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Como as variações da velocidade são descritas pela aceleração, 𝑎⃗, também

podemos decompor esta grandeza em duas componentes, a componente


tangencial, 𝑎⃗t , e a componente normal, 𝑎⃗n :
⃗⃗ = 𝒂
𝒂 ⃗⃗𝐭 + 𝒂
⃗⃗𝐧

Estas componentes relacionam-se com as componentes tangencial e normal da


força resultante, atendendo à Segunda Lei de Newton:
⃗𝑭⃗𝐭 = 𝒎 𝒂
⃗⃗𝐭 e ⃗𝑭⃗𝐧 = 𝒎 𝒂
⃗⃗𝐧

Componente tangencial da aceleração, ⃗𝒂⃗𝐭 :


● Relaciona-se com a variação do módulo da velocidade.
● Tem a direção da velocidade. Terá o sentido da velocidade se o movimento
for acelerado (B) e sentido oposto se for retardado (A).
● É tanto maior quanto mais rapidamente variar o módulo da velocidade.
● É diferente de zero desde que o módulo da velocidade varie, quer o
movimento seja retilíneo ou curvilíneo.
● É zero em movimentos uniformes, retilíneos ou curvilíneos, pois o módulo da
velocidade é constante.
● Nos movimentos retilíneos, coincide com a aceleração: 𝑎⃗t = 𝑎⃗.

⃗⃗𝐧 :
Componente normal da aceleração, 𝒂
● Relaciona-se com a variação da direção da velocidade.
● É perpendicular à velocidade e aponta para o interior da curva.
● É tanto maior quanto mais rapidamente variar a direção da
velocidade (maior em B do que em C).
● É diferente de zero em movimentos curvilíneos, pois há variação da
direção da velocidade.
● É zero em movimentos retilíneos, pois a direção da velocidade é constante.
● Nos movimentos curvilíneos uniformes coincide com a aceleração: 𝑎⃗n = 𝑎⃗.
Representação, em três pontos da trajetória, do vetor velocidade e do vetor
aceleração, assim como as respetivas componentes tangencial e normal.
A aceleração, 𝑎⃗, é a soma vetorial da componente
tangencial, 𝑎⃗t , e da componente normal, 𝑎⃗n , em
qualquer ponto da trajetória.
● No ponto A o movimento é retardado e o ângulo ɵ
entre os vetores aceleração e velocidade é superior a
90˚;
● Nos pontos B e C o movimento é acelerado e o
ângulo ɵ entre os vetores velocidade e aceleração é
inferior a 90.̊

Como se podem calcular cada uma destas componentes da aceleração?


A componente tangencial da aceleração, como mede a variação do módulo da
velocidade num dado instante, é a derivada temporal do módulo da velocidade:
𝐝𝒗
𝒂𝐭 =
𝐝𝒕

Pode ainda ser calculada pela expressão:


𝒂𝐭 = 𝒂 cos 𝜽

A componente tangencial da aceleração permite classificar os movimentos em


uniformes, uniformemente variados e variados.
A componente normal da aceleração é dada pela expressão
𝒗𝟐
𝒂𝐧 =
𝒓
em que o símbolo r representa o raio de curvatura.

A componente normal da aceleração pode também ser calculada pela expressão:


𝒂𝐧 = 𝒂 sin 𝜽

Numa trajetória circular, o raio de curvatura, r, coincide com o raio da


circunferência. Nas outras curvas, para cada ponto define-se raio de curvatura
como o raio do arco circular que mais se aproxima da curva nesse ponto.

𝑣2
A expressão da aceleração normal, , indica que, quanto maior for a velocidade
𝑟
com que uma mota descreve uma curva, maior será a sua aceleração normal.
Se a curva for apertada (menor raio), a aceleração normal também será maior
para o mesmo valor da velocidade. Por isso, terá de ser maior a componente
normal da força resultante (força centrípeta), que é a força de atrito, como
veremos. Se essa força não for suficientemente intensa, a mota não descreverá a
curva, deslizando (ou derrapando) para o seu exterior.

Num sistema de eixos ligado à partícula, e que a acompanha, a expressão do


vetor aceleração é:
⃗⃗ = 𝒂𝐭 ⃗𝒆⃗𝐭 + 𝒂𝐧 ⃗𝒆⃗𝐧
𝒂
sendo o respetivo módulo dado por:

𝒂 = √ 𝒂𝟐𝐭 + 𝒂𝟐𝐧
Questões:
1. Classifique cada um dos movimentos com base nos vetores indicados.

Movimento retilíneo uniformemente acelerado

Movimento retilíneo uniformemente acelerado

Movimento curvilíneo uniformemente acelerado

2. Considere que um corpo se move com velocidade:


𝑣⃗ = 8𝑡 𝑒⃗𝑥 + 3 𝑒⃗𝑦 (m s −1 )

Calcule a aceleração do corpo, em função das suas componentes tangencial e


normal, no instante 1 s.
Segunda Lei de Newton em referenciais ligados à partícula

A expressão da Segunda Lei de Newton 𝐹⃗R = 𝑚 𝑎⃗ pode ser escrita para um


referencial fixo ou para um referencial ligado a uma partícula, conforme a
conveniência.
Num referencial cartesiano fixo, cujos vetores unitários são 𝑒⃗𝑥 , 𝑒⃗𝑦 e 𝑒⃗𝑧 , a Segunda
Lei de Newton pode ser escrita usando as componentes escalares da força
resultante, 𝐹⃗R , e da aceleração 𝑎⃗.
A equação vetorial será:
𝑭𝒙 ⃗𝒆⃗𝒙 + 𝑭𝒚 ⃗𝒆⃗𝒚 + 𝑭𝒛 ⃗𝒆⃗𝒛 = 𝒎 𝒂𝒙 ⃗𝒆⃗𝒙 + 𝒎 𝒂𝒚 ⃗𝒆⃗𝒚 + 𝒎 𝒂𝒛 ⃗𝒆⃗𝒛

Segunda Lei de Newton:

⃗𝑭⃗𝐑 = 𝒎 𝒂
⃗⃗

Equações das componentes escalares num referencial fixo:


𝑭𝒙 = 𝒎 𝒂𝒙 𝑭𝒚 = 𝒎 𝒂𝒚 𝑭𝒛 = 𝒎 𝒂𝒛

O uso de um referencial fixo é conveniente quando as


forças têm direção constante, como um objeto que rola
numa mesa e acaba por cair dela.
Corpo sujeito a forças
de direção constantes

Mas, se as forças variarem em direção, como no caso de um


corpo que descreve trajetórias circulares, as projeções das
forças poderão ser dadas por expressões complicadas usando
um referencial fixo.
Corpo sujeito a forças
de direção variável
Se a partícula descrever uma trajetória curvilínea num plano será mais simples utilizar
um referencial ligado à partícula, isto é, um referencial cuja origem está na partícula e
que se move com ela.
Escolhemos o eixo definido pelo vetor unitário 𝑒⃗t (eixo tangencial) e o eixo
definido pelo vetor unitário 𝑒⃗n (eixo normal); o eixo perpendicular ao plano
definido por aqueles dois vetores será definido pelo vetor unitário 𝑒⃗𝑧 .

A expressão da aceleração é definida por:


⃗⃗ = 𝒂𝐭 𝒆
𝒂 ⃗⃗𝐭 + 𝒂𝐧 𝒆
⃗⃗𝐧

A Segunda Lei de Newton, 𝐹⃗R = 𝑚 𝑎⃗, pode escrever-se:


⃗⃗𝐭 + 𝑭𝐧 𝒆
𝑭𝐭 𝒆 ⃗⃗𝐧 + 𝑭𝒛 𝒆
⃗⃗𝒛 = 𝒎 𝒂𝐭 𝒆
⃗⃗𝐭 + 𝒎 𝒂𝐧 𝒆
⃗⃗𝐧

Equações das componentes escalares num referencial ligado à partícula:


𝑭 𝐭 = 𝒎 𝒂𝐭
𝑭 𝐧 = 𝒎 𝒂𝐧
𝑭𝒛 = 𝟎

Movimentos sob ação de uma força resultante constante


Vamos estudar movimentos de corpos atuados também por forças constantes, mas cujas
trajetórias são curvilíneas. Um corpo no qual atua uma mesma força resultante pode adquirir
movimentos com trajetórias diferentes. A razão está no facto de, apesar
de a força resultante ser a mesma, as condições iniciais – ou seja, a
posição e a velocidade iniciais – serem diferentes.

Considere-se uma bola que roda, presa a um fio, numa trajetória


circular num plano vertical. Suponhamos desprezável a resistência
do ar.

Se o fio romper, ela passará a ter um movimento em queda livre, pois a única força que
nela atua será o seu peso.
A forma da trajetória que a bola descreverá vai depender da posição no instante de
rutura do fio, pois em diferentes posições existirão diferentes velocidades do centro de
massa da bola.
A velocidade inicial da bola tem direção horizontal e o seu peso tem direção
vertical: a trajetória em queda livre é curvilínea.

A velocidade inicial da bola tem direção oblíqua e o seu peso tem direção
vertical: a trajetória em queda livre é curvilínea.

A velocidade inicial da bola tem direção vertical, tal como o seu peso: a
trajetória em queda livre é retilínea.

Sendo a força resultante constante, as suas componentes escalares também o são. Se


uma componente escalar for nula, o movimento será uniforme na direção
correspondente; se não for, o movimento será uniformemente variado nessa direção,
uma vez que a aceleração será constante.

Uma boa escolha do sistema de eixos facilita a escrita destas equações. Por regra, o mais
simples é escolher um eixo com a direção da velocidade ou com a direção da força
resultante.
A resolução do sistema de equações paramétricas permite concluir que um movimento
plano de uma partícula sob a ação de uma força resultante constante, cuja direção é
diferente da direção da velocidade inicial da partícula, faz-se ao longo de uma trajetória
parabólica.
Um caso particular de um corpo sujeito a uma força constante é um corpo apenas sujeito
ao seu peso, a que chamamos vulgarmente projétil.
Consideremos os casos em que a resistência do ar é desprezável e a velocidade inicial
não tem a direção do peso (não é vertical), ou seja, em que a trajetória é curvilínea.
Só existe força resultante na direção vertical – o peso –, pelo que a aceleração vai ter
essa direção.

Num lançamento horizontal, o projétil tem velocidade inicial horizontal. É o caso de uma
bola que cai quando lançada do tampo de uma mesa.

𝑣⃗0
𝑎𝑥 = 0
𝑎𝑦 = −𝑔

As equações paramétricas do movimento no referencial indicado e as componentes


escalares da velocidade são dadas por:
1
𝑥 = 𝑣0 𝑡 𝑦(𝑡) = ℎ − 2 𝑔𝑡 2

𝑣𝑥 = 𝑣0𝑥 = 𝑣0 𝑣𝑦 (𝑡) = −𝑔𝑡

A componente escalar vertical da velocidade aumenta, pois, o movimento é


uniformemente acelerado nesta direção, enquanto a componente escalar horizontal da
velocidade se mantém, pois, o movimento é uniforme na direção horizontal.
Se eliminarmos a variável t nas equações paramétricas, obteremos a equação da
1 𝑥 2
trajetória, 𝑦 = ℎ − 2 𝑔 (𝑣 ) , que é a equação de uma parábola.
0

1
O tempo de queda obtém-se da equação 𝑦(𝑡) = ℎ − 2 𝑔𝑡 2 fazendo 𝑦 = 0:

2ℎ
𝑡=√
𝑔
Tempo de queda no lançamento horizontal só depende da altura de onde o corpo é
lançado; não depende da velocidade inicial.

O alcance do projétil, que é a distância máxima percorrida horizontalmente, obtém-se


substituindo o tempo de queda na equação 𝑥(𝑡) = 𝑣0 𝑡, obtendo-se:

2ℎ
𝑥máx = 𝑣0 √
𝑔

A expressão de cálculo do alcance permite concluir que, para a mesma altura de queda,
quanto maior for a velocidade inicial maior será o alcance.

As equações apresentadas só são válidas no referencial indicado!


Mudando o referencial, mudam os valores numéricos das equações.

No lançamento oblíquo de um projétil a velocidade inicial é oblíqua, fazendo um certo


ângulo, 𝜃, com a direção horizontal. Neste lançamento a velocidade inicial tem duas
componentes, uma horizontal e outra vertical.
O módulo da componente escalar vertical da velocidade, vy, diminui na subida e
aumenta na descida, anulando-se no ponto de altura máxima.
Fazendo 𝑣𝑦 (𝑡) = 0 na equação 𝑣𝑦 = 𝑣0 sin 𝜃 − 𝑔𝑡 obtém-se o tempo de subida do
projétil:
𝑣0 sin 𝜃
𝑡subida =
𝑔

Consideremos o caso particular de um projétil que regressa ao plano horizontal de onde


foi lançado. O tempo de subida é igual ao tempo de descida, por isso o tempo de voo –
tempo que o projétil permanece no ar – é o dobro do tempo de subida:
𝑣0 sin 𝜃
𝑡voo = 2
𝑔

Podemos determinar uma expressão para a altura máxima: substitui-se o tempo de


𝑣0 sin 𝜃 1
subida, 𝑡subida = na equação 𝑦(𝑡) = 𝑣0 sin 𝜃 𝑡 − 2 𝑔𝑡 2 e obtém-se:
𝑔

𝑣02 sin2 𝜃
𝑦máx =
2𝑔

Também se determina uma expressão para o alcance do projétil substituindo o tempo


𝑣0 sin 𝜃
de voo, 𝑡voo = 2 na equação 𝑥(𝑡) = 𝑣0 cos 𝜃 𝑡, obtendo-se:
𝑔

𝑣02 sin 2𝜃
𝐴=
𝑔

Para a mesma velocidade inicial, 𝑣0 :


𝑣02 sin2 𝜃
● a altura máxima, 𝑦máx = , aumenta com o ângulo de lançamento 𝜃;
2𝑔

𝑣0 sin 𝜃
● o tempo de voo, 𝑡voo = 2 𝑔
, aumenta com o ângulo de lançamento 𝜃.
𝑣02 sin 2𝜃
O alcance, 𝐴 = :
𝑔

● tem o valor máximo quando sin 2𝜃 = 1 ⇒ 2𝜃 = 90° ⇒ 𝜃 = 45°, ou seja, para o


ângulo de lançamento de 45°;
● é igual para ângulos de lançamento complementares (isto é, cuja soma é 90°): por
exemplo, 20° e 70°, ou 30° e 60°, pois o seno toma o mesmo valor.

Quando os efeitos da resistência do ar não são desprezáveis, as trajetórias deixam de ser


parabólicas e tanto o alcance como a altura máxima são inferiores aos correspondentes
valores sem resistência do ar.

O ângulo para o alcance máximo deixa de ser 45°: por exemplo, no caso de uma bola de
golfe, onde o efeito da resistência do ar não é desprezável, o alcance máximo ocorre para
o ângulo de lançamento de 38°.

Questões:
1. Um objeto é lançado do solo, com uma velocidade de
módulo 8,0 m s−1 e segundo um ângulo de 40° com a direção
horizontal.
Para o movimento do centro de massa do objeto, determine:

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