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11º ANO FÍSICA

D1 SD3 FORÇAS E MOVIMENTOS

M8 1.8. MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME


1.8. Movimento circular uniforme
Uma força que atua num corpo perpendicularmente à

trajetória, em cada ponto, faz variar a direção da velocidade,

mas não o seu módulo. v


Fg

Nestas circunstâncias, o movimento

do corpo passa a ser circular e uniforme.


É o que acontece com a Lua e outros satélites em órbita à volta da
Terra.

A única força que atua sobre um satélite em órbita à volta da Terra é


a força gravítica.

A velocidade só varia em direção porque a força gravítica é sempre


perpendicular à velocidade.
Movimento circular uniforme
Num movimento circular uniforme só o módulo da velocidade
permanece constante.

Neste movimento, a velocidade é tangente à trajetória em cada


instante, estando constantemente a mudar de direção, embora o seu
módulo permaneça constante. Daí a aceleração do movimento não
ser nula.
∆𝒗 ≠ 𝟎 ⇒ 𝒂 ≠ 𝟎
Características do movimento circular uniforme
Num movimento circular uniforme:
• a velocidade é tangente à trajetória em cada
instante;

• a força resultante e a aceleração têm a


mesma direção (radial) e sentido centrípeto;

• a força resultante (força centrípeta) e a


aceleração (aceleração centrípeta) são
perpendiculares à velocidade em cada
instante;
• os módulos da força resultante, da
aceleração e da velocidade são constantes
ao longo do tempo.
Período e frequência

O movimento circular uniforme é um movimento periódico pois é

um movimento que se repete em cada nova volta que o corpo

descreve.

Como o movimento é circular uniforme, isto significa que o corpo

passa diversas vezes pela mesma posição, com a mesma velocidade

e aceleração, em intervalos de tempo iguais.


Período - T - tempo que um corpo demora a efetuar uma volta (ou
rotação) completa

A unidade SI de período é o segundo, s.

Frequência - f - número de voltas (ou rotações) que um corpo


executa por unidade de tempo

A unidade SI de frequência é o hertz, Hz, ou s–1.

A frequência, f, é igual ao inverso do período, T: 1


f=
T
Velocidade angular
O módulo da velocidade angular média, m, é igual ao ângulo descrito
por unidade de tempo. A unidade SI é o radiano por segundo, rad s-1

Assim, se no intervalo de tempo, ∆𝑡, o ângulo descrito for ∆𝜃, tem-se:


 v
m =
t
No movimento circular uniforme a 
velocidade angular é constante.
Como num período, T, o corpo dá v
uma volta completa, é ∆𝜽 = 𝟐𝛑 v
v
=
2π ou  = 2π f
T
Velocidade linear
Num movimento uniforme (v=constante), a rapidez média coincide
com o módulo da velocidade. Assim, o módulo da velocidade de um
corpo que executa um movimento circular uniforme é igual à
rapidez média. s
v = rm , com rm =
t
onde s é a distância percorrida sobre a trajetória.
Num intervalo de tempo correspondente a um período, T, a
distância percorrida sobre a trajetória corresponde ao perímetro da
circunferência, 2π r .
ou v =  r
2π r
v=
T
Para uma mesma velocidade angular, , o módulo da velocidade
linear, v, é diretamente proporcional ao raio, r, da trajetória.
Aceleração centrípeta
Um corpo em movimento circular uniforme tem aceleração
centrípeta.
O seu módulo relaciona-se com o módulo da velocidade, v, e com o
raio da circunferência, r, descrita pelo corpo no seu movimento, pela
seguinte expressão: 2
v
ac =
r
Sendo v =r , também se tem:

( r )
2

ac =  ac =  2 r
r
O módulo da aceleração de um corpo em movimento circular
uniforme está relacionado com o módulo da sua velocidade (ou da
sua velocidade angular) e com o raio da circunferência descrita.
Algumas expressões utilizadas no estudo do
movimento circular uniforme
Movimento circular uniforme de um satélite em órbita terrestre
A única força que atua num satélite em órbita terrestre é a força
gravítica.
Recorrendo à Segunda Lei de Newton e à Lei da Gravitação Universal, tem-se:

MT m MT MT v2 G MT
G 2
= m ac  G 2 = a c  G 2 = v=
r r r r r
Sendo o raio da órbita, r, igual ao raio da Terra, RT, mais a altura,
h, a que o satélite se encontra, o módulo da velocidade do
satélite em órbita também pode ser calculado pela expressão:
G MT
v=
RT + h
Como se pode constatar através desta expressão, o módulo da
velocidade, v, de um satélite não depende da massa do satélite e
diminui com a altitude, h, a que o satélite se encontra.
Exercício 1

1. O acelerador de partículas, LHC, Large Hadron Colider, é um anel gigante


construído a 100 metros de profundidade na fronteira franco-suíça, sendo
formado por um enorme tubo circular, com uma circunferência de diâmetro
de 7 km.
No acelerador de partículas, existem eletroímanes que aceleram partículas. Os
feixes de protões viajam em sentidos opostos, quase à velocidade da luz, até que
alcancem 11 000 voltas por segundo para então chocarem a altas energias.
Dessas colisões resultam novas partículas.
Um dos objetivos dos investigadores é recriar o que aconteceu nos primeiros
segundos após o Big Bang para compreender melhor a origem do Universo.

1.1. Calcule o período dos protões no instante da colisão.


1.2. Calcule a velocidade linear do protão, em km s-1, relativamente ao solo, no
instante da colisão.
1.3. Calcule, nessas circunstâncias, o módulo da aceleração centrípeta das partículas,
no instante da colisão.
Resolução
1.
1
1.1. T =  T = 9,1  10−5 s
11000

2π r
1.2. Sendo v = , substituindo pelos valores, tem-se:
T
2π  3, 5 −1
v=  v = 2, 4  10 5
km s
9,1  10−5

v2
1.3. Sendo ac = , substituindo pelos valores, tem-se:
r

(2, 4  108 )2
ac =  ac = 1, 6  1013 m s −2
3500
Exercício 2
2. Dois satélites terrestres, S1 e S2 , descrevem órbitas consideradas circulares de
raios, respetivamente, r1 e r2 , sendo r1 = 2 r2 . Os períodos dos satélites são,
respetivamente, T1 e T2:

2.1. Apresente a relação entre T1 e T2 .


2.2. Considere que o satélite S1, que se encontra à altitude h, possui movimento
circular e uniforme. Qual é a aceleração a que o satélite está sujeito ao longo da
sua trajetória?
mT mT
(A) Centrípeta, de valor G (B) tangencial, de valor G
( rT + h )
2
( rT + h )
mT mS mS
(C) Centrípeta, de valor G (D) Tangencial, de valor G
( rT + h ) ( rT + h )
2 2

2.3. Sabe-se que o satélite S2, à distância do centro da Terra é atuado por uma força
gravítica de módulo Fg.
Qual é a relação entre o módulo da força gravítica, exercida no mesmo satélite,
quando este está a uma distância 3R do centro da Terra e Fg?
Resolução
2.
2.1. Sendo Fc = Fg
G  mS  m T v 2 G  mT 2 2  2 r 2 G  mT
mS  ac = 2
 = 2
 2
=
r r r T r

4π 2  r 3 4π 2  r13 4π 2  r23
T =  T1 = e T2 =
G  mT G  mT G  mT
logo:

4π 2  r13
T1 G  mT T1 (2 r2 )3 8 r23 T1
=  = = 3
 = 8
T2 4π  r2
2 3 T2 r23 r2 T2
G  mT
Resolução
2.
2.2. Sendo Fc = Fg e também, o raio da órbita, r = rT + h
G  mS  m T mT
mS  ac =  a = G
r2 c
( rT + h)2
Opção (A).
G  mS 2  m T
2.3. À distância R a força gravítica é dada por: Fg =
R2
G  mS 2  m T
À distância 3 R a força gravítica é dada por: Fg3 R =
9 R2
Relacionando as duas forças obtém-se:

1 G  mS1  mT 1
Fg3 R =  2
 Fg3 R =  Fg
9 R 9
Exercício 3
Num percurso retilíneo, um ciclista desloca-se a
uma velocidade de módulo 25 km h−1, numa
bicicleta com uma roda traseira de 70 cm de
diâmetro. No centro da roda traseira, presa ao eixo,
encontra-se uma roda dentada com 7,0 cm de
Diâmetro.
(Note-se que o módulo da velocidade com que o ciclista se desloca na
bicicleta é igual ao módulo da velocidade linear de um qualquer ponto do
pneu da roda.)
1. Quanto tempo, em unidades do SI, demora a válvula de encher o pneu a
dar uma volta completa?
2. Determine o módulo da velocidade angular do movimento de rotação
da roda.
Exercício 3
Num percurso retilíneo, um ciclista desloca-se a
uma velocidade de módulo 25 km h−1, numa
bicicleta com uma roda traseira de 70 cm de
diâmetro. No centro da roda traseira, presa ao eixo,
encontra-se uma roda dentada com 7,0 cm de
diâmetro.
3. Um ponto da periferia da roda dentada, em relação à válvula de encher
o pneu, apresenta módulo de velocidade angular e um módulo de
velocidade linear .
(A) … igual … 10 vezes menor (C) … diferente … 10 vezes maior
(B) … igual … 10 vezes maior (D) … diferente … 10 vezes menor
4. Quando a roda está em movimento a válvula de encher o pneu e um
ponto da periferia da roda dentada completam uma volta ao mesmo
tempo. Conclua, justificando, se é a válvula ou o ponto da roda dentada
que tem maior módulo de aceleração.
Proposta de resolução
1. v = 25 km h−1 = 6,9 m s−1
2 r 2  0,35
v=  6,9 =   = 0,32 s
 
2 2
2.  =  = = 20 rad s −1
 0,32

Ou v =  r  6,9 =   0,35   = 20 rad s −1


3. Opção (A).
4. Se a válvula e o ponto da roda dentada completam a volta ao mesmo
tempo apresentam igual período e, consequentemente, igual módulo
de velocidade angular. Como ac = 2 r, o módulo da aceleração
centrípeta é diretamente proporcional ao raio. Como o raio da
circunferência descrita pela válvula é maior, esse ponto apresenta
maior aceleração centrípeta.
Exercício 4
A figura mostra as órbitas circulares para dois
satélites com movimento de rotação em torno da
Terra.

1. Selecione a expressão que traduz a relação


entre o módulo da velocidade do satélite X e Y
sabendo que possuem órbitas de raio,
respetivamente, r e 2r e que apresentam igual período orbital.
(A) vx = ¼ vy (B) vx = 4 vy (C) vx = 2 vy (D) vx = ½ vy
2. A órbita do satélite X tem um raio de 26 616 km e o período orbital é de
12 h. Determine o módulo da velocidade angular e da aceleração
centrípeta do satélite, em unidades do SI.
Proposta de resolução

1. Opção (D)
2 rx
vx  v x ry vx r 1
=  =  = =
vy 2  ry vy rx vy 2r 2

2 2
2.  =  = = 1,5  10 −4 rad s −1
 12  3600

v =  r, logo:
v2
ac =  ac =  2 r  ac = (1,5  10 −4 )2  26 616  103 = 0,56 m s −2
r
Proposta de resolução

1. Opção (D)
2 rx
vx  v x ry vx r 1
=  =  = =
vy 2  ry vy rx vy 2r 2

2 2
2.  =  = = 1,5  10 −4 rad s −1
 12  3600

v =  r, logo:
v2
ac =  ac =  2 r  ac = (1,5  10 −4 )2  26 616  103 = 0,56 m s −2
r
Exercício 5
O Telescópio Espacial Hubble (HST) descreve uma órbita aproximadamente
circular a uma altitude média de 598 km acima da superfície da Terra.
Raio da Terra = 6,37  106 m e massa da Terra = 5,98  1024 kg
1. Determine o módulo da velocidade orbital do HST, em unidades do SI,
para manter a sua órbita.
2. Qual é o período orbital do Telescópio Espacial Hubble (HST)?
3. Selecione a opção que completa corretamente a afirmação.
“Aumentando a altitude de um satélite artificial em órbita
aproximadamente circular em relação à Terra, o módulo da velocidade
orbital do satélite…”
(A) … aumenta. (B) … diminui. (C) … não se altera. (D) … anula-se
Proposta de resolução

v2 mT ms G mT
1. Fc = Fg  ms =G 2
 v = 
r r r
6,67  10 −11  5,98  1024 −1
v =  v = 7,6  10 3
m s
(6,37  106 + 5,98  105 )

2 r  2 r  G mT
2
2. G mT G mT
v=  =   = 
r  r    r
r3 (6,37  106 + 5,98  105 )3
  = 2   = 2 −11

G mT 6,67  10  5,98  10 24

  = 5787 s=1,61 h

3. Opção (B).
Exercício 6
O gráfico mostra a variação da altitude de um
satélite artificial em função do período orbital
do satélite.
1. Como se relacionam as grandezas
representadas no gráfico?
2. Atendendo à figura, qual deverá ser a
altitude de um satélite geoestacionário.
3. As órbitas dos satélites do sistema GPS têm
um período orbital de 12 h, aparecendo no
mesmo ponto do céu, vistos da Terra, duas vezes por dia.
3.1. Estes satélites terão uma órbita de raio inferior ou superior à de um
satélite geoestacionário? Justifique a sua resposta.
3.2. Apresente a expressão que permite determinar o raio da órbita de
um satélite do sistema GPS.
Proposta de resolução
1. A altitude do satélite aumenta à medida que aumenta o período
orbital.
2. O período orbital de um satélite geoestacionário é de 24 h, pelo que a
altura acima da superfície da Terra a que se encontra é cerca de
36 milhões de metros.
3.1. Como os satélites do sistema GPS apresentam um período orbital
inferior à dos satélites geoestacionários, terão uma órbita de raio
inferior a estes.
 2 r  G mT
2
v2 mT ms G mT
3.2. Fc = Fg  ms =G  v 2
=    = 
  
2
r r r r
G mT 2 6,67  10 −11  5,98  1024  (12  60  60)2
r= 3 r = 3
4 2
4 2

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