Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SÃO PAULO
2021
INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR
ADRIANA GALAFASSI ROMANO
SÃO PAULO
2021
2
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4
CAPÍTULO 1 – LOCALIDADE...............................................................................................6
1.1 Localidade das cavernas...........................................................................................6
1.2 Características da descoberta....................................................................................7
CAPÍTULO 2 – OUTROS ELEMENTOS SOBRE OS MANUSCRITOS...............................9
2.1 Variantes textuais......................................................................................................9
2.2 Os manuscritos no Brasil....................................................................................12
2.3 A produção bibliográfica brasileira sobre os manuscritos do mar morto...............12
CONCLUSÃO..........................................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................16
3
INTRODUÇÃO
4. textos não alinhados (um agrupamento de textos que não são alinhados aos textos
de tipo massorético, de tipo samaritano ou de tipo septuagintal).
Alguns dos textos não bíblicos, que foram localizados nas 11 cavernas de Qumran,
são os seguintes: Gênesis Apócrifo (1QGnAp), Documento de Damasco (CD), Manual da
Disciplina ou Regra da Comunidade (1QS), Regra da Guerra (1QM), Hinos de Ação de
Graças (hebr. hodayôt) (1QH), Manuscrito do Templo (11QT), Rolo de Cobre (3Q15), entre
outros. Entre os documentos contendo comentários a livros bíblicos (hebr. pesher,
explicação, interpretação) e traduções aramaicas (targum) os seguintes são alguns dos mais
relevantes: pesher de Habacuque (1QpHc), pesher de Miqueias (1QpMq), pesher de Naum
(4QpNa), pesher do Salmo 37 (4QpSl 37), Targum de Jó (11QtgJó) e Targum de Levítico
(4QtgLv).
5
CAPÍTULO 1 – LOCALIDADE
6
documentos na região de Qumran e, no período entre 1952 e 1956, foram localizadas mais
10 cavernas, nas quais foram encontrados centenas deles. Segundo a estimativa de alguns
estudiosos, o total de textos localizados chega a 930. A totalidade de documentos contendo
textos com conteúdo bíblico localizados em Qumran varia entre 210 e 212.
O valor das descobertas em Qumran é imenso, pois permite perceber como era o
estado de transmissão dos textos bíblicos em um período anterior e também posterior à era
cristã. Os manuscritos encontrados nas 11 cavernas são datados do século III a.C. ao século
I d.C., aproximadamente. O terminus a quo (ponto que determina o início de uma ação) é
250 a.C. e o terminus ad quem (ponto que determina o final de uma ação) é 68 d.C. Os
manuscritos de Qumran atestam pluralidade de tipos textuais da Bíblia Hebraica e foram
encontrados textos divergentes dos livros de Samuel e de Jeremias, que são mais
relacionados com o texto da Septuaginta do que com o texto Massorético. Outros
manuscritos comprovam também o tipo de texto que posteriormente daria origem ao
Pentateuco Samaritano.
7
Os manuscritos bíblicos mais antigos são aqueles que surgiram ao longo do século
III a.C., sendo achados na caverna 4: o 4QÊx f , o 4QSm b , o 4QJr a e o 4QEc a . Alguns
documentos datados do século II a.C., como os dois do livro de Daniel, o 4QDn c e o
4QDn e, que são datados entre 125 e 100 a.C., se afastam do livro original em apenas 60
anos.
O tipo textual do Texto Massorético, isto é, o Texto Protomassorético ou textos
como-Massorético, também é contemplado pelo corpus de Qumran como, por exemplo, o
1QIs b , entre outros, sendo este um dos mais representativos. O nível de concordância
textual desse rolo em relação ao Texto Massorético é perceptível, o que comprova a
antiguidade do tipo pertencente ao preservado pelos escribas judeus no período talmúdico e,
mais tarde, pelos massoretas na época medieval. Além de 1QIs b, manuscritos como o
4QJr a, entre outros documentos, também refletem o tipo de texto que posteriormente daria
origem ao Texto Massorético.
Possivelmente, a comunidade de Qumran tinha mais apreço por determinados livros
bíblicos, por serem mais populares entre os adeptos do grupo. Esses textos são
representados por muitas cópias encontradas neste sítio arqueológico (cf. tabela abaixo). A
quantidade de manuscritos de textos bíblicos compostos, tanto na escrita quadrática quanto
na escrita paleohebraica, sendo encontrados nas 11 cavernas, é a seguinte:
TABELA 2 – CÓDICES
Por meio da breve ilustração, os dois manuscritos de Qumran demonstram que havia
ainda multiplicidade e fluidez do texto bíblico hebraico no período do Segundo Templo. Em
alguns casos selecionados, os manuscritos de Qumran apresentam algum tipo de variação
textual entre si. Por outro lado, não há nenhuma variação textual entre os códices L e A nos
mesmos casos do livro de Isaías que serviram aqui de ilustração. Estes dois códices
massoréticos, datados da época medieval, demonstram que o texto bíblico hebraico já tinha
se tornado tanto uniforme quanto estável.
O 4QSm a (c. 50-25 a.C.) contém um longo segmento em 1Samuel11 que não se
encontra mais no texto bíblico hebraico de tradição massorética. De acordo com os
estudiosos, tal trecho era parte integrante da redação primitiva do livro de 1Samuel. O
referido manuscrito de Qumran está em estado muito fragmentado e os trechos que estão
10
entre [ ] indicam (cf. tabela abaixo) que foram restaurados pelos estudiosos. Segundo os
eruditos, o motivo do referido trecho de 1Samuel11 ter sido omitido pelo texto bíblico
hebraico de tradição mas soréticaseria em virtude de algum erro escribal ocorrido em
alguma ocasião no período do Segundo Templo.
4QSm a é mais um manuscrito de suma importância por revelar que o texto bíblico
hebraico ainda não estava uniforme e estável no período do Segundo Templo e que havia
graus de diferença textual entre os quase 212 manuscritos bíblicos encontrados em Qumran.
Tais diferenças podem ser percebidas tanto em palavras quanto em expressões, como se
verifica em 1QIs a e em 1QIs b e longos trechos como se constata em 4QSm a.
11
2.2 Os manuscritos no Brasil
Na trajetória dos 70 anos da produção bibliográfica dos manuscritos do mar Morto, o
Brasil dá a sua contribuição de maneira bastante particular. Nesse longo espaço de
tempo (para um trabalho da historiografia contemporânea), há uma produção quantitativa e
qualitativa que está estreitamente ligada a momentos específicos e que deve ser compreendida
com base em suas particularidades (mas que ainda assim é caracterizada pela
progressividade). Ao mesmo tempo, a produção no Brasil se mostrou sensível para com as
mudanças de rumo ocorridas ao longo da história da produção bibliográfica mundial. Por isso,
os acontecimentos mencionados acima acerca da publicação dos documentos determinam
uma linha cronológica absoluta que permite compreender a dinâmica da produção em seu
tempo, os veículos responsáveis pela informação e o tipo de abordagem utilizada, além do
próprio desenvolvimento da pesquisa sobre os manuscritos do mar Morto no Brasil.
12
Uma busca nos acervos dos principais jornais do país mostra que, desde meados da
década de 1950, os manuscritos se faziam conhecidos no Brasil. Os trabalhos acadêmicos
começariam a surgir pouco tempo depois, ainda naquela década. O primeiro estudo publicado
no Brasil foi o do teólogo Manuel Jimenez F. Bonhomme. Bonhomme publicou parte de seus
trabalhos no Brasil enquanto fazia seus estudos de filosofia e teologia (completados na
Alemanha, Roma e Jerusalém) e atuava como padre passionista em Curitiba entre da década
de 1950 e início da década de 1960. Ele viria a escrever outros textos, todos publicados
na Revista de Cultura Bíblica – que se tornou uma espécie de florilégio para os teólogos que
escreveram sobre os manuscritos do mar Morto entre a segunda metade da década de 1950 e
início da década de 1960. Entre os que publicaram durante esse período nessa revista, aquele
que faria as considerações mais aprofundadas seria o teólogo Gaudêncio Gratzfeld. Em
artigos falando sobre os grupos político-religiosos judaicos, sobre as supostas relações dos
manuscritos com as origens do cristianismo e sobre as principais teses desenvolvidas até o
início da década de 1960, Gratzfeld reflete a pluralidade de opiniões existente até aquele
momento, vindo a abraçar algumas que futuramente seriam descreditadas. A principal delas
foi a de que os manuscritos de Qumran eram oriundos do Templo de Jerusalém e não de uma
comunidade que tivesse habitado as instalações de Qumran (essa opinião é defendida ainda
hoje por alguns poucos pesquisadores, o mais famoso deles é o americano Norman Golb).
Fora da Revista de Cultura Bíblica, o número de textos publicados foi ínfimo. Há
artigos do início da década de 1960 que devem ser destacados. O primeiro deles é o do
teólogo José Gonçalves Salvador. Em um artigo publicado na Revista de História da USP, em
1960, com o título Descobertas no Deserto da Judéia (Os manuscritos do Mar Morto),
Salvador apresenta uma visão geral da descoberta, dos manuscritos encontrados na caverna 1
de Qumran e das escavações realizadas no sítio central daquela área. Como os autores
da Revista de Cultura Bíblica, a bibliografia consultada por Salvador inclui os livros
publicados na década de 1950, escritos por aquela geração de pesquisadores responsável pelos
primeiros estudos e por estabelecer algumas das prerrogativas que se tornariam estruturais nas
pesquisas dos manuscritos de Qumran. Por exemplo, o que chamo de tríade de
Qumran (manuscritos de Qumran-essenismo-Qumran), que é o resultado da soma das teorias
sobre a identidade religiosa dos redatores/detentores dos manuscritos de Qumran (judeus da
corrente religiosa essênia) e da habitação das instalações de Qumran por eles, é defendida
também por Salvador em seu artigo. Ele não escreveria mais nada sobre os manuscritos do
13
mar Morto em sua carreira, mas continuaria interessado por temáticas ligadas ao estudo das
religiões.
No Brasil, a partir dos anos 2000, há uma evolução extremamente significativa nas
pesquisas sobre os manuscritos do mar Morto que inaugura uma nova postura da produção
bibliográfica. O cenário, que começa a se desenvolver na década de 1990, viria a partir de
então a alcançar seu estágio mais evoluído. Houve o aprofundamento das pesquisas por parte
de especialistas. Isso resultou no aumento progressivo de dissertações, teses, artigos, projetos
de iniciação científica, Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), grupos de pesquisa,
palestras, congressos, intercâmbio com pesquisadores internacionais, e o que teremos pela
primeira vez: livros nacionais. Segundo Vieira:
14
ampliação da participação dos pesquisadores brasileiros no cenário internacional, por meio de
publicações conjuntas e participações em eventos. Outra é o estreitamento dos laços entre os
pesquisadores brasileiros. Esperamos que essas propostas possam se concretizar daqui em
diante. O futuro dirá.
CONCLUSÃO
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EISENMAN, Robert; WISE, Michael. A descoberta dos manuscritos do Mar Morto. Trad.
Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994.
OLIVEIRA, Cristyele. A História por Trás dos Manuscritos do Mar Morto Vendidos por
um Preço Milionário. 2021. Disponível em: <https://www.fatosdesconhecidos.com.br/a-
historia-por-tras-dos-manuscritos-do-mar-morto-vendidos-por-um-preco-milionario/>. Acesso
em: 28 out. 2021.
16
VIEIRA, Fernando M. Os manuscritos do Mar Morto no Brasil. Disponível em:
<https://www.manuscritosdomarmorto.com/os-mmm-no-brasil>. Acesso em: 28 out. 2021.
17