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Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
37 | 2018
Número 37
Áreas de preservação
permanente de topos: das
alterações na legislação
brasileira às suas diferentes
interpretações
Les zones de préservation permanentes des sommets : les changements dans la législation brésilienne a leurs
différentes interprétations
Permanent preservation areas of hilltops: of the changes in the Brazilian law to different interpretations
Résumés
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Português Français English
A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Código Florestal Brasileiro) estabelece as normas,
parâmetros e limites das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL). As APPs
Ceexercem
site utilise desambientais
funções cookiescomoet a proteção dos solos e a preservação dos recursos hídricos, que
vous donne
impedem le contrôle
a aceleração desur
processos erosivos e assoreamento, problema que afeta a baía de
ceux que localizada
Antonina, vous souhaitez
no litoral do estado do Paraná. As APPs das categorias de topo de morros,
montes, montanhas,
activer serras e linhas de cumeada foram instituídas pela Lei n° 4.771, de 1965,
entretanto suas normas de delimitação definiram-se somente com a Resolução CONAMA
004/85, posteriormente revogada pela Resolução 303/02. A versão atual da legislação (Lei n°
12.651/12), em seu Artigo 4°, inciso IX, apresentou mudanças consideráveis nas APPs de topos,
pois✓alterou
Tout suas
accepter
normas e excluiu as linhas de cumeada como categoria de APP. Além desses
fatores, a Lei se mostra subjetiva em sua redação e permite três interpretações do conceito de
base da elevação de terreno destas feições geomorfológicas. Nesse contexto, o presente estudo
teve ✗ Tout
como refuser
objetivos realizar uma avaliação das modificações das APPs de topos entre a legislação
anterior e atual, bem como comparar as três interpretações de base de elevação de terreno
presentes na legislação vigente. A área de estudo adotada foi a bacia do rio Sagrado
Personnaliser
(Morretes/PR), área de drenagem da baía de Antonina. Com a aplicação da legislação em vigor, as
APPs de topos reduziram 21% em relação à Lei n° 4.771/65. Quando comparadas as três
Politique de confidentialité
interpretações da Lei n° 12.651/12, notou-se diferença de mais de 96% de área legalmente
preservada. Diante do exposto, se faz necessário discutir a subjetividade da legislação vigente,
pois a adoção do ponto de sela como base de elevação de terreno poderá implicar na expansão da
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ocupação de áreas suscetíveis à produção de sedimentos e consequentemente agravar o processo
de assoreamento da bacia estudada.
La Loi de Protection de la Végétation Native (Code forestier Brésilien) établit les normes,
paramètres et limites des Zones ou Aires de Préservation Permanente (APP) et Réserve Légale
(RL). Les APP exercent des fonctions environnementales comme la protection des sols et
préservation des ressources hydriques empêchant ainsi l’accélération des processus érosifs et
d’ensablement qui sont des problèmes affectant la baie d’Antonina, situé sur la côte de l’état du
Paraná (Brésil). Les APP qui englobent les catégories sommets de collines, montagnes, cimes et
crêtes ont été instituées par la Loi n 4.771, de 1965. Cependant ces normes de délimitation ont
seulement été définies à partir de la Résolution CONAMA 004/1985, postérieurement révoquée
par la Résolution CONAMA 303/2002. La version actuelle de la législation (Loi n°12.651/2012),
dans son Article 4 , Section IX a présenté des changements considérables en ce qui concerne les
APP de sommet, car cette loi altère les normes et exclut les crêtes comme catégorie de APP. En
plus de ces facteurs, la Loi se montre subjective dans sa rédaction et permet trois interprétations
du concept de base d’élévation du terrain quand il s’agit des APP. C’est dans ce contexte que la
présente étude a eu comme objectifs de réaliser une évaluation des modifications des APP de
sommets entre la législation antérieure et l'actuelle ainsi que de comparer les trois interprétations
du concept de base d’élévation de terrain présentes dans la législation en vigueur. La zone d’étude
adoptée a été le bassin du fleuve Sagrado (Morretes/PR), zone de drainage de la baie d’Antonina.
Avec l’application de la législation en vigueur, les APP de sommet ont été réduites de 21% en
relation à la Loi n° 4.771/1965. Comparant les trois interprétations de la Loi n° 12.651/2012, il a
été noté une différence de plus de 96 % de la zone légalement protégée. Vu ce qui précède, il est
nécessaire de discuter la subjectivité de la législation en vigueur, car l’adoption du col comme
base d’élévation du terrain pourra avoir comme implication l’expansion de l’occupation des zones
susceptibles de produire des sédiments et par conséquent aggraver le processus d’ensablement du
bassin étudié.
The Law of Protection Native Vegetation (Brazilian Forest Code) defines the norms, parameters
and limits of the Permanent Preservation Areas (PPAs) and Legal Reserve (LR). Permanent
Preservation Areas (PPAs) it has developed environmental functions such as soil protection and
water conservation, that prevent the acceleration of erosion and silting processes, a problem that
affects Antonina Bay, located in Paraná state coast. The PPAs included the categories of hilltops,
hills, mountains, mountain systems and ridges in Law of number 4.771 in 1965. However, the
PPAs had their delimitation rules defined by CONAMA Resolution 004/85, which repealed by
Resolution 303/02. The last version of the legislation (12.651/12), in Article 4º, section IX,
changed the category of hilltops PPAs, with the exclusion the ridges and changed the limits of
hilltops, hills, mountains and mountain systems. Besides this, the Brazilian Forest Code is
subjective, because the text can have three interpretations for concept of the base of terrain
elevation for geomorphological features mentioned above. In this context, the present paper aims
to carry out an evaluation of the modifications in the PPAs of hilltops between the previous and
current legislation, as well as to compare the three interpretations of terrain elevation present in
the current legislation. The study area was the Sacred River Basin (Morretes/PR), drainage area
of Antonina Bay. With the application of the legislation current, the PPAs of hilltops reduced by
21% in relation to Law 4.771/65. Among the three interpretations of Law 12.651/12, there was a
difference of more than 96% of the legally preserved area. Therefore, it is necessary to discuss the
current legislation subjectivity, because the saddle point adoption as an elevation base may imply
the occupation expansion of the areas susceptible to sediment production and consequently
aggravate the sedimentation process of the studied basin.
Entrées d’index
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Index de mots-clés : code forestier brésilien, sommets de collines, système d'information
Cegéographique
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by keywords: sur forest code, hilltops PPAs, geographic information system.
Brazilianf
ceux
Índiceque vous souhaitez código Florestal Brasileiro, APP de topo de morros, sistema de
de palavras-chaves:
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geográficas.
Texte intégral
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06/02/2024, 15:10 Áreas de preservação permanente de topos: das alterações na legislação brasileira às suas diferentes interpretações
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1 Morretes (PR)
2 A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Código Florestal Brasileiro), entre seus suas
diversas atribuições, estabelece os parâmetros, definições e limites das Áreas de
Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL). Sua última versão,
correspondente à Lei n° 12.651, foi promulgada no dia 25 de maio de 2012 e
posteriormente complementada pela Lei n° 12.727, de 17 de outubro do mesmo ano. As
APPs são áreas protegidas, com a função de manter o meio ambiente equilibrado e
assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 2012).
3 O primeiro Código foi instaurado por meio do Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de
1934. O Decreto foi revogado em 15 de setembro de 1965, pela Lei n° 4.771, denominada
na época de Novo Código Florestal. Essa nova legislação instaurou as APPs, incluindo
como categorias os topos das elevações de terreno, sendo referentes aos morros,
montes, montanhas e serras. Contudo, somente com a instauração da Resolução
CONAMA n° 004, em 18 de setembro de 1985, é que foram estabelecidas normas,
parâmetros e definições para sua delimitação e inclusas as categorias de linhas de
cumeada e elevações com distância inferior a 500 metros como APPs. No ano de 2002,
a Resolução CONAMA n° 004/85 foi revogada pela Resolução n° 303 (complementada
pela Resolução n° 302/02 e alterada pela n° 341/03), que tinha as mesmas finalidades
da Resolução antecessora, porém apresentou uma linguagem mais simplificada e trouxe
novas definições, normas e parâmetros correspondentes às Áreas de Preservação
Permanente.
4 Apesar da regulamentação do processo de delimitação das APPs das categorias de
topo de elevações do terreno, variadas interpretações ocorriam por parte de gestores
públicos, analistas ambientais de empresas de consultoria e pesquisadores. Entre os
trabalhos que analisaram essa problemática está o de Cortizo (2007), que consiste na
análise geométrica dos termos referentes à base de elevação de terreno presentes na
Resolução CONAMA n° 303/02.
5 O artigo de Cortizo (2007) foi o de maior destaque nessa discussão, tanto que suas
propostas de base de elevação de terreno foram acatadas na Lei n° 12.651/12. A redação
desta legislação, em seu Artigo 4°, inciso IX, acarretou em mudanças significativas nas
definições e normas de delimitação das APPs de topos. Entretanto, as análises do autor
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supracitado não contemplaram a revisão dos termos técnicos geomorfológicos
adotados, o que ainda implica em múltiplas interpretações. Nesse sentido, Silva et al.
Ce(2011),
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ao analisarem o projeto de lei que originou o Código Florestal em vigor,
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enfatizam que “a falta de clareza, assim como a ambiguidade das interpretações dos
ceux que vous souhaitez
termos norteadores
activer da legislação tendem a torná-la vulnerável em sua interpretação e
aplicação, negligenciando sua importância crucial como guia norteador do
planejamento e da gestão territorial”.
6 Em meio a essa questão, o presente trabalho consistiu em dois objetivos principais: 1-
comparar a delimitação das APPs de topos entre a Lei no 4.771/65 (juntamente com a
Resolução CONAMA 303/02) e a Lei n° 12.651/12, considerando-se um único conceito
de base elevação de terreno; 2- diante da subjetividade do Art. 4°, inciso IX, da Lei n°
12.621/12, realizar uma análise comparativa entre as três interpretações obtidas do
conceito de base elevação de terreno, no processo de delimitação das APPs de topo de
morros, montes, montanhas e serras.
7 Na conjuntura das recentes mudanças ocorridas legislação brasileira, se estima que
ocorrerão reduções expressivas de extensão de topos protegidos, levando em
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consideração a exclusão das categorias de linhas de cumeada e os conjuntos de morros e
montanhas com distâncias inferiores a 500 metros, e também devido ao aumento da
declividade e amplitude mínima obrigatória.
9 Nesse contexto, Schäffer et al. (2011) ressaltam que “a manutenção das APPs garante
a integridade dos processos ecológicos e mantém seus serviços ambientais essenciais à
saúde, à segurança, ao bem-estar e à melhoria da qualidade de vida das populações”,
conforme previsto na Constituição Brasileira de 1988. Segundo Almeida et al. (2016, p.
367),
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Fonte: Nowatzki et al. (2010)
activer
14 Além dos topos de morros, montes, montanhas e serras e dos conjuntos de 1.000
metros em linhas de cumeada, o parágrafo único do Art. 3°, da Resolução n° 303/02
determina que:
15 Nesse sentido, vale destacar que para esses casos não é estipulado um seguimento
horizontal máximo, como ocorre com as sequências de 1.000 metros para as linhas de
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cumeada.
16 Com a instauração da Lei n° 12.651/12, que atualmente rege a proteção da vegetação
nativa, seu o Art. 4°, inciso IX, define APPs de topos da seguinte maneira:
Materiais e Métodos
20 O processo de delimitação das APPs de topo de morros, montes, montanhas e serras
foi realizado em ambiente SIG, com o uso do software ArcGIS 10.3, da ESRI. A base
cartográfica utilizada contemplou arquivos no formato vetorial (shapefile), escala
1:25.000, correspondentes às curvas de nível, hidrografia e pontos cotados. Estes dados
foram produzidos no ano de 2002, pelo DSG (Departamento de Serviço Geográfico do
Exército). A partir da base cartográfica citada, também com o auxílio do ArcGIS 10.3,
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foi construído o Modelo Digital do Terreno (MDT) por meio do método Topogrid
(Hutchinson, 1988), com tamanho do pixel em 10 metros, do qual se extraíram as
Ceinformações de declividade,
site utilise des cookies etnecessárias à delimitação dos topos.
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Delimitação
activer das APPs
conforme a Lei n° 4.771/65 e
Resolução CONAMA 303/02
21 As APPs de topos, conforme a Lei n° 4.771/65 e Resolução CONAMA 303/02, foram
delimitadas considerando três categorias: topo de morros (elevações de 50 até 300
metros de amplitude entre o cume e a base), topo de montanhas (amplitude superior a
300 metros) e linhas de cumeada. As linhas de cumeada foram delimitadas juntamente
com as elevações, nas quais dois ou mais cumes apresentaram distância inferior a 500
metros, integrando assim uma única categoria. O processo de delimitação dos morros e
montanhas foi realizado de acordo com Nowatzki et al. (2010) e Almeida e Paula (2014)
e, seguiu as etapas:
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1. Identificação das elevações de terreno da bacia;
2. Seleção dos picos isolados que possuem, em pelo menos uma das suas
vertentes, a declividade mínima de 30% (16,70°);
3. Verificação da amplitude altimétrica, permanecendo somente as elevações com
no mínimo 50 metros entre o topo e a base;
4. Cálculo das cotas dos terços superiores, pela seguinte equação implementada
no Microsoft Excel: ((Pico – Base) / 3) x 2) + Base);
5. Criação de um arquivo vetorial (shapefile);
6. Vetorização dos terços superiores.
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normatizadas pela legislação anterior. Portanto, a comparação entre as duas legislações
foi efetuada a partir da desta primeira interpretação.
CeFigura
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3 - Curso cookies et
adjacente mais baixo como base de elevação
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Localizada inteiramente no município de Morretes, no Paraná, a bacia abrange as
unidades geomorfológicas da Serra do Mar e Planície Litorânea.
Resultados e Discussões
36 Quando adotada a Lei n° 12.651/12, foram delimitadas 100 feições de topos, as quais
somaram 18,14 km². Ao se comparar as duas versões da Lei de Proteção da Vegetação
Nativa (Figura 8), verificou-se que de fato a legislação vigente é mais permissiva que a
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anterior, uma vez que houve redução de 21,16% (4,87 km²) de porção territorial a ser
preservada.
37 A citada diminuição das APPs ocorreu por duas razões: a primeira atribui-se à
extinção da categoria que abrangia as linhas de cumeada e topos isolados, com distância
inferior a 500 metros, antes estipulada pela Lei n° 4.771/65. Esta categoria considerava
o terço superior mais baixo em cada sequência, e a proteção abrangia o máximo possível
da área recoberta todo o conjunto. Na atual legislação, a delimitação passou a ser
isolada e cada topo é preservado de forma independente, a exemplo da Figura 9.
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CeFonte:
site utilise
Amanda des cookies
Machado et e Eduardo Vedor de Paula (2017)
de Almeida
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38 A segunda
ceux que vous razão para o decréscimo se deve ao elevado valor da amplitude mínima
souhaitez
obrigatória entre o topo e a base de elevação de terreno. A Resolução CONAMA n°
activer
303/02 estabelecia a altura mínima de 50 metros para esta amplitude e com a
aprovação da Lei n° 12.651/12 esse valor foi alterado para 100 metros.
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foram identificados 100 topos como áreas de preservação, equivalente à 18,14 km². Esta
interpretação foi a que resultou na maior extensão de APPs de topos e compreendeu
13,17% da área de estudo.
40 Quando se considerou, como base de elevação, o ponto de sela com menor distância
horizontal em relação ao pico (Interpretação 2), a perda em extensão de áreas passíveis
de preservação foi expressiva, totalizando 0,62 km², delimitados em apenas 10 topos. A
redução foi de 96,58% em relação à primeira interpretação e a área a ser preservada
correspondeu somente a 0,45% de toda bacia.
41 Por fim, os topos delimitados a partir do ponto de sela, com maior proximidade
vertical do pico (Interpretação 3), somaram área total de 0,47 km², o que consiste em
0,34% do território da bacia estudada. Nessa circunstância, mais três topos perderam a
preservação e o decréscimo de APPs da categoria foi de 97,41% em comparação com a
Interpretação 1 e, 24,19% em relação à Interpretação 2.
42 A Tabela 2 representa o valor total das APPs de topos entre as três interpretações da
lei vigente, podendo ser observado decréscimos consideráveis de área, ao aplicar a Lei
n° 12.651/12, principalmente quando se adotou o ponto de sela vertical como base de
elevação de terreno.
Tabela 2 - Extensão das APPs de topos da bacia do rio Sagrado, conforme três
interpretações da Lei n° 12.651/12
43 Como pode ser observado na Figura 10, diferenças relevantes ocorreram entre as três
interpretações do conceito de base de elevação, tanto na quantidade de topos a serem
preservados, quanto na dimensão do terço superior destes topos. Estes resultados
destacam que houve importante decréscimo de APPs, quando a base de elevação deixou
de ter como referência os cursos d’água (Interpretação 1) e passou a se considerado o
ponto de sela, principalmente o vertical (Interpretação 3).
Figura 10 - APPs de topos da bacia do rio Sagrado, conforme três interpretações da Lei n°
12.651/12
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06/02/2024, 15:10 Áreas de preservação permanente de topos: das alterações na legislação brasileira às suas diferentes interpretações
Fonte: Amanda Machado de Almeida e Eduardo Vedor de Paula (2017)
44 Na Figura 11, tem-se representado o perfil transversal relativo à linha de cumeada,
destacado na área de zoom da Figura 10, a partir das três interpretações em análise.
Este perfil evidencia a redução das cotas de preservação, quando comparadas as duas
primeiras interpretações, enquanto que a Interpretação 3 implicou na ausência das
APPs de topos nesta porção da bacia do rio Sagrado em destaque.
Figura 11 – Perfil transversal das APPs de topos da bacia do rio Sagrado, conforme as
três interpretações da Lei n° 12.651/12
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situam-se próximos ao sopé das elevações (Figura 11), e o segundo fator também é
devido ao aumento da amplitude mínima entre o topo e a base das elevações de terreno.
46 A partir dos resultados obtidos, verificou-se que a ambiguidade da redação
apresentada Artigo 4°, inciso IX, ao permitir interpretações geomorfológicas diversas,
dificulta o processo de delimitação das APPs da categoria e pode proporcionar uma
importante redução de áreas que demandam preservação, tal como ocorreu na bacia
hidrográfica selecionada no presente estudo quando se delimitou as APPs de topos, a
partir das interpretações referentes ao ponto de sela.
47 As APPs de topo de morros, montes, montanhas e serras são importantes por suas
especificidades e pelas funções ambientais e serviços ecossistêmicos que desempenham.
Nesse sentido, Silva et al. (2011, p. 12) enfatizam a relevância dessas porções da
paisagem e a aceitação desse fato por pesquisadores de diversos ramos da ciência:
48 Em vista disso, a preservação dos topos se faz necessária mediante aos múltiplos
benefícios ao meio ambiente providos por essas áreas. A supressão irregular dos topos
colocará em risco a conservação da biodiversidade e a efetividade de suas funções e
serviços ecossistêmicos prestados.
49 A bacia do rio Sagrado apresenta a maior densidade de ocupação e de estradas rurais,
dentre as bacias que drenam para a baía de Antonina, bem como seus topos de morros e
montanhas denotam elevada suscetibilidade geopedológica à produção de sedimentos
(PAULA, 2010).
50 Diante do exposto, se considerada a Interpretação 1, as porções de topo da bacia
ainda se manterão recobertas por Floresta Ombrófila Densa e terão sua preservação
legal garantida. Entretanto, se adotada a Interpretação 2 ou 3, tem-se o risco eminente
de expansão da ocupação em ambientes suscetíveis, o que certamente implicará no
aumento da produção de sedimentos e resultará na intensificação do processo de
assoreamento da baía de Antonina.
Considerações Finais
51 As mudanças na Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei n° 12.651/12), relacionadas
☝🍪
ao aumento da amplitude mínima entre o topo e a base de morros, montes, montanhas
e serras (de 50 para 100 metros), além da extinção das categorias de APPs referentes às
linhas de cumeadas e topos isolados com distância inferior a 500 metros, implicaram na
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redução de 21,16% (4,87 km²) das porções de topos a serem preservados na bacia do rio
vous donne le contrôle sur
Sagrado.
ceux que vous souhaitez
52 Entretanto, a redação desta da lei em vigor está sujeita a diferentes interpretações, o
activer
que pode permitir uma redução, ainda maior, das áreas de preservação. A exemplo do
que ocorreu na bacia do rio Sagrado, quando o ponto de sela foi considerado
(Interpretações 2 e 3), verificaram-se decréscimos expressivos de 96% e 97% das APPs
de topos, respectivamente, em comparação à primeira interpretação, que contemplou os
corpos hídricos adjacentes.
53 A adoção do ponto de sela como base de elevação de terreno constitui-se num risco à
conservação da biodiversidade e à manutenção das funções e serviços ambientais
prestados pelas áreas de topos, tal como observado na bacia do rio Sagrado,
significativas porções de topos perdem sua obrigatoriedade de preservação.
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06/02/2024, 15:10 Áreas de preservação permanente de topos: das alterações na legislação brasileira às suas diferentes interpretações
54 Por fim, recomenda-se que profissionais especialistas em geomorfologia analisem a
redação da legislação vigente e contribuam para uma maior objetividade e clareza
quanto à interpretação e delimitação da categoria de APP em questão.
Bibliographie
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Morros, Montes, Montanhas e Serras na Bacia do Rio Sagrado (Morretes - PR), Conforme
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Notes
1 A Resolução CONAMA n° 303/02, por ter regulamentado a Lei n° 4.771/65 (revogada pela Lei
n° 12.651/12), a princípio também é considerada como automaticamente revogada. Entretanto, de
acordo com decisões judiciais e no entendimento de órgãos como os Ministérios Públicos Federal
e do Estado de São Paulo, a mesma ainda se encontra em vigor.
Titre Tabela 1 - Extensão das APPs de topos da bacia do rio Sagrado (Lei n°
4.771/65)
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06/02/2024, 15:10 Áreas de preservação permanente de topos: das alterações na legislação brasileira às suas diferentes interpretações
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