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ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS

PSICOLÓGICOS
Valesca Pinheiro de Souza
O que veremos no Curso?
• Princípios norteadores de elaboração documental;
• Modalidades de Documentos Psicológicos;
• Relação entre documentos e avaliação psicológica;
• Compreender quais documentos psicológicos devem ser elaborados de acordo com as
demandas dos serviços profissionais;
• Diferenças entre os documentos;
• Conceito de cada documento;
• Finalidade dos documentos:
• Estrutura dos documentos;
• Ética na elaboração de documentos;
Princípios Norteadores da Elaboração de
Documentos
Técnicos da • Clareza
• Coesão
Linguagem • Concisão
Escrita • Harmonia

• Responsabilidade no uso das


Éticos e informações;
• Utilização de técnicas da
Técnicos ciência psicológica;
Documentos Elaborados pelo Psicólogo
• Declaração *
• Atestado psicológico
• Relatório / laudo psicológico
• Parecer psicológico *

*Não são documentos provenientes de avaliação psicológica


DECLARAÇÃO
Conceito e finalidade da declaração:
• É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas
relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar:
a) Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário;
b) Acompanhamento psicológico do atendido;
c) Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento,
dias ou horários).
Neste documento não deve ser feito o registro de sintomas, situações ou estados
psicológicos.
Estrutura da Declaração
• Pode ser emitida em papel timbrado ou apresentar na subscrição do documento o carimbo,
em que conste nome e sobrenome do psicólogo, acrescido de sua inscrição profissional
(“Nome do psicólogo / N.º da inscrição”).
A declaração deve expor:
• Registro do nome e sobrenome do solicitante;
• Finalidade do documento (por exemplo, para fins de comprovação);
• Registro de informações solicitadas em relação ao atendimento (por exemplo: se faz
acompanhamento psicológico, em quais dias, qual horário);
• Registro do local e data da expedição da declaração;
• Registro do nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as
mesmas informações. Assinatura do psicólogo acima de sua identificação ou do
carimbo.
Modelo de Declaração:

DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO DECLARAÇÃO

Declaro, para os fins de Declaro, para fins de Declaro, para fins de


comprovação, que o Sr. comprovação, que o Sr. comprovação, que o Sr.
Machado de Assis faz Graciliano Ramos, está sendo Graciliano Ramos, está sendo
acompanhamento psicológico submetido a acompanhamento submetido a acompanhamento
neste Consultório de Psicologia , psicológico, sob meus cuidados psicológico, sob meus cuidados
desde janeiro de 2017, sob meus profissionais, comparecendo às profissionais, comparecendo às
cuidados profissionais. sessões todas às quintas-feiras, sessões todas às quintas-feiras,
no horário das 17:00 h. no horário das 17:00 h.
Natal, 24 de Setembro de 2017
Natal, 24 de Setembro de 2017 Natal, 24 de Setembro de 2017
______________________
Valesca Pinheiro de Souza ______________________ ______________________
Psicóloga – CRP 17/1093 Valesca Pinheiro de Souza Valesca Pinheiro de Souza
Psicóloga – CRP 17/1093 Psicóloga – CRP 17/1093
PARECER
Conceito e finalidade do parecer
Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do
campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo.
O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do
conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma
“questão problema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão,
sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde
competência no assunto.
Estrutura do Parecer
• O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado,
destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos
apontados e com fundamento em referencial teórico-científico.
• Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e
convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta.
• Quando não houver dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser
categórico, deve-se utilizar a expressão “sem elementos de convicção”.
• Se o quesito estiver mal formulado, pode-se afirmar “prejudicado”, “sem
elementos” ou “aguarda evolução”.
Estrutura do Parecer
• O parecer é composto de 4 (quatro) itens:
Identificação: Consiste em identificar o nome do parecerista e sua titulação, o nome
do autor da solicitação e sua titulação.
Exposição de motivos: Destina-se à transcrição do objetivo da consulta e dos
quesitos ou à apresentação das dúvidas levantadas pelo solicitante. Deve-se
apresentar a questão em tese, não sendo necessária, portanto, a descrição
detalhada dos procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos.
Estrutura do Parecer
Análise: A discussão do PARECER PSICOLÓGICO se constitui na análise minuciosa
da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos necessários
existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológica.
Nesta parte, deve respeitar as normas de referências de trabalhos científicos para
suas citações e informações.

Conclusão: Na parte final, o psicólogo apresentará seu posicionamento,


respondendo à questão levantada. Em seguida, informa o local e data em que foi
elaborado e assina o documento.
Modelo II. Exposição de Motivos

O presente Parecer trata de solicitação do Mm. Sr. Juiz


Dr. Manoel Bandeira da 26ª Vara Familiar, da
Comarca de Natal, sobre a validade de Avaliação
Psicológica. A Avaliação Psicológica, que se encontra
nos Autos do Processo Nº 000 / 2001 de Separação
Judicial, é peça utilizada por uma das partes como
Parecer prova alegada de incapacidade emocional da parte
que ficou com a guarda dos filhos quando da
separação, motivo pelo qual requer do juiz a “revisão
I. Identificação de guarda”. A parte, agora contestando, solicita a
invalidação da Avaliação Psicológica alegando que o
PARECERISTA: Valesca Pinheiro documento não tem respaldo ético legal, vez que o
de Souza – CRP 17/1093 psicólogo era muito amigo da parte que está
SOLICITANTE: Mm. Sr. Juiz Dr. pleiteando a guarda. Diz ainda que aquela avaliação
não está isenta da neutralidade necessária, pois o
Manuel Bandeira psicólogo deu informações baseadas na versão do
Da 26 ª Vara Familiar da Comarca “amigo” e que consigo só falou uma vez, apresentando
de Natal interpretações pessoais e deturpadas.
ASSUNTO: Validade de Avaliação Requer, portanto, o Mm. Juiz, Parecer sobre a validade
Psicológica. da contestada Avaliação Psicológica.
IV. Conclusão
III. Discussão
Diante do exposto, considera-se que o documento
A análise foi realizada a partir do documento
apresentado tem a validade prejudicada pela
apresentado por profissional de psicologia,
ausência de explicitação da metodologia, incorreção
constante nos autos do processo. O exame do
na estrutura e ausência de endereçamento.
documento levou em consideração as orientações
técnicas da resolução 007/2003 para elaboração de
documentos psicológicos bem como o arcabouço
teórico metodológico e as exigências éticas da
ciência psicológica.
Observa-se que o documento não apresenta as
estratégias e técnicas que respaldam suas
inferências sobre a situação analisada, tampouco
trazem um endereçamento claro ou definição do
tipo de documento, embora seja intitulado
“Relatório Psicológico” carece da estrutura
compatível com o modelo descrito na resolução
007/2003 do Conselho Federal de Psicologia. ______________________
Valesca Pinheiro de Souza
Psicóloga – CRP 17/1093
Avaliação Psicológica e Testagem
Psicológica
• Avaliação: é um processo amplo que envolve a integração de
informações provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes,
entrevistas, observações e análise de documentos.

• Testagem: A testagem psicológica pode ser considerada uma


etapa da avaliação psicológica, que implica a utilização de teste(s)
psicológico(s) de diferentes tipos.
Etapas da Avaliação Psicológica
• Levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do indivíduo ou grupo a ser
avaliado. Tal processo permite a escolha dos instrumentos/estratégias mais adequados
para a realização da avaliação psicológica;
• Coleta de informações pelos meios escolhidos (entrevistas, dinâmicas, observações e
testes projetivos e/ou psicométricos, etc.). É importante salientar que a integração dessas
informações devem ser suficientemente amplas para dar conta dos objetivos pretendidos
pelo processo de avaliação.
• Não é recomendada a utilização de uma só técnica ou um só instrumento para a avaliação;
• Integração das informações e desenvolvimento das hipóteses iniciais. Diante destas, o
psicólogo pode constatar a necessidade de utilizar outros instrumentos/estratégias de
modo a refinar ou elaborar novas hipóteses;
Etapas da Avaliação Psicológica
• Indicação das respostas à situação que motivou o processo de avaliação e
comunicação cuidadosa dos resultados, com atenção aos procedimentos éticos
implícitos e considerando as eventuais limitações da avaliação.
Respostas fornecidas pela Avaliação
Psicológica
Visa a compreensão das características psicológicas da pessoa ou de
um grupo. Essas características podem se referir:
• À forma como as pessoas irão desempenhar uma dada atividade,
• À qualidade das interações interpessoais que elas apresentam;
• Aptidão para determinadas funções;

Assim, dependendo dos objetivos da avaliação psicológica, a


compreensão poderá abranger aspectos psicológicos de natureza
diversa.
Limites da Avaliação Psicológica

• Como o comportamento humano é resultado de uma complexa


teia de dimensões inter-relacionadas que interagem para produzi-
lo, é praticamente impossível entender e considerar todas as
nuances e relações a ponto de prevê-lo deterministicamente.

• As avaliações têm um limite em relação ao que é possível entender


e prever.

• Entretanto, avaliações calcadas em métodos cientificamente


sustentados chegam a respostas muito mais confiáveis que
opiniões leigas no assunto ou o puro acaso.
Instrumentos ou Estratégias

• A aprovação no SATEPSI
• A simples aprovação no SATEPSI não significa que o teste possa ser usado
em qualquer contexto, ou para qualquer propósito.
• No novo formulário de avaliação dos testes psicológicos, foram descritos
cinco propósitos mais comuns: classificação diagnóstica, descrição,
predição, planejamento de intervenções e acompanhamento;
• Também são definidos vários contextos de aplicação: Psicologia clínica,
Psicologia da saúde e/ou hospitalar, Psicologia escolar e educacional,
neuropsicologia, Psicologia forense, Psicologia do trabalho e das
organizações, Psicologia do esporte, social/comunitária, Psicologia do
trânsito, orientação e ou aconselhamento vocacional e/ou profissional e
outras.
Cuidados na Aplicação dos Testes

• Condições do aplicador
• Permissão de uso de um determinado teste
• Condições de aplicação
• Características do material
• Protocolos respondidos – é necessário que sejam mantidos
arquivados, bem como conservados sob sigilo.
Competências do Psicólogo para realizar
Avaliação Psicológica
• Ser Psicólogo;
• Ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia,
dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento, inteligência,
memória, atenção, emoção, etc, construtos esses avaliados por
diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas;
• Ter domínio do campo da psicopatologia, para poder identificar
problemas graves de saúde mental ao realizar diagnósticos;
Competências do Psicólogo para realizar
Avaliação Psicológica
• Possuir um referencial solidamente embasado nas teorias psicológicas;
• Ter conhecimentos da área de psicometria, para poder julgar as questões de
validade, precisão e normas dos testes, e ser capaz de escolher e trabalhar de
acordo com os propósitos e contextos de cada um;
• Ter domínio dos procedimentos para aplicação, levantamento e interpretação
do(s) instrumento(s) utilizados para a avaliação psicológica.
Cuidados na escolha de um
Teste Psicológico
• Consultar o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos;

• Consultar o manual do referido teste, de modo a obter informações


adicionais acerca do construto psicológico que ele pretende medir
bem como sobre os contextos e propósitos para os quais sua
utilização se mostra apropriada.
Cuidados para utilizar um
Teste Psicológico

• Verificar se as pessoas estão em condições físicas e psíquicas para


realizar o teste;
• Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para realizar
o teste, sejam elas físicas ou psíquicas;
• Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu manual;
• Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do vestuário dos
aplicadores e de outros estímulos que possam interferir na aplicação.
Princípios Éticos básicos que regem o
uso da Avaliação Psicológica
• Contínuo aprimoramento profissional visando ao domínio dos
instrumentos de avaliação psicológica;
• Utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com
parecer favorável do CFP que se encontram listados no SATEPSI;
• Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o
profissional esteja qualificado;
• Realização da avaliação psicológica em condições ambientais
adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações
obtidas;
Princípios Éticos básicos que regem o
uso da Avaliação Psicológica
• Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros
e de acesso controlado;
• Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas
àqueles com o direito de conhecê-las;
• Proteção da integridade dos testes, não os comercializando,
publicando ou ensinando àqueles que não são psicólogos.
Relação entre documentos e Avaliação
Psicológica
• A avaliação psicológica é um processo técnico e científico
realizado com pessoas ou grupos de pessoas que, de acordo
com cada área do conhecimento, requer metodologias
específicas;
• Ela é dinâmica, e se constitui em fonte de informações de
caráter explicativo sobre os fenômenos psicológicos;
Relação entre documentos e Avaliação
Psicológica
• Tem a finalidade de subsidiar os trabalhos nos diferentes
campos de atuação do psicólogo, dentre eles, saúde,
educação, trabalho e outros setores em que ela se fizer
necessária;
• Trata-se de um estudo que requer um planejamento prévio
e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins aos quais a
avaliação se destina

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