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Avaliação, Parecer, atestado,

laudo, devolutiva
Rosi Vieira
RESOLUÇÃO CFP 06/2019
ORIENTAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS ESCRITOS
PRODUZIDOS PELA(O) PSICÓLOGA(O) NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Princípios Fundamentais na Elaboração de
Documentos Psicológicos
•Art. 4.º O documento psicológico constitui instrumento
de comunicação escrita resultante da prestação de
serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição.
• § 1.º A confecção do documento psicológico deve ser realizada
mediante solicitação da(o) usuária(o) do serviço de Psicologia, de
seus responsáveis legais, de uma(um) profissional específico, das
equipes multidisciplinares ou das autoridades, ou ser resultado de um
processo de avaliação psicológica.
• § 2.º O documento psicológico sistematiza uma conduta profissional
na relação direta de um serviço prestado à pessoa, grupo ou
instituição.
• § 4.º De acordo com os deveres fundamentais previstos no Código de
Ética Profissional do Psicólogo, na prestação de serviços psicológicos,
as(os) envolvidas(os) no processo possuem o direito de receber
informações sobre os objetivos e resultados do serviço prestado, bem
como ter acesso ao documento produzido pela atividade da(o)
psicóloga(o).
Princípios Técnicos
• Art. 5.º Os documentos psicológicos devem ser elaborados conforme
os princípios de qualidade técnica e científica presentes neste
regulamento.
• § 6.º A(O) psicóloga(o) deve resguardar os cuidados com o sigilo
profissional, conforme previsto nos artigos 9.º e 10 do Código de
Ética Profissional do Psicólogo.
• § 8.º Toda e qualquer modalidade de documento deverá ter todas as
laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a
assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.
Princípios da Linguagem Técnica
• Art. 6.º O documento psicológico constitui instrumento de
comunicação que tem como objetivo registrar o serviço prestado
pela(o) psicóloga(o).
• § 4.º Os documentos psicológicos devem ser escritos de forma
impessoal, na terceira pessoa, com coerência que expresse a
ordenação de ideias e a interdependência dos diferentes itens da
estrutura do documento.
• § 5.º Os documentos psicológicos não devem apresentar descrições
literais dos atendimentos realizados, salvo quando tais descrições se
justifiquem tecnicamente.
Princípios Éticos
• § 6.º É dever da(o) psicóloga(o) elaborar e fornecer documentos
psicológicos sempre que solicitada(o) ou quando finalizado um
processo de avaliação psicológica.
Art. 8.º Constituem modalidades de
documentos psicológicos:
• I - Declaração;
• II - Atestado Psicológico;
• III - Relatório: a) Psicológico; b) Multiprofissional;
• IV - Laudo Psicológico;
• V - Parecer Psicológico.
Art. 9.º Declaração
• Consiste em um documento escrito que tem por finalidade registrar,
de forma objetiva e sucinta, informações sobre a prestação de
serviço realizado ou em realização, abrangendo as seguinte
informações:
• I - Comparecimento da pessoa atendida e seu(sua) acompanhante;
• II - Acompanhamento psicológico realizado ou em realização;
• III - Informações sobre tempo de acompanhamento, dias e horários.
•§ 1.º É vedado o registro de sintomas, situações ou
estados psicológicos na Declaração psicológica.
Estrutura
• I - Título: "Declaração"
• II - Expor no texto: a) Nome da pessoa atendida: identificação do
nome completo ou nome social completo;
• b) Finalidade: descrição da razão ou motivo do documento;
• c) Informações sobre local, dias, horários e duração do
acompanhamento psicológico.
• III - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de
emissão e carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional e
assinatura.
Declaração
Declaro, para os fins que se fizeram necessários, que o Sr. José Augusto faz
acompanhamento psicológico na clínica escola da FAEST desde janeiro de
2001, sob meus cuidados profissionais.

Tangará da Serra, 20-10-2022

Rosimar Vieira Silva

• Nº CRP
ATESTADO PSICOLÓGICO
• Art. 10 Atestado psicólogo consiste em um documento que certifica,
com fundamento em um diagnóstico psicológico, uma determinada
situação, estado ou funcionamento psicológico, com a finalidade de
afirmar as condições psicológicas de quem, por requerimento, o
solicita.
• § 1.º O atestado presta-se também a comunicar o diagnóstico de
condições mentais que incapacitem a pessoa atendida, com fins de:

• I - Justificar faltas e impedimentos;


• II - Justificar estar apto ou não para atividades específicas (manusear
arma de fogo, dirigir veículo motorizado no trânsito, assumir cargo
público ou privado, entre outros), após realização de um processo de
avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscrevem
a Resolução CFP n.º 09/2018 e a presente, ou outras que venham a
alterá-las ou substituí-las;
• III - Solicitar afastamento e/ou dispensa, subsidiada na afirmação
atestada do fato.
• § 2.º Diferente da declaração, o atestado psicológico resulta de uma
avaliação psicológica. É responsabilidade da(o) psicóloga(o) atestar
somente o que foi verificado no processo de avaliação e que esteja
dentro do âmbito de sua competência profissional.
• § 3.º A emissão de atestado deve estar fundamentada no registro
documental, conforme dispõe a Resolução CFP n.º 01/2009 ou
aquelas que venham a alterá-la ou substituí-la, não isentando a(o)
psicóloga(o) de guardar os registros em seus arquivos profissionais,
pelo prazo estipulado nesta resolução.
• § 4.º Os Conselhos Regionais podem, no prazo de até cinco anos,
solicitar à(ao) psicóloga(o) a apresentação da fundamentação
técnico-científica do atestado.
Estrutura
• § 5.º A formulação desse documento deve restringir-se à informação
solicitada, contendo expressamente o fato constatado.
• I - As informações deverão estar registradas em texto corrido,
separadas apenas pela pontuação, sem parágrafos, evitando, com
isso, riscos de adulteração.
• II - No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos, a(o)
psicóloga(o) deverá preencher esses espaços com traços.
Estrutura
• I - Título: "Atestado Psicológico";
• II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras
informações sócio demográficas;
• III - Nome da(o) solicitante: identificação de quem solicitou o
documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder
Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o)
própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por
outras(os) interessadas(os);
• IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido;
• V - Descrição das condições psicológicas do beneficiário do serviço
psicológico advindas do raciocínio psicológico ou processo de
avaliação psicológica realizado, respondendo a finalidade deste.
Quando justificadamente necessário, fica facultado à(ao)
psicóloga(o) o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID)
ou outras Classificações de diagnóstico, científica e socialmente
reconhecidas, como fonte para enquadramento de diagnóstico;
• VI - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de
emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo da(do) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional,
com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a
penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.
• § 7.º É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do atestado
psicológico, que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do
apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso e que
se trata de documento extrajudicial.

• Cabe ressaltar que, em geral, em processos legais e da justiça do


trabalho a descrição no documento do número do CID que
caracteriza o diagnóstico do paciente é imprescindível. Nestes casos,
a solicitação de autorização por escrito da pessoa atendida para
divulgação do número do CID no documento se faz necessária.
• Vale ressaltar que o atestado psicológico indica a necessidade de
afastamento e/ou dispensa da pessoa baseado na avaliação de
aspectos psicológicos. Contudo, cabe observar aspectos legais
relativos a esse afastamento e/ou dispensa.

Ex: Afastamento laboral da pessoa atendida por um período superior


a quinze dias, a orientação, de acordo com a legislação brasileira, é
encaminhar a pessoa atendida ao INSS.

• A(o) psicóloga(o) deve manter em seus arquivos uma cópia dos


atestados psicológicos emitidos, junto a todo o material resultante
do processo avaliativo, protocolado com data, local e assinatura de
quem recebeu o documento, para fins de comprovação e
fiscalização.
ATESTADO
Atesto, para fins de comprovação junto a Secretaria de Saúde de
Tangará da Serra/MT, que o Sr. João José apresenta sintomas relativos
a angústia, insônia, ansiedade e irritabilidade, necessitando no
momento de 7 (sete) dias de afastamento de suas atividades laborais
para acompanhamento psicológico ....(ou repouso ou indicar a razão).

Tangará da Serra, 20-10-2022


Rosimar Vieira Silva
CRP 00000
RELATÓRIO PSICOLÓGICO
• Consiste em um documento que, por meio de uma exposição escrita,
descritiva e circunstanciada, considera os condicionantes históricos
e sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida, podendo
também ter caráter informativo. Visa comunicar a atuação
profissional da(o) psicóloga(o) em diferentes processos de trabalho já
desenvolvidos ou em desenvolvimento, podendo gerar orientações,
recomendações, encaminhamentos e intervenções pertinentes à
situação descrita no documento, não tendo como finalidade produzir
diagnóstico psicológico.
• I - O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor
técnico-científico, devendo conter narrativa detalhada e didática,
com precisão e harmonia.

• II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado


pela(o) psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP n.º
01/2009 ou resoluções que venham a alterá-la ou substituí-la.

• III - O relatório psicológico não corresponde à descrição literal das


sessões, atendimento ou acolhimento realizado, salvo quando tal
descrição se justifique tecnicamente. Este deve explicitar a
demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da(o)
profissional, bem como suas conclusões e/ou recomendações.
Estrutura
• § 1.º O relatório psicológico deve apresentar as informações da
estrutura detalhada abaixo, em forma de itens ou texto corrido.
• I - O relatório psicológico é composto de cinco itens:
• a) Identificação;
• b) Descrição da demanda;
• c) Procedimento;
• d) Análise;
• e) Conclusão.
• Identificação
I - Título: "Relatório Psicológico";
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras
informações sócio demográficas;
III - Nome da(o) solicitante: identificação de quem solicitou o
documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder
Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o)
própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por outras(os)
interessadas(os);
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido;
V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome
social completo da(o) psicóloga(o) responsável pela construção do
documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de
Psicologia.
Descrição da demanda
• § 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve
descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo
de trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as
demandas que levaram à solicitação do documento.

• I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá


apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará
procedimentos utilizados, conforme o parágrafo 4.º deste artigo.
Procedimento
• I - Cumpre, à(ao) psicóloga(o) autora(or) do relatório, citar as pessoas
ouvidas no processo de trabalho desenvolvido, as informações
objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do processo
realizado.
• II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à
complexidade do que está sendo demandado.
Análise
• I - A análise deve apresentar fundamentação teórica e técnica.
• II - Somente deve ser relatado o que for necessário para responder a
demanda, tal qual disposto no Código de Ética Profissional do
Psicólogo.
• III - É vedado à(ao) psicóloga(o) fazer constar no documento
afirmações de qualquer ordem sem identificação da fonte de
informação ou sem a devida sustentação em fatos e/ou teorias.
• IV - A linguagem deve ser objetiva e precisa, especialmente quando
se referir a informações de natureza subjetiva.
Conclusão
• I - Na conclusão do relatório pode constar encaminhamento, orientação e
sugestão de continuidade do atendimento ou acolhimento.

• II - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão,


carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo da(o)
psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com todas as laudas
numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o)
psicóloga(o) na última página.

• III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório, que este não
poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação,
que possui caráter sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não
se responsabiliza pelo uso dado ao relatório por parte da pessoa, grupo ou
instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva.
• Podem ser elaborados Relatórios Psicológicos decorrentes de visitas
domiciliares, para fins de encaminhamento, sobre um único
atendimento — como em situações de orientação ou de acolhimento
nos serviços — para prestar informações de referência e de
contra-referência; para subsidiar atividades de outros profissionais,
entre outras situações que já ocorrem no exercício profissional, desde
que constitua instrumento de comunicação escrita resultante da
prestação de serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição
• Importante distinguir o Relatório Psicológico de outros documentos
informativos que sejam de caráter administrativo ou protocolares,
tais como Relatórios de Atividades ou relatos em ofícios, que são
documentos frequentemente assinados por psicólogas(os),
especialmente em serviços públicos, mas que não são elaborados
com fim de relatar o atendimento psicológico realizado.
• A(o) psicóloga(o) tem autonomia para decidir quais procedimentos,
observações e análises serão comunicados, a depender dos contextos
de solicitação, o que estará condicionado a resguardar as diretrizes,
normativas e princípios éticos da profissão, os quais são orientados
pelo respeito e defesa dos direitos e dignidade da pessoa humana e
das coletividades
• Recomenda-se que, na conclusão, seja retomada a finalidade da
emissão do documento, registrado a entrevista devolutiva para a
entrega do documento, indicadas as possibilidades de
encaminhamento ou de continuidade dos serviços psicológicos,
além de outras orientações. Essas recomendações são fundamentais
em contextos nos quais os Relatórios Psicológicos possam subsidiar
decisões pessoais e institucionais que tragam impactos para a vida
da(s) pessoa(s) atendidas, o que ocorre regularmente nos serviços
públicos e em contextos que envolvem processos judiciais.
CLÍNICA ESCOLA FAEST
TANGARÁ DA SERRA RUA JOÃO JOSÉ
Telefone: (65) 0000000 ▪ E-mail: faest@sssss.com ▪ Site:
http://www.clinicaescola.faest.br

RELATÓRIO PSICOLÓGICO

I – Identificação:
Nome: Joana Silva
D/N: 04/07/1994
Matrícula na Universidade: 0000000000

Solicitante: Centro de Atenção Psicossocial de Tangará da Serra- MT

Finalidade: Informar as intervenções realizadas pelo setor psicossocial da


Universidade e apontar recomendações acerca da situação da discente

Autora: Rosi Vieira (CRP 00/0000)


• II. Descrição da Demanda:

A jovem tem 24 anos e é estudante do curso de Psicologia, na FAEST


localizado no município de Tangará da Serra. Em novembro de 2021, ela
procurou pela primeira vez o serviço de psicologia da Faculdade relatando
sofrimento psíquico com presença de sintomas recorrentes de insônia,
tristeza, ansiedade, prática de automutilação e ideação de suicídio

III – Procedimentos:

Para a elaboração deste documento foram adotados os seguintes


procedimentos: análise documental, atendimentos psicológicos, visitas
institucionais e visitas domiciliares.
Nas visitas institucionais ao CAPS, objetivou-se apontar para a equipe a
situação de Joana e o necessário acompanhamento intensivo dela pelo
serviço.
Nas intervenções com a mesma, utilizaram-se pressupostos do modelo
cognitivo-comportamental, o qual considera que experiências
emocionais negativas decorrem de pensamentos ou formas de
interpretação inadequadas, os quais podem ser identificados e
reavaliados de forma colaborativa, reduzindo experiências emocionais
desagradáveis e favorecendo o processo de mudança comportamental.
•IV – Análise:
Com histórico de queixas emocionais desde a adolescência, Joana relatou
que já passou por acompanhamento psicológico há alguns anos, mas que não
estava frequentando nenhum profissional ou serviço de saúde mental. Ainda no
primeiro contato, em novembro de 2021, ela relacionou a intensificação dos
sintomas psicológicos negativos a problemáticas familiares. Considerando a sua
genitora, a relação foi marcada por muitas violências (física e psicológica),
resultando em um grave conflito que precisou de intervenção policial, no ano de
2010. Depois do ocorrido, elas não tiveram mais contato. Com o irmão, que
atualmente mora em São Paulo, a jovem também afirmou não ter nenhum
vínculo. A respeito do pai, com quem morava até a semana anterior à elaboração
desse relatório, Joana relatou a presença de conflitos constantes. Apontou ainda
que não existem outros familiares próximos com quem possa contar.
Após esse primeiro contato, foram realizados mais dois atendimentos
psicológicos à discente a fim de levá-la a compreender dificuldades pessoais que
pudessem estar associadas ao seu sofrimento, bem como ajudá-la a encontrar
formas adequadas de lidar com tais dificuldades. Na finalização desses
encontros, Joana relatou uma melhora de humor e conseguiu identificar Joana
relatou uma melhora de humor e conseguiu identificar
pensamentos e crenças disfuncionais que agravavam a sua experiência

emocional. Apresentou-se orientada, consciente, com bom volume de fala,
porém com lentificação psicomotora. Demonstrou um bom nível de
inteligência e boa capacidade de reflexão, favorecendo o processo de
reavaliação das cognições negativas. Entretanto, ela faltou ao atendimento
subsequente e entrou em contato telefônico mencionando que houvera
aumento dos sintomas depressivos, assim como acentuação dos conflitos com
o genitor, levando-a a um novo episódio de tentativa de suicídio no dia 06 de
dezembro de 2010.
Com a cronificação do seu sofrimento psíquico e intensificação dos
fatores de risco associados à dinâmica familiar e social, foram realizados
encaminhamentos para a equipe psicossocial do CAPS de Tangará da Serra
apontando a gravidade da situação emocional da jovem e indicando a
necessidade de acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Além da entrega
dos encaminhamentos impressos à própria Joana, na ocasião de uma visita
domiciliar realizada no dia 07 de dezembro. A Coordenadora do CAPS também
foi acionada e comunicada sobre a seriedade da situação e necessidade de
acompanhamento intensivo pelo serviço.
No dia 15 de janeiro de 2011, Joana entrou em contato relatando que
estava em acompanhamento com o profissional psiquiatra, mas não com a
psicóloga do CAPS, uma vez que não conseguiu criar vínculo com essa
profissional. Apontou que, mesmo em uso de medicamentos psicotrópicos, teve
uma crise de ansiedade e precisou ser encaminhada ao hospital do município. Na
ocasião, foi orientada a buscar o serviço do CAPS sempre que vivenciasse
momentos de crise, pois teria uma equipe preparada para oferecer suporte e
apoio necessários à minimização de problemáticas referentes à saúde mental.
No dia 31 de janeiro, foi realizado um novo atendimento à jovem, que
relatou intenso sofrimento psíquico, angústia acentuada, sentimento de vazio,
somatizações, lentidão, crises agudas de ansiedade, apatia, hipersonia, falta de
apetite e desesperança diante da vida, afirmando acreditar no suicídio como a
única saída para acabar com a sua dor. Nesse mesmo dia, após a escuta e
intervenção terapêutica, a psicóloga da clínica escola acompanhou a discente ao
CAPS, quando foi realizada conversa com a Coordenadora da instituição, que
mais uma vez foi comunicada sobre a gravidade da situação de saúde mental da
aluna e a necessidade de acompanhamento intensivo pela equipe daquele
serviço. Após isso, a psicóloga da Faculdade, por meio de visita domiciliar,
conseguiu conversar com o pai da estudante, o senhor “José João”, sobre a situação
psiquiátrica de sua filha e risco iminente de nova tentativa de suicídio. Foram
dadas orientações de cuidados a serem adotados e agendado um novo
atendimento com o genitor para o dia 05 de fevereiro na Clínica escola da FAEST.
O senhor “José João” não compareceu ao dia combinado e apresentou como
justificativa a forte chuva que atingira a cidade, bem como o fato de estar se
sentindo mal, uma vez que ingerira álcool na noite anterior. Foi realizado então
um novo atendimento à Joana, no qual se fortaleceu a necessidade de ela ser
acompanhada de maneira intensiva pelo CAPS, participando das atividades
disponibilizadas pelo serviço. Nesse encontro, ela apontou que, após a visita
domiciliar realizada, a sua relação com o pai melhorou, pois ele passou a
demonstrar preocupação com a situação emocional dela.
• Ainda segundo o seu relato, o genitor também mencionou a possibilidade
de contratar uma pessoa para ficar na casa no momento em que ele
estivesse no trabalho, não a deixando sozinha e ajudando-a nas tarefas
domésticas. Após a análise reflexiva dessa informação, Joana conseguiu
questionar a sua crença de que o pai não sente
afeto por ela, concluindo que, se realmente não se importasse, ele não
estaria demonstrando tamanha preocupação. No final do atendimento, ela
assinalou uma melhora de humor, apesar da desesperança ainda presente,
e relatou estar aberta para fazer uma nova tentativa de ressignificação de
sua vida, realizando algumas mudanças de comportamento necessárias ao
bem-estar de sua saúde mental. Ainda na tarde desse mesmo dia (05 de
fevereiro), a psicóloga da Faculdade foi novamente ao CAPS e conversou
com a enfermeira do serviço, sugerindo que a equipe discutisse a situação
de Joana e estabelecesse estratégias de trabalho que abarcassem a
complexidade do caso.
Também foi solicitado que relatassem ao psiquiatra as queixas dela sobre
cansaço, abulia, lentidão e hipersonia. No dia 10 de fevereiro, Joana mais
uma vez entrou em contato afirmando que iria cometer suicídio naquele
momento. Ao atender a ligação da psicóloga da Faculdade, relatou que já
havia ingerido todos os seus medicamentos psicotrópicos após situação
de grave conflito com o genitor, que supostamente a incentivou a
cometer o suicídio e a expulsou de casa. Com a negativa da jovem em
pedir ajuda a alguém próximo, foi realizada tentativa de chamada ao
SAMU de Tangará. Os profissionais desse serviço indicaram a necessidade
de a
chamada ser realizada por uma pessoa que estivesse na presença da
jovem, informando sobre o estado de saúde geral da mesma.
Um estagiário da Faculdade realizou visita à residência do genitor para verificar
a situação, ao passo que este afirmou que não tinha acontecido nenhum fato
atípico naquele dia e que a filha estava em “algum bar com as amigas” (sic). Ao
conversar com vizinhos, eles confirmaram que Joana realmente não estava em
casa, e que houve uma discussão entre pai e filha. A equipe do CAPS foi avisada
da situação e fizeram uma tentativa de visita domiciliar na manhã do dia 11 de
fevereiro, porém não encontrou ninguém em casa. A Coordenadora deste
serviço, posteriormente, foi ao hospital municipal e ratificou a informação de
que Joana, acompanhada de uma amiga, fora atendida pela equipe e
submetida ao procedimento de lavagem gástrica por conta da ingestão
indevida de medicamentos.
O CAPS antecipou a consulta psiquiátrica de Joana para o dia 13 de
fevereiro. Neste dia, a psicóloga da Faculdade e o psiquiatra do serviço de
saúde mental atenderam conjuntamente a jovem. Esta se apresentou chorosa,
com rebaixamento de humor e desesperança, marcas de automutilação
recentes e ainda com ideação suicida. Durante o atendimento, ela informou
que não estava mais na casa do pai e que agora morava com Ronaldo, seu atual
companheiro.
O rapaz, que a aguardava na recepção do CAPS, foi convidado a
entrar na sala de atendimento. Ele demonstrou estar ciente acerca da
gravidade da saúde mental de Joana. Foi orientado a não a deixar
sozinha em casa e concordou em ficar com a guarda dos
medicamentos psiquiátricos, regulando também os horários indicados
para o uso. Por fim, o psiquiatra recomendou frequência semanal
dela aos seus atendimentos no CAPS. No período da tarde, ainda do
dia 13 de fevereiro, houve uma reunião para discussão do caso com a
equipe da Faculdade (psicóloga e coordenadora), equipe do CAPS
(coordenadora, enfermeira e psicóloga) e coordenadora do
CREAS.
Os encaminhamentos desse encontro foram os seguintes: 1) a equipe
da Universidade acompanhará a discente em sua vivência acadêmica,
identificando e atuando para minimizar possíveis dificuldades nesse
percurso, além de buscar incluí-la nas atividades coletivas e de
promoção à saúde organizadas pela instituição; 2) a equipe do CREAS
se responsabilizou em fazer visita domiciliar ao genitor e à genitora a
fim de conscientizá-los sobre a situação da filha, tentando resgatar e
fortalecer os vínculos familiares; 3) as equipes do CREAS e do CAPS
farão visita à nova residência de Joana para verificar a sua situação e
fortalecer o vínculo entre ela e os profissionais desses serviços; 4) a
equipe do CAPS oferecerá acompanhamento ao genitor, caso ele tenha
interesse, uma vez que o mesmo apresenta um quadro de uso abusivo
de álcool; 5) Joana passará por consulta psiquiátrica no CAPS uma vez
por semana; 6) o CAPS entrará em contato com Marcelo, psicólogo da
rede de saúde do município, para acordar com ele atendimento
psicológico regular a Joana.
V – Considerações Finais:
A partir do exposto e do histórico de vida da discente, observa-se que se
trata de um caso grave de saúde mental e com considerada possibilidade
de novas tentativas de suicídio. Seguindo o protocolo do Ministério da
Saúde, a psicóloga da Faculdade, ao constatar a gravidade e cronicidade
do sofrimento psíquico de Joana, realizou encaminhamento para o serviço
de referência do SUS, apontado como responsável pelo acompanhamento
e articulação do cuidado de tais casos, o CAPS, conforme previsto na
portaria nº 336, de 2002.
Considerando-se que os transtornos mentais são fenômenos
complexos e multifatoriais, conclui-se, portanto, a necessária
construção de um plano terapêutico singular que abarque as diferentes
dimensões da vida da jovem, incluindo a ingerência em situações
sociais, a intensificação do cuidado psiquiátrico e psicológico, a
inserção da jovem nas atividades do CAPS em regime de tratamento
intensivo, o fortalecimento da rede de apoio comunitário e
intervenções no âmbito familiar, já que a fragilização dos vínculos com
o núcleo da família primária configura-se como um fator de risco
significativo para a intensificação do sofrimento emocional de Bruna.
Para tanto, com o gerenciamento do CAPS, outros setores da rede de
apoio municipal também precisam integrar esse plano de cuidado, a
exemplo da Unidade de Saúde da Família (à qual a família é vinculada),
o CRAS e o CREAS. Sem mais para o momento, colocamo-nos à
disposição.
Tangará da Serra 20/10/202
Rosi Vieira
Psicóloga
CRP 00/0000
RELATÓRIO MULTIPROFISSIONAL
• Pode ser produzido em conjunto com profissionais de outras áreas,
preservando-se a autonomia e a ética profissional dos envolvidos.
• I - A(o) psicóloga(o) deve observar as mesmas características do
relatório psicológico nos termos do artigo 11.
• II - As informações para o cumprimento dos objetivos da atuação
multiprofissional devem ser registradas no relatório, em
conformidade com o que institui o Código de Ética Profissional do
Psicólogo em relação ao sigilo.
Estrutura
• I - O Relatório Multiprofissional é composto de cinco itens:
• a) Identificação;
• b) Descrição da demanda;
• c) Procedimento;
• d) Análise;
• e) Conclusão.
Identificação
• I - Título: "Relatório Multiprofissional";

• II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome


social completo e, quando necessário, outras informações sócio demográficas;

• III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se


a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou
privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou por outros
interessados;

• IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido;

• V - Nome das autoras(res): identificação do nome completo ou nome social completo


das(os) profissionais responsáveis pela construção do documento, com indicação de sua
categoria profissional e o respectivo registro em órgão de classe, quando houver.
Descrição da demanda
• § 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve
descrever as informações sobre o que motivou a busca pelo processo
de trabalho multiprofissional, indicando quem forneceu as
informações e as demandas que levaram à solicitação do documento.

• I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá


apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará
procedimentos utilizados pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe
multiprofissional.
Procedimento
• § 4.º Devem ser apresentados o raciocínio técnico-científico, que
justifica o processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e/ou
pela equipe multiprofissional, e todos os procedimentos realizados
pela(o) psicóloga(o), especificando o referencial teórico que
fundamentou suas análises e interpretações.
• § 5.º A descrição dos procedimentos e/ou técnicas privativas da
Psicologia deve vir separada das descritas pelas(os) demais
profissionais.
Análise
• § 6.º Neste item orienta-se que cada profissional faça sua análise
separadamente, identificando, com subtítulo, o nome e a categoria
profissional.
• I - O relatório multiprofissional não isenta a(o) psicóloga(o) de realizar
o registro documental, conforme Resolução CFP n.º 01/2009 ou
outras que venham a alterá-la ou substituí-la.
Conclusão
• § 8.º A conclusão do relatório multiprofissional pode ser realizada em
conjunto, principalmente nos casos em que se trate de um processo
de trabalho interdisciplinar.
• § 9.º A(O) psicóloga(o) deve elaborar a conclusão a partir do relatado
na análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do
seu objeto de estudo, podendo constar encaminhamento, orientação
e sugestão de continuidade do atendimento ou acolhimento.
• I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de
emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social completo
dos profissionais, e os números de inscrição na sua categoria profissional,
com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima
lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.
• II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório
multiprofissional, que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do
apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata
de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao
relatório multiprofissional por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a
sua entrega em entrevista devolutiva.
• Na atuação profissional, especialmente nas áreas da saúde, da
assistência social e do judiciário, tem se consolidado a nomenclatura
“Relatório Psicossocial”
LAUDO PSICOLÓGICO
É o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade
de subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a
demanda. Apresenta informações técnicas e científicas dos fenômenos
psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da
pessoa, grupo ou instituição atendida
• . I - O laudo psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico.
Deve conter narrativa detalhada e didática, com precisão e harmonia,
tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, em conformidade
com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

• II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o)


psicóloga(o), em conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009, ou outras
que venham a alterá-la ou substituí-la, e na interpretação e análise dos dados
obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos
cientificamente para uso na prática profissional, conforme Resolução CFP n.º
09/2018 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la.

• III - Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio


técnico/científico da profissional, fundamentado teórica e tecnicamente, bem
como suas conclusões e recomendações, considerando a natureza dinâmica e
não cristalizada do seu objeto de estudo.
• IV - O laudo psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo
processo de avaliação psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e
relacionadas à demanda e relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico,
o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação e/ou sugestão de
projeto terapêutico.

• V - Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes multiprofissionais, e havendo


solicitação de um documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou
informações decorrentes da avaliação psicológica poderão compor um documento
único.

• VI - Na hipótese do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre


informações necessárias ao cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional,
resguardando o caráter do documento como registro e a forma de avaliação em
equipe.

• VII - Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo psicológico em


conjunto com equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética
Profissional do Psicólogo.
Estrutura
• I - O Laudo Psicológico é composto de seis itens:
• a) Identificação;
• b) Descrição da demanda;
• c) Procedimento;
• d) Análise;
• e) Conclusão;
• f) Referências.
Identificação
I - Título: "Laudo Psicológico";
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou
nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio
demográficas;
III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento,
especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas,
instituições públicas ou privadas, pela(o) própria(o) usuária(o) do processo de
trabalho prestado ou por outras(os) interessadas(os);
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido;
V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social
completo da(do) psicóloga(o) responsável pela construção do documento, com
a respectiva inscrição no Conselho Regional de Psicologia.
Descrição da demanda
I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá
apresentar o raciocínio técnico-científico que justificará procedimentos
utilizados.
Procedimento
I - Cumpre, à(ao) autora(or) do laudo, citar as pessoas ouvidas no
processo de trabalho desenvolvido, as informações objetivas, o
número de encontros e o tempo de duração do processo realizado.

II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à complexidade


do que está sendo demandado e a(o) psicóloga(o) deve atender à
Resolução CFP n.º 09/2018, ou outras que venham a alterá-la ou
substituí-la.
Análise no laudo
• § 5.º Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve fazer uma exposição
descritiva, metódica, objetiva e coerente com os dados colhidos e situações
relacionadas à demanda em sua complexidade considerando a natureza
dinâmica, não definitiva e não-cristalizada do seu objeto de estudo.
• I - A análise não deve apresentar descrições literais das sessões ou atendimentos
realizados, salvo quando tais descrições se justifiquem tecnicamente.
• II - Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o
instrumental técnico utilizado, bem como os princípios éticos e as questões
relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for
necessário para responder a demanda, tal qual disposto no Código de Ética
Profissional do Psicólogo.
• III - A(o) psicóloga(o) não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos ou
teorias, devendo ter linguagem objetiva e precisa, especialmente quando se
referir a dados de natureza subjetiva.
Conclusão
• § 6.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve descrever
suas conclusões a partir do que foi relatado na análise, considerando
a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo.
• I - Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e intervenções,
diagnóstico, prognóstico e hipótese diagnóstica, evolução do caso,
orientação ou sugestão de projeto terapêutico.

• II - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de


emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional,
com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a
penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.

• III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do laudo, que este


não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de
identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de documento
extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao laudo por
parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista
devolutiva.
Referências
• § 7.º Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes
científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé,
preferencialmente.
• O título "Laudo Psicológico" deve ser usado independentemente da
orientação ou especificidade teórico-metodológica do processo. Se
quiser, o(a) psicólogo(a) poderá colocar um subtítulo especificando o
processo, por exemplo, "Laudo Psicológico – Avaliação
neuropsicológica”
• A hipótese diagnóstica ou o diagnóstico devem ter base
técnica-científica. A critério da(o) psicóloga(o), poderão ser usados
documentos classificatórios mundialmente reconhecidos na área da
saúde mental, tais como a Classificação Internacional das Doenças
(CID) ou o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM) em suas edições mais atuais, bem como outras teorias
reconhecidas na psicologia, desde que devidamente referenciadas.
Deve-se consultar a legislação vigente a fim de garantir a escrita
apropriada a demanda.
Laudo psicológico
• I. identificação

• Pessoa atendida: José João


• Solicitante: Joana silva
• Finalidade: Avaliação de quadro clínico depressivo (F-32.2)
• Autor: Rosi Vieira CRP : 00/000000
2. Descrição da Demanda

O presente laudo psicológico atendeu ao pleito do solicitante para


apresentação em processo de afastamento de atividades laborais. O
raciocínio técnico-científico utilizado foi com baseado na abordagem
cognitivo-comportamental e envolveu levantamento de dados, por
meio de aplicação de testes psicológicos, entrevistas semiestruturadas
e observações comportamentais do avaliando.
3. Procedimento

O raciocínio técnico-científico utilizado foi baseado na abordagem


cognitivo- comportamental e envolveu levantamento de dados, por
meio de aplicação de testes psicológicos, entrevistas semiestruturadas
e observações comportamentais do avaliando. O levantamento de
dados foi realizado entre os dias 01 de abril de 2022 a 20 de maio de
2022. No total, foram realizadas 8 (oito) sessões de avaliação
psicológica. Cada sessão teve a duração de 50 (cinquenta) minutos.
Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com o avaliando, sendo
de anamnese em 01/04/2022 e aplicação de questionários e escalas
para levantamento de sintomas depressivos em 08/04/2022
Esses questionários e escalas foram baseados em sintomas descritos
no DSM-5. Foram aplicados testes psicológicos nos dias 15/04/2022
(Escalas de Beck: BDI, BAI e BSI), 22/04/2022 (Escala Baptista de
Depressão – Versão Adulto) e 29/04/2022 (Pirâmides de Pfister –
Versão Adulto). As sessões realizadas durante o mês de abril também
envolveram observações das interações do avaliando, mediante às
tarefas solicitadas e relatos de situações vivenciadas. Nas sessões
realizadas nos dias 06 e 13/05/2022, foram apresentadas devolutivas
sobre os testes aplicados anteriormente com a discussão dos
resultados com o avaliando, permitindo questionamentos
complementares. Na sessão de 20/05/2022, foi entregue o laudo
psicológico e realizada a entrevista devolutiva.
4. Análise
No total, foram realizadas 8 (oito) sessões de avaliação psicológica.
Cada sessão teve a duração de 50 (cinquenta) minutos. Foram
realizadas entrevistas semiestruturadas com o avaliando, sendo de
anamnese em 01/04/2022 e aplicação de questionários e escalas para
levantamento de sintomas depressivos em 08/04/2022. Esses
questionários e escalas foram baseados em sintomas descritos no
DSM-5. Foram identificados sintomas de depressão relacionadas às
esferas cognitivas e comportamentais. O avaliando relata também
problemas relacionados à insônia. Nas seguintes datas foram aplicados
os respectivos testes psicológicos:
• Em 15/04/2022, foram aplicadas as Escalas de Beck, sendo os
inventários utilizados BDI, BSI e BAI, o avaliando teve pontuação para
classificação como depressão grave. Em 22/04/2022, foi aplicada a
Escala Baptista de Depressão – Versão Adulto, obtendo pontuação
suficiente para classificação como depressão grave. Em 29/04/2022,
foi aplicada o Teste das Pirâmides de Pfister – Versão Adulto, com
resultados para depressão. As sessões realizadas durante o mês de
abril também envolveram observações das interações do avaliando,
mediante às tarefas solicitadas e relatos de situações vivenciadas. Nas
sessões realizadas nos dias 06 e 13/05/2022, foram apresentadas
devolutivas sobre os testes aplicados anteriormente com a discussão
dos resultados com o avaliando, permitindo questionamentos
complementares. Na sessão de 20/05/2022, foi entregue o laudo
psicológico e realizada a entrevista devolutiva.
5. Conclusão
Sob os aspectos técnicos psicológicos, por meio do levantamento de dados
realizado entre os dias 01 de abril de 2022 a 20 de maio de 2022, conclui-se
que o avaliando encontra-se num quadro clínico depressivo (F-32.2). A
divulgação do diagnóstico neste documento foi autorizada pelo paciente.
Ressalta-se que a natureza dinâmica e não cristalizada da personalidade,
sendo possível a reversão sintomatológica do quadro apresentado,
mediante acompanhamento psiquiátrico para medicalização associado a
acompanhamento psicológico.
Recomenda-se a continuidade do acompanhamento com o psiquiatra e
com o psicólogo. O presente documento tem caráter sigiloso e
extrajudicial. Não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado
na finalidade exposta na identificação deste documento. O uso das
informações contidas neste relatório por parte da pessoa, grupo ou
instituição, após a sua entrega não é de responsabilidade do
profissional autor deste documento.
Referências: obs em nota de rodapé

Associação Psiquiátrica Americana (2020). Manual diagnóstico e


estatístico de transtornos mentais - DSM-V. Porto Alegre: ArtMed.
Baptista, M. N. (2011). Manual técnico da Escala Baptista de Depressão
em Adultos (EBADEP-A). VETOR Editora.
Villemor-Amaral, A. E. (2012). As pirâmides coloridas de Pfister. São
Paulo: Casa do Psicólogo.
Cunha, J. A. (2001). Manual da versão em português das Escalas Beck.
São Paulo: Casa do Psicólogo.
PARECER PSICOLÓGICO
O parecer psicológico é um pronunciamento por escrito, que tem
como finalidade apresentar uma análise técnica, respondendo a uma
questão-problema do campo psicológico ou a documentos
psicológicos questionados.
• I - O parecer psicológico visa a dirimir dúvidas de uma
questão-problema ou documento psicológico que estão interferindo
na decisão do solicitante, sendo, portanto, uma resposta a uma
consulta. II - A elaboração de parecer psicológico exige, da(o)
psicóloga(o), conhecimento específico e competência no assunto.
• III - O resultado do parecer psicológico pode ser indicativo ou
conclusivo.
• IV - O parecer psicológico não é um documento resultante do
processo de avaliação psicológica ou de intervenção psicológica.
Estrutura
• § 1.º O parecer psicológico deve apresentar as informações da
estrutura detalhada abaixo, em forma de itens.
• I - O Parecer é composto de cinco itens:
• a) Identificação;
• b) Descrição da demanda
• c) Análise;
• d) Conclusão;
• e) Referências.
Identificação
• I - Título: "Parecer Psicológico";
• II - Nome da pessoa ou instituição objeto do questionamento (ou do
parecer): identificação do nome completo ou nome social completo
e, quando necessário, outras informações sócio demográficas da
pessoa ou instituição cuja dúvida ou questionamento se refere;
• III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o
documento, especificando se a solicitação foi realizada pelo Poder
Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pela(o)
própria(o) usuária(o) do processo de trabalho prestado ou outros
interessados;
• IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido;
• V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome
social completo da(o) psicóloga(o) responsável pela construção do
documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de
Psicologia e titulação que comprove o conhecimento específico e
competência no assunto.
Descrição da Demanda
I - A descrição da demanda deve justificar a análise realizada.
Análise § 4.º A discussão da questão específica do Parecer Psicológico
se constitui na análise minuciosa da questão explanada e argumentada
com base nos fundamentos éticos, técnicos e/ou conceituais da
Psicologia, bem como nas normativas vigentes que regulam e orientam
o exercício profissional.
Conclusão
• § 5.º Neste item, a(o) psicóloga(o) apresenta seu posicionamento
sobre a questão-problema ou documentos psicológicos questionados.
• I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de
emissão, carimbo, em que conste nome completo ou nome social
completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional,
com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a
penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página.
• II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do parecer, que
este não poderá ser utilizado para fins diferentes do apontado no
item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de
documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao
parecer por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega
ao beneficiário, responsável legal e/ou solicitante do serviço
prestado.
Referências
• § 6.º Na elaboração de pareceres psicológicos, é obrigatória a
informação das fontes científicas ou referências bibliográficas
utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente.
Parecer Psicológico

• 1.Identificação

Parecerista – Assistente Técnica: Rosi Vieira– Psicóloga –CRP 00/0000


Solicitante: Mm. Sr. Juiz Dr. José João, da I Vara de Família Tangará da
Serra- MT.
Assunto: Validade de Avaliação Psicológica.
• 2.Descrição da Demanda
• O presente Parecer trata de solicitação do Mm. Sr. José João, da I Vara de
Família de Tangará da Serra, com a finalidade de analisar a validade de
Avaliação Psicológica. Tal “Avaliação Psicológica”, que se encontra nos
Autos do Processo Nº 000 / 2022 de Separação Judicial, é peça utilizada por
uma das partes como prova alegada de transtorno mental da parte que
ficou com a guarda dos filhos quando da separação, motivo pelo qual
requer do juiz a “revisão de guarda”. A parte, agora contestando, solicita a
invalidação da Avaliação Psicológica alegando que o documento não tem
respaldo ético legal, vez que o psicólogo era psicoterapeuta da parte que
está pleiteando a guarda. Diz ainda que aquela avaliação não está isenta da
neutralidade necessária, pois o psicólogo falou consigo apenas uma vez,
apresentando interpretações deturpadas. Requer, portanto, o Mm. Juiz,
Parecer sobre a validade da contestada Avaliação Psicológica.
3. Análise

A avaliação realizada, presente nos autos dos processos carece de


embasamento teórico e metodológico, utilizando-se de termos e conceitos de
senso comum. A avaliação feita, além disso, incorre na existência de vínculo
anterior referente à psicoterapia, que prejudica a imparcialidade necessária para
a avaliação psicológica neste contexto e fere os disposto no Código de Ética
Profissional do Psicólogo.
O documento produzido a partir da avaliação picólógica realizada apresenta
sérios erros em relação à sua fundamentação. O psicólogo embasa sua avaliação
principalmente no instrumento DISC, ferramenta que é considerada teste
psicológico, porém consta com o parecer desfavorável na lista do SATEPSI; o que
significa ser este um instrumento sem a devida fundamentação científica e
padronização para a população brasileira.… Ainda, elabora o documento em
desacordo com a resolução CFP 06/2019, que institui regras para a elaboração
de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício
profissional.
4.Conclusão
Verificaram-se algumas falhas na execução e descrição da avaliação
psicológica cujo relatório é parte dos autos do processo Nº 000 / 2022,
sendo estas… Sugere-se que o documento oriundo da avaliação
psicológica em tela seja desconsiderado como auxílio na decisão
judicial.
5. Referências

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional do


Psicólogo. Brasília, agosto de 2005. Disponível
em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psic
ologia.pdf

___________. Resolução CFP n.º 06/2019, que Institui regras para a


elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no
exercício profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP
nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019.
Observações:

O presente documento é de natureza sigilosa e deverá ser utilizado


apenas para a finalidade descrita no item 2.
Tangará da Serra22 de Outubro de 2022.

Rosi Vieira
Psicóloga Clínica
CRP 00/000000
Guarda dos Documentos e Condições de
Guarda
• Os documentos escritos decorrentes da prestação de serviços
psicológicos, bem como todo o material que os fundamentaram,
sejam eles em forma física ou digital, deverão ser guardados pelo
prazo mínimo de cinco anos, conforme Resolução CFP n.º 01/2009 ou
outras que venham a alterá-la ou substituí-la.
• § 2.º Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou em casos específicos em que as
circunstâncias determinem que seja necessária a manutenção da
guarda por maior tempo.
• § 3.º No caso de interrupção do trabalho da(do) psicóloga(o), por
quaisquer motivos, o destino dos documentos deverá seguir o
recomendado no artigo 15 do Código de Ética Profissional do
Psicólogo.
Destino e Envio de Documentos
Os documentos produzidos pela(o) psicóloga(o) devem ser entregues
diretamente ao beneficiário da prestação do serviço psicológico, ao seu
responsável legal e/ou ao solicitante, em entrevista devolutiva.
§ 1.º É obrigatório que a(o) psicóloga(o) mantenha protocolo de
entrega de documentos, com assinatura do solicitante, comprovando
que este efetivamente o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e
sigilo das informações contidas no documento.
§ 2.º Os documentos produzidos poderão ser arquivados em versão
impressa, para apresentação no caso de fiscalização do Conselho
Regional de Psicologia ou instâncias judiciais.
• O beneficiário do serviço prestado sempre tem direito ao documento
final, mesmo que este tenha sido solicitado por órgãos ou
instituições. Neste caso, cabe a entrevista devolutiva, que deve
funcionar como uma elucidação verbal daquilo que está escrito no
documento.
• Sugere-se que, quando se tratar de resultados pra CNH ou Polícia
Federal, entre outros, para o órgão seja liberado apenas aquilo que o
beneficiário necessita para o trâmite de suas ações, ficando a(o)
psicóloga(o) com a cópia do documento completo que foi repassado
ao cliente, assinado por este, comprovando a entrega.
Prazo de Validade do Conteúdo dos
Documentos
• § 1.º A validade indicada deverá considerar a normatização vigente
na área em que atua a(o) psicóloga(o), bem como a natureza
dinâmica do trabalho realizado e a necessidade de atualização
contínua das informações.
• § 2.º Não havendo definição normativa, o prazo de validade deve ser
indicado pela(o) psicóloga(o), levando em consideração os objetivos
da prestação do serviço, os procedimentos utilizados, os aspectos
subjetivos e dinâmicos analisados e as conclusões obtidas.
Entrevista Devolutiva
Para entrega do relatório e laudo psicológico, é dever da(o)
psicóloga(o) realizar ao menos uma entrevista devolutiva à pessoa,
grupo, instituição atendida ou responsáveis legais.
§ 1.º Na impossibilidade desta se realizar, a(o) psicóloga(o) deve
explicitar suas razões.
§ 2.º Nos demais documentos produzidos com base nesta resolução, é
recomendado à(ao) psicóloga(o), sempre que solicitado, realizar a
entrevista devolutiva.

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