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O que exatamente é arqueologia? John D. Currid em Arqueologia nas Terras Bíblicas descreve
que, o termo traz à nossa mente uma variedade de imagens. Para alguns, indica aventuras
românticas: a busca por civilizações há muito perdidas, a localização da Arca de Noé. Outros
veem a arqueologia como coisa do passado.
O termo arqueologia deriva de duas palavras gregas: arcbaios, que significa “antigos, do começo,”
e logos, “palavra.” Etimologicamente, o termo significa palavra a respeito, ou, estudo de
antiguidades. E assim é que o termo era empregado pelos antigos escritores.
Na introdução à História da Guerra do Peloponeso Tucídides resume a história da Grécia antiga com
o título “Arqueologia”. Denis de Halicarnasso escreveu a história de Roma chamada
Arqueologia Romana. Da mesma maneira, Josefo chamou sua história sobre os judeus de
Arqueologia. O fato é, a palavra “arqueologia” era sinônimo de história antiga”.
O sentido moderno “arqueologia” é muito diferente. Arqueologia é o estudo dos restos materiais
do passado. Seu alvo é descobrir, resgatar, observar e preservar fragmentos enterrados da
antiguidade, e usá-los para ajudar a reconstruir a vida antiga. Ela nos assiste em nossa
percepção da raça humana em seu “complexo e mutante relacionamento com o ambiente”.
A arqueologia se relaciona com diversos aspectos da sociedade antiga, seja seu modo de governo,
forma de culto, pecuária, agricultura, ou o que for. Ela é, em resumo, “o método de descobrir o
passado da raça humana em seu aspecto material, e o estudo dos produtos deste passado”.
A disciplina arqueologia tem uma aplicação muito prática para nós. Ela nos diz de onde viemos e como
nos desenvolvemos; e também nos dá informações detalhadas a respeito de nossa história. Portanto,
é uma ciência auxiliar da história, ajudando seu estudo pela revelação das informações necessárias.
Ela não faz discriminação de classes; mais alarga o entendimento a respeito da antiguidade de uma
maneira que os documentos antigos não podem fazê-los.
A arqueologia é frequentemente considerada uma ciência social. De fato, ela é “a única disciplina das
ciências sociais a se preocupar com a reconstrução e compreensão do comportamento humano com
base nos fragmentos deixados por nossos antecessores pré-históricos e históricos”.
• A Arqueologia Histórica tenta suplementar os texto escritos, descrevendo a rotina diária das
culturas que os produziram. Uma subseção da mesma é chamada arqueologia industrial porque
focaliza-se na sociedade ocidental desde a Revolução Industrial.
O método arqueológico é subdividido em duas partes: exploração e escavação. Não é
necessário escavar todas as vezes para obter informações importantes a respeito da
antiguidade. Muito pode ser percebido através de um simples exame da superfície.
O INÍCIO DA ARQUEOLOGIA
Currid enfatiza que, as modernas escavações arqueológicas começaram a ser organizadas em
Herculaneum (1738), localizada ao longo da baía de Nápoles. Logo se seguiram escavações em
Pompéia (1748). Os primeiros edifícios a serem escavados incluíram “o teatro menor (ou Odeon,
1764), o Templo de Isis (1764), o chamado barracão dos Gladiadores (1767), e a Vila de
Diomedes, do lado externo do Portão Herculaneum (1771).
O objeto mais significante encontrado na excursão Napoleônica foi a pedra Roseta (1799).
Entendeu-se que seu valor era imensurável devido a ser a chave para desvendar os antigos
hieróglifos (escrita sagrada) egípcios, uma escrita pictórica (escrita feita com desenhos) não mais
usada por quase um século e meio. Provou-se que o grego era uma tradução da língua egípcia
antiga gravada na pedra.
A ARQUEOLOGIA E A BÍBLIA
A arqueologia da Bíblia é geralmente categorizada como arqueologia pré-clássica e uma
subdivisão da arqueologia Siro-Palestina. A arqueologia Bíblica focaliza-se principalmente na
Idade do Bronze (3300 a.C. a 1200 a.C.), Idade do Ferro (1200 a.C. a 558 a.C.) e nos períodos Persa,
Helênico e Romano naquela terra.
A Antiga idade do Bronze foi caracterizada pela urbanização, uma mudança da vida de vila para
a habitação em cidade. Apareceram mais povoados neste época do que em qualquer outra
anterior, sendo estes povoados fortificados.
John Currid ressalta que, nas investigações arqueológicas da Palestina predominam os objetos
remanescentes da presença dos hebreus naquele local durante a Idade do Ferro (1200 – 586
a.C.). Incluem-se entre eles alguns materiais do período dos juízes, da monarquia unida e dos
dois reinos de Israel e Judá. A Idade do Ferro teve seu fim com a destruição do reino do sul e
sua capital, Jerusalém, em 586 a.C..
Os três próximos períodos (Persa, Helênico e Romano) dizem respeito à Palestina sob o domínio
de poderes estrangeiro. Assim sendo, os resíduos arqueológicos refletem a grande influência
estrangeira. Incluso nesta era estão os períodos intertestamentário e do NT, com os quais a
Bíblia e, consequentemente, a arqueologia bíblica alcançam seu Terminus ad quem (limite até ao
qual ou limite conhecido).
A arqueologia bíblica possui toda a fascinação da ciência da arqueologia, que busca desvendar
a história das eras passadas escavando seus remanescentes materiais. Mas, ela acrescenta o
interesse de que, mediante este estudo, podemos entender e interpretar melhor o manual da
nossa fé.
É impossível autenticar arqueologicamente tudo o que se encontra na Bíblia. Muitas das suas
declarações estão além da esfera da investigação arqueológica. Nenhum escavador pode
comentar, em termos da sua ciência, a simples declaração: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça” (Tg 2.23). Mas, na sua própria esfera, esta ciência contribui muito para o
estudo do registro sagrado.
A mesma coisa poderia ser dita sobre José, Moisés, Josué, Davi e toda a família das
personalidades bíblicas. Mas, já existe agora uma grande quantidade de material extra-bíblico
disponível para suplementar a nossa história bíblica.
É perfeitamente verdadeiro dizer que a arqueologia bíblica fez mais para corrigir a impressão
existente em fins do século passado e na primeira parte deste século, de que a história bíblica
era passível de suspeita em muitos pontos. Não há dúvidas de que a arqueologia confirmou a
historicidade substancial da tradição do AT.
AS FONTES DE INFORMAÇÃO
Thompson descreve que, o arqueólogo obtém a sua informação de objetos e materiais deixados
pelos povos desses dias distantes. Eles são encontrados nas ruínas de cidades, túmulos e
inscrições do povo.
Alguns dos restos cobertos se acham em tumbas e sepulturas. Estes são muitos importantes
porque quando eram enterrados os mortos do mundo antigo, as pessoas colocavam no túmulo
objetos que acreditavam iriam ser necessários, na vida além-túmulo. Nessas sepulturas é que
se obtém muitas das peças raras.
No mundo antigo, quando uma cidade murada era incendiada, ou derrubada por arietes
(máquina de guerra), ou destruída por um terremoto, os recém chegados que a reconstruiriam
não removiam os escombros e os alicerces da antiga cidade. Eles escolhiam o melhor material
para reutilizar, nivelavam o entulho e reconstruíam por cima dele.
A maioria das cidades na Palestina que conhecemos através da Bíblia são deste tipo: Jericó,
Samaria, Jerusalém etc.. Algumas dessas cidades tinham dez ou doze ou até vinte camadas
(strata) de cidades destruídas. Cada uma conta a sua história.
Entre as descobertas mais importantes numa escavação acham-se os registros escritos, cartas,
receitas, listas dos censos, contratos e peças literárias, escritas em pedra, cerâmica quebrada,
couro ou papiro.
Embora este material escrito não seja muito popular, ele é provavelmente a informação mais
importante de todas as que podem ser recuperadas de uma civilização antiga, pois registra os
nomes das pessoas e lugares, dando informação detalhada a respeito dos eventos, leis e
costumes.
As moedas se enquadram numa classe especial, pois têm valor não só em relação a datas,
como também contêm material histórico valioso. Existem várias referências a moedas no NT;
por exemplo, a ocasião em que perguntaram a Jesus sobre o pagamento de impostos e ele
pediu para ver uma moeda. Isto deu ensejo a uma importante lição sobre lealdade: “Dai, pois, a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
Outras cidades escavadas pelo arqueólogo, embora não mencionada na Bíblia, nos contam, não
obstante, muito sobre a vida da época. Uma delas é Pompéia, que foi destruída pelo vulcão do
Monte Vesúvio, em 79 d.C. Esta é uma cidade típica dos dias de Paulo e um estudo de suas
ruínas nos dará uma ideia clara do tipo de cidades em que Paulo transmitiu a sua mensagem.
CURRID, John D. Arqueologia nas Terras Bíblica: Um manual destinado a despertar o interesse
e a paixão pelo tópico. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 15-22..
THOMPSON, John Arthur. A Bíblia e a Arqueologia: Quando a ciência descobre a fé. São Paulo:
Vida Cristã, 2007. p. 21-30.