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Mecânica

Forças e Movimentos

M6 Movimento retilíneo de
queda à superfície da
Terra
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Movimento de queda vertical de um corpo com resistência do ar desprezável


Um corpo em queda vertical à superfície da Terra sujeito a uma
força da resistência do ar muito pequena quando comparada
com o seu peso diz-se em queda livre.

Sujeito apenas à
força gravítica

A aceleração é a
aceleração
gravítica, g
Enquanto Aristóteles acreditava que os corpos mais pesados, largados de uma mesma
altura, alcançariam o solo antes dos mais leves, Galileu, no séc. XVII, previu que, se a
resistência do ar for desprezável, uma pena e um martelo ou outros dois objetos
quaisquer, tendo ambos sido largados da mesma posição, cairiam juntos, lado a lado,
até ao solo.

Em 1971, o astronauta Dave Scott recriou a experiência de Galileu durante a missão


Apollo 15 na Lua, onde a atmosfera é rarefeita, verificando que os corpos em queda
livre têm todos a mesma aceleração, independentemente das suas massas.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Movimento de queda vertical de um corpo com resistência do ar desprezável

O valor da aceleração da gravidade não depende da massa nem da forma do corpo em


queda.
MT m
Pela Lei da Gravitação Universal: Fg  G
R2
Pela Segunda Lei da Newton: Fg  m g

Então, tem-se:
MT m MT
m gG 2
 gG 2
R R
Logo, dois corpos com massa e/ou forma diferentes, em queda livre, quando largados
(𝑣 = 0) da mesma altura, caem ao mesmo tempo, chegando ao solo no mesmo
instante.
Análise dos gráficos posição-tempo e velocidade-tempo de um movimento de queda vertical de um corpo
com resistência do ar desprezável

Sendo o gráfico velocidade-tempo um segmento de reta, a dependência de v com a variável


independente t pode ser traduzida por uma equação de primeiro grau do tipo: y = m x + b
Num movimento de queda livre, a ordenada na origem b corresponde à componente escalar da
velocidade inicial, 𝒗𝟎 , e o declive m coincide com a componente escalar da aceleração, a, pelo que:

𝒗 = 𝒗𝟎 + 𝒂 𝒕

Esta equação é designada por equação das velocidades


Análise dos gráficos posição-tempo e velocidade-tempo do movimento de um corpo lançado verticalmente
para cima, com resistência do ar desprezável.

Se a esfera fosse lançada verticalmente para cima, considerando o mesmo referencial, estaria sujeita à
mesma força constante, a força gravítica, e à mesma aceleração, gravítica, mas teria uma velocidade inicial
não nula.
Na subida, a força gravítica e
a aceleração têm sentido
contrário ao da velocidade,
logo o movimento é retilíneo
uniformemente retardado. O
módulo da velocidade
diminui até se anular quando
atinge a altura máxima.
Na descida, a força gravítica e a aceleração gravítica têm o mesmo sentido da velocidade, pelo que o
módulo da velocidade aumenta com o tempo, sendo o movimento é retilíneo uniformemente acelerado.
O movimento de queda livre também pode ser analisado do ponto de vista energético em que o corpo está
sujeito apenas à ação de forças conservativas (peso), havendo conservação da energia mecânica.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Movimento de queda vertical de um corpo com resistência do ar desprezável


Vídeos
Determinação da
aceleração gravítica
Gráficos velocidade-tempo de movimento de queda vertical de um corpo com resistência do
ar desprezável.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Movimento de queda vertical de um corpo com resistência do ar desprezável

Como os valores da velocidade e da aceleração são ambos negativos (𝒗 < 𝟎 Simulação


e 𝒂 < 𝟎) ou ambos positivos (𝒗 > 𝟎 e 𝒂 > 𝟎 ), o movimento é acelerado; Movimentos verticais

Como a aceleração é constante (porque a resultante das forças aplicadas ao


corpo é constante), trata-se de um movimento retilíneo uniformemente
variado;

Num movimento retilíneo uniformemente variado, a equação das


velocidades é do tipo:
ou
Esta equação permite determinar, para um m.r.u.v., a componente escalar da
velocidade em qualquer instante, desde que se conheçam os valores da
velocidade inicial e da aceleração.
∆𝒗
É equivalente à expressão 𝒂 = pois, tratando-se de um movimento uniformemente variado, a
∆𝒕
aceleração é constante e igual à aceleração média.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Bola atirada verticalmente para cima, próximo da superfície da Terra, com a resistência do
ar desprezável.
Vídeos
Determinação da aceleração
de um grave a partir do
gráfico velocidade-tempo

Por análise do gráfico velocidade-tempo, constata-se que:


• No [0; 1,5] s: a bola sobe, até atingir a altura máxima, com movimento retilíneo uniformemente
retardado, uma vez que a = constante, a < 0 e v > 0.
• No instante t = 1,5 s: a velocidade da bola anula-se e o sentido do movimento inverte- se. A bola
atinge nesse instante a altura máxima, hmáx.

• No [1,5; 3,0] s: a bola cai com movimento retilíneo uniformemente acelerado, uma vez que
a = constante, a < 0 e v <0.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Na figura apresenta-se o gráfico posição-tempo do lançamento


vertical de uma esfera, com resistência do ar desprezável,
considerando a trajetória da bola segundo o eixo dos yy.

A curva deste gráfico é uma parábola ou ramo de parábola, sendo


descrito por uma equação de 2.º grau, simétrica em relação ao
instante em que ocorre a inversão, conhecida por equação das
posições ou lei do movimento:
𝟏
Equação da posições: 𝒚 = 𝒚𝟎 + 𝒗𝟎 𝒕 + 𝒂 𝒕𝟐
𝟐
1 2
y  y0  v0 t  g t
2

Equação das velocidades: 𝒗 = 𝒗𝟎 + 𝒂 t v  v0  g t


M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Atividade
Interpretação de gráficos para
A equação da posições: movimentos retilíneos
uniformemente variados

• É válida para todos os movimentos


1 2
retilíneos uniformemente variados, ou seja, y  y0  v0 t  g t
para movimentos com aceleração constante 2
(força resultante constante);

• Permite determinar a componente escalar


da posição y (ou x) de um corpo em
qualquer instante, desde que sejam v  v0  g t
conhecidas as condições iniciais e a
aceleração.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra
Gráficos posição-tempo, velocidade-tempo e aceleração-tempo de movimentos retilíneos
uniformemente variados
Movimento uniformemente variado no plano horizontal
A equação da posições e a lei das velocidades são válidas para todos os movimentos retilíneos
uniformemente variados, ou seja, para movimentos com aceleração constante (força resultante constante);
1. Num movimento no plano horizontal, temos: 𝟏 𝟐
e 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎 𝑡
𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝟎 𝒕 + 𝒂𝒕
𝟐
Estas equações permitem concluir que o gráfico posição-tempo será uma parábola e o gráfico velocidade-
tempo será uma reta.
Movimento uniformemente variado no plano inclinado

2. Num plano inclinado temos a atuar outras forças para além da força gravítica.
Neste exemplo, o carro só tem aceleração na direção Ox, uma vez que
a resultante das forças segundo Oy tem componente nula. Se
considerarmos o atrito desprezável, temos:
𝐹𝑅 = 𝐹𝑔,𝑥 = 𝑚 𝑎  m g sin  = m a  a = g sin 
A expressão anterior mostra que a componente escalar da aceleração
é constante e independente da massa do carrinho. Só depende do
ângulo de inclinação, sendo inferior ao módulo da aceleração da
gravidade.
Neste movimento, como a aceleração é constante, aplicam-se as equações do movimento:

𝟏
𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝟎 𝒕 + 𝒂 𝒕𝟐 𝑣 = 𝑣0 + 𝑎 𝑡
𝟐
Movimento retilíneo e uniforme

As equações do movimento retilíneo uniforme podem obter-se a partir das equações do movimento
uniformemente variado, considerando a aceleração nula:

𝑣 = 𝑣0 + 𝑎 𝑡 Se a = 0  𝒗 = 𝒗𝟎

𝟏
𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝟎 𝒕 +
𝟐
𝒂 𝒕𝟐 Se a = 0  𝒙 = 𝒙𝟎 + 𝒗𝟎 𝒕
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Movimento de queda vertical de um corpo com resistência do ar apreciável

Quando um corpo cai verticalmente com resistência do ar


apreciável, o movimento do corpo nunca é uniformemente
variado, uma vez que a força de resistência do ar não é uma
força constante. Depende, entre outros fatores, da velocidade do
corpo; aumenta com a velocidade.

Um corpo em queda vertical com resistência do ar apreciável fica


sujeito a duas forças: à força gravítica e à força de resistência do ar.
Pela Segunda Lei de Newton, sabemos que:

FR  m a  P  Rar  m a
Como a resistência do ar não é constante durante o movimento, a aceleração,
também não é constante, pelo que o movimento não é uniformemente variado.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

O movimento antes de abrir o paraquedas


Ao iniciar a queda, o paraquedista mantém o paraquedas
fechado. Como a velocidade é pequena, a resistência do ar,
que depende do valor da velocidade, é pequena relativamente
à força gravítica.
P  Rar
Neste caso, a força resultante tem o mesmo sentido da
velocidade a velocidade do paraquedista aumenta.

À medida que a velocidade do paraquedista aumenta, a resistência do ar também aumenta,


até que, em dado momento, o módulo da resistência do ar iguala o módulo do peso do
paraquedista. O paraquedista atinge a primeira velocidade terminal (cerca de 200 km h-1).

P  Rar
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

O movimento depois de abrir o paraquedas

Quando o paraquedista abre o paraquedas, a resistência do ar aumenta


muito e bruscamente, devido à área do paraquedas, fazendo diminuir a
velocidade rapidamente. A força resultante tem sentido oposto ao da
velocidade o módulo da velocidade do paraquedista aumenta.

Rar  P

Ao diminuir a velocidade, a resistência do ar também diminui, até que, em dado


momento, o módulo da resistência do ar iguala o módulo do peso do paraquedista.
O paraquedista atinge a segunda velocidade terminal (cerca de 20 km h-1).

P  Rar
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra
Gráficos posição-tempo e velocidade-tempo do movimento de queda de um paraquedista
Vídeo
Interpretação de gráficos para
movimentos retilíneos
uniformemente variados

A velocidade terminal, num movimento de queda com resistência do ar apreciável, é a


velocidade que um corpo em queda vertical atinge quando o módulo da resistência do ar
iguala o módulo do seu peso.
M6 Movimento retilíneo de queda à superfície da Terra

Questão resolvida

Um paraquedista, que já atingiu a velocidade terminal de 20,0 m s-1, passa, no


instante t1, à altura h = 200 m de uma torre. Nesse mesmo instante é largada da torre
uma pequena pedra.

1. Quanto tempo, contado desde o instante t1, demora o paraquedista a atingir o solo?
E a pedra?

2. Esboce o gráfico velocidade-tempo para o movimento do paraquedista e para o


movimento da pedra.
M6 Segunda e Primeira Leis de Newton

Questão resolvida – resolução


1. Como o paraquedista já atingiu a velocidade terminal, de t1 até ao solo,
descreve um movimento retilíneo e uniforme, sendo válidas as equações:
y  200  20, 0 t (m)
v  v0  20, 0 (m s 1 )
Substituindo na equação das posições, y = 0 m, tem-se:
0  200  20, 0 t  tparaquedista  10, 0 s
Como a pedra cai em queda livre, desde o instante t1 até ao solo, descreve um
movimento retilíneo uniformemente acelerado, sendo válidas as equações:
y  200  5, 0 t 2 (m)
v  10 t (m s 1 )
Substituindo na equação das posições, y = 0 m, tem-se:
0  200  5 t 2  tpedra  6, 3 s
M6 Segunda e Primeira Leis de Newton

Questão resolvida – resolução


2.
30

20

10

Velocidade (m s-1)
0
0 2 4 6 8 10 12
-10 Série1
Série2
-20

-30

-40

-50
Tempo (s)

Série 1 - paraquedista
Série 2 - pedra

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