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Tradução: Selene
Revisão Inicial: Diana
Revisão Final: Perséfone
Formatação: Lanynha
Disponibilização: Cibele
Grupo Rhealeza Traduções
Spectacular RASCAL
Lili Valente
Sexy Flirty Dirty #2
SINOPSE
Quando você foi enganada pelo Sr. Errado, deixe um Patife Espetacular te
mostrar como é bom ser má.
Agora a minha selvagem, sexy, e-que-deu-o fora está olhando para mim com os
seus grandes olhos verdes, me desafiando a enfrentar tanto quanto ela, um ex
idiota e perigoso. Mas tudo que quero fazer é possuí-la de novo e de novo.
Agora tenho que provar a Cat que não sou nada parecido com o homem que
ela abandonou, e fazer tudo isso antes que nosso tempo acabe. Considerando
que seu ex faz parte da máfia, senão
formos cuidadosos, isso pode ser mais cedo do que qualquer um de nós
imagina...
E aí, princesa.
Você não é só bem-educada, você é bem informada. Você está por dentro
dos acontecimentos atuais e está ciente das estatísticas deprimentes sobre a
violência doméstica. Você sabe que a cada nove segundos uma mulher nos EUA é
espancada por seu companheiro. Você sabe que três ou mais mulheres são
assassinadas por seus maridos ou namorados todos os dias e que uma ordem de
restrição não vai parar um homem determinado a provar que ninguém o deixa.
Eu não vou dourar a pílula, docinho. Você está certa por temer, mas você
1
Livro de grande sucesso de Sheryl Sandberg que acabou gerando uma infinidade de outros títulos com o mesmo
esquema: o que as mulheres devem fazer para se destacarem no mercado de trabalho competitivo e machista. O
termo Leaning in foi cunhado por essa autora em 2013.
não deve. Não mais. Você veio para o lugar certo, para o homem que sabe como
combater fogo com fogo.
Juntos, nós vamos convencer o seu ex-idiota e perigoso que você tem um
novo homem, um homem mais alto, mais forte e mais malvado, que te fode com
tanta frequência e tão bem que não te resta nenhuma energia para se preocupar
com as ameaças do Babaca. Na realidade, nossa relação nunca irá mais longe do
que um beijo, mas ele não saberá disso. Ele vai presumir que você foi reivindicada
por um macho alfa com faixa preta em detonar ex-namorados e com bíceps do
tamanho daqueles cortes de presunto que a mãe dele compra para o jantar de
Páscoa e perceber que a melhor opção dele é começar a andar e nunca mais olhar
para trás.
Mas vai precisar mais do que eu a escoltando pela cidade no meu braço
tatuado, ou te beijar como se eu possuísse sua boceta doce todas as noites. Eu
posso bancar o Grande, Mau e Possessivo como o melhor de todos eles, mas você
também tem o seu papel a desempenhar. Um papel tão importante que não há
como eu poder fazer isso sem você.
Deite-se. Relaxe. Abra o zíper da sua saia lápis, deslize dessa cinta e deixe
sua respiração vir lenta e profundamente enquanto eu a levo para um lugar que
eu gosto de chamar: Vila Do Não Me Importo Com Nada.
Eu sei o que você está pensando, Mas Aidan, tudo que eu faço é me
importar com as coisas.
Eu me importo muito, importo com tudo.
Mas quando foi a última vez que todo esse “importar” te levou a algum
lugar? Quando foi a última vez que o mundo mudou porque você estava se
importando muito?
É assim que é: você tem tanto medo de perder o controle de sua vida, ou
do seu destino, ou do que quer que você esteja estressada, que você surta com as
coisas que não importam, se importando com as coisas por aí como uma barata
tonta, como uma cabeça oca. Você luta para controlar e convencer, mas no final a
luta controla você. Você dá o seu poder para as pessoas que te enfurecem ou te
entendem mal, pessoas que você nunca vai mudar não importa o quanto você
ligue.
E mais cedo ou mais tarde, você vai ter se importado muito com tantas
coisas estúpidas que você não terá nenhuma energia para as coisas que
realmente importam.
Sem energia para a amiga que precisa conversar sobre o post de sua
depressão pós-separação. Sem energia para notar a mulher lutando para descer
seu carrinho de bebê pelas escadas do metrô no dia em que o elevador está
quebrado, enquanto o resto do mundo passa por ela. Sem paixão para as coisas
que você realmente quer fazer com a sua vida, para a arte, a música, as risadas de
doer a barriga e o resto das coisas realmente boas.
Talvez isso não seja o que você esperava ouvir de um cara barbudo e com
um braço coberto de tatuagens usando uma camisa marcando os músculos e uma
corrente na carteira. Mas eu não me importo se não sou seu estereótipo de
tatuador de Nova York.
E é isso que estou aqui para te dar, princesa, o que você mais precisa
numa hora dessas. Poder.
Você é um cavalo selvagem que ele nunca vai domar, um pássaro livre que
ele nunca vai apanhar, e mais cedo ou mais tarde ele vai se cansar e ir embora. E
nesse dia, você não estará apenas livre do Sr. Errado; você estará livre para ser o
que quiser ser.
O que é? Você não está convencida que a Vila Do Não Me Importo Com
Nada é para você?
Então segure a minha mão, linda, e deixe-me te mostrar como pode ser
bom para uma boa garota ficar má.
CAPÍTULO 1
Senhoras. Elas não são mais o que costumavam ser, isso é certeza.
E esta corrida suada é bem menos divertida do que da última vez que saí
correndo pelado com o meu clube de corredores, quando estávamos tão bêbados
que, correr pela ponte do Brooklyn, soou como uma ideia maravilhosa. Pelo
menos naquele dia estava escuro, eu estava bêbado e uma brisa fresca do Rio
East manteve as bolas suando ao mínimo.
Mas correr foi a única maneira que arranjei para distrair o policial que
estava prestes a prender meus amigos. Melhor eu ser acusado de indecência
pública do que Bash e Penny serem presos por transarem no lago do Parque
Prospect.
Meu instinto diz que Bash seria o melhor para este trabalho. Ele é o tipo
de empresário calmo e bem-sucedido que parece que deveria namorar uma
advogada, mas Beth me solicitou. Ela deu uma olhada nas fotos no meu arquivo
“Patife Espetacular”, não me julgue, Bash escolheu o nome; às vezes ele é muito
engraçadinho para o seu próprio bem, e insistiu que eu era o cara que ela
precisava.
Eu gosto do meu sexo quente, duro e o mais safado que puder, prefiro
ficar no topo na maioria das situações, e me recuso a ser fodido por qualquer um
ou qualquer coisa. Mas quando se trata do que realmente importa, eu sou
inofensivo. Eu tenho literalmente tatuado no meu antebraço esquerdo “Não faço
mal”, ao lado do diabo dançando ao luar que tatuei na minha primeira
convenção. Eu não machuco pessoas inocentes, não incito conflitos e não misturo
as minhas besteiras pessoais em meus relacionamentos. Eu guardo isso para a
sala de musculação.
Lá, é aonde vou para purgar os meus demônios e recuperar o meu foco. E
sim, eu sou musculoso, e tenho que me alongar por uns bons vinte minutos
depois de levantar peso para manter uma gama completa de movimentos. Não
estou dizendo que não tenho meus problemas, só que eu lido com eles de uma
forma sã, saudável e que aumenta-a-massa-muscular.
Agradeço por essa massa muscular enquanto salto em uma canoa vazia,
libertando o capitão e sua tripulação para baterem em minha coxa enquanto
pego o remo e vou em direção ao centro do lago.
— Cara, você tem que pagar por isso! —O garoto magro com a camisa do
Departamento de Parques na estação de aluguel grita para mim. Mas seu tom é
mais entediado do que indignado. Aparentemente, o fato de eu estar nu não é
suficiente para compensar o fato de que ele está preso trabalhando aqui sem
sequer um guarda-chuva para proteger do sol a sua cabeça oleosa de
adolescente.
Literalmente.
Mas por alguma razão o meu cérebro ignora toda essa sacanagem que fiz
ultimamente e faz um atalho para uma noite a onze anos atrás: a formatura da
faculdade. Foi a minha última corrida com os Corredores da Universidade da
Pensilvânia, a noite em que eu entreguei a tocha como corredor líder e cheguei
muito perto de tirar a virgindade da Calcinha de bolinhas 2 em uma pilha de folhas.
Eu nunca tinha transado com uma virgem, nem mesmo quando eu era
virgem, e não tinha intenção de ficar sério assim com nenhuma garota, que dirá
com a Calcinha, uma das minhas melhores amigas e uma garota que eu conhecia
só por seu nome de corredora.
Ruiva por causa do cabelo vermelho sedoso que caía até sua bunda, por
causa do batom que ela usava nas fogueiras de sábado à noite após nossas
corridas esgotantes da tarde. Por causa da caneta que ela usava para escrever os
bilhetes que trocávamos e por causa da cor que ela me fazia ver cada vez que me
xingava por escolher uma trilha fácil ou não ter incluído ziguezagues suficientes
ou qualquer erro que ela encontrasse no meu trabalho como “raposa”.
2
Apesar de tradicionalmente não se traduzir nomes, achamos por bem colocar em português para não perder a
graça contida nesses apelidos.
A raposa (o corredor líder) estabelece a trilha, e os cães de caça (todos os
outros corredores) correm atrás dele, seguindo as marcações ultrassecretas do
nosso clube, lutando para encontrar o caminho verdadeiro e ser o primeiro na
linha de chegada. Desde o dia de sua primeira corrida, Ruiva era uma força a ser
reconhecida. No seu segundo ano, ela chegou em primeiro lugar em todas as
corridas, não deixando dúvidas a respeito de quem deveria ocupar o meu lugar
quando eu me formasse, embora a honra do corredor líder fosse geralmente
dada a um estudante do último ano.
Molhada, quente e tão pronta que ela se balançou contra a minha mão
com esse gemido sexy e me implorou para ser seu primeiro. Me implorou para
levá-la, ali mesmo, no chão, nas folhas ou contra uma árvore, onde eu quisesse,
desde que eu não parasse até dar um jeito na sua maldita virgindade de uma vez
por todas.
—Eu não me importo se esse não é o jeito que deveria ser. —Ela disse, os
dedos enroscando no meu cabelo. —Eu quero você. E confio em você. E não há
outra pessoa no mundo com quem queira fazer isso. —Seu hálito roçando meus
lábios, me fazendo ansiar por outro gosto dela. —Por favor, Curvado. Fique
comigo. Agora. Esta noite. Antes de você ir embora.
—Eu não estou pronto para isso, Calcinha. Não posso. —Gemo enquanto
ela encontra a minha ereção, me esfregando através do tecido fino do meu short
de corrida.
Isto é tão errado, porra. Ruiva é uma amiga e apenas uma amiga.
Mas merda, eu quero mais do que meus dedos em sua bocetinha quente.
Eu a quero debaixo de mim, se contorcendo enquanto mostro para ela o quanto
estou pronto para fodê-la. Mas ela não mentiria sobre ser virgem. Ou qualquer
outra coisa. Calcinha é uma ferrenha defensora da verdade. Se ela diz que esta é
sua primeira vez, então é.
Mesmo assim, não é com a dor física que eu causaria que estou mais
preocupado.
Ruiva é durona e joga duro, mas ela tem a sua quota de problemas. Ela
tem um pai insensível e egoísta, nunca conheceu a mãe e está lidando com uma
série de outras coisas que ela mantém hermeticamente guardadas. Ela é durona,
mas ela também é mais vulnerável do que ela deixa transparecer, e não é a
pessoa mais emocionalmente estável.
Ter seu primeiro amante num caso de uma só noite não é o tipo de coisa
que vai ajudá-la a ser mais estável. E não quero tirá-la de seu jogo. Eu gosto da
Ruiva.
—Oh, Deus. —Ela diz, a voz presa enquanto treme contra mim. — Eu
nunca... oh Deus, não posso, eu vou cair.
— Não, você não vai. —Envolvo meu braço livre ao redor da cintura dela e
seguro firme. —Estou te segurando. Agora goze para mim. Eu quero sentir você
gozar, Ruiva. Eu quero você em meus dedos, linda.
Sua respiração acelera e um segundo depois ela está chamando meu nome
enquanto goza, mas não é meu nome verdadeiro. Ela não sabe que meu nome é
Aidan e eu não tenho ideia de como seus amigos da vida real a chamam.
E ela merece alguém que faça amor com ela, não que apenas transe e tire
a sua virgindade. Ela merece alguém em que ela possa confiar seu coração, seu
corpo e seus segredos bem guardados, mas eu vou sair do país amanhã. Mesmo
se eu quisesse, mesmo se eu estivesse pronto para algo tão intenso como o que
suspeito que eu poderia ter com Ruiva, eu não posso ser esse alguém.
Eu saio da memória com um arrepio... e uma ereção que não irá embora.
É sério não irá. Vinte minutos mais tarde, depois de passar pelo caminho
oposto ao redor do lago para evitar quaisquer agentes da lei persistentes na área,
ainda estou lutando contra um pau duro. Enquanto pago o garoto ranzinza pelo
aluguel da canoa e um pouco mais para ir buscá-la na enseada, escondo a
situação com minha camiseta e depois vou em direção ao metrô, sentindo-me
estranhamente um idiota, considerando que eu fiz minha boa ação do dia.
Bash e Penny estão juntos novamente, meu melhor amigo saiu de seu
abismo de desespero e ninguém foi acusado de um crime.
Para ter certeza, pego meu celular e mando uma mensagem para Bash:
Olho por cima do meu ombro para me certificar de que não tenha
ninguém na minha cola. Mas a coisa mais ameaçadora na calçada atrás de mim é
uma menina com um sotaque de Long Island falando muito alto em seu celular.
Com sorte, se alguns policiais aparecerem, vão prendê-la por se recusar a mandar
mensagens como um ser humano decente, e me deixarão em paz.
Aposto que sim. Bash responde. Penny quer que eu lhe diga
obrigado, a propósito. Ela diz que você tem coragem.
Eu: Ha. Ha. Muito engraçado.
Eu sorrio. Por quê? Preocupado que ela possa ver algo que
ela goste? Eu observo as bolinhas pontilharem minha tela, antecipando uma
resposta espertinha, mas Bash me surpreende.
Eu suspiro. É verdade. Bash pode ser um filho da puta frio e duro quando
precisa ser, mas à primeira vista, ele parece o tipo de cara que vai apertar sua
mão e pedir a localização do bar mais próximo, não caçar e cortar o seu coração
por foder com a garota dele.
Embora ele faria isso. Eu sei que se alguém ameaçasse Penny, Bash faria o
que fosse necessário para mantê-la segura. Ele provou isso quando roubou um
cavalo e montou atrás dela como se estivesse incorporando o ator de faroeste
John Wayne. Mas sua valentia não passa da superfície, o que significa que estou
preso com Beth pelo próximo mês, ou o tempo que levar para convencer seu ex a
recuar.
Bash nunca esteve apaixonado antes, e eu saí com ele e sua última
namorada, mas nunca o vi olhar para ninguém como ele olha para Penny. É como
se a resposta para cada pergunta estivesse bem ali, naquele corpinho cheio de
curvas. Naqueles grandes olhos castanhos. Nos braços da pessoa que tem
provado a ele quem ele realmente é, no íntimo por baixo de todas as besteiras, é
o suficiente.
Faz um longo tempo desde que eu estive com alguém que me fez querer
mostrar o meu íntimo. Faz ainda mais tempo desde que eu me permiti começar a
colecionar esses momentos, essas memórias, essas partes de uma pessoa que,
pouco a pouco, faz você se perguntar se é realmente isso. Se esta é sua chance de
algo mais do que uma conexão casual. Se esta é a pessoa que provará que o amor
não é uma mentira ou um conto de fadas ou algo que começa a morrer no
momento em que nasce. Que o amor é real e que pode durar, embora todos os
casais que você conhece estão vacilando, enfraquecendo ou quebrados além do
reparo.
Sempre que ouço sobre um domador de leões dilacerado pelos felinos que
treinou desde o nascimento, ou um homem barbaramente assassinado pelo
chimpanzé que ele salvou de caçadores ilegais, eu penso sobre o amor. O amor é
uma criatura selvagem e indomada. E não importa o quanto seja bonito ou
sedutor, não se pode confiar que não vá acordar com uma bola de pelo na sua
bunda e decidir arrancar seu rosto.
Caro Curvado,
Com os cumprimentos,
Calcinha de Bolinhas
Querida Calcinha,
Bem-vindo ao clube,
Curvado (C para os amigos)
Muito gentil.
Caro Curvado,
Entendi.
Atenciosamente,
Calcinha.
Querida Calcinha,
Curvado.
CAPÍTULO 4
E agora ela está aqui, encontrando meu olhar através do Café Francês
lotado-para-uma-segunda-feira-de-manhã com uma expressão calma e cautelosa
que não é nada como a Calcinha confiante e secretamente vulnerável que me
lembro, e tudo o que quero fazer é virar e ir embora.
Dói vê-la assim, com sua linda boca muito apertada nos cantos, com os
olhos entrecerrados e com uma curva de tensão em seus ombros que está se
tornando muito familiar. Minhas duas primeiras clientes tinham a mesma curva
no topo de suas colunas, como se estivessem perpetuamente prontas para se
enrolarem em uma bola e se esconderem. Essa curva me garante que Ruiva não
reservou uma intervenção do Patife Espetacular como uma desculpa para se
conectar com um velho amigo da faculdade. Ela está aqui porque ela é Beth
Jones, uma advogada bem versada na lei, que ainda é incapaz de proteger-se de
um ex-namorado que se recusa a aceitar um não como resposta.
Graças a Bash muito distraído nas duas últimas semanas, eu não sei muito
sobre a situação de Beth, apenas que ela está sendo perseguida por um ex que a
quer de volta e que ela precisa de alguém “perigoso” ao seu lado para convencer
o cara a ir embora.
Não, eu não sei muito, mas posso dizer que ela está enrascada. Ela está
com problemas e por algum motivo pensa que eu sou a pessoa que pode ajudá-la
com isso. Mas eu não sou. Bash foi claro sobre as regras desde o início: não
confundir fantasia com realidade, nunca desenvolver um relacionamento pessoal
com uma cliente e nunca deixar as coisas irem mais longe do que um beijo.
— Eu sei que isso parece estranho. —Ela diz quando paro na frente de sua
mesa. Sua voz é tão rouca e confiante segundo me lembro, me fazendo desejar
que a sua situação não tenha atingido o nível Terrível. Pode levar algum tempo
para reservá-la com Bash e não quero que ela fique estressada ou em perigo
enquanto fica à espera de ajuda.
—Mas eu realmente não tinha ideia que você trabalhava para esta
empresa quando entrei em contato com o seu chefe. —Ela continua, os dedos
enrolando em volta de sua caneca. — É apenas uma louca coincidência.
— Você está brincando. —Minha testa enruga. Ruiva nunca foi uma
mentirosa, mas as chances de que alguém que conheço acidentalmente se
tornasse a minha terceira cliente são bem poucas.
Ela balança a cabeça. — Não, não estou. Bash ajudou uma amiga a mandar
seu ex para a prisão por fraude de títulos no ano passado. Ela me encaminhou
para a Magnífico Bastardo Consultoria, e quando Bash ouviu os detalhes da minha
situação, ele sugeriu que eu desse uma olhada no arquivo do seu associado. Eu
não tinha ideia que era você até que vi as fotos. —Os lábios dela arqueiam de um
lado. —Belo portfólio, aliás. Eu gosto da foto nos trilhos de trem, aquela onde
você está olhando para a câmera com as veias do seu pescoço saltando.
—Duvido disso. Mas você está empenhado nessa coisa de músculos, não
é? —Seus olhos descem pelo meu peito, onde eu sei que a minha camiseta preta
apertada exibi meu peitoral da melhor maneira possível. —Quando vi pela
primeira vez as fotos, eu não estava completamente certa de que era você. O
rosto era o mesmo, mas o Curvado que eu conheci se parecia mais com um
jogador de futebol do que com um gladiador.
—Cat, por favor. —Ela diz. — Meu nome completo é Catherine Elizabeth,
mas sempre uso só Cat.
Cat3. Concordo. Cai bem melhor do que um nome doce à moda antiga
como Beth. É leve, divertido e malicioso, como a garota que eu conheci, a menina
que ainda está dentro da mulher que ela se tornou, embora ela só pareça como
uma advogada poderosa. Do seu brilhante cabelo ruivo sem um fio fora do lugar à
sua unha francesinha e o vestido de designer, Cat parece bem cara.
Eu abaixo a minha voz para não ofender o chef francês irritadiço que faz o
meu Pain Suisse favorito na cidade. — Eu não me importo com o quanto eles são
cuidadosos com o corte e o manuseio, comer carne crua é uma má ideia.
Acrescente um ovo cru em cima e você está pedindo por um encontro com E.coli.
Mas eu? Eu sou inofensivo. Você sabe disso.
Ela segura o meu olhar, sem piscar. — Você realmente acredita nisso, não
é?
—Acredito. —Começo a sorrir, mas sua expressão séria corta meu sorriso.
—Você não?
3
Cat em inglês também é gato, daí a analogia que ele faz.
sociopata.
O sulco na minha testa se aprofunda, mas ela fala antes que eu possa
insistir que sou muito mais um gatinho do que um psicopata.
—E é por isso que preciso de você. —Ela engole, a garganta pálida dela
trabalhando, deixando claro que este discurso não foi fácil para ela. —
Recentemente eu estive envolvida com um homem que também é destemido e
sem limites. Mas acontece que ele não está a duas paradas de ser perigoso. Ele
está guiando o trem louco até a última estação, e ele me quer no assento ao lado
dele. —Ela pisca rapidamente antes de continuar em voz baixa: —E se eu não
estiver onde ele quer que eu esteja, ele prefere que eu não esteja em lugar
algum. Se é que me entende.
—Mas você não é um advogado que trabalha para algumas das pessoas
mais sórdidas e ricas em Nova York. —Ela corta suavemente. —Você não está
planejando uma campanha para prefeito, ou planejando o quão rápido você pode
fazer o seu caminho para a Casa Branca. Tirando a parte de garantir que ninguém
pegue uma infecção de uma pistola de tatuagem contaminada, você não precisa
se preocupar com a sua reputação.
Sua mão se estica para cobrir a minha, enviando uma onda de calor que se
espalha pelo meu corpo, fazendo-me pensar quando foi a última vez que um
simples toque me fez sentir quente por toda parte. — É por isso que você é
perfeito para este trabalho. Nós apenas temos que descobrir como organizar
nosso relacionamento falso para que Nico entenda rapidamente e sem dor. Para
todos os envolvidos.
Apesar do que Ruiva pensa, eu não sou perfeito para este trabalho, e não
importa o quanto eu queira ajudar uma velha amiga, me envolver com Calcinha
quebraria muitas regras. Prometi a Bash que manteria as coisas profissionalmente
com as nossas clientes. E prometi a mim mesmo que não me envolveria com
mulheres que estão vulneráveis pelo fim de um relacionamento longo, do tipo
que termina de forma amigável, sem drama nem ressentimentos, quando um
deles não está bem.
Dez minutos aqui com Ruiva e já existe drama. Ela insultou minha
sanidade, minha profissão e até o meu abdômen. Mas não importa o quanto
estou incomodado por ser chamado de sociopata, eu também estou interessado
nela de uma maneira que não deveria me interessar por uma cliente.
Os últimos onze anos foram bons para ela. Ela ainda é alta e magra com
pernas esculpidas de corredora que aparecem na pequena fenda do vestido, mas
ela também é preenchida em todos os lugares certos. Seus traços se tornaram
uma versão mais suave e bonita do rosto que eu me lembrava, e pelo que posso
ver, estou supondo que sua bunda é ainda mais fenomenal do que era.
Sobre como seria cavar meus dedos em sua carne firme enquanto nós nos
beijávamos, moldar as minhas palmas na sua bunda incomparável enquanto a
pegava por trás, colocá-la sob o meu joelho e avermelhar sua bunda bonita até
que ela não pudesse pensar em nada espertinho para dizer. Até que seu sangue
estivesse bombeando forte e rápido entre suas coxas, fazendo-a se contorcer,
gemer e implorar para que eu deslizasse os dedos entre suas pernas e cuidar dela.
Cuidar dela.
Eu não posso cuidar dela. Não da maneira que eu gostaria. Não é o meu
lugar. Nunca foi e nunca será, e a melhor coisa que posso fazer pela Ruiva é dar
um fim rápido e indolor nesta reunião e encaminhá-la a alguém que realmente
possa ser capaz de ajudá-la.
—Não. Nada de mas. —Ela balança a cabeça, fazendo seu sedoso cabelo
vermelho deslizar sobre um ombro. —Você não pode voltar atrás. Temos um
contrato, e eu já paguei um depósito insano.
—E se Bash não estiver disponível para lidar com o seu caso, o depósito
será devolvido integralmente. —Empurro minha cadeira para longe da mesa,
precisando de distância física para resistir ao olhar suplicante nos seus olhos. —
Mas tenho certeza que quando eu explicar a ele que tenho um conflito de
interesses, ele vai ficar feliz em...
Dou uma tossezinha, mais perturbado por sua avaliação franca da situação
do que eu esperava.
Eu teria transado com ela nua ali na terra porque eu estava tão louco de
desejo por ela. Eu não estava preocupado em encontrar um preservativo, ou com
a responsabilidade de tirar a sua virgindade, ou com qualquer coisa além do
quanto eu precisava desesperadamente estar dentro dela. Até as bolas, enterrado
em seu doce e apertado corpo, acariciando-a até que ela fizesse os sons mais
sexys de orgasmo, enquanto sua boceta ordenhava o meu pau.
Ela cruza os dedos entre as mãos e seu tom assume um toque vulnerável
que me faz sentir ainda pior por estar ficando excitado enquanto a coloco para
baixo. —Éramos um bom time na faculdade, Aidan. Você tem que admitir. Nós
cuidávamos um do outro, nos preocupávamos um com o outro e...
—Espere Cat. Você não quer pelo menos encontrar com o Bash? —Puxo
minha carteira e jogo mais dez na mesa como um pedido de desculpas por causar
uma cena e fico de frente dela. —Eu sei que ele não é exatamente o que você
tinha em mente, mas ele é muito bom em...
—Não faça isso. Apenas... não. —Ela para do outro lado da mesa e me dar
um olhar que faz minha respiração parar. Ela está com raiva, mas não é a raiva
que me faz tremer. É o medo, o terror espreitando por trás de seus lindos olhos
que me atinge como um soco na barriga.
Ela segura o meu olhar com uma intensidade que me faz sentir como se
ela estivesse olhando através de mim, chamando minha atenção para coisas
desagradáveis logo abaixo da superfície. Me lembrando do olhar que minha
madrasta costumava me atirar da porta do meu quarto, o olhar que desanuviava
a minha cabeça fodida de adolescente e me fazia perceber que a minha caverna
estava a dois passos de se tornar um depósito de lixo tóxico.
Eu estendo a mão para agarrar seu braço, mantê-la perto o suficiente para
mostrar para a sua cabeça dura que comentários como esse são a razão pela qual
não posso ser seu cavaleiro de armadura brilhante, nós temos bagagem e um
passado que claramente está pesando em nossas mentes, mas ela é mais rápida
como sempre foi. Antes que meus dedos pudessem capturar seu cotovelo, ela
escapa e foge do restaurante. Ela corre pela calçada, fazendo os sinos acima da
porta soarem e deixando um sopro de ar quente com cheiro de lixo entrar e se
misturar com os cheiros de torradas e omeletes com ervas que borbulhavam nas
frigideiras de aço-fundido.
Quando ela escapou, ela puxou as cordas que a amarravam na cama com
tanta força que elas cortaram a sua pele. As queimaduras em torno de seus
tornozelos infectaram e ela teve que ficar um tempo afastada de sua companhia
de dança, perdendo seu primeiro papel como solista. Mas não foi perder esse
trabalho que convenceu Kayla de que medidas drásticas tinham que ser tomadas
para tirar o seu ex do caminho; foi a promessa dele de cortar seus pés na próxima
vez que ela tentasse deixá-lo, garantindo que ela nunca dançaria novamente.
E um desses homens decidiu que Cat pertence a ele, e que vai fazer o que
for preciso para tê-la sob seu poder, ou morrer tentando.
Você entende isso, idiota? Que este Nico pode fazer mais do que assustá-la
e intimidá-la? Ele pode machucá-la. Talvez até mesmo matá-la.
E se isso acontecer, você pode dar uma longa olhada no espelho e ver
exatamente de quem é a merda da culpa.
Tenho que fazer o que for preciso para convencer Cat de que Bash pode
ajudá-la a acabar com Nico. Eu vou prendê-la e me sentar em cima até que ela
ouça a razão, se for preciso. Sua vida é preciosa demais para fazer qualquer coisa
menos que isso.
CAPÍTULO 6
Puxo meu celular do bolso da minha calça jeans, com a intenção de ligar
para Bash e conseguir o endereço dela, mas antes que possa discar, vejo um flash
de verde com o canto do meu olho. É Ruiva, correndo de volta para o restaurante,
com o queixo para baixo, ombros curvados e o cabelo caindo em volta do rosto.
O olhar dela está colado à calçada à sua frente e seus dedos estão
segurando a alça de sua bolsa com tanta força que as juntas estão brancas. Ela
parece não tentar chamar a atenção, mas ela é tranquilamente a mulher mais
deslumbrante na rua. Mesmo que eu não estivesse procurando, ela ainda
chamaria a minha atenção.
Há algo em Cat que me faz querer dar uma segunda olhada e depois uma
terceira. Sempre houve. Ela não é tipicamente linda, seu rosto é um pouco
estreito demais, a boca muito grande e quando mais jovem, havia momentos em
que ela era só cotovelos e joelhos, mas ela se destaca na multidão. É como se a
luz dentro dela fosse mais brilhante do que a de todos os outros.
Eu não posso ver seus olhos por trás dos óculos, mas posso dizer que ele
está olhando para ela. É como se raios lasers disparassem de sua testa para os
ombros dela. Ele está quase alcançando e ela continua tentando se afastar dele o
mais rápido que pode, sem correr.
O que significa que esse idiota em um terno de mil dólares deve ser Nico,
o homem que não recebe um não como resposta, o homem que insiste que ele e
Red estão juntos e que experimenta perda auditiva temporária cada vez que ela
lhe diz que o sentimento acabou. O homem que tem assustado uma mulher que
eu sei de certeza que não se assusta facilmente.
A Ruiva não. Ela estava pálida e suja, mas depois de um copo de água e
um minuto para retirar a lama de seu cabelo, ela correu para a trilha e ficou até à
meia-noite bebendo cerveja com o resto de nós. Se ela já não tivesse sido
apelidada de Calcinha de Bolinha, naquele dia ela teria ganho um nome de corrida
muito mais durão.
Mesmo um quarteirão distante, posso dizer que esse cara é mais do que
Bash pode lidar. Meu melhor amigo pensa que é um coração de pedra durão, mas
no fundo ele acredita que a maioria das pessoas no mundo estão do lado do bem.
Ele espera um determinado nível de decência e não estaria preparado para um
homem como Nico. Um homem que pensa que é aceitável tratar uma mulher
independente, inteligente e talentosa como um animal que comprou em uma
loja.
Ou pior. Já conheci homens como Nico. Eles vão bater em suas esposas
sem pensar duas vezes, mas a maioria deles não sonharia em encostar um dedo
em um de seus cães.
Seus lábios abrem e as palmas das suas mãos pressionam contra o meu
peito, mas quando ela vê meu rosto, ela para de lutar.
— Olhe para mim, nenhum outro lugar. —Digo, passando uma mão em
seu cabelo sedoso. —Vamos dar um show para esse bode sem saco que ele não
vai esquecer.
CAPÍTULO 7
Tenho certeza que é o medo do psicopata que se aproxima que está lhe
fazendo perder o fôlego, mas não importa. A excitação faz com que a sua
respiração fique mais rápida também, e vou fazer o meu melhor para garantir que
Nico acredite que estamos excitados um pelo o outro.
—O que você vai fazer? —A língua dela desliza para umedecer os lábios.
—Conte-me. Quero ouvir você dizer isso.
Sou grato pelo apoio do carro quando trago minha boca a dela e murmuro
contra seus lábios. —Vou te foder até que você não consiga ficar de pé e eu tenha
que carregá-la até o telhado para o terceiro round. E então vou te ter lá em cima,
enquanto as estrelas brilham, e vou fazer você chamar meu nome tão alto que as
pessoas a três quarteirões de distância vão ouvir você gritar quando tiver outro
orgasmo.
—Eu quero isso. —As palmas das mãos descem por minhas costas para
agarrar minha bunda, fazendo meu pau inchar ainda mais. —Eu quero você. Eu te
quero tanto que gostaria que você pudesse me levar aqui mesmo. Agora mesmo.
Apenas me virar, levantar a minha...
Ela geme na minha boca e arqueia na minha mão, enquanto seus dedos
passam suavemente pelo meu corpo, explorando com apreciação febril que me
deixa ainda mais duro. Quando uma risada soa atrás de nós, eu já quase tinha
esquecido que tudo isto era para outra pessoa.
É uma risada que diz que não estamos enganando ninguém com nosso
4
Nos anos 80 e 90 na época de Halloween, os pais se preocupavam com doces que vinham envenenados, ou com
agulhas contaminadas e lâminas.
beijo quente, e posso dizer que Cat escuta isso também pela forma como
endurece sob o meu toque, mas não vou desistir tão facilmente. Continuo
beijando-a, acariciando a minha língua contra a dela, esperando até que o
bastardo de pé atrás de nós tenha a coragem de fazer algo além de rir.
Não tenho que esperar muito. Poucos segundos depois o idiota fala com
uma voz rica e com um leve sotaque que me dói admitir que é bom de ouvir.
Eu me viro para enfrentar Nico, que tirou os óculos, para olhar mais
condescendentemente de Cat para mim e de volta para ela, e praguejar
silenciosamente. Não sou daqueles caras que finge não saber dizer quando um
outro cara é atraente, e este monte de merda é um cara com uma puta boa
aparência. E um com a aparência perigosa.
—O que você está fazendo aqui, Nico? —O tom de Cat é calmo, mas não
frio, o que é estranho considerando que sei que ela não tem interesse em falar
com esse homem.
Quase tão alto quanto os meus 1,98m, Nico era bem amplo nos ombros e
peito, embora mais estreito nos outros lugares. Ainda assim, não há dúvida que
ele seria um cara mau para se encontrar em um beco escuro. Ele se mantém com
a graça dos lutadores profissionais que já conheci. Eu sou maior, mas ele seria
mais rápido e mais cruel. Sem dúvida alguma sobre a parte de ser mais cruel.
Olhar em seus olhos castanhos escuros é suficiente para me dar
queimaduras de frio. Ele está sorrindo, mas não há nada de divertido em sua
expressão, e não há absolutamente nada em seus olhos. Ele é vazio, sem alma,
até o interior, uma daquelas pessoas que nascem desprovidas de qualquer
consciência.
Ruiva estava certa. Este cara está guiando o trem louco até à última
estação. Graças a Deus ela teve o bom senso de sair e procurar a ajuda de alguém
que vai garantir que não seja atirada nos trilhos.
—Uma pergunta melhor é por que você está beijando outro homem
encostada no meu carro. —Nico diz, seu sorriso nunca vacilando.
Cat olha por cima do ombro antes de voltar para seu ex com os olhos
esbugalhados. —Meu Deus. Eu sinto muito. Eu não percebi. Eu nunca tive a
intenção...
—Está tudo bem. —Ele aproxima mais seu corpo do dela, deixando claro
que não me considera uma parte desta equação. —Eu conheço você, Catherine.
Eu sei quem você é e a maneira como se comporta quando está sendo fiel a si
mesma. Eu não estou preocupado.
—Você não vai falar com ela mais tarde e especialmente, não com ela
sozinha. —Deixo cair a falsa civilidade, permitindo que a ameaça de violência
rasteje em meu tom. —Você vai perder o seu número e esquecer o nome dela.
—Por favor, tome banho assim que chegar em casa. —Ele continua. —Não
quero sentir o cheiro dele em sua pele. —Os olhos de Nico estreitam, e posso
sentir o quanto é difícil para ele não olhar em minha direção. —O fedor é horrível.
—Tenha cuidado, amor. —Ele diz com uma voz entrecortada. —Eu odiaria
que algo acontecesse com você enquanto você anda com más companhias.
Cat aperta meu lado em um aviso silencioso, mas não olho para ela. Eu
mantenho meus olhos em Nico, pronto para encontrar seu Psicopata com meu
Filho da Puta durão quando ele finalmente corta o contato visual, e olha por cima
do ombro em vez disso. —Vamos para a parte alta da cidade, Petey. Preciso estar
no escritório o mais tardar até o meio-dia. Tenha cuidado, Catherine.
Conversaremos em breve. —Ele fala por cima do ombro enquanto circula em
torno de Cat e sai do meio-fio.
Viro-me, Cat ainda por perto, para ver um cara musculoso com no máximo
1,70m de altura, com um terno escuro e de pé do outro lado do carro, que agora
percebo ser uma limusine. Isso explica o chapéu de motorista do cara baixinho,
mas não o olhar de ódio em seu rosto. O homem atira-me um olhar que deixa
claro que gostaria de me estripar pelo meu nariz e então muda sua atenção para
Cat, quem ele claramente também não ama.
O seu nível de raiva parece aumentar quando olho em seu rosto, e quando
ele fecha a porta de Nico e abre a sua, suas bochechas estão vermelhas e seus
olhos castanhos parecem estar prestes a saltar de seu rosto.
Cat nunca fazia as coisas pela metade. Por que a sua situação com um ex-
amante-psicopata seria diferente?
CAPÍTULO 8
Caro Curvado,
CDB
Cara CDB,
Curvado.
Caro Curvado,
Algumas observações:
Um: Eu não sou uma garota. Sou dois anos mais nova
do que você e eu vou ser capaz de comprar a minha própria
cerveja em menos de um ano, então você deve respeitar a
minha quase idade adulta.
Algum dia.
Sua adorável,
Calcinha.
Querida Calcinha,
555-3826.
Mensagem de Calcinha para Curvado: Meu número está
bloqueado tão fortemente que você nunca vai descobrir qual
é, por isso nem sequer tente, mas aqui é a Calcinha.
Curvado: Uau...
Bons sonhos, C.
Eu quero socar o capô do carro desse psicopata do Nico e gritar que ele
nunca encostará na Ruiva outra vez. Ao invés disso, fico na calçada com os braços
cruzados, dando o meu melhor olhar entediado até que a limusine esteja fora da
minha vista.
Ela franze o nariz com tanta força que a ponta fica branca. — É Cat. Ruiva
ou Calcinha se você quiser o meu lado bonzinho. Ou Senhorita Legend se estiver
querendo o meu lado mau.
—E por que isso? —Passo a mão no meu cabelo. —Só para ferrar tudo
antes mesmo de começar? Ou mentir é algo que você faz para se divertir quando
o lance de ser perseguida por um psicopata se torna chato?
Esse apelido realmente combina com ela, e não apenas por causa dos
olhos verdes e da malícia. Ele se encaixa porque ela é sorrateira e diabolicamente
imprevisível, assim como um felino.
—Eu fiz isso para o seu próprio bem. —Ela diz. — Para proteger você e
Bash. —Ela olha por cima do meu ombro antes de se virar, e depois de volta para
o café onde uma fila já se formou enquanto as mesas se enchem para o almoço.
Finalmente, quando ela tem certeza que est[a tudo bem, ela acrescenta com uma
voz suave. — Eu não queria nada por escrito, apenas no caso dele ainda estar
lendo o meu e-mail.
—Nico?
Ela acena, puxando ainda mais forte a alça de sua bolsa. —Eu altero a
minha senha de e-mail todos os dias, mas não tenho certeza que seja o suficiente
para impedi-lo, e eu não... —Ela para, estremecendo quando a alça se desprende
de sua mão. Ela estremece e respira fundo. — Não devemos falar sobre isso aqui,
e não devemos discutir em público também. Há uma chance de estarmos sendo
observados. Só porque Nico foi embora não significa que ele não deixou alguém
para trás para me vigiar.
—Eu tenho certeza. —Diz Cat, mordendo seu lábio inferior. —Ele enviou
fotos para o meu escritório na semana passada. Ele disse que seu “associado”
estava me seguindo para me manter segura até que ele mesmo pudesse me
proteger, mas a verdadeira mensagem estava bem clara.
—Eu não sabia que era permitido. —Diz ela, zombando, enquanto coloca
alça maior da bolsa em seu ombro. —O contrato que assinei diz que as coisas
entre nós nunca passariam de um beijo.
—E não irão. —Ignorei a dor nas minhas bolas que comprovavam que eu
estava mais do que disposto a beijar a Ruiva há poucos minutos.
Ela estala a língua conforme balança a cabeça. —Eu não sei. Acho que já
posso ter violado essa regra. Tenho certeza que você chegou a segunda base, e
que este tipo de conversa sacana conta como, pelo menos como a terceira base.
Talvez terceira e meia.
—Terceira base e meia. —Repito, fingindo tédio, não surpreso por ela me
chamar de mão boba.
Claro que ela chamou. Ela pode parecer uma princesa sofisticada, mas
ainda é a Ruiva, um fato que me deixa mais feliz do que provavelmente deveria.
Ruiva era um problema, mas Ruiva toda educada, equilibrada e adulta é mais do
que perigosa.
—Aidan. —Ela diz baixinho, e o som do meu nome em seus lábios torna
isto mais íntimo, provando que meus instintos são nada quando se trata desta
mulher. —Então você vai me ajudar? Vamos cuidar disso juntos?
—Bom. —Deixei meus dedos percorrerem o seu braço para pegar a mão
dela e dar um aperto. —E não perca tempo sentindo vergonha. Todos nós já
5
Personagem da Marvel, seu nome verdadeiro é Marc Spector, embora ele se disfarce de outras pessoas para
melhor investigar os casos que lhe interessa.
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fizemos coisas que não nos orgulhamos.
—Sério? —Sua cabeça pende para um lado. — Até você? Sr. Sou honrado
o tempo todo?
—Ei, muita coisa pode acontecer entre duas estações de metrô! E até
mesmo sociopatas podem ter códigos de honra. —Ela insiste teimosamente,
porque ela se formou em teimosia e se pós graduou em ser um pé no meu saco.
—É só que seus códigos não são necessariamente iguais aos códigos de honra
tradicionais da maioria das pessoas. —Ela revira os olhos e acena com a mão livre
no ar. —E quem quer ser tradicional, né? Pessoas tradicionais são chatas e
previsíveis e quase nunca têm empregos interessantes como um patife
espetacular profissional.
—Estou falando sério, Catherine. —Aperto a mão o suficiente para que ela
saiba que não estou de brincadeira. —Olhe para mim. Agora mesmo.
Estou tentado a lhe dizer que neste caso é por conta da casa, mas acho
melhor não. Este negócio é do Bash. Só ele pode decidir sobre se um caso deve
ser gratuito, e provavelmente é melhor se mantermos o dinheiro envolvido.
Dinheiro vai me lembrar de que, por enquanto, sou empregado de Cat, não seu
amigo, e certamente nada mais.
Mas à medida que caminhamos de mãos dadas para o metrô, não sinto
que estou no trabalho. Parece que estou voltando em uma memória antiga
maravilhosa e me reconectando com uma menina que eu nunca deveria ter
abandonado.
CAPÍTULO 10
Mas mesmo que fosse do outro lado de Manhattan, Cave valeria a viagem.
É uma volta ao básico mentalmente, combinada com um compromisso firme para
aumentar a massa sem produtos químicos ou suplementos artificiais, é uma
raridade. Acrescente a isso uma vibração boêmia que acolhe levantadores de
peso de todas as classes sociais, independentemente de sexo, gênero, cor ou
credo e você tem uma receita garantida para me fazer feliz.
E não conte aos outros levantadores de peso, mas o fato de que minha
academia fica bem ao lado da Doce Vingança, uma padaria especializada em uns
malditos biscoitos que são incrivelmente deliciosos, não é algo para me queixar,
pelo menos não como o resto dos bebês chorões reclamando sobre o açúcar que
vai impregnar em suas formas e acabar com seus abdomens definidos. Abdômen
definido é muito bom, e eu gosto do meu abdômen, plano, sarado, mas se um
cupcake pós-treino é errado, eu não quero estar certo.
Conforme Cat e eu saímos do metrô, nos dirigimos para a Cave e seu salão
de vitaminas a prova de espiões, onde tenho certeza que não seremos
perturbados, Os Cavers dão boas-vindas a todos, mas ninguém que não seja
sócio, ou um membro com carteirinha, será barrado por Reba na recepção, estou
tentado a ir primeiramente para a Doce Vingança para uma terapia com açúcar.
Mas, graças ao relaxamento de Bash e das meias verdades de Cat, já estamos
atrasados, uns bons cinco passos atrás. E com um cara como Nico, prefiro estar
dez passos à frente, esperando com algo pesado que eu possa usar como arma
em caso de necessidade.
Reba, parece uma Betty Davis bombada, com seus olhos esfumaçados e
lábios em um bico feio de poucos amigos, me dá um joinha, enquanto lança a
Ruiva um olhar de avaliação. Eu nunca trouxe uma mulher para a Cave antes. É o
meu refúgio do mundo exterior. Eu não considero namorar uma atividade
estressante, mas prefiro não arriscar correr para amantes, atuais ou ex, quando
tudo o que quero fazer é suar e descontrair.
Mas Ruiva não é minha amante, e duvido que ela vá olhar para a Cave e
solicitar adesão. Eu aprecio a sensação de prisão que a sala de musculação
oferece com suas paredes de blocos de concreto, piso de concreto e pequenas
janelas retangulares perto do teto, mas a maioria das pessoas está à procura de
algo um pouco mais luxuoso em uma academia.
—Entendo por que você escolheu este lugar. —Cat diz, erguendo a voz
para ser ouvida sobre o barulho de pesos, os grunhidos e gemidos emitidos na
seção de supino. Ela observa a multidão de levantadores de peso, a maioria do
sexo masculino, avaliando-os com seu olhar. —A maioria desses caras parecem
muito mais assustadores do que os capangas de Nico.
—Claro que não. Essa é a melhor parte. — Eu pisco enquanto abro a porta
para ela, deixando-a entrar primeiro na masmorra da vitamina.
Exceto pelo cara que está preparando nossos pedidos e duas mulheres
que eu já havia visto na Cave antes, estamos sozinhos. O cara do liquidificador
está ocupado e as mulheres estão se debruçando sobre suas Explosões de
morango, fofocando em voz baixa sobre alguém de seu prédio. Eles estão nos
ignorando completamente, e vamos ser os primeiros a ver quem entra no bar.
Nós estamos em um ambiente seguro e controlado, e não há tempo a perder. O
inimigo está adiantado, e nós ainda nem sequer começamos a elaborar um plano
de batalha. Eu deveria ir a fundo, logo nos detalhes sórdidos.
Em vez disso, hesito, uma parte minha querendo adiar a conversa sobre
este homem que Ruiva amava antes de tudo dar em merda.
Bash pode ter deixado seu trabalho de lado desde que ele e Penny se
separaram no mês passado, graças a Deus ela está de volta e as coisas na
Bastardo Magnífico Consultoria em breve voltarão a seu estado obsessivo
compulsivo de organização, mas o formulário inicial de Cat até que tinha algumas
informações úteis. Evidentemente, os sentimentos entre ela e Nico nem sempre
foram unilaterais. Ela estava bem envolvida com ele e foi “carregada pela
intensidade” de seu relacionamento.
Lembro-me que essa foi a frase exata que ela usou, mas é difícil imaginar
Cat sendo carregada por qualquer coisa.
Ela não é desse tipo de pessoa. Ela é sensata, lógica, apaixonada, mas uma
mulher que reserva o fogo dela para as injustiças sociais, mas relações
interpessoais não. Na verdade, com exceção daquela noite, quando ela parecia
tão envolvida pela química entre nós quanto eu, eu nunca vi Ruiva perder o
controle. Ficar com raiva, falar alto, ficar mal-humorada, sim. Mas nunca perder o
controle.
Mesmo naquela noite na floresta, o lapso em sua contenção foi físico, não
emocional. Ela não estava apaixonada por mim; ela só queria se livrar de sua
virgindade com um amigo em quem confiasse.
O que fez uma mulher prática como Cat ficar devastada com esse tipo de
amor desajustado?
Ela dá de ombros, uma incerteza no gesto que também não é da Cat que
me lembro. —Quero dizer, de certa forma somos velhos amigos, mas por outro
lado somos estranhos. Eu sei o que vai fazer você rir, mas até hoje nem sabia o
seu nome, muito menos qualquer coisa sobre seu passado ou o que você andou
fazendo durante os últimos onze anos.
—É meio estranho, eu acho. Mas isso é o que faz com que os clubes de
corridas sejam tão legais. Você tem toda a diversão de um grupo fechado de
amigos sem o drama da vida real.
— Você está certo. —Ela diz, com um sorriso melancólico. —Nós tivemos
muita diversão. Talvez eu volte para aquele estilo de vida quando tudo isso
acabar.
—Se você gosta de hipsters com camisa vintage falsa intoxicados por
álcool.
—Eu sou uma escoteira Apache, lembra? —Ela aponta dois dedos em
direção a seus olhos antes de virá-los em minha direção. —Eu não deixo nada
passar. —Seu sorriso congela. —Exceto tudo que me aconteceu durante os
últimos seis meses. Como por exemplo o meu ex, atolado em dinheiro sujo e com
conexões com a máfia que remontam a cinco gerações.
—Touché. —Ela diz ironicamente. —Mas em minha defesa, Nico era bom
em esconder as coisas que ele não queria que eu visse. Pelo menos no começo. —
Ela passa a mão pelo cabelo dando um longo suspiro. —Que é por onde eu
deveria começar. Ou talvez até um pouco antes.
Ela acena com a cabeça novamente. —Tudo começou quando meu pai
morreu. Foi logo depois da grande tempestade de neve do ano passado, aquela
que nos deixou sem energia elétrica por quase uma semana.
—Os pais podem ser difíceis. —Cruzo meus braços, pensando em meu
próprio pai. Nós nos damos melhor do que antes, mas sempre vou ser uma
decepção para meu querido e velho pai. Eu escolhi a paixão invés da centena de
anos de tradição familiar, e ele nunca me perdoou por isso, não importa o quanto
ele é orgulhoso de mim pelo meu negócio bem-sucedido desde o início.
Ruiva concorda com a cabeça. —Sim, eles podem ser. E meu pai era. Até o
fim.
—Sem uma boa despedida, e eu pensei que estava bem com isso. Mas se
fosse verdade, eu não teria me envolvido com Nico. Eu sabia desde o segundo em
que o conheci que ele era problema. Embora, nunca imaginei que ele estivesse
envolvido com algo ilegal. —Ela ri ofegando. —Nós nos conhecemos em uma
conferência em um bar, pelo amor de Deus. Até onde eu sabia ele era apenas
mais um previsível diretor do setor jurídico de alguma das 500 empresas da lista
da revista Fortune.
—Ele é, mas ele não é apenas um CEO do mal. —Ela se inclina baixando a
voz. —Ele também é um consigliere7, assessor jurídico de uma das últimas
famílias da máfia de Nova York, e terceiro na linha para ser o grande chefe da
máfia da próxima geração. E, considerando o volume de negócios, faz sua
ascensão para a classe do tipo do Al Capone bastante provável.
—Bem, que merda, Ruiva. —Droga. Isto é ainda pior do que eu pensava.
Nico não é apenas uma peça de uma máquina perigosa; ele é uma das pessoas
que dá as ordens.
E programa os golpes.
7
Conselheiro: uma alta posição na liderança da máfia siciliana nos EUA.
CAPÍTULO 11
Cat estremece. —Eu sei. Mas honestamente não acho que ele quer ser um
senhor do crime. Como eu disse, ele tem aspirações políticas, até mesmo fantasia
com a Casa Branca. Ele tem tentado se distanciar desse mundo.
Eu bufo. —Não importa. Um cara com laços com a máfia, mesmo os mais
distantes, nunca vai ser presidente.
Seus lábios retorcem. —Eu não sei. Quando Trump ganhou para as
eleições primárias todas as minhas noções pré-concebidas de que o povo
americano não aguentaria um cara grosso, louco e estranhamente laranja foram
jogadas pela janela.
—Bem, ele era encantador da sua maneira. —Ela diz, jogando a bola de
papel no centro da mesa. — E o sexo era fenomenal, porra.
—Mas eu não tenho a mínima ideia do porquê deixei que as coisas fossem
tão longe. —Ela agarra sua bebida da mesa e suga vigorosamente o canudo,
drenando-o. —Talvez eu tenha um tumor cerebral ou algo assim. —Ela coloca o
canudo de volta em sua boca e toma outro gole gigante.
—Esperemos que não, mas você vai congelar o cérebro se não for
cuidadosa.
—Só por algumas semanas. —Ela olha para as mãos, sem encontrar meus
olhos. —Assim que eu disse sim, o nosso relacionamento mudou. Ele começou a
ficar mandão comigo fora do quarto e presumiu que teria um nível de controle
sobre a minha vida que eu nunca aceitaria. Ele queria que eu saísse do meu
emprego e que lhe mandasse mensagens cada vez que deixasse seu edifício. Ele
ainda falou sobre colocar um dispositivo de rastreamento no meu carro... —Ela
balança a cabeça. —Todas essas loucuras. Mas ele insistia que era para minha
própria segurança, o que me fez questionar o que eu deveria ter perguntado no
início.
Mancuso.
Eu não estou a par dos eventos atuais, prefiro ver as notícias pelo Onion 8 e
dos ativistas políticos bêbados que vão na loja se tatuar, mas até eu sei sobre os
Mancuso. Eles são a família criminosa mais intocável de Nova York, um grupo de
criminosos altamente inteligentes e perigosos que conseguiram evitar processos
por décadas, tudo ao mesmo tempo governando um império construído sobre
sangue e medo. Os procuradores federais tentaram levar os chefões dessa
organização a julgamento duas vezes, mas cada vez que tentaram testemunhas-
chave desapareceram antes que pudessem testemunhar, e os chefes da máfia
foram soltos.
Desaparecendo...
8
Jornal humorístico dos EUA.
CAPÍTULO 12
Bash: O que há para ter ciúmes? Até onde ele sabe você e
Catherine tiveram um brunch.
Aidan?
Mas agora é tarde demais e vou ter que passar por isso
da melhor forma possível.
Ruiva lutou para se livrar de mim, parando para pegar o primeiro trem
para o Bronx e voltando, depois tentando me deixar em Times Square, movendo-
se entre os trens. Mas teimosamente continuo ao seu lado, ignorando seus
protestos de que passar a noite na casa dela é a ideia mais estúpida que já foi
concebida pelo homem.
Finalmente, por volta das sete horas, ela desiste, desembarca na estação
da rua 14, e me leva para a silenciosa e clara superfície do entardecer.
—Prefiro pegar algo do lixo. —Ela diz, com a voz rouca depois de horas se
esforçando para ser ouvida sobre o barulho dos trens subterrâneos.
—Mais uma vez, eu estava mentindo para protegê-lo. —Ela diz, cansada.
—Não quero que você se sinta obrigado a me convidar para o seu clube e depois
ficar todo estranho. Eu estava tentando manter secreto o seu lugar seguro,
amigo.
—Bem, essa foi uma boa razão para mentir, pelo menos. —Digo,
apreciando a forma como a luz da noite ilumina os tijolos vermelhos que
revestem as casas. —Bairro agradável. Você vive aqui há muito tempo?
—Eu estou aqui há cinco anos. É louco não termos nos cruzados antes. Eu
corro por aqui o tempo todo depois que termino de correr por High Line.
—Você parece do tipo que tem cortinas de gaze branca. —Eu a sigo
subindo os degraus. —Embora eu ache que poderia vê-la com flores azuis, ou que
“quem-se-importa-como-a-minha-janela-parece” com um leve bege. Mas não o
com cortina de super-heróis, a menos que haja algo que você não me disse.
—Sem cortinas. —Ela ergue a cabeça, olhando para mim através das
pálpebras entreabertas. —Gosto de andar nua após o banho e dar aos bombeiros
que vivem do outro lado da rua um show gratuito. Eu sinto que é o mínimo que
posso fazer para mostrar o meu apreço pelo Batalhão Doze.
—Meu cão de guarda. —Ela diz à medida que sobe a escada estreita. —
Ele é muito cruel. Na verdade, é melhor me deixar entrar primeiro e acalmá-lo
antes de entrar.
—Bem, se sua bunda espertinha for mordida, não venha chorar para mim.
Venho treinando Fang para atacar sob ordens. —Seus olhos estreitam
perigosamente. —Às vezes, ele aguarda meu comando; outras vezes não.
Eu concordo. —Entendi. Nada de chorar para você. Mas sou bom com
cães. Tenho certeza de que Fang e eu, nos daremos muito bem.
Seus lábios se separam, mas eu a corto antes que ela possa começar a
discutir comigo novamente.
—E essa é a maneira que vai ser pelo resto da nossa relação de trabalho.
Vou ouvir e respeitar a sua opinião, mas no final eu vou escolher o curso de ação
mais adequado para que você permaneça inteira. Esse é o trabalho que você me
contratou para fazer, e eu vou fazê-lo.
Seus olhos piscam, raiva e algo mais íntimo cintila em suas profundezas
verdes. —Você simplesmente não aguenta deixar qualquer outra pessoa assumir
a liderança, não é?
—Eu adoraria. —Ela explode. —Vá para casa. Pegue um tempo. Volte
amanhã. Eu vou estar com o humor melhor depois de não ter andado de metrô
por quatro horas.
—Isso foi sua culpa, Catherine. —Forço um sorriso, mesmo que minha
mandíbula esteja tão tensa que parece estar prestes a quebrar em duas. —Se
você não tivesse continuado a forçar a barra, poderíamos estar cozinhando e
bebendo uma cerveja horas atrás e talvez fazendo algum progresso na resolução
de seu problema com o mafioso.
Ela faz um som engasgado. —Isso foi uma piada de O Poderoso Chefão?
Você está brincando sobre isso?
Fang rosna de novo, mas desta vez tenho a impressão que tem mais a ver
com os dedos de Cat apertando no minúsculo peito do cão do que eu estar muito
perto para seu conforto.
—Tem certeza? —Não resisto a irritá-la, mesmo que eu saiba que não é
inteligente. Eu deveria ser pacífico com ela e me comportar profissionalmente,
nos colocar de volta no caminho certo para resolver o problema com Nico.
Mas droga, ela me toca como ela sempre tocou. Como nenhuma outra
mulher jamais conseguiu. E foi ela quem nos conduziu por este caminho pouco
profissional quando mentiu na sua inscrição e em seguida, deu-me horas de
irritação pelo pecado de fazer o meu melhor para protegê-la. Agora é a minha vez
de ser um pé no saco.
—Será mesmo? —Eu me inclino ainda mais perto, continuando com uma
voz suave e rouca. —Então, se eu deslizasse a minha mão por sua coxa esta
manhã, sua calcinha não teria ficado molhada? Nem um pouco?
Seus olhos estreitam, mas ela não responde. Pelo menos não
verbalmente. Mas a respiração fica mais rápida e as pupilas dilatam, me dando
incentivo suficiente para continuar em um sussurro. —Você não estava molhada,
Ruiva? Para mim? Porque mesmo que você estivesse preocupada com o homem
te seguindo, tudo o que podia pensar era em minhas mãos em você e minha boca
em você e qual de todos os itens acima você mais queria?
Sua pele fica um tom de rosa tão profundo que é quase fúcsia, uma cor
que eu só vi em ruivos e somente quando ele ou ela estavam profundamente
mortificados.
Mas conheço suficientemente bem esta ruiva para saber que o seu rubor
não é um rubor envergonhado. É o seu rubor: Eu estou a ponto de te derrubar. E
droga, uma parte de mim espera que ela me ataque. Agora, existem algumas
coisas que eu desfrutaria mais do que ficar lutando com Ruiva até estarmos
ambos quentes e incomodados.
Até ter as suas mãos presas acima de sua cabeça, seu corpo preso sob o
meu e as pernas em volta da minha cintura apertando tão firme que eu possa
sentir a sua boceta pulsar entre suas coxas. Sentir sua pulsação contra meu pau,
deixando-me saber que ela está tão excitada quanto eu.
Ela pode bufar, zombar e cuspir insultos o quanto quiser, mas seus
mamilos estão duros debaixo desse vestidinho sexy, seus lábios estão separados,
e cada sopro quente de sua respiração contra a minha boca é um desafio que
estou morrendo de vontade de aceitar. Estou prestes a beijá-la, disposto a
arriscar um tapa no meu rosto por um outro gostinho de sua boca doce quando
ela levanta a mão entre nós e diz: —Eu invoco o Conselho Religioso. —E eu não
tenho escolha, senão ficar parado.
Assim, enquanto olho para baixo para seus grandes olhos preocupados,
tenho a sensação que não vou gostar do que ela tem a dizer.
Calcinha de bolinhas
Habilidade, Calcinha.
Curvado: 👃🍺 💦
9
Abreviatura para Universidade da Pensilvânia.
Curvado: Ah! Calcinha tem um crush! Isso é tão fofo.
Eu sei que não sou a mais sexy, mas compenso isso com
um bom entretenimento e geralmente, basta um primeiro
encontro para perceberem se têm ou não interesse no meu
tipo particular de loucura.
Calcinha: Aii.
Curvado: Que é?
Calcinha: � 🍺 ☠️ Feito.
Calcinha: Desculpe-me?
Olá?
Calcinha…
Curvado: Pare.
Calcinha: Mas estou falando sério, doce. Você ganhou. Você
é mais doce do que doce de batata doce.
Curvado: �
10
Trocadilho com o filme de Kevin Costner, Dança com Lobos.
preferiria ser chamada de esquilo feroz do que querida.
Demonstra uma originalidade, sabe?
Cat e eu nos encaramos por sobre a ilha da sua cozinha, que é grande para
os padrões da cidade, como o resto de seu apartamento, fazendo-me pensar que
ela deve estar indo muito bem, qual seja o seu ramo de advocacia.
Não estou surpreso, é claro. Era evidente, quando a conheci que Ruiva
poderia fazer qualquer coisa que ela quisesse.
E isso é provavelmente porque esta coisa com Nico seja tão difícil para ela.
Ela é o tipo de pessoa acostumada a tomar as decisões e resolver seus próprios
problemas. O fato de ela ter contratado alguém para ajudá-la a sair de uma
confusão, está completamente fora do seu elemento. Ela está em território
desconhecido, algo que eu deveria ter lembrado antes de perder a paciência e o
controle da minha boca.
Mas meu pau não quer esquecer. Ele não dá a mínima para como é
antiprofissional dar em cima da minha cliente. Ele só quer ficar nu com Cat e
compensar todos aqueles anos atrás.
—Pronta como nunca vou estar. —Sua língua desliza para molhar seu
lábio inferior, e eu finjo que não estou pensando em mordê-lo.
—Você se lembra de como isso funciona, não é? —Ela leva a mão à boca e
lambe as costas, segurando meu olhar quando pega o saleiro. —Depois de cada
confissão, bebemos. E tudo o que dissermos desde o momento que abrirmos o
Conselho Religioso até as palavras finais da cerimônia é secreto, nunca será
repetido para outra alma viva.
Ela passa uma mão sobre seu lábio superior antes de apoiar as palmas
sobre o balcão. —Depois que você foi apagar a fogueira, eu fui dar uma
caminhada ao redor do lago com o que você abandonou. Fumei tudo. Sozinha.
Eu estremeço. —Aquela não era uma erva boa. Sinto muito que a sua
primeira experiência tenha sido horrível.
—Ela realmente era horrível. Foi tão horrível que pensei que morreria. E
se eu soubesse o seu nome, eu teria te entregue para os policiais num piscar de
olhos. Porque até às duas horas da manhã eu estava tão alta que via gremlins no
teto e estava convencida de que você estava tentando me matar. —Ela pega a
primeira dose de tequila. —Perdoe-me, amigo, pois eu pequei.
—Não. Só que sinto muito, e tenho certeza de que não foi uma ótima
maneira de terminar o seu segundo ano.
—Não, não foi. —Ela balança a cabeça vagamente, sua linguagem corporal
já mais relaxada do que esteve durante todo o dia. Eu não sei se foi a confissão ou
o álcool, mas é bom ver seus ombros relaxarem. —E isso só piorou. Meu pai
descobriu, porque é claro que ele descobriria, ele sempre sabia exatamente o que
eu fazia, especialmente quando eu fazia algo que não deveria e ele agiu como se
eu tivesse assassinado um rebanho de ovelhinhas por diversão.
—Eu tinha guardado dinheiro que era suficiente para pagar minha classe
de reabilitação para voltar às boas graças com a faculdade. —Ela continua. —Mas
meu pai sabia que prisão por porte de maconha poderia me impedir de entrar na
academia de treinamento do FBI. Que sempre foi seu sonho, não o meu, mas ele
lamentou a morte da minha carreira como Agente Federal com força suficiente
por nós dois.
Ela balança a cabeça, fazendo seu cabelo sedoso deslizar nos ombros.
Tenho um súbito e poderoso desejo de passar a minha mão por todo o vermelho
e deixar deslizar por entre meus dedos. Eu sei que vai parecer como seda, mas
mais vivo, uma entidade com uma vontade própria que quer tocar e ser tocado.
O toque seria muito menos doloroso do que ouvir como uma noite
estúpida quando erámos praticamente crianças destruiu a vida dela por mais de
uma década.
—Não, não foi sua culpa. —Ela diz. —Foi culpa do meu pai, mas toda essa
merda com ele complicou a maneira como eu me senti em relação a você por um
tempo.
Ela desliza os dedos através do sal sobre o balcão. —Eu estava. Foi por isso
que não enviei nenhum e-mail, mesmo tendo falado que manteríamos contato.
—Ela inclina a cabeça no ombro com um sorrisinho. —Bem, isso e o fato de que
você nunca enviou um e-mail. Ou mensagens. Ou qualquer outra coisa. Que foi
como uma pista, você sabe, e eu sou boa com pistas.
Eu luto contra um sorriso. —Sim, bem, sua bunda era e é uma coisa difícil
de afastar o olhar. Sou apenas mortal.
Ela revira os olhos. —Sim, bem, você definitivamente enviou sinais mistos,
e uma ruptura limpa, provavelmente, era o melhor. —Seu sorriso desaparece
quando ela estende a mão para pegar sua próxima dose em um círculo lento no
balcão. —Mas também foi estranho. E triste. Você era como uma grande parte da
minha vida, e então de repente você se foi. Como se você nunca tivesse estado lá
para começar.
Ela gira o copo mais rápido. — E eu era apenas mais uma garota.
—Não. Você não era. —Quero levantar e pegar sua mão, agarrar seus
dedos e passá-los entre os meus, mas ainda não ganhei o direito de tocá-la assim.
Não em particular, quando isso significaria algo mais do que montar uma cena
para deixar outro homem com ciúmes.
Ela ri, uma risada alegre que me surpreende, apesar do tom pesado da
conversa. —Bem, droga. Isso é péssimo, Aidan. Estou feliz que você não ligou,
então.
—Sério, isso seria pior. A única vez que um cara me disse isso, eu quase
dei um soco na cara dele. Então decidi despejar uma taça de vinho em seu colo e
lhe dizer que a minha decisão de fazer isso tinha tudo a ver com ele.
—Acho que sim. —Ela levanta o queixo, encontrando meu olhar frio com
um mais frio ainda. —Mas vou fazer a minha segunda confissão de qualquer
maneira. Nunca houve qualquer Sr. Inatingível. Bem, havia, mas ele não era um
amigo do colégio interno. Ele era você. Você era meu Archie da Aliança. —Ela
aperta os lábios, mudando o riso para um irônico. —Eu estava caidinha por você,
cara. Muito. Que beirava ao ridículo.
—Porque foi...
—Diga a sua parte. —Ela diz com uma voz rouca. — E beba.
Eu pego meu copo, encontrando seu olhar por cima da borda. —Eu te
absolvo em nome da raposa, do caçador e da cerveja que nunca nos
decepcionará. —Bebemos, nenhum de nós afastando o olhar, mesmo quando
batemos com força os copos na mesa.
—Sério, Ruiva, eu não sou tão idiota quanto pareço. Após aquilo na
floresta, eu descobri que você sentia algo por mim. Embora, sim, eu deveria ter
descoberto isso muito mais cedo.
Ela remexe seu pescoço, um movimento sensual que é tão sexy, que tudo
o que posso pensar é o quanto quero meus lábios em sua garganta, sentir o seu
sangue pulsar sob a pele pálida. Mas entre o passado fodido e o presente fodido,
esta ilha da cozinha entre nós poderia muito bem ser como um oceano.
—Mas ainda estou feliz por ter confessado. —Ela joga seu cabelo sobre o
ombro com um movimento gracioso de seu pulso. —Essa é uma informação que
eu queria ter certeza de que você tivesse antes de você começar a falar comigo
sobre minha calcinha novamente.
Foda.
—Sinto muito. —Digo, embora saiba que não é o suficiente. —Eu sou um
idiota. Eu nem sequer pensei sobre...
—Não, você não é um idiota. Você estava certo. —Ela pisca, seus olhos
verdes estão claros e focados. —Minha calcinha estava molhada. —Ela diz com
uma voz que vai direto para o meu pau, fazendo minha ereção voltar à vida. —
Um beijo e eu estava pronta para ir contra a limusine do meu ex-namorado.
—Eu queria que você me fodesse, tanto quanto antes. —Ela continua
apoiando as mãos sobre a ilha da cozinha. Ela se inclina para frente, concedendo-
me uma visão do decote de seu vestido e um vislumbre de renda macia contra a
pele mais macia, fazendo minha pressão subir rapidamente. —Talvez mais. Você
sempre foi bom com as mãos e a boca, mas você é ainda melhor agora. Você me
fez sentir como se eu estivesse em chamas. Por toda parte. Da melhor maneira.
Fecho minhas mãos em punhos tão apertados que minhas juntas doem.
Suor escorre entre meus ombros e uma veia no pescoço começa a pulsar. Estou
tão perto de perder o controle, mas forço minhas mãos a permanecerem no
balcão.
Ela ainda não acabou de me torturar, percebo pela cadência de sua voz. E,
esfomeado como sou, tenho que ouvir o que ela vai dizer em seguida.
—Nunca. Nem uma única vez. —Digo em uma voz muito rouca pela
luxúria para soar convincente, mesmo que eu esteja dizendo a verdade.
Eu quero muito abrir uma filial da minha loja, o suficiente para bancar o
Cavaleiro11 Assustador com tatuagens para as mulheres necessitadas, mas não o
suficiente para transar por dinheiro. Eu sou tão descarado quanto qualquer
solteirão convicto quando se trata de sexo, mas transo com quem quero, quando
quero. Porque o sexo deve ser sobre o que duas pessoas querem fazer um ao
outro, não o que um deles tenha comprado e pago.
Estou prestes a dizer isso a Cat, mas ela acena a mão no ar. —Sério. Não é
grande coisa. Mesmo se você tiver relações sexuais com mulheres por dinheiro,
eu não me importo. —Ela pega outra dose. —O que me leva a minha terceira
confissão. Você está pronto?
Ela respira fundo, mas quando fala, suas palavras são um sussurro. —Eu
ainda quero você. Eu quero você mais do que eu nunca quis ninguém, até mesmo
Nico. E eu quero resolver isso.
—Acho que devemos fazer isso. —Ela diz com um sorriso que é metade
mau e metade nervoso. —Vamos fazer isso. Vamos transar e fazer disso uma
parte do nosso acordo idiota.
11
Knight, trocadilho com seu sobrenome, infelizmente perdido na tradução.
CAPÍTULO 17
Antes que eu pudesse garantir que não vou transar com ela
absolutamente por nenhum dinheiro estúpido, vou transar com ela de graça por
que não sou um gigolô, e estou puto que ela ache que meu pau está à venda, ela
continua.
—Tenho que saber se você realmente será o melhor que eu já tive. —Ela
balança sua bebida, fazendo o líquido deslizar de um lado para o outro. —Ou se é
como Gail disse, que com você é tudo preliminares, jogos mentais e colônia
agradável, mas nada de especial entre os lençóis.
—No meu primeiro ano. —Ela diz, seu sorriso ficando ainda mais perverso.
—Depois que você partiu para o Japão. Acho que ela estava apenas tentando me
fazer sentir melhor, mas quem sabe? Ela poderia estar sendo direta. Era sempre
difícil saber com ela. A Santa Gail mantinha seus segredos no coração. Você sabe
que ela acabou se tornando uma freira, não é?
—Ela se tornou. Então, Santa Gail realmente encaixou. —Sua testa franze.
—Embora eu ache que o nome dela agora é Irmã Maria Faustus ou Maria Faustina
ou algo assim. Algo que me lembrou do Inferno de Dante quando ouvi a novidade.
—Bem, bom para ela. Espero que ela esteja feliz. —Digo, não realmente
surpreso em saber que a vida de Gail foi nessa direção. De todas as meninas que
namorei na faculdade, ela era a mais doce e a mais bonita, mas também a mais
devotada e a menos interessada em saber se minha reputação de entregar
múltiplos orgasmos no quarto era verdade ou ficção.
—Não se preocupe. —Cat diz, o olhar em seu rosto, era como se ela
pudesse ler cada pensamento na minha mente. —Tenho certeza que não foi sua
falta de habilidade entre os lençóis que a levou para uma vida de celibato.
Ela murmura. —Então ela estava apenas tentando me fazer sentir melhor.
—Ela dá de ombros, servindo a tequila no copo para rodopiar novamente. —
Bem, isso foi legal da parte dela. Nesse ponto, todos sabiam que eu implorei para
você tirar a minha virgindade, e os Corredores fizeram como sua missão de vida
me sacanearem sobre isso, então eu estava bastante desmoralizada. Foi bom ter
uma palavra gentil de alguém que supostamente esteve lá, fez isso e não ficou
impressionada.
—Estou bem. —Cat responde, fazendo-me sorrir apesar dela ainda estar
me olhando como se quisesse causar danos terríveis as partes do meu corpo. — O
que é tão engraçado?
O rosto de Cat amolece. Só um pouco. —Sim, bem. Ela tem latidos muito
expressivos. Desde que era filhote.
—Tudo bem.
Seus olhos voltam para os meus. Desta vez não tento esconder o quanto
suas palavras me afetam. Seguro seu olhar, esperando que ela realmente possa
ler cada pensamento na minha mente. Porque eles são todos sacanas, e todos são
sobre explodir sua mente enquanto faço coisas perversas e maravilhosas a seu
belo corpo.
—Tudo bem? —Ela diz, com a voz um pouco mais alta do que antes.
Ela faz uma pausa com o copo a um centímetro de seus lábios. —Que
condição?
— Nós temos algumas regras no jogo, e isso deixará claro quando estou
no comando e quando não estou.
Sua bunda colide com o encosto do sofá, e ela solta uma risada trêmula.
—Entendido? —Eu paro perto, dando-lhe espaço para respirar, mas não
muito. Estou apreciando ver Cat sem fôlego.
—Exatamente. —Chego mais perto até que um pulso de calor fique entre
nós, e a energia potencial do momento faz minhas terminações nervosas
zumbirem. —Embora, eu possa amarrá-la, se achar que isso é o que você precisa.
—Você disse que você era boa em intuir o que as pessoas precisavam. —
Eu me estico, enfiando a mão em seu cabelo sedoso e o enrolo em meus dedos.
—Eu sou bom nisso também. E quando estivermos juntos, as portas fechadas, eu
vou te dar exatamente o que você precisa.
—No momento, acho que é de uma boa transa. —Puxo seu cabelo em
meu punho, provocando um grito suave e faminto de seus lábios, que vai direto
para o meu pau, fazendo os 22 centímetros lutarem para arrebentar meu zíper só
com a força da luxúria. —Uma transa que vai te tirar de sua cabeça e de seu
corpo. —Mergulho minha cabeça até meus lábios roçarem a pele macia de sua
garganta abaixo da orelha, inalando o cheiro gostoso dela enquanto acrescento:
—E fazer você esquecer o quanto você acha importante manter o controle.
—Porque essa é a parte mais fácil, Ruiva. —Abro a boca, passando meus
dentes levemente sobre sua pele fresca e doce. Ela estremece contra mim,
fazendo minha ereção inchar em proporções épicas. —Eu estou sempre no
comando.
Ela geme, arqueando para mim até que seus seios estão alinhados contra
o meu peito e seu osso púbico contra onde eu estou tão duro que é doloroso. —
Eu não sei se vou dizer sim, ou te mandar ir se foder, então você deixará de ser
um bastardo presunçoso.
—Você vai dizer sim. —Eu a afasto para olhar o seu rosto corado. Merda,
ela é linda, com seus olhos brilhando e seus lábios carnudos separados em um
convite silencioso para reivindicar a sua boca. —Diga sim, Cat. Diga sim, e eu vou
te dar tudo o que quiser. Tudo que você precisa.
Uma expressão de dor aparece em suas feições. —Vai ser uma decepção
se você for só conversa. Porque a sua conversa é realmente boa, porra.
—Eu ainda preciso ouvir um sim. —Coloco sua perna em volta da minha
cintura e me aperto contra ela, fazendo-a gemer quando minha ereção esfrega
contra ela através do fino tecido de sua calcinha. Ela é branca. De renda. E eu mal
posso esperar para tirá-la, mas nós dois precisamos de sua permissão primeiro.
Ela precisa de alguém para aliviar o peso de seus ombros, e eu preciso de
permissão para fazer isso, tomá-la, fodê-la do jeito que ela precisa ser fodida, sem
se conter.
—Sim Cat. Diga sim. —Murmuro enquanto continuo a transar com ela
através de nossas roupas e sua respiração acelera e eu juro que posso sentir o seu
calor úmido através do meu jeans. —Diga sim. Por favor, diga sim.
E porque eu nunca fui do tipo que faz uma senhora esperar, eu começo a
baixá-la para o tapete macio, tão desesperado para ter sua pele nua na minha
boca que não posso imaginar dar mais um passo sem antes tirar seu vestido. Mas
antes que eu possa sequer dobrar meus joelhos, um rosnado baixo soa a minha
esquerda.
Eu olho para cima, vejo Fifi, ainda em sua cama, observando Cat e eu com
uma intensidade que é desconcertante.
—Não, você não pode assistir. —Eu inverto a direção, levanto e pego Cat
em meus braços com uma carranca para seu animal de estimação pervertido. —
Onde é o quarto?
A única coisa que me preocupava era quanto tempo vou aguentar antes
de tê-la. Eu quero que a nossa primeira vez dure, tornar esta uma noite que ela
nunca vai esquecer, mas já estou tão desesperado, tão louco, tão duro que parece
que vou me machucar se não entrar em breve nela.
Ela me deixa louco, esta mulher, mas quando fecho a porta do quarto, a
coloco sobre seus pés, e tiro seu vestido pela cabeça, expondo-a para o meu olhar
pela primeira vez, eu decido que a sanidade é superestimada.
O meu olhar desliza de seus lábios levemente abertos para seus seios, em
renda branca, até a calcinha combinando e pernas incrivelmente longas e
lindamente fortes. Por um longo tempo, luto contra o desejo de ir até ela, dando
o meu melhor para imprimir este momento em minha memória.
Quero me lembrar dela assim, com sua pele pálida arredondada em todos
os lugares certos e sardas espalhadas por todo o peito como uma constelação de
estrelas.
Terrena e celestial, familiar e exótica, e tão sexy que mal posso acreditar
que mesmo com tanta integridade e uma dose substancial de estupidez dos meus
vinte anos foi o suficiente para me fazer rejeitá-la na primeira vez que a tive em
meus braços. Eu quero beijá-la em todos os lugares. Quero marcar cada sarda,
enquanto brinco com seus mamilos através do sutiã, deixando-a louca até que ela
esteja tremendo em meus braços e tão molhada que eu possa sentir o doce
cheiro enchendo o ar.
Mas me concentrar em suas sardas iria fazê-la rir, e eu não quero sua
risada. Quero seus engasgos, seus suspiros e gemidos. Quero sua voz rouca no
meu ouvido me implorando para tê-la, gritando que eu sou o melhor que ela já
teve.
Mas primeiro preciso ter certeza que desta vez estamos mais preparados
do que estávamos no passado.
—Estou limpo. Eu fiz uns exames mês passado. —Tiro minha camisa
lentamente sobre minha cabeça e jogo no chão, sem perder a forma como o seu
olhar vai para meu peito, e desce pelo meu estômago até o início do meu jeans,
fazendo meu pau derramar uma lágrima solitária de dor pela tragédia de ainda
estar separado desta mulher. —E você?
—Não quero ouvir sobre Nico. —Abro o zíper, deixando o som preencher
o silêncio entre as minhas palavras. —Eu quero saber se você toma pílula. E, em
caso afirmativo, se você quer que eu te coma sem nada. Ou se prefere que eu use
um preservativo. O que você quiser Ruiva, eu só quero saber antes de começar.
Se bem me lembro, a última vez que toquei em você eu me descontrolei e estava
pronto para te comer primeiro e fazer perguntas importantes depois.
—Eu tenho um DIU. —Seus seios sobem e descem enquanto largo meu
jeans no chão, deixando meu pau livre para esticar a frente da minha cueca boxer
em uma jogada desesperada para chegar mais perto de Cat. —E nenhum
preservativo. Você pode ser a minha primeira vez sem um. Eu... eu ainda confio
em você.
—Fico feliz. E eu queria ter sido o seu primeiro em todos os sentidos. Você
merecia muito mais do que o Caixa de Ferramentas. —Eu a puxo em meus braços
e a apoio contra a cama, um raio de luxúria pura me atravessa quando percebo
que estou a poucos segundos de tê-la debaixo de mim.
—Não, você não pararia. —Ela diz, com a respiração acelerada quando as
coxas batem no colchão. —E eu nunca teria lhe pedido para parar. Como a minha
tolerância à cerveja, a minha tolerância para orgasmos é excepcionalmente alta.
—Eu não disse que você teria me pedido para parar. —Eu a coloco de
costa na cama, alongando meu corpo sobre o dela, cada lugar que tocamos
pegando fogo. A química entre nós é tão quente que é quase dolorosa, mas não
posso esperar para ver o quanto as coisas podem ficar mais quentes.
Envolvo seu seio em uma das mãos, deixando o polegar acariciar seu
mamilo já duro, minhas bolas pulsam quando ela geme baixinho em resposta. —
Eu disse que imploraria. —Coloco a minha boca em seu seio, roçando meus lábios
no mamilo através da renda. —Eu preciso ensiná-la a implorar Ruiva?
—Sim, acho que precisa. —Ela prende meu olhar enquanto pego seu
mamilo entre os dentes, mordendo gentilmente. Seus olhos escurecem com uma
mistura de fome e vulnerabilidade que me deixa ainda mais desesperado para
estar dentro dela. —Ensine-me, Aidan. Faça-me implorar para que você me coma.
—Eu mordo seu mamilo, e ela suspira. —Quebre-me só um pouco.
Inclinado sobre seu belo corpo, coloco a minha língua sobre um mamilo
enquanto brinco com o outro entre os meus dedos, aumentando gradualmente a
pressão até que sua respiração fique mais rápida e os quadris balancem contra o
meu, buscando alívio para essa doce tortura. Mas o alívio não faz parte do meu
plano de ação, não agora ou em breve. E então, espero até que seus impulsos se
tornem urgentes, exigentes, quase frenéticos. Aperto meu maxilar e a deixo moer
contra meu pau através do que resta das nossas roupas até sentir que poderia
morrer de tanto que a quero.
—Tão doce. —Murmuro contra seu mamilo enquanto deslizo minha língua
ao redor da sua ponta lisa e inchada. —Você é tão doce, porra.
—Eu amo a sua barba contra a minha pele. Eu amo que cada parte sua é
tão máscula. —Ela enfia os dedos no meu cabelo e puxa, com força suficiente
para enviar um raio de dor bem-vindo na minha nuca. Um pouco de dor é
perfeito, apenas o que preciso para me dar forças para continuar a nos empurrar
para mais perto do limite da razão.
—Eu te quero tanto. —Ela geme. —Dentro de mim, Aidan. Por favor, eu
preciso te sentir dentro de mim.
Ela pressiona contra meu pau, e eu deixo, permito ela esfregar o clitóris
contra o meu comprimento até que ela está trêmula e agarrando-se aos meus
ombros e muito perto de gozar só com o atrito dos nossos corpos deslizando um
contra o outro. Então, e só então, quando sinto que ela está realmente prestes a
pegar fogo, eu me afasto.
—Volte, por favor. —Ela diz, os dentes cavando em seu lábio inferior com
força suficiente para deixá-lo branco.
—Foda-se. Estou sim, bem perto. —Ela franze o cenho, fazendo um som
baixo e rosnando de frustração quando seu olhar para no meu pau. —Você é
menor do que eu me lembro.
—Por favor, Aidan. —Ela sussurra, segurando meu olhar. —Eu te quero
tanto. Eu sinto que sempre estive esperando você. Não me faça esperar mais.
—Eu não quero fazer você esperar, Cat, mas ainda não ouvi você implorar.
—Eu alcanço o topo de sua calcinha, deixando meus dedos ligeiramente
provocarem seu clitóris enquanto me movo.
Ela recua e se afasta da minha mão com um suspiro, e eu tenho que lutar
contra a vontade de rasgar a renda. Estou pronto para eliminar a barreira entre a
sua boceta quente sob o tecido encharcado, e minha mão, minha boca, meu
pobre pau em sofrimento. Em vez disso, retiro a renda lentamente pelas pernas
agitadas e em seguida, trago de volta as palmas das mãos para suas coxas,
espalhando-as mais, gemendo com apreciação quando eu a vejo.
Ela bufa. —Bem, estava escuro naquela época. Meu clitóris é mais ousado
no escuro.
—Concordo. Acho que é melhor agora. —Eu trago minha boca para mais
perto de sua umidade, enquanto coloco minhas mãos por trás de suas coxas e
afundo meus dedos em seus quadris. Faço uma pausa, inalando o cheiro dela,
decidindo que nunca cheirei nada mais quente do que o quanto ela me quer. —
Agora, eu tenho idade suficiente para apreciar o momento. E eu gosto de você
mais suave, mais doce.
Ela morde o lábio. —Então, este não é o momento para lhe dizer que há
melhores usos para a sua língua do que me fazer elogios?
—Seria preciso mais do que isso para me matar. —Ela diz, sua respiração
sibilando enquanto minha língua faz uma trilha de sua bunda até seu clitóris. Seu
traseiro remexe, seus seios se erguem mais enquanto ela engasga. —Droga, eu
imaginei isso tantas vezes. Mas isso foi muito rápido. Vá mais devagar, por favor.
Eu quero tempo para memorizar como eu me sinto com a sua boca em mim.
—Eu vou te dar tempo. Muito tempo. Todo o tempo do mundo. —Eu levo
a ponta da minha língua para o clitóris e levemente circulo a saliência rosa
inchada. —Eu poderia comer sua boceta toda a noite, porra.
—Oh, Deus, isso é tão bom. —Ela ofega, suas coxas remexendo inquietas
nas laterais do meu rosto enquanto continuo o meu assalto gentil, calculado. Ao
redor, para trás e para frente, para cima e para baixo, eu exploro cada centímetro
de sua doçura com a mesma pressão não-forte-o-suficiente até que ela esteja
balançando e choramingando, enquanto seus dedos dos pés se enrolam em cima
do colchão.
—Por favor, Aidan, merda! Por favor! —Ela arqueia em minha boca,
tentando intensificar a força da pressão da minha língua contra sua carne
inchada, mas eu seguro seus quadris com força, imobilizando-a no colchão. —
Você não pode fazer isso!
Minhas mãos deslizam em sua pele úmida de suor para cobrir seus seios,
rolando seus mamilos entre meus dedos enquanto continuo a lamber, provocar e
chupar, levando a minha língua para dentro dela o suficiente para deixá-la louca,
mas não muito. Seguro suas pernas no colchão com os meus braços, saboreando
a sensação de seus músculos lutando contra os meus enquanto ela se retorce e
tenta cada truque para me ter dando mais. Mas eu me recuso a ceder. Concentro-
me em seu gosto em seu calor e no quanto é perfeito tê-la presa embaixo de
mim, bem aberta para a minha boca, minha para torturar, dar prazer e venerar.
Eu preciso tanto dela. Estou tão desesperado, tão pronto, tão louco por
ela que leva alguns minutos para perceber que ela está soltando um fluxo suave e
constante de palavrões, chamando-me de todo o nome feio que existe e alguns
que tenho certeza que ela está inventando agora.
Mas nesse momento, mal consigo entender suas palavras. Eu não posso
notar mais nada a não ser seu aroma, seu sabor e a felicidade de suas mãos
puxando meu cabelo com um desespero que ecoa por todo meu corpo. Tudo o
que posso pensar é o quanto preciso substituir a minha boca pelo meu pau e
montá-la em orgasmo após orgasmo, transar com ela até que nós dois estejamos
machucados com a força do nosso prazer. Mas eu não cheguei até aqui para
voltar atrás agora. Eu vou ter o que preciso, o que nós precisamos, mesmo que
uma parte de mim, que certamente é o meu pau, caia se continuar assim por
muito mais tempo.
Ruiva não é a única pessoa teimosa neste quarto. Sou tão teimoso,
determinado e insano quanto ela. Então espero, sofro e retorço na quentura de
um desejo diferente de tudo que já experimentei em toda a minha vida esquecida
por Deus, até que finalmente ouço Cat começar a soluçar.
—Por favor, Aidan, por favor. —Ela implora, sorvendo uma respiração
irregular. —Eu vou fazer o que quiser, dizer o que quiser. Eu vou ficar de joelhos e
implorar se isso é o que é preciso, mas, por favor, me fode. Por favor!
—Eu vou morrer se você não o fizer. —Ela fala enquanto a fodo com a
minha língua, dirigindo o músculo rígido mais profundo com cada subida e
descida da minha cabeça. —Eu vou morrer, e não quero morrer, não sem ter você
dentro de mim. É tudo o que quero, Aidan, por favor! Deus por favor!
Sua voz se quebra quando ela começa a soluçar e uma parte primitiva
minha percebe que é a minha deixa. Eu subo nela, batendo a minha boca contra a
dela, beijando-a com o sabor de sua excitação ainda na minha língua, quando
meu pau encontra sua entrada e desliza para casa, dirigindo para frente todo o
caminho até o fim dela sem uma única parada.
E é tão perfeito, tão certo, como se tivéssemos feito amor uma centena de
vezes. Mil. É como se a fechadura de uma sala secreta, no fundo de mim, tivesse
clicado, a porta se abrindo para revelar meu verdadeiro propósito.
Todo esse tempo que meu pau passou fodendo outras mulheres,
pendurado entre minhas coxas, ou suando ao lado de minhas bolas enquanto eu
faço coisas idiotas como correr pelado na ponte do Brooklyn, tem sido apenas
uma forma de passar o tempo até que ele encontrasse o lugar ao qual ele sempre
pertenceu: entre as coxas de Ruiva. Envolto dentro dela. Retido no mais perfeito
abraço já inventado por qualquer força benevolente, que tenha dado aos seres
humanos a capacidade para sentir um prazer como este.
Ela é tão boa. Boa pra caralho, porra.
E esta é a coisa mais certa que eu já fiz sem roupas. Eu quero abrandar e
fazer isso durar, mas nós dois estamos tão loucos que não posso fazer nada, a não
ser levá-la. Levá-la com força, fodê-la profundamente, sem um pensamento mais
eloquente do que: sim, minha, agora, minha, minha, porra, sim, minha, enquanto
ela bate de encontro a meus impulsos, dando tudo que pode de si.
Eu não penso sobre mostrar os truques que aprendi com outras amantes,
eu não penso em todas as coisas que queria provar para ela quando começamos
isso. Tudo o que penso é em chegar mais perto, mais perto, até que não exista
nada entre a sua alma e a minha, a não ser algumas camadas de pele pulsante.
—Sim. —Ela diz, como se pudesse ler minha mente, olhando para mim
com lágrimas em seus olhos enquanto ela entoa: —Sim, sim. Ai sim.
Sim, para mais deste prazer inacreditável. Sim, para momentos de guarda
baixa, quando não há nada a temer e nada a provar.
Sim, para longos dias e noites ainda mais longas, meses e anos ou o tempo
que pudermos nos agarrar a isto, porque não há nada melhor do que perceber
que tudo o que você realmente precisa já está em seus braços.
—Você parece tão bem, Aidan. —Ela sussurra contra meus lábios, unhas
afundando na minha bunda, enquanto ela me pede mais perto, mais profundo,
mais rápido. —Estou tão perto. Tão perto.
—Sim, goze para mim. Goze para mim. —Eu arquejo, a respiração presa
enquanto sua boceta se encaixa no meu pau, apertando-me tão forte que meu
coração pula uma batida.
Eu luto para me segurar, para continuar para que possa fazê-la gozar de
novo, mas o seu calor agarrando-me apertado é mais do que posso suportar. E
gozo com um grito profundo vindo do centro do meu peito, um som dolorido e
prazeroso que ecoa pelo quarto enquanto minhas bolas se apertam e meu pau
empurra duro dentro de sua boceta.
—Deus! —Ela grita, seus quadris resistindo com força suficiente para me
levantar uns centímetros no ar. —De novo. Oh Deus, estou gozando de novo.
Mas não vou reclamar. Se eu tiver uma distensão muscular por foder
Ruiva, será a melhor lesão, pela qual me orgulharei nos próximos anos.
—Droga. —Ela sussurra enquanto rolo para um lado e fico de frente para
ela sobre o colchão, admirando o quanto ela é bonita com seu rosto vermelho,
corada por me foder. —Merda.
—Droga e merda. —Ela diz, a respiração rápida, enquanto sorri. —Isso foi
incrível. Eu gozei tão forte que meus dedos ainda estão dormentes.
—Queijo fedido. —Repito, porque meu cérebro ainda não está nem perto
de voltar totalmente ao normal. Talvez eu tenha realmente fodido os meus
miolos. E valeu a pena, cem por cento.
Sua língua desliza para umedecer os lábios. —Você sabe. Aquele super
valorizado e superestimado, que deixa um sabor desagradável, a menos que seja
consumido com um vinho ridiculamente caro.
Deixo minha mão deslizar por suas costelas até à cintura e pressiono os
dedos sobre a curva de seu quadril. —Você não esperava que eu fosse um queijo
fedido. Você queria que eu fosse um bom. Mas foi muito melhor do que bom.
—Isso foi o melhor que já tive, também. —Estou tranquilo em ser aberto e
indefeso que nem sequer penso em me segurar. —Eu não tinha ideia de que
poderia ser assim.
Eu levanto o meu olhar para o dela, piscando rapidamente assim que vejo
que a Cat vulnerável com quem eu estava fazendo amor alguns minutos atrás,
desapareceu, dando lugar a uma Cat que me observa com um olhar cauteloso,
ainda que seus lábios se curvem em um outro sorriso.
—Você conhece Kegels, não é? Os exercícios que fazem seu...
—Eu sei o que é. —Corto. —Eu não estava falando sobre isso. Quero dizer,
sim, sua boceta é incrível, mas...
—E seu pau é uma revelação. —Ela diz com um entusiasmo que deveria
ser lisonjeiro, mas por alguma razão não é. —Agora posso testemunhar que
Curvado Para O Seu Prazer não é apenas um excelente apelido de Corredor. Está
cientificamente comprovado. Eu não tinha certeza se eu tinha um ponto G até
poucos minutos atrás, mas isso foi... totalmente incrível. —Ela vira de costas,
olhando para o teto, como se esperasse que os segredos para o ponto G
estivessem escritos nas palhetas de seu ventilador. —Eu não sabia que um
orgasmo podia ser assim, como se virasse você de dentro para fora, mas com
você amando cada minuto disso.
—Bem, que bom. —Eu me sento, deslizando minhas mãos pelo meu rosto,
domando minha barba em algo que lembra a submissão. —Estou contente que
tenha sido bom para você, também.
E estou. Eu não preciso que ela me diga que se sentiu em segurança, como
estar em casa, o sentimento de que isto-é-tão-certo também. Eu tenho certeza
que ela sentiu, mesmo que nunca admita, mas isso já é o suficiente.
É mesmo? Sério?
Como isso será se ela não estiver disposta a falar sobre nada, a não ser
enfiar o parafuso na rosca?
Talvez ela não tenha sentido porra nenhuma, idiota. Talvez você seja o
único flutuando em um grande tanque, cheio de seus próprios sentimentos.
Ela bufa enquanto estende a mão para apertar meu braço. —Claro que
você pode, mas você não tem um cheiro terrível. Você tem um cheiro
maravilhoso, como um Aidan que esteve comendo boceta, que é provavelmente
um dos cheiros mais incríveis do mundo.
Olho por cima do ombro para ela, sorrindo para sua expressão severa. —
Estou feliz que você esteja levando isso a sério.
—Eu levo cheiro muito a sério. —Ela diz com uma cara séria. —Sempre
amei o seu cheiro.
Ela adora o meu cheiro e confessou que sou o melhor que já teve. O que
mais um homem pode esperar de uma velha amiga que não vê há anos e só
voltou a entrar em contato por um dia estranho e estressante?
Nada.
Eu não tenho direito de esperar ou querer nada mais, mas quando entro
no chuveiro e abro a água, não posso deixar de desejar que nossas paredes
tivessem caído o tempo suficiente para eu descobrir se Ruiva pode considerar que
isto entre nós seja mais do que sexo quente e negócios. Talvez pudéssemos nos
tornar amigos de transa, o caminho que deveríamos ter seguido anos atrás.
Talvez até mesmo algo mais...
Querida Calcinha,
Curvado.
Curvado: Legal.
Curvado: E cenouras.
12
Trocadilho com a palavra peas que é ervilha e a palavra Peace que é paz.
Você é boa demais para morrer dessa forma, esquilo
louco.
Ela parece uma gata bonita, e meu coração faz coisas estranhas no meu
peito quando meus olhos pousam em seu rosto. Mas não cedo à tentação de
enrolar meu corpo em torno dela e voltar a dormir, ou beijá-la até que ela acorde
e me dê uma segunda chance de encontrar seu ponto G.
Minha mente registra que é Fang, mas algo sobre a cena imediatamente
me parece errado. Leva um momento para perceber que é a sua posição. Eu
nunca vi um cão dormir de lado, com a cabeça caída assim desajeitadamente em
direção ao chão. Dali, minha mente vai de um pensamento para o próximo muito
rapidamente. Pulo de perceber que Fang está ferida, para o que poderia tê-la
machucado, para entender que isso poderia muito bem ser uma intenção humana
de me ferir também, em apenas alguns segundos.
—Deixe-me ajudá-lo. —Cat diz, mas já estou jogando o homem mais baixo
no chão. Nós rolamos um por cima do outro, caindo em uma réstia de luz
13
irradiando através das persianas semicerradas, me dando a primeira visão boa de
seu rosto. Reconheço Petey, o motorista de Nico, o homem responsável por fazer
os inimigos de seu chefe desaparecerem e meu sangue gela.
Gela e em seguida ferve, minha visão borra pela raiva quando percebo
que este homem entrou aqui para machucar Cat, talvez até matá-la.
Eu soco o seu rosto, totalmente preparado para quebrar alguns ossos, mas
o merdinha me atinge primeiro. Ele é pequeno, mas é incrivelmente rápido, e
forte pra caramba. Eu mal pego o seu movimento com o canto do meu olho,
quando o punho atinge minha bochecha direita, fazendo estrelas iguais dos
desenhos animados dançarem na minha visão. O golpe me acerta com força
suficiente para atirar o meu peso para a esquerda. Antes que eu possa mudar
para a direita e devolver o soco, a doninha escorrega debaixo de mim e corre para
a porta da frente.
Com um palavrão, eu salto para correr atrás dele, apenas para bater em
Cat, que aparentemente teve a mesma ideia. Nós saltamos para longe com sons
de dor e surpresa. Eu bato na parede e recupero o meu equilíbrio rapidamente,
mas Cat, depois de ter colidido com alguém quase o dobro de seu tamanho, cai
estatelada no chão.
Eu me movo para ajudá-la, mas antes que eu possa dar um passo, ela
levanta com algum movimento ninja que me lembra de que ela é faixa preta em
artes marciais.
—Eu tenho que pegá-lo. —Ela diz. —Se eu puder provar que Nico enviou
alguém para invadir minha casa, a polícia vai ter que me levar a sério.
—Ele está muito à frente. —Digo, segurando firme enquanto ela tenta se
afastar. —E nós temos que verificar Fang. Ele a machucou. Ela está inconsciente...
Talvez pior.
O rosto de Cat empalidece, e a luta some. — Oh, não. —Sua mão voa para
cobrir a boca. —Porra, Aidan. Se ele matou Fifi, eu não sei o que vou fazer. —
Seus olhos começam a brilhar. —Eu vou ter que matá-lo. Caçá-lo e matá-lo com
minhas próprias mãos.
Isso nunca deveria ter acontecido. Eu deveria ter impedido que isso
acontecesse. Ou pelo menos ter impedido Petey de se aproximar.
Nem minha cliente, nem ninguém próxima e querida a ela deveria ser
ferido sob minha responsabilidade. Isso é minha culpa. Se eu não tivesse
subestimado o sistema de segurança e as habilidades do mafioso hacker, e
ignorado o aviso de Cat que seu ex perderia o juízo, se descobrisse que eu estava
passando a noite na casa dela, Fifi não estaria tremendo e chorando, e Cat não
estaria tão pálida que se mesclaria com as paredes brancas do elevador quando
ele se fechou.
Sentada de pernas cruzadas em cima da ilha está uma mulher com uma
confortável calça rosa e um top preto apertado com uma toalha branca dobrada
ao meio na frente dela. Assim que passamos pelas portas do elevador, ela faz um
gesto de urgência para Cat com as duas mãos.
—Traga a amadinha aqui, ervilha doce. —Ela diz, seus olhos azuis gentis e
compassivos por trás de seus óculos de aro de tartaruga. —Nós vamos deixar
tudo melhor, eu prometo.
Shane solta alguns humms pensativa, com o olhar fixo em algum lugar
distante, enquanto continua a passar as mãos na cachorrinha. —Bem, isso faz
sentido. —Ela diz suavemente. —Ela é tão pequena. Mesmo que esse verme só
tenha dado a ela um pouco de sedativo, isso a manteria desligada por um longo
tempo. Eu poderia dar algo para ajudá-la a acordar. Mas considerando que não
sei o que foi usado para sedá-la, prefiro esperar e deixar que ela acorde sozinha.
—Não estou vendo nenhuma evidência de que ela esteja ferida. —Shane
levanta a cabeça de Fang e gentilmente examina os dentes. —Eu imagino que o
arrombador covarde entrou em seu apartamento com algum petisco, Fang o
comeu como o terrível cão de guarda que ela é e em seguida, caiu em uma longa
e profunda soneca.
Com um aceno final, ela coloca o filhote para baixo e dobra a toalha ao
meio, cobrindo Fang com o algodão branco macio. Só quando ela termina o
exame ela pega a mão de Cat e olha sua amiga diretamente nos olhos. —Feefs vai
ficar bem. E, graças a Deus, assim como você! —Shane se vira, esticando sua mão
livre em minha direção. —Você deve ser Aidan. Eu sou Shane. Muito obrigada por
manter minha teimosa amiga em segurança.
Shane solta minha mão e se vira para Ruiva com um olhar aguçado. —
Talvez agora a Senhorita Catherine finalmente ouça a razão e venha morar
comigo até que o pesadelo em forma humana possa ser convencido a deixá-la em
paz.
—Bem, se uma menina não fosse tão teimosa... —Shane diz com um
perfeito sotaque Inglês acentuado. —Uma menina não levaria seus amigos a
apelar ajuda para estranhos para fazê-la ser sensata.
—Game of Thrones. —Cat diz, vendo meu olhar confuso. —Ela vê muito
isso.
—Não existe tal coisa como ver muito Game of Thrones. É como gatos,
chocolate e orgasmos. —Shane sorri para mim, aparentemente divertida com a
minha confusão. —Coisas que são melhores em massa. Eu tinha dez gatos antes
de me mudar para a cidade. E tão logo eu possa convencer o comitê de
condôminos para permitir animais de estimação no prédio, eu pretendo trazer
todos eles para viver comigo e adquirir mais três então vou ter a dúzia dos
padeiros14.
—Agora ela está falando sobre você na terceira pessoa. —Cat se inclina
cansada contra mim. — Isso significa que ela gosta de você.
—É por isso que gosto tanto de você. —Shane diz, voltando da pia com
uma chaleira vermelha na mão. —Mas, infelizmente, não, não tenho morfina. Eu
tenho ibuprofeno e aquele Tylenol gigantesco que me dão sono, mas sempre
acabam com minhas dores nas costas. Um desses soa bem?
—Eu não posso deixar Feefs. —Cat diz, se mantendo firme quando Shane
enlaça seu braço com o dela. —Sério. Alguém precisa manter um olho na minha
cachorra.
—Sou uma pessoa da manhã. —Shane cantarola. —Eu já tinha feito yoga,
regado às orquídeas e estava sentada para fazer a minha lista do dia quando você
ligou.
Shane agita uma mão no ar, ignorando o braço de Cat que se estende
intencionalmente entre elas, estimulando sua amiga a acompanhá-la para o outro
quarto. —Tudo bem. Eu posso fazer uma lista das coisas que acho que você
andou fazendo, e então eu vou riscar as suposições corretas. Como alguém que
não tem encontros em mais de um ano, preciso viver através de minhas amigas, e
nenhuma das minhas outras amigas têm namorados sensuais estilo lenhador. —
A chaleira começa a assobiar e Shane caminha na direção do fogão apenas para
ser parada pelo braço de Cat.
Shane franze seu nariz. —Bem, ele claramente não recebeu a mensagem.
Os braços de Cat balançam ao seu redor. —Eu nunca disse que estava
dormindo com alguém, sua louca!
—Isso não precisa ser dito. Vocês têm “recentemente fodidos” escrito na
testa. Poderiam muito bem combinar camisetas “acabamos de foder e tudo o que
tivemos foram alguns orgasmos” e usá-las pela cidade. Quer dizer, eu espero que
ambos tenham tido orgasmos. Eu não gosto de presumir, mas ambos emitem
uma vibração “Eu sei o que faço no quarto”.
Shane ri. Cat empurra-a para o quarto antes de se virar para mim com
uma expressão de dor. —Eu sinto muito.
—É sim. Eu não quero que você se sinta desconfortável. —Cat diz. —Vou
explicar tudo e voltar em poucos minutos. Eu prometo que vou fazê-la voltar à
ameaça de constrangimento para o nível baixo.
E então estou sozinho com apenas uma fêmea tagarela que está
atualmente, ainda dormindo.
Imaginando que poderia ser o único momento de paz que vou ter por um
tempo, retiro o meu celular do bolso e o ligo. Eu respiro fundo, me preparando
para um ataque textual de Bash e a desagradável tarefa de dizer ao meu melhor
amigo que sou o primeiro consultor na história da Bastardo Magnífico a sustentar
um hematoma em serviço.
CAPÍTULO 23
Vou lhe dizer por que, porque ela está tendo um prazer
perverso e vingativo, em colocar sua vida em perigo. Ela está
se vingando de Nico e de você, ao mesmo tempo, amigo, e você
está caindo no plano maligno dela direitinho. E, com
certeza, você vai receber o pagamento se concluir o trabalho,
mas você pode estar morto ou na prisão preventiva quando o
dia do pagamento chegar.
Mas mesmo que ele acredite, não importa. Eu sei a verdade. Eu sei que
Cat é uma velha amiga que está perdendo o juízo, que me procurou, porque sou
uma das poucas pessoas em sua vida que nunca vai decepcioná-la. Ou que não vai
decepcioná-la mais uma vez. E espero que eu a tenha compensado por aquela
péssima ação na floresta, entregando vários orgasmos de abalar a mente esta
noite.
Bash diz coisas que ele não quer dizer quando está
chateado, mas ele fica chateado porque ele te ama e está com
medo por você. Então, por favor, nos ligue ok?
Isto tudo pode ser uma manobra do Bash para que eu ligue, ele é
inteligente e muito bom em manipular as pessoas quando não está muito
zangado para controlar a boca e os polegares, mas meu instinto diz que ele
descobriu alguma coisa com Lipman, ou Lip, meu amigo da delegacia. Eu tatuei
pelo menos um terço do corpo de Lipman e conversei sobre seu divórcio, sobre a
morte de seu parceiro, e um susto de câncer. Eu sou praticamente seu terapeuta
a esta altura, e sei que se há algo que ele pode fazer para me ajudar a sair de uma
situação complicada, ele vai fazer.
Então, veremos...
Apesar de cedo, Bash responde após o primeiro toque. —Você está bem?
Diga-me que está tudo bem.
—Eu estou bem, e Cat está bem. —Digo baixinho, não querendo perturbar
o cão ou as mulheres no outro quarto. —Mas um homem invadiu o seu
apartamento na noite passada. Lutei com ele que fugiu, mas não antes dele
drogar a cachorrinha e usar meu rosto como um saco de pancadas.
—Graças a Deus. —Deixei escapar uma respiração. —Ela vai ficar tão
aliviada. Isso é como acordar de um pesadelo para mim, e eu só estive na vila da
loucura por um dia.
—Bom. Estou feliz. —Bash diz. —Mas, falando na vila da loucura, Lip disse
que acha que você deve se afastar por um tempo também, já que você pode estar
no radar de Nico. Ele se ofereceu para colocá-lo na casa segura, mas se você
quiser esperar na minha casa, sinta-se à vontade. Eu posso ficar com Penny assim
você terá o apartamento todo para si mesmo. Eu tenho um sistema de segurança
e Bob no andar de baixo trabalhando na recepção para mantê-lo seguro.
Penny diz algo no fundo que não consigo entender, ao que Bash responde.
—Não, ele não é um preguiçoso. Bob é ótimo. Ele não vai deixar ninguém entrar
que não esteja na lista. Penny murmura algo novamente, e Bash grunhe. —Você
passou por ele com uma mistura de graça diabólica e peitos. Os vilões que
trabalham para a máfia não são conhecidos por graça ou peitos.
Estico minha cabeça para um lado, fazendo uma careta quando meu
ombro dolorido envia um raio de dor para o meu pescoço. —Você sabe, só... a
vida.
—Vida. Sim. Isso é uma boa coisa para se pensar. E talvez pensar sobre o
quanto é chato desligar o celular e ignorar seus amigos quando eles estão
preocupados com você. Isso é uma boa coisa para pensar.
—Isso vindo do cara que me ignorou pela maior parte dos últimos dois
meses?
—Faça o que eu digo, não o que eu faço. —Bash diz. —Além disso, você
deveria ser o mais sensato. Esse é o arranjo que fizemos na quinta série, e você
sabe que eu não aceito mudanças.
Eu murmuro, um som que é imitado pelo filhote agasalhado no balcão
atrás de mim. Eu me viro para ver Fang se contorcendo sob a toalha. —Eu tenho
que ir. A cachorrinha está acordando.
—OK. Chame-me quando decidir o que você vai fazer. —Bash diz. —E
apague as minhas mensagens de ontem. Eu vou apagar as suas também, e nós
podemos começar nosso novo bromance, sem merdas no meio dele.
—Acho que você ganha esse prêmio. —Uma voz feminina diz por trás de
mim. —Na moleza.
CAPÍTULO 24
Com meu rosto vermelho me viro para ver Shane e Cat paradas na porta
do quarto me observando conversar com Fang.
Graças a Deus eu não fiz voz de bebê, nunca falei com um cachorro, ou um
bebê, assim em toda minha vida. Mas com toda a sorte que tenho tido
ultimamente, a primeira vez tinha que ser na frente de duas mulheres
perfeitamente capazes de acabar comigo com suas línguas e mentes.
Mas Shane e Cat pareciam estar mais tocadas pela situação do que
inclinadas a implicar comigo, provando como nós estávamos agradecidos por ver
Fang acordada, como se nada tivesse acontecido.
—Graças a Deus —Cat atravessa a sala em minha direção com sua atenção
voltada para Fang. —Estou louca para segurar essa menina. —Ela foi até a cadela
e fez um som suave que com certeza é a minha kriptonita pessoal. Existe alguma
coisa completamente atraente sobre ver uma das pessoas mais duronas que
conheço se derreter em uma poça de amor por seu bebê peludo. —Como você
está Feefs? Como você está se sentindo querida?
Eu não quero que isso seja um adeus. Eu quero ficar com ela, me
desculpar quando a deixar triste e convencê-la a se derreter por mim também. Eu
sei que não sou fofinho como a Fifi, mas me importo com Cat e gostaria de voltar
ao momento que estávamos nus na noite passada, momento no qual parecia que
tudo que eu precisava estava nos meus braços.
—Eu adoraria isso. —Cat diz esboçando alívio em seu rosto, fazendo
parecer ter retirado alguns milhares de quilos de mafiosos de seus ombros. —Se
eu fosse para casa de proteção, você com certeza poderia ir. Mas eu não vou.
—Ela irá ficar aqui comigo. —Shane diz enquanto anda perto pegando
uma vasilha de cachorro debaixo da pia. —E ficaremos de pijamas até sexta-feira,
pedir toneladas de comida e assistir todas as comédias românticas e...
—Eu também não posso ficar com você. —Cat beija a cabeça de Fifi, suas
palavras seguintes ficaram abafadas contra o pelo de Fifi. —Eu nunca a colocaria
em risco assim. Eu nunca teria vindo até aqui esta manhã se não tivesse uma
emergência canina. Eu apenas não sabia onde mais poderia encontrar um
veterinário às 6 da manhã.
Shane franze a testa, enquanto apoia uma das mãos em seu quadril, mas
antes que pudesse dizer a Cat o que estava pensando eu falei na sua frente:
—Você vai para a casa segura. Eu não vou arriscar sua vida novamente.
—Eu não vou. —Cat insiste em uma voz calma que de alguma forma é
mais irritante do que a voz de quando ela está irritada.
—Não Aidan, eu não vou. —Ela olha para cima encontrando meus olhos
fixos em sua expressão de “Eu vou fazer o que eu quiser”. —Eu sei tudo sobre
essas armadilhas mortais. A maioria das “casas” de proteção da cidade são na
verdade hotéis antigos infestados com insetos na cama e mofo. A polícia de Nova
York providencia para que um andar seja reservado para seu uso e então coloca
apenas um guarda no final do corredor. —Ela me mostra um dedo para enfatizar.
—Um guarda. Apenas um guarda para garantir a segurança de todas as dez ou
vinte pessoas traumatizadas que estão sob custódia de proteção ao mesmo
tempo.
Estou prestes a convencê-la de que vou usar meus recursos na polícia para
colocá-la na casa segura menos nojenta disponível, mas ela não tinha terminado
seu discurso. —E noventa por cento dos guardas são os recrutas novos e ingênuos
que passam a maior parte do tempo flertando com a equipe de limpeza ou vendo
vídeos pornôs no celular. —Ela diz revirando os olhos. —Quando na verdade eles
deveriam estar vigiando as pessoas para não sofrerem overdose em seus quartos
ou saírem para comprar uma pizza e nunca voltarem ou caírem em uma
armadilha das pessoas que os fizeram procurar o programa de proteção.
—Sim, eles podem. —Cat corta Shane. —Eu visitei clientes nesse tipo de
lugar em trabalhos gratuito. Eles são grosseiros, doentes e o mais importante,
perigosos. Se Petey pode desarmar meu sistema de segurança, drogar meu
cachorro sem me acordar ou a Aidan e entrar no meu apartamento, ele vai acabar
com o policial novato antes mesmo que ele possa tirar seus olhos do pornô.
—Sim. —Shane diz, balançando seu dedo pra cadela. —E você não tem
idade suficiente para ouvir sobre a vida sexual da sua mamãe, cubra seus ouvidos.
—Eu não sou teimosa. —Cat diz, inspirando um: “Sim, claro!” meu e de
Shane. —Eu não sou. —Ela insiste. —Estou disposta a deixar Aidan me ajudar,
apenas não em uma casa de proteção ou na casa de uma amiga. Talvez nós
possamos nos hospedar em um hotel ou algum outro lugar?
—Lip não vai gostar disso. —Coloco minha mão sob meu queixo, coçando
minha barba enquanto penso. —Bash também não vai gostar nadinha. Mas talvez
eu tenha uma ideia.
—Qual? —Cat coloca Fifi no chão enquanto Shane coloca um pote com
água debaixo da pia. A cadela corre até o pote e mergulha sua cabeça para beber.
—Por que não saímos da cidade por alguns dias? —Digo, pensando na
mensagem da minha madrasta, oferecendo um de seus chalés. —Ir para algum
lugar que Nico não esperaria que você fosse.
—Cinco ou seis horas são mais do que suficiente para comer um pacote
inteiro de alcaçuz e ter uma overdose de refrigerante. E onde vamos parar no
final desta jornada?
—Eu estava pensando no chalé dos meus pais em Finger Lakes. —Sorrio
enquanto Fang termina de beber sua água e vem farejar a minha mão e não a de
Cat. —Minha madrasta tem uma vinícola e uma pousada. Ela usa seu nome de
solteira, então não tem chance do Nico descobrir quem é mesmo procurando por
conexões pelo nome da família, não tem como ele nos encontrar através de Julie.
Nós devemos ficar a salvo se ficarmos lá por alguns dias e eu sei que ela ficará
encantada de conhecê-la. Eu costumava falar muito de você quando estávamos
de férias da faculdade.
—Mas pensei que você não podia ter bichinhos de estimação no seu
prédio. —Coço a minha nova melhor amiga atrás das orelhas até ela parecer bem
relaxada. —Não tem problema levar Fang conosco. Meus pais amam cachorros e
eu...
Shane ri. —Ela vai sempre te amar, sua louca, mas sim eu posso esconder
Feefs da malvada e velha associação de moradores por uma semana ou mais. Ela
é uma cachorrinha muito boa. Ela vai saber não latir quando o meu vizinho mal-
humorado estiver em casa. Nós vamos passar um ótimo tempo juntas e vamos
descansar bastante para poder celebrar sua nova vida quando voltar para casa.
—Perfeito. —Cat diz virando para mim. —Espero que você não fique
muito triste por sermos só eu e você.
e Calcinha De Bolinhas
Curvado: 📱 🏃�
CAPÍTULO 26
Tiro meu pacote de balas Glo Balls de seus dedos e solto-o entre minhas
coxas antes de retornar as mãos ao volante.
Ela bufa. —Mas eu não tinha terminado de examinar suas bolas 15!
—Que mentira! —Ela diz, passando os dedos pelo console entre nós. —Eu
examinei suas bolas na noite passada. E foi praticamente nosso primeiro
encontro. Um primeiro encontro estranho, mas ainda assim...
—Nós somos amigos há anos, então a noite passada não foi nada como
um primeiro encontro. E você não examinou minhas bolas. Você nem as rolou em
15
Trocadilho com o nome da bala e a parte anatômica dele.
seus dedos, nem ao menos chegou perto e ficou íntima.
Ela murmura. —Tudo bem. Ponto marcado. —Ela retorna seus dedos para
o seu banco e começa a mexer na sacola de lanches de novo. —Vou me lembrar
de fazer um exame minucioso quando me for oportuno.
—Você não quer dizer quando for oportuno para mim? —Ignoro meu pau
no meu jeans, insistindo que ele é mais interessante do que minhas bolas e
deveria ser examinado assim que eu encontrasse um lugar agradável para parar.
—Quero dizer, sou eu que vou ter que ficar pelado.
—Não necessariamente. —Ela diz com um tom rouco que não ajuda em
nada na situação desconfortável sob meu jeans. —Eu poderia me inclinar e fazer
um exame aqui mesmo. Eu nunca fiz um boquete na estrada antes, mas estou
disposta a experimentar.
Meu pau estica contra o tecido do meu jeans, insistindo que essa ideia é
maravilhosa, mas balanço minha cabeça e aviso Cat “se comporte”, enquanto
abro meu pacote de Glo Balls.
Embora agora, graças a Cat, eu não consiga tirar da cabeça a imagem dela
ajoelhando aos meus pés, seus olhos fixos nos meus enquanto passa sua língua ao
redor do meu pau. Tento pensar em outra coisa, mas nem mesmo imaginar que
minhas bolinhas brilhantes são realmente feitas das coisas nojentas que Cat disse
foi suficiente para matar a minha fantasia.
—Sim. Ai meu Deus. Eu comi tantas balas de limão naquela viagem. —Ela
suspira enquanto morde um pedaço de seu alcaçuz. —Doces são bons, mas não
conseguem superar as balas de limão. Eu comi daquelas balas até ter
queimaduras de primeiro grau na língua pela acidez e doía engolir.
Eu concordo. —Eu não acredito que as lojas pararam de vendê-las. Elas
são tão boas.
Uma gargalhada explode, me fazendo lutar para não cuspir minha última
bolinha. Quando finalmente consigo engolir, digo: —Você é muito nojenta às
vezes.
—Não sou. —Ela diz, mas posso ouvir o sorriso em sua voz e sei que ela
está satisfeita consigo mesma. —Estou apenas tentando descrever com precisão
uma situação terrível, Aidan. Isso se chama compromisso com a comunicação.
—Eu percebi que deveria ser realmente muito ruim pois você decidiu
mijar atrás de um arbusto.
Cat assopra pelo nariz. —É verdade. Foi quando o Buraco tirou a foto
infame. Eu tinha me esquecido disso.
Ela inclina seu banco para trás apoiando seus pés no painel. —Eu não. Eu
estava irritada, mas superei. O Buraco na verdade era um grande e doce bobão.
Burro como uma pedra, mas doce. —Ela morde outro pedaço de seu doce. — E
coisas muito piores aconteceram comigo desde então.
Essas palavras matam meu sorriso, me fazendo lembrar porque nós
saímos de Manhattan tão rápido quanto o Rolls de Shane poderia nos levar. Nós
sequer tivemos tempo de passar em casa e fazer as malas. Shane emprestou
umas roupas para Cat, eu convenci que poderia comprar alguns jeans e algumas
camisetas no caminho e nós compramos escovas de dente no último posto de
gasolina que paramos.
Eu conversei com Lip por alguns minutos antes de sairmos, ele estava de
plantão e com muito serviço), mas nossa conversa deixou claro que Cat não
estava fora de perigo. Existe uma preocupação de que Nico possa ter descoberto
sobre a operação para capturá-lo e tenha feito planos para deixar o país. Também
há rumores que ele se recusa a ir embora sem uma tal ruiva, um fato que
enfureceu a metade de sua família, alguns dos quais podem estar dispostos a
tomar medidas drásticas para remover o que eles veem como uma ameaça à
segurança de seu menino de ouro.
Quando contei a Lipman sobre a invasão na casa de Cat, ele insistiu que
fôssemos à polícia prestar queixa e queria também nos escoltar pessoalmente
depois disso. Ele não ficou nada feliz quando lhe expliquei nosso plano
alternativo, mas assim que lhe assegurei que ninguém sabia para onde íamos, eu
não contei nem para Shane o nome da pousada da minha madrasta, ele
relutantemente admitiu que provavelmente estaríamos a salvo. Ele se recusou a
nos dar sua bênção, mas nos desejou sorte e assegurou a Cat que iria contatá-la
assim que o perigo acabasse.
Ele também nos pediu para desligar nossos celulares pelos próximos dias,
insinuando que talvez possam ter sido modificados. Tudo isso pode acabar em
menos de quarenta e oito horas, fato que ao mesmo tempo me deixa aliviado e
estranhamente... triste.
—Vai ser estranho. —Cat diz levemente, deixando cair seu doce meio
comido no pacote.
—O que? —Checo nosso retrovisor pela décima vez, mas a estrada atrás
de nós está vazia desde que saímos da rodovia para seguir a rota para Ithaca,
Nova York.
Minha mandíbula aperta. —Eu gostaria que você nunca tivesse conhecido
esse filho da mãe.
—Eu não. Eu estou grata por tê-lo conhecido. —Ela encolhe as pernas e
vira seu rosto para o meu lado do carro. —Por mais assustadora que seja essa
situação, também é um alerta. Eu nunca tinha entendido como a estatística é
horrível, até estar nela. Quero dizer, um terço das mulheres assassinadas nos
Estados Unidos são mortas pelos seus parceiros. Isso significa que mais de mil
mulheres por ano estão perdendo suas vidas para homens que supostamente
deveriam amá-las.
—Eu sei. —Cat diz. —E em nível nacional nós não estamos fazendo nada
para as coisas melhorarem. Na verdade, a maioria dos estados está cortando
recursos para abrigos e programas de assistência mesmo com o aumento da
demanda desse tipo de programa. —Ela cruza seus braços contra seu peito. —
Então sim, estou feliz por ter conhecido Nico. E assim que estiver livre disso tudo,
vou encontrar uma forma de melhorar as coisas para mulheres que não têm
dinheiro para contratar um patife espetacular para cuidar delas.
—Por ser você. Por você ser forte e receber uma merda e transformá-la na
necessidade de tornar o mundo um lugar melhor.
Eu aperto sua mão. —Você pode brincar, mas eu falo sério. Estou
orgulhoso de você, e muito feliz por sermos amigos de novo.
—Eu também. —Ela murmura apertando minha mão. —Eu senti a sua
falta.
—Eu também senti a sua falta. —Respiro fundo, tentando não interpretar
demais as suas palavras. Estive num inferno essas vinte e quatro horas. Nós
estamos exaustos e se levarmos à sério algo que seja dito aqui pode ser um erro
gigantesco. Mas não posso evitar de ter esperanças de que isso signifique que ela
está disposta a ter algo mais do que amizade no futuro.
—Não, pode tirar um cochilo. —Libero sua mão, mas não resisto e antes
de retornar minha mão para o volante, dou um aperto firme em sua coxa. A
necessidade de tocá-la é maior a cada minuto. —Eu te acordo se precisar.
—Tem certeza? —Ela boceja tão forte que sua mandíbula estala antes de
acrescentar. —Por que posso ficar acordada e cutucar você com o doce.
Mas nós ainda temos algumas horas até chegar à pousada dos meus pais.
E espero, que se jogar minhas cartas direito, eu terei a chance de assistir Cat
dormir novamente, em um futuro não tão distante.
CAPÍTULO 27
—Meus pais têm máquina de lavar. —Eu disse, mesmo deixando Cat pegar
um terceiro pacote de cuecas e colocar debaixo do braço.
—Soa bem. —Digo, embora a minha parte egoísta goste da ideia de ter
Cat só para mim por alguns dias antes que o mundo real nos alcance. Mas ela está
certa, quanto mais cedo Nico estiver atrás das grades e estivermos livres para
voltarmos para nossas vidas, melhor.
—Se você tivesse levado a ameaça mais a sério você não teria aceitado
esse trabalho. —Ela me corta. —E novamente, estou feliz pelas coisas terem sido
assim e estou feliz por estar aqui com você. —Enquanto saíamos do shopping ela
ergueu a cabeça para o sol e suspirou: —Sinto como se eu pudesse finalmente
respirar pela primeira vez em semanas! Essa viagem talvez seja a melhor ideia que
você já teve.
—Eu não sei. —Digo abrindo a porta do carona para ela. —Tenho um
histórico de boas ideias... Teve a festa do ônibus e você se lembra do concurso de
camiseta dos Corredores?
—Qual desenho você fez mesmo? —Pergunto sorrindo, porque ela está
sorrindo e quando ela está feliz o sorriso dela é completamente contagiante.
Ela estremece. —Nossos pais teriam se dado muito bem, ambos são
antiquados, não?
—Meu pai devotou toda a sua vida a fazer barris de vinho exatamente do
jeito que seus ancestrais faziam na era medieval na França, então sim, ele é bem
antiquado. Ele ainda usa uma navalha para se barbear e não consegue responder
uma mensagem de celular. —Eu dou de ombros. —Eu realmente não me
incomodo que ele ache que sou louco. Já estou acostumado. Mas pensei, talvez,
se estiver tudo bem para você, nós podemos apenas dizer aos meus pais que
estamos... namorando.
—E por quê? —Ela continua sem demonstrar reações, mesmo que seu
olhar esteja afiado. Esse olhar é perigoso, capaz de quebrar minha conexão com
Cat com apenas um golpe e minha única defesa é a verdade.
Eu pensei que seu olhar estava afiado antes, mas agora ele se tornou um
bisturi. Eu juro que consigo sentir esse olhar sondando minhas entranhas,
procurando por erros do meu passado, mas ela não se afasta do nosso abraço.
—Se é muito cedo depois de tudo isso com o seu ex, eu entendo. —Digo.
—Isso não vai fazer o meu dia, logicamente, mas... —Prendo a respiração, não é
fácil porque acabei de perceber o quanto eu ficaria infeliz ao perder o direito de
tocá-la assim. —Mas vou esperar até que você esteja pronta, se você achar que
está interessada, é claro.
—Acho. —Um enorme sorriso surge em meu rosto como um ovo rachado
ao meio, transbordando toda a minha felicidade em uma confusão, nada legal.
Mas Ruiva nunca ligou para o legal, na verdade, acho que ela gosta de
mim assim.
Ela confirma essa suspeita quando sorri e diz: —Estou com tanta fome que
poderia comer o seu rosto sem me incomodar em raspar a barba antes.
—Você estava certo. —Ela diz. —Me leve para algum lugar bonito e me
alimente? Você ganha um bônus se lá tiver comida gordurosa.
Pressionando meus lábios, olho para o céu. —Bonito e gorduroso... é uma
combinação complicada, mas acho que há um lugar na praça da cidade que se
encaixa, tem panquecas de batatas enormes e sopa de matzá 16.
—Perfeito.
E então, antes que eu perceba o que está acontecendo, ela fica nas pontas
do pé, envolve seus braços no meu pescoço e me beija.
16
Típica comida judaica. Matzá é um pão simples sem fermento.
CAPÍTULO 28
Quase toda tarde de verão eu pegava meu bloco de desenho e meus lápis
e ia para o campo a beira das vinhas, escalar uma árvore e passar horas
esboçando as curvas das colinas até o Lago Cayuga, os veleiros na água e o pôr do
sol cobrindo tudo com um brilho leve, como um sonho, o que me fazia lembrar as
pinturas italianas que eu tinha visto nos museus.
Antes da Visão, eu não era alguém que apreciava muito a paisagem, mas
aquelas tardes que passei capturando traços da magia cotidiana me ajudou a
definir o curso do resto da minha vida.
Dizer que meu pai ficou irritado com a minha decisão seria o eufemismo
do milênio.
Ele era uma mistura devastadora de desapontamento e raiva. Nós não nos
falamos por dois anos. Ele me odiou por traí-lo, e eu o odiei por não deixar que eu
escolhesse meu próprio caminho e ambos odiávamos demais pedir desculpas
para fazer um esforço significativo em reparar a distância entre nós.
O que me lembra...
—Por que Elvis? O que ele fez? —Volto para a estrada, satisfeito que ela
realmente me entendeu, eu nunca deveria ter duvidado dela.
—Eu tinha uma queda por ele quando era criança. —Ela diz brincando
com os dedos no vento enquanto dirigimos. —Eu fiz meu pai realizar um
casamento na praia entre mim e meu ursinho de pelúcia que estava fazendo o
papel de Elvis em Blue Havaí. Papai fez um de seus amigos filmar e todo Natal ele
me torturava com isso. —Seu tom de voz fica melancólico. —Na verdade era uma
das nossas épocas favoritas do ano, mas eu fingia odiar, porque era uma
adolescente e é isso que os adolescentes fazem, você sabe...
—Eu sei. —Digo —Eu fingia odiar o vinhedo no início, quando nos
mudamos, mas é o lugar mais bonito em que já morei. Inferno, na verdade, um
dos lugares mais bonitos que já vi.
—Eu que o diga. —O queixo de Cat cai quando faço a curva e o vinhedo
entra em nossa visão. —Uau Aidan é maravilhoso. É o paraíso com um toque da
paisagem campestre da Toscana.
—Apenas saiba que minha madrasta fala o tempo todo e meu pai mal fala,
não é nada pessoal. Ela nunca ouve o que as outras pessoas dizem e meu pai dá a
todos um tratamento frio, isso é o comum por aqui.
—Quem bom, você não deveria estar. —Digo, tentando esconder que eu
estou preocupado por ela, quanto mais perto chegamos do meu pai mais certeza
eu tenho de que ele vai ser um idiota com Cat e me fazer querer esmagar minha
mão na sua cara ranzinza pela primeira vez em anos. Eu já estou acostumado com
seu mau humor, mas Cat já passou pelo suficiente. Ela não merece ser forçada a
lidar com o mau humor de um velho.
Julie se levanta assim que nos vê, dando um aceno entusiasmado e ela
está falando antes mesmo que eu possa desligar o motor.
—Aí esta você! —Ela tira as luvas e as joga na garagem, a pele em volta de
seus olhos enrugando enquanto sorrir. —Olhe para você Aidan! Eu juro que você
está ainda mais alto do que eu me lembro! E você dever ser Cat! Olhe para esse
cabelo! Meu deus, você é como uma modelo de uma pintura pré-rafaelita. Não é
Jim?
Meu pai, como o previsto, não diz nada, mas se levanta e sai do canteiro
dando um aceno formal em direção a Cat. Ele está vestindo calça caqui e camisa
de botão porque Jim Knight se recusa a vestir jeans mesmo para jardinar, porque
jeans são indignos.
—Linda e uma pele tão perfeita. —Julie vai até Cat com os braços abertos.
—Estou tão feliz que você está aqui, você é muito bem-vinda. —Ela puxa Cat para
um abraço um pouco longo demais, porque os abraços de Julie sempre duram
muito, mas Cat parece não se importar.
Julie assente libertando Cat de seu abraço, mas ainda segurando sua mão.
— Você ouviu isso Jim?
Meu pai grunhe em resposta, o que é muito vindo dele. Mas ele sempre
gosta quando as pessoas pegam no meu pé.
—Sim. —Cat diz sorrindo. —Quanto mais cedo melhor. Mal posso esperar
para ouvir as histórias embaraçosas do Aidan, você me conta as suas e eu conto
as minhas!
Julie ri. —Ai que bom! Finalmente alguém para falar de você, Aidan! Eu já
amo essa garota.
—Agora venha aqui, Ruiva. —Digo abrindo o porta malas para pegar nossa
bagagem. —Eu nunca contei suas histórias embaraçosas para ninguém.
—Bem, vamos apenas lembrar quantas histórias sei sobre você, Calcinha.
—Murmuro enquanto andamos até a porta da frente. —Me pressione e eu posso
esquecer minhas boas maneiras.
—Eu espero que sim. —Ela diz baixinho para que somente eu possa ouvir.
—Eu também gosto desse seu lado, também.
—Um metro e vinte e cinco e quase quarenta quilos. —Meu pai diz, seu
peito inchando de orgulho. —E isso não é história de pescador. Foi o maior peixe
dessa espécie que nosso guia de pesca já viu que não fosse um Golias.
Mas quando vejo meu pai sorrir, como um ser humano normal, capaz de
ser divertido e não rabugento e assustador, com Ruiva, eu não posso deixar de
esperar que o efeito não passe. Eu gosto que Jim perceba que ela é especial. Eu
gosto de ouvir Cat falando sobre peixes, safáris africanos e carros velhos com meu
pai, percebo que é assim que ela deve falar com o próprio pai. É uma parte dela
que eu nunca vi, e isso me faz gostar ainda mais.
Ela aperta meu ombro e sai para encher as outras taças antes que eu
possa responder. E fico feliz. Pois não sei o que dizer.
Eu não estou pronto para nomear o que sinto por Cat, certamente não é
algo tão grande como o amor, mas quando seus olhos presunçosos e triunfantes
encontram os meus, do outro lado da mesa, eles me dizem claramente: Viu
Curvado, eu disse que faria eles me amarem, não posso evitar de sorrir.
Ela é um pé no saco.
Mas estou começando a pensar que é um pé que seria horrível viver sem.
CAPÍTULO 29
—Oh graças a Deus! —Ela ri de novo, um som rico e gostoso que me deixa
ainda mais feliz. —Estou tão bêbada e cansada que vou desmaiar no segundo em
que minha cabeça encostar no travesseiro. Eu não sei como você ainda está
acordado, eu pelo menos tirei uma soneca no carro.
—Maravilha. —Digo ou pelo menos tento. A palavra sai tão arrastada que
faz Cat rir novamente, atraindo a atenção de Julie.
—Eu tenho. —Julie diz. —Mas isso foi antes de saber que a amiga que
você estava trazendo era na verdade uma namorada. Eu tinha colocado vocês em
um chalé com beliches, era o único livre.
—Ah tudo bem. —Cat diz, claramente não gostando da ideia de ficar sob o
mesmo teto que meus pais tanto quanto eu. —Nós amamos beliches, vai ser
como os albergues que ficamos na época da faculdade.
—Sim vai ser ótimo. —Concordo entusiasticamente, feliz que meu pai foi
tomar banho a uma hora atrás, pois com o tanto que ele gostou de Cat, com
certeza ele tentaria nos fazer ficar para que pudesse conversar sobre peixes no
café da manhã.
Julie balança a cabeça: —Vocês têm certeza? Quero dizer, esses colchões
são estreitos e vocês...
Quinze minutos depois de dirigir até o nosso chalé e de nos dar um rápido
passeio, nos mostrando a cozinha, o banheiro, a sala e o aconchegante quarto
com dois conjuntos de beliche, Julie se despede e sobe a colina.
Ela olha para mim, seus olhos brilhando sob a luz suave. —Você está
pensando o mesmo que eu?
—Mesmo? —Seus lábios se abrem enquanto suas mãos vão para minha
cintura e sobem por dentro da minha camisa. No segundo em que seus dedos
frios se encostam a minha pele quente, eu fico duro, dolorido e desesperado para
tê-la. —Como posso pensar em dormir sem antes tomar um banho?
—Faz mais de um dia que não tomo um, Aidan. —Ela diz simulando horror
enquanto circula um dedo no meu mamilo, adicionando outro item as partes do
meu corpo que estão duras por ela. —Isso é nojento, eu sou uma pessoa nojenta.
—Essa não é a palavra que eu teria usado. —Eu me aproximo mais e desço
minhas mãos por sua cintura.
Seus olhos escurecem e seus dedos se curvam até que suas unhas cravam
em meu peito. —Não é?
Eu abaixo a cabeça, deixando meus lábios pertinho dos dela: —Eu estava
pensando... deliciosa. Essa é a palavra que vem a minha mente quando penso em
você.
—O que faz de você o nojento. —Ela sussurra em uma voz rouca que me
arrepia em todos os lugares que quero que ela me toque. —Você não consegue
sentir o cheiro?
—Eu não comi. —Suas mãos encontram minha bunda e eu flexiono meus
músculos, amando como ela me toca, sem hesitação, sem nenhuma dúvida de
que cada parte minha é dela para explorar. —É assim que meu suor cheira no
começo, até se transformar em um fedor de pipoca.
—Então você vai ter que conseguir o que quer no chuveiro Sr. Knight.
—Que tal doce e sujo? —Ela pergunta, enquanto a levanto e me viro para
carregá-la até o banheiro, meus braços embaixo de sua fantástica bunda e suas
pernas em torno da minha cintura. —Eu não quero nada muito bizarro essa noite.
Eu só quero fazer amor com você.
—Eu estava apenas tomando medidas preventivas. —Ela fala entre beijos
enquanto nos livramos do restante das roupas o mais rápido possível. —Fugindo
antes de você.
—Eu pareço com quem quer fugir? —Estico o braço para abrir o chuveiro,
mas mantenho meus olhos nela. —Mesmo que um pouco?
Ela balança a cabeça lentamente. — Não. Você parece... lindo. Eu já te
disse que só de olhar para você faz com que eu sinta que ganhei em algum tipo de
loteria? Que sortuda eu sou! Que posso ficar com você, mesmo que seja por uma
noite?
—Vai ser muito mais do que uma noite. —Prometo, meu coração pulando
outra batida quando ela se aproxima pressionando sua pele contra a minha. —E
você é a coisa mais linda que eu já vi Ruiva, especialmente assim.
—Nua e disposta. E olhando para mim como se não houvesse outro lugar
que preferisse estar.
—Não há. —Seu olhar suaviza como suaviza com Fang, mas melhor,
porque ela está me olhando e está excitada, e eu sei que vou esta noite receber
muito mais do que uma caricia atrás das orelhas. —Você não sabe? Que você
sempre foi uma das minhas pessoas favoritas?
—E você é uma das minhas. —Meu pau pulsa, quente e duro, contra sua
barriga e eu a quero tanto quanto a quis ontem à noite, mas não é o meu pau que
a anseia mais e mais. Há uma ânsia mais feroz, dolorosamente doce que se
espalha por meu peito.
Talvez sempre tenha existido lá fora uma garota que feita para mim. E
talvez eu a tenha encontrado novamente. E talvez agora eu seja inteligente o
suficiente para me manter firme e dar a esta mulher, que é uma em um milhão,
cem razões diferentes para parar de fugir.
—Então fique comigo. —Sussurro. —Prometo que vou fazer valer a pena,
esquilo feroz.
—Cuidado Knight. —Ela diz, dando um beijo na ponta de meu nariz. —Ou
talvez eu tenha que começar a me apaixonar por você novamente.
No final, não tenho certeza do que ela vê, mas deve ter gostado, porque
logo em seguida seu sorriso volta, maior e mais radiante do que nunca. —Então
me beije, sexy. E me coma contra a parede do banheiro como você disse que
queria.
—Eu sempre vou querer isso. —Prometo, esmagando meus lábios nos
dela.
Espero até que sua respiração acelere e ela comece a gemer na minha
boca enquanto nos beijamos, mas não tenho que implorar esta noite. Não quero
esperar e não quero fazê-la esperar. Só quero senti-la apertada e deslizante ao
meu redor, e saber que estou o mais próximo possível da mulher em meus
braços.
—Oh, Deus, Aidan. Eu amo isso, esse momento, aqui, agora. —Sua cabeça
cai contra os azulejos enquanto deslizo dentro dela, empurrando profundamente
até que estou enterrado até o punho e ela pulsa ao meu redor, cada pulsar de sua
boceta me assegurando de que eu sou bem-vindo, querido, maravilhoso.
Eu quero dizer, que ela é perfeita, sem falhas, a melhor coisa que eu já
senti, mas sei que ela não vai acreditar em mim. Porque quando éramos mais
jovens, eu fui um idiota apressa para pegar as bugigangas mais brilhantes da
prateleira, muito estúpido para perceber que estava passando direto por uma
obra de arte sem um segundo olhar.
Cat é uma obra de arte. Ela é a coisa real, o tipo de pessoa que fica
melhor, mais inteligente, mais engraçada, mais fascinante com a idade. E eu perdi
onze anos dela. Onze anos de Ruiva crescendo, aprendendo e mudando, mas
continuando a mesma porque ela é um diamante em um mundo cheio de pessoas
de vidro.
E talvez eu tenha dito algumas dessas coisas enquanto gozava dentro dela,
meu pau pulsando tão forte que vejo estrelas. Eu não sei com certeza.
Eu só sei que quando volto para o meu corpo, ela está pegando meu rosto
em suas mãos e me encarando com um olhar tão suave, doce, maravilhado que
me faz sentir como se o mundo todo tivesse desaparecido e que ela é a única
coisa que ainda está de pé.
Mas então ela sussurra: —Ei, Aidan. —Enquanto passa seu polegar pelos
meus lábios.
O que há para temer enquanto ela estiver aqui? Quando sei que posso
acordar e fazer isso todo o dia e noite com ela novamente amanhã?
Ela se afasta com um brilho perverso em seus olhos enquanto olha para
mim. —Não, não está tudo bem, você vai ser um homem e me comer na cama de
cima essa noite, e vai acordar amanhã sabendo que você fez o que precisa.
—Ser um comedor na cama de cima, o melhor tipo que existe. —Ela diz,
pegando o frasco de xampu e colocando um pouco do liquido âmbar no meu
peito. —Agora limpe sua bunda, soldado.
Simulo uma saudação e passo minha mão pelo meu peito levando a
espuma do xampu até meu pau ensaboando as coisas. —Me dê dez minutos e o
capitão e seu batalhão estarão prontos para entrarem em ação.
Ela sorri enquanto assiste minha mão trabalhar em meu pau. —Perfeito.
Para: Curvado4SeuPrazer
De: CorraCalcinhaCorra
Mas agora que fiquei tanto tempo sem ver seu rosto...
Eu já voltei a te esquecer.
Ela está linda andando pela cozinha, sua pele pálida brilhando na luz da
manhã e o avental com desenhos de morangos vermelhos combinando com seu
cabelo. Eu mantenho o controle até que ela se aproxima e inclina para colocar
açúcar no meu café e um de seus mamilos escapa e depois bem...
Vamos apenas dizer que minha madrasta não ficaria feliz em saber o que
comi no café da manhã em sua mesa.
Mais tarde, depois de ter feito Cat gozar alto o suficiente para irritar um
bando de gansos do lado de fora da nossa janela, eu peguei a comida que o
cozinheiro de Julie deixou no degrau da frente e nós rastejamos para a nossa
cabaninha para comer, porque comer em uma cabana é sempre duas vezes mais
divertido, e muito melhor fazer amor nas migalhas antes de ir para o banho
limpar a bagunça.
—Esse é o lugar mais mágico. —Ela diz, levantando o rosto para a brisa
jogando seus cabelos para trás. —Acho que quero viver nessa arvore.
—Então aquelas paisagens no seu dormitório eram suas. —Ela diz com um
sorriso. —Eu sempre me perguntei.
—Não posso acreditar que você se lembra delas. —Pego outro pedaço de
pão e passo para ela.
—Fico feliz. —Eu me inclino para mais perto dela. —Porque Aidan está
louco por você.
Ela inclina a cabeça para o lado, mas quando tento beijá-la ela se move
para longe do meu alcance. —Isso é verdade Aidan Knight? Porque não consigo
parar de pensar que a qualquer segundo vou acordar e tudo isso será apenas um
sonho bonito induzido pelo vinho e aí ficarei triste.
—Eu adoraria isso. —Ela solta a respiração, aquecendo meus lábios. —Eu
mal posso esperar para ter um Knight original pendurado na minha parede. Será a
minha coisa mais preciosa.
—Não, meu pau insiste que ele deveria ser a sua coisa mais preciosa.
—Da curva as bolas. —Digo envolvendo meus dedos em seu cabelo. —Ele
é todo seu, linda.
E então a beijo e não leva muito tempo para querer fazer algo mais. Mas
nós estamos em uma árvore, e embora Cat provavelmente tenha coordenação
suficiente para fazer sexo no galho de uma árvore, eu não tenho. Então
arrumamos nossas coisas e corremos para o chalé onde a tenho de volta em
nossa cabaninha de beliche, fazendo amor até que o prazer seja tão intenso que
tenho certeza de que vou morrer.
Tudo é perfeito.
Tão perfeito que uma parte de mim se preocupa que algo acontecerá e
estragar tudo. Mas depois de um momento, eu me obrigo a descartar esse
sentimento ameaçador.
Nós estamos seguros na casa de meus pais e logo todas as coisas ruins
estarão no passado.
—Eu não estou falando da visita. —Ele diz sem rodeios. —Estou falando
de Catherine. Eu nunca achei que veria esse dia, mas você fez uma boa escolha
filho. Ela é uma boa pessoa. Ela será uma linda noiva, uma parceira forte para
você e uma mãe maravilhosa para os seus filhos.
Meus olhos se arregalam. Estou tão chocado que não consigo pensar em
nada para dizer. Eu simplesmente fico lá parado e piscando como um idiota,
enquanto meu pai me dá fortes batidinhas de encorajamento no braço.
—Então, quanto tempo você acha? —Ele pergunta com um brilho nos
olhos. —Quanto tempo antes de vocês me darem meu primeiro neto?
CAPÍTULO 32
Um neto.
É por isso que o meu pai está tão feliz. Foi por isso que ele me abraçou
pela primeira vez em anos e sorriu para mim do jeito que sorria antes de eu
cometer o pecado imperdoável de escolher viver a minha vida do meu jeito.
Mas passei minha vida adulta inteira aprendendo a não me importar com
o que meu pai quer ou com o quanto eu o desapontei. Então engulo o mal-estar e
devolvo as batidinhas no ombro, abafando a faísca da preocupação antes que se
torne uma chama. Vou esclarecer as coisas com ele, voltar para Cat o mais rápido
possível e esquecer que por um momento pensei que Jim e eu poderíamos nos
dar bem novamente.
Não tenho que dar explicação porra nenhuma a Jim, não lhe devo
explicação há anos.
E daí que meu pai parece a ponto de chorar de felicidade? Isso é problema
dele, esse é o preço que se paga por passar a vida toda enterrado nos negócios
familiares de trezentos anos.
—Mas se Cat preferir outro lugar tudo bem, também. —Ele continua. —
Vou cobrir os custos de qualquer forma.
—Que gentileza sua, pai. —Digo friamente, colocando minhas mãos nos
bolsos. —Muita gentileza.
Ele dá de ombros descartando minha gratidão. —Eu sei que normalmente
é a família da noiva que paga, mas não parece que ela tenha uma. —Ele olha ao
redor, seu olhar se suavizando. —E isso não importa. Ela logo será parte da nossa
família.
As palavras cortam minhas defesas como uma lâmina afiada que fere
minhas costelas. —Você realmente gosta dela, não é?
—Não, a outra mulher com que você acha que eu deveria casar.
—Não pai. —Digo. —Nós não conversamos. Eu nem sei se ela quer ter
filhos, muito menos se ela...
—Então você deveria descobrir. —Ele diz com frustração em seu tom. —
Você não está ficando mais jovem Aidan. Quando eu tinha a sua idade já estava
casado há seis anos e tinha uma criança de dois anos. Se você não tiver cuidado e
continuar brincando vai desperdiçar sua vida inteira.
—Não foi isso o que eu disse. Não é sobre o trabalho, é sobre a falta de
respeito com as coisas que realmente importam como a família e a tradição e...
—A família não pareceu importar para você quando voltei do Japão. Você
colocou “devolução ao remetente” no meu cartão de natal pai, pelo amor de
deus. —Digo tentando manter meu tom calmo. —Se Julie não tivesse adoecido
você teria ficado feliz em fingir que nunca teve um filho.
—Você me cortou da sua vida primeiro. —Ele me olha nos olhos. —Você
fugiu para o Japão sem dizer a ninguém onde ia. Durante três dias depois de
chegarmos em casa da cerimônia de formatura, eu não tinha ideia de onde você
estava. Você parou para pensar que sua mãe, Julie e eu ficamos preocupados com
você?
—Eu chorei, seu bastardo. —Ele diz, me cortando antes que eu possa me
desculpar pelos pecados dos meus vinte e dois anos. —Achei que você tinha se
embebedado e entrado com o carro no lago ou entrado em uma briga e sido
enterrado no quintal de algum psicopata.
Mas em vez disso digo. —Eu ainda não quero te odiar. E eu não quero que
você me odeie, ou que decida me abraçar pela primeira vez em muito tempo só
porque gostou da minha namorada e acha que ela seria uma boa incubadora para
seus netos.
—Pare com isso, Aidan. —Meu pai grita e aperta a boca com força. —Não
há necessidade de ofender Cat porque você está com raiva de mim.
—Eu a vi pegar uma cascavel com as próprias mãos, pai! —Atiro. —Duas
vezes! E eu passei várias horas impedindo dela fazer merdas que a levariam direto
para o escritório do reitor ou pior. Eu só quero conhecê-la de novo, ver se ela é o
tipo de louca com quem posso lidar, e se combinamos. Casar-me com ela e
pressioná-la a ter filhos para satisfazer suas expectativas é a última coisa na
minha cabeça.
Meu pai não responde ou encontra meu olhar. Seus olhos estão fixos em
algo atrás de mim. Mesmo antes de falar eu sei o que, ou melhor, quem é.
Caramba.
—Sinto muito que você teve que ouvir isso. —Meu pai diz a ela com os
olhos tristes. —É minha culpa. Na minha idade eu já deveria saber que não é bom
presumir as coisas. Especialmente se envolve meu filho.
—Sem problemas. —Ela diz e olha para o meu pai. —E não se desculpe
Jim. É bom ouvir o que as pessoas realmente pensam. Eu era meio louca quando
eu e Aidan nos conhecemos. Eu era uma adolescente, mas ainda assim...
Minha respiração acelera. —Por favor, Cat, me desculpe.
—Vou deixar vocês dois sozinhos. —Meu pai se retira, voltando para a
festa e me deixando sozinho para arrumar a bagunça que eu mesmo fiz.
Coloco as minhas mãos nos meus quadris e deixo minha cabeça pender
enquanto espero que meu pai fique fora do alcance da voz, desejando que eu
pudesse rebobinar o tempo e nunca ter saído da mesa de jantar. Eu estava com
tanta raiva que mal consigo me lembrar do que disse, mas sei que foi uma merda
e não era verdade, e machuquei a única pessoa que eu nunca quis machucar.
E enquanto fico lá, começando a suar porque não sei como tornar isso
melhor, eu percebo nessa hora que “para sempre” com Cat estava nos meus
planos. Eu não pensei em casamento, mesmo porque presumi por anos que
nunca me casaria, mas pensei em como seria bom acordar com ela todas as
manhãs. Fazer amor com ela todas as noites e saber que nunca vou ficar sem
razões para sorrir porque a pessoa que mais me faz feliz aceitou compartilhar sua
vida comigo.
—Eu sei que você não estava. —Corro a mão pelo meu cabelo. —Você
deveria ligar para ele, isso pode esperar.
—Eu realmente sinto muito. —Repito. —Eu não quis dizer nenhuma das
besteiras que eu disse. Eu estava chateado e acabei falando merda.
—Não, não que lamenta. —Ela fecha os olhos por um segundo e abre
novamente. —Eu me refiro, a você está melhor? É realmente melhor não se
importar com o que o seu pai pensa? Quero dizer, ele é seu pai.
—Isso não é verdade. —Cat diz —Seu pai absolutamente se preocupa com
você. Você deveria ver como ele te olha quando você não está prestando atenção
Aidan. Ele te ama muito.
Eu flexiono meus ombros, mas eles continuam tensos. —Não quero falar
sobre isso.
—Mas, eu quero. —Ela diz. —Acho que é hora de você parar de afastar
seu pai e lhe dar uma segunda chance de verdade.
—Sim, e nem eu. —Ela diz com a voz mais firme. —Mas você ainda me
trouxe para casa e me comeu meia dúzia de vezes entre ontem à noite e hoje à
tarde. Mesmo eu sendo uma maluca que você começou a namorar ontem.
—Qual é, Cat. Eu já falei que não quis dizer nada daquilo. —Eu me
aproximo dela, que se afasta e seus ombros tensos deixam claro que meu toque
não é bem-vindo.
—Com certeza. —Ela sorri, com uma curva em seus lábios que faz com
que eu me sinta ainda pior do que a um segundo atrás. —Eu bebi três taças de
vinho, então tenho certeza de que a maior parte desta noite estará um pouco
confusa amanhã. Mas preciso retornar o telefonema do detetive. —Ela se afasta e
aponta para a festa que ainda está acontecendo. —Você pode dizer boa noite a
todos por mim? Acho que vou para a cama depois de fazer a ligação. Não estou
acostumada a tomar vinho duas noites seguidas.
—Deixe-me descer com você. —Avanço em sua direção, mas ela me para
com um aceno de cabeça.
—Não, Aidan. —Ela passa a mão pelo cabelo enrolando os fios de seda em
um punho. —Eu disse que as coisas vão ficar meio nubladas amanhã, mas agora
eu me lembro de cada palavra que você disse. E eu realmente não quero ir a
nenhum lugar com você.
—Eu estou segura. Tenho certeza de que é para isso que Lipman está
ligando. Além disso, não houve nenhum carro na estrada por horas. —Ela dá mais
um passo para trás, lançando suas feições em uma escuridão quase completa. Eu
não tenho ideia de qual é a sua expressão quando ela diz. —Todos os outros
hóspedes já devem estar dormindo profundamente, e logo eu estarei também.
Vejo você pela manhã. Você fica responsável pelo café dessa vez. Mas sem o
avental. Eu não acho que ele chegaria perto de cobrir suas coisas.
—Tudo bem. —Sorrio, mas sinto a tristeza em meus lábios. —Devo ficar
na cama de baixo essa noite? E você na de cima?
Eu aguardo sua resposta, rezando para que ela diga que eu deveria me
juntar a ela na cama de cima para pagar devidamente pelos meus pecados. Mas
em vez disso ela diz: —Isso soa bem. Boa noite Aidan.
—Boa noite. —É apenas um boa noite, mas quando ela se vira e começa a
descer o caminho entre as videiras, indo em direção as luzes que levam aos
chalés, parece que foi um adeus.
Será que você pode se fechar para o mal sem se fechar para o bem
também?
Eu não sei. Mas sei que tenho que concertar as coisas com a Ruiva. Eu não
estou nem perto de ter terminado com ela, conosco, com o que seremos um para
o outro.
—Eu vou consertar as coisas com você. —Sussurro para sua sombra
enquanto ela desaparece, silenciosamente enviando outro pedido de desculpas
para ela antes de voltar para a festa.
De volta à mesa, eu me desculpo com Julie por Cat, ignoro meu pai e
prometo ao adorável casal que trouxe a sobremesa, que irei levar um pedaço do
bolo de morango para o chalé para que Cat possa comê-lo amanhã. Eu ajudo a
terminar uma garrafa de vinho tinto que Julie abriu para harmonizar com os
morangos e depois me encarrego de reunir todo o lixo reciclável no carrinho de
mão e o orgânico em uma tigela de salada vazia para ser adicionado à pilha no
quintal dos fundos.
Cat está ferida e desapontada, mas está sã e salva e vai dormir na cama
acima da minha, perto o suficiente para que eu possa ouvi-la respirar e espero
que minhas vibrações silenciosas de “perdoe-me” possam penetrar a camada
externa de suas defesas. Realmente, apesar de tudo ela está sendo muito calma
em relação a isso.
Calma demais...
—O que? —Julie fala atrás de mim. —Aidan o que está errado? Você e Jim
brigaram outra vez? Eu disse a ele para não falar nada sobre casamento ainda,
mas ele nunca me escuta.
—Eu explico mais tarde. —Grito sobre meu ombro, sabendo que não há
tempo a perder.
Meu pai ainda me irrita mais do que ninguém e aposto todo o meu
dinheiro que a Ruiva ainda finge que está bem quando realmente está devastada.
Corro mais rápido, esperando estar errado, mas quando chego ao chalé,
não fico surpreso em não encontrar nenhum sinal de Cat. Checo a casa principal,
o celeiro e em seguida faço outra verificação na casa e no banco de trás do Rolls
de Shane, só para me certificar, mas Cat está longe de ser encontrada, ela
desapareceu, como um animal que se esconde para lamber suas feridas, do jeito
que ela sempre fez.
Exatamente gênio! É por isso que estar com ela parece tão certo.
Você diz que nunca esteve realmente apaixonado, mas a verdade é que
você nunca deixou de estar. Você esteve apaixonado por essa garota desde que
eram duas crianças e agora em apenas um dia você estragou o resto da sua vida.
Com outro xingamento volto para a casa principal para contar a Julie o
que aconteceu e pedir o seu conselho. Acho que já procurei em todos os lugares
que Cat poderia estar, mas outra mulher pode ter um instinto melhor. E de
qualquer forma preciso que Julie fique de olho em Cat e me prometa que vai
cuidar de Ruiva caso ela apareça em sua porta no meio da noite precisando de um
copo de água e um lugar para ficar.
Cat pode não querer mais nada comigo, mas ainda preciso mantê-la
segura.
Preciso disso como preciso de poucas coisas em minha vida. Enquanto ela
estiver segura há uma chance de me perdoar, que ela vai ver que sou falho e sem
noção às vezes, mas que vou compensar isso por amá-la. Amá-la de todas as
maneiras que ela precisa ser amada, maneiras que só eu posso amá-la porque eu
sou dela e ela é minha.
Mas, mesmo enquanto espero pelo melhor, algo dentro de mim insiste
que Cat se foi. Talvez para sempre.
Eu me recuso. Não vale a pena fazer isso. Aidan é quem ele é e eu sou
quem eu sou, e se nós estivéssemos predestinados, teríamos ficado juntos da
primeira vez.
Mais do que bem. Eu gosto de quem sou sem Aidan Knight. Eu tenho um
ótimo trabalho, amigos maravilhosos, a cachorrinha mais adorável do universo, e
o resto da minha vida à frente para superar o pesadelo com Nico e um grande
idiota, estúpido e bonito que me fez pensar que sonhos poderiam se tornar
realidade. Até mesmo os loucos sonhos românticos.
Até que se revele que Julie sofre de demência precoce. Então eu teria que
passar o resto do livro cuidando dela enquanto sua saúde piora, ao mesmo tempo
em que aprenderia lições valiosas sobre a natureza fugaz do tempo e a disposição
imprevisível do destino. E talvez em algum ponto, logo antes da pior parte,
quando descobriremos que Julie não está respondendo bem aos seus
tratamentos, eu teria um caso com o cara contratado para fazer a colheita.
Mas isso não seria parte da trama central, e ele definitivamente não
partiria meu coração.
Parar antes que um homem saia de trás da porta do chalé e coloque sua
mão sobre minha boca sussurrando. —Você sentiu minha falta Catherine? —
Enquanto enfia algo afiado no meu pescoço.
Eu vacilo, dor inunda meu corpo e meus músculos ficam moles. Perco a
consciência no meio de uma tentativa infrutífera de pedir ajuda.
E acho que deveríamos voltar a isso antes que seja tarde demais para
provar que, com amor suficiente, é possível encontrar o caminho de volta para as
coisas preciosas que você perdeu.
CAPÍTULO 34
Nico sabe que ela está aqui. Ele sabe. Ele sabe. Ele sabe…
—A polícia está vindo. —Julie diz do deck com vista para o jardim. —Eles
têm carros vindo de Ithaca e descendo a rodovia na direção contrária, além de
estarem montando barreiras. Eles vão encontrá-la querido. Eu sei que sim.
—A polícia disse que deveríamos ficar dentro de casa Aidan. —Julie grita
atrás de mim. —Por isso todos os convidados estão em nosso porão, docinho. As
pessoas que pegaram Cat ainda podem estar por perto e não é seguro você ficar
por aí.
—Pelo menos não desarmado. —A voz de meu pai está próxima, mas
quando me viro, levo um momento para vê-lo. Ele está parado nas sombras que
levam a área de armazenamento da casa. À medida que meus olhos se ajustam a
escuridão, vejo o estojo da minha espingarda antiga em suas mãos.
Foi minha terceira arma, eu a levava para viagens de caça com meu pai
quando estava no colegial. Passávamos longos fins de semana na cabana de seu
amigo na floresta ao norte de Watkins Glenn, caçando e relendo nossos livros de
bolso favoritos, aqueles que ficavam na prateleira dos equipamentos de caça
durante o ano inteiro, as páginas inchadas da exposição ao calor e a umidade, e
comendo carne de veado em toda refeição. Naquela época nós gostávamos de
passar um tempo juntos. Nós nunca fomos o tipo de ter longas conversas íntimas
ou de compartilhar piadas, mas nós dois esperávamos pelos finais de semana de
solidão compartilhada.
Não manejei essa arma desde que eu tinha quinze anos, a última vez em
que estive em condições boas o suficiente com meu pai para me submeter
voluntariamente a três dias de nada além de sua companhia.
—Eu a limpei há alguns meses. —Meu pai diz, segurando uma caixa de
cartuchos. —Está em boas condições, mas não atire se Cat estiver perto de quem
a levou, são cartuchos, mas está escuro e você está sem prática. Não vale a pena
o risco.
—Eu sei. —Jim põe a mão no meu ombro. —Seja cuidadoso e se tiver que
atirar, atire para matar. Se você só ferir um homem como este, ele vai fazer você
se arrepender por ter mostrado misericórdia.
—Eu te amo pai. —Digo baixinho, não querendo partir para o escuro antes
de dizer essas palavras.
Meu pai assente enquanto volto para o chalé. —Irei orar por você Aidan,
exatamente como faço todas as noites.
Quando chego ao chalé e dou a volta com os olhos no chão, elevo aos
céus uma oração: que eu não seja tão burro ou teimoso para precisar de outro
desastre para resolver os meus problemas com Jim da próxima vez. E que eu
chegue a Cat antes que o filho da puta que a levou, machuque a mulher que eu
amo.
Agora que estou prestando atenção, a trilha é tão clara quanto um pedido
de resgate rabiscada em um papel e presa a porta. Um homem do meu tamanho,
usando botas de trilha, entrou na casa sozinho, e saiu deixando pegadas
profundas na terra úmida. Profundas o suficiente para estar carregando a mulher
que deixou as pegadas de sandálias das vinhas até o chalé.
Cat entrou no chalé sozinha, mas saiu nos braços de um psicopata que
deixou um rastro no cascalho ao lado da estrada de mais ou menos uma dúzia de
passos antes de mudar a direção para o bosque, descendo a trilha que leva até o
ancoradouro.
A pessoa que levou Cat invadiu uma propriedade privada e agrediu uma
mulher inocente, e se eu conseguir uma mira limpa terei certeza de que ele se
arrependa pelo resto de sua vida, por mais breve que ela seja.
CAPÍTULO 35
E agora, algo de Nico Mancuso.
Está frio no bosque, frio demais. Estou preocupado que Catherine congele,
até chegarmos ao outro lado da água. Ela está usando somente um casaco leve e
suas pernas estão descobertas. Se soubesse que estaria frio assim aqui no norte
do estado, teria pego cobertores e roupas mais quentes.
Sua cabeça está pesada sobre meu peito e seu corpo flácido em meus
braços, mas ela deve voltar a si em breve. Eu usei a menor dose de sedativo
possível. Eu só precisava dela quieta tempo suficiente para levá-la para longe do
bandido que estava com ela e para algum lugar seguro onde possamos conversar.
Catherine é uma das mulheres mais inteligentes que conheço, mas ela
está vulnerável. Seu pai, seu único membro familiar, faleceu recentemente. Isso,
combinado com o final abrupto do nosso noivado, uma situação causada pelo
medo e não por falta de amor, lhe deixou frágil e pronta para cair sob o feitiço de
qualquer homem insistente.
—Mas a pessoa com poder deve ser alguém que te ame, alguém que você
possa confiar. —Digo levantando-a mais enquanto passo por cima de um galho
que está bloqueando o caminho. —Eu escondi as coisas de você para a sua
própria proteção, cara mia. Mas em todos os aspectos que realmente
importavam eu era um livro aberto. Nenhum homem jamais vai te amar como eu
te amo. Esse homem das cavernas não é bom o suficiente para lamber os seus
pés.
Embora eu saiba que ele fez muito mais do que só lamber os pés de
Catherine.
Tudo que eu conseguia pensar era naquele homem das cavernas barbudo
empurrando sua língua, seus dedos, seu pau na boceta da minha mulher.
Não lembro exatamente o que disse a Petey quando pedi para ele buscar
Catherine em seu apartamento, mas gostaria de ter dito para ele matar aquele
porco musculoso. Sr. Knight merece morrer por ficar entre mim e o que é meu, do
mesmo jeito que Petey morrerá por me trair e fazer planos de matar Catherine no
voo para Cuba esta noite.
Será mais difícil chegar ao merdinha agora que ele está sob custódia da
polícia, mas vou dar um jeito.
Os detetives que derrubaram minha família podem ter destruído uma das
maiores dinastias criminosas do Estados Unidos e destruído minhas chances de
um futuro na política, mas não vão atrapalhar meus planos de vingança.
Petey pagará por sua traição e Aidan Knight pagará por tentar tomar o que
é meu. Assim que Catherine e eu estivermos seguros em Cuba começarei a fazer
os arranjos.
Mesmo quando chego perto o suficiente para ver quem, ou melhor o que,
está a bordo do pedalinho, a noite permanece silenciosa.
Ela me amava então e ela ainda me ama agora. Não importa o que ela
disse ou que ela tenha fugido e transado com outro homem. O que temos é real e
logo nossa relação estará mais forte do que antes. Eu só preciso tirá-la do país e
tudo vai voltar ao normal.
Eu quero avisar que tenho uma arma apontada para Nico e que ela
deveria se virar e correr. Mas não tenho certeza que seus pés estejam firmes o
suficiente para sair do alcance de seu ex-psicopata antes dele agarrá-la. Então
mordo minha língua, ignorando o pulso acelerado e rezo para que tudo o que ela
tenha planejado para Nico, o deixe fora de cena por tempo suficiente para eu nos
deixar em segurança.
Um segundo depois, ela gira ao redor dele, saindo de sua linha de visão
quando ele se volta para a praia, quase me dando um ataque cardíaco no
processo.
—Você deveria ter me dito que queria lutar, cara. —Ele diz, com uma
risada em sua voz enquanto sobe para o cais ao lado dela. —Você sabe que eu
vivo para agradá-la.
—Pare! —Ela rola de quatro e rasteja de volta para a praia. A mão dele
tenta alcançar seu tornozelo, mas erra por poucos centímetros. —Me deixe em
paz, Nico. Deixe-me em paz!
Enquanto mantiver o bastardo preso entre meu corpo e o cais, será mais
difícil para ele atirar em mim novamente. E mesmo que ele consiga dar outro tiro,
ele não será capaz de acertar qualquer coisa vital sem passar a bala através de si
mesmo primeiro.
—Se você estivesse tão preocupado com a sua camisa, não deveria ter
atirado em mim, seu monte de merda. —Forço as palavras através de minha
mandíbula apertada enquanto o suor irrompe na minha testa.
—Se ela conseguir fugir de mim por sua causa, eu te matarei. —Os dedos
de Nico apertam o pulso do meu braço bom, cavando profundamente nos
tendões. —Me largue e eu não vou cortar fora seu pau antes de colocar uma bala
em sua testa.
—Você nunca deveria ter tocado nela. —Ele grita, cuspe voando de seus
lábios. —Eu vou cortar suas mãos e em seguida seu pau, e depois vou assisti-lo
sangrar com um sorriso no meu rosto. —Ele vai para a minha garganta com as
mãos em forma de garras, com a intenção clara de me estrangular.
—Ele precisa de suas mãos, seu monte de merda psicopata. —Cat diz com
voz arrastada. —E de seu pau.
Eu me viro para Nico, me certificando de que ele não vai se levantar, mas
seus olhos estão fechados, sua boca aberta e sua coluna em uma posição
desconfortável, o que sugere que ele está realmente nocauteado.
—Acho que não. —Ela se senta com força ao meu lado com a espingarda
ainda em suas mãos. —Mas não consigo sentir minhas pernas ou pés. Ele deve ter
injetado algo que fez todo o meu corpo ficar dormente por um tempo. —Ela
pisca, fazendo um esforço visível para se concentrar no meu rosto. —Mas houve
um tiro, certo? Eu não imaginei, não é? Você está bem?
—Vou ficar bem. —Eu a busco com o braço bom e a puxo para um abraço
desajeitado, fazendo uma careta quando o movimento faz a dor correr através de
meus ossos. Agora que o perigo imediato já passou, minhas terminações nervosas
estão fazendo o seu melhor para ter certeza de que eu entenda o quanto estou
fodido, mas preciso dela perto de mim para sequer prestar atenção. —Ele me deu
um tiro no antebraço, mas vou ficar bem.
—Mas eu preciso que ele se afogue Aidan. —Ela insiste aumentando sua
voz. —Preciso que ele afunde para nunca mais machucar você ou eu ou qualquer
outra pessoa. Eu não posso viver o resto da minha vida me perguntando se uma
pessoa louca está se escondendo atrás de uma porta esperando para me
sequestrar ou cortar o pau de alguém que me importo.
—Ele vai para a cadeia por um longo, longo tempo, Ruiva. —Digo
suavemente, muito grato por estar vivo e ser alguém que ela se preocupa. —Dê-
me a arma. Enquanto ele permanecer estável até a polícia chegar aqui ele irá
viver. Se ele tenta correr eu vou matá-lo, eu prometo.
—Estou mais preocupado com você. —Digo, desejando que meu braço
ferido não doesse tanto. Eu realmente gostaria de segurá-la corretamente agora.
—Eu enlouqueci quando percebi que ele tinha levado você do chalé. Eu não
quero perder você, Ruiva, especialmente não assim.
—Eu também não quero perder você. —Seus ombros relaxam, fazendo-
me ver que ela está começando a descer do seu pico de adrenalina.
—Sinto muito. —Repito pela décima segunda vez, com mais ênfase ainda.
—Desculpe eu ser um idiota que não percebeu que sempre esteve apaixonado
por você, até quase ser tarde mais.
Cat funga e sua boca faz uma careta triste. —Você não esteve apaixonado
por mim sempre.
—Estive. —Insisto, inclinando o cano da arma entre nós para que ela
aponte para Nico. A última vez que verifiquei a trava de segurança estava
posicionada corretamente, mas se houver um disparo acidental eu quero ter
certeza de que atinja alguém digno de tomar uma bala perdida. —Desde que você
ganhou a primeira corrida, no segundo que você passou a linha de chegada
parecendo pronta para começar uma luta, eu estava perdido. Só fui muito
estúpido para perceber isso. Mas não quero mais ser um idiota.
—Você não é um idiota. —Ela diz, sua expressão ainda desconfiada. —
Você é uma das pessoas mais inteligentes que conheço. E você não tem que fazer
uma baita declaração só porque foi baleado e eu quase fui sequestrada por meu
ex-namorado louco.
—Eu sei que não. —A menção de Nico me faz olhar novamente em sua
direção. Mas o homem ainda está desacordado, provando, mais uma vez, que
ninguém pode foder com a minha garota.
O que significa que, se eu quero que ela seja realmente minha garota, eu
também não posso.
—Eu apenas pensei que o amor era algo difícil. —Eu me aproximo,
inalando o cheiro doce de Cat. —Minha mãe e meu pai fizeram com que o
casamento parecesse algo muito difícil e então papai e Julie se juntaram e fizeram
de uma maneira diferente. Quando eles começaram a namorar, eles viviam
brigando.
—É difícil de acreditar. —Cat diz com outra fungada. —Eles parecem tão
bons juntos.
Ela franze o cenho, mas encosta a cabeça mais perto da minha. —Mas
você tinha encontros. Você namorou bastante.
—Sim, bastante. Mas nunca a sério. Fiz questão de sair com meninas que
queriam manter as coisas casuais, por isso nunca houve um risco da diversão se
tornar algo mais. —Envolvo meus dedos ao redor de sua cintura, puxando-a para
mais perto, mesmo que o movimento faça meu pulso ferido doer. —Mas eu
cometi um grande erro.
—Qual? —Ela inclina a cabeça para trás, olhando para mim, o rosto pálido
a luz do luar. Pálido, mas bonito.
Ela é a coisa mais linda que eu já vi e quero que ela me deixe amá-la mais
do que eu quis qualquer outra coisa em um longo, longo tempo. Mais do que quis
a segunda loja da Ink Addctis, mais do que quis me libertar dos sonhos que meu
pai tinha para minha vida, mais do que as habilidades que aperfeiçoei na minha
arte para fazer bem o meu trabalho.
Eu tenho um sentimento que amar a Ruiva vai ser outro tipo de arte, uma
que nunca envelhecerá ou frustrará ou me fará desejar ver por outra perspectiva.
Ela é a minha perspectiva. Um olhar em seus olhos e eu sei que isso é o que
importa, amar alguém suficiente para colocar cada pedaço de si mesmo na linha.
—Só porque sabia que se eu ficasse com você naquele verão eu nunca
partiria. —Digo, levando meus lábios para mais perto dela. —E naquela época eu
era muito idiota para perceber que você era muito mais excitante do que estudar
tatuagem na Ásia.
—Pode crer. —Ela diz sem rodeios, inclinando a cabeça para um lado, seu
olhar fixo na minha boca. —Você ouve as sirenes?
Sua mão vem para o meu rosto, seus dedos arranhando suavemente a
minha barba. —Claro que vou com você na ambulância. Eu te amo. —Ela diz,
enviando uma onda de alívio no meu peito.
—Eu também te amo. —Digo com a voz rouca. —Muito.
—Eu não tinha terminado. —Ela diz com um sorriso. — Eu te amo, mas
também tenho que ver se você vai chorar quando eles tirarem a bala de seu
braço. Se você chorar, vou curtir com a sua cara por anos. Eu tive uma bala
retirada da minha bunda quando eu tinha doze anos e não derramei uma lágrima.
Meu pai ficou tão orgulhoso que me comprou uma jiboia de pelúcia.
—Com prazer. —Estamos tão perto agora que meus lábios roçam os dela
enquanto falo. —Desde que você me lembre de que me ama de vez em quando.
Eu gosto de ouvir essas palavras saindo de seus lábios.
—Você é doce, Sr. Knight. —Ela diz, com voz falha. —Obrigada por ter
vindo em meu socorro.
—Obrigado por ter vindo ao meu. —Digo, querendo realmente dizer cada
palavra.
E então pressiono meus lábios nos dela, dizendo o resto das coisas que
precisam ser ditas com um beijo.
CAPÍTULO 38
Dez meses depois
Dos arquivos de mensagens do grupo de Aidan Knight,
Bash: Você está apenas com inveja que estou tão dedicado
à minha nova arte. E com medo que eu me torne um barman
famoso e que você tenha que me compartilhar com minha
horda de fãs.
Penny: Quieto. Você é ridículo.
Bash: Eu não.
Sério, eu gosto de vocês, mas não quero que isso seja algo
meia-boca de última hora. Esta é a única vez que vou me
casar e eu gostaria que fosse agradável para a mulher que tão
generosamente concordou em casar com o meu traseiro.
Sem ninguém para observar, apenas no caso de Cat recuperar seu bom
senso no último minuto e decidir desistir e sair correndo. Estivemos correndo com
o nosso novo clube de Corredores quase todo fim de semana, então sei que ela
pode correr bem rápido. Pelo que sei, ela poderia estar a meio caminho para o
Bronx agora.
—Relaxe. —Bash sussurra pelo canto dos lábios. —Tudo vai ficar bem.
Eu xingo baixinho.
Bash inclina-se perto o suficiente para bater no meu ombro com o seu. —
Ou a cachorrinha. Provavelmente é a cachorrinha. Fang provavelmente está
rolando no chão em protesto contra o vestido de dama para cães. Você sabe que
ela detesta laços.
Lá está ela. Ruiva. A minha Ruiva, e está deslumbrante em seu vestido sem
mangas, com flores no cabelo e um sorriso que me dá a certeza de que ela está
tão pronta para casar quanto eu. Meu coração começa a bater tão forte que
parece que vai abrir um buraco no meu peito. Estou tão feliz, e ao mesmo tempo
também preocupado em ter um ataque cardíaco, que eu nem notei o meu pai ao
lado dela, andando com ela pelo corredor, até que eles estivessem a três passos
de entrar na sala.
Mas quando vejo seu rosto radiante, eu percebo que deve ter sido essa a
razão de todo o atraso.
Jim deve ter tido que ser convencido a fazer as honras. Ele começou
novamente a agir estranho na semana passada, quando liguei para anunciar que
Cat e eu iríamos nos casar no cartório em vez de um grande casamento. Se eu não
estivesse tão ocupado planejando tudo, para poupar Cat do stress, já que ela está
sobrecarregada planejando a campanha para a proposta do conselho municipal,
eu teria ficado com medo de que o meu velho e eu fossemos passar por outra
fase difícil.
Mas quando o seu olhar encontra o meu e eu sorrio, deixando-o ver como
sou grato por ele amar Cat também, eu sei que a fase difícil foi contornada. Cat se
certificou disto. Ela tomou tudo por mim, mais uma vez, assim como ela tomou
centenas de vezes diferentes a cada dia. Ela jura que eu faço o mesmo por ela,
que ela nunca teria tido a coragem de concorrer ao cargo público sem mim, e que
está mais feliz do que jamais sonhou que poderia ser.
Mas, enquanto ela caminha pelo corredor, vestida de branco, pronta para
dizer, “Sim”, para o resto de nossas vidas, eu faço uma promessa silenciosa de
fazê-la ainda mais feliz.
—Cuide dela, filho. —Jim diz rispidamente, enquanto ele e Cat param ao
meu lado.
Jim se afasta, mas posso dizer que ele é um filho da mãe feliz. E eu
também. E amo o fato de que estamos nos dando bem. Mas quando meu pai se
senta, ele some dos meus pensamentos. Eu não tenho mais espaço em meus
pensamentos para nada, nada além da mulher que estou prestes a me casar.
—Sorte minha. —Ela sorri tão abertamente que sei que ela está pensando
coisas indecentes, porque ela é o meu par perfeito, o tipo de garota que não tem
nenhum problema em vestir branco enquanto faz referências ao meu pênis no
altar.
—Por quê? —Ela pergunta dando uma risada. —O que é que você fez?
—Só uma coisinha, mas tenho uma história para lhe contar antes. —Eu a
seguro com mais força, recusando-me a deixá-la virar. —Então feche seus olhos,
mulher. Agora.
—Ele estava. —Continuo. —Porque havia essa mulher que ele nunca
conseguiu tirar de sua cabeça, esta incrível, louca, inteligente, engraçada, perfeita
mulher que voltou para sua vida quando ele menos esperava e mostrou o que ele
estava perdendo.
Eu beijo o topo da sua cabeça. —OK. Vou parar. Eu só queria que você
soubesse que eu tenho um novo vício, e então, a loja tem um novo nome. Abra os
olhos e confira.
Ela funga novamente, limpando seu rosto enquanto abre os olhos. Quase
imediatamente, ela solta uma risada encantadora. —Oh meu Deus, essa é a Fifi?
—É. —Eu me viro para que possa ver seu rosto. —Eu ia fazer um logotipo
com um desenho seu estilo pin-up, mas decidi que não queria dividir você com
cada idiota que vem aqui. E Fang parecia tão fodona naquela jaqueta de couro,
não tive dúvidas.
—A Fang da Cat. —Ela diz, balançando a cabeça lentamente. —É o nome
perfeito. Fodão, mas adorável, assim como você.
—Eu sinto que eu deveria dizer que não sou adorável, apenas para manter
minha credibilidade nas ruas. Mas já chorei no meu casamento, então não vou
me importar com isso.
—Estou feliz que você pense assim. —Eu a abraço mais apertado,
estabelecendo entre nós o fogo que já é familiar. —E obrigado pela coisa com
meu pai. Ele ficará feliz pelo resto do ano, eu tenho certeza. Ele te ama muito.
—O prazer foi meu. Eu o amo também. —Ela franze o nariz. —Mas ele
estava perguntando sobre crianças de novo hoje. Eu tenho a sensação de que um
neto Chihuahua não vai ser suficiente para ele por muito mais tempo.
—Falando nisso. —Digo, meu pau já duro. —Acha que temos tempo para
uma rapidinha no banheiro antes de todo mundo chegar?
—Toda a noite e pela manhã. —Ela diz, inclinando a cabeça para trás e
trazendo os lábios para mais perto dos meus. —Porque você está gostoso demais
neste smoking. E como a Fifi ficará com Shane até voltarmos da lua de mel, não
temos que nos preocupar com qualquer confusão de palmadas.
Confusão de palmadas, também conhecida como quando Fang me ouve
batendo na bunda de Cat atrás da porta, e acha que estou machucando sua mãe,
e uiva como se alguém estivesse morrendo lá enquanto Cat e eu estamos
tentando gozar, um pé no saco. —Uma confusão de palmadas é a parte que
menos gosto de ser pai de uma cachorrinha. Mas gosto da ideia de te dar
palmadas enquanto estou te comendo por trás. Isso é errado?
Seus olhos brilham com luxúria e amor, que é uma coisa que só ela é
capaz. —Se for, eu nunca quero que você esteja certo.
—Fifi, volte aqui! —Ela grita, antes de acenar para nós. —Não se
preocupem, vou procurá-la e trazê-la de volta. Ela vai ficar bem! Eu juro! Esta é
uma brincadeira que fazemos quando vamos passear no Central Park. Ela foge,
mas sempre volta em poucos minutos.
Antes que ela possa dizer uma palavra, eu garanto. —É claro que vamos
ajudar a pegar Fifi e pô-la em sua coleira. Nós somos os responsáveis por ela, e
isso é o que pais fazem.
—Vou tentar. —Digo, embora não tenha nenhuma intenção de fazer algo
do tipo. Eu não sou perfeito, mas vou continuar tentando ser tão perfeito para ela
o quanto eu puder ser, a partir de agora até o último dia em que eu tiver sorte o
suficiente para segurá-la em meus braços.
Como se ela soubesse exatamente o que eu estava pensando, o que ela
provavelmente sabia, ela pressiona um beijo na minha bochecha com um estalo
feliz. —Vamos. Você a chama e eu espero atrás de uma escada e ataco assim que
ela chegar perto.
E eu vou ver Lucky, o cão mais maravilhoso do mundo! Estou tão feliz que
eu poderia latir, e lato várias vezes, até que minha Cat me diz para me calar e me
pega para descermos as escadas.
Infelizmente, Peludo se distrai com a nova calça jeans apertada que minha
Cat está vestindo. Ele continua andando devagar para ficar olhando seu traseiro
ou encontrando uma desculpa para passar a mão nela. Finalmente, ela sorri e
bate em sua mão e tenho a esperança de que possamos andar mais rápido.
Mas então minha Cat vira-se para dar-lhe beijos humanos, os do tipo
muito perto, onde você não pode ver o que, exatamente, eles estão lambendo. E
eles se beijam e se beijam por horas, me ignorando até que envolvo minha coleira
em torno de suas pernas e puxo com força o suficiente para me fazer vomitar.
Finalmente, meus adoráveis seres humanos percebem que estou ficando
azul e param com tempo suficiente para me desenrolar e pedir desculpas. Eu
corto a minha tradicional lambida de “Está tudo bem” em suas mãos para a
metade da duração habitual, mas ainda leva uma eternidade para chegarmos ao
parque. Quando o Peludo, finalmente, fecha o portão atrás de nós e tira a minha
coleira, estou pronta para correr.
Eu corro loucamente por toda a parte, saltando por cima de uns bulldogs
desconhecidos que estão salpicando água um no outro, e pulo direto para o canto
favorito de Lucky do parque. Eu faço a varredura da área, círculo os hidrantes, e
cheiro o chão, perto do portão onde Lucky às vezes espera, mas ele não está em
lugar algum.
Espere, garota, ela diz, batendo na minha patinha gentilmente com sua
enorme pata. Ele virá. Ele nunca perde um domingo.
Disso eu não sei. Mas sei algo sobre você, senhorita. Phyllis diz olhando
perspicazmente para minha barriga. A grande questão é seus humanos ainda não
sabem?
Mas sempre foi assim com Lucky. Desde o dia em que nos conhecemos,
momentos depois que fugi de tia Shane no dia do casamento da minha Cat, foi
amor à primeira vista. E daqui a uns quarenta ou cinquenta dias, teremos filhotes
com seus olhos castanhos e meu pelo claro, e eu serei a Chihuahua mais feliz em
Manhattan.
Estamos bem. Chego mais perto dele, tonta pelo seu delicioso cheiro. Eu
nunca me senti melhor.
Mas você já deveria ter sido levada ao veterinário. Lucky acaricia meu
pescoço. Já faz duas semanas. Eu não posso acreditar que seus seres humanos
não notaram que você está grávida. O que há de errado com eles?
Eles nunca ficam sem ter o que conversar, não é? Lucky observa com um
sorriso.
Bem, bem. Ele finalmente diz, também abanando a cauda. Acho que nós
temos muitas coisas em comum. Quanto tempo até que seu filhote chegue?
Lucky lambe meu rosto. Você é a coisa mais doce que eu já conheci. Ou
provei. Ou cheirei.
Eu rio, tentada a provocá-lo por ser tão louco. Mas no final, decido que é
mais divertido beijá-lo e mordiscar seu pescoço e deixá-lo me perseguir pelo
parque até nós dois ficarmos exaustos e prontos para um cochilo na sombra.
Quando finalmente é hora de ir, prometo que vou descobrir uma maneira
de fazer minha Cat me levar ao veterinário, jurando que os filhotes ficarão bem, e
o beijo mais uma dúzia de vezes para que ele tenha beijos suficientes para durar
até o próximo domingo. E quando o Peludo me leva para fora do portão e coloca
minha coleira, ouço ele dizer à minha Cat que Lucky e eu somos o casal mais
bonito que ele já viu.
Meu coração se enche de felicidade até que não posso deixar de latir
expressando tudo o que estou sentindo. Eu digo aos meus adoráveis seres
humanos que eles são doces e maravilhosos e que estou tão feliz que eles
encontraram um ao outro e que estão apaixonados e que terão um bebê para
adicionar à nossa família. Mas é claro que eles não entendem uma palavra.
FIM ?
⬇️
Portentoso, talvez.
Ou delicioso.
Shane: Oh Deus...
Jesus!
Não!
NUNCA.
Shane: Ah, bom. Fico muito feliz em ouvir isso!
Bash: ha ha.
Ah não.
De jeito nenhum.
Bash: que é o que você vai fazer por mim! Você irá
mudar vidas, ou pelo menos a vida de um homem. O cara
realmente precisa da sua ajuda.
Bash: não, ele está com os Rangers. Por que você é fã dos
Islanders?
Bash: Estou. Mas juro que tudo o que você está lendo
sobre ele é uma série de mentiras. O cara é inocente.
Bash: Feito!