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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE FÍSICA
DISCIPLINA: FÍSICA GERAL II EXPERIMENTAL
TURMA A
1º SEMESTRE DE 2018

TÍTULO: MOVIMENTAÇÃO DO GIROSCÓPIO


DATAS DA REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO: 20 E 27 DE ABRIL DE
2018 GRUPO 5
ALUNOS: ​ x - matrícula

x- matrícula

x matrícula

x - matrícula

1. Objetivo
O objetivo da parte qualitativa do experimento é o entendimento da atuação das
diferentes grandezas vetoriais associadas ao movimento do giroscópio. O objetivo da parte
quantitativa do experimento é a determinação do momento de inércia do giroscópio.

2. Introdução teórica
O giroscópio é utilizado como instrumento de orientação tal qual a bússola,
entretanto, ele não depende de um campo magnético para isso. Ele está presente no cotidiano
da vida das pessoas de diversas formas. Pode ser encontrado em celulares, em sistemas de
navegação de embarcações e aviões e em satélites, por exemplo.
A propriedade que permite ao giroscópio ser utilizado como instrumento de
orientação é a inalterabilidade de seus movimentos angular e linear na ausência de forças
externas, ou seja, em estado de equilíbrio segundo a 1ª Lei de Newton ou Lei da Inércia.
Quando uma força externa é aplicada, um torque resultante diferente de 0 é
provocado e a reação do giroscópio é de acordo com a equação:
(1)
Essa expressão explica o movimento de precessão, pois o momento angular varia no
sentido do torque aplicado. O módulo do momento angular permanece constante e somente
sua direção é alterada ao se acrescentar uma massa em uma das extremidades do giroscópio se
este gira sem atrito, então a velocidade de precessão ( Ω ) é dada por:
mgl ​
= ​I​ω
mgl
d​φ​ ​
Ω = (2) ​dt​ = ​L
Em que φ é o ângulo de precessão do giroscópio em torno do eixo vertical. O
momento de inércia do giroscópio pode ser determinado através da conservação da energia
cinética ou através da velocidade angular de precessão. Para determinar o momento de inércia
através da conservação da energia cinética tem-se o giroscópio girando apenas em torno de seu
eixo de rotação. Pendura-se, então uma massa de peso ​P ​= ​mg ​a uma corda enrolada na polia
de raio ​r e​ liberada a uma altura ​h a​ cima do chão. A energia cinética do sistema é dada pela
soma das energias cinéticas de rotação do disco e da energia cinética de translação do peso.
Pela conservação da energia mecânica tem-se:

mgh ​= ​I​ω ​mv ​(3) ​2​1​ 2​ ​+ ​2​1​ 2


Tomando a velocidade de translação do peso ​v ​como o produto da velocidade angular
​ ω​r ​e ω = : ​T​2π
do polia por seu raio ​v =
2​
(4) 1​​ T​ =​mgh
22
2π (​I​+​mr ​)

Pode-se obter o momento de inércia também através de sua velocidade angular de


precessão. Pela equação (2), pode-se fazer:

Ωω = (5) ​I​mgl
T ​p ​ω = ​T2π


Como Ω = e :
glm
T​×​T ​p=​

(6) 1​
4π ​I​ 2

Determina-se assim o momento de inércia.

3. Materiais utilizados:
● ​Giroscópio PASCO modelo ME-8960;
● ​Dois discos de rotação;
● ​Dois contrapesos de 900g;
● ​Um contrapeso de 30g;
● ​Duas massas adicionais de ~200g cada;
● ​Um motor elétrico para aceleração do disco;
● ​Um temporizador para medida do período do disco;
● ​Um cronômetro digital;
● ​Um conjunto com nove setas indicativas das grandezas vetoriais;
● ​Uma régua de 1m de comprimento;

Figura 1: O giroscópio e seus componentes

4. Procedimentos experimentais
O experimento foi dividido em uma parte qualitativa e outra quantitativa. Na parte
qualitativa primeiro colocou-se o giroscópio em equilíbrio com o disco parado e desenhou-se
o diagrama das forças atuantes sobre o sistema.
Em seguida acrescentou-se uma massa ao sistema em uma das extremidades do eixo
do giroscópio e anotou-se as direções da força peso e do torque. Repetiu-se esse passo para a
outra extremidade. Após isso movimenta-se o eixo horizontal nos sentidos horário e
anti-horário afixando as setas indicativas de grandezas vetoriais e anotando a direção para a
qual o torque e a aceleração angular são executados.
No passo seguinte utilizou-se o motor elétrico para acelerar o disco e afixa-se os
vetores velocidade angular e momento angular. Em seguida, com o disco girando no sentido
anti-horário tenta-se movimentar o eixo na vertical e na horizontal para sentir a reação do
giroscópio aos torques aplicados, preenche-se uma tabela com os dados observados.
O próximo passo é colocar o disco para girar e acrescentar uma massa a uma das
extremidades para se observar o sentido da velocidade de precessão. Troca-se então a
extremidade na qual a massa é colocada. Os procedimentos são repetidos para o disco girando
no sentido contrário.
Já na parte quantitativa o primeiro passo é obter dados para calcular o momento de
inércia a partir da conservação da energia mecânica. No começo coloca-se uma massa
pendurada a uma corda enrolada na polia ligada ao disco e soltá-la a alturas de 10 em 10
centímetros a partir do chão e medir o período de rotação do disco no momento em que a
massa toca o solo. Esses dados são dispostos em uma tabela e é feito um gráfico de ( ) em 1​​ T​2
função de ​h .​ Com os valores da massa, raio da polia e da regressão linear do gráfico
determina-se o momento de inércia com a equação (4).
Na próxima etapa obtêm-se dados para o cálculo do momento de inércia a partir da
velocidade angular de precessão. Para isso gira-se o disco em alta velocidade e, segurando seu
eixo, acrescenta-se uma massa na extremidade próxima ao disco. Mede-se sua velocidade de
rotação e logo em seguida solta-se seu eixo e aciona-se o cronômetro, parando-o quando o
giroscópio completa um quarto de volta para evitar que o atrito diminua a velocidade de
rotação. O processo é repetido aumentando-se a massa. Monta-se uma tabela e um gráfico de

em função de ​m ​. Com base na equação (6) calcula-se, então o momento de inércia 1​​ ​T​×​T ​p
comparando o resultado obtido com o resultado da parte anterior.
Na terceira parte quantitativa, foi calculado o momento de inércia pela equação abaixo,
onde M é a massa do disco, e R é o raio do disco; comparando o valor do momento de inércia
calculado com o valor medido no experimento.

I ​= ​MR (​ 7) ​2​1​ 2
5. Análise dos dados
5.1. Análise das forças estáticas
As forças presentes quando o giroscópio está em equilíbrio são o Peso do disco, o
Peso do contra peso e a Força normal. Essas forças estão relacionadas ao equilíbrio pela 1ª Lei
de Newton ou Lei da inércia. Se o sistema está em equilíbrio a força resultante e o torque
resultante são iguais a 0, então o somatório das forças que atuam sobre o giroscópio é nulo e o
somatório dos torques produzidos por essas forças é nulo.

Figura 2: Vetores das forças atuantes sobre o giroscópio em equilíbrio


5.2. Análise dos torques

Figura 3: Sistema de coordenadas utilizado como referência

Para analisar os torques no sistema, foi colocado uma massa adicional na


extremidade próxima ao disco do giroscópio, que se encontrava em equilíbrio, e foi observado
que gerou um torque τ na direção -x. Quando girou o giroscópio no sentido anti-horário em
torno do eixo vertical, o torque produzido foi na direção +z, e quando girou no sentido horário,
o torque produzido foi na direção -z. A direção da aceleração angular aponta na mesma direção
que o torque resultante.

5.3. Velocidade e momento angular


Os vetores momento angular e velocidade angular do disco apontam no sentido +y,
quando o disco gira no sentido anti-horário.

5.4. Resposta dinâmica do giroscópio a torques externos


Girou-se o disco do giroscópio no sentido anti-horário quando visto de frente e
seguramos a extremidade do eixo onde estava os contra-pesos e aplicamos uma força em
cada direção para analisar a direção e sentido da força de reação do torque que estava
sendo aplicado. A seguinte tabela foi preenchida:

Tabela 1: Giro do giroscópio no sentido anti-horário


Força aplicada Direção e sentido Direção e sentido Direção de
na extremidade do torque aplicado da reação da movimento da
(1) extremidade (12) extremidade do
vetor momento
angular

Gire o suporte
central no
sentido horário
(visto de
cima)

Gire o suporte
central no sentido
anti horário (visto
de cima)

Logo após foi invertido o sentido de rotação do disco e repetido o mesmo


procedimento. A seguinte tabela foi preenchida:
Tabela 2: Giro do giroscópio no sentido horário
Força aplicada Direção e sentido Direção e sentido Direção de
na extremidade do torque aplicado da reação da movimento da
(1) extremidade (12) extremidade do
vetor momento
angular

Gire o suporte
central no
sentido horário
(visto de
cima)
Gire o suporte
central no sentido
anti horário (visto
de cima)

Como era esperado, foi possível concluir que a direção do momento angular do
giroscópio varia na mesma direção do torque aplicado

5.5. Movimento de Precessão


Para analisar o movimento de precessão do giroscópio, colocou-se o disco para
girar no sentido anti-horário, e depois posicionado a massa adicional na extremidade do eixo
do disco, e esta massa gerava um torque na direção , ocasionando a variação do momento
angular com mesma direção e sentido. Dessa maneira foi observado que ocorria um
movimento de precessão, girando no sentido anti-horário visto de cima, então a velocidade
angular de precessão estava apontada para . Agora quando foi posicionada a massa na
outra extremidade, o giroscópio realizou o movimento de precessão na direção horária, isso
deve-se ao fato de que a massa gera um torque na direção , e nesse caso o vetor
velocidade angular de precessão apontava para .
Logo após, colocou-se o disco para girar no sentido horário, assim a direção do
momento angular foi alterada para -y, mudando o sentido dos vetores velocidade de precessão
e velocidade angular para o sentido oposto de quando se girava o disco no sentido
anti-horário.
Foi observado que o movimento de precessão é mais lento quando o disco gira
mais rápido. Isso pode ser verificado pela equação (2), onde o movimento de precessão é
inversamente proporcional a velocidade angular:

5.6. Análise quantitativa do movimento do giroscópio

5.6.1 Determinação do momento de inércia usando a lei de conservação de energia


Para determinar o momento de inércia, foi utilizada a equação (3):
​ ​I​ω ​mv ​(3) ​2​1​ 2​ ​+ ​2​1​ 2
mgh =

Colocou-se a massa adicional amarrada em um cordonete, e foi feito um laço


solto na outra extremidade para colocá-lo no pito que estava situado na polia. Girou o disco até
que a massa fosse levantada até 10 cm do chão. Depois era solto o peso e quando ele
encostasse no chão, era disparado o temporizador que media o período. Repetiu-se o
procedimento, subindo de 10 em 10cm até 80cm, colocando os dados na tabela abaixo:

Tabela 3
Altura do chão (h) Período (T) Frequência(f)

0,1000 ±0,0005 m 1,249 ± 0,001s 0,800±0,001Hz

0,2000 ± 0,0005 m 0,861 ± 0,001s 1,160±0,001Hz

0,3000 ±0,0005 m 0,719 ±0,001 s 1,390±0,001Hz

0,4000±0,0005 m 0,620 ± 0,001s 1,610±0,001Hz

0,5000 ±0,0005 m 0,556 ± 0,001s 1,790±0,001Hz

0,6000 ± 0,0005 m 0,499 ± 0,001s 2,000±0,001Hz

0,7000±0,0005 m 0,477 ± 0,001s 2,090±0,001Hz

0,8000 ±0,0005 m 0,438 ± 0,001s 2,280±0,001Hz

0.9000 ±0,0005 m 0,415 ± 0,001s 2,400±0,001Hz

1,0000 ± 0,0005 m 0,391 ± 0,001s 2,550±0,001Hz

Com esses dados, foi feito o seguinte gráfico do inverso do quadrado do período (1/T
2​
) em função da altura ​h ​:

Com base na equação (3), e devido a manipulações e também os dados da regressão


linear, o momento de inércia encontrado foi:
I= ​0,00794 Kg. m 2​
5.6.2 Determinação do momento de inércia usando a velocidade angular de
precessão
Nessa parte do experimento, foi posto o disco para girar e acrescentava-se uma massa
no eixo próximo ao disco a cada repetição do procedimento, enquanto se segurava o eixo
horizontal de rotação para que ele não se movesse. Preparava-se o temporizador e um
cronômetro digital. Os dados obtidos estão na seguinte tabela:

Tabela 4
Período da Precessão (s) Frequência do Disco (Hz)

8,60±0,01 6,800±0,001

10,80±0,01 6,710±0,001

13,72±0,01 7,090±0,001

13,64±0,01 10,000±0,001

18,28±0,01 12,190±0,001

13,20±0,01 12,360±0,001

14,28±0,01 10,300±0,001

13,84±0,01 9,170±0,001

12,32±0,01 8,620±0,001

12,08±0,01 9,340±0,001

Com esses valores, foi feita uma regressão linear no QTIPlot obtendo os seguintes
valores:
De acordo com a equação (5) e suas devidas manipulações, obtemos que o valor do Momento
de Inércia é:
I=0,0109 Kg. m²

5.6.3 Determinação do momento de inércia usando a velocidade angular de


precessão com massa variável
Como explicado anteriormente, obtemos os seguintes dados na tabela abaixo:

Tabela 5

Massas (Kg) 1/T*t (1/s²)

0,0645 ±0,0001 1,12±0,001

0,1146±0,0001 1,96±0,001

0,1642±0,0001 2,81±0,001

0,2229±0,0001 3,40±0,001

0,2906±0,0001 4,30±0,001

0,3403±0,0001 4,16±0,001

0,3899±0,0001 6,60±0,001
0,4528±0,0001 6,80±0,001

Com a tabela foi feito o seguinte gráfico:

Com a regressão linear e as manipulações da equação (6), o momento de


inércia encontrado foi:
I= 0,00381 Kg.m 2​

5.6.4 Cálculo do momento de inércia teórico


Utilizando a equação (7), foi calculado o momento de inércia, obtendo:
I=0,01354 Kg.m 2​

6. Conclusão
Os resultados obtidos conforme os diferentes meios de encontrar o momento de
inércia, não convergiram em seus valores, tais valores comparados pela tabela abaixo:

5.6.1 5.6.2 5.6.3 5.6.4

Inércia (Kg.m²) 0,00794 0,0109 0,00381 0,01354


Considerando que o resultado experimental é o que representa o melhor pela inexistência de
efeitos aleatórios, o valor que mais convergiu com o teórico, foi o resultado do experimento
5.6.2, (Determinação do momento de inércia usando a velocidade angular de precessão sem
variação da massa). A divergência dos outros valores pode ter ocorrido devido a efeitos
externos, tais como atrito, resistência do ar e eventuais erros experimentais.

7. Referências bibliográficas
Halliday, David, 1916-2010
Fundamentos de física, volume 2: gravitação, ondas e termodinâmica.

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