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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO SEMI-ÁRIDO NORDESTINO: A IMPLEMENTAÇÃO

DE FARMÁRCIA VIVA DO PROJETO “MÃOS QUE TRANSFORMAM”1

ENVIRONMENTAL EDUCATION IN THE NORTHEASTERN SEMI-ARID REGION:


THE IMPLEMENTATION OF THE "HANDS THAT TRANSFORM" LIVING
PHARMACY PROJECT

EDUCACIÓN AMBIENTAL EN EL NORDESTE SEMIÁRIDO: LA PUESTA EN


PRÁCTICA DE UNA FARMACIA VIVIENTE DEL PROYECTO "MANOS QUE
TRANSFORMAN

Zildenice Matias Guedes Maia¹ Leonardo Rafael Medeiros2; Enaira Liany Bezerra dos
Santos³ Elis Regina Costa de Morais
1
Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), zildenice@hotmail.com; Instituto
Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN),
leonardo.rafael@ifrn.edu.br 2; 3 Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA),
enairalia@gmail.com; 4 Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA),
elisregina@ufersa.edu.br

GT 17: Políticas Públicas de Educação Ambiental: formulação, execução,


monitoramento e avaliação de ações estruturantes que fortaleçam as (r)existências

RESUMO
O artigo apresenta, através da metodologia de pesquisa-participante, o
Projeto Mãos que Transformam, realizado pelo Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Campus Ipanguaçú), através da
experiência prática de Farmácia Viva realizada pelos alunos do Curso Ténicno
Integrado em Meio Ambiente da referida instituição. O Projeto tem como objetivo a
implantação de práticas agroecológicas em escolas públicas, tendo sido realizado
numa escola pública da cidade de Assú-RN. Foram realizados cinco encontros na
escola envolvida, onde cada um deles foram trabalhadas diferentes temáticas e
práticas sustentáveis, tais como: bingo ecológico, oficina de plantas medicinais e os
demais encontros para a preparação e estruturação da horta. É nítido o papel das
instituições de ensino superior e técnico na inserção de práticas sustentáveis nas
escolas de ensino básico, o que auxilia a alcançar melhorias de alimentação,
cidadania e relação do ser humano com o meio ambiente.
Palavras-chave: Hortas; Agroecologia; Práticas sustentáveis.

1
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
- Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
ABSTRACT
The article presents, through the methodology of participant-research, the
Project Hands that Transform, carried out by the Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Ipanguaçú Campus), through the
practical experience of Living Pharmacy held by students of the Integrated Technical
Course in Environment of that institution. The project aims to implement
agroecological practices in public schools, and was carried out in a public school in
the city of Assú-RN. Five meetings were held in the school involved, where each of
them worked on different themes and sustainable practices, such as: ecological
bingo, medicinal plants workshop, and the other meetings for the preparation and
structuring of the vegetable garden. It is clear the role of higher and technical
education institutions in the insertion of sustainable practices in elementary schools,
which helps to achieve improvements in nutrition, citizenship, and the relationship
between human beings and the environment.
Key-words: Gardens; Agroecology; Sustainable practices.

RESUMEN
El artículo presenta, a través de la metodología de investigación-participante,
el Proyecto Manos que Transforman, realizado por el Instituto Federal de Educación,
Ciencia y Tecnología de Rio Grande do Norte (Campus Ipanguaçú), a través de la
experiencia práctica de Farmacia Viva realizada por alumnos del Curso Técnico
Integrado en Medio Ambiente de esa institución. El proyecto tiene como objetivo
implementar prácticas agroecológicas en escuelas públicas, y se llevó a cabo en una
escuela pública de la ciudad de Assú-RN. Fueron realizados cinco encuentros en la
escuela involucrada, donde cada uno abordó diferentes temas y prácticas
sostenibles, tales como: bingo ecológico, taller de plantas medicinales y los demás
encuentros de preparación y estructuración de la huerta. Queda claro el papel de las
instituciones de enseñanza superior y técnica en la inserción de prácticas
sostenibles en las escuelas de educación básica, lo que ayuda a lograr mejoras en la
nutrición, la ciudadanía y la relación del ser humano con el medio ambiente.
Palabras clave: Huertos; Agroecología; Prácticas sostenibles.

1. Introdução
Nas últimas décadas a vinculação da educação ambiental à obtenção de
determinados valores, habilidades e atitudes é reconhecida desde a Conferência de
Estocolmo/1972, evocando a necessidade de uma consciência “esclarecida” do
indivíduo em sua relação com a natureza e o meio ambiente para a sua preservação
e conservação. A necessidade de uma boa educação base, para as futuras
gerações, tem como objetivo a formação de jovens que entendem a importância da
preservação ambiental. Dessa maneira, o entendimento dessa importância resulta
numa valorização ambiental, por meio disso, vem a vontade do homem de buscar
soluções para os problemas do planeta (RAMOS, 1996, p.202).
A educação apresenta um papel importante na construção do estudante
enquanto cidadão, pois ajuda no seu desenvolvimento social. Dessa forma, é
imprescindível um processo educativo voltado à formação de indivíduos
preocupados com temas relevantes em nossa sociedade como, por exemplo, a
problemática ambiental.
De acordo com Política Nacional de Educação Ambiental. Lei 9795/99: Art. 1°
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. A educação
ambiental (EA) não é uma simples ferramenta educativa voltada para as resoluções
dos problemas ambientais, mas sim uma parte base da educação fundamental, uma
vez que a educação fundamental relaciona-se com o desenvolvimento pessoal e
social do indivíduo.
A educação ambiental é definida como um processo em que o indivíduo e o
coletivo tomam consciência do meio ambiente. É uma metodologia permanente que
capacita as pessoas a agirem corretamente com os problemas ecológicos, sociais e
econômicos, adquirindo valores, conhecimentos, habilidades, experiências e
determinação (DIAS, 2004, p.523). Neste sentido, a estratégia é promover e ajudar a
sociedade a combater o analfabetismo ambiental, sendo esse, a ignorância e o
desconhecimento sobre os impactos negativos da insustentabilidade na qualidade
de vida do ser humano.
A educação ambiental busca formar cidadãos que saibam lidar com os
problemas do meio ambiente. Participando nas soluções e prevenções, auxiliando
na conservação do nosso patrimônio, cultural, comum, natural, e lutando pela
sobrevivência de todas as gerações futuras. Logo, essas finalidades podem ser
adquiridas com maior facilidade no âmbito escolar (CONDE, 2016). De acordo com o
autor citado, para que a sociedade se torne sensibilizada, é preciso que as crianças
e adolescentes cresçam sendo educadas a praticar a educação ambiental. Pois,
esta é formadora de indivíduos responsáveis, usando técnicas capazes de
sensibilizar e capacitar a população sobre o uso responsável dos recursos naturais.
A partir dela, os estudantes se tornam mais motivados a aprenderem e
desenvolverem seus conhecimentos sobre o ambiente.
Para tanto, uma maneira de trabalhar a educação ambiental nas escolas é
propor projetos, que visam oportunizar o aluno a conhecer teoria e prática, obtendo
inteligência por meio das atividades dinâmicas e participativas, na perspectiva da
interdisciplinaridade. E a interdisciplinaridade compreende os grupos sociais, de
modo a não haver a fragmentação dos saberes bem como uma visão
descontextualizada do que é natureza e meio ambiente.
Assim, implementar ações práticas de educação ambiental (EA) nas escolas,
possibilita aos alunos conhecimento sobre os problemas ambientais e sua relações
com os efeitos das ações antrópicas, no sentido de educá-los para a compreens~qo
que tais ações podem ser desenvolvidas de modo a causar degradação ao meio,
bem como, reverter cenários de degradação socioambiental. Logo, a EA objetiva o
desenvolvimento de dinâmicas de teor social que cheguem à comunidade, e
resultem em realizações de atividades colaborativas e de crítica aos problemas
ambientais, abrindo, assim, margem para as possíveis resoluções desses maléficios
(SAUVÉ, 2005).
O estudo da EA se relaciona com outras áreas de ensino. Dessa forma, torna-
se uma ciência interdisciplinar e possibilita que o aluno obtenha um conhecimento
mais amplo sobre os assuntos explorados, de modo que possam relacionar o que é
aprendido em sala de aula, e o que veem em seu cotidiano. Sendo assim, ao
trabalharmos a EA estaremos trabalhando a percepção de mundo deles e fazendo
com que eles tenham senso crítico (REIGOTA, 2017).
A aplicação da EA na sociedade torna-se importante, pois ajuda a entender a
causa, como também a consequência, dos dilemas ambientais que atingem o mundo
contemporâneo. Desse modo, o esclarecimento da sociedade sobre as questões do
meio ambiente ajuda no desenvolvimento da consciência ambiental, proporcionando,
assim, maior preocupação com os danos ambientais e, consequentemente, a
estruturação de uma população ativa e participativa nos debates que cercam a
temática ambiental no dia-a-dia (SANTOS; REIS; TAVARES, 2012).
Nesse sentido, segundo Randal et al. (2016), a implementação de uma
farmácia viva apoia a sustentabilidade e favorece a valorização das experiências das
gerações passadas que foram comprovadas através da ciência. Desse modo,
promove um conhecimento de mundo mais amplo para as crianças e os resultados
obtidos através desse projeto podem ser utilizados para a comunidade escolar
através de produtos que são benéficos e ajudam no tratamento de doenças simples
como dor de cabeça, barriga ou indigestão. A construção de um horto medicinal com
os alunos não se limita a um ensino voltado para questão ambiental e a importância
de sua preservação, pois essa atividade ajuda, também, no desenvolvimento da
formação acadêmica dos jovens em diversas outras áreas, isso pelo teor
interdisciplinar da EA.
A implementação de uma farmácia viva se constitui no uso de plantas com
caráter medicinal para tratar e/ou prevenir doenças. Farmácia viva é entendida como
um programa que trabalha com a importância, o uso e a manipulação de plantas
medicinais. Ligada com a área da saúde, o desenvolvimento de uma farmácia viva
pretende melhorar a qualidade de vida da população enquanto resgata o uso de
plantas tradicionais para o tratamento de doenças. Chás, xaropes, pomadas,
cápsulas e óleos essenciais são exemplos de produtos que podem ser gerados a
partir da construção de um horto medicinal (BIANCHI, 2012). Segundo a portaria Nº
886 de 20 de abril de 2010: Art1º A Farmácia viva, no contexto da Política Nacional
de Assistência Farmacêutica, deverá realizar todas as etapas, desde o cultivo, a
coleta, o processamento, o armazenamento de plantas medicinais, a manipulação e
a dispensação de preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e
fitoterápicos.
O artigo apresenta o Projeto Mãos que Transformam realizado pelo Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (Campus
Ipanguaçú), através da experiência prática de Farmácia Viva realizada pelos alunos
do Curso Ténicno Integrado em Meio Ambiente junto aos alunos da Educação
Básica na cidade de Assú-RN. Logo, a experiência tem como objetivo o
desenvolvimento de metodologias práticas de Educação Ambiental no contexto do
Semiárido, considerando como foco o processo de ensino-aprendizagem dos alunos
do IFRN e dos alunos do Ensino Fundamental, de modo a proporcionar a relação
teoria-prática com incentivo à boas práticas de sustentabilidade.
Logo, o artigo pretende contribuir com o debate proposto pelo GT 17 no
sentido de dialogar sobre em que medida as ações desenvolvidas têm potencial para
fortalecer a construção e implementação de políticas públias para educação
ambiental na perspectiva da convivência com o Semiárido e da governança
ambiental.

2. Metodologia
2.1. Caracterização geral da área de estudo
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte, Campus Ipanguaçu (IFRN), está situado a 4 km da cidade de Ipanguaçu
(IFRN/campus IP). O município junto com as cidades Alto do Rodrigues, Assú,
Carnaubais, Itajá, Jucurutu, Pendências, Porto do Mangue e São Rafael compõem o
Vale do Assu, microrregião do estado do Rio Grande do Norte. O IFRN contém um
perfil agrícola devido a sua localização e disponibiliza cursos técnicos integrados,
EJA e Subsequente nas áreas de Meio ambiente, agroecologia, informática e
manutenção e suporte em informática, além disso possui cursos de nível superior
como a licenciatura em informática e química e o tecnólogo em agroecologia.
Segundo dados do relatório de gestão de 2020, a Instituição de ensino atende 1.666
estudantes.
O projeto de extensão desenvolvido pelo IFRN "Mãos que Transformam", tem
como objetivo a aplicação de práticas sustentáveis e agroecológicas em escolas
públicas do estado do Rio Grande do Norte (RN). Para execução do Projeto, foi
escolhida a turma do 3° ano do curso Técnico em Meio Ambiente (modalidade
integrada), por meio de uma disciplina obrigatória que o curso oferece, chamada de
Projeto Integrador.
Os alunos do projeto foram divididos em grupos e cada grupo foi orientado a
escolher uma das práticas/temáticas propostas. Desse modo, os grupos formados
ficaram com a composição de 3 a 6 integrantes, trabalhando com as seguintes
temáticas: Paisagismo ecológico, horta orgânica, farmácia viva, arborização,
reutilização de resíduos recicláveis, compostagem e uso sustentável da água. O
projeto tem como eixos principais algumas temáticas a serem trabalhadas, sendo
elas: paisagismo ecológico (construção de jardins sustentáveis e multifuncionais),
arborização, farmácia viva, hortas orgânicas, resíduos sólidos e compostagem

2.2. Técnicas de coleta de dados


A pesquisa trata-se de pesquisa participante2, dado que se relaciona com o
objetivo descritivo que é descrever as características do grupo examinado e levantar
informações. Além disso, por ser um método de investigação que procura

2
A pesquisa participante é muito relacionada a pesquisa-ação e ela insere o pesquisador no
campo para observar e pesquisar. Seu diferencial é que nela temos os saberes acadêmicos do
pesquisador e os saberes do grupo pesquisado, dessa forma nenhum dos conhecimentos é imposto
sobre o outro, pois, o que essa pesquisa procura é fazer com que as pessoas entendam qual o problema
e se sintam motivadas para mudar a situação (BRANDÃO; BORGES, 2008, p55).
conhecimento ou informações e não quantidade, é de uma natureza aplicada e
possui uma abordagem qualitativa.
O presente estudo é de abordagem qualitativa e de natureza aplicada (Gil,
2008). Observa-se, a importância de pensar nos problemas emergentes presentes
no meio ambiente, que podem ser amenizados com a construção de conhecimentos,
por ações científicas, como as práticas sociais e incorporar programas colocando em
execução, novas metodologias ativas na educação, trabalhar com grupos dinâmicos
e promover formação, é importante para desenvolver uma sociedade fundada nos
princípios de participação, conforme Brandão e Borges (2008).
O passo inicial do projeto, sucedeu em analisar qual escola implementar o
projeto. Foi utilizado o critério de qual colégio é mais carente/necessitada de práticas
agroecológicas, porém, partindo daquelas que têm interesse em acatar as
atividades. Após a escolha, foram feitas visitas às escolas que seriam abordados o
estudo, para analisar os problemas, as turmas a serem trabalhadas, e planejar com
os docentes a disponibilidade de horários de aula. Passada esta etapa, os grupos
com seus respectivos temas, começaram a planejar os encontros que iriam dispor
nas escolas escolhidas, logo, fazer uma reunião, decidir quantos encontros iriam
ocorrer, detalhando o dia, horário, assuntos e materiais utilizados, fazem parte desta
etapa. Depois, os grupos horta orgânica, farmácia viva, paisagismo ecológico,
compostagem, arborização, resíduos sólidos, uso da água, horta orgânica,
começaram a colocar em prática o planejamento.

3. Resultados e Discussão: A experiência da Farmácia Viva na Escola


Monsenhor Júlio Alves Bezerra – Assú/RN
No ambiente escolar, o desenvolvimento de atividades práticas, como a
construção de uma farmácia viva, influenciam a vida dos discentes de diversos
aspectos, incitando mudanças de hábitos, formas de pensar e comportamentos.
Dessa forma, desenvolver a educação ambiental juntamente com uma farmácia viva,
agrega significativamente na formação de cidadãos mais conscientes e
comprometidos com a preservação do meio ambiente, e atividades como essas
evidenciam a importância do meio ambiente, tema que, muitas vezes, é lembrado
somente em dias específicos da grade curricular (SOUTO, 2021).
As vantagens da metodologia prática de farmácia viva estão relacionadas ao
fato de ser uma alternativa simples e acessível, além de estar vinculada aos
aspectos culturais alimentares. Outros benefícios que podem ser citados é que não
causa dependência diferentemente de medicamentos convencionais e a matéria-
prima é fácil de ser obtida podendo ser fresca ou até mesmo seca (FURTADO et al.,
2022 ).
Em um primeiro momento, identificamos a carência de práticas
agroecológicas e sustentáveis nas escolas do vale do Açu, e com isso fizemos a
escolha das escolas considerando que estivessem dispostas a receber projetos
ligados à temática ambiental. Além disso, viu-se necessário selecionar escolas que
apresentassem estruturas básicas para o desenvolvimento das atividades.
No caso deste projeto, a escola selecionada foi a que apresentava áreas de
solo para plantio, isso, pensando na construção de um horto medicinal no terreno.
Devido a esses fatores, a escola escolhida para a realização do projeto foi a
Monsenhor Júlio Alves Bezerra, já que essa localiza-se na zona rural da cidade de
Assú e apresentava um terreno onde era possível a construção de um canteiro.
Após a escolha da escola, foi preciso entrar em contato com a direção da escola
para definir a viabilidade de desenvolver o projeto.

Figura 1: Local a ser implantado a horta

Fonte: acervo do projeto, 2022

Após essa visita incial, foi feito contato com os gestores e explicado o
cronograma do tempo que se prolongaria o projeto e os temas abordados durante os
momentos pré-acordados com os alunos. Desta forma, o uso da farmácia viva pela
comunidade escolar proporcionou mudanças significativas tanto na saúde quanto no
aprendizado das crianças.

3.1 Farmácia Viva: Etapas das vivências práticas


Foi construída uma horta medicinal (canteiro) na Escola Municipal Monsenhor
Júlio Alves Bezerra, em Assú/RN. Foram realizados cinco encontros e a turma
trabalhada foi o sexto ano do Ensino Fundamental. O primeiro encontro teve um
caráter teórico, baseado em conhecer os alunos e os situar no tema, apresentando o
projeto, bem como a identificação do local que receberia a ação, e as condições
desse ambiente. Na apresentação teórica, o material utilizado, constituiu-se em uma
dinâmica de bingo (figuras 2 e 3), mostrando fotos das ervas e materiais necessários
para o cultivo.

Figuras 2: Bingo explicando sobre as plantas medicinais a serem utilizadas na horta

A) B)

Fonte: acervo do projeto, 2022

No segundo encontro foi preparada a explicação sobre as plantas medicinais,


e através de um jogo com balão e imagens, inseriram a foto de uma erva na parede
e um balão com o nome da planta, o intuito foi estourar o balão e colocar o nome na
imagem da erva correta. Também, nesse encontro, houve uma dinâmica com chás
medicinais (figuras 4 e 5), para eles conhecerem o sabor.
Figuras 4: Atividades do segundo encontro

A) B)
Fonte: acervo do projeto, 2022

No terceiro encontro, demos início a produção de decoração para o ambiente


onde iria se localizar o canteiro (figuras 6 e 7). Para este momento foram utilizados:
garrafas pet, fitas coloridas, colas, tesouras e papel. Os alunos enfeitaram garrafas
pets para cercar o canteiro, e executaram na aula, um livro customizado por eles
próprios, para colocar o nome das ervas
Figura 5: Atividades de preparação da horta

A) B)

C) D)
E) F)
Fonte: acervo do projeto, 2022

No quarto encontro foi realizada a explicação de como criar o canteiro na


escola. Colocaram no solo as garrafas pets decoradas contendo água e depois
foram aplicadas plaquinhas, com o nome das ervas, para sinalizar qual planta estava
residindo no solo.
No quinto e último encontro ocorreu a despedida, juntamente com um diálogo
para ter um retorno de como foi o projeto. Os alunos foram interrogados sobre o que
acharam do tema, dos encontros, e ganharam uma lembrancinha que os executores
do projeto contemplaram.
Os discentes que ajudaram na implementação da farmácia viva tiveram
contato com uma metodologia prática de Educação Ambiental e fortalecida a relação
teoria-prática, bem como fortalecido o seu processo de autonomia. Uma vez que o
Projeto é coordenado e acompanhado pelos docentes, mas demanda-se do aluno
competências e habiliaddes fundamentais para a vida em sociedade, tais como,
capacidade de inter relação, disciplina, comprometimento, capacidade organizativa,
dentre outras.
Em suma, ao incluirmos a EA nas escolas, por meio da implementação de
uma farmácia viva, estaremos formando cidadãos têm uma compreensão mais
crítica de meio ambiente e que em virtude disso, consomem com consciência pelo
fato de que reconhecem a sua importância, desse modo, podemos contribuir para
um senso coletivo de responsabilidade com a natureza. Além disso, resulta em
menos poluentes, melhorando significativamente a qualidade de vida da população.
Ou seja, traz melhorias para toda a sociedade e para si mesmo, pois, com os
ensinamentos os jovens podem desenvolver as suas habilidades e melhorar o
desempenho escolar, considerando que o estudo do meio ambiente é
interdisciplinar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Ambiental demanda atualmente metodologias práticas que
promovam uma maior interação da pessoa humana com o ambiente que a cerca, no
intuito de promover questionamentos e ao mesmo tempo propor caminhos que
sejam construídos na perspectiva interdisciplinar e no fortalecimento de boas
práticas de sustentabilidade.
Nesse sentido, o Projeto Mãos que Transformam tem levado Educação
Ambiental para além dos muros da escola. Colocar os alunos em contato com os
espaços escolares possibilita ao amadurecimento e a relação com a teoria-prática.
Ao mesmo tempo, em que os apresenta a desafios que estão postos e no contexto
do Semi-árido, demandam ações e alternativas contextualizadas.
É válido ressaltar que na perspectiva do Projeto em tela, os alunos se
deparam com cenários desafiadores. Afinal, faltam metodologias práticas na escola,
mas faltam também políticas públicas que possibilitem a efetividade da Educação
Ambiental. Faltam recursos humanos, financeiros e outros para tornar as unidades
escolares, espaços de transformação.
O Projeto continua em execução, e identificamos no ano de 2022 sérios
desafios dos alunos para voltar as atividades escolares presenciais em um mundo
pós-pandemia. E nesse sentido, o contato com o Projeto Mãos que Transformam,
possibilitou um maior engajamento para sair dos muros da escola e promover
Educação Ambiental como uma ação trasnformadora.

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