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COLÉGIO ÉPOCA INOVA+

EMILLI AGUIAR PIRES E GUILHERMO FERREIRA PACHECO

O PROCESSO HISTÓRICO DE ESCRITA DA BÍBLIA SAGRADA:


CONFIGURAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO DENTRO DA SOCIEDADE JUDAICA

GOIÂNIA
2023
EMILLI AGUIAR PIRES E GUILHERMO FERREIRA PACHECO

O PROCESSO HISTÓRICO DE ESCRITA DA BÍBLIA SAGRADA:


CONFIGURAÇÃO DO TEXTO BÍBLICO DENTRO DA SOCIEDADE JUDAICA

Trabalho apresentado no 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Época Inova+


Orientador: Professora Thaynara Cardoso Soares

GOIÂNIA
2023
Dedicamos este trabalho a professora Solkiva, que ainda enquanto crianças nos mostrou as
maravilhas que as palavras são capazes.
REFERENCIAL TEÓRICO

Conceituaremos inicialmente, dentro deste trabalho, o que é história: a escrita que


apresenta traços dos livros (Gênesis a II Reis) nos escritos hebraicos (Neusner, 2004, p. 5).
Jacob Neusner argumenta que as escrituras hebraicas apresentam traços suficientes para que
sejam consideradas livros históricos. Nelas ocorrem eventos únicos que envolvem indivíduos,
através de suas narrativas compreendemos mais a respeito dos aspectos sociais e antropológicos
da sociedade em que foram escritos. Ainda assim, é pertinente mencionar que a leitura das
escrituras hebraicas por parte da religião é sobretudo não-histórica. Os judeus e cristãos não
buscam nelas apenas uma documentação dos eventos narrativos da época mas um significado
maior por trás destes eventos (GOMES, Ricardo, 2016, p. 10). Portanto, em paralelo com a
salvação da alma humana, não é, dentro da religião, o suficiente somente as conclusões da
razão, mas as revelações divinas que transcendem as disciplinas filosóficas (AQUINO, Tomás
de, 1485, p.117). “Na história o fiel procura o permanente, aquilo que não é histórico, no
tempo ele procura a intemporalidade, na realidade concreta ele busca o Espírito, o
insubstancial.” (GOMES, Ricardo, 2016, p.10).
Fazendo esta análise nos é indicada a sugestão da importância da memória no
judaísmo, que é mostrada mais explicitamente em textos como o Hagadá (‫)הגדה‬, usado no
Seder (refeição noturna de Páscoa), que narra a libertação do povo hebreu escravizado no
Egito. A partir dessa visão damos introdução ao entendimento da possibilidade de
conservação e escrita da Bíblia Sagrada, tendo em vista que, dentro do judaísmo, a história, a
memória e o tempo são formas diretas pelas quais Deus se revela para a humanidade.
INTRODUÇÃO A ESCRITA DA BÍBLIA SAGRADA

A Bíblia Sagrada é o texto religioso mais conhecido da história da humanidade. Há


milênios vem sendo base para várias interpretações religiosas, filosóficas e esotéricas. A Bíblia
é composta por uma série de livros escritos num período de cerca de 3500 anos, 66 na versão
protestante e 73 na sua versão católica. Durante o trabalho refletiremos sobre o processo de
escrita de um livro tão complexo e com tantos elementos de épocas distintas, mas que diz
respeito a um povo em comum: os judeus.

O ANTIGO TESTAMENTO

Há poucos textos hebraicos conhecidos do Antigo Testamento, em comparação com o Novo


Testamento, “antes da descoberta dos manuscritos Cairo Certeza, em 1890, só 731 manuscritos
hebraicos haviam sido publicados.” (GEISLER, Norman L, NIX, Willian E, 1997, p.140). Alguns dos
principais fatores são: a antiguidade dos manuscritos, a deportação dos israelitas à Babilônia, e as leis
dos escribas judeus onde manuscritos gastos pelo uso deveriam ser destruídos.

A integridade dos escritos do Antigo Testamento se dá principalmente pela fidelidade do modo de


transmissão dos mesmos, posteriormente comprovado pela descoberta dos rolos do Mar Morto. A
descoberta dos rolos do Mar Morto, realizada em 1947, é considerada a maior descoberta
arqueológica do século XX e continha alguns textos bíblicos: “Nessas grutas, os essênios, seita religiosa
judaica que existiu por volta da época de Cristo, haviam guardado sua biblioteca. Somando tudo, os
milhares de fragmentos de manuscritos constituíam os restos de seiscentos manuscritos. Os
manuscritos que trazem o texto do Antigo Testamento são os de maior interesse para nós. A Gruta 1
é a que havia sido descoberta pelo jovem árabe, a qual continha sete rolos mais ou menos completos
e alguns fragmentos, dentre os quais o mais antigo livro que se conhece da Bíblia (Isaías Á), um Manual
de disciplina, um Comentário de Habacuque, um Apócrifo de Gênesis, um texto incompleto de Isaías
{Isaías B), a Regra da guerra e cerca de trinta Hinos de ação de graça. Na Gruta 2 foram encontrados
outros manuscritos; essa gruta havia sido descoberta por beduínos que roubaram alguns artigos,
Descobriram-se ali fragmentos de cerca de cem manuscritos; nenhum desses achados, porém, foi tio
espetacular como o que se descobriu nas demais grutas. Na Gruta 3 foram achadas duas metades de
um rolo de cobre que dava instruções sobre como achar sessenta ou mais lugares que continham
tesouros escondidos, a maior parte dos quais em Jerusalém ou em seus arredores. A Gruta 4 (a Gruta
da Perdiz) também havia sido pilhada por beduínos, antes de ser escavada em setembro de 1952. No
entanto, verificou-se que haveria de ser a gruta mais produtiva de todas, visto que literalmente
milhares de fragmentos foram recuperados e reconstituídos, quer mediante compra dos beduínos,
quer em decorrência da peneiração arqueológica da poeira do solo da gruta. Um fragmento de Samuel
que se encontrou aqui é tido como o mais antigo trecho de hebraico bíblico conhecido, pois data do
século IV a.C. Na Gruta 5 acharam-se alguns livros bíblicos e outros apócrifos em avançado estado de
deterioração. A Gruta 6 revelou a existência de mais fragmentos de papiro que de couro. As Grutas de
7 a 10 forneceram dados de interesse para o arqueólogo profissional, nada, porém, de interesse
relevante ao estudo que estamos empreendendo. A Gruta 11 foi a última a ser escavada e explorada,
em começos de 1956. Ali se encontrou uma cópia do texto de alguns salmos, incluindo-se o salmo
apócrifo 151, que até essa data só era conhecido em textos gregos. Encontrou-se, ainda, um rolo muito
fino que continha parte de Levítico e um Targum (paráfrase) aramaico de Jó.” (GEISLER, Norman L, NIX,
Willian E, 1997, p.144).

O NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento da Bíblia Sagrada protestante baseia-se na fidelidade da multiplicidade de


manuscritos existentes.
Alguns testemunhos sobre a fidelidade do texto do Novo Testamento procedem de outras
fontes básicas: manuscritos gregos, antigas versões e citações patrísticas. Os manuscritos
gregos são a fonte mais importante para essa comprovação, e podem ser divididos em três
categorias.
Essas categorias de manuscritos recebem o nome de papiros, unciais e minúsculos, em vista de
suas características diferenciadas.
Existem cerca de 26 papiros do Novo Testamento e o que esses papiros proporcionam ao texto
é valiosíssimo, sendo os grandes unciais os mais importantes manuscritos do Novo Testamento,
escritos em velino e em pergaminho, nos século IV e V. Existem cerca de 297 desses
manuscritos unciais. Já os manuscritos minúsculos escritos do século IX ao XV considerados
em geral uma qualidade inferior, se comparados aos manuscritos em papiros ou unciais, a sua
importância está no relevo dispensado às famílias textuais e não à sua quantidade. Somam
4.643, dos quais 2.646 são manuscritos e 1.997, lecionários.
REFERÊNCIAS

NEUSNER, Jacob. Introdução ao Judaísmo. Editora: Imago. Abril de 2004. GOMES,


Ricardo. Em busca da História do Judaísmo. Lisboa: 2016. AQUINO, Tomás de. Suma
Teológica. 1485. GEISLER, Norman L; NIX, Willian E. Como a Bíblia chegou até nós. Editora: Editora
Vida. 1997. VIEIRA, Fernando Mattiolli. Manuscritos do Mar Morto. Disponível em:
https://www.manuscritosdomarmorto.com/. Acesso em: 30 de novembro de 2023.

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