que não é
grande. São três quartos, cozinha, sala e dois banheiros. Todo decorado com
simplicidade e praticidade. Tirei um quarto e fiz a sala de aula. Tem uma
estante grande, com uma quantidade de livros em inglês enorme, que
empresto ou, às vezes, dou aos meus alunos.
A sala tem uma imensa mesa de vidro e seis cadeiras confortáveis,
onde as crianças se sentam. Dou aula de reforço e fico com, no máximo,
cinco alunos. Fica fácil de dar atenção e tirar as dificuldades deles com
calma. Todos têm uma hora de aula de reforço comigo durante a semana,
exceto na segunda, sábado e domingo. Tenho dez alunos, que alternam os
horários.
São meninos e meninas que estão comigo há bastante tempo, desde
que comecei a ensinar, assim que terminei o primeiro ano na faculdade. Não
tenho dificuldades em inglês, sempre amei essa língua e, quando decidi fazer
faculdade, eu já lia muito bem no idioma.
Arrumo a sala e o resto do apartamento e, quando termino, faço um
almoço leve, almoço, arrumo tudo e saio para fazer compras. Em minha
despensa está faltando algumas coisas, aproveito a segunda e abasteço;
compro frutas e pães para a semana toda.
Quando chego, já deve ser quase 15 horas. O motorista do Uber me
ajuda a carregar as sacolas até meu apartamento, agradeço e caio sentada no
sofá. Estou quebrada. Doida para tomar um banho, lanchar e assistir um bom
filme na Netflix, adoro.
Meu interfone toca e atendo, meu porteiro diz que minha amiga
Serena quer subir, libero e em pouco tempo ela bate na porta. Abro e a
abraço.
— Oi, Clara, que saudades! — diz minha amiga linda e adorável. Sua
pele clara reluz com viço, ela é uma ruiva linda.
— Deixa de ser exagerada, Serena, nos vimos ontem à noite, quando
comemos uma pizza imensa, lembra? — Ela entra e vai direto para a
geladeira.
— Por falar naquela delicia de pizza, sobrou alguma coisa dela? —
Quase não ouço sua voz, porque está com a cabeça está enfiada dentro da
geladeira.
— Não, amiga, comemos tudo. — Lembro a gulosa, que comeu a
maior parte.
Ela se vira para mim com cara de desgosto.
— Puta merda, amiga, estou tonta de fome! — reclama a esganada.
Olha para as sacolas e bate palmas.
— Tem coisas gostosas aí? — pergunta sorrindo de orelha a orelha.
Sorrio de volta e pego uma sacola com batatas Rufles, que sei que ela ama,
comprei pensando exatamente nela.
— Não acredito! Você é a melhor amiga do século. — Arranca de
minha mão o pacote de batata e pega um refrigerante na geladeira.
Senta-se à mesa e começa a comer, enquanto vou guardando as
compras.
— Você não vai trabalhar hoje, Serena? — pergunto, pois ela trabalha
à noite fazendo faxinas em casas noturnas. E durante o dia dorme, quando
não arruma alguma faxina extra. Ela teve que parar a faculdade, dois anos
antes de acabar, para ajudar a pagar o hospital onde seu pai ficou internado
até morrer. Ela e sua mãe ficaram atoladas em dívidas e sua mãe voltou para
o interior, não quis ficar na cidade, pois entrou em depressão profunda depois
que seu marido morreu.
Minha amiga pegou as faxinas que sua mãe fazia e assim está nelas
até hoje. Já me prontifiquei a ajudá-la a pagar o restante de sua faculdade,
mas Serena é muito orgulhosa. E diz que já está quase juntando o montante.
Quer voltar somente quando tiver o dinheiro para a conclusão do curso.
— Clara, justamente por isso estou aqui agora — diz com a boca
cheia de batatas.
Olho para ela sem entender e espero.
— Vou ter que viajar e ficar com minha mãe um tempo. Ela não está
bem e precisa de mim, amiga. Só que não posso perder esse emprego.
Preciso, necessito, que você me substitua, amiga. Os donos dessas casas
noturnas, não aceitam que ninguém limpe seus escritórios. Somente a pessoa
que um deles entrevista ou pessoa indicada. No meu caso, fui aceita, porque
minha mãe trabalhava para eles há anos. Ela me indicou. Quando disseram a
eles que seria a filha que iria substituir a mãe, o chefe maior me entrevistou,
junto com seu pau-mandado Davi, ou melhor seu sócio babão. Os caras são
lindos, mas pensam que são os donos do universo, cheios de arrogância e
empáfia. E ouço comentários que Maximus é pior que Davi. Graças a Deus
que a entrevista foi rápida e estava com minha mãe — diz corando quando
fala de Davi. Vejo que ficou meio encantada com o ogro dois. — Já
comuniquei ao Sr. Maximus que uma amiga me substituiria e ele aprovou.
Não me deu muita atenção, pois estava cercado de mulheres junto com o
safado de seu amigo, Davi. Amiga, esses homens são nojentos! Já me cansei
de vê-los trepando quando vou limpar os escritórios. Eles não estão nem aí.
Bando de putos safados! E depois Maximus diz que em seus escritórios só
entram pessoas de confiança, vejo piranhas lá aos montes. Se bem que
somente com eles, sozinha somente eu entro — fala sem tomar fôlego,
comendo a última batata do pacote e olhando para dentro do pacote vazio
com pesar.
— Serena! Você combinou que vou trabalhar limpando escritórios à
noite nas casas noturnas desses homens sem nem ao menos me consultar?
Sua vaca! E se eu não quiser ou puder ir? — pergunto com as mãos na
cintura brava.
— Amiga! Só tenho você, e sei que posso sempre contar com minha
amada amiga, assim como você pode contar comigo. Amigas para sempre,
lembra-se? — A safada manipuladora diz e vem me abraçar.
— Afaste-se de mim, traidora! — digo a empurrando com carinho.
— Perdão, Clara, mas não posso perder esse emprego e nem deixar de
cuidar de mamãe — diz agora com lágrimas em seus lindos olhos azuis.
— Ok, sua traíra! Eu vou, não precisa chorar, amiga — consolo-a
com o coração apertado, abraçando-a. Minha amiga já sofreu demais. Ela me
abraça de volta e ficamos assim, até voltar a falar.
— Me desculpe, Clara, mas você terá que começar hoje e... — corto
essa louca com um grito.
— Quê? Serena, você está maluca? Já são quase quatro horas da tarde
e... — Ela sorri, limpa a boca cheia de migalhas de batata.
— Infelizmente, tenho que viajar amanhã cedo, amiga. E você sabe
que o poderoso Maximus, com a boca mais sexy e bicuda que já vi, exige que
a limpeza seja feita sempre à noite, pois gosta de ficar por perto, vigiando.
Amiga, ele tem várias casas noturnas e um estúdio onde produz filmes
adultos...
Assusto-me. Filmes pornográficos? Perigo! Ouço um alerta não sei de
onde. Então quero distância desse homem, o mundo dele parece podre, e meu
alerta quanto ao perigo nunca falha! Ignoro a boca bicuda e sexy, entretanto
minha mente nada santa fixa na palavra pornografia.
Esse tipo de homem que está acostumado a ter tudo é insuportável, e
não respeita ninguém. Quero ele a quilômetros de distância de mim.
— Filmes pornográficos? — Ela sorri e me olha com safadeza.
— Sim, amiga, às vezes tenho que ir limpar seu escritório que fica lá.
E vejo cada coisa... — Revira os olhos. — Acredita que já vi os dois, Davi e
Maximus, trepando com a mesma mulher?
Coloco a mão na boca, sem acreditar.
— Eles são atores pornográficos também?
Ela sorri mais largo ainda.
— Não, amiga, são safados mesmo. E ouvi boatos, não sei se é
verdade, que eles testam as mulheres que irão fazer os filmes e as que
trabalham nas casas noturnas. Todas já passaram em suas mãos ou melhor em
seus paus. E Maximus e Davi têm segredos obscuros. Sempre ouço coisas a
respeito dos dois, mas fico sem entender, pois as pessoas desconversam —
responde com os olhos arregalados e cara de mistério.
— Cruzes, amiga! Quero distância desse tipo de gente, eles são
tóxicos. E que segredos poderiam ser esses? — Estou horrorizada, mas minha
curiosidade é maior. Testam mulheres? Qual século estamos mesmo?
Quatorze?
— Não tenho a mínima ideia, amiga, só sei que é coisa pesada. Mas
pode ficar tranquila, Clara, eles são tão arrogantes, e se consideram os donos
do mundo. Então, amiga, eles jamais olhariam duas vezes para mulheres
como nós! Se consideram deuses e que estão acima de nós simples mortais, a
milhares e milhares de quilômetros! — diz com tranquilidade.
— Sei lá, Serena, esse povo que tem muito dinheiro, adora humilhar
quem tem menos. E, pelo que me contou, esse Maximus é o pai do orgulho,
mau-caratismo e arrogância — digo receosa.
— Pode ficar tranquila, amiga. Te garanto que as mulheres que eles
ficam são tão perfeitas, ricas e mimadas, que jamais dariam uma segunda
olhada para nós. Ainda mais duas virgens, pobres, sem experiência alguma.
Quem iria querer duas mulheres que nunca namorou ou beijou? Nem eu iria
me querer, amiga! — grita divertida e rindo igual uma hiena. De repente fica
séria e me olha ansiosa. — E então, posso contar com você? — Me olha com
cara de piedade. Safada!
— Pode, sabe que sim — afirmo com carinho.
Ela corre e me abraça apertado.
— Amo você, amiga! — diz fungando. — Obrigada, sabe que pode
contar comigo também, sempre, não é? — Balanço a cabeça e juntas vamos
terminar de guardar as compras.
Conversamos mais um pouco e ela me passa os endereços e horários
de cada casa noturna e dos escritórios no estúdio. Nos despedimos, desejo a
ela uma boa viagem e a faço prometer que me ligará se precisar de algo.
Quando ela vai embora, olho o endereço do escritório que tenho que
limpar hoje.
Quando vejo que é justamente o estúdio de pornografia, digo filme
adulto... gelo. Estou na merda!
Termino minha reunião e hoje tem teste com três novatas para a
produção de filmes adultos.
Essa função é de Davi, aquele puto. Ele testa todas, esse safado é um
excelente ator, o melhor da produtora. Não que precise, pois o cara é
milionário, mas é porque é um canalha mesmo. Imagino que seja por isso, ele
se recusa a comentar sobre essa parte de sua vida. O maldito só grava com
máscara, é chamado de “o mascarado tarado”. Adora me fazer esse pequeno
favor, que diz fazer por consideração. Aliás, é por consideração mesmo, o
maldito não aceita receber um centavo pelas cenas que faz. Faz por hobby ou
fetiche, já perguntei e nunca me disse. Penso que tem algo grave aí, mas
somente ele poderá dizer e no momento que achar propício.
Ligo para Davi para lembrá-lo do teste com as mulheres hoje, não
gosto de participar desses testes como ele. Mas já participei poucas vezes e
não gostei da experiência. Adoro fazer sexo, mas tem que ser com quem eu
quero e escolho. Hoje quero dormir mais cedo, estou com uma ligeira dor de
cabeça e muito cansado. O dia hoje não foi fácil.
— Davi, seu puto. Hoje tem três mulheres para você se esbaldar! —
anuncio animado, mas ele me corta com pressa.
— Hoje não posso, mano, tenho que levar minha mãe ao médico. —
Sei de seu amor por sua mãe, ela o criou sozinho e ele tem verdadeiro amor
por ela.
— Ela está com algum problema? — preocupo-me, pois é como uma
mãe para mim.
— Não, somente uma consulta de rotina, consegui marcar somente
depois das 16 horas. — Fico aliviado por saber que ela está bem e não é nada
grave.
— Mas, Davi, e as mulheres que estão esperando para fazer o teste?
Você sabe que as cenas são aproveitadas para filmes, quando você as testa.
Davi usa máscara e ninguém o reconhece, ainda que adore trabalhar
em filmes adultos. Faz porque gosta, o puto não sabe o que faz com tanto
dinheiro. E não pensa em comprometer sua imagem de CEO fodão e
respeitador.
— Sei que odeia, e não adianta aumentar ainda mais sua boca já
bicuda, meu caro, mas hoje terá que me substituir, Max. Já fez isso antes,
bro. — Sinto um arrepio de asco, não gosto de fazer isso. Não é minha praia,
mesmo quando participo, o que não é comum, não deixo me filmarem. Porra,
eu não sou ator pornô! — Passe bem por mim, come essas mulheres direito,
seu puto! — Ouço sua risada e sinto um desânimo tão grande me tomar, que
minha vontade é de sair correndo sem olhar para trás.
Meu pau quer descanso hoje, além de odiar fazer isso. Gosto de
partilhar, de muito sexo, mas tem que ser quando quero e com as mulheres
que eu escolho, penso novamente, emburrado com um bico gigante. As duas
vezes que já participei com Davi dos testes, eu estava no clima e foi bom, não
sensacional. Tenho gosto bem incomuns.
— Porra, Davi, sabe que odeio fazer isso... — Tento fazê-lo mudar de
ideia. — Não pode levar sua mãe amanhã? — peço desgostoso.
— Não, minha mãe é prioridade. — Aceito muito a contragosto.
Porra, queria descansar hoje.
— Vou arrumar outro ator pornô, você não está com nada, seu puto!
Odeio trepar quando não estou a fim, caralho! — elevo minha voz com raiva
agora.
— Somente vá e aproveite, Max. Boceta é boceta, no claro, no
escuro, com plateia ou sem. No final é o gozo que conta. — Sei que sou um
canalha, mas Davi consegue ser pior que eu.
— Vai se ferrar, puto! — despeço-me, já descendo para ir a porra do
estúdio.
— E você vai foder! — Davi diz rindo de minha desgraça, desligo
com raiva de não poder descansar e dormir mais cedo hoje.
Meu celular apita, me avisam de que as moças já estão aguardando.
Hoje as vendarei, não vou e nem quero usar máscara. E não quero ninguém
filmando porra nenhuma, o ator é meu amigo e não eu. Estou acostumado a
trepar com várias pessoas ao mesmo tempo, mas no estúdio não gosto.
Ninguém aqui sabe que já participei duas vezes com Davi, nas cenas. Hoje,
quero as mulheres em meu escritório. E ninguém sabe que estarei no lugar de
Davi. Porra, porra, odeio isso! Caralho!
Já que tenho que fazer essa merda, que seja de meu jeito. Afinal, sou
o dono dessa espelunca toda.
Desço as escadas e, quando saio, um segurança chega rapidamente.
— Senhor? — Não levanto a cabeça, estou digitando, avisando que
chego em 30 minutos.
— Vamos sair. Estúdio — digo vendo os outros três seguranças
chegando, o motorista abre a porta do carro e entro.
Quando o carro que estou sai, o outro com os seguranças nos segue de
perto. Encosto a cabeça no banco e fecho os olhos, cochilo.
Depois de 45 minutos chegamos, o trânsito está pesado hoje, final de
semana. Os seguranças saem e fazem a ronda no local. Quando eles me dão o
sinal de que está tudo bem, saio e me escoltam até a entrada do imenso prédio
onde fica meu estúdio. Comprei esse prédio para esse fim. Aqui funciona
uma verdadeira máquina de filmes adultos, gerando emprego para dezenas de
famílias.
Já quis muito vender esse lugar, minha mãe o odiava. E quando
comprei, ficou muito triste comigo. O ramo de papai eram as casas noturnas,
mas produzir filmes adultos foi demais para a minha mãe. Ela nunca aceitou e
como vi que a aborrecia pensei em vender, mas quando a ideia já estava
madura, eles sofreram um acidente fatal e acabei abortando a ideia.
Mas esse lugar não me agrada mais, fico com ele porque o lucro é
exorbitante. Cada vez que venho aqui, sinto uma tristeza inexplicável no
peito, como se minha mãe estivesse triste comigo ou me condenando.
Um dia vendo isso, ou não, não sei... O tempo dirá.
Entro no elevador, cercado de seguranças, isso me incomoda muito.
Tem momentos que me sinto desconfortável com tanta proteção e dói saber
que não posso confiar em ninguém, com exceção de meu amigo. Ele já me
provou que é meu amigo de fato, arriscando sua vida por mim.
Quando chegamos ao último andar, permito somente um segurança
vir até meu escritório comigo. Ele vasculha o local e maneia a cabeça dizendo
que está tudo certo. Era segurança de meu pai e confio somente nele para
saber de certos detalhes de minha vida. Dispenso-o para que ele possa tomar
um café, aqui é seguro, posso ficar tranquilo.
Não gosto de ninguém nesse lugar, aqui somente eu tenho acesso.
Mantenho esse lugar sempre limpo e fechado. Quando quero dar uma sumida,
é para cá que venho.
Entro e está impecável, a decoração aqui é minimalista, nada a ver
com o que eu gosto. Aqui é bem árido. Não tem nada de minha personalidade
nesse lugar frio. Gosto de decorações suntuosas e que contam histórias e
muita cor.
Abro uma porta corrediça de vidro fumê, vou ao banheiro e ligo para
a mulher que seleciona as futuras atrizes. É Selma, a puta que pediu aumento,
junto com seu parceiro Orlando. Eles vivem juntos e trabalham juntos,
fazendo as cenas adultas. Não se importam em compartilhar, têm um
relacionamento aberto. E eu estava louco, além de bêbado, quando trepei com
essa mulher. A única explicação que tenho é essa! Compartilhamos, eu, Davi
e Orlando, o marido da megera, como já mencionei a vocês.
Davi me perguntou hoje cedo se compartilharia alguma namorada se,
porventura, tivesse uma. Porra, já compartilhei todas as mulheres que
passaram em minhas mãos.
Qual seria a novidade, o diferencial de alguma mulher para eu não
querer compartilhá-la com meus amigos?
Sorrio com desprezo por todos aqueles que se dizem apaixonados e se
tornam imbecis irracionais. Não compartilham, rastejam, choram. Esses
homens se tornam uns derrotados e paus-mandado. Tenho asco desse tipo de
homem. O bom da vida é comer todas e dividir o alimento.
Arrepio-me só de pensar em ficar comendo uma boceta só a vida toda.
Caralho, isso nunca acontecerá com Maximus Bizolli, o homem que adora
sexo e descompromisso total. Meu lema é: Vamos partilhar o alimento. Onde
come um, come cem!
Sorrio com escárnio e nojo dos iludidos e capachos de uma única
mulher. Sou escroto? Sim, com muita honra!
Selma atende.
— Coloque as vendas nas mulheres e mande um de meus seguranças
as trazerem — digo seco.
— Maximus! O Davi já chegou? — pergunta sem freio na porra da
boca.
— Não interessa. Mande-as subir rápido. — Somente Selma e
Orlando sabem que o ator pornô mascarado é Davi. Mas têm um contrato
feito com cuidado por meus advogados que, se abrirem a boca e revelarem a
identidade dele ou a minha, a multa é quase inafiançável. Milhões, exigidos
por mim e por Davi, orientados por nossa equipe de advogados. Então
ficamos tranquilos quanto a Selma e o marido darem com a língua nos
dentes, revelando esse lado obscuro nosso.
Davi é assumidamente o ator pornô de nossa empresa, que mais
vende. Participei somente duas vezes, mas mandei cortar as cenas onde eu
aparecia. Por fim tiveram que gravar tudo novamente, pois o papai aqui
estava visível em todas as cenas, comendo as atrizes sem dó. Meu rosto não
aparecia, pois uso máscara também, mas tenho tatuagens que alguém pode
identificar de alguma maneira, afinal trepo com mulheres em cada canto que
vou. E com isso posso me comprometer. Autorizo somente a aparição de meu
pau, nessas porras de cenas. Agora é terceira e última vez, me faço essa
promessa. Recuso-me a fazer algo que não gosto. É um prazer que me deixa
mais vazio do que já me sinto. No final de tudo fico com nojo de mim
mesmo. Sei que sou complicado, mas, porra, sou assim! Não me entendo,
pois sou um puto de marca maior. Na vida real ganho disparado em putaria
de Davi. Ele pega somente putas e atrizes pornôs. Eu? Pego todas que derem
mole, mas tenho minhas preferências, bem peculiares e exóticas!
Desligo com raiva de Selma. Mulher curiosa da porra!
Vou ao banheiro e me olho no espelho. Odeio fazer isso, estou
repetitivo, mas porra! Odeio! Sei que soa contraditório, pois adoro uma
mulher. Mas tem que ser o dia que estou com vontade de trepar, hoje meu
pau está morto. Ontem fiquei com várias mulheres e hoje estou só o pó da
rabiola, penso cansado e desgostoso.
Afrouxo o nó da gravata e tiro o paletó. Desabotoo minha camisa
branca e tiro o cinto da calça preta social. Tiro meu sapato e meias. Caminho
para o lugar onde fica a cama imensa e pego um copo e encho de whisky.
Viro de uma vez e sinto minha garganta queimar. Termino e coloco a porra
da máscara, essa merda me deixa sem ar.
Quero garantir que ninguém me veja. Nunca permiti que vissem meu
rosto, nas duas vezes que fiz as cenas. Em todas tive o cuidado de me
precaver, escondendo meu rosto e corpo. Meu pau era o astro.
Batem na porta e caminho até lá com a máscara me asfixiando.
Abro e um segurança conduz as três mulheres nuas e vendadas.
Afasto da porta e faço sinal para ele entrar com elas e indico onde as deixar.
Feito isso, ele sai e me volto para as mulheres. Deixo meus olhos
correrem por seus corpos. São esculturais. Darão belas atrizes pornôs. Olhos
os pés e não me atraem, seios também não, as bocetas depiladas e nada.
Porra, vim aqui para foder essas mulheres e parece que eu que estou fodido.
O negócio é trepar e acabar logo com essa porra. Agora vamos ao
teste. Esfrego meu pau, que continua em repouso absoluto.
Caminho e paro em frente as três. Engrosso a voz.
— Deite-se na cama você. — Empurro uma delas e, quando se deita,
prendo-a de pernas abertas e braços.
Puxo a outra pelo cabelo, e amarro seus braços para trás com minha
gravata. A outra, pego uma meia e amarro também os braços, assim não tem
perigo de tirarem a venda. Quando estão presas sem a chance de tirarem suas
vendas, tiro a porra da máscara e respiro aliviado.
— Prepare a que está amarrada para que eu possa comê-la. E você,
loira, vem chupar meu pau — peço sem emoção na voz.
Vejo-a sorrir, estendo a mão pegando-a e fazendo-a ficar de joelhos.
Abro o zíper de minha calça e coloco meu pau para fora. Ele já está a meio
mastro. Ela abre a boca e suga como uma verdadeira profissional. Sinto sua
garganta se alargar para dar passagem ao meu pau grande e intumescido.
Vejo a mulher chupar a que está amarrada na cama gemendo sem parar.
— Não quero que nenhuma de vocês gozem antes de comê-las. Quero
ver quanto tempo aguentam. Continue chupando o clitóris da mulher negra,
ruiva — comando.
Vejo lágrimas descendo dos olhos da mulher que engole meu pau. E
empurro com força, entrando e saindo. Olho para a sua mão e vejo que está
esfregando uma perna na outra.
Puxo seu cabelo.
— Sem gozar! — Ela me olha agoniada e sorrio de prazer.
Saio da boca dela e caminho para a cama. Sento-me e puxo a ruiva
pelo cabelo, chupo seus seios com força e enfio dois dedos dentro de sua
boceta lisa e quente. Ela geme.
— Sem gozar! — repito e ouço um ruído estranho no quarto. Olho e
não vejo nada.
Solto a ruiva e engatinho até a negra amarrada e chupo seus seios
enormes. Ela geme.
— Quero todas aqui — comando com voz rouca. Meu pau já entrou
na festa.
Elas se amontoam e se esfregam em mim, gemendo. Coloco a
camisinha.
— Vou comer a mulher negra e quero vocês duas chupando minhas
bolas. — Antes de terminar me enterro de uma vez na mulher que está aberta
e pingando desejo. Gememos todos juntos. A mulher negra entra em frenesi e
começa a esfregar sua boceta, enquanto entro e saio com rapidez. Sinto
minhas bolas serem sugadas e meu pau incha. Saio rapidamente de dentro da
mulher amarrada. Pego a loira e entro até as bolas. Enquanto masturbo a
negra, a ruiva chupa minhas bolas e geme alto.
Ouço a porta sendo aberta e fechada. Olho rapidamente e não vejo
ninguém. Levanto-me rápido e corro até a porta. Abro e não vejo nada, liberei
meu segurança para lanchar enquanto trepo com as mulheres. Olho o
corredor e está tudo calmo. Com certeza foi impressão minha.
Volto e, quando entro, vejo as mulheres se pegando em uma
verdadeira orgia. Essas são feitas para fazerem cenas em grupo.
— Eu mandei vocês continuarem? — rosno seco e com raiva.
— Desculpe-nos — murmuram as três juntas. Olho com desprezo
para elas.
— Quero duas de quatro, vou comê-las, enquanto dão prazer uma a
outra. — Elas fazem o que mando e entro na primeira, estoco até quase gozar
e saio. Entro na segunda com desespero. Porra, quero gozar logo e acabar
com isso, quero um banho e cama. Estou acabado. Ouço a negra gritar e
gozar na boca da mulher, que a chupa. Enquanto como uma com rapidez vejo
a outra se masturbar e gozar gemendo alto.
Sinto meu gozo chegando, quando ouço um grito de espanto, levanto
meus olhos e vejo a mulher mais linda que jamais vi em toda a minha vida.
Pequena, cabelos longos lisos e tão loiros que reluzem como ouro, em
um coque mal feito. Seus olhos são tão azuis que parecem pedras preciosas, o
pequeno rosto branco com sardas em abundância no nariz. Desço meus olhos
para seus pés e meu pau sacode. Porra, que pés são esses? Gemo alto. Ela
continua com a mão na boca e está horrorizada. Nunca vi nada tão lindo
como esse anjo, a quero em minha cama e seu pé será adorado como merece.
Lindo! Estoco com força e continuo estocando furiosamente, sentindo meu
gozo chegando, a sensação deliciosamente violenta. Porra! Essa mulher me
olhando me deixou louco.
Puxo o cabelo da mulher que estou comendo, sem tirar os olhos da
mulher que nos assiste, aterrorizada. Meu corpo estremece, sinto um zumbido
em meus ouvidos e o gozo vem tão forte que sacode meu corpo com força.
Gemo tão alto, que parece que é outra pessoa. Fecho meus olhos enquanto
gozo estremecendo com violência e, quando os abro, procurando a pequena
mulher loira, ela não está mais lá nos assistindo. Entro em pânico, e saio de
dentro da que estava comendo e corro até a porta. Vejo a pequena mulher
chegando ao final do corredor, correndo em desespero. Agora com seus
longos cabelos loiros soltos, reluzindo como uma cascata de ouro batendo em
seus quadris.
— Moça! Volte aqui! — ordeno, mas sou ignorado.
Volto correndo para o quarto e vejo as mulheres peladas e deitadas na
cama em expectativa. Foda-se elas!
Pego meu celular e ligo para o meu segurança de confiança.
— Saiu uma moça aqui de meu quarto. Segura-a aí para mim, já estou
descendo.
Pego minha calça e vou vestir, quando vejo que ainda estou com a
camisinha cheia, porra! Vou ao banheiro, tiro, lavo o meu pau rapidamente.
Visto apressadamente e passo pelo quarto como um raio.
— Vocês estão aprovadas, parabéns! — Ouço-as dando gritinhos de
alegria.
— Alguém vem buscar vocês. Boa sorte. — Sinto-me um maldito
desgraçado, toda vez que faço isso. Repito que odeio isso, não vou fazer
mais. Última vez. Ponto final.
Ligo para Selma e digo que as mulheres estão liberadas e aprovadas
para serem as minhas novas contratadas do Estúdio Caliente. Digo também
para mandar alguém buscá-las e as levarem para o escritório, onde nossos
advogados explicarão para elas como funciona o trabalho aqui e fazê-las
assinarem o contrato de sigilo e de trabalho. Tem vários termos nos contratos.
Tive que ser mais rígido, muitas atrizes e atores que já saíram daqui,
inventaram mil coisas sobre o estúdio ou mesmo o dono, no caso eu. Então os
advogados cercam de todo lado, e se quebrarem uma das regras, a multa é
quase impossível de pagar. Depois disso, nunca mais tivemos problemas com
os atores e funcionários.
Chego ao hall do prédio e meu segurança me olha consternado.
— Cadê a moça que mandei você manter aqui até eu descer? —
Sacode a cabeça.
— Não desceu moça nenhuma aqui, senhor. — Ele só pode estar de
brincadeira.
— Como não? Ela tem que sair por aqui, caralho! — Olho para todo
lado com atenção tentando localizar a moça e nem sinal.
Olha irado para o segurança, que me olha com receio.
Ligo para Selma. Bando de incompetentes!
— Quem tem acesso a cobertura, além da faxineira? — indago seco, e
irado por saber que mais alguém além de mim e da ajudante, está entrando
em meu escritório. Já proibi expressamente qualquer um de entrar na
cobertura, sem meu consentimento. Exceto quem é meu convidado ou a
faxineira, essa tem passe livre. A moça da limpeza não é, porque a conheço.
A atual ajudante foi apresentada pela mãe. Em meus escritórios e
áreas privadas somente entram pessoas de extrema confiança, que é o caso da
moça que assumiu as faxinas há algum tempo. Sua mãe trabalhava para o
meu pai e continuou para mim até resolver parar. Conheço a sua filha, que
me foi apresentada pela própria mãe, deixando-me mais tranquilo. Então a
moça que vi não é a faxineira.
— Como? — ela gagueja.
— Isso que ouviu, me diga sem rodeios, sabe que odeio
incompetência. — digo sem dar tempo a ela de dizer nada, mulher lerda da
porra. Enquanto falo caminho para o estacionamento, entro com a frota de
seguranças me seguindo, igual lobos. Sinto a víbora da Selma em pânico.
O motorista abre a porta do carro e entro.
Sinto Selma respirar nervosamente.
— Somente a faxineira, senhor. — Sua voz soa trêmula. Sinto seu
pânico daqui. Por que será que está aterrorizada? Sei que não sou fácil, mas
ela está em pânico total.
— Quero saber quem é a mulher que estava na cobertura. — falo
manso e sei que isso aterroriza mais ainda as pessoas.
— A faxineira, senhor... — corto essa infeliz.
— Que porra de faxineira?! — corto essa infeliz. — Conheço bem a
mulher que faz a limpeza dos meus escritórios, caralho! — esbravejo irado.
— Mas é a faxineira, senhor, ela está substituindo a que o senhor
conhece. Ela teve que viajar e me disse que conversou com o senhor e que a
liberou — diz com voz trêmula e respirando sem controle.
Fecho meus olhos e procuro em minha mente essa conversa que tive
com a ajudante, que não guardei o nome. De repente me vem à memória o dia
que a faxineira que conheço, me pediu se poderia arrumar uma pessoa para
substitui-la enquanto ia cuidar da mãe por um período no interior. Me
garantiu que a moça era honesta. Como elas trabalham com nossa família há
muito tempo e nunca deram problemas, são de muita confiança, concordei.
Caralho, me esqueci completamente dessa conversa, estava mais interessado
em partilhar uma mulher com o safado do Davi no dia. Porra!
— Tudo bem. Me passa a ficha completa da moça — digo sem me
desculpar. Sou grosso mesmo.
— Sim, senhor — soa mais calma.
— Hoje — rosno seco e desligo. Ainda estou com raiva. Essa mulher
mexeu comigo de uma maneira estranha. Quero falar com ela e passar uma
noite trepando com aquela doçura loira e delicada. Assim expurgo essa
sensação estranha que me acometeu desde que a vi. Desconto toda minha
raiva no motorista.
— Está esperando o quê para irmos? — Sou rude. Ele liga o carro
rapidamente e vamos para o lugar onde me sinto bem: meu casarão medieval.
Quero chegar, tomar um banho e cair na cama. Estou morto e com
uma sensação de tristeza apertando a porra de meu coração vagabundo, tão
grande que me falta um pouco de ar.
Ainda não acredito que estou a caminho do escritório de pornografia
para fazer a faxina que Serena, amiga da onça, me fez prometer que faria até
que voltasse.
Quando ela me disse que começaria a limpeza hoje quase não
acreditei na loucura de minha amiga.
Mas como negar algo para uma pessoa que sempre estendeu a mão
quando precisei? Quantas vezes ela me socorreu quando eu precisava
trabalhar e não conseguia fazer meus trabalhos para entregar na faculdade a
tempo e ela, mesmo cansada, ajudava-me a fazê-los? Quantas vezes ela
cuidou de meu pai ou da minha mãe quando eu precisava trabalhar ou mesmo
estudar para fazer minhas provas? Me indicou para trabalhar com uma colega
sua e esse serviço nos ajudou em uma época que mamãe e papai estavam
desempregados.
Então, não tinha como negar nada a minha amiga, com um coração
maior que sua beleza. A Serena era linda, por fora e por dentro.
Penso em tudo que já passamos juntas e vejo as luzes passando
rapidamente, enquanto o motorista dirige rumo ao endereço que dei a ele.
Olhou-me de forma estranha quando viu onde era.
“Puta merda, ele sabe que é um estúdio onde a safadeza rola solta?”,
penso sentindo meu rosto arder, entro rapidamente no carro e o ignoro
intencionalmente.
Vejo-o dando seta e parando em frente a um prédio gigante.
Engraçado, quando vi que minha primeira faxina seria no estúdio, pensei que
seria um lugar cheio de mulheres e homens nus. Acho que estou vivendo no
século errado. Uma donzela horrorizada com uma coisa tão comum, como
filmes adultos. E vou contar para vocês, estou sendo hipócrita aqui. Eu e
Serena assistimos filmes adultos sem pudor. E amamos um tal de mascarado
tarado, o homem tem o maior pau que já vi na vida. Meu rosto arde. Fecho
meus olhos e peço socorro à protetora das virgens dissimuladas, taradas e
angelicais como eu. Sorrio. Sou mesmo muito cara de pau. Pau, hum...
O motorista me encara.
— É aqui, moça, pode descer, já tenho que atender outra chamada. —
Aponta o celular com o queixo.
— Moço, me perdoa! Estou descendo. — Nessas horas que é bom o
ser humano não ler pensamentos alheios. Já pensou se ele pudesse ler meus
pensamentos? Estática, no carro de um desconhecido, pensando no pau
gigante de um ator pornô. É o fim da picada. Ou da pica... socorro! Acho que
minha virgindade está me atacando a cabeça! Como dizia minha santa avó,
que Deus a tenha, minha virgindade está subindo à cabeça e me fazendo agir
como uma louca tarada. Faço o sinal da cruz e entro nesse antro de perdição.
Será que reconhecerei o mascarado tarado, aqui entre tantos homens que
vejo entrando e saindo do prédio? Se visse o pau garanto que acertaria de
primeira. Coro e rezo baixinho.
Esqueço de me despedir do pobre homem. A vergonha me arrasta
com força para longe dele.
Vou até a recepção e me apresento para uma morena peituda e cheia
de curvas. A mulher tem silicone até nos olhos. Não é possível, seios, bunda
e lábios desse tamanho.
Sorrio sem graça ao imaginar que tudo em mim é pequeno, menos os
pensamentos safados, é claro. Esses são gigantes.
— Sou a substituta de Serena nas faxinas dos escritórios — digo sem
lembrar o nome dos donos safados.
Ela me olha com desprezo e digita rapidamente.
— Me passe sua identidade... Clara Luz, não é isso? — Continua
digitando e conversando comigo sem ao menos me olhar.
Metida!
— Sim, Clara Luz, e aqui está minha identidade. — Entrego para a
mulher, que parece que tem o rei na barriga. Ela estende a mão com unhas
gigantes vermelhas e pega meu documento. Continua digitando, por fim,
levanta a cabeça e me olha finalmente nos olhos, entregando-me o
documento.
— Aqui tem dois escritórios, que somente Serena limpa. Você vai
nesse aqui primeiro, no quarto andar. Limpa e, quando terminar, pode ir para
o quinto andar. Nesse momento, o senhor Maximus e Davi, estão em reunião
com algumas pessoas — diz com certo deboche.
Pego o cartão que me estende junto com meu documento.
— Posso terminar de limpar o escritório do quarto andar e subir para
o quinto em seguida? — Me informo, afinal hoje é meu primeiro dia e não sei
como é o funcionamento aqui, ou se os escritórios são grandes.
— Sim, pode — responde me ignorando novamente.
Que senhora grossa, credo! Vou para o elevador e, quando vou
entrar, ela me chama.
— O material de limpeza está na porta que fica escondida ao lado da
estante — fala sem me olhar, porque adora digitar.
— Tudo bem. — Vou até o elevador e aguardo. Quando chega, entro
e fico encolhida em um canto.
Vejo várias mulheres e homens conversando com muita intimidade.
Homens e mulheres com os corpos esculturais. Claro que são perfeitos, afinal
eles usam seus corpos para trabalhar. Fico calada em meu cantinho, sentindo-
me uma gata borralheira.
Quando chego ao quarto andar, saio e vou direto para a sala que a
mulher linda, mas metida, me mandou. A porta está aberta e entro cismada.
Não tem ninguém aqui para me orientar. Povo louco!
Mas orientar a passar pano no chão, lavar banheiro e tirar pó? Toma
jeito, Clara Luz! Ninguém perde tempo com faxineiras, eles gostam de
pessoas ricas e com glamour. Para esse pessoal somos a ralé, classe inferior,
olha como a senhora da recepção me tratou. Desprezo total.
Ando com cautela e olho tudo aqui, um escritório digno de um
magnata. Decoração minimalista. Somente o necessário, mas com um bom
gosto incrível.
Caminho até a mesa gigante e vejo escrito em uma plaquinha de aço
escovado: Davi Matiello. Quanta pomposidade. Será esse o dono? A Serena
me disse que são dois... Não me lembro o nome do outro.
Vou até a porta que a recepcionista me orientou, realmente ela fica
quase oculta pela estante. Abro e, dentro, tem tudo que preciso para uma
limpeza geral.
Pego tudo que preciso e vou para o banheiro. Entro e fico abismada.
Todos os escritórios desses dois homens milionários, tem um banheiro
desses? Já vi banheiros assim, mas somente em revistas de decoração. Tem
até banheira!
Balanço a cabeça e começo a limpeza. O tempo passa e, quando
termino, olho meu relógio e vejo que gastei quase uma hora somente aqui.
Olho meu serviço e fico satisfeita, ficou perfeito.
Saio, passo o aspirador, tiro a poeira e, quando termino, já se
passaram uns bons 20 minutos.
Olho satisfeita o resultado de quase duas horas de serviço.
Vou ao banheiro, lavo meu rosto e seco com uns lenços perfumados
que vi aqui. Quem será que usa isso? A namorada de um deles?
Para de ser curiosa, Clara, e vai limpar o outro escritório antes que
fique muito tarde. Amanhã tenho que dar aulas e à noite ir para outros
escritórios da dupla dinâmica de tarados.
Volto a frisar, ainda bem que ninguém lê pensamentos, os meus são
podres e não tenho filtro, às vezes solto o que penso sem querer e me ferro. Já
cansei de me estropiar por ter esse jeito meio estranho.
Prendo meu cabelo em um coque, estou suando muito. Trabalho
braçal é um ótimo exercício para uma pessoa como eu, que fica muito
sentada.
Saio feliz do lugar que limpei e resolvo subir para o quinto andar pela
escada.
Tudo aqui transpira luxo e riqueza. Luxúria também. Faço o sinal da
cruz e subo as escadas rapidamente.
Vejo o escritório que a mulher falou, esse está com a porta fechada.
Será que já terminaram a reunião? Melhor esperar, enquanto isso vou ao
bebedouro em um canto e pego um copo com água. Estou olhando pela janela
de vidro as luzes distantes e a lua cheia sendo aos poucos coberta pelas
nuvens, quando ouço um barulho. Me viro.
Vejo a porta do escritório se abrindo e uma pessoa saindo
apressadamente. Não dá para ver se era homem ou mulher. O corredor está
com uma iluminação bem suave. Tento ver quem é, mas quem quer que seja
some na curva de um corredor com uma rapidez impressionante.
Logo em seguida vejo um homem gigante abrir a porta com rapidez e
olhar para o corredor, somente a cabeça para fora, como se procurasse algo.
Encolho-me no canto mais escuro, tenho medo de que ache que estou
bisbilhotando. Quando não vê nada, ele se volta e fecha a porta.
Dou um tempinho, para ver se ele vai embora também e, como não
sai, tenho que ir, senão vou chegar tarde em casa.
Caminho para o escritório e bato, espero. Ninguém atende e abro a
porta devagar. Espio e não vejo nada. Entro e procuro uma porta escondida
em algum lugar para pegar os materiais de limpeza, assim como fiz no
primeiro escritório que limpei.
Enquanto caminho, observo. Esse aqui é mais decorado que o outro.
Gostei mais desse. Aqui tem mais cores. Vou até a mesa gigante de madeira e
vejo uma plaquinha parecida com a primeira que vi, essa tem outro nome:
Maximus Bizolli. Deve ser o outro dono, sócio, sei lá.
Vejo uma porta à direita, achei fácil aqui, onde estão o que preciso
para a faxina.
Abro a porta e a cena que vejo fere meus olhos virginais. Estaco no
lugar. Meus olhos puros ardem e sangram com a cena que vejo, nunca vi isso
ao vivo. Tem três mulheres na cama e um homem gigante, fazendo com elas
o que vejo escondida com Serena, nos filmes pornôs. O homem tem o pau do
mesmo tamanho do mascarado tarado... Preciso urgente de um calmante! O
homem está em modo britadeira em uma mulher e as outras se pegam com
total falta de pudor. Meu rosto arde. Solto um gritinho e coloco as mãos na
boca.
O homem levanta seus olhos vidrados e me olha com luxúria. Os seus
cabelos claros e suados, estão caindo em seus olhos, que são tão azuis que
parece o céu em dia bem ensolarado, seus cabelos e barba bem aparados.
Continua fazendo sexo com a mulher, como se eu não estivesse aqui e
horrorizada. Parece que estou pregada no chão. Vejo ele estremecer e gozar e
isso me faz virar e correr. Nojento, asqueroso!
Seu olhar me faz sentir suja, saio em disparada daquele antro de
perdição. Vou me desculpar com Serena, e não quero voltar nesse lugar
nunca mais. Infelizmente, minha mente não é tão aberta quanto a de minha
amiga. Que horror!
Apresso-me, quando o ouço me chamar. Corro como se minha vida
dependesse disso e desço as escadas correndo. Ouço passos e entro em
pânico. Entro no escritório que limpei e corro para o lugar onde ficam os
produtos de limpeza. Entro, fecho a porta e fecho meus olhos, trêmula. Como
uma pessoa pode deixar a porta aberta, enquanto faz sexo? Tem que trancar,
para ninguém ver. Sexo para mim é sagrado, por isso guardo minha intocada
flor de pureza, vulgo boceta, para o cara que me trazer algum sentimento no
coração. Não precisa amar, mas tem que ter, pelo menos, certa empatia.
Essas pessoas ficam com qualquer um, com vários de uma vez. Nem
em filmes pornôs, eu gosto de ver sexo com várias pessoas ao mesmo tempo.
Acho horrível.
Tenho pensamentos impuros, mas quero exclusividade quando eu
resolver ceder gentilmente minha doce broinha para alguém.
Safada só no pensamento. Fora dele, sou tímida ao ponto de suar frio,
quando vejo que alguém me olha com pensamentos impuros refletidos nos
olhos. Será que meus olhos refletem meus pensamentos nada santos? Vou ter
que vigiar mais, senão estou ferrada.
Aguardo um pouco e, quando penso que já deu tempo para o tarado
do andar de cima ter ido embora, saio devagar e entro no elevador. Nem
parece que já é tão tarde, aqui as pessoas andam e vivem como se não fosse
noite. Vejo que tem um ligeiro tumulto na recepção, ignoro. Esse lugar é
cheio de doidos. Misturo-me no meio das pessoas, saio do prédio e chamo um
Uber, que não demora a chegar.
Quando estou a caminho de casa, encosto a cabeça no banco de couro
e penso no dia estranho e terrível que tive hoje. Não quero ver aquele homem
nunca mais! Maximus Bizolli, era esse o nome na plaqueta que havia na mesa
do tarado. Quero distância desse tipo de homem.
Arrogante, milionário, safado, com uma boca rosada tão bicuda,
contornada por uma barba clara tão cuidada, que me deixou impressionada e
aguada. O homem é tão lindo, que parece um modelo. Se não fosse tão puto,
dava para encarar! Balanço a cabeça com força, lá vem os pensamentos de
uma quenga inundar minha mente pura e santa!
Ligo para Serena quando chego, conto tudo e a maldita ri até ficar
rouca. Digo que não vou trabalhar para esses tarados nem por todo o dinheiro
do mundo. Ela me implora chorando, para eu não a deixar na mão. Me
chantageia com seu choro e com isso prometo a ela que volto a fazer as
benditas faxinas regadas a paus gigantes. Sorrio com o pensamento nada
decoroso.
Despeço-me com a carga e compromisso de continuar a substituir
minha amiga. Serena terá, a partir de hoje, uma dívida eterna comigo.
Chego em casa irado, porra, a mulher sumiu, evaporou na frente desse
bando de incompetentes que me cercam. Estou completamente intrigado com
essa mulher. Nunca senti uma atração tão imediata, instantânea por alguém
antes. Olha que não vi as outras duas partes, que admiro tanto em uma
mulher. Dessa aqui, vi somente o rosto de anjo e os pés, e que pés... somente
isso bastou para me enlouquecer. Pela aparência deve ser o mais puro e
angelical ser que flutua nesse mundo corrompido e que eu, como o puto que
sou, contribuo com prazer para corrompê-lo ainda mais, com minha podridão
e devassidão.
Às vezes, quando termino minhas orgias, e fico só, sinto-me sujo e
envergonhado, sei que exagero. E isso tem me cansado ultimamente. Hoje foi
o caso, trepei com aquelas mulheres porque já tínhamos assumido o
compromisso. E detesto quebrar minha palavra. Mas hoje faço uma promessa
a mim mesmo: foi a última vez que trepei para testar mulheres para o estúdio.
O motorista para o carro e desce, abrindo a porta para eu descer. Saio cansado
e olhando sem parar o celular, quero o dossiê daquele anjo, hoje.
Estou subindo as escadas para ir para meu quarto, quando ouço a voz
da cozinheira.
— Sr. Maximus, posso servir o jantar ou prefere que te faça um
lanche? — pergunta a senhora que trabalha comigo há bastante tempo, mas
que quase não conversamos, aliás, não sou de muita conversa com ninguém.
O único que tem esse privilégio é o Davi.
— Não vou jantar, prepara um lanche e manda a moça que te ajuda a
levar para o meu quarto — respondo sem me virar e continuo a subir a
escada.
Chego em meu quarto, já tirando a roupa, ainda tem cheiro de sexo
em meu corpo. Vou para o banheiro e tomo um banho demorado. Quando
saio, vejo a bandeja com o lanche leve que pedi. Jogo a toalha branca em uma
das poltronas e me sento na outra. São poltronas Luís XV, belas, confortáveis
e custa um olho da cara cada uma. Mas fazer o que se amo essas relíquias?
Lancho cansado, quando termino vou ao banheiro e escovo os dentes,
realmente hoje estou quebrado.
Deito-me, pego o celular e ligo para a vadia da Selma. Ela atende
rapidamente.
— Sr. Maximus? — Ouço receio e medo em sua voz.
— Cadê a porra do dossiê que te pedi? — falo baixo, mas com muita
raiva.
— Estamos providenciando, Max. Desculpe, senhor. É complicado
averiguar a vida de uma pessoa em tão pouco tempo — diz corajosamente a
tola.
— Vocês têm exatamente meia hora para mandar esse dossiê. Não
testem minha paciência, sabe que não gosto de pessoas incompetentes e
moles. — Rosno irado, desligando. Olho para meu relógio, 22 horas, ela tem
exatamente 30 minutos para me mandar a porra do dossiê.
Fecho meus olhos e penso no anjo. Que mulher linda, quero ela em
minha cama, o mais rápido possível.
Será que sua boceta e seios também me atrairão como seus pequenos
pés, corpo e rosto?
Fico imaginando quando eu a levar para a masmorra erótica, porra,
vou fazer loucuras com esse anjo.
Ela me parece a doçura encarnada, um anjo doce, e suave. Parece
tímida e meiga. Porra, meu pau está duro igual um taco de baseball!
Adoro essas mulheres doces, penso que tenho uma veia de dominador
em mim. Minha preferência sempre foi mulheres com aparências angelicais.
Mas como é difícil encontrar esse tipo no meio que vivo, passei a escolher a
trepada da noite, olhando as partes que tenho verdadeiro fetiche, e tem dado
certo.
Esse anjinho com cabelos loiros e lisos, me faz querer amarrá-la e
espancar sua doce bunda branca, até ficar rosada com as marcas de minhas
mãos.
Pego meu pau que estava adormecido, até eu começar a pensar na
doce mulher e o massageio, sinto-o dar um espasmo em minha mão, nem
parece que esteve visitando e gozando em três bocetas diferentes, menos de
uma hora atrás. Fecho meus olhos e vejo os olhos azuis da anjinha e gemo.
Porra, o que está acontecendo comigo?
Continuo massageando meu pau agora com força. Em pouco tempo
gozo alto e com força. Caralho! Preciso dessa mulher urgente em minha
masmorra erótica.
Levanto-me, tomo um banho apressado e volto para a cama.
Quando me sento, o celular bipa e vejo uma mensagem. Abro
rapidamente e vejo um doc. Levanto-me rapidamente, pego meu MacBook,
prefiro abrir o dossiê que Selma me enviou aqui. Não sei por onde anda meus
óculos. O quê? Tenho quase 40 anos, bebê, preciso de óculos para perto.
Senão não enxergo nada. Mas garanto que meu pau nunca esteve melhor, só
para avisar!
Abro o dossiê e meus olhos passam ávidos por tudo que me revela
sobre a mulher com o nome de anjo: Clara Luz. Porra, que delícia de nome!
Ela tem 25 anos, seus pais moram no interior e ela mora sozinha e dá aulas de
inglês.
Mora sozinha, está esperando o lobo mau a pegar. Anjinho inocente.
Papai vai te pegar, Sugar Baby!
Quando leio tudo, fecho o MacBook satisfeito e começo a bolar
estratégias para trazê-la para a minha masmorra. Uma noite e pronto. Eu só
preciso disso. Sempre me bastou. Mas algo me diz que ela me dará um pouco
de trabalho, mas sem problemas, eu tenho paciência. E só a perco, quando
consigo o que quero das mulheres: suas doces bocetas. E com Clara Luz não
será diferente. Penso com um sorriso de lobo no rosto.
Abro o MacBook novamente, entro nos cronogramas das casas
noturnas, vejo os horários e dias que ela vai fazer a limpeza nos escritórios.
Coincidentemente estarei exatamente onde ela fará a próxima faxina.
E coincidentemente estarei nos outros escritórios todas as malditas vezes que
ela estiver por lá.
Se meu terapeuta souber, me fará voltar a fazer terapia toda semana
novamente. Porra, se vou contar. Sinto meu corpo tremer de excitação.
Estava precisando disso. Minha vida estava muito parada.
Deito-me sorrindo de orelha a orelha e apago.
Hoje meu dia foi muito produtivo, dei aulas presenciais para os meus
alunos e duas aulas on-line. Sinto-me realizada.
Mas não posso demorar muito, tenho que tomar um banho rápido e ir
fazer as benditas faxinas nos escritórios do safado do homem que vi ontem.
Será que o verei novamente? Deus me livre!
O homem é devasso e tem um pau gigante, até sonhei com ele, não
me julguem, acho que tive foi um pesadelo, nunca tinha vista um ao vivo e
em cores. Rosado. Grande e duro... Meu Deus, tira isso de minha mente pura!
Penso em tudo para esquecer o pau do homem, mas tudo que vejo me
lembra. Minha mente está completamente poluída. Pego a vassoura... me
lembro. Vou fazer almoço, pego cenoura, pepino... me lembro. E quando vou
picar a linguiça?
Estou fodida sem ser fodida de fato! Homem mau esse que me fez
ficar mais mente suja do já que sou.
As pessoas se enganam com minha aparência! Linda e doce por fora e
cheia de pensamentos maliciosos por dentro. Serena e eu somos doentes de
malícia. Basta ver a quantidade de filmes com o mascarado tarado que
assistimos, e vou confessar, temos uma tara especial pelo pau desse homem.
Nunca vi tão lindo! Grande, rosado e grosso.
Quando percebo, já estou divagando com paus e sinceramente?
Preciso urgente arrumar um para tirar essa obsessão de minha mente.
Quando eu liberar o acesso a minha flor intocada, acho que essa
mente suja irá embora com minha santa pureza. Preciso começar a me
preparar para isso. Até me arrepio quando penso. Já tenho em mente como
será o homem que receberá minha doce pureza. Tem que ser de minha idade,
fica mais fácil de combinar as ideias. Magro, gentil, educado, e com o pau
pequeno, porque minha primeira vez, não quero nada que vá me fazer sofrer
muito me causando dor. Um pauzinho é o ideal na primeira vez.
Penso satisfeita com minha sábia escolha. Depois de mais
experiência, aí sim quero um pau do tamanho do mascarado tarado ou do
homem guloso e imoral que comia três mulheres ao mesmo tempo.
Vou me arrumar para ir para o meu segundo round. Limpar os
escritórios dos tarados.
Tomo banho, lavo meus cabelos, demoro, pois são longos demais.
Seco-me e visto um vestido fresco de alcinhas. Calço as rasteirinhas
que amo, hoje está muito calor. Deixo o cabelo secar solto e livre, em menos
de cinco minutos estará com cachos somente nas pontas. Pego minha bolsa e
chamo um Uber, Serena disse que não precisava ir de ônibus, eles pagavam o
transporte dos funcionários.
Então me dou a esse luxo, sei o que é andar de ônibus.
O Uber chega e passo o endereço do local onde tenho que ir hoje.
Minha amiga deixou a escala do mês comigo. E me disse que todo final de
mês, eles mandam por e-mail a escala do mês seguinte.
— Boa tarde, moço. — Ele me olha estranho novamente quando olha
o endereço que entreguei a ele.
— Algum problema? — pergunto.
Ele sacode a cabeça como se espantasse alguns pensamentos
esquisitos.
— Não... nada não, moça. — Entro e ele liga o carro e saímos para o
meu trabalho noturno.
Chegamos e desço, me despeço e o cara resmunga algo sobre
mulheres serem todas iguais. Não entendo nada. Viro as costas para esse
louco e vejo a casa noturna com uma fila gigantesca de pessoas para
entrarem. Puta merda! Não sabia que o povo gostava tanto de casas noturnas,
pelo tamanho da fila deve ser tudo de bom. Nunca entrei em uma.
Caminho até o segurança e falo para ele que sou a faxineira.
— Moço, como entro? — Ele me olha fixamente.
— A faxineira é a Serena. Estou cansado de pessoas como você
querendo entrar sem ficar na porra da fila! — diz sendo rude de maneira
tosca.
Fico indignada com tanta grosseria.
— Ela viajou e estou substituindo-a — digo tentando manter a calma.
— É? Todas dizem merdas com essa que está dizendo, no final são
todas mentirosas — desdenha.
— Cara, qual é o seu problema? Sua esposa ou namorada dormiu de
calça jeans? — Coloco as mãos na cintura, nervosa.
Ele me olha assustado, é o mal de todos me julgarem doce,
unicamente pela minha aparência angelical. Me encara e sorri.
— Você é louca, mulher. Como me prova que é a nova faxineira?
— Tenho o crachá aqui na bolsa em algum lugar, um momento. —
Levanto meu rosto angelical coberto de sardas, elas me fazem aparentar mais
doçura ainda. Ele sorri terno. Rá! Já peguei o tolo com minha carinha de anjo.
— Aqui está. — Entrego para ele o crachá com meu nome, Serena fez
tudo sem me consultar, certa de que aceitaria ajudá-la, mulher matreira essa
minha amiga.
Ele pega e balança a cabeça.
— Certo, vem. — Leva-me para a parte de trás e abre uma porta e me
deixa entrar.
— Como é sua primeira vez aqui, peça ao bartender para te mostrar
onde são os escritórios. Em todas as casas noturnas, tem dois, um de
Maximus e outro de Davi — diz o nome deles com intimidade. Deve ter
percebido, pois esclarece.
— Somos amigos de faculdade. — Sorri e sai.
— Obrigada, moço — agradeço.
— Jonatas, meu nome — se apresenta e sai andando com calma.
Pedaço de mau caminho. Gigante igual os amigos. Será...? Balanço a cabeça
e afasto os pensamentos que me fazem suar e sentir muito calor. Merda!
Olho tudo aqui e fico perdida. Tem palco, com um pau no meio... lá
vem eu de novo com pau na cabeça... os paus me perseguem.
Na verdade, o pau é um daqueles lugar que as mulheres dançam, e
aqui parece que vão dançar peladas, vejo algumas quase nuas correndo e
entrando em camarins ou salas.
Encaminho-me para o lugar onde fica o bartender.
— Boa noite, moço, poderia me dizer onde fica os escritórios, sou a
nova faxineira. — Ele me olha desconfiado. Puta merda, estou farta desses
homens me olhando desse jeito.
— Moça, tem certeza de que está no lugar certo? — pergunta
preocupado.
— Tenho sim, por que não estaria? — Tem horas que minha
aparência ajuda, mas tem momentos, como agora, que só atrapalha.
— Quantos anos você tem? — pergunta cortando umas frutas.
— Vinte e cinco e você? — respondo com raiva.
— Vinte e sete anos, mas porra você tem cara de menina...
— Pode parar — corto-o, muito nervosa. — Tenho vinte e cinco anos,
sou professora e...
— Professora? — ele me interrompe. — E o que faz em uma casa
noturna? — Parece confuso.
— Faxina. — Sou curta e grossa, nesse ritmo não conseguirei limpar
esses benditos escritórios nunca.
Ele levanta as mãos em sinal de paz e sorri.
— Ok, ok! Vem vou te levar. — “Até que enfim”, penso desgostosa.
Ele sai e, quando vem para meu lado, ouço uma batida de música
começar e vejo uma mulher com os seios de fora no palco, agarrar e começar
a se esfregar no pole dance, o pau que já falei.
A mulher parece uma cobra, se enrola toda no pau e retorce como se
não tivesse ossos. Seus imensos seios sacodem.
Meu Deus, onde estou me metendo?
Viro as costas rapidamente e vejo o bartender sorrir.
Vamos até uma porta larga, ele a destranca e olho, vejo uma escada
imensa.
— Fica no andar de cima. Vem. — Fico um pouco assustada.
Ele vai na frente e eu atrás, qualquer coisa fica mais fácil correr.
Quando chegamos ao topo, vejo duas salas divididas e fechadas com
vidros fumê. Daqui de cima dá para ver tudo que acontece lá embaixo.
Inclusive, estou vendo a mulher dançando agora com outra e estão se
beijando. Esbugalho os olhos e fico pasma.
— Moço, aqui é uma zona? — pergunto com medo.
— Zona? — Ele cai na gargalhada e me olha divertido.
— Não, anjo, é uma casa noturna com atrações musicais e
apresentações no palco, claro que as garotas que trabalham aqui podem
fechar a noite, combinando com algum cliente seu preço. — Olho para ele
horrorizada.
— São prostitutas? — Arregalo os olhos.
— Não, querida, são mulheres que tem uma profissão como outra
qualquer. Muitas aqui são casadas, tem namorados... — fala como se fosse a
coisa mais natural do mundo. Pode até ser para os outros, mas para a minha
mente puritana é demais. Elas estão somente de calcinhas.
Pensamentos impuros tudo bem, mas praticar? Será?
— Eu... desculpe, moço, nunca vim em um lugar desses e meus pais
são muito conservadores... daí eu fico meio perdida.
Mas pensar sacanagens você pensa, né, safada? Minha mente
traidora me acusa e a ignoro, como sempre faço com essa intrometida.
— Tudo bem, respeito sua maneira de ser, assim como acredito que
respeite quem trabalha nesse ramo — alfineta-me.
— Claro — digo rápido.
— Os materiais de limpeza estão nos armários, ok? — Se vira e sai,
deixando-me aturdida com tantas informações.
Caminho e olho tudo, com minha curiosidade de sempre. As mulheres
continuam dançando, agora tem um homem, são um trio.
Olho tudo nesse ambiente e vou bisbilhotar o outro antes de começar
a faxina.
Tudo bem minimalista aqui, ambos têm somente uma mesa de vidro,
uma cadeira e um sofá gigante em cada escritório.
A plaquinha de aço escovado, igual à que vi no estúdio de filmes
adultos. Na mesa de Maximus e na de Davi. Resolvo começar pelo escritório
de Davi. Prendo meus cabelos e calço as luvas.
Gasto mais de uma hora para limpar aqui, devido a quantidade de
vidros.
Quando termino estou suada e cansada. Mas não descanso, vou direto
para o outro escritório.
Estou descalça, acho que deixei minha rasteira no escritório de Davi,
depois pego.
Calço uma bota, deve ser de Serena e lavo o banheiro aqui, limpo
também os vidros. Tiro as botas e passo creme em meus pés. Adoro eles
limpos e cheirosos, já falei que amo pés bem cuidados!
Falta a mesa e passar o aspirador, assim posso ir embora. Quando
termino de passar o aspirador, vou para a mesa. Quando estou limpando, vejo
que a casa está cheia de pessoas. E agora as mulheres se apresentam
artisticamente. Só de calcinhas. E vejo dinheiro caindo no chão, aos pés das
duas dançarinas. Elas estão praticamente peladas, exceto pela calcinha.
— Puta merda, como conseguem ficar peladas na frente de tantos
homens e enroscar nesse pau gigante e não machucar os seios tão grandes
quanto melancias? — divago em voz alta, já disse que tenho esse
probleminha.
Ouço uma risada rouca e me viro rapidamente para ver de onde vem e
quando o vejo fico pasma. É o homem guloso, que gosta de comer três de
uma vez e que tem o pau gigante e rosado.
Meu coração acelera e fico petrificada diante de tanta beleza. O
homem é enorme e os braços e pernas parecem toras de madeira. Bem, esse
não terá acesso a minha flor pura e imaculada. Nunca! Seu broto gigante e
viçoso me matará se, por ventura, tentar polinizar minha florzinha.
Estremeço. Esses pensamentos ainda me colocarão em grandes
enrascadas.
— Você não teria coragem de ficar pelada na frente desses homens,
não é? Vejo a pureza em você, ovelhinha. Nessa cabecinha deve ter somente
anjinhos gorduchos e rosados voando entre plumas e borboletas, acertei?
“Errou e de longe, meu filho. Essa cabecinha aqui está cheia de
pensamentos pecaminosos, paus grossos e rosados. Mascarado tarado e seu
pau rosado. Estou à caça de um pau pequeno para me iniciar, meu filho.
Depois quero um do tamanho do seu”, penso com malícia.
— Não teria... — digo a verdade.
Ele sorri largamente como se tivesse ganho um prêmio de valor
incalculável.
— Eu sabia, meu doce anjinho. — Sorri terno. — Eu gostaria de pedir
desculpas pela cena que maculou seus doces olhos. Tivemos um começo
ruim...
“Começo ruim? O homem está maluco. E está me confundindo com
uma beata, uma freira. Porra de cara louco! Tivemos um começo excelente,
filho, ver o tamanho de seu pau não tem preço”, penso transbordando
malícia, mas com o rosto coberto de inocência.
— Tudo bem, não quero falar sobre isso, estou aqui para a limpeza
dos escritórios — digo deixando claro que só farei isso. Nem adianta
implorar para me deflorar. Porque não quero nem ver seu pau, grande lindo e
rosado.
— Claro que não iremos mais falar sobre esse fato, nunca me
perdoarei por ter maculado um ser tão puro como você. Como se chama? —
pergunta e me encara com seus olhos azuis cintilantes e cheios de luxúria.
Conheço esse tipo de longe.
— Clara Luz — respondo simplesmente.
— Prazer, anjo de luz, meu nome é Maximus Bizolli, mas pode me
chamar de Max. — Estende sua mão imensa para mim e a pego receosa.
Puta merda, que mão grande é essa? Imagine esses dedos... Sai
pensamentos impuros!
— Prazer, Sr. Maximus.
— Max, por favor, anjinho — ele me interrompe.
“Quando ele descobrir que de anjinho não tenho nada, vai se
frustrar, coitado, tantos já fizeram esse caminho. Se enganaram com minha
doce aparência”, penso com desgosto.
— Tudo bem, Max.
Ele sorri e quase caio dura. Sorriso lindo, a barba rala e bem feita, me
permite ver com clareza as covinhas profundas nessas bochechas deliciosas.
“Clara!”, repreendo-me em pensamentos.
— Clara... sente-se aqui, tenho uma proposta para você. — Puxa-me
suavemente e me senta no sofá. Levanto o meu pé para coçar e ouço um
gemido doloroso. Levanto meus olhos e vejo os olhos do homem vidrado em
meus pés. Ele está estático e com a boca entreaberta, soltando pequenos
suspiros.
Levanto-me mais cedo, a sensação de ter uma presa nova, sempre me
deixa eufórico. O dossiê que recebi ontem me informou tudo sobre Clara
Luz. Agora está fácil lidar com ela. Nunca quis saber da vida de minhas
trepadas. Essa mulher com cara de anjo, foi a única e grande exceção.
Estou tentando entender até agora, o que essa mulher despertou em
mim. Ela mexeu comigo de uma maneira que nunca senti antes. Gosto de
todo tipo de mulher, claro, mas prefiro as mais velhas e experientes. Essa é
muito nova para um homem de quase 40 anos e tem pureza escrito em seu
rosto meigo e suave. Nunca fiquei com uma mulher com aparência tão pura e
angelical, coloco minha mão no fogo de que ainda é virgem. E dessas eu
corro léguas sem parar. São problemas. Querem príncipes montados em
cavalos brancos e castelos envoltos em névoas reluzentes. Puta merda,
estremeço com o simples pensamento de ser laçado por uma dessas criaturas
místicas.
Clara Luz é totalmente contra tudo que sempre desejei e escolhi em
uma mulher. Gosto das devassas. Mas essa, com sua carinha de anjo mexeu
comigo e a quero em minha cama urgente. Sua imagem viva de um ser de
luz, pureza encarnada, atiçou meu lado cafajeste, que está prontinho para
corromper e comer esse ser angelical. Mudei minhas preferências no
momento em que a vi, quero essa mulher doce e pura, gemendo meu nome
entre suspiros de prazer. Necessito provar seu mel. Porra, virei poeta!
Tem muito tempo que não me sinto tão animado para sair à caça.
Aliás, pensando bem, nunca senti esse desejo tão forte como agora.
Olhei os cronogramas dos dias que ela trabalhará nos escritórios. Sei
todos os horários e onde Clara Luz fará as faxinas. E claro estarei lá, quero
comer pelas bordas. Sentir a emoção da caçada. Não quero comer de uma
vez, porque sempre foi assim, e com ela quero fazer diferente. Quero sentir a
emoção da caça...
Porque depois da primeira trepada aí será a luta para me livrar dela;
todas se apaixonam e, infelizmente, sofrem.
Passo meu dia em reuniões e paro as 18 horas, tomo um banho e meu
motorista me leva a uma de minhas casas noturnas, a que está o meu doce
Querubim.
Quando chego vejo a fila gigantesca para entrar, fico satisfeito.
Sucesso sempre é bom. Entro com os malditos seguranças em meu encalço e
vou direto para o meu escritório, no mezanino. Sei que o Querubim está aqui,
pois está no horário do cronograma. Ouço passos, ligo a câmera e vejo que
ela está limpando o escritório de Davi. Porra, se não é uma coisinha.
Fico olhando com luxúria, já a imaginando amarrada e a minha
disposição na minha masmorra erótica. Caralho! Vou usar e abusar desse
docinho de coco. Sorrio sinistro e quase babando de cobiça.
Acompanho cada passo que ela dá com olhos de lince e pau duro.
Preciso me acalmar, desço para olhar como estão as novas dançarinas,
temos duas novatas. Davi já aprovou.
Converso com elas e vejo que estão loucas para dar para mim. Se não
fosse a minha mais nova obsessão, essas aí já estariam no papo ou melhor no
pau!
Dispenso-as e vejo decepção em seus olhos. Outra hora, quem sabe?
Peço uma bebida ao primo de Davi, Otto, tomo rápido e subo, já deve
ter dado tempo do Pingo de luz, terminar de arrumar o escritório de Davi. Por
falar nele, tenho que avisar que essa eu como primeiro. Senão o miserável vai
dar em cima dela, e com aquela carinha de bonzinho e boa-pinta, ela pode dar
mole para ele. Entre ele e eu, ele é o bonzinho e eu o bruto e grosso. Melhor
cortar o mal pela raiz.
Quando entro no meu escritório, paro na porta e vejo Clara olhando
para baixo com o rosto vermelho e ouço sua voz:
— Puta merda, como conseguem ficar peladas na frente de tantos
homens e se enroscarem nesse pau gigante e não machucarem os seios que
parecem melancias? — murmura e coloca a mão pequena e delicada na boca,
muito assustada. Puta merda! Meu pau contorce na minha calça social preta
de alfaiataria.
Tenho que levar essa mulher urgente para a minha masmorra, ou,
porra, vou morrer de pau duro.
Aproximo-me e converso com ela, enaltecendo sua pureza e virtude,
tem mulheres que amam isso. E, pelo que vejo, essa beatinha gosta. Então
vamos encher a bola dessa pequena iludida até a cobra dar o bote e morder
com força, liberando seu veneno, no caso, meu gozo.
Vejo que ela cora quando a chamo de algum apelido relacionado com
pureza. Certo, achei o ponto e, claro, vou usar e abusar dele.
Em breve a terei em minha masmorra. Mas tenho que me aliviar em
algumas mulheres rapidamente, senão vou passar vergonha, com essa
pequena mulher em minha frente. Quando acho que já a amaciei o suficiente,
estou pronto para jogar as sementes.
Já conheço as artimanhas das mulheres e ela vai se fazer de difícil,
isso é tão certo como dois e dois são quatro. Vou fazer a proposta e ela vai
negar, claro.
Mas como já sei disso, a questão é continuar com tranquilidade e não
dou uma semana e essa aí, já estará quicando em meu pau como uma louca.
Caminho para ela e a puxo com cuidado para se sentar no sofá, com
essa beatinha aqui, a tática é ser gentil. Pelo que vi, no dia que correu quando
me viu trepando com as três mulheres, é arisca.
— Clara... sente-se aqui, tenho uma proposta para você. — Ela se
senta com suavidade e levanta o pé por algum motivo. Congelo no lugar e
minha boca fica seca. Meu coração dispara e meu pau engrossa de maneira
absurda. Porra, porra!
Meus olhos congelam em seus pequenos pés, delicados, brancos, com
dedos pequenos e finos, macios. Somente de olhar já sei. Minha boca enche
de água e me imagino adorando esses pezinhos de anjo. Caralho! Nunca vi
pés tão lindos. Imagino-me em minha masmorra erótica e nas coisas que
farei com esses pezinhos. Será que os seios e boceta são tão belos quanto
seus pés? Arfo somente com o pensamento. Balanço a cabeça para me situar
e vejo que pensei bobagens. Impossível ter outra parte tão perfeita como
esses pés espetaculares.
Saio do transe e me sento ao seu lado, tentando esconder meu pau
com o blazer.
Ela me olha e fico encantado com seu rosto. De perto, as sardas
parecem minúsculas partículas de ouro. E em seu pequeno nariz, o acúmulo é
maior.
— Você tem sardas no corpo todo, Clara? — Quando percebo, a
pergunta já saiu. Ela arregala os olhos e me olha com desgosto.
— Não é de seu interesse... — Tenta se levantar.
— Me desculpe... — assumo sem graça, novamente pela primeira vez
na vida, sou cheio de primeiras vezes com essa mulher. — Clara, desde o
primeiro momento que te vi, a desejei. Não vou mentir pra você. Quero você
em minha cama, o mais rápido possível — solto de uma vez, não sou de ficar
dourando a pílula. Agora ela vai negar.
— Você está louco? Jamais!
Sabia. Mulheres, são todas a mesma merda!
— Não, meu Querubim, estou somente desejando, ansiando provar
você. — Ela enrubesce, viu? É só elogiar, e com essa aqui de preferência com
nomes que remetem pureza. Essa coitada já está no papo.
Ela continua sentada me encarando e vejo fogo em seus olhos. A
mulher na cama deve ser um delírio.
— Você quer dizer que quer me comer? — pergunta sem filtro e a
encaro sem entender nada. Ela me disse mesmo a palavra comer?
Vou entrar no jogo do anjo não tão anjo assim. Jurava que ela não
tinha muita experiência, mas parece que tenho mais uma primeira vez:
enganei-me.
Aproximo-me, acho que errei meus cálculos, vou poder comer essa
maluca hoje mesmo. Meu pau sacode dando sua aprovação.
Passo os dedos em seu rosto e, porra, parece cetim. Imagino o resto e
fico louco. Ela me olha vermelha e solta a pérola:
— Eu não gosto de homens gulosos.
Encaro-a sem entender nada.
— Gulosos?
Ela sacode a cabeça e se possível fica ainda mais vermelha. Como
consegue expressar tanta timidez, e ao mesmo tempo falar tão livremente
sobre trepar?
— Sim, você comeu três mulheres de uma vez e não gosto desse tipo
de homem. Tenho em minha cabeça o tipo de homem que quero dar... tem
que ter pau pequeno e você não se encaixa nesse quesito também. — Quando
ela fala isso, me engasgo e começo a tossir sem parar. A porra da mulher é
louca!
— Você... — tento falar — você é louca, mulher! Porra do caralho,
onde estou querendo me meter? — consigo por fim falar.
— Em minha boceta, claro.
Nova crise de tosse me assola. Vou dar o fora daqui, definitivamente
essa mulher é louca!
Levanto-me pronto para fugir daqui e nunca mais ver essa louca em
minha vida.
— Mas posso ser sua amiga, se quiser. Sem ter que dividir seu pau
com outras, porque somos apenas amigos. E você, homem guloso, esquece
minha flor de laranjeira. — Sorri vermelha e me encara.
Olho horrorizado para essa louca e recuo.
— Agradeço a gentileza e oferta de amizade, mas preciso deixar bem
claro, que meu pau sempre será de todas. Ele não gosta de comer arroz todos
os dias — digo com intenção de chocar a maluca.
— Azar o seu, quem sabe se fosse meu amigo, eu poderia
reconsiderar e favorecer sua entrada em minha área particular? — Seu sorriso
é tão puro e de covinhas tão lindas, que por instantes me vejo sem ar. Puta
que pariu!
— Sério? — pergunto desconfiado. — Mas não vou comer só
morango... quero outras frutas. — Deixo bem claro, mas de maneira mais
suave, para respeitar essa ovelhinha, ou será cabritinha?
— Certo. Mas eu também quero provar outros pratos, assim como
você! — Sorri lindamente. Me arrepio quando imagino alguém mais
provando de sua suculenta bocetinha.
— Não! Somente eu posso variar, mulher minha tem que andar em
linha reta! — solto a pérola, que me envergonhará enquanto viver. Porra,
nunca fui assim, o que está acontecendo aqui, meu povo?
— Não! Então não temos um trato, Sr. Maximus. — Levanta-se e
junta suas coisas. — Eu já vou, chegou a minha hora, com licença. —
Caminha em direção a porta, vira e me olha. — Estava brincando, Sr.
Maximus, essa não sou eu. Não resisto a uma brincadeira, e minha amiga
Serena já me avisou que isso ainda vai me colocar em grandes confusões.
Perco o emprego, mas não perco a piada, boa noite, senhor! — Sorri
angelicalmente e sai sem fazer barulho.
Caio sentado no sofá de boca aberta.
— MAS QUE PORRA!

***

Os dias passam e martelo em minha cabeça a cada minuto do dia a


conversa sem pé e nem cabeça que tive com a maluca. Às vezes me pego
sorrindo quando me lembro da mistura de personalidades de Clara. Anjo na
aparência, mas com pensamentos de uma meretriz. Ela fala sem pudor o que
vem a sua cabeça. E tem momentos que solta cada uma, que deixa quem está
a sua volta sem ar.
Estamos aqui na masmorra erótica: eu, Davi e mais quatro mulheres.
Estamos trepando desde ontem, nossos finais de semana são loucos. Sempre
programamos essas orgias.
As mulheres estão amontoadas uma em cima da outra, exauridas. Eu e
Davi caminhamos ainda nus e nos sentamos em poltronas que ficam perto do
bar.
— Cara, meu pau está esfolado e anestesiado — digo com voz
pastosa, estou quebrado. Tentei me esquecer de Clara em todas as mulheres
que comi ao longo de tempo que não a vi mais.
Sei que ela está indo trabalhar, pois a monitoro sem pudor. Sei onde
mora, e até onde faz suas compras. Tornei-me um stalker nessas últimas
semanas.
— Eu aguento mais uma rodada — diz o safado de Davi.
— Cara, você é um animal... puta merda! Agora entendo como
aguenta fazer tantas cenas para filmes pornôs... seu pau parece vivo. — Faço
chacota.
— Você está com inveja, velho de pau mole... aliás, o que está
acontecendo com você? Era mais dinâmico, mais afoito... agora custa dar
umas trepadas mal dadas, e quando trepa é mais rápido que o Papa-Léguas...
— zomba o desgraçado.
— Seu rabo. Dou conta do recado, olha o resultado lá na cama... —
Aponto com o queixo para as mulheres dormindo.
— Eu estava lá, meu caro, por isso elas estão acabadas e saciadas —
se gaba Davi, ficando sério de repente. — Sério, cara, o que está pegando?
Olho para ele e me lembro da maldita ovelhinha negra.
— A porra de uma mulher está me tirando o sono — revelo, não gosto
de segredos entre nossa amizade, o mesmo não posso dizer dele. Ele tem algo
que o magoa profundamente.
— Quê? Ouvi direito? Você está me dizendo que uma mulher não deu
corda para a sua beleza, fortuna e cantadas baratas? Não! — Bate palmas,
dando vários socos no ar. Olho para ele de cara feia.
— Vai se foder, Davi! — Levanto-me e meu pau se levanta junto,
somente de falar na ovelhinha selvagem. Caralho, se não estou totalmente
fodido. Tenho que voltar atrás e tentar comer essa mulher, ou não terei paz.
— Preciso conhecer essa mulher urgente e ver o que ela tem de tão
especial — fala atento.
— Uma porra que vai se aproximar dela. Fique longe, ela é arredia e
não gosta de homens de paus grandes — digo sem prestar atenção e com isso
chamo ainda mais atenção do maldito.
— Puta merda! Estou tendo alucinações, acho que trepei demais e o
sangue todo do meu cérebro ainda está em meu pau. Você trepando com
outras mulheres, querendo uma única, e a mulher em questão gosta de pau
pequeno... porra! Que mulher no mundo gosta de minhoquinha? — o
miserável ri sem parar.
— Ela! Ela gosta de pau pequeno, caralho! E por isso estou fora de
seu radar e você também. — rebato irado.
— Ela já viu seu pau? — pergunta me encarando sem entender porra
nenhuma, nem eu me entendo, caralho!
— Viu! Eu estava comendo as mulheres que era para você comer,
desgraçado! E me ferrei, ela viu tudo e ficou traumatizada com minha gula e
pau grande — respondo aborrecido.
— Gula? — pergunta o insensível, desconfiado.
— Sim, ela me chamou de guloso, pois comia as três mulheres de
uma vez.
Davi solta uma estrondosa gargalhada e penso na situação maluca e a
maneira como Querubim usa as palavras e caio na gargalhada também.
Rimos até a barriga doer e as mulheres acordarem e caminharem para o nosso
lado, nos chamando para começarmos outra rodada de sexo. Trepamos o
restante da noite.

***
Durante o café da manhã, Davi não perde tempo em me provocar.
— Preciso conhecer essa mulher urgente, algo me diz que vou adorar
conhecê-la.
— Um caralho que vai! Essa é minha até segunda ordem, seu
imprestável! — Ele me ignora e vai embora assobiando. Eu fico picado de
raiva e ciúme, sem entender porra nenhuma.
Depois daquela conversa estranha que Maximus e eu tivemos na casa
noturna, nunca mais o vi. E, sinceramente, fico roxa de vergonha quando
lembro as coisas que disse a ele. Tenho que criar o hábito de filtrar o que
penso.
Serena está tranquila e cuidando de sua mãe, ligo pelo menos uma vez
por semana e conto a ela tudo que fiz nas faxinas. Ela morre de medo de
perder esse serviço. Ela ganha muito bem nele e dá para ajudar sua mãe e
ainda se sustentar.
Faço de tudo para mantê-lo para ela. Mas sempre que vou às casas
noturnas, fico vigilante com medo de encontrar o homem que tive a conversa
mais estranha de minha vida.
Já conheço todas as casas noturnas e o estúdio onde fazem os filmes
adultos. Algumas pessoas já me conhecem e agora é mais fácil, chego e vou
direto cuidar da faxina, com isso termino mais cedo, dando tempo de fazer
algum serviço quando chego em casa.
Confesso que procuro o gigante de cabelos claros, olhos azuis e lábios
mais rosados e bicudos que já vi em minha vida.
Já sonhei com o maldito várias vezes. Mas me recuso a pensar nele.
Agora esquecer o tamanho do pau dele é exigir demais de uma mulher.
Estou limpando a mesa do escritório de Davi, quando ouço um raspar
suave de garganta.
Levanto meus olhos e quase caio dura, quando vejo um gigante deus
grego, parado na porta me olhando fixamente e com interesse estranho.
— Boa noite, Clara. — Seus cabelos negros estão em um coque, sua
barba rala e bem feita brilha e os olhos? Os mais verdes que já vi nessa terra.
Fico sem fôlego por um momento, em homenagem a tanta perfeição.
— Clara? — repete e sua voz rouca me faz gemer.
— Puta merda! — Consigo soltar uma palavra.
Ele sorri e a brancura de seus dentes quase me cega.
Isso é um anjo, não é humano, de tanta beleza!
— Morri e estou no paraíso? — Solto minhas pérolas quando estou
nervosa. Porra de boca solta.
— Acho que morremos e estamos ambos no paraíso, doce Querubim
— diz se aproximando. Puta merda, o homem não anda, desliza.
— Você é perfeito, parece um anjo, moço, deus grego... — quando
vejo, já falei e coloco as mãos na boca sem acreditar em minha língua solta.
— Estamos no mesmo dilema, querida. Eu que acredito estar vendo
uma miragem, um anjo de tão belo e...
Escuto uma pancada seca na porta e vejo o homem guloso, com um
bico gigante entrando como um viking vingador, o que tem pau gigante,
lembram? Fico olhando de um para o outro: Luz e Trevas.
É de encher a visão tanta beleza concentrada em dois homens. Tão
belos e tão diferentes fisicamente.
— Porra, Davi, o que te falei, miserável? — Entra o gigante loiro,
irado, todo vestido de negro, inclusive as botas.
O moreno se vira para ele sem se abalar.
— Puta merda, Max, você tem razão é um querubim belíssimo.
Podemos repartir a refeição, o que acha? — Olho de um para o outro sem
entender nada.
— Repartir a refeição? — pergunto com inocência.
Maximus fica vermelho e caminha com rapidez para Davi e o agarra
pelo colarinho, sacudindo-o com força.
— Repartir a refeição? Caralho, vou partir e repartir essa cara sua, seu
desgraçado! O que te falei sobre o anjinho? Esqueceu? Encoste um dedo nela
e te arrebento todo, te faço virar anjo e te mando para o paraíso antes da hora!
— O moreno o olha divertido e tira suas mãos de seu colarinho com
suavidade.
— Calma, parceiro. Entendi. Refeição rara não partilhamos! Certo,
tranquilo.
Fico sem entender nada, mas de olho nesses dois pedaços de mau
caminho. Homens lindos assim só dá trabalho. “Deus me livre, mas quem me
dera!”, penso babando nessas delícias em minha frente.
— Com licença, agora vou limpar a sala do gigante loiro. — Vou
rapidamente para a porta, não sem antes sentir o perfume dos dois.
— Loiro? — Davi indaga com divertimento. Max continua
emburrado. Agora diferencio os dois.
— Sim, Max loiro e Davi moreno. — Abro minha maldita boca mais
uma vez. E vejo agora os dois me olharem divertidos.
— Max ela é uma peça e uma graça — Davi diz, caminhando e
sentando-se em sua cadeira.
— Sim, e muito rara, fique longe! — concorda Max e me puxa
suavemente pelo braço. — Vamos limpar minha sala, quero ela clarinha e
reluzente de tão limpa!
Penso que sou louca, mas acho que encontrei minha trupe! Estou
começando a me sentir em casa, no meio desses dois loucos.
Cansei de tentar tirar Clara da cabeça. Foda-se, quero essa mulher e
vou ter! Ela vai ter que aceitar meu pau grande e grosso. Penso com desgosto
e divertido ao mesmo tempo.
Ela disse que estava brincando sobre a primeira conversa que tivemos,
mas, sinceramente, não acredito em nada.
Vou atacar novamente e, se não der certo, serei um fora da lei pela
primeira vez na vida. Porra! Tenho um plano que, se eu contar a Davi, vai me
chamar de louco e chamar a polícia, e com razão.
Antes de executar meu plano B que pode foder minha vida e
reputação, vou tentar trazê-la para a minha cama como faço com as outras
com o plano A: palavras doces, presentes, viagens e joias. Mas algo me diz
que com essa não vai funcionar. Vamos ver, tenho o plano B, prontinho e
esquematizado na cabeça. Tomara que eu não precise lançar mão dele.
Porque se precisar o farei sem pudor. Foda-se, olha o nível que essa mulher
me fez descer! No momento certo vocês saberão o que tenho em mente para
o falso anjinho! É foda de perigoso!
Chegamos a minha sala e vejo que ela está sem graça.
Passa igual uma bala por mim e aspiro seu cheiro suave de flores.
Meu pobre pau estremece. Coitado, tenho abusado dele ultimamente, mas ele
tem ficado insatisfeito. Exige e quer somente essa louca que está indo para o
armário de produtos de limpeza.
Sento-me na cadeira e giro meu corpo para onde está essa coisinha
minúscula. A mulher é linda, e usa uma camiseta branca, com uma bermuda
jeans soltinha, parece uma bonequinha em forma de anjo.
Olho seus pés e estremeço. Sonhei com esses malditos pezinhos
inúmeras noites seguidas. Esfolei os pés de outras mulheres e só me sentia
vazio e mais necessitado ao terminar de dar vazão as minhas taras e fetiches
com pés alheios.
— E então, Clara Luz, conseguiu arrumar o homem que idealizou
para ceder sua tão bem guardada florzinha? — Trago à tona, a nossa conversa
maluca daquele dia, usando o mesmo linguajar dela. Vejo-a ficar vermelha e
uma escova cair de sua mão.
— Não, ainda não. Não procurei, estou sem tempo — responde a
descarada.
— Eu aceito sua proposta de sermos somente amigos — solto de uma
vez. Ela arregala os olhos e me encara com espanto.
— Não, obrigada, não dá para ser amiga de um homem como você e
não dar. — Ela cobre a boca rapidamente e dou uma gargalhada tão alta, que
Davi vem até a porta e me olha sem entender.
— Fora daqui, Davi! — digo agora com uma carranca enorme, esses
momentos são meus e da Querubim.
Ele sorri para mim e pisca para a ovelhinha. Levanto-me e ele sai
rapidamente, sorrindo de orelha a orelha. Maldito, fura-olhos!
Levanto-me e caminho até onde ela está.
— Quer dizer que me acha atraente? — sussurro em seu ouvido.
— Sim, não! — Ela se enrola toda e sai quase correndo de perto de
mim, colocando-se do outro lado da sala.
— Podemos ser amigos então? — pergunto novamente.
— Não tenho dinheiro — diz e fico sem entender.
— Não quero seu dinheiro, anjo, mas sua amizade. Não entendi o que
você quis dizer, pode me explicar, por favor? — peço realmente intrigado.
— Pessoas como você e Davi são amigos somente de quem tem
dinheiro. Nós que não temos, não passamos de divertimento para vocês. Por
isso recuso sua amizade — responde a miserável e entra no banheiro. Vou
atrás.
— Quem te disse essa asneira, Clara? — Abro a porta e vejo-a
começando a lavar a cuba.
— Ninguém, somente tenho olhos na cara e vejo. Amizades, namoros,
e casamentos entre pobres e ricos não dão certo — fala com certeza.
— Clara, acho que você está me julgando sem me conhecer de fato,
nem todos os ricos e pobres são iguais — rebato sua crítica infundada.
— Ah, é? E como você trata seus empregados? — Agora ela me
acertou na cara sem querer. Sou um merda esnobe.
— Bem...
Ela sorri triunfante.
— Agora que entendeu, com licença preciso ganhar meu pão de cada
dia. — Empurra-me com suavidade e fecha a porta em minha cara. Mulher
maluca essa.
Aguardo-a terminar; enquanto isso resolvo algumas pendências por
telefone. Quando estou terminando de fechar um pedido de bebidas, ela sai
do banheiro vermelha pelo esforço.
— Ok, Clara, pensei no que me disse e acho que tem razão em parte.
Sou meio antissocial com meus empregados, mas eu os pago muito bem. —
Tento amenizar meu lado.
— Verdade, isso o senhor faz muito bem. — Me irrita quando me
chama de senhor.
— Quantos anos acha que tenho? Oitenta? Para de me chamar de
senhor! Porra! — esbravejo e ela continua como se eu não tivesse dito nada.
— Uns sessenta? — retruca com suavidade e me encarando séria.
— Sessenta?
Ela sacode a cabeça.
— Uma porra que acha que tenho sessenta anos! — Já estou
entendendo a cabecinha dessa maluca.
— Cinquenta então? — Clara realmente não tem jeito.
— Vou te mostrar quem tem sessenta e cinquenta anos aqui. —
Caminho rápido e a pego pela cintura. Estremeço como um adolescente; fina
e macia. Levanto-a o mais alto que posso e a seguro no ar. — Qual velho
consegue levantar uma mulher tão alto e mantê-la tanto tempo no ar como
estou fazendo? — pergunto malicioso, quando a vejo ficar vermelha e sem
graça.
— Você! — A peste responde, e gargalho novamente, realmente essa
criaturinha me faz muito bem.
— Clara, Clara, você ainda verá que esse velho aqui é de uma
potência gigantesca! — profetizo divertido.
— Eu já vi... e como vi! — ela solta sem controle e arregala os olhos,
porra! Vou ficar rouco de tanto gargalhar. Há quanto tempo que não gargalho
assim? Mais uma primeira vez com esse falso anjo.
— Verdade... e mesmo assim ainda continua me provocando. Janta
comigo? — solto de uma vez.
Desço Clara suavemente e a deixo deslizar pelo meu corpo até chegar
ao chão, nesse processo meu pau duro a saúda.
— Jantar? — pergunta me encarando, agora vejo a timidez tomar seu
rosto.
— Sim, comer, mas não você, estou dizendo logo, antes que essa
pequena mente poluída pense bobagens! Quero jantar com você em um
restaurante, ou em minha casa. Em minha casa tem uma imensa biblioteca
com centenas de livros em inglês, sei que é professora e, se quiser, pode
pegar alguns emprestados. Mas você é quem escolhe. — Jogo a isca, quero-a
em minha casa.
Vejo seus imensos olhos azuis piscarem. Vou preparando o terreno,
em pouco tempo a terei em minha masmorra erótica e essa obsessão vai para
o inferno.
— Vamos jantar em sua casa. Posso mesmo trazer alguns livros em
inglês emprestados?
Minha doce ovelhinha cai na armadilha. Viu como é importante
sabermos o que as pessoas gostam? Sorrio com o coração cheio de malícia. E
me congratulando pela esperteza e vitória tão fácil.
— Combinado, te pego essa semana, pode ser na quarta? Às 20
horas? — digo rapidamente, antes que a maluca mude de ideia.
— Não posso. — Não falei? Porra de mulher complicada!
— Por quê? — pergunto seco.
— Tenho que limpar seus escritórios, afinal ganho para isso, e não
gosto de faltar sem justa causa. — Ela é louca, só pode ser fugitiva de algum
manicômio.
— Porra, Clara! Você trabalha para mim, eu estou te convidando,
cacete!
Ela sorri largamente.
— Nesse caso aceito. Mas sem segundas, terceiras ou milésimas
intenções, ouviu? Você não se encaixa no perfil que escolhi para partilhar
certas partes de meu corpo — diz com ar puro e inocente.
Quem não a conhece, acredita. Porra! Estou começando a conhecer o
senso de humor dessa pequena mulher ardilosa. Enganei-me com a aparência
angelical dessa pestinha. Agora estou começando a conhecê-la melhor.
— Combinado. Agora vou sair para resolver algumas pendências com
as dançarinas e depois irei embora. Hoje é sexta-feira, dia de coreografia
nova, e as dançarinas se apresentam para mim, antes de mostrar ao público.
Caminho para a porta, minha vontade é de arrastá-la comigo, mas vou
devagar. Como disse, ela é arredia. E onde a quero, tenho que ter calma e
muita paciência.
— Boa noite, Maximus, até quarta-feira — despede-se com voz suave
e meu pau clama por ela.
— Até quarta-feira, Querubim. — Saio com um sorriso no rosto, que
some quando me lembro de que marquei com Davi de irmos a uma festa onde
teremos sexo grupal a noite toda. Por um momento me sinto incomodado
com isso. Balanço a cabeça e vou ver como será a nova coreografia que as
moças estão ensaiando.
Você deve se perguntar, por que um homem bilionário fica
trabalhando nessas coisas aparentemente tão supérfluas, se ele tem dinheiro
para viver sem fazer nada e no luxo por dez vidas? Essa te respondo fácil:
Porque um homem parado e sem sonhos é um homem morto. Já passei por
esse processo de querer só curtir, foi a pior fase de minha vida. Comecei a
me envolver com pessoas erradas, drogas, mulheres em excesso e caí em
uma depressão profunda. Por isso a terapia até hoje. Encontrei no trabalho
a forma de não pensar ou fazer bobagens, pegando o boi pelo chifre, por isso
trabalho muito. Entendem agora?
Eu e Davi vamos para a maldita festa e nos afundamos em devassidão
e podridão. Na segunda, estou um trapo e me sentindo imundo. Até rolou
umas rodadas de pó branco lá. Fiquei doidão e fiz muita merda.
Davi me trouxe para casa na marra, queria ficar lá e continuar na
putaria, talvez assim tiraria, apagaria, aquele anjo perfeito de minha cabeça.
Quando me deixou em casa, depois de me ajudar a tomar um banho, senti-me
um lixo, lembrei-me de Clara e me encolhi na cama. Fitei as estrelas e
demorei a dormir.
Davi me liga no dia seguinte preocupado e digo que está tudo bem.
Mentira, está tudo péssimo. Ligo para o meu terapeuta e conversamos por
muito tempo. Quando desligo, eu me sinto melhor. O final de semana passa
lentamente e aguardo ansioso pela quarta-feira.
Depois do convite de Maximus, confesso que fiquei envaidecida,
afinal nunca ninguém tão lindo demonstrou interesse genuíno em mim.
Como sou uma mulher cautelosa, quando cheguei em casa, apesar de
já ter aceitado jantar com ele, ainda poderia negar. Vasculho a internet e o
que vejo me deixa de cabelo em pé. Maximus como CEO é impecável e
centrado, mas quando viramos para a sua vida íntima, o cara é um garanhão
de primeira. O homem não fica uma semana com suas mulheres. Troca de
mulher igual troca de cueca. Puta merda! Onde estou me metendo?
Ficha de Maximus Bizolli: arrogante, orgulhoso, safado, dono de
produtora de filmes pornôs, dono de várias casas noturnas e, segundo Serena,
testa as mulheres para trabalhar em sua rede de prostíbulo. O que mais falta
para engrossar a lista de pilantragem desse homem lindo?
Vou tentar cair fora. Já me distraí com tanta beleza e quase caí em sua
rede de mentiras e safadezas! E como estou em processo de seleção para
achar um cara de pau pequeno, entendam, somente a primeira vez! Se vocês
vissem o tamanho do pau de Max e do mascarado tarado, vocês me dariam
razão.
E se me envolver com Max, vou penar quando ele quiser tirar minha
pureza, vou sofrer muito, afinal minha pobre boceta é intocada. Seu tamanho
é assustador. Até arrepio e solto um gemido, mas de pavor e não de desejo,
que fique bem claro, de pavor! Minha cara de pau me assusta, assim como o
tamanho do mastro mágico de Max. É mágico, porque o tanto que as
mulheres estavam gritando e gemendo quando presenciei sua safadeza, que
não dormi por dias seguidos, pensando em sua vara mágica. Puta merda!
Fico pensando no que fazer e, de repente, me lembro de um colega de
faculdade, vou convidá-lo para sair e no jantar que vou com Max, digo que já
arrumei meu escolhido.
É isso! Assim ele desiste, de me perseguir. Estou ficando mais mole e
sei que se ele continuar a insistir vou ceder, depois me arrepender. Seu
histórico devasso testifica contra ele, come as mulheres e as enxota sem dó
nem piedade. Como se não fossem nada, somente lixos.
Pego o telefone e abro a agenda. Ligo para o meu colega de pau
pequeno, ele passou o rodo em várias colegas de faculdade. Elas me
contaram, algumas até tiraram fotos e debocharam demais do coitado. Mas
puta merda, é uma coisinha, penso vermelha e com dó. Esse está no jeito para
a minha primeira vez. Quero acabar logo com essa pureza carnal, porque
minha cabeça é um estúdio de cenas hots e apimentadas.
Ele atende ao primeiro toque.
— Clara? — Ele sempre quis me comer, mas eu nunca quis, devido à
falta de desejo e interesse, mas agora é por uma boa causa. Quando Max
souber, me deixará em paz. Sei bem o que o safado quer.
— Jurandir? Quanto tempo, hein? Como está? — pergunto com
desgosto. Será que vale a pena?
— Estou ótimo, Clara, e morrendo de saudades — diz o comedor pau
pequeno, o mais safado da faculdade na época.
— Que bom, podemos sair para jantar? — indago sentindo um gosto
ruim na boca.
— Claro, Clara! Podemos sair hoje? — concorda empolgado, já deve
estar de pauzinho duro, o safado.
— Hoje? Não! Está tarde, podemos marcar para segunda, o que acha?
— adio, para criar coragem. O que o medo de um pau grande e grosso, faz
com a gente. Puta merda, Maximus, seu pau podia ser menor...
— Dá tempo hoje, são 18 horas ainda e...
Corto o tarado de pau minúsculo:
— Amanhã. — Sou curta e grossa.
— Porra, Clarinha... — Que homem chato! — Tudo bem, sempre
quis sair com você. Sabia que ainda veria o quanto é sortuda.
Reviro meus olhos, o que tem de ego grande, tem de pau pequeno.
— Ok, amanhã, às 19 horas, pois trabalho às 22, ok?
— Ok, não preciso de muito tempo... — diz com malícia. Além de
pau pequeno, termina em segundos. Do jeitinho que quero.
— Combinado, te aguardo, você sabe onde moro, já fizemos trabalhos
acadêmicos aqui em casa. Boa noite, Jurandir. — Desligo o telefone sem nem
ao menos ouvi-lo.
Levanto-me e tomo um banho demorado, enquanto isso penso na
loucura que estou prestes a fazer. Mas, ficando com um menos avantajado,
fica mais fácil ficar com homens como Max ou mesmo um como o
mascarado tarado. Porra, para uma menina doce e angelical estou com a
mente poluída. Sorrio divertida. Nunca disse que era santa.
Meu telefone toca e vejo que o número é desconhecido.
Ignoro, insiste e atendo.
— Alô? — digo para quem quer que seja.
— Oi, Querubim. — Sua voz rouca me sacode e minha calcinha
alaga. Puta merda, a voz desse homem faz estragos em meu corpo e mente.
— Maximus? — murmuro sem acreditar.
— Em carne e osso, ovelhinha. Estava aqui sozinho e angustiado e
me lembrei de você — responde com uma nota de tristeza na voz.
— Max? Está tudo bem? — Minha voz soa preocupada.
— Não, Clara, não está nada bem... Estou me sentindo solitário e
com uma angústia muito ruim... — diz baixo e não ouço a voz que estou
acostumada, debochada e safada. Parece mesmo angustiado.
— O que houve? Posso te ajudar de alguma forma? — Sou solícita.
— Tive um final de semana complicado, não quero entrar em
detalhes, mas algumas coisas que fiz me incomodaram muito, achei que
estava livre... — responde baixinho.
— Max, o que você fez? — Se ele me ligou e está me contando,
penso que tenho liberdade para perguntar.
— Coisas que pensei estar livre, Querubim... — fala tão baixo e com
tanta tristeza, que meu coração falha uma batida.
— Onde você está, Max, Davi não está com você? — Assusta-me a
maneira arrasada que ele fala.
— Não, amor, ele está viajando — responde com voz fanhosa, como
se estivesse chorando.
— Max, quer vir aqui ou quer que eu vá aí? — Estou fazendo merda,
mas como deixar uma pessoa nesse estado?
A ligação fica em silêncio por minutos e ouço-o arfar.
— Você viria aqui por mim? — pergunta como se isso fosse
impossível.
— Claro, por que não? — questiono com calma.
— Por que não me conhece bem? Não sabe do que sou capaz? Posso
machucá-la? — pergunta com voz grossa e desaprovadora.
— Sim, sempre faço isso com pessoas que precisam de mim, nunca
me aconteceu nada, permaneço pura e santa até hoje — digo sem medo
nenhum.
— Querubim, você ainda vai ser minha ruína! — diz com voz agora
mais divertida. — Não precisa, querida, eu queria somente desabafar, estou
esperando ansioso quarta-feira, o dia que jantaremos juntos e você levará
meus livros de inglês emprestados. Programão da porra! — brinca e zoa ao
mesmo tempo.
— Se você quiser um encontro mais alegrinho e divertido, chame suas
quengas, safado! — falo sem controle algum, como sempre.
Ouço uma gargalhada estrondosa do outro lado e afasto o telefone,
olho para ele com a testa franzida. O homem é definitivamente louco. Ele é,
eu não!
— Caralho, anjo! Você é aquela brisa que sopra as nuvens negras
que cercam minha vida fodida! — fala seriamente agora.
— Fico feliz em ser uma brisa, espero que meu frescor te baste, se é
que vou ventar em suas zonas algum dia... — digo com a cabeça cheia de
ideias.
— Clara? Não entendi... — diz confuso.
— Se algum dia, eu ventar em suas zonas... quero ser somente eu a
refrescar tudo... entendeu? Se passar alguma outra ventania, eu deixo de ser
brisa e viro tornado. Acabo com você, safado! — falo sorrindo e adorando a
rima no final.
— Puta merda, anjo, será que entendi seu enigma? Se é o que estou
pensando, meu tufão já está se formando! — diz o safado, entendendo minha
safadeza. Sou ótima de conversa, mas quando o bicho pega, corro! Ele ainda
não sabe de minha covardia, sou ousada somente com palavras.
— Até quarta-feira, Maximus, e amanhã à noite vou chegar uns
minutinhos atrasada, mas compenso, ok? — Vou desligar, quando ouço seu
grito.
— Atrasada? Mas que porra vai fazer? Você pega serviço às 22
horas amanhã. Caralho, não tem motivos para chegar atrasada! — fala
irado, como se fosse meu dono.
— Você não é meu dono, em primeiro lugar. E segundo, o que faço
fora do horário de serviço não é da sua conta. — Sou curta e grossa, corto as
asinhas do gavião.
— Uma porra que não tenho. Temos até um encontro quarta-feira!
— diz todo machão.
— Ah, é? Então, já temos que ser fiéis? Se sim, onde você estava esse
final de semana, Max? E não minta para mim!
Ele se cala de repente e sei que estava em algum lugar que vai
comprometê-lo.
— Maximus Bizolli! Seu cafajeste! — brinco divertida, claro que
estava aprontando.
— Clara... eu... bem... — diz todo enrolado.
— Viu? Não temos compromisso nenhum! Porque, Maximus, posso
ter cara de anjo, Querubim como me chama, mas se eu estiver em um
relacionamento com um homem, sou fiel e exijo a mesma fidelidade. Se
descobrir algum dia que meu namorado, marido, ou o que seja o que for,
estiver me traindo, faço questão de viver como se o traidor morresse para
mim. Risco-o de minha vida. Me traiu é morte instantânea para mim, tanto
em relacionamento amoroso quanto em amizade. Por isso nunca namorei.
Sou cautelosa, porque me conheço — digo de uma vez e vejo que o assustei,
claro o homem é um safado infiel. Suas mulheres sofrem, coitadas!
— Porra, Querubim, agora você pegou pesado!
— Sim, agora que me conhece tome cuidado comigo — digo
divertida e ouço sua risadinha. — Boa noite, Maximus. Se precisar de algo,
não hesite em me chamar.
Ouço-o suspirar do outro lado.
— Combinado, querida. Boa noite e até amanhã, sem atrasos. —
Desliga rápido antes que eu possa responder. Descarado. Sorrio.
Segunda chega e trabalho como um cavalo, adianto o que posso para
terça-feira. Quarta-feira quero estar livre. Não quero nada me atrapalhando
quando Clara vier jantar aqui. Já avisei a cozinheira para preparar tudo e
deixar a mesa arrumada e ir embora, quero ficar a sós com Clara Luz.
Pedi a Davi para não aparecer aqui, o puto costuma chegar com o
carro cheio de mulheres e fazemos a festa em minha masmorra erótica. Mas
quero paz, pelo menos o dia em que for jantar com Querubim.
Estou ansioso como há tempos não me sentia. Sinto que vou me foder
com essa mulher. Sinto isso bem no fundo da alma. Mas foda-se se vou
desistir de comer essa coisinha saborosa. Não se esqueçam, qualquer coisa
dando errada no Plano A, tenho o Plano B, espero não precisar usá-lo.
Recordo-me da briga imensa que tivemos quando a descarada chegou
atrasada, não quinze minutinhos, conforme disse, mas quarenta e cinco
minutos, caralho! E ainda estava vermelha e descabelada. Isso me deixou
doido.
— Onde estava? Por que chegou tão atrasada? Clara! — grito ao ser
ao ver como está estranha e vermelha. — Aconteceu alguma coisa...
Querubim?
Ela me olha com os olhos azuis, cintilando de lágrimas. Balança a
cabeça e seus cabelos, em um coque mal feito, despencam por suas costas em
ondas suaves e sedosas. Porra, a mulher é uma miragem!
— Ele... e eu... nós... — Sinto meu corpo gelar e minhas mãos
tremerem. Fico tonto por uns bons segundos.
— Você e ele? O que quer dizer com “nós”? CLARA? — Quando
dou por mim a estou sacudindo com desespero, mil ideias passam por minha
cabeça.
— Me solta, Maximus! — Ela me empurra e a solto, horrorizado com
a forma que a sacudi.
— Desculpe-me, anjo, eu... — Passo a mão na cabeça, nervoso e
desgostoso comigo mesmo.
Ela me olha e pega o material de limpeza.
— Desculpe o atraso, vou ficar até mais tarde para compensar...
— O caralho que estou preocupado com a porra do atraso —
interrompo-a irado. — Quero saber o que aconteceu, você claramente não
está bem — desabafo e vou até ela, tiro os produtos de limpeza de suas mãos
e a empurro suavemente para o sofá.
Sento-me à sua frente em minha cadeira. Olho em seus olhos, de um
azul tão límpido, que me perco neles.
— Querubim, agora me conte o que aconteceu. — Pego em suas
pequenas mãos trêmulas e seguro com suavidade, ela está assustada.
Olha-me e abaixa a cabeça envergonhada.
— Fiz uma grande merda, e tenho vergonha de dizer — Clara
confessa baixinho.
Esfrio e meu coração salta no peito. Levo a mão e massageio o local,
onde ele bate desenfreado. O que está acontecendo comigo? Estou agindo de
maneira irracional com essa mulher! Tem tão pouco tempo que a conheço!
Caralho!
Respiro fundo e tento manter a calma.
— Me conta o que aconteceu, Clara, talvez eu possa ajudá-la. Me
sinto muito grato a você, pois o dia que precisei você me ouviu — digo
suavemente, mas por dentro estou um verdadeiro desequilíbrio. Estou a ponto
de matar um.
— Eu... — Ela fica mais vermelha ainda e vejo que aprontou uma das
boas.
Fecho os olhos e respiro fundo. Não entendo esse modo territorialista
que tenho em relação a essa mulher. Porra, nunca senti isso, caralho! Sempre
dividi minhas mulheres, até as namoradas, sem remorso. Mas agora estou
aqui, parecendo um animal sem controle, somente em pensar que alguém
pode ter tocado nela, estremeço de ódio.
Olho para Clara, que continua de cabeça baixa, pego seu queixo com
delicadeza.
— Me conta.
Clara fecha os olhos e começa a falar:
— Eu sou meio louca, meus pais sempre me dizem que faço antes e
penso depois. Nunca tive tanta certeza de que eles estavam certos até hoje.
Estremeço e me arrepio, sei que nada de bom virá dessa conversa.
— Eu sou virgem por opção e não porque acho que temos que nos
casar virgens, ou mesmo ficar com um homem só.
Trinco os dentes.
— Penso e vivo ciente de que tanto homens como mulheres têm
direitos iguais.
Vou quebrar meus dentes de tanto que trinco o maxilar. Machista eu
sei, mas, porra, ela é um anjo!
— Pensando assim, decidi o tipo de homem que teria minha primeira
vez. E baseado em minhas maluquices, sempre ajo sem pensar, é um defeito
que nasci com ele — soluça e a puxo para perto de mim a abraçando. —
Max, eu fiz uma grande merda hoje e estou tão envergonhada. — Esconde o
rosto em meu peito e estremeço.
— Conta para mim, querida, garanto que não chega nem a um
quilômetro de distância das merdas que faço todos os dias — incentivo-a com
carinho, mesmo querendo comer o rim de alguém.
— Eu escolhi o tipo de homem que queria perder minha virgindade...
— Levanto-me bruscamente, pego um vaso e arremesso na parede,
totalmente descontrolado, ela se levanta assustada e vejo que fiz merda. —
Max... — Caminha para a porta.
— Perdão, Clara, é que só de pensar... desculpe-me. Prometo me
comportar... — Meu coração troveja e minhas mãos tremem tanto, que as
enfio no bolso de minha calça social para disfarçar. Quando ela terminar e eu
souber o nome do desgraçado vou atrás e acabarei com sua vida de merda.
Caminho com cuidado e a pego pela mão novamente, tenho que me
controlar ou a afugentarei de vez.
— Prometo a você me controlar, Clara.
Ela me analisa e relaxa. Estou todo fodido por dentro, mas por fora
exalo calma.
— Então, meu escolhido tinha que ter pau pequeno.
Seguro o riso, essa mulher é uma peça.
— E na faculdade tinha um cara metido a garanhão, que ficava com
todas, mas sempre quis ficar comigo e eu nunca quis.
Suspiro de alívio, para logo em seguida voltar ao desgosto e pressão.
— As meninas me mostraram fotos de seu minúsculo pau e rimos
demais do cara metido a garanhão, com aquela pinça entre as pernas — diz
com desgosto e inocência.
Não consigo me conter e gargalho do pobre infeliz. O jeito que Clara
fala me faz sentir tão bem. Ela me olha magoada e aperto sua mão
suavemente.
— Continue, querida.
Ela tomba a cabeça para o lado, como se estivesse se recordando.
— Me lembrei dele nesse final de semana e marquei com ele hoje.
Mas primeiro queria jantar, sair algumas vezes, sabe?
Tremo de ódio, quando percebo onde isso vai dar.
— Mas ele queria me comer de todo jeito hoje, Max, e quando eu
neguei, ele tentou...
Vejo-a estremecer e seus olhos enchem de lágrimas. Vou matar o
desgraçado!
— Calma, querida, agora está tudo bem. — Puxo-a e a abraço, seu
pequeno corpo encaixa no meu como uma luva. Fecho os olhos e inspiro.
Rosas.
— Ele tentou me beijar à força e rasgou meu vestido...
Afasto-a e vejo que está de camiseta e saia. Olho para ela com
interrogação nos olhos.
— Eu troquei de roupa antes de vir para cá... — revela trêmula.
Desgraçado!
— Qual o nome dele, amor? — pergunto no meio da conversa, ela vai
soltar sem nem perceber. Eu mesmo o matarei.
— Jurandir Macedo. Realmente, ele tem o pau tão minúsculo que,
apesar de eu estar com muito medo, não aguentei e comecei a rir sem parar.
Ele me olhou sem entender nada e, nesse momento, aproveitei e fugi. Ele
correu atrás me ameaçando, até que entrei em um bar e corri para o banheiro,
tranquei a porta e fiquei lá até ter certeza de que o tinha despistado.
“Caralho, olha o nome do defunto aí! Vou ensiná-lo a ser homem,
anjo, prometo a você”, penso com a ira me queimando por dentro.
— Era aqui perto o restaurante que marquei o jantar com ele, para não
me atrasar mais que 15 minutos. Quando cheguei aqui, fui ao banheiro sem
ninguém me ver, me troquei e cá estou. — Termina sua narrativa, trêmula e
enxugando suas lágrimas que descem em abundância.
Continuo abraçado a essa mulher, que está mexendo com meu mundo
com uma força descomunal, e ficamos assim por alguns minutos.
— Max? Obrigada por me ouvir, me sinto muito melhor agora. Vou
limpar aqui, para terminar mais rápido e ir para casa. — Fica na ponta dos
pés e beija meu rosto barbudo. Sinto um calor gostoso demais no lugar que
ficava meu coração íntegro, onde agora fica um coração bandido, ele é de
todas que abrem as pernas para Maximus Bizolli. Ainda existe esse coração
íntegro em mim?
— Vem, querida, vou te levar para casa. Hoje você não tem condições
de trabalhar e não adianta discutir com o patrão. — Belisco seu narizinho
cheio de sardas e imagino como um cara pode querer forçar algo tão delicado
e angelical como essa mulher.
Ela sorri e, pela primeira vez, desde que nos conhecemos não me
contesta e saímos, deixo-a em seu apartamento e sigo para a minha casa.
Preciso fazer umas ligações. “Tem um pau minúsculo solto, querendo
causar estragos”, penso com desgosto. “Vamos ensinar a esse cara como um
homem de verdade deve se comportar”, penso com sorriso maligno.
O jantar com Jurandir foi um fiasco e aprendi a não querer marcar
como as coisas devem acontecer. Jurava que o cara seria um cavalheiro e
esperaria a hora que eu estivesse disposta a transar. Mas não, além de pau
pequeno, o cérebro não é diferente.
Sou grata a Maximus pelo carinho e consideração que teve comigo
ontem. Ouviu-me e me trouxe para casa, confesso que estava trêmula por
dentro, pois nunca esperava isso de Jurandir, pau pequeno.
Ele se transformou quando me neguei a ele, o homem virou um
demônio. O pau e o cérebro podem ser pequenos, mas não posso negar, o
infeliz tem força.
Não mostrei a Maximus o estrago que ele fez em meu corpo. Como
sou muito branca há partes roxas em meus seios e barriga.
Estremeço-me ao lembrar, foram momentos de terror. Nunca mais
procuro homens para perder essa merda de virgindade. Vou deixar acontecer;
se for com um pau pequeno, mas com respeito, ótimo. Se for um taco de
beisebol, que seja. O que eu quero agora é respeito por parte do dono do pau,
não me interessa mais o tamanho. “Agi feito uma louca”, penso
envergonhada. Mas essa é minha natureza. Fazer merda uma atrás da outra.
Quando percebo, já fiz. Minha boca é solta, já me meti em tantas enrascadas
por falar o que devia ser somente um pensamento...
Já cansei de fazer isso, inclusive com Max. Quando penso nas merdas
que já falei a ele, minha cara queima. Merda! Não sei o que ele ainda quer
com uma maluca como eu! Ahhhh, sei sim! O que todo homem quer. Estou
começando a considerar a hipótese de aceitar esse pauzudo para ajudar-me a
livrar de tanta pureza. Pelo que vi de seu desempenho, ele é dos bons. Meu
rosto cora com pensamentos tão despudorados.
Hoje o dia foi mais tranquilo, agora estou aqui terminando a limpeza
no escritório da casa noturna número 03 e nem sinal de Maximus.
Acostumei-me a tê-lo por perto sempre quando estou limpando os escritórios.
Apesar de ser o dono milionário, ele me faz sentir muito bem em sua
presença e nunca me humilhou. Mas sei que com os outros ele não é assim.
Vejo agora os comentários sobre sua arrogância e safadeza.
Cada dia que passa, mais as pessoas comentam, acho que já se
acostumaram comigo aqui e, às vezes, comentam coisas que Maximus faz ou
já fez, que arrepio somente de ouvir. O cara é arrogante sem limites, e já
comeu todas as mulheres que trabalham aqui. Todas não, falta uma ainda: eu.
E ele está no caminho certo. E eu a um passo de ceder. Mas vou dar uma
canseirinha nesse safado, vai ser ele, decido agora. “Mas vai ter que ralar um
pouquinho”, penso corada, e doida para dar para ele de uma vez. Mas aí vem
a dúvida cruel...
Será que trata todas com o carinho que me trata, até comê-las?
Um gosto amargo enche minha boca. Porra, e eu aqui achando que era
especial.
Clara, você vai transar com o cara e não se casar. Aliás, sua maluca,
ele não pediu nem uma coisa, nem outra!
Agora que me dou conta desse fato! Sorrio e penso que um homem
como Maximus não rejeita nunca uma boceta, ainda mais sendo pura luz
igual a minha. Homens como Max, machistas, adoram serem os primeiros,
então vou aproveitar dessa falha de caráter dele e enfiar o pé na jaca.
Termino a faxina e nem sinal do homem, vou embora sentindo falta
de nossas conversas.

***
Chego em casa, tomo um banho e vou elaborar umas provas para os
meus meninos fazerem amanhã. Com isso vou dormir quase de madrugada.
Deito-me e durmo um pouco, levanto-me às oito e preparo meu café,
tomo e, quando termino, meu primeiro aluno chega e logo em seguida os
outros.
Aplico as provas e os meninos fazem; quando vão embora, preparo
meu almoço e, enquanto os outros não chegam, vou corrigindo as provas.
Quando os alunos da tarde vão embora, arrumo tudo e vou tomar meu
banho, hoje é o dia de me encontrar com Maximus Bizolli.
Estou ansiosa desde cedo e agora que estou me enxugando, depois de
um banho caprichado com direito a cabelos lavados e hidratados, olho para o
meu vestido estendido na cama, meu conjunto de lingerie branco e minhas
sandálias prateadas.
Deixo meu cabelo secar naturalmente, visto minha lingerie depois de
hidratar meu corpo. Deslizo o vestido branco pelo meu corpo e sinto sua
maciez. Calço minhas sandálias de salto alto. Faço uma maquiagem bem
suave, sopro um beijo para a mulher refletida no espelho, cujos olhos brilham
exalando felicidade e expectativa.
Pego minha bolsa e celular, vejo a mensagem que acabou de chegar:
Maximus. Meu coração dispara e desço rapidamente.
Vejo-o encostado no carro com uma calça social preta, camisa branca
e um sapato de bico fino também preto. Ele adora calças pretas e realmente
fica lindo, parece um modelo.
Está ao telefone e paro um instante e aprecio. As tatuagens que
cobrem seus braços são de causar inveja em qualquer ser vivente, nessa
Terra. Até em seus dedos há tatuagens. Puta merda, o homem é uma delícia
ambulante!
A calça agarra suas coxas musculosas e o volume que tem na frente
me faz suspirar. Vou morrer antes de chegar até ele.
Caminho trêmula até Max e paro em sua frente. Quando me vê, sorri
largamente e vejo duas covinhas imensas perdidas no meio de sua barba.
Seus dentes são alinhados e brancos, maravilhosos. Quero beijar esse homem.
— Clara Luz. — Desliga o celular sem se despedir e caminha para me
encontrar. Pega minha mão e a beija, seus olhos descem pelo meu corpo e
vejo ele engolir em seco quando fixa seu olhar em meus pés. Já observei que
ele gosta de olhar meus pés. Homem estanho esse.
— Maximus... — murmuro seu nome por falta do que dizer.
— Você está linda, Querubim de Luz.
Coro, desço meu olhar e vejo seu pau duro. Meu Deus! Vou morrer
com certeza antes de chegar à casa de Max.
Levanto meus olhos rapidamente e o vejo me olhando com desejo
ardente nos olhos.
— Melhor irmos, anjo, senão posso fazer uma besteira aqui. — Abre
a porta do carro e entro. Aqui dentro tudo reluz dinheiro.
Vejo-o contornar o carro e entrar e se ajeitar no banco do motorista e
arrumar o cinto, liga o carro e sai suavemente, até dirigindo o homem tem
classe. Belisco-me para ver se é um sonho, estar com um homem tão lindo!
Pensei que esse tipo de homem só existia em romances!
Olho pelo retrovisor e vejo dois carros negros nos seguindo.
— Max tem dois carros nos seguindo... — comento assustada.
Ele me olha e sorri.
— São meus seguranças, anjo. Me seguem para todos os lados, desde
que sofri uma tentativa de sequestro — diz casualmente e sinto o sangue fugir
de meu rosto.
— Sequestro?
Ele me olha, afirmando com a cabeça.
— Sim. Se não fosse Davi na época, não sei se estaria aqui hoje.
— Jesus! — exclamo com o coração descompassado, imaginando-o
preso em algum quartinho minúsculo, passando fome e sede.
— Calma, querida, estou bem. Não conseguiram. E depois disso,
nunca mais andei sozinho — tranquiliza-me, apertando suavemente minha
coxa, arrepio.
— Mas como nunca os vi, seus seguranças? — questiono sem
entender.
— Eles ficam em posições que passam despercebidos, Querubim —
explica e agora ouço um fundo musical delicioso, um jazz bem suave. Adoro,
fecho meus olhos e sinto cada nota musical com o coração.
Desperto quando ele abre a porta e me pega nos braços.
— Minha doce Clara dormiu. Está cansada, querida? — pergunta
roucamente.
— Sim, hoje apliquei provas e corrigi quase todas e ontem, depois
que cheguei da limpeza que fiz em uma de suas casas noturnas, fui elaborar
as provas, fui dormir tarde e acordei cedo. — Ele me olha com ternura e abro
a boca ainda com sono, corando.
— Vou arrumar outra pessoa para limpar, você já trabalha demais
durante o dia.
Olho para ele sem acreditar.
— Não posso fazer isso. Se Serena perder o serviço por minha causa,
não me perdoarei nunca. E prometi a ela ficar, até ela voltar e reassumir —
falo tentando descer.
— Calma, anjo. Ninguém vai perder serviço aqui. Você que não vai
trabalhar em dois, está ficando muito cansada — tranquiliza-me e me coloca
perto de uma imensa montanha coberta de plantas.
Olho em volta, e volto meu olhar para ele, sem entender nada.
— Max? Vamos almoçar perto da montanha? É um piquenique? —
pergunto e ele cai na gargalhada. Não entendo nada.
— Amor, minha casa. Seja bem-vinda! — Olho novamente para a
montanha, ele contorna uma árvore gigante e do lado tem uma porta. Cruzes!
Vejo seguranças andando por todo lado, esse homem é bem resguardado. Isso
aqui parece uma prisão. Arrepio-me.
— Max! Meu Deus! — Vejo-o abrir a porta e meu queixo cai.
Nunca vi nada tão espetacular em toda minha curta vida. Parece que
estamos entrando no túnel do tempo. Tudo aqui nos remete aos castelos
medievais, com uma diferença, existe toda uma tecnologia aqui.
Os sofás gigantes, baús de madeiras antigas, e algo me diz que
aqueles fios dourados são ouro. Os lustres são de cristais brilhantes, cortinas
de veludo, em tons vinho e dourado. Cadeiras Luís XV, conheço porque fiz
decoração, um curso básico de dois anos e aprendi muita coisa. Adoro assistir
canais no YouTube que ensinam a decorar. E aqui o bom gosto é imenso. E a
fortuna gasta também, com certeza. Acho que Maximus é mais rico do que
imagino.
— Max, que lugar maravilhoso! Estou encantada.
Ele sorri de prazer.
— Adoro esse cantinho, Clara — diz com suavidade.
— Cantinho? Quanta modéstia, Max. É esplendoroso! — Ando e vejo
uma mesa de jantar gigantesca. — Max?
Ele sorri.
— Essa pertenceu a uma família nobre do século XVII. A quantidade
absurda de cadeiras era para acomodar toda a família, o casal tinha quatorze
filhos. — Pisca para mim me olhando divertido.
— Quatorze? Coitada dessa mulher! — Penso compadecida de sua
pobre boceta. Ouço uma gargalhada e com certeza pensei alto. Olho para o
lado envergonhada. — Minha boca ainda vai me matar.
Ele continua gargalhando.
— Max! — grito, ele me olha ainda rindo muito.
— Realmente, querida, sou obrigado a concordar com você, a boceta
da pobre mulher pagou um preço alto. Agora vem, vamos conhecer o resto.
Depois do jantar te levo a biblioteca, sei que é aonde mais quer ir. — Ele se
enganou, o lugar que mais quero ir é para o seu quarto e dar para ele a noite
toda. Agora que decidi, estou preparada!
Maximus me mostra os quartos e fico abismada com a suntuosidade
de cada cômodo, tem ouro em tudo. Porra, eu não tenho nem um pingente de
ouro e aqui até a casa do cachorro é de ouro puro!
Ouço outra gargalhada e olho para Max.
— O que foi dessa vez? — pergunto incomodada, será que falei
merda novamente?
— Aqui não temos cachorro, querida, então não temos casa de ouro
para eles, mas o problema de não ter nenhum pingente de ouro podemos
resolver — diz sorrindo largamente e minha cara queima.
— Aiiiiiii, vou ali morrer e já volto. — Eita boca grande essa minha!
— Não, senhorita, fique aqui e vamos continuar nosso tour, está
gostando? — pergunta ansioso.
— Gostando? Estou amando, nunca vi tanto ouro em toda a minha
vida.
Ele gargalha novamente e me puxa pela mão.
Quando olhamos todo o andar superior, fico atordoada com tanta
pomposidade, nunca vi isso tudo nem em revistas de decoração Casa Vogue,
que é uma das mais chiques e clássicas que conheço.
— Max, você usa tudo isso aqui? Para que tantos cômodos? Tanto
ouro? — Sinceramente, não entendo.
— Sou meio excêntrico, querida, e gosto de colecionar... — Fica
sério de repente e me olha estranho, com um brilho diferente no olhar. Lambe
os lábios e me dá um medinho básico.
— Certo, vamos descer agora. — Saio rapidamente de um dos quartos
e Max me segue.
— Agora vamos jantar, Clara, minha cozinheira deixou tudo pronto.
Max me puxa pela mão e vamos para o salão imenso de jantar, dá eco
se falarmos alto de tão grande que é.
A mesa está posta e tudo está fumegando, como se alguém tivesse
colocado tudo nesse exato momento. Ser milionário tem dessas coisas. As
coisas aparecem como mágica. Cruzes!
Maximus puxa a cadeira e me sento, ele se senta ao meu lado e sobra
mais quatorze cadeiras na mesa gigantesca.
— Não tinha uma mesa menor? — pergunto sem entender.
— Não, querida, somente a do jardim atrás da casa, onde fica a
piscina. Mas está escuro, gosto muito de tomar meu café da manhã lá e, às
vezes, almoçar.
— Ah — falo simplesmente. Será que tudo aqui é gigante? Devia
saber, a começar pelo pau de meu anfitrião.
— Vamos jantar, querida. Tem frutos do mar que ama — diz me
servindo.
— Como sabe meu prato favorito de todos, Max? — pergunto feliz
demais e vendo ele encher meu prato.
— Pesquisa de campo, querida, afinal sou um homem querendo
impressionar. — Pisca para mim e balança um suculento camarão, minha
boca se enche de água.
Olho para o cara de pau e sei bem o que ele quer impressionar ou
melhor pressionar.
Ouço mais uma gargalhada e vejo que pensei em voz alta novamente.
— Max, você tem fita dupla face aí para eu colocar em minha boca,
por favor? — Estava tomando um pouco de vinho e, quando disse isso, o
vinho voou longe e ele se engasgou.
— Porra, Clara, para de me fazer rir, caralho! Minha garganta está
doendo de tanto gargalhar. Cacete! — Ele pega um guardanapo e nos limpa
do vinho que respingou sua camisa branquíssima e meu vestido.
Dessa vez, sou eu que caio na gargalhada.
— Posso saber do que a senhorita está rindo? — pergunta com um
ligeiro sorriso no rosto.
— Você! Um CEO todo-pomposo, bilionário, com a boca que tem o
biquinho mais lindo que já vi, mas nesse momento o vejo como um homem
simples. Sua camisa cara e branquíssima toda respingada de vinho, porque
trouxe uma maluca para jantar com você — respondo sorrindo e encantada
com a boca de homem. Totalmente chupável.
Ele sacode a cabeça ainda rindo e enche seu prato, assim como fez
com o meu.
— Com você posso ser eu mesmo, Clara, sem frescura. E sua
boquinha solta faz minha alegria, assim como a minha bicuda faz a sua. Se
estivesse com qualquer outra pessoa, nossos pratos não estariam
transbordando a comida que tanto amamos. Teria uma miséria nos pratos,
ficaríamos com fome, mas não diríamos nada, porque é chique comer pouco
e ficar com fome — diz com seus olhos azuis semicerrados e com um toque
de desgosto na voz. Sua carranca o faz ficar ainda mais lindo. Que boca é
essa?
— Você também ama frutos do mar? — Coincidência demais.
— Adoro, pequena, meu prato favorito de todos. — Max pega com a
mão esquerda um camarão e faço o mesmo. Vejo dezenas de talheres que,
sinceramente, não sei para que serve, todos dourados, devem ser de ouro
também.
Levanto um e mostro a ele.
— Ouro?
Max sorri e dá de ombros com a boca cheia e as mãos segurando uma
ostra.
— Ostra é afrodisíaco. — Ele para com a ostra a meio caminho de sua
boca e gargalha novamente.
— Credo, Max, estou me sentindo mal! Tudo que falo você gargalha!
Me sinto uma palhaça aqui! — esbravejo com ele.
— Ah, amor, você é única. E estou adorando isso, essa sua
espontaneidade é um bálsamo em meio a tanta hipocrisia que vivo, não mude
nunca — pede segurando minha mão cheia de ostras.
— Quem sabe não achamos uma pérola aqui e fico rica? — solto
agora de propósito, já que ele gosta tanto de minha boca solta, vou liberar
geral.
E assim passamos o jantar todo conversando e Maximus gargalhando
tanto, que me apaixonei por suas deliciosas gargalhadas e mais ainda por sua
boca maravilhosa. E agora fazia minhas palhaçadas de propósito, sorrindo de
orelha a orelha.
Terminamos nosso jantar, o melhor de minha vida, pois me senti livre
para ser eu mesmo e Clara é uma excelente companhia. A mulher me fez rir o
tempo todo, confesso que minha barriga e garganta doem de tanto gargalhar.
Ela não tem freio em sua linda boquinha. Não filtra nada e solta quase tudo
que pensa.
Ela está sendo um bálsamo em minha vida de loucuras desregradas.
Tem vários dias que não levo ninguém para a masmorra erótica. A última
vez foi a festa de final de semana que fui com Davi e fiz tanta merda, que me
envergonho só de lembrar. Depois que conversei com Valdir, meu terapeuta,
estou me sentindo melhor. Espero não ter mais recaídas como a que tive
aquele final de semana. Isso me deixa no chão e a ansiedade me faz cometer
loucuras. Sei que me transformo em um homem nada agradável quando tenho
crises de ansiedade.
Por isso, meu amigo Davi, me vigia como se eu fosse uma donzela em
perigo e Valdir faz a mesma coisa.
Essas crises começaram quando quis apenas curtir a vida, pensando
que somente o dinheiro me bastava. Como já disse, comecei a entranhar em
um mundo que me deixou insano. E as pessoas que tentaram me sequestrar,
quando Davi levou um tiro por minha causa, foram as mesmas que me
envolvi quando resolvi seguir os conselhos de pessoas egoístas para que
aproveitasse a vida. Quando mergulhei no fundo do poço, todos que me
aconselharam a curtir a vida sumiram e, se não fosse Davi, teria me fodido
até a morte.
Afundei-me em bebidas, drogas e mulheres, com isso mergulhei no
fundo do poço e repito, se não fosse Davi, eu seria um homem morto agora.
Quem me vê agora, nunca imagina o que já passei. Achei que tinha superado,
mas esse final de semana, brinquei com meu passado e cheirei umas carreiras
e comi mais mulheres do que como em um mês. Fiquei doidão e, como
sempre, Davi foi meu suporte.
Estou sem saber lidar com o sentimento de querer com tanto fervor
essa mulher, Clara. Não gosto de ficar no meio de pessoas, me sinto mal, por
isso as pessoas me chamam de Sr. Arrogante, sem saber exatamente o porquê
ajo assim. O ser humano sempre julga e te condena sem te dar oportunidade
de defesa.
Mas agora encontrei esse anjo e minha vida tem se mostrado mais
colorida.
Levanto-me e estendo a mão para a minha palhacinha.
— Me dê a honra de acompanhar-me até a biblioteca, minha doce
senhorita? — indago fazendo mesura e piscando para ela. Ela sorri
largamente e suas covinhas me encantam. Parece realmente um anjo. Puta
merda! Estende sua pequena mão e coloca sobre a minha. Levanta-se e se
inclina com elegância. Porra!
— Com gosto, meu Senhor. — Quando Clara diz a palavra Senhor,
meu pau traiçoeiro treme e se levanta em alerta total.
Tento esconder e coloco minha mão na frente desse pedaço de meu
corpo que pensa por si próprio.
Vamos para a biblioteca e passamos no extenso corredor, com várias
tapeçarias na parede, vejo os olhos de Clara brilharem.
— Gosta do que vê, pequena? — Sorrio, pois fico assim toda vez que
passo nesse corredor. As tapeçarias me fascinam, muitas são verdadeiros
tesouros.
— Sim, são lindas, Max. — Aperta minha mão e meu coração se
enche de calor.
— Espere até ver a biblioteca, querida — digo impressionado em ver
como temos gostos semelhantes.
— Max, se eu morasse em um lugar como esse não sairia nunca. —
Sorri largamente, essas covinhas ainda me matam. Meus olhos brilham ao
ouvi-la dizer que adoraria morar aqui e não sair nunca.
Uma ideia maluca se forma em minha cabeça, aliás, já está formada
há muito tempo, é meu plano B. Espero não precisar usá-lo, mas com Clara,
se for preciso, o farei. Essa mulher invadiu minha mente e não tenho controle
de minhas ações quando estou perto dela. Minha vontade é prendê-la e nunca
mais deixar sair. Ela me fascina de um jeito que me assusta.
Chegamos ao fim do corredor e abro uma imensa porta de carvalho
envelhecido e empurro minha obsessão para dentro.
Ela entra com suavidade e coloca as duas mãozinhas brancas na boca
e arregala aqueles olhos azuis de anjo. Corre seus olhos pela imensa
biblioteca, que tem estantes que chegam até o teto.
As estantes estão abarrotadas de livros de todos os temas possíveis.
Tudo organizado de acordo com datas, tópicos, temas e línguas. Ela me olha
chocada e encantada ao mesmo tempo.
— Max!
Dou um ligeiro empurrão em suas costas e ela caminha mais um
passo.
— Querida, pode ficar à vontade. — Caminho devagar, me encosto
em minha mesa imensa de madeira, cruzo os braços e sorrio.
— Max... — murmura. Vejo que, pela primeira vez desde que nos
conhecemos, Querubim fica sem palavras.
— Vai ficar aí só dizendo meu nome, não vai explorar e pegar seus
livros emprestados? Confesso que estou envaidecido de ouvir meu nome ser
pronunciado tantas vezes por sua doce boca, mas sei que não é por isso que
está aqui, certo? — Tento alguma brechinha para poder pegar essa gostosa
aqui e agora. Meu pau está tão duro, que tenho que me sentar urgente.
Dou a volta e puxo minha poltrona de couro confortável, que veio
junto com a mesa, ajeito meu pau enquanto Clara caminha para a parte onde
fica os livros em inglês.
Sento-me e sinto meu pau doer, caralho! Abro o zíper e deixo ele
mais à vontade. “Sentado aqui, ela não verá minha situação humilhante”,
penso com desgosto.
— Já achou a parte que mais ama, não é, pequena? — Sorrio
divertido, apesar de meu pau doer feito o inferno.
Ela se vira e me olha com as faces rubras de prazer. Porra, será que
ficará assim quando eu a comer?
— Sim! Maximus, você tem um tesouro aqui! Aliás, só aqui não! Sua
casa é um imenso baú cheio de tesouros! Meu Deus! Tudo aqui é perfeito!
Você vê dinheiro aos montes em cada canto que vai... puta merda! — Sorrio
com suas palavras malucas. — Tem que escolher muito bem quem você traz
aqui, tudo aqui é um convite a ladrões — alerta-me acariciando um livro com
devoção. — É por isso também que tem tantos seguranças lá fora e quando
sai, não é? — Pequena curiosa.
— Também, querida, mas principalmente por ter sido alvo de
sequestro uma vez, lembra-se de que já mencionei a você sobre isso? — digo
a olhando fixamente.
— Sim, me lembro. — Volta com vários livros nos braços. Não posso
ajudá-la, meu pau continua em riste. Caralho!
— Vem aqui, Clara, sente-se. Depois te ajudo a escolher e carregar,
são pesados. — Tento convencê-la, mas sei que será inútil, pois seus olhos
estão brilhando de prazer.
— Não precisa, Max, pode ficar sentado aí. Vou trazendo e colocando
aqui na mesa, se você não se importar — diz já trazendo uns oito livros, custa
chegar até a mesa. Olho divertido para esse pedacinho de gente que me
fascina. Resolvo provocá-la.
— Vou te emprestar somente três livros, portanto escolha com
cuidado — digo isso somente para cutucá-la. Clara me olha com desgosto e
um olhar tão triste, que me arrependo em seguida.
— Três? — pergunta com tristeza e me olha com olhos arregalados.
— Puta merda, Max, tantos livros e você só me emprestará três? Tão
miserável e pão-duro! Agora entendo por que é bilionário, aprendeu com Tio
Patinhas — pensa em voz alta novamente e gargalho sem conseguir me
conter.
— Pão-duro? Miserável? Tio Patinhas? Olha só o que temos aqui,
uma coisinha ingrata bisbilhotando meus livros, levando emprestado vários e
ainda me chama de palavras tão duras?
Ela fica vermelha e sorri sem graça.
— Desculpa... eu e minha boca grande! Perdão, Max, levo os que me
emprestar e te agradeço de coração — fala caminhando e juntando todos,
deixando somente três na mesa. Ajeito meu pau e fecho meu zíper. Magoei
minha menina. Caralho!
Levanto-me e a alcanço, pego em seu braço com suavidade.
— Estou brincando, meu anjo. Pode levar o quanto quiser.
Ela levanta seus olhos azuis celestes e sorri tão largamente que, se eu
morresse agora, morreria feliz.
— Maximus! Eu sabia que você não era um velho miserável e pão-
duro que impediria uma moça de ler e se informar com tantos livros aqui
parados! — fala sem pensar novamente e sorrio a encarando. Pelo tom rosado
de seu rosto, vejo que percebeu que, mais uma vez, falou sem filtrar.
— Velho miserável e pão-duro? — Puxo-a para o meu corpo e
esfregando meu pau tão duro, que parece uma barra de ferro escondida em
minha cueca. Vejo os livros caírem no chão e ela me olhar assustada. Sorrio
cheio de luxúria e malícia.
— Max? — ela indaga, enquanto esfrego meu pau em sua bunda
macia. Levanto-a pela cintura e ela tomba a cabeça em meu ombro.
— Sou eu, querida, o Maximus de prazer que terá em sua vida e
boceta suave. — Carrego-a rapidamente para o sofá e me sento com ela em
meu colo.
— O que está fazendo? — murmura olhando fixamente minha boca.
— Pensando em te beijar, te fazer gozar e fechar o pacote te comendo.
— Ela treme em meus braços. — Por que olha tão fixamente minha boca,
Querubim? Algo aqui a atrai? — sussurro cansado de saber que minha boca
causa estragos, as mulheres adoram, e meu Querubim não consegue esconder
sua fascinação também pelo meu tão famoso bico.
— Sua boca é linda, rosada, lábios grossos e bicuda. É tão bela quanto
seu pau rosado. — Não é o momento, mas tento de todo coração não explodir
em gargalhadas novamente, mas com Clara fica difícil, a mulher não freia
seus pensamentos. Puta merda! Mas me controlo senão vamos quebrar o
clima.
— Então você gosta de um pau grande rosado e uma boca rosada
bicuda? Problema resolvido, tenho ambos a te oferecer — digo cara de pau e
vejo meu anjo enfiar a cabeça em meu pescoço e gemer envergonhada.
— Para, Max! Quero um buraco para me enfiar e ficar lá até o
apocalipse — fala com a voz abafada em meu pescoço e me arrepio todo.
— Ainda bem que eu já tenho um para me enfiar... — sussurro e enfio
a língua dentro de sua pequena orelha. Ela estremece.
— O buraco de minha orelha? — pergunta inocente.
— Também, amor... — Puxo seu rosto, enfio minhas mãos em seus
cabelos na nuca e a puxo com força. Desço minha boca e a beijo como
sempre desejei desde que a conheci. Ela geme e meu pau consegue ficar mais
duro ainda.
Enfio minha língua dentro de sua boca pequena e deliciosa. Tudo
nesse anjo é delicado. Ela se ajeita e passa os braços ao redor de meu pescoço
e geme alto. Esse som me alucina.
— Porra, Clara! Você é tão macia e deliciosa! — gemo em seus
lábios.
— Quero beijar até morrer esses lábios bicudos seus, Max, sonhei
com isso. — Sei que ela falou o que pensou, já estou me acostumando com
seu jeito. Sorrio entre um beijo que ela chupa minha língua com gana. A
moça é fogosa. Bom para mim, que sou um tarado por sexo. Quero essa
mulher de todas as formas possíveis.
Tento afastar-me, mas ela não solta minha língua.
— Hum... — tento falar, mas ela está alucinada.
— Quero dar para Max, mas tenho medo do tamanho de seu pau, mas
está tão gostoso beijar ele, que enfrentarei o tamanho descomunal dessa coisa
entre suas pernas que me cutuca... — Solta as pérolas, enquanto chupa minha
língua e solta para respirar. Estremeço ao saber que ela me quer e as
bobagens de arrumar um homem de pau pequeno são esquecidas.
Aperto ligeiramente seu pescoço e ela solta minha açoitada língua
quando falta um pouco de ar.
— Querida, então resolveu que meu pau será o escolhido? — brinco e
sofrendo horrores de dor em meu sofrido membro.
Ela me olha com os olhos embaçados e, de repente, cai em si.
— Como? Não! — Tenta se levantar, mas a seguro.
— Você acabou de pensar em voz alta e disse que fará o suprassumo
sacrifício de enfrentar o tamanho descomunal de meu pau. Verdade? —
Cutuco uma Clara muito sem graça e a mesmo tempo tarada em meus braços.
Vejo Clara ficar vermelha e baixar a cabeça envergonhada. Sinto-me
um canalha por ter feito minha menina ficar tão tímida.
Levanto seu queixo com delicadeza.
— Me sentirei honrado, Querubim, em ser seu primeiro. Serei
cuidadoso, prometo a você — digo com carinho.
Ela me olha e vejo insegurança em seus olhos tão transparentes.
— Obrigada, Max, estou envergonhada por meu comportamento
tarado e desrespeitoso com você — diz com timidez e penso em como é
inocente. Comportamento tarado e desrespeitoso com um homem como eu?
Porra, já fiz de tudo nessa minha vida comi dezenas de mulheres, fiz troca de
casais, compartilho todas que como... Nesse momento me sinto sujo e pensar
na possibilidade de alguém encostar um dedo em Clara me faz ver tudo
vermelho.
Lembro-me da conversa que tive com Davi um tempo atrás, sobre
dividir mulheres. Ele me contando que seu amigo partiu para a porrada
quando ele sugeriu partilhar a namorada dele. No dia, eu zombei do que ele
me disse e agora só de pensar na possibilidade de outro homem tocar no meu
Querubim, começo a suar frio e a ira me enche o peito.
Então era isso que o amigo de Davi sentia? Sentimento de proteção,
cuidado, zelo e possessividade?
Olho para esse homem lindo com os lábios ainda mais vermelhos,
bicudos, olhando-me e sinto um tremor em minha boceta alagada.
Ele me olha com luxúria e paixão e sinto seu pau duro me cutucar
com força.
Não consigo parar de beijá-lo, sua língua é gostosa demais, minha
vontade é de beijar seu corpo todo e fico imaginando seu imenso pau rosado
e estremeço só com o pensamento. Mas resolvi arriscar ficar com ele, apesar
do tamanho e, para minha eterna consternação, digo tudo isso em voz alta.
Quase morro de vergonha, quando o vejo falando em voz alta o que pensei.
— Me sentirei honrado, Querubim, em ser seu primeiro. Serei
cuidadoso, prometo a você.
Estremeço e penso que ele pode ser cuidadoso o tanto que for, vou
sofrer igual mula manca, pois vi e sei o tamanho do seu pau.
Mesmo sendo um homem vivido e safado, tenho que me desculpar
por minha tara, estou agindo feito uma quenga. Não posso parecer tão fácil,
minha mãe disse que tenho que parecer mais durona com homens. Eles só
querem comer nossa flor imaculada e cair fora. Mas, já me decidi, essa flor
branca e virginal já me cansou, quero agora uma flor vermelha e despetalada.
— Obrigada, Max, estou envergonhada por meu comportamento
tarado e desrespeitoso com você.
Ele me olha divertido e, ao mesmo tempo, sério.
— Amor, nunca tenha vergonha de demonstrar seus desejos comigo.
Nunca, ouviu? — diz segurando meu rosto e se abaixando e chupando meus
lábios. — E pequena? Quero despetalar sua flor branca e imaculada com
fervor.
Gemo com puro desgosto e acabo sorrindo. Vou morrer sem filtro na
boca. É fato.
— Pensei em voz alta novamente, preciso de um tratamento urgente
— murmuro começando a aceitar minha boca de merda.
— Sim, Querubim, e adoro saber seus pensamentos. — Baixa a
cabeça e me beija com paixão.
Sua mão sobe pela minha cintura e para logo abaixo de meu seio
esquerdo. Estremeço e aguardo.
Levanto minha cabeça e o vejo me encarando com aquele bico
exuberante e molho ainda mais minha calcinha. Do jeito que a enchente está
severa nas partes baixas, creio que o pau do Max não terá dificuldade de
afundar nesse aguaçal.
Um gemido alto e ele me agarra agora com força.
— Porra, Clara. Adoro seus pensamentos falados, amor, me deixa
louco. — Minha cara queima sei que falei merda novamente, mas quer
saber... Foda-se quero esse homem e fim!
— Querida, você está pronta? — pergunta me esfregando em seu pau
duro.
— Nasci pronta, Max.
Levanta-se de uma vez e me carrega quase correndo para fora da
biblioteca.
— Max! — Assusto-me, o homem está correndo comigo em seu colo.
Apalpo seus músculos e são fortes e duros! Imagina o pau?
Vejo-o subindo uma escada em caracol de dois em dois degraus e
logo à frente várias portas; ele entra na primeira.
É um quarto imenso e parece que retrocedi a um período histórico e
estou em um quarto no palácio de Versalhes. Esse homem parece que tem
dinheiro que não acabará em dez vidas vividas desregradamente. Olha esse
quarto, esse é mais pomposo que os outros, deve ser o quarto dele!
Parece que a cama dossel, os baús, tapeçarias, são feitos de ouro. O
brilho dourado aqui reina absoluto. Olho para o chão, tem um tapete imenso
areia felpudo, dá vontade de rolar nele até o mundo acabar. Vejo as imensas
cortinas de veludo vinho e dourado e, pelas janelas de vitrais, vejo a colina ao
longe. Lugar lindo, estou em outra era. Puta merda!
Ele me coloca com cuidado na cama e me olha profundamente. Vejo
tanto desejo em seus olhos que estremeço, confesso um pouco amedrontada.
— Faremos e iremos até onde você permitir, amor — fala com
suavidade, acariciando minha bochecha com as costas da mão gigante.
Parece que estou em um quarto, de algum castelo perdido no tempo.
Uma época onde ficava alguém do lado de fora, esperando o Lorde
desvirginar a mocinha, para recolher o lençol com a marca da virgindade
estampada, e sendo exibida para todos. Meu rosto arde.
Ouço novamente uma estrondosa gargalhada, e olho assustada para
Max.
— Você está quebrando o clima, Maximus! — exclamo
envergonhada e, ao mesmo tempo, indignada.
— Porra, amor, como não vou rir de seus pensamentos nada pudicos?
Até para mim esse pensamento seu foi demais! Alguém esperando o lençol
com marca de sangue? Sua pureza? Sinto informá-la, pequena sonhadora,
mas aqui não temos esse tipo de serviço. Somente eu verei essa proeza: sua
ex-virgindade estampada em meus lençóis, que por sorte são brancos! Mas
prometo a você que penduro na janela! — diz com cara de safado, sorrindo
feito lobo e mais duro que pedra, quando meus olhos, que não tem vergonha
nenhuma, descem e se concentram no cume avantajado de Max.
Ele se senta na cama e desce o rosto à altura do meu.
— Quer tomar um banho, meu amor? Posso te massagear enquanto
nos banhamos e deixar minha donzela no ponto... — Lambe minha boca,
pegando meu lábio inferior e chupando com força. Gemo alto.
— Se ficar mais no ponto que já estou, vou estragar... — Penso e olho
rapidamente para ele. Perto desse homem fico com a língua incontrolável. Sei
que tenho língua solta, mas geralmente com outras pessoas sou mais discreta;
com Max, sou um desastre e parece que ele está bem com isso. Graças a
Deus, senão estaria fodida!
Ele sorri largamente e me arrasta para um banheiro maior do que meu
apartamento.
Começa a tirar suas roupas sem pudor, homem safado e delicioso
esse.
Sorri com luxúria e tara. Estremeço.
— Pronto, querida, agora vou tirar a cueca, porque ela não está
suportando o conteúdo, ele está se expandindo... — Pisca e tira de uma vez.
Gemo e levo as mãos à boca. Puta merda, é grande demais, maior do
que imaginava, acho que não tinha a dimensão exata porque estava entrando
e saindo daquela vadia que ele estava comendo a primeira vez que o vi.
Maldito homem filho de uma égua, safado! Quero outros homens para poder
comparar.
Vejo seu rosto ficar vermelho e carrancudo, seu bico fica enorme e se
possível mais sexy e desejável. Caminha para o meu lado e me ergue pela
cintura, fixa meus olhos. Vejo uma veia grossa saltar em sua testa e não
entendo o motivo.
— O homem que ousar encostar um dedo, presta atenção, anjo, um
dedo em você, eu mato. Você é minha desde a primeira vez que a vi. Só nós
dois, sem ninguém no meio, só minha! Entendeu? — Me sacode e morde
minha boca. Gostoso!
— Sim — falo com voz baixa de tanto desejo.
— Em segundo lugar, meu pau é grande e agora é só seu. Você é dona
dele, portanto, aproveite e faça valer a fidelidade desse puto! — Agora sorri
mais calmo e me beija com paixão, enquanto a banheira enche. Coloca-me no
chão e me pede com o olhar.
— Pode ficar à vontade, Max, e tirar a minha roupa.
Ele sorri de orelha a orelha.
— Ficarei, meu amor, como ficarei. — Max começa a tirar meu
vestido, abrindo os lacinhos que o prendem.
Ele cai no chão porque é soltinho e fico somente de calcinha e sutiã
em sua frente. Ele engole em seco.
— Perfeita, porra! Perfeita! — Levanta-me e me beija com ganância.
— Querubim, você é tão macia, perfeita e só minha, não é? — pergunta com
uma ligeira insegurança em sua voz.
— Sim, Maximus, desde que você seja somente meu também. Serei
fiel e jamais te trairei, mas espero o mesmo vindo de você. Se algum dia
quiser outra mulher me fale, por favor, mas nunca, jamais, minta para mim.
Não me traia, por favor, Maximus. Tenho verdadeiro pavor de traições. Me
prometa que nunca me trairá. — Pego seu rosto áspero pela barba e olho em
seus lindos olhos azuis.
— Prometo, meu amor, jamais a trairia. Eu também odeio traições.
Seremos fiéis enquanto estivermos juntos. — Quando vejo que ele estipula
uma data de validade para o nosso relacionamento sinto uma dor forte no
coração, mas concordo. Sei que Maximus não é homem de ficar muito tempo
em um relacionamento ou com uma única mulher, afinal o vi com três de
uma vez.
— Então temos um acordo, bicudinho gostoso!
Ele sorri e me beija com paixão. Sinto sua mão deslizar em minhas
costas e abrir o fecho de meu sutiã.
Quando abre, me afasta e olha meus seios, médios, brancos com bicos
rosados e cobertos de sardas. Vejo-o fechar os olhos e seu pau sacudir. Ele
solta um gemido doloroso e baixo.
— Puta que pariu, Clara! Eles são perfeitos.
Sorrio e fico à espera, quero esse homem pendurado em meus seios
como Tarzan em seus cipós.
Ele geme entre um sorriso e dor.
— Caralho, Clara, vou me pendurar nessas delícias como um
verdadeiro sanguessuga isso sim, Tarzan não chega perto dessas gostosuras,
são minhas!
Arrasta-me para a banheira, ele entra primeiro e me pega pela cintura,
senta-se e me coloca no meio de suas pernas grandes e grossas, que são
tatuadas também. Lindas e musculosas, dá vontade de lamber essas tatuagens
ao longo de suas coxas peludas. Suas mãos gigantes abarcam meus seios e os
amassam com luxúria. Vejo seus braços cobertos por tatuagens coloridas. Ele
tem tatuagens até no pescoço e isso o torna ainda mais sexy e gostoso. Esse
homem é o sonho de consumo de qualquer mulher.
Ele encosta a boca em meu ouvido e enfia a língua dentro e
estremeço, arrepiando até a alma. É hoje!
Quando convidei Clara Luz para jantarmos, não achei que
transaríamos no nosso primeiro encontro. Achei que ela iria se comportar
como uma freira, pois sei que é virgem e nunca namorou. Então pensei que
teria que labutar mais, e se possível a admiro muito mais por não ser cheia de
não me toques. Ela é virgem por opção como me disse, e agora que me
escolheu está decidida e pronto. Admiro uma pessoa que sabe o que quer.
Estava preocupado com o absurdo de Clara em procurar alguém de
pau pequeno para ter seu primeiro relacionamento íntimo. Confesso que achei
que ela tinha um parafuso a menos, e toda pessoa que conversar com ela a
primeira impressão é essa. Ela tem um comportamento atípico. Acho que foi
isso que me atraiu nela. Essa mania de não filtrar nada que pensa, e
manifestar em voz alta me diverte e enternece ao mesmo tempo. É uma
mistura de maluquice com ingenuidade e isso em meu mundo não existe.
Confesso que a primeira coisa que me chamou atenção nela foi sua
beleza angelical. A mulher parece um anjo, toda pequenina, clarinha, com
imensos olhos azuis e a pele salpicada de sardas. Perfeita. Metade exótica e a
outra metade beleza em demasia.
E aqui com o coração batendo feito louco, imensamente feliz, e
sentindo um calor nele, que me dá vontade de gritar de emoção. Além de um
pau tão duro, que me deixa alucinado, minha vontade é de comer essa mulher
sem parar. Deixei-a de calcinha, se tirar tudo vou passar vergonha.
Amasso seus seios macios e meu pau sacode. Merda! Eu vou fazer
feio em nossa primeira vez, estou a um segundo de gozar.
Fecho meus olhos e encosto a cabeça na beirada da banheira. Ela se
mexe e me fode. Gemo e descontrolo, perdendo a postura de vez. Puxo-a com
força e chupo seu pescoço macio com força quando meu corpo é sacudido
por um gozo tão intenso que, por um momento, ouço somente zumbido em
meus ouvidos, o mundo para e sou transportado para um lugar onde o prazer
é senhor absoluto. Sinto os jatos de meu sêmen serem atirados com força e
continuo chupando seu pescoço e gemendo feito um alucinado. Quando
termino meu momento de gozo absoluto e solo, enfio a cabeça em seu
pescoço e vejo a marca imensa e roxa que deixei. Sorrio de satisfação.
Minha!
— Maximus Bizolli, muito bonito o que o senhor fez, gozou e me
deixou na mão! — Ouço divertimento em sua voz.
— Perdão, amor, eu tentei. Mas você é gostosa demais, aí passei
vergonha — digo com o rosto ainda em seu pescoço cheiroso. Sinto, para
minha eterna vergonha, meu rosto corar. Cacete!
— Certo, e quando faremos amor? — pergunta inocentemente. Amor?
Penso com desgosto, nunca fiz, somente trepo. Será que fazer amor é
diferente? Não é somente meter e pronto?
Fico confuso e concordo com ela, mais perdido que cego em tiroteio.
— Certo, amor, vamos fazer amor. — Passeio minhas mãos em seu
pequeno corpo e sinto que ela está ansiosa. — Calma, anjo, farei somente o
que me permitir. — Tento acalmá-la, pois sinto que está um pouco agitada,
ainda que tente mostrar o contrário.
Quando terminamos, saímos da banheira, olho-a com carinho e ela
tira sua calcinha. Gelo. Afasto-a um pouco e olho pela primeira vez sua
boceta e quase tenho uma parada cardíaca. É a bocetinha mais delicada e
rosada que já vi em toda minha vida de promiscuidade e olha que já vi
bocetas de todos os tipos. Mas essa! Puta merda, toda depiladinha e coberta
de sardas.
Minha boca enche de água. Quero prová-la. Cacete, ela tem as três
partes simplesmente perfeitas! Pacote VIP! Nunca, jamais vi pés, boceta e
seios tão lindos na mesma mulher. Querubim é perfeita! Caralho de homem
sortudo eu sou! Estremeço de puro desejo e luxúria.
— Clara Luz, que luz para os meus olhos é seu pequeno corpo. Parece
uma bonequinha, toda delicada e perfeita. — Pego-a com gana e a seco com
cautela.
Levo-a para a cama e ela está muito calada.
— O que foi, pequena? — pergunto quando a deito, deitando-me em
cima de seu corpo pequeno e macio, estremeço e fecho meus olhos.
— Bom, Maximus, eu estou com um pouquinho, só uma gotinha de
medo... afinal seu pau... hum... ele... — Baixa a cabeça tímida.
— Ele é do tamanho certinho de sua bocetinha, amor. Vou te mostrar.
Pego seu rosto com as duas mãos e a beijo como se nunca tivesse
provado seu gosto ou beijado uma mulher na vida, a beijo com tudo de mim.
Ela tem uma doçura e delicadeza que me deixa ensandecido. Vejo as marcas
que o miserável de pau pequeno deixou em seu pequeno corpo e estremeço
de ódio.
— Maldito! — exclamo entredentes. Penso com satisfação que o
deixei quebrado no chão. Dei tanta porrada na cara do desgraçado, que tenho
certeza de que terá que usar uma dentadura. Vinguei minha menina e o ódio
irracional que senti ao saber que tocou e maculou minha Clara Luz.
Desço para seu pescoço e chupo do lado onde já deixei uma marca,
deixando outra, amanhã ela me matará com certeza. Mas foda-se, todos verão
que ela tem alguém na vida que a fode com gosto e ficarão longe, assim
espero. Para não precisar cometer assassinato.
Olho os seios e meu pau indisciplinado sacode com força. São
perfeitos demais!
— Perfeitos, suculentos e macios. — Abocanho um com tanto
desespero que ela se encolhe, acho que suguei com força demais. — Te
machuquei, pequena? — pergunto assustado.
— Não... é bom demais... Max, continua, por favor...
Meus olhos brilham e desço com mais desespero, junto os dois e
chupo tanto que, quando me dou por satisfeito, eles estão vermelhos,
inchados e com os bicos brilhando com minha saliva de tanto que mordi e
suguei. Assopro, Clara estremece. Caralho!
Vejo satisfeito que estão cheios de marcas de chupadas e desço
insano, esfregando a barba em sua barriguinha chapada. Enfio a língua em
seu umbigo e ela dá um gritinho de prazer e agarra meus cabelos.
Meu pobre pau está latejando em expectativa.
— Agora vamos provar o néctar dessa flor suculenta e macia. Seu mel
escorre pelas suas pequenas dobras, querida — digo extasiado por sua
resposta tão clara e entusiasmada as minhas carícias.
Pego suas pernas macias e as abro bem, olho para esse pequeno
reduto molhado e quente, meu pau aponta para a frente em ganância. Boceta
perfeita, a mais delicada e rosada de todas!
Baixo a cabeça e estico a língua e passo com suavidade em seu
pequeno clitóris. Sinto-o sacudir na ponta de minha língua. Chupo com força
os grandes lábios e ela estremece, está a uma chupada de gozar.
Quero que ela goze em meu pau, se não entrar urgente em sua boceta
quente e molhada, vou me envergonhar mais uma vez.
— Amor, depois a faço gozar somente com minha boca, agora preciso
gozar dentro de você. Clara, você pode recusar se quiser, eu vou entender,
mas, amor, meus exames estão em dia, logo ali na mesinha ao lado, e devido
a sua ficha no contrato de trabalho que fazemos, sei que está limpa, e nunca
se envolveu intimamente com ninguém... Então, posso entrar em você sem
proteção?
Não digo que sei também que toma anticoncepcional para cólicas,
senão seria muita falta de respeito, porque invasão de privacidade já era,
invadi tudo que tinha direito. Sei da vida dessa mulher mais que da minha.
Ela me olha com os olhos nublados de desejo e geme um fraco sim.
Debruço-me em cima de seu pequeno corpo, desço minha cabeça e
sugo o seio direito com desespero. Minha mão guia meu pau até sua entrada
úmida e quente e deslizo a cabeça gorda de cima a baixo em sua abertura
quente. Gememos juntos. Vejo seu clitóris inchado e vermelho e coloco a
glande inchada e rosada na abertura de sua bocetinha e passo a chupar o seio
esquerdo com força, massageio seu clitóris com a ponta de meu dedo
indicador e vejo-a jogar a cabeça para trás, e gritar quando o gozo sacode seu
pequeno corpo.
Aproveito o momento e empurro com força até o fundo. Sinto meu
pau entrar rasgando e sou tomado por um prazer tão intenso, que penso que
vou morrer. Ouço Clara gemer como se eu estivesse dentro de uma bolha.
Sua boceta aperta meu pau e perco o controle. Meto com força e desespero.
Entro e saio repetidas vezes e sinto que meu pau endurece e incha mais, pego
suas pernas e jogo em meus ombros e continuo alucinado, até que o gozo me
toma e entro uma última vez e fico quieto enquanto encho seu interior quente
com minha seiva morna e espessa.
O zumbido caraterístico de quando gozo com Clara me ataca e
desfaleço ao seu lado, com meu pau atolado até as bolas dentro dessa mulher
incrível.
Tombo para o lado e continuo de olhos fechados, fui muito bruto.
— Clara? — Estou com medo de encará-la e ver desgosto em seu
semblante. Nunca perdi o controle assim.
Ela não responde e abro os olhos olhando-a com ansiedade. Quando a
vejo sorrindo, meu coração se enche de luz e paz.
— Perdoa, amor, fui muito bruto, perdi o controle... você era virgem
e...
Ela me interrompe subindo e se sentando em meu abdômen. Vejo
sangue em sua pequena e ferida boceta, meu coração balança.
— Caralho, olha o que eu fiz... — Toco o sangue em sua coxa com a
ponta do dedo com reverência.
— Por isso queria um pau pequeno... — A mulher, sem temor pela
vida, diz com malícia e vejo tudo vermelho. Jogo-a na cama e esfrego meu
pau já duro nela.
— Não repita isso nem brincando, amor! Sou capaz de matar quem
pensar em tocar em você, caralho! Você é minha, já combinamos isso! Fiz
amor com você! — digo furioso, como se isso fosse um marco, uma prova de
amor incondicional.
— Sim, fizemos amor, Max, e foi lindo. Obrigada, querido, por me
proporcionar momentos tão lindos e prazerosos — fala com doçura e me
derreto todo.
Porra, se não estou me apaixonando por esse Querubim perfeito! Não
vou precisar usar o maldito Plano B, fico aliviado por isso! Estamos bem e
felizes.
— Agora quero provar seus pés, minha pequena. — Clara fica
vermelha e olho com verdadeiro fascínio seus pés brancos e delicados.
Desço minha boca e os beijo, chupo seus dedos, passo seus pezinhos
em meu peito e beijo a sola macia com tanto prazer, que gemo.
Levanto meus olhos e a vejo me olhando com atenção e os olhos
nublados de desejo.
Pego seus pezinhos brancos e macios, lindos, junto os dois com
suavidade e coloco meu pau no meio deles. Fecho os olhos e tombo a cabeça
para trás, gemendo alto.
Esfrego-os em meu pau com desespero e sinto-o, já intumescido,
engrossar mais ainda, quando sou sacudido novamente pelo gozo mais
delicioso de toda a minha vida. Sinto os jatos de minha semente saírem e
molharem os pés e pernas de Clara.
Fico algum tempo de olhos fechados e meu pau entre seus pés. Abro
meus olhos satisfeito como nunca fiquei e vejo Querubim me olhando com
carinho e uma indagação em seus belos olhos azuis.
— Tenho um pequeno fetiche, amor, por pés, bocetas e seios lindos
como os seus, nunca vi nenhum dos três tão belos em uma mulher e nunca vi
os três em uma só mulher. Porra, Clara, você é perfeita! — falo de uma vez,
atento ao seu olhar.
— Quem diria que o grande Maximus teria fetiches tão estranhos... —
Sorri, corada.
— Sim, querida, e algo me diz que serei um viciado nessas partes em
você! Claro que em meu Querubim, o pacote veio completo, você é toda
linda — digo galante e ela cora.
— Me conta mais sobre esse seu fetiche, Max, fiquei interessada —
pede a mulher que não cansa de me surpreender.
— Claro, amor, tudo o que quiser saber. — Olho-a com adoração e a
carrego para o banheiro, vou cuidar de minha menina e contar tudo o que
quiser saber sobre os meus fetiches. Respondo tudo que pergunta, falo até da
masmorra erótica, mas não conto nada sobre o museu de espólio, esse é um
assunto particular e tenho certeza de que não me entenderia.
A sensação de paz que estou sentindo é inédita. É uma sensação de
bem-estar incrível, devo tudo isso a esse pequeno Querubim em meus braços,
olhando-me com adoração. E eu? Devolvendo o mesmo olhar de veneração.
Mal imaginaria que meses depois, perceberia que fiz a maior merda
de todas em não contar sobre esse maldito museu a minha Querubim. Além
das outras merdas de meu passado que viria para destruir o meu presente e
acabar com meu futuro.
Meses depois...

Depois de minha iniciação no Mundo Maravilhoso de Max, eu fiquei


viciada no homem e em sexo, ele está tão viciado quanto eu, ou melhor, o
safado já era viciado. Mas diz que comigo é diferente, e acredito no cara de
pau, pois é possessivo de uma maneira extrema. O homem e eu só pensamos
naquilo. E temos praticado com voracidade.
Nunca vi um pau tão lindo e gostoso como o de Max, se bem que não
conheço nenhum outro. Só conhecia paus através de filmes pornôs e quando
vi e provei um real de carne e ainda de Max, me viciei.
Eu e Serena sempre assistimos filmes pornôs, e só teve um pau tão
bonito quanto o de Max, o do mascarado tarado. Falei para Serena que,
apesar do tamanho, teria coragem de enfrentar; vou contar para vocês, o pau
do homem é lindo. Agora o de Max chegou para desbancar o do ator pornô.
Temos vividos dias que praticamos verdadeiras maratonas sexuais e
Max tem se mostrado um homem insaciável. O homem tem fôlego de um
batalhão.
Max tem se mostrado atencioso, carinhoso, protetor e muito
possessivo. Ninguém pode nem ao menos olhar para o nosso lado que seu
bico maravilhoso, fica ainda mais em evidência. Brigo também quando vejo
as mulheres o olhando com cobiça.
— Eu, pelo menos, nunca fiquei com homem nenhum. Quem me
garante que aquelas oferecidas ali, já não foram comidas por você?
Brigamos em pleno jantar, quando Max me trouxe para esse
restaurante extremamente chique para apreciarmos nossa comida preferida:
frutos do mar. Ele me olha receoso e vejo que acertei na mosca.
— Maximus Bizolli, você já comeu aquelas peruas ali na mesa ao
lado? — Meu coração está disparado de raiva. Vejo-o se ajeitar na cadeira
desconfortável e me olhar assustado.
— Amor... — Tenta pegar minha mão.
— Amor é o caralho! Comeu ou não? — Puxo minha mão e me
levanto com muita raiva. Sei que não tenho o direito, pois não nos
conhecíamos na época e sei que ele foi um puto. Vou em disparada para o
banheiro. Sinto meus olhos arderem. Puta merda! Ciúme é uma tristeza!
Mas só de imaginar meu Max fazendo com elas o mesmo que faz
comigo, meu coração arde de ciúme e desgosto.
— Amor... — ouço sua voz e a cadeira se arrastar com rapidez, ele
vem atrás e é sempre assim, tanto eu quanto ele, quando nos excedemos no
ciúme, o centrado vai atrás do surtado. Hoje é ele, mas já cansei de ir atrás
quando ele surta de ciúmes.
Entro rapidamente no banheiro feminino e, quando olho, Max já está
dentro e tranca a porta.
— Amor, eu juro a você que, depois que ficamos juntos, nunca mais
fiquei com ninguém — fala, tentando me abraçar.
Bato em sua mão. Olho com ira para ele.
— Sei disso, mesmo porque, se sonhar que me traiu, te largo no
mesmo instante. Estou cansada de suas conquistas sem fim! — solto irada, e
minha voz sai fanhosa. — Maximus, todos os lugares que vamos tem alguma
mulher que já levou para a cama! Puta merda, será que algum dia terei o
prazer de sair e não esbarrar em uma ex-amante sua? — Jogo minha bolsinha
de mão em sua direção, mas ele é esperto e se desvia. Vejo desespero em seus
olhos.
— Amor, eu sinto tanto por ter que passar por isso... Porra, Querubim,
se pudesse e tivesse como, eu apagaria meu passado de putarias e devassidão,
somente para não te fazer sofrer, querida, acredita em mim? — sussurra com
um brilho suspeito em seus lindos olhos azuis. Vejo a ponta de seu nariz se
avermelhar e sei que está se segurando para não chorar.
É assim que é nosso namoro. Nosso amor é sem medida, louco e
desvairado. Tanto ele como eu. Achei que, quando encontrasse o homem de
minha vida, seria centrada e madura. Ledo engano, nem eu e nem ele, somos
centrados e maduros, somos loucos e viciados um no outro. Vivo por ele e ele
vive por mim. Somos apaixonados, alucinados um pelo outro.
— Você comeu aquelas mulheres, todas que estão à mesa, e não
adianta mentir para mim. Vi isso nos olhos de cobiça de cada uma delas! Puta
merda, Max, naquela mesa tem um batalhão de mulheres — fungo sentida,
meu coração dói, parece que tem uma mão de fogo o apertando.
— Querubim, eu amo você mais do que tudo na vida. Não faz isso...
— Me olha tão destroçado que não me contenho, corro e pulo em seus
braços.
— Me diz que sou a mais gostosa de todas, que me ama, que sou seu
Querubim, sua Clara, seu anjo... Max, tenho tanto medo de te perder carinho,
tanto medo que seu passado venha mexer em nosso presente, nos roubando o
futuro... Tenho medo, amor, muito medo! — desabafo com a cabeça enfiada
no melhor lugar do mundo: o pescoço quente, forte e tatuado de Max.
— Nunca, amor, você é a melhor coisa que me aconteceu na vida.
Amo você, meu Querubim, minha Clara, meu anjo. Sem você ficarei louco,
ensandecido. Já te contei sobre o meu passado, você sabe tudo de mim, amor,
e viu que não tive ou vivi um passado bonito, que já fiz coisas horríveis, que
mergulhei na escuridão, na merda... E se eu te perder, me perderei
novamente, sei disso. Por isso, meu amor, nunca me deixe, nunca duvide de
meu amor por você, minha vida.
Senta-me na bancada de granito do banheiro e me beija com paixão.
Abre o zíper de sua calça social, seu pau duro pula para fora, arreda minha
calcinha. Massageia minha boceta já encharcada e com uma única estocada,
entra todo em mim.
— Minha casa, meu porto seguro — geme alto, sussurrando em meu
ouvido o quanto me ama.
— Amo você, Max. Vou matar aquelas peruas quando sair daqui... —
Sinto-o rir com a cabeça enfiada em meus cabelos e gemer baixinho, quando
começa a entrar e sair com força.
— Está gostoso, amor? — pergunta quando me levanta e me encosta
na parede.
— Sim, delicioso! Max, amo você, seu pau, sua boca... seus olhos,
seu corpo musculoso e cada tatuagem que tem nesse monumento espetacular.
Meu Max...
Ele geme e me agarra, beijando-me com força e paixão.
— Eu sou seu, amor, inteirinho seu... corpo, alma e coração... e a
parte que mais ama, meu pau! — continua num vaivém delicioso. Ele desce a
mão e massageia meu clitóris, que esperava somente esse toque para tremular
em um gozo espetacular. Sinto Max se descontrolar e inchar. Ele estremece
com força quando lança jatos de sua semente morna e grossa dentro de mim.
Gozamos juntos.
Gemo com satisfação e fico quietinha, sentindo-o entrando e saindo
com suavidade.
— Safada! — diz baixinho mordendo meu queixo e sai de dentro de
mim com gentileza.
Sorrio e o vejo pegar um pedaço de papel e me limpar com carinho, e
se limpar também.
Beija minha boca, ajeita sua roupa e a minha, puxa-me pela cintura e
saímos do banheiro.
— Nunca se esqueça, amor, eu te amo com loucura — fala e me beija
com tanta paixão, que esqueço as piranhas à mesa ao lado.
Olho com desprezo para as bruxas e arrasto meu Maximus para fora
desse lugar infestado de ex do safado.
Estamos juntos tem quase um ano, e foram os momentos mais felizes
de minha vida tão atribulada. Aprendi com minha Clara a tratar melhor as
pessoas, sua luz iluminou minha escuridão.
Não sinto falta de orgias, mulheres diferentes, coisa que jamais
imaginaria. Em minha mente de devasso, imaginava que me enjoaria
facilmente com uma única mulher. Como me enganei, cada dia que passa me
vicio mais e mais em minha pequena Querubim.
A maldita é maravilhosa em todos os sentidos. Carinhosa, atenciosa,
trabalhadora, trata as pessoas com carinho, e é uma safada na cama e um anjo
fora. Perfeita e tem me ensinado tanto.
Temos somente um pequeno defeito, por esse motivo temos brigas
gigantes. Tenho tanto ciúme de minha mulher quanto ela tem de mim. Claro
que ela tem motivos, fui um desgraçado de tanta putaria, já eu não tenho
motivo alguém de viver batendo nos homens que olham para Clara. Está além
de minhas forças e somente a possibilidade de algum tocar nela me deixa
ensandecido e completamente louco. Eu era um homem que compartilhava
suas mulheres sem problema algum. Agora não consigo administrar com
sensatez um simples olhar de outro homem para a minha menina.
Já briguei com meu melhor amigo várias vezes, a porra do homem
não sabe seu lugar e vive fazendo gracinhas para a minha Querubim.
Teve uma vez que brigamos tão feio, porque me descontrolei quando
ele a elogiou quando estávamos na piscina, que parti para cima.
Dei tanto murro no safado que ele não teve alternativa senão revidar e
ficamos ambos roxos e com os dedos das mãos esfolados. Clara foi embora
na hora e não queria voltar, mas como sei que tem tanto ciúme como eu,
puxei assunto com a vizinha do lado de seu apartamento e a ciumenta saiu na
hora e quebrou o pau.
Fiquei satisfeito quando ela derrubou o pau na vizinha. Coitada, era
inocente, mas o que um homem apaixonado não é capaz de fazer por amor,
não é mesmo?
Expliquei a minha muito enciumada namorada que era do mesmo
jeito que me sentia em relação a Davi e ela sorriu, entendendo minha loucura
e me puxou para o seu apartamento e tivemos uma noite maravilhosa. Minha
doce Clara, quase não conseguiu sair da cama no dia seguinte e seus pezinhos
e seios estavam bem usados e marcados de chupões e mordidas. Penso
orgulhoso, ao me lembrar desse dia.
Olho para o lado e vejo meu amor, dormindo e ressonando com
suavidade.
Clara sabe tudo de minha vida e somos como um livro aberto. Uma
única coisa ainda macula nosso amor: a porra do museu com espólios. Vou
destruir aquilo, mas quero antes contar a ela. Como temos uma vida agitada,
sempre me esqueço, mas em breve contarei a ela, sei que vou ser castigado,
mas ela vai entender, afinal era eu antes de conhecê-la.
Desço meus olhos para o seu corpo perfeito e vejo seus seios, que me
enchem a boca de água, sua doce bocetinha e seus pés que me tiram do chão.
Desço e beijo cada um dos pezinhos com carinho, são cheirosos e
macios. Clara cuida muito bem deles. Adoro isso em minha pequena.
Ela geme e levanto meu rosto e vejo a safadinha sorrindo e ela
começa a acariciar meu peito com seus pés.
Meu pau já está doendo de tão duro.
— Amor, o que você quer? — pergunta com cara de anjo, e passa o
pé em meu pau, ele sacode e jogo a cabeça para trás. Ela pega meu pau com
os pés e começa a deslizar com suavidade.
— Porra, Clara... amor... — Pego seus pés macios e aperto em volta
de meu pau grosso e intumescido. — Delicioso, mas hoje quero gozar dentro
da boceta mais linda e rosada do mundo.
Subo com rapidez, caio de boca em seus seios, sei que adora que os
mamo.
Abro suas pernas e me enfio com força entre suas dobras macias e
molhadas. Ele geme alto e eu urro de prazer. Coloco seus pés em meus
ombros.
Estoco com força, enquanto chupo os dedos de seus pés.
Ela segura e aperta seus seios e isso é meu fim.
Meu corpo sacode com tanta força, que ela abre os olhos e sorri com
os olhos nublados de desejo. Enquanto gozo, sinto sua bocetinha me apertar e
minha menina goza esmagando meu pau, que a encharca por dentro com
minha seiva.
Tombo em cima dela e a beijo com tanto amor, que meu coração
incha no peito.
— Eu te amo tanto, Clara, que a simples ideia de te perder me tira o ar
— confesso sem pudor algum. Ela acaricia meu rosto com carinho.
— Eu também te amo, querido, com tudo de mim. — Nos abraçamos
e dormimos até a noite em nossa masmorra erótica.
Quando resolvi mostrar a ela esse lado de minha vida também,
mandei trocar todos os móveis, cama, papel de parede, tudo. Aqui parece
outro lugar agora. Refiz esse espaço somente para a minha Querubim e ela
adorou. Ficamos mais aqui, do que em meu quarto.
Mandei fazer um closet enorme aqui e em meu quarto e comprei
centenas de conjuntos de lingerie da Victoria’s Secret, que minha menina
adora e eu sou viciado em arrancar todas que ela usa. Sandálias, tem de todo
tipo e cor. Meu vício continua, mas agora somente com uma mulher.
Ela ficou horrorizada o dia que chegou aqui e viu a quantidade de
lingeries e sandálias que mandei comprar para ela.
Ficou brava, depois sorriu e entrou no closet, saindo em seguida com
um conjunto vermelho e sandália dourada.
Puta que pariu, quase tive um ataque! Peguei minha Querubim de
jeito e ficamos o final de semana todo na masmorra erótica. Ela saiu quase
arrastada de lá, e eu também, ela consegue me esgotar, a mulher tem um fogo
que se equipara ao meu. Sou a porra de um homem sortudo.
Davi está proibido de vir aqui agora, esse lugar pertence somente a
mim e minha mulher.
Desperto com Clara, acariciando meus lábios, ela tem tara por eles,
repete sempre que os ama e quer um filho com os mesmos lábios bicudos e
rosados. Sorrio feliz, não mais assustando com nada do que minha mulher
fala.
— Estou com fome, meu amor... — Pego em seu seio direito e a
maciez é de querer morder até gozarmos.
— Fome de mim? — pergunto já cheio de segundas intenções.
— Não, de comida mesmo. — Sorri e suas covinhas me deixam de
joelho.
— Certo, vamos tomar um banho e depois veremos o que comer.
Você quer jantar fora, amor, ou quer comer aqui mesmo? — Torço para que
não queira sair esse final de semana.
— Podemos ficar em casa. Sei que você está desanimado, Max. —
Levanta-se e me estende a mão. — Vamos tomar um banho, amor. —
Estendo minha mão, seguro a sua e saio igual um cordeirinho atrás de Clara.
Sua bunda, linda, está com as marcas de minhas mãos. Puta merda!
Tento comer minha namorada no banheiro, mas ela me empurra e diz
que está dolorida. Entendo-a, desde que a conheci abuso desse corpinho com
meu máximo de esforço, comprometimento e comprimento. Penso cheio de
orgulho masculino.
Estamos na masmorra desde ontem depois do banho, subimos e peço
a cozinheira que nos sirva o almoço na piscina. Antes peço para trazer suco e
frutas para a minha menina, ela adora.
Comemos entre beijos e sorrisos. Quando o almoço chega,
almoçamos e passamos a tarde na piscina. Em algum momento me lembro de
que tenho uma confraternização de final de ano no estúdio Caliente, de filmes
adultos, e estou receoso de chamar a Querubim para ir, porque já comi todas
as mulheres que trabalham lá e os homens vão cobiçar meu anjo. Só de
pensar nesses malucos olhando minha mulher estremeço de ódio.
Estou fodido, mas se for sozinho, Clara jamais me perdoará, antes
tentará me matar, é claro, penso com um sorriso de lobo no rosto. Adoro essa
possessão que ela tem comigo, sinto-me o máximo.
— Amor... — começo receoso.
— Sim? — Ela me olha com esses olhos azuis da cor do mar, e me
perco neles. — Max? — Cutuca-me com o pezinho e volto para o mundo real
quando minha boca se enche de água, esses pezinhos têm feito minha vida
mais feliz.
— Depois não reclame quando te como a noite toda, ouviu, senhorita?
— Pego seu pé e mordo com força. Ela geme e fico duro.
— Você ia me dizer alguma coisa, Maximus? — pergunta a matreira,
puxando o pé e me encarando faceira.
Balanço a cabeça para clarear a mente e falo de uma vez, antes que
adie novamente.
— Querida, sei que você já está de férias de final de ano e, como
sabe, a maioria das firmas tem confraternizações — começo tenso. — E
gostaria de te convidar para uma em especial. Participo dessa
confraternização tem vários anos e esse ano gostaria que minha namorada
fosse comigo. — Vejo que ela fica rígida.
— Se não for no estúdio de filmes pornôs tudo bem, vou com você,
Max — diz com carinho e sinto o sangue fugir de meu rosto, caralho!
— Amor... — começo e ela me encara, agora com o pequeno rosto
vermelho. O carinho foi embora, ela torce a boca e me olha no fundo dos
olhos.
— Maximus Bizolli, você está tendo a cara de pau de me chamar para
confraternizar com as mulheres que comeu meu namorado em uma reunião
de final de ano? — Levanta-se e coloca suas pequenas mãos na cintura fina.
— Sim... quer dizer não... — Balanço a cabeça confuso. — Anjo,
quero somente passar lá e fazer o discurso que faço todo ano. Depois prometo
que viremos embora, será rápido, eu prometo! Não vou te levar para
confraternizar com as minhas ex... quero dizer, putas... Não, mulheres...
Anjo. — Levanto-me num salto quando vejo um pedaço de melancia voando
em minha direção. “Ainda bem que Clara tem uma péssima pontaria”, penso
divertido e, ao mesmo tempo, desesperado. Essa mulher é meu mundo.
— Não vou, seu abusado! Pensa que é fácil ver uma mulher que já
comeu? Não é! Imagine dezenas! Não vou nem se me pedir de joelhos; e se
for, pode me esquecer! — fala e agora joga uma laranja em minha direção.
Desvio.
— Puta merda, amor, já disse que você é a única mulher da minha
vida! — digo agora em pânico.
— Não vou! — Desce igual um furacão para a nossa masmorra.
Caralho, sabia que essa seria sua reação, por isso protelei tanto.
Vou atrás, lógico.
O dia estava muito bom e Maximus tinha que me chamar para o antro
de perdição, onde já comeu todas as mulheres que trabalham lá.
Puta merda, ele não sabe que vê-las me magoa de uma maneira que
sangra meu coração?
Ele devia ter um pouco mais de empatia por mim nesse quesito. Fica
puto quando algum homem olha para mim, sabe que nunca fiquei com
ninguém, somente ele. E fica assim. Imagina se já tivesse transado com outro
e ele tivesse que vê-lo? O mataria sem dó, ou daria uma surra tão grande que
deixaria o coitado paraplégico ou sem dentes, assim como fez com o pobre
Jurandir.
O safado me contou que quebrou seus dentes na base do murro há
poucos dias, depois de deixar escapar que deu uma lição em um abusado.
Custou muitas ameaças de minha parte, para me contar quem era o coitado
que ele quase matou.
Homem sem controle esse e acabei ficando igual, bem que dizem que
a convivência nos torna parecidos com quem nos cerca.
Não dou três minutos para o louco chegar querendo quebrar tudo.
Estou sentada na cama ainda desarrumada de nossa noite repleta de
sexo. Homem gostoso, esse ex-puto.
Ele entra igual um furacão.
— Clara Luz, isso não é jeito de tratar o homem de sua vida, o que
você entregou seu bem mais precioso! Sua virgindade e amor! Puta merda,
Querubim, não faz assim comigo. — Ajoelha-se e segura minhas mãos.
— Não vou e pronto. — Sei que estou sendo infantil, mas não quero
sofrer vendo tantas mulheres lindas e que Max já comeu. Fungo e limpo uma
lágrima que escorre. Ele me olha consternado.
— Não faz assim, amor... — Acaricia minha face e vejo amor em seus
olhos e isso me faz ficar ainda mais possessiva.
Não respondo e escolho um vídeo pornô de seu estúdio. Levanto-me
para ele e pergunto, mostrando a capa com mulheres lindas e peladas. E um
homem gigante atrás, o mascarado tarado.
— Essas aqui você já comeu? — Ele fica pálido. — Não precisa
responder. Quer saber? Eu vou a essa porra de festa. É bom que conheço o
mascarado tarado, sempre quis saber quem é, pois o pau dele é lindo! Eu e
Serena ficávamos babando nele e... — Ouço um urro e vejo Maximus se
levantar com o rosto inchado de tão vermelho que está e seus dentes
trincados.
— Porra nenhuma que você vai nessa caralho de confraternização
para ver essa maldito mascarado... Só por cima de meu cadáver, Clara!
Ele pega o CD mais antigo de minha mão e quebra em pedaços,
caminha até a prateleira e a vira, jogando todos os CDs, pen drives, e
notebooks no chão. Chuta e os quebra em vários pedaços, o homem está
babando de loucura.
— Mascarado tarado, hein? — Sai quebrando tudo igual um lunático
que é, confesso que estou assustada, nunca o vi agir assim. — Quer conhecer
o mascarado? Você ficava com sua amiga desejando o pau do maldito? —
Continua a quebradeira. Corro para a porta e ele me agarra.
— Me solta, seu maluco, vou embora!
— Não! Vai ficar aqui e me explicar tudo sobre esse desejo secreto
sobre o mascarado tarado! — Carrega-me esperneando e me joga na cama
sem lençol, ele arrancou e jogou no chão.
— Você pode comer todas e eu não posso nem achar um pau bonito?
Vai se foder, Max! — Tento me levantar, mas ele me segura e me olha com
loucura nos olhos.
— Minha, você é minha! — diz me beijando com força. Não
correspondo, estou com raiva de seu machismo. — Abre a boca, amor, quero
te comer! — Chuto seu pau duro e ele encolhe, corro para fora e, quando olho
para trás, vejo que ele está quieto. Paro e observo. Ele continua sem se
mexer. Será que o machuquei muito?
— Max? — chamo da porta com meu coração disparado. — Amor?
— Continua sem se mover. Entro em pânico e corro até ele. Quando chego
perto, ele pula e me agarra com força.
— Perdão, amor! Puta merda, me perdoe. — Maximus pede com o
rosto vermelho e seus olhos avermelhados também.
— Max, você está bem? — Ele está abalado e eu também. A porra de
nosso ciúme doentio as vezes nos faz magoarmos um ao outro.
Ele se ajoelha e abraça minhas pernas.
— Perdão, amor, tudo que te envolve me deixa insano — sussurra.
Acaricio seus cabelos.
— Me perdoa também, Max, mas ver aquelas mulheres...
Ele me aperta.
— Não vamos, amor, você é mais importante que confraternização. E
prometo a você, Querubim, vou vender aquela porra de estúdio. — Levanta a
cabeça me olhando pálido. — Prefiro a morte a te perder, Clara — confessa
trêmulo.
Ajoelho-me e pego seu rosto entre minhas mãos, seus lábios bicudos
estão avermelhados assim como seus olhos.
— Maximus, eu vou com você, mas faça seu discurso rápido, me
recuso a ficar vendo aquelas mulheres que conhecem muito bem seu pau —
digo com o coração na mão.
— Não! Não vamos, o mascarado tarado, filho de uma égua manca,
está lá — fala se levantando e chutando os cacos de tudo que destruiu.
— Deixa de ser insano, Max, não sei quem é o tal mascarado tarado,
como vou reconhecer?
Ele me olha fixamente e solta sem pensar:
— O Davi nunca te contou?
Arregalo os olhos e coloco as mãos na boca.
— Davi? Ele é o mascarado?
Vejo que fica cinza de tão pálido e totalmente desconcertado.
— Porra! Não! Não é ele! — nega com as mãos na cabeça.
— Maximus Bizolli, não minta para mim, ou pergunto ao Davi.
Ele chega rápido como um foguete até mim.
— Não se atreva, caralho! Por acaso meu pau não basta? — ataca.
— Não me ofenda, seu grosso, não sou puta como você! — Viro-me
para sair e ele me agarra novamente.
— Caralho, perdão, amor. Me ajuda a me controlar. Você é minha!
Diga isso alto para eu ouvir! — Ele me agarra e me beija com ansiedade e
fúria.
— Max! Max, para! Vamos conversar! — Tento ser a centrada hoje,
Max se perdeu no caminho da loucura do ciúme hoje.
Pego sua mão e pulamos o monte de coisas quebradas.
— Max, controle-se. Davi é o mascarado tarado, ponto. As mulheres
que comeu estarão lá e espalhadas por aí, ponto. Vamos deixar esse pessoal
para lá e viver nossa vida. Vou a confraternização, você discursa, e
ignoramos as safadas e o pauzudo do Davi — digo me sentindo a conselheira
sábia do momento.
Max estremece e vejo loucura em seus olhos. Ele se levanta e me olha
fixamente.
— Se Davi olhar para você, amor, arrebento a cara daquele puto! —
avisa e me joga na cama, caindo por cima.
— O mesmo digo das piranhas que estão lá! Se ao menos olharem
para você, te largo e venho embora, sozinha. Ou melhor, chamo o Davi para
me trazer — desafio o safado.
— Não se atreva! — Me beija com ganância e me come com fúria.
Depois que fazemos sexo bruto, marcando território, ele me olha e
sorri timidamente.
— Amor... você é minha, certo?
Acaricio seu rosto.
— Sou sim e por isso quebro todas as piranhas que se aproximarem
de você! Elas já tiveram seu tempo, agora você é meu, certo? — Sorrimos um
para o outro cúmplices e passamos o restante do fim de semana nos amando e
confessando nosso amor sem limites.
Depois da briga imensa que tivemos e quebrei nossa masmorra quase
toda, eu liguei para o meu terapeuta e contei o surto que tive. As crises de
ciúmes descontroladas. Ele me chamou atenção porque não tenho ido as
sessões. Fico o tempo todo obcecado com Clara. Amo essa mulher com
loucura.
Esse final de semana estou fodido sem minha menina. Ela foi ver seus
pais. E não pude ir, primeiro porque ela não deixou; e segundo, porque estou
com vários compromissos inadiáveis e, o principal, estou negociando a venda
do estúdio Caliente. Tenho várias pessoas interessadas, mas tem um que tem
minha preferência e marquei com ele hoje. Aproveitei que minha Querubim
viajou e chamei o puto do mascarado tarado, vulgo meu amigo, ou ex!
Desde o dia que Clara disse que o pau do mascarado era lindo, nunca
mais chamei o Davi para vir à minha casa. Ele já perguntou até cansar, mas
claro que não vou contar. Quero ele e seu pau bem longe de minha Clara.
Estou em meu escritório em casa, e vejo ele entrar. Puto safado!
— Porra, cara, o que está acontecendo? — pergunta o pau grande sem
entender meu gelo com ele.
— Nada, caralho! Vamos conversar sobre o estúdio, quero vender e
você quer comprar, fim! Vamos resolver logo isso, tenho várias pendências
para resolver hoje ainda. — Sou curto e grosso, o cara de pau me olha sem
entender nada.
— Puta merda, você está conseguindo se superar, casca grossa do
caralho! E onde está a Querubim?
Levanto minha cabeça rapidamente e olho esse infeliz que perdeu o
amor pela vida.
Levanto-me e o agarro pelo colarinho.
— Não é da sua conta onde está minha mulher! — falo com o ciúme
me corroendo a alma.
O desgraçado sorri e tira minha mão com calma e sai com as mãos
para cima em sinal de paz.
— Para quem não tinha problema em dividir e contava papo, você
mudou muito em um ano, meu caro! — zomba de mim com um sorriso
cínico.
— Só não chuto sua bunda magra daqui porque quero muito me
desfazer daquele estúdio, seu miserável! — Dou a volta e me sento na cadeira
confortável.
Davi me olha seriamente, e caminha com calma, se sentando na
cadeira a minha frente.
— Cara, entendo perfeitamente sua possessividade... já fui assim uma
época de minha vida... Por isso te digo, não precisa temer que eu vá pegar sua
mulher, tenho verdadeiro trauma e asco de traidores. Pode ficar tranquilo, sou
seu amigo e Clara te ama de verdade, cara. — Me olha fixamente e vejo
sinceridade em seus olhos.
— Porra, cara! Essa mulher me deixa louco. A amo com tanta
loucura, que faço merdas sem parar. Não sei como você e Clara ainda me
suportam... — Coço a cabeça desgostoso e cruzo as mãos sobre a mesa.
— Você está indo à terapia? Nos dias que vou, não estou te vendo lá e
estou indo duas vezes por semana, tive uma recaída, cara. — Olho
rapidamente para ele e me sinto culpado, o excesso de ciúme me fez riscá-lo
de minha vida.
— Porra, Davi, por que não me falou? — Sinto-me culpado.
— Como? Me proibiu de vir a sua casa, de chegar perto de Clara e
não atende minhas ligações. — brinca sem mágoa.
— Caralho, me perdoa, cara! Clara te acha lindo e disse que seu pau é
tão perfeito como o meu, surtei... — Ele me olha pasmo e começa a tremer os
cantos da boca, de repente explode em uma sonora gargalhada.
— Mas como ela sabe que sou eu? Uso máscara o tempo todo e... —
Me olha estreitando os olhos. — Foi você! Essa boca grande do caralho, que
contou! Cacete, ainda bem que ela é uma pessoa confiável, se não, estou
fodido! De qualquer maneira reforça sua língua solta, para ela não comentar
isso com ninguém.
Olho irado para ele.
— Claro que ela não vai contar e soltei seu nome num rompante de
raiva, no dia que ela disse essa grande mentira sobre seu pau de merda —
digo e ele arqueia as sobrancelhas.
— Pau de merda, mas grande, gigante, meu caro. As mulheres
adoram, até seu Querubim cobiçou...
Ameaço me levantar.
— Calma, Maximus! Deixa de ser um otário e ciumento. Vamos
deixar meu pau e Querubim de lado e vamos negociar. Quero comprar seu
estúdio.
— Ok, mas antes quero que nunca mais pronuncie uma frase usando o
nome de meu anjo e seu pau juntos, ou não respondo por mim — aviso,
sentindo o descontrole me tomar.
— Combinado! — Ele sorri e vejo meu amigo novamente nesse
homem que já me ajudou tanto na vida e eu também o socorri quando estava
mergulhado em seus traumas.
Passamos uma tarde amigável e não tinha percebido como gosto de
Davi, e senti sua falta.
Fechamos negócio e fizemos uma teleconferência com os advogados
da empresa e, ao findar da tarde, o estúdio tinha um novo dono: Davi
Matiello.
Confesso que nunca me senti tão aliviado como agora, parece que
tirei um peso de minhas costas. Minha Querubim ficará muito feliz, sei disso,
porque toda vez que a porra desse estúdio aparece em nossas conversas, vejo
seu semblante cair, entristecer e brigamos.
Com tudo resolvido, vamos para a piscina, conversamos sobre tudo
que estava pendente entre amigos.
Nadamos e reatamos nossa amizade como era antes.
Quando Davi foi embora, antes de sair me recomendou voltar as
terapias.
— Cara, Valdir tem perguntado por você, sei que liga para ele, mas
não é a mesma coisa. Volta a fazer suas terapias, para não correr o perigo de
surtar. Eu tive que dobrar minhas sessões, deixei de ir pensando que já estava
bem e me deixei cair novamente na merda — diz com um semblante triste.
Sei um pouco de seus traumas, mas a parte que o deixa surtado as vezes, essa
ele guarda somente para si e respeito.
— Pode ficar tranquilo, cara — tranquilizo-o, doido para ligar para o
meu anjo. Ouvir sua voz apazigua meu coração sombrio. Vou contar para ela
sobre a venda do estúdio no dia que terminar o discurso na festa de despedida
de final de ano. Será uma surpresa. Sorrio largamente, minha menina vai ficar
feliz demais e eu vou aproveitar e abusar de seu corpinho delicioso. Sorrio
como um lobo sedento.
Adorei esse tempo que passei com meus pais, descansei muito e
recarreguei minhas energias. Max surtou quando avisei que iria viajar, só não
veio porque bati o pé e ele tinha muitas coisas para resolver nas empresas.
Mas não passou um único dia em que ele não me ligasse várias vezes ao dia.
Disse-me que tinha uma surpresa, que eu iria adorar, mas só contaria depois
de seu discurso no antro de safadezas.
Eu iria a essa festa de devassos, mas somente por amor ao Maximus,
porque, sinceramente, só de pensar nas mulheres que ele já comeu, todas lá,
glamourosas e lindas, meu estômago embrulha.
Ainda bem que meu malvado favorito é fiel. Como não seria? Não
sobra tempo nem para comer direito. O homem não perde uma única
oportunidade para me foder. O fôlego dele me surpreende de maneira muito
boa. Fiquei uma semana com meus pais e já estou de volta, louca para ver o
meu safado insaciável. Não disse que chegaria hoje, quero fazer uma surpresa
para o meu louco mais que perfeito.
Confesso que, quando estava com meus pais, durante a noite o
bichinho chamado ciúme me atacava. Cara, um homem com a libido tão
grande ficaria uma semana sem mulher? Estremeço só de pensar na
possibilidade de Max me trair. Nunca! Eu prefiro morrer a ser traída por esse
homem, o amo tanto que chega a doer.
Tomo um banho caprichado e vou para a sua casa, amanhã temos a
maldita festa regada a piranhas e putos.
Hoje quero me esbaldar no corpão e pauzão de meu namorado
gostoso!
Chego e entro sem problemas, conheço todos os seguranças de Max,
que são extremamente educados.
— O chefe vai enlouquecer quando souber que veio de Uber, e não o
avisou para que pudesse mandar um de nós buscá-la — um dos seguranças
comenta e sorri. Trato todos com carinho, mas longe de Max. Se ver é capaz
de matá-los por conta do ciúme louco.
— Imagino que surtará, mas aprendi a lidar com meu malvado
favorito.
Penso satisfeita com meu homem. Ele só ladra feito um cão raivoso,
quando estendo a mão e o acaricio o homem vira outro, dócil e amoroso. Puta
merda, amo demais o Maximus cabeça quente.
Vou à sua procura e o encontro no escritório de cabeça baixa lendo
uma pilha de papéis e concentradíssimo. Quando ele coloca esses óculos de
aro preto e grosso fica ainda mais lindo e gostoso do que já é.
Seus cabelos claros caem na testa e parece que leu algo que não
gostou, pois o bico em seus lábios acentua e perco o controle e avanço com
tudo para cima desse homem delicioso. Ele levanta a cabeça assustado com o
barulho de passos correndo e, quando me vê, um imenso sorriso se abre e se
levanta rapidamente, estendendo os braços.
— Max! Que saudade, amor! — Beijo-o no pescoço, de rosto barbudo
e boca deliciosamente bicuda. Ele me agarra com força pela cintura.
— Caralho, se essa não é uma surpresa maravilhosa! A saudade me
apertava o peito, pequena. Se não chegasse amanhã, juro que iria buscá-la e
trazer nem que fosse arrastada. Uma semana sem você! Sem sua doce boceta,
pés deliciosos e seios perfeitos! Sem falar na boquinha esperta em todos os
sentidos. Meu pau já quer tudo, amor! Da boca a boceta e estendendo para os
pezinhos! — fala o descarado, esfregando-me em seu pau já tão duro, que me
choca.
De repente para e me olha concentrado.
— Quem te pegou, amor? Qual dos seguranças você ligou para te
buscar?
Baixo a cabeça, é agora que vai surtar.
— Eu vim de Uber...
Ele me aperta com força.
— O quê? Uber? Clara Luz, quantas vezes te pedi para ligar quando
precisar se deslocar de um lugar para o outro, caralho? Tenho muitos
inimigos, cacete! Será que você não tem noção de que me destruiria se algo te
acontecesse? — Vejo genuíno desespero e preocupação em seus lindos olhos
azuis.
— Desculpe, amor, queria tanto vê-lo que não me preocupei com esse
detalhe, me perdoa. Da próxima vez ligarei, prometo. — Sinto-o relaxar e
caminhar comigo rapidamente para o sofá. — Max?
Ele sorri sacana e ajeita seu pau intumescido.
— Vou te comer, Clara, aqui e agora. — Baixa a cabeça e me beija
como se tivesse anos que não nos víamos e não uma semana.
Arranca minha roupa em segundos e abre seu zíper, seu pau grande e
grosso pula para fora inchado, com suas veias dilatadas.
Gemo alto quando ele suga meus seios com força e ganância. Desce
para a minha boceta e chupa meu clitóris como se fosse sorvete. Quando vê
que estou pronta, enterra seu pau com uma única e profunda estocada. Joga a
cabeça para trás e geme dolorosamente.
— Tão bom, amor, tão apertada, quentinha... Clara, amo você mais do
que tudo na vida, pequena.
Gemo alto e ele começa a estocar com tanta força, que meus seios
pulam. Ele os agarra e os massageio entrando e saindo sem parar. Sinto o
calor do orgasmo se aproximar e estremeço quando sou tomada por ele. Gozo
sem limites e grito rouca meu prazer. Ouço Max gemer de longe e entrar em
franco desespero. Sinto-o inchar e se derramar dentro de mim, com um urro
de prazer.
Ele me olha com amor e murmura:
— Quantas saudades, amor.
Nos amamos o restante da tarde e noite.

***

No sábado amanheço só o pó da rabiola. Destroçada, mas realizada.


Passamos um sábado maravilhoso, cheio de amor e carinho. Perguntei
sobre a surpresa e Max somente riu. Prometeu que falaria depois do discurso.
Quando a noite chega, e o momento que estou odiando se aproxima,
sinto uma tristeza sem explicação me consumir. Meu coração está muito
apertado, como se fosse acontecer algo terrível. Minha vontade é de entrar na
masmorra, trancar a porta e esconder as chaves. Assim ficaríamos eu e Max
protegidos. Mas, infelizmente, não posso fazer isso, então nos arrumamos
para ir a essa maldita festa.
Max está maravilhoso em sua roupa despojada, mas ao mesmo tempo
elegantíssimo. Esse homem deveria ser modelo. Calça social preta, blusa
branca de linha e um blazer no mesmo tom da calça. Comestível. A piranhada
já provou e viu tudo isso. Puta merda, elas sabem o quanto é gostoso e lindo,
por baixo dessas roupas.
Ele sorri e me derreto toda. Pego o vestido que escolhi e estendo na
cama, faço minha maquiagem, tudo muito simples.
Ele me observa com olhos de lince. Atento a todos os meus
movimentos, sei que vai ter briga. O vestido que escolhi não dá para usar
sutiã. Mas quero ir linda, todas as ex com certeza estarão belíssimas, recuso-
me a ir vestida como Max iria aprovar: com uma burca.
Pego o vestido, deixo-o deslizar em meu corpo, ele está olhando.
Vamos lá, 1... 2... e...
— MAS QUE PORRA DE VESTIDO É ESSE? — Levanta-se igual a
uma bala e vermelho como um tomate.
Olho em seus olhos.
— Não entendi...
Ele aponta para o meu vestido.
— Essa porra de roupa não cobre nada, estou vendo seus seios daqui e
suas costas. Toda de fora, todos verão! Troca! — Nem termina e vai direto
para o closet e procura até achar um de manga e gola role.
Vem sorrindo e me entrega.
— Esse cobre tudo. Está ótimo. — Olho para a cara desse descarado e
a vontade que tenho é de dar um soco nessa boca bicuda e fazer ficar ainda
mais bicudona do que já é.
Ignoro-o completamente, se acha que vai controlar até minha maneira
de vestir, ele está completamente louco e enganado.
— Clara? — pergunta confuso, ele realmente é maluco.
— Não vou vestir isso, vou com esse e pronto. — Não disse a ele que
tem um xale que cobre quase toda as minhas costas e seios. Vou deixar essa
informação para quando ele parar de ser um escroto.
— O quê? Você está maluca se acha que vou deixar você ir com esse
pedaço de pano para o meio dos lobos, conheço aquilo lá... — Estreito meus
olhos e ele desvia e muda de assunto rapidamente, esperto!
— Tudo bem, então não vou. Irei para algum lugar estrear meu
vestido novo e não preciso ver as suas piranhas! Seu safado! — Perco o
controle.
— Clara, se você pensa que vai sair com esse vestido, pode tirar o
cavalinho da chuva, meu anjo! — Ignoro-o e pego minha clutch rosa e vou
para a porta. Ele me olha perdido.
— Clara Luz, onde você pensa que vai? Caralho de mulher teimosa!
— Corre e me barra na porta.
— Vou embora, não aceito homem nenhum, ainda mais um ex-safado
querer controlar o que eu visto ou onde vou. — Empurro-o com força, mas o
gigante loiro nem se mexe.
— Cacete, amor, olha esse vestido... — diz com desgosto. — Pode
pelo menos usar meu blazer quando chegarmos nessa porra de festa? —
concede finalmente, sorrio e o abraço.
— Agora estamos nos entendendo.
Ele sorri e me aperta com força.
— Você ainda vai me matar, anjo malvado! — Minha vontade é de te
comer aqui e agora, mas sei que está sensível e...
— Maximus Bizolli — interrompo-o —, não tem nem meia hora que
você estava dentro de mim igual um alucinado!
Seu sorriso de lobo me deixa molhada.
— Porra, e estou pronto novamente. — Pega minha mão e esfrega em
seu pau inchado.
Sorrio e o beijo com desejo, ele geme, mas o empurro.
— Vamos, senão chegaremos atrasados e a piranhada ficará ainda
mais eufórica — digo com desgosto. Vou ao closet e pego o xale que faz
parte do vestido. Fico mais aqui do que em meu apartamento, ainda mais que
estamos de férias, é final de ano.
O maluco de meu homem, comprou roupas para mim que, se eu viver
duas vidas, não consigo usar tudo. Principalmente as peças que compõem seu
fetiche. Homem safado!
Saio com o xale em volta dos ombros e ele me olha estranho.
— Clara Luz, mulher malvada, me deixou pensar que ia quase nua
para a festa, quando na verdade sabia que tinha esse xale? — diz carrancudo,
mas vejo o alívio em seus olhos claros.
— Sim. — Sorrio para ele cheia de charme.
— Maluquinha! — Puxa-me pela cintura e vamos para a maldita
festa.
O ânimo de meu malvado favorito mudou depois que cobri meus
seios e costas com o imenso xale. Homem possessivo essa delícia!
Chegamos à festa em um de seus carros e mais dois carros atrás com
os seguranças. Depois da tentativa de sequestro, Maximus ficou meio
neurótico com sua segurança e agora com a minha.
Quando entramos, vejo inúmeras mulheres lindas e travo no lugar.
Max sente e me olha com carinho.
— Amor, te escolhi, amo somente e exclusivamente você! Vem, meu
Querubim. — Puxa-me com suavidade e, conforme vamos entrando, vejo
vários rostos se virando em nossa direção. Algumas das mulheres sorriem
com carinho, outras com maldade. Odeio todas!
Olho para Max e vejo que me olha preocupado e ansioso.
— Está tudo bem, amor, daqui a pouco sairemos daqui e a surpresa
que tenho para te contar vai compensar tudo. Prometo. — Acaricia minhas
costas, por baixo do xale.
— Tudo bem, mas não é fácil, Max — murmuro. Ele assente com
tristeza no olhar.
Caminhamos e vejo Max cumprimentar várias pessoas e Davi logo à
frente com duas mulheres penduradas em seus braços. Mascarado tarado
safado, quem diria, hein, Davi?
Ele nos vê e se desvencilha das mulheres, chega até onde estamos,
abraça Max e beija minha mão.
— Que honra ter um anjo em nossa festa — diz galante e Max o
afasta, empurrando com grosseria.
— Não abusa, cara.
Davi sorri e conversamos, até chamarem Max para o discurso, que ele
faz todos os anos.
Max me disse que isso acontece, desde que comprou esse antro de
safadezas e perdições. Mas bem que você gosta de ver os filmes pornôs, feitos
aqui, não é, santinha do pau oco? Coro, envergonhada com minha
consciência acusadora.
Maximus me beija e promete voltar logo. Vejo meu gigante viking
caminhar para o lugar onde fará o discurso. Vou para um lugar mais
reservado, daqui dá para ver Max e não ser incomodada. Meus olhos
passeiam entre tantas pessoas e, puta merda, será mesmo que Max comeu
todas aqui? Arrepio-me de desgosto.
— Ora, ora... se não é a mulher que conseguiu prender o garanhão do
Maximus? Ou será que está somente iludida? Um homem como ele não fica
preso a uma única mulher. — Viro para a voz maldosa da mulher ao meu
lado. É a mesma que trabalha para Maximus aqui no estúdio. Selma é seu
nome, me lembro bem, foi a mulher que me tratou como um pedaço de
merda, quando fui fazer a minha primeira faxina. Será que até essa bruxa,
Maximus já comeu?
— Não te conheço. — Sou grossa. Com esse tipo se der mole, nos
matam.
— Não mesmo? Por acaso, você não é a faxineira que está achando
que Maximus namora e é fiel? Tadinha da pobretona, tão iludida! — Fico
irada, essa mulher não me conhece e está me confundindo pela minha
aparência de anjo.
— Sou a faxineira que tem o homem que todas querem, do meu lado,
inclusive você, sua piranha! — falo com maldade.
— Sua puta! Pensa que é uma rainha, não é? Pensa que tem Max pela
coleira? Menina, esse homem não se satisfaz com uma única mulher. Sei bem
disso... — Porra, agora doeu, minha suspeita é confirmada. Essa é uma das
que Max já comeu.
— O passado de Max não me interessa. — Verdade, mas machuca
muito e como dói.
— Mas quem está falando de passado aqui, sua infeliz? — Gelo e
meu coração dispara.
Olho para o palco e Max está falando, mas ouço somente um zumbido
em meus ouvidos. O que essa mulher está dizendo?
— Confio em meu namorado. — Tento passar uma confiança que
estou longe de sentir. Max nunca me deu motivos para desconfiar, mas seu
passado o incrimina. Garanhão que pegava todas.
— Pois se eu fosse você ficaria mais esperta. — A serpente joga seu
veneno e ele começa a correr em meu sangue.
— Você sabe de alguma coisa? — Caio na rede, quando a vejo sorrir.
— Claro, Clara Luz, e estou aqui justamente para te ajudar, esse
homem não presta... — diz abrindo sua bolsa de mão e pegando seu telefone.
Destrava e procura algo. Quando acha, caminha e fica próxima a mim, e
estende o celular de maneira que podemos ver com clareza. Clica no play e a
cena que vejo me devasta, por completo. Me quebra, arrasa, destrói e meu
coração se parte em milhões de pedaços.
Vejo Maximus nu, entrando e saindo de dentro de uma mulher e ouço
gemidos de outras. Não vejo o rosto das mulheres, o foco quando foi gravado
é somente Maximus. Vejo seu rosto torcido de prazer e sua boca entreaberta.
A mesma que já beijei tantas vezes, a mesma que me disse que me ama tantas
vezes.
Estremeço e o vejo tirar seu pau de uma e agarrar outra e arremeter
com força. Ouço-o gemer, o mesmo gemido que dá quando me come... e
quando dou por mim lágrimas descem em cascatas por meu rosto. Soluço.
— Por favor... não quero ver mais isso... — Meu coração sangra.
— Mas tem mais, pensa que foi somente esse dia? Foi assim a semana
toda que esteve em sua mãe, minha querida. — Ela enfia a faca e torce sem
piedade.
Dou um passo para trás e ouço as pessoas baterem palmas. Vejo Max
descer e correr os olhos pelo salão. Deve estar me procurando. Desgraçado
mentiroso.
— Vou te mandar o vídeo completo e algumas fotos de momentos
que Max, Davi, eu e várias mulheres passamos juntos. Inclusive na masmorra
erótica. — Dá o golpe final sem dó.
Meu celular treme e sei que ela me enviou as malditas provas da
infidelidade de Maximus.
— Como sabe meu número? — Pergunta tola, mas me sinto tola no
momento.
— Ora, Maximus é claro! Quem mais? Ele não se importa de passar
seu telefone para ninguém. Eu te disse que você se colocou em um patamar
de importância que Max nunca a colocaria. Vou repetir para ficar bem
gravado nessa cabeça de vento que tem: MAX NÃO É FIEL, NUNCA FOI E
NUNCA SERÁ! — A maldita que acabou de destruir minha vida, meus
sonhos, sorri com deboche e maldade e se afasta com elegância.
Para, virando somente o pescoço e sorri.
— Não deixe de assistir o vídeo todo, estou nele também e como viu
só o começo, não deu para me ver e a Davi também. — Manda um beijo por
cima do ombro e vai embora rebolando como a piranha letrada que é.
Olho para os lados e vejo Max, olhando agora ansioso para as pessoas
à minha procura. Maldito! Quer exclusividade, mas não quer dar em troca, é
isso? Soluço.
Olho para a porta de saída e corro sem olhar para trás, quero morrer,
quero sumir. Saio dessa festa imunda, com o coração estraçalhado, como
senti que iria acontecer antes de vir para cá.
Max me traiu, me enganou, nunca me amou... Puta merda, meu
coração parece que vai explodir no peito tamanha dor! Saio na rua, ando sem
rumo. Volto para entrar na festa e dar muito na cara safada de Maximus, mas
desisto e soluço alto. Escondo-me em um canto escuro e dou vazão a minha
dor. Agacho-me, coloco a cabeça entre as mãos e choro como nunca chorei
em toda a minha vida.
Estou entendendo exatamente o porquê Clara não queria vir a essa
porra de festa. Quando olho para os lados e vejo que já comi todas as
mulheres que bato os olhos, sinto-me completamente desconfortável, com os
olhares luxuriosos que essas mulheres me lançam.
Vou pedir perdão a minha menina e nunca mais pedirei para participar
de algo assim. Me consolo ao saber que me livrei disso aqui, agora Davi está
com a carga e quero ver quanto tempo ele ficará com isso aqui. Quando me
chamam para agradecer e incentivar todos para o próximo ano, vou com um
peso imenso no coração ao deixar Clara para trás. Sinto uma sensação ruim,
como se fosse perdê-la de alguma forma.
Hesito e olho para trás e a vejo ainda me olhando com amor. Isso me
anima e caminho com mais firmeza para o palco preparado especialmente
para essa ocasião. Muitas mulheres estão quase nuas e me sinto constrangido,
como nunca aconteceu.
Meu anjo está vendo tudo isso e essa é uma parte de minha vida que
não é bonita, assim como várias outras. Minha vida tem sido um poço de
lama constante. Minha devassidão e arrogância já magoou muita gente, Clara
conseguiu me fazer enxergar essa falha de caráter, que estou tratando e
melhorando muito, segundo o anjo e meu terapeuta Valdir. Meus
funcionários têm mais liberdade e os vejo sorrirem mais, sem se apavorarem
quando me veem.
Discurso frases que já tenho decoradas ao longo dos anos. Termino
com todos aplaudindo como sempre e meus olhos correm pelo amplo espaço,
procurando a única pessoa que me interessa. Não a vejo e entro em pânico.
Controlo-me e desço com todos querendo tirar uma casquinha de mim. Ainda
não sabem que já vendi essa porra. Olho ao redor e sinto a mesma sensação
ruim, que senti ao subir ao palco.
Não vejo minha pequena. Trinco os dentes e me controlo, minha
vontade é de sair correndo. Fecho as mãos em punhos, pronto para arrebentar
a cara dessas porras que ficam em meu caminho.
Será que não percebem que não quero conversar?
Vejo Davi chegar rapidamente e me tirar do local, estou suando frio.
— Onde está Clara, Davi? — pergunto engolindo em seco e olhando
em volta já agoniado.
— Calma, cara. — Coloca a mão em meu ombro apaziguador.
— Calma é o caralho! Onde está a Querubim? — Olho desesperado
em volta, Davi me levou para uma sala de vidro que só eu e ele temos acesso.
Daqui vemos todo o lugar.
Não a vejo em canto algum, preparo-me para sair. Meu estômago
retorce.
— Vou te ajudar, ela deve estar no banheiro. Sabe como mulheres
gostam de retocar maquiagem...
— Clara não é assim! — corto seu papo-furado. — Você sabe disso!
— Saio feito um furacão, passo esbarrando em todos e vejo taças caindo e se
espatifando no chão, foda-se!
Davi vem atrás e saímos desse maldito local e caminho sem rumo
pela rua arborizada.
Sinto algo quente deslizar por meu rosto.
— Alguém a machucou, Davi, sinto isso no meu coração — falo
engasgado e passo a mão com força no rosto. — Porra, cara... ela não queria
vir e eu praticamente a obriguei... — sussurro sofrido.
— Obrigou Querubim? Você só pode estar brincando, ninguém
obriga aquela mulher a fazer nada, só faz quando quer... Ela é teimosa pra
caralho! — Tenta me consolar.
Olhamos e andamos por toda a rua escura e não a achamos. Volto
arrasado, quando ouço um soluço dolorido de um coração em frangalhos
identifico rapidamente.
— Clara! — Corro para onde vem os sons de soluços. Ela está atrás
de uma moita de alguma planta florida. Meu anjo! Graças a Deus! Vou
voltar naquela porra e arrebentar quem a machucou ou magoou de alguma
forma.
Caminhamos quase correndo e, quando nos vê, seu pequeno corpo
sacode e ela chora mais ainda, agora em pura agonia. Isso me mata.
Agacho-me ao seu lado e tento puxá-la, ela me olha com ódio,
estremeço.
— NÃO ME TOQUE, DESGRAÇADO! — minha menina grita e se
levanta e vai para o lado de Davi.
— Me leva daqui, Davi, por favor... — Vejo que está com o rosto
inchado, aqui a luz é mais forte.
— Amor, quem foi que te magoou, me diz e juro a você que o
matarei! — digo com ódio borbulhando em meu coração.
— VOCÊ! SEU PUTO DOS INFERNOS!
Arregalo os olhos sem entender porra nenhuma.
— Clara... — Dou um passo e ela me olha com desprezo e nojo. Olho
para o Davi e o vejo me olhar consternado.
— Max... tenha calma. Vamos fazer o seguinte, você vai para a sua
casa e levo Clara para o seu apartamento.
Olho com raiva para Davi, até parece que não me conhece.
— NUNCA! Vou levar Clara e ela vai me explicar exatamente o que
aconteceu naquela porra de festa e volto aqui e arrebento quem a magoou. Ela
está agitada, por isso está me culpando. Meu anjo sabe que a amo e...
Clara parte para cima de mim e agarra meus cabelos com força. Porra,
a pequena tem força. Seguro-a com cuidado para não machucá-la.
— Miserável, eu odeio você! Odeio. — Ela está com o rosto
vermelho e trêmula, realmente o estrago foi grande, estou fodido para
arrumar.
— Clara, querida, vem, vou te levar. — Aperto-a com força em meus
braços e ela puxa meus cabelos com ira, pode arrancar todos, mas ela vem
comigo.
— Larga ela agora, Maximus! — Davi caminha por trás e aperta meu
pescoço com força, fico meio tonto e solto Clara, mas com cuidado para não
feri-la.
— Me leva daqui, Davi, por favor! — pede recomeçando a chorar,
olho-a sem poder fazer nada e tampouco entender, isso me machuca demais.
Massageio meu peito, meu coração dói feito um maldito. Olho para Davi e
ele balança a cabeça suavemente.
— Eu prometo cuidar dela, cara, sabe que pode confiar em mim.
Balanço a cabeça arrasado e concordo. Ver Clara desse jeito é muito
para mim e me viro quando ele a leva. Volto somente meu rosto para os dois
agora.
— Davi, cuida bem dela, essa mulher é minha vida.
Ele concorda e me viro novamente, não quero vê-la me deixando.
Vou para a porra da festa, com meu corpo tremendo de ira.
Pego o microfone e grito:
— QUERO TODOS FORA DAQUI AGORA! VOCÊS TÊM
EXATOS CINCO MINUTOS PARA IREM TODOS PARA O INFERNO.
SE NÃO SAÍREM, MEUS SEGURANÇAS PODEM METER O PAU. VOU
DESCOBRIR QUEM MALTRATOU MINHA MULHER, E A PESSOA
QUE FEZ ISSO, REZA E REZA MUITO, PORQUE VOU DESTRUÍ-LA
DE UMA MANEIRA TÃO PLENA, QUE NUNCA MAIS ARRUMARÁ
SERVIÇO NA VIDA.
Todos me olham assombrados e jogo o microfone longe, desço e dou
a ordem aos meus seguranças:
— Eles têm três minutos agora, se não saírem no tempo que marquei,
metam porradas sem dó.
Saio feito um alucinado e vou para o apartamento de Clara.
Um segurança vem correndo e abre a porta, entro e falo o endereço, já
ligando para o Davi, estou desesperado.
Ele não atende e nem Clara. Cacete!
O motorista arranca, junto com um segurança na frente e fecho meus
olhos, tentando imaginar o que aconteceu e o que poderia ter sido. Fica
difícil, ali naquele ninho de serpentes são todos traiçoeiros e pensar que fazia
parte desse vespeiro me enche de raiva e vergonha.
Chegamos e saio correndo, com as porras dos seguranças atrás. Vou
direto para o apartamento de minha luz, sinto-me tomado por trevas, preciso
dela.
Bato e ninguém atende, insisto e ouço passos.
— Caralho, Max, falei para você ir para a sua casa. — O cara de pau
de Davi me fala.
— E desde quando manda em mim, seu filho de uma égua? Cadê
minha mulher? — Tento entrar, mas ele me barra.
— Está dormindo, consegui acalmá-la a pouco tempo, mas não quis
me contar o que aconteceu. Cara, o negócio foi feio, a merda foi bem
elaborada, ela está com verdadeiro ódio de você. — Quando Davi fala isso
encosto-me na parede e deslizo até o chão. Coloco o rosto entre as mãos e
choro com desespero.
Davi se senta ao meu lado e me abraça.
— Vamos resolver isso, cara, prometo a você, meu amigo. — Levanto
meus olhos ardendo e vejo os seguranças me olhando boquiabertos e com
simpatia nos rostos.
Um deles se aproxima.
— Se me permite, patrão, é só ter paciência e tentar fazê-la ouvir sua
explicação. Mas tudo com calma e mostrando a ela que a ama. Aconteceu
comigo algo parecido... — Sorri simpático e se afasta como se nunca tivesse
dito nada.
Davi sorri.
— Está se tornando tão simpático quanto nosso Querubim. Onde em
minha vida, achei que presenciaria uma cena dessas? Um empregado te
aconselhando? Você, o ser mais arrogante que pisou nessa terra? Temos que
fazer um altar para a santa Clara Luz — tenta me fazer rir, mas achar graça
de quê? Minha pequena me odeia e nem sei o motivo, sei que é coisa grave.
— Quero muito explicar a ela, Davi. Não sei o que aconteceu, mas
tenho explicação — murmuro perdido.
— Eu sei, amigão, e vamos descobrir e resolver tudo, mas deixe que
ela se acalme. — Davi só não sabe o quanto Clara é turrona, aquela aparência
de anjo consegue nos enganar muito bem.
Passamos a noite de plantão na porta de meu anjo.
Quando amanhece, bato na porta, enquanto Davi cochila. A porta se
abre e vejo minha pequena toda descabelada, vermelha e irada.
Abre bem a porta e sorri de orelha a orelha. Vai me deixar explicar.
Vejo a coisinha minúscula pegar um balde de água e jogar todo em mim,
acertando também o coitado de Davi, que dormia no chão o sono dos justos.
Ele dá um pulo e olha ao redor sem entender nada e os seguranças
estão sérios, mas vejo que seguram o riso.
— Não quero ver você mais, será que não entendeu isso? — Tenta
fechar a porta e coloco meu pé a impedindo.
— Amor, me deixe explicar, não sei do que se trata, mas juro que
tenho explicação, posso explicar e esclarecer tudo. — Tento com as mãos
postas.
— Não! Me esquece, Maximus, por favor! — fala com a voz trêmula
e meu coração termina de ser massacrado quando ela bate a porta em minha
cara. A dor de minha Clara é a minha ampliada dez vezes.
— Vamos, cara, deixe ela digerir o que aconteceu... — Olho para
Davi desnorteado.
— Ela não vai me perdoar, seja lá o que eu tenha feito... Vi isso em
seus olhos, cara. — Com os ombros caídos deixo o prédio de Clara derrotado.
Quando chego em casa, eu vou direto para o meu quarto, estou todo
molhado, mas antes de tomar um banho, tento falar com Clara. Só cai na
caixa postal.
Tomo meu banho e me deito, encolho e choro baixinho. Davi me
chama muitas vezes e não o atendo, mas deixo uma mensagem dizendo que
ligo depois.

***

Os dias passam e continuo insistindo, uma hora Clara terá que me


ouvir, ou será que a pequena teimosa não me dará uma chance de me
explicar? Respiro rápido com a simples ideia de Clara nunca me perdoar, seja
a merda que for que eu tenha feito.
Continuo ligando, indo ao seu apartamento e nada, mulher teimosa!
Mas ela não me conhece, sou um jumento na teima quando quero. E quero
ela em minha vida, até meu último suspiro.
Estou sentado aqui em meu escritório, com o telefone na mão,
olhando a tela com mais uma recusa em me atender desse pequeno demônio.
Num acesso de ira, atiro o telefone com tudo na parede e o vejo se
espatifando. Em tempo recorde, minha sala é invadida por seguranças.
Caralho, não posso nem ter um rompante de raiva?!
— O que querem aqui? — indago com grosseria. Mas depois de Clara
em nossas vidas, vejo que eles não me temem mais.
— Fica tranquilo, chefe, ela voltará, aquela menina o ama demais —
o motorista abusado fala e isso me dá um certo alívio.
— Tomara, minha vida perdeu a cor quando minha luz se retirou
dela... — desabafo baixinho e com olhos parados.
— Eita, que o amor transformou nosso arrogante patrão em um poeta
dos bons!
Levanto os meus olhos e fico sem acreditar, realmente Clara os
corrompeu.
— Não abusem não, miseráveis! Clara não está aqui e agora sou o
antigo Maximus, fora daqui todos! — esbravejo e rapidamente eles evacuam
a sala, mas com sorrisinhos tolos. Imbecis!
Pego meu celular de trabalho e tento novamente.
Ela atende, pois não se lembra desse número, o usei uma ou duas
vezes com ela, esse é exclusivamente para trabalho.
— Clara! Não desliga, preciso falar com você! — A desnaturada
desliga em minha cara. Preciso tomar medidas mais drásticas.
De repente, em um estalo, me vem o Plano B na cabeça. Porra, como
tinha me esquecido desse plano tão engenhoso? Antes o usaria para minha
própria luxúria, agora seria para a minha sanidade mental. Preciso de minha
luz novamente.
Levanto-me animado e começo a bolar como colocarei em prática
meu elaborado Plano B.
Me aguarde, anjinho, papai está chegando!
Sorrio maligno e feliz ao mesmo tempo, em semanas.
Estou sofrendo igual uma miserável desde que aquela maldita me
mostrou aquele vídeo. Aquilo acabou com a minha vida e me tirou a vontade
de viver.
Ainda bem que as aulas ainda não retornaram, porque não teria
condições de receber os meus alunos.
Davi tem sido um refúgio e tenta me fazer dizer de toda maneira que,
o que quer que tenha acontecido, Maximus tem explicação. Já tentou de todo
jeito me arrancar o que aconteceu na maldita festa, mas me recuso a falar,
tocar no assunto me machuca demais.
O sem-vergonha de Davi também estava nesse rolo e só o aceito em
minha casa, porque senão surto. E ele não é meu namorado, mas o safado do
Max sim, quando se esbaldou na safadeza. Não tenho ninguém aqui, e não
quero preocupar meus pais ou mesmo Serena. E com isso passam se mais de
três semanas.
Maximus não me dá descanso, com mensagens, ligando sem parar,
vem aqui no prédio todo dia. Já pedi ao porteiro para não o deixar entrar, da
última vez que entrou teve que ser arrastado daqui pelos seus seguranças. O
cara surtou e quase jogou minha porta no chão. Desde esse dia, ele não entra
mais.
O cara de pau teve a audácia de ligar para mim, com outro número.
Vai morrer seco, se espera que o perdoe. Traição não perdoo, não!
Cada vez que assisto o vídeo, meu coração sangra e choro horrores, já
emagreci e fico o tempo todo dentro de casa. Nem nas casas noturnas vou
mais fazer a faxina. Serena nem desconfia. Se ela perder o emprego por
minha causa jamais me perdoará. Mas não consigo, tenho medo de encontrar
Max lá.
O telefone toca e olho quem é: Davi.
— Oi, Davi — digo desanimada. Sinto muita falta de Max, seu
carinho, cuidado e pau, penso com a tristeza alagando minha alma.
— Eu sei, querida, o Max faz proezas com seu pau, mas você só não
o tem porque é muito cabeça-dura — diz segurando a risada.
— Puta merda, pensei alto! — Coro e Davi já está se acostumando ao
meu jeito meio louco de ser, assim como Max se acostumou.
— Clara, estou preocupado com o Max, ele anda sumido. Não me
atende e não está permitindo a entrada de ninguém em sua fortaleza. —
Sinto a preocupação na voz de Davi e fico assustada.
— Aconteceu alguma coisa com ele? — Esses dias ele sumiu e
confesso que senti falta de seu assédio descarado. Fiquei preocupada
também.
— Não sei, ele não está bem, parou de ir de vez ao terapeuta e isso
me preocupa. — Sinto um frio na barriga.
— Davi, por favor, olha o que está acontecendo com ele e me diga...
— peço quase chorando.
— Sim, querida, vou tentar falar com ele novamente. —
Conversamos mais um pouco e desligamos, estou com as mãos tremendo.
Será que ele está bem? Max é louco e pode querer fazer alguma besteira.
Parece que ele adivinhou minha preocupação e vejo seu número
acender em meu celular. Vou atender, fiquei muito preocupada com o que
Davi me disse.
— Alô... — tento ser fria.
— Clara, preciso falar com você — diz com voz indiferente e até
mesmo fria. Será que ele continua nas orgias que vi no vídeo? Pelo tom de
sua voz sim e desistiu de mim. Meus olhos ardem, seguro as lágrimas.
— Pode dizer. — Tento ser tão fria quanto ele.
— Por telefone não. Quero você na casa noturna 1, sem atrasos,
pontualmente, às 21 horas de hoje — o desgraçado diz como se fosse meu
dono.
— Não vou e vai se foder! — desabafo e, quando vou desligar, ouço
sua voz dura:
— Então considere sua amiga na rua, o emprego dela agora depende
de você. — Desliga e fico olhando o telefone sem acreditar que Max voltou a
ser o homem arrogante do início.
Quando desligo o telefone, meu coração está partido, forcei-me a
parecer indiferente e usar o emprego de sua amiga tão chegada como ameaça.
Sei que não foi nobre de minha parte, mas um homem desesperado toma
medidas desesperadas. Estou tremendo de emoção por simplesmente ouvir
sua voz.
Meu coração se enche de alegria com a mera chance de vê-la
novamente.
Passo o dia todo ansioso e com o coração disparado. Finalmente,
depois de semanas, a terei comigo. Plano B, lembram?
Quando me canso de andar de um lado para o outro, subo e tomo um
banho demorado. Olho meus cabelos e barba, estão mais longos, e os penteio.
Quero causar boa impressão, ainda que seja bem difícil porque ambos estão
sem cortes e cuidados necessários. Não tenho cabeça para isso no momento,
o que quero é reconquistar minha Vida novamente.
Demoro tentando escolher uma roupa e me lembro de que ela diz que
fico lindo de calça social preta com blusa branca de linho. Sorrio de
satisfação por ter lembrado desse detalhe, me visto assim, pego um blazer
preto, cinto e sapato marrom escuro. Escolho um de meus Rolex. Borrifo um
perfume que Querubim disse que ama e estou pronto para a execução de meu
plano. Sei que estarei fodido se alguém descobrir, mas porra se não vou
resolver isso de uma vez.
Desço e o motorista já está a postos e a legião de seguranças, agora
todos abusados e achando que podem fazer piadas comigo.
Infelizes iludidos! Deviam rezar para a Clara voltar para casa
rapidamente, porque estou a um triz de explodir com essas porras.
Abre a porta e entro. Os seguranças se acomodam nos carros atrás e
saímos, uma porra de uma comitiva, parece que estão escoltando o rei da
Inglaterra. Mas porra se eu passo novamente o medo e trauma que passei
quando quiseram me sequestrar. Nunca mais! Foda-se se não tenho a
proteção que me deixa tranquilo agora, e que me faz gastar fortunas por mês!
Chegamos à casa noturna número 01 e entro com minha comitiva
atrás, mas claro que eles ficam longe e disfarçam, ninguém diz que estou
sendo vigiado e monitorado.
Subo quase correndo para o meu escritório, quando entro quase sinto
um ataque de emoção ao ver o meu anjo, Querubim, Clara, a mulher de
minha vida. Se possível está ainda mais linda, mas noto que está mais magra
e abatida. Ela com certeza está sofrendo tanto quanto eu, mas sei que o que
disseram para a minha pequena foi grave. Está de cabeça baixa e segurando
com força suas pequenas mãos entrelaçadas.
Aproximo-me devagar e minha vontade é de pegar ela e sair correndo.
— Clara Luz... — falo roucamente e com a porra do meu coração
quase saindo pela boca. Pareço uma freira que nunca viu o sexo oposto.
Ela levanta a cabeça assustada e vejo que cora. Seus imensos e lindos
olhos azuis fazem a varredura por meu corpo e sinto meu pau inchando
reconhecendo sua dona.
— Maximus... — balbucia e lambe o lábio, agora meu pobre pau
sacode.
Enfio a mãos nos bolsos e vejo seus olhos se arregalarem ainda mais,
e agora minha pequena está roxa.
Sorrio sacana, exponho meu pau duro sem peso na consciência, ela
tem que ver o que faz comigo e com ele. Somos paus-mandados dessa mulher
e fim de papo.
— Chegou tem muito tempo, Clara? Pensei que não viria, pois foi tão
categórica ao afirmar sua decisão e me mandar me foder — afirmo com as
mãos ainda no bolso.
— Não... — Levanta-se e alisa seu vestido branco. Porra, a mulher
parece um anjo. Mas eu sei que de anjo essa deliciosa não tem nada. —
Maximus, eu não acredito que falou sério sobre o serviço de Serena. Ela não
tem nada a ver com nossa história mal resolvida — diz triste e, ao mesmo
tempo, indignada.
— Você que me foi apresentada para substituí-la e, pelo que sei, não
está cumprindo sua parte, então... — ameaço e vejo-a estremecer e ficar
pálida. Minha vontade é de abraçar essa coisinha teimosa, mas tenho que
ficar firme até terminar o plano tão bem elaborado. Aí poderei dar vazão a
tudo que sinto por essa mulher.
— Você não pode fazer isso! Arruma outra pessoa, Max, por favor!
Não me faça vir aqui... — pede com os olhos cheios de lágrimas.
Porra! Vou amolecer... não suporto ver Clara sofrer ou chorar.
— Clara... — Caminho e tento pegar em seu braço.
— Não encosta em mim! — Afasta-se e endureço meu coração e
semblante novamente, aqui realmente vai ser impossível conversar com essa
mulher teimosa.
— Tudo bem, Clara, vou manter o emprego de sua amiga, mas antes
tenho um último pedido para fazer a você, em consideração a tudo que
vivemos, depois cada um vive sua vida.
Clara me olha meio acinzentada e seus olhos fecham, ela coloca a
mão no coração como se sentisse dor. Teimosa do caralho! Me ama e não
admite, e o pior é que não descobri até hoje o porquê ela me deixou.
— Qual é? — murmura com voz fraca.
— Quero jantar com você, pode ser aqui mesmo. Vamos comer nossa
comida favorita, frutos do mar.
Ela me olha e baixa cabeça, quando a levanta lágrimas escorrem de
seus belos olhos, e me parte o coração. Mas tudo isso é por uma causa nobre.
— Jantar frutos? Somente o jantar? — pergunta me olhando
fixamente, como se esperasse que eu dissesse mais coisas.
— Sim, somente jantar, depois cada um para seu lado — respondo
firme e com convicção.
— Tudo bem... Max? — chama baixinho.
Endureço em expectativa... quem sabe resolvemos de maneira mais
civilizada?
— Sim? — Dou um passo em direção a ela, cheio de anseio e desejo.
— Obrigada por tudo, o tempo que passamos juntos foi o melhor que
tive... — Enxuga uma lágrima que desliza. Mulher teimosa, mas eu sou mais,
minha cara! Me aguarde!
— Ok, vamos jantar — corto-a friamente. Agora nesse preciso
momento, estou com raiva de Clara. Porra de mulher teimosa, essa filha da
mãe!
Pego o telefone e peço para trazerem o nosso jantar. Preparei tudo
mais cedo.
Ela me olha e solta seu pensamento em voz alta, até isso sinto falta:
— Miserável, já sabia que iria aceitar jantar com você e preparou
tudo! Mas não vou dar para você! — No mesmo instante, coloca a mão na
boca. Viro meu corpo para que não veja o sorriso de satisfação em meu rosto.
Coloco a máscara de indiferença e me sento.
— Vem, sente-se, vamos jantar aqui mesmo. — Ela vem com cautela
e se senta à minha frente. Minhas mãos estão suando de vontade de pegar
essa coisinha e comê-la a noite toda. Meu pau arde, meu coração queima e
meus olhos pinicam de vontade chorar. Mas seguro.
Batem à porta e vejo nosso jantar chegando.
Eles arrumam tudo em minha mesa e saem.
Sirvo Clara e depois a mim.
Olho os copos de sucos, um de laranja que ela adora e água para mim.
— Obrigada, Max, você não quis suco hoje? — pergunta com
inocência, meu anjo amado.
— Não... quero somente água. Tome seu suco, mandei fazer como
gosta, com folhas de hortelã. — Vejo seus olhos brilharem e ela pega o copo
sorrindo lindamente. Deus, como amo essa mulher! Sinto um misto de culpa,
mas jogo para um canto escondido em minha mente.
Vejo-a tomar o copo todo com satisfação. E fico mais satisfeito ainda,
adoro fazer as suas vontades. Essa mulher, Clara Luz, é minha vida.
Encho seu copo com mais suco e ela sorri, começamos a comer e
conversar trivialidades.
— Você vai viajar novamente, Clara? Digo, para casa de seus pais?
Quando começa as aulas? — Ela sorri tristemente e toma mais um pouco de
suco, e enfia um gordo e tenro camarão na boca.
— Hum... Max, está tudo tão delicioso! Obrigada. Não vou viajar
mais, agora vou somente em julho do ano que vem para a casa de meus pais.
E meus alunos voltarão daqui a três meses. Começo as aulas de reforço em
março.
Sorrio satisfeito, perfeito.
— Certo. — Continuo comendo e a observando atentamente.
— Max... — Ela me olha e balança a cabeça.
— Fala, Querubim... — Levanto-me e me posto ao seu lado.
— Estou tonta, parece que vou desmaiar... Max... — Quando diz isso,
já estou segurando-a e a ergo em meus braços com alegria de poder tê-la aqui
novamente, onde é o seu lugar. E com minha consciência pesada pelo que fiz
e farei.
Minha menina está dormindo e só acordará amanhã em minha casa.
Mandei colocarem sonífero em sua bebida, uma dose que a faria
dormir rápido e não a prejudicaria. E eis minha Vida em meus braços.
Beijo sua testa e caminho com meu tesouro para a minha fortaleza, lá
ninguém entra e ninguém sai.
Desço pelo elevador privado e, quando saio, meu motorista já está me
esperando. Eles sorriem e batem em minhas costas. Sorrio satisfeito, a
emoção de ter Clara Luz em minha vida novamente me deixa malditamente
alegre e em paz. Plano B executado com sucesso!
Acordo com uma sensação estranha e minha cabeça parece estar cheia
de algodão.
Mexo-me na cama e sinto a maciez e suavidade dos lençóis, estico o
braço e sinto um corpo quente e musculoso de meu lado. Dou um pulo e saio
da cama com rapidez.
Quando vejo um par de olhos azuis me olhando com ansiedade e
culpa nos olhos começo a me lembrar do jantar de ontem. Por isso Maximus
estava solícito e tranquilo com o término de nosso relacionamento, nos
últimos dias. O descarado estava bolando uma maneira de pegar a tonta aqui
desprevenida.
— Burra! — Bato a mão na testa. Ele me enganou direitinho. Claro
que ele não tinha desistido, afinal o miserável ligava dia e noite sem parar.
— Querida, a trouxe aqui para explicar...
Viro-me e pego a primeira coisa que acho e mando em sua direção.
Ele desvia e o livro cai no chão aberto. Procuro mais coisas e vejo um abajur
e o pego com ódio. Ele pensa que vou jogar e desvia, mas o engano e pulo na
cama e enfio o abajur em sua cabeça.
— Caralho, Clara, está louca? Essa porra dói! — Levanta-se rápido e
me segura com força pegando o abajur e prendendo minhas mãos.
— Me solta! Canalha mentiroso! — Esperneio e tento me soltar, mas
ele é mais forte.
— Não sairá daqui enquanto não me contar o que aconteceu naquela
maldita festa, Clara! Estou sofrendo e pagando por algo que não sei o que é!
— grita e tento chutar suas bolas.
— Tenho vergonha de somente me lembrar, quanto mais te contar.
Vai morrer seco se espera que eu te conte. Nunca!!!
Ele sorri e beija minha testa.
— Veremos, amor. Veremos quem tem mais paciência.
Fico tão irada, que começo a chorar.
— Nesse momento eu te odeio, Maximus! Me deixe ir, tem tantas
mulheres que querem você! — digo irada me lembrando das piranhas do
vídeo.
— O que não está entendendo, amor, é que quero somente você.
Porra, Clara, eu te amo!
“Ama o caralho, seu traidor de uma merda!”, penso amargurada.
— Dispenso seu amor.
Vejo-o empalidecer e me soltar. Caminha até a saída de sua
masmorra e sai trancando a porta.
Mas que merda é essa? Corro até a porta e tento abri-la. Trancada.
— Maximus Bizolli, quando sair daqui vou te matar, eu juro, seu
maldito. — Ouço os passos se afastando e olho para os lados.
E agora? Aqui tem todo o conforto do mundo, Max mandou refazer
tudo aqui, exclusivamente para mim. Disse que tudo que tinha aqui
anteriormente era de uma época feia de sua vida. Sei que trazia muitas
mulheres aqui, ele e Davi. E a Selmeretriz disse isso também. Mulher piranha
essa vadia!
Caminho e vejo uma porta de aço do lado, sem fechaduras.
Estranho... nunca reparei nessa porta o que terá aqui?
Quando vou tentar algum jeito de abrir essa porta, vejo Max entrando
novamente.
— Sua malcriada. Vai ficar aqui até aprender a valorizar quem te ama
— diz carrancudo e bicudo. Joga um monte de roupas na cama. — Para você,
sua ingrata do caralho!
— Eu te pedi roupas? — Pego todas que trouxe e jogo no chão igual
criança mimada e que precisa de umas boas palmadas.
— Ahhh, não quer as roupas, melhor ainda, vai ficar pelada aqui, vou
adorar! — Pega as roupas novamente, abre a porta e joga todas lá fora.
— Vou adorar, e tomara que Davi e seus seguranças entrem aqui e me
vejam nua em pelo! — rebato e vejo com satisfação ele ficar vermelho e
inchar as veias no pescoço. Ainda é possessivo comigo, sinto um calor
delicioso se espalhar por meu corpo.
— Uma porra que eles a verão nua. Antes arranco seus olhos! —
Caminha rápido e me pega de jeito, beijando-me com desespero. — Abre a
boca e me beija! — ordena o safado.
— Não! — provoco. Estava sentindo falta desses momentos.
— Caralho, vamos ver se não... — Ele me joga na cama e pula em
cima de mim. Beija-me com selvageria e arranca minha roupa, vejo somente
os farrapos caindo no chão. Sorrio disfarçadamente. Como sonhei com esse
homem me comendo.
— Maximus! Me deixe ir! Não quero seu pau mais...
Ele me olha pálido.
— Não quer o meu pau? Então quer o de quem? Me diz que vou
matá-lo e fazê-lo engolir seu pau antes de dar o último suspiro! — Beija meu
pescoço e chega em meus seios. — Lindos! Porra, amor, nunca vi nada tão
perfeito!
Gemo e levanto meus ombros para facilitar para ele.
Ele junta com força os dois e consegue mamar os dois bicos ao
mesmo tempo. Estou enlouquecida e ele também. Estremeço e gozo somente
com Max chupando meus seios.
Tombo na cama e ele desce e chupa minha boceta com força, sinto
sua língua passeando em meu clitóris. Quando ele se levanta com rapidez,
pega minhas pernas as colocando em seus ombros e mergulha em mim de
uma vez. Gememos juntos.
— Caralho de boceta gostosa! Clara, amo você! — fala entre suspiros
e bate em mim com tanta força, que deslizo na cama, e sou amparada por
seus braços fortes.
Levanto minha cabeça e vejo seu pau grosso inchado, sumindo e
aparecendo com rapidez. Essa visão faz minha boceta apertar e o gozo me
toma novamente com força. Sinto Max urrar e despejar em meu interior todo
seu prazer e gozo.
Ele cai ao meu lado e me puxa para os seus braços.
— Clara, meu amor, eu te amo, me perdoa! Eu não sei o que fiz, mas
não foi por querer — diz meu malvado favorito sem muita coerência.
— Como pede perdão por algo que não sabe? E o que fez por que
quis? — Levanto-me rápido e corro para o banheiro. Tranco a porta e tomo
um banho demorado, choro muito enquanto estou no chuveiro.
— Clara, abre, querida. Me conta, por favor... — Max bate na porta,
insistindo até parar.
Quando saio o vejo sentado na cama, ele me olha de maneira fria.
Estremeço.
— Você vai me contar, Clara! Nem que seja pela força. Cansei de
tentar ser amável. A partir de hoje, ficará nua aqui e a cada dia que eu
perguntar e não me contar vou cortando uma regalia, até não restar mais nada
— diz com uma expressão dura e, ao mesmo tempo, esgotada.
— Você não teria coragem de fazer isso! — arrisco com medo agora.
— Pague para ver, amor. Cansei, você sofre e me faz sofrer. Vou
resolver isso e depois me agradecerá! — Levanta-se e vai para o banheiro,
tranca a porta como fiz e toma um banho demorado.
Quando sai, me ignora, pega minhas roupas rasgadas no chão e vai
embora me deixando nua. Corro para o closet, vazio. O desgraçado mandou
tirar tudo daqui. O maldito planejou cada detalhe desse plano sórdido.
Vamos ver quem cede primeiro, seu traidor de uma figa! Te pedi
somente para não me trair, mas não. Segurar o pau nas calças é difícil.
Safado!
Fico aguardando ansiosa a porta se abrir e Max voltar, mas o dia
passa e fico aqui sem comida, sem ele, pelada e triste. Estou sem saber como
fazer... Porra, o cara trai e ainda diz que quer saber? Será que achou que eu
não descobriria?
Ouço barulho na porta e vejo Max com uma expressão cansada entrar
com uma bandeja.
— Seu jantar, Clara. — Seus olhos correm por meu corpo e cruzo os
braços e as pernas, estou sentada na cama.
— Não precisa esconder nada aí, amor, já vi tudo e provei cada
pedacinho. — Sorri sacana.
Não respondo e puxo o lençol e me enrolo nele.
— Crápula! — xingo sem olhar para ele, estou muito brava.
Ele ajeita a bandeja na mesa e se ajoelha a minha frente.
— Minha vida, me diz o que está nos separando, juro que resolvo. —
Beija minhas mãos e me olha com carinho.
— Não dá... está feito... — sussurro e meus olhos ardem.
Não consigo falar com ele, tenho medo de que ele confirme sua
traição, e enquanto não falo acalento o desejo de ser uma mentira o que
aquela vagabunda me mostrou. Só de ver o Max transando com outra mulher
já me mata, imagina se for uma traição?
— O que está feito, Vida? — Acaricia minhas mãos.
Forço-me a ser forte ou burra, não sei ao certo. Queria tanto conversar
com alguém mais vivido. Já sei, vou ligar para a mamãe.
— Não vou contar.
Ele endurece seu olhar e se levanta. Caminha até a bandeja e a pega.
— Max? O que está fazendo? — pergunto assustada. Ele vai me
deixar com fome?
— Levando sua comida, ou quer me dizer alguma coisa? — responde
já na porta.
— Sim, quero te dizer para ir se foder! — grito vermelha de raiva, o
homem enlouqueceu.
— Só quero foder com você, amor — diz com amargura e vai
embora.
Fico olhando para a porta abismada. Ele levou mesmo minha comida.
Deito-me na cama e choro com soluços altos. Quem é esse homem
maluco?
Penso se ele não virá hoje mais, mas ouço o barulho da porta. Vejo
uma mulher entrando com uma bandeja, diferente da que Max levou embora,
hoje mais cedo.
— Olá, menina. Um segurança me disse que está aqui presa e que o
patrão está maluco... e a deixou sem comer. Vim trazer um lanche e quero
que coma tudo e não conte nada a ele, combinado? Senão ele me manda
embora... — diz baixinho e olhando de um lado para o outro.
Meu coração se compadece por essa senhora tão gentil. Depois quero
agradecer o segurança que foi tão solícito.
O Maximus, cuido depois. Meu malvado favorito está malvado
mesmo e não é mais meu favorito.
— Max está em casa? — pergunto curiosa, achei que ele viria aqui.
— Não, senhorita, ele saiu.
Arregalo os olhos e pergunto:
— Com Davi, não é?
Ela baixa a cabeça e me olha constrangida.
— Não, senhorita, com uma mulher.
Meu coração falha uma batida e meus olhos enchem-se de lágrimas.
Perdi a fome.
— Uma mulher?
Ela afirma e recolhe a bandeja.
— Já vou, ele pode chegar a qualquer momento. — Ela acaba com a
minha vida, destroça meu coração e vai embora como se nada tivesse
acontecido.
Deito-me na cama e choro como nunca chorei em toda a minha vida.
Além de ter me traído, ele agora desistiu de mim, arrumou outra mulher. Mas
o maldito é um safado mesmo, me comeu tem pouco tempo! Choro mais
ainda.
Quando trouxe Clara para cá, achei que seria mais fácil convencê-la a
me falar o que disseram a ela naquela maldita festa. Já perguntei a todos
naquela pocilga, sob fortes ameaças, mas todos alegaram não saber de nada.
Faltou somente Selma, mas a infeliz viajou ou fugiu e iria ficar uns meses
fora. Pediu afastamento, ela e o marido.
Mandei checar e realmente eles foram para a casa de sua avó, ela
estava em coma e tinha uma pequena herança que estava dando briga entre os
herdeiros, entre eles está Selma, a mulher mais gananciosa que conheço por
dinheiro. Ela vende a alma para ter benefícios que envolve o financeiro.
Caminho para o meu quarto e me sento na cama, abro a tela de meu
celular e vejo minha pequena deitada e chorando. Isso está acabando comigo.
Vê-la sofrer dói tanto em mim, que parece que levei uma surra. Orientei a
cozinheira a levar comida para ela e atender todas as suas necessidades, não
quero que minha menina seja privada de nada. Mas quero que pense que eu
estou sendo duro com ela, inclusive que saí com outra mulher. Quem sabe
assim, por sorte, me diz o que está nos separando?
Minha vontade é descer e ficar com ela, dizendo o quanto é
importante para mim. Mas não posso. Já fiz tudo que podia, agora depende
somente da boa vontade de minha Luz para nos tirar desse tormento.
Meu celular apita.
— Fala, Davi... — digo desanimado.
— E aí, conseguiu descobrir o que aconteceu naquela noite? — Ele
sabe de meu fodido plano B, um fracasso total.
— Nada... Davi, estou a ponto de desistir e deixar Clara fazer o que
acha que é melhor... — respondo quebrado.
— Tá louco, bro? Aquela é a mulher de sua vida, que de alguma
maneira foi envenenada. Cabe a você consertar, se a ama tanto quanto diz.
Onde está o homem arrogante, impulsivo, mandão e que resolve tudo que
conheço?! — grita do outro lado do telefone.
Coço os olhos e sinto eles arderem.
— Acho que morreu... estou sem forças... — respondo baixo e
cansado de tudo.
— Tudo bem, se você desistir me avisa, que quero essa delicinha
para mim... — diz o maldito fura-olhos.
— Só se for por cima de meu cadáver, seu miserável fura-olho. Está
esperando somente isso, não é? — esbravejo vendo o mundo vermelho.
— Somente isso, por esse motivo aconselho a você a ficar mais
esperto e ter paciência — fala meu agora ex-amigo.
— Vai se foder! — grito alto e descontrolado.
— Estou indo agora mesmo. Tem duas loiras aqui bem gostosas,
aliás, quer dividir? — sugere o canalha.
— Vai se danar, maldito! Sabe que não posso trair minha menina!
Deixe-a saber a proposta indecente que me fez... — ameaço-o.
— Se contar nego. — Ri igual uma hiena e desliga em minha cara.
Puto!
Hoje me esforcei para não descer e ficar com Clara, trabalhei até
minhas costas e vistas doerem. Mas com o celular em mãos e monitorando
minha menina sem trégua.
Quando mandei a cozinheira levar um lanche para Clara, desci e
fiquei perto da porta, mandei todos os seguranças saírem de perto, porque
minha menina estava nua e, se algum deles a visse, eu arrancaria seus olhos.
Orientei a todos como agirem e estavam me ajudando de bom grado,
realmente Clara tinha todos nós na palma de suas doces mãos.
Quando a cozinheira saiu, subimos e eu fui para o meu quarto.
Agora, depois de minha conversa com Davi e banho tomado, estou
sem rumo. Vejo Clara chorando e isso abala meu coração. Mas fico firme,
senão ela não me contará. Tenho que recuperar nosso relacionamento.
Recuso-me a deixar ela ir embora. Escolhi essa mulher para ser minha
parceira de vida e ela será.
Passo a noite dormindo e acordando, levanto-me um bagaço. Tomo
banho e desço, tenho uma teleconferência agora.
Antes peço a cozinheira para levar comida para o meu anjo e um
vestido.
Fico a manhã toda trabalhando e, quando encerro, almoço e desço
ansioso para ver Clara.
Abro a porta e a vejo deitada agora vestida.
Sorrio de amor e caminho sem fazer barulho.
Acaricio seu rosto suave e ela balbucia um som de satisfação.
Baixo a cabeça e cheiro seu pescoço macio e perfumado.
— Eu te amo tanto, Clara — sussurro com o coração transbordando
amor por essa mulher.
Dou um beijo em sua testa e me viro para sair.
— Max, fica comigo, por favor?
Retorno e a vejo me olhando com seus imensos olhos azuis.
— Vai me contar quem nos separou? — Vejo-a fechar os olhos com
força. — Clara? — peço com esperança.
— Maximus, onde está meu celular? — pergunta e fico sem entender
nada.
— Está em sua bolsa, em meu quarto, por quê? — Ela me olha pálida
e sem brilho nos olhos.
— Traz minha bolsa, por favor, Maximus. — Senta-se na cama e vejo
que está com uma expressão derrotada.
Pego meu celular e faço uma chamada.
— Traz a bolsa de Clara que está em meu quarto, agora. — Sou curto
e grosso, sinto que acontecerá algo aqui, que mudará nossas vidas.
Ela se encolhe e sua palidez me assusta.
— Clara, você está bem? Está sentindo alguma dor, querida? —
Arrasto uma cadeira e me sento a sua frente.
— Não estou bem... meu coração dói muito... — fala tão baixo que
mal ouço.
Batem à porta e vou até lá, vejo um segurança com a bolsa de Clara.
Pego-a e fecho a porta.
— Aqui está a bolsa, Clara. — Entrego e, quando ela estende a mão
para pegá-la, vejo que está trêmula.
Ela pega e abre, tira seu celular, clica na tela, procura algo e me
estende.
— Depois que ver isso, quero que prometa que me deixará ir embora
e me esquecerá — pede com voz apagada e sinto meu coração sangrar no
peito. Levanto a mão e massageio onde ele bate com força.
Pego o celular e aperto o play... meu mundo vem abaixo e me sento,
sentindo faltar o chão aos meus pés. Tento puxar o ar, mas não consigo. Ouço
meus gemidos e meu pau entrando e saindo de alguma mulher que não sei
quem é... Continuo assistindo e o que vejo me faz querer vomitar... São
orgias, swings, que participei, aqui na masmorra, com várias mulheres e até
Selma está nesse festival de trepadas. Sinto a bile subindo para a minha
garganta e vomito ali mesmo.
Sinto nojo de mim e levanto meus olhos e vejo minha pequena luz
encolhida e tão pálida como eu.
— Clara... — Ela me olha com seus olhos tão apagados, que os meus
se alagam.
— É por isso, Maximus, que terminei. Foi demais para mim, assim
como foi para você agora... — revela com lágrimas agora escorrendo pelos
olhos.
— Clara... me perdoe. Eu sinto tanto, tanto, amor. Tenho vergonha do
que fiz. Juro que jamais imaginei que veria isso. Eu te amo. Me perdoa,
querida. — Ajoelho-me ao lado de Clara, que está translúcida de tão pálida.
— Por que, Maximus? — pergunta num sussurro.
— Eu era um fraco, querida... mas agora com você em minha vida...
Ela se levanta com raiva, toma o celular de minhas mãos e me
implora chorando:
— Max, por tudo que já passamos, me deixa ir embora, por favor. —
Ajoelha-se, e isso acaba com minha sanidade. Ver a mulher que amo se
ajoelhando e implorando que a liberte me mata; e, sem perceber, começo a
quebradeira. Quebro tudo que tem nessa porra de lugar.
Abro a porta do museu de espólio e pego uma barra de ferro que está
em um canto e começo a quebrar com ira, nojo e asco da pessoa que fui. Esse
lugar atesta minha podridão.
Vejo Clara entrar, olhar tudo e ficar estática e com uma palidez
mortal, que me deixa mais louco ainda.
— O que é isso, Maximus? — Seus olhos correm para as calcinhas,
sutiãs, sandálias, que destrocei em minha ira e vergonha.
— Minha porra de vida de vergonha! Aqui eu guardava todos os
sutiãs, calcinhas e sandálias das mulheres que comia. Tudo aqui, cada peça
representa a parte do corpo que esse desgraçado aqui comia. CADA.
MALDITA. PEÇA! — grito e continuo quebrando sem parar. Piso nos cacos,
desci de chinelos e os perdi em algum lugar dessa porra de lugar. Meus pés
sangram, meus braços e rosto estão cobertos de arranhões feitos pelos cacos.
— Caralho de vida! — Continuo minha loucura.
Quando vejo Davi e meus seguranças entrarem correndo, fico mais
irado ainda.
— Maximus, você está louco? — Davi vem correndo e pega minha
menina e os seguranças me tiram desse caos na força.
— Tira suas mãos imundas dela, Davi! — grito ensandecido.
Ele me ignora e a leva embora.
— Clara, não me deixa! — suplico enquanto os malditos seguranças
me arrastam para o meu quarto. — Vou matar vocês, um por um! Clara! —
grito e tento correr para onde Davi a levou. — Davi! Maldito, volte aqui com
ela!
Sinto uma picada no braço e vejo Valdir me olhando com pena.
— Desgraçado, eu vou acabar com sua vida. — Minhas vistas
começam a embaçar e não vejo mais nada.
Quando Maximus chegou aqui e me perguntou mais uma vez com
tanto carinho e preocupação, resolvi acabar com esse sofrimento de uma vez.
Pedi meu celular e mostrei a ele o vídeo que Selma me mandou.
Fiquei observando sua reação, orando a Deus para ele negar tudo, mas
aconteceu o inverso.
Ele ficou pálido, vomitou e balbuciou coisas sem muito nexo. Surtou
de uma maneira terrível, e abriu a porta que tanta curiosidade eu tive para
entrar e, quando vi o que tinha, o restinho de meu mundo foi ao chão.
Esse era mais um lugar destinado as suas depravações. Quando vi a
quantidade de calcinhas, sutiãs e sandálias, morri por dentro. Realmente eu
estava com um homem doente, cheio de manias duvidosas e, o pior, um
traidor do caralho.
Quando vi o estado de insanidade que tomou Max, eu me arrepiei e
quis sair dali correndo, mas minhas pernas estavam pregadas no chão, por ver
o estado lastimável dele. O homem era o mais centrado, elegante, rico e
inteligente que já vi, numa situação tão calamitosa. Fiquei com pena, por
segundos. Depois a ira por ter dado tudo de mim a um verme desse me
corroeu.
Ia me virar e ir embora, quando Davi chegou junto com os
seguranças.
Davi me pegou, o chão estava impossível de pisar, tinha cacos
espalhados por todo lado e eu estava descalça.
Pegou-me no colo e os seguranças tentaram segurar o louco do
Maximus.
Ele deu trabalho, mas conseguiram controlá-lo.
Levaram-no para o seu quarto, com certeza.
— Davi, ele ficou louco! — digo assustada.
— Ele surtou assim apenas uma vez. Depois nunca mais. O que houve
lá embaixo, Clara? — pergunta pálido e atento.
— Contei a ele porque o deixei, dei a Max o que tanto queria saber, e
infelizmente não soube lidar bem com a situação e surtou. Fiquei apavorada,
nunca o vi assim, nem em suas maiores crises de ciúmes... — respondo
tremendo e muito assustada com tudo que aconteceu, completamente sem
forças para fazer mais nada.
— E o que foi essa situação, que causou a separação de vocês, quando
todos veem que se amam com loucura? Nunca vi Max sofrer tanto e insistir
tanto com uma mulher, Clara — Davi comenta com uma expressão triste,
quando entramos em seu carro, ele me levará para o meu apartamento.
O segurança aciona um botão e a ponte levadiça desce, nunca me
acostumo com isso. Acho incrível. Max realmente é um homem atemporal.
Penso nele com tristeza e meu coração está de luto por um amor que morreu
por conta de uma traição.
Apesar de tudo que vi naqueles vídeos, aquele salão bizarro com
aquelas peças femininas me deixou sem chão. Mais uma vez fui nocauteada
pelo homem que jurei amar enquanto vivesse. E ainda o amo tanto, que chega
a doer, apesar de tudo que vi até agora. “Deus dai-me forças!”, penso com
desespero e com vontade de sumir, desaparecer.
— Davi, você sabia daquele salão bizarro de Max?
Ele me olha rapidamente e vejo que fica ainda mais pálido.
— Não precisa responder, sua expressão já diz tudo. — Viro a cabeça
e olho para fora, vendo as coisas passarem em um borrão. Não sei se é pela
velocidade do carro ou pelas lágrimas que enchem meus olhos.
— Clara, querida, sei que está decepcionada comigo também e
entendo. Não sou um santo, e tenho um passado e presente tomados por
coisas que tenho vergonha de dizer. Mas não nos julgue pelo nosso passado.
Ou mesmo presente. Muitos fatores são os que nos fazem tomar certas
atitudes, meu anjo. O que está me fazendo repensar agora nas merdas que
faço é o sofrimento que vejo meu amigo passando. Porra, não quero passar
nem metade do que Max está passando para reconquistar você, ou mesmo
quando começaram a se relacionar. Anjo, ele vivia com medo de seu passado
bater em sua porta e roubar o que, segundo ele, foram os melhores dias de sua
vida. E olha que miséria de carma, voltou tudo contra ele. Eu nunca vi Max
tão desestruturado como está agora. Nem na primeira e única vez que surtou
quando cobraram dele que era um homem bilionário e tinha que se divertir.
Falaram tanto em sua cabeça que ele sucumbiu e desceu ao mais profundo
abismo. Se envolveu com drogas, pessoas perigosas... Ei! Ele já te contou
tudo isso, não é? — Davi tem razão, Max já havia me contado tudo. Ou
melhor quase tudo, aquele salão bizarro ele omitiu e suas traições...
— Sim, Davi, inclusive que deve sua vida a você. E que você manca
de uma perna devido ao tiro que levou em seu lugar. Max o considera mais
do que um irmão — digo com convicção porque sei que é verdade.
— Sim, somos irmãos de alma, já passamos muitas coisas juntos
nessa vida, e não foram bonitas — ressalta com expressão sofrida.
Ficamos pensativos até chegarmos ao meu apartamento.
— Posso subir um pouco com você, Clara? — Davi pergunta
gentilmente.
— Sim, mas e Max? — Estou preocupada com ele.
— Ele estará bem, chamei nosso terapeuta e a essa hora ele deve estar
dormindo. — Sorri com tristeza.
Balanço a cabeça, que está latejando, e subimos.
Quando entramos, vou direto para o sofá e me sento colocando a
cabeça entre as mãos. Não resisto e caio no choro.
Davi chega e me puxa para os seus braços.
— Querida, me conta o que aconteceu, talvez eu possa ajudá-los. —
Acaricia meus cabelos e sorrio sem querer. Se Max visse isso, com certeza
daria uns murros em Davi.
Pego meu celular e mostro a ele, assim como fiz com Max. Mas a
reação de Davi é diferente, ele fica vermelho e me olha com decepção.
— Você acreditou nessa merda aqui, sem dar a oportunidade de Max
se defender? — pergunta me olhando com desgosto.
— Explicar que ele e você estão comendo várias mulheres? Não
preciso desse tipo de explicação, está bem explícito aí nesse vídeo! — retruco
irada e o vejo dar um passo para trás, balançando a cabeça em sinal de pura
amargura e incredulidade.
— Puta merda, Clara, você me decepcionou demais! Condenou meu
amigo sem ao menos ouvi-lo. E eu aqui perdendo meu tempo com uma
pessoa julgadora e sem coração e deixando meu verdadeiro amigo sofrendo
nas mãos de outras pessoas, eu deveria estar lá e você aqui se ferrando
sozinha. Mulher egoísta da porra! Por esses motivos que prefiro comer putas.
Elas são mais sinceras que vocês, pelo menos sei que estão trepando comigo
por dinheiro. Vou ajudar meu amigo a sair dessa, mas garanto a você que
farei de tudo para ele esquecê-la — fala com ira e joga meu telefone no sofá e
sai feito um cavalo que é. Só faltou relinchar e me dar um coice.
Cruzes, nunca imaginei Davi tão estúpido e ignorante! Foda-se esses
dois putos! Vou esquecê-los e fazer de conta que nunca os conheci. Malditos!
Ligo para Serena e conto tudo, ela fica escandalizada, mas me
condena também por não ter ouvido as explicações de Max.
Ligo para a minha mãe e conto tudo e ela me repreende, assim como
Serena e Davi o fizeram.
Sento-me no sofá e fecho meus olhos. Será que fui precipitada? Será
que, mesmo vendo aquele vídeo muito claro e específico, tem ainda alguma
explicação? Começo a achar que, apesar de explícito aquele vídeo deve ter
explicação... Senão Max não teria me procurado tanto, insistido tanto e
tentado reatar nossa relação. Quem tem culpa, geralmente deixa para lá e,
quando confrontado, você percebe que a pessoa fica desconfortável. Nunca vi
Max com olhar de culpa. E agora Davi reforça esse pensamento com uma
proteção gigante ao seu melhor amigo.
“Será que julguei um inocente, não lhe dando a chance de defesa? Se
fiz isso, não mereço o amor de Max”, penso com vontade de vomitar e
tremendo feito vara verde.
Coloco as mãos na cabeça e entro em pânico total. O que faço agora?
Pego o telefone e tento ligar para Max ou Davi. Só cai na caixa postal.
Quero ouvir a explicação de Maximus, preciso ouvi-lo e se for como
Davi falou, que ele é inocente, se for preciso rastejar para ter o perdão de
Max o farei.
Entro em pânico. Será que todos estão certos e somente eu errada?
Penso tanto, que minha cabeça dói e acabo adormecendo no sofá.
Acordo horas depois disposta a consertar essa situação. Quero ouvir
Max, dar a ele a chance que neguei por tanto tempo, por falta de sabedoria.
Dei ouvidos a uma mulher, que está escrito em seu rosto que deseja e quer
Maximus Bizolli de qualquer maneira. Acreditei em uma estranha e duvidei
do homem que afirmei amar e que fazia de tudo para atender aos meus
desejos. Estremeço. Vou tentar me redimir... Tomo um banho com uma ideia
em mente, espero que dê certo.
Esses dias foram dedicados para pensar na merda que foi minha vida
toda. Isso tudo que passei foi somente colheita das porcarias que semeei.
Depois que tive aquela crise de loucura e quebrei todo o museu em que
acumulava minhas safadezas e devassidão, eu mandei limpar tudo, inclusive
a porra da masmorra erótica, não queria nada que me fizesse lembrar tudo o
que já fiz naquele lugar.
Conversei muito com Davi e com Valdir. Meu médico dobrou as
doses de remédios diários e recomecei a fazer novamente minhas sessões de
terapia, agora duas vezes por semana.
Quando acordei no dia seguinte e vi a merda que fiz na masmorra, eu
resolvi dar um basta nessa situação. Fiz tudo que podia para tentar me
explicar para Clara. Supliquei seu perdão por uma coisa que nem sabia o que
era. E quando ela resolveu me mostrar do que se tratava, depois de semanas
rastejando e mendigando seu amor, perdão e compreensão, ainda assim não
me deu a chance de explicar. Resolvi deixá-la no passado e prosseguir com
minha vida.
Não ia ser fácil, mas eu conseguiria, afinal sou Maximus Bizolli, tiro
de letra essa paixonite aguda. Sorrio com lágrimas nos olhos. A quem estou
querendo enganar? Clara jamais foi ou será uma paixonite aguda, foi a
primeira mulher que amei e provavelmente a última, não quero me arriscar
mais. Deixar meu coração exposto me custou muito caro.
Depois que tomei essa decisão apoiado por Davi, me senti melhor e
tomei novamente a direção de minha vida. Arrumei uma nova faxineira e
pedi a Davi para comunicar a Clara que sua amiga não perderia o serviço.
Marquei uma viagem e ficaria um tempo fora.
Hoje seria o dia que estaria indo fazer um tour pelo mundo, sem data
de voltar.
Com tudo arrumado, meu motorista pega minha mala e vamos para o
carro. Dois seguranças irão comigo. Não ando sem meus seguranças
particulares, o trauma da tentativa de sequestro marcou minha vida e não
facilito mais.
O motorista abre a porta e entro no carro. Já acertei tudo com Davi,
ele cuidará dos negócios enquanto estou fora. E farei minhas sessões com
Valdir on-line.
Penso com o coração pesado e, ao mesmo tempo, ressentido com
Clara e vejo que realmente ela seguiu em frente. Já tem quase um mês que
tudo aconteceu e não soube mais nada dela. Pedi ao Davi e todos que me
cercam para não me dizerem nada sobre ela. Ela quis assim, cabia a mim
respeitar.
Quando saímos devagar, a ponte levadiça desce suavemente, olho
para os lados com indiferença e meus olhos param em um ponto perto de uma
árvore imensa. A incredulidade me toma, vejo Clara sentada e, quando vê o
carro saindo, levanta-se correndo e vem em direção ao carro. Meu coração
aperta ao vê-la e posso dizer com certeza que ainda a amo demais.
O motorista me olha pelo retrovisor, esperando uma ordem. Mando-o
seguir em frente.
Ela pula na frente do carro e meu coração dá um salto e gela. O
motorista empalidece e freia com força.
Saio rápido do carro com o coração martelando furiosamente em meu
peito.
Vejo-a se levantar e me olhar em súplica. A mesma expressão que
tive quando a procurei pedindo seu perdão por semanas. Endureço meu
coração.
— Max! — Corre para o meu lado e me afasto.
— Está maluca? Como entra assim na frente de um carro em
movimento, sua louca? — Minha vontade é de beijá-la e, ao mesmo tempo,
sacudi-la com força.
— Max, por favor, estou tentando falar com você já tem quase um
mês... desde a última vez que nos vimos e não consigo. — Engraçado, não vi
nenhuma chamada dela ou mensagem.
— Sério? E o que quer tanto falar comigo? — desdenho já entrando
no carro.
— Max... por favor, não se vá! Me deixe te explicar minha reação,
quero também ouvir sua explicação e...
— Quer explicar, me ouvir? — corto-a com asco de sua hipocrisia,
nesse momento a odeio com tudo de mim. Sentimentos conflitantes enchem
meu coração. — Engraçado, quando supliquei para me ouvir, me rechaçou,
humilhou e desprezou, agora quer me ouvir? Sinto muito, minha cara, não
tenho mais nenhum interesse em sua explicação e menos ainda em me
explicar. Você já me condenou e agora estou bem com isso. Quero te pedir
para parar de incomodar Davi e meus seguranças. Me esqueça, e vá viver sua
vida. Não tenho mais interesse nenhum em você ou em uma vida em comum.
Minha vida já está replanejada e você não cabe mais nela. Fui claro?
Ela está estática e treme tanto, que penso que passará mal. Foda-se, se
não estou me sentindo um crápula. Nunca tratei uma mulher assim, mas
também nenhuma me tratou com essa o fez.
A última imagem que tenho dela, é ela caindo de joelhos e cobrindo o
rosto com as mãos. Fecho meus olhos e uma lágrima solitária desliza pelo
meu rosto e se perde em meio a minha barba cerrada. Ponho meus óculos
escuros.
— Senhor? — meu motorista me chama.
— Pede a alguém para vir buscá-la e levá-la para o seu apartamento.
E, por favor, não quero mais falar sobre essa mulher, ela faz parte de meu
passado.
Ele sacode a cabeça e meu coração aperta.
Finalizei essa etapa de minha vida.
Liguei todos os dias, fazia plantão em frente ao portão da casa de
Maximus o dia todo. Esperava, debaixo de sol ou chuva, calor ou frio,
precisava conversar com Max. Mas ele nunca saiu. Quando disse a ele que
tentei contato todos os dias, vi que ficou surpreso, embora disfarçou bem.
Davi estava bloqueando meu acesso a Max. E eu não o condenava, fui uma
egoísta e mimada. Deveria ter ouvido a versão de Maximus antes de condená-
lo e terminar nosso namoro. Preferi acreditar em uma ex-amante, que deixou
claro que me odiava, a acreditar no homem que mostrava todos os dias
quanto me amava.
Sinto alguém me puxar pelo braço e levanto meus olhos inchados de
tanto chorar. Choro toda hora que me lembro que perdi Max, choro por ter
sido tão dura, ignorante e burra mesmo.
Vejo o carro em que está Max, e mais dois carros atrás, seus
seguranças, desaparecerem na curva da rua arborizada. Ele levou me coração.
— Senhorita, vamos, vou te levar para casa — um dos seguranças fala
com pena nos olhos. Entendo-o, perdi um homem maravilhoso por pré-
julgamento e ainda estou toda descabelada, emagreci muito também com
todo sofrimento que passei e obriguei Max a passar. Não tenho fome
nenhuma. Soluço baixinho.
— Pode deixar, chamo um Uber...
Ele sacode a cabeça.
— Vem, ordens dele. — Puxa-me com suavidade e entro no carro
sem forças. Davi está me destruindo me impedindo de falar com Max.
— Você acha que ele nunca me perdoará? — pergunto ao segurança,
que é um dos que mais conversei quando estava aqui.
— Senhorita, esse homem sofreu demais quando você terminou com
ele. Nunca o tinha visto tão descontrolado e abatido... e pelo que sei do Sr.
Maximus, quando ele decide algo, dificilmente volta atrás. — Ele termina
com o resto de minhas esperanças. Fecho meus olhos e choro baixinho. —
Perdoe-me, senhorita — sussurra.
— Tudo bem, foi culpa única e exclusivamente minha. Ele me deu
todas as oportunidades possíveis e desprezei, mereço tudo isso e mais... —
digo baixinho. Aprendi a dura lição de não julgar antes de ouvir todas as
partes envolvidas na história. Tudo nessa vida tem os dois lados. Aliás, não
julgar nenhum lado é o melhor a se fazer.
Em meio a sua conversa solitária, somente ele fala. Estou sem forças
até para abrir a boca. Descubro que foi Max que mandou a cozinheira levar
comida. Que ele nunca saiu naquele dia com mulher alguma, sempre esteve
em casa, esperando que eu o perdoasse. Descubro que ele vendeu o estúdio
de filmes pornôs para me agradar... era essa a surpresa que ele iria me contar
depois da festa... O segurança me enfia a faca várias vezes, sem saber o
quanto está me machucando a cada revelação que faz sobre Maximus. Sofro a
cada segundo de minha vida, sabendo que foi por falta de confiança, que
perdi o único homem que amei e me amava. Ele me mostrou tantas vezes seu
amor e fidelidade, que custo a acreditar que duvidei de sua integridade. Penso
arrasada. Enfio a cabeça entre as mãos e mergulho mais ainda na tristeza e
desgosto que me corrói a alma, não tenho mais lágrimas no momento. Soluço
seco e minha garganta arde. Meu coração dói com tanta força que acho que
vou ter uma parada cardíaca. Quero morrer e acabar com essa dor que
dilacera meu corpo e alma.

***

As semanas passam e estou chorando menos, mas meu coração arde


de saudade de Maximus. Essa dor nunca vai passar, sei disso com certeza.
Não sei mais nada sobre ele, exceto que viajou e não tem prazo para voltar.
Parei de ligar para Davi e tento de todo jeito não pensar em Max, uma hora
essa dor que me consome vai passar. Rezo para isso acontecer todos os dias,
ainda mais agora que tenho um motivo maravilhoso para viver em paz.
Acaricio minha barriga e sinto uma alegria imensa invadir meu peito
ao saber que tem um pedacinho de Max aqui dentro de mim.
Descobri que estava grávida na mesma semana que ele viajou. Estava
sentindo muitos enjoos e não liguei o fato a uma possível gravidez, afinal
tomava anticoncepcionais. Devo ter engravidado naquela noite que ele me
deu sonífero e levou para a sua masmorra. Como tinha terminado nosso
namoro, me esqueci de tomar os anticoncepcionais. Melhor coisa que fiz,
agora tenho um pedacinho do homem que amo mais que tudo dentro de mim.
O destino foi generoso comigo; depois das merdas que fiz me
presenteou com esse filho, ou melhor filha. Minha pequena luz no meio de
tanto sofrimento, causado por mim mesma.
Vi pela televisão que Selma e seu marido foram presos, ambos
envolvidos em esquemas ilegais.
Sabia agora, infelizmente para mim, que tinha sido injusta com Max
e resolvi tirar isso tudo a limpo, para poder seguir e viver em paz com minha
consciência e minha filha.
Armei-me de coragem e descobri onde Selma estava presa
aguardando julgamento. Fui sem falar com ninguém, depois de saber os
horários de visitas.
Quando entrei, depois de passar pelo constrangimento de ser revistada
e estar corada até agora, vejo a infeliz sentada em uma cadeira e com um
guarda perto. Ela me olha cheia de zombaria e ódio no olhar.
— A que devo a honra da visita da mulher que achou que era alguma
coisa para Maximus? Doeu o pé que levou na bunda, vadia? — escarnece e
sua boca solta uma baba nojenta nos cantos, parece que está louca.
Vejo que o guarda fica atento.
— Por que, Selma? O que te fiz para mentir e destruir minha vida
como fez?
Ela gargalha tão alto e forte, que voa saliva para longe. Arrepio-me.
— Eu não fiz nada, infeliz! Somente te mostrei um vídeo. Quem fez e
destruiu sua vida foi você mesma, otária! Com sua burrice e julgamento
apressado. Qualquer mulher na Terra, que tivesse um pingo de inteligência,
procuraria averiguar. Ainda mais uma que dizia amar tanto seu homem. —
Levanta-se e o guarda manda que se sente novamente. Ela o olha com ira,
mas obedece.
O que mais dói é saber que ela tem toda razão. Eu que destruí meu
relacionamento com falta de confiança, no homem que dizia amar mais que
minha vida. Ele lutou por nosso amor, por semanas. Suplicou-me que
dissesse o que era, mas a burra aqui só fez merda.
Baixo a cabeça e choro por tudo: pelo homem maravilhoso que perdi;
pela minha filha, que por minha culpa não terá um pai presente; e por pena de
pessoas, como esse demônio aqui do meu lado.
A mulher sorri com maldade cobrindo suas feições, agora feias e
deformadas pela sua essência podre.
— Você tem razão, Selma, eu sou culpada e estou colhendo as coisas
ruins que fiz e semeei, mas garanto a você que o que fez em algum momento
de sua vida colherá. Aliás, já está colhendo, está aqui presa e vai pegar, com
certeza, uma pena de vários anos atrás das grades. — Quando digo isso ela
tenta avançar e me agredir. Dou um passo para trás e o guarda a segura com
força, arrastando-a gritando pelo corredor estreito. Vejo uma mulher
destruída sendo arrastada por um guarda nada amistoso.
Fecho meus olhos e prometo a mim mesma e minha filha que sairei
daqui uma nova Clara. Nunca mais julgarei ninguém sem antes ouvir os dois
lados.
Ou melhor, nunca mais julgarei ninguém, ainda que ouça os dois
lados.
Sei que sempre amarei Maximus e sempre o terei comigo. Saio de lá
com a certeza plena e absoluta da inocência de Max e o propósito de viver
para a minha filha e para mim. Quero que ela cresça em um ambiente
pacífico, onde a confiança seja uma regra máxima.
Acaricio minha barriga sorrindo e vou para casa com metas e projetos
novos para o meu futuro e de Lua. Sorrio com o nome que acabei de escolher,
inconsciente, para a minha filha.
Lembrei-me dos passeios que eu Max fazíamos todas as noites que
ficávamos em meu apartamento. Adorávamos caminhar à beira-mar, e ele me
disse que amava noites de lua cheia, com um sorriso tão lindo, que me
arrepio de emoção, amor e saudade somente de lembrar.
A filha do homem que perdi por falta de confiança terá o nome que
ele escolheu involuntariamente.
Meses depois, em algum lugar da Itália...

Estou tentando de todas as maneiras possíveis e cabíveis esquecer


Clara, mas a cada dia que passa isso me parece cada vez mais impossível.
Ela entranhou em minha alma e coração de uma maneira que somente
a morte para me fazer ter um descanso da falta e saudades que sinto dela.
Fiz de tudo que podia, para tentar tirá-la de minha cabeça. Festas,
mulheres, orgias, swings. Fui em todas as festas que me convidavam, mas em
nenhuma delas consegui ficar de pau duro. Tentei com todo meu empenho.
As mulheres se empenhavam em chupar meu pau, revezavam... e confesso
que, enquanto elas tentavam fazer meu pau endurecer, minha mente estava
em Clara e sentia em meu coração, mesmo que não tivéssemos mais nada um
com o outro, que a estava traindo de fato agora. Não invenções da cabeça
dela com aquele maldito vídeo que foi todo editado. Depois que esfriei a
cabeça, averiguei e vi que foi uma edição e muito das mal feitas.
Uma pena que Clara preferiu me julgar ao invés de tentarmos resolver
essa mentira grotesca, feita por uma mulher que não sabia aceitar um não
como resposta.
Depois dessa última festa fodida de troca de casais e a tentativa
fracassada de minha parte e das mulheres de treparmos, desisti e resolvi que
já estava na hora de voltar.
Queria ver Clara mesmo que fosse de longe, até me acostumar que ela
não era mais minha.
Com o coração mais leve, ligo para meu segurança e mando
providenciar tudo para a minha volta. Não estou com cabeça para nada.
Tomo um banho e ligo a televisão, enquanto espero o retorno sobre a minha
volta.
Passo de um canal para o outro entediado, quando ouço notícias do
Brasil.
Vejo a repórter comentar que foi desmembrada uma quadrilha de
entorpecentes e uma das cabeças da gangue era nada mais nada menos que
Selma e Orlando. Gelo e me sento na cama rapidamente.
Maldita! Desgraçada, essa bandida me fode de todo jeito. Cacete! E
como está Clara, será que corre algum perigo?
Pego meu celular e ligo com mãos trêmulas para Davi. Meu coração
está disparado e estou suando frio.
— Maximus! Até que enfim parou suas orgias para ligar para mim!
Safado, deve estar de pau esfolado! — diz maliciosamente.
— Porra, cara, você só pensa em bocetas? Davi, você viu que Selma e
Orlando foram presos por tráfico? — pergunto ansioso e temeroso.
— Vi e estou muito feliz com o final dessa jararaca! Uma pena que já
colocamos nosso pau naquele buraco asqueroso! — diz com desgosto e
posso vê-lo fazendo uma careta, deve ser a mesma que faço aqui ao me
lembrar. Realmente a gente enfia nosso pau em cada lugar, que depois que
passa dá asco.
— Cara, pula essa parte! — digo com nojo de nossa vida devassa. —
Estou preocupado com Clara e...
— Cara — ele me corta —, combinamos de não falar dela, lembra?
Só te faz sofrer e você viajou justamente para esquecê-la...
— Eu sei porque viajei, caralho! Não precisa me lembrar a cada
instante. A porra toda é que não consigo tirar ela de minha cabeça e meu pau
se recusa a cooperar... Caralho, Davi, não consegui dar uma única trepada
nessa porra de viagem de meses. Meu pau quer somente Clara — desabafo e
ele fica calado por minutos.
— Quanto tempo ainda pretende ficar aí? — pergunta depois de um
breve silêncio.
— Se eu pudesse sairia daqui voando, quero ir embora agora! Não
adianta correr dos problemas, temos que resolvê-los. Vou tentar conversar
com Clara Luz. Cara, não adianta, tentei ficar com outras mulheres, mas é
fato. Meu pau e coração escolheram Clara e, por mais que ela tenha agido
sem pensar nas consequências, eu não consegui seguir em frente. Esses meses
foram somente para me frustrar. Pensei que, saindo de perto dela, seria mais
fácil lidar com esse sentimento que me corrói por dentro. Por falar nela, você
a tem visto ou teve algum contato com ela? Sei que pedi para você e todos os
meus funcionários não me falarem nada sobre sua vida, mas agora devido a
prisão de Selma e seu marido, fiquei receoso em relação à segurança dela.
Sabe que ela é teimosa demais. E não liga muito para esse detalhe de
precaver, ela age primeiro e depois pergunta ou se arrepende... — murmuro
saudoso dos momentos que ela me fazia gargalhar e olhar a vida com uma
perspectiva muito otimista e feliz. Sinto falta até de nossas brigas.
Davi fica em silêncio pensando, suponho.
— Não, cara, não a vi desde o dia que vocês brigaram. A mulher
parece que evaporou da face da Terra. Já tentei sondar através de Serena,
sua amiga, que voltou a trabalhar, mas a mulher é tão tinhosa e teimosa
quanto Clara. Entendo a amizade ferrenha que as duas têm. Uma protege a
outra com a vida. Assim como nós. — Noto um tom diferente na voz de Davi
quando se refere à Serena.
— Tudo bem, ela e eu escolhemos viver nossas vidas separadas.
Estou somente preocupado com a segurança dela, afinal foi Selma a autora do
estrago todo... — Minha vontade é de ir onde essa puta está e dizer a ela
umas boas verdades. É o que posso fazer com essa vadia da Selma e o pau-
mandado de seu marido. Vigaristas!
— Ok, então estará em casa em breve, certo, amigão? Estou ansioso
para voltarmos a nossa antiga vida. Tem uma mulher aí achando que pode
me laçar, mas ela está enganada e como está! Sinto pena da infeliz! — fala
num tom mais alto, noto que Davi está um pouco exaltado. Longe de sua
calma habitual.
— Combinado, quando estiver chegando te aviso. — Despedimo-nos
e me sento na cama.
Pego meu celular, e clico nele e vou até a galeria e vejo a única foto
que deixei de Clara em meu celular. Ela está linda e tirei essa foto depois que
fizemos amor a noite toda e ela estava desmaiada com um sorriso satisfeito e
ressonava com suavidade.
Meus olhos ardem e desligo rápido, já devia ter deletado essa foto...

***

Quando o avião aterrissa no aeroporto, sinto-me aliviado por estar em


meu país novamente. O Brasil é um lugar lindo, com paisagens maravilhosas
e povo amistoso. Ainda que a corrupção esteja em um patamar elevado, aqui
ainda é um bom lugar de se viver.
Desembarco e vejo Davi e alguns de meus seguranças me
aguardando. Caminho rapidamente com os dois que foram comigo logo atrás
e abraço meu amigo.
— Porra, cara, que falta senti desse lugar...
Ele me interrompe com um tapa na cabeça.
— Lugar, seu puto? Não foi do amigo aqui? — Sorri largamente e
somente agora vejo quanta falta senti de meu amigo. — Vamos, temos muito
para conversar e colocar em dia algumas pendências...
Dou um safanão em suas costas.
— Nem cheguei e já quer me entupir de serviço?
O motorista abre a porta e entramos.
Vamos colocando a conversa em dia, mas meus pensamentos estão na
única mulher que amei e amo. Mas não quero ficar perguntando a Davi... Ele
tornou-se meu protetor depois que Clara contou a ele o porquê terminou
comigo. Convenhamos, o vídeo era muito comprometedor e em partes Clara
tinha razão... se recebesse algo minimamente perto do que ela viu naquele
vídeo sobre ela, surtaria e terminaria meus dias no manicômio. E por outro
lado, ela deveria ter agido com mais sabedoria e sensatez, antes de me julgar
e condenar.
Agora já consigo pensar nessa história toda com mais clareza e não
ficar tão irado com Clara. Entendo-a um pouco mais agora de cabeça fria.
— Terra chamando Maximus! — Vejo Davi se inclinar e estalar o
dedo na frente dos meus olhos.
Percebo que estava divagando novamente e a razão é uma só: Clara
Luz. Eu realmente estou fodido!
Os dias têm se tornado mais fáceis, retomei a rotina e meus alunos
ficam encantados e curiosos com minha barriga de cinco meses. Pequena e
arredondada, mas já uso batinhas e adoro.
Amo conversar com Serena e meus pais sobre minha pequena Lua.
Meus pais me apoiaram e fiquei imensamente feliz, pois estava com
certo receio de magoá-los. Sempre sonharam que sua única filha se casaria de
branco e virgem em uma pequena igrejinha do interior. E frustrei seus planos.
Guardei tanto minha virgindade e quando a liberei só fiz merda. Mentira!
Tenho minha pequena Lua.
Pedi a Serena para jamais tocar em meu nome com Max e Davi.
Serena sempre me contava que Davi sondava sobre minha vida. Infeliz, me
virou as costas quando mais precisei. Agora o rancor que tinha com ele já
passou, afinal eu não faria diferente, ficaria do lado de minha amiga, ainda
mais se fosse tão cruel como fui com Max.
Sinto falta de Max, mas não é aquela dor que dilacera minha alma e
coração. Mergulhei no fundo do poço e só consegui sair devido à minha filha,
e o apoio de Serena e meus pais.
Já estou decorando o quarto de minha pequenina. Está tudo rosa bebê
e branco. Serena queria decorar com dourado e bege. Mandei-a dar, e
arrumar um bebê seu, assim faria como quisesse, estava estressada esse dia,
não dormi nada à noite. Uma insônia brava.
Minha amiga age como eu agi, está guardando sua pureza virginal
para alguém que se sentir, no mínimo, atraída. Pobre iludida. Os homens só
querem uma coisa das mulheres: sua boceta, liberou acabou!
Tenho ainda um ligeiro rancor de Max ter prosseguido com sua vida.
No fundo nutria uma ligeira esperança de que me procuraria e me deixaria
falar.
Foi exatamente o que você fez, quando ele suplicou para deixá-lo
explicar e implorou seu perdão, não é? Você bondosamente o ouviu. Certo?
Não? Ah, na verdade você virou as costas para o homem que dizia amar
mais que tudo, não é, sua hipócrita?
Minha maldita consciência não me deixa em paz, nunca!
Sinto um aperto em meu coração, dói muito, tento me enganar, mas
todos os dias à noite choro como se tivesse uma faca cravada em meu
coração. E a dor fica pior quando vejo que eu mesma a cravei, causando essa
ferida que nunca cicatriza.
Hoje é sexta-feira e, quando meu último aluno vai embora, resolvo
tomar um banho e sair um pouco. Quero caminhar na orla da praia. Adoro
isso. Principalmente à noite, quando vejo a lua cheia e me lembro de
Maximus e seu fascínio por ela.
Coloco um vestidinho solto de verão, o calor está insuportável, calço
um chinelinho branco que ganhei de Serena. Pego uma bolsa de pano e vou
fazer minha caminhada diária. Faço todos os dias, somente quando chove que
não.
Caminho pela orla e vejo pessoas correndo, fazendo exercícios,
andando de bicicleta, adoro morar perto do mar. Não queria outro lugar.
Sento-me em um banco debaixo de um coqueiro e vejo a lua refletida
na água. É uma cena que nunca me canso de ver. Fecho os olhos e ouço o
barulho das ondas quebrando na areia. Acalma-me e sei que acalma a Lua.
Minha menininha se mexe suavemente e coloco as duas mãos na
barriga e olho com carinho onde minha bebê está aninhada e protegida.
— Minha pequena Lua, a mamãe te ama demais... — Sinto a brisa
soprar meus cabelos e fico contemplando a noite fresca e bela.
Esses momentos me revigoram de uma forma acalentadora.
Sinto o cheiro do perfume de Maximus e fecho meus olhos. Isso se
tornou uma constante em minha vida, sinto o cheiro, a voz e a presença de
Max todos os dias, e em todos os lugares.
Sei que ele está fazendo um longo tour pelo mundo. Quando penso
nisso, tenho vontade de chorar, havíamos combinado que iríamos juntos
conhecer o mundo. Meu sonho é ir à Itália e Grécia. Mas com meu salário,
isso está fora de cogitação e ainda mais agora com minha bebezinha
chegando. Serena disse para procurar Max e exigir pensão. Mas não farei
isso, ainda mais depois da maneira vil que o tratei. Vou deixá-lo viver a vida
dele em paz. Ele merece alguém que confie e o valorize. Coisa que não soube
fazer e amargo cada dia com pesar por isso.
Enxugo minhas lágrimas e me levanto para ir embora. Estou ficando
mais cansada conforme a gravidez avança.
Cheguei tem vários dias e estou agitado dentro dessa fortaleza. Davi
vem aqui todos os dias e trabalhamos aqui mesmo. Continuo firme em
minhas sessões com Valdir e me sinto mais no controle de minha vida.
Somente meu coração ainda continua doendo e sangrando por ela. Davi
desistiu de me chamar para as suas orgias. Entendeu que ainda preciso de
mais tempo. Agora não insiste mais e me olha de forma intensa.
— Cara, você se apaixonou de verdade por essa mulher. Nunca te vi
assim, porra, já tem meses que vocês se separaram. E o garanhão Maximus
Bizolli, nunca mais trepou, ficou “virjão” novamente — debocha, mas com
seriedade no olhar.
Levanto-me e passo as mãos em meus cabelos.
— Não consigo esquecê-la, Davi... é uma praga e dor que me
consome dia após dia, cara. Tem dias que quero morrer, sumir... sei lá —
desabafo e foda-se se eu pareço um otário.
— Por que não a procura, Max?
Davi, justamente o contra nossa volta, o que me aconselhou a viajar,
espairecer e me defendeu dela como um leão defende sua cria,
aconselhando-me a procurá-la agora?
— Ficou maluco, cara? E os montes de conselhos que me deu, para
deixá-la ir, porque ela não me deu oportunidade de me defender? Mudou de
ideia? Por quê? — questiono olhando para ele, tentando entender.
Ele se levanta e coça a cabeça.
— Porque me cansei de vê-lo sofrendo, meu amigo. Chega disso,
vamos resolver isso. Você tem que decidir se fica ou vai! — Coça a barba.
Somos dois ermitãos selvagens e barbudos.
Sinto meu peito aquecer com o simples pensamento de vê-la
novamente.
— Ela deve ter seguido em frente... e depois da maneira que a tratei
ou melhor a tratamos, com certeza não nos dará oportunidade nem de abrir a
boca.
— Para um homem decidido, você está me saindo um excelente
covarde, hein, Maximus? — zomba de minha insegurança.
Levanto o dedo do meio para ele, com um sorriso imenso e com a
esperança renascendo em meu coração.
Olho o pôr do sol e já anoitece. Olho a lua cheia e fico embevecido
com sua beleza. Lembro-me das vezes que eu e Clara caminhamos na praia
ao anoitecer. Momentos maravilhosos que tenho guardado em meu peito
como joias preciosas. Ela ama praia à noite e eu a lua; então dizia a ela que
éramos um casal perfeito. Meu peito aperta e massageio sem perceber.
Pego Davi pelo braço com brusquidão e o arrasto para fora de meu
escritório.
— Vamos à praia.
Ele me olha abismado sem entender nada.
— Praia a uma hora dessas? Realmente, Max, você surtou de vez.
Sorrio e passo por ele, ignorando-o.
Ele me acompanha murmurando igual a uma velha caduca.
— Cale a boca, velha resmungona! — Arrisco fazer uma piada,
depois de meses de carranquice pura.
Ele para e sorri com seus olhos verdes brilhando suspeitosamente.
— Finalmente meu amigo está voltando e isso com a simples
possiblidade de ver Querubim. Imagina se ela o aceitar de volta? — diz o
apelido que dei a ela e me observa.
— Querubim é o caralho, para você é Clara — digo rindo feito um
louco.
Quando saio, o motorista abre a porta sorrindo e os seguranças ficam
a postos. Entro no carro com Davi. Estou ansioso, passo o endereço da praia
para o senhor Honório, agora sei seu nome.
Ele sorri e liga o carro, saímos com nosso comboio de sempre, eu e
mais dois carros com os seguranças.
Davi vê que estou ansioso e respeita meu tempo, no carro ficamos
calados até chegarmos à praia que vinha com Clara antes de acabar nosso
relacionamento, penso com amargura e tristeza. Meu peito enche de calor e
uma saudade absurda. Como consegui ficar tanto tempo longe de Clara?
Como pensei que outras mulheres poderiam substitui-la? Ela errou comigo,
mas eu também errei muito com ela, ambos erramos. Estou disposto a
esquecer tudo e recomeçar uma vida nova com meu anjo, claro se ela permitir
e me aceitar de volta. Fiz muitas merdas também. Sorrio e saboreio a palavra:
anjo.
Descemos e caminhamos devagar, Davi está calado somente me
acompanhando, um verdadeiro amigo. Os seguranças ficam de longe,
orientei-os assim, atentos, mas ocultos.
Contemplo a lua e uma paz infinita enche meu coração. Será que
Clara está contemplando essa mesma lua e se lembrando de nossos passeios
assim como eu?
Meus olhos ardem. Tiro meu sapato e dobro minha calça, estou com o
terno que fiz reunião mais cedo. Deixo meus sapatos e paletó em um banco,
começo a caminhar na beirada da orla sem olhar para trás. Sei que um de
meus homens guardará para mim.
Estou caminhando distraído quando ouço um sussurro e me arrepio
dos pés à cabeça. Procuro com meus olhos e, quando a vejo, meu mundo
para. Ela está sentada contemplando o mar e parece conversar com alguém.
Seus cabelos loiros claros estão mais compridos e amarrados em um rabo de
cavalo bem longo e liso. A lua reflete neles e parece ouro derretido. Levanto
meu nariz e sinto seu perfume. Perfume que percorri o mundo e nunca achei
igual: cheiro de amor, cheiro de casa, cheiro de Clara Luz.
Tento chegar até ela e Davi me segura.
— Calma, cara... vai assustá-la se chegar nesse frenesi. — Olho para
ele com uma carranca imensa.
— Calma um cacete! Já tive demais, esperei demais e...
Ela se levanta e, quando fica de perfil, eu e Davi suspiramos surpresos
e sinto uma tontura me jogar de joelhos.
Davi se ajoelha ao meu lado.
— Cara... ela está... está... eu estou vendo uma ligeira barriguinha...
ela está... — ele fica repetindo igual um retardado.
Passo a mão no pescoço com força, preciso de ar, não consigo
respirar...
— Clara está grávida... Caralho, Davi, será que arrumou outro
namorado? — Meus olhos ardem e minha vontade agora é de morrer, a dor
atravessa meu coração como flecha.
Caio esparramado na areia, quando levo um murro tão forte de Davi,
que fico deitado uns segundos. Porra, o cara enlouqueceu de vez!
Olha para onde Clara está e a vejo se sentar novamente.
Ela levanta os olhos e puxa o ar, parece tentar identificar alguma
coisa, um cheiro.
Sou puxado pelo colarinho e Davi me sacode com força.
— Repete isso mais uma vez e te quebro todo, seu miserável, e nunca
mais te chamo de irmão. Se ela sonhar que você ousou levantar a mera
hipótese de que esse filho não é seu e sim de um possível namorado, aí, meu
caro amigo burro, pode dizer adeus a mulher que te tem pelas bolas — diz e
me solta com raiva. — Você vai ser pai, porra! Privilégio do caralho isso! —
Passa as mãos nos cabelos e me levanta. — Vai consertar essa merda, Max,
antes que passe mais tempo e seja tarde demais. — Empurra-me em direção à
Clara e não consigo me mover. Parece que estou pregado no chão.
— Porra, Davi... meu filho! Minha mulher, a única que amei em
minha vida de merda!
Ele me empurra com mais força.
— Então vai consertar a merda que virou isso, meu amigo. Você
ainda tem chance! Vai e rápido, porque ela está se levantando para ir embora.
Não se preocupe comigo, volto em um dos carros dos seguranças, melhor,
vou procurar uma boceta disposta nessa praia. — Olha para os lados e vê uma
morena que está dando a maior bandeira. Sorri feito um tarado que é e parte
em busca do tesouro perdido e eu aqui pregado no chão todo fodido de medo.
Clara se levanta e vejo que já desponta uma barriguinha arredondada.
Ela a acaricia, sorrindo, e começa a caminhar.
— Clara Luz... Querubim, meu anjo, venha trazer luz para meu
mundo que se tornou trevas depois que te perdi... — falo alto, mas com o
coração trovejando de amor e ansiedade por essa mulher que é meu mundo.
Ela para de andar e se vira com lentidão.
— Maximus? — fala e segura sua barriguinha levemente inchada,
onde carrega meu filho. Agora que estou mais calmo, tenho plena convicção
de que o bebê é meu, conheço minha Clara e sua integridade.
— Sim, amor, vim te buscar, suplicar que me aceite de volta e... —
Não termino de falar e Clara dispara em minha direção feito bala, ainda que
com um peso extra: nosso bebê.
Abraça-me forte e encosta a cabeça em meu peito e chora de sacudir
seu pequeno corpo. Ajoelha-se e me abraça pelas pernas. Meu coração sangra
quando a vejo assim.
— Me perdoa, Max. Eu tenho vergonha da maneira como agi com
você. — Ajoelho-me ao seu lado e a puxo para meus braços.
— Não tem um único errado aqui, amor. Nós dois erramos. Você, por
não confiar; e eu, por não te perdoar depois de tanta confusão. Sofremos os
dois por falta de perdão, conversar... Eu te amo, minha Clara, e quero te pedir
perdão por ter te deixado quando mais precisou de mim. — Coloco as mãos
gigantes em sua pequena barriga e sinto um calor tão poderoso me atravessar
o coração, que suspiro alto. — Quantos meses, amor? Nosso bebê!
Ela me abraça e chora sem parar.
— Max preciso ouvir de sua boca que me perdoa... por favor, preciso
disso! — Acaricia meu rosto e me olha com amor e dor devastando seu
pequeno rosto. — Diz que me perdoa, eu te julguei e condenei sem te dar
nenhuma oportunidade para se defender... agi imaturamente e ambos
sofremos. Me perdoa, por favor, diz, quero ouvir, preciso!
Vejo que ela se culpa e martiriza por tudo e resolvo fazer como ela
quer, ainda que sei que todos nós fomos culpados de alguma maneira.
— Sim, meu amor, eu te perdoo por tudo. Já passou e agora só quero
viver em paz com você, Anjo, e com nosso anjinho — digo e a beijo com
carinho, ela me olha com adoração.
— Max, eu te amo tanto, tanto... eu sofri tanto... Achei que ia morrer,
o que me sustentou foi nossa filha... — diz, beijando sem parar meu rosto.
— Filha? Teremos uma menina? — Seguro seu rosto e agora sou eu a
beijá-lo todo e lamber suas lágrimas, misturadas com as minhas.
— Sim, amor, uma menina, nossa Lua. — Quando Clara fala o nome
de nossa filha desabo de vez. Deito a minha cabeça aos seus pés e choro
como se o mundo fosse acabar e estivéssemos sozinhos. As pessoas
respeitam nosso momento, porque passam em silêncio.
— Maximus, não faz assim, amor. Vem, vamos para casa. — Puxa-
me e me levanto como se pudesse voar, sinto uma imensa paz me invadir e
pego em sua mão pequena e delicada e deixo que me leve para onde quiser.
Desde que ela esteja lá, estarei satisfeito.
Abraço Clara e passo por meus seguranças e vejo Davi beijando a
mulher, mas tem os olhos abertos. Sorri e levanta a mão e o polegar para
mim.
Sorrio feliz e vou com Clara para o seu apartamento refazer nossas
vidas, agora com mais maturidade e plenitude.
Quando senti o perfume de Max na praia, jamais imaginaria que o
encontraria aqui. Jamais imaginaria que estaríamos a caminho de casa e com
ele dizendo sem parar em meus ouvidos o quanto me ama. E eu faço questão
de repetir o quanto o amo de volta. A vida nos presenteou com mais uma
chance e faria de tudo para fazer meu Max feliz, quero uma família feliz.
Abro a porta e Max entra e me agarra antes de fechar a porta.
— Amor, quero você de todas as formas possíveis, quero me casar
com você, quero mais filhos além de nossa Lua e quero morrer ao seu lado.
Porque te amo mais do que a mim mesmo. Vou te contar como foi minha
viagem, não quero segredos e nada entre nós daqui para a frente.
Combinado?
Esfrio somente de imaginar ele me contando com quantas mulheres
ficou... Dói, arde meu coração, mas não tenho o direito de falar nada. Eu que
terminei nosso relacionamento, agi tolamente.
— Combinado — sussurro, com o pavor me tomando, somente em
pensar nas coisas que me dirá.
Ele me carrega com cuidado para o meu quarto, já dormimos
agarrados aqui muitas vezes. Deposita-me na cama com cuidado e carinho.
Vejo amor em seus olhos e começo a chorar de alegria. Não acredito que
Maximus me perdoou, que me deu a chance que neguei a ele.
— Max... me perdoe, querido. Agi com insensatez com você, não
ouvindo sua explicação, seu lado. Me perdoe, querido. Falhei miseravelmente
com você e paguei caríssimo. Esse tempo sem você e a possibilidade de
nunca mais tê-lo ou mesmo que me perdoasse, acabava comigo dia após dia.
O que me manteve de pé foi nossa filha. E minha amiga Serena e meus pais.
Até Davi me virou as costas. E não o condeno, ele tinha toda razão. Fui
injusta com o homem que dizia amar e, na primeira prova, eu mostrei
somente imaturidade. Me perdoe, amor, por favor, eu juro a você que aprendi
a minha lição com noites de choro, desespero e um coração que sangrava
todos os dias. Eu te amo e vou viver para te provar tudo que digo, com ações
— sussurro engasgada com as lágrimas e choro mais ainda quando o vejo
chorando junto comigo. Ele me abraça forte, mas protegendo minha barriga.
— Sim, amor, como te disse nós dois agimos errado. Cada um teve
sua parcela de culpa, não a condeno por me julgar. Meu passado não foi santo
e sei que foi uma espécie de colheita o que passei. Amor, eu sofri igual um
cão sarnento, nunca desejo o inferno que vivi ao meu pior inimigo. Mas devia
ter tido mais sabedoria ao lidar com você, querida. Nunca namorou, não tinha
experiência nenhuma, principalmente com a maldade humana. Meu passado,
somado a sua falta de experiência e digamos impetuosidade e cabecinha
muito dura, nos fez caminharmos por caminhos espinhosos. Mas o
importante é que atravessamos e estamos aqui, feridos, mas unidos. — Sorri e
me beija com carinho. — E de brinde tem esse pedacinho de mim crescendo
dentro de você, querida, quem precisa de presente maior? — Acaricia minha
barriga levemente inchada.
Sorrio e beijo sua boca bicuda, que me fez passar noites desejando,
afinal a libido de uma grávida dobra e já era tarada pelo pau de Maximus,
depois que engravidei sonhei com esse pedaço de carne rosada todas as
noites.
Vejo Maximus dar aquela gargalhada deliciosa e sinto minha calcinha
encharcar, homem gostoso esse! Nem acredito que estamos juntos! É muita
felicidade!
— Quer dizer que minha Querubim sentiu falta de meu pedaço de
carne rosada? Mulher grávida tem a libido dobrada é? Está mais tarada com
seu Maximus, amor? — pergunta com a voz baixa e cheia de luxúria.
Pensei em voz alta novamente. Sorrio feliz.
— Sim, amor, senti muita falta de você e de seu pau rosado. Mas
antes de liberar geral, quero saber sobre sua viagem... Começou a falar e
desviamos o assunto...
Vejo-o empalidecer e me olhar com ansiedade, desconsolado.
— Querubim... eu... pensei que nós não voltaríamos mais e...
Corto-o rapidamente e cubro sua boca com minha mão.
— Não quero ouvir, por favor! Vai doer demais, deixe-me pensar que
você não transou com mulher nenhuma, por favor... — peço com vontade de
chorar sem parar. Dói pensar nele com outras. Já basta as cenas daquele vídeo
maldito, que ficarão gravadas para sempre em minha memória.
Ele fecha os olhos e suspira, os abre e me olha fixamente.
— Amor, Querubim, minha luz, preste atenção em tudo que vou te
dizer. Aquele vídeo foi todo editado por Selma e seu marido. Ela sempre quis
ficar comigo. Ficamos somente uma noite de bebedeiras e orgias, ela, eu,
Davi e seu marido.
Arregalo meus olhos. Max vivia uma vida de devassidão mesmo.
— Sim, amor, vivia uma vida de devassidão e loucura. Nunca escondi
isso de ninguém. Quando começamos a namorar eu te contei, certo? —
Balanço a cabeça, concordando. — Pois então, querida, tudo foi uma
armação da víbora da Selma, como já sabe. Eu jamais te traí, aquele vídeo era
momentos de loucura minha antes de te conhecer. Entendeu, amor? NUNCA
TE TRAÍ. Aquele dia que nos vimos a primeira vez, lembra? Eu estava com
aquelas mulheres... sinto muito ter que falar sobre isso, mas preciso para
entender. Selma estava lá escondida filmando tudo, ouvi um barulho e corri
para ver, mas não tinha ninguém e voltei encucado, mas deixei para lá.
Suspiro pensando em como pude acreditar que Max me traiu.
Encolho-me envergonhada.
— Me lembro, vi alguém saindo da sua sala, não deu para ver se era
homem ou mulher. Então era a cobra da Selma aquele dia! Ela filmou tudo
com intensão de usar mais tarde. Ela editou e me mostrou e a tonta aqui
acreditou. Perdão, Maximus, por te julgar. Me perdoe, querido. — Soluço
com os olhos ardendo de tanto chorar.
Ele acaricia minha bochecha e me conta que vendeu o estúdio para
Davi. Disse que seria uma surpresa e me contaria depois que fizesse o
bendito discurso de final de ano, como surpresa. Sinto-me pior ainda e quero
enfiar minha cabeça na areia e nunca mais sair. Agi com tanta falta de
sabedoria com o único homem que me valorizou. Vejo-o sorrindo, devo ter
pensado alto novamente para variar. Ele me beija com paixão.
Lembro-me da visita que fiz a cobra da Selma na cadeia, e de como a
confrontei. Lembro-me do segurança de Maximus me contando tudo o que
meu malvado favorito fez por mim e Maximus somente confirma sua
inteireza de caráter. Digo a ele que já sabia de tudo que me contou e ele
simplesmente sorri e me beija dizendo o quanto me ama. Isso me faz sentir
ainda mais remorso, por ter sido tão covarde e fraca. Peço perdão mais uma
vez.
— Já nos perdoamos, amor. Isso é passado, chega de pedir perdão.
Agora vamos a viagem... Clara, meu amor, como achei que tínhamos
terminado, tentei ficar com várias mulheres, confesso a você que tentei
transar...
— Tentou? — eu o interrompo, tremendo e tão nervosa, que me
engasgo.
Ele sorri tristemente e balança a cabeça, olhando para o chão.
— Sim... tentei. Mas meu pau e coração se recusaram a entrar em
outra mulher, que não fosse você, meu anjo. Então eu, meu pau e meu
coração voltamos para você, sem nos metermos em outro buraco, melhor
dizendo em confusão. — Sorri e me olha atento. Meu coração parece bailar
em meu peito e me sinto tão leve, que parece que vou voar de tanto alívio que
sinto.
— Não comeu outra mulher? — Quero confirmação, preciso dessa
informação repetidamente.
— Não, amor, não comi outra boceta, sou todo seu. — Me puxa e me
beija, agora com desejo e luxúria guerreando.
— Pode me comer à vontade, Maximus, você tem uma mulher
grávida, que anseia por seu pau rosado e duro e essa boca bicuda fazendo
festa em meu corpo. Mas seja discreto, nossa filha está bem aqui em nosso
meio. — Pisco com safadeza para o meu homem.
— Tentarei ser discreto e não envergonhar a nossa Lua... — gargalha
de uma maneira, que me arrepio toda. — Amor, esses pezinhos me fizeram
bater várias punhetas ao longo desses meses... sua bocetinha e seios então,
perdi a conta. Hoje quero amar você a noite toda. Com direito a gozar dos pés
até sua boquinha. Preparada? — pergunta com cara de lobo mau.
— Sim, e você está preparado? Porque a mamãe aqui está faminta. —
Vejo meu Maximus rir com vontade.
Ele tira sua roupa me olhando o tempo todo, acaricia seu pau inchado
e rosado. Lindo!
— Todo para você, amor, duro e rosado, do jeitinho que gosta — fala
o sacana e estremeço em antecipação.
Tira meu vestido e se ajoelha no chão e contempla minha barriguinha
inchada. Passa as mãos com adoração e a beija.
— Linda, perfeita e minha filha está aninhada aí. Eu que coloquei.
Tem noção da grandiosidade disso, meu amor? — fala acariciando minha
barriga intumescida sem parar.
Olha para mim e vejo seus olhos brilharem alagados.
— Nós que fizemos, meu amor. — Acaricio seus lábios, que me
atraem de maneira absurda. — Max, quero nossa filha tão bicuda quanto
você. Esse seu biquinho é a coisa mais sexy e linda do mundo inteiro e só
meu.
Ele sorri e o espicha ainda mais, parece aquelas peruas que fazem
fotos para seus stories. Sorrimos e ele me empurra, deitando-se ao meu lado
com cuidado.
Beija meu pescoço, sobe e cobre minha boca com a sua com ímpeto.
Sinto sua barba me arranhar e gemo de prazer.
Ele desce e beija meus seios, que agora estão maiores.
— Porra, amor, estão ainda mais gostosos. — Chupa e morde com
ganância. — Agora vamos festejar em sua bocetinha rosada e só minha. —
Acaba de falar e cai de boca em minha já pronta e alagada boceta. Ela
tremula e ele a castiga sem dó. Sou sacudida por um orgasmo tão intenso, que
grito sem pudor.
Maximus desce, beija e chupa meus pés. Geme alto, morde com força
meu pé direito e sobe, beijando-me sem parar. Segura seu pau e acaricia
minha boceta com lentidão com a glande gorda e rosada. Estremecemos
juntos. Ele me olha e me diz baixinho:
— Te amo, minha vida.
Arremete com força e só para quando está atolado até as bolas. Fecha
os olhos e abre a boca buscando ar com força.
— Caralho! Como senti falta disso, amor! Finalmente estou em casa
— sussurra rouco e começa se movimentar com desespero, entrando e saindo
sem parar, gemendo alto. — Amor... que delícia! Você é tão quente e
apertada!
Fecho meus olhos e sinto sua grossura entrando e saindo sem parar,
meu corpo esquenta e o gozo me toma mais uma vez. Quando sente meu
aperto, seu pau sacode e incha ainda mais e, trêmula, sinto-o endurecer ainda
mais dentro de mim e me encher com sua seiva morna e espessa. Urra em
desespero e continua sem parar por mais alguns instantes, aproveitando o
restinho de seu prazer.
Fica quietinho e depois de algum tempo sai com cuidado e me puxa
para os seus braços.
— Eu te amo, minha doce Querubim. Clara Luz, aceita ser minha
esposa e morrer ao meu lado bem mais caduquinha do que já é? — pergunta
me olhando com intensidade e vejo um ligeiro tremor em seus lábios rosados
e cheios.
— Prometo, mas você também tem que me prometer me comer
sempre com esse pau rosado e grosso, até depois que estiver caducando,
promete?
Ele gargalha com força e me beija com paixão.
— Prometo, amor, dizem que depois de morto o ser humano fica
duro, eu prometo a você que meu pau estará duro para você mesmo depois de
morto!
Sinto-me tão feliz de ver como Maximus se sente à vontade comigo.
Aquela pose de homem inalcançável some, desaparecendo e dando lugar a
um homem que tem um coração e senso de humor imensos. Esse é o homem
que Max permite se revelar somente aos que são seus chegados e que ele
escolhe para acolher em seu coração. Eu sou uma dessas pessoas sortudas,
considero-me agraciada por ser amada por esse homem. Agradecerei a Deus
todos os dias a segunda chance que me deu, que nos deu.
— Combinados então, meu amor. — Aninho minha cabeça em seus
ombros largos e musculosos e adormeço com ele acariciando meus cabelos.
Nos meses que se seguiram, nos casamos, e fizemos a viagem que
Max havia me prometido, Itália, Grécia e vários outros países. Voltamos
quando eu estava perto de dar à luz.
Um ano depois...

Pego minha bebê no colo e aperto com suavidade. Ela é pequenina e


toda rosadinha. Cheiro seus cabelos lisos e finos e o perfume de bebê me
deixa tonto de tanto amor, esse pedacinho de mim e minha Querubim. Minha
pequena Lua, nossa Lua.
Ela me olha com seus imensos olhos azuis e narizinho salpicado de
sardas assim como a mãe. Sua boquinha bicuda é a alegria de Clara e Davi.
Ela me olha atentamente e sorri, quase tenho um infarto de tanta emoção.
Toda vez que Lua sorri, meu coração quase arrebenta no peito.
Carrego meu tesouro e coloco na nossa cama com suavidade, Lua é a
bebezinha mais calma e suave que já vi, aliás só vi ela de bebê nessa vida
louca que tive. Ela e Clara vieram para me tirar da lama e loucura que vivia
mergulhado.
Às vezes, sinto-me impuro em simplesmente ficar perto de nossa
anjinha. Lembro-me das merdas que fiz e minha vontade é de voltar ao
passado, apagá-lo e fazer tudo diferente. E muitas vezes choro por isso.
Clara conversa muito comigo me fazendo sentir melhor e acreditar
que todos nós merecemos uma segunda chance.
Quando tenho esses sentimentos que me deprimem, redobro minhas
sessões e agora Clara me acompanha, fazendo-me sentir infinitamente
melhor.
Enquanto faço minha sessão, ela fica com Lua me aguardando, isso
me faz ver que vale a pena cada braçada para cima, quando a ansiedade
ameaça me tomar. Davi também é um grande amigo, mas esses meses ele
anda meio sumido. Está lutando bravamente contra seus demônios.
Eu tinha mais crises antes de Lua nascer, agora são bem esporádicas.
Clara e Lua me fazem sentir tão amado, que não estou tendo mais a
quantidade de espaço que tinha para a ansiedade em minha vida. O amor
delas agora, preenche esse vazio.
Minha bebezinha balança as perninhas gordinhas e rosadas cheias de
dobrinhas, que me deixam encantado. Fico impressionado como uma
coisinha tão pequena consegue balançar as perninhas com tanta rapidez.
— Papai ama bebezinha — sussurro para não acordar meu Querubim,
que dorme um sono pesado.
Ontem à noite abusei de seu corpo. Comi-a de todas as formas
imagináveis, eu não me contento em comer Clara uma única vez, essa mulher
me viciou de uma forma absurda.
Amo Clara e Lua ao ponto de dar minha vida por elas. Olho minha
bebezinha e vejo ela fazendo careta, espichando os pequenos lábios. Ela é tão
bicudinha quanto eu e fico inchado de orgulho quando Clara fala que nossos
lábios são idênticos e lindos. Sorrio com o peito cheio de amor e vaidade. Eu
que fiz. Puta merda, se não me sinto o dono do mundo olhando para as duas
mulheres de minha vida.
Davi ficou me zoando, dizendo que Clara é tão encantada com a
minha boca, que, quando fazíamos amor, ela olhava só para ela. Por isso,
minha filha nasceu com a boca idêntica a minha.
Dei um safanão nele e o proibi, mais uma vez, de citar minha
Querubim e sexo na mesma frase dito por ele, só eu tenho esse direito.
Ele zombou de minha possessividade, mas nunca mais usou as duas
palavras proibidas juntas: Clara e sexo.
Não queria acordar minha esposa, mas minha bebezinha está com o
bico maior que o meu e está com os pequenos olhos azuis lacrimejando e
pronta para soltar o berreiro.
Pego-a antes de começar a gritar e assustar Clara. Ajeito-a no colo,
abaixo-me e sussurro no ouvido de minha esposa:
— Amor... nossa pequena quer mamar. — Ela geme baixinho,
conforme se vira. Efeito pau do Maximus, sorrio orgulhoso.
Olho para a minha filha e ela me encara com seus olhos cristalinos e
chupando com força seus dedinhos. Está avisando que está com muita fome.
Já estou ansioso, sei que vai berrar logo.
Tento acordar a Querubim novamente.
— Anjo... nossa bebê quer mamar, já estou brincando com ela e
tentando te dar mais tempo, faz mais de meia hora, mas agora ela vai gritar...
estou sentindo que está próximo... — Não dá tempo de falar mais nada, Lua
solta um grito tão alto, que me espanta uma coisinha tão minúscula ter tanta
potência na voz. Começa a chorar desesperada.
Vejo Clara abrir os olhos assustada e se sentar de uma vez.
— Perdão, querida, fiz de tudo para ela não gritar...
Ela passa as mãos no rosto e sorri.
— Tudo bem, meu amor, ela só está com fome. Me passe a bebê. —
Entrego para ela nossa pequena esfomeada e vejo-a virar o rostinho para os
seios de Clara, com desespero. Com mais de quarenta anos, consigo a proeza
de corar, quando vejo o quanto eu deixei os seios de Clara marcados com
meus chupões e mordidas ontem à noite.
— Amor, você está corado, ou é impressão minha? — a matreira de
minha esposa pergunta e não me poupa. Ela percebeu, a danadinha.
— Impressão sua. — Viro as costas, envergonhado. — Vou buscar
nosso café da manhã, amor. A cozinheira já avisou que a bandeja já está
pronta.
Quero vazar daqui, estou envergonhado. Já pensou se a Lua fosse
maior? Puta merda!
— Maximus Bizolli, volte aqui e me dê um beijo. — Agora sim, eu
amo beijar minha esposa, meu anjo. Volto rápido e a beijo com carinho.
— Era somente no rosto, amor, estou com um bafo horroroso —
Clara diz constrangida, enquanto nossa bebê se alimenta com a seiva tão
preciosa, que somente uma mulher pode produzir: leite materno.
Olho com adoração para esse quadro, minha esposa e filha em uma
simbiose tão grande e perfeita que estremeço.
— Clara, meu Querubim, tudo em você é perfeito, até o imperfeito —
digo com convicção. Ela sorri, estende a mão e acaricia minha barba.
— Amo você, meu bicudo mais lindo do mundo. Meu malvado
favorito, tão perfeito em sua imperfeição. — Sinto meu coração acelerar.
Sento-me na cama para apreciar a cena que não me canso de olhar
todos os dias.
Ligo para a cozinha e peço a cozinheira que traga o nosso café da
manhã.
Recuso-me a perder esse quadro onde minha esposa amamenta nossa
filha com tanto amor, que com certeza ficará eternizado para sempre em
minha memória, como uma das cenas mais lindas que tive o prazer de
presenciar e fazer parte.
Aconchego-me e abraço minha Clara, enquanto nossa pequena Lua
continua mamando, agora mais tranquila.
— Clara, eu te amo demais, meu amor. Você e nossa Lua é tudo em
minha vida. Agradeço aos céus todos os dias por tamanho privilégio de tê-las
em minha vida.
Ela sorri e beija meu rosto.
Fecho os olhos e sorrio em paz com a vida e tudo que me cerca. Moro
no paraíso com dois anjos que me fazem mais feliz a cada dia que passa.
Clara também sente essa paz, pois segura minha mão e aperta com
suavidade.
— Amo você e nossa pequena Lua, Maximus. Vocês são uma
extensão de meu coração.
O canto dos pássaros sela esse momento em uma sinfonia tão perfeita,
que me lembraria desse dia até o meu último suspiro aqui nessa Terra.

FIM
[1]
Rocco Siffredi, nome artístico de Rocco Tano Oronio (Ortona Mare, 4 de maio de 1964)
é um ator italiano de filmes pornográficos. Atualmente é diretor, produtor de filmes do
mesmo gênero, além de ter sido modelo.
[2]
Uma teleconferência é uma reunião realizada por dois ou mais agentes distantes entre si,
com uso de tecnologias de transmissão de som e imagem. Dentre as principais
infraestruturas utilizadas para esse fim estão as redes de telefonia, internet e rádio.
[3] Bocote é a madeira que é chamada como gênero de plantas Acme, que é usada para

diferentes fins. Há mais do que 300 espécies desta mesma planta no mundo que é
localizada em áreas quentes ao redor do planeta. Esta madeira tem o design lindo nela, que
é naturalmente associado. É principalmente usada para confecção de móveis, por causa da
impecável aparência e elegância também.

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