Uma história sexy com flerte intenso

Da autora americana do best-seller de Magnificent Bastard vem uma,

envolvente, profunda e sexy história... no gelo
Eles dizem que Jake “Dragão” Falcone ganhou o apelido por
incendiar o gelo em sua primeira temporada na NHL. Mas cá entre
nós, senhoras, eu tenho certeza que ele ganhou o apelido pelo
dragão em suas calças.
Do meu primeiro abraço como sua namorada falsa, soube que ele
tinha um respeitável equipamento abaixo da cintura. Depois de
alguns encontros falsos percebo que ele está bem equipado... em
todos os lugares. Coração, cérebro, sua aura sexy, o senso de humor
assassino de Jake são tudo que eu sempre quis em um homem.
Ele também é meu cliente e PROIBIDO. Ah, e ele tem uma ex
louca que está na minha cola.
Eu deveria compreender isso, e eu compreenderia, se seu dragão
não fosse tão completamente incrível...
 Tradução: Bastet
Revisão Inicial: Mitra/ Jaqueline
Revisão final: Artemise/ Anfitrite
Leitura Inicial: Ana Cláudia
Leitura final: Hígia/Monaisa
Formatação: Kytzia/ Cibele
Disponibilização:
Grupo Rhealeza Traduções
12/2018
 PRÓLOGO UM

Dos arquivos de texto de Sebastian “Bash” Príncipe e Shane

Willoughby

Bash: Ei, linda, apenas uma checagem para me

certificar de que você irá à noite de poker amanhã.
Tenho uma proposta que eu quero discutir com você
enquanto tomo seu dinheiro...

Shane: Hmm...

Bem, você sabe que eu amo a noite de poker, mas

isso soa um pouco ameaçador...

Bash: Não, nada ameaçador.

Maravilhoso, talvez.

Ou delicioso.

Ou alguma outra palavra que termina em “oso”

que signifique diversão, coisas sensuais. Eu acho que
você vai amar o que eu tenho em mente!

Shane: Oh, Deus...

Você não vai me pedir para ter um ménage com

você e Penny, vai?

Bash: Merda, não!

 Jesus!

Não!

Eu sou um homem de uma mulher só. E Penny

cortaria meu pau fora se ela pensasse que eu estava
fantasiando sobre algo parecido com isso.

Coisa que eu nunca faria.

NUNCA.

Shane: Ah, bom. Tão feliz em ouvir isso!

Quer dizer, Penny é gostosa, mas você não é

realmente o meu tipo, querido. ;)

Bash: Ha ha.

Cristo, você realmente me fez corar.

Não lembro a última vez que corei.

Penny me perguntou por que estou todo rosa e

agora ela está rindo descontroladamente. Ela queria
falar com você sobre isso, mas eu disse que eu poderia
lidar com a situação.

Obrigado por provar que eu estava errado,

Willoughby.

Shane: O prazer é meu!

Então, sobre o que você quer falar? Agora eu estou

realmente intrigada...

Bash: Você é uma bagunça é o que você é.

E é por isso que você é perfeita para este trabalho.

Eu estou precisando de uma Linda Bagunça...

Shane: Uma Linda Bagunça...

Bash: Sim, uma Linda Bagunça, capaz de ajudar

um homem incompreendido em sua necessidade
desesperada de uma mudança de imagem e transformá-
lo em um queridinho da mídia. Tudo isso enquanto
espanta sua ex-namorada determinada a arruinar seu
bom nome, e talvez fingir uma gravidez se as coisas
ficarem realmente terríveis. Mas isso é somente se a
primeira fase não sair como o planejado.

Shane: Fingir uma gravidez? O que diabos você

está...

Ah não.

De jeito nenhum.

Você não está dizendo que quer que eu...

Bash: Trabalhe para mim? Sim! Sim, eu quero.

Eu tenho um Magnífico Bastardo e um Patife

Espetacular, mas eu não tenho uma Linda Bagunça,
Shane. Na verdade, eu não tenho uma única mulher
na equipe de intervenção, no caso de um cliente do sexo
masculino vir até mim precisando desesperadamente de
nosso tipo particular de assistência.

Shane: Oh meu Deus. Eu não sei se fico lisonjeada

ou horrorizada.

Bash: Fique intrigada! E animada! Você será

maravilhosa.

Shane: Mas eu já tenho um emprego!

Bash: Não é um emprego de tempo integral. Você

mesma disse que os projetos de caridade de sua tia
praticamente funcionam sozinhos.

Shane: Às vezes sim, mas às vezes eu fico muito

ocupada angariando fundos, em eventos beneficentes e
mudando vidas.

Bash: Que é o que você vai fazer para mim! Você

vai mudar vidas, ou a vida de pelo menos um homem.
O cara realmente precisa de sua ajuda.

Ele é como um cachorro grande triste. Um filhote

de cachorro grande, triste e sexy.

(Penny me disse para adicionar a parte sexy para

que você saiba que passar algumas semanas saindo com
o cara não será nenhum sacrifício para você. E isso vai
colocar dez mil no seu bolso! Você não pode perder isso).
 Shane: Eu não preciso de dez mil, Bash. Você sabe
que minha tia me deixou uma *ahn - ahn* herança
muito confortável.

Bash: Então dê dez mil para caridade!

É o trabalho que conta, boneca. O bom trabalho

em nome de uma alma merecedora que tem o direito de
seguir sua vida, sem ter o seu bom nome arruinado por
um pesadelo rancoroso que pensa que um homem
terminar um relacionamento é motivo para ela jogar
uma bomba no meio de sua vida.

E quem sabe você pode até se divertir!

Namorar uma estrela da NHL1 vem com certas

regalias. Tenho certeza que ele pode conseguir para você
ingressos para a temporada, no mínimo. Ou talvez um
chapéu autografado. Ou luvas. Você gosta de luvas,
certo? Quero dizer, quem não gosta de luvas? Elas
fazem você se sentir como uma criança novamente!

Shane: Ele é um jogador de hóquei profissional?

Você está brincando.

Bash: Não estou.

Shane: Mas não do Rangers, claro. Algum outro

1
NHL=A National Hockey League é uma organização profissional esportiva composta por
times de hóquei no gelo dos Estados Unidos e do Canadá.
time?

Bash: Não, ele está com os Rangers. Por que, você é

fã dos Islanders?

Shane: Não, eu só estou...

Você não estaria, por qualquer força da

imaginação, falando sobre Jake “Dragão” Falcone,
estaria?

Bash: Eu estou. Mas eu juro tudo o que dizem sobre

ele é um monte de mentiras. O cara é inocente.

Shane: *fungando* Inocente como o inferno.

Bash: Não, é sério, Shane.

Quero dizer, sim, ele saiu com atrizes e modelos,

mas eu verifiquei seu lado desta história em particular.
Depois do que aconteceu com Aidan e a máfia, passei a
verificar os antecedentes dos clientes muito seriamente.

Jake está sendo condenado. Ele é um cara bom e

realmente precisa da nossa ajuda.

Eu não acho que ele tenha qualquer outro lugar

para ir...

Shane: Você está levando isso muito a sério,

Príncipe.

Bash: O cara está realmente devastado, Shane. (Foi

a Penny que disse, a propósito).

Eu só queria que você soubesse que eu acho que

você faria um trabalho incrível com esta intervenção e
realmente faria a diferença na vida deste homem.

Mas se você precisa dizer não, eu entendo. Nós

vamos ter que dizer a ele que não podemos ajudá-lo e
desejar-lhe sorte para encontrar alguém especializado
em afastar ex-namoradas do mal. Tenho certeza que
ele será capaz de encontrar alguém assim.

Quero dizer, eu nunca ouvi falar de alguém que

faz o que fazemos aqui no MBC, mas...

Shane: Tudo bem! Ugh! Eu fico impotente contra

duas pessoas me fazendo sentir culpa.

Eu vou fazer isso. Você pode me dar todos os

detalhes amanhã.

Bash: Obrigado, Shane! Muito obrigado. Nós

realmente apreciamos isso. E você vai ter algum
dinheiro extra e um bom cocktail de Karma2 esperando
por você.

Shane: Sim, sim. Tenha uma garrafa de scotch

muito bom esperando por mim no poker. Scotch desce

2
Marca de Tequila
mais fácil do que karma.

Bash: Feito!

Shane: Ah, e Bash. Eu quero que meu nome seja

Bagunça Milagrosa.

Bash: Linda não é literal o suficiente para você?

Shane: Não.

Porque para tirar o Dragão da má situação na

opinião pública em que ele está, vou ter que fazer um
milagre, porra.
 PRÓLOGO DOIS

Um pouco sobre Shane “Bagunça Milagrosa” Willoughby

Caro leitor,

Olá! Oi! Como você está? Bem, eu espero…

Sim, você. Desculpe!

Eu sei... Eu não sou o que você estava esperando, sou?

Especialmente se você leu as histórias de Bash e Aidan. Você veio
aqui para encontrar um pau excitado e aqui estou eu trazendo uma
garota, com força total.

E eu sou toda garotinha, sinto muito. Eu não sou uma

daquelas mulheres que podem parecer sem um gênero definido ou
que tem um lado masculino bem desenvolvido. Eu faço minhas
unhas toda semana, tenho um amor profundo e duradouro pela cor
rosa, e sempre faço um estilo gatinha sexy super fofa no bar. (Eu
acho que o visual é chamado Gatinha Sexy nesse livro, que dão
quando você senta-se para fazer um pedido. Está vendo? Eu não
tenho nenhuma vergonha).

Eu também não tenho ideia de como consertar um triturador

de lixo ou qualquer outra coisa que quebre, eu me entedio com a
ESPN e todas as outras formas tipicamente masculinas de televisão,
prefiro ter alguém com músculos grandes levantando coisas pesadas
para mim, e considero acampar uma forma de tortura com cheiro de
inseticida. Eu sei matar baratas e remover aranhas, mas apenas
porque vivo sozinha e, como uma veterinária, me sinto obrigada a
criar uma aura tranquila e capaz em torno de criaturas não humanas,
mesmo insetos e aracnídeos.

Eu percebo que muito disto pode ser resultado de um

condicionamento de gênero normativo impresso em mim pela
sociedade, ou um subproduto de ter sido criada por uma mulher
com idade para ser minha avó, mas não posso mudar isso. Eu sou
quem eu sou. Eu sou mulher, sei rugir, exceto se eu estou em um
evento de caridade, nesse caso posso falar suavemente e mantenho
as pernas cruzadas de maneira comportada.

É por isso que, antes de começarmos, eu queria pedir

desculpas por qualquer confusão. Eu sei que pode parecer estranho
ter uma mulher dirigindo as coisas neste momento do jogo.

Acredite, foi uma surpresa para mim também. Quando eu

pensei sobre gastar meu tempo para organizar o fundo de caridade
da minha tia, imaginei voltar a trabalhar em tempo parcial como
veterinária. Talvez começar em uma clínica sem fins lucrativos para
ajudar a castrar e cuidar de gatos de rua, ou resolver o problema de
cachorros ferozes na cidade. Você não pensaria que Nova York é
um lugar onde você precisa proteger seu Chihuahua que cabe em
uma xícara de chá contra os ataques de uma matilha de cães
selvagens, ferozes, mas você está errado.

É uma selva lá fora, e nem mesmo o maior e pior entre nós

está imune ao perigo.

É por isso que eu aceitei esse emprego para Magnificent

Bastard Consultoria, para alguém se vingar de seu ex ou ter seu
dinheiro de volta. Jake “Dragão” Falcone pode ser um jogador de
hóquei profissional com um corpo construído para jogar pedras
acima das montanhas e as pernas grossas o bastante para quebrar
guardas de segurança em dois com uma flexão de suas coxas
másculas, mas às vezes até mesmo um dragão precisa de uma
princesa para ajudá-lo a sair de um problema.
 Veja Game of Thrones! Onde é que esses dragões ficam sem
sua Khaleesi?

Se você não é um fã de Game of Thrones, basta imaginar

uma princesa guerreira montando um dragão que cospe fogo indo
para a batalha contra seus inimigos, cabelos em tranças ao vento
atrás dela, mulher e fera unidos na causa comum de ensinar os
bandidos a não foder com as pessoas sob sua proteção. Mergulhe no
quão foda essa imagem pode ser e seja honesto. Se isso não o deixar
excitado sobre ser uma mulher, eu não sei mais o que vai, não
importa como você sente-se sobre a cor rosa ou centros de esporte.

Sim, Game of Thrones é fantasia, mas as mulheres da vida

real são muito mais fortes do que as pessoas nos dão crédito.

Toda vez que ouço um homem chamar alguém de gatinha

deduzindo fraqueza e falta de determinação, quero pisar nele e
lembrar ao idiota que gatinhas dão à luz. Gatinhas trazem uma nova
vida ao mundo em uma inundação de dor, sangue e puro heroísmo.
Gatinhas são as guerreiras ferozes originais, obras-primas de design,
fortes e flexíveis, que dão a vida e merecem todo o respeito.

Se eu fosse o governante supremo do mundo, cada homem

que já usou o termo gatinha para degradar outra pessoa seria
forçado a vestir vestes cor de rosa e fazer oferendas diárias para uma
estátua de Afrodite aconchegada a um gatinho, que eu iria construir
no Central Parque. Também gostaria de instituir um novo dia depois
da segunda-feira, dedicado à diversão, para que este não seja mais o
dia mais odiado da semana, enviar os trolls da internet para minha
masmorra da vida real até que eles completem um curso de Como
não ser um covarde chupador de bundas que pratica bullying e
fornecer assistência médica gratuita a toda criatura grande e
pequena, porque ninguém deve sofrer ou morrer porque não podem
pagar por tratamento.

Infelizmente, no entanto, eu não sou a governante suprema

do mundo, eu realmente daria meu melhor ao posto, então, se a
Terra estiver em uma situação tipo de invasão alienígena e
estivermos à procura de alguém para assumir, eu o encorajo a votar
em Willoughby para Suprema Benevolente. Eu sou apenas uma
mulher que se sai melhor do que a média na dinâmica interpessoal e
tempo suficiente em minhas mãos para que meus amigos, Bash e
Penny, sejam capazes de me forçar, alimentando meu sentimento de
culpa, para que eu ajude um bad boy com raiva e problemas de
gerenciamento das questões da sua vida.

Mas Bash está enganando a si mesmo se ele acha que eu vou

confiar que este "dragão" é um fofo e inofensivo bebê coelho,
simplesmente porque meu novo chefe diz isso. Eu vou fazer esta
intervenção sozinha e conduzir minha própria análise da situação
antes de pegar uma carona para a batalha a favor de Jake Falcone.

Eu aprendi a parar de confundir promessas de outras pessoas

com a verdade há muito tempo, quando meu terapeuta me disse que
eu voltaria ao normal após um ano da morte dos meus pais. Claro
que eu não estava de volta ao normal. Eu não era normal desde 15
de outubro, três dias antes do meu décimo aniversário, quando eu
perdi minha mãe e meu pai, dois dos melhores amigos que eu já tive.

Mas o normal é excessivamente valorizado, você não acha?

As pessoas normais controlam seus sentimentos e adiam para

amanhã o que deve ser feito hoje. Mas eu vi o quão rápido a vida
pode ser roubada, como você pode, de repente e para sempre, ficar
sem tempo para dizer as coisas que você precisa dizer, ou para ser a
pessoa que você quer ser. O tempo é uma linha de lenços coloridos
puxados do bolso aparentemente sem fim de um mágico, até o
momento que o show acaba e você percebe, de um modo amargo,
que você desperdiçou seu tempo assistindo, quando deveria ter
feito, falado, aprendido, amado...

Antes que fosse tarde demais.

 Tenho trinta e dois anos de idade, dez anos mais jovem do
que minha mãe tinha quando ela morreu, e eu não cheguei nem
perto de viver toda a vida que eu quero viver, ou fazer todas as
coisas que eu quero fazer. E eu não vou perder um segundo do meu
precioso tempo com um homem que não merece uma intervenção.

Jake Falcone, melhor trazer seu jogo para nosso primeiro

encontro e me provar que merece uma aliada, ou todas as apostas
estão canceladas.

Então... Eu acho que há uma chance disso acabar sendo um

romance erótico depois de tudo.

Se “Dragão” for um idiota, eu vou deixar você com ele.

Ou você poderia vir comigo! Nós poderíamos ir ver vitrines,

ou tomar um café. Ou fazer uma longa caminhada e admirar as
folhas que voam no horizonte com rajadas de cor gloriosas. O
outono é minha época favorita do ano, mas mesmo se você não for
um fã, o ar revigorante do outono e o cheiro de castanhas assadas
em carrinhos de vendedores ambulante perto da Tavern on the Green,
já seriam divertidos sem um grande estúpido interferindo.

Como minha tia Tansy sempre disse "um bom homem é como
queijo derretido; um mau é como um exame retal". Em outras palavras, um
bom homem faz tudo melhor, mas um mau não é divertido em
qualquer circunstância.

Pense em ganhar na loteria enquanto faz um exame retal.

Claro, você pode imaginar o quão animado você vai ficar depois que
a sonda sair, mas no momento ainda há algo frio e duro preso na
sua bunda sem nada além de um pouco de lubrificante frio para
prepará-lo para a invasão.

Portanto, mantenha isso em mente quando você decidir se o

dragão vale o seu tempo. Eu sei que vou.
Atenciosamente,

Shane —Bagunça Milagrosa—Willoughby

 CAPÍTULO UM
Shane

Aproximadamente dez minutos antes das duas, em uma tarde

fria de outubro, eu resolvo sentar em um banco no jardim privado
atrás do prédio da minha tia, Tansy, no Upper East Side para
aguardar meu primeiro amante.

Não é a minha primeira vez, não estou na corrida para a

virgem mais velha de Nova York, mas é a minha primeira vez desde
que me mudei de volta para a cidade.

Faz um ano, mas ainda não sinto o apartamento de tia Tansy

como meu. Eu não tenho socializado muito, exceto com o pessoal
da instituição de caridade que eu coordeno desde a morte da tia T, e
eu nem sequer penso em achar tempo para namorar. Incluo isso na
minha lista de prioridades em algum lugar atrás de finalizar meu
testamento e checar meu colesterol, dentre coisas que eu planejo
esquecer até que eu tenha, pelo menos, cinquenta ou comece a
sentir dores no peito inexplicáveis.

Mas isto não é um encontro.

Isto é uma reunião de negócios.

Portanto, não há absolutamente nenhuma razão para estar

nervosa, especialmente em um dia lindo como este. O sol está
brilhando através das folhas coloridas, transformando a copas das
árvores em um teto de vitrais, o cheiro do outono acentuado no ar,
e eu estou enrolada no suéter mais suave da existência. A etiqueta
diz que é feito de lã de alpaca, mas parece que foi tricotado com
pelo de gatinhos angelicais. É divino contra a minha pele, aquecedor
como o cappuccino de caramelo em minha mão e a boa sensação de
cafeína fluindo através de meu sistema.
 Este café da tarde faz parte de um tratamento especial, que
começou com um dia de descanso ficando de pijama até meio-dia,
seguido de um almoço com minha amiga Adeline. Addie, minha
vizinha de baixo, é a acompanhante paga de uma velha ogra rica
chamada Eloise, que gosta de violar as leis trabalhistas e deixar sua
equipe em um estado de esgotamento nervoso. Addie e eu não
temos tempo para o almoço, muito menos para um café depois, há
quase um mês.

Eu deveria estar desfrutando de nossa sessão de fofocas e do

dia perfeito, mas eu não consigo me concentrar ou desviar os olhos
da entrada do jardim escondida sob as árvores de carvalho. Em dez
minutos, um jogador de hóquei profissional que pode ou não ter
sufocado sua ex-namorada quase até a morte estará usando um
código que eu forneci para passar por aquele portão de ferro forjado
e entrar em meu lugar seguro.

Se for verdade que os hematomas na ex de Falcone eram

falsos, então Addie e eu estamos perfeitamente seguras. Mas se ele
estiver mentindo, eu posso ter convidado um monstro para entrar
pelo portão do meu jardim.

—Você deveria ir lá para cima antes que ele chegue aqui.

—Eu digo, interrompendo Addie no meio de uma história de horror
sobre a lista mais recente de Eloise das coisas impossíveis para
adquirir. —Apenas para ficar segura.

—Absolutamente não. Eu não vou deixar você sozinha com

um estranho. —Addie diz, empurrando os óculos no nariz.

Eles são na verdade meus óculos antigos, doados porque

Addie se recusa a usar um de seus preciosos dias de folga para
examinar seus olhos, mas eles ficam melhores nela. Com seu rosto
pálido, em forma de coração, olhos escuros e as mechas de cachos
castanhos, ela pode parecer um pouco com um peixe fora d‟agua
deixado à sua própria sorte. Os óculos de tartaruga com strass na
armação lhe dão um ar lúdico que suaviza a intensidade dos seus
traços e as cores escuras das suas roupas, estilo bibliotecária casual
que ela sempre usa.

—E eu não vou perder a chance de ver o Dragão em pessoa.

—Ela continua com um sorriso. —Eu sou uma grande fã.

—Mesmo? Desde quando você assiste hóquei?

—Desde sempre! Meus cinco irmãos mais novos e meu pai

são fãs dos Rangers até a morte. Ele apareceu na TV no Dancing
Larry3 duas vezes.

—Dancing Larry? —Repito, franzindo a testa.

—Dancing Larry. —Os olhos de Addie arregalam-se olhando

seu chocolate quente. —Você sabe o cara que dança em todos os
jogos em casa? Para pedir que ataquem? Para fazer todos torcerem
depois do terceiro tempo?

Olho em direção ao portão, ainda nenhum sinal do meu

cliente em potencial, olho novamente para o rosto cheio de
expectativa de Addie. —Umm...

Seus lábios se apertam em desaprovação. —Você disse que

fez sua lição de casa, Shane. Como você pode ter perdido o Dancing
Larry? Ele é o ícone de um Ranger. Uma lenda mesmo.

Encolho meus ombros. —Eu não sei. Talvez porque Larry

não tenha sido acusado de estrangular sua ex-namorada?

—Para ser justa, nem Jake. —Addie diz, em um tom que me

surpreende. Parece que ela está falando de um amigo, não de um
estranho que ela assiste bater em um disco pela televisão. —
Nenhuma acusação foi arquivada. Neste ponto, é tudo especulação e
3
A dança executada por Larry Goodman que ocorre durante o último tempo do terceiro período para
fazer a torcida e a equipe se animarem. Larry dança a música Strike It Up, da Black Box, que é colocada
no alto-falante do Madison Square Garden pela equipe técnica.
conjectura. Eu honestamente não posso entender porque as pessoas
parecem tão prontas a acreditar no pior. Jake nunca esteve
envolvido em um escândalo. Ele se mete em brigas no gelo.

—Os fãs de esportes são estranhos. —Murmuro.

—Nós não somos! —Addie senta-se ereta. —Somos leais.

Isso é uma coisa boa.

—Mas você não conhece este homem, Addie. Não de

verdade. Você conhece a imagem que ele apresenta para o mundo.
—Eu digo, em seguida, ergo as mãos quando sua boca abre em
protesto. —Jake pode ter mentido para Bash sobre o que aconteceu
com sua ex. Ele pode ter batido em suas namoradas durante anos e
apenas ter feito um bom trabalho de manter isso escondido. É
possível. Quero dizer, olhe para Bill Cosby. Ele estava drogando e
agredindo mulheres por décadas em segredo, enquanto todos nós
pensávamos que ele era o típico americano doce que vestia um
suéter feio, um suave tipo paterno.

Addie levanta uma mão, mas eu ainda não terminei.

Incomoda-me ver minha amiga tão mobilizada por um cara

que é, na melhor das hipóteses, um idiota mulherengo que passa por
namoradas famosas como Kleenex4, e na pior das hipóteses, um
valentão com problemas para controlar a raiva.

—E o que Falcone fez para ganhar a sua lealdade? Patinou

muito bem? Atirou um pedaço de plástico no gelo com mais
precisão que a média? —Eu resmungo. —Quero dizer, eu entendo
gostar de seu jogo, mas ser bom em um esporte não tem nada a ver
com ser uma boa pessoa. E se eu tiver uma má impressão deste
idiota vai levar apenas dez segundos para decidir que ele pode
encontrar outra pessoa para ajudá-lo a sair da confusão que ele
criou.
4
Kleenex é uma marca registrada mundialmente conhecida no ramo de lenços de papel
 —Um disco de hóquei é feito de borracha vulcanizada, não
de plástico. —A voz rouca ressoa das sombras sob as árvores e eu
congelo, meus dedos apertando meu copo de cappuccino.

Meus olhos se arregalam em pânico quando eu encontro o

olhar escandalizado de Addie.

—Eu tentei te dizer. —Ela sussurra. —Mas você estava no

modo discurso.

Eu amaldiçoo em silêncio, perguntando se eu nunca vou

aprender a manter minha boca estúpida fechada, e volto para
enfrentar o muito grande, muito intimidante, muito claramente-não-
feliz-comigo jogador de hóquei parado em pé no portão do meu
jardim.

Nossos olhares se encontram e o primeiro pensamento que

passa pela minha cabeça é que Jake Falcone é ainda maior em
pessoa do que parece na televisão, como uma pequena montanha,
ou um resquício dos dias em que os guerreiros vikings percorriam
este canto da terra, esmagando lagostas com seus punhos. A
segunda é que seus olhos castanhos escuros são mais inteligentes do
que eu esperava que eles fossem.

O terceiro é que ele é sem dúvida o mais sexy, mais

magnético, mais lindo homem mortal em que eu já coloquei os
olhos.

Sem exceção.

Jake “Dragão” Falcone é uma porra de um deus entre os

homens e parece que eu estou mais ciente disso do que eu esperava.
 CAPÍTULO DOIS
Shane

Eu engulo em seco, lutando para colocar minha cabeça de

volta no lugar, mas meus pensamentos ficam como nevoeiro por
causa do rosto do homem de uma beleza épica.

É mais do que o cabelo castanho escuro despenteado, as

feições, os incríveis ombros largos, ou os antebraços dignos de uma
página dupla em uma Antebraços Pornô Mensal. Falcone tem o tipo
de energia pessoal intensa que flutua pelo ar, envolve-me como uma
mão sexy gigante, e me rouba a capacidade de respirar. Fotos e as
imagens de jogos que eu assisti online não fizeram justiça a ele. Nem
mesmo chegaram perto.

Um olhar para o homem e eu quero subir nele como em uma

árvore, colocar minhas pernas ao redor de sua cintura, e fazer minha
melhor representação de um orangotango bebê.

Os orangotangos bebês ficam agarrados ao pelo de sua mãe

pelos primeiros cinco meses de vida, mas quanto mais eu olho para
o homem, mais eu penso que cinco meses podem não ser
suficientes. Toda a frustração sexual reprimida do meu ano de
celibato bate com a força de um tsunami, deixando-me atordoada,
sem equilíbrio e correndo o risco de escorrer do banco e acabar
derretida em uma poça de luxúria no chão.

A necessidade de lamber cada polegada do meu cliente como

um pirulito gigante está realmente fazendo meus joelhos tremerem,
o que não é típico de minha parte.

Eu não tive encontros por mais de um ano, mas não porque

não houve ofertas. Eu tenho a minha quota de qualidades
indesejáveis, mas eu sou simpática, bem-humorada, divertida e longe
de ser feia. Já me disseram que eu tenho o rosto de um anjo e, para
homens que apreciam curvas, um corpo para corresponder.

Um grande número desses homens perdem o interesse

quando aprendem que também tenho tolerância zero para besteira e
nenhum filtro entre meu cérebro e minha boca, mas marcar um
encontro ou encontrar um cara para manter meus lençóis quentes
nunca foi um problema. Como a maioria das mulheres com algum
interesse em sexo, se eu quisesse ter uma vida ativa, eu teria.

Mas desde que me mudei para a cidade eu não tenho

interesse em algo mais sério que alguns flertes ocasionais com o cara
que traz minhas entregas. A última vez que estive com alguém, foi
com Wesley. Quando ele foi embora, levou meu desejo sexual com
ele.

Eu acho que, no fundo, eu sabia que iria me sentir atraída por

outro homem, mas eu nunca esperei que fosse este homem. E eu
nunca esperei que a onda de luxúria batesse tão forte, deixando-me
de queixo caído e tentando não babar quando o objeto do meu
fascínio põe as mãos nos quadris e pergunta:

—Existe algum motivo para conversar? Ou você já decidiu

que eu não valho seu tempo?

Eu balanço minha cabeça, mas pela primeira vez na minha

vida, minhas palavras não vêm.

Merda e merda de novo! Eu tenho que me recompor. Agora

mesmo! Antes de causar uma primeira impressão ainda pior.

Felizmente, Addie me faz ganhar algum tempo quando ela

fica de pé e estende a mão na direção de Falcone. —Oi! Eu sou
Adeline, amiga de Shane. É tão bom te conhecer! Eu sou uma
grande fã. Estive observando desde que você saiu do AHL, quando
Leone foi ferido.

Falcone pega a mão dela deixando-me com uma intensa

inveja dos dedos da minha amiga e murmura algo que soa modesto
que me confunde quase tanto quanto minha reação a ele.

Eu esperava mais ego desse cara. Talvez muito mais.

Minha pesquisa pode ter esquecido os detalhes de Dancing

Larry, mas investiguei fundo o suficiente para saber que Falcone é
um superstar. Recrutado para a NHL depois de apenas alguns meses
nos campeonatos menores, ele tem sido um dos rostos da liga desde
seu primeiro turno no gelo no Madison Square Garden. Ele é uma
celebridade tão grande quanto um jogador de hóquei pode ser e tem
os amigos e inimigos para acompanhá-lo.

Os amigos, especialmente os seus treinadores, eu suspeito

que ignoram a pressão da mídia para Falcone ser testado para uso de
esteroides, o que explicaria porque meu novo cliente famoso estaria
subitamente asfixiando namoradas em seu tempo livre. Os inimigos,
suspeito que manipulem a imprensa por trás dos bastidores,
empurrando para arruinar a reputação de Jake e talvez até mesmo
sua carreira.

Até agora, minha intuição disse que Falcone precisava de

ajuda para acabar com seu problema com a ex-namorada porque ele
tinha algo a esconder. Agora, eu não tenho tanta certeza. Olhando
para ele, eu não obtive uma vibração de homem mau, apesar de que
seria difícil ter qualquer vibração, além de "ataque aquele homem e o
deixe nu" pulsando em minha corrente sanguínea.

Mas, como qualquer pessoa que tenha passado por um

trauma, tenho experiência em fingir estar muito bem quando não
estou. No momento em que Falcone e Addie param de falar de
hóquei, eu jogo meu copo de café no lixo ao lado dos vasos e com
os joelhos trêmulos fico em pé ao lado de Addie, perto do meu
dragão.

—Sinto muito que começamos com o pé errado. Eu digo, no

meu tom mais conciliador. —Eu espero que você fique e fale sobre
o que ocorreu. Eu adoraria ouvir o seu lado da história, e eu vou
ficar feliz em ajudá-lo se eu achar que posso. Eu só preciso decidir
se é uma boa ideia trabalharmos juntos. Bash é um amigo, mas eu
não o conheço bem o suficiente para confiar nele cegamente.

—Eu não confio em ninguém cegamente. —Jake enfia a mão

no bolso de trás, puxando várias folhas de papel dobrado. —
Incluindo você. Eu vou precisar que você assine um acordo de
confidencialidade antes de começar.

Eu franzo a testa, mas pego o contrato de qualquer maneira,

meu braço aparentemente disposto a cumprir as ordens de Falcone
sem perguntas. —Mas eu já tenho um contrato de não divulgação
arquivado no escritório. —Eu assinei quando eu preenchi o resto
papelada da nova contratação. —Deveria ter ido com sua
documentação.

—Foi. Mas aquele acordo foi elaborado por seus advogados.

—Ele diz, fixando meu olhar com uma intensidade que faz minha
pele ficar toda arrepiada. —Este foi elaborado pelo meu. Minha
privacidade é importante para mim, e eu preciso saber que ela estará
protegida.

—Tudo bem. —Eu aceno, ignorando meus nervos em

colapso. —Dê-me alguns minutos para ler. Se tudo estiver correto,
vou assinar e podemos começar imediatamente. —Eu forço um
sorriso. —E se vale de algo, eu prezo pela minha privacidade
também. E eu levo minhas promessas a sério. Eu nunca
compartilharia nada do que dissesse para mim em confiança, com
ou sem um documento legal para impor meu bom comportamento.

—Bem... bom. Obrigado. —Seus olhos escuros suavizam,

sugerindo que pode haver uma alma sob seu exterior sombrio. —Eu
aprecio isso, e eu... —Ele pigarreia enquanto alonga seu pescoço
para um lado. —Se vale de algo, eu espero que você decida que eu
valho seu tempo. Bash estava certo, você é perfeita para o trabalho.

Ele encontra o meu olhar, e respirar torna-se mais difícil do

que era um momento antes. —As imagens em seu arquivo são
bonitas, mas elas não lhe fazem justiça. Você é apenas... incrível.

Incrível. A palavra emerge de seus lábios cheios com uma

reverência que me faz sentir como uma pintura de milhões de
dólares ou a vista do Monte Kilimanjaro, e os meus ovários
explodem com uma super ovulação em resposta. Eu também
suspeito que minha calcinha pode estar pegando fogo.

Algo urgente e perigoso está definitivamente acontecendo

abaixo do meu cinto de couro sintético, mas eu não posso obrigar-
me a desviar o olhar dos olhos de Falcone tempo suficiente para
avaliar a situação. Estou me afogando em seus olhos, sugada para
um buraco negro de desejo de onde não haverá retorno. Meus
mamilos ficam duros, minha boca fica seca, e a única maneira de
impedir-me de dizer algo impróprio é puxar meu lábio inferior entre
os dentes e morder com força suficiente para enviar dor através da
minha mandíbula.

Porcaria, se eu me torno gelatina por simplesmente fazer

contato visual com esse homem, eu tremo só de pensar em que
estado eu vou ficar se nós fecharmos o acordo e eu tiver que beijá-lo
como parte da simulação.

Fingir beijar.

Merda. Se a história de Jake for real e decidirmos avançar, eu

poderia beijar este homem antes da tarde acabar.

Beijar Jake Falcone, minha língua enredando com a sua, seu

gosto na minha boca e aqueles braços fortes abraçando-me tão
apertado que nem sequer importaria se meus joelhos fraquejassem...

O pensamento não deveria nem passar pela minha cabeça. O

homem é meu cliente. Beijá-lo será uma parte do meu trabalho.
Mesmo se os lábios dele forem tão intensos quanto eu suponho que
sejam, isso não vai significar nada e não vai levar a lugar nenhum, a
não ser para a estrada esburacada da vila da Frustração Sexual.

Bash deixou claro desde o início que a relação física de um

intervencionista com o seu cliente nunca vai mais longe do que um
beijo.

Exceto quando vai...

Olhe para Cat e Aidan, ele certamente mudou, muito rapidamente, de

beijar, para rolar com ela nua numa Festa de orgasmo.

Mas Aidan e Cat eram velhos amigos, eu me lembro. Eles

não eram estranhos e era Cat a que tinha problemas, não o que
supostamente estrangulou uma mulher. O pensamento é
preocupante, e deve ser mais do que suficiente para acabar com meu
inapropriado fogo na calcinha.

Mas isso é a coisa sobre o fogo. É selvagem e imprevisível e

não dá a mínima para o certo e o errado.

Ele só quer queimar...

 CAPÍTULO TRÊS
Shane

Quinze minutos mais tarde, eu já assinei o acordo de não

divulgação, abracei Addie e me despedi com promessas de mandar
mensagem mais tarde e recostei-me no banco ao lado de Jake, que
ocupa um pouco mais de espaço do que Adeline ocupava.

Eu vou para a beirada do banco para dar-lhe mais espaço,

mas as nossas coxas ainda estão apenas a alguns centímetros e eu
posso sentir seu calor aquecendo o lado direito do meu corpo. O
homem é um forno, o tipo de cara que faria você jogar fora as
cobertas no meio da noite porque simplesmente estar deitada ao
lado dele é o suficiente para mantê-la aquecida.

Pare de pensar sobre deitar ao seu lado na cama, Shane.

Sério. Agora mesmo.

Pare com isso!

É hora de deixar um pouco de sangue fluir para o seu cérebro para que
você possa tomar uma decisão sensata. O fato de que este homem incendeia sua
calcinha não é razão suficiente para ajudá-lo a evitar possíveis acusações de
abuso doméstico.

Na verdade, o fato de que ele coloca minha calcinha em

chamas é uma boa razão para que eu termine isso antes mesmo de
começar.

Em vez disso, eu viro o rosto para Jake, colocando o meu pé

debaixo do meu joelho enquanto eu pergunto: —Então o que
aconteceu? Você pode explicar mais sobre os machucados de sua
ex? Eu tenho que ser honesta, isso é um grande negócio para mim.
Eu não tolero violência física em geral, mas é especialmente
perturbador quando o agressor tem cerca de três vezes o tamanho
da pessoa com a mão ao redor da garganta.

—Compreendo. E eu concordo. —Ele suspira enquanto

corre os dedos através de seu cabelo. —Eu vou chegar a isso, eu
prometo, mas eu preciso voltar um pouco mais. Eu não tenho
certeza que você pode entender o que aconteceu na semana passada,
a menos que você saiba um pouco da história entre mim e Keri.

Eu aceno com cuidado, tentando manter minha mente

aberta, mas eu não gosto da expressão derrotada em seu rosto. Ele
parece um homem que sabe que suas explicações serão inúteis. Faz
com que eu fique triste, mais triste do que deveria, considerando que
Jake é praticamente um estranho.

Mas eu não quero acreditar que esta pessoa com os olhos

bondosos, que me faz sentir coisas que eu não sentia desde Wesley,
é capaz de uma violência imperdoável.

—Keri e eu nos encontramos em um baile beneficente para

Real Time, minha instituição de caridade. —Ele diz, cruzando os
braços no peito apenas para estremecer e descruzá-los novamente.
—Eu patrocino programas desportivos para crianças carentes.
Todos os tipos de coisas, mas especialmente as de hóquei no gelo,
esse tipo de coisa. Keri trabalha para uma instituição de caridade que
leva arte para escolas. Nós tínhamos muito em comum e nos
interessamos um pelo outro imediatamente. Ela cresceu no mesmo
tipo de bairro que eu e... —Ele encolhe os ombros
desconfortavelmente. —Eu não sei. Não houve aquela faísca de
eletricidade logo de cara, mas eu senti que poderia ser eu mesmo
com ela. Foi legal.

—Por enquanto, tudo bem. —Eu digo, gostando da história

dele, passar tempo com uma mulher porque tinha trabalho e partes
da vida em comum, embora eu soubesse que a parte do infelizes
para sempre estava chegando. —Então, onde foi que tudo deu
errado?

—Não deu. No início, tudo estava bem. Nós ficávamos na

minha casa e ela vinha assistir aos treinos. Passei fins de semana em
seu estúdio ajudando em suas telas principais e pintando o mais feio
autorretrato do mundo. Nos divertimos. Era fácil estar com ela e,
um... —Seu olhar desvia para mim antes de retornar para o jardim
na nossa frente. —E as coisas no quarto eram boas. Você sabe,
apenas... normal e bom.

Eu luto contra um sorriso, percebendo que ele não vai gostar

se eu apontar que seu desconforto é adorável. —Ótimo. Normal e
bom é legal. Muito melhor do que estranho e ruim.

—Sim, é. —Seu lábio se curva e eu obtenho um vislumbre de

quão lindo ele deve ser quando sorri, mas o pequeno sorriso não
dura muito tempo. —Mas nós estávamos perto de estranho e ruim.
E isso aconteceu muito mais rápido do que eu pensava ser possível
no início. Mas eu deveria ter pensado melhor antes de ir tão rápido.
Você não pode realmente conhecer uma pessoa depois de apenas
seis semanas.

—Bem, não, não completamente. —Eu digo, arqueando as

sobrancelhas. —Mas normalmente você pode ter uma boa ideia se
as coisas estão ficando estranhas e ruins. Keri fazia algumas coisas
que a maioria das pessoas não faziam?

—Keri é doente. —O arrependimento e frustração em seu

tom deixa claro que ele não está falando metaforicamente. —Eu não
tenho certeza de qual é seu diagnóstico, mas eu sei que ela estava
tomando medicação e depois ela parou. Ela disse que os remédios
tinham alguns efeitos colaterais ruins, como fazê-la menos
interessada em sexo, e ela não queria que isso interferisse na nossa
relação. Eu disse a ela para falar com seu médico antes de tomar
uma decisão, eu pensei que ela poderia tentar uma medicação
diferente se ela estava realmente preocupada com isso, mas ela não
ouviu. —Ele exala, seus ombros caindo mais baixos do que antes.
—Depois disso, ela começou a ter dores de cabeça terríveis e rangia
os dentes durante o sono como uma louca. Ela ficou tão mal que
quebrou um molar. Rachou completamente o dente em dois.

—Ouch. —Eu digo, encolhendo-me.

—Eu paguei a cirurgia para corrigi-lo, e para que ela

consultasse um especialista para suas enxaquecas. Ela me disse que
não, mas eu senti que era minha culpa. —Ele olha para baixo em
seu colo, onde seus dedos estão fechados juntos em um punho. —
Tudo isso estava acontecendo porque ela queria me fazer feliz.
Tentei convencê-la de que sua saúde era mais importante do que
transar como coelhos a cada vez que estávamos juntos, mas... —Ele
vira as palmas das mãos para cima, seus dedos se entrelaçam
vagamente, a visão fazendo-me sentir ainda pior por ele.

É triste ver essas grandes mãos fortes parecendo tão

impotentes. Isso é errado, de alguma forma.

—Mas ela não voltou com os remédios. —Eu disse depois de

um momento.

—Não, ela não voltou. —Ele diz em voz baixa. —E ela

estava com muita raiva o tempo todo. Tudo o que eu dizia a deixava
fora de si, e quando ela não estava brava, estava ansiosa. Ela estava
com medo de que eu terminasse com ela antes que ela pudesse ficar
melhor, e honestamente, eu queria. —Ele balança a cabeça, mas não
levanta o olhar. —Não porque eu não me importava com ela como
um amigo, mas tudo era muito. Ela estava chorando e com dores o
tempo todo, e eu só a conhecia há poucos meses. Eu não tinha ideia
de como Keri e eu lidaríamos com isso a longo prazo. Eu sei que
isso me faz parecer o maior idiota do mundo, mas...

—Não, não. —Eu digo, minha garganta apertada. —

Namorar alguém com uma doença grave é uma grande decisão.
Vocês não eram casados, e você não tinha feito promessas. Você
tinha o direito de sair quando não estava mais tão bom.

Ele olha para cima, sua expressão deixando claro que ele não
estava comprando o que eu estava vendendo.

Ele deve ter ouvido a mudança na minha voz. Ele é

perspicaz, algo que devo ter em mente se eu quero manter a minha
própria bagagem fora da equação. Isto é sobre a vida amorosa de
Jake, não a minha. Todos os meus problemas estão no passado,
enterrados a sete palmos, onde nada muda e nenhum tipo de
reavaliação vai fazer bem a ninguém.

—Sério. —Eu insisto. —Quero dizer. Você não soa como o

maior idiota do mundo. Você realmente soa como um cara legal.

Ele estreita os olhos, mas não desvia o olhar. —Eu não sou.
Eu nem sequer tive a coragem de romper com ela pessoalmente.
Nesse ponto, ela ameaçou se matar se eu desistisse e eu...

—De jeito nenhum! Ela não fez isso! —Eu balanço minha
cabeça, indignada em seu nome. —Isso é certamente terrorismo
emocional.

—Eu sei, certo?

Ele parece aliviado por ouvir alguém chamar um rato de rato.

—Eu sentia por ela, mas eu também senti que era uma porra de um
prisioneiro. Quando finalmente terminou, eu estava tão furioso e
ressentido que eu não conseguia ficar no mesmo quarto com ela.

—Eu não culpo você. Estou feliz que você não a deixou
mantê-lo como refém.

—Sim, bem, eu tentei. —Ele diz, com uma contração

muscular em sua mandíbula. —Deixei uma mensagem de voz
dizendo a ela que eu estava fora e incentivando-a a buscar ajuda, e
então eu mudei as fechaduras do meu apartamento. Quando ela
voltou e começou a bater na porta para entrar, eu chamei a
segurança e deixei que cuidassem dela. Eu mudei meu número de
celular e minha academia e proibi que ela assistisse aos treinos, mas
ela continuou a aparecer no meu prédio. Eu tive que correr dela para
entrar na porra do meu prédio antes que ela se agarrasse a mim. Foi
uma loucura.

Eu suspiro, meu estômago apertando quando se aproxima do

fim da história. —Você falou com a polícia? Viu se você podia
conseguir uma ordem de restrição?

Sua expressão demonstra raiva pela primeira vez. —Eu não

vou à polícia.

—O quê? Por que não? Quer dizer, eu sei que nem sempre é
divertido...

—Não. —Ele diz, encerrando o assunto. —Ir às autoridades

não era uma opção. Eu não lavo minha roupa suja em público.
Nunca. —Seu olhar endurece. —É por isso que eu trouxe o acordo
de não divulgação. Espero que a minha vida privada permaneça
privada. Estamos entendidos?

—Claro. —Eu digo. —Eu assinei o contrato, eu não...

—Eu só quero que sejamos claros. —Ele me interrompe. —

Se uma palavra de qualquer coisa que eu estou dizendo for
compartilhada com a imprensa ou qualquer outra pessoa, incluindo
sua amiguinha de óculos, vou processá-la, a seu chefe e qualquer
outra pessoa que viole minha privacidade em toda a extensão da lei.

—Espere aí. —Eu ergo a mão, com os dedos bem abertos.

—Escute, eu entendo que você teve um momento difícil, e eu
solidarizo com isso, de verdade. Mas você não tem o direito de me
ameaçar. Eu lhe dei minha palavra e assinei a papelada que você
queria que eu assinasse. Se isso não for suficiente para você confiar
em mim sem ficar desagradável, então você deve sair.

Ele sorri. —E levar meus dez mil comigo?

—E levar seus dez mil com você. —Eu sorrio docemente,

lutando contra o desejo estranhamente violento de arrancar a
expressão presunçosa de seu rosto. —Eu não preciso do seu
dinheiro, Sr. Falcone. Eu estou fazendo isso como um favor para
Bash, e porque eu sou facilmente levada pela culpa a dizer sim
quando eu deveria dizer não. Seu dinheiro será destinado para a
Sociedade de Ajuda Humanitária, mas eu posso facilmente fazer essa
doação com meus próprios fundos e deixá-lo seguir seu caminho
com toda sua irritação.

—Então você está fazendo isso pela bondade do seu

coração? —Ele pergunta em óbvia e insultante descrença.

—Sim, Jake. —A irritação transparece no meu tom. —As

pessoas fazem isso ocasionalmente, fazem coisas boas para outras
pessoas simplesmente porque é a coisa certa a fazer.

Seus olhos escuros como o pecado me estudam por um

longo momento, durante o qual eu faço o meu melhor para lembrar
que ele é irritante e a última pessoa que eu deveria me permitir sentir
desejo sexual. Mas a intensidade em seu olhar faz parecer que ele
está me despindo, expondo meus segredos, lembrando-me de todas
as coisas que eu desisti em troca de me esconder nas belas ruínas da
vida de outra mulher.

Coisas como paixão, conexão e a chance que o amanhã seja

menos solitário que hoje. Coisas como amor e aceitação de alguém
que veja como eu sou, até a parte mais profunda de mim, os lugares
que são tristes, fechados e machucados, e encontre algo bonito nos
destroços.
 Eu sei que Jake não é esse homem, que ele nunca vai ser nada
exceto meu cliente, e talvez nem isso, mas eu não consigo tirar os
olhos dos dele. Há algo nele, algo que faz com que cada nervo do
meu corpo fique como um diapasão5 tentando encontrar a afinação
perfeita.

Ficamos sentados nos olhando pelo que parece uma

eternidade quando as mãos de Jake se fecham em punhos e o meu
coração bate mais rápido, insistindo em querer ficar por aqui para
saber mais sobre este homem que me faz sentir totalmente desperta
pela primeira vez em tanto, tanto tempo.

Mas meu coração está acostumado a não conseguir o que

quer. Eu não espero que desta vez seja diferente. Espero que Jake
me diga para ir para o inferno e saia como uma tempestade do
mesmo jeito que ele veio, mas em vez disso, ele diz. —Eu sinto
muito. Você está certa. Eu não deveria ter ameaçado você. Tudo
isso...

Ele termina com um suspiro. —Isso está fodendo comigo.

Mas não é seu problema ou sua responsabilidade, e você não precisa
ter que lidar comigo sendo um idiota.

—Eu não diria um idiota. —Eu inclino minha cabeça,

olhando através dos fios grossos de cabelo caindo em sua testa. —
Mais como um cara normal, irritado na maioria dos dias, mas esses
ficam difíceis de tolerar.

Seus lábios se curvam. —Posso sair do Penalty box6 se eu

prometer que não vai acontecer de novo?

Eu aceno, apreciando seu meio sorriso sexy mais do que

deveria. —Tudo bem. Você está na grande área, mas não mais
atacando. Deixe isso para seu terapeuta.
5
Diapasão é um instrumento metálico em forma de forquilha, que serve para afinar instrumentos e
vozes através da vibração de um som musical de determinada altura.
6
Local onde o jogador de hóquei cumpre penalidade
 Ele bufa. —Eu não tenho um terapeuta.

—Consiga um. —Eu sorrio para suavizar as palavras. —Uma

pessoa que passou pelo que você passou precisa de terapia. Eu
posso ouvir se você quiser conversar, mas meu trabalho é fazer com
que Keri saia de sua vida para que você tenha um recomeço, e não
ajudá-lo a lidar com as consequências emocionais de ter alguém que
você confiava transformado em um assediador.

—Supondo que você aceite o trabalho. —Ele corre o polegar

para trás sob o queixo. A pele contra a barba por fazer faz um som
que é puramente masculino e surpreendentemente íntimo. Eu quero
esticar o braço e passar meu dedo sobre o pelo escuro, só para senti-
lo me espetar.

Resisto ao desejo impróprio. Por pouco. —Sim, supondo que

eu aceite o trabalho. Até agora, eu estou inclinada a dizer sim, mas...

—Mas você precisa saber a história por trás dos hematomas.

Tudo bem. —Ele balança a cabeça, os ombros tensos. —Como eu
disse, eu estava fazendo tudo que podia para ficar longe de Keri,
mas quinta-feira passada eu cheguei em casa tarde do treino, e a
encontrei fazendo lasanha na minha cozinha. De alguma forma, ela
conseguiu entrar. Enganou a segurança, eu acho. Ou talvez, enganou
o cara novo na portaria e conseguiu entrar, embora ele jure que
nunca deixou sua mesa. Eu não tenho certeza, mas lá estava ela,
cozinhando e tomando um copo de vinho, fingindo que tudo estava
do jeito que costumava ser. Eu disse a ela para sair, e nós brigamos.
Eu disse algumas coisas, ela disse algumas coisas...

Suas mãos fecham em punhos novamente. —Por fim, aquilo

piorou. Ficou feio. Eu disse que ela estava fora do seu juízo perfeito
e que nunca queria vê-la novamente, mesmo se ela buscasse ajuda.
Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, ela veio para
mim com uma faca.
 Meu queixo cai, mas antes que eu possa dizer uma palavra,
Jake prossegue.

—Eu fiquei tão chocado que meus reflexos falharam. No

momento em que eu comecei a andar para trás, ela já tinha afundado
a lâmina no meu ombro. Toda a lâmina. —Ele balança a cabeça. —
Depois disso, eu só... perdi a cabeça. Antes que eu percebesse o que
estava fazendo, eu a peguei pelo pescoço arrastei-a e a deixei fora da
porta da frente.

—Merda. —Eu digo, com meus olhos arregalados.

—Isso resume muito bem. —Um sorriso sombrio cruza seus

lábios. —Mas eu só a segurei por alguns segundos, e não havia
nenhum hematoma quando eu bati a porta.

Eu aceno com simpatia, mas não posso deixar de dizer a

verdade. —Eles poderiam ter aparecido mais tarde. Hematomas
levam tempo para se formar.

—Eu sei. —Ele diz. —Eu sei uma coisa ou duas sobre ser
agredido. Mas as fotos foram tiradas apenas vinte ou trinta minutos
depois que ela deixou meu apartamento. Não teria tempo para a
pele ficar com aquela cor escura, preta e roxa. Eu suspeito que ela as
adulterou com sombra ou algo assim, mas eu acho que há uma
chance...

Ele pigarreia quando percebe minha expressão, e seu olhar

assombrado faz meu peito doer. —Há uma chance de que eu tenha
perdido o controle e a tenha machucado. E se isso for verdade,
talvez eu não mereça ajuda. Eu honestamente não sei mais. Eu só
sei que eu preciso que isso passe, e você é minha última chance de
sair antes que as coisas fiquem ainda mais feias.
 CAPÍTULO QUATRO

Shane

Eu mordo meu lábio forte enquanto meu pensamento

dispara.

Não era a negação contundente que eu disse a mim mesma

que eu precisava ouvir, mas Jake não é o homem que eu esperava
que fosse. Ele não é um idiota arrogante. Ele é um cara
aparentemente agradável, compassivo, que se viu em uma situação
assustadora e precisa de ajuda.

Estou inclinada a pensar que ele precisa mais da ajuda da

polícia e de um bom terapeuta do que uma intervenção da MBC,
mas...

—Estou indo. —Jake diz, interrompendo meus

pensamentos. —Desculpe, por ter feito você perder o seu tempo.
—Ele levanta-se, chegando ao portão com passos rápidos e longos.

—Espere! Não vá. —Eu fico de pé. —Você não desperdiçou

meu tempo.

Ele se vira, com a expressão cautelosa e os ombros tensos,

fazendo-me pensar em qual o braço em que ele foi ferido.

Jesus Cristo. Uma facada.

Uma facada. Isso é uma loucura!

Eu estava preparada para ajudar Jake a abandonar sua ex-

namorada louca, mas eu não achei que ela fosse uma louca que dá
facadas em pessoas, ou que eu lidaria com um homem que tem uma
aversão patológica pela polícia.

—Então, eu suponho que você não informou o

esfaqueamento às autoridades. —Eu cruzo meus braços e franzo a
testa, pensativa, tentando agir como se eu tivesse alguma ideia do
que fazer em uma situação como esta. —Você foi à polícia?

Uma expressão teimosa cada vez mais familiar surge em suas

feições. —Não. Eu não quero isso divulgado. A imprensa teria um
prato cheio.

—Mas isto é um crime. —Eu digo, esperando que eu possa

levá-lo a ver a razão. —É sério, Keri o atacou com uma arma
mortal. Eu não sei todos os detalhes, e eu não sou advogada, mas eu
vejo como um caso que poderia até mesmo representar uma
tentativa de homicídio.

Ele balança a cabeça. —Ela não estava tentando me matar.

—Você não sabe disso. Ela estava com raiva e esfaqueou

você, Jake. Esfaqueou. Forte, pelo jeito que você descreveu. —Eu
estendo meu braço, deixando meus dedos pairarem acima de seu
peito. —E se ela tivesse acertado um pouco mais perto do centro?
Ela poderia ter cravado a faca em seu coração.

Ele balança a cabeça novamente, mas com menos convicção.

—Ela queria me machucar no momento, não me matar.

—Certo. —Eu nem sequer tento manter a dubiedade do meu

tom. —Bem, e sobre o seu trabalho? O que seu médico disse? A
lesão vai impactar seu jogo?

—Eu vou ficar bem. —Ele mexe seu ombro esquerdo. —Eu
curo rápido, e eu sou bom com dor.

—Mas o que seu médico disse? —Uma suspeita desagradável

retorce meu estômago. —Você foi a um médico, não é?
 Ele dá de ombros, franzindo o cenho. —Estou bem. Fui
agredido o suficiente para saber a diferença entre lesões graves e não
graves.

—Você está brincando comigo. —Eu digo, embora saiba que

ele não está. —Isto não está certo, amigo. —Eu aponto para o
portão. —Saia. Rua. Agora.

—Então é isso? —Flashes de dor surgem em seus olhos,

antes que endureçam. —Você está fora? Assim desse jeito?

—Não, eu não estou fora. Eu vou com você. —Eu pego

minha bolsa do banco e a coloco debaixo do braço. —Nós vamos
pegar um táxi e levá-lo para a emergência mais próxima.

Ele resmunga. —Eu não vou para a emergência. Não há

nenhuma emergência.

Meus olhos ficam tão arregalados que eu tenho certeza que

eu fiz uma careta. —Você foi esfaqueado! Você levou uma facada!
Como é que não é uma emergência?

—A facada foi há cinco dias e está curando bem, ele insiste

em uma voz calma e determinada, que me lembra da minha melhor
amiga Cat, que também é teimosa como o inferno e ridiculamente
ruim para cuidar de si mesma. —É tarde demais para pontos e isso é
tudo que um médico faria.

—Não é. Eles também verificariam se você tem uma

infecção localizada. —Eu digo, recusando-me a recuar. —E se a
facada foi profunda o suficiente para atingir o osso, você deve ser
verificado para osteomielite, uma infecção óssea séria. Você poderia
precisar de um antibiótico de largo espectro e talvez até mesmo
cirurgia para remover o tecido infectado.

Seus olhos escuros e penetrantes me avaliam. —Então você é

médica?
 —Veterinária. —Eu digo. —Mas você ficaria surpreso com a
semelhança. Animais e seres humanos não são tão diferentes como a
maioria das pessoas gostaria de pensar.

—Então você pode me examinar. —Ele diz, como se fosse a

conclusão mais lógica do mundo. —Examine e ajude a ferida a curar
como deveria.

—Não, eu não posso! Eu trato criaturas de quatro patas. E

eu não sou nem licenciada para tratá-los em Nova York. Eu não tive
tempo para providenciar a papelada desde que me mudei.

—Mudou de onde?

—Georgia. —Eu franzo a testa com a mudança repentina de

assunto. —Atlanta, mas eu não...

—Um pêssego da Georgia. —Ele diz, balançando a cabeça

como se isso explicasse alguma coisa sobre mim.

—Eu não sou nada do tipo. —Eu levanto meu queixo,

querendo deixar claro que eu não sou uma beleza doce do sul que
vai deixar-se intimidar por um jogador de hóquei estúpido demais
para ir ao médico depois de ser esfaqueado. —Eu nasci e cresci na
cidade e me formei pela NYU7. Eu só me mudei para a Georgia
porque o meu noivo estava fazendo sua residência lá.

Jake concorda. —Então como é que o seu noivo se sente por

você fingir ser minha namorada por algumas semanas? Ele está bem
com outro homem com você? Porque Keri não vai engolir nós dois
de mãos dadas e ter uma conversa educada.

—Ele não importa mais. —Eu digo, recusando-me a pensar

em Wesley, ou Jake ficando comigo, ou em cima de mim. Ambos
levam a um rumo de pensamentos que é melhor evitar. —O que é

7
Universidade de Nova Iorque é uma universidade privada sem fins lucrativos sediada na
cidade de Nova Iorque.
uma boa notícia para você, porque o meu noivo não teria gostado
do que estou prestes a fazer. Ele teria se preocupado que eu
cometesse uma negligência e, potencialmente, pudesse matar
alguém. Mas vendo como você é muito teimoso para ir a um médico
e não sou grande o suficiente para jogá-lo por cima do meu ombro e
levá-lo, eu acho que um exame por um veterinário que quer que
você fique vivo é melhor do que nada.

Fico esperando mais argumentos e teimosia, mas em vez

disso, ele sorri.

Ele sorri de orelha a orelha, um sorriso verdadeiro,

totalmente formado com dentes ligeiramente tortos e covinhas
perfeitamente localizadas e eu esqueço que ele é o homem mais
frustrante do planeta. Ele é tão bonito, tão deslumbrante de olhar e
tão sexy que minha calcinha começa a molhar de novo.

—Bem, obrigado. —Ele diz em uma voz rouca, como

combustível para o fogo acesso. —Eu aprecio isso. A mulher que eu
estou namorando querer me manter vivo não é algo que eu vou
tomar logo como garantido.

—Nós não estamos namorando, Falcone. —Eu digo com

firmeza. —Nós vamos fingir namorar. E existem regras que temos
que combinar antes de seguir em frente. Mas vendo como você
precisa de atenção médica, o resto da orientação pode esperar até
sua alta médica.

—Tudo bem. —Ele pega a barra inferior de sua camisa.

—Você quer fazer isso aqui, doutora? Ou em algum lugar mais
privado? Estou bem de qualquer maneira.

Eu arqueio uma sobrancelha, fingindo ficar entediada com a

perspectiva de sua nudez iminente. —Então você está bem com
expor seu peito, mas não sua roupa suja?
 Ele sorri novamente. —Está certo. Nunca fui do tipo tímido
quando se trata de tirar a roupa.

Minhas bochechas ruborizam, mas de alguma forma eu

consigo manter minha voz firme quando aponto uma mão para a
porta. —Vamos subir para meu apartamento. Meu equipamento
está lá. Não há muito que eu possa fazer por você no jardim e se
qualquer um dos membros HOA8 me vir com um homem seminu
em uma área comum, eu vou ficar ainda mais em sua lista negra do
que já estou.

—Seu apartamento. —Ele balança a cabeça, ainda sorrindo

enquanto fica ao meu lado no caminho de paralelepípedos que
conduz ao edifício. —E obrigado. Novamente. Fico feliz que você
decidiu ficar com o meu caso.

—De nada. —Eu aceno, tentando parecer calma, mesmo

quando o fogo na minha calcinha se espalha por cada centímetro do
meu corpo e uma voz na minha cabeça adverte que nada de bom
virá desta decisão.

Mas eu não poderia mais mandar Jake embora, assim como

eu não poderia chutar um cachorro ferido.

Jake Falcone no modo de dragão é uma sexy e intimidante

força escura da natureza, mas Jake esperançoso, sorridente e grato
pela minha ajuda é irresistível.

8
HOA- Homeowners Association, associação de moradores.
 CAPÍTULO CINCO

Shane

No meu apartamento eu guio Jake em direção à cozinha

estilo galley9, no lado esquerdo da sala onde antes ficava o quarto da
tia Tansy.

—Você pode tirar a camisa. Vou examiná-lo na ilha da

cozinha. —Eu deliberadamente mantenho os olhos nas estantes e
nos quadros nas paredes quando atravesso o espaço aberto, olhando
para qualquer lugar, menos para o deliciosamente perigoso jogador
de hóquei perto de ficar seminu na minha cozinha.

Deixando-o para trás, eu ando rápido para meu banheiro para

pegar meu kit sobrevivência.

Um efeito colateral de ter visto tantas pessoas morrendo

perto de mim, eu gosto de estar preparada com algo mais do que um
kit de primeiros socorros. Meu kit de sobrevivência tem tudo o que
seria necessário para realizar pequenas cirurgias e limpar a bagunça
depois, além de uma variedade de produtos farmacêuticos obtidos
ilegalmente. Eu poderia ficar em apuros com as autoridades por
vários itens do meu kit, mas pelo menos eu não preciso me
preocupar com Jake indo à polícia se meu tratamento fizer mais mal
do que bem.

Se o homem deixa que o esfaqueiem e mantém a calma, pelo

amor de Deus, ele não vai se transtornar com alguém que está
tentando ajudá-lo.
9
O termo cozinha galley é usado para se referir ao design da cozinha doméstica, em que as unidades
são montadas em uma matriz contínua sem mesa de cozinha. Estritamente, o termo refere-se a uma
cozinha com as unidades em duas linhas de revestimento, como um corredor, mas é frequentemente
usado para se referir a cozinhas em forma de U também.
 Isso faz com que me pergunte o que levou à sua fobia
policial. Eu tive algumas experiências desagradáveis com o
Departamento de Polícia de Nova York: assédio sexual verbal uma
vez quando eu fui agredida em um protesto pacífico, e quando eu
infelizmente vi o pênis de um policial bêbado que vagava pela minha
escola quando eu estava na oitava série, com seu... ahn... cassetete
para fora e ereto, mas eu fui grata pela polícia com mais frequência
do que eu fiquei frustrada com a sua presença. Sem a nossa força
policial, a cidade se degeneraria num perigoso estado de caos. Em
geral, os policiais são os mocinhos, homens e mulheres que colocam
suas vidas em risco para manter a nossa cidade segura.

Eles lidam com cada caso perfeitamente? Claro que não, eles
são apenas humanos, mas não há nenhuma razão lógica para Jake
ser tão anti-policial.

Então o que aconteceu para ele ser tão cabeça dura contra a
intervenção da polícia? Será que ele tem uma história ruim que
deixou cicatrizes por toda a vida? Ou ele fez algo que fez a polícia
pegar pesado com ele?

Bash fez uma extensa verificação de antecedentes sobre

Falcone, revelando nada mais condenável do que algumas de multas
de trânsito e uma citação por conduta desordeira depois que uma
briga de bar saiu de controle na faculdade, mas os registros de Bash
constam apenas a partir do dia em que Jake completou dezoito anos.
Se ele cometeu um crime quando mais jovem, esses registros seriam
secretos.

Eu não tinha pensado na possibilidade de um registro juvenil

antes, mas eu estou considerando isso agora, e pensando em pedir a
Bash para bisbilhotar o passado de Jake. Bash não é apenas mais um
rostinho bonito; ele também é um hacker talentoso, hábil em
descobrir a sujeira de alguém. Mesmo se o registro juvenil de Jake
for secreto, Bash ainda pode rastreá-lo.
 Puxando meu celular do meu bolso de trás, eu digito um
rápido texto “Você pode conseguir os registros de detenção
juvenil de Jake Falcone, se houver algum? De
preferência o mais rápido possível?” Apenas hesito um
momento antes de enviar.

Claro, Jake parece ser bom, embora intenso, mas eu só o

conheço há cerca de uma hora. E nesse tempo, eu percebi que as
chances dele responder a perguntas pessoais são quase nulas. Ele
claramente não quer dizer porque ele é contra a polícia, mas se eu
vou ajudá-lo e ao mesmo tempo me proteger, eu preciso saber o que
está por trás de sua resistência.

Eu só tenho que esperar alguns segundos antes de Bash

responder. “Você está bem? Se você precisa de reforços,
Aidan está no Central Park com Nate, o cara novo. Eles
podem estar aí em cinco minutos. Dez no máximo”.

“Estou bem”, Eu respondo. “Jake parece bom. Eu

estou apenas curiosa para saber por que ele está tão
relutante em ir à polícia para obter ajuda. A julgar
pela papelada, eu suponho que você não estava ciente
de que sua ex o apunhalou com uma faca de cozinha,
antes que ele a expulsasse de seu apartamento?”

“Que porra é essa?” Bash responde. “Não! Ele disse

que ela invadiu seu apartamento, ficou violenta, e que
ele teve que usar a força para tirá-la, mas eu não
tinha ideia. Merda! Por que as pessoas acham que não
há problema em mentir para mim? Eu tenho uma cara
que diz “minta para mim,” Shane? É isso? Eu tenho
“otário” tatuado na maldita testa?”

Eu jogo uma toalha limpa em cima da minha bolsa, sabendo

que eu preciso voltar para a cozinha. “Relaxe! Ele
provavelmente só hesitou em colocar qualquer coisa
escrita. Ele é uma pessoa muito reservada. E essa pode
ser a única razão pela qual ele não quer ir às
autoridades informar sobre Keri. Eu só gostaria de ter
certeza. Mas olha, eu tenho que ir. Ele está esperando
por mim para olhar sua facada, porque ele não irá a
um médico, também”.

Meu telefone toca um segundo mais tarde, o nome de Bash

piscando na tela.

Eu mordo meu lábio, cortando, mas no final, eu silencio o

toque. Eu não tenho tempo para conversar com Bash agora, e eu
não quero correr o risco de Jake ouvir o que deveria ser uma
conversa privada. Eu estou tendo muita dificuldade para ganhar a
sua confiança, mesmo sem que ele saiba que eu estou vasculhando
seu passado.

Mas eu não me sinto mal sobre a minha escolha.

Isto é sobre segurança pessoal. Eu estou sozinha no mundo,

e eu tenho que cuidar de mim mesma, especialmente quando estou
mergulhando em águas mais profundas do que eu esperava. Eu
concordei em bancar a namorada falsa de alguém por algumas
semanas, afinal.

Em nenhum lugar eu assinei concordando em me machucar,

ou pior...
 CAPÍTULO SEIS

Shane

Com a consciência tranquila, eu volto para a cozinha para ver

Jake ainda vestindo a maldita camisa e folheando a revista de yoga
no balcão. —Você faz yoga? —Ele pergunta quando coloco minha
bolsa no chão ao lado dele. —Meu treinador me diz para
experimentar, mas eu não consegui encontrar tempo.

—Sim eu faço. Pratico diariamente. Recomendo a todos. É

uma mudança de vida. —Eu abro meu kit e começo a retirar os
itens que posso precisar, incluindo materiais para limpar e enfaixar a
ferida, um termômetro para verificar a temperatura de Jake, e fita de
sutura, caso seja melhor usar, mesmo tanto tempo após a lesão
inicial. —Eu gosto de praticar aqui em cima. —Eu toco a bancada
de mármore. —Me mantém focada.

—Como assim? —Ele pergunta, com um tom de diversão

em sua voz.

—Saber que eu posso cair ajuda com a minha concentração.

—Então você gosta de um pouco de perigo. —Suas mãos

vão para a barra de sua camisa. —Eu vou manter isso em mente.

A resposta começa a formular-se na minha cabeça, algo sobre

como eu não gosto de perigo, eu o uso como uma ferramenta
quando preciso de um impulso, mas, em seguida, Jake retira seu
suéter azul escuro e camisa por cima da cabeça em um movimento
suave, e as minhas palavras se perdem no caminho até meu cérebro.

Santos músculos abdominais, Batman.

 E músculos peitorais e músculos do ombro e músculos dos
bíceps e todos os outros músculos. Tantos músculos.

É um belo conjunto de músculos. O homem é uma obra de

arte, tão perfeitamente feito, que leva um minuto para eu me
lembrar que eu estou olhando para seu peito por outras razões além
da pura admiração.

Quando eu o faço, eu pigarreio e engulo em seco. —Então, o

ferimento foi...

Ele levanta ligeiramente o braço esquerdo, revelando um

corte rosa inchado, acima de onde o braço começa a se curvar em
sua axila. —Aqui.

—Hmm. —Eu coloco minhas luvas para examinar mais

atentamente.

—Como eu disse, não é sério. —Ele diz enquanto eu

gentilmente examino a área ao redor, a minha percepção dele como
um deus do sexo, alto, moreno e delicioso desaparecendo quando
entro no modo de exame. —Foi de raspão na pele. Poderia ter
atingido o músculo por pouco, mas não foi fundo o suficiente para
ser sério.

—Dói aqui? —Eu empurro em ambos os lados da ferida. A

área está quente ao toque e mais rosa do que eu gostaria.

Ele resmunga. —Um pouco, não é ruim.

—Mas dói menos do que doeu ontem? —Eu pressiono a

pele mais ao redor, notando uma mudança acentuada na firmeza
quando eu toco a carne inchada próximo ao ferimento.

—Talvez. —Sua respiração agita meu cabelo quando ele

exala. —Não é nada bom quando você pressiona assim.

—Isso é porque está infeccionado. Posso dizer, sem sequer

me preocupar em medir sua temperatura. —Eu franzo a testa
quando pego minha garrafa de álcool e uma compressa de gaze. —
Eu vou limpar e enfaixá-lo, mas você vai precisar de antibióticos,
para garantir que essa infecção não se torne maior. Você tem um
médico que você possa...

—Eu não posso ir a um médico. —Seus músculos do peito

se tensionam quando eu aplico a compressa embebida em álcool no
seu ferimento, fazendo-me pensar que a dor é pior do que ele está
deixando transparecer. —Por lei, eles têm de comunicar facadas e
ferimentos com arma de fogo para a polícia.

Eu suspiro profundamente, felicitando-me por pedir a

expansão da verificação de antecedentes. Algo se passa com este
homem e os policiais, e eu pretendo descobrir o que é antes de
irmos mais fundo. —Apenas se for uma situação de assalto. Você
não pode apenas dizer ao seu médico que você caiu em uma faca
enquanto estava cozinhando o jantar ou algo assim?

Ele arqueia uma sobrancelha. —Cai em uma faca e me

esfaqueei sob a axila?

—Coisas estranhas acontecem. —Eu substituo a compressa

de álcool por gaze seca e pego minha fita de bandagem. —Você
deveria ouvir algumas das histórias que ouvi de meus amigos
médicos. Os seres humanos têm problemas muito mais complexos
do que outros animais.

—Tenho certeza de que temos, mas eu não preciso de um

médico. Ou de antibióticos. —Ele levanta o queixo. —Estou bem.
Meu corpo pode curar a infecção por si só.

—Mas e se isso não acontecer, seu teimoso? —Eu olho para

ele com um olhar frustrado para descobrir que seu rosto está apenas
a alguns centímetros do meu.
 Eu suspiro, mas as minhas palavras se perdem novamente
quando meu foco muda para o calor de seus lábios e o cheiro de
colônia terroso e poderoso, “primitivo” de homem, se espalha em
torno de mim. Ele cheira como o céu, tão bom que tudo que eu
quero fazer é inclinar-me, pressionar meu nariz em sua pele nua, e
grudar o seu cheiro inebriante em minha alma.

E depois que eu sentisse o cheiro dele, gostaria de pressionar

um beijo no centro do peito, logo acima de seu coração. Gostaria de
beijá-lo, deslizar minha língua para prová-lo, morder um mamilo
marrom e depois o outro, antes de inclinar a cabeça para trás e...

—Eu tenho remédio para peixes. —As palavras saem com

dificuldade enquanto eu me esforço para dominar o calor que toma
conta de mim.

Eu suspeito que este homem esteja escondendo um segredo

sujo, talvez criminoso, sobre seu passado, mas mesmo que ele não
esteja, cobiçá-lo ainda é perigoso. Esquecendo que ele é meu cliente;
ele também é um mulherengo da mais alta ordem. Ele saiu com pelo
menos seis celebridades apenas no ano passado. Uma delas chegou a
escrever uma canção sobre ele “Ice Cold Dragon Heart10” que não
pinta uma imagem lisonjeira da sensibilidade de Jake ou deixa seguir
por esse caminho mais fácil.

Eu seria uma completa idiota se deixasse esta luxúria queimar

sem controle. Eu preciso apagar as chamas, colocar minha cabeça
no lugar e lembrar-me que a única pessoa que eu posso confiar para
fazer o certo por mim sou eu.

—Remédio para peixe. —Ele repete, o olhar fixo na minha

boca, fazendo-me pensar que eu não sou a única queimando.

Merda. Eu tenho que controlar nós dois. Agora. Antes de

começar com o pé errado e nunca poder voltar para o caminho
10
Gelado Coração de Dragão
certo.

—Remédio para peixe. Antibióticos para peixe. —Eu gaguejo

enquanto sua boca se aproxima mais e minha respiração fica mais
rápida. —A maioria das pessoas não percebe isso, mas os
antibióticos utilizados para os animais são feitos nas mesmas
fábricas onde eles fazem medicamentos para humanos. Mesmos
ingredientes, mesmo design de pílula e codificação de cores, mesmo
tudo, exceto que você não precisa de uma receita médica para
comprar medicamentos para animais.

Ele apoia a mão sobre o balcão, tão perto da minha que

nossos dedos se tocam e a eletricidade percorre em meus dedos.
—Então você quer me dar antibióticos de peixe.

—Não, eu não quero dar-lhe antibióticos de peixe. —Dou

um passo para trás, esperando que isso ajude a acalmar meu coração
acelerado. —Mas se você se recusar a tomar remédios de um
médico, então eu vou dar-lhe antibióticos de peixes e dizer-lhe
como usá-los. Embora, honestamente, eu preferiria não levar minha
atuação como médica tão longe. Eu tomei medicamentos para
animais várias vezes, mas eu estou mais confortável experimentando
com a minha saúde do que com a sua.

—Isso é doce. —Ele dá um passo mais perto, até que todo o

meu corpo está sentindo seu calor. —Você é doce.

—Eu não sou. Eu sou estúpida. —Eu rebato. —Eu não

deveria ceder à sua teimosia absurda.

—Você é a coisa mais distante da estupidez que eu posso

imaginar. —Ele estende a mão e passa sobre meu cabelo por cima
do ombro com uma suavidade que faz meus ossos derreterem. —
Não parece justo que você seja doce, bonita e ainda uma médica
genial.
 —Eu não sou uma médica genial. —Inclino a cabeça para
trás, hipnotizada pelo calor em seus olhos. —Eu sou uma
veterinária covarde, não certificada, e eu deveria fazê-lo ir a um
pronto socorro.

—Você não pode me obrigar a fazer qualquer coisa,

senhorita Willoughby. —Ele enfia seus dedos no meu cabelo,
provocando um aperto na região mais íntima do meu corpo. —Eu
sou um alvo imóvel.

—E eu sou uma força imbatível. —Murmuro

automaticamente, mas é a coisa mais distante da verdade. Agora eu
estou parada, sem fôlego, esperando para ver o que este homem vai
fazer a seguir.
 CAPÍTULO SETE

Shane

Jake dá um sorriso sexy, íntimo, que me faz derreter. —Se

você diz, Shane, mas meu instinto diz que não é verdade.

Eu inspiro profundamente, chocada com o quão quente é

ouvi-lo dizer meu nome.

—Meu instinto diz que você está procurando uma razão para
parar. —Ele continua, seus lábios tão perto que eu poderia beijá-lo
em meio segundo. —Uma razão para desacelerar e agir de forma
espontânea de vez em quando.

—Você não me conhece. —Eu sussurro, desejando dar um

passo atrás, mas meus pés se negam a fazer isso. —Eu não sou
assim.

—Seus amigos nunca lhe dizem que você pensa demais?

—Não. Eu falo primeiro e penso sobre o que eu estou

dizendo quando é tarde demais para fazer bem a alguém. Eu não
costumo tentar dizer a coisa certa.

—Devo me sentir especial? —Suas mãos pressionam minhas

costelas através da minha roupa macia, fazendo meus mamilos
endurecerem. —Ou insultado?

—Eu não sei. —Minha respiração sai rápida quando eu

coloco minhas mãos contra seu peito, apreciando a sensação de sua
pele nua sob os meus dedos muito mais do que eu deveria.

Estou gostando tanto que eu estou a ponto de me perder na

névoa do sexo. Mas não posso deixar que isso aconteça, nem agora,
nem nunca. Jake está fora dos limites por muitas razões, não apenas
porque ele me afeta de uma maneira como apenas um homem
afetou antes. Outro homem, que mentiu para mim, destruiu o meu
coração e me feriu profundamente, e então partiu e ficou tão doente
que não havia nenhuma maneira que eu pudesse ficar brava com ele
por me colocar no inferno.

Lembrar o dia em que Wesley finalmente me disse a verdade,

explicando que o nosso casamento teria de ser adiado até depois que
ele fizesse algumas sessões de terapia e uma avaliação com uma
droga experimental, é o suficiente para me dar a força para empurrar
as palmas das mãos contra o peito de Jake e afastar-me.

—Você deveria ir para casa e descansar um pouco. —Eu

digo, pegando a meu exemplar do Yoga Journal e o segurando entre
nós como um escudo. —Vou mandar você para casa com os
remédios para peixes e instruções de uso. Eu quero que você tome o
seu primeiro comprimido com alimentos e depois relaxe no sofá
com alguma leitura sobre yoga pelo resto da tarde. Confira o artigo
na página quatro sobre os benefícios para os quadris. É bom.

—Parece que meus quadris precisam de ajuda? —Ele

pergunta, um tom de brincadeira em sua voz que faz o meu rosto
corar.

—Todos os quadris podem melhorar. —Eu digo sem

rodeios, recusando-me a flertar com ele.

—E sobre o resto da orientação? —Ele olha a revista, mas

não faz nenhum movimento para arrancá-la dos meus dedos. —Eu
pensei que nós deveríamos examinar o questionário juntos, aprender
mais um sobre o outro, para que possamos fingir estar apaixonados.

—Nós vamos. Nós iremos. —Eu aceno com mais certeza do

que eu sinto. —Podemos começar por mensagens de texto esta
noite, se você tiver energia, mas acho que descanso é importante
agora.

—Eu não preciso de descanso. Eu me sinto bem.

—Você está com uma febre baixa e seu corpo está lutando
contra uma infecção.

—Eu também tenho uma ex-namorada incitando a imprensa

em um frenesi contra mim e uma quantidade limitada de tempo para
controlar essa situação. —Ele diz, dando um passo mais perto. —
Eu estou pronto para o trabalho.

—Descanse, tome o remédio, tome muito líquido, são ordens

médicas. —Eu levanto a revista, pressionando-a em seu peito,
mantendo-o à distância. —Conhecer um ao outro e planejar como
dominar Keri pode esperar até amanhã se for necessário.

Jake suspira, mas finalmente estica a mão e pega a revista. —

Tudo bem. Mas eu vou mandar mensagem para você mais tarde. Há
algumas coisas que eu quero que você saiba, antes de começar.

—Parece bom. —Estou tentada a dizer-lhe para falar tudo

agora, mas eu não posso arriscar tê-lo por mais tempo no meu
apartamento. Eu preciso obter alguma distância e alguma
perspectiva antes de me expor ao seu magnetismo uma segunda vez.

Eu busco um vidro de Fish Flex e escrevo instruções rápidas

sobre dosagem e quantas vezes tomar o antibiótico e o levo até a
porta. Seguro a maçaneta, prendendo a respiração enquanto eu me
inclino para não ser distraída por seu cheiro digno de um desmaio,
quando o braço dele de repente está ao redor da minha cintura.

Um segundo depois eu sou girada e pressionada contra a

porta e rosto de Jake Falcone está a um sopro de distância do meu.

—Eu espero que você não se importe. —Ele diz em voz

baixa. —Mas eu acho que nós deveríamos começar a treinar beijos
agora. Se vamos ter problemas para fazer com que pareça natural, eu
gostaria de saber o quanto antes.

Antes que eu possa responder, sua boca está na minha e

meus lábios fazem um chiado que pode ser ouvido em todo o
mundo. Uma pequena parte sibilante de mim insiste que eu deveria
tentar ser fria, mas o resto de mim está muito ocupado respondendo
aos seus cuidados.

Eu não estou fria; estou em chamas.

Quando eu envolvo meus braços em volta dos ombros de

Jake e ele me puxa para perto o suficiente para sentir cada
centímetro do seu corpo fantástico e musculoso contra o meu,
minha pele está tão quente que parece que sou eu quem está com
febre. Sua língua desliza entre meus lábios, suas mãos cobrem minha
bunda e eu derreto contra ele; este beijo é a coisa mais erótica que
acontece ao meu corpo em anos.

Nós nos beijamos até meu interior virar lava e minha mente
ficar vazia, e a única coisa que eu penso são os lábios de Jake, sua
língua, suas grandes mãos e a pulsação forte e pesada entre minhas
pernas, pedindo-lhe para colocar todas essas partes maravilhosas de
si mesmo em um uso melhor.

No momento em que ele se afasta eu estou tonta, sem fôlego,

e pronta para me despir e correr nua para o meu quarto.

Ou talvez puxá-lo para o chão aqui perto da porta.

Quem precisa de uma cama? Eu não. Eu não preciso de uma

cama, ou sedução, ou respostas para perguntas incômodas. Eu só
preciso de Jake nu, duro e pronto para eu montá-lo como
Seabiscuit11 cruzando a linha de chegada.
11
Seabiscuit- filme- O filme é vagamente baseado na carreira e vida de Seabiscuit, um cavalo puro-
sangue inglês de pequeno porte de turfe, cujo sucesso inesperado fez-lhe uma sensação da mídia muito
popular nos Estados Unidos durante a Grande Depressão.
 Mau, Shane! Mau!

Ninguém vai montar ninguém como Seabiscuit ou qualquer outro cavalo

lendário de corrida. Se controle Willoughby!

—Bem, então. —Eu sussurro, algo no beijo de Jake me fez

levar minha voz interior muito a sério. —Acho que você é muito
bom nisso.

—Você não é ruim também. —Sua voz está rouca e grossa,

fazendo-me criar visões de cavalos de corrida em minha mente mais
uma vez.

—Eu acho que vai funcionar muito bem.

—Muito bem. —Eu termino com um suspiro feliz.

Seus lábios se curvam em um sorriso que destrói o que

sobrou da minha calcinha. —Mandarei mensagem mais tarde,
doutora. Obrigado por tudo.

—Por nada. —Murmuro, de alguma forma conseguindo me

mover de lado para que ele possa sair pela porta.

Eu permaneço em pé até ouvir o elevador se fechar atrás dele

e o zumbido do motor em movimento em direção ao térreo. Só
quando estou certa de que ele realmente se foi eu afundo no chão,
fecho os olhos, e apoio minha testa sobre os joelhos, perguntando
em que diabos eu me meti.
 CAPÍTULO OITO

A partir das mensagens de texto de Adeline “Addie” Klein e

Shane Willoughby

Addie: Então, como foi? Você está bem?

Shane: Eu estou bem.

Addie: Apenas bem?

Isso é tudo que vou receber?

Preciso de detalhes, mulher! Foi uma reunião

produtiva? Ele era fácil de conversar? Você acha que
vai conseguir ajudá-lo?

Shane: Eu assinei um acordo de não divulgação,

Addie. Isso significa que eu sou, por lei, proibida de
revelar detalhes. Mas sim, eu acho que posso ajudá-lo.

Pelo menos eu vou tentar.

Addie: Isso é incrível! Ele é bom, não é? Você acha

que ele é bom agora, sim? Agora que você já conheceu e
viu o homem por trás do dragão...

Shane: Bom não é a palavra que eu usaria.

Mas sim, conhecê-lo mudou a minha opinião

sobre algumas coisas.
 Addie: Coisas como quão insanamente quente ele é?

E como você não pode esperar para sair com ele

como se fosse seu trabalho, porque SERÁ seu trabalho,
você tem sorte, hein? ;)

Shane: Oh, pare! Não seja boba.

Addie: Eu gostaria de ter um trabalho que

envolvesse beijar jogadores de hóquei sensuais.

Estou com muuuito ciúme.

Shane: Você não está. Será um trabalho duro.

Addie: Duro como o abdômen dele? Aposto que seu

abdômen é duro como rocha.

Você chegou a senti-lo?

Shane: Adeline!

Eu não posso divulgar nada disso, e mesmo se eu

pudesse, eu não beijo e conto.

Addie: OMG você já o beijou!!!?

Seus lábios tocaram Jake “Dragão” Falcone!

Você é uma puta sortuda! Foi incrivelmente

impressionante?

Diga-meeeeeeeeeee!!!!
 Shane: Quem é você e o que você fez com minha
amiga doce, bem-educada e que provavelmente nunca
chamou alguém de puta em toda a sua vida?

Addie: Desculpe!

Eu tomei muita cafeína. Eu provavelmente

precisarei de um Xanax12 para me acalmar.

Você não é uma puta, nem mesmo um pouco. Eu

estava apenas brincando.

Shane: Eu sei disso, Addie. Eu estava brincando de

volta ;).

Addie: Oh. Boa!

Bem, eu estou feliz que tudo correu bem, mesmo

se não me contar as partes divertidas por estar toda
discreta.

Shane: Estou feliz que correu tudo bem, também.

E, Addie...

Addie: Sim?

Shane: Pelo que eu posso dizer cada centímetro

daquele homem é duro como rocha.

Addie: OMG eu sabia!! * Emoji de desmaios *

12
Alprazolam é um medicamento que ajuda a controlar a ansiedade, situações de pânico e
fobias
 Shane: Lol13. Eu tenho que ir, Bash está mandando
mensagem.

13
Gíria em inglês que representa a abreviação de “laughing out loud”, e em português significa algo
como rindo muito alto, rolando de rir.
 CAPÍTULO NOVE

A partir das mensagens de texto de Shane Willoughby e

Sebastian “Bash” Prince

Bash: Eu estou supondo que você já ouviu a minha

mensagem de voz, Bagunça?

Shane: Sim, e eu concordo. Se houver mais

violência, eu vou insistir que Jake vá à polícia. Eu
prometo.

Bash: Bom.

E da próxima vez que eu chamar, atenda. Eu não

gosto de mensagens de voz deixando-me preocupado.

Faz-me sentir velho.

Shane: Bem, você está chegando lá. Trinta e três no

próximo mês, certo?

Bash: Porra, sim. Não me lembre.

E diga para Penny não planejar uma festa

surpresa. Eu encontrei um cabelo grisalho no outro dia,
e isso não é o tipo de coisa que eu quero comemorar.

Se eu começar a comemorar merdas assim, a

próxima coisa é que ficarei careca. Ou precisarei de
óculos de leitura. Ou o meu metabolismo vai parar e
minha vesícula biliar decidirá que é muito delicada
para processar gordura e eu vou ter que começar a
comer sorvete light em vez de sorvete real.

E se isso acontecer, eu preferiria estar morto,

Shane.

Morto.

Shane: Entendi. Farei um lembrete agora.

Dizer a Penny que Bash está tendo um ataque

melodramático e precisa de uma festa surpresa com
sorvete. Sem sorbet14.

Bash: Perfeito.

E me dê notícias em breve, ok? Quero

acompanhar de perto esta intervenção, já que é a sua
primeira vez no ringue.

Shane: Entendido, chefe.

Jake, na verdade, vai mandar mensagens mais

tarde. Vamos começar a trabalhar no questionário.

Bash: Excelente. Mantenha o bom trabalho e mais

uma vez obrigado por aceitá-lo.

Eu já posso dizer você será ótima.

14
Sorvete sem gordura animal
Shane: *dedos cruzados *
 CAPÍTULO DEZ

A partir das mensagens de texto de Shane Willoughby e Jake

“Dragão” Falcone

Jake: Ei, sou eu.

Pensei que poderia responder a algumas dessas

perguntas. Você está ocupada?

Shane: Não. Sou Shane Francesca Willoughby.

Trinta e dois anos de idade. Sou de Escorpião.

Jake: Jake Anthony Tobias Falcone. Trinta anos de

idade. Touro.

Então eu acho que eu deveria respeitar sua

autoridade.

Shane: Por que eu sou uma mulher mais velha?

Jake: Porque você é de Escorpião. Minha mãe

costumava escrever horóscopos para o nosso jornal local.
Ela disse que você nunca deve brigar com alguém de
Escorpião.

Shane: É isso mesmo, Falcone, não me desafie. Não

importa o quanto sua cabeça taurina teimosa possa
querer.
 Jake: Touros também são conhecidos por serem
pacientes e amigáveis, você sabe.

Shane: Eu vou tentar lembrar se eu o vir ser

paciente ou amigável.

Jake: Ouch.

Mas eu acho que eu mereço isso. Eu não estava no

meu melhor comportamento hoje.

Shane: Seu comportamento estava bom. Eu só estava

brincando.

Passando para o número dois: alguma alergia

conhecida?

Jake: Não.

Shane: Bom. Eu sou alérgica a pelo de lagartas, mas

só se eu inalar.

Jake: Isso é outra piada?

Shane: Uma ruim, lol. Desculpa.

Mas também é verdade.

Se inalado, pelo de lagarta pode causar choque

anafilático em pessoas que são sensíveis à toxina. Eu
sou sensível.

Jake: Isso é silvestre. Como você descobriu ser

alérgica a uma coisa assim?

Shane: Eu estava acampando com meus pais

quando eu era pequena. Estávamos assistindo um
monte de lagartas subindo uma árvore e, de repente,
comecei a inchar. Meu pai era alérgico a picada de
abelha então ele passou a ter antialérgicos injetáveis
com ele. Se ele não tivesse, as chances são de que eu
teria morrido antes de voltarmos para nossa barraca,
muito menos antes que chegássemos a um hospital.

Jake: Então você leva um desses com você o tempo

todo?

Devo aprender a usá-lo? Apenas para o caso de

precisar?

Shane: Eu carrego um o tempo todo, mas não, você

não tem que aprender como usá-lo. Você não vê muitas
lagartas peludas em Nova York. Eu não tive uma reação
desde essa primeira vez.

Mas isso é gentil de sua parte.

Jake: Amigável, paciente e atencioso. Touro típico.

Além disso, confiável e estável.

Eu sabia que havia algumas coisas boas que eu

deixei de fora antes.

Shane: Humilde, também.

 Jake: Eu tento.

As pessoas que não cobrem a boca ao tossir.

Shane: Desculpe-me?

Jake: Número três, o que te irrita. Eu não aguento

quando as pessoas não cobrem a boca quando tossem. E
idiotas que ficam bem na frente da porta do metrô em
vez de entrar no vagão, estão bem alto na minha lista
de idiotas também.

Shane: OMG, eu odeio essas pessoas! Eles são tão

babacas.

Quase tanto quanto as pessoas que jogam lixo na

rua quando há uma lixeira a menos de um quarteirão.

Jake: Sim! Porra, esses malditos preguiçosos.

Nem todos querem viver em sua lixeira, idiotas.

Shane: Não é? E as pessoas que não limpam o cocô

de seus cães!

Grr! O que há de errado com eles?

Jake: Exatamente! Que tipo de desculpa um ser

humano miserável tem para deixar um monte
fedorento no chão para alguém vir e pisar?

Shane: Ser um monte fedorento de humano

estúpido.
 Enviando um emoji de cocô gigante sem o rosto
sorridente.

E nem sequer me fale sobre as pessoas que se

recusam a reciclar. Quero dizer, eu entendo que eles
não se importam se seus netos terão um planeta
habitável, mas talvez o resto de nós gostaria de deixar
para a próxima geração algo melhor do que um palácio
de lixo superaquecido infestado de pragas e pestes.

Jake: Sim!

Tudo isso.

Eu gosto de você…

Shane: Você gosta de como me irrito facilmente com

outros seres humanos?

Jake: Sim. As pessoas são o pior. Eu as evito tanto

quanto possível.

Shane: Então...

Estou assumindo que é por isso que eu não

consigo encontrar uma única foto sua saindo em um
encontro em que você não está parecendo mal-
humorado?

Jake: Eu não sou um fã de paparazzi, também.

Ou qualquer outra pessoa que queira tirar uma

foto minha sem me avisar sobre isso com pelo menos
uma semana de antecedência.

Shane: Eu entendo, mas você está sempre de cara

feia, amigo. Mesmo nas fotos em que parece que você
sabe que alguém está te fotografando.

Jake: Eu gosto de manter minha cara de mau. Eu

guardo as outras coisas para quando eu e meus
encontros estamos sozinhos.

Shane: É surpreendente que elas concordem em

ficar sozinhas com você, se você se recusa a sorrir até
que você as tenha atrás de portas fechadas.

Muito assassino em série isso, dragão.

Jake: Não, assassinos em série são bons na frente

dos outros, loucos quando sozinhos.

Shane: Lol.

Jake: Além disso, eu não sou um idiota com as

mulheres com quem eu saio. Eu só não sorrio muito.

Shane: Isso é uma vergonha. Você tem um sorriso

lindo.

Jake: Bem... Obrigado.

Eu não sorria muito ultimamente. Até hoje.

Foi legal.
 Shane: Você é bom, mas eu não teria ido com você
a qualquer lugar, a menos que eu tivesse visto você
sorrir um pouco. Não sou uma idiota, mas estou
perplexa com o seu sucesso com as mulheres.

Acho que subestimei o apelo da coisa de jogador

profissional de hóquei.

Jake: É útil. Eu não vou mentir.

Mas eu gosto de pensar que tenho algumas outras

coisas boas sobre mim.

Eu tenho um beijo decente, por exemplo...

Shane: Estou falando sério, Falcone. Não tente

mudar de assunto.

Precisamos superar isso, isso é chocante.

Queremos que Keri acredite que eu sou a garota

que finalmente rompeu sua dura escama exterior de
dragão e chegou tão perto a ponto de afagar a parte
suave e doce escondida dentro do monstro. Isso não vai
acontecer se você parecer constipado e ranzinza quando
estivermos juntos.

Jake: Nada mais sexy do que parecer constipado.

Shane: Charme sexual não é necessário para esta

parte do processo.
 Jake: Uma pena.

Você ainda está usando aquela roupa fofa?

Shane: Não...

Por quê?

Jake: Eu provavelmente poderia conseguir sorrir

mais se você usar aquela roupa a cada vez que
estivermos juntos. Era tão macia.

Eu não queria parar de tocá-la.

Shane: Bem... bom.

Eu tenho a mesma em azul claro. Vou usá-la

amanhã.

Talvez ela te ajude a sair da sua concha.

Mas no caso de ter problemas, eu tomei a

liberdade de providenciar que a parte pública da nossa
orientação seja apenas semi pública, com a
participação de pessoas que eu conheço que você pode
confiar que não irão falar.

Se não pudermos parecer estar loucamente

apaixonados em nossa primeira tentativa, não
queremos que os paparazzi tirem fotos de nossas sessões
de treinos.

Jake: Boa sorte com isso. Esses filhos da puta estão

em toda parte. Especialmente agora.

Mas eu não estou preocupado. Acho que vamos

trabalhar bem juntos.

No pior cenário, eu poderia apenas beijá-la o

tempo todo.

Parece que somos muito bons nisso.

Shane: Eu não acho que devemos recorrer a beijar

por duas horas. Supõe-se que estejamos apaixonados,
não agindo como adolescentes com tesão chupando
alguém em um parque.

Jake: Descrição desagradável, Willoughby. Vamos

voltar à constipação.

Shane: Ha. Ha.

Sério, porém, eu tenho um espaço seguro pronto

para nós.

Um bom amigo no Museu de Arte me deve um

favor. Encontre-me no terraço do museu amanhã, às
seis horas e traga sua papelada e podemos passar o resto
do questionário pessoalmente. Mensagens são boas, mas
eu estou exausta. Eu sou uma daquelas pessoas que só
funcionam até as dez.

Jake: Eu não sou uma pessoa noturna também.

 Eu vou deixar você ir, mas vamos conversar sobre
o número oito primeiro.

Shane: Fobias? Ok, vamos.

Isso é algo que devemos definitivamente saber.

Jake: Eu não tenho nenhuma fobia real, mas eu

sou uma pessoa muito reservada, e não apenas porque
eu prefiro manter meus assuntos pessoais privados. É a
minha família.

Enquanto crescia, todos em minha vizinhança

tinham algo a dizer sobre as histórias feias dos
Falcones, que na maioria das vezes não eram verdade,
mas elas ainda machucavam as pessoas de quem gosto.

Não é mais assim.

Agora, as pessoas tratam a minha mãe e irmãos

com respeito. Eu não quero fazer nada para mudar isso.
Então, tudo o que fizermos em público, eu quero ter
certeza que não seja nada que vá constranger as pessoas
que mais significam para mim.

Shane: Claro. Vamos mantê-lo com classe. Eu

prometo.

Mas o que você disse me fez pensar...

Jake: O quê?
 Shane: Como é que um homem doce como você
acaba com um apelido como, o Dragão?

Jake: Porque eu deixo o gelo em chamas, baby.

Shane: * emoji de fogo * * neve de emoji * Claro.

Eu deveria saber.

Jake: E eu não sou um homem doce, Shane.

Quando se trata de proteger o que é meu, eu sou

cruel. Vou fazer o que for preciso para tirar Keri da
minha vida e este escândalo fora das manchetes.

Então eu não quero que você comece qualquer

nova briga. OK?

Shane: Ok.

Boa noite, dragão.

Jake: Boa noite, gatinha. (Isso era do que a roupa

era feita, certo? Gatinhos?).

Shane: Alpaca.

Jake: Gesundheit15.

Shane: * emoji de smiley sorrindo * Até amanhã.

Seis em ponto.

Jake: Em ponto.

1515
Significa “saúde” em alemão
 CAPÍTULO ONZE

Jake

Antes de conhecer Shane Francesca Willoughby, eu não tinha

certeza de que estava bem com a contratação de uma mulher
apelidada de Bagunça Milagrosa para me ajudar a corrigir minha
maldita vida amorosa.

Soava como uma heroína de quadrinhos fracassada, uma

dessas de revistas de cinco centavos, que eu devorava quando
criança, porque nós nunca podíamos nos dar ao luxo de pagar pela
TV a cabo. Era mal desenhando e ainda mais mal pensado, e até
Justice, meu irmão menor, uma alma notoriamente gentil e
receptiva, teria concordado que era lixo. Ele teria rasgado as
aventuras da Bagunça Milagrosa e usado as páginas para embrulhar
presentes de Natal. Ou para colocar fogo na lata de lixo no quintal.
Justice é amável e cordato, mas ele também é um incendiário que
quase queimou nossa casa duas vezes enquanto crescia.

“Bagunça Milagrosa” soava como uma piada, e eu estava com

medo de Shane não entender o quão sério eu era sobre manter
nosso relacionamento falso discreto. Preocupei-me que ela ficaria
excessivamente impressionada com minha fama e fortuna, ou fosse
uma daquelas mulheres bonitas de se olhar, mas que tem apenas três
neurônios. Keri é inteligente demais para ser enganada por uma
cabeça oca com um rosto bonito, e ela nunca acreditaria que eu me
apaixonaria por alguém mais impressionado com o que eu faço do
que por quem eu sou.

Basicamente, eu tinha reservas com R maiúsculo e estava

preparado para sair ao primeiro sinal de que esta empresa de
intervenção romântica não fosse tão incrível como o primo da
esposa do melhor amigo do meu assistente técnico disse que era.
Mas de todas as preocupações que lutaram comigo nas horas que
antecederam a nossa reunião, nenhuma vez eu me preocupei que
teria dificuldade em manter as mãos longe da mulher que eu tinha
contratado para fingir ser minha namorada. Eu nunca imaginei que
o cheiro dela me faria dolorosamente necessitado para prová-la, ou
que a maneira como ela passava a língua sobre o lábio inferior
tornaria impossível pensar em qualquer outra coisa exceto beijá-la.

E se alguém tivesse me dito há alguns dias que eu estaria

saindo do apartamento de Shane com um tesão do caralho,
sonhando em transar com ela contra a porta de seu apartamento, eu
os teria chamado de mentirosos sujos. Mas isso foi antes de eu ter
seus lábios nos meus, seus braços apertados em torno de mim, e seu
bela bunda em minhas mãos, eu sempre passei raspando com Cs em
redação, mas agora poderia escrever um poema épico sobre a bunda
de Shane Willoughby. Seus seios eram suaves e sua boca estava tão
sensível que não pude deixar de ficar duro e foi difícil me conter
para não deslizar uma mão na frente da calça de Shane e descobrir
se ela estava molhada para mim. Eu estava morrendo de vontade de
saber, desesperado para senti-la escorregadia e quente em torno de
meus dedos e levar as coisas muito mais longe do que um beijo.

Em vez disso eu parei e saí de sua casa antes que fizesse

ainda mais papel de tolo do que já tinha feito.

Foi loucura…

Eu não tinha pensado que eu era capaz de sentir esse tipo de

necessidade novamente. Eu tinha assumido que havia superado ser
consumido por luxúria da mesma maneira que eu tinha superado
montanhas russas e beber atrás do galpão de equipamentos no
trabalho. Aos dezessete anos, eu tinha sido um idiota, o tipo de
garoto que exagerava em tudo.
 Afundei muito, bebia demais, gastei dinheiro que eu não
tinha em passes anuais para Kennywood Parque para que eu
pudesse andar na Vingança do Fantasma cem vezes a cada verão, e
fodi metade da classe do último ano. Não importava se a garota que
estava comigo era linda ou normal, experiente ou inocente, ansiosa
para gozar ou para me foder porque ela estava entediada e ouviu
rumores que eu tinha um pau grande. Toda vez que eu estava dentro
da garota da vez, ela era tudo que eu sonhava e conseguia pensar.
Ela era algo pelo que valia a pena viver e morrer, pelo menos até
gozarmos, rolarmos separados e percebermos que éramos estranhos
novamente.

O hóquei era o meu verdadeiro amor, mas bocetas tinham

sido meu vício favorito.

Mas, eventualmente, até mesmo essa emoção esfriou Não me

interpretem mal, o sexo ainda está no topo da minha lista de coisas
que valem a pena fazer para ter desejo de levantar-se de manhã, ou a
qualquer outro momento, mas agora é algo com que eu posso lidar.
Eu sou um adulto, e capaz de dizer “não, obrigado” nas noites
quando tenho outras coisas a fazer, ou eu sei que a mulher em
questão quer mais do que eu estou pronto para dar. Eu sou um
homem crescido e mestre do meu pau, ou pelo menos é isso que eu
tinha pensado até uma loira curvilínea acariciar sua língua contra a
minha e me fazer sentir como se tivesse dezessete novamente.

E o grande lance? A mulher é tão intrigante e engraçada

como ela é sexy.

Não, Shane Willoughby não é qualquer uma das coisas que eu

temia que ela fosse.

Ela é pior. Ela é uma flecha através das aberturas da minha

armadura, que foi direto para o meu coração.

Assim que nos despedimos ontem à noite, eu fui para a cama,

determinado a dormir e remover o feitiço que ela lançou em mim.
Em vez disso eu passei metade da noite numa tempestade mental
sobre as maneiras de convencê-la que me deixar fodê-la até uma
centena de orgasmos não é contra a política de sua empresa, não se
ambos concordarmos em manter o trabalho e a brincadeira
separados, e a outra metade da noite sonhando com ela nua sob
mim até nós dois gozarmos com força suficiente para ver as estrelas.

E quando eu colocar os olhos sobre ela esta noite, em pé sob

a lua em um terraço acima da cidade, uma vista de tirar o fôlego em
um vestido cor de ouro, tudo que eu quero fazer é puxá-la em meus
braços e beijá-la até que ela derreta do jeito que ela fez ontem.

O desejo é toda a desculpa que eu preciso para cancelar isso.

Mas é também a razão pela qual esta intervenção pode

realmente funcionar.

Eu quero Shane. Eu a quero tanto que dói, tanto que eu mal

avisto os garçons e garçonetes de camisa branca e avental preto se
movendo em torno do terraço, carregando bandejas de taças de
champanhe, ou os grupos de pessoas bem vestidas admirando as
estátuas e a vista. Eu não consigo me importar com quem pode
estar assistindo, e isso não acontece desde que eu patinei das ligas
menores direto para os holofotes quentes que me fizeram sentir
como uma formiga sob uma lupa.

Desde a minha primeira noite de jogo para os Rangers, eu

controlei tudo o que faço tudo que eu digo, cada expressão que
cintila em meu rosto quando pode haver câmeras ao redor para ser
fotografado. As pessoas adoram uma história vencedora, mas eles
também adoram odiar o azarão. Para cada pessoa que fica
verdadeiramente impressionada com meu sucesso, há outra que
pensa que eu sou um sortudo filho da puta que não trabalha duro o
suficiente para ter um lugar em uma equipe de NHL.
 E as pessoas que se ressentem com a rapidez, precisão e força
do meu jogo, são sempre as mais barulhentas.

Eles estão à procura de uma desculpa para me odiar, qualquer

desculpa, mas eu não lhes dou uma. Eu sou justo, mas durão,
generoso, mas inflexível, e eu me recuso a contribuir para qualquer
escândalo envolvendo meu nome. Tenho a certeza que todas as
fotos dos paparazzi que ficaram me rodeando são tão entediantes ao
ponto de não serem vendidas, troco insultos durante os jogos, mas
mantenho meus envolvimentos românticos privados e pessoais.

Até agora.

Agora o meu futuro está em jogo, e tudo depende se posso

convencer uma pessoa mentalmente desequilibrada que não sou
digno de ser o objeto de sua obsessão.

Mas no momento que eu vejo Shane, a preocupação se

dissipa e tudo o que posso pensar é o quanto eu quero a mulher que
prometeu me ajudar, que quebrou algumas leis para tratar meu
braço, e que olha para mim como se conhecesse cada pensamento
perverso em minha cabeça.

Talvez ela conheça.

E talvez ela esteja pensando algumas coisas más por si só...

Eu posso sentir o calor em seus lindos olhos azuis quando ela

me olha de cima a baixo passando da minha cabeça aos meus
sapatos recém lustrados, observando meu terno preto de três peças
e minha gravata e claramente gostando do que ela vê.

—Bem, bem... —Shane balança a cabeça quando eu paro em

sua frente, perto o suficiente para sentir o cheiro fresco, floral de seu
perfume e sentir a lâmpada de calor atrás dela aquecendo o ar frio
do outono. —Você não está atraente?
 —E você, mais uma vez, está incrível. —Eu olho para baixo,
apreciando a forma como a luz penetra por seu vestido dourado,
destacando as curvas abaixo, mas levanto meu olhar com a mesma
rapidez. Concentrar-me nas curvas não é uma boa ideia. —Esse
vestido pode causar problemas cardíacos a alguns destes velhos, mas
eu tenho certeza que você me prometeu uma roupa feita de
gatinhos. O que houve, Willoughby?

Ela sorri e meu coração bate em meu peito.

Porra, ela é linda.

A partir do momento que eu vi as fotos em seu portfólio, eu

sabia que ela era o tipo de beleza natural que deixaria Keri ciumenta,
mas as imagens não fizeram justiça a Shane. Elas não capturam sua
bondade ou a sua confiança ou a forma como seu sorriso faz você
se sentir como se você fosse uma parte de seu círculo íntimo. Ela é
magnética, o tipo de pessoa que você quer se aproximar e manter
perto.

—É de lã de alpaca. —Quando eu arqueio uma sobrancelha,

ela continua. —O animal que se parece com uma lhama, mas não é.
Menor, mais bonito, menos propensos a cuspir em você.

Eu sorrio. —Eu ouvi falar deles. Eu acho.

—Eu vou mandar algumas fotos para você mais tarde.

Quanto a isso... —Ela aponta para seu vestido. —Peço desculpas
por voltar atrás em minha palavra, mas eu não poderia encontrar
uma maneira de tornar aquela roupa semiformal, e Marie é exigente
sobre o código de vestimenta para seus eventos.

—O que é o evento? —Eu olho por cima do ombro, vendo

de relance a maioria das pessoas vestidas impecavelmente andando
em torno das estátuas que decoram o terraço. Eles se parecem com
o tipo de pessoas mais susceptíveis de serem titulares de bilhetes de
temporada de ópera do que fãs de hóquei, um fato que me deixa
mais à vontade.

—É supostamente a recepção de abertura para uma

exposição de escultura surpresa. —Shane diz suavemente,
escondendo a boca atrás de sua taça de champanhe. —Mas, na
verdade, minha amiga Maria tirou um monte de estátuas que ficaram
guardadas por uma década e conversei com um financiador para que
pudéssemos praticar estar juntos em público, cercados por pessoas
que não poderiam se importar menos com hóquei ou escândalos em
tabloides.

Minhas sobrancelhas sobem quando olho o pequeno grupo

de garçons, com bandejas abundantes de vinho, e o buffet no lado
mais distante do terraço, dando a eles um novo significado. —Ela
fez tudo isso só para nós?

Shane levanta um único ombro nu e o deixa cair. —E para

arrecadar dinheiro para uma viagem de aquisições que ela quer fazer
para a Grécia. Mas sim. Principalmente para nós. Eu te disse, ela me
devia um favor.

—O que você fez? Deu-lhe um rim?

Shane ri. —Não. Eu entreguei os gatinhos de Cindy

Clawford.

—Cindy Clawford, a... supermodelo gata?

Ela acena com a cabeça seriamente, mas há um brilho em

seus olhos. —Você já ouviu falar dela?

—Quem não ouviu? —Eu digo com uma expressão séria. —

Eu amo seu trabalho. No passado eu tinha seus cartazes por todo o
meu quarto.

—Exatamente! Ela é ótima. —Shane sorri, claramente

satisfeita que eu estou jogando junto. —Então você pode imaginar o
quão grata Maria ficou por eu ter ajudado com Cindy. E Maria faz
coisas como estas com facilidade. Ela é uma das principais
organizadoras de eventos na cidade. Eu a uso para todos os eventos
de angariação de fundos da minha família.

—O Willoughby Family Trust, certo? —Eu pergunto, feliz

que eu passei algum tempo fazendo minha lição de casa na noite
passada. —O que financia pesquisas médicas e programas para
crianças abandonadas.

Ela arqueia a sobrancelha. —Você me investigou?

—Um pouco. —Eu admito, deslizando minhas mãos em

meus bolsos. —O suficiente para me sentir um idiota por pensar
que você tinha qualquer interesse nos meus dez mil. Você é
praticamente da realeza de New York.

—Eu não sei nada sobre isso. —Ela diz, com uma risada
constrangida. —Mas a minha tia era ofensivamente rica.

Meus lábios se curvam com a palavra inesperada.

—Ofensivamente?

Ela encolhe os ombros. —Eu não sei. Acho que é um pouco

ofensivo, às vezes. Ter que administrá-lo e encontrar coisas boas
para fazer com o dinheiro se tornou meu trabalho de tempo integral.
—Ela estende a mão, pega uma taça de champanhe de um garçom
que está passando, e entrega para mim. —A parte egoísta de mim
está tentada a doar tudo, mas isso significava muito para minha tia.
E os programas das crianças são realmente especiais para mim
também. Então eu acho que eu vou continuar com essa luta
abnegada.

—Você acha que seria egoísta doar alguns bilhões de dólares?

 —Eu acho. —Ela diz, piscando para mim com olhos que não
têm nada a esconder. —Gosto de coisas boas, não me interprete
mal. Mas eu gosto mais da minha liberdade, e não sinto que tenho o
suficiente ultimamente.

Estou prestes a perguntar o que ela estaria fazendo agora se

não fosse uma herdeira, mas ela acena uma mão com uma risada.

—Mas esta noite não é sobre mim, é sobre você aprender a

agir como se estivesse perdidamente apaixonado. —Ela chega mais
perto. —E eu odeio dizer isso, Falcone, mas até agora você está
fazendo uma porcaria de trabalho.

As palavras não deviam me fazer sorrir, mas fazem. —Eu

pensei que estava indo bem. Eu elogiei você, conversei um pouco, e
eu ainda não fechei a cara nenhuma vez.

—Mas você não me tocou também. —Ela diz, com uma voz
suave e sexy que vai direto para o meu pau. —E o meu beijo de olá?

Seu beijo de olá...

Porra, como eu poderia ter esquecido isso? Especialmente

considerando que tudo o que eu queria fazer desde que parei de
beijar Shane ontem era começar a beijá-la novamente.

É uma grave negligência.

Uma que quero consertar imediatamente.

 CAPÍTULO DOZE

Jake

Eu chego mais perto da linda mulher olhando para mim

como se ela não pudesse esperar para sentir o meu gosto,
lembrando-me de não deixar minhas mãos à deriva no calor do
momento.

—Se nós realmente estivéssemos namorando. —Ela diz,

batendo os cílios. —Você teria sentido minha falta terrivelmente. As
últimas vinte e seis horas de intervalo teriam sido uma tortura.

—Quem disse que não foram? —Eu deslizo meu braço em

volta da cintura dela, puxando-a para perto, sufocando um gemido
quando seus seios tocam meu peito. Porra, ela é gostosa. —Talvez
eu tenha passado metade da noite investigando você no Google e a
outra metade tentando não pensar sobre como foi bom beijar você
ontem.

Seus braços enroscam no meu pescoço, fazendo meu pulso

acelerar. —Por que você tentou não pensar sobre isso?

—Porque se eu pensasse muito sobre isso. —Eu me inclino

até que meus lábios estejam a um sussurro dos dela e posso sentir o
sopro suave e quente contra meus lábios enquanto sua respiração
acelera. —Então eu não teria sido capaz de dormir. Eu teria que te
ligar e pedir que viesse para que eu pudesse beijá-la novamente. —
Meus dedos apertam em seu quadril. —E mais uma vez. —Meu pau
engrossa quando eu imagino todos os lugares que eu gostaria de
beijar essa mulher. —E de novo.

Seus dentes cavam em seu lábio inferior. —Isso soa como se

pudesse durar a noite toda.

—Durante toda a noite. —Eu prometo quando pressiono

meus lábios nos dela, querendo a noite com ela muito mais do que
eu deveria.

Isto deveria ser fingimento, mas quando minha língua toca a

boca de Shane e um zumbido de prazer vibra de sua garganta em
meus lábios, eu esqueço que ela é basicamente minha funcionária.
Eu esqueço que ela está sendo paga para estar aqui e que eu nunca a
teria conhecido, se não fosse por Keri. Eu esqueço que estamos
cercados por pessoas enfadonhas de sangue azul com idade
suficiente para serem nossos avós, que provavelmente não veem um
casal se beijar em público desde a II Guerra Mundial.

Eu esqueço tudo, menos quão boa ela é pressionada contra

mim, quão incrível é seu gosto, e quanto eu quero mais disso, mais
dela.

Eu quero deslizar a mão na frente de seu vestido e tomar seu

seio na mão, sentir seu mamilo endurecer sob meus dedos e ouvir
seu zumbido de prazer tornar-se um gemido quando ela me pedir
para tocá-la. Eu quero sua longa saia de seda em torno de suas coxas
e minha mão entre as pernas dela. Eu quero sentir seu corpo
apertando em torno de meus dedos quando ela gozar, sentir suas
unhas cavando em meus ombros enquanto eu me ajoelho entre as
coxas e percorro minha língua até o centro de sua boceta para
saboreá-la pela primeira vez.

Ela vai ter gosto de céu, eu já posso dizer. Ela vai ter gosto
de chuva de primavera e de limpeza e eu não serei capaz de parar até
que sua umidade esteja em todo o meu rosto.

Eu a quero em cima de mim. Eu sobre ela. Ambos

enroscados e quentes.
 —Shane! Tão bom vê-la! Especialmente assim! —A voz clara
e limpa vem de alguns centímetros de distância, perto demais para o
meu conforto.

Shane e eu interrompemos o beijo com sobressaltos de

surpresa.

—Oh meu Deus! —Shane diz com uma risada. —Você me

assustou!

Eu olho para baixo para ver uma pequena mulher de idade

usando um chapéu cercado com cabaças em miniatura e espigas
secas de milho com o que parece ser um pássaro empalhado no
meio.

Ela também tem uma expressão de gato que comeu o

passarinho, sorrindo radiante para Shane e para mim como se ela
soubesse o que se passa entre nós e gostasse disso.
 CAPÍTULO TREZE

Shane

—Olá, Shweitzburglar, como você está? —Saúdo Hillary

com a quantidade adequada de entusiasmo, mas por dentro eu estou
morrendo.

E em pânico.

E desejando que eu tivesse continuado as mensagens de texto

com Jake ontem à noite em vez de fingir estar cansada, assim eu
poderia terminar de flertar com ele antes de fazer papel de boba.

De todas as pessoas para me pegar beijando Jake antes que

nós tivéssemos a chance de acertar os detalhes de nosso falso
relacionamento, Hillary era a pior. Ela é peculiarmente intrometida,
uma adorável caça fofocas que era a melhor amiga de minha tia.
Quando eu estava crescendo, Hillary jantava no nosso apartamento
todos os sábados, e ela me conhece bem o suficiente para farejar
uma mentira antes que eu tenha a chance de sequer pensar em
contá-la.

Jake e eu estamos perdidos. A menos que…

Ele parece pensar rápido. Esperemos que ele seja capaz de

seguir minha liderança e podemos escapar sem estragar nossa farsa.

Eu amo Hillary como família, e houve um tempo em que eu

poderia ter contado a verdade a ela e confiado em sua discrição. Mas
sua mente não é o que costumava ser. Ela está perto de noventa
anos e tende a esquecer quais fofocas suculentas ela deveria manter
em segredo e quais ela pode se sentir livre para compartilhar.
 E ela ainda é uma consultora da coluna de fofocas que ela
escreveu por quase 50 anos. Se ela deixar escapar para a pessoa
errada que eu estou trabalhando como namorada falsa de um
jogador de hóquei famoso, Jake e eu poderíamos parar no Page
Six16, a nossa missão condenada antes mesmo de começar, e Jake
ainda pior do que estava antes.

Não, não há escolha, exceto encarar de frente.

—Por que especialmente assim? —Eu sorrio quando me

inclino para Jake. —Eu já lhe disse cem vezes, Hillz, eu não vou
deixar você escrever um livro para todos sobre minha vida sexual.
—Jake engasga com sua bebida, mas cobre sua boca antes que
pulverize champanhe sobre a cabeça de Hillary. —Nós somos
amigos, e você tem idade suficiente para ser minha avó. Seria muito
estranho.

—Nunca se sabe. As coisas mudam, querida. —Hillary diz,

afofando o cabelo branco enrolado debaixo de seu chapéu
tipicamente estranho. —Quando eu estiver com cento e quarenta e
você com noventa a diferença de idade não será nada para escrever.

—Você é uma pervertida. —Eu estalo minha língua em

desaprovação simulada. —Será que Maria sabe que você é uma
pervertida? Eu tenho que imaginar que a resposta é não, ou você
não teria sido convidada para uma festa com pessoas civilizadas.

—Ela não tem ideia. Os chapéus confundem as pessoas, as

fazem pensar que eu sou uma velha senhora adorável. —Hillary
sorri para Jake, claramente satisfeita consigo mesma. —E quanto a
você, bonito?

—E quanto a mim, minha senhora? —Jake pergunta, a

mistura perfeita de respeito e diversão em seu tom. Eu olho para ele,
aliviada ao vê-lo sorrir em vez de correr para o banheiro para
16
Site de fofocas de famosos
escapar da loucura que é quando Hillary e eu estamos juntas.

—Você é inofensivo? —Os olhos inteligentes de Hillary

estreitam. —Você vai ser um bom namorado? Ou você irá colocar
nossa Shane em apuros?

—Eu não diria que eu sou inofensivo, mas eu sei quando

manter meu melhor comportamento. —Jake diz, seu tom sóbrio
enquanto acrescenta. —E eu prometo só colocar Shane em bons
tipos de problemas.

—O tipo de problema que eu gosto? —Eu inclino a cabeça

para trás para olhar em seus olhos escuros.

—O tipo que você gosta. —Ele diz, as palavras uma

promessa má que quero que ele mantenha.

Maldição, o homem é sexy, e fica mais sexy a cada minuto

que passa. Eu nunca teria imaginado que seu corpo grande e
musculoso viesse com um raciocínio rápido, uma mente ágil, e uma
língua que poderia me fazer sentir como se ele estivesse me beijando
em todos os lugares ao mesmo tempo.

Deus, aquele beijo...

Eu me perdi completamente nele, na sua natureza

imprudente, faminta pelas coisas que ele me faz sentir. Se Hillary
não nos tivesse interrompido eu poderia ter começado a me esfregar
contra a perna de Jake no terraço do último piso do Museu, cercada
pelos doadores de bolsos cheios que eu não posso me dar ao luxo
de afastar. O instituto Willoughby precisa de contribuições de
pessoas como estas, pessoas que não ficarão satisfeitas por eu ficar
me agarrando com um jogador de hóquei em público.

Devo a Hillary um agradecimento, então eu abaixo e a puxo

em um abraço. —Obrigada, moça.
 —Pelo que, docinho? —Suas mãos ossudas me batem
delicadamente nas costas, fazendo-me sentir uma onda de tristeza
doce no meu peito. É bom sentir-se amada por alguém mais velha e
mais sábia, e Hillary é uma das últimas desse tipo de pessoa que me
restam.

—Por evitar que eu me envergonhe com meu novo

namorado bonitão. —Eu me afasto. —E por fazer a piada do livro
de sexo comigo novamente. Eu sei que é hora de um novo
repertório, mas eu amo essa piada.

—É uma boa piada. —Hillary diz, rindo. —Por que começar

um novo repertório quando o material antigo ainda faz as pessoas
cuspirem sua bebida?

Jake ri. —Eu não fiz isso! Engoli. Foi difícil, mas eu engoli.

—Isso é o que ela diz. —Hillary diz, fazendo Jake sufocar

novamente.

—Ah, e obrigado por isso também. —Eu dou risada quando

bato nas costas de Jake. —E por gostar de mim o suficiente para
intimidar o meu novo homem por mim. Você é a melhor,
Schweitzburglar e eu te amo. —Hillary sorri, com seus olhos
brilhando. —Eu também te amo. E não se preocupe com
envergonhar-se. Todo mundo aqui está contente de vê-la feliz com
este menino que você não me apresentou ainda. Suas maneiras são
terríveis, você sabe.

Eu dou de ombros. —Eu sei. Você pode simplesmente

chamá-lo de namorado gostoso. —Eu enrosco meu braço no de
Jake e sorrio para ele, surpresa ao encontrá-lo olhando-me com o
que parece verdadeira afeição em seus olhos. —Ou Jake. —
Acrescento suavemente, seu nome parecendo íntimo em meus
lábios. —Às vezes ele responde a isso.
 —Qualquer um está bom para mim. —Ele diz, estendendo a
mão para Hillary. —Jake Falcone, senhora. Feliz em conhecê-la.

—Hillary Schweitzburger. —Ela dá um aperto de mão firme.

—Essa aqui me chama de Schweitzburglar porque eu roubei suas
batatas fritas quando ela era pequena, mas você pode me chamar de
Hillary.

—Prazer em conhecê-la, Hillary. —Jake diz. —E graças a

esse aviso, vou ter a certeza de manter um olho em minhas batatas
fritas quando você estiver por perto.

Hillary libera os dedos de Jake franzindo o nariz e com um

aceno de mão. —Não precisa se preocupar, querido. Eu não posso
comer alimentos fritos mais. Faz-me dançar um fox-trot mexicano a
cada vez que vou ao banheiro. —Jake faz uma carranca e seus lábios
se abrem, mas eu o interrompo com um aceno de cabeça.
—Não pergunte. —Eu sussurro. —Você não quer saber.

—Quando eu conheci Shane, ela apelidou-me de caganeira.

—Hillary diz alegremente, fazendo-me gemer. —Uma boca suja em
uma menina bonita. Ela me fez rir até perder o fôlego.

—Pare. —Eu imploro. —Ninguém quer ouvir histórias

velhas de crianças de dez anos. Vamos concordar que eu era
bagunceira, e deixar por isso mesmo.

—Eu não sei, eu acho que vou desfrutar de algumas histórias

sobre Shane. —Jake diz com um sorriso diabólico.

—Não! —Eu lanço a ele um olhar duro antes de olhar para

Hillary. —Estou falando sério, mulher. Eu estou tentando manter
pelo menos um pouco do mistério feminino aqui. Isso não vai
acontecer se você começar a contar casos de quão bruta eu
costumava ser.

—Você não foi bruta. —Hillary diz, seu sorriso

desaparecendo. —Você era uma menina tentando provar o quão
forte você era durante uma época terrível em sua vida. Você foi
muito corajosa. —Ela toca o cotovelo de Jake. —Shane é uma das
pessoas mais fortes que eu conheço, mas ela passou por momentos
difíceis, meu rapaz. Trate-a bem ou eu vou te machucar enquanto
você estiver dormindo.

Jake concorda seriamente enquanto eu luto contra o impulso

de correr e me esconder. —Eu vou. Eu prometo.

—Tudo bem. Chega disso. —Eu digo, forçando uma risada.

Isso está ficando muito intenso, mas eu deveria ter esperado isso.
Desde que tia Tansy faleceu, Hillary assumiu esse negócio de ser
minha mãe muito a sério. —Posso pegar uma bebida, Hillary? Ou
algo para comer?

—Não, obrigada, boneca. Vou dar uma volta em torno da

exposição e encontrar os mais ousados. —Hillary pisca. —Deus fez
algumas coisas bonitas e eu gosto de olhar para eles nus. Mesmo que
eles estejam esculpidos em mármore.

Jake ri, e eu me inclino para mais um abraço em Hillary, em

seguida Jake e eu estamos sozinhos.

E, pela primeira vez esta noite, eu não sei o que dizer.

Conversar com Jake tem sido surpreendentemente fácil até agora,
mas agora eu sinto que eu perdi o meu domínio sobre a Shane
divertida e glamourosa que decidi ser quando estou com este
homem.

Antes que eu possa voltar ao meu modo fácil e leve, a mão

quente de Jake vem descansar suavemente nas minhas costas. —Eu
li sobre seus pais e o acidente de carro. Ontem à noite, enquanto eu
estava pesquisando. Eu sinto muito.

Eu aceno, mantendo meu olhar no meu copo meio vazio.

—Ou seria meio cheio? —Murmuro, lutando contra uma inesperada
onda de emoção.

Eu não antecipei ter que lidar com sentimentos hoje à noite,

e eu certamente nunca imaginei que o toque de Jake poderia ser tão
reconfortante como é excitante. É bom que ele seja legal, isso me
faz querer ajudá-lo ainda mais do que antes, mas eu não quero ou
preciso de conforto.

O conforto fica complicado ainda mais rápido do que o sexo,

e nenhum é possível com Jake.

—Eu acho que está meio cheio. —Ele diz, como se não
tivesse problemas para seguir minha linha de pensamento. —E eu
acho que você é incrível.

Eu olho para cima, presa em seu olhar, mesmo querendo

desviar dele. —Eu não sou incrível. Eu sou apenas uma pessoa
normal.

—Discordo.

Eu balanço minha cabeça novamente. —Não, você

simplesmente não entende. Pessoas que não tiveram realmente
qualquer má sorte acham que é preciso ter força super-humana para
continuar após a vida bater em você. Mas isso não é verdade.

Eu olho para baixo, correndo o dedo ao redor da borda do

meu copo, perguntando-me se seria cafona beber o último gole do
meu champanhe. —Os seres humanos são estranhamente apegados
a viver, então vivemos. Continuamos vivendo, mesmo quando viver
dói. Não é força, ou qualquer coisa incrível; é um imperativo
biológico. Como subir para a superfície quando você está se
afogando, mesmo se você entrasse na água com toda a intenção de
afundar para sempre.

—Besteira. —Ele diz, me fazendo piscar de surpresa.

 —Não é besteira. —Foda-se ser brega. Eu tomo até o último
gole da minha bebida e vasculho o terraço procurando um garçom
com uma bandeja cheia. Mas, claro, agora que eu realmente preciso
de uma segunda taça de champanhe, todos eles estão do outro lado
da exposição. —Além disso, muitas crianças perdem seus pais. E a
maioria delas não tem uma tia doce, maravilhosa que também está
nadando em dinheiro para acolhê-las e cuidar delas. Eu tive sorte,
Jake.

—E agora você ajuda a arrecadar dinheiro para cuidar dos

que não têm tanta sorte. —Ele diz, fazendo-me contorcer em meus
saltos demasiado altos.

—Pare de tentar fazer de mim uma santa. Eu não sou. —Eu

encosto meu copo na balaustrada de pedra e bato minhas unhas na
beirada. —Jesus. Quem você tem que matar para conseguir uma
bebida por aqui?

—Eu não estou tentando fazer de você uma santa. —Seus

dedos circulam meu pulso quando ele pressiona o copo de
champanhe na minha mão. —Eu estou tentando te dizer que eu
acho que você é foda. E doce. E engraçada. Então pare de tentar me
convencer de que não é. Não vai funcionar. Eu sou muito bom em
enxergar os disparates das pessoas.

—Exceto Keri. —Eu digo, minha língua afiada agindo antes

que eu possa pará-la.

Eu estremeço, o arrependimento apertando o meu peito.

—Eu sinto muito. Isso foi rude. Às vezes eu digo coisas assim
quando as pessoas me fazem sentir coisas que eu não quero sentir.

—Coisas como o quê? —Ele pergunta, parecendo calmo, o

tom paciente que me faz sentir ainda pior.

Eu tento entregar a taça de champanhe de volta para ele, mas

ele cruza os braços, recusando-se a pegá-la. —Eu não sei. Fora de
controle, eu acho.

—Por que alguém dizer que gosta de você a faz se sentir fora
de controle?

—Você não deveria gostar de mim. Esta é uma relação falsa.

—Isso não significa que eu não posso gostar de você como

um amigo de verdade. —Ele diz. —Certo? Não há nada no contrato
que diz que não podemos ser amigos.

Eu franzo a testa, não gostando da ideia de ser amiga de Jake,

por algum motivo.

Por algum motivo? Ha!

Como se você não soubesse exatamente porque ser amigos é uma besteira
total.

Você não quer ser sua amiga. Você quer que ele te beije até sua
calcinha pegar fogo, suas roupas queimarem e você estar nua e ele te convide para
lamber calda de chocolate em seu abdômen definido.

Eu fecho meus olhos, amaldiçoando baixinho. A voz interior

está ficando muito perto de se tornar a voz exterior. Eu tenho que
me controlar.

Se continuarmos a passar algum tempo juntos, não há

nenhuma maneira que eu seja capaz de esconder o fato de que eu
me sinto atraída por Jake. É melhor deixar isso assim por agora, e
dar-lhe a chance de voltar atrás antes que as coisas fiquem confusas,
do que continuar fingindo até que eu perca o controle e confesse
que tenho tesão por ele que não passa e que eu não posso esperar
para experimentar coberturas em seu abdômen sadicamente
comestível.

—Mas se você não está interessado em sermos amigos, tudo

bem. —Ele diz com uma voz dura. Abro os olhos para encontrá-lo
olhando através do labirinto de estátuas, a primeira carranca da noite
franzindo a testa. —Eu não estou acostumado a pessoas como
essas, perdendo um almoço para socializar comigo, mas eu não saio
tanto quanto eu costumava.

—Eu sinto muito. —Eu estendo sua taça. —Aqui, tome a

sua bebida. Eu não queria incomodá-lo.

—Eu não estou chateado. Eu jogo na NHL. —Ele corrige

sua postura, endireitando os ombros para trás e inchando seu
impressionante peito. —Eu fico puto ou louco como o inferno, eu
não fico chateado.

Eu sorrio. —Isso é viril demais.

—Eu sei. —Ele diz, continuando de cara feia até que eu não
posso deixar de sorrir.

—Bem, Sr. Viril, se é assim... Eu acho que você é muito legal

também.

Ele me lança um olhar afiado a partir do canto do olho.

— Sim?

—Sim. Você é muito mais engraçado do que eu pensei que

você seria.

—Isso é porque você tem preconceito contra atletas

profissionais.

—Isso não é verdade. —Eu digo, ainda sorrindo.

—Claro que é. É chamado athletic-ism. Não deve ser

confundido com atletismo, que significa ser bom em atletismo ou
esportes.

Eu bufo. —Você é tão cheio de si que seus olhos estão

ficando marrons.

—É genético. Todos os homens da minha família são cheios

de si.

Eu dou uma risada alto o suficiente para fazer algumas

cabeças girarem em nossa direção. Mas as pessoas se viram com
sorrisos em seus rostos.

—Você sabe. —Eu digo com uma voz mais suave. —Eu
acho que nós estamos fazendo tudo certo fingindo essa coisa de
amor. O que você acha?

—Eu acho que sim, mas provavelmente devemos nos beijar

mais. Ele se inclina mais perto. —Só para ter certeza que as pessoas
acreditam que não podemos manter nossas mãos longe um do
outro.

Estou prestes a dizer-lhe a verdade, que eu realmente estou

achando difícil manter as mãos longe dele, e que eu não vejo isso
mudar em breve, quando um flash brilhante de luz atinge meus
olhos, me cegando, e eu percebo que subestimei seriamente os
paparazzi.
 CAPÍTULO QUATORZE

A partir das mensagens de texto de Shane Willoughby e Jake

-Dragão-Falcone

Shane: Você ainda está acordado?

Jake: Sim. Não consigo dormir. Minha mente

continua agitada.

Eu estava esperando que teríamos mais tempo

para planejar antes de ter que responder perguntas dos
repórteres sobre minha “misteriosa” nova namorada.

Shane: Então você já viu as notícias.

Jake: Sim.

Parabéns pela sua primeira aparição no

Celebitchly.

Shane: Ugh. Eu sei! E no blog Hollywood Clam,

também!

E nenhuma parte do meu... *estremece*.

Sério, nem consigo digitar.

Eu não posso usar essa palavra nesse contexto. É

muito nojento. Mas basta dizer que nenhuma parte
íntima do meu corpo estava a mostra.
 O Clam Hollywood tentou pegar, e eu realmente
espero que eles não consigam me identificar com base
nessa foto ampliada da minha calcinha marcando
através do meu vestido.

Eu também não me importo se isso é uma moda

do outono passado.

Eu não posso lidar com uma calcinha fio dental

e se isso me faz uma aberração então eu vou usar como
um emblema orgulhosamente.

Jake: Você não é um desastre em qualquer sentido

da palavra.

Shane: Eu só estou dizendo, meu namorado na

graduação fez um experimento de biologia testando a
quantidade de matéria fecal encontrado nas calcinhas
normais contra calcinhas fio dental, ambas
recentemente usadas, e os resultados foram
preocupantes.

Eu nunca vou olhar para uma tanga de novo sem

pensar em vestígios de cocô.

Jake: E agora nem eu...

Obrigado, Shane. Você está mudando a minha

vida a cada mensagem de texto.

Shane: Eu não estou tentando mudar a sua vida.

Estou tentando protegê-lo de entrar em contato
acidental com material fecal.

Estou dizendo porque eu me importo, dragão .

Jake: Eu aprecio isso.

E você estava linda hoje à noite. Ninguém deve ter

reparado a marca de sua calcinha ou qualquer outra
coisa.

Eu estou arrependido que as coisas terminaram

da forma como ocorreu.

Shane: Não, me desculpe! Pensei que estaria segura

no terraço. Esqueci-me sobre as lentes teleobjetivas 17 e
claramente subestimei a insanidade dos paparazzi.

Jake: Não, foi minha culpa. Eu deveria ter tido

certeza de que não havia sido seguido quando deixei
meu apartamento. Eu costumo mudar de táxi pelo
menos uma vez, mas eu estava atrasado e baixei a
guarda.

Mas o lado bom, pelo menos nós parecemos

apaixonados um pelo outro.

Não é amor verdadeiro, mas é um começo...

Shane: Certo. Há algumas fotos quentes, hein?

17
Uma lente usada para fotografar a grandes distâncias.
 Eu tenho que confessar, um...

Bem, eu não tinha ideia que você estava com sua

mão... onde você estava com sua mão.

Jake: Em sua bunda incrível?

Eu percebi. Tentei resistir, mas a tentação venceu.

Desculpe se eu não sinto muito por isso.

Shane: Você é problema, Falcone...

Jake: Se dê o trabalho de conhecer o problema,

Willoughby.

Então, para onde vamos a partir daqui?

Eu ignoro os repórteres à espreita fora do meu

prédio quando eu sair para o treino amanhã de
manhã, ou eu dou uma declaração?

Shane: Ignore-os por enquanto. Deixe-me ver o que

Bash acha que é a melhor maneira de avançar, eu vou
encontrá-lo após o treino para combinarmos.

Você vai acabar meio-dia?

Jake: Onze e meia, se eu tiver sorte. Eu posso

definitivamente te encontrar ao meio-dia. Por que você
não espera por mim na arquibancada com as esposas e
namoradas? Eu posso colocar o seu nome na lista para
assistir ao treino. Dessa forma, saberemos que não
estamos sendo fotografados ou seguidos. A segurança é
forte no ginásio.

Shane: Perfeito.

Eu tenho algumas ideias, uma em particular, que

eu acho que poderia ser ótimo para o seu problema com
Keri, e sua imagem em geral, mas eu quero verificar
com Bash para ter certeza que eu não estou indo longe
demais.

Jake: Agora estou intrigado. Conte-me mais.

Shane: Não até que eu verifique com o chefe.

Jake: Oh, vamos lá. Diga-me.

Quando Keri está envolvida não existe isso de ir

longe demais. É por isso que eu mencionei a coisa da
gravidez falsa para Bash durante nosso primeiro
encontro.

Shane: O quê?! Eu pensei que ele estava brincando

sobre isso!

Jake: Ele poderia estar brincando, mas eu não

estava.

Eu lhe disse que Keri teve uma vida difícil ao

crescer. Seu pai deixou sua mãe por outra mulher
quando ela tinha cinco anos.
 Keri passou o resto de sua infância ouvindo como
apenas um monstro deixaria a mãe de seus filhos para
foder uma bunda qualquer.

Shane: Ugh. Pobre criança.

Jake: Sim, sua mãe não está ganhando nenhuma

medalha, mas ela se certificou de que Keri levaria a
paternidade a sério. Muito sério.

Se Keri acreditar que eu estou com alguém que

me interessa e estamos esperando um bebê, eu acho que
ela iria recuar. Honestamente, isso pode ser a única
coisa que pode levá-la a admitir a derrota. Enquanto
ela achar que tem uma chance, mesmo pequena, de
voltar a ficar do meu lado, ela não vai desistir.

Ela já deixou cinco mensagens no meu correio de

voz hoje à noite, e eu só mudei meu número há dois
dias.

Shane: Jesus. Como ela conseguiu o novo número?

Jake: Eu não tenho ideia. Eu só dei ao meu

treinador e algumas pessoas que eu sei que posso
confiar.

Shane: Ah, obrigada.

Estou feliz que você sabe que pode confiar em

mim.
 E eu prometo que vou fazer o possível para
ajudá-lo a voltar a sua vida, mas fingir uma gravidez
não me parece certo. Pelo menos, ainda não.

Eu acho que é muito cedo no nosso

“relacionamento” para algo assim ser crível e só... faz
meu interior se contorcer.

Eu sou supersticiosa.

Jake: Supersticiosa...?

Shane: Eu gostaria de ter filhos um dia. Esperemos

que algum dia não muito longe de hoje, já que eu não
estou ficando mais jovem.

Esta pequena voz na minha cabeça diz que eu

vou azarar as minhas chances se eu mentir sobre estar
grávida. Eu sei que é louco, mas eu não posso impedir.

Jake: Não, eu entendo. Isso não é loucura.

Shane: Sim, é. Não faz sentido lógico e não se

baseia em nada perto de um fato. Essa é a definição de
loucura.

Jake: Ok, é um pouco louco, mas eu ainda entendo.

Eu pego meus patins da sorte e os coloco e tiro três vezes
antes de cada jogo, e na faculdade eu fiquei cinco
meses sem raspar minha barba porque eu estava
convencido de que a minha barba desgrenhada me
dava superpoderes.

Shane: Eu amo isso!

Quando você finalmente raspou você guardou

alguns pelos da barba para fazer um amuleto de sorte?
Ou um medalhão para o seu primeiro filho, de modo
que você pode passar o mojo 18 da barba para a próxima
geração?

Jake: Tudo bem. Você ganhou.

Você pode ser a única louca no nosso

relacionamento.

Shane: Maravilha!

Mas, falando sério, eu tinha um par de calcinhas

da sorte que eu usava para todos os testes na faculdade.
No momento em que me formei o elástico estava largo e
a parte de trás estava cheia de buracos, mas eu ainda
as mantive, para o caso de emergências.

Jake: Parece sexy...

Shane: É o oposto de sexy. Parece a roupa íntima

de desabrigados.

Jake: Eu aposto que você ainda fica incrivelmente

linda nelas.

18
Mojo = amuleto
 Shane: Se eu não soubesse, eu acharia que você está
flertando comigo, Sr. Falcone.

Jake: Apenas praticando, então eu serei

convincente na próxima vez que estivermos fingindo
estarmos apaixonados, gatinha.

O que você acha disso? Chamá-la de gatinha?

Eu estava tentando pensar em algo mais especial

do que bebê ou querida.

Shane: Eu não sei. Gatinha é uma espécie de

filhotinho. Eu sinto que estou um pouco crescida para
um nome de animal de estimação assim.

Que tal algo como gata do inferno?

Ou garras de navalha?

Jake: Você está indo longe demais em outra direção.

Ninguém vai acreditar que nós estamos loucamente
apaixonados se eu te chamar de garras de navalha.

Shane: Hmmm... provavelmente você está certo.

Jake: Que tal 'princesa'?

Você é da realeza de Nova York, e uma princesa e

um dragão fazem um belo par.

Shane: Eles combinam, não é?

 Ok, dragão, eu serei sua princesa.

O que responde ao número vinte no questionário

também.

Devemos trabalhar com o resto das perguntas?

Uma vez que parece que vamos ter que saltar para isso
com os dois pés amanhã?

Jake: Por que você não me diz algo sobre si mesma?

Algo que você diria a alguém que você estivesse
namorando. E então eu vou fazer o mesmo.

Parece que é uma maneira mais natural para nos

conhecer do que dar-lhe uma lista das minhas
comidas favoritas e filmes.

Shane: Ou podemos jogar verdade ou desafio. Eu

não jogo há anos!

Jake: Tudo bem. Mas eu não vou sair de meu

apartamento. Já existem caras com câmeras rondando o
bloco.

Shane: Entendi. Então, qual é o seu desejo? Verdade

ou desafio?

Jake: Verdade. Mesmo que você já saiba a maioria

dos meus segredos.

Shane: Certo. Então, qual é o segredo que você não

me contou?
 Que você não disse a ninguém?

Jake: Merda. Eu caí nessa.

Shane: Você realmente caiu, e eu estou muito feliz

com isso. Vou esfregar as mãos juntas em um gesto do
mal assim que eu terminar de mandar essa mensagem
de texto.

Jake: Eu aposto que você fará.

Ok... algo que eu nunca disse a ninguém...

Merda…

Quando eu estava no colégio eu costumava roubar

lâminas e creme de barbear e coisas assim da farmácia
local. Não importa o quão cuidadoso eu era com o
dinheiro, eu sempre ficava sem antes do final do mês e
eu não poderia pedir um empréstimo para minha mãe.
Ela geralmente estava como eu, ou pior.

Eu nunca fui pego, mas eu me sentia muito mal

sobre isso.

Assim que eu tive o suficiente para garantir que

não viveria mais precariamente, voltei e escrevi para o
dono da loja, enviando um cheque.

Shane: Uau. Como é que ele lidou com isso?

Jake: Ele chorou um pouco.

 Acontece que ele sabia que eu estava roubando o
tempo todo. Ele fazia vista grossa porque sabia que
minha família tinha uma vida difícil e que minha
mãe mal podia pagar pelos remédios para asma do meu
irmão mais novo.

Na verdade, ele tentou recusar o cheque, mas

coloquei em sua carteira enquanto estávamos tomando
cerveja e comendo pizza, juntamente com um bilhete
que dizia que significaria muito para mim se ele o
descontasse.

Ele descontou e me enviou uma carta de

agradecimento e uma foto minha no colo do Papai Noel
quando eu era um garotinho. Sr. Greer interpreta
Papai Noel todos os anos. Acontece que sua esposa
guarda todas as fotos.

Shane: Ah, isso é uma bela história, Jake. Que

homem doce.

Jake: Ele é um cara muito bom. Mas eu ainda

estou envergonhado. Eu deveria ter encontrado uma
maneira de pagar as coisas que eu precisava, ou ficado
sem.

Shane: Você era um garoto fazendo o melhor que

podia em uma situação difícil. E você fez o certo, logo
que você pôde. Você não deve sentir-se mal. Você deve
sentir-se orgulhoso. A maioria das pessoas nunca teria
voltado para a cena do crime para assinar um cheque.

Então você tem um irmãozinho?

Jake: Três. Jamie, Judd e Justice. Minha mãe

tinha uma coisa pela letra J.

Shane: J é uma letra sexy. Uma das minhas

favoritas.

Então, quantos anos eles têm agora? Vocês são

próximos?

Jake: Você está aproveitando para saber tudo o que

você pode, não é?

Shane: Eu sou filha única. Fico curiosa com as

pessoas que têm muitos irmãos.

Eu sempre desejei ter os dois, um irmão mais

velho para me ensinar a lutar e uma irmã mais nova
que eu poderia ensinar sobre todo o resto. E pensariam
que eu era a pessoa mais legal do mundo e seriam meus
melhores amigos, é claro.

Jake: Isso é bonito. Meus irmãos e eu não somos

melhores amigos, eu passei muito tempo pegando no pé
deles quando estávamos crescendo para compensar não
ter um pai por perto, mas nos damos bem. Eles ainda
vivem na Pensilvânia, mas eles vêm visitar algumas
vezes por ano. E eu sempre vou para casa no Natal e
para pescar no verão.

Shane: Então por que seu pai não estava por perto?

Jake: Unh-unh. Sua vez agora. Verdade ou desafio?

Shane: Oh verdade, eu acho. Mas só porque eu sou

muito preguiçosa para me levantar do sofá.

Jake: Por que você quis aprender a lutar quando

você era criança? Escola particular muito bruta na
cidade?

Shane: Depois que fui morar com minha tia, eu fui

para a escola católica particular em vez do festival de
abraços a que estava habituada de uma Montessori 19,
de modo que foi um despertar rude.

As crianças eram geralmente agradáveis, mas as

freiras eram monstruosas. Nada como ouvir Fraulein
Maria no Sound of Music20. Muitas batidas em nossos
joelhos por nossas saias serem muito curtas e não correr
pelos prados.

Foi um enorme desapontamento.

Jake: Então você estava planejando derrubar

algumas freiras? Isso é pesado.

19
O Método Montessori é o resultado de pesquisas científicas e empíricas desenvolvidos pela médica e
pedagoga Maria Montessori. É caracterizado por uma ênfase na autonomia, liberdade com limites e
respeito pelo desenvolvimento natural das habilidades físicas, sociais e psicológicas da criança
20
A noviça rebelde
 Shane: Não, eu não queria derrubar as freiras!
Idiota. Eu era esperta demais para começar algo com
uma mulher de hábito. A mídia me ensinou que as
pessoas que fazem isso estão em gangues, Jake, e freiras
são membros de uma das gangues mais antigas
existentes.

Eu tinha muito medo de dizer uma palavra para

a Irmã Mary Eustice, muito menos ficar violenta com
ela.

Jake: Então por quê? Ou quem?

Se você não responder, então eu ganho o jogo.

E eu aposto que você odeia perder, não, princesa?

Shane: Eu odeio perder, seu bastardo...

Bem... Eu não queria derrubar ninguém em

particular.

Eu só estava... com raiva.

O tempo todo.

Corrida e futebol ajudaram, mas eu pensei que se

eu pudesse aprender a chutar e machucar alguém eu
finalmente seria capaz de tirar a raiva de mim e ser
normal de novo.

Jake: Por que você estava com raiva o tempo todo?

 Por causa da perda de seus pais?

Shane: Sim.

Isso foi antes de eu aprender que coisas como essa

não são pessoais.

Jake: O que não é pessoal?

Shane: A vida.

A vida não é justa, mas não focando ninguém em

particular, qualquer um serve.

Eu não estava destinada para a tragédia que me

aconteceu. Coisas ruins acontecem e acabou que eu
estava no caminho quando aconteceu.

Jake: Eu entendo. E eu sinto muito.

Shane: Você já disse isso. E você não tem que se

ressentir. Parece que você teve a sua quota de
dificuldade também.

Jake: Eu tive, mas eu também tinha uma mãe

realmente boa. Ela salvou minha vida cem vezes
apenas por estar lá quando eu precisava de alguém
para ouvir e me amar, não importa que coisa estúpida
que eu tenha feito.

Shane: Ahh. Isso é lindo também.

Tudo bem se eu achar completamente adorável

que "o Dragão" é um filhinho da mamãe?

Jake: Sim. Adorável é o primeiro passo na direção

certa.

Shane: O caminho para onde?

Jake: Você vai ver quando chegarmos lá.

Shane: Você é mais misterioso do que a maioria dos

jogadores de hóquei que eu conheço.

Jake: A julgar pelo fato de que você pensou que um

disco era feito de plástico, eu suponho que não sejam
muitos.

Shane: Nenhum. E você não é realmente misterioso,

é só um pouco... confuso.

Jake: Por que confuso, princesa?

Shane: Tantas coisas. A vida é muito confusa, você

não acha?

Jake: Você está evitando a pergunta novamente.

Shane: Isso é porque a minha vez acabou. E,

infelizmente, eu não vou ser capaz de ficar para outra
rodada de Verdade ou Consequência. Eu tenho que
dormir agora para que eu possa ser um membro de alto
funcionamento da sociedade amanhã.

Boa noite, Puff.

 Jake: Boa noite, princesa.

E, por favor, me chame de Dragão, pelo menos até

que eu te prove que eu sou mágico.

Shane: *emoji de dragão* Tudo bem, então...

 CAPÍTULO QUINZE

Shane

A noite passa como um borrão entre suor, lençóis

emaranhados e sonhos escabrosos em que Jake revela-me que ele é
mágico em uma centena de maneiras diferentes, com suas mãos, sua
boca e sua língua enrolando entre as minhas pernas e ele “seu pau
não pode ser tão grande como parece através de seu jeans” me
fodendo até que eu sou uma poça trêmula de mulher feliz no chão.

Eu acordo um pouco depois das quatro, minhas terminações

nervosas em chamas e minha calcinha úmida, amaldiçoando minha
imaginação hiperativa e minha libido em ebulição. Eu saio das
cobertas, uso o banheiro, bebo um copo de água fria e medito sobre
coisas tristes como a violência armada, o terrorismo, as fazendas de
filhotes de cachorros, e câncer infantil no meu caminho de volta
para a cama, determinada a banir todos os pensamentos sensuais e
obter pelo menos algumas horas tranquilas de sono antes de eu
começar o meu dia.

Mas no segundo em que meus olhos se fecham, as imagens

de Jake, nu e pronto para me mostrar por que ele foi eleito o
jogador mais valioso da liga de hóquei, cintilam em toda a minha
tela de TV mental.

Finalmente, eu desisto e pego Shrek, tirando o vibrador verde

da minha gaveta de cima, tentando não pensar sobre como é errado
pegar meu brinquedo sexual porque eu comecei a fantasiar com meu
cliente.

Eu me deito, invocando imagens mentais de Vigo Mortenson

como Aragorn em O Senhor dos Anéis. Eu tenho uma queda por
um cara com uma espada, barba por fazer e olhos azuis. Eu tenho
alguns outros homens de fantasia que surgem de vez em quando,
mas Aragorn raramente deixa de me levar ao orgasmo.

Ou pelo menos perto o suficiente para Shrek terminar o

trabalho.

Eu fecho meus olhos, fantasiando sobre estar na tenda de

Aragorn, vestindo apenas uma pele em volta do meu corpo nu e
uma expressão “venha me pegar”. Meu sangue já está pulsando,
forte e pesado, através de minhas veias e uma pulsação responde
entre as minhas pernas.

Eu não posso esperar para ele chegar aqui.

Chegar aqui e me fazer gozar, cuidar deste desejo que se

constrói em mim tornando impossível raciocinar

Finalmente, após o que parece uma eternidade, a pele do animal que

cobre a entrada da tenda abre e um homem entra. Mas não é o homem que eu
estou esperando...

É Jake, vestindo calças de couro macio que moldam suas coxas

impressionantes, botas pesadas, e nada mais. Seu incrível peito e antebraços
impressionantes estão em plena exibição, seus músculos ondulando quando ele
empurra a pele fechando atrás dele.

—Você não deveria estar aqui. —Eu digo, meu coração batendo mais
rápido.

—Eu não me importo. —Seu tom deixa claro que ele não veio até a
Terra Média para levar um não como resposta.

—Nós não devemos. —Eu sussurro, mas eu deixo a pele escorregar

para baixo, expondo o topo dos meus seios. —Fizemos promessas.

—Fodam-se as promessas. —Seu cabelo está pingando da chuva lá

fora, mas ele não se detém para secar antes de cruzar o quarto e me empurrar de
volta para o colchão de palha.

As gotas frias batem em minha pele que queima, e um momento depois,

sua boca cobre a minha, beijando-me ao mesmo tempo em que ele tira a pele do
meu corpo, me expondo ao seu toque. E então suas grandes mãos calejadas estão
quentes nos meus seios, provocando meus mamilos quando eu me atrapalho
tentando abrir suas calças. Existem laços e eu sou desajeitada, mas finalmente
eu libero seu pau, gemendo em sua boca enquanto eu sinto o quão quente e duro
ele está.

A confirmação de que ele quer isso tão desesperadamente como eu é tudo

que eu preciso para empurrar a culpa de lado e aproveitar o momento.

—Sim. —Eu murmuro, sentindo meu pulso aumentar quando ele

cutuca minhas pernas com o joelho. —Eu quero você.

—E você terá. —Ele promete. —Mas primeiro eu vou ter você.

Ele empurra dentro de mim, o primeiro golpe tão profundo e forte que eu
grito. Mas não de dor. Deus, não de dor.

Porque ele é tão bom, caralho, que nós mal começamos quando de
repente eu gozo, meu corpo contraindo apertado ao redor de seu pau bombeando
quando vai e volta, ondas de felicidade me consumindo até que esteja flácida e
inútil e...

...o som de Shrek zumbindo longe entre as minhas pernas me

puxa de volta ao mundo real.

Com minhas bochechas em chamas, eu tiro o vibrador com

um suspiro e passo um braço sobre os olhos.

Merda. Isto é ruim. Muito ruim. Eu tenho a pior cara de

“Não, eu não estava fantasiando sobre foder com você” do mundo.

Não há nenhuma maneira que eu seja capaz de esconder isso

de Jake. Ele vai bater o olho em mim e saber que ele está estrelando
minhas fantasias sensuais.

Ele poderia muito bem tirar Shrek de minhas mãos.

 CAPÍTULO DEZESSEIS

Shane

—Não, não, não... —Eu murmuro quando tropeço até o

banheiro e ligo o chuveiro. Eu ainda tenho metade de um dia para
me recompor. —Ao meio-dia você vai estar tão cansada por não
dormir que você não vai se preocupar com o tamanho do taco de
hóquei de Jake. Tudo o que você vai querer é uma sessão de sono de
doze horas com seu travesseiro.

Eu puxo minha camisola sobre minha cabeça e passo para o

jato quente com um suspiro, desejando que houvesse um amigo de
quatro patas em algum lugar. Falar comigo mesma é mais estranho,
sem pessoas peludas ao redor para ouvir.

Eu sinto falta do meu cachorro-sobrinho Fang, O chihuahua

de minha amiga Cat, que eu não vejo desde que eu entreguei seus
filhotes. Eu sinto falta de meus gatos: Happy, Sleepy, Scary, Snorty,
Captain Pickles, Pirate, Persephone, Death Claw e Mr. Twitchy e me
pergunto se eles sentem minha falta.

Provavelmente não. Eles são gatos.

Eles se movem rapidamente através dos estágios felinos do

luto: breve tristeza, seguido por um ressentimento um pouco mais
persistente e depois um rápido retorno ao seu estado natural de não
ligar a mínima.

Além disso, eles têm o celeiro de minha amiga Beatrice em

Atlanta só para eles, comida de gato gourmet que eu envio do meu
petshop favorito de Nova York, e a velha Sheepdog de Beatrice para
atormentar em seu tempo livre. Eles provavelmente estão mais
felizes do que viciados em um antro de ópio.

Eu sou a única solitária. Tanto que estou caindo

irremediavelmente na luxúria com o primeiro homem semi-atraente,
com um cérebro que vagou em meu caminho.

Ele é muito mais do que semi-atraente, psicopata.

Ele é cada fantasia de herói sexy que você já teve, enrolado em um

pacote de cheiro delicioso. E ele é espirituoso, para completar. Você viu o quão
rápido ele pegou sua história na noite passada? Foi quase o suficiente para fazer
você gozar, e você sabe disso.

Você é impotente contra um belo homem com uma grande mente afiada e
penetrante.

—Pare. —Eu gemo quando esfrego meu couro cabeludo

muito forte. Devo parar de pensar sobre o incrível corpo de Jake e
sua grande mente penetrante.

Nós estamos no modo controle de danos e precisamos de

nossos cérebros para ter "o dragão" ardendo novamente no hóquei,
mas amado, como seu centroavante. Isto é sobre muito mais do que
fazer uma mulher mentalmente doente deixá-lo em paz. As imagens
nos sites de fofocas na noite passada alimentaram especulações
sobre o que aconteceu com a última namorada de Jake. As imagens
de Keri com hematomas no pescoço voltam a aparecer no topo da
escória da Internet, e os fãs de Jake dão suas opiniões sobre o
comportamento do dragão nos fóruns e salas de chat.

A imagem de Jake está em apuros, e sua carreira pode ser a

próxima. Precisamos parar isso antes deste fogo crescer demais para
controlar.

A maneira mais simples de fazer isso, é claro, seria ir à polícia,

mas então poderíamos entrar em um caso de troca de acusações sem
provas que não pegaria bem para Jake em um tribunal e certamente
não lhe faria nenhum favor no julgamento da opinião pública. E,
claro, há o fato de que Jake evita os policiais a todo o custo e não
chega perto de uma delegacia de polícia.

Meu instinto me diz que o melhor que posso fazer para

ajudar meu cliente é mudar o assunto, e que melhor maneira de
fazer isso do que com um perfil brilhante de quatro páginas na
GQ21? Eu tenho conexão com a redação e Denise prometeu retirar a
matéria com o representante do estado que enviou fotos de seu pau
em forma de serpente para a metade de Nova York, para dar lugar a
um artigo sobre Jake.

Sério, a cabeça do pau do político desprezível parecia uma

cobra. Se ele fosse meu namorado, eu usaria um pincel atômico para
desenhar olhos no pau dele. Quando discuti isso com Addie, ela
disse que os olhos fariam o pau com cara de cobra parecer ainda
mais assustador, mas eu insisti que o desenho no pau quase sempre
tem o efeito oposto. Em seguida, ela queria saber quantas vezes eu
acobertei o lixo de um homem, mas como eu disse antes, eu não
beijo, ou desenho, e conto.

Mas o artigo GQ só está em cima da mesa por alguns dias. A

oportunidade está batendo na porta; Jake e eu só temos que tirar
vantagem disso.

Isto é, claro, supondo que eu posso convencer Bash sobre

isso.

Considerando que acordei com esse e-mail à minha espera, as

coisas não estão boas:

Para: ShaneWillYouBe

De: MagnificentBastard1
21
GQ é uma revista mensal sobre moda, estilo e cultura para os homens.
 Re: Perfil na GQ

Absolutamente não.

Apenas não. E definitivamente um não.

MBC Consulting é sobre manter-se fora dos

radares, Willoughby. Tentamos evitar que nossos
especialistas de intervenção sejam marcados em mídias
sociais, muito menos que estejam em uma das maiores
revistas do país. Esse perfil levaria o seu
“relacionamento” com Jake, ao centro das atenções,
daria a cada leitor uma lupa, e os convidaria a
apontar furos em sua história de amor, enquanto
criamos chances de Jake deixar sua perseguidora
furiosa.

Você é muito nova, e esta situação é muito

delicada.

Nossa melhor aposta é nos manter longe do radar

o máximo que pudermos. Eu sei que Jake é uma
celebridade, mas discrição ainda é possível.

Felizmente, os fotógrafos da noite passada estavam

mais interessados em sua parte traseira do que seu
rosto. Não existem fotos nítidas de seu rosto. Se tivermos
sorte, ninguém será capaz de descobrir a sua
identidade, e você pode ser mais cuidadosa daqui em
diante.
 Não vá a qualquer lugar sem um lenço cobrindo
seu rosto, ok? Está frio o suficiente para lenços, e o
mundo não precisa ver seu rosto bonito para saber que
Jake está louco por você. A incapacidade de ele manter
as mãos longe de sua bunda deve dar conta disso.

Grande trabalho em parecer completamente

perdidos em luxúria! Vocês dois estão fazendo-o bem
no momento! Agora só precisamos convencer Keri que
ambos estão nisso faz um tempo e espero que ela
mergulhe de volta para qualquer que for o lugar louco
e sombrio de onde ela veio.

Jake mandou uma mensagem que você não

concordou com a gravidez falsa, a propósito, então
vamos tirar isso da lista. Eu não acho que vamos
precisar. Eu tenho outras ideias e consegui uma lista de
eventos sociais em que Keri irá nas próximas semanas
para que você e Jake possam aparecer e mostrarem-se
adoráveis juntos.

Venha ao escritório amanhã de manhã e podemos

conversar sobre os próximos passos com café e donuts
gigantes. Peguei uma caixa deles na 19th Street na
noite passada. Não é sorvete, mas estas rosquinhas são
minha segunda comida favorita na Terra. Corri quase
cinco quilômetros extras esta noite para preparar o meu
estômago, por isso venha com fome e pronta para comer
muitos doces.
 Ah, e eu ainda estou investigando o passado de
Jake. Até agora nenhum registro sobre reformatórios,
mas eu vou vasculhar mais alguns cantos escuros para
me certificar.

E Penny diz que não se preocupe com a matéria

no Hollywood Clam. Ela diz que policiar calcinhas
marcando é muito 1994... seja lá o que isso signifique.
Mas a ouça, porque ela é inteligente, e esse site era mais
legal quando era Hollywood Taco.

Não que eu já tenha olhado...

Essa agitação e a coisa do perfil não vai dar certo,

mas você dá conta disso! Eu posso sentir!

Bash.

***

Quando eu termino de me vestir, eu fico pensando sobre o e-

mail, em vez do homem que assombrou meus sonhos molhados, e
quando termino de me arrumar, estou bem chateada.

Eu não gosto que me digam o que fazer, especialmente Bash.

Bash é gentil, inteligente, e um bom rapaz, mas ele também é

extremamente arrogante. Ele acha que tem tudo sob controle até o
momento em que ele percebe que ele está ferrando a si mesmo e a
todos os outros. Na verdade, ele raramente passa por isso e quando
acontece, ele é homem o suficiente para assumir a responsabilidade
por seu lapso de julgamento, mas isso não importa. Ele ainda me
lembra muito de outro homem charmoso, arrogante, insuportável e
irresistível que supunha que sabia o que era o melhor para mim.

Eu costumava chamar Wesley de „menino da fazenda‟, como

o herói em „The Princess Bride‟22. Ele me chamava de „Buttercup‟ e
sussurrava "como você desejar" sempre que eu pedia algo, desde o
controle remoto, até outro gato, ou para que ficasse comigo em seu
coração pelos próximos cinquenta ou sessenta anos.

Mas nunca foi realmente como eu desejava.

Era sempre como Wesley desejava, até o momento em que

ele se foi.

Eu nunca vou deixar outro homem, amigo ou amante, decidir

o que é melhor para mim nunca mais. Eu sei que ignorância não é
felicidade, e que mesmo as pessoas com as melhores intenções nem
sempre são confiáveis.

O perfil na GQ poderia ser um grande trunfo para o caso de

Jake, e eu pretendo convencer Bash a ver as coisas do meu jeito. Ou
pelo menos envolvê-lo em um debate rigoroso que ele vai pensar
duas vezes na próxima vez que ele tiver vontade de me pedir para
ser sua Bagunça Milagrosa.

Estou tão ocupada inventando argumentos na minha cabeça

e abotoando os quatro mil botões no meu novo casaco, pois ficou
mais frio durante a noite e a sensação de inverno já está no ar, que
eu não noto a mulher à espreita no final da escada do meu prédio,
até que eu quase a atropelo.

—Oh meu Deus, me desculpe. —Eu digo, recuando a tempo

de evitar pisar sobre os seus saltos claramente caros.

22
A Princesa Prometida
Uma aventura de conto de fadas sobre uma linda jovem, Buttercup, e seu amor verdadeiro. Um menino,
Westley, vira pirata para salvar sua amada das garras de um príncipe terrível. Para se reencontrar, o
casal deve lutar contra os demônios de um reino místico.
 Eu não sou uma prostituta de roupas como muitos dos meus
amigos que tem fundo fiduciário, mas reconheço um par de
Christian Louboutins quando eu os vejo.

—Eu não posso desculpar você. —A voz rouca da mulher

lembra-me de minha professora de coro do ensino médio, aquela
que estragou suas cordas vocais por excesso de uso. —Mesmo que
você pareça boa o suficiente.

O meu olhar viaja para seu rosto, e a minha nuca formiga

quando tenho a sensação que algo está errado aqui.

Muito, muito errado...

Mesmo antes de eu ligar as feições delicadas, pele cor de

oliva, e olhos cor de chocolate derretido que eu vi nas fotos, más
vibrações estão causando arrepios por toda a minha pele, alertando-
me para o fato de que essa pessoa é perigosa.

Parece que alguém descobriu quem eu era naquelas fotos

borradas, afinal. E seu nome é Keri Warner.
 CAPÍTULO DEZESSETE

Shane

Keri parece ainda mais delicada pessoalmente do que nas

fotos que eu vi. Ela não pode ter mais de um metro de sessenta e
pouco mais de cinquenta quilos. Quando ela chega mais perto, eu
tenho que abaixar meu queixo no meu peito para manter contato
visual, e eu tenho certeza que sua cintura tem uma circunferência
menor que minha panturrilha direita.

Pela primeira vez em muito tempo, sinto-me... gorda.

Eu cheguei em um momento de vida em que eu não me

preocupo mais com meu tamanho. Eu como de forma saudável,
faço exercício diariamente e gosto do meu corpo, mas eu nunca
serei magra. A empresa em que compro maiôs me garante que eu
sou de tamanho normal, mas eles também vendem para as mulheres
que poderiam ganhar a medalha da fome nos Jogos Olímpicos. Eu
não gosto de passar fome, pessoalmente. Eu preferiria ser saudável e
feliz num manequim grande do que perder meu tempo tentando
encaixar em um tamanho padrão.

Além disso, eu sei que essas pessoas magras dos cartazes

motivacionais nunca comem apenas amêndoas, pão fresco, couve de
Bruxelas salteadas com bacon, bife, donuts, todas os tipos de queijo,
e qualquer coisa açucarada e alcoólica guarnecida com fatias de
abacaxi que fazem você sentir-se bem.

Ainda assim, há algo sobre a frágil e bela Keri que me faz

sentir positivamente bestial em comparação.

Talvez seja a voz má na minha cabeça sussurrando que, se

este é o tipo de mulher que acende o fogo de Jake, então eu
claramente não sou seu tipo, embora a voz má não tenha direito de
pensar dessa forma sobre um cliente.

Ou talvez seja a outra voz na minha cabeça me avisando que

isso pode ficar feio e que eu deveria estar preparada para me
defender caso a menina duende maníaca decida ir para a minha
garganta. Eu briguei uma ou duas vezes, mas não desde que eu era
jovem o suficiente para usar shorts sob meu uniforme de colegial
católica, e nunca com ninguém com a metade do meu tamanho.

Sou um tipo de garota que defende as meninas menores das

pessoas que podem esmagar minha cabeça debaixo da axila. Eu me
sinto terrível comigo mesma por considerar empurrar Keri no chão
e sentar nela até que as autoridades cheguem, mas quando ela
levanta um dedo afiado e aponta desconfortavelmente perto do meu
rosto, meus músculos ficam tensos e meu sistema nervoso entra em
alerta máximo.

—Eu li sobre o seu trabalho de caridade. —Ela continua em

sua voz tão áspera quanto língua de gato. —Você ajuda as pessoas
doentes e crianças, e tenho certeza que você quer ser boa. Mas você
deve acabar com tudo o que está acontecendo com Jake agora.
Antes que seja tarde.

—Tarde demais para quê? —Meu pulso acelera quando

imagino estar acabando de receber minha primeira ameaça de morte.

—Para salvar seu coração de ser partido.

Meus ombros caem e meu batimento cardíaco diminui. Estou

começando a me sentir muito boba por assumir que esta mulher irá
jogar algo como Atração Fatal em mim, quando ela acrescenta em
um sussurro.

—Ou outra coisa ser machucada. Você viu o que Jake fez
comigo, não é? —Ela puxa o lenço de seda em torno de seu queixo
até o peito, revelando marcas amarelo-esverdeadas em seu pescoço.
Os hematomas estão desaparecendo, mas elas ainda são feias e
provavelmente dolorosas. E elas são do tamanho certo para terem
sido feitas pela mão de Jake, pelo que posso dizer olhando
rapidamente.

Antes que eu possa investigar melhor, Keri puxa seu lenço e

diz:

— Ele fica violento às vezes. Eu posso lidar com isso, mas

você não é do tipo.

—Você não sabe nada sobre mim. —Digo educadamente. —

Mas eu sei que você agrediu Jake com uma faca e eu tive que cuidar
de seu braço. Eu, por exemplo, acho que ele deveria ter denunciado
à polícia. Eu estou esperando que ele ainda vá.

Ela sorri serenamente, e quando ela fala novamente, sua voz

é tão calma como qualquer outra pessoa louca que acredita que sua
loucura é a única verdade. —Jake não vai chamar a polícia. Ele me
ama. Ele vai fazer o que for preciso para proteger a mim e ao nosso
futuro juntos.

—Você o esfaqueou, Keri. —Eu digo suavemente. —Ele

não vai perdoá-la por isso. Você poderia tê-lo ferido seriamente, ou
mesmo o matado. Eu entendo ficar irritada com o cara, ele pode ser
tão frustrante como qualquer outra pessoa com um pênis, mas
nunca é bom esfaquear as pessoas. Especialmente alguém que você
afirma amar.

—Não afirmo amá-lo. —Ela diz, com olhos febris. —Eu o

amo mais do que tudo, mais do que alguém que cresceu rica e
privilegiada pode até mesmo começar a entender. —Ela inclina a
cabeça para trás, a voz caindo para um sussurro. —Eu sei o que é
não ter nada e ninguém, e ter todo mundo lutando para colocá-la
para baixo. O mesmo acontece com Jake. Nós temos uma conexão
que você nunca vai quebrar. Você precisa terminar com ele. Agora.
Eu sou a única que pode dar o que ele precisa.

Eu suspiro pesadamente, percebendo que eu poderia muito

bem estar tentando argumentar com uma parede de tijolos, mas eu
não posso me impedir de juntar meus dedos e implorar: —Por
favor, Keri. Apenas procure ajuda, ok? Cuide de você mesma e fique
saudável novamente. É nisso que você deve focar agora, sua saúde e
bem-estar. Jake me disse que você parou de tomar a medicação que
você precisa para ficar bem. Eu não sou uma médica, mas eu sei que
você nunca deve...

—Ah, vá se foder, sua puta presunçosa. —Ela explode.

Meu queixo cai, mas antes que eu possa me recuperar da

mudança abrupta de tom e para o confronto, ela enfia a mão no
meu ombro, me empurrando para trás. Eu recupero meu equilíbrio
e me preparo para outro ataque, mas ela já está se afastando.

—Você é quem vai chorar no final. —Ela balança a cabeça

presunçosamente, como se pudesse ver agora: eu chorando
enquanto ela e Jake caminham rumo ao pôr do sol. —Eu prometo
isso a você. Jake está apenas tentando me fazer ciúmes. Quando ele
perceber que ver meu amante foder uma boneca Barbie sem cérebro
não me afeta, ele vai chutá-la tão rápido que sua bunda vai ficar
dolorida por semanas. —Ela levanta um dedo. —Eu te dou mais
um encontro, talvez dois, antes que ele fique tão aborrecido que
venha rastejando de volta para mim, implorando por uma segunda
chance.

Eu forço um sorriso. —Você deve ir, Keri. É evidente que

não vamos nos entender e eu descobri que não gosto muito de você.

—O sentimento é mútuo. —Ela sorri e uma covinha aparece

em seu rosto. —Tome cuidado, Shane. E lembre-se, você não quer
fazer de mim uma inimiga. Eu sou uma pessoa ruim para ter como
inimiga.

Eu levanto a mão, os dedos tremendo. —Entendi. Ameaças e

todos os outros sinais de loucura emitidos por você foram
recebidos.

Sua mandíbula aperta, mas seu sorriso não some enquanto ela
acena com a cabeça. —Vamos ver quem é louca, querida.

E então ela parte, deixando-me a sensação que só agora

consegui subir para respirar após passar muito tempo debaixo
d'água.

Que merda.

As histórias de Jake não fizeram justiça à mulher. Ela é

verdadeiramente, cem por cento, delirante, violenta, paranoica e
uma mistura de quem sabe o que mais, e tudo isso resulta em um
grande problema.

Enquanto eu estou na calçada assistindo a uma psicopata

provavelmente assassina e definitivamente desequilibrada se afastar,
atravessar a rua e levantar o braço para pegar um táxi, eu decido que
é hora de parar de brincar.

Eu pego meu telefone do bolso do meu casaco e procuro o

número de Denise. No momento em que ela responde, eu digo:
—Aceitamos, senhora. Será bom para Jake uma matéria sobre seu
perfil, sua carreira e nosso relacionamento. Estamos prontos quando
você estiver. O quanto antes melhor.

—Maravilhoso! —Denise grita, parecendo mais uma menina

surpreendentemente entusiasmada do que uma mulher que eu nunca
vi usando nada além de alta costura. —Estou tão pronta para isso,
Shane. Você não tem ideia. Depois de todos os pervertidos e
políticos que entrevistei ultimamente, passar alguns dias com um
jogador de hóquei e minha querida socialite favorita será um prazer.

—Ótimo. —Eu digo, a tensão no meu peito começando a

desaparecer. Bash está errado. Um holofote é exatamente o que
precisamos. Meu relacionamento com Jake precisa parecer tão épico
que estaria escrito nas estrelas sobre nós, para termos uma chance
de afastar Keri. —Será ótimo, Denise. Muito obrigada.

—Não agradeça. —Ela diz. —Estou muito feliz que você e

Jake estão juntos, mas eu não posso acreditar que você manteve isso
em segredo de mim até agora. Eu exijo todos os detalhes,
especialmente os sexy, os flertes, os picantes que eu não posso
publicar, mas preciso muito saber, muito mesmo.

—Nós estamos juntos há pouco tempo. E você sabe que eu

não beijo e conto. —Eu dou risada, o som alegre e sem esforço,
provando que posso enganar uma amiga, especialmente uma amiga
como Denise que não poderia manter um segredo se sua vida
dependesse disso, por uma boa causa. —Mas qualquer coisa que
disser sobre Jake enquanto estiver sob a influência de boa comida e
bom vinho é um jogo justo. Você ainda virá jantar esta semana?

—Que tal hoje à noite?

Minha pulsação acelera e minha confiança se esvai. Jake e eu

podemos estar armados e prontos para essa entrevista hoje à noite?

Estou prestes a pedir mais uma noite para trabalhar em nossa

história, quando a boa Denise acrescenta. —Meu amigo Jorge
alugou o Rainbow Room para comemorar o lançamento de seu
novo álbum de jazz. Ele me disse que eu poderia trazer mais alguém,
mas eu tenho certeza que posso convencê-lo a convidar mais dois.

—Jorge Hines, o músico? Você está brincando comigo!

—Eu nunca brinco quando se trata de jazz, entrevistas

suculentas, ou potencialmente tirar fotos de Jake Falcone e sua nova
namorada dançando na pista de dança giratória. O fator romance é
tão intenso que meus dentes estão começando a doer só de pensar
nisso, mas eu gosto. Eu estou morrendo para saber se esse homem
sabe dançar.

—Nós estaremos lá. —Eu deixo escapar, imaginando que eu

sempre posso ligar depois e me fingir de doente se Jake disser que
não está pronto para algo assim. Mas meu instinto me diz que ele
está pronto para isso. Eu sei que eu estaria se eu tivesse Keri me
seguindo.

Que eu acho que eu tenho...

Mais uma razão para fazer direito ou ir para casa.

—Fantástico! —Grita Denise. —Eu vou mandar uma

mensagem com todos os detalhes. O traje é vestido de cocktail para
as mulheres e terno obrigatório para os homens, tenha certeza que
seu gato usará algo que destaque seus ombros maravilhosos.

—Ele terá. —Eu desço em direção a Madison Avenue, onde

eu posso tomar meu café e comprar um vestido novo antes de ir ver
o resto do treino de Jake. —Obrigada novamente, Denise. Eu
realmente aprecio isso.

—Sem problema, querida. Eu conheço você. Se você está do

lado de Jake, então ele é gente boa. Qualquer um que pense o
contrário tem rochas no lugar de cérebro.

Agradeço-lhe novamente e desligo, reforçada por sua garantia

não muito sutil que esta matéria vai se concentrar em cantar
louvores a Jake e destacar sua ascensão impressionante para se
tornar uma das faces da NHL, não alimentar a fábrica de fofocas ou
dar crédito a rumores maldosos.

Sentindo-me produtiva e proativa, eu escrevo um texto

rápido para Bash:
 Não poderei ir comer donuts. Acordei com azia.
Preciso correr para a farmácia e descansar um pouco
hoje. Ligo mais tarde para conversar.

Jake tem planos para esta noite, então ele não

estará disponível para nos reunirmos, de qualquer
maneira.

Eu envio e ignoro o formigamento de culpa no meu peito.

A culpa é um desperdício de energia. Eu estou fazendo o que

eu acredito que é melhor para meu cliente. Se Bash não gosta da
maneira que eu trabalho, então ele pode me demitir.

Mas espero que, uma vez que ele veja como esta noite foi
bem, ele vai perceber que Shane sabe o que faz.

De qualquer forma, não é melhor pedir perdão do que pedir

permissão?
 CAPÍTULO DEZOITO

Jake

O Madison Square Garden pode acomodar mais de dezoito

mil pessoas, e mesmo nos melhores momentos é uma câmara de eco
caótica. O som reflete no gelo, bate nas placas e no vidro que
protege as pessoas nas arquibancadas, e retorna três ou quatro vezes
para você antes de subir para zumbir no ar acima da multidão.

Mesmo em um dia de treino como hoje, com os assentos do

estádio quase vazios, eu não consigo pensar com os gritos dos
defensores se empurrando em ambos os meus lados, uma sequência
de xingamentos vindo do banco e o bufo de minha respiração
ofegante em volta do meu protetor de boca, mas de alguma forma
eu a ouço rir.

É como se o botão de mudo fosse ligado para o resto do

mundo.

O chamado do treinador Bosko para abrir o time, o barulho

afiado de patins no gelo, e o estrondo de vozes masculinas ecoando
na cúpula cavernosa tornam-se estáticos quando o riso de Shane
dança através do ar. Não é alto, e eu só a ouvi rir algumas vezes, mas
eu o reconheço imediatamente e tem o mesmo efeito como se
alguém tivesse gritado meu nome em uma sala lotada.

Eu giro minha cabeça ao redor e tenho um vislumbre de

Shane e da namorada de Caleb West, Nadia, descendo a escada para
a área de espectadores do treino, por cima do meu ombro.

Minha distração dura um segundo, talvez dois, mas é o

suficiente para West, que estava me passando pela esquerda, dar a
volta ao meu redor, bloqueando o meu caminho para a rede. Eu giro
para a direita, apenas evitando colidir com o pequeno filho da puta
rápido. Meus patins deixam o gelo quando eu faço meia-volta, então
derrapo o resto do caminho na borda da minha lâmina direita.

Eu estou sem equilíbrio e West já está sobre mim novamente,

pela direita dessa vez, mas eu me empenho em uma explosão de
velocidade, patinando forte, abrindo assim que eu alcanço os
atacantes já em posição perto do gol. Collier atira o disco para mim
e eu o lanço em direção à rede, apontando para o canto direito,
ignorando a pontada de dor em meu braço machucado quando eu
me movo. Pearson ataca, atirando seu corpo no disco, rebatendo-o
segundos antes que ele entre.

Um momento depois a campainha soa estridente vibrando no

ar gelado, sinalizando o fim do jogo. Eu exalo fortemente à medida
que relaxo meus ombros, mais grato por ver o fim de um treino do
que já fiquei em anos.

Eu não me envergonho, Pearson é um dos melhores goleiros

da liga, e não há nenhuma vergonha em não ser capaz de passar por
ele, mas eu estive muito perto de perder o passe. Aquela mulher lá
em cima, aquela com o casaco vermelho cereja que acentua o rubor
em suas bochechas e o rosa escuro de seus lábios carnudos, mexe
comigo.

Ela é como a luz solar na água: ofuscante, mas é tão bonita

que é impossível desviar o olhar.

Não há vergonha em ficar cego por uma bela mulher, mas

quando passo pela família e amigos na arquibancada eu começo a
repensar, refletindo sobre oferecer a Shane ingressos para a
temporada. Eu adoraria ver seu rosto bonito me olhando do melhor
lugar da casa, mas meu jogo pode não sobreviver a muita exposição
a Willoughby.
 Ela acena enquanto eu patino, com um grande sorriso em seu
rosto enquanto ela ergue os dois polegares e grita: —Grande
tentativa!

Eu não posso deixar de rir, mesmo que Grant e Nelson

imediatamente comecem a rir sem parar e West me bate nas costas e
diz: —É isso mesmo, dragão. Essa foi uma boa oportunidade! Você
é um grande garoto!

—Vá se foder, West. —Mas não há intensidade nas palavras

e eu ainda estou sorrindo como um idiota quando abaixo a cabeça e
entro no túnel em direção ao vestiário, passando pelo grupo do
próximo treino a caminho para o gelo.

Vinte minutos mais tarde, eu tomei banho, troquei de roupa e

joguei meu uniforme de treino imundo no cesto de equipamentos.
Eu penso em fazer a barba, eu estava muito cansado para fazer isso
antes de sair para o treino ao amanhecer, mas eu estou muito
ansioso para sair com a mulher esperando por mim na arquibancada.

Desde que Shane e eu nos despedimos no Met, uma parte de

mim não tem estado muito bem, sentindo-se no limite. Como se
algo importante estivesse faltando.

Trocar mensagens na noite passada acalmou essa ansiedade

por um tempo, mas ela se despediu antes que eu estivesse satisfeito.
Fui para a cama odiando a noite por engolir a maior parte do meu
tempo, e meu primeiro pensamento quando eu acordei foi que
levaria apenas mais algumas horas até que eu conseguisse ver
Willoughby novamente.

A mulher é como a heroína. Uma dose, um beijo, e eu sou

um viciado.

Estou agindo como uma criança com sua primeira paixão.

Pior. Quando eu tive meu primeiro amor eu percebi ao longo do
tempo que a minha devoção era pelo menos parcialmente envolvida
pelo quão desesperadamente eu queria chegar à segunda base com
Becky Scarcross. Seus seios eram perfeitamente redondos, cheios,
como se fossem inflados com copos de água e eu era um garoto de
dezesseis anos de idade, morrendo de sede.

E enquanto eu estou certamente atraído por Shane, eu passei

a maior parte da noite passada perdido em sonhos maravilhosos e
imundos com ela usando aquele vestido dourado e nada mais, eu
também anseio por sua conversa, sua presença, e tenho pressa para
resolver outra peça do quebra-cabeça que é Shane Willoughby.

Não sou assim. Sim, eu gosto de mulheres por muitas outras

razões além de foder, mas sexo geralmente fica muito alto na minha
lista. Geralmente em primeiro lugar.

Sentimentos tendem a vir mais tarde para mim, depois que eu

fiz uma mulher gozar uma mulher algumas dezenas de vezes. E
então um dia eu acordo em sua cama sentindo que eu prefiro ficar e
fazer o café, a fugir enquanto ela está dormindo, e eu sei que é mais
do que sexo. Eu nunca me apaixono profundamente ou rápido, e
faz anos desde que eu me apaixonei por alguém.

O aperto no meu peito quando eu encontro os olhos de

Shane do outro lado da arquibancada praticamente vazia é sem
precedentes. Eu deveria ficar perturbado pela sensação de "algo está
faltando" que ela deixa em mim quando ela diz adeus, ou pelo
menos eu deveria estar em alerta. Eu não tenho nenhuma ideia de
onde isso vai dar, ou se vai dar em algo. Ela pode não estar pronta
para algo mais do que amizade, mesmo após a intervenção acabar.
Eu seria um idiota de primeira ordem por ter meu coração partido
pela mulher que contratei para me ajudar a me livrar da última
mulher que me fez mal.

Eu mantenho o pensamento em minha cabeça como um

aviso para ir devagar, mas quando Shane sorri para mim e dá um
tapinha no assento ao lado dela, tudo o que posso pensar é como ela
é bonita quando ela sorri.

—Olá, princesa. —Eu me inclino para um beijo, imaginando

que posso justificar roubar um em nome de manter as aparências na
frente da equipe.

No momento em que minha boca encontra a dela e a ponta

da sua língua toca meus lábios, no entanto, as aparências são a
última coisa em minha mente. Tudo o que estou pensando é como
seu gosto é incrível, semelhante a caramelo e café e uma mulher que
não tem medo de ir atrás do que quer e quão certo as mãos dela
parecem sobre mim.

Ela enfia os dedos no meu cabelo e me puxa para mais perto,

fundindo nossas bocas tão juntas que eu posso sentir seus dentes
batendo contra os meus através de nossos lábios, mas eu não me
importo. Adoro que ela está me beijando com intensidade,
encontrando cada movimento da minha língua com um giro de sua
própria.

Eu quero beijá-la ainda mais forte, mais profundamente.

Quero despir as suas roupas e chegar o mais perto que duas pessoas
podem ficar, e então eu quero chegar ainda mais perto. Quero seus
pensamentos, suas ambições, seus segredos. Quero olhar nos olhos
dela enquanto eu estou deslizando dentro dela e saber que nós dois
estamos abertos para ver quão longe podemos ir juntos.

Quando finalmente nos separamos, eu estou ofegante e as

bochechas de Shane estão coradas como algodão-doce rosa e eu
estou lutando contra o desejo de lhe dizer que beijá-la é a melhor
coisa que me aconteceu nos últimos anos.

—Bem, olá para você também. —Ela diz, os olhos azuis

brilhando. —Eu acho que você me perdoa por agir como uma mãe
de jogador em sua primeira partida? Nadia me disse que as
namoradas normalmente não torcem nos treinos e que gritar 'grande
tentativa' é provavelmente a coisa mais ridícula de todas.

Eu dou risada. —Não foi. Isso foi fofo.

Ela franze o nariz. —Eu não sei sobre isso, mas foi realmente
uma boa tentativa. Eu gostei especialmente da parte que você girou
perto do fim. Se o hóquei não der certo, você pode se juntar aos Ice
Capades23.

—Está dizendo que gostaria de me ver em calças de dança no

gelo? —Eu coloco minhas mãos em suas pernas e puxo seus pés
para descansarem no meu colo.

Ela estende-se com um sorriso malicioso. —Eu acho que

gostaria, na verdade. Isso faz de mim uma velha suja?

—Eu não me importo, contanto que você seja minha velha

suja. —Eu gracejo, as palavras saindo da minha boca antes que eu
possa pensar melhor nelas. —Desculpe. —Acrescento suavemente,
antes que ela tenha uma chance de responder. —Eu não tenho
certeza quando devo voltar para o modo amigo.

—Está tudo bem. —Ela fala, tirando uma mecha úmida de

cabelo da minha testa. —Eu acho que nós deveríamos ficar no
modo de flerte. Vamos ser menos propensos a cometer erros no
jantar esta noite se mantivermos as coisas consistentes.

—Jantar parece bom. —Silenciosamente, eu celebro minha

boa sorte. Se eu jogar minhas cartas bem, parece que eu vou ter
umas oito ou nove horas de tempo de qualidade com Shane. —
Quer que eu ligue e faça uma reserva para as sete ou oito?

—Nós já temos reserva para as sete no Rainbow Room. —

Ela diz, arregalando os olhos e juntando as mãos. —Você está
pronto para saltar da frigideira para o fogo?
23
É um show de entretenimento apresentando espetáculos teatrais com patinação no gelo.
 —Eu sou o dragão. Eu sempre estou pronto para o fogo. —
Eu digo, pegando sua excitação. —Isso é parte do plano que você
não me contou na noite passada?

Ela acena com a cabeça. —Sim. Nós sempre podemos voltar

atrás, se você achar que é uma ideia terrível, mas eu acho que isso é
exatamente o que precisamos para mudar essa história.

Ela me conta seu plano, enfatiza que um perfil no GQ seria

ótimo para minha vida profissional, bem como para a pessoal, e
conclui com um voto de confiança que em uma tarde podemos
aprender tudo o que precisamos saber um sobre o outro para vender
nossa história de amor.

—É um novo amor, afinal. —Ela diz. —Eu não disse à

Denise quanto tempo nós tínhamos de namoro, mas dei a entender
que não fazia mais do que uns poucos meses. Enquanto agirmos
como se estivéssemos completamente apaixonados, não importa se
temos alguns pontos destoantes quando se trata de histórias pessoais
ou metas de longo prazo.

—Eu concordo. —Eu bato palmas. —Vamos fazer isso.

Amanhã faremos uma viagem da equipe, então não importa se eu
ficar fora até tarde. Eu só tenho que ter certeza que estou no
aeroporto às sete horas da manhã.

—Eu vou levar você para casa antes disso. Mas você tem
certeza?

—Ela pergunta, mordendo o lábio. —Mesmo que Denise

queira tirar fotos enquanto nós dançamos?

—Eu dou de ombros. —Certo. Se você tem dois pés

esquerdos, eu posso guiá-la na pista. Mas eu sei o que estou fazendo
na maioria das vezes quando se trata de dança de salão padrão. Você
deve ser capaz de seguir minha liderança.
 —Seus olhos se estreitam. —Você sabe dança de salão?

—Eu pisco. —Sou cheio de surpresas, princesa. E quanto a

você? Eu suponho pela forma como você se move que você não
terá de ser arrastada.

—Você está certo. Eu sou uma excelente dançarina. —Ela

diz, as palavras soando como uma promessa de muito mais do que
habilidade na pista de dança.

Lembro ao meu pau que agora não é o momento ou o lugar,

e me concentro em seu sorriso quando ela diz. —Tudo bem, dragão.
Vamos fazer isso. Histórias antigas primeiro e depois podemos
começar a falar sobre amigos e as coisas fofas que temos em
comum.

—Parece bom. —Eu aceno, não tão nervoso quanto eu

provavelmente deveria estar.

Eu não sou ator, mas quando começamos a traçar esse plano,

eu massageando as pernas de Shane e ela estendendo a mão para
apertar meu braço quando ela fica realmente animada, isso não
parece fingimento. É o oposto do meu primeiro jogo da NHL,
quando olhei para o banco, para todos aqueles atletas incríveis que
eu tinha idolatrado, eu não conseguia acreditar que eu era um deles.
Fingir namorar Shane é um papel em que me sinto bem, não sinto
necessidade de manter uma postura ou fingir ser o que não sou.

No momento em que acabamos, desejo correr com ela pelo

Central Park, perseguindo a Chihuahua de sua amiga depois que ela
fugiu da coleira, e não ter nada com que me preocupar esta noite,
exceto ir jantar e ir para a cama certamente para não dormir logo
depois.

—Nós provavelmente devemos ir. —Ela diz, olhando para o

relógio quase duas horas mais tarde. A segunda equipe de treino está
deixando o gelo, e os cafés que peguei no meio da nossa sessão de
planejamento devem estar frios.

—Eu tenho que tomar banho e me trocar e meu traseiro está

dormente de sentar nesta cadeira.

—Eu poderia esfregar isso para você. —Eu ofereço

inocentemente.

—Oh você poderia, não poderia? —Ela pergunta com uma

risada. —Você estaria disposto a fazer esse sacrifício?

—Eu não quero que você vá para fora, no frio, com a bunda
dormente. —Eu digo. —Você pode ficar com queimaduras e nem
mesmo perceber até que seja tarde demais.

Ela ri de novo, um som rouco que me faz querer puxá-la em

meu colo e beijá-la até que ela faça sons mais sensuais só para mim.
—É outubro, dragão. Eu não acho que estou em perigo de congelar
ainda. Mas me faça uma oferta dessas em dezembro e eu posso vir a
usar seus serviços.

—Dezembro parece bom. Eu gosto de dezembro. —Nossos

olhares se encontram, e algo passa entre nós, algo real e íntimo,
especialmente para duas pessoas que mal se conhecem.

Por um segundo, eu acho que ela vai me dizer para ir devagar

ou recuar.

Em vez disso, seu olhar cai para onde suas mãos estão
envolvidas em torno do meu braço, os dedos enfiados entre meu
bíceps e minhas costelas para se aquecerem. —Dezembro é minha
época favorita do ano. Eu sei que é brega, mas eu não me canso da
cidade na época do Natal. Deixe-me patinar no gelo no Rockefeller
Center, tomar chocolate quente perto da grande árvore, e me dê um
bilhete para os Rockettes Christmas Spectacular24, e eu sou uma
garota feliz.

—Vou me lembrar disso. —Eu prometo. —Gosto de manter

as pessoas que eu gosto felizes.

—Falando de pessoas que você gosta. —Ela pigarreia e os

dedos afundam um pouco mais fundo no meu braço. —Ou as
pessoas que você costumava gostar, de qualquer maneira. Keri veio
me visitar esta manhã.

—O quê? —Meu sorriso desaparece tão rápido que causa

uma cãibra na minha mandíbula. —Você está brincando comigo.

Shane balança a cabeça, ainda não fazendo contato visual. —

Hum, não. Não estou brincando, infelizmente. Não parece que os
sites de fofocas tenham ideia de quem eu sou então eu não sei como
ela descobriu onde eu moro. Mas ela veio me avisar que ela é uma
pessoa ruim para ter como inimiga. Talvez ela seja um gênio do
crime, além de ser uma artista.

Amaldiçoando baixinho, eu levanto e me afasto de Shane,

sentindo o frio pela primeira vez desde que cheguei ao gelo esta
manhã. Ter Keri me assediando é algo normal para mim. Para mim.
Mas saber que Keri passou a assediar Shane me irrita pra caralho.

Também é... assustador.

—Ou talvez ela seja uma super-hacker. —Shane continua

com uma voz leve. —Super habilidades de hacker viriam a calhar
para obter o seu número privado e para descobrir quem eu sou e
onde eu vivo com base em algumas fotos de perfil. Ou talvez ela
seja uma espiã! Eu tenho um amigo que eu costumava pensar que
era um espião, mas acontece que...

—Isso não é engraçado. —Eu giro para encará-la, as mãos

24
Fogos espetaculares de natal
fechadas em punhos ao meu lado. —Por que você não me contou
sobre isso quando chegou aqui?

Ela encolhe os ombros enquanto puxa as mangas de seu

casaco em torno de seus pulsos. —Eu não sei. Eu acho que eu não
queria começar com uma notícia assustadora. E eu percebi que não
havia muito mais que qualquer um de nós poderia fazer sobre isso,
de qualquer maneira. Não é como se você quisesse que eu fosse à
polícia, certo? —Ela franze a testa. —Como está seu braço, por falar
nisso?

—Nunca esteve melhor. —Eu minto, minha mandíbula

apertando.

—Certo. Mas você fez um grande trabalho ao jogar com a

dor. Assistindo você, eu nunca teria imaginado que você levou uma
facada. —Ela suspira, percebendo claramente que eu não quero falar
sobre a lembrança que minha ex deixou para trás quando eu a chutei
pela porta da frente. —Além disso, Keri não disse nada que
merecesse uma ocorrência policial. Ela me disse que vocês dois
eram verdadeiramente apaixonados e me assegurou que depois de
alguns encontros você ia ficar. —Ela faz aspas no ar para indicar a
citação. —Cansado de foder uma boneca Barbie. Em seguida, ela
fez alguns ruídos ameaçadores sobre o quão foda ela é, mas vendo
que seu corpo inteiro é do tamanho da minha perna, o fator
apavorante foi baixo.

Eu resmungo, franzindo a testa, ainda firmemente no lugar.

—Eu ainda não gosto disso. Eu não gosto que ela saiba de você tão
facilmente, ou tão rápido. E eu não preciso dizer-lhe que ela é mais
perigosa do que parece.

—Não, não precisa. —Ela me dá um olhar penetrante. —

Mas eu estou contente por ouvir você finalmente reconhecendo o
perigo. Isso é um bom primeiro passo para não ser esfaqueado
novamente. E no espírito de seguir em frente de uma forma mais
produtiva, eu gostaria de reconhecer que eu também poderia estar
errada.

—Minhas sobrancelhas levantam. —Sobre?

—Sobre o que poderia ser necessário para convencer esta

mulher a deixá-lo em paz. —Ela se aproxima, colocando as palmas
das mãos no meu peito, fazendo com que uma onda de consciência
e preocupação me percorra. Mesmo agora, quando eu estou
preocupado com a segurança dela, não posso evitar como meu
sangue se aquece a cada vez que ela me toca.

—Nós vamos ter que fazer isso direito esta noite, Jake. —Ela
continua com uma voz mais suave. —Precisamos que Denise e
todas as outras pessoas na sala acreditem que somos reais, o tipo de
amor à primeira vista que as pessoas sonhadoras querem acreditar,
não importa quantas vezes eles digam que o amor está morto. Se
nós pudermos fazê-las acreditar nisso, vamos fazer as pessoas falar
sobre nós, não sobre sua ex ou o que poderia ter acontecido no seu
apartamento. E se o falatório for grande o suficiente, talvez Keri
perceba que continuar a perseguir você é um desperdício de seu
tempo.

Eu cubro suas mãos com as minhas, pressionando as palmas

das mãos mais perto do meu peito. —E se ela não parar?

—Se ela não parar... —Seus lábios se abrem quando seu olhar
cai para minha boca. —Então eu vou considerar fingir ter um bebê
na minha barriga.

—Meu bebê. —Eu corrijo, o pensamento me deixando duro.

É um bebê fictício, sexo ficcional, e eu nunca tive tesão em fantasiar
sobre engravidar uma mulher antes. Mas algo primitivo dentro de
mim gosta do pensamento de fazer um bebê nessa mulher, de fodê-
la novamente e novamente até que não haja dúvida de que ela está
carregando meu filho.
 É uma outra linha louca de pensamento, outra totalmente
fora de propósito, mas a única coisa que eu estou preocupado é que
a minha ereção vai rasgar um buraco no meu jeans e causar uma
cena na frente das mulheres sentadas algumas fileiras atrás. Quando
eu estou tão perto de Shane, é impossível me preocupar com
qualquer coisa, exceto me aproximar.

—O seu bebê. —Ela diz, assentindo. —Mas espero que não

chegue a isso.

—Espero que não.

Seus lábios se curvam para um lado. —Eu não tenho certeza

do que você quer dizer, Falcone. Eu acho que você meio que gosta
da ideia de fingir ser o pai do meu bebê.

—Claro que não. Eu estou levando isso para o profissional,

Willoughby. —Eu digo, puxando-a para mais perto.

Ela ri. —E eu sou a rainha da Inglaterra.

—Sua majestade. —Murmuro quando me inclino para beijá-

la. É um beijo longo, profundo, lento e sexy que envolve minhas
mãos sobre o traseiro de Shane e a língua dançando um pouco
demais para uma exibição pública, mas eu não me importo. Tudo
que me importa cada vez mais é ela, patinar sobre a linha entre
fantasia e realidade e fazer Shane ver que isto não deve ser apenas
fingimento.

Ela deve ser minha.

E hoje à noite, eu pretendo fazer um excelente trabalho para

adicionar prazer ao nosso acordo de negócios.
 CAPÍTULO DEZENOVE

Shane

Combinamos de nos encontrar no lobby do Rockefeller

Center às sete e meia, um pouco mais tarde do que o resto dos
convidados para o jantar e a dança. Os elevadores ficam lotados
todo o tempo, levando turistas para as plataformas de observação
no alto da cidade e para o lounge do Rainbow Room e para o
restaurante no sexagésimo quinto andar. Esta noite, porém, tanto o
lounge quanto o restaurante estão alugados para o evento privado e
o lobby está extraordinariamente deserto.

Eu chego cedo, a maldição herdada da tia Tansy, que insistia

que antes era no horário e no horário era estar atrasado, para
encontrar Jake já esperando por mim.

Droga. O homem é bom, sexy e obsessivamente pontual.

Tomara que meu coração ainda esteja batendo.

Meu dragão se inclina contra a parede em um casaco preto

que abraça seus ombros largos. A luz da lâmpada acaricia os ângulos
elegantes de seu rosto, fazendo-o parecer um pouco perigoso, como
um chefe do crime nos anos 20, ou o detetive que prende bandidos
tomando decisões arriscadas acima da lei. Ele está impressionante,
tão lindo que literalmente me tira o fôlego.

Assim que entro pela porta, minha boca abre e fecha, os

pulmões protestam por oxigênio, os cinco alarmes do deus do sexo
ardendo em brasa para mim a alguns metros de distância.

Jake parece gostar do que vê também. Ou gostar da ideia de

rasgar meu vestido de cocktail prateado brilhante do meu corpo
com os dentes e ter-me para o jantar, esqueça a lagosta e bife que
esperam por nós no 65º andar. E eu também gosto dessa ideia, tanto
que eu tenho que morder o lábio inferior para não dizer algo
completamente inapropriado, como... vamos esquecer essa festa e
ter momentos sensuais e loucos na chapelaria.

Mas, quando nossos olhos se encontram, mil pensamentos

sujos passam pela minha mente, cada um mais provocador do que o
anterior. Estou tão profundamente na zona de luxúria que eu
tropeço em meus próprios pés e tropeço mais alguns passos em
direção aos elevadores.

Felizmente, a quase queda devolve o ar a meus pulmões,

enviando oxigênio para o meu cérebro sobrecarregado de
hormônios. No momento em que os dedos de Jake fecham em
torno de meu braço, me segurando firme, eu estou apenas um
pouco tonta.

Seus dedos apertam suavemente. —Você está bem?

—Sim. Sim. —Eu digo, minha voz ofegante. —Tudo bem.

—Você tem certeza? Você parece nervosa.

—Eu balanço minha cabeça. —Não. Não estou nervosa.

Tudo bem.

Ele arqueia uma sobrancelha quando seus dedos deslizam

pelo meu braço em uma carícia que sinto em todos os lugares, todos
de uma vez.

Cristo, ele tem alguma ideia do que seu toque faz comigo?

—Tem certeza? —Ele pergunta. —Porque você esqueceu

todos os substantivos nessas últimas frases.

Eu dou risada. —Desculpe. A primeira aparição do homem

do ano tem a tendência de causar estragos em meu vocabulário. —
Eu digo, fazendo um esforço para formar uma frase completa
quando eu expresso minha aprovação por ele. —Você elevou o sexy
para um novo nível esta noite, meu amigo.

Seu sorriso respondendo é uma mistura de arrogante e feliz

por agradar, que é absolutamente adorável. —Estou feliz que você
aprove.

—Oh, eu aprovo. Eu realmente aprovo. —Olho para o

cabelo escuro penteado para trás, a jaqueta preta claramente feita
sob medida abraçando seus ombros largos, as calças cinzas que não
deixam absolutamente nada das coxas poderosas de Jake Falcone e
de seu traseiro impressionante para a imaginação.

Mas isso é ótimo para mim.

Nenhuma proeza da imaginação poderia superar a majestade

da vida real do bumbum musculoso deste homem. Alguém deveria
fazer um molde de sua bunda e exibi-lo no MET, o título seria "O
melhor glúteo do mundo" e preservar essa maravilha para a posteridade.

—Você gostaria que eu me virasse? —Ele sorri quando ele

me pega inclinando-me para dar mais uma olhada.

Minhas bochechas ficam quentes quando eu balanço a

cabeça. —Não, tudo bem. Eu vou ter tempo de sobra para cobiçá-lo
mais tarde, depois que você tomar algumas taças de champanhe e
não estiver prestando atenção.

Seu braço circunda minha cintura, me puxando para perto até

que o calor de seu corpo passa através de minhas roupas, aquecendo
todos os lugares que ficaram gelados pelo ar condicionado do táxi
no caminho. —Você não tem que esperar. Eu gosto de sentir seu
olhar em mim. Faz eu me sentir confiante.

Eu bufo enquanto reviro meus olhos, tentando fingir que o

meu coração não está batendo entre as minhas pernas e todos os
meus pensamentos não estão embarcando no trem de mão única
para a „cidade vamos nessa‟. —Porque você tem pooouca confiança.

—Eu tenho meus momentos. Como qualquer pessoa. —Seu

braço aperta em torno de mim. —Mas, falando sério, você está
pronta para isso?

—Estou pronta para isso? —Eu ecoo, meus pensamentos

saindo dos trilhos novamente quando o sinto duro contra meu
quadril, a evidência de quanto o dragão gosta do que estou fazendo.

Jesus, o homem é impressionante, e está ficando cada vez

mais difícil não ser fácil, trocadilho intencional. Mas eu ainda me
lembro como é ter sexo selvagem após mais de um ano de celibato?
Pelo que sei, minha vagina pode estar cheia de teias de aranha ou
aranhas reais.

Quer dizer, além de Shrek, o vibrador verde mágico, e alguns

absorventes internos, tem sido uma cidade fantasma lá em baixo.
Nada sensível fez uma missão exploratória há algum tempo.

E se Jake descobre que uma colônia inteira de ratos-toupeira

pelados se estabeleceu na minha vagina? Ou algo mais bruto do que
ratos-toupeira? Embora eu tenha dificuldade em pensar em algo
mais bruto que ratos-toupeira agora. Eles são tão assustadores e sem
pelos e tem aquelas garras que...

—Shane? —Jake me dá uma sacudida suave.

—O quê? —Eu engulo, franzindo a testa. —Você disse algo?

—Eu perguntei se você acha que devemos subir antes que

seja tarde demais? —Ele pergunta, lançando um olhar aguçado para
o casal bem vestido passando por nós em direção ao elevador. —
Tudo bem se você mudou de ideia.
 —Não, eu não mudei de ideia. —Eu aperto seus braços
através de seu casaco, desejando-me puxá-lo mais perto e dar-lhe a
garantia de que ele precisa claramente. —Estou pronta para isso.
Estamos prontos para isso. Sério, não se preocupe. Assim que
chegar lá em cima, eu vou ser a namorada perfeita. Eu só... me
distrai por um segundo.

Enquanto eu estava pensando em fazer sexo selvagem, louco e

irresponsável com você. Acrescento silenciosamente porque a confissão,
mesmo silenciosa, é boa para a alma.

—Você já é perfeita. —Ele diz. —Seja você mesma.

—Droga. —Eu suspiro, derretendo novamente. —Estou

começando a ver porque você tem tanta sorte com as mulheres,
Falcone.

É isso mesmo, Shane, a voz com menos tesão dentro da minha

cabeça, lembra quantas mulheres ele teve em sua cama antes de
você.

Não importa o quão charmoso ele é, a realidade é que Jake Falcone é

um mulherengo incondicional, e a última mulher que ele se interessou está
completamente desequilibrada. Homens que dormem com pessoas desequilibradas
não são bons primeiros amantes após um longo período de seca, para não
mencionar que ele é seu cliente.

Cliente, Shane. Isto é um negócio. Um negócio!

Eu respiro fundo e estou prestes a encontrar o meu equilíbrio

quando Jake segura minha bochecha em sua mão grande, quente e
meu sangue começa a correr rapidamente de novo.

—Eu não quero falar sobre outras mulheres. —Ele diz, o

humor desaparecendo de sua voz. —Eu não quero falar sobre elas
ou pensar sobre elas. Quero estar aqui, com você, a única mulher
nos meus pensamentos. E eu com certeza gostaria que eu fosse o
único homem nos seus.

—Você é. —Eu tremo quando seus polegares passam por

meu lábio inferior. —Posso dizer com segurança que não há um
pensamento na minha cabeça agora que não seja sobre você.

Seus olhos escurecem. —Bom. Vamos mantê-lo assim.

E então ele me beija, e eu pego fogo do jeito que eu sempre

faço. Sua língua exige entrada por minha boca, e eu derreto em seu
calor, sua fome, na magia de suas mãos me puxando para mais perto
e a eletricidade turvando minha mente é despejada direto em minha
corrente sanguínea.

Droga, este homem sabe beijar.

Ele me beija até que eu estou bamba, sem fôlego, e aranhas e

ratos-toupeira são as coisas mais distantes dos meus pensamentos.
Eu não preciso me preocupar com nada disso. Porque Jake Falcone
é claramente um homem que pode lidar com qualquer coisa que
fique em seu caminho.

—Deus, você me deixa louco. —Ele diz quando se afasta,

sua mandíbula apertada e suas mãos emaranhadas no meu cabelo.
—Absolutamente louco. Pelo resto da noite, você é minha, princesa.
Nada está fora dos limites enquanto fizermos as pessoas acreditarem
no conto de fadas. Você está dentro?

—Estou dentro. —Eu me inclino para ele, o corpo

cantarolando quando eu desisto da luta para me manter racional. —
Sim. E sim de novo.

—Sim, o quê? —Sua mão cai para meu quadril.

—Sim, para o conto de fadas. Sim, para fazer as pessoas

acreditarem.

—E sim para ser minha. —Sua palma sobe por meu corpo,
os dedos moldando minhas costelas, fazendo meus mamilos
doerem. —Isso é o que eu quero ouvir, princesa. Que você é minha.

—Eu sou sua. —Eu digo, a pouca força para me manter em

pé que restou no meu corpo tornando-se mingau de luxúria. Eu
nunca fui um fã do clichê, macho alfa reivindicando sua mulher, mas
eu virei uma fã agora. Uma grande. Uma tão grande que eu não
lutaria se Jake levantasse minha saia e me fodesse por trás dali até o
Rainbow Room, só para provar o quão completamente eu pertenço
a ele.

Deus me ajude, mas o pensamento é o suficiente para deixar

minha calcinha ainda mais molhada.

—Boa menina. —Seus dentes mordem seu lábio inferior

quando ele fala. —Embora, eu poderia ouvir isso mais algumas
vezes enquanto subimos.

—E eu poderia aguentar você não morder seu lábio mais. —

Eu digo, permitindo que ele me leve para o elevador.

—Por que isso? —Ele olha por cima do ombro, ainda com
olhar intenso.

—Porque isso me faz querer mordê-lo. —Eu confesso. —E

talvez morder algumas outras partes suas enquanto estou nisso.

—Eu vou querer uma lista completa das partes para

aprovação posterior, mas a partir de agora morder está aprovado. —
Ele sorri, um sorriso perverso, sem vergonha, que me faz rir ao
mesmo tempo em que contribui para uma ruína maior da minha
calcinha.

—Dragão mau. —Murmuro quando o apito do elevador soa.

—Muito mau.

Ele pisca. —Eu nem sequer comecei ainda, princesa. —Ele

pega a minha mão e me puxa para dentro do elevador vazio.
Segundos depois, estamos subindo, o elevador em movimento quase
tão rápido quanto o sangue correndo em minhas veias.
 CAPÍTULO VINTE

Jake

Eu deveria focar em aproveitar ao máximo essa

oportunidade, a GQ tem um grande público, e a assessoria de
imprensa dos Rangers vai ampliar o alcance da matéria,
aproveitando ao máximo a divulgação.

Hoje à noite estou começando algo que tanto pode ser muito
bom como muito ruim para a minha carreira e meu futuro. Este
perfil pode significar a diferença entre as acusações não ditas de Keri
continuarem a pairar sobre minha cabeça como uma nuvem de
tempestade cuspindo raios, ou uma história mais leve, amigável aos
fãs, sendo vinculada ao meu nome.

Em um mundo ideal, eu teria sido capaz de manter minha

vida pessoal privada, do jeito que eu gosto, mas o ideal saiu pela
janela quando as coisas com Keri foram de ruins para agressão com
arma mortal. E agora a minha reputação e a capacidade da minha
família manter a cabeça erguida em minha cidade natal estão na
balança.

Qualquer idiota com o cérebro de um rato de metrô estaria

traçando cuidadosamente seu próximo movimento, consciente de
quão fácil seria estragar tudo. Shane e eu só nos conhecemos há
alguns dias, e não importa o quão quente seja a química entre nós,
ou o quanto cuidadosamente nós planejamos nossa história de
fundo, há uma chance de um de nós sucumbir sob pressão.

Mas eu estou com dificuldade para me concentrar em

qualquer coisa exceto a mulher ao meu lado, a mulher com o braço
em volta da minha cintura, o peito suave contra meu peito e seu
cabelo loiro sedoso escorregando pelos meus dedos enquanto a guio
para outro beijo. Sua boca é meu crack, e seu sabor em meus lábios
é suficiente para me manter em um estado de excitação constante,
meu pau insistindo em permanecer semirrígido para que possa
entrar em ação no segundo em que Shane der o sinal de que ela quer
mais do que fingir.

Que ela me quer dentro dela, fazendo-a gozar, mostrando-lhe

quão devotado eu serei para dar-lhe prazer.

Calma rapaz, eu me lembro. Estas calças não vão perdoar se

semirrígido tornar-se algo mais. Embora, no ritmo que está indo, é
só uma questão de tempo antes que eu me envergonhe.

Nós estamos na festa há vinte minutos e eu já beijei Shane

cinco vezes. A tentação de aproveitar ao máximo esta noite de
fantasia sem barreiras está sendo demais para mim. Eu sou um
homem que passou toda a sua vida no controle, recusando-me a ser
minimamente parecido com o velho que fez o seu melhor para
foder a minha vida antes que ele sequer percebesse, e agora eu estou
jogando toda a minha disciplina fora por uma bela mulher.

Mas ela é muito mais do que bonita. Shane é inteligente,

doce, engraçada, um pouco errada exatamente da maneira correta, e
tão sexy que eu estou começando a odiar minhas malditas calças.
Porque não escolhi algo mais solto e me poupei do sofrimento?
Embora eu tenha que admitir que ver Shane corar quando ela olhou
minha bunda quase fez valer a pena.

—Prepare-se. —Ela sussurra contra a minha boca, o gosto de

Shane e mojito se misturando em seus lábios. —Denise está a
caminho atravessando a pista de dança.

—Isso significa que eu tenho que parar de beijar você?

Ela sorri. —Só por pouco tempo. Então, podemos voltar a

ser aquele casal que deixa todo mundo desconfortável e ciumento.

—Parece bom. —Eu digo, e é verdade.

Até agora eu estou gostando dessa intervenção mais do que

eu jamais imaginei que gostaria. E se for do jeito que estou
planejando, tanto Shane quanto eu vamos gostar muito mais antes
do fim da noite. Esta noite é a noite. Eu não vou para casa sem
deixar que Shane saiba que minhas intenções com ela são cem por
cento reais.

—Aí está você! —A exclamação infantil é seguida pelo som

de mãos batendo palmas rapidamente. —Oh meu Deus, vocês dois
são a coisa mais adorável, sexy e fabulosa que eu já vi! Eu não
aguento isso!

Eu me viro para ver uma morena que parece ter uns trinta e
poucos anos, seus traços elegantes, maquiagem de bom gosto, e um
vestido azul glamouroso em desacordo com sua voz infantil e
entusiasmo exagerado.

—Sou Denise! É tão bom conhecê-lo, Sr. Falcone. —Ela

estende a mão. —Eu sou uma grande, grande fã.

—Chame-me de Jake, por favor. —Eu pego sua mão e dou

um aperto suave. —É muito bom conhecê-la também. Estou muito
feliz de estar aqui.

—Oh, eu também! —Ela bate novamente. —Nós vamos nos

divertir muito com isso, eu prometo. Isso será completamente
indolor e incrível. Agora venha aqui, Shane, e me dê um abraço,
você está linda.

Shane se aproxima da outra mulher com uma risada. —

Como você está, Dee? Você está bonita. Amo, amo, amo seu
vestido.
 —Obrigada, obrigada. Eu estou tão feliz por finalmente ter
uma desculpa para tirá-lo do armário. —Denise abraça Shane antes
de se afastar com uma risadinha. —Vocês têm que me perdoar se eu
estou um pouco tonta. Eu já tomei duas taças de champanhe. Estou
tentando conseguir coragem para chamar Jorge para dançar. Eu
tenho uma queda eterna por ele, e com todo o romance no ar
ultimamente, eu percebi que eu deveria ser mulher o suficiente e
atacá-lo.

Shane sorri. —Esse é o espírito. E não há nada a perdoar.

Jake e eu gostamos de pessoas tontas, não é mesmo, querido?

—Absolutamente. —Eu envolvo um braço ao redor de sua

cintura, não gostando de estar separado dela, mesmo que por alguns
momentos. —Inferno, eu estou um pouco tonto.

Denise une as mãos com um suspiro feliz. —Oh, eu posso

dizer. Eu estava observando vocês dois do outro lado do salão, e
você brilha. Vocês ficam radiantes juntos. As fotos ficarão
fenomenais. Eu não posso esperar para ver o figurino e achar uma
locação fabulosa. Talvez os Cloisters,25 se o tempo estiver bom.

—Figurino? —Eu jogo a Shane um olhar de canto de olho.

—Mas não esta noite. —Denise se apressa para assegurar-me

antes que Shane possa responder. —O que vocês dois estão
vestindo esta noite está perfeito para algumas fotos para provocar
movimentação no blog. Vamos guardar a maquiagem, figurino e as
coisas glamourosas para a nossa próxima reunião. Vou ter definido
minha ideias até lá e ser capaz de dizer ao diretor artístico
exatamente o que estou procurando. Parece bom?

—Parece ótimo. —Eu minto, perguntando se me meti em

algo maior do que eu esperava.

25
Os Cloisters são um ramo do Metropolitan Museum of Art dedicado à arte e arquitetura da
Europa na Idade Média. Os Cloisters estão localizados em Nova York.
 Shane não disse nada sobre uma sessão de fotos. Eu
raramente digo sim para entrevistas, e muito menos para me vestir e
posar na frente de uma câmera. A última vez que eu concordei fazer
algo assim foi para a fundação Easter Seals, e acabei sendo
convencido a usar um par de orelhas de coelho e tirar fotos com as
crianças. A equipe me chamou de Thumper26 pelo resto da
temporada.

—Hum, sim, soa muito bem. —Shane diz em um tom menos

entusiasmado.

Denise ri. —Não se preocupe! Eu sei que você odeia tirar

fotos, por algum motivo insano. —Dee se vira para mim, colocando
a mão no meu braço. —Quero dizer, se eu parecesse com ela, tudo
o que eu iria querer seria tirar fotos, certo?

Ela se vira para Shane com um som de censura. —Mas eu sei

que você é tímida, então eu tenho meu melhor cara reservado para a
sessão de fotos. Ele vai deixar ambos relaxados e tirar fotos
incríveis. Vai ser doce e indolor, e você vai sair com algo lindo para
pendurar em seu apartamento. Hoje à noite vamos fazer algo mais
simples, vamos deixar os arranjos e questões maiores para a próxima
reunião, quando teremos mais privacidade. —Ela acena ambas as
mãos. —Venha se juntar a mim na minha cabine. Eu separei um
espaço em que podemos ouvir nossos pensamentos.

—Mostre o caminho. —Shane aperta minha mão quando

Denise se volta para a pista de dança e se dirige para a longa sala de
paredes de vidro do outro lado. —Desculpe. —Ela acrescenta
baixinho. —Ela não disse nada sobre uma sessão de fotos antes. Foi
combinado ter dois encontros, um aqui e outro depois, para algo
como um lanche.

—Está tudo bem. —Eu digo, parecendo que eu me

26
Thumper: Thumper é um personagem de coelho fictício dos filmes animados da Disney Bambi
acostumei com a ideia. —Ela está certa, você não deveria ficar
tímida na frente da câmera.

—Eu não fico. Não me importo de tirar fotos com amigos e

coisas assim. É apenas posar, flashes e outras coisas assim que me
deixam constrangida.

—Então nós pediremos para cancelar a sessão. Eu não quero

que você fique desconfortável.

—De jeito nenhum. —Ela diz, com um aceno de cabeça. —

Eu vou fazer isso. Nós vamos fazer, e será ótimo. Sem problemas.
São apenas fotos.

Eu aperto a mão dela. —Obrigado princesa.

Ela sorri para mim quando chegamos à cabine. —O prazer é

meu, dragão.

—Oh meu Deus, sim! —A mandíbula de Denise cai à

medida que ela entra na cabine acolchoada. —É isso aí! A princesa e
o dragão! A realeza de Nova York e o homem mais feroz no gelo.
Esse é o meu tema! —Ela manda beijos do outro lado da mesa. —
Deus abençoe a ambos. Até agora você é o perfil mais fácil que já
fiz.

—Feliz em ajudar. —Shane entra na cabine antes de mim. —

E há uma garrafa de champanhe com seu nome nela, se você fizer
Jake vestir-se com uma roupa de dragão para a sessão de fotos.

Eu relaxo ao lado dela com um sorriso, colocando meu braço

em volta dos seus ombros. —Eu visto um figurino de dragão, mas
só se você vestir-se como uma princesa guerreira. Nada dessas
coisas rosa.

—Por que isso? —Shane inclina a cabeça, um sorriso

satisfeito provocando seus lábios, que me faz querer acertar essa
resposta.

—Porque você é muito durona para esperar por alguém para

te salvar. —Eu pego uma mecha de cabelo dela, envolvendo-a em
torno de meus dedos. —E porque eu acho que você ficaria
inacreditável em um sutiã de couro e segurando uma espada.

Ela cantarola pensativa, mas seus olhos estão dançando.

—Apenas um sutiã e uma espada? Nada mais?

—Ou apenas a espada. —Eu digo, sorrindo. —Mas só se

estivéssemos sozinhos. —Meu sorriso desaparece com o
pensamento de qualquer outra pessoa ver Shane usando com um
biquíni de couro. —Então, pensando bem, eu vou ser um dragão e
você pode ser uma princesa que vive em algum lugar muito frio e
gosta de colocar em seu casaco de inverno antes de sair.

—Então, você não gostaria de exibi-la? —Denise pergunta,

um tom mais sério em sua voz, que deixa claro que a entrevista
começou.

—Hum... não realmente. —Eu fico um pouco nervoso, pela

primeira vez desde que cheguei à festa. Por baixo da mesa, Shane
aperta minha perna em um sinal silencioso de apoio. Eu olho para
ela, sentindo-me melhor assim que eu olho em seus olhos. —A
mulher que eu estou namorando é uma pessoa, não um símbolo de
status.

—Mas você já namorou tantas mulheres que poderiam ser

consideradas apenas isso. —Denise diz, provando que há uma
verdadeira repórter debaixo de seu exterior agitado. —Se você não
as vê como símbolo de status, então por que não sair com mulheres
bonitas desconhecidas de Nova York? Por que ir atrás atrizes e
modelos e astros da música country?

—Eu não discuto meus relacionamentos passados. —Eu

digo em um tom uniforme. —Mas eu diria que a maioria das
mulheres que eu namorei têm carreiras muito públicas, como a
minha. Elas entendem o que é estar no centro das atenções. Eu
nunca tive que me preocupar que eu as estivesse expondo a um
escrutínio que não teriam experimentado em suas vidas cotidianas.
Como uma pessoa reservada, isso é algo que me preocupa quando
se trata das mulheres com quem estou envolvido.

—Interessante. —Denise ace. —Então é por isso que você se

manteve tão quieto sobre Shane até agora, e com a senhorita Warner
antes de você e Shane estarem envolvidos?

—Denise. —Shane diz, com um tom de censura na voz. —

Você disse que não perguntaria sobre isso.

Denise pisca inocentemente. —Será que eu disse? Oh

homem, eu não acho que eu disse isso. Eu não vou vender cópias
espalhando rumores, mas eu estou interessada em fatos. —Ela vira
seus olhos castanhos afiados na minha direção. —Mas, se Jake não
está confortável falando sobre essa parte de seu passado, podemos
seguir em frente.

—Eu estou bem com isso. —Eu forço um sorriso apertado.

—Sim, eu faço um esforço para manter as coisas calmas quando eu
estou namorando alguém que não seja pública. Se as coisas acabam,
eu não quero que ela seja perseguida por repórteres ou paparazzi, a
menos que ela queira isso. Isso deve ser sua escolha, não uma
chateação com que ela tem de lidar, porque jantamos algumas vezes.

—E ainda assim, aqui está você. —Denise sorri enquanto se

inclina, apoiando o queixo em cima de seu punho. —Concordando
em ser entrevistado para um artigo de revista com uma mulher que
fez a sua missão na vida manter sua vida particular privada e que
foge para as montanhas a cada vez que o Page Six envia um
fotógrafo para cobrir um de seus eventos. O que há com isso, com
vocês dois?
 —Você sabe exatamente o que está acontecendo. —Shane
corta antes que eu possa responder, seu tom de voz doce, mas
firme. —Nenhum de nós está nisso por nada específico, mas vou
dizer que eu vou fazer o que for preciso para proteger uma pessoa
inocente, especialmente quando essa pessoa é o homem que eu amo.
 CAPÍTULO VINTE E UM

Jake

Meu peito fica apertado e meu braço flexiona em volta dos

ombros de Shane. Ela olha para mim, e a faísca elétrica de
reconhecimento passa entre nós novamente.

De certa forma, eu mal conheço essa mulher, mas em outros

momentos parece que ela é uma velha amiga.

Ela é tão... real. Shane é cem por cento Shane. A partir do

momento em que nos conhecemos, ela se entregou sem reservas e
exigiu o mesmo de mim. Assim, mesmo que metade das coisas que
dissemos esta noite sejam mentiras, quando eu olho em seus olhos,
sinto que sei exatamente onde eu estou.

Estou com uma amiga, alguém em quem eu posso confiar,

não porque eu estou pagando para ser minha namorada falsa, mas
porque ela escolheu ficar ao meu lado.

—Obrigado. —Eu digo baixinho, esperando que ela saiba

que eu quero dizer por tudo isso.

Por ela.

—O prazer é meu. —Ela segura meu olhar, até parecer que

não tem mais ninguém na sala. —Por você vale a pena sair da minha
zona de conforto.

—E quanto a você, Jake? —Denise pergunta, sua voz

distante, fora do círculo que Shane e eu criamos. —Como você sai
da sua zona de conforto para a mulher que você ama?

—Eu estou fora da minha zona de conforto desde o dia em

que conheci Shane. —Eu digo, ainda focado em seus lindos olhos
azuis. —Olhei para ela e esqueci que eu era um bastardo cínico e
protegido, que fez de sua missão na vida não confiar em ninguém.

Shane sorri, e a escuridão em torno da cabine se desvanece

com o seu sorriso. —Não exagere Falcone. —Ela diz, com a voz
rouca. —Se bem me lembro, foram mais como dez ou quinze
minutos. Eu tive que gritar um pouco com você primeiro, para que
se comportasse bem.

Isso não faz parte da história que nós combinamos mais

cedo, mas eu não me importo. Isto é ainda melhor. Porque esta é a
história real, e com Shane estou equilibrando entre fingir e falar a
verdade a cada maldito momento.

—Você está certa. —Eu a abraço mais apertado. —Você

teve que gritar comigo um pouco primeiro, mas eu merecia.
Obrigado por suportar a minha rabugice.

—É o meu prazer, meu bem. —Ela diz, com os olhos

brilhando. —Meu prazer puro e completo. Eu não sou tão feliz há
muito tempo.

E nesse momento, com esta mulher incrível olhando para

mim como se eu realmente a merecesse, eu esqueço Denise. Eu
esqueço como Shane e eu nos conhecemos, os obstáculos no nosso
caminho e a ex-namorada fazendo o seu melhor para destruir as
minhas chances com qualquer outra mulher.

Eu esqueço tudo, exceto o calor nos olhos de Shane e o

desejo de fazer tudo para manter esse sorriso em seu rosto.

Mas então Denise bate palmas novamente e a neblina se

dissipa, trazendo-me de volta à realidade antes de eu fazer algo
louco como perguntar a Shane se ela quer morar comigo, ou fugir
para uma ilha deserta por um mês e não fazer nada, exceto ter um
ao outro o dia inteiro.

Eu não vou apressar isso ou fazer qualquer coisa para

assustá-la. Se ela me diz que não está pronta para mais do que
amizade, eu vou esperar. Vou esperar o tempo que for preciso,
porque por ela vale a pena esperar, não importa o quanto eu estou
morrendo de vontade de fazer amor com ela esta noite e acordar
com seus cabelos de ouro no travesseiro ao lado do meu amanhã de
manhã.

—Bem, considerem-me convencida, queridos. —Denise

levanta a mão para um garçom que está passando e pega uma taça
de champanhe da bandeja que ele abaixa na frente dela. —Eu sou
uma fã. Uma grande fã. Estou torcendo muito por vocês. Então
digam tudo sobre como se conheceram, o que vocês mais amam um
no outro, quais são algumas das suas esperanças e sonhos para o
futuro?

Shane lança uma história ligeiramente modificada de “O dia

em que nos conhecemos” e a partir daí a conversa flui facilmente, o
nosso trabalho de preparação esta tarde dando-nos muitas coisas
para falar. Estamos apenas no meio de nosso arsenal de histórias de
um belo casal quando Denise termina sua quarta taça de champanhe
e anuncia nossa primeira entrevista como um sucesso estrondoso.

—Agora, se vocês não se importam de dar uma volta na pista

de dança, eu vou pedir a Nelson para tirar algumas fotos para o blog
e podemos ir. —Denise levanta-se e alisa o vestido saindo da cabine.
—E então você está livre para curtir a festa, comer alguma coisa,
dançar, o que queira fazer. Contanto que vocês não saiam antes de
cortar o bolo em forma de guitarra. Ele tem um recheio de limão
que é absolutamente celestial. —Seus olhos se levantam para o teto
enquanto ela traz as palmas das mãos juntas em posição de oração.
—Isso vale cada aula de spin que não pulei esta semana. Eu fiz a
prova na padaria enquanto Jorge estava fora da cidade na semana
passada. Tenho certeza que sons orgásticos saíram da minha boca
enquanto eu estava engolindo. Eu não pude me controlar.

Shane ri. —Eu tenho certeza que você deve ingerir alguns
carboidratos antes de ir dançar com Jorge. Quão embriagada você
está?

—Só o suficiente. —Denise pisca. —Me deseje sorte.

—Boa sorte. —Eu digo. —E obrigado novamente por nos

convidar.

—O prazer foi meu. —Denise diz, radiante. —

Verdadeiramente. Espero que ambos tenham momentos incríveis.

Eu deslizo para fora da cabine, estendendo a mão para Shane.

—Posso ter o prazer desta dança, linda?

—Absolutamente, lindo. —Seus dedos se curvam ao redor

dos meus em uma carícia sedutora que eu sinto em lugares muito
mais íntimos do que a minha mão.

—Obrigada por cuidar bem de nós, Denise. —Shane diz.

—Claro. —Denise acena com os dedos. —Prazer em

conhecê-lo, Jake. Desculpe pressioná-lo um pouco, mas, você sabe,
eu sou uma repórter. É o meu trabalho ser desagradável e invasiva.

Eu sorrio. —Não se preocupe. Foi divertido. Ansioso pela

próxima vez.

—Mentiroso. —Shane sussurra assim que estamos fora de

alcance.

—Nem um pouco. —Eu a puxo para perto com a mão

direita e ofereço-lhe a minha esquerda. —Estou tendo um ótimo
momento.

Ela repousa os dedos levemente em cima dos meus e fala

baixinho. —Você sabe, eu quase acredito que você esteja. O que
aconteceu com o Jake Falcone que nunca sorri e odeia publicidade?

—Ele conheceu uma garota. —Eu digo, levando-a em uma

valsa. Ela segue como se tivéssemos dançado juntos por anos,
confirmando a minha suspeita de que vamos dançar bem juntos.
—Uma mulher, na verdade. Uma mulher incrível, única e tão
fascinante que o faz esquecer as coisas que normalmente costuma se
preocupar.

—Então é verdade o que você disse? —Há um tom sério em

sua voz. —Eu realmente tiro você da sua zona de conforto?

—Você não tira. Você não precisa. —Eu pressiono a palma

da mão em sua cintura, amando a sensação da curva feminina.
—Eu quero estar onde você estiver, Willoughby. E não porque eu
estou pagando para você me ajudar.

Ela pisca. —Não?

—Não. —Eu insisto. —Na verdade, eu estou disposto a te

demitir bem agora e me arriscar a recuperar minha vida de volta
sozinho, se isso significar que você vai nos dar uma chance. Uma
chance real, na vida real.

Seus olhos ficam tão arregalados que quase tornam-se

cômicos, deixando claro que não era o que ela esperava que eu
dissesse. Mas antes que ela possa dizer que não deveria namorar um
cliente, ou mesmo um ex-cliente, ou ter mais argumentos para me
afastar, eu a puxo para um beijo.

Nossos lábios se encontram e meu braço aperta em volta da

sua cintura, levantando-a no ar. Eu giro com ela duas vezes, tendo
certeza que eu tirei seu fôlego antes de colocá-la de volta em pé.

—Não responda agora. —Eu digo, quando voltamos ao

nosso ritmo, passando pela banda enquanto a pista de dança gira
suavemente sob os nossos pés. —Espere até estarmos sozinhos.
Vamos ter certeza que esse cara tire algumas boas fotos primeiro.

Dessa forma, você terá algo para se lembrar dela quando ela disser que
não quer isso.

Eu afasto o pensamento. Ela ficou surpresa, e daí? Isso não

significa que a sua resposta será não. Eu ainda tenho uma chance
com ela, ou pelo menos eu preciso acreditar que eu tenho, até que
eu esteja fora desta pista de dança e longe do homem tirando fotos
enquanto eu inclino Shane no meu braço.

—Certo. Boa ideia. —O sorriso de Shane retorna, tão

deslumbrante como sempre, provando que ela está determinada que
isso seja tão perfeito como ela prometeu. Mesmo que ela planeje me
deixar assim que estivermos sozinhos.

—Onde você aprendeu a dançar? —Ela pergunta quando eu

a guio perto de um casal mais velho que está dançando no ritmo
mais lento. —Minha namorada da faculdade era uma boa dançarina.
Ela me ensinou, para que eu pudesse ser seu parceiro nas aulas de
dança de salão.

—Você é bom. —Seus dedos apertam em torno da minha

mão. —Muito bom. Eu fiz três anos de aulas e você me faz sentir
como uma desajeitada em comparação.

—Você não é uma desajeitada. —Eu digo, guiando-a para

mais perto. —Eu amo o jeito que você se move.

—Sim? —Ela morde o lábio, trazendo à mente uma lista das

partes de seu corpo que espero morder mais tarde.

—Sim. —Eu digo meu olhar fixo em sua boca sexy. —Eu
poderia ver você andar pela sala durante todo o dia. Apenas a
maneira que seus quadris se movem sob sua roupa me deixa louco.
 —Louco de verdade. —Ela diz suavemente.

—Louco de verdade. —Eu confirmo. —Tão louco que

quando estávamos subindo naquele elevador, eu gostaria de apertar
o botão de emergência.

Seus cílios batem, o calor cintilando em seus olhos. —E o

que você teria feito depois que de apertar o botão, dragão?

—Eu teria te beijado, princesa. —Eu não me preocupei em

esconder a fome na minha voz. —Eu teria a empurrado contra a
parede e beijado cada parte sua que não está coberta por esse
vestido sexy. E então eu teria ido para as partes cobertas, só para ver
até onde você iria me deixar ir antes de você me dizer para parar.

—E se eu não dissesse para parar? —Sua língua passa pelos

lábios e meu pau fica duro em minhas calças, perdendo a batalha
contra o que esta mulher faz comigo.

—Então eu acho que a nossa primeira vez teria sido em um

elevador. —Eu a puxo para mais perto, minha mandíbula apertando
enquanto a barriga dela pressiona contra onde estou com força
suficiente para matar dragões com meu pau.

—Meu Deus. —Ela murmura, sua respiração saindo com

este pequeno gemido sexy que destrói a última gota do meu
autocontrole.

—Eu teria você contra a parede. —Eu digo, falando baixo

para que as minhas palavras sejam para ela e ninguém mais. —Mas,
primeiro, eu teria feito você gozar, princesa. Em meus dedos, minha
boca, minha língua. Eu tenho sonhado em foder você com a minha
língua desde que saí de seu apartamento naquela primeira tarde.

—Eu também. —Ela sussurra, chegando mais perto. —Mas

você tem que parar.
 —Não, eu não teria parado. —Eu prometo, deliberadamente
não entendendo o que ela quer dizer, porque eu preciso fazer aquele
rubor em suas bochechas espalhar-se por todo o seu corpo. —Eu
não teria parado até que você estivesse completamente incapaz,
Willoughby. Até que você gozasse tão forte que seus joelhos
estariam fracos e eu teria que carregá-la para fora do elevador.

—Jake, eu...

—Mas eu não teria levado você para a festa. —Eu prossigo.

—Eu teria apertado o botão para o piso térreo, chamado um táxi e
dito ao motorista para quebrar todas as leis de trânsito necessárias
para nos levar para o meu apartamento em cinco minutos. Porque
eu não teria sido capaz de esperar mais de cinco minutos para ter
você, para estar dentro de você.

Ela estremece enquanto sua testa descansa no meu ombro.

—Isto é tão errado. Tão errado.

—Não, não é. —Eu insisto. —É a coisa mais certa que eu

senti em muito tempo. E contanto que você me queira também, eu
não...

—Oh, eu quero. —Suas palavras me fazendo sentir um alívio

enorme. —Eu quero você, Jake. Eu quero tanto que eu mal consigo
pensar em mais nada.

—E eu quero você. Eu quero desesperadamente estar dentro

de você, princesa. —Eu sussurro, minhas bolas doendo
terrivelmente entre as minhas pernas. —Eu quero sentir você gozar
em mim. Eu quero você nua e molhada e...

—Danem-se as fotos. —Sua respiração sai rápida enquanto

ela pega a minha camisa e me puxa para um recuo na beira da pista
de dança, os olhos famintos e selvagens. —Eu preciso ficar sozinha
com você, Falcone. Agora.
 E isso é tudo o que eu preciso ouvir.

Sem outra palavra, eu envolvo meu braço em sua cintura e

nos direciono para o salão de coquetéis. Espero encontrar um
banheiro privado ou um depósito de suprimentos, não as escolhas
mais elegantes, mas qualquer sala com uma porta servirá agora.
Apenas algo para esconder Shane e eu de todos os outros, para que
ninguém mais possa ver seu rosto quando eu colocar meus dedos
entre suas pernas.

Deus, estou morrendo. Eu preciso tocá-la, senti-la molhada e

quente e gozando em alguma parte de mim, qualquer parte minha,
antes que eu fique louco.

—Fora. —Shane sussurra, apontando para um canto escuro

da sala.

Lá, atrás de um limitador de área com corda de veludo preta

há uma porta levando para uma varanda escura. Um aviso de
“Fechado” está sobre o vidro, mas não há ninguém por perto para
fiscalizar, e ninguém estará do lado de fora para ver ou ouvir quando
eu empurrar o vestido de Shane em volta de sua cintura e começar a
trabalhar, fazendo-a gozar tão forte que ela vai esquecer qualquer
outro homem que já teve sua boca sobre ela.

Eu preciso disso, preciso dela, tanto que eu nem paro pra

questionar o que acontecerá se formos pegos quebrando as regras.
Eu empurro a porta e saio para a noite fria, movendo-me no
entorno deserto do bar coberto com marquises de lona preta com o
logotipo do Rainbow Room nas laterais. Eu continuo caminhando,
até Shane e eu estarmos escondidos em um canto da parede de
tijolos que fornece abrigo dos olhos curiosos de dentro e da brisa
chicoteando o ar acima da cidade, e então eu a beijo.

É um beijo sem reservas, um beijo que faz exigências que não

tenho o direito de fazer. Mas também faz promessas. Promete dar-
lhe todo o prazer que ela pode lidar, se ela só me deixar entrar.

Deixar-me entrar em sua vida, seu coração e no corpo

impressionantemente quente sob as minhas mãos.
 CAPÍTULO VINTE E DOIS

Shane

Oh meu Deus, sim.

Sim, Sim, Sim!

Eu deveria dizer não. Eu deveria estar pisando nos freios e

insistindo em, pelo menos, estabelecer algumas regras básicas antes
de violar em uma centena de formas quentes e pesadas, o contrato
que ambos assinamos, mas meus pensamentos são apenas sim.

Tudo sim e mil vezes sim e oh meu Deus ele finalmente está
me tocando em todos os lugares que eu tenho morrido para ele
tocar, e parece que eu poderia morrer de felicidade, mas inferno...
que maneira de morrer.

—Você é tão bonita. —Ele murmura enquanto abaixa as

alças do meu vestido pelos meus ombros e meus seios surgem livres.
—Eu não posso esperar para te provar.

Ele cobre meus seios com suas mãos e passa seus polegares
calejados sobre meus mamilos, enviando uma corrente elétrica de
necessidade diretamente entre as minhas pernas.

Eu arqueio em seu toque, gemendo enquanto ele se inclina

para baixo e puxa um mamilo em sua boca, o lambe e o chupa
enquanto rola o outro entre os dedos.

Minha cabeça gira quando meus dedos entrelaçam em seu

cabelo espesso, incapaz de fazer qualquer coisa, exceto segurar
firme.

—Tão doce. —Sua boca se move de um seio para o outro,

sua língua passando rapidamente através de meu mamilo ainda a ser
beijado, me fazendo ofegar. —Tão doce que eu quero fazer mais do
que provar você. Ele olha para cima, sustentando meu olhar quando
ele pergunta. —Posso te morder aqui, princesa?

Eu choramingo algo ininteligível, mas consigo balançar

minha cabeça assentindo. Um momento depois os lábios de Jake se
abrem e seus dentes prendem meu mamilo fortemente, e eu sinto o
formigamento e meus mamilos pressionados entre eles. As mordidas
vêm em ondas, com os pulsos de sua mandíbula, suave no início e
depois mais forte, mais duro, até doer, mas isso não acontece,
porque é muito bom. É incrivelmente bom.

Seus dentes roçam na minha pele sensível, e eu grito, um som

que é pura fome desesperada e alto pra caralho. E por um segundo
o feitiço é quebrado, quando sinto o constrangimento surgir em
mim.

Esta é apenas a segunda base, pelo amor de Deus. Eu não

deveria me perder assim, pelo menos não ainda. —Desculpe. —Eu
murmuro, meu rosto ruborizando.

—Por quê? —A respiração de Jake vem mais rápido quando

ele pressiona meus seios juntando-os, perto o suficiente para que a
língua possa trabalhar em ambos os mamilos.

—Eu falei, falei, eu... oh Deus. —Eu tremo, me derretendo

toda enquanto ele trabalha sua magia com a boca.

Sua língua. Deus, sua língua é má. E maravilhosa. Tão

maravilhosa.

—Muito alto. —Eu finalmente consigo forçar a palavra para

fora, mantendo minha voz baixa desta vez enquanto ele morde meu
peito. —Sou barulhenta. Desculpe.

—Não se atreva a pedir desculpas. —Ele diz com uma voz

áspera, seus dedos trabalhando meus mamilos enquanto suas coxas
roçam entre minhas pernas afastando-as. —Ninguém pode nos
ouvir aqui. Eu quero que você grite alto. Eu quero ouvir você se
excitando. —Ele beija meu pescoço, onde meu pulso está batendo,
falando suas palavras contra a minha pele. —E eu quero ouvir você
quando você gozar, princesa. Eu preciso. Eu preciso ouvir isso.

Antes que eu possa responder, a boca está na minha e suas

mãos estão puxando meu vestido em torno da minha cintura. E
então sua mão, grande e quente, pela qual estive meio apaixonada
desde o momento que eu as vi sobre seu colo no primeiro dia, no
jardim, deslizam pela frente da minha calcinha. Estou tão
desesperada por seu toque que eu grito de alívio quando seus dedos
deslizam onde estou inchada e molhada.

Molhada e quente. Queimando. Pegando fogo.

—Sim. —Eu choramingo, minha cabeça caindo para trás

quando Jake empurra dois dedos grossos dentro de mim,
profundamente. —Tão bom. Você é tão gostosa.

—Eu amo que você esteja tão molhada para mim, princesa.
—Ele diz, me penetrando com os dedos, levando-me mais alto a
cada impulso. —Eu amo sentir em toda minha mão o quanto você
me quer. Porra, baby, eu quero que você goze para mim. Eu não
posso esperar para sentir você gozar.

Seu polegar encontra o meu clitóris, esfregando enquanto sua

mão livre me agarra por trás do joelho e puxa minha perna para
cima e ao redor de sua cintura, dando-lhe ainda mais acesso a minha
boceta descaradamente molhada.

Ele não é suave ou cuidadoso. Ele está tomando o que quer,

levando-me, e eu amo cada minuto disso.

Ele não se parece com Wesley, meu menino de fazenda que

começou lento e suave e me encantava com uma surpresa pervertida
de vez em quando. As mãos de Jake não são cuidadosas ou
reverentes; elas são exigentes e possessivas. Estas são mãos que
sabem o que fazer com o corpo de uma mulher e não têm vergonha
de mostrar as coisas que aprenderam. Mãos que não hesitam em
deslizar um dedo escorregadio sobre o lugar apertado atrás da minha
boceta e empurrar para dentro... Eu grito novamente, mas Jake
engole o som com outro beijo, sua língua fodendo minha boca
enquanto seus dedos entram e saem da minha boceta e minha bunda
e seu polegar exige submissão do meu clitóris. Ele está em toda
parte, o gosto dele inundando minha boca, o cheiro dele nadando na
minha cabeça, enquanto ele faz coisas em mim que ninguém jamais
fez e eu não sei o que pensar.

Eu não consigo pensar. Eu só posso sentir, sentir o sangue

pulsando através do meu corpo, sentir a pressão espalhando na
minha pélvis, crescendo até que seja tão grande, tão intensa, tão
avassalador que eu, de repente, fico com medo.

É demais. Ele é demais. Eu nem entrei na piscina rasa em

mais de um ano, e agora estou no meio do oceano e há uma
tempestade escura e forte e não consigo respirar.

Eu não posso respirar, e então a voz de Jake está na minha

cabeça, como se estivesse sussurrando de dentro do meu crânio,
exigindo. —Goze princesa. Goze forte para mim. Goze agora.
Agora mesmo.

E eu gozo. Gozo, embora pareça mais como detonar,

explodir, ser rasgada pelo prazer que me atravessa, apertando meu
ventre até doer.

Dói, e é incrivelmente bom, mas dói, e meu peito fica

apertado. Tão apertado e eu tenho certeza que eu vou morrer por
quão belo e terrível tudo é, e então, de repente, o ar entra e lágrimas
escorrem.
 Um momento eu estou gozando, no seguinte, eu estou
chorando tanto que não consigo entender o que Jake diz. Eu sei que
seu toque é suave quando ele puxa minhas roupas de volta para o
lugar e beija minha bochecha. Eu sei que sua voz é suave e gentil
quando ele aperta minha mão antes de se afastar, mas não posso
entender o sentido de qualquer coisa, menos ainda das lágrimas que
continuam vindo e vindo, não importa o quanto eu tente fazê-las
parar.

Mas elas nunca param, eu vou continuar a chorar para

sempre até que não haja mais nada, exceto pele e osso, uma casca
seca de uma mulher que era tão boa em mentir para si mesma que
ela não tinha ideia que a tristeza dentro dela estava atingindo um
ponto crítico, até que a barragem rompeu e o dilúvio arruinou tudo
em seu caminho.

Arruinado. Tudo está arruinado.

O pensamento é tão verdadeiro que eu não penso sobre o

que estou fazendo. Eu simplesmente viro e corro, abrindo uma
porta do outro lado da sacada, passando correndo atrás de dois
trabalhadores confusos embalando uma caixa de recicláveis perto do
elevador de serviço, e indo direto para a escada. Eu corro por
sessenta e cinco lances de escada, sem parar até sair correndo para a
noite fria e para o primeiro táxi disposto a parar para uma mulher
que está claramente desmoronando.
 CAPÍTULO VINTE E TRÊS

A partir das mensagens de texto e outras mensagens variadas

de Shane Willoughby e Jake “Dragão” Falcone

Texto de Jake: Shane, eu liguei um segundo atrás.

Estou me preparando para ligar de novo, então, por
favor, atenda. Eu preciso ter certeza de que está tudo
bem.

Prometo não pressioná-la hoje à noite ou em

qualquer outro momento.

Basta atender, tudo bem?

Saudação do correio de voz da Shane: Olá, você ligou

para Shane Willoughby. Eu não posso atender agora.
Estou dormindo ou escolhi a liberdade de sair sem meu
celular e me aventurar no grande mundo sem nada
digital.

Você não sente falta daqueles dias? Quando não

havia mídia social ou mensagens de textos
atrapalhando seus pensamentos? Era bom, certo?
Parecia que havia mais... espaço naquela época.

Mas é bom manter contato com amigos também, e

eu definitivamente quero saber o que você tem a dizer.
Então deixe-me uma mensagem e eu vou retornar para
você assim que eu estiver pronta para ligar de volta.
Tenha um lindo dia.

Primeira mensagem de voz de Jake: Eu sei que você não

está dormindo. Você saiu do Rainbow Room apenas há
vinte minutos.

Por favor, Shane, atenda o telefone e fale comigo.

Desculpe-me se eu fui longe demais, rápido

demais, ou se fiz algo que assustou você ou se eu sou...

Merda, eu não sei, talvez eu não seja tão bom de

cama como as mulheres fizeram-me acreditar e elas
estiveram fingindo durante anos.

Eu não sei o que aconteceu.

Pensei que estávamos nos divertindo, tendo um

grande momento, e então você estava chorando e eu fui
pegar guardanapos e água e qualquer outra coisa que
eu poderia pensar para fazer você sentir-se melhor e...
você tinha ido embora.

E eu me sinto-como merda, princesa.

Uma merda completa e absoluta porque eu nunca

quis te machucar. De jeito nenhum.

Você é uma das pessoas mais agradáveis que já

conheci, e eu quis dizer o que eu disse esta noite. Eu
gosto de você. Muito. E eu quero estar com você.
Especialmente agora, quando eu tenho a sensação de
que você poderia precisar de um amigo.

Eu posso ser um amigo também, você sabe, eu...

Segunda mensagem de voz de Jake: Merda, a ligação

caiu.

Porra…

Desculpa…

Eu não sei quanto dessa última mensagem você

ouviu, mas eu estava tentando dizer que eu posso ser
um amigo, se você precisar de um. Eu posso ouvir e dar
conselhos. Ou posso manter minha boca fechada e
deixá-la falar tudo o que você precisa.

Ou, se você não quiser conversar, eu sou bom

nisso também.

Nós podemos apenas dar um passeio ou comer

alguma coisa ou assistir televisão até que nossas mentes
estejam tão dormentes que você vai esquecer porque
estava chateada.

Por favor, basta atender, Shane.

 Ou, pelo menos, mande mensagem dizendo que
você está bem. Estou preocupado com você.

Realmente preocupado.

Texto de Shane: Eu estou bem. Não se preocupe,

Dragão.

Jake: Graças a Deus. Desculpe-me, princesa. Eu

sinto muito.

Shane: Você não tem que se desculpar. Eu sim. Saí

sem dizer adeus e provavelmente arruinei tudo.

Eu não sei se alguém nos viu sair separadamente,

mas se eles viram, isso não é bom para a sua
intervenção.

Jake: Dane-se a intervenção. Eu não me importo

com a intervenção.

Shane: Bem, você deveria. Você precisa tirar Keri

da sua vida. Ela deixou um pacote para mim com o
meu porteiro esta tarde.

Jake: Merda. Você não abriu, não é?

Shane: Abri. Imaginei que antraz estava

ultrapassado para ser legal entre as stalkers 27 de hoje, e
que ela não teria colocado seu nome no envelope se ela

27
Stalker é uma palavra inglesa que significa "perseguidor". É aplicada a alguém que importuna de forma
insistente e obsessiva uma outra pessoa que, em muitos casos, é uma celebridade.
estivesse tentando me envenenar.

Jake: O que diabos havia lá?

Shane: Minha foto de quando fui presa na

faculdade e uma promessa de desenterrar todos os
segredos sujos do meu passado para provar a você que
eu não sou boa o suficiente para ser sua namorada.

Jake: Jesus. Eu sinto muito.

Eu nunca pensei que ela mudaria de alvo tão

rapidamente. Eu pensei que ela ficaria me seguindo,
não que entraria em modo de perseguição contra a
próxima pessoa que eu começasse a namorar.

Shane: Ela está desequilibrada, Jake. É muito mais

sério do que eu pensei. Eu não tenho certeza que uma
intervenção do MBC será suficiente. Você pode não ter
outra escolha a não ser ir à polícia.

Jake: Você deve ir. Agora mesmo.

Eu vou buscá-la, levá-la até a delegacia mais

próxima, e você pode dizer-lhes o que aconteceu. Isso
pode ser o suficiente para você obter uma ordem de
restrição.

Shane: Duvido. E eu não quero uma ordem de

restrição. Eu queria que você nunca tivesse saído com
esta mulher em primeiro lugar.
 Jake: Eu também.

Shane: Mas se você não tivesse se envolvido com ela,

eu poderia nunca ter te conhecido. E eu estou feliz por
conhecer você.

Jake: Está? Mesmo que eu tenha feito você chorar?

Shane: Você não me fez chorar. Não tinha nada a

ver com você.

Jake: Ai.

Este é um daqueles rompimentos "não é você, sou

eu?" Quero dizer, não que estejamos juntos, mas...

Shane: Não, não é um desses momentos.

É mais…

É difícil explicar em um texto.

É apenas... o passado, e as coisas que não posso

mudar, e as coisas que eu pensei que estavam no
passado obviamente não estão. Porque se estivessem, o
meu primeiro orgasmo não estimulado por mim em
mais de um ano não teria me feito chorar.

Jake: Mais de um ano? Uau.

Deve ter sido um rompimento ruim.

Shane: Mais como um final ruim.

 Jake: Você quer falar sobre isso? Eu poderia ir aí.
Ou poderíamos falar ao telefone se você atender.

Shane: Eu não quero falar sobre isso.

Eu não saberia o que dizer.

Eu nem tenho certeza do que estou sentindo

agora, exceto tristeza e um pouco de medo.

Jake: Por que você está com medo?

Por causa de Keri?

Ou eu?

Shane: Por minha causa.

Estou com medo de nunca mais voltar a ser

normal.

Ou normal para mim, de qualquer maneira.

Jake: Normal é chato. Eu gosto de você do jeito que

você é.

Shane: Eu gosto de você, também, Jake. Eu

realmente gosto.

Mas eu tenho um mau pressentimento que eu vou

estragar tudo antes mesmo de começar. Auto sabotagem é
algo em que eu sou realmente boa.
 As pessoas pensam que eu sou centrada, mas isso é
só porque eu sou muito boa em evitar as coisas que me
levam para fora da minha zona de conforto.

E você me leva completamente para fora da

minha zona de conforto.

Jake: Escute, eu não quero levá-la para qualquer

lugar que você não queira ir.

Podemos ir tão devagar ou tão rápido quanto você

queira.

Você pode guiar, princesa. Estou feliz em deixá-la

definir o ritmo.

Shane: Talvez eu não queira guiar.

Talvez eu goste de você ter iniciativa e não se

incomodar em me perguntar se estava tudo bem tocar
em lugares que eu nunca fui tocada por qualquer
outra pessoa.

Isso era território virgem para mim, Dragão.

Se você entende o que estou dizendo...

Jake: Ha... sim...

Fiquei me perguntando se poderia ter sido muito...

Mas eu teria parado se tivesse parecido que você

não estava gostando, ou no segundo em que você me
dissesse para parar, eu juro.

Shane: Eu sei. Eu confio em você.

E antes da parte do choro, esta noite foi incrível.

Provavelmente a noite mais sexy de toda a minha

vida.

Jake: E há mais de onde isso veio. Mas não

precisamos nos apressar.

Posso ir no ritmo que você quiser e dar-lhe espaço

quando você precisar de espaço. Eu sou flexível.

Eu só não quero que esta noite seja a última vez

que eu te toquei.

Shane: Eu também...

Desculpe-me, eu fugi.

Jake: Está tudo bem. Estou feliz que você está

falando comigo agora.

Ou... quase falando.

Eu realmente gostaria de vê-la pessoalmente, se

você estiver disposta. E como eu disse, não tem que ser
algo pesado. Nós podemos apenas ficar sentados
calmamente. Talvez começar um clube do livro ou algo
assim.
 Shane: Hmmm... Você já esteve em um clube do
livro?

Jake: Meu irmão e eu tínhamos alguns livros

impróprios de bolso, que lemos e relemos quando
estávamos no colégio, uma versão distorcida da Bela
Adormecida com muita perversão. Isso conta?

Shane: Lol. Não tenho certeza.

Em qualquer caso, eu não acho que eu estou

disposta para clube do livro hoje à noite, mas você é
bem-vindo para vir. Nós podemos fazer pipoca e assistir
a algo engraçado na televisão e não falar sobre
qualquer coisa séria?

Ou algo assim?

Jake: Parece perfeito.

É assustador se eu já estiver de pé do lado de fora

do seu prédio?

Shane: Oh merda, você está.

Eu te vi.

Oi.

Jake: Oi.

Quer que eu ande ao redor do quarteirão e finja

que cheguei agora?
 Shane: Não. Eu estou contente de vê-lo.

Ser stalkeada é mais divertido quando você gosta

da pessoa te seguindo.

Jake: Eu estava preocupado, não perseguindo. Eu

vou embora se você me disser para ir.

Shane: Que tal eu ligar para a recepção e pedir-

lhes para te deixar entrar em vez disso?

Jake: Muito melhor.

Shane: Ok, mas você tem que responder a uma

pergunta primeiro.

Jake: Diga.

Shane: Você não está nem um pouco curioso sobre

porque eu fui presa?

Tem certeza que vai deixar essa coisa de ficha

policial passar sem pestanejar?

Jake: É difícil pestanejar em um texto.

Shane: ;)

Jake: Ponto seu. Eu não sei, eu acho que o que você

fez para ser presa é assunto seu e você vai me dizer
sobre isso quando estiver pronta.

Se você algum dia estiver pronta.

 Shane: Isso é muito... frio.

Jake: Eu não julgo as pessoas por quem elas

costumavam ser.

Você parece claramente centrada e não parece ser

do tipo que secretamente trafica drogas, usa drogas, ou
se envolve com o crime organizado, então...

Shane: OMG, não! Nenhuma dessas coisas!

Fui presa em um protesto pela reforma da

imigração quando eu estava na faculdade.

Eu nem estava fazendo nada ilegal. Foi um

protesto pacífico, mas alguém não obteve a licença ou
algo assim e alguns de nós fomos presos.

Jake: Eu percebi que era algo assim.

Mas mesmo se você tivesse feito uma besteira, a

faculdade foi há muito tempo. Eu não estou interessado
na Shane Willoughby de dez anos atrás. Estou
interessado em quem você é agora.

Shane: Eu estou interessada em quem você é agora

também.

Embora, eu gostaria de saber o que aconteceu

para fazer você odiar a polícia...

Jake: Eu não odeio a polícia.

 Shane: Desconfia da polícia? Duvida da eficácia
da polícia?

Jake: Se você quer ouvir minha história, você vai

ter que me deixar entrar, princesa. Meus dedos estão
ficando muito frios para digitar.

Shane: Então você vai me dizer?

Eu tenho a sensação de que é um assunto difícil

para você.

Jake: Eu não costumo falar sobre isso. Mas eu não

costumo seguir mulheres até sua casa sem ser convidado
também. Eu quero que você me deixe entrar, Shane.

E eu não estou falando apenas de sua porta da

frente.

Então eu acho que eu deveria deixá-la entrar

também, certo?

Shane: Sim. Eu acho.

Você é ótimo, sabe?

Jake: Obrigado. Você também.

Estou chegando, princesa.

Shane: Vou fazer a pipoca, Dragão.

 CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Jake

O trajeto de elevador para o apartamento de Shane leva uma

eternidade, pelo menos dez vezes mais do que no dia em que nos
conhecemos. Estou tentando pensar na coisa perfeita para dizer,
mas a única coisa que passa pela minha cabeça é: Não estrague tudo,
Falcone. Não ferre isso. Não ferre isso, ou você vai se arrepender
pelo resto de sua vida.

É louco. Até poucos dias atrás, eu teria confirmado que eu

sou o tipo de homem que precisa de tempo, e muito, até mesmo
para começar a ter sentimentos por uma mulher, quanto mais para
me ligar seriamente.

Mas isso foi antes de Shane.

Agora estou pensando que três encontros são suficientes para

me viciar por toda a vida. Eu não sou um homem impulsivo, nunca
fui, mas eu também não sou o tipo de pessoa que parece ser um
cavalo com rédeas.

Mas às vezes o destino joga algo incrível em seu caminho, um

emprego dos sonhos, uma oportunidade única na vida, uma chance
de abandonar todos os seus planos bem feitos e tornar-se parte de
algo ainda melhor. Os Rangers nunca foram minha equipe dos
sonhos quando criança, mas eu tive uma grande carreira com eles,
melhor do que eu poderia ter imaginado enquanto crescia. Eu nunca
pensei que eu estaria em posição para começar uma organização
sem fins lucrativos, mas no dia que eu disse sim para fundar a Real
Time, foi um dos melhores dias da minha vida.
 Se eu morresse amanhã, não seria a minha carreira de hóquei
que mais me orgulharia. Seria o meu trabalho para ajudar as crianças
de bairros como o meu, as crianças que precisam de alguém para
dar-lhes uma razão para ter esperança. Eu sai da minha zona de
conforto por aquelas crianças mais do que eu fiz para qualquer outra
coisa na minha vida. Pedi dinheiro a pessoas ricas e quando eles
disseram não, voltei e pedi novamente. Eu amarrei patins em
centenas de pequenos pés e ensinei alguns pestinhas como amarrar
seus próprios e sujar as mãos da melhor maneira.

Quando se trata de minha própria merda pessoal, eu sempre

fui o tipo de esconder minhas cartas e bancar as escolhas ruins
sozinho. Mas por essas crianças, eu me faria de idiota a qualquer dia
da semana. Porque eu as amo, embora eu saiba que não devo me
apegar. Um monte de crianças que precisam que eu seja alguém com
quem podem contar em um mundo que não lhes deu muita razão
para ter fé nas pessoas nunca foi parte do meu plano, mas agora eles
são a melhor parte de quem eu sou.

Quando eu levanto minha mão e bato na porta de Shane, não

posso deixar de pensar que isso é o mesmo tipo de coisa. Eu não
estava procurando por Shane, sinceramente, nunca imaginei que
uma mulher como ela existisse, mas agora que eu a encontrei, meu
instinto diz que eu seria um tolo se a deixasse ir.

—Ei. —Seu olhar é suave e um pouco tímido quando ela

abre a porta, apoiando um pé descalço sobre o outro. —Estou feliz
por você estar aqui.

Ela está usando shorts de algodão rosa e uma camiseta de

manga comprida desbotada com um polvo na parte da frente com
as palavras "Libere o kraken!" embaixo. A camisa está manchada na
parte inferior, seu cabelo está preso em um coque bagunçado no
topo de sua cabeça, e seu rosto está sem maquiagem e com olhos
inchados de tanto chorar.
 Tenho certeza de que ela é a coisa mais linda que eu já vi.

—Estou feliz que eu estou aqui também. —Eu entro,

flexionando minhas mãos sem jeito em meus lados. —Está tudo
bem em abraçá-la?

—Sim, por favor. —Ela dá um passo para dentro dos meus

braços e pressiona o rosto no meu peito. —Me desculpe, eu chorei e
fugi.

—Não há mais desculpas. Eu já te disse você não tem que se

desculpar. —Eu a envolvo abraçando mais forte, e a tensão e
preocupação apertando meu peito desaparecem. Ela está aqui, ela
está bem, e o que quer que tenha dado errado, vamos descobrir e
faremos melhor.

—E eu não consegui encontrar a pipoca. —Ela diz, suas

palavras abafadas contra o meu peito. —Eu sou um fracasso
completo esta noite.

—Eu posso ir comprar. —Eu digo, embora a última coisa

que eu queira fazer é deixá-la. —Eu tenho certeza que há algo
aberto na Madison Avenue.

Ela balança a cabeça. —Não. Você não pode ir. Você tem
que ficar aqui e me deixar cheirar você pela próxima hora ou mais.
Você cheira muito bem.

—Obrigado. —Eu sorrio quando inclino minha cabeça,

inalando o cheiro de flor e mel de seu shampoo e o cheiro quente e
feminino da mulher abaixo de mim. —Você tem um cheiro incrível
também.

Ela levanta o queixo, olhando para mim, ansiedade passando

em seu rosto. —E nós não precisamos falar sobre porque você tem
problemas com a polícia se você não quiser. Eu disse que não queria
falar de coisas sérias e logo em seguida pergunto sobre coisas
pesadas. Isso realmente não é justo.

—Está tudo bem. —Eu deslizo minha mão para cima e para
baixo em suas costas, fazendo o meu melhor para ignorar a sensação
de seus seios contra o meu peito. —Nós podemos conversar. Mas
eu adoraria comer primeiro. Apenas um sanduíche ou algo assim, se
você tiver. Como não comemos nada no buffet da festa, meu
estômago está parecendo que vai comer a si próprio.

Ela se afasta com um aceno. —Claro. Sanduíches saindo.

Presunto e cheddar, pode ser?

—Perfeito. —Eu digo, seguindo-a em direção à cozinha. —E

se você tiver alface, tomate e maionese eu serei o homem mais feliz
em Manhattan.

—Eu tenho todas essas coisas. —Ela sorri sobre seu ombro
enquanto abre a geladeira. —Eu gosto de como é fácil fazê-lo feliz.

—Eu sou um homem simples.

—Então talvez eu poderia repensar ser sua namorada, se

tudo o que preciso é de ingredientes adequados para um sanduíche e
minha bunda virgem.

Eu engasgo com minha respiração, fazendo um som entre

uma risada e uma tosse. —Ainda bem que eu não estava bebendo
quando você disse isso.

Ela cora enquanto pega os itens da geladeira e pão do

armário próximo. —Desculpe. Eu não consigo evitar. O filtro entre
meu cérebro e minha boca piora ainda mais quando estou nervosa.

—Por que você está nervosa? —Pergunto, apressando-me

para acrescentar. —E eu adoraria ter você como minha namorada,
se esse foi o seu modo de perguntar.

—Eu honestamente não estava pensando tão longe. —Ela

pega dois pratos e começa a montar os sanduíches. —Mas bem.
Gosto bastante de monogamia.

—Eu também. —Sorrio, desejando que eu pudesse ver seu

rosto melhor. Mas talvez ela prefira falar sobre coisas assim com um
pouco de distância entre nós. —E só para você saber, se você tem
zonas não permitidas ou coisas que você não goste no quarto,
podemos falar sobre isso. Eu sou bom em respeitar fronteiras.

—Isso é bom, também. Mas um... Eu estou bem com todas

as zonas sendo zonas neutras por agora. —Ela encolhe os ombros,
uma suave risada escapando de seus lábios quando ela guarda a
comida na geladeira. —Eu não sei por que estou tão nervosa.

—Eu sei porque eu estou nervoso. —Eu digo, imaginando

que eu deveria ir em frente e falar primeiro. Vale a pena se isso a
deixar à vontade. —Eu quero estar com você. Eu nunca conheci
alguém como você, e eu não quero foder isso.

Ela se vira, o olhar suavizando. —Eu também. Eu não quero

estragar isso, também, mas eu tenho medo que eu vá, Jake. Eu sou...
errada.

—Você é certa para mim.

Ela cruza os braços sobre o peito, estreitando o olhar. —

Você não disse que não pode realmente conhecer alguém em seis
semanas? Você me conhece não tem seis dias.

—Eu também sou um idiota. Eu digo coisas estúpidas o

tempo todo. Isso já foi provado pela ciência. —Seu sorriso de
resposta me incentiva a continuar. —Eu sei o que eu disse. Mas
agora eu estou começando a conhecê-la, e você está me fazendo
mudar de ideia. Agora eu posso, por favor, comer meu sanduíche?
Eu só vou ficar mais burro se você não me alimentar, Willoughby.
Fico completamente estúpido quando estou com fome.
 Seus lábios apertam, ela coloca meu prato na ilha e empurra
para o outro lado.

—Obrigado. —Eu sustento seu olhar enquanto dou uma

mordida gigante, comendo meio sanduíche, e meu queixo estala
quando eu mastigo.

—Você tem uma boca enorme. —Ela diz, a diversão em sua

voz.

—Taaá ciooso. —Murmuro enquanto mastigo. —Cê umm

mê?

—Sim, eu vou comer. —Ela diz, provando que ela fala

“boca-cheia-ês”. —Mas primeiro eu vou te dizer uma coisa
importante. Eu prefiro fazer isso enquanto sua boca está ocupada
para que você não possa discutir comigo.

Eu aceno, continuando a mastigar, imaginando que posso

provar que ela está errada, se eu precisar. Um dos benefícios de
crescer com três irmãos “Eu sempre posso argumentar, não importa
quão cheia minha boca esteja.”

—Eu disse que o meu noivo não é um problema. —Ela olha

para sua mão esquerda, batendo o dedo anelar no balcão. —Isso é
porque ele faleceu.

Eu começo a dizer que sinto muito, mas ela balança a cabeça.

—Estou bem. Eu lidei com isso, ou pelo menos lidei com a

parte de perdê-lo. Wesley foi maravilhoso. Ele era doce, engraçado,
louco e meu melhor amigo, e ele me amava muito. Mas ele também
mentiu para mim, muito.

Quando ela olha para cima, o rosto está mais pálido do que
antes. —Ele foi diagnosticado com a doença de Huntington28, alguns

28
Trata-se de uma doença degenerativa do sistema nervoso central, causada pela perda de células
meses antes de nos conhecermos, mas ele não me contou sobre isso
até quatro anos mais tarde, quando ele começou a ter sintomas. Isso
foi dois meses antes da data em que tínhamos marcado o
casamento.

Minhas sobrancelhas arqueiam e ela assente.

—Sim. Era mentira, e eu fiquei puta, mas eu também estava

apaixonada por ele, então... —Ela suspira. —Então, eu disse que
lidaríamos com isso. Juntos. —Ela traça um padrão no mármore
sob os dedos. —Mas a doença progrediu rapidamente, mais rápido
do que se esperava, e nós dois sabíamos que não havia cura. Wes só
ia piorar e mais cedo ou mais tarde ele teria ficado completamente
dependente de outras pessoas para fazer tudo por ele. Alimentá-lo,
vesti-lo, levá-lo ao banheiro...

Ela funga. —Então ele se mudou. Tentou cancelar o

casamento, para me poupar, ele disse, mas eu me recusei a deixá-lo.
Eu deixei de trabalhar e acampei em sua porta por uma semana.

Ela ri, levantando os olhos brilhando para o teto. —Eu

literalmente acampei. Dormi lá, comi lá, fiz xixi em seus arbustos.
Mandava mensagem de hora em hora dizendo que eu não ia a lugar
nenhum até que ele me deixasse entrar em seu apartamento. E
finalmente... ele deixou.

O sorriso dela treme nos cantos. —E essa primeira noite

juntos foi tão boa. Eu sabia que seria difícil, mas depois daquela
noite eu pensei que também poderia ser bom. Que encontraríamos
uma maneira de ficar bem juntos, mesmo perdendo tantos dos
nossos sonhos. Mas eu estava errada. Fui estúpida e estava errada e
eu deveria ter sabido melhor, mas eu...

Ela inspira, deixando suas palavras saírem rapidamente em

sua expiração. —Algumas semanas mais tarde, enquanto eu estava

numa parte do cérebro. Esta perda afeta a capacidade cognitiva, o equilíbrio emocional e a motricidade.
fora da cidade com uma amiga, ajudando em sua fazenda depois que
ela teve que enterrar seu cachorro, Wesley... Ele hum... Ele se
matou. —Ela engole em seco, sua garganta trabalhando. —Ele me
deixou um bilhete dizendo que sentia muito e que ele me amava, e
foi isso. Tinha acabado. Para sempre.

Eu levanto de minha cadeira e circulo a ilha, ficando de pé ao

lado dela enquanto coloco a minha mão sobre a dela, sabendo que
nada que eu possa dizer vai ajudar.

—Eu estava com tanta raiva. —Ela diz, com a voz grossa. —
Eu estava tão brava com ele por tirar o meu adeus e minha escolha e
os anos poderíamos ter tido antes das coisas ficarem realmente
ruins. Mas eu também estava tão triste. A raiva ficou em segundo
plano enquanto eu chorava em seu funeral e ajudava seus pais a
separar suas coisas e... Eu não sei se eu já lidei com a loucura. —Ela
funga. —Ou imaginei quão assustador seria tentar ficar com alguém
novamente. Mesmo apenas para sexo, sabe? Não estar mais sozinha.

Eu levanto a mão, entrelaçando nossos dedos. —Esta noite

não foi apenas sexo. Não para mim.

Ela aperta minha mão. —Para mim também. E foi por isso
que eu chorei.

Eu guio seu braço em volta de minha cintura e seguro seu

rosto em minhas mãos, olhando em seus olhos brilhantes. —Ok.

Ela pisca. —Ok?

—Ok. —Eu acaricio meu polegar em sua bochecha macia.

—E se você precisar chorar de novo, tudo bem também. Eu não
tenho medo da sua loucura ou sua tristeza.

Sua testa franze enquanto seus olhos se arregalam. —Você

não tem?
 —Não, princesa, eu não tenho. —Eu me inclino para baixo,
beijando sua testa. —Você pode trazer tudo isso para mim.

Sua voz treme quando ela pergunta. —Por que você está
sendo tão bom para mim? Eu sei que você não é bom assim com as
outras mulheres com quem você saiu, Falcone. Eu ouvi sua música
country.

—Você não é como as outras mulheres, Willoughby. —Eu

beijo sua têmpora, sentindo a pulsação sob os meus lábios. —E eu
não sou bom. Eu quero você. Eu quero você tanto que o
pensamento de não estar perto de você é mais assustador do que
lágrimas ou raiva ou saber que você já passou pelo inferno, por isso
você precisa que eu seja paciente e bom para você, não minta ou tire
suas escolhas.

Suas mãos cobrem as minhas, pressionando as palmas das

mãos contra o rosto dela enquanto seus olhos se fecham, fazendo
lágrimas de seus dois olhos escorrerem por suas bochechas. —Eu
acho que eu poderia me apaixonar por você. —Ela sussurra. —
Apenas por dizer isso.

Ela funga e os olhos se abrem, prendendo-me com o azul

intenso.

—Então, se isso não é algo que você queira, nem que seja
para o futuro, eu preciso que você vá embora. Agora mesmo. Não
diga outra palavra, não me beije, não se desculpe. Apenas saia.

—Eu não vou a lugar nenhum. —Eu prometo. Então eu a

beijo, porque eu não consigo resistir. Ela tem um gosto triste e de
medo, e eu também estou com um pouco de medo, mas isso não
me impede de levantá-la em meus braços e a levar para o quarto.

Porque eu preferiria estar triste ou assustado com essa

mulher, do que fingir ser feliz com qualquer outra pessoa.
 CAPÍTULO VINTE E CINCO

Jake

Nós não falamos. Nenhum de nós diz uma palavra enquanto

eu tiro sua roupa e ela a minha e nós deitamos em sua cama
vestindo apenas nossa pele, queimando de dentro para fora. Sua pele
está quente embaixo da minha boca, quente e doce e salgada, e eu
não quero outra coisa.

Eu a beijo em todos os lugares, cada beijo uma promessa que

eu posso enfrentar isso, ajudá-la, tomar qualquer coisa que ela
precise me dar, desde que ela me deixa entrar.

Seus dedos se enroscam no meu cabelo enquanto eu chupo

seu mamilo profunda e lentamente, enquanto as minhas mãos
passam entre suas pernas. Eu a esfrego com a palma da minha mão,
pressionando sua boceta, balançando contra seu clitóris, exigindo
que ela goze para mim, porque eu preciso disso. Eu preciso do
prazer dela mais do que eu preciso do meu próprio. Eu preciso
senti-la gozar e sei que é porque, pelo menos nesse momento, ela é
minha.

Ela grita, arqueando em meu toque. Eu murmuro a minha

aprovação contra seu seio, lambendo o mamilo enquanto seu calor
espalha-se sobre a minha mão. Eu respiro com dificuldade,
atordoado pelo cheiro dela enchendo o ar. Sua excitação é nítida e
doce e me chama como um canto de sereia, exigindo que eu chegue
mais perto da fonte, do sal e calor que significa que eu dei o que ela
precisa.

Eu deslizo para baixo, movendo-me entre suas pernas,

minhas mãos afastando suas coxas enquanto eu a beijo onde ela está
latejando. As paredes de sua boceta ainda estão pulsando quando
deslizo a minha língua dentro dela, a necessidade de ter o gosto dela
em mim, enchendo minha boca enquanto eu alcanço seus seios em
minhas mãos, beliscando seus mamilos. Eu os rolo e brinco com
eles até sua respiração ficar rápida e forte novamente. Ela geme
quando começa a gozar e é a coisa mais sexy que eu já ouvi.

Ela se move sob mim, clamando enquanto eu lambo e chupo

e a levo a outro orgasmo com minha língua, ficando onde estou para
que eu possa saboreá-la novamente. Ela tem um gosto incrível, tão
quente e sexy que eu poderia ficar entre suas coxas para sempre,
mas nós dois precisamos de mais do que isso. Precisamos de tudo,
nossos corpos conectados, meu pau enterrado dentro dela e seu
corpo se contorcendo contra o meu.

—Eu preciso estar dentro de você. —Meus lábios encontram

os dela, seu sabor se mistura em nosso beijo, enquanto a língua de
Shane dança com a minha. —Deixe-me pegar um preservativo.

—Não. —Suas unhas agarram meus ombros enquanto suas

pernas se prendem em volta da minha cintura, pressionando sua
umidade no cume do meu pau, fazendo-me gemer de dor e prazer e
o saber que eu estou tão perto de tê-la. —Não me deixe. Eu não
quero que você saia.

—Eu não vou sair, princesa. —Minha cabeça gira quando ela
se esfrega contra mim, o que torna quase impossível resistir ao
desejo de preenchê-la. —Só me deixe pegar um preservativo. Eu
volto em dois segundos.

—Eu não posso engravidar. Eu tenho um DIU. —Ela se

move entre nós, me capturando em sua mão e acariciando-me com
força. —Eu estou limpa, e eu quero você assim. Eu quero você, sem
nada mais entre nós.
 —Deus, Shane. —Fecho meu olhos com força enquanto eu
luto para pensar direito. —Eu fui testado, e eu estou limpo, mas
eu...

—Então me foda. —Ela implora, colocando a cabeça do

meu pau em sua entrada, destruindo meu autocontrole. —Por favor,
Jake. Eu preciso de você dentro de mim. Por favor, por favor, não
pare, eu...

Suas palavras tornam-se um grito quando eu bato meus

quadris para frente, enterrando-me dentro dela em um longo
impulso, clamando enquanto sua boceta aperta-me mais. Ela está
molhada, mas eu sou grosso, tão espesso que eu costumo tentar
levar as coisas devagar no início, especialmente com uma nova
amante, mas eu não consigo me controlar. Eu fui além do controle,
estou além do pensamento, além de qualquer coisa, exceto da
necessidade de foder esta mulher até que ela goze no meu pau, até
que ela me ordenhe e me deixe seco enquanto eu me perco dentro
dela.

—Merda, você é tão gostosa. —Eu engato sua perna sobre o

meu braço para que eu possa ir mais fundo, fodê-la mais forte, levá-
la porque ela é minha.

Deus, ela é minha. Minha. Minha. Minha.

O mantra pulsa em minhas veias quando eu a monto com

força e ela me acompanha impulso após impulso, exigindo mais.
Exigindo tudo. E eu dou a ela, porque não há outra escolha. Não há
nada, exceto Shane e seu corpo preso em torno de mim, seu gosto
em minha boca e sua voz gritando meu nome quando ela goza de
novo.

Deus, ela goza com tanta força, seu corpo apertando meu
pau, e por um segundo dói porque é muito apertado. Mas então eu
estou muito perto, meu pau empurrando dentro dela e meu corpo
transborda de felicidade, com uma euforia tão intensa que eu não
consigo respirar, não consigo pensar.

Tudo o que posso fazer é enfiar mais fundo dentro dela,

gozando com tudo em mim, minhas bolas esvaziando em uma
mulher pela primeira vez em anos. Não me lembro da última vez
que tive relações sexuais desprotegidas, mas não foi isso que fez esta
tão intensa, tão incrível.

É ela. Apenas ela, essa mulher me segurando firme enquanto

descemos juntos, seguros, porque nenhum de nós vai nos deixar
cair.

—Você é minha, princesa. —Murmuro contra seu pescoço,

provando o sal de seu suor e o sabor perfeitamente certo de Shane.
—Sem mais encenação.

—Sem mais encenação. —Ela diz, beijando meu ombro.

Ficamos em silêncio por um longo tempo, nada mais tinha

necessidade de ser dito. Mas, eventualmente, eu encontro seus
lábios, porque eu preciso de um outro sabor. Eu a beijo uma vez, e
em seguida, duas vezes, e no terceiro beijo eu estou ficando duro
novamente, ainda enterrado profundamente dentro dela. Seus
quadris se movem contra os meus, e eu levo o seu mamilo em
minha boca enquanto eu a rolo sobre mim, prendendo-a com força,
então eu não tenho que deixá-la por um segundo.

Desta vez, ela me monta enquanto eu faço amor com seus

seios, chupando e mordendo seus mamilos até que ela goza em mim
novamente, e é tão doce como foi a primeira vez. Ainda mais doce,
porque eu posso ver seu rosto pela luz do luar que atravessa as
cortinas. Eu posso ver a alegria misturada com a dor em sua
expressão quando ela goza tão forte que dói, ver a forma como seus
lábios se abrem em um suspiro quando eu gozo dentro dela
novamente, enchendo-a com a evidência de quão louco ela me faz.
 E isso é loucura.

É uma loucura adormecer enrolado com uma mulher que eu

mal conheço, pela qual também tenho certeza que eu me apaixonei
em algum momento nas últimas horas, mas eu não me importo.

Quem precisa de sanidade quando eu posso ter Shane, seu

corpo quente e pesado contra o meu enquanto ela cai no sono com
meu pau ainda dentro dela? Não este homem.

Pegue o meu bom senso. Basta deixar esta mulher aqui em

meus braços por tanto tempo quanto eu puder tê-la.
 CAPÍTULO VINTE E SEIS

Mensagens de texto do Grupo de Shane Willoughby, Penny

Pickett, e Catherine “Cat” Knigth

Shane: Bom dia, senhoras!

Eu preciso uma reunião de emergência. ASSIM

QUE POSSÍVEL!

SOMENTE MENINAS.

Vocês podem tomar um brunch no Mon Cherie na

Fifty-sixth em uma hora?

Cat: Você percebe que são seis da manhã...

Penny: Ahn? Oks?

Cat: Veja, os dedos de Penny não estão acordados, e

o brunch não começa até, pelo menos, dez horas,
porque seria chamado de café da manhã, e isso não vai
acontecer em um sábado.

Volte a dormir, Willoughby, e mande mensagem

novamente em uma hora razoável.

Shane: Eu não posso!

Eu preciso falar com alguém sobre o que

aconteceu ontem à noite com Jake ou eu posso
enlouquecer!!

Cat: Jake, seu cliente? O jogador de hóquei?

O que aconteceu? Você está bem?

Shane: Sim, eu estou maravilhosa.

Mas também horrível.

Mas, principalmente maravilhosa.

Mas também horrível, porque ele apenas saiu

para ir para o aeroporto e eu realmente não quero que
ele vá e agora eu preciso de uma conversa de mulheres
muito mesmo.

Cat: Oh meu. Então ele acabou de sair da sua

casa, às seis da manhã?

E eu suponho que vocês dois não estavam jogando

Scrabble a noite toda?

Shane: Hum... não.

Penny: Não!

Bdklsjmhjgtyu

Bash NÃO vai ficar feliz.

Shane: Não conte nada a ele ainda, Penny! Por

favor! Amigas antes dos paus, É a regra!
 Penny: Mas eu...

Shane: Irmãs antes das amigas!

Vênus antes do pênis!

Cat: Melhores amigas antes de testículos.

Shane: Certo! Por favor, Penny! Basta dar-me

algumas horas.

Eu preciso falar com você duas antes que eu possa

sequer pensar em controle de danos para a intervenção.

Penny: Ugh. Bem.

Esteja no Mon Cherie em trinta minutos.

Seremos as meninas bebendo café gigante, vestidas

de pijama.

Shane: Obrigada, Penny!

Cat: Eu estarei lá em trinta minutos também.

Eu estou de pé vomitando desde as cinco, de

qualquer maneira. É provavelmente melhor desistir de
voltar a dormir e ir comer o meu peso corporal em
iguarias francesa.

Shane: Obrigada, boneca!

E eu sinto muito. O enjoo matinal ainda está

terrível?
 Cat: Pior, mas fica melhor se eu me obrigar a
comer alguma coisa.

Se qualquer uma de vocês chegar lá antes de

mim, peça duas fatias de torrada branca simples, dois
croissants de chocolate, um suco verde, e um café
descafeinado, com creme extra. E nem sequer pense em
começar sem mim.

Eu preciso ouvir cada palavra, Shane. Cada.

Palavra.

Shane: Palavra de escoteiro. Não haverá nenhuma

palavra antes de você chegar lá.

Obrigada, garotas! Vocês são as melhores!

E obrigada por serem minhas amigas. Eu amo

muito vocês duas!

Cat: Ah, eu também te amo. Mesmo que você seja

uma pessoa matinal.

Penny: *emoji de unicórnio peidando*

Cat: Isso significa que Penny te ama também.

Peidos de Unicórnio são feitos de amor.

Penny: Fato.

*emoji de unicórnio peidando* <3 *emoji de

unicórnio*
 CAPÍTULO VINTE E SETE

Shane

Quando eu chego, às vinte para sete, o Mon Cherie está

deserto, exceto por dois homens de avental branco de chef, que
trabalham atrás do balcão, e as duas mulheres claramente sonolentas
ocupando uma cabine de couro vermelho na parte de trás.

O cabelo vermelho de Cat está escondido sob um capuz

meio desbotado e alguns fios escapam e tocam seu rosto pálido
enquanto ela mastiga um pedaço de torrada. O cabelo castanho
sedoso de Penny está preso em um coque, suas feições de boneca
ainda inchadas de sono enquanto ela enterra seu nariz em uma
caneca de café quase tão grande quanto sua cabeça. Elas se parecem
com os sobreviventes de uma sessão de estudo até tarde da noite, e
eu fico, de repente, nostálgica pela faculdade e todas as noites no
café no campus.

Nostálgica e muito grata por estas duas mulheres

maravilhosas se importarem o suficiente comigo para se levantarem
quase de madrugada em um sábado.

—Vocês. —Eu digo, os olhos ficando enevoados quando eu

deslizo para dentro da cabine em frente a elas. —Vocês são uma
bela visão agora, vocês sabem disso?

—Oh, não. —Os olhos castanhos de Penny estreitam sobre a

borda da xícara. —Isto é pior do que eu pensava.

Cat acena enquanto come outro pedaço de torrada,

espalhando migalhas sobre seu moletom cinza. —Sim. Ela ainda
está usando óculos cor de orgasmo.
 Eu sorrio. —Eu não estou usando óculos cor de orgasmo.
Eu simplesmente amo vocês duas.

—Óculos cor de orgasmo. —Penny repete. —Você vai

pensar que tudo é bonito pelas próximas dez a doze horas. Mais, se
for um bom caso.

—Parece um bom caso. —Cat diz, mexendo as sobrancelhas.

—Então, quantas vezes você montou o taco de hóquei de Jake na
noite passada?

Minhas bochechas ardem quando eu pego o café que Penny

me empurra. —Hum, algumas.

Cat sorri. —Bom para você. Você estava precisando de

algum tempo divertido e sexy.

—Concordo. Porém, teria sido bom se vocês tivessem

esperado até a intervenção acabar. —Diz Penny. —Dormir com um
cliente que está pagando você para fingir ser sua namorada é flertar
com problemas, Shane. Eu, por exemplo, prefiro não ir para a
cadeia por ajudar a administrar uma suposta rede de prostituição.
Pelo menos, não até depois do casamento. Bash e eu temos
trabalhado tanto no planejamento. Seria uma pena passar o grande
dia atrás das grades.

—Você não vai passar seu casamento atrás das grades. —Eu
olho por cima do ombro, certificando-me de que ainda estamos
sozinhas no café, antes de continuar com uma voz suave. —Jake
não vai contar a ninguém quando começamos a dormir juntos. E,
além disso, eu estou doando minha parte do pagamento de
consultoria para a caridade. Portanto, não é como se eu realmente
estivesse sendo paga.

—Ainda é uma área bem delicada. —Cat limpa as migalhas

de seus dedos e pega um croissant. —Mas, considerando que eu
terminei dormindo, me casando e apaixonada pelo meu consultor
MBC, eu não estou em posição de falar. Além disso, eu vou
representá-la gratuitamente, Penny, se você ou Bash entrarem em
problemas legais. E eu sou um tubarão, por isso não vamos perder.
—Ela dá uma grande mordida em seu croissant, como para ilustrar
sua condição de tubarão.

—Um tubarão fêmea grávida, que estará ocupada com um

recém-nascido antes que perceba. —Diz Penny. —E eu pensei que
você ia parar de advogar se você fosse eleita para o conselho da
cidade em novembro.

—Eu vou sair da aposentadoria se precisarem de mim. —Cat

fecha os olhos com um gemido suave. —Deus, isso é delicioso. Já
estou me sentindo muito melhor. Eu deveria ter começado a comer
duas horas atrás.

—Viu, Penny? Estamos todas bem. —Eu adiciono mais

açúcar no meu café. —É tão bom ter um advogado na família.
Agora podemos ir ao assunto sério? Como o que eu vou fazer sobre
Jake, sua intervenção, sua ex desequilibrada e o fato de que eu acho
que estou me apaixonando por ele?

—Oh meu Deus, realmente? —Penny coloca sua caneca na

mesa e cobre a boca com as duas mãos. Mas, mesmo com o rosto
meio coberto, posso dizer que ela está sorrindo.

Eu concordo. —Mesmo. E eu nunca me apaixonei tão

rápido, mas ele é tão... incrível. —Eu suspiro. —Doce e engraçado e
atencioso...

—E um tigre na cama. —Cat acrescenta secamente.

—Eu não beijo e conto. —Eu digo inicialmente, embora eu

não possa evitar me contorcer em minha cadeira enquanto as
lembranças de todas as coisas perversas e maravilhosas que Jake e eu
fizemos ontem à noite passem na minha tela mental.

—De jeito nenhum, Willoughby. —Cat aponta a metade do

seu croissant comido no meu rosto. —Você fez sua missão pessoal
de me envergonhar na manhã depois que Aidan e eu ficamos juntos
pela primeira vez. Então, eu quero detalhes. Todos os detalhes!

—Eu não fiz isso! —Eu insisto, embora eu me lembre de

oferecer aos dois camisetas "Eu acabei de transar e tudo o que
consegui foram alguns orgasmos" para que ficassem combinando.

—Você fez isso! Você estava sem vergonha. —Cat balança a

cabeça. —Então, eu quero alguns detalhes. Pelo menos nos diga se
ele foi o melhor que você já teve.

Eu pressiono meus lábios por um momento antes de assentir.

—Sim. O melhor que eu já tive. O muito, muito melhor.

—Excelente. —Cat diz, sorrindo. —Parabéns.

—Yes! —Penny faz uma dancinha feliz que faz com que seu
coque bagunçado salte para cima e para baixo. —Eu estou tão feliz
por você! E Bash ficará também, uma vez que ele grite sobre isso
por um tempo.

—Ele ia ficar bravo comigo de qualquer maneira. —Eu digo,

explicando sobre a entrevista na noite passada.

Quando eu termino, Penny suspira. —Sim, ele vai ficar

chateado, mas concordo que era a coisa certa a fazer. Quero dizer,
seria diferente se você fosse ficar na equipe a longo prazo, mas isso
é uma coisa de uma vez só. E se você e Jake realmente estão juntos,
então não é como se você estivesse mentindo para o repórter. Pelo
menos não completamente.

—Certo. —Eu digo, elevando meu espírito. —Eu não tinha

pensado nisso ainda. Eu honestamente não pensei muito, exceto que
eu sou provavelmente louca por estar mergulhando nisso tão rápido.

—Você pode ser. —Cat, sempre disposta a desempenhar a

porta-voz do destino, reforça. —Quero dizer, você não o conhece
muito bem. Ele está em seu melhor comportamento agora, mas
quem sabe como ele será em um mês ou dois. Ele poderia ter
problemas de ciúmes ou problemas com a mãe ou ser um daqueles
atletas obcecados com wheatgrass29, suplementos e o que ele come e
ser apenas um pé no saco que não é divertido para levar para jantar.
E quem quer um homem que não é divertido para levar para jantar?
O jantar é a única coisa melhor do que o café da manhã. Deus, esse
croissant é realmente algo especial. Você deveria comer um.

O nariz de Penny enruga. —Isso me lembra... Não a parte do

croissant, mas a parte de não conhecê-lo. Bash acabou encontrando
algo sobre Jake. De antes dele completar dezoito anos.

Meu estômago aperta, fazendo o café que eu bebi borbulhar.

—Mesmo? É ruim? —Pergunto, imediatamente balançando a
cabeça e erguendo uma mão. —Não, não me diga. Eu não quero
saber. Quero que Jake me diga. Se ele quiser.

—Tem certeza? —Penny pergunta. —Quero dizer, não é

algo que faça você pensar menos dele, mas ajudaria você a entender
de onde ele veio. E isso pode ajudar com a intervenção.

Balanço a cabeça com mais firmeza. —Não. Vou perguntar a

ele sobre isso quando ele voltar de sua partida fora de casa. Deve ser
a escolha dele. Quando era apenas trabalho eu não me importava de
agir por suas costas, mas agora as coisas são diferentes. Ele me deu
muita confiança, e eu não quero violar isso.

—Isso é um bom sinal. —Cat bate o canudo na mesa,

puxando para fora da embalagem. —A confiança é boa. Parece que

29
O Wheatgrass é a primeira folha da planta de trigo comum recém-brotada, usada como alimento,
bebida ou suplemento dietético
vocês estão começando com o pé direito.

—Nós estamos. —Eu mordo meu lábio. —Quero dizer,

algumas das coisas que ele me disse na noite passada foram
perfeitas. Ele só me entende, sabe? E eu a ele. —Eu luto contra um
sorriso bobo de amor que atinge meu rosto, e falho. —E é como se
nenhum de nós realmente tivesse que tentar. Isso parece loucura?

—Não. —Penny sorri. —Foi assim com Bash. Ele sempre

me entendeu, mesmo quando ninguém mais entendia.

Cat acena com a cabeça. —Com Aidan também. O que é

especial, porque eu sou mais estranha do que a Penny.

Penny ri e dá um empurrão suave no ombro de Cat. —Você

não é! Eu sou totalmente estranha. Aidan disse que eu costumava
ter uma tatuagem de peixe-boi horrorosa antes dele removê-la,
certo? Cobria toda a minha coxa.

—Está certo. Esqueci-me sobre isso! —Cat lança a Penny

um olhar de avaliação. —Você é estranha.

—Totalmente. —Penny diz com orgulho. —E eu não saí do

meu apartamento por seis meses quando me mudei para a cidade.
Nem mesmo para comprar papel higiênico ou sorvete. Eu era uma
ermitã agorafóbica30que provavelmente teria morrido se não
houvesse entrega de supermercado.

Cat sorri. —Eu não sabia disso. Ah, agora eu vejo por que foi
tão fácil nos tornarmos melhores amigas. Você é louca também.

—Falando nisso. —Eu digo, tentando levá-las de volta ao

tópico. —A ex de Jake é verdadeiramente louca. Ela me seguiu na
manhã após minha foto beijando Jake no Met sair, e me deixou um
presente de stalker louca na recepção do meu prédio. Minha foto de
quando fui presa em um protesto na faculdade e uma promessa de
30
Medo de lugares e situações que possam causar pânico, impotência ou constrangimento.
expor todos os meus segredos obscuros, assim Jake não vai querer
me namorar mais.

—Oh Deus. —Penny diz, seu sorriso desaparecendo. —Isso

é assustador, Shane. Você e Jake deveriam ir à polícia.

—Não adiantaria nada. —Cat diz, levantando as mãos em

sinal de rendição quando Penny e eu lançamos olhares severos. —
Desculpe, mas eu tive um stalker. A ordem de restrição não vai
manter uma pessoa verdadeiramente perturbada a distância, e a
polícia não têm os recursos para proteger todos que são ameaçados.
Sua melhor aposta é a esperar que ela veja que você e Jake são reais
e encontre outra pessoa para ser obcecada. Ou que ela faça algo
louco o suficiente para ser presa por toda a vida, como meu ex.

Eu tremo. —Keri esfaqueou o braço de Jake com uma faca

de cozinha. Mas mesmo se eu pudesse fazer com que ele a
denunciasse, eu não sei se isso resultaria em uma prisão, muito
menos o que ela está fazendo agora.

—Provavelmente não. —Diz Cat. —Não se ela for ré

primária e não houver quaisquer testemunhas, além do dois.

—Não havia. —Confirmo, os dedos tamborilando em minha

caneca. —Então talvez Jake esteja certo, e fingir uma gravidez é a
nossa melhor aposta. Ele parece pensar que ela vai recuar se ela
achar que há uma vida inocente envolvida.

As sobrancelhas de Cat arqueiam. —Bem, ele a conhece

melhor, eu acho. Estou inclinada a pensar que pessoas como Keri
não estão dispostas ou são capazes de se preocupar com vidas
inocentes, mas se você precisa de conselhos sobre como fingir estar
grávida, me avise. Até agora, isso envolve mais vômitos e exaustão
do que eu esperava.

A conversa se volta para bebês e datas de parto e, em seguida,

para os planos de Penny para o aniversário de Bash e seu casamento
em dezembro. Fazemos uma pausa para recarregar o café e para que
Penny e eu possamos pedir comida e depois voltamos para nossa
cabine, passando o resto da manhã conversando. No momento em
que saímos do restaurante, por volta das dez horas da manhã, o café
está começando a ficar movimentado e uma fila está se formando
para os bolos, eu estou saciada com a cafeína e me sentindo
esperançosa sobre o futuro.

Penny e Cat não acham que eu deva pisar no freio com Jake,
e o próprio homem já me mandou uma mensagem de Chicago
dizendo:

Apenas aterrissamos. Já estou sentindo sua falta.

Vou ligar assim que chegarmos ao hotel. Gostaria

que eu não tivesse que deixá-la esta manhã, princesa.

Gosto de acordar com você.

Eu respondo: Eu gosto de acordar com você também.

Mal posso esperar para ouvir a sua voz sexy. E
praticamente danço para o dia ensolarado, abraçando meu telefone
no meu peito. Estou tão feliz, mais feliz do que eu fui em anos, tão
feliz que eu não percebo a mulher na porta da farmácia do outro
lado da rua até que ela sai das sombras e corre, de costas para sol da
manhã.

Eu congelo, observando Keri fugir pela calçada, imaginando

se o fato de ela fazer uma pausa em sua perseguição e não fazer
qualquer ameaça é um bom ou mau sinal...
 CAPÍTULO VINTE E OITO

Jake

Quando eu comecei a jogar pelos Rangers, eu vivia para jogos

fora de casa.

Vindo de uma família pobre, eu nunca tinha tido a

oportunidade de viajar. Eu adorava ver novos lugares, sair com a
equipe no bar do hotel após o jogo, e esse sentimento de família que
conecta as pessoas que estão na estrada juntas. Mesmo anos mais
tarde, depois de ter idade suficiente para apreciar acordar na minha
própria cama, eu ainda amo o caminho para o aeroporto.

Mas desta vez, eu mal posso esperar para chegar em casa.

Trocar mensagens e falar ao telefone com Shane não é

suficiente. Por Skype é ainda pior. Ser capaz de vê-la, mas não tocá-
la é pura tortura. Nem mesmo esmagar os Blackhawks por seis a um
e fazer um hat-trick31 pela primeira vez nesta temporada é suficiente
para tirar a carranca do meu rosto na nossa última noite em
Chicago. Depois de chegar a Nova York, tudo que eu quero fazer é
ir direto para a casa de Shane, trancar a porta e fazer amor com ela
por dois dias seguidos, até que ela goze tantas vezes que ela não
possa se mover e eu tenha que levá-la para o banheiro, para um
banho e mais orgasmos.

Em vez disso, corro para casa para um banho rápido e trocar

de roupa antes de encontrar Shane e Denise em uma cantina perto
de meu apartamento para fazer a nossa segunda entrevista, com
margaritas no happy hour. Acredito que meu mau humor vai persistir,
responder perguntas desconfortáveis não é o meu passatempo
31
Ser o melhor do jogo ou do campeonato
favorito, e compartilhar Shane está em último lugar na minha lista
de coisas que eu queria fazer agora, mas no momento em que a vejo,
a sensação de irritação desaparece.

O bar está cheio e as luzes são fracas, mas eu a encontro no

segundo que eu passo pela porta. Ela está rindo de alguma coisa que
Denise disse, e ela tem um grande sorriso em seu rosto, e ela só,
merda... brilha.

E então ela olha pra mim, como se pudesse sentir que eu

estou ali, de pé, pensando em como ela é linda. Nossos olhos se
encontram e seu sorriso se alarga até que o brilho se torna tão forte
que poderia muito bem não ter mais ninguém na sala, porque tudo o
que eu posso ver é ela.

Nós nos encontramos em algum lugar entre a mesa da

recepcionista e o bar lotado, e eu a beijo como se estivéssemos
separados há muito mais do que três dias.

Eu a beijo longa e profundamente, minhas mãos deslizando

sobre suas curvas enquanto uso os meus lábios, dentes e língua para
dizer a ela o quanto eu senti sua falta, quão insanamente sexy ela
parece naquele suéter vermelho justo, e como eu mal posso esperar
para tê-la sozinho e debaixo de mim. No momento em que paro
para respirar, eu estou duro o suficiente para equilibrar uma
margarita no meu pau, mas meu suéter cinza é grande o suficiente
para esconder minha situação.

Eu posso não ser o mais inteligente, mas eu finalmente

aprendi que ereções inconvenientes são algo que eu deveria levar em
consideração quando me visto para passar um tempo com Shane.

—Estou muito contente de ver você. —Os olhos dela

dançam quando ela passa os dedos suaves pelo meu rosto. —Eu
estava começando a pensar que eu tinha imaginado você.
 —Fico feliz em ver você também. Você está bonita.

—Você também. —Ela diz com um suspiro feliz. —Mas

você vai ficar ainda melhor sem roupa na minha casa.

Eu dou risada. —Deus, você também. —Eu aperto seus

quadris através de seus jeans. —Eu não posso esperar para te deixar
nua, princesa. Passei toda a viagem de avião pensando em maneiras
de fazer você gritar.

Ela estremece. —Em breve. Espero que isso não demore

muito tempo. Eu acho que Denise tem uma festa de Halloween para
ir em algumas horas.

Eu pego a mão dela e a deixo me guiar para o outro lado da

sala, para onde Denise está sentada em uma mesa no canto, algo
formigando em minha mente. —Eu esqueci que era Halloween.

—Eu também. —Ela diz, levantando a voz para ser ouvida

sobre a multidão. —Esqueci completamente até que eu vi o rebanho
de princesas fora do meu prédio. Tinha que haver vinte ou trinta
delas, todas a caminho de uma festa.

—Merda. —Eu digo, percebendo porque Halloween é uma

data que deveria ter ficado na minha cabeça. —Eu tenho que ir a
uma festa hoje à noite também. A instituição de caridade faz uma
festa no quarteirão todos os anos e as crianças pedem doces ou
travessuras na rua. Normalmente, eu tento comparecer durante pelo
menos uma hora ou mais.

Shane aperta minha mão e sorri. —Tudo bem. Eu gosto de

crianças e festas de caridade. Iremos depois que terminarmos aqui.
Tenho certeza de que nenhum de nós vai realmente morrer de
frustração sexual.

—Só vai parecer como se tivéssemos morrido. —Eu digo,

retornando seu sorriso.
 —Exatamente. —Ela ri enquanto inclina-se para me beijar. É
um beijo rápido, mas ainda faz minha cabeça girar. Essa mulher é
minha droga preferida, e eu quero ficar absolutamente perdido nela
assim que possível.

—Oh, vocês dois. —Denise diz com um suspiro pesado. —

Eu acho que você está ainda mais bonito do que da última vez que o
vi.

Uma hora mais tarde, provamos a Denise que somos

realmente mais fofos, mais doces, mais sexys, e ainda mais
apaixonados do que estávamos da última vez que nos encontramos.
Marcamos uma data para fotos, nos despedimos na calçada em
frente ao bar, e seguimos nossos caminhos separados, assim que o
sol começa a se pôr.

No momento em que Shane e eu pegamos um carro em

direção a Hell's Kitchen, a festa já está em pleno andamento. As
crianças estão correndo pela rua, rindo, gritando e segurando sacos
cheios de doces, enquanto os adultos se agrupam perto das
lâmpadas e do calor dos caminhões de comida. Alguns dos irmãos
mais velhos encontraram um local mais escuro e estão sentados
perto de seus namorados e namoradas, roubando beijos entre
mordidas de algodão doce.

—Eu gostaria que tivéssemos dezesseis anos. —Murmuro

para Shane, acenando para um casal de adolescentes namorando nas
sombras. —Escaparíamos para dar uns amassos em público.

—Eu não. —Ela diz, enrolando seus dedos no meu braço.

—Se você tivesse reivindicado minha bunda virgem quando tinha
dezesseis anos, eu teria me apavorado.

Eu sorrio. —Eu não teria feito algo assim quando eu era

adolescente. E eu odeio quebrar sua fantasia, princesa, mas eu ainda
não reivindiquei sua bunda virgem. Isso foram apenas preliminares,
se prepare para o evento principal.

Ela se vira para mim com os olhos arregalados, parecendo

tão chocada que não posso manter uma cara séria. —Eu estou
brincando. —Eu a tranquilizo com uma risada. —Estou apenas
brincando.

Sua respiração escapa. —Graças a Deus. Um dedo é uma

coisa. Esse Dragão em suas calças é outra.

—Agora você sabe como eu realmente consegui meu apelido.

—Eu pisco e ela ri, e eu decido convencê-la de que eu poderia
possuir sua bunda e fazê-la sentir-se tão bem que ela me imploraria
para transar com ela lá novamente para outro orgasmo.

Algumas coisas são melhor apresentadas no calor do

momento, com a ajuda de vários orgasmos e um lubrificante de
qualidade.

Pare com isso.

Pare de pensar em foder a boceta, ou a bunda ou qualquer outra parte

dela, ou você vai ser aquele cara assustador andando em torno de crianças em
uma festa com um pau duro.

—Quer maçã do amor? —Pergunto, decidindo que passar

um pouco de água fria no meu rosto seria uma coisa boa agora.

—Absolutamente. —Shane diz. —Mas antes de sair, temos

de encontrar algumas crianças dispostas a compartilhar os seus
tesouros. Eu não como doces de Halloween há anos.

Então o que faremos. Nós pegamos as maçãs, vamos aos

organizadores pegar mais cidra, e depois nos juntamos a um grupo
de crianças espalhando doces na calçada para comparar suas
guloseimas.

Shane troca sua pulseira de prata por três pedaços de

chocolate com uma menina que está claramente mais impressionada
com a mulher bonita que com o jogador de hóquei chato que ela vê
várias vezes por ano. Algumas crianças querem conversar sobre o
hat-trick no jogo contra os Blackhawks, mas quando Shane troca a
capa de seu telefone celular, um cartão de presente Starbucks, a
lanterna em seu chaveiro, e seus brincos por mais doces, ela é a
estrela da festa.

Pelo menos no que me diz respeito.

Quando saímos com a bolsa de Shane cheia de guloseimas,

não posso deixar de me inclinar para beijar o topo de sua cabeça.
—Obrigado.

—Por quê? —Ela envolve o braço em na minha cintura. —

Pegar doces para mais tarde?

—Por ser tão generosa com eles.

—Eu tenho muito, Jake. —Ela diz, seu sorriso

desaparecendo. —Dar algumas joias e uma capa de telefone celular
não é uma grande coisa. É nada, na verdade. Eu teria ido à loja de
brinquedos e trazido presentes melhores se eu soubesse que
viríamos.

—É importante para eles. E para mim. Você ficaria surpresa

com quantas pessoas ricas encontro em eventos de arrecadação de
fundos que não dariam a outra pessoa um copo d'água, se seu
contador não estivesse na sua cola exigindo mais deduções para
caridade para redução de impostos.

—Não, eu não ficaria surpresa. —Ela revira os olhos. —Eu

dirijo uma instituição de caridade, lembre-se. Eu sei tudo sobre
avarentos e nunca é o suficiente.

—Certo. —Eu concordo, pensando que é a maneira perfeita

para descrever aquelas pessoas. É como se eles estivessem doentes.
—Mesmo quando a evidência de que eles têm uma situação melhor
que a maioria das pessoas pode sequer sonhar em ter é clara, tudo
que eles podem pensar é como colocar as mãos em mais e manter
longe dos outros.

Ela suspira. —A ganância está em nosso DNA. Mas isso vai

nos destruir se não formos cuidadosos. Nada de bom veio de
esmagar o fraco para tornar-se mais forte. Estamos juntos nessa.
Muitas pessoas esquecem isso.

Eu paro no final da rua, perto das barricadas separando a

festa do tráfego na Ninth Avenue, e me viro para encará-la, meu
peito apertado, mas de um jeito bom. —Você se lembra quando
disse que poderia se apaixonar por mim por causa do que eu disse
na outra noite?

Ela balança a cabeça, um toque de timidez em seus olhos que

me faz querer beijá-la. Mas então, isso aconteceu com ela, não?

—Eu poderia me apaixonar por você por isso. —Eu

acrescento, com uma voz mais suave. —Você está me fazendo
acreditar em pessoas boas, Willoughby.

Sua testa franze quando seu olhar cai para a calçada. Estou
prestes a perguntar o que está errado, quando ela diz. —Eu pedi
para Bash investigar seu passado. Antes de dezoito anos. Para ver se
você tinha um registro juvenil.

Minha garganta aperta e passo minha língua lentamente em

minha boca. —O quê?

—Perguntei a ele antes de você e eu fazermos mais do que

trabalhar juntos. —Seus dedos juntos quando ela levanta o olhar
suplicante para o meu. —Penny e eu estávamos tomando café da
manhã no outro dia e ela me disse que Bash encontrou algo, mas eu
disse que não queria saber. Eu quero que você decida o quanto você
deseja compartilhar sobre o seu passado.

Ela respira fundo. —Eu sinto muito. Eu não queria estragar a

noite ou o momento. Eu só precisava dizer. Estou me sentindo
culpada por isso, mesmo jurando que nunca teria colocado algo
assim em andamento se a nossa relação tivesse sido pessoal desde o
início. Eu simplesmente não te conhecia na época, e o fato de que
você não estar disposto a ir à polícia, mesmo depois de você ter sido
atacado, me fez ficar preocupada.

Concordo com a cabeça lentamente, a tensão na minha

mandíbula começando a desaparecer. —E agora? Você ainda está
preocupada?

—Eu estou. —Ela diz, honestamente. Porque Shane é forte o

suficiente para ser honesta com as pessoas com quem ela se
preocupa, mesmo quando ela está dizendo algo que eles não querem
ouvir. —Mas eu também conheço você muito melhor. E eu confio
em você. Então, eu estou disposta a esperar até que você esteja
pronto para falar comigo.

Eu me estico, tirando os cabelos de sua bochecha. —Eu

estava pronto na outra noite, princesa, mas alguém ficou nu e me
distraiu.

Seus lábios se curvam em um sorriso. —Se bem me lembro,

eu não fui a única a ficar nua. Eu me recuso a assumir toda a culpa
sobre isso.

—Tudo bem. —Admito, enfiando os dedos em seu cabelo.

—Eu posso ter contribuído para a distração. Fico bastante
magnífico quando estou nu.

Ela ri. —Você fica. Completamente magnífico. Então...

estamos bem? —As mãos dela vêm descansar no meu peito. —
Você não está com raiva?
 —Por que eu ficaria com raiva? Eu gosto que você seja
honesta comigo. Eu gosto de você, ponto final. —Eu me inclino,
pressionando um beijo em seus lábios. —Eu também tenho uma
boa ideia do que Bash e Penny encontraram. Eu te conto no
caminho de volta para minha casa. Devemos consegui pegar um táxi
se não for muito tarde. Pode ser?

—Parece perfeito. —Ela fica na ponta dos pés, me beijando

novamente, sorrindo contra a minha boca quando ela para. —Estou
feliz que você está em casa, Dragão.

—Eu também. —Digo, gostando da palavra “casa” em seus

lábios, pensando que eu poderia me acostumar a voltar para esta
mulher, para seu sorriso e seu beijo e a forma como ela faz cada
coisa melhor apenas por estar junto.

Enquanto caminhamos para o meio-fio, procurando por um

táxi livre, eu estou pensando em pedir Shane para morar comigo e
me perguntando quanto tempo eu vou ter que esperar antes que não
pareça a porra de um louco. Eu só a conheço há uma semana e
posso contar as vezes que eu dormi na casa dela com um dedo, mas
eu já sei que eu quero todas as noites que eu puder ter com essa
mulher.

Eu a quero na minha cama e na minha vida e ao meu lado me

fazendo sentir que não estou sozinho pela primeira vez em anos.
Talvez pela primeira vez na minha vida.

Crescendo, eu senti que tinha que cuidar da minha mãe e

meus irmãos, ser o homem da casa que meu pai estava muito
confuso para ser. Isso recaiu sobre mim, e nunca me ressenti com
minha família por isso, mas não posso negar que eu fiquei feliz de
me formar e sair, finalmente colocando alguma distância entre mim
e toda essa responsabilidade. Analisando-me melhor, é
provavelmente por isso que eu nunca tive algo muito sério com uma
mulher. No fundo, eu tenho sido relutante em assumir esse tipo de
carga emocional novamente.

Eu não sabia que poderia ser assim, que a minha menina

poderia ser alguém que eu pudesse confiar para cuidar da minha
retaguarda, para ajudar a transportar a carga. Alguém que pode até
mesmo ser capaz de me ajudar a descobrir o quanto dessa porcaria
eu posso parar de carregar.

Eu tenho bagagem. Eu sei disso há anos, eu nunca sequer

cogitei terapia. Minha bagagem parece como uma armadura pesada,
mas necessária para a minha própria proteção.

Mas talvez eu esteja errado.

Eu penso sobre esses antolhos que usam nos cavalos, os que

impedem que eles vejam qualquer coisa, exceto a pista em frente. Eu
penso sobre a minha vida e todas as coisas que meus antolhos me
impediram de ver, coisas como esperança, bondade e razões para
acreditar no melhor sobre as pessoas em vez do pior.

Eu estou preso na grande mudança acontecendo dentro de

mim, e a sensação da mão de Shane na minha, tão distraído que não
vejo o cara se aproximando, até que ele agarra o braço de Shane e a
puxa para longe, arrancando sua mão da minha.
 CAPÍTULO VINTE E NOVE

Jake

Shane grita quando ela tropeça, caindo na calçada. O homem

que a agarrou pega seu braço novamente, mas eu já estou em cima
dele, batendo meu ombro em seu abdômen quando o levo na
parede do edifício atrás de nós.

Meus pensamentos não são nada além de um borrão de raiva

e medo e de necessidade de afastar este pedaço de merda de Shane
tão rápido quanto eu possa. Afastá-lo dela e fazê-lo se arrepender do
momento que ele decidiu tocá-la pelo resto da sua maldita vida.

Eu acerto um soco, batendo com força em seu intestino. Ele

geme, mas antes que possa tomar um folego, eu bato nele
novamente e novamente.

Eu bato nele até ele engasgar e cuspir através da máscara

preta que ele usa. Eu bato nele até que seus joelhos cedam, e uma
voz calma na minha cabeça insiste que provavelmente é hora de
parar, mas eu não paro.

Eu não paro até ouvir Shane gritar, e me viro para ver outro
homem com uma máscara caindo sobre mim com um cano, que ele
deve ter pegado da pilha de lixo na calçada. Eu me esquivo, pegando
o golpe destinado a minha cabeça no ombro, e giro, preparando-me
para lutar contra o segundo cara pelo controle de sua arma
improvisada.

Mas em vez de vir sobre mim de novo, o cara joga uma placa.
Eu levanto os meus braços, protegendo meu rosto, mas algo afiado
pega no meu braço no processo.
 Eu amaldiçoo quando uma sensação de esfaqueamento se
espalha pelo meu antebraço. Eu me estico, arrancando a placa longe,
revelando um prego coberto de sangue. Mas não é muito sangue, e
eu ainda estou bem para lutar. Eu levanto os meus punhos, pronto
para derrubar o cara que não teve o meu punho acertando em seu
abdômen ainda, e vejo os dois homens fugindo pela calçada, o
segundo cara apoiando o primeiro.

Eu me preparo para ir atrás deles, mas Shane agarra meu

braço. —Não, Jake. Por favor! —O medo em sua voz faz meu
coração começar a bater novamente.

Eu giro de volta para ela, procurando por ferimentos. —

Você está bem? Você está machucada?

—Não, eu estou bem. —Ela diz, balançando a cabeça. —

Mas você não está. Você está sangrando.

Olho para a mancha vermelha se espalhando através das

fibras da minha camisa rasgada. —Estou bem. Era apenas um
prego. Eu vou lavar quando chegarmos em casa.

—Unh-unh. De jeito nenhum, Falcone. —Seu olhar

endurece quando ela balança a cabeça de um lado para o outro e os
dedos agarram mais profundamente em meu bíceps. —Vamos para
o pronto-socorro e você vai tomar uma vacina contra o tétano. Eu
não vou deixar você pegar tétano no meu turno.

—Eu não preciso de uma vacina contra o tétano. —Eu olho

por cima do ombro, pensando que eu realmente preciso é terminar
de arrebentar os homens que tentaram assaltar Shane, mas eles já
estão fora de vista.

Eu me viro para ela com um suspiro apenas para vê-la

claramente se preparando para uma luta e levanto as mãos em sinal
de rendição. —Sério, eu sei que minha vacina está em dia. Os
médicos da equipe se certificam que estamos imunizados contra
tétano e meningite bacteriana em caso de cortes de patins ou idiotas
que não sabem como manter suas mãos longe de seus protetores
bucais durante um jogo.

Os ombros de Shane relaxam e o fogo desaparece de seus

olhos. —Tudo bem. Se você prometer que você está bem.

—Eu prometo. —Eu digo, pegando sua mão. —Tem certeza

que está bem?

Ela balança a cabeça lentamente. —Sim. Apenas abalada. Isso

foi tão... estranho.

—Sim, você não espera essa merda em Midtown. —Eu digo.

—Há tantos policiais por aqui. Não é o lugar mais inteligente para
começar a assaltar as pessoas.

Shane balança a cabeça, aprofundando sua carranca. —Mais

do que isso, por que pegar minha bolsa? Existem dezenas de outras
mulheres por aqui que não estão ao lado de um homem que tem
músculos em cima de músculos.

—Eu não sei. —Eu corro a mão pelo meu cabelo, fazendo
uma careta quando a dor passa através de meus dedos. Eu vou sentir
os golpes por alguns dias, mas aquele bastardo os sentirá por muito
mais tempo. —Você tem cara de menina rica.

—Ah, é? —Ela arqueia a sobrancelha. —Como é isso?

Eu dou de ombros, percebendo que eu posso estar em

território perigoso. —Algo sobre o seu cabelo, eu acho? Parece mais
suave do que o cabelo de uma pessoa normal.

Ela bufa, claramente não impressionada.

—E suas roupas, talvez? Ou sua bolsa? É cara, certo?

 —Minhas roupas são de Macy‟s32, não o setor caro, e minha
bolsa custa cinquenta dólares em uma liquidação. —Ela diz. —Além
de ter o cabelo bem cuidado, que metade das mulheres aqui têm,
vou acrescentar, porque você usa seu cabelo todos os dias e vale a
despesa extra, não há nenhuma razão para me tornar um alvo fácil.

Meus lábios abrem, mas antes que eu possa falar, ela

acrescenta. —E por falar em roupas, o homem em que você bateu
estava vestindo uma camisa muito bonita, e ambos os caras tinham
tomado banho recentemente. Eu podia sentir o cheiro de xampu.

—Ladrões tomam banho também, Shane. —Eu digo,

embora eu tenha que admitir que o que ela está dizendo faz sentido.
—Talvez eles estivessem planejando ir a um clube depois que eles
roubassem sua identidade e esvaziassem sua conta bancária.

—Ou talvez este não fosse um assalto aleatório. —Ela diz,

prendendo-me com um olhar penetrante. —Talvez tenha sido uma
mensagem, Jake. E talvez seja hora de ir à polícia e dizer-lhes tudo
sobre Keri antes que um de nós fique seriamente ferido.

32
Rede de lojas de departamentos de Nova Iorque.
 CAPÍTULO TRINTA

Shane

Estou. Louca. Estou ficando louca.

Tão louca que eu sinalizo para um táxi para voltar para o meu
próprio apartamento, sozinha, sem quaisquer homens grandes e
estúpidos junto, mas Jake se joga no banco de trás comigo no
último momento, insistindo em me escoltar até a minha porta da
frente e ter certeza que eu estou segura.

Certificar-se de que estou a salvo, mesmo que ele não acredite que
estou certa sobre Keri enviar capangas para me assustar para
terminar com ele. Mesmo que ele saiba que sua ex tem me seguido
pela cidade desde que ele partiu, e que eu a vi à espreita pelo menos
quatro vezes, porque eu disse-lhe tudo sobre isso.

Mas ainda assim, ele se recusa a levar a minha teoria a sério,

ou ir à polícia para relatar a tentativa de assalto, porque os rostos
dos atacantes estavam cobertos e que nós „não poderíamos ajudar a
polícia a identificá-los de qualquer maneira.‟

Ele é louco. E frustrante como o inferno.

E um idiota paternalista que ignora a minha insistência que eu

posso ir para meu apartamento fazer as pazes sozinha, e está
calmamente com os braços cruzados no elevador, evitando contato
visual enquanto estou olhando para ele como se fosse o meu
trabalho.

—Sinto muito. —Ele diz enquanto nós subimos. —Eu não

queria incomodá-la.
 —Você é a pessoa mais teimosa que já conheci.

Ele inclina a cabeça. —Pode ser. Mas estou apenas tentando

me certificar de que você está segura.

—Se você realmente me quisesse segura, estaríamos na

delegacia no momento.

—Nós não vimos seus rostos, Shane. —Seu tom implica que
eu sou a pessoa mais teimosa, e menos razoável no universo. —Mil
homens em Manhattan têm o mesmo tipo físico. Ir à polícia não vai
servir para nada. Confie em mim, se houvesse uma chance no
inferno que servisse, iria com você para apresentar um relatório.
Nada é mais importante para mim do que mantê-la segura.

Eu cruzo meus braços, sustentando seu olhar quando o

elevador para e as portas se abrem. Eu passo por ele com um
harrumph e começo a procurar na minha bolsa por minhas chaves.

—O que é que isso quer dizer? —Pergunta ele, seguindo-me

até a porta.

—O que é que isso quer dizer?

—Harrumph. Harrumph e esse olhar.

Eu dou de ombros desdenhando, esperando que ele sinta o

frio.

—Vamos lá, princesa. —Ele diz, com a voz áspera. —Nós

não somos um pouco velhos para o tratamento de silêncio? Pelo
menos fale comigo. Eu não posso consertar nada, se você não falar
comigo.

—Não há nada para falar. —Eu digo, mesmo que meu

estômago esteja em nós e tudo que eu quero fazer é cair em seus
braços e me perder na sua força e estar onde eu queria estar desde o
momento em que ele me deixou sábado de manhã.
 Por que aqueles homens tinham de arruinar o que poderia ser
uma das melhores noites da minha vida? Cada minuto com Jake esta
noite foi perfeito, melhor do que perfeito, antes desses babacas
mascarados saírem do nada.

Mas o fato é que fomos atacados, e Jake não está lidando

bem com isso. Ele está sendo ridículo, perigosamente ridículo, e eu
não posso deixar isso pra lá. Ele pode seguir nessa loucura, se ele
quiser, mas eu estou fora.

Estou prestes a dizer-lhe isso, quando as palmas das mãos

dele se achatam na porta de cada lado do meu rosto, prendendo-me
entre seus braços. Um momento depois, a voz dele está no meu
ouvido, profunda e sexy e cheia de tanta necessidade que eu posso
sentir isso vibrando em toda a minha pele. —Não faça isso,
princesa. Não me mande embora. Por favor.

Meus olhos se fecham, o mundo girando quando seu peito

pressiona contra meus ombros e seu cheiro roda pela minha cabeça.

—Tudo o que eu tenho pensado desde o momento em que

deixei você é estar com você de novo. E não apenas porque você é a
mulher mais sexy que eu já conheci. É porque você é boa. Estando
com você, eu...

Eu cubro suas mãos com as minhas, silenciosamente

encorajando-o a continuar, um toque simples o suficiente para fazer
o meu sangue pulsar mais rápido e meu corpo doer.

—Eu me sinto bem. —Ele sussurra. —Mas se não podemos

passar por isso na nossa primeira briga sem você fugir de mim de
novo, isso não vai funcionar.

Eu solto um suspiro, longo e lento, sabendo que ele está

certo. —Mas eu não sei como lutar com isso. Não quando você
nem sequer considera o meu lado.
 —Eu considero, Shane. —Ele diz. —Eu juro. Você acredita
que honestamente considera o meu?

Eu pondero a questão enquanto meus dedos deslizam para

baixo, para a parte de trás de seus antebraços densamente
musculosos e perfeitamente deslumbrantes. —Eu gosto que você
tenha um pouco de pelo aqui. —Eu digo, acariciando os cabelos de
seu braço. —Eu já te disse isso?

—Não. —Sua respiração fica quente no meu pescoço, mas

ainda me faz tremer.

—Bem, eu gosto. Se o seu antebraço fosse um furão, eu iria

nomeá-lo de Fergus.

Ele murmura pensativo. —Você pode nomear meu

antebraço de Fergus, se quiser. —Eu acaricio seu braço direito. —
Obrigada. É legal da sua parte abrir mão dos direitos de nomear
suas partes tão livremente assim.

—De nada. —Ele beija meu queixo enquanto seu braço

esquerdo envolve minha cintura, me puxando mais contra ele, o que
faz uma nova onda de desejo correr em mim. —Será que isso
significa que estamos bem?

—Eu acho que sim. —Eu mordo meu lábio enquanto sua
ereção pressiona contra mim através do meu jeans, cutucando no
meu cóccix. —Você está certo. Eles não seriam capazes de
identificar os homens com base no que vimos. Mas eu quero
escrever tudo o que aconteceu com qualquer um de nós, até agora,
de modo que tenhamos um registro de tudo. Porque vai chegar um
momento em que precisaremos ir à polícia, Jake, e se você não
mantiver sua promessa de ir comigo, então eu vou sozinha. E eu
não tenho certeza que teremos uma opção depois disso.

—Nós podemos fazer a lista agora. —Ele segura minha mão

para girar a chave na fechadura. —E eu prometo que não vou deixar
você fazer essa viagem sozinha. Se alguma vez precisar de ajuda com
a polícia, eu estrarei lá com você.

Ele dá um passo para dentro, quase me carregando pela

entrada e fechando a porta atrás de nós. Eu deixo minha bolsa na
mesa da entrada e me viro em seus braços, enroscando meus dedos
na sua nuca.

—E eu quero que eles saibam que Keri o atacou com uma

faca de cozinha. —Eu dou a ele um olhar duro, embora tudo que eu
queira fazer é beijá-lo e continuar a beijá-lo até que estejamos nus e
ele esteja dentro de mim e tudo pareça perfeito novamente.

Ele balança a cabeça, nos levando mais para dentro da sala.

—Anotado. Mas isso foi antes de te conhecer.

Eu arqueio uma sobrancelha. —E isso é importante por

que...?

—Eu não estava tão preocupado com a segurança naquele

momento. —Ele diz, segurando minha bunda. —E eu não tinha me
apaixonado por essa bunda. Porra, eu amo a sua bunda, princesa. Eu
tenho tido sonhos imundos sobre ela a semana toda.

—Sim? —Minha respiração falha quando ele me levanta, me

segurando com as mãos sob minha bunda enquanto passo meus
tornozelos atrás de suas costas. —Quão sujos?

—Tão sujos que eu acordava duro e tão desesperado para

estar dentro de você que minhas bolas pareciam ter sido torcidas em
um torno. —Ele diz, fazendo um rápido progresso em direção ao
quarto.

—Não sei o que é um torno. —Eu digo, beijando seu rosto.

—Mas eu sinto muito que você teve que passar por isso. Pobre
Dragão.
 —Foi uma tortura. —Ele se move para o quarto, chutando a
porta atrás dele para fechá-la. —Eu tive que me masturbar com
lembranças de estar dentro de você para voltar a dormir, mas eu não
tenho lembranças o suficiente, princesa. Eu preciso de mais.

—Eu acho que isso pode ser arranjado. —Eu cravo minhas
unhas em seus ombros, segurando forte quando ele nos deita em
cima da cama, seu corpo quente e pesado em cima do meu. —
Obrigada por não me deixar correr.

—Obrigado por aguentar minha teimosia. —Ele puxa a

minha blusa sobre a cabeça e cobre meus seios com as mãos através
do meu sutiã. —Eu amo seus seios também, você sabe. Quase tanto
quanto sua bunda. Eu particularmente adoro os sons que você faz
quando eu mordo seus seios.

Minha respiração acelera. —Eu amo a sua boca sobre mim.

Você é tão gostoso. —Eu arqueio em seu toque quando ele puxa
meu sutiã para baixo e sua língua circunda meu mamilo, fazendo a
dor dentro de mim chegar a níveis críticos com apenas alguns
movimentos de provocação.

—Eu adoro sentir o mamilo ficar duro na minha boca. —Ele

diz, rolando meu outro mamilo entre os dedos. —E saber que a
estou deixando molhada. Está já molhada, não está, princesa?

—Sim. —A palavra torna-se um gemido quando ele dirige

uma mão na frente do meu jeans, sob minha calcinha, para onde eu
estou lisa e quente.

Ele amaldiçoa quando começa a me foder com a mão. —Eu

vou fazer você gozar tantas vezes esta noite, baby. Eu vou fazer
você gozar até que você esqueça que você quis ir para casa sozinha.
—Sua boca se fecha em volta do meu seio, sugando-me
profundamente, eu grito alto enquanto balanço em seu toque,
segundos antes de gozar ainda com meu jeans sobre meu corpo e
apenas alguns toques profundos de seus dedos.

Seus dedos mágicos, a mão mágica deste homem que me faz

gozar gritando seu nome. Segundos depois, ele tira meu jeans e o
joga no chão. Antes de me recuperar do meu orgasmo, ele está entre
as minhas pernas, lambendo, chupando e mordendo.

Ele morde o meu clitóris, aplicando a quantidade perfeita de

pressão, não muito suave, não muito forte, e eu grito de novo, sem
palavras neste momento. Não há palavras, apenas sons quentes,
famintos e sensuais que derramam de dentro de mim enquanto eu
gozo em sua língua e ele geme contra a minha carne inchada,
deixando claro que ele ama o jeito que eu gozo, ama me dar prazer,
ama tudo o que nós fazemos quando estamos assim.

E então ele me beija, o gosto salgado do meu sexo ainda em

sua boca e o sabor de Jake doce e forte por baixo, e eu sei que nada
nunca terá um gosto tão bom como este homem. Este homem que
geme de alívio quando ele empurra dentro de mim, como se estar
enterrado em meu corpo fosse a única coisa que ele precisa no
mundo inteiro.

Ele me penetra profundamente, seu pau tão grosso que dói

um pouco quando me enche completamente e, em seguida, um
pouco mais, mas é uma dor boa.

É a dor de ter tudo o que você sempre quis e muito mais. De

descobrir que o prazer não é um rio, é um oceano, um vasto mar
sem fim de felicidade e sensações. E quando ele me fode até um
terceiro orgasmo e anuncia suas intenções de me levar a um quarto
antes de terminarmos, e eu percebo o quanto eu estive perdendo.

Este homem é tudo que eu poderia querer, e não importa o

quão assustador seja olhar em seus olhos e ver um homem que exija
que eu o deixe entrar, é mais assustador pensar em não ter Jake, não
ter o Dragão, não ter braços fortes me segurando apertado,
assegurando-me que não há razão para correr.

Nunca mais.
 CAPÍTULO TRINTA E UM

Jake

Ela é tão boa. Tão bonita. Tão perfeita.

Ela parece ainda melhor do que ela estava na primeira noite

que eu a tive, e algo dentro de mim me diz que só vai ficar melhor,
mais quente, mais sexy. Toda vez com Shane será melhor do que a
última, porque cada vez ela vai me deixar chegar mais perto.

Mais perto dela, dessa mulher que me leva a lugares que eu

nunca estive e me faz tão intensamente consciente da forma em que
nos conectamos, que eu juro que eu posso sentir o eco de seu prazer
pulsando através do meu corpo quando ela goza.

E porra, é incrível. Uma explosão de nirvana que pulsa

através de minhas bolas e dança em minha espinha, iluminando-me
ao mesmo tempo em que me leva ao limite da necessidade de
derramar-me dentro dela. Eu nunca tive qualquer problema com
resistência no quarto, mas esta noite eu defino um novo recorde
pessoal.

Até o momento que eu viro Shane de barriga para baixo e

deslizo para dentro dela por trás, ela gozou para mim três vezes e eu
estou determinado a ter mais um. Mais um antes de eu gozar, antes
de eu gozar forte dentro de sua doçura.

—Mais uma vez, baby. —Eu sussurro contra seu pescoço

enquanto eu a monto, minhas bolas batendo entre suas pernas
enquanto eu bato forte. —Eu quero sentir você gozar mais uma vez.

—Eu não posso. —Ela engasga, mesmo quando ela arqueia

seus quadris, levando-me mais profundamente. —Eu já estou toda
tremendo. É tão incrível, Jake. Como se eu estivesse flutuando alto.

—Vou te levar mais alto. —Eu chego debaixo de nossos

corpos unidos, encontrando seu clitóris enquanto enfio a mão livre
através de seus dedos, prendendo-a ao colchão. —Mais um. Deixe-
me sentir essa boceta doce apertada no meu pau, princesa. Eu quero
que você goze comigo, goze comigo.

Ela geme, sua coluna curvando-se ainda mais. —Oh Deus,

Jake. Oh Deus…

—Sim, você está quase lá. Eu posso sentir você. —Eu mudo
meu ângulo até a cabeça do meu pau bater contra suas paredes
internas quando eu me movo. —Vamos lá, baby. Venha até mim.
Goze, Shane. Deus, sim. Maldição, sim.

Ela goza com um grito selvagem, sem vergonha, que vai

direto para o meu pau, e eu sou um caso perdido. Eu me apresso,
enterrando-me profundamente dentro dela enquanto ela me leva
pelo resto do caminho, a contração de seu corpo em torno de meu
pau, apertando-me quando eu gozo tão forte e por muito tempo.

Tão forte que a minha visão embaça e minha mente e corpo

se separam e por alguns segundos eu estou fora de mim. Eu não sei
onde eu vou ou o que eu penso enquanto estou lá, mas quando eu
volto para a Terra, eu estou deitado em cima de Shane com todo o
meu peso, com a carne de seu ombro presa entre meus dentes e
meu braço envolto tão apertado em sua cintura que eu posso sentir
os ossos de suas costas contra minhas costelas.

Eu começo a levantar-me, preocupado que ela não possa

respirar, mas ela me traz de volta, batendo em minha bunda.

—Fique. —Ela exige, as unhas cravando onde ela acabou de

bater, me fazendo gemer com aprovação. —Só por mais alguns
minutos.
 —Eu não estou esmagando você?

—Sim, mas eu gosto disso. —Ela diz, suspirando. —Isso está

me impedindo de flutuar em uma nuvem de orgasmo.

Eu relaxo sobre ela, sorrindo, enquanto eu acaricio seu

cabelo, abrindo caminho para seu pescoço. —Você pode flutuar se
quiser.

—Não, eu quero ficar aqui. Com você. —Ela dá um tapinha

carinhoso em minha bunda. —Você fez um bom trabalho, Dragão.

—Você, também, princesa. —Eu beijo seu pescoço antes de

lamber sua pele úmida. —E o seu suor é delicioso. Quase tão
delicioso como sua boceta.

Ela ri baixinho.

—O que é engraçado? —Eu pergunto, quando nenhuma

explicação começa.

—Você foi duas vezes lá em baixo, e eu ainda não te retribui

o favor. —Ela diz. —Isso nunca aconteceu comigo antes.

—Então você está namorando os homens errados. Adoro

degustar você, sentir você gozar em minha boca. —Eu murmuro
com apreciação. —Só de pensar nisso eu ia endurecer de novo se eu
não tivesse acabado de gozar tão forte que meu pau quase caiu.

Ela ri mais forte, e a contração de seus músculos internos

pressiona meu pau exausto para fora dela. —Ah Merda. Desculpa.

—Tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde. —Eu rolo

sobre o colchão, sorrindo para ela quando ela se vira para o lado,
olhando para mim através de cachos loiros selvagens. Eu aliso os
fios de seu rosto. —É possível que você tenha ficado ainda mais
bonita nos últimos minutos?
 Ela sorri. —Óculos cor de orgasmo. É assim que minhas
amigas chamam isso.

—Eu não sabia que orgasmos tinham uma cor. —Eu me

aproximo para que eu possa passar a mão sobre a inclinação
tentadora onde sua cintura torna-se seu quadril, a necessidade de
tocá-la uma compulsão que eu não me importo de resistir. —Eu não
acho que é isso. Eu acho que é só você.

—Você é muito bonito também. E eu acho que eu poderia

me tornar viciada em seu corpo. Seriamente viciada.

Meu sorriso se estende. —Bom.

—Mas a abstinência seria terrível. —Ela diz, passando sua

perna sobre a minha. —Pior do que com açúcar refinado, o que fiz
durante dois meses e não foi nada bom. Perder três quilos não valeu
a pena.

—Não haverá qualquer abstinência porque eu não vou a

lugar nenhum. E você não precisa perder peso. —Eu corro meus
olhos por suas curvas. —Você é perfeita do jeito que é.
Especialmente sua bunda linda. Já mencionei o quanto eu amo a sua
bunda?

Ela ri. —Sim, eu acho que você pode ter mencionado

algumas dezenas de vezes, Sr. Homem-Bunda.

—Eu não sou um homem-bunda. Eu sou um homem-você.

Eu sou um fã de todas as suas partes. Dentro e fora.

—Você acha meu fígado sexy? —Ela pergunta, balançando

as sobrancelhas.

—Sexy pra caralho. Mas eu estava falando sobre a forma

como você me faz rir. E a maneira de você mostrar quem realmente
é para o mundo, não importa quem esteja assistindo. Você é sempre
você, e isso é especial.

—Obrigada. —Ela diz, suavizando o olhar. —Você me

conhece muito bem para um cara que eu acabo de conhecer.

—Não parece que acabamos de nos conhecer. —Eu digo,

deixando meu coração falar antes de perder a coragem. —Parece
que eu conheço você há muito tempo. Ou como se eu estive
esperando para conhecê-la.

—Eu também. —Ela estende a mão, colocando-a sobre meu

peito. A ternura no seu toque me faz sentir algo melhor do que a
luxúria. —Então fale comigo, Dragão. Diga-me todas as coisas que
eu perdi enquanto nós estávamos esperando.

Então eu digo a ela sobre o início da minha carreira e como

foi estranhamente estressante ter todos os meus sonhos virando
realidade, quase como se meu cérebro não estivesse pronto para o
sucesso vir alguns anos antes do previsto. Ela me diz sobre sua
mudança de faculdade, para que ela pudesse estudar medicina
veterinária em vez de medicina pediátrica e como sua tia a apoiou
totalmente, embora Shane nunca tivesse sequer cuidado de um
animal de estimação próprio até aquele época.

—Mas eu estava com medo que trabalhar com crianças

doentes me deixasse triste o tempo todo, e eu sabia que eu amava os
animais. —Ela diz. —Dez gatos e centenas de horas de escola de
veterinária depois, eu ainda amo.

—Você sente falta de praticar. —Eu empurro antes que ela

possa responder, porque a verdade está escrita por todo o seu rosto.
—Você deve obter seu certificado e voltar a fazer o que ama.

—Mas então eu teria que encontrar alguém para dirigir o

projeto de caridade, e é muito mais complicado do que parece.
Conheço todos os meandros, porque eu ajudei a tia Tansy com ele
durante anos.

—Então, você gasta um tempo para encontrar a pessoa certa

e treiná-la. —Eu insisto. —A vida é muito curta. Você deve amar o
seu trabalho. E você deve trazer seus gatos para a cidade.

Ela ri. —Meu Deus. Você pode imaginar este apartamento

com dez gatos? Estou brincando sobre isso, mas na realidade seria
um hospício, e eles são mais felizes lá. Embora, eu adoraria um
cachorro algum dia. Eu acho que pequenos cães podem ser felizes
na cidade. Eu só tenho que convencer o HOA a permitir animais no
prédio. Eles não tem permitido nos últimos cinquenta anos.

—Bem, se alguém pode fazê-los mudar de ideia, eu estou

apostando em você. —Eu digo, beijando as costas da mão dela.

Ela sorri e me diz sobre quando ela convenceu a escola a

mudar a sua mascote de um cavalo de Tróia para uma abóbora de
combate, só porque isso fazia seus amigos rir. Eu digo a ela sobre
quando me vesti como o mascote da minha escola para uma feira de
empregos para ganhar dinheiro extra e desmaiei pelo calor do verão.
Ela confessa que não liga para a maioria dos esportes, mas acha que
pode aprender a gostar de hóquei. Confesso que a arte me coloca
para dormir, mas que eu gostei das estátuas e de beber champanhe
com ela no terraço do museu.

Colocamos algumas roupas, cueca e camiseta para mim,

enquanto ela veste um pijama e vamos para o sofá, para assistir
alguns programas de TV sem sentido, mas acabamos falando um
pouco mais. Eu lhe digo sobre o merdinha arrogante que eu era
quando criança, e ela diz que ela era tímida quando ela era pequena e
realmente não saiu da sua concha até depois que seus pais
morreram.

—É como você disse sobre a vida ser muito curta. Isso me

bateu não muito tempo depois do acidente, que eu podia não ter
tanto tempo quanto eu esperava. —Ela diz, seus dedos passando
para frente e para trás em meu peito. —Uma manhã eu acordei e
tudo o que eu estava pensando começou a sair da minha boca. Tia
Tansy primeiro pensou que eu estava tendo um colapso mental, mas
eventualmente ela percebeu que era algo novo em mim e me
abraçou, mesmo jorrando as palavras e tudo.

—Eu gosto do seu jorro de palavras. —Eu estendo meu

braço, examinando-o seriamente. —E eu gosto de Fergus. Eu não
posso acreditar que eu fiz trinta sem nomear meu antebraço.

Ela murmura em acordo. —Isso é sério. Especialmente desde

que Fergus é muito divertido para olhar e acariciar carinhosamente.

Ela acaricia meu antebraço, e é doce e bobo e apenas certo.

Algo que é muito parecido com amor cresce dentro de mim, e eu
acho que agora é um momento tão bom quanto qualquer outro para
contar a ela sobre as partes mais feias da minha infância.

—Sobre o que Bash descobriu sobre mim... Quando eu tinha

seis anos, meu pai começou a me levar com ele em seus trabalhos.
—Eu digo. —E por trabalhos, quero dizer para os lugares onde ele
roubava coisas. A definição de 'trabalho' de meu pai era descobrir
maneiras para não ser pego tomando o que ele pensava que o
mundo lhe devia.

Shane se move em meus braços, erguendo os olhos tristes

para os meus. —Eu sinto muito. Isso é terrível. Você era apenas um
bebê.

Eu dou de ombros. —Sim, bem, os bebês têm pequenos

corpos que são bons para ser empurrados pelas janelas. Papai era
prático. Ele provavelmente teria me deixado fora do negócio da
família, uma vez que ficasse grande demais, mas cerca de seis meses
depois minha mãe descobriu o que estava acontecendo. Eles
entraram em uma luta enorme, e ele bateu nela. Não era a primeira
vez que ele fazia isso, mas foi a primeira vez que vi isso acontecer.

Shane se afasta, sentado sobre os calcanhares no sofá ao meu

lado, enquanto ela pega a minha mão e aperta forte.

—Ela bateu a cabeça no balcão da cozinha ao cair. —Eu

ainda sou capaz de ver isso em minha mente, tão claro como na
noite em que aconteceu. Ao vê-la senti uma onda de medo correndo
sobre mim quando eu percebi que poderia estar perdendo a pessoa
que eu mais amo no mundo inteiro. —Havia sangue por todo o piso
e papai ainda estava gritando... Eu fiquei tão assustado que eu corri.
Eu corri e corri até que eu estava perdido em um bairro ainda pior
que o meu. Dois policiais em patrulha me pegaram, ouviram minha
história, e me disseram que iriam ajudar.

—Seus olhos se enchem de entendimento. —Mas eles não

ajudaram?

—Não, eles ajudaram. —Eu digo, olhando para nossas mãos

unidas. —Eles me levaram para casa, prenderam o merda do meu
pai, e disseram à minha mãe o que ela precisava fazer para obter
uma ordem de restrição. Eu pensei que tudo ficaria bem. Mas
acontece que meu pai tinha um amigo na delegacia, um capitão que
ele subornava com uma parte do que ele obtinha, em troca de fechar
os olhos para os arrombamentos e invasões de domicílio do nosso
lado da cidade.

—Merda. —Shane diz.

—Sim. Foi uma merda. Papai estava livre e a acusação

arquivada dentro de algumas horas. —Minha língua desliza para fora
para molhar meus lábios, mas eles ficam secos novamente quase que
instantaneamente. —Não muito tempo depois, ele estava de volta
em casa para me dar uma surra. Eu tinha certeza que ele quebrou
alguma coisa, mas eu não sabia ao certo o que até um raio-X das
minhas costelas anos depois. Ele não me levou ao médico. Ele me
trancou no meu quarto e disse à minha mãe que me mataria na
próxima vez que qualquer um de nós falasse com os policiais.

Eu balanço minha cabeça. —Depois disso, ela ficou com

tanto medo que fazia tudo o que ele dissesse. Ela até mesmo me
deixou voltar para ajudá-lo depois que me curei. Mas eu nunca a
culpei por isso. Ela tinha quatro filhos, e meu irmão mais novo era
apenas um bebê. Ele mal podia respirar na maioria das vezes por
causa de sua asma, e ela estava apenas tentando nos manter vivos.
Eu sei que ela fez o melhor que podia.

—Eu gostaria de matá-lo por você. —Shane diz, a falta de

calor em seu tom é mais arrepiante do que se ela gritasse as palavras.
—Eu sei que você não precisa disso agora, mas se eu pudesse viajar
no tempo...

Eu sorrio. —Não, eu não quero que você suje as mãos. Ele

não valia a pena. E ele teve o que merecia. Ele foi baleado enquanto
estávamos invadindo uma casa cerca de um ano mais tarde. O cara
quase atirou em mim também, antes de ele ver que eu era uma
criança. Ainda assim, ele me segurou até a polícia chegar. No
momento em que eles chegaram lá, papai já estava morto. Nós o
sepultamos perto do meu oitavo aniversário.

—E é por isso que você não confia na polícia. —Ela diz

suavemente.

—Isso foi o começo. —Eu digo com um encolher de

ombros. —Mas também foi crescendo aos poucos. Policiais que
patrulhavam minha vizinhança presumiam que nós éramos o
inimigo, toda criança pobre, irritada e fodida nas ruas, mesmo
aquelas que só queriam crescer e sair. Nunca pareceu que estavam lá
para nos manter seguros. Parecia que éramos nós contra eles, exceto
que eles tinham armas e poder, e nós não tínhamos nada.

Shane aperta os lábios, e franze a testa.

 —Vá em frente. —Eu aceno. —Diga o que está pensando.

—Eu não tenho certeza do que estou pensando. —Ela diz.

—Quero dizer, eu entendo o que você diz, e eu sinto muito sobre
essas coisas que aconteceram com você e sua família. Mas eu
continuo pensando em Padre Patrick, o sacerdote na minha escola.

Eu estremeço. —Um padre mau?

Ela balança a cabeça. —Oh não, o oposto disso. Ele era um

anjo. Depois que meus pais morreram, ele estava sempre lá para
mim, mesmo quando eu estava atacando e quebrando as regras e
geralmente fazendo o meu melhor para ser expulsa da escola. Ele
nunca julgou, ou disse nada sobre meus pais estarem no céu porque
era a vontade de Deus, ou qualquer uma das coisas que eu odiava
ouvir porque soavam como mentiras. Como um curativo colocado
sobre uma ferida tão profunda que o sangue as encharca em um
instante.

—Ela engole. —Mas o padre Patrick não pregava... Ele

apenas me amava. Ele me amou, e a todas as outras crianças naquela
escola. Ele nunca ofereceu qualquer curativo, mas ele me ajudou a
curar do mesmo jeito. Eu não sei se eu teria sobrevivido ao primeiro
ano sem ele.

—Estou feliz. —Eu digo. —Gostaria que houvesse mais

como ele.

—Mas existem. —Ela diz, com plena fé. —Para cada

sacerdote que molesta crianças ou cria manchetes feias, há um Padre
Patrick trabalhando milagres silenciosamente todos os dias para as
pessoas que precisam dele.

Eu resmungo, vendo onde ela está indo.

—Eu não estou afirmando saber o que é crescer na periferia

da cidade. —Ela diz. —Eu sei que tive uma vida privilegiada. Mas
eu acredito em tomar as pessoas por quem eles são. E os sacerdotes
e policiais são pessoas em primeiro lugar. Isso significa que a
maioria deles, em um dia comum, está em algum lugar entre o bem e
o mal, dependendo de quão bem eles dormiram na noite anterior e
se eles tiveram bastante café.

Meus lábios torcem. —A maioria das pessoas é muito

preguiçosa para ser realmente boa ou realmente má?

—Eu acho que sim. —Ela encolhe os ombros de uma forma

que demonstra frustração e perdão ao mesmo tempo. —Ou muito
distraída ou confusa, ou apenas tão envolvidas em seu drama diário
que elas não podem ver o mundo fora de si. Mas você está certo,
algumas pessoas são idiotas criminosos que abusam de seu poder.

Ela aperta minha mão. —Mas alguns deles são também

heróis, pessoas que estão dispostas a levar um tiro por um estranho,
ou ficar sem sexo para sempre, porque a Igreja Católica faz regras
loucas e depois se recusa a mudá-las por centenas de anos.

Eu sorrio. —Padre Patrick realmente era um herói.

—Pode apostar seu pau. —Ela concorda com uma cara séria.
—Você pode imaginar viver toda a sua vida sem óculos cor de
orgasmo?

—Não desde o último sábado. —Eu a puxo em meu colo

para que eu possa abraçá-la por completo. Eu a envolvo em meus
braços, enterro meu rosto em seu cabelo cheiroso e prometo. —Eu
vou tentar.

—Isso é tudo que qualquer um de nós pode fazer. —Ela diz,

beijando minha testa. —Tentar acreditar no lado bom das pessoas e
ser melhor do que aqueles que nos deixam para baixo.

—Ser melhor. —Eu digo, apertando meus dedos em torno

de sua coxa. —Ser melhor do que o meu pai bandido, espancador
de mulheres e crianças é estabelecer uma meta baixa.

Ela beija minha bochecha. —Você vale dez dele. Cem. Você
é um bom homem, Falcone.

—Mesmo quando o meu lado teimoso está se mostrando?

—Sim. —Ela senta sobre meus quadris, fazendo uma rajada

de fogo subir pelo meu corpo. —Mesmo quando você é teimoso,
você também é paciente e amável e sexy como o inferno.

—Nós provavelmente devemos acabar com a conversa séria.

Eu cubro seus seios através de sua blusa, amando o jeito que seus
mamilos endurecem sob meus dedos. —De repente está ficando
difícil me concentrar, por algum motivo.

—Eu também. —Ela diz, sua respiração ficando mais rápida,

enquanto ela circula seus quadris, movendo-se contra onde eu estou
duro. —Mas eu tenho uma pergunta muito importante para fazer
em primeiro lugar.

—Qual é, princesa? —Eu empurro contra ela, transando com

ela através de nossas roupas.

—Você me dá a honra de me engravidar de mentira esta

noite, Dragão?

Meu ritmo vacila por um momento, até eu perceber o que ela

está dizendo e alívio se espalha através de meu peito. —Mesmo?
Tem certeza que está bem com isso? Se não, não temos que...

—Eu estou bem com isso. Contanto que tenhamos certeza

de que Keri descubra de uma forma que não atrairá muita atenção.

—Eu posso deixar escapar a notícia para uma amiga em

comum, uma mulher com quem ela trabalha.

—Perfeito. —Shane diz, sorrindo quando ela pega a parte de

baixo de sua camisa. —Então eu acho que a única coisa que resta a
fazer é você fingir me engravidar.

Sua camisa flutua para cima e sobre a cabeça, revelando seus

seios deslumbrantes. Um momento depois, os seios estão em
minhas mãos enquanto minha língua desliza entre os mamilos,
lambendo e chupando e mordendo até seus quadris firmes ficarem
urgentes e exigentes.

—Sim. —Ela me abraça, as unhas marcando a minha nuca.

—Eu te quero tanto. Eu quero você dentro de mim novamente.
Agora mesmo.

Eu me abaixo, empurrando minha boxer em meus quadris,

liberando o meu pau enquanto ela tira seu pijama e a calcinha em
tempo recorde. Um momento depois, ela está montando em mim
novamente, posicionando a cabeça do meu pau e deslizando para
baixo até que eu estou dentro de seu calor molhado.

—É isso aí. —Ela suspira, dentes cavando em seu lábio

inferior. —Isso é o que eu preciso.

—Então você quer que eu coloque um bebê dentro de você,

princesa? Movo meus quadris enquanto empurro ainda mais fundo,
até que a ponta do meu pau bata contra seu final apertado.

Malícia cintila em seus olhos, e mesmo antes de ela falar eu

sei que ela vai jogar junto. —Sim, Dragão. Tome-me nua e não se
atreva a sair até que seja tarde demais para qualquer outra coisa.

E assim eu faço.

E eu não sei.

E é tão bom que eu não vejo como qualquer coisa, em

qualquer lugar, a qualquer hora poderia ser melhor.
 CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Shane

Os próximos dias voam em uma sensação de felicidade,

tesão, e eu ataco Jake tantas vezes que no momento em que
chegamos à nossa sessão de fotos no sábado, dói um pouco para
sentar.

Eu estremeço quando resolvo sentar em uma cadeira de

maquiagem em frente onde Jake está fazendo o cabelo, minha
expressão colocando um sorriso maroto em seu rosto bonito.

—Silêncio. —Eu sussurro, estreitando os olhos e apontando

o dedo para o seu sorriso. —Comporte-se.

—Eu tenho tentado me comportar. —Ele diz, referindo-se

claramente à noite passada e sua tentativa mal sucedida de me
convencer a tirar uma noite de folga de transar como coelhos. —
Mas alguém não deixa.

—Como eu poderia me comportar quando você vai viajar

esta noite e eu não vou vê-lo por quase uma semana inteira? —Eu
puxo meu cabelo para trás em um rabo de cavalo baixo para que o
maquiador possa ter acesso ao meu rosto livremente.

Estamos em uma tenda aquecida por lâmpadas perto dos

Cloisters no Central Park, mas o vento frio do início de novembro
ainda penetra nas fendas da lona. Espero que possamos tirar as
fotos para Denise rapidamente, antes que meus dedos dos pés
congelem nos sapatos de saltos prateados que o estilista selecionou
para a seção de fotos.
 —Sobre isso. —Jake diz, um tom de melodia em sua voz.
—Por que você não vem comigo desta vez?

Eu olho para cima, surpresa. —Ir com você? Para Toronto e

Detroit?

—Eu não vou estar ocupado o tempo todo. Nós ainda

teríamos uma chance para passear. Toronto é o lar do Hall da Fama
do Hóquei. Você poderia começar sua educação em grande estilo.

Eu pisco inocentemente. —Você está dizendo que o meu

conhecimento sobre hóquei é ruim?

—Eles têm museus de arte também. —Ele diz com uma

risada, sem sequer se preocupar em dignificar a minha pergunta com
uma resposta. —Podemos dividir nosso tempo entre a arte, hóquei,
e comer panquecas cobertas com maple syrup33. E então, em
Detroit, você poderia usar o spa do hotel e evitar olhar para fora, a
menos que seja absolutamente necessário.

—Pobre Detroit. Ouvi dizer que está no meio de uma

recuperação, você sabe. —Eu sorrio, amando que ele quer que eu vá
com ele, mesmo que eu saiba que não posso. —Eu adoraria ir, mas
eu já confirmei presença em dois eventos de arrecadação de fundos
e eu vou cuidar do cão da Cat enquanto ela e seu marido visitam sua
família no interior. Mas da próxima vez. Eu sou fã de maple syrup e
de sair com você.

—Da próxima vez. —Ele concorda com um sorriso. —Você

definitivamente tem que ir para o jogo em Ottawa em janeiro. O
canal estará congelado até lá. Podemos ir patinar no gelo. Fazer todo
o trecho de dezesseis quilômetros do centro da cidade até o lago e
voltar.

33
Xarope de ácer ou xarope de bordo, conhecido como maple syrup e sirop d’érable nos Estados Unidos
e no Canadá, é um xarope extraído da seiva bruta de árvores do gênero Acer, sobretudo Acer nigrum e
Acer saccharum, cujo nome comum, no Brasil, é bordo
 —Parece incrível, mas você pode ter que me arrastar de volta
para o hotel em um saco para cadáver depois. —Eu digo, ganhando
uma risadinha do maquiador enquanto coloca uma toalha em volta
do meu pescoço para proteger o meu vestido, um longo prateado
até o chão, que é totalmente apropriado para uma princesa. É o
contraponto perfeito para o smoking desbotado de Jake, uma versão
adaptada do traje masculino usual que é completamente
impressionante nele.

—Não, vamos melhorar sua resistência até lá. —Ele diz com
uma piscadela.

Eu olho para ele, mas eu não posso manter o sorriso do meu

rosto. —Você é mau.

—Essa é uma das coisas que você ama em mim, certo?

Meu sorriso se amplia. Nós não dissemos as palavras ainda,

mas o grande “A” está lá todas as noites quando nós ficamos juntos
no escuro e todas as manhãs quando eu acordo com um sorriso no
rosto porque mesmo enquanto eu ainda estou dormindo, alguma
parte de mim sabe que eu estou nos braços de Jake.

Os melhores braços, os únicos braços em que eu quero

acordar durante um longo, longo tempo.

Eu estou com ele, então nem mesmo uma sessão de fotos

pode arruinar o meu dia. De fato, após os primeiros momentos de
constrangimento, eu relaxo na magia de estar com Jake e esqueço
tudo sobre a câmera clicando em torno de nós. Nos abraçamos nos
Cloisters, nos beijamos contra muros de pedra cobertos de hera, e
posamos para uma foto tipo Romeu e Julieta, meus dedos se
estendendo de uma varanda para tocar os dele enquanto ele sobe a
treliça para chegar a mim.

A manhã passa rapidamente, cheia de risadas e beijos

prolongados e a boa sensação de passar o tempo com este homem
que me faz sentir como a mulher mais bonita do mundo.

Antes que eu perceba, Lucas, o fotógrafo, o chama de uma

cabine. —Vocês dois têm uma química incrível. —Ele diz, levando
Jake e eu para o monitor, onde Denise e sua equipe já escolheram
algumas de suas fotos favoritas. —Eu adoraria fotografar vocês
novamente. A qualquer momento. Será um prazer. Basta me ligar e
podemos definir alguma coisa.

—Muito obrigada. —Eu digo quando Denise arregala os

olhos significativamente pelas costas de Lucas, me fazendo pensar
que nem todo mundo recebe este tipo de oferta de seu fotógrafo
mais procurado.

Estou cinicamente pensando que o status de estrela de Jake

tem algo a ver com a ansiedade de Lucas para nos fotografar
novamente. Mas então eu olho as fotos que Denise selecionou, e
meu cinismo desaparece em uma onda de choque e prazer
inesperado.

—Oh meu Deus. —Minha mão voa para cobrir minha boca
enquanto minha garganta fica apertada. —Nós estamos tão bonitos.

Denise ri, claramente satisfeita em me ver tão emocionada.

—E tão apaixonados. Elas são mágicas. Podemos conseguir uma
cobertura de fora para isso, para vocês dois. Vou jogar a ideia na
reunião desta tarde.

—Podemos obter cópias? —Jake pergunta, soando tão

impressionado como eu me sinto. —Adoraria enviar uma para
minha mãe. Ela está me incomodando para enviar-lhe uma foto de
Shane.

Lucas fala sobre as questões legais em torno das imagens,

quando podemos compartilhá-las e com quem, mas eu estou muito
ocupada olhando para Jake para prestar atenção.

Ele quer enviar à sua mãe uma dessas fotos de contos de

fadas, de nós dois parecendo como um príncipe e princesa a
caminho do seu casamento. Ele quer me levar com ele para seus
jogos e estar comigo o tempo todo, e ele já vem insinuando
eventualmente sobre encontramos um lugar juntos. Ele mencionou
em tom de brincadeira, insistindo que seu pau não estava gostando
de ficar longe da minha boceta, nem mesmo pelos quarenta e cinco
minutos que ele levou para ir em casa e pegar algumas mudas de
roupa, mas eu podia nos ver morando juntos no futuro.

Um futuro não muito distante, na verdade.

Ocorre-me, de repente, que pode ser isso. Que o meu

primeiro encontro com Jake pode ter sido o meu último primeiro
encontro, e que o nosso primeiro beijo pode ter sido meu último
primeiro beijo, e que este pode ser o homem com que eu vou passar
o resto da minha vida.

O pensamento de Jake ser meu a longo prazo é tão intenso

que o mundo começa a girar. Meu lábio superior começa a suar frio,
meu estomago revira, e a próxima coisa que eu sei é que estou
correndo para os arbustos.

Eu passo mal atrás de um arbusto que arranha as costas da

minha mão enquanto eu empurro suas folhas espinhosas longe do
meu rosto, enquanto alguém do figurino murmura preocupado
sobre o que eu poderia estar fazendo no meu vestido muito caro e
muito emprestado.

Mas nem mesmo vomitar em público pode arruinar

completamente o meu dia. Claro, estou com medo, me apaixonar
pela primeira vez desde que enterrei o primeiro homem que amei, é
um grande negócio, e razão mais que suficiente para fazer qualquer
um expulsar o seu café da manhã, mas eu também estou feliz.
 E grata.

E determinada a não perder um minuto do meu tempo com

Jake.

—Você está bem, princesa? —Pergunta ele, sua mão quente

nas minhas costas. Só ele ainda consegue ter as mãos quentes depois
de passar a manhã inteira em uma temperatura em torno de sete
graus.

—Eca, não olhe. —Eu saio dos arbustos, segurando meu

rosto com as mãos. —Nós não estamos namorando a tempo
suficiente para você ver isso.

—Não me perturba. —Seus dedos circulam meus pulsos,

puxando minhas mãos para baixo para revelar sua expressão
preocupada. —Só quero ter certeza de que você está bem.

—Essas ostras na noite passada foram uma má ideia. —Eu

coloco a mão no meu estômago ainda agitado. Eu acho que é mais
nervosismo que as ostras, mas pelo menos os meus hábitos
alimentares têm me dado algo para culpar.

—É por isso que eu não como alimentos crus. —Ele diz,

franzindo a testa. —Da próxima vez, você vai ouvir quando eu
votar não para ostras como aperitivo?

—Você é mandão quando quer. —Eu digo, aceitando o copo

de água que um dos assistentes coloca na minha mão. —É fofo.

—Eu vou marcar uma consulta para você com o meu

médico. —Jake segura minha mão quando começamos a ir em
direção à tenda. —Espero que ele possa vê-la antes de eu ter que
sair para o aeroporto, esta tarde.

—Não seja bobo. Eu estou bem, de verdade. —Eu bebo

minha água, bochechando-a em minha boca antes de engolir.
—Sinto-me muito melhor agora. Até mesmo com um pouco de
fome. —Faço uma pausa, considerando a sensação de vazio logo
abaixo minhas costelas. —Faminta, na verdade. Uma taça
Portobello, um sanduíche de queijo e batata frita soam como o céu
no momento. Quer almoçar antes de ir para casa para fazer as
malas?

Ele segura a aba de entrada da tenda aberta, estudando meu

rosto enquanto eu paro na frente dele. —Você tem certeza? Eu não
me importo de ir ao médico. Se você tem uma intoxicação
alimentar, você deve fazer um check-up.

—Eu realmente estou me sentindo melhor. Talvez tenha sido

apenas muito café com o estômago vazio e toda a emoção de saber
que você quer enviar fotos minhas para sua mãe.

Seu olhar suaviza, e um sinal de timidez surge em sua

expressão me fazendo querer beijá-lo tanto que eu silenciosamente
amaldiçoo meu estômago por fazer minha boca imprópria para a
companhia humana.

—Sim, bem, você sabia que eu era um filhinho de mamãe,

Willoughby. —Ele diz com uma voz falsamente rude. —Tarde
demais para reclamar agora.

—Eu não estou reclamando. Estou honrada. E espero

conhecê-la em breve. Eu gostaria de dizer a ela que excelente
trabalho que ela fez com seu filho mais velho.

—Você tem planos para o Dia de Ação de Graças? —Ele

envolve o braço em volta da minha cintura, me puxando para mais
perto.

Eu viro minha cabeça, colocando minhas mãos para cima

para agir como um escudo entre nós. —Não, mas você não tem
permissão de chegar perto do meu rosto agora. Não até que eu
escove os dentes.

—Eu não me importo se você escovou os dentes. Você deve

me beijar e me dar sua intoxicação alimentar. Então eu posso ficar
aqui com você.

—Ei! —Eu empurro seu peito, enquanto ele tenta roubar um

beijo. —Não é assim que uma intoxicação alimentar funciona, seu
psicopata. E se você me beijar agora eu nunca vou te perdoar por
isso. Sério, Dragão. Eu preciso escovar os dentes!

Ele me deixa ir com uma risada. —Tudo bem, princesa. Mas

depois do almoço vamos voltar para sua casa. Dessa forma, você
pode escovar os dentes, e então eu lhe dou um bom beijo de
despedida.

—Sim, isso soa bem. —Eu passo com facilidade por ele na
tenda, provocando-o por sobre o meu ombro. —Embora eu possa
querer mais do que um beijo.

—Você está louca para ser punida. —Ele diz, os dedos

beliscando minha cintura enquanto nós entramos.

—No caso seria pau, Falcone. —Eu corrijo em voz baixa. —

Eu gosto de pau, não de punição.

Seus olhos brilham, e eu considero começar algo impróprio

na tenda, algo impróprio que não inclui beijar, é claro, mas, em
seguida, a senhora do figurino chega para me ajudar a tirar meu
vestido.

Com um último sorriso malicioso para Jake, eu vou para trás

do biombo, meu estômago se agita com antecipação. Jake vai sair da
cidade hoje, mas ele estará de volta em breve, e temos todo o
Outono cheio de diversão de férias e as maravilhas do inverno de
Nova York a nossa espera. Nenhum de nós tem visto Keri à espreita
em cantos escuros por dias, e a vida tem sido absolutamente
pacífica.

Estou cautelosamente otimista de que o boato de gravidez

que Jake sussurrou no ouvido de uma amiga em comum há alguns
dias tenha incentivado Keri a manter distância, e que a matéria que
expõe meu amor por Jake vá terminar o trabalho de se livrar de sua
ex de uma vez por todas. Espero que quando se tornar óbvio que eu
não estou realmente grávida, Keri esteja obcecada com alguém novo
e nem sequer note a mentira.

E então Jake e eu realmente não teremos nada em nosso

caminho.

Exceto sua teimosia e sua tendência a correr para se esconder ao

primeiro sinal de problemas...

Eu enrugo meu nariz para a voz interior.

Sim, em alguns aspectos, Jake e eu somos ambos bem

danificados, mas é por isso que nós nos entendemos tão bem. É
parte da razão pela qual ele é tão paciente comigo, e por isso que eu
estou disposta a repreendê-lo quando ele está sendo irracional. É
também por isso que ele está rapidamente se tornando um dos meus
melhores amigos, bem como o amante mais incrível que já tive.

Eu espreito atrás da tela, pegando-o vestindo em seu jeans, e

sorrio. Ele não me vê, mas não importa. Eu terei a chance de
cobiçá-lo novamente mais tarde, quando ele estiver fazendo o
contrário de colocar as calças para me ter uma última vez antes de
ele me deixar.

Eu suspiro, carinho e alegria se misturam no meu peito, em

igual medida, assegurando-me que isto é algo especial, algo tão bom
que vamos encontrar uma maneira de tirar tudo do nosso caminho.
 CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

Shane

Os cinco dias seguintes passam com lentidão agonizante.

Estar sem Jake é tortura, e falar por Skype ou por telefone, e

mandar mensagens sexys até tarde da noite é pouco para aliviar a
dor, embora eu esteja muito mais animada com as fotos do pau dele
do que eu jamais pensei que estaria.

Mas então, o pau de Jake é uma coisa linda.

Uma beleza. Eu não posso esperar para lambê-lo como um

pirulito, logo que ele chegar em casa.

A única coisa que me ajuda a passar através dos longos dias e

noites mais longas ainda é a alegria da cachorrinha Fifi e sua bebê,
Biscuit, a única filhote que ainda resta de sua ninhada de quatro. Os
outros três filhotes imediatamente encontraram lares felizes, mas
Biscuit era nanica, e só agora está ficando grande o suficiente para
considerar deixar sua mãe. Eu quero desesperadamente adotá-la,
mas manter um filhote quieto por apenas três dias no meu
apartamento é um desafio, quanto mais deixá-la sozinha por muito
tempo.

No dia em que devo devolver os cães, Adeline me ajuda a

contrabandeá-los para fora do elevador e para o jardim dos fundos
sem ser pega, mas em uma situação de longo prazo nós seríamos
descobertos, mais cedo ou mais tarde.

É uma chatice, mas eu não gosto de insistir em coisas

negativas. Especialmente agora, quando todo o resto na minha vida
está indo bem.
 No caminho para o Central Park, eu me consolo pensando
em nomes para o cachorro que vou pegar quando eu finalmente
convencer o HOA que os animais tornariam o nosso edifício um
lugar mais feliz, saudável e bem melhor. —E quanto a Bark Twain
ou Harry Duckter? — Pergunto a Addie, ganhando um revirar de
olhos.

—Não e não. —Ela diz, pegando cuidadosamente a bolsa de

cão onde Biscuit está cochilando em seu ombro.

—Mary Puppins?

Ela suspira.

—Sherlock Bones?

—Você não pode estar falando sério. —Ela diz, franzindo o

nariz.

—Por que não? E por que o desdém para minhas sugestões

brilhantes? Eu pensei que você fosse uma nerd de livros!

—Eu sou uma nerd de livros, mas isso não significa que eu
quero colocar em um pobre animal um nome como Bark Twain ou
Sherlock Bones. Agora Frodo ou Sam, eu poderia lidar com isso.

—Esses são bons. —Faço uma pausa para Fifi farejar as

pernas de uma caixa de correio particularmente irresistível. —E
Gandalf?

—Não, não Gandalf. Isso é demais para algo fofo conviver.

Isso seria como colocar o nome do seu cão de Yoda. Ou
Dumbledore.

—Você está certa. —Eu lanço a ela um olhar pelo canto do

meu olho. —Parece que você pensou muito nisso. Isso significa que
Eloise está se acostumando à ideia de um companheiro peludo para
se aconchegar em sua velhice?
 —Eu acho que sim. —Addie diz com um sorriso. —Dê-me
mais algumas semanas de passeio pela loja de animais em nosso
trajeto para seus compromissos e você pode ter a aliada que você
está esperando contra o HOA.

Um grito de felicidade se insinua na minha garganta, mas

Biscuit está dormindo, então eu me forço a canalizar minha alegria
em um suave aplauso. —Oh meu Deus, Addie, seria tão
maravilhoso! Eu tenho todos os meus dedos cruzados.

—Não é certo ainda. —Ela avisa enquanto nós caminhamos

para o parque, em direção a odalisca atrás do Met, onde vamos nos
encontrar com Aidan e Cat para deixar os cães. —Mas eu acho que
estamos seguros para começar a fazer uma lista do nome do filhote.

Eu avisto Aidan e Cat à frente e aceno. Cat, está com um

vestido laranja confortável, que coincide com as folhas caindo em
volta, acena de volta, mas Aidan não nos vê chegando. Ele está
imerso numa conversa com um homem de cabelos escuros usando
um terno de três peças, que parece que acabou de sair de um
anúncio de perfume caro, ou de veículos de luxo, ou bourbon
artesanal talvez. Seus ombros largos emprestam-lhe uma
masculinidade que poderia vender bebida artesanal cara e um lote de
whisky de uma pequena destilaria.

O homem tem um perfil forte para combinar com os ombros

esculpidos, as maçãs do rosto que um supermodelo mataria para ter,
e ele consegue projetar uma aura de confiança quase predatória,
mesmo estando completamente imóvel. Ele é o tipo de homem
bonito que é difícil desviar o olhar, fazendo-me pensar que ele deve
ser Nate, o mais novo consultor da MBC, contratado por Bash para
tomar seu lugar como empresário bem sucedido agora que ele está
se concentrando na execução por trás dos bastidores.

Penny diz que ela não tem nenhum problema com seu noivo
continuar a fazer-se passar pelo homem de outras mulheres, como
parte de seu trabalho, mas, aparentemente, Bash é um homem de
uma mulher só.

—E você, Addie? —Pergunto enquanto atravessamos a

ciclovia e voltamos para a grama. —Estaria tudo bem com o seu
parceiro beijando outras mulheres se isso fosse apenas parte do
trabalho dele?

—Hum, o quê? —Ela pergunta em voz baixa.

—Como se ele fosse um consultor da MBC. Eu acho que

estaria bem com isso do ponto de vista da intimidade, beijos não
tem que significar nada emocionalmente, sabe

—Mm hmm. —Addie diz, deslizando a alça da bolsa de

transporte de seu ombro. —Você poderia segurar isso por um
segundo?

—Claro. —Eu pego a bolsa e seguro firme a coleira de Fifi,

determinada a não deixá-la se soltar como a última vez que o cão
ficou comigo. —Mas você sabe com o que eu me preocuparia. —Eu
digo, voltando ao assunto em questão. —Germes. Eu não quero
correr o risco de pegar um resfriado a cada vez que meu namorado
começar a trabalhar.

Cat vem em nossa direção, deixando o marido e o homem

que suponho ser Nate para trás.

—Mas eu acho que as pessoas pegam resfriados de clientes o

tempo todo. —Eu continuo. —Você não tem que beijar alguém.
Eles podem espirrar em sua direção, ou tocar em sua caneta antes de
você pegá-la, ou acidentalmente tomar um gole do seu café. Então
eu acho que, eu... —Minhas palavras perdem-se no ar quando me
viro para olhar para Addie e encontrar apenas um espaço vazio ao
meu lado.

—Addie? —Eu giro em um círculo, buscando na multidão de

pessoas que apreciam a tarde fria de outono, mas não há nenhum
sinal de uma mulher com cabelos escuros e óculos de tartaruga
vestida como uma bibliotecária-casual.

—Ei! São meus bebês! —Cat para na minha frente,

curvando-se para olhar para dentro da bolsa de cachorro. —Aw,
Biscuit é a mais fofa quando ela está dormindo! Eu não posso
esperar para chegar em casa e dar-lhe todos os beijos.

—Você viu Adeline? —Eu pergunto, olhando em direção à

rua.

—Sim, mas ela saiu muito rápido. —Cat agacha para acariciar
Fifi, que está praticamente apoplética com a alegria de ter sua Cat de
volta do interior do estado. —Ela sabe que eu não estou brava por
ela ter abandonado o clube do livro depois que ela nos fez ler aquele
livro viciante de Jane Austen, certo? Eu sei que ela não tem muito
tempo livre.

—Tenho certeza que ela sabe. —Murmuro. —Ela disse que

estava animada por vê-la e ao Aidan hoje, então...

Cat dá um encolher de ombros, segurando Fifi em seus

braços com um sorriso. —Talvez ela só tivesse um lugar para ir. —
Ela balança a cabeça sobre o ombro. —Você conheceu Nate?

—O cara novo? Não, eu não conheci. —Me aproximo ao seu

lado quando ela começa a atravessar a grama, fazendo uma nota
mental para escrever a Addie quando eu chegar em casa. —Ele e
Aidan parecem preocupados.

Cat ri. —Eles estão falando de tatuagens. Nate tem algo em

suas costas que ele quer refazer, e coberturas são o vício de Aidan.
Ele adora pegar algo terrível e torná-lo menos feio do que era antes.

—Menos feio é sempre bom. —Eu concordo, o estômago

roncando quando passamos por um grupo de jovens de vinte e
poucos anos compartilhando um balde de frango frito em uma
colcha de retalhos espalhados na grama.

—Com fome? —Cat pergunta, rindo.

—Não, não realmente. —Eu digo, encolhendo-me quando

minha barriga ronca novamente. —Eu estou lutando contra um
surto de intoxicação alimentar há quase uma semana. Eu nunca
comerei ostras novamente, nunca mais.

—Ugh. Eu a ouvi. —Ela coloca a mão sobre o estômago.

—Meu enjoo matinal estava muito melhor enquanto estávamos na
casa do pai de Aidan, mas depois que chegamos eu fiquei mal duas
vezes na viagem de volta. Estou farta do primeiro trimestre. É
melhor este bebê ser muito fofo ou eu estou pedindo um reembolso
para cada hora que passei bebendo chá de gengibre e tentando não
vomitar.

Eu sorrio. —Oh, vai ser adorável. O bebê mais lindo,

precioso e amado de todos os tempos, tenho certeza.

Cat sorri o mais suave e doce sorriso, o que se tornou mais

frequente desde que ela se casou com o homem dos seus sonhos.
—Eu sei. Eu não posso esperar.

Fifi late como se concordasse, e nós duas rimos.

—Eu sei, Feefs. —Cat diz, beijando a cabeça de seu bebê

peludo. —Nós duas estamos tão animadas para o bebê vir, não
estamos doce menina?

Nos juntamos aos homens perto da odalisca, e eu conheço

Nate, que parece ser bem legal, apesar de um pouco arrogante de
um jeito simpático, o que o torna perfeito para ocupar o lugar de
Bash. Eu passo a próxima meia hora conversando sobre tatuagens,
cães e bebês com três seres humanos divertidos e perfeitamente
crescidos. Mas o tempo todo eu estou um pouco triste.
 Estou triste por Jake não estar aqui para encontrar meus
amigos e se apaixonar pelos cães e me beijar muitas vezes como
Aidan faz com Cat. Estou triste que eu não sei se ele já pensou em
fazer uma tatuagem, ou o que ele gostaria se ele fizesse uma amanhã.
Eu sinto que o conheço tão bem, mas ainda há muito para aprender
e estou pronta para começar.

Tão pronta, na verdade, que eu quase enviei uma mensagem

para Jake no caminho de casa apenas para dizer que eu sinto falta
dele e não posso esperar para vê-lo e quero falar sobre tatuagens em
breve. Mas então eu passo por um homem que vende castanhas, que
deixou algo queimar. O cheiro acre de castanhas queimadas sopra
no meu rosto, e um momento depois o barulho na minha barriga
torna-se um gemido.

Desta vez, eu vomito em uma lata de lixo cheia de

embalagens de molho de salsa da barraca de taco do final do
quarteirão. Depois, eu limpo minha boca com o meu braço e
adiciono tacos à lista de coisas que eu não quero comer tão cedo.

Eu pego uma água de um dos vendedores ao longo da rua

perto do parque e vou para casa, sentindo-me solitária sem os cães e
um mais do que um pouco chateada com o meu estômago.

—Melhore antes de Jake voltar. —Murmuro para o órgão

traidor. —Se você não estiver, vamos ter que ir ao médico, e isso
reduzirá a quantidade de sexo de boas-vindas que poderíamos ter
antes que ele tenha que voltar para o treino na segunda-feira.

Meu estômago acalma quase que instantaneamente, como se

entendesse a situação e o número de orgasmos em risco.

Corro para casa com um sorriso, imaginando se ainda é

muito cedo para mandar mensagem para Jake com uma imagem da
minha calcinha.
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO

A partir das mensagens de texto de Shane

Willoughbyand e Adeline “Addie” Klein

Shane: Onde você foi, esquilo louco?

Um segundo você estava ao meu lado, e no

seguinte você tinha desaparecido no ar.

Addie: Desculpe! Me lembrei que tinha uma...

coisa.

Shane: Uma coisa. Que tipo de coisa?

Addie: Uma coisa que era importante.

Uma coisa importante.

Que eu tinha que fazer de imediato.

Shane: Alguém já te disse que você é adoravelmente

ruim mentindo?

Addie: Ugh... sim.

Ruim de qualquer maneira. Não adoravelmente

ruim.

Desculpa.

Shane: Está tudo bem. Você não tem que me dizer o

que está acontecendo se você não quiser.

Eu só queria ter certeza de que você estava bem.

Você está bem?

Addie: Sim. Não.

Eu não sei! Ugh!

Shane: Dois ughs em dois textos. Isso parece sério.

Gostaria de falar sobre isso?

Addie: É Nate. Aquele cara com quem Aidan estava

falando.

Shane: Sim, ele é o cara novo na MBC, assumindo o

trabalho de Bash no campo.

Addie: Eu não sabia disso.

Mas eu, hum... eu meio que o conheço.

Ou o conhecia, há muito tempo.

Nós fomos para o ensino médio juntos.

Shane: Ok...

Então ele era legal na escola? Se não, eu tenho

certeza que Bash gostaria de saber sobre ele. Ele gosta
de contratar boas pessoas.

Addie: Sim, ele era bom.

 Bem, não agradável, mas não quer dizer...
exatamente.

Shane: Hmm. Não é a resposta que eu queria ouvir.

Devo dizer a Bash para despedi-lo?

Addie: Não! Não faça isso.

Tenho certeza de que Nate será um grande

intervencionista.

Ele é muito bom em fingir sentir coisas que ele

realmente não sente.

Shane: Oooo, isso soa feio, gata.

O que ele fez? Conte-me. Eu prometo que não vou

dizer a Bash, se você não quiser.

Addie: Não é nada realmente.

Quer dizer, no esquema das coisas. Da vida.

Eu pensei que eu tinha superado tudo isso anos

atrás, mas então eu o vi e eu só... Congelei e todo aquele
sentimento de nerd do colegial que nunca vai ter um
namorado voltou correndo.

Então eu corri. Como uma grande perdedora que

ainda é uma nerd, e provavelmente vai morrer uma
escrava dos caprichos de Eloise, e não tem um
namorado ou uma família ou tempo suficiente de folga
para ir a uma pedicure ou a uma estúpida consulta
com um oftalmologista.

Shane: Aw, pobre doçura. Você precisa de um pouco

de amor!

Por que você não vem para uma visita e conversa

de garota? Eu posso te dar chá e biscoitos e sentar do
outro lado do sofá, enquanto você desabafa.

Addie: Por que do outro lado?

Eu cheiro mal também?

Além de ser uma perdedora para sempre? *soluço*

Shane: Não, você não cheira mal! E você não é uma

perdedora. Pare com isso!

Eu só passei mal novamente a caminho de casa

quando estava voltando do parque, só isso.

Eu acho que eu posso estar com algum problema.

Isso está acontecendo há tempo demais para ser
intoxicação alimentar, e se for contagioso, eu não quero
deixá-la doente.

Addie: Uau. Já faz quase uma semana, certo?

Shane: Sim, mas isso é uma doença estranha. Eu

geralmente tenho que correr para o banheiro logo antes
do almoço. Então, assim que eu como, eu me sinto
melhor, e fico bem o resto do dia. É tão estranho.

Addie: Uh oh...

Shane: O quê? Por que uh-oh?

Addie: Uh... oh...

Shane: O quê?! Você acha que eu tenho câncer de

estômago ou algo assim?

Gah, seria apenas a minha sorte conhecer um

cara incrível e começar a acreditar no amor novamente
e, em seguida, ter câncer de estômago!

Isso não pode estar acontecendo, Addie!

Eu não quero ter câncer de estômago!

Addie: Calma, eu não acho que você tem câncer de

estômago.

Eu disse que eu tenho quatro irmãos pequenos,

certo?

Shane: Sim...

Addie: Bem, com o meu irmão menor minha mãe

sempre ficava enjoada antes do almoço. Ela o chamava
enjoo de meio-dia, ao invés de enjoo matinal, porque
não passava mal pelo resto do dia.
 Shane: Não. De jeito nenhum. Não pode ser isso.

Addie: Bem, você tem feito coisas que podem levar

a gravidez, certo?

Shane: Sim, mas eu tenho um DIU.

Eu estou apenas fingindo estar grávida para

afastar a ex de Jake.

Eu realmente não estou grávida, lol.

Addie: Ok. Se você diz.

Shane: Eu que o diga! Isso seria uma loucura!

Muito engraçado. Quer dizer, eu só o conheço há
algumas semanas! Eu nem sei se ele quer filhos!

Eu nem sei se quero filhos, pelo menos não agora.

Addie: Você quer que eu vá comprar um teste? Ou

dois?

Minha mãe gostava de fazer dois, só para ter

certeza.

Shane: NÃO! Eu não preciso de um teste de

gravidez, porque eu não estou grávida, Addie. Não há
absolutamente nenhuma maneira que eu poderia estar
grávida. Sério, toda essa conversa é um absurdo. Eu
provavelmente tenho câncer de estômago, ou uma tênia,
ou algum vírus estranho.
 Addie: Tudo bem. Bem, me ligue mais tarde, se
quiser. Eu tenho que ir ao supermercado. Eloise quer
ameixas Lemon-Kissed. A marca específica de ameixas
que só é vendida em Astoria * emoji de olho rolando*.

Então, eu vou estar no trem por uma ou duas

horas, mas eu vou estar com o meu telefone se você
precisar falar.

Shane: E você me ligue se precisar falar também.

Eu sei que você não quer ninguém perdendo o

trabalho, mas se esse Nate é um babaca, ele acabará
saindo. Melhor para Bash saber agora e se livrar dele
antes que ele possa causar qualquer dano à empresa.

Pense nisso, ok?

Addie: Eu não preciso. Eu não vou mudar de ideia.

Nate é um cara legal.

Não é culpa dele que eu lhe disse que estava bem

em passar o verão, antes de sairmos para a faculdade,
fazendo sexo selvagem, louco, casual e, em seguida
seguir nossos caminhos separados, mas acabar querendo
mais.

Ele me disse logo no início que ele não queria

começar um relacionamento.

Shane: Oh meu...
 Sinto muito, Addie. Isso é difícil.

Mas estou feliz que você teve um verão de sexo

louco e selvagem com um homem delicioso.

Você deveria fazer isso de novo algum dia. Estive

recentemente lembrando quão divertido sexo pode ser
às vezes. Ninguém deve ficar sem isso por muito tempo.

Addie: Talvez.

Shane: Definitivamente! O sexo é o melhor.

Addie: Até você descobrir que está grávida

acidentalmente...

Shane: Eu não estou grávida. Gah. Muito

engraçado.

Sério, eu realmente estou rindo alto agora, porque

isso é muito absurdo.

Então, pare de se preocupar. Eu posso sentir você

se preocupando pelo telefone.

Estou bem, apenas um pouco enjoada. Eu tenho

certeza que voltarei ao normal em breve.

Addie: Ok. Falamos mais tarde.

Shane: Mais tarde, mamãe. Boa sorte em sua caça

às ameixas.

DUAS HORAS DEPOIS

 Shane: Adeline.

Eu preciso que você venha.

Agora mesmo.

Talvez cinco minutos atrás.

Adeline?

Você está aí?

Addie: Sim, eu estou saindo do metrô agora. Eu só

preciso deixar as ameixas e eu estarei aí.

Você está enjoada de novo?

Shane: Não, eu não estou enjoada.

Eu não estou doente.

Eu estou indiscutivelmente grávida.

 CAPÍTULO TRINTA E CINCO

Shane

Grávida.

Estou grávida.

Não estou fingindo estar grávida. Estou realmente, cem por

cento, total e completamente, na verdade, de verdade grávida. Com
o bebê de Jake.

É aterrorizante, insano e avassalador... e só um pouquinho

emocionante.

Mas só um pouquinho, porque essa voz na minha cabeça

dizendo que nosso bebê será bonito e adorável e Jake será um pai
maravilhoso não é uma voz baseada na realidade. A realidade é que
eu conheço Jake há menos de um mês. Não importa o quão perto
eu sinta que estou dele, ou o quanto eu amo fazer amor com ele, ou
quanta diversão temos juntos, esse relacionamento é muito, muito
novo.

Tão novo que o meu primeiro instinto ao ver essas duas

linhas cor-de-rosa não é ligar para o pai do meu bebê e compartilhar
a notícia feliz. Meu primeiro instinto é sentar no chão do banheiro e
hiperventilar enquanto freneticamente mando mensagens de texto
para Addie porque ela é a única pessoa em quem posso confiar para
não deixar isso chegar até Jake antes que eu esteja pronta para isso
chegar em Jake.

Cat pode dizer algo para Aidan, que pode deixar algo escapar,
e não há nenhuma maneira de Penny ser capaz de guardar algo
assim de seu noivo. E, em seguida, a cabeça de Bash explodiria, e
haveria pedaços do cérebro de Magnificent Bastard por toda a
parede. E da próxima vez que Jake tentasse uma atualização de seu
caso, ele encontraria uma Penny soluçando que culparia Jake, eu e a
nossa incapacidade de ter relações sexuais com responsabilidade
pela morte de seu verdadeiro amor.

—Não. —Eu digo, apontando um dedo severo ao vaso

sanitário. —Nós fizemos sexo de forma responsável. DIU deveria
ser útil por anos.

E quando foi a última vez que verificou para ter certeza de que podia
sentir o fio, gênio? O banheiro pergunta em uma voz que soa como o
supervisor irritadiço de um desenho animado sobre os monstros que
assustam crianças para obter energia a partir de gritos. Por tudo que
sabemos o seu controle de natalidade falhou meses atrás.

—Eu verifiquei no mês passado. —Eu olho para o vaso

sanitário, colocando-me em uma posição resistente enquanto
mentalmente retomo meu cronograma de outono. —Ou talvez dois
meses atrás. —Eu admito. —Mas eu sei com certeza eu o senti por
volta do quatro de julho, porque eu considerei pegar aquele cara
bonito de bigode na festa de caridade no último piso.

Três meses atrás, o banheiro resmunga. Acho que significa que até o
próximo quatro de Julho você vai estar tão grande como uma casa. Bom trabalho
em planejar estar obscenamente grávida durante a parte mais quente do ano.

—Eu não planejei nada disso. —Eu digo. Exatamente, o vaso

diz presunçosamente, enquanto Addie entra.

—Shane? Você está aqui?

—Eu estou no banheiro! —Eu respiro forte, piscando para

afastar a pressão nos meus olhos. Eu não vou chorar por isso,
especialmente não na frente desse desagradável, sabe-tudo vaso
sanitário.

—Ei, eu vim o mais rápido que pude. —Uma Addie ofegante

aparece na porta, a preocupação marcada em sua testa. —Como
você está?

—Grávida. —Eu aponto para a fileira de testes em cima do

balcão, todos eles com duas linhas cor de rosa.

As sobrancelhas de Addie levantam. —Você usou sete testes.

—Eu usei sete testes. —Eu repito. —É incrível o quanto de

xixi você pode espremer para fora quando você está realmente
motivada.

Addie ri baixinho, sacudindo a cabeça enquanto continua a

examinar a evidência da minha condição com insanidade. —Essas
linhas são realmente rosa.

—Sua declaração do óbvio é reconfortante, Addie. —Eu

digo, o primeiro sorriso da tarde curvando meus lábios.

—Desculpe. —Ela se vira para mim. —Eu não tenho certeza

do que dizer. A última vez que isso aconteceu com um amigo,
estávamos ambos com dezesseis anos e era uma clara situação, do
tipo que precisa ir a um tipo clínica. Você tem alguma ideia de onde
você quer ir agora?

Eu balanço minha cabeça. —Eu não tive a chance de pensar

tão longe. Eu ainda estou tentando descobrir quando isso
aconteceu.

—Provavelmente há algumas semanas. —Addie diz,

sentando-se ao meu lado, recostando-se na banheira. —As linhas
não seriam tão rosa se tivesse acontecido recentemente.

—Então, provavelmente a nossa primeira vez. —Eu enterro

minha cabeça em minhas mãos. —Deus, eu sou tão idiota. Por que
eu não verifiquei para ter certeza que meu DIU estava lá? Jake
queria pegar um preservativo, mas eu prometi a ele que estávamos
bem.

Addie esfrega a mão para trás e para frente através dos meus
ombros. —Todos nós cometemos erros. Especialmente no calor do
momento. Pode ser difícil pensar direito quando você está em uma
situação como essa.

—E se ele ficar com raiva? —Eu levanto a cabeça quando

um flash frio de medo piora meu pânico. —E se ele quiser que eu
faça um aborto? Eu não acho que eu poderia fazê-lo. Eu já estou um
pouco apaixonada, você sabe? Mesmo que eu esteja com medo.

—Ele pode ficar com raiva, ele tem esse direito, mas a
escolha se você quer ou não ter esse filho é sua. —Addie diz, sua
voz ficando mais grave. —Ninguém pode fazer essa escolha para
você. É o seu corpo, e sua decisão.

Eu engulo, acenando quando o aperto no meu peito diminui

um pouco. —Certo. E se ele não quiser o bebê, não é como se eu
fosse precisar de apoio para a criança. Eu posso criá-la sozinha, e
prometo não incomodá-lo para qualquer coisa. Eu vou amá-la o
suficiente por nós dois e ela vai ficar bem, certo?

—Certo. —Addie me assegura. —Ela vai ficar mais do que

bem.

Meu rosto enruga, mas eu pressiono meus lábios e mordo,

recuperando o controle. Eu sou uma mulher crescida e me meti
nessa. Não há sentido em chorar sobre isso, especialmente quando
as coisas poderiam ser muito piores. Pelo menos eu estou em uma
boa situação financeira para me dar ao luxo de criar um filho
sozinha. Tantas mães solteiras têm que lutar apenas para alimentar
seus filhos, ou, como a mãe de Jake, comprar o medicamento de que
necessitam. E eu não estarei sozinha. Eu tenho meus amigos e
Hillary, que será a melhor avó substituta de todos os tempos.

—... no grande esquema das coisas. Então, basta esperar e

ver, ok? —Addie diz, inclinando-se para atrair o meu olhar.

Eu pisco. —Desculpe. Eu acho que eu perdi uma parte do

que você disse. Eu estava perdida em um emaranhado de
pensamentos.

Addie sorri. —Compreensível. Eu percebi que você estava

um pouco distraída quando eu saí do elevador e vi a sua porta
aberta.

—Sério? —Eu digo, xingando baixinho quando ela acena

com a cabeça. —Eu devo ter esquecido de fechar a porta quando
voltei da farmácia. Isto não prevê nada de bom para o meu futuro
como uma mãe responsável, não é? Será que serei uma daquelas
mães que esquece que o treino de futebol foi cancelado e deixa seu
filho sozinho na chuva sem guarda-chuva? Eu sempre esqueço
guarda-chuvas. É por isso que eu tenho uma centena de guarda-
chuvas no meu armário. Eu tenho que comprar um novo a cada vez
que eu estou fora e começa a chover. E agora eu tenho que lembrar
dos guarda-chuvas para duas pessoas, quando eu já tenho problemas
fazendo isso por uma.

—Não é preciso pensar muito à frente agora. —Addie diz

suavemente. —E não há necessidade de se preocupar com guarda-
chuvas. Está um dia bonito lá fora. Então, por que eu não pego um
chá e vamos conversar na parte ensolarada da cozinha? Ou talvez
dar um passeio, se você sentir vontade. Caminhar sempre faz os
problemas parecerem mais gerenciáveis, você não acha?

—Talvez chá e um passeio? —Pergunto em voz baixa.

—Feito! —Addie anuncia. —Eu vou esquentar a água.

Eu estendo a mão para pegar a mão dela, dando-lhe um

aperto. —Obrigada.

—Não tem porque. —Ela diz com um sorriso. —De

verdade, Shane. E eu vou ajudá-la de qualquer maneira que eu
puder.

—Obrigada. —Eu sinto uma nova onda de nebulosidade

embaçando meus olhos. —Apenas deixe-me lavar meu rosto e
descartar os testes, então eu vou achar as canecas de viagem.

Addie fica de pé, passando as mãos nas calças de linho preto.

—Parece bom. Vou colocar a chaleira no fogo, e, em seguida, falar
com Eloise para que ela saiba que eu vou ficar fora por um tempo.
Eu disse a ela que você não estava sentindo-se bem, sem detalhes.

—Ainda bem. —Eu digo, me levantando com um suspiro.

—Eu quero manter isso em segredo até eu descobrir como dizer a
Jake.

—Ele ainda está fora da cidade, certo? —Addie pergunta,

parando na porta. —Os Rangers jogaram com os Red Wings em
Detroit na noite passada?

—Sim, mas ele estará de volta amanhã de manhã, e ele vem

direto para cá. Então, eu poderei contar a ele pessoalmente, em vez
de tentar falar por telefone.

Addie cantarola, assentindo pensativamente para si mesma.

—Ele está vindo direto para cá, porque ele sentiu muito a sua falta.

—Sim. —Eu digo, o pensamento nas mensagens de texto

constantes de Jake "Eu não posso esperar para estar com você", me
fazendo sorrir.

—Não quero perturbar, porque eu sei que é um grande

negócio, e uma grande mudança, e um monte de coisa para lidar
com tão pouco tempo de relacionamento. —Diz Addie. —Mas meu
instinto diz que tudo vai dar certo. Você e Jake têm algo. Pensei que
ver faíscas era apenas uma frase até que eu vi vocês dois juntos. E
parece que a conexão não é apenas física.

—Não é. —Eu digo, mordendo meu lábio. —Mas ainda é

tão novo. É difícil imaginar como ele vai lidar com uma notícia
como esta, e até eu sei que eu só... Eu não quero ter esperanças,
sabe?

Addie assente. —Compreendo. Eu vou ver qual chá sem

cafeína você tem.

Eu levanto o rosto. —Que nojo. Não, eu preciso de coisas

boas se vamos caminhar.

—Excesso de cafeína não é bom para o bebê. —Addie fala

por cima do ombro enquanto vai para a cozinha. —Você vai ter que
desistir de sushi e ostras também. E banhos quentes.

—Bem, isso está ficando cada vez melhor e melhor.

—Resmungo, jogando os testes de gravidez no lixo antes de abrir a
torneira.

Mas eu não estou preocupada em desistir de algumas coisas.

Na verdade não. Tudo que eu quero é que o bebê seja saudável e
feliz. No espaço de alguns minutos, esta gravidez passou de algo que
eu não consigo acreditar que está acontecendo para uma realidade
que envolve uma preciosa e inocente pessoa em formação. A pessoa
que vai ser o meu filho ou filha, e para quem eu quero dar o mundo.
Quero que o bebê Willoughby tenha tudo o que eu não tive
enquanto crescia, incluindo um pai.

E Jake seria um bom pai. Eu sei isso. Apenas ouvi-lo falar

sobre as crianças que ele conhece através de sua caridade foi
suficiente para fazer-me suspeitar que ele era ótimo com crianças,
mas vê-lo sentado de pernas cruzadas na calçada para trocar doces
com essas crianças na festa de Halloween confirmou isso.

No fundo eu sei, mesmo que Jake fique com raiva de mim

por garantir-lhe que eu não podia engravidar e, em seguida,
engravidar na primeira vez que dormimos juntos, ele vai gostar da
ideia de ser pai. Ele vai se interessar e estar lá para seu filho, e isso é
algo para ser grata.

Mas quando eu lavo meu rosto, visto uma roupa com uma
camada extra de calor para a caminhada, e puxo meu cabelo
bagunçado de volta para um rabo de cavalo, não posso deixar de
sonhar acordada sobre algo mais.

Sobre Jake e eu limpando um dos quartos de hóspedes e

pintando-o como um quarto de crianças amarelo. Sobre Jake estar lá
para o meu primeiro ultrassom, e primeiro aniversário da nossa
filha, e cada memória no meio. Sobre nós três fazendo uma vida
juntos, sem ter que se preocupar sobre quem fica com qual feriado,
ou como discutir a custódia durante a temporada de hóquei.

Estou tão perdida em meu anseio e pensamentos

melancólicos que eu não percebo como a cozinha está
estranhamente quieta, até eu sair do quarto para ver Addie deitada
de bruços no chão ao lado do sofá e Keri de pé sobre ela com uma
arma.
 CAPÍTULO TRINTA E SEIS

Jake

Eu não sou uma pessoa espontânea. Eu não faço as coisas no

calor do momento. Eu nunca acordo e decido que é um bom dia
para uma viagem não planejada, ou pulo em um táxi e vou para o
aeroporto por um capricho.

Mas quando eu acordo em Detroit na manhã após o jogo,

diante de vinte e quatro horas de nada para fazer além de matar o
tempo no ginásio e no bar e uma outra noite interminável sem
Shane, o avião fretado da equipe foi reservado por dois dias, por
isso vamos ficar mais um par de dias em Motor City34, eu jogo
minhas coisas na bolsa, digo ao treinador que eu vou vê-lo no treino
na segunda-feira, e desço para o lobby para pegar um táxi para o
aeroporto.

Leva um pouco de requinte e muita paciência, mas finalmente

eu compro uma passagem na lista de espera para um voo direto para
Nova York. Quando um tal Talbot não aparece para a chamada
final, eu fico com o lugar de janela do Sr. Talbot e uma previsão de
desembarque às três horas no JFK.

Nos momentos antes de a aeromoça fechar as portas, penso

em escrever a Shane para avisá-la que eu estarei de volta antes, mas
desligo meu telefone. Eu estou fazendo uma mudança espontânea
de planos, fazendo algo que eu nunca tinha feito antes. Posso muito
bem tentar surpreender a minha namorada enquanto eu estou nisso.

Minha linda, sexy e incrível namorada com quem eu vou

fazer amor esta noite, em vez de me masturbar sozinho em um
34
Motor City é um apelido para Detroit, Michigan, Estados Unidos
quarto de hotel em Detroit, sentindo-me miserável porque eu não
estou respirando o mesmo ar que minha mulher. Estou
perdidamente apaixonado por ela, eu sei que é mais do que luxúria,
ou a emoção de algo novo. Eu nunca me apaixonei tão
profundamente ou tão rápido, mas eu estive perto o suficiente do
amor para saber que é isso, o negócio é real, e eu vou dizer a Shane
esta noite.

Eu não dou a mínima que só se passaram duas semanas. Uma

parte de mim a amou no momento em que coloquei os olhos nela, e
esse sentimento não vai desaparecer. Ele só está ficando mais forte.
Eu posso estar agindo fora do personagem, mas eu ainda sou o
mesmo homem que eu sempre fui, do tipo que termina o que
começa.

Eu não vou terminar com Shane até que tenhamos tido pelo
menos alguns anos juntos. Talvez cinquenta ou sessenta, se eu tiver
sorte.

O pensamento me mantém sorrindo durante o voo e no táxi

saindo do aeroporto JFK.

O taxista me deixa na Madison Avenue, e eu passo em uma

mercearia gourmet para comprar flores e uma lata de biscoitos
caninos chiques antes de me ir para o oeste, em direção ao
apartamento de Shane. Eu não me lembro se Shane devolveria Fifi
para sua amiga hoje ou amanhã, mas eu acho que eu deveria levar
presentes para as duas, apenas por precaução. Eu arrasto minha
mochila atrás de mim, curtindo o sol no meu rosto desta tarde
excepcionalmente quente de início de novembro, e chego ao prédio
de Shane, assim que o tráfego da hora do rush começa a se
complicar.

Aaron, o porteiro do dia, me deixa entrar sem se preocupar

em chamar primeiro. Estou na lista de Shane e eu tenho uma chave
para seu apartamento. Espero que em algum dia em breve, eu vou
voltar para casa para o nosso lugar, de preferência em um edifício
onde Shane possa ter o cão que ela quer, sem ter que escondê-lo do
HOA.

No caminho até o elevador, eu estou pensando em cães

pequenos e quantos comentários meus irmãos vão fazer se eu acabar
como coproprietário orgulhoso de um animal que pode ser
transportado em uma bolsa. Eu não estou preocupado se Shane vai
estar em casa, ou feliz com a surpresa.

Se ela não estiver em casa, eu vou esperar até que ela volte, e
eu sei que ela ficará feliz em me ver. Estar separados tem sido difícil
para ela também. Eu podia ver isso no sorriso que ela forçava cada
vez que nos despedíamos através do Skype e pela sua voz quando
ela me disse que cancelou sua agenda para que pudesse vir comigo
para a maioria dos jogos fora entre agora e fevereiro.

Não, meus pensamentos são todos pensamentos felizes.

Pensamentos presunçosos de cabeça dura, sobre ter tudo sob

controle. Até o momento em que entro no apartamento e vejo a
mulher deitada no chão e o sangue no tapete claro.

Por uma fração de segundo, eu acho que é Shane, apesar da

cor do cabelo estar errada, e meu estômago se contrai como se eu
tivesse tomado uma cotovelada no abdômen. Mesmo quando eu
percebo que a mulher não pode ser minha menina, isso não impede
a inundação de medo e adrenalina despejados na minha corrente
sanguínea.

Há uma mulher sangrando no chão de Shane, e Shane está

longe de ser vista, e eu sei que algo terrível aconteceu. Eu sei isso.

Eu largo as flores e minha bolsa e pego a estátua de Buda ao

lado da porta para usar como uma arma, entrando silenciosamente
no apartamento, apenas no caso de quem fez isso ainda estar aqui.
Em alguns instantes, eu chego ao corpo pequeno deitado de lado
próximo ao sofá e consigo o primeiro olhar para o rosto da mulher.

É Adeline, a doce e tímida fã de hóquei que eu conheci no

primeiro dia, no jardim. Ela está ainda mais pálida do que eu me
lembro, e sangrando por um corte em sua testa que claramente não
foi causado por sua queda. Mas agora que estou mais perto, eu
posso ver seu peito subindo e descendo, e suas pálpebras se
contraindo como se ela estivesse no meio de um pesadelo.

Graças a Deus. Ela está viva, eu serei capaz de conseguir

ajuda.

Com uma promessa silenciosa de estar de volta para ela tão

rápido quanto eu puder, eu entro mais no apartamento, fazendo
uma rápida busca nos quartos e banheiros, mas não há nenhum sinal
de Shane ou de quem machucou sua amiga. Coloco a estátua de
Buda na mesa de café e volto para o lado de Adeline. Estou
puxando meu celular do meu casaco para chamar o 911 quando ela
geme. Um segundo depois, seus cílios tremulam e os olhos abrem.

Ela estremece, claramente sentindo dor, mas ela

imediatamente senta-se. —Socorro. Temos que buscar ajuda!

—Cuidado. —Eu digo, estabilizando-a com as mãos

gentilmente em seus ombros. —O que aconteceu, Adeline? Quem
machucou você?

—Eu não sei. —Ela diz, piscando rapidamente. —Eu saí

para fazer chá e havia esta mulher que eu nunca vi antes. Ela tinha
uma arma. Ela me disse para ficar quieta e fazer o que ela disse e eu
não me machucaria. Tentei correr de volta para o quarto para avisar
Shane, mas...

—Shane estava aqui? —Eu pergunto, sentindo um aperto na

garganta.
 O rosto de Adeline fica completamente branco. —Ela estava.
Ela não está mais?

—Ela não está. —Eu estou fazendo o meu melhor para

conter meu nervosismo e obter o máximo de informações que
puder. Qualquer coisa que possa me ajudar a descobrir onde Shane
está agora. —Você se lembra de mais alguma coisa?

—Não havia muito mais. A mulher me bateu e eu acho que

eu apaguei.

Porra. Porra, porra, porra.

Uma mulher com uma arma. Uma porra de mulher com uma
arma estava aqui, e agora Shane está desaparecida. Puxo meu
telefone do meu bolso. —Como era mulher? Você consegue se
lembrar?

—O cabelo escuro, olhos escuros. —Adeline diz, apertando

os olhos. —Pequena, bonita. Não é o tipo de pessoa que você
espera que invada o apartamento de alguém ou o ameace com uma
arma.

Eu amaldiçoo em voz alta neste momento. Foi Keri. Tinha

que ser. —Era essa a mulher? —Eu pego uma foto antiga de Keri
no meu celular, a que eu salvei para mostrar para Bash no dia em
que fui contratar ajuda para tirar minha ex-namorada do meu pé.

—Sim. —Adeline diz, confirmando que eu sou o idiota

responsável pelo sangue na cabeça dela e por tudo o que está
acontecendo com Shane agora.

Keri estava aqui com uma arma, e ela bateu em Adeline, e

agora Shane se foi, talvez para sempre. Keri pode estar machucando
a mulher que amo e é tudo minha culpa.

—É ela. —Addie continua, com a voz trêmula. —Você acha

que ela fez algo a Shane? Deus, nós temos que encontrá-la, Jake!
Nós temos que ter certeza que ela está bem.

—Eu irei. —Eu prometo. —Vou encontrá-la e eu vou ter

certeza que a mulher que entrou aqui nunca machuque qualquer
uma de vocês novamente. Mas, primeiro, eu vou chamar uma
ambulância. Sua cabeça precisa ser examinada.

Adeline insiste que ela está bem, mas eu não vou correr risco.
Eu chamo 911 e a acompanho até a recepção para esperar pelos
paramédicos. Uma vez lá, pergunto a Aaron se ele se lembra de ter
visto Shane sair do edifício.

—Eu lembro. —Ele diz, acenando com a cabeça seriamente.

—Ela saiu com aquela mulher que entregou o envelope para ela no
outro dia, a bonita, com o cabelo castanho. Pareceu um pouco
estranho para mim, uma vez que a senhorita Willoughby não parecia
muito feliz com o pacote. Ela também não parecia muito feliz de
sair pela porta, mas...

—Há quanto tempo? —Eu luto contra o desejo de correr

para a rua e começar a gritar o nome de Shane.

—Uma hora? —Aaron coça a barba de fim de dia. —Talvez

um pouco menos. Eu posso verificar o tempo na filmagem de
segurança, se você precisa saber com certeza.

—Tudo bem. —Eu digo, já correndo em direção à porta.

—Apenas salve. As autoridades podem precisar disso mais tarde.

Mas eu sei que depois será tarde demais. Seja o que for que
Keri decidiu fazer, ela não é o tipo que hesita. Ela levou Shane, e eu
só consigo pensar em uma razão para a minha ex-namorada
sequestrar minha atual namorada. Ela está planejando eliminar a
competição em um lugar onde ela não será filmada, capturada ou
interrompida até ela terminar o que começou.
 É uma das maneiras em que a minha ex e eu somos iguais,
somos teimosos e determinados quando queremos algo.

Agora eu só tenho que descobrir onde Keri sentiria-se segura,

antes que ela mate a única mulher que amei.

Na calçada, eu corro em direção ao metrô, mapeando a rota

mais rápida para o estúdio de Keri em Dumbo, sob a ponte do
Brooklyn, na minha cabeça. É logo abaixo dos trilhos do trem, em
uma área onde o ruído dos carros do metrô passando é tão alto que
você mal consegue ouvir seus pensamentos, muito menos perceber
o estampido de um tiro ou o som de uma mulher gritando.

Eu apostaria minha mão direita que é onde Keri está.

Você está apostando mais do que isso. Você está apostando a vida de
Shane.

O pensamento me faz correr mais rápido. E rezar.

Eu não vou à igreja há anos, mas Shane é uma pessoa

espiritual. Se há algo lá fora ouvindo, talvez tenha pena de mim por
causa dela.

Ou, pelo menos, ser convencido a me levar no lugar dela.

Keri é o meu pesadelo. Eu a convidei para a minha vida. Se

alguém vai pagar por esse erro, deveria ser eu.

Por favor, deixe ser eu, por favor, deixe ser eu...

Repito as palavras de novo e de novo enquanto empurro para

entrar no trem lotado em direção ao sul, rezando com tudo em mim
para que eu não chegue tarde demais.
 CAPÍTULO TRINTA E SETE

Shane

Andamos de braços dados para fora da estação de metrô do

Brooklyn.

Para um observador casual, nós provavelmente parecemos

duas boas amigas, grudadas para se manterem aquecidas contra as
rajadas de vento vindas do East River através dos edifícios de
escritórios e lofts, transformando as ruas em túneis de vento. A
brisa fresca puxa os gorros para baixo e irrita os olhos. É final de
expediente e as pessoas correm para o trem, para pegar um táxi, para
conseguir um assento no bar antes que fique cheio para o happy hour
e não haja nenhuma chance de conseguir um mojito pela metade do
preço.

Ninguém está prestando atenção o suficiente para ver o suor

no meu lábio superior, ou a forma como os dedos de Keri apertam
no meu pulso, e muito menos perceber a forma estranha com que a
mão direita desaparece debaixo de sua jaqueta marrom, para manter
sua arma apertada contra as minhas costelas.

Eu aperto minha mandíbula e forço meus pés a continuarem

em movimento, um após o outro, apesar de tudo em mim estar
gritando que eu deveria correr. É melhor arriscar a uma bala agora
com rua movimentada onde eu teria uma chance de fugir. Keri
prometeu que se eu viesse em silêncio e fizesse o que ela me disse
para fazer, ela não me machucaria. Mas meu instinto diz que se eu
deixá-la me tirar da rua, longe da multidão de passageiros, para um
lugar onde possamos ficar sozinhas, só ela, eu e essa arma, eu não
voltarei a andar em qualquer lugar nunca mais.
 Eu quase paro por cinco vezes entre a estação de metrô e a
entrada do prédio de tijolos ruindo sob a ponte do Brooklyn, mas
então eu lembro das duas linhas cor de rosa. Eu lembro do bebê e a
chance de perdê-lo e o risco é muito grande. Uma vida e talvez eu
corresse. Mas há dois de nós agora.

Duas vidas, ambas dependendo de mim para manter meu

corpo em condições de funcionamento, e então eu me arrasto junto
com minha sequestradora, rezando para que eu não esteja
cometendo um erro fatal.

Rezando para que Addie chame a polícia. Rezando para que

Aaron estranhe que saí com a mulher que ficou vigiando o edifício e
deixando-me envelopes misteriosos, e chame a gerência.

Rezando para que uma oportunidade apareça e eu possa

aproveitá-la em segurança.

Este sequestro já saiu dos trilhos, Keri não planejou que

Addie estivesse no apartamento quando ela invadisse, ou qualquer
outra pessoa capaz de identificá-la como a pessoa que me obrigou a
sair da minha casa. Ela está nervosa, ansiosa, e ainda mais tensa do
que a última vez que conversamos. Se eu tiver sorte, isso a levará a
cometer um erro que eu posso usar como vantagem.

E se você não estiver com sorte, isso significa que ela atirará em você,
mais cedo do que o planejado para que ela possa escapar antes de ser pega.

Eu pressiono meus lábios, lutando contra uma onda de

náusea, quando Keri me empurra através de uma porta enferrujada,
em direção a uma escada coberta de lixo. Eu congelo, a garganta
apertando quando a porta se fecha e o corredor está mergulhado na
sombra. Acima, o trem passa ruidosamente, o barulho dos carros e
do guincho das rodas sobre os trilhos é tão alto que parece que eu
estou deitada sob os trilhos.
 É tão alto que ninguém vai ouvir a arma quando ele for
disparada.

Ninguém vai me ouvir gritar.

Ninguém vai me ouvir suspirar pela última vez.

—Mexa-se. Suba as escadas. —Keri me empurra entre os

ombros, fazendo meu medo crescer, o mundo girar e meu estômago
já protestando, revirar violentamente. Eu tropeço para frente e me
inclino, virando para a direita a tempo de evitar vomitar em meus
sapatos.

Eu estou enjoada e não há mais nada dentro de mim e eu

vomito bile, em pequenos fluxos no chão imundo. Eu olho para o
piso sujo de terra e vejo excrementos de rato, embalagem de picolé
esmagada, vidro verde quebrado e meu próprio vômito, e me
pergunto se esta é a última coisa que eu vou ver. Será que Keri vai
colocar a arma na minha cabeça e atirar agora, poupando-me o
trabalho de subir as escadas para qualquer destino que originalmente
tinha em mente?

Eu fecho meus olhos com força enquanto limpo minha boca

com a manga da blusa, lutando para recuperar o controle, para me
acalmar e pensar em algo bom, algo bonito. Eu não quero morrer
assim, com medo e sem esperança, enfrentando as evidências de
quão feia a vida pode ser.

Então eu penso em meus pais, na tia Tansy, em Wesley, e em

todos os amigos que me levantaram e me fizeram acreditar em
coisas boas e boas pessoas. Penso em Cat e Penny e Addie e Fifi, e
nos meus gatinhos que vivem soltos na fazenda. Mas principalmente
eu penso em Jake. Eu penso em seu rosto e seu cheiro, seus braços
quentes e seus olhos que olham para mim como se eu fosse a coisa
mais linda que ele já viu. Eu nunca me senti mais especial ou
insubstituível do que quando estou com ele.
 Concentro-me em memórias de nossa última noite juntos, de
seu sorriso e seu toque e como é a sensação de dormir em seus
braços e, finalmente, o mal-estar passa. Eu paro de vomitar e o trem
passa por cima de nós. O mundo fica em silêncio mais uma vez, e eu
ainda estou viva.

Por enquanto.

—Lá em cima. —Keri diz em uma voz suave. —Eu tenho

refrigerante, biscoitos e chá de gengibre. Eu ouvi que ajudam com
enjoos matinais.

Eu fico de pé e olho para ela com um pequeno aceno de

cabeça. —Obrigada.

—Eu tenho uma escova de dentes e produtos de higiene

pessoal também. —Ela diz, levantando o queixo. —Eu disse a você,
eu não vou te machucar. Eu nunca faria mal a uma mulher grávida.
É por isso que eu estou fazendo isso sozinha. Eu vi como os caras
foram ásperos com você no Halloween. Se eu soubesse que você
estava grávida, eu nunca os teria contratado. Eu juro. Isso não é
quem eu sou.

—Você os contratou. —Eu digo, me perguntando se eu vou

ter a chance de dizer Jake que eu avisei. —O que eles deveriam
fazer?

—Assustá-la um pouco. —Keri diz. —E, em seguida, pedir-

lhe dinheiro para cobrir dívidas de jogo de Jake. Eu pensei que seria
suficiente para assustá-la.

—Mas Jake teria me dito que não existiam dívidas, Keri. Esse
plano não teria funcionado.

Ela encolhe os ombros. —Não importa. Você está grávida e

o plano mudou.
 —Como? O que você vai fazer comigo? —Pergunto,
engolindo em seco.

—Basta subir as escadas. —A suavidade em seus olhos de

fada desaparece, substituída pelo pânico e uma determinação
teimosa que me faz lembrar de uma versão louca de Jake. Ainda
bem que eles não ficaram juntos. Se tivessem, eles provavelmente
teriam se matado, mais cedo ou mais tarde.

—Agora. —Ela grita. —Não temos tanto tempo quanto eu

pensei que teríamos.

Eu começo a subir os degraus, os pensamentos tentando

descobrir o que ela planejou e como convencê-la a desistir. —Eu sei
que isso deve ter sido difícil para você. Ouvir que Jake e eu vamos
ter um filho.

—Poupe sua voz. —Ela diz. —Eu não estou interessada

garota, não tenho tempo pra socializar.

Eu subo em silêncio até o primeiro patamar, parando até que

ela faz um gesto para eu continuar. Eu começo de novo, pulando
um passo para evitar pisar em um preservativo usado deixado mole
e nojento no centro da escada. —Belo lugar você tem aqui. O
aluguel é barato?

—Vai ser demolido no próximo verão. —Ela diz. —Até

então, é o lugar mais barato em Dumbo. E o mais deserto. Todos os
outros aceitaram o acordo de mudança do proprietário e saíram.

—Mas você gosta do ghetto chic e do cheiro de fezes de rato?

—Eu gosto de privacidade enquanto estou pintando. —

Ela faz um gesto para eu continuar a subir um terceiro lance de
escadas. —Eu não durmo aqui. E nós não vamos ficar aqui por
muito tempo. Apenas o suficiente para pegar suprimentos.
 —Suprimentos para...

Ela me empurra entre os ombros novamente. —Eu posso

amordaçá-la se você está com dificuldade em manter a boca fechada.

—Eu tenho problemas com isso. —Eu sei que eu estou

abusando da minha sorte, mas falar faz isto menos assustador e
menos assustador é algo que eu preciso desesperadamente agora.
—É o meu pior defeito. Eu nunca sei quando calar a boca. Qual é o
seu pior defeito? Além de ser obcecada em um homem que não tem
interesse em viver feliz para sempre com você?

O próximo empurrão, muito mais forte desta vez, não é uma

surpresa, mas ainda me faz perder o equilíbrio. Eu tropeço, batendo
minha canela na escada. Eu assobio de dor quando eu me equilibro
novamente e amaldiçoo o meu caminho até o destino final.

—Você tem uma boca suja para uma cadela rica.

—Obrigada. —Eu digo. —Escola católica.

—No final do corredor, última porta à direita. —Keri

pressiona o cano da arma contra as minhas costas. —Vá depressa e
em silêncio. Quando chegarmos lá dentro, eu quero que você
atravesse a sala, sente-se à mesa, e coloque os braços atrás das
costas. Entendeu? Não responda, apenas se mova. Agora.

Eu me movo, sentindo que Keri está perdendo a paciência

comigo e que eu não vou apreciá-la muito uma vez que sua
paciência desapareça.

À medida que caminhamos, olho para trás e para ambos os

lados do corredor. Existem outras portas, e talvez pessoas por trás
de algumas delas, mas outro trem está passando e eu não consigo
ouvir nada, exceto o barulho do metrô e o chocalho das tábuas do
assoalho sob os meus pés. A estrutura parece prestes a desmoronar
por conta própria, sem precisar de demolição. Eu não posso
acreditar que as pessoas estão legalmente autorizadas a viver aqui,
mas eu estive em apartamentos de amigos que não estão em melhor
estado. Esse não foi meu primeiro preservativo usado em uma
escadaria, mas sentir o piso tremer é algo novo.

Quando entro no estúdio de Keri, eu estou tão grata de ver

azulejos e tapetes, que eu praticamente corro para a mesa do outro
lado da sala. Keri se move atrás de mim, amarrando meus pulsos
juntos através das ripas da cadeira, eu deixo meus olhos vagarem
pelos retratos gigantes de crianças parecendo assombradas nas
paredes do loft, e as telas em branco encostadas na parede oposta.
O espaço é aberto, exceto por uma porta no canto, que eu estou
supondo que leva ao banheiro. Não existem portas a não ser a da
entrada principal, mas há muitas janelas, uma delas com uma escada
de incêndio visível através do vidro nebuloso.

A escada de incêndio. É o primeiro lugar que eu irei no

momento que Keri me der a chance. Eu tenho que acreditar que
haverá uma, uma oportunidade para reescrever o roteiro e recuperar
a minha liberdade.

—Você vai ficar aqui enquanto eu levo as malas até o carro.

—Keri enfia a arma na parte de trás de suas calças pretas, em
seguida, pega uma mochila gigante sobre um ombro e várias sacolas
reutilizáveis cheias. —A vizinhança é perigosa, você não pode nem
deixar mantimentos em seu carro por mais de alguns minutos a
menos que queira sua janela quebrada. Grite se você quiser, não há
ninguém perto o suficiente para ouvi-la. A única mulher que ainda
vive neste andar ficou surda há dois anos.

—Eu não vou gritar, eu prometo. —Eu mordo meu lábio até
que meus olhos começam lacrimejar, sentindo que vou conseguir
mais dela com lágrimas do que com sarcasmo. —Mas diga-me onde
estamos indo? Por favor. Estou com medo pelo bebê, e se eu
souber onde estamos indo...
 Sua expressão suaviza novamente, mas ela não abandona a
bagagem. —Estamos indo para minha casa no norte do estado. É
um lugar antigo dos meus avós. É fora da rota, mas teremos tudo o
que precisamos para ficar bem durante o inverno.

Eu pisco, a resposta tão fora do que eu esperava que eu

esqueço de parecer lamentável como me sinto. —O inverno?

—O inverno e a primavera. —Um sorriso divertido surge em

seus lábios, mas ela é a única a entender a piada. —E parte do verão,
também. Você deve ter o bebê em julho ou agosto, certo? Algo em
torno disso, a menos que você o tenha antes?

Meu queixo cai, mas pela primeira vez na minha vida eu não
tenho palavras. Ela deixou-me sem palavras.

—Uma vez que o bebê nasça, você estará livre para ir. Quero
dizer isso. —Ela diz com firmeza. —Eu vou soltá-la para encontrar
o seu caminho de volta à civilização, e o bebê de Jake e eu vamos a
algum lugar onde ninguém vai nos encontrar e seremos felizes.

Eu balanço minha cabeça, ainda tão perdida que tudo o que

posso fazer é olhar e esperar que ela me diga que ela está brincando.
Ela tem que estar brincando.

—Se eu não posso ter Jake, eu posso pelo menos ter seu
filho. —Ela se levanta mais, um brilho surgindo em seus olhos. —E
eu serei uma boa mãe. Eu serei uma mãe tão boa que um dia Jake
verá que eu sou a pessoa que ele deveria ter escolhido.

—Keri... —O nome dela é um apelo para ela parar a loucura

e perceber que este plano é tão cheio de buracos que faz minha
calcinha da sorte parecer boa como nova.

—O amor de uma criança é uma coisa poderosa, e eu sei que

Jake vai amar seu filho. Ele será um pai maravilhoso.
 —Ele não terá a chance de ser pai se você tomar o nosso
bebê. —Eu digo. —Ele nunca saberá sobre seu filho, e ele nunca te
perdoará por isso. Se você fizer isso, a única coisa que Jake vai sentir
por você é raiva e ressentimento.

—Você não sabe nada sobre o que há entre mim e Jake. Eu

deveria ter sido a mãe de seu bebê, e agora eu serei. —Seu tom
endurece e sua mandíbula aperta, até que eu juro que eu posso ouvir
o rangido dos dentes pressionados. —Eu voltarei em poucos
minutos. Então você poderá escovar os dentes e usar o banheiro
antes de irmos. E se você for boa no carro no caminho para fora da
cidade, pode comer biscoitos e tomar refrigerante, assim que
chegarmos à rodovia do norte do Estado.

—Por favor, Keri. —Eu imploro quando ela se vira para ir.
—Por favor, não faça isso!

Mas ela não para. Ela atravessa a sala sem olhar para trás e
chuta a porta para fechá-la atrás dela.

Eu me forço a esperar até ouvi-la se afastando pelo corredor

antes de eu começar a torcer meus pulsos freneticamente. Eu puxo a
corda, mas os nós são apertados e a cadeira é solidamente
construída. A cadeira em si é sólida, mas eu também sou. Levanto a
cadeira junto comigo, minha cabeça girando com esperança. —Não
é tão inteligente como você pensa que é, Keri. —Eu fico de pé e em
movimento. Agora eu só preciso dar o fora daqui.

Por um segundo, eu considero a porta, mas eu não lembro de

ter visto um outro conjunto de escadas, ou um elevador, e eu não
quero encontrar Keri em meu caminho. Melhor tentar a escada de
incêndio.

Eu me movo para o outro lado da sala, até a janela, as pernas

de madeira da cadeira batendo fortemente contra minhas
panturrilhas quando eu me movo. Eu tenho certeza que estarei
machucada amanhã, mas agora eu não sinto nada. Minha adrenalina
está correndo tão alta que, por um segundo, eu tenho certeza que
serei capaz de abrir a janela com apenas as pontas dos meus dedos.

Eu me viro, encontrando o trinco nas minhas costas e puxo,

uma, duas, três vezes, mas ele se recusa a ceder e a vidraça pesada
permanece bem fechada. Sob os meus pés, o chão começa a vibrar e
um momento depois o som de outro trem se aproximando enche o
ar. Eu olho por cima do ombro, calculando há quantos minutos
Keri saiu. Não mais do que dois ou três, mas isso é tempo suficiente
para ela estar fora do alcance da voz. E espero que o barulho do
trem ajude a cobrir o som de vidro quebrando.

Espero até que o resmungar torna-se um rugido alto e então

eu giro forte, colocando a cadeira em rota de colisão com a janela. O
vidro vibra quando ele repele a madeira, fazendo-me tropeçar para a
esquerda, mas estou de volta na posição um segundo mais tarde. Eu
bato a cadeira contra o vidro de novo e de novo, até que meus
ombros estão latejando e os meus braços protestam contra o
impacto. Finalmente, na minha sétima tentativa, o vidro racha. No
oitavo, ele quebra.

Eu soluço de alívio quando eu giro para fazer uma verificação

rápida da abertura. Há alguns pedaços irregulares de vidro
pendurados no topo da moldura da janela, mas há espaço mais do
que suficiente para eu rastejar por eles.

Arrastando a cadeira atrás de mim, eu subo desajeitadamente

até o parapeito da janela para sair na escada de incêndio, meu cabelo
chicoteando ao redor da minha cabeça enquanto eu saio para o
caminho do vento vindo do rio. Um olhar para baixo é suficiente
para fazer o meu estômago revirar e minha cabeça girar.

Puta merda. Cinco andares é mais alto do que eu pensava, e a

escada de incêndio é velha, frágil e mal agarrada ao tijolo em ruínas.
A entrada para a escada que leva até o andar de baixo também é
estreita. Tão estreita que, desde que eu estou amarrada a esta cadeira,
não há nenhuma possibilidade de eu caber.

—Então se livre da cadeira, Shane. Você precisa. —Murmuro

para mim mesma, recusando-me a ceder ao desespero.

Eu vim até aqui, caramba. Eu vou sair desse lugar e me

afastar desta mulher louca. O bebê e eu ficaremos bem, e eu terei a
chance de dizer a Jake que eu o amo, e que nos momentos em que
eu pensei que eu morreria, as memórias dele são as que senti mais
belas e verdadeiras.

Eu volto para a janela, e vejo um pedaço de vidro afiado

quebrado que parece que está prestes a se soltar. Mesmo com
minhas mãos amarradas, eu arrasto a cadeira mais perto da janela,
sento e recuo até sentir a colisão dos cacos contra os nós, a
respiração saindo rápida quando o vidro acerta apenas o ponto
certo.

Eu começo a me mexer para frente e para trás, cortando a

corda grossa, quando uma voz profunda chama meu nome de
dentro do loft e alívio toma conta de mim tão forte e rápido que faz
minha cabeça nadar outra vez.

—Jake! —Eu grito, soluçando no meio do seu nome. —Eu

estou aqui fora! Na escada de incêndio!

Com um forte empurrão dos meus pés, eu corro para encará-

lo, voltando a tempo de ver seu belo rosto derreter em uma
expressão de profundo alívio. E então eu vislumbro um borrão de
preto quando Keri corre para o loft atrás dele, puxando a arma
enquanto ela se move. Meus lábios abrem para avisá-lo, para dizer a
ele para ter cuidado, mas antes que eu possa respirar, Keri levanta a
arma, apontando o cano para o meu peito.

E então tudo parece acontecer ao mesmo tempo.

 Jake se vira quando os lábios de Keri se contorcem com uma
mistura de dor e raiva, e a arma dispara. Há um estrondo e um
clarão, tão rápido que eu não estou completamente certa que eu vi.
Mas Jake é rápido também. Não tão rápido como a velocidade da
luz, mas rápido o suficiente para pular para frente quando a arma é
disparada e parar a bala destinada para mim.

Ela atinge seu peito, e ele empurra com força para a esquerda,
cambaleando um passo para trás, depois dois, antes de cair de
joelhos e depois no chão.

Keri larga a arma e corre para seu lado, gritando

selvagemente, gritos aterrorizados abafados pelo barulho de outro
trem e o som desumano de sirenes na rua abaixo.

Poucos minutos depois, o loft está cheio de policiais puxando

Keri para longe de Jake e a algemando, mas Jake ainda não se move.

Uma policial feminina cai de joelhos ao lado dele, trazendo

dedos gentis em seu pescoço antes de gritar algo por cima do ombro
enquanto ela tira seu casaco. Ela enrola o tecido em uma bola,
pressionando-o firmemente sobre a ferida no peito de Jake. Mas
ainda assim, ele não se move.

Em seguida, de alguma forma, eu estou livre e há um pesado

cobertor quente em torno de mim, afastando o frio, e uma voz me
perguntando se eu estou ferida, mas tudo o que posso fazer é olhar
para o meu amante deitado inconsciente no chão.

Ele ainda está quieto e as mãos do oficial estão cobertas de

sangue. Então ela está sacudindo a cabeça e parecendo triste. Muito
triste. Seus ombros caem, e quando ela levanta o olhar para os meus,
eles estão cheios de dor. Ela me diz que ela sente muito. Que sente
muito. E eu percebo que uma das melhores pessoas que eu já
conheci está morta.
 Ele está morto, e eu nunca cheguei a dizer-lhe que o amava,
ou que teríamos um bebê. Eu nunca cheguei a dizer-lhe que seu
cheiro estava em casa, ou que seus olhos eram o lugar mais bonito
que eu já tinha ido, ou que estar com ele me fazia sentir que o lado
bom da natureza humana poderia vencer depois de tudo.

Mas isso não aconteceu.

A bondade não ganhou, e nunca ganhará. Não para mim, ou

para Jake, ou para o nosso bebê, que nunca conhecerá seu pai.

A realidade brutal disso bate, e eu caio no chão, segurando a

mão de Jake na minha e esmagando-a em meu peito enquanto eu
começo a chorar tanto que eu tenho certeza que eu nunca vou parar.
 CAPÍTULO TRINTA E OITO

Jake

Eu pego as escadas que levam para dentro dos túneis abaixo

da rua, dois degraus de cada vez, e atinjo a plataforma de metrô em
um sopro, mas estou muito atrasado. O trem já está se afastando, o
barulho das rodas girando estrondosas quando eu saio da escada.

Meus músculos tensos desistem da luta quando eu desacelero

para uma caminhada, minhas mãos caindo para meus quadris e meu
queixo caindo para o meu peito. —Merda.

Já estou atrasado, e agora eu vou ficar ainda mais. Os trens

nesta linha sempre tem um intervalo de pelo menos 15 minutos, não
importa o que o monitor anunciando o próximo trem diga.

Eu olho para cima, mas a tela pendurada no teto acima da

plataforma está em branco, exceto por uma linha de pontos que
fluem na parte inferior como uma elipse interminável, indicando que
a autoridade de trânsito do metrô não tem a mínima ideia de quando
o próximo trem chega.

Isso não indica nada de bom para que eu chegue a Shane a

tempo de usar nossa reserva.

Amaldiçoando a hora do rush e construção na L, eu pego o

meu telefone do meu bolso e envio um texto a Shane.

Perdi o trem, princesa, e não há nenhum outro

em breve. Parece que eu vou me atrasar.

Eu sinto muito.
 Eu sinto muito. Muito mais do que eu normalmente sentiria
por algo que está além do meu controle. Tempo, maré e o trem
expresso não esperam por ninguém, mas, por algum motivo, eu
odeio que eu não pude descer as escadas a tempo.

Realmente odeio isso.

Minha garganta está apertada e meu peito dói enquanto eu

ando de um lado para o outro na plataforma vazia, ficando cada vez
mais ansioso e inquieto.

Eu amaldiçoo novamente e digito outro texto para Shane.

Você quer pedir para mim? Dessa forma, você não

terá que esperar. Você sabe que eu vou comer qualquer
coisa que vá ao fogo por mais de alguns minutos.

Sem ostras, nem sequer pergunte, eu acrescento com

um sorriso.

Eu continuo a andar, olhando para a tela, à espera de um

texto, ou mesmo apenas bolhas para indicar que Shane está
escrevendo algo.

Mas só há silêncio.

Silêncio do telefone, silêncio na plataforma, silêncio da cidade

acima, embora eu não esteja tão profundo no subterrâneo. Eu
deveria ser capaz de ouvir o ruído do tráfego, o buzinar dos carros,
o grito do mendigo no topo da escada fazendo o seu melhor para
vender cópias dos jornais semanais gratuitos da cidade que ele
coleciona.

Mas não há nada e nem outra alma à vista.

Eu olho para trás e para frente, mas eu estou realmente,

verdadeiramente sozinho, algo que não aconteceu em todos os meus
anos na cidade. Eu nunca estive em uma plataforma sozinho, pelo
menos não por muito tempo.

Eu viro meu telefone e verifico para ter certeza que tenho

sinal e, em seguida, ligo o número de Shane. Talvez ela não ouviu o
ping de recebimento de mensagens. Ela vai ouvir seu telefone tocar,
entretanto, especialmente porque o toque dela é uma música de
punk rock "Puff the Magic Dragon" como o meu toque.

O pensamento me faz sorrir quando o telefone começa a

tocar.

E ele toca.

E toca e quinze ou dezesseis vezes sem a ligação ir para a

caixa postal ou Shane atender.

Eu desligo, terminando a chamada e digitando outra

mensagem.

Você pode apenas estar longe de seu telefone, mas

não posso afastar a sensação de que algo está errado. Me
mande uma mensagem, ok?

Ou ligue. Eu adoraria ouvir a sua voz.

Eu espero um minuto e acrescento.

Shane, por favor, me escreva o mais rapidamente

possível.

Trinta segundos, então eu clico em enviar.

Eu preciso ter notícias sobre você, princesa. Eu

preciso saber que você está bem. Estou preocupado.

Eu estou à beira de ficar assustado, na verdade. Eu não sei

por que ela não estaria bem, eu não me lembro exatamente onde
vamos, mas eu sei que é em algum lugar em Midtown, onde há um
policial em cada esquina e...

Meus pensamentos vacilam.

Um policial em cada esquina...

Um policial... A polícia...

Por que eu tenho este sentimento louco que eu só...

Eu olho minha lista de chamadas. A última chamada foi para

911.

911, emergência...

Qual é a sua emergência?

Minha boca fica seca, e um calafrio desce em minhas costas

como água gelada percorrendo o espaço da minha espinha.

Qual é a sua emergência?

A minha namorada foi raptada. Eu posso me ouvir

falando de longe, minha voz abafada. A mulher que a levou tem
uma arma. Eu a vi no seguinte endereço, em Dumbo. Quatro dois
cinco a oeste...

Está tudo voltando, fazendo sentido...

Tomar o metrô para o Brooklyn e ver Keri carregando bolsas

sozinha em seu carro. Ligar para 911 para pedir à polícia para vir o
mais rápido possível, e depois subir as escadas para o loft. Ouvir a
voz de Shane e sentir esperança rasgar um buraco no meu peito
quando percebi que ela ainda estava viva.

Mas não foi isso que rasgou esse buraco, foi?

 E agora eu estou com frio, tanto frio que parece que eu entrei
em um banho gelado no vestiário depois de um jogo
particularmente cruel. Meus dedos ficam dormentes e meu telefone
cai no chão, mas não quebra.

Ele não quebra porque desapareceu.

Eu olho para baixo, e o telefone desapareceu.

Por um segundo eu entro em pânico, agora eu não vou ter

nenhuma maneira de entrar em contato com Shane, mas no fundo
eu sei que já é tarde demais.

Eu nunca vou ver Shane novamente. Eu nunca vou fazer

amor com ela, ou dizer que ela é a melhor coisa que já me
aconteceu. Que nós fomos feitos para estar juntos, do jeito que
sentimos que estamos cada vez que nos tocamos.

Tudo apenas um sonho agora, porque estou nesta plataforma

à espera de um trem.

E uma vez que eu entrar no trem, eu nunca vou voltar.

—Não. —Eu digo, forçando a palavra para fora quando

minha garganta fica apertada. —Não, eu não posso ir! —Mas não há
nenhuma resposta, exceto a minha própria voz ecoando nas paredes
de azulejos do túnel.

Eu coloco minhas mãos no meu cabelo e seguro, lutando

pela minha próxima respiração. Eu não estou assustado. Eu apenas
não estou pronto. Não ainda, com tanta coisa inacabada, sem saber
se Shane está bem.

Será que eu parei a bala? Eu a levei por ela, ou ela passou

através de mim e a pegou também?

O pensamento me faz pressionar meus punhos congelados

em meus olhos fechados, mas isso não impede que as imagens
pisquem na escuridão. Eu posso ver tudo isso acontecer, o vermelho
tingindo a frente da camisa azul clara de Shane, seus olhos se
arregalando e, em seguida ficando vazios quando ela despenca para
frente na cadeira que ela foi amarrada.

Eu estou vendo isso acontecer, uma e outra vez, vendo Shane

morrer e sabendo que eu falhei, quando há um estalo agudo e uma
voz robótica anunciando algo no alto-falante.

—Trem se aproximando. Entrada.

Eu olho para o monitor, puxando uma respiração

desesperada. Mas em vez do horário de chegada do trem em
números vermelhos brilhantes, a tela é preenchida com uma imagem
granulada em preto e branco. A imagem de um homem, eu, deitado
em um chão sujo com sangue por todo meu peito e Shane
segurando minha mão e chorando como se seu coração estivesse se
partindo. Como se já estivesse destruído, porque eu fui embora e ela
está sozinha.

Ela está sozinha lá e eu estou sozinho aqui e o trem está

chegando e tudo está errado. Porra, tudo está errado.

O chão treme sob meus pés e o ar se agita, sinalizando que o

trem está perto.

Mais perto…

Mas não está aqui ainda, e isso não acaba até que eu passe
por aquelas portas deslizantes. Mantendo o pensamento firme e a
necessidade para chegar a Shane, eu me viro e corro para as escadas.

Dentro da escadaria é mais escuro do que eu me lembro,

escuro e sinistro, e quando eu subo correndo as escadas,
formigamento e dormência atravessa minhas coxas, eu posso sentir
os olhos me observando. Olhos das vigas, do chão, dos suportes
escuros atrás das luzes ativadas por movimento que não tomam
conhecimento do homem lutando contra a gravidade, o frio e a
estranha sensação de abafamento pressionando seus ombros para
baixo enquanto ele tenta voltar pelo caminho que ele veio. Subir por
escadas que são geralmente para descer, passando pelo olhar
desinteressado de outras coisas presas entre aqui e tudo aquilo que
existe.

E no ar espesso da escadaria, que não faz nada para parar o

frio gelando meus ossos, eu sei que nada aqui se importa se eu for
até as escadas, ou se eu embarcar no trem, ou se eu sentar em um
canto escuro e decidir ficar por algum tempo.

No grande espaço de tempo, eu não sou nada. Nada... mas

não de uma forma triste.

De certa forma isso significa que há sempre uma segunda

chance. Terceira chance. Décima e décima primeira chances e uma
centena de chances. Eu sou energia e matéria eterna, já no meu
caminho para ser reciclado.

E está tudo bem.

Não há problema em sentar e descansar, ou encontrar um

assento no trem e deixá-lo fazer o trabalho por algum tempo.

Enquanto eu me esforço para subir, o limite do meu

subconsciente está em borrões, cada vez mais liso e escorregadio,
inseguro. Mas eu seguro firme por Shane, pela necessidade de vê-la,
tocá-la, dizer-lhe todas as coisas que eu era muito estúpido para
dizer quando tive a chance.

Sempre pode haver outra chance, mas eu não quero esperar

outra vida ou duas para encontrá-la novamente. Eu preciso dela
agora, e ela precisa de mim. Nós não tivemos tempo suficiente, não
o suficiente.

E assim eu continuo correndo, lutando em direção à luz no

topo da escada, mesmo quando o vento aumenta e joga a sujeira do
chão em meus olhos, fazendo minha visão e meus pulmões doerem.

Eu corro os últimos passos às cegas.

Cego, e mal conseguindo sentir meus pés em contato com o

chão, mas eu continuo indo, lutando para frente contra a poeira, a
escuridão e o frio, sabendo que ela estará lá para me pegar quando
eu sair do outro lado.
 CAPÍTULO TRINTA E NOVE

Jake

Há um momento de aperto, de contração, então um silêncio

quando o prendedor inala e torna a exalar.

E depois há dor.

Tanta dor do caralho.

Dor quando mãos invisíveis levantam-me e uma máscara

cobre meu nariz e boca.

Mas dor é bom. Dor é lindo, porque o rosto de Shane está

acima de mim, e sua mão está na minha. Ela está aqui, ao meu lado
na ambulância, me dizendo que eu tenho que aguentar, que eu posso
fazer isso, que eu posso fazer qualquer coisa porque eu sou forte e
ela me ama.

Ela me ama.

Ela me ama todo o caminho para o hospital, durante uma

cirurgia da qual eu mal me lembro, em seguida, entra e sai nos dias
que se seguem, quando estou com febre, então frio, e eu sinto as
mãos esfumaçadas chegando de outro lugar. Eles cutucam as solas
dos meus pés, arranham lugares que não posso alcançar e unhas
afiadas provocam ao longo da bainha da minha camisola de hospital,
Shane diz que faz com que ela fique excitada, porque ela não pode
esperar para me ver andar por aí sem nada por baixo.

Ela ri da piada dela, e eu dou risada junto com ela, mesmo

que doa. Muito. Especialmente no começo.
 Eu rio, converso e faço planos para o futuro. Eu não olho
para o passado ou alimento as sombras. Eu os privo de minha
atenção, dando cada pedacinho dela para Shane, para aproveitar o
milagre de estar vivo e apaixonado por ela. Eu mal registrei a notícia
de que Keri confessou ter forjado os hematomas em seu pescoço,
para me perseguir, ameaçou e sequestrou Shane, e uma série de
outras violações da lei e da decência humana. Estou feliz que ela
estará atrás das grades por um longo tempo e que as pessoas que eu
amo estão seguras.

Eu gravo um sincero obrigado aos socorristas que salvaram

minha vida, asseguro ao treinador que estarei de volta no gelo na
próxima temporada, e apresento Shane à minha mãe e irmãos junto
com o terrível pudim e o pior café da lanchonete do hospital. Eles a
amam, é claro, ela é inerentemente amável e eu vou ter uma
conversa com qualquer um que pensar diferente. E ela os ama.

Eles partem com promessas de nos encontrarmos novamente

para a o Dia de Ação de Graças na minha casa, uma vez que vai
demorar um pouco para que eu possa viajar, e Shane e eu caímos no
sono na minha cama de hospital, enrolados juntos. As enfermeiras
fecham os olhos porque eu estou quase bem o suficiente para ir para
casa, e estamos tão insanamente apaixonados que elas podem dizer
que não haverá como argumentar com qualquer um de nós.

Shane espera até o dia em que estamos deixando o hospital,

saindo para os primeiros ventos do inverno, para me contar sobre o
bebê.

—Você está grávida? Estamos grávidos? —Eu pisco para

afastar um floco de neve em minha pálpebra, pensando que eu devo
ter ouvido errado. —Como? Quando? Eu pensei...

—Meu DIU saiu e eu não sabia. —Ela diz, sua voz sai com
dificuldade. —Eu sinto muito. Eu sei que isto é um choque. Eu tive
tempo para pensar sobre tudo, e estou muito feliz com isso agora,
mas no dia em que eu descobri, eu balancei em um canto por cerca
de uma hora. Portanto, esteja à vontade para ficar chocado ou
assustado ou irritado ou...

—Por que eu ficaria com raiva? Eu ainda estou tendo

dificuldade em acreditar sobre ter um bebê, mas eu sei que não
estou zangado.

—Porque eu disse que estávamos protegidos e não

estávamos? —Ela aperta as mãos com luvas sob seu queixo. —E
porque eu escondi isso de você por duas semanas? Eu juro que eu
teria lhe dito mais cedo, mas eu não queria fazer nada para colocar
pressão sobre você quando você precisava de sua energia para se
curar. Eu vi você morto uma vez, e eu realmente nunca, nunca,
nunca quero ver isso de novo.

Eu sorrio. —Eu também.

—Então, você entende? —Ela pergunta baixinho. —Por que

eu não te disse?

—Claro. —A dor em meu peito, que tem sido minha

companheira constante ao longo das últimas duas semanas,
desaparece quando o calor se espalha pelo meu corpo. —Um bebê,
hein?

Ela balança a cabeça, um sorriso hesitante curvando seus

lábios. —Sim. Minha primeira consulta com o médico é na segunda-
feira. Podemos ouvir o batimento cardíaco se, você sabe... Se você
quiser vir comigo.

Um som indignado, algo como escárnio e um rosnado,

escapa de meus lábios quando eu a puxo para perto. —Se eu quiser
ir com você? Você está louca, mulher?

Seu sorriso cresce, e abre completamente em seu rosto

bonito. —Talvez um pouco. Eu já tenho certeza que é uma menina,
e eu quero chamá-la de Cersei.

—É um bom nome. —Eu a abraço apertado, ficando duro

quando suas curvas pressionam contra mim e a notícia de que ela
está carregando meu bebê instala-se completamente.

—É de Game of Thrones. Ela é uma cadela impiedosa,

assassina.

Eu encosto minha testa mais perto dela. —Boa. Vamos

chamá-la Cersei Medusa Salomé, um nome assustador para manter
todos os meninos à distância.

Ela ri, seu hálito quente contra os meus lábios. —Eu te amo.

—Eu também te amo. —Eu digo, meu coração tão cheio que
eu não tenho certeza se é possível ser mais feliz.

—Mas brincadeiras à parte, não é necessário tomar qualquer

decisão agora. Sobre nomes, ou qualquer outra coisa. Temos tempo
para pensar e planejar e ver como nós queremos fazer isso.

—Fazer o quê? —Eu pergunto. —Ser uma família?

Seus lábios se fecham e seus olhos começam a brilhar.

—Você quer formar uma família? Mesmo?

—Claro que sim. —Eu beijo sua bochecha fria, desejando

que já estivéssemos de volta em minha casa para que eu pudesse
beijá-la em qualquer outro lugar. —Eu sou louco de amor por você,
Shane Willoughby, e mal posso esperar para conhecer nosso bebê.
Claro, eu não estava esperando conseguir o pacote de uma esposa
sexy e quente, e uma doce menina tão cedo... Mas as pessoas estão
sempre me dizendo que eu sou um sortudo.

—Eu sou uma sortuda. —Ela diz com uma risada e uma
fungada. —Eu não posso acreditar que você é realmente meu.
 —Ainda não, eu não sou. —Eu limpo uma lágrima de seu
rosto com o polegar. —Você tem que colocar um anel, princesa. Eu
quero um casamento ainda no inverno, e você, nua sob a árvore na
manhã de Natal.

—Feito. —Ela sussurra. Então ela me beija, e é doce e sexy e

tudo o que eu realmente preciso. Esta mulher é a minha casa, meu
coração, e eu não posso esperar para prometer-lhe todos os dias do
resto da minha vida.

—Vamos pegar um táxi. —Murmuro contra seus lábios.

—Eu preciso te levar para casa e para debaixo de mim. Eu estou
achando a notícia de que você está grávida do meu bebê realmente
muito sexy.

—De jeito nenhum. —Ela diz com uma risada. —Você

ouviu o médico. Sem atividade extenuante por pelo menos mais
uma semana ou duas.

—Então você pode ficar por cima.

—Não. —Ela se afasta, apontando um dedo firme no meu

peito, a centímetros de onde a bala de Keri quase acertou meu
coração. —Nada de sexo e ponto final.

—Mas meu pau está totalmente pronto para isso. —Eu

insisto.

Ela arqueia a sobrancelha. —Seu pau é um idiota.

—Um idiota para a sua doce, doce boceta. —Eu a puxo de

volta para meus braços enquanto ela balança a cabeça com um
suspiro longo e sofrido. —Falando sério agora. Estou me sentindo
muito melhor. Mal dói te abraçar. Eu posso fazer isso. Eu não sou
uma vítima normal de tiro, Willoughby. Meu corpo é uma máquina
bem eficiente, de alto funcionamento.
 Ela revira os olhos, mas eu posso sentir sua determinação
enfraquecendo enquanto meus dedos apertam seus quadris através
de seus jeans. —Você não tem jeito.

—Não, eu não tenho. —Uma onda de gratidão me bate

forte, como tem acontecido esses dias, desde que eu lutei para
chegar de volta para esta mulher. —Tudo que eu tenho é esperança.
E é tudo por sua causa.

Nós nos beijamos um pouco mais e ela chora um pouco, e

talvez eu também. Não tenho certeza. Eu só sei que eu a amo mais
do que qualquer coisa, e eu preciso mostrar a ela, preciso sentir sua
pele quente contra a minha e saber que não há nada entre nós.

Nós nos beijamos no táxi a caminho da minha casa, e

enquanto subimos no elevador e não temos escolha a não ser ficar
nus no momento em que entramos pela porta. É a mais cautelosa
foda da minha vida, mas também é a mais bonita. Faço amor com
minha linda, sexy, maravilhosa e extraordinária garota, e cada vez
que eu a faço gozar é uma celebração, uma vitória, uma confirmação
de que tudo está, mais uma vez, bem com o mundo.

Agora e sempre.
 EPÍLOGO UM
Dezoito meses mais tarde
A partir das mensagens de texto de Catherine “Cat”
Knigth e Shane Willoughby Falcone

Cat: E temos certeza que esta é uma boa ideia?

Dois bebês em um jogo de hóquei barulhento,

potencialmente decisivo da Copa Stanley?

E sem pais por perto para ajudar, já que Aidan

tem que trabalhar e Jake estará no gelo?

Shane: Sim! É uma ideia brilhante!

É um jogo à tarde, então as chances são que as

crianças estejam dormindo todo o tempo. O rugido da
multidão é inesperadamente calmante para crianças,
como uma caixa de música gigante.

Cat: E se eles decidirem que gritar é mais divertido

do que dormir?

Eu entendo que Cersei é um anjo de criança que

se expressa com chorinhos baixos e doces murmúrios,
mas Shane não é tímido quando está irritado.

Shane: Isso é porque ele tem o nome de uma cowboy

durona. Como eu. ;)
 Eu fico feliz cada vez que eu penso sobre isso, a
propósito.

Cat: Sim, bem, você é uma das minhas pessoas

favoritas.

E era isso ou Jim, como o pai de Aidan, e não

importa o quanto eu amo Jim, eu apenas não poderia
tratar meu filho como Jimmy Jr.

Shane: Compreensível.

Então, nós vamos no sábado? Estará no jardim às

duas?

Você sabe que a maioria das pessoas mataria por

estes ingressos, certo?

Eles são bons, Catherine. Nós vamos conseguir ver

o sangue e cuspe voar...

Cat: Não é justo.

Você sabe o quanto eu amo esportes e violência.

Acrescentando um bando de homens que se recusaram
a fazer a barba durante semanas, você basicamente me
ofereceu uma pedra de crack.

Shane: Lol. Então venha! Será divertido!

Cat: Tudo bem, mas se Shane chorar, me reservo o

direito de abandonar o navio sem você ficar com raiva
de mim por desperdiçar um ingresso ridiculamente
caro.

Shane: Eu nunca ficaria brava com você por algo

parecido.

E Shane não vai chorar.

Se ele fizer isso, nós vamos colocar Cersei ao lado

dele no meu colo. Ela vai mantê-lo calmo.

Você sabe que ela é uma encantadora de bebês.

Cat: Eu disse a Aidan sobre isso, como nenhum

dos bebês chora na yoga mamãe e bebê enquanto Cersei
está lá.

Ele acha que é apenas uma coincidência.

Shane: Oh, Aidan. Ele é alguém de pouca fé!

Mas nós vamos fazer ele acreditar quando o

número dois vier. Cersei manterá Shane e o pequeno
que ainda precisa ser nomeado, felizes durante jantares
e não haverá como negar seus poderes mágicos.

Cat: Lembre-me novamente porque eu pensei que

era uma boa ideia engravidar novamente menos de um
ano depois de Shane nascer?

Shane: Eu tive a impressão de que foi um

acidente...
 Cat: Cara...

Foi totalmente.

Às vezes eu odeio ter um marido gostoso...

Shane: Não é? É horrível.

Cat: Horrível.

Até breve, mamãe. Dê a Cersei um beijo de boa

noite de tia C.

Shane: Pode deixar. Aconchegue Shane por mim.

Cat: Claro!

Vejo você no sábado.

***

Shane

É um fato que todas as mães pensam que os seus bebês são

os mais bonitos e os melhores. É também um fato que a minha filha
é realmente a mais bonita, e a melhor.

Desde o momento em que ela nasceu, com os lábios

franzidos em um biquinho atraente e um olhar "então nós nos
encontramos de novo, lindo mundo," em seus grandes olhos
escuros, eu era um caso perdido.

Cersei Allison Falcone não é apenas linda por fora; ela é a

mais doce, mais feliz, mais adorável bebê do mundo. Ela acorda
todas as manhãs rindo e vai dormir no peito de seu pai todas as
noites que ele está em casa, sorrindo como se ela tivesse descoberto
o segredo para uma vida longa e feliz.

E talvez ela tenha.

Talvez todas aquelas noites que Jake e eu estávamos

acordados, ele esfregando óleo de coco na minha barriga em
expansão enquanto nós sonhávamos em voz alta sobre todas as
coisas que queríamos para o nosso bebê, fizeram alguma mágica.
Talvez nossas palavras tenham atravessado a minha pele, marinando
a nossa filha no puro amor.

O amor, é claro, é o segredo da felicidade. Para saber que não

há nada tão grande ou muito assustador para enfrentar, desde que
você vá para casa para alguém que o ama exatamente do jeito que
você é, para um homem que você sabe que daria a vida dele pela
sua, porque ele já deu.

E embora uma parte egoísta de mim sinta falta dos primeiros

dias, quando Jake estava de folga enquanto ele se recuperava e
ficávamos juntos o tempo todo, eu estou muito orgulhosa de seu
retorno. Jake “Dragão” Falcone será sempre meu herói, não importa
quantos jogos ele ganhe ou perca, mas não posso negar que ouvir
um estádio inteiro torcendo por meu marido, enquanto ele joga o
que poderia ser o jogo decisivo da Copa Stanley, é muito divertido.

—Eu não posso acreditar que eles estão dormindo com isso.
—Cat diz, erguendo a voz para ser ouvida sobre os fãs raivosos que
nos rodeiam.

—Eu te disse. O ruído da multidão é mágico. —Eu sorrio

para onde Shane e Cersei cochilam em seus bebês conforto à minha
direita. Eles são opostos totais, Cersei com seus cabelos e olhos
escuros, e Shane com sua pele pálida e o seu cabelo loiro arrepiado
que herdou de algum parente desconhecido, mas cada um é
completamente perfeito, e eu espero que eles sejam sempre
melhores amigos.

De repente, um gemido torturado rompe no nosso lado das

arquibancadas, afastando minha atenção dos bebês. Eu levanto
meus olhos a tempo de ver a cabeça do goleiro dos Ranger se
abaixar e o disco chocalhando na rede atrás dele.

Droga! Agora o placar está empatado. É o fim do terceiro

período com menos de um minuto no relógio. O que significa que o
próximo gol decide o jogo, e não está mais no papo para os Rangers.

Você pode sentir a tensão atravessando a multidão,

diminuindo a vibração estridente que dominou desde que a nossa
equipe saiu na frente no primeiro período e ficou lá pelo resto do
jogo. Um silêncio cai sobre as arquibancadas. Eu cruzo meus dedos
e até mesmo os dedos dos pés, dobrando-os dentro de minhas
botas.

Eu sei que Jake vai se recuperar de uma derrota, mas eu

estava realmente esperando conseguir levar o meu homem para um
jantar de celebração esta noite. Ele trabalhou tão duro para voltar
mais forte e melhor do que nunca, e quem sabe quando ele terá
outra chance de ganhar a taça.

Eu vejo Jake e West e um par de outros homens da defesa na

parte de trás enquanto as duas equipes patinam em posição para o
centro do gelo, mantendo os ânimos de todos do mesmo jeito que
tem sido por todo o jogo. Quando eles se alinham, nosso lado das
arquibancadas está tão silencioso que você pode ouvir Shane fungar
baixinho em seu sono. O juiz deixa cair o disco, e o time adversário
vence a disputa, partindo rápido sobre o gelo, mas antes do número
seis ir para longe, Jake se lança em torno de outro defensor para
roubar o disco.

Um grito de esperança surge no meio da multidão como uma

onda subindo e descendo, enquanto Jake patina rápido em direção
ao gol e os outros atacantes surgem ao lado dele.

—Por favor, por favor, por favor. —Murmuro, prendendo a

respiração enquanto Jake passa o disco, jogando-o para Ridgeway,
que passa pelo goleiro e bate na rede.

As arquibancadas explodem com gritos e aplausos. Cat e eu

pulamos freneticamente, as meninas próximas a nós estão gritando,
e o homem na minha frente está chorando enquanto seu filho bate
em suas costas.

E, claro, os bebês dormem com tudo isso.

As equipes se enfrentam novamente, mas com apenas vinte

segundos restantes no relógio, os Rangers prendem a outra equipe e
encerram qualquer chance de um ataque. E então tudo acaba, exceto
o choro, as lágrimas do outro time e do homem velho, porque ele
queria desesperadamente ver mais uma vitória de copa antes que ele
patinasse para a pista de hóquei no céu.

Os fãs de esportes. Eles ainda são uma espécie diferente para

mim, mas eu não posso negar que é bom fazer parte deste
momento, desta vitória, deste pedaço da história do esporte, que
incluirá para sempre um passe decisivo feito pelo meu próprio
dragão.

—Estou tão feliz que eu vim. —Cat diz quando nós

empurramos os carrinhos até o salão da família, onde nos
encontraremos com Jake assim que ele terminar a entrevista coletiva
de pós-jogo. —Foi tão divertido.

—Eu estou contente! —Digo, em seguida, franzo a testa

quando eu detecto um rosto familiar no meio da multidão. Eu
levanto o braço. —Hillary! Ei, é Shane! —Eu guio o carrinho em
sua direção, inclinando-me para puxá-la para um abraço, rindo
enquanto a banana em seu chapéu de cesta de frutas me cutuca no
queixo. —Desde quando você gosta de hóquei?

—Desde nunca. —Hillary diz com uma fungada. —Jogo

terrível e violento. Eu só estou aqui para ajudar Catherine com os
bebês.

Ergo minhas sobrancelhas enquanto eu dou a Cat um olhar

penetrante por cima do meu ombro. —O que é isso? O que vocês
estão fazendo?

—Nós vamos levar Cersei de volta para minha casa. —Cat

diz, com um sorriso maligno nos lábios. —Jake tem algo especial
planejado para você. E eu preciso praticar cuidar de dois bebês ao
mesmo tempo, de qualquer maneira.

—Eu vou ajudar em troca de uma tatuagem grátis do marido

de Cat. —Hillary diz, curvando-se para esfregar o dedo sobre a
barriga redonda de Cersei. —Oh meu Deus, querida. Ela está ainda
mais bonita do que na semana passada. Eu vou ter que treinar
macacos voadores de ataque para manter os garotos longe quando
ela crescer.

—Macacos voadores de ataque são o que eu estava

pensando, também. —Eu digo, ainda franzindo a testa. —E desde
quando você quer uma tatuagem?

—Desde o meu último aniversário. —Cersei sorri em seu

sono, provocando um sorriso igualmente feliz em Hills. —Fazer
minha primeira tatuagem aos noventa vai dar uma grande história na
próxima festa de gala do MET.

—Suas malas estão prontas, e Jake trouxe as coisas de Cersei

esta manhã. —Cat bate em minhas mãos, que ainda estão travadas
no carrinho com o punho de ferro. —Você consegue fazer isso.
Cersei estará cercada por amigos, e você e Jake merecem uma lua de
mel real. Uma sem ferimentos de bala ou enjoos matinais.

—Uma lua de mel? —Eu mordo meu lábio. O pensamento

de um tempo a sós com o marido que o hóquei roubou de mim nos
últimos meses é muito excitante. —Vamos para uma praia? Por
favor, me diga que é uma praia.

Hillary sacode um dedo. —Nós não falaremos nada. É sua

surpresa. —Ela assume o comando do carrinho e de alguma forma
eu encontro forças para beijar a doce bochecha de Cersei enquanto
ela dorme e, em seguida, lentamente... a deixo ir.

Eu amo minha filha, e nós não nos separamos um dia desde

que ela nasceu, mas eu preciso de um tempo sozinha com seu pai e
preciso disso mais do que eu tinha percebido até que Hillary e Cat
irem embora, deixando-me sozinha para ir até o salão, uma emoção
enchendo meu peito. Chego ao mesmo tempo que várias das outras
esposas e namoradas e passo os próximos vinte minutos
conversando com as mulheres que se tornaram como uma família
estendida para mim.

Jake trouxe tantas coisas lindas na minha vida, mas nenhuma

delas é melhor do que o próprio homem, o homem que faz um
caminho direto para mim assim que ele chega ao salão, como se não
houvesse outra pessoa no local.

—Parabéns. —Eu me lanço em seus braços, abraçando-o

com força. —Você ainda manda bem, dragão.

Ele beija o topo da minha cabeça. —Então, você as deixou

levar o carrinho? Eu apostei com Cat que você se recusaria a deixar
Cersei fora de sua vista.
 Eu inclino minha cabeça para trás, encontrando seu olhar
enquanto eu me deleito na visão divina do meu marido sem a barba
desleixada que ele deixou crescer durante semanas. —Eu amo a
nossa filha mais que a própria vida, mas você me deve nossa lua de
mel. —Eu me inclino, e sussurro em seus ouvidos. —Diga-me que
vamos para uma praia e eu vou chupar o seu pau como se fosse meu
trabalho, assim que pousarmos.

Seu sorriso perverso surge em seus lábios. —Bali. Você e eu.

Cinco noites em um bangalô em uma praia privada.

Eu suspiro, excitação e nervosismo misturando-se em meu

peito. —Cinco noites. Você acha que ela vai ficar bem tanto tempo
sem nós? Ela não vai pensar que nós a abandonamos?

—Cersei é a pessoa mais feliz que eu já conheci. —Jake diz.

—E ela vai ter o bebê Shane, Fifi, Biscuit, uma tia e um tio
devotados e uma avó substituta louca para mantê-la ocupada. Ela vai
ficar bem.

Eu murmuro pensativa. —Você sabia que Hillary vai fazer

uma tatuagem?

—Eu ouvi isso. —Ele diz. —Espero que ela faça uma caveira
e ossos cruzados em seu bíceps. Seria legal de ver nela.

Eu balanço minha cabeça. —Eu a amo tanto. Eu quero ser

como ela quando eu envelhecer.

Ele sorri. —Eu acho que há uma boa chance disso.

Eu relaxo com ele, deixando seu cheiro fresco de banho

recém-tomado girar em minha cabeça. —Jesus. Estou tão feliz que
faremos isso. Mas há um problema.

—O que é? —Ele pergunta, descaradamente deixando a mão

descer para agarrar minha bunda.
 —Há pessoas aqui, você sabe. —Eu digo, arqueando uma
sobrancelha. —Pessoas com olhos.

—Então devemos sair daqui. —Ele diz, sem mover sua mão.
—Eu preciso de algum tempo de qualidade com essa bunda linda.

—Eu concordo, mas minha bunda linda vai perder meu

compromisso com meu ginecologista na próxima semana. Isso
significa que nós estamos presos com preservativos, dragão.

Ele levanta um ombro largo. —Ou não.

—Ou não. —Repito, um sorriso rastejando em meu rosto

quando eu percebo o que ele está pensando. —Sr. Falcone, você
está dizendo que quer me engravidar de novo?

—Bem, eu gosto de fazer bebês com você. —Ele dá de

ombros, o calor rastejando em seus olhos escuros. —Mas podemos
apenas praticar, se você não estiver pronta. Foder você, ainda que
com um preservativo, é quase mais emoção do que eu posso lidar.

Eu mordo meu lábio quando eu pressiono mais perto do meu

marido em brasa, o revelador inchaço contra a minha coxa me
fazendo sofrer para ficar sozinha com ele. —Não, eu estou pronta.
Tão pronta que eu gostaria que pudéssemos começar a tentar agora.

—Agora, você diz? —Sua mão achata na parte inferior das

minhas costas, apertando-me contra seu pau. —Porque acontece
que eu sei de um armário de suprimentos deserto e nós temos uma
hora para matar antes de precisarmos ir para o aeroporto.

Eu solto minha mão, enfiando meus dedos nos dele. —

Mostre-me. Agora.

Dez minutos depois, fizemos nossa fuga. Não muito tempo

depois, meu jeans e calcinha estavam no chão de um armário
extremamente limpo que cheira unicamente a pinheiros, meus
cumprimentos ao pessoal da limpeza do Madison Square Garden, e
minhas pernas estão enroladas em torno dos quadris de meu marido
enquanto Jake empurra dentro de mim, nu, quente e com tanta força
que quase gozo nesse primeiro e profundo impulso.

Mas eu não gozo. Eu me seguro, não querendo gozar muito

cedo, não querendo me perder até que eu o veja se aproximando do
limite comigo.

—Porra, você é tão boa. —Ele diz, beijando-me entre as

palavras. —Eu amo como você está molhada e apertada no meu
pau.

—Eu amo você nu. —Eu me remexo contra ele enquanto ele
muda de lugar, prendendo-me entre seu corpo forte e a parede atrás
de mim, fazendo minha cabeça girar e minha boceta apertar com
força. —Deus, eu estou quase lá.

—Venha, princesa. —Ele diz, levando-me mais forte, mais

rápido. —Goze para mim. Deixe-me sentir você gozar.

Eu cavo meus saltos nos músculos duros de seu traseiro

enquanto ele me monta, e um momento depois eu explodo,
gozando tão forte que eu cairia se Jake não estivesse me segurando.
Mas ele está, e deslizando em mim tão fundo que mal posso
respirar. E, de repente eu estou lá de novo, a sensação dele inchando
dentro de mim me leva ao êxtase uma segunda vez.

Desta vez gozamos juntos, o corpo de Jake pulsando dentro

de mim até que eu estou tão cheia dele que não há mais nada no
mundo. Nada, nem ninguém, exceto este homem e eu.

—Bom período de experiência. —Ele diz, um momento

depois, ainda recuperando o fôlego. —Mas eu não acho que é a hora
certa. Nós vamos ter que tentar novamente quando pousarmos.

—Logo depois que pousar. —Eu sorrio contra sua boca

enquanto ele me beija. —E mais uma vez à noite e na manhã
seguinte.

—E na noite depois disso. —Ele murmura baixinho, fazendo

meu lábios vibrarem. —Deus, eu te amo.

—Eu também te amo. —Eu digo, abraçando-o. —Mas se

isso acontecer, nós provavelmente devemos dizer às pessoas que
engravidamos novamente por acidente. Se eles souberem que
deliberadamente tentamos um segundo filho quando Cersei não tem
sequer um ano de idade, eles pensarão que somos loucos.

—Quem se importa? —Ele diz, beijando-me novamente. —

Quem se importa com o que alguém pensa? Eu vou enfiar tantos
bebês em você quanto nós quisermos, princesa, e o resto do mundo
pode manter seus narizes fora disso.

Eu tremo. —É errado que ouvir você dizer isso seja

suficiente para me deixar molhada, se eu já não estivesse?

Seus olhos estreitam. —Então você quer que eu a foda

novamente? É isso que você está dizendo, Sra. Falcone? Você
precisa de meu pau de novo no armário de suprimentos?

Eu aceno devagar, olhando em seus olhos com o que eu sei

que é um olhar travesso no meu rosto. —Sim, Sr. Falcone. Desculpe
incomodar você, mas eu vou precisar que você me foda novamente.
Agora, pode ser?

—Eu já estou duro novamente só de pensar nisso. —Ele diz,

estendendo a mão para a barra da minha camiseta de mangas
compridas. —Mas desta vez eu quero seus seios na minha boca. Eu
quero morder seus mamilos, enquanto você me monta.

—Isso soa como música. —Eu digo, e é verdade.

E isso é.
 ***

E nove meses depois, quando a nossa segunda filha nasce,

Hillary Medusa Falcone, uma criança com rosto de fada e com os
olhos escuros de Jake, minha pele pálida, e tufos de cabelo
encaracolados, quase brancos, que sua irmã vai amar trançar algum
dia, eu sei que nunca vou me cansar. Não deste homem, ou da nossa
família, ou de fazer amor e bebês com meu melhor amigo.

Eu sou uma mulher de sorte. Eu tive tudo que eu sempre

quis, exceto...

—Um menino. —Eu sussurro naquela noite no hospital,

quando Jake, Hillary, e eu estamos todos abraçados em uma cama
muito pequena para um de nós. —Da próxima vez vamos ter um
menino, e depois vamos parar.

Jake acaricia suavemente a cabeça adormecida de Hillary com

um sorriso, e então ele me beija e é toda resposta que eu preciso.
Seja qual for o futuro, nós estaremos juntos, com as nossas meninas
e quaisquer outras almas doces que decidam se juntar a nós, e será
muito melhor do que bom.

Será incrível, assim como o meu dragão.

 EPÍLOGO DOIS

Nove anos mais tarde

E agora algo de Cersei Allison Falcone

Queridos mãe e pai,

Primeiro, feliz aposentadoria, pai!!

Eu amo ver você jogar hóquei, mas eu vou adorar ainda mais
ter você em casa o tempo todo. Eu não posso esperar que você possa me
ajudar a caminhar com Biscuit e Snarl no parque e levar Hillary,
Wyatt e eu para a escola todas as manhãs.
Não só você será uma grande companhia, mas você finalmente
poderá ver por si mesmo que Hillary é realmente má e não deve ter
permissão para mexer com objetos semi cortantes, como sua espada de
plástico ou estrelas ninja. Eu estou dizendo a você, papai, mamãe
acredita que eu fiquei com todo o doce e Hillary todo o salgado.
Cuidado com ela. Ela vai dar-lhe mais cabelos brancos do que você já
tem.
Além disso, os gêmeos vão adorar ter você e mamãe para levá-los
para aulas de natação. Você sabe que Jackson fica louco quando ele
tem que ficar de fora para que a mãe possa ajudar Jamison com sua
prancha. Dois pais, um para cada garoto de três anos, vai reduzir os
níveis de estresse da manhã de sábado para um grupo inteiro.
Então, obrigada por isso!
Eu não sou uma fã de estresse e, por vezes, quando você
costumava ir para jogos fora de casa e Nanny Gibbons vinha cuidar de
nós enquanto a mãe se voluntariava na clínica veterinária, era tanta
bagunça e gritaria que eu não podia ouvir-me pensar. E uma vez que o
pensamento é uma das minhas coisas favoritas, não era muito divertido.
Eu sou uma pensadora, pai. Mãe, você sabe que isso é verdade,
e você me diz o tempo todo que é uma das coisas que você ama em mim.
Bem, eu amo tudo em vocês dois, e eu estou tão feliz por vocês
serem meus pais! Sinto-me sortuda todos os dias, e eu quero que vocês
saibam disso. Você fez um bom trabalho, e eu não trocaria qualquer
um dos meus irmãos ou irmãs, mesmo Hillary, por nada no mundo.
E é uma grande notícia sobre o bebê. Eu estou contente que os
resultados estão bons e que Catherine vai ficar bem, mesmo que a mãe
esteja meio velha para ter mais filhos.
Isso é ótimo, uma grande notícia...
Mas vocês não acham que é hora de esfriar depois da bebê Cat
nascer? Quer dizer, seis crianças e dois cães em dez anos é muito,
pessoal.
E mesmo com as reformas, não há nenhuma maneira que eu
consiga evitar compartilhar um quarto com Hillary se esta família
aumentar mais. E eu sei que os meninos já estão compartilhando, mas
vocês realmente não entendem o quão sério eu acredito que Hillary é
uma ameaça para o meu bem-estar. Ela é a única pessoa com quem
não consigo ficar calma, não importa o quanto eu tente, e viver em
tempo integral com essa menina pode me dar uma úlcera. E eu não
preciso de uma úlcera neste ponto vulnerável na minha vida, quando
estarei no ensino médio antes que você perceba.
Então, por favor, pais que eu amo tanto, tanto, considerem
colocar um fim na fábrica de bebês. Seis é um número agradável e
suficiente para qualquer pessoa razoável.

Todo meu amor,

Cersei

O FIM

Desejamos que você possa viver esta época natalina

em plena alegria, e na companhia da sua família.
Que o amor e todos os bons sentimentos prevaleçam
sobre o materialismo dos presentes. E que Deus
conceda a você e toda sua família muita felicidade
e saúde o ano todo.

Tenha um Natal abençoado!

São os Desejos do

Grupo Rhealeza traduções.