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Movimento circular uniforme. Pg.

94-101
Movimento circular uniforme (MCU)
No movimento circular uniforme, um caso particular do movimento
curvilíneo:
- a trajetória da partícula é circular;
- e o módulo da velocidade é constante.

Exemplos:
- o movimento de um qualquer ponto dos ponteiros de um relógio
analógico;
- das pás de uma hélice;
- de um satélite em órbita circular.

1 Ponteiros do relógio têm MCU. 2 As pás das hélices têm MCU.


Num movimento curvilíneo o módulo da velocidade só permanecerá
constante se a resultante das forças for perpendicular à velocidade.

No MCU a resultante das forças, a força centrípeta, é sempre perpendicular à


velocidade e aponta para o centro da trajetória.

De acordo com a Segunda Lei de Newton, a aceleração tem a direção e o


sentido da resultante das forças, logo perpendicular à velocidade e aponta
para o centro da trajetória, designando-se por aceleração centrípeta
(símbolo ).
Trajetória circular, com velocidade de direção variável, mas de módulo
constante.

A força centrípeta é A aceleração centrípeta é


perpendicular à velocidade. perpendicular à velocidade.
Grandeza Direção Sentido Módulo

Velocidade Tangente à trajetória O do movimento Constante ao


em cada ponto longo do tempo

Radial (perpendicular Aponta para o centro Constante ao


Aceleração à velocidade) da trajetória (por isso longo do tempo
se diz centrípeta)
Resultante das Radial (perpendicular Aponta para o centro Constante ao
forças à velocidade) da trajetória (por isso longo do tempo
se diz centrípeta)
Consideremos o movimento do centro de
massa (CM) de uma cadeirinha de uma
roda gigante.

O tempo que demora a efetuar uma


rotação completa chama-se período do
movimento (símbolo T) e exprime-se em 3 Roda gigante.
segundos no SI.

Como o movimento se repete ao fim de um período, diz-se que o MCU é um


movimento periódico.
Ao número de rotações efetuadas pelo CM de cada cadeirinha por unidade de
tempo chama-se frequência do movimento (símbolo f), grandeza que se
exprime em hertz (símbolo Hz) no SI.

A frequência é o inverso do período:

Hz 1
𝑓=
𝑇s
Uma unidade de frequência muito utilizada é a
«rotação por minuto», cujo símbolo é rpm.

Um disco de vinil de 33 rpm efetua cerca de 33


rotações num minuto.
4 Conta-rotações de um automóvel.

Nos carros aparece a indicação «rpm» ou «r/min» no conta-rotações,


instrumento que indica a frequência de rotação da cambota (parte do
motor cujo movimento é transmitido às rodas).
Consideremos agora o centro de massa de uma
cadeirinha da roda gigante, que se move de uma
posição A para a posição B, descrevendo um
ângulo θ num intervalo de tempo Δt.

Define-se o módulo da grandeza velocidade


angular (símbolo ω) como a amplitude do ângulo,
descrito em radianos, por unidade de tempo.

Δ 𝜃 rad
rad s-1
𝜔=
∆𝑡
s
Para uma volta completa:
2π 𝜔=2 π 𝑓
θ=2π e t = T 𝜔= ⇔
𝑇

No MCU, a velocidade angular


depende do período e permanece Como o T é o inverso da f.
constante ao longo do tempo: o
corpo descreve ângulos iguais em
intervalos de tempo iguais.
Num movimento uniforme podemos calcular o módulo da velocidade para
um corpo que descreve uma rotação completa de raio r, isto é, percorre uma
distância igual ao perímetro da circunferência durante um período, através
de: 2𝜋𝑟
𝑣=
𝑇
Ou seja:
𝑣 =ω 𝑟
Demonstra-se que o módulo da aceleração no MCU (aceleração centrípeta) é
dado por:
2
𝑣
𝑎c =
𝑟
Como, ao longo do tempo, o módulo da velocidade e o raio da trajetória
circular são constantes, o módulo da aceleração centrípeta é também
constante.

Podemos relacionar o módulo da aceleração centrípeta com a velocidade


angular substituindo a expressão v = ω r na expressão anterior:
2
𝑣2 ( 𝜔 𝑟 ) 𝜔2𝑟 2
𝑎𝑐 = = = =𝜔2𝑟
𝑟 𝑟 𝑟
O módulo da resultante das forças (força centrípeta) obtém-se a partir da
Segunda Lei de Newton.
Movimento circular uniforme
Módulo da aceleração Módulo da resultante das
Módulo da velocidade
(aceleração centrípeta) forças (força centrípeta)
𝑣=ω𝑟
Comparação do movimento de dois corpos em MCU, pg.97

Vejamos o exemplo dos pontos A e B num


ponteiro do relógio da figura 5: demoram o
mesmo tempo a completar uma rotação, pelo
que têm o mesmo período (T) e a mesma
velocidade angular(ω).

Como v = ω r, B tem maior velocidade do que


A por a sua trajetória ter maior raio (como B
percorre uma circunferência com maior 5 Ponteiros de relógio.
perímetro do que A no mesmo intervalo de
tempo, tem de se mover mais depressa!).
Como a velocidade angular é constante, a expressão v = ω r mostra que o
módulo da velocidade é diretamente proporcional ao raio da trajetória.

É difícil comparar as acelerações de A e B a partir


da expressão , pois tanto os raios como os
módulos das velocidades são diferentes.

6 Planeta Terra.
Partindo de ac = ω2r, como A e B têm a mesma velocidade angular, o
módulo da aceleração é diretamente proporcional ao raio da trajetória.

6 Planeta Terra.

Assim, como o raio de B é superior ao de A, B tem maior aceleração do que A.


O movimento de alguns satélites pode, em certas circunstâncias, ser visto
como um MCU.

7 Satélite em órbita na Terra.

Para um satélite descrever um MCU tem de ter uma velocidade adequada, a


velocidade orbital.
Consideremos um satélite de massa m e raio de órbita
r: a única força que nele atua é a força gravítica e a
aceleração é a aceleração centrípeta.

Combinando a Segunda Lei de Newton com a Lei da


Gravitação Universal, tem-se:

𝑚T 𝑚

√ 𝐺𝑚T
2
𝑣
𝐹 R =𝑚𝑎 ⇔ 𝐹 g =𝑚 𝑎 c ⇔ 𝐺 =𝑚 ou seja,𝑣 =
𝑟
2
𝑟
𝑟
em que mT é a massa da Terra e r = rT + h, sendo rT o raio da Terra e h a
altitude do satélite.

Como mT e G têm valores fixos, a expressão mostra
𝐺𝑚T que, para os satélites da Terra:
𝑣= - o módulo da velocidade orbital não depende da
𝑟 massa do satélite;
- diminui quando aumenta o raio da trajetória.

Embora a velocidade orbital não dependa da massa do satélite, esta é


relevante: quanto maior for a massa do satélite, mais energia será
necessária para o transportar da Terra até à órbita.
De um modo semelhante poderemos deduzir uma expressão para o período
de rotação do movimento de um satélite em função do raio da sua órbita:

𝑚T 𝑚 𝑣
2
𝑚T 2
𝐹 R =𝑚𝑎 ⇔ 𝐹 g =𝑚 𝑎 c ⇔ 𝐺 =𝑚 ⇔𝐺 =𝑣
𝑟
2
𝑟 𝑟


3
ou seja,𝑇 =2 𝜋
𝑟
𝐺 𝑚T
𝑇 =2 𝜋

𝑟3
𝐺 𝑚T
Esta expressão mostra que o período de rotação
do satélite é independente da sua massa e será
tanto maior quanto maior for o raio da órbita.

Um satélite com um período igual ao da rotação da Terra (T = 24 h) a


orbitar no plano do equador terrestre chama-se satélite geoestacionário.
Os satélites geoestacionários, como têm um movimento síncrono com o
da Terra, permanecem sobre um local fixo do globo, sendo usados em
comunicações e observações permanentes de regiões da Terra.

8 Satélite geoestacionário: permanece sempre sobre a vertical de um lugar do equador da Terra.


ATIVIDADE

Selecione a opção correta.

No movimento circular e uniforme…

(A) a força resultante é nula uma vez que a velocidade é constante;

(B) a aceleração é nula uma vez que a velocidade é constante;

(C) a velocidade é constante;

(D) a aceleração e a resultante das forças são perpendiculares à velocidade.


ATIVIDADE

Selecione a opção correta.

No movimento circular e uniforme…

Resolução:
D. A aceleração e a resultante das forças são perpendiculares à
velocidade.
No movimento circular e uniforme a velocidade é variável mas com
módulo constante. A resultante das forças (força centrípeta),
perpendicular à velocidade em cada ponto, tem direção radial e aponta
para o centro, assim como a aceleração (aceleração centrípeta).

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