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Revista Ibero‐Americana de

Journals Homepage:
www.sustenere.co/journals Ciências Ambientais, Aquidabã,
v.5, n.2, Jun, Jul, Ago, Set, Out, Nov
2014.
HORTA NA ESCOLA: UMA FORMA DIDÁTICA DE
TRABALHAR A SUSTENTABILIDADE ISSN 2179‐6858
RESUMO
SECTION: Articles
A horta didática na escola vem ganhando espaço no processo de ensino e TOPIC: Educação Ambiental
aprendizagem de alunos acerca das questões ambientais. Dessa forma, no Centro
Regional de Educação Especial de Mossoró/RN – CREE-MOS, buscou-se mostra o
valor da horta orgânica no âmbito escolar e sua contribuição educacional no
processo ensino sobre as gestões ambientais, bem como falar da importância de se
ter mais formações nas escolas. No CREE-MOS constatou que o quadro de
professore é formado, em sua maior maioria, por pessoas do gênero masculino. No DOI: 10.6008/SPC2179‐6858.2014.002.0004
que diz respeito ao envolvimento dos alunos em hortas didáticas, 42% dos
entrevistados afirmaram que é possível envolve-os através de aulas práticas e
outros 32% expuseram que o mais provável seria através da alimentação dos
alunos, entre outras práticas. A coleta de dados foi realizada no mês de julho a
agosto 2013, com o acompanhamento de registro fotográfico. Durante a coleta de
dados aplicou-se dois questionários, um antes da formação e o outro após a Vanessa Tainara da Cunha
formação. A análise dos dados foi feita no Microsoft® Excel versão 2013 e Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
transformado em gráficos para melhor apresentação e entendimento da situação. http://lattes.cnpq.br/3302251128340486
Dessa forma conclui-se que a forma de ensino através da horta didática é tainara.vanessa@yahoo.com
fundamental no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, levando em
consideração que a mesma trabalha os princípios de meio ambiente e Andrezza Grasielly Costa
sustentabilidade, como também que a formação de professores sobre as questões Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
ambientais é primordial para o desenvolvimento sustentável. http://lattes.cnpq.br/4536779734693311
andrezza_grasielly@hotmail.com
PALAVRAS-CHAVES: Sustentabilidade; Horta Didática; Educação; Questões
Ambientais. Emanoela Magna da Cunha
Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
http://lattes.cnpq.br/0759817284962400
emanoelacunha@hotmail.com

VEGETABLE GARDEN AT SCHOOL: A DIDACTIC WAY Valeria Tatiany da Cunha


Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
TO SUSTAINABILITY WORK http://lattes.cnpq.br/4826423988828349
valeriatatiany@yahoo.com.br
ABSTRACT
Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira
The vegetable garden at school is becoming increasingly important in the teaching Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
and learning of students on environmental issues. Thus, the Regional Center for http://lattes.cnpq.br/2217661943948945
Special Education - CREE-MOS, Mossley/RN, we attempted to show the value of ludimilla@ufersa.edu.br
the organic garden in the school and its educational contribution in the teaching of
environmental managements, as well as talk about the importance of having more Isaac Rodrigo da Costa Macedo
training in schools. In the CREE-MOS observed that the teaching staff is formed, for Universidade Federal Rural do Semi‐Árido, Brasil
the most mostly by male individuals. With regard to the involvement of students in http://lattes.cnpq.br/7234326463705035
teaching vegetable garden, 42% of respondents said they can wrap them through jeamluck@hotmail.com
practice and another 32% have exposed that most likely would be by feeding the
students, among other practical. Data collection was conducted in the month July-
August, 2013, with accompanying photographic record. During the data collection
was applied two questionnaires, one before training and one after training. Data
analysis was done in Microsoft ® Excel version 2013, and transformed into graphics
for better presentation and understanding of the situation. Thus we conclude that the Received: 30/03/2014
form of education through teaching vegetable garden is essential in teaching and Approved: 11/15/2014
learning process of students, taking into consideration that it works the principles of Reviewed anonymously in the process of blind peer.
environment and sustainability, as well as the training of teachers on issues
environment is essential for sustainable development.

KEYWORDS: Sustainability; Vegetable Garden at School; Education; Environmental Referencing this:


Issues.
CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V.
T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C..
Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a
sustentabilidade. Revista Ibero‐Americana de Ciências
Ambientais, Aquidabã, v.5, n.2, p.38‐48, 2014. DOI:
http://dx.doi.org/10.6008/SPC2179‐
6858.2014.002.0004

Revista Ibero‐Americana de Ciências Ambientais (ISSN 2179‐6858)


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Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a sustentabilidade

INTRODUÇÃO

A degradação ambiental é uns dos maiores problemas enfrentado nos dias atuais pela
população, devido à mesma afetar de forma direta e indireta a fauna e a flora. Com isso, a
conservação do meio ambiente surge como uma questão de sobrevivência para o homem, e
através da mesma, nasce à necessidade de conscientização da sociedade. Nesse contexto, a
educação ambiental (EA) apresenta grande importância na formação dos indivíduos na sociedade,
carecido da constante busca pela sensibilização e conscientização do homem a cerca do meio
ambiente (LOPES, 2011).
As questões ambientais surgem no final dos anos 60 e no começo da década de 70,
decorrente de uma crise de civilização, na qual se manifesta pelo fracionamento do conhecimento
e pela degradação do ambiente, degradação está que foi advindo do desenvolvimento tecnológico
e ao capitalismo (LEFF, 2000). No Brasil foi sancionada uma lei que dispõe sobre educação
ambiental, a Lei de n° 9.795 de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA) visando a capacitação de recursos humanos; o desenvolvimento de estudos, pesquisas e
experimentações; bem como a produção e divulgação de material educativo; e o
acompanhamento e avaliação (BRASIL, 1999).
A escola é um ambiente imprescindível na formação de indivíduos, responsáveis e aptos a
colaborar e decidir sobre questões sociais, restituindo suas relações com o meio onde vivem.
Visando isso a educação ambiental torna-se uma prática indispensável para se alcançar a relação
homem e natureza. Nesse sentido, a Educação Ambiental passa a ter uma relevante importância
para a formação do indivíduo, pois o ambiente escolar contribui para as tomadas de decisões a
cerca dos problemas da sociedade, transmitindo às crianças e jovens informações, auxiliando nas
pesquisas, formando uma comunidade responsável pelo meio social e buscando restabelecer a
harmonia entre o ser humano e o ambiente (SILVEIRA, 2014).
A implantação de hortas didáticas é uma forma de se trabalhar diversas atividades
pedagógicas em educação ambiental, sendo um laboratório vivo que auxilia não só no contexto
ambiental como no ensino como um todo, possibilitando trabalhar de forma interdisciplinar, o que
promove um maior aprendizado por parte dos discentes, dando a oportunidade de aprender na
prática o que é ensinado em sala de aula.
Dentre os benefícios proporcionados pela horta na escola podemos citar o
comprometimento de toda a comunidade escolar com o ambiente; promover estudos, pesquisas,
debates e atividades sobre as questões ambiental, alimentar e nutricional; gerar conhecimentos
práticos para a produção de alimentos saudáveis, especialmente hortaliças para enriquecer a
alimentação escolar; estimular momentos dinâmicos, participativos, prazerosos, que envolvam
toda a comunidade escolar e os diversos conhecimentos adquiridos em várias disciplinas; bem
como proporcionar descobertas a respeito da nossa realidade local e das alternativas de

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CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V. T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C.

mudanças; reeducar e estimular um estilo de alimentação saudável, entre outras melhorias


(BRASIL, 2009).
A busca pela sustentabilidade em pleno século XXI torna-se fundamental decorrente das
práticas inadequada para com os recursos naturais. A agricultura convencional representa uma
parcela ampla neste processo de degradação ambiental, pois ao longo dos tempos, por meio do
uso indiscriminado do solo e agrotóxicos vêm gerando problemas de degradação socioambiental.
Dessa forma a produção orgânica vem ganhando espaço no mercado, graças à agricultura
familiar, produção está que leva em consideração a sustentabilidade do meio ambiente.
Dessa forma o trabalho em estudo tem como objetivo mostra a valor da horta orgânica no
âmbito escolar e sua contribuição educacional no processo ensino e aprendizado sobre as
gestões ambientais, bem como falar da importância de se ter mais formações nas escolas.
Formações estas que contribui para sustentabilidade ambiental.

REVISÃO TEÓRICA

O Papel da Horta Didática no Âmbito Escolar

Diante dos problemas ambientais que o planeta vem sofrendo devido a inúmeros impactos
de grandes magnitudes, a educação atua com um importante papel na forma na formação dos
cidadãos, através da exposição desses problemas, apresentando causas e soluções, de maneira
que possa proporcionar uma consciência crítica ambiental, como também alimentar, a respeito
dessas questões (BRASIL, 2007).
A horta pode ser definida como um local onde são concentradas todas as
atividades referentes à produção de hortaliças (JORGE et al., 2012). No contexto escolar a horta é
vista como sendo uma estratégia de educar para o ambiente, para a alimentação e para a vida, a
medida que tais princípios são colocados em prática e incorporados à formação dos cidadãos no
âmbito escolar. Sendo vista como um laboratório, a horta proporciona ao aluno o contato direto
com a natureza, permitindo trabalhar tanto a consciência crítica como a parte alimentar, através
do desenvolvimento sustentável dando ênfase a produção orgânica e o consumo de hortaliças na
alimentação escolar, bem como aliar a teoria à prática, o que facilita o aprendizado dos discentes.
A produção de hortaliças orgânicas atua como uma terapia ocupacional, manutenção ou
melhoria da saúde e prevenção de doenças, devido à mesma não fazer uso de insumos
inorgânicos. Além destas virtudes, a horta orgânica na escola vem contribuindo no processo
ensino-aprendizagem, de forma que incentiva alunos e professores a consumirem hortaliças, e em
contra partida mostra o valor da produção orgânica e consequentemente a importância do meio
ambiente para as presentes e futuras gerações, através de formações, paletas, aulas teóricas e
práticas.

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Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a sustentabilidade

O SEBRAE (2006) define agricultura orgânica como sendo ‘um sistema de produção
agrícola que tem por objetivo preservar a saúde do meio ambiente, a biodiversidade, os ciclos e
as atividades biológicas do solo, enfatizando o uso de práticas de manejo em oposição ao uso de
elementos estranhos ao meio rural’. Para Altieri e Nicholls (2003) ‘A agricultura orgânica refere-se
a um sistema de produção cujo objetivo é manter a produtividade agrícola, evitando ou reduzindo
significativamente o uso de fertilizantes sintéticos e pesticidas’. Os Autores mostram abaixo a
valor da mesma para a economia do país:
A produção orgânica estar presente em todo o mundo e cresce rapidamente. Na Europa,
existem 3,5 milhões de hectares em produção orgânica certificada. Na Alemanha, são 8.000
produtores orgânicos que ocupam cerca de 2% da ·área total cultivada. Na Itália, h· 18.000 e na
Áustria outros 20.000, que representam quase 10% do total produzido pela agricultura. Na
América do Norte, aproximadamente 1,1 milhões de hectares estão em produção orgânica
certificada, com 12.500 produtores somente nos Estados Unidos, o que permitiu, de 1992 a 1997,
dobrar a ·real essa produção. Em 1999 a venda dos produtos orgânicos gerou US$ 6 bilhões em
lucro. Na Califórnia, esses produtos constituem um dos segmentos da economia agrícola que
mais cresce, com incremento anual nas vendas de 20 a 25%, nos ̇últimos seis anos.
Este processo de sustentabilidade ocorre através do não uso de fertilizantes sintéticos de
alta solubilidade e agrotóxicos, sem falar nos reguladores de crescimento e aditivos sintéticos para
a alimentação animal. Dessa forma o sistema orgânico resulta na garantia de alimentos saudáveis
contribuindo assim para a sanidade do solo, da água e do ar, contribuindo de forma significativa
para à saúde da população e meio ambiente. Este sistema orgânico busca a maximização de
benefícios sociais, diminuição de dependência de energia não renovável, não utilização de
organismo geneticamente modificado entre outros benefícios.

Trabalhando a Interdisciplinaridade

De acordo com Ramos et al. (2009) os profissionais da educação acreditam que a relação
direta com os alimentos da horta possa favorecer ao consumo do próprio sustento, plantado e
colhido pelos alunos, e que eles sentem-se atraídos a esse consumo, tornando-se uma prática de
incentivo fazendo com que o aluno adote hábitos saudáveis, favorecendo também para que seus
alimentos sejam aderidos à dieta alimentar diária da família do discente.
Em sala de aula é possível professores trabalharem a interdisciplinaridade com o conteúdo
horta e não só a questão de meio ambiente e sustentabilidade. Em português pode trabalhar com
redação sobre a importância da horta, concurso de poesia, jornal entre outra. Já em matemática
representar percentualmente os alimentos que são mais consumidos na região em cada época do
ano; geografia pode trabalhar com a influência do clima e do solo na produção de cada hortaliça;
ciências (Quais são os nutrientes presentes em cada hortaliça produzida na horta da sua escola?
Qual a função de cada um desses nutrientes no nosso organismo?); história (Como era a

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CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V. T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C.

alimentação no Brasil em 1500? O que mudou? Por quê? Qual o país de origem de cada hortaliça
produzida na horta da sua escola? Qual a influência da cultura na produção e consumo de
determinados alimentos?) entre outras disciplinas (ROCHA, 2009).
Outras atividades de cunho ambiental que podem ser trabalhadas em sala de aula com o
intuito de contribui para que o aluno tenha uma compreensão de mundo e assim poder intervir em
seu ambiente nas soluções dos problemas ambientais são: músicas ecológicas, as danças, os
desenhos, as cantigas de rodas, as lendas amazônicas. Também é importante dentro do conteúdo
ambiental na sala de aula explorando o regional (local) favorece assim o ensino e a aprendizagem
do aluno, pois a sua vivência e a sua experiência de vida são levadas em conta no ato de
aprender, pois o aluno interage mais favorecendo assim seu conhecimento (CRUZ & LIRA, 2012).

Lei n° 9.795/99: Política Nacional de Educação Ambiental

A Lei n° 9.795 de 27 de abril de 1999 que institui a Política Nacional de Educação


Ambiental (PNEA), discorre sobre educação ambiental como um componente essencial e
permanente da educação nacional, na qual se torna indispensável em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. No Art. 1o da referida Lei a
educação ambiental é abordada como técnicas por meio dos quais os indivíduos e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida
e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).
De acordo com PNEA, em seu Art. 9o considera educação ambiental na educação escolar
a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições seja ela de ensino público ou privado,
sendo que para isso precisa-se que englobando a educação básica (educação infantil; ensino
fundamental e ensino médio); educação superior; educação especial; educação profissional e
educação de jovens e adultos. Dessa forma, através da educação, independentemente do grau de
estudo, o cidadão venha a ter o conhecimento do que seja sustentabilidade e sua importância
para a natureza (BRASIL, 1999).
Para Cruz e Lira (2012) a educação ambiental surge como uma prática transformadora na
qual tenta buscar soluções para os problemas ambientais produzidos por um modelo econômico
exploratório e predatório. Dessa forma, a mesma busca criar no aluno uma consciência crítica
acerca da sociedade, como encontrar soluções aos seus diversos problemas é um exemplo. Com
isso o Autor observa a leitura crítica como a possibilidade de difundir a educação ambiental, pois a
mesma torna-se uma aliada no processo de construção e reconstrução ao modelo social. Visto
que a construção e o desenvolvimento do pensamento crítico do aluno, alicerçado pelo uso do
diálogo entre professor e aluno é um processo que leva tempo para ser consolidado. Portanto, é
na abordagem construtiva onde o aluno torna-se o sujeito histórico, pois, o conhecimento nasce

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Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a sustentabilidade

da relação estabelecida entre sujeito-objeto, e é nesse processo de interação, de construção e


reconstrução que surge o conhecimento.

METODOLOGIA

A pesquisa em estudo foi realizada no Centro Regional de Educação Especial de


Mossoró/RN CREE-MOS, que é uma instituição pública estadual que oferece atendimento
educacional para estudantes com necessidades especiais. O município de Mossoró está
localizado no interior do estado do Rio Grande do Norte, pertence à mesorregião do Oeste
Potiguar e à microrregião homônima. A cidade está localizada entre as capitais Natal (RN) e
Fortaleza (CE), distando cerca de 278 e 245 km, respectivamente. Limita-se ao norte como
Estado do Ceará e o Município de Grossos; ao sul com os Municípios de Governador Dix-Sept
Rosado e Upanema; ao leste com Areia Branca e Serra do Mel; e a oeste com Baraúna. De
acordo com dados do IBGE (2014) o município possui 259.815 habitantes, área territorial de
2.099,333 km² e de bioma caatinga. O período chuvoso vai de fevereiro à abril, e a temperatura
média é de 27,4 °C a 70% de umidade relativa.

Figura 1: Localização Geográfica do Município de Mossoró (RN).


Fonte: Google Maps.

A coleta de dados foi realizada no mês de julho a agosto 2013, com o acompanhamento de
registro fotográfico. Utilizou-se a pesquisa qualitativa, pautando-se na documentação direta,
através de observações e entrevistas, bem como indireta com pesquisas bibliográficas e pesquisa
documental. Durante a coleta de dados aplicou-se dois questionários, um antes da formação com
o intuito de saber se os professores tinham envolvimento com algum projeto na área ambiental,
como também o grau de conhecimento a respeito da diferencia entre horta convencional e horta
orgânica, entre outros questionamentos. Já o segundo questionário foi aplicado depois da
formação, com intuito de saber qual a importância da mesma para eles quanto professor.
Durante a formação foi realizada uma dinâmica que proporcionou uma maior interação
entre os palestrantes e os professores, através da construção de uma cara coletiva, no qual cada

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CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V. T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C.

pessoa desenhava uma parte da cara coletiva e passava para o colega ao lado. Além disso, o
objetivo da dinâmica era mostrar que é possível trabalhar de forma coletiva e interativa com a
participação de todos (Figura 2).

Figura 2: Momento Interativo entre os Participantes Durante a Realização da Dinâmica.

Ao final da formação foi possível apresentar na prática algumas formas de trabalhar a


sustentabilidade, como também dar a oportunidade aos professores de pôr em prática os
conhecimentos adquiridos durante a ministração (Figura 3).

Figura 3: Plantio após a Formação dos Professores.

RESULTADOS

Dados Relacionados a Pré-Formação dos Professores

A análise dos dados foi feita no Microsoft® Excel versão 2013 e transforma em gráficos
para melhor apresentação e entendimento da situação. O quadro de professores do CREE-MOS é
formado, em sua maior maioria, por pessoas do gênero masculino, como está representado no
Gráfico 4. De acordo com os dados de Brasil (2009) o gênero feminino prevalece na sala de aula
como em creches, na pré-escola e nos anos iniciais do ensino fundamental, um percentual que
representa 98%, 96% e 91%, respectivamente. No entanto, no ensino fundamental os homens
representa uma porcentagem de 8,8%, e 25,6% nos anos finais e chegam a 35,6% no ensino
médio.

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Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a sustentabilidade

Feminio
44%
Masculino
56%

Masculino Feminio

Gráfico 1: Percentagem por Gênero dos Profissionais que Formam o Quadro de Professores do CREE-
MOS.

Quanto ao grau de escolaridade grande partes dos professores possuem uma


especialização na área de ensino, e apenas 11% tem apenas o nível superior, e nenhum deles
apresentam nível de mestrado ou doutorado (Gráfico 2). Dados relevam que no Rio Grande do
Sul, no ano de 2010, constatou-se que 832 dos professores possuem apenas o ensino
fundamental, e 27.600 docentes com ensino médio completo, já os professores com nível superior
chegou a 84.488 (FERRON et al., 2011).

11%

89%

Apenas 2° grau Graduação


Especialização Outros

Gráfico 2: Grau de Escolaridade dos Professores do CREE-MOS em Percentagem.

Como tipifica o Gráfico 3, os profissionais que atuam no CREE-MOS possuem logos anos
de experiência na área educacional, onde 67% atua a mais de 10 anos na educação. Apenas 11%
estão no início da carreira, ou atuam a menos de 5 anos. Segundo Pedro e Peixoto (2006), em
sua pesquisa houve a predominância de docentes que atuava na área de 7 a 15 anos, o que
representou 41,8% da amostra, e os demais que estão de 1 a 6 anos e de 16 anos a 26 anos
representou 21,9% para ambos os grupos.

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CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V. T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C.

11%

11%

11%

67%

Menos de 1 ano De 1 a 5 anos

De 6 a 10 anos Mais de 10 anos


Gráfico 3: Percentual do Tempo de Atuação dos Professores do CREE-MOS na Área.

É perceptível que a em sua totalidade, os professores possui um considerável período de


tempo dentro da sala de aula, o que facilita o desenvolvimento de novas atividades e a
colaboração por parte dos mesmos para que haja uma maior interação por parte dos alunos nessa
atividade.

Dados Relacionados a Pós-Formação dos Professores

Todos os professores relataram ter conhecimento a respeito do questionamento sobre o


que é sustentabilidade. Bem como, sobre a importância de uma horta, e se os mesmos tinham
ciência da importância de se trabalhar com hortas orgânicas ao invés de se utilizar o método
convencional. No quesito sustentabilidade citaram a utilização dos recursos naturais sem agredir o
meio ambiente, como também fazer uso desses recursos de forma consciente. Sobre a
importância da horta muitos falaram de termos que envolviam uma alimentação saudável. E, no
que se refere a utilização do manejo orgânico ao invés do convencional citaram a não utilização
de agroquímicos, e um deles mencionou que a horta ‘orgânica traz benefício a saúde do homem,
enquanto que a convencional prejudica, através do uso de agrotóxicos para combater as pragas’.
Apesar de todos terem afirmado ter conhecimento a respeito dos assuntos levantados, é
perceptível nos comentários deles a ausência de uma resposta mais técnica, visto que os
professores não tem conhecimentos aprofundados na temática abordada, e há uma carência por
parte de todos os profissionais sobre o assunto, como pode ser comprovado por todos nos
questionários aplicados após a formação.
Gráfico 4 representa a possibilidade dos profissionais envolver os alunos em projetos de
hortas didáticas, e 42% afirmaram que é possível envolver os alunos através de aulas práticas e
outros 32% expuseram que isso seria possível na alimentação dos alunos. Na pesquisa de Cruz-
silva, Munaretto e Mantovani (2011) todos os professores entrevistados acreditam que a utilização
da horta como laboratório facilitará as aulas práticas com os alunos.

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Horta na escola: uma forma didática de trabalhar a sustentabilidade

Outros Através de
5% ilutrações
16%
Na Adotando
alimentaçã uma
o árvore
32% 5%

Aulas
práticas
42%

Gráfico 4: Possibilidade dos Professores Envolver os Alunos em Projetos de Hortas Didáticas, em


Percentagem.

Após a formação um novo questionário foi aplicado, no qual indagava sobre a importância
da formação, e a importância da atividade extra escolar. Todos os participantes acharam a
formação importante, alegando a transmissão de informações que não tinham conhecimento,
como também os levaram a fazer uma reflexão diante de toda a temática. Um deles citou: “Nos
aprimoramos de informações importantes para nossa prática de sala de aula e de vida pessoal”.
Em relação a horta como uma atividade extra escolar todos ficaram bastante empolgados,
mostrando a questão da interdisciplinaridade, além de poder vivenciar na prática o que foi
transmitido em sala de aula, como foi exposto por um deles: “Possibilitar o aluno vivenciar na
prática este conteúdo, experimentando, testando engajando o aprendizado”. Outro cita ainda que:
“é importante para aproximar os estudantes do cultivo de plantas e hortaliças, bem como contribuir
com uma alimentação saudável e com a preservação do meio ambiente”.
Na pesquisa de Ramos et al. (2009), uma grande parte dos entrevistados consideram de
suma importância o desenvolvimento do projeto da Horta Didática no ambiente escolar, visto que
pode ser um importante aliado na preservação do meio ambiente, como também auxiliando de
forma prática o desenvolvimento do educando, para que este valorize o alimento para o consumo
próprio, além de conhecer a ecologia de cada vegetal envolvido na horta, possibilitando uma
grande interação do corpo discente com o corpo docente. Como sugestão os professores
expuseram a ampliação da ideia para que a mesma pudesse chegar a toda comunidade escolar,
como também envolver os alunos e demais funcionários da escola. E, além da horta ‘que ocorra
mais formações sobre outros temas, como: pomar orgânico e jardins’.

CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos, conclui-se que o instrumento horta didática é fundamental no


processo de ensino e aprendizagem dos alunos, levando em consideração que a mesma trabalha
os princípios de meio ambiente e sustentabilidade. Dessa foram 42% dos entrevistados afirmaram

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CUNHA, V. T.; COSTA, A. G.; CUNHA, V. T.; CUNHA, V. T.; OLIVEIRA, L. C. S.; MACEDO, I. R. C.

que é possível envolver os alunos através de aulas práticas e outros 32% expuseram que isso
seria possível na alimentação dos alunos, entre outras práticas. Assim, a inclusão de projetos
voltados para a implantação de hortas no âmbito escolar atua de forma positiva, facilitando o
ensino e o aprendizado dos alunos, visto que pode ser trabalho de forma multidisciplinar,
ampliando o conhecimento dos mesmos de maneira clara e objetiva, educando para a
sustentabilidade do ambiente, para uma alimentação saudável e para a vida.

REFERÊNCIAS

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