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Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Química 14/11/2023

Grupo 1: Bruno Campana Severino, 770613; Heloisa Fernanda Lopes Sanches,


760674; Lívia de Lima Conceição, 800850

Experimento 2: Avaliação qualitativa e quantitativa de corrosões e métodos de


proteção

1.1 Objetivos
Detectar e analisar diferentes tipos de corrosão metálica. Além disso,
observar reações (mudança de cores, desprendimento gasoso, entre outras.)
associadas ao processo de corrosão; definir quais são essas reações; polir e
preparar superfícies metálicas; diferenciar regiões anódicas e catódicas de um metal
sob corrosão.

1.2 Resultados e Discussões

Para a avaliação tanto qualitativa quanto quantitativa de diversas formas de


corrosão, todas as placas, espátulas, hastes e fios metálicos empregados no
experimento foram previamente submetidos a lixamento e limpeza utilizando lixas
d'água. É fundamental ressaltar que o uso dessas lixas deve ser realizado em
contato direto com a água. A técnica de lixamento úmido é recomendada devido à
sua capacidade de permitir o resfriamento dos materiais e a remoção de poeira
gerada durante o processo, além da água atuar como um lubrificante. Isso se deve
ao fato de que o calor gerado durante o lixamento pode resultar no amolecimento do
revestimento da lixa e causar seu entupimento, contribuindo para a acumulação de
impurezas nos grãos. Portanto, essa abordagem visa evitar potenciais prejuízos ao
processo de lixamento ocasionados por tais fatores[1].
Ademais, para a análise dos resultados obtidos, foi consultada uma Tabela de
Potenciais Padrão de Redução[2]. Os dados provenientes dessa fonte foram
organizados e apresentados na Tabela 1 abaixo.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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Tabela 1. Potenciais Padrão de Redução.

1.2.1. Estudo das formas de corrosão

Corrosão por aeração diferencial

Com uma placa de ferro lixada e limpa, foram colocadas sobre ela duas gotas
de solução de NaCl 0,1 mol/L, uma gota de fenolftaleína e duas gotas de solução de
K3Fe(CN)6 0,01 mol/L. Observou-se o aparecimento de coloração azulada na região
central da gota, enquanto a região externa ficou rosa, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1. Resultado obtido para o teste de corrosão por aeração diferencial.

Este experimento evidencia a criação de uma pilha de aeração diferencial,


constituída por eletrodos do mesmo material metálico submersos no mesmo
eletrólito, porém em áreas com distintas concentrações de oxigênio[4]. Nesta
instância, a placa de ferro desempenha o papel de eletrodo metálico, enquanto a
solução de NaCl serve como eletrólito.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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O processo explicitado acima está esquematizado nas equações 1, 2, 3 e 4[4].

Fe(s) → Fe2+(aq) + 2 e-(aq) E°= -0,44V (1)

H2O(l) + 2 e-(aq) + ½ O2(g) → 2 OH-(aq) E°= +0,40V (2)

4 Fe(OH)2(s) + O2(g) + 2 H2O(l) → 2 Fe2O3.6H2O(s) E°= +0,84V (3)

3 Fe2+(aq) + 2 Fe(CN)63-(aq) → Fe3[Fe(CN)6]2 (aq) (4)

Observa-se que a coloração, inicialmente amarelada e translúcida,


transforma-se em um tom de rosa intenso após a reação, indicando a formação de
íons OH- conforme descrito pela equação 2 e, consequentemente, um aumento no
pH. Nesta região, encontra-se a porção catódica da pilha, onde ocorre a redução da
água para íons hidroxila, caracterizada pela maior concentração de oxigênio. Na
proximidade, está situada a parte anódica, onde o ferro, com número de oxidação 0,
sofre oxidação para Fe2+, liberando 2 elétrons. É nessa região que a concentração
de oxigênio é menor.

Corrosão por impurezas metálicas

Essas pilhas são provavelmente as mais comuns na natureza, surgindo no


mesmo metal devido a diversas heterogeneidades, neste caso, a peça de zinco
possui impurezas (Fe, C e Cu) que funcionam como microcátodos.
Submergindo o bastão de zinco, devidamente lixado e purificado, em uma
solução de H2SO4 com concentração de 0,5 mol/L, foi possível notar a geração de
um gás que permaneceu adsorvido à superfície do bastão, neste caso, o zinco sofre
corrosão pois seu potencial de Gibbs é maior que zero (E°= 0,76V). Ao repetir o
procedimento utilizando um bastão de cobre, também submetido a lixamento e
limpeza, não se registrou qualquer liberação gasosa, pois o potencial de Gibbs do
cobre é negativo (E°= - 0,34V). Finalmente, ao imergir ambos os bastões na mesma
solução ácida e aproximá-los, foi observada a constante formação e
desprendimento de gás pela superfície metálica. Os resultados são apresentados na
Figura 2.

Físico-Química Experimental Profa Sandra Andrea Cruz


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Figura 2. Bastões de (a) zinco, (b) cobre e (c) ambos em contato mergulhados em uma
solução de H2SO4 0,5 mol/L.

O processo está esquematizado nas equações (5) [4].

Zn(s) → Zn2+(aq) + 2 e-(aq)


2 H+(aq) + 2 e-(aq) → H2 (g) (5)
Zn(s) + H2SO4 (aq)→ ZnSO4 (aq) + H2 (g)

O processo de encostar um bastão no outro para observar o desprendimento


de gás simula as impurezas encontradas em materiais metálicos comerciais. Elas
agem como micro-cátodos, representadas por cobre, carbono e ferro, enquanto o
metal, zinco, age como ânodo. Esse experimento demonstra a formação de uma
pilha de ação local, quando o ânodo e o cátodo estão em contato direto na presença
de um eletrólito (solução de H2SO4 0,5 mol/L).[4]

Corrosão por metais diferentes ou Corrosão galvânica

Em um recipiente graduado, foram introduzidos 40 mL de solução aquosa de


NaCl com concentração de 0,1 mol/L, acrescidos de 5 gotas de fenolftaleína e 2
gotas de solução de K3Fe(CN)6 com concentração de 0,01 mol/L. Um bastão de
ferro e outro de cobre, previamente lixados e higienizados, foram conectados por
meio de um fio condutor e imersos nessa solução. Evidenciou-se a manifestação de
uma coloração azul no ferro e de tonalidade rosa no cobre, conforme ilustrado na
Figura 3.

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Figura 3. Resultado colorimétrico dos bastões de ferro e cobre na solução preparada.

Explorando os potenciais padrão de redução referentes aos pares (Fe2+/Fe) e


(Cu2+/Cu), conforme apresentado na Tabela 1, é viável concluir que o ferro passa
por um processo de oxidação, desempenhando o papel de ânodo, enquanto o cobre
experimenta uma redução, assumindo a função de cátodo. As semi-reações
associadas a esses procedimentos são explicitadas na equação 6[4].
A tonalidade azul observada no ânodo resulta da formação de Fe3[Fe(CN)6]2,
originado da reação entre os íons Fe2+ e o Fe(CN)63-, conforme indicado pela
equação 4. Em contrapartida, a coloração rosa visualizada no cátodo é atribuída à
presença de fenolftaleína em meio alcalino, formada no bastão de cobre durante o
processo de redução[4].
Fe(s) → Fe2+(aq) + 2 e-(aq)
H2O(l) + 2 e-(aq) + ½ O2(g) → 2 OH-(aq) (6)

O experimento foi repetido utilizando, agora, bastões de ferro e zinco.


Observou-se o aparecimento de coloração rosa no bastão de ferro, enquanto o
bastão de zinco ficou levemente esbranquiçado, conforme mostra a Figura 4.

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Figura 4. Resultado colorimétrico dos bastões de ferro e zinco na solução preparada.

Ao compreender os potenciais padrões de redução para os pares (Fe²⁺/Fe) e


(Zn²⁺/Zn), conforme apresentados na Tabela 1, podemos inferir que, neste caso, o
ferro sofre uma redução, desempenhando o papel de cátodo, enquanto o zinco sofre
oxidação, atuando como ânodo. As semi-reações associadas a esses processos
são expressas na equação 7[4].
A tonalidade esbranquiçada observada no eletrodo de zinco é justificada pela
formação de dois cenários possíveis: Zn3[Fe(CN)6]2 , a partir de Zn2+ e Fe(CN)63- , ou
Zn(OH)2, a partir de Zn2+ e OH- . Já a coloração rosa aparece por conta da presença
de fenolftaleína em meio básico, formado no bastão de ferro durante o processo de
redução.[4]
Zn(s) → Zn2+(aq) + 2 e-(aq)
H2O(l) + 2 e-(aq) + ½ O2 (g) → 2 OH-(aq) (7)

As reações de Zn2+ com Fe(CN)63- e OH- estão representadas na equação 8.

3 Zn2+(aq) + 2 Fe(CN)63-(aq) → Zn3[Fe(CN)6]2 (aq)


Zn2+(aq) + 2 OH-(aq) → Zn(OH)2 (aq) (8)

Esse experimento ilustra a formação de uma pilha galvânica, em que


eletrodos de metais diferentes estão em contato e imersos no mesmo eletrólito (no
caso, a solução de NaCl 0,1 mol/L).

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1.2.2 Aspectos quantitativos da corrosão

Inicialmente, procedeu-se ao lixamento e à limpeza com acetona de duas


placas de aço carbono, sendo essas posteriormente pesadas em uma balança
analítica. Em etapa subsequente, uma das amostras foi imersa em uma solução de
H2SO4 com concentração de 1,5 mol/L, sendo retirada após decorridos 40 minutos.
Por último, a amostra foi lavada com água destilada e, após a secagem, foi
novamente pesada para a avaliação da quantidade de massa perdida durante o
processo corrosivo.
A segunda lâmina de aço carbono foi mergulhada em uma solução de H2SO4
1,5 mol/L contendo 0,2% (m/m) de tiouréia, um inibidor de corrosão. O restante do
procedimento foi feito como o anterior.
As dimensões, massas resultantes e as taxas de corrosão, determinadas por
meio das equações 9 e 10, para as amostras em ambiente ácido, tanto na presença
quanto na ausência de um inibidor, são exibidas na Tabela 2 e 3.

Tabela 2. Dimensões das placas analisadas.


Dimensões Amostra 1 Amostra 2

Largura (cm) 1,9 1,8

Altura (cm) 4,0 4,0

Área da amostra 7,6 7,2

Tabela 3. Dados medidos durante o experimento.


Taxa de Taxa de
Massa Massa Var. de corrosão corrosão
-2 -1
Amostras utilizadas inicial (g) final (g) massa (g) (g.m .dia ) (mm.ano-1)

Sem inibidor Amostra 1 7,4 7,3 0,1 4736,84 802,00

Com inibidor Amostra 2 6,2 6,2 0 0,00 0,00

Equações empregadas para a determinação das taxas de corrosão:

Taxa de corrosão (g/m2dia):


∆𝑚
(9)
𝐴𝑥𝑡

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Taxa de corrosão (mm/ano):

3,65 𝑥 ∆𝑚
(10)
𝐴𝑥𝑡𝑥ρ

As chapas de aço carbono foram examinadas através de um microscópio


óptico antes e após a etapa de corrosão. As representações visuais
correspondentes podem ser apreciadas nas Figuras 5 e 6.

Figura 5: Foto das placas após 40 minutos em solução de H2SO4. À esquerda, a placa sem inibidor;
à direita, com o inibidor tiouréia.

Figura 6. Imagens de microscopia óptica da placa antes do procedimento, à esquerda, e após a


corrosão, no meio sem inibidor, e com inibidor (tiouréia à direita).

O uso de inibidores em solução tem por efeito retardar ou inibir o processo


corrosivo. Pelos resultados, observa-se a eficiência do inibidor tiouréia, que foi
capaz de reduzir drasticamente o processo corrosivo no tempo estudado.

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Além da inibição por adsorção, existem ainda outros mecanismos para


proteção contra corrosão. São eles[4]:
- Inibidores anódicos - reagem com os produtos iniciais da corrosão e formam
um filme insolúvel no metal que age como ânodo, inibindo as reações
anódicas;
- Inibidores Catódicos - fornecem íons para reagir com o meio alcalino do
cátodo, envolvendo o metal com compostos insolúveis para impedir a
condução de elétrons e inibir as reações catódicas;
- Revestimentos metálicos e não-metálicos (orgânicos e inorgânicos);
- Proteção temporária para fabricação, estocagem e transporte de materiais
metálicos.

1.3 Referências Bibliográficas

[1] Por que precisamos usar água ao lixar coisas com uma lixa?. Quora. Disponível
em: <https://pt.quora.com/Por-que-precisamos-usar-água-ao-lixar-coisas-com-uma-lixa>.
Acesso em 16 de Novembro de 2023.
[2] Tabela de Potenciais Padrão de Redução. Departamento de Química Inorgânica,
Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:
<Microsoft Word - tabela_de_potenciais.doc (ufrj.br)> . Acesso em 16 de Novembro de
2023.
[3] Sitta, E; Aquino, J; Homem, M; Biaggio, S. Experimentos para Laboratórios de
Físico-Química. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2017.
[4] GENTIL, V. Corrosão, 6ª ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 2011.
[5] OLIVEIRA, L. A. A.; SILVE, C. S. et al. Química: Coleção temas de formação. vol.
3. Editora Cultura acadêmica. p. 189-191.
[6] OLIVEIRA, A R. de. Corrosão e Tratamento de Superfícies. Belém: IFPA; Santa
Maria: UFSM, 2012.

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