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OBSERVAÇÕES SOBRE O
EFEITO DE DIURÉTICOS NA
REATIVIDADE DO CORPO CAVERNOSO
DE CAMUNDONGOS ESTUDADOS IN VITRO
Monografia apresentada à
Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro
para admissão como Membro Titular
FICHA CATALOGRÁFICA
ÍNDICE
RESUMO.......................................................................................................... 07
..
ABSTRACT...................................................................................................... 08
..
INTRODUÇÃO................................................................................................ 09
..
PLANO DA 10
MONOGRAFIA...........................................................................
CONCEITO DE 10
DIURÉTICO........................................................................
estatística...................................................................................
4) 58
Resultados...................................................................................................
a) Efeitos de diuréticos sobre as contrações induzidas por 58
fenilefrina......
b) Participação da NO sintase e ciclooxigenase nas contrações
induzidas por 61
fenilefrina.............................................................................................
c) Respostas das tiras de músculo liso de corpo cavernoso à
estimulação de campo elétrico 62
(EFS).............................................................................
d) Efeitos do tratamento crônico in vivo com a hidroclorotiazida sobre
a contratilidade de tiras de músculo liso do corpo cavernoso de
camundongos............................................................................................ 63
..
e) Concentração plasmática HTZ em tratamento 64
crônico..........................
DISCUSSÃO E 65
CONCLUSÕES......................................................................
AGRADECIMENTOS..................................................................................... 70
.
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................. 71
.
FIGURAS E TABELAS
RESUMO
6
quando comparadas aos valores controle. O uso de amilorida (100 M), triantereno (100
M) e furosemida (100 M) causou desvios para a direita significativos em curvas de
hidroclorotiazida nas contrações por fenilefrina não foi afetada pela indometacina
(5M), mas não ocorreu nas tiras tratadas com L-NAME (100 M). As respostas
contráteis a EFS também foram potenciadas pela hidroclorotiazida (100 M). Após o
resultados podem explicar por que diuréticos tais como a hidroclorotiazida são
ABSTRACT
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Methods: Mouse corpus cavernosum strips were dissected and mounted in organ baths
(10nM-100 µM), or to electrical field stimulation (EFS; 1-32 Hz) were constructed,
with or without different diuretics. Strips of corpus cavernosum from mice after
chronic hydrochlorothiazide treatment alone or with amiloride in vivo were also studied.
Results: Hydrochlorothiazide (30 and 100 µM), chlorthalidone (3 and 10µM) and
indapamide (1, 3 and 10µM) added in vitro, increased maximal responses (Emax) to
(5 µM) but did not occur in L-NAME (100 µM) treated strips. Contractile responses to
amiloride treatment in vivo (6 mg/kg/day and 0.6 mg/kg/day respectively; 4 weeks) the
contraction of smooth muscle from mouse corpus cavernosum. These findings may
dysfunction.
8
INTRODUÇÃO
9
PLANO DA MONOGRAFIA
CONCEITO DE DIURÉTICO
que inibem a reabsorção tubular de água e eletrólitos, mas tanto a água, os sais de sódio,
e outras substâncias que podem produzir aumento indireto da diurese pela alteração do
farmacologistas e clínicos limitar essa definição para as drogas que agem nos rins
chamadas de natriuréticvs.
por exemplo, edema, como ocorre nas doenças cardíacas congestivas, cirrose hepática,
envolvidos no transporte renal de água e osmólitos permitiu que a ação dos diuréticos
ser classificados, por exemplo, a partir de suas estruturas químicas, sítio de ação ou
A introdução de diuréticos eficazes, seguros e de baixo custo foi uma das mais
PRIMEIRA PARTE:
O TRATAMENTO DO EDEMA E
O DESENVOLVIMENTO DOS DIURÉTICOS
AO LONGO DA HISTÓRIA
12
"Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes
Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e
despediu-o."
como diuréticos. Esses conhecimentos foram reunidos no início da era cristã pelo grego
dividido em 5 tomos, que foi utilizado durante 15 séculos pelos gregos, romanos, árabes
e turcos (BHATTARAM et al, 2002; ALVES, 2013). A Figura 1 reproduz uma página de
livro.
mercúrio tem uma história venerável, sendo que os historiadores têm especulado sobre o
seu uso terapêutico no antigo Egito, China, Índia, Grécia e Roma. Médicos árabes e
persas, no entanto, certamente o utilizaram nos tempos medievais, sendo suas aplicações
corrimentos. Rhazes (850-923) por outro lado, o administrava como um agente anti-
inflamatório tanto por via oral como em ambos os ouvidos. Ele também o utilizou
(GOLDWATER, 1972). Alguns médicos daquele tempo tinham preocupações sobre sua
segurança. Avicena, em particular, acreditava que alguns de seus compostos eram muito
1541), que exerceu influência considerável sobre prática terapêutica, elogiou tanto seu
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uso tópico como por via oral. A administração parenteral foi introduzida mais tarde,
retorno dos marinheiros das expedições de Cristóvão Colombo ao Caribe, gerou uma
demanda por tratamentos eficazes dessa doença, o que deu novo uso aos mercuriais.
elogiado em seu poema Syphilis sive morbus gallicus (Sífilis ou a Doença Francesa)
poema. Nessa obra é sugerido que mercúrio e guáiaco serviriam para a cura da doença.
tratamento das doenças venéreas e outras enfermidades infecciosas até o inicio do uso
obra.
Figura 2 – Reprodução da página inicial da primeira edição de Syphilis sive morbus gallicus
publicada em Verona em 1530.
15
renascentista. Foi ele quem introduziu no ocidente o uso do cloreto de mercúrio (HgCl,
calomelano) para o tratamento da sífilis, que foi utilizado até o século XX para alivio
na Basiléia em 1568.
O uso dos sais de mercúrio como diuréticos foram um grande avanço em relação
ao que era utilizado desde a época da Roma antiga para o tratamento do edema. Mesmo
tendo sido usado ao longo dos séculos, o mercúrio inorgânico era mal tolerado e havia
cardíaca apresentou grande melhora dos sintomas com o uso de um extrato de plantas
conhecido em sua cidade como remédio para o alivio de situações semelhantes. A partir
substância ativa responsável, que passou a ser chamada de digitalina, se encontrava nas
account of the foxglove and Some of its Medical Uses, que contém informações sobre as
provas clínicas e notas sobre a toxicidade da digitalis, cuja página inicial está
encontrado em http://www.gutenberg.org/files/24886/24886-h/24886-h.htm).
No final do século XIX os médicos estavam aptos a ser bastante práticos nos
esforços para ajudar seus pacientes, que muitas vezes eram amigos e vizinhos. Isso
fabricantes de instrumentos para uso médico nas grandes cidades, como Londres.
Southey para o tratamento do edema e que se tornaram de uso comum por algumas
décadas.
Reginald S. Southey, médico inglês que viveu de 1835 até 1899, era filho de um
London’s Hospital for Diseases of the Chest, seu interesse clínico estava voltado para as
anasarca. É provável que o edema grave dos membros inferiores de um paciente tenha
sido a motivação para buscar uma solução prática, que se traduziu na inserção de uma
cânula rígida por via subcutânea para permitir que o líquido intersticial pudesse escorrer
cânula para facilitar a drenagem do fluido intersticial, tornando-a mais eficiente para o
figura 6 é mostrada uma fotografia onde cânulas de Southey estão sendo utilizadas. Por
não corrigir a causa do edema, este voltava a ser formado e a ser drenado. Mesmo
Medicine and Surgery, publicada em onze volumes por William Green & Sons, que
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constitui hoje uma das janelas mais úteis para o entendimento da prática médica entre o
final da era vitoriana e a I Grande Guerra (Ballantyne, J.W. (Ed.) Green's Encyclopedia
and Dictionary of Medicine and Surgery. William Green & Sons, Edinburgh & London,
Figura 7 – Página inicial do segundo volume da Green's Encyclopedia and Dictionary of Medicine
and Surgery, 1909.
Essa obra, além da descrição das cânulas de Southey, dá informações sobre suas
paracentese:
lateralmente por pequenas aberturas, e finalizada por uma pequena proteção através
extremidade se estende para a bacia receptora colocada sob o leito do paciente. Toda a
operação deve ser realizada com rigorosas precauções assépticas. Após a retirada da
agulha (trocater) de seu interior, a cânula é fixada em posição por cintas e pode ser
mantida por 12-24 horas. O uso de um curativo abdominal é útil tanto para fixar a
cânula como para evitar fuga de fluidos. Após a retirada da cânula deve ser aplicado
a) Diuréticos Mercuriais
Só algumas décadas depois do invento da cânula de Southey que seu uso foi
o que levou ao seu uso no tratamento de doenças do trato urinário e edema. Vários
autores do século XIX, entre os quais John Blackall, observaram os sais de mercúrio
GEORGE, 2011).
O fato se deu da seguinte maneira: o Professor Paul Saxl (1880-1932) lhe pediu
para prescrever esse medicamento para uma jovem que sofria de sífilis congênita, mas
Exército Austríaco, ao visitar a Clínica, teve pena da situação do jovem estudante e lhe
anotações dos dados de diurese feitas pela enfermeira, observou que a paciente
apresentava grande diurese após cada injeção. Vogl mostrou tais resultados ao Professor
Saxl e então mais dois pacientes com edema advindo de insuficiência cardíaca, um dos
quais sem qualquer evidência de sífilis, receberam a mesma terapia. Tendo confirmado
como diurético. Ao narrar sua descoberta, Vogl (1950) deu crédito à enfermeira que
apresentado na Figura 8.
Figura 8 – Reprodução do gráfico da diurese diária da paciente descrita por Alfred Vogl.
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Esse surpreendente achado levou à analise da urina, tendo sido verificado que a
A taxa de filtração glomerular destes compostos é muito baixa, pois se ligam fortemente
Quando administrado por via oral, sua ação se inicia entre 1 e 2 horas depois de
Merbaphen, o mercurial orgânico usado por Vogl, por ser tóxico e de aplicação
dolorosa foi logo substituído por salyrgan e, posteriormente, por outros agentes que
eram mais potentes e mais bem tolerados (SPRAGUE; GRAYBIEL, 1931). No entanto,
mersalil (Salyrgan), que por apresentar efeitos adversos menos intensos foi muito
utilizado antes do advento dos novos diuréticos, ou seja, até a década de 1960. Seu
efeito foi descrito por Agnew (1928), sendo que na Figura 9 é reproduzido um dos
Figura 9 – Observação do efeito de Salyrgan sobre o fluxo urinário. Retirado de Agnew, G.H.
Salyrgan as a diuretic. Can. Med. Assoc. J.; 18: 45–48, 1928.
torno de se dar através de um possível efeito sistêmico ou pela ação direta sobre os rins.
Foi somente em 1932 que Edward Bartram, de Boston, demonstrou que seu efeito se
dava diretamente nos rins através da injeção da droga na artéria renal (BARTRAM,
trabalhos de Schmitz, um dos quais tinha como escopo esclarecer o mecanismo de ação
eleva o fluxo urinário e diminui a reabsorção tubular do sódio filtrado sem alterar o
euphylin, uma xantina, grupo de fármacos que também foram populares no tratamento
filtração glomerular.
TYERMAN, 2002), o que justifica sua grande eficiência na eliminação de água, já que
deixou de ser utilizada na clínica pelos seus graves efeitos adversos, tais como o
A sulfanilamida foi sintetizada pela primeira vez por Gelmo em 1908, mas sua
ação antibacteriana só foi descoberta em 1935. Posteriormente, foi detectada sua ação
diurética.
primeira Batalha de Ypres e depois foi transferido para o front oriental, onde foi ferido
nos campos de batalha e viu como os soldados feridos contraiam facilmente infecções
bacterianas. Depois disso, jurou que faria tudo que podia para curar essas infecções.
Depois da Guerra, Domagk voltou para Kiel e se formou em 1921. Ele se tornou
moléculas ativas contra infecções por estreptococos utilizando corantes azoicos como
laboratório (in vivo), mesmo em doses bem baixas, porém, não funcionava in vitro.
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Os testes em humanos com infecção por estreptococos – para a qual não havia
nenhum outro tratamento - foram bem sucedidos, e a droga foi patenteada no final de
1934 e começou a ser utilizada. O primeiro artigo publicado por Domagk sobre o
Domagk, sofreu um acidente em casa que resultou em uma infecção por estreptococo. A
infecção se espalhou por seu braço e os médicos diziam que ela teria que amputá-lo.
Gerhard Domagk tratou sua filha com o Prontosil e a infecção foi vencida. Um dos fatos
que tornou o Prontosil muito famoso foi a cura de Franklin Roosevelt Jr., filho do
sulfanilamida, que era a molécula ativa. Isso explicava o porquê do Prontosil não ser
ativo in vitro. A sulfanilamida havia sido sintetizada pela primeira vez em 1908 por Paul
Gelmo e patenteada em 1909. Quando a equipe de Bovet fez a descoberta, sua patente já
tinha expirado. Por suas contribuições, Bovet recebeu o premio Nobel de Fisiologia e
Medicina em 1957.
1937 por um cientista americano que criou o "elixir de sulfanilamida". Ele dissolveu a
Esse "elixir" foi comercializado para tratamento de infecções da garganta. Não foi feito
nenhum teste animal nem foi verificado na literatura se estavam usando alguma
substância tóxica. Como resultado, 107 pessoas, a maioria crianças, morreram depois de
utilizar o "elixir". Anos mais tarde, Frances Oldham Kelsey descobriu que a substância
26
Alimentos, Medicamentos e Cosméticos dos Estados Unidos (The United States Federal
Food, Drug, and Cosmetic Act), que estabeleceu as normas regulatórias que regem a
introdução de novas drogas no mercado. Antes, um fabricante não precisava provar que
seu produto era seguro, mas após o Ato, o Food and Drug Administration (FDA) passou
a revisar os resultados dos testes com o poder de exigir testes extras, além de impedir a
comercialização do produto.
por Donald Woodsm. Este cientista verificou que a estrutura química da sulfanilamida
era muito semelhante à do ácido para-aminobenzóico (PABA) e com ele competia pela
pela qual impede a síntese do DNA bacteriano. Por inibir a multiplicação e crescimento
estudaram a razão pela qual as sulfonamidas causavam queda da pCO2 sanguínea, tendo
verificado que sua causa era a inibição da anidrase carbônica. Na mesma época Horace
que foi conseguido por Roblin e Clapp (1950), da Lederle Division da American
Cyanamid Company, que sintetizaram várias moléculas semelhantes, uma das quais foi
A anidrase carbônica (AC), enzima que contém zinco na sua estrutura química,
independentes de AC, designadas alfa, beta e gama. Todas as ACs conhecidas do reino
animal são do tipo alfa. Sete isoenzimas, denominadas AC I – VII, são encontradas nos
O íon zinco situa-se numa cavidade em forma de cone, coordenado aos três
zinco sobre uma molécula de CO2 fracamente ligada a uma região hidrofóbica. O íon
ligada a água para a His-64, que serve como um transporte de prótons entre o centro
2007).
aumento da excreção dos íons Na, K, HCO3 e PO4, enquanto que as excreções de acidez
extracelulares.
29
Ainda que seu sítio de ação principal se localize nas porções iniciais do túbulo
proximal, região onde ocorre intensa reabsorção de água e sal, seu efeito é modesto
tendo em vista várias causas. Entre elas, as mais importantes são: 1) a inibição do
Ainda que o efeito diurético do Diamox seja modesto, esse fármaco se mostrou
Como sua ação sobre a excreção de água e eletrólitos é modesta, atualmente tais
seletivo da anidrase carbônica, muitos estudos foram realizados sobre suas propriedades
FUJII et al, 1990) e da retina (RASSAM et al, 1993; JOSEFSSONA et al, 2004).
de resistência isoladas de cobaia. Este efeito está associado com uma mudança no pH
celular do músculo liso e subsequente abertura de canais de potássio ativados por cálcio
(canais KCa), o que foi evidenciado pelo fato da vasodilatação induzida pela
canal (PICKKERS et al, 1999). Abertura dos canais de potássio vasculares hiperpolariza
30
vasodilatação mediada por fluxo (COOKE et al, 1991) são regulados por o canal KCa em
muitos tecidos.
escova (AC IV) como no interir das células do túbulo proximal (AC II), se dá através do
intracelular do CO2, o que leva à menor formação do íon H no interior celular, necessário
Com a inibição das AC (tanto a II como a IV), presentes quer nas células do túbulo
proximal como nas células intercalares do tipo alfa do ducto coletor, haverá menor
formação dos íons H e HCO3 no interior celular, já que essas enzimas aceleram em
haverá uma menor secreção de H+, seja através no permutador Na+/H+, seja através das
presente na membrana basolateral e, assim, uma redução de sua reabsorção. Nas células
intercalares do tipo alfa, por outro lado, a menor formação intracelular do íon HCO3
leva a uma redução da atividade do permutador AE1, responsável por mediar a troca do
íon Cl pelo íon HCO3, reduzindo, assim, a reabsorção desse íon. Devido à redução da
c) Os tiazídicos
1957) e logo em seguida suas ações fisiológicas foram descritas (BEYER, 1958).
diuréticos rapidamente se tornaram populares, pois foram os primeiros agentes ativos com
efeitos benéficos comprovados para reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão
arterial (HOLLANDER et al, 1958). Ainda hoje os tiazídicos constituem a primeira linha
Embora o principal local de ação dos diuréticos tiazídicos seja o rim, o maior
Embora estas drogas reduzam a pressão arterial de forma eficaz, seus mecanismos
extracelular (VEC) e o volume plasmático, mas, com o uso crônico, o volume do VEC
efeito direto sobre a vasodilatação, talvez mediado por alterações no transporte iônico
no tecido vascular (KAPLAN, 2002; PAPADEMETRIOU et al. 2003; SICA, 2008). Por
outro lado, outros enfatizam que a depleção de sal é necessária, sugerindo que a
neste mesmo sentido foram obtidas em estudo que mostra que os tiazídicos não são
pelos quais os tiazídicos dilatam os vasos sanguíneos. Uma possibilidade é que as drogas
alterem o fluxo de íons na membrana celular do músculo liso vascular. In vitro, os tiazídicos
abrem os canais de potássio de alta condutância ativados por cálcio, o que hiperpolarizaria
1995). In vivo, foi observado que a hidroclorotiazida causa leve dilatação dos vasos
sanguíneos do antebraço humano, mas este efeito é obtido com uma concentração maior
al, 1998). O efeito parece estar relacionado, pelo menos em parte, com a capacidade de
específicos desta proteína, uma vez que não inibem o cotransportador Na-K-2Cl
WRIGHT, 1986; ELLISON et al, 1987). O NCC é expresso nas células do túbulo
BACHMANN et al, 1995). Embora exista evidência de que o NCC possa ser expresso
em osso e intestino, não ocorre no tecido muscular liso vascular e no músculo cardíaco
caracterizada por hipocalemia e alcalose (SIMON et al, 1996). Estas mutações, que
vasodilatação e não por redução do VEC, embora o gene SLC12A3 seja expresso por
células renais e não por células do músculo liso vascular. Indivíduos com SG têm
para esta vasodilatação, parece pouco provável que seja a causa predominante, pois é
pressão sanguínea (GELEIJNSE, et al, 2003). Assim, parece muito provável que a
pressão arterial na SG seja baixa porque a perda renal de sal de alguma forma causa
vasodilatação secundária.
NCC. Uma das características clínicas da Síndrome de Gordon é a alta sensibilidade aos
entre os indivíduos afetados com FHHt antes e durante o tratamento com um tiazídico
(Tz in FHHt).
Figura 12 - Diferença na pressão diastólica entre indivíduos com SG (que apresentam perda
funcional do cotransportador Na-Cl sensível a tiazídicos) e seus parentes normais (coluna indicada
como Gitelman), entre hipertensos essenciais antes e durante o tratamento com um tiazídico (Tz in
HtnN) e entre os indivíduos afetados com FHHt antes e durante o tratamento com um tiazídico (Tz
in FHHt). Os dados são apresentados como média±s.e. Retirado DE ELLISON; LOFFING, 2009.
Todavia, como na SG, aFHHt é uma doença que afeta o DCT, neste caso causada
pelo ganho de função do NCC (YANG et al, 2007; LALIOTI et al, 2006). No entanto, a
hipertensão em FHHt é mediada, pelo menos em parte, por uma maior vasoreatividade,
pois estes indivíduos demonstram uma resposta exagerada ao "teste de pressão a frio"
direto dos tiazídicos sobre os vasos sanguíneos como forma de promover sua ação
hipotensora. Contudo, estas observações indicam que não é necessário haver um efeito
direto sobre o músculo liso vascular para explicar a vasodilatação que se observa
durante a sua utilização crônica. Em vista que a proteína que apresenta perda de função
alterada em tais estados indica existir um mecanismo pelo qual a perda renal de sal
auto-regulação postulado por Tobian (TOBIAN, 1967) e Shah (SHAH et al, 1978) e
pressão arterial primariamente pela inibição do NCC presente no rim. Dados mais
diretos foram obtidos em indivíduos com SG, que apresentam perda funcional do NCC,
tendo sido observado que neles os tiazídicos aumentam a excreção de NaCl, embora em
pequena quantidade (COLUSSI et al, 2007). Embora isso possa refletir a perda
que os tiazídicos também inibem esta enzima (GOLDFARB et al, 1991). Outra
possibilidade seria um efeito no duto coletor, onde a inibição do transporte de sódio pela
tiazida foi encontrada por Terada e Knepper (TERADA; KNEPPER, 1990), mas não por
Gitelman sugeriu que suas características clínicas decorriam da retenção renal de NaCl
identificadas no gene do NCC, mas no das cinases WNK1 e WNK4 da família WNK –
abreviatura de With No lysine Kinase (WILSON et al, 2001). Estes aspectos serão
Hoechst, respectivamente.
surgiu a furosemida no início dos anos 1960 (LANT, 1981). A descoberta do ácido
etacrínico, por outro lado, foi fruto de uma linha de pesquisa distinta (FEIT, 1979).
dos edemas.
dissociação entre a reabsorção de soluto e água, o que lhe confere a capacidade de diluir
no túbulo coletor, a qual se dá pela inserção de aquaporina do tipo 2, via ação do ADH
na membrana luminal das células principais desta porção do néfron. De fato, a perda da
água no coletor.
presente na membrana luminal, é fundamental neste processo. Através dele, os íons Na,
Esses três íons tomam caminhos distintos para saírem da célula. Enquanto o íon Na sai
via canais ClC-Ka e ClC-Kb. O íon K, por sua vez, pode retornar para a luz tubular
através dos canais ROMK presentes na membrana luminal. Isto tem duas consequências
adequadas desse íon para que, com todos os sítios de ligação aos três íons ocupados, o
íon potássio para a luz tubular hiperpolariza a membrana luminal, contribuindo para a
ser lembrado que, sendo o ramo grosso ascendente impermeável à água, a reabsorção de
NaCl gera um gradiente transcelular de Na+, o que leva a um retorno paracelular desse
sódio, o qual, via cotransportador NKCC2, forma, por sua vez, um maior gradiente
químico para o íon potássio, cujo retorno para a luz tubular, via canais ROMK, origina
40
um gradiente elétrico a ser utilizado para a reabsorção de magnésio e cálcio, pela via
paracelular.
Figura 13 – Transportadores presentes nas células tubulares do ramo grosso ascendente da alça de
Henle e as alterações de função que originam os diferentes tipos da Síndrome de Bartter.
Reproduzido de HERBERT, 2003.
2) gene KCNJ1, que codifica o canal luminal de K+ (tipo ROMK), cujas mutações
4) gene BSND, que codifica a subunidade ß dos canais basolaterais de Cl- (ClC-K)
Bartter tipo V.
insuficiência renal. Esses são exatamente os efeitos observados com o uso desses
diuréticos.
O amiloride (N-amidino-3,5-diamino-6-chloropyrazinecarboxamide) e o
contém pteridina, que consiste de uma pirimidina ligada a um anel pirazina formando
Como apresentado na Figura 14, o túbulo coletor possui dois tipos celulares:
ENaC na membrana luminal, o que permite a passagem do íon Na da luz tubular para
influxo celular de sódio gera uma diferença de potencial elétrico transtubular com a luz
negativa, o que favorece a secreção de K+ pelo canal ROMK. Logo, fatores que
poupadores de potássio.
quatro subunidades: duas alfa, uma beta e uma gama. Seus domínios regulatórios estão
citoplasmática. Mais recentemente, foi determinado que mutações nos genes que
posição 616 da subunidade beta) acarretam ativação contínua do ENaC. Tal ativação
gera maior reabsorção de Na+ nas células principais do túbulo coletor, o que eleva a
Na síndrome de Liddle a alteração genética causa a formação defeituosa de duas das três
43
foram identificadas no gene do NCC, como inicialmente foi cogitado, mas no das
(WILSON et al, 2001). Os membros desta família de cinases são caracterizados pela
(ASDN), agindo sobre três diferentes mecanismos de transporte iônico. Por meio de um
túbulo contornado distal (DCT) e o canal epitelial de Na+ (ENaC), via da reabsorção
íon Cl e secreção do íon K pela via paracelular. No final do DCT (DCT2), as duas vias
ao íon Cl.
Essas ações
envolvem diferentes
mecanismos
moleculares que
podem ocorrer de forma independente. Sabe-se que a WNK1 possui duas isoformas:
uma longa (long WNK1, L-WNK1) que pode ativar o cotransportador NCC, o canal
ROMK, e uma isoforma renal (kidney specific WNK1 – KS-WNK1) que pode regular a
inibida pelo efeito negativo dominante da sua variante de processamento curto - cinase
transporte de Na mediado pelo ENaC e pelo NCC, ao mesmo tempo em que inibe a
secreção de K via canal ROMK . A KS-WNK1 tem um padrão muito mais restrito de
através do seu efeito negativo dominante sobre a L-WNK1; este também inibe o ENaC
SEGUNDA PARTE:
1) Revisão da literatura
Como revisto acima, embora o principal local de ação dos diuréticos tiazídicos
seja o rim, seu maior efeito hipotensor durante a administração em longo prazo é devido
47
1992b; 1993; PICKKERS et al, 1998) como in vivo (PREZIOSI et al, 1961;
esta ação não estão relacionados com os efeitos natriuréticos destes diuréticos (inibição
CALDER et al, 1993) e o relaxamento vascular que provocava eram mediados por
canais de K+ ativados por Ca2+. Também foi verificado que Indapamida agia como um
1995).
BURCHARDT et al, 2000; MOULIK; HARDY, 2003; BÖHM et al, 2007; KLONER,
2007).
Como revisto por Böhm (2001), a impotência pode ocorrer em duas formas. A
consistente ou recorrente de o homem não pode atingir ou manter uma rigidez do pênis
como disfunção erétil. Impotentia coeundi é considerado como tal apenas se persistir ao
longo de um período de pelo menos 6 meses. Falta de libido não é relevante nesta
definição: a libido pode ser totalmente não comprometida apesar da disfunção erétil. No
caso de falta de libido, por outro lado, a ereção pode não ocorrer.
A disfunção erétil ocorre com relativa frequência e torna-se mais prevalente com
o aumento da idade. Trata-se de doença comum, com uma prevalência entre 10 a 30%
conseguir uma ereção satisfatória para si ou para os seus parceiros, ou de manter uma
ereção na relação sexual (NIH Consensus on Impotence, 1993; KLONER et al, 2001;
DUSING, 2005). Entre os homens com hipertensão arterial, 67-68% têm algum grau de
disfunção erétil. Vários fatores médicos, psicológicos e de estilo de vida têm sido
tabagismo e falta de atividade física são fatores de risco estabelecidos para disfunção
erétil (Kloner, 2007). Entre as pessoas com diabetes mellitus ou com insuficiência renal
grave, a prevalência é maior do que entre os homens saudáveis da mesma faixa etária.
49
pressão arterial sistólica (GRIMM et al, 1997). Entre os indivíduos hipertensos não
al, 2001).
É sabido que os medicamentos podem ter efeitos adversos sobre a função sexual
uso dos anti-hipertensivos tem sido associado com a disfunção erétil (KLONER et al,
indicando que a função sexual e a disfunção erétil podem melhorar durante o tratamento
diurético sobre a disfunção erétil não estão claramente definidos. A ereção peniana é
uma reação vascular complexa e muitos trabalhos têm-se centrado sobre as alterações
50
mais importante para o relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso (LUE, 2000).
2) Objetivos
3) Materiais e métodos
Animais
(COBEA).
solução de Krebs gelada com a seguinte composição (mM): NaCl, 118; NaHCO3, 25;
glicose, 5,6; KCl, 4,7; KH2PO4 , 1,2; MgSO4 7H2O, 1,17 e CaCl2 2H2O, 2,5.
outro foi utilizado como ponto de fixação. Uma vez montados no aparelho de registro
MA, EUA). A estimulação foi realizada com trens de estímulos com duração de 10
foram obtidas para avaliar mudanças no tonus basal das tiras submetidas à estimulação
fim de obter respostas mediadas por NO (respostas nitrérgicas), o corpo cavernoso dos
camundongos foram pré-tratados com guanetidina (30 μM) e atropina (1 μM) para
foram contraídos com U46691 (100 μM) e quando alcançados níveis de contração
estáveis, foi promovida uma série de relaxamentos induzidos por estimulação de campo
cumulativas de fenilefrina (10 μM-100 uM) e acetilcolina (10 μM -10 μM) foram
obtidas em tiras de corpo cavernoso, tal como descrito acima. Foram obtidos
1-32 Hz). Também foi avaliado o tratamento crônico por adição de hidroclorotiazida +
semanas.
54
As amostras de plasma
sangue foi colhido por punção da aorta abdominal. O plasma foi obtido por
As amostras padrão
utilizadas para obter a curva de calibração entre 5 ng/mL-5000 ng/mL e três níveis de
controle de qualidade (15, 150 e 4000 ng/m). A linearidade da curva de calibração foi
analito; pico identificável do analito, discreto e com uma precisão entre 80% - 120% em
mesmos foam agitados em vórtex durante 1 min. As amostras foam então centrifugadas
a 3400 g durante 2 min a 4 °C. Após a centrifugação os tubos foram congelados durante
20 min a -80 °C. A fase orgânica superior foi transferida para outro conjunto de tubos de
vidro limpos e evaporada até secar sob N2 a 40 °C. Os resíduos secos foram dissolvidos
descartáveis.
reversa (C18 4μm - 100 milímetros x 2,1 mm) operando a 50 °C. A taxa de fluxo foi de
automático foi mantida a 5 °C e o tempo de reação foi de 2 min. Sob estas condições, os
tempos de retenção típicos padrão foram de 0,8 min ± 0,2 para ambos os compostos, e
EUA), equipado com uma fonte de electrospray em execução no modo negativo (ES-),
em 350 °C. O capilar foi ajustado para 3,2 kV e o cone em 28V para ambos os
compostos. A energia de entrada e de saída foram 10V e a energia de colisão foi de 25V
para todas as transições. Os dados foram adquiridos por meio da interface MassLynx
Materiais
Análise estatística
Todos os dados são expressos como média ± s.e. (n). Foi utilizado o programa
Instat (GraphPad software) para a análise estatística. Foi realizada análise de variância
(ANOVA) para medidas repetidas e o método de Bonferroni foi escolhido como pós-
teste. Teste t não pareado de Student foi utilizado quando apropriado. P < 0,05 foi aceito
(pEC50).
57
4) Resultados
por si só (grupo controle; Figuras 15A-C, Tabela 1). Clortalidona (3 e 10 µM) também
1). Em concentrações mais baixas (0,01 e 0,1 µM), nem indapamida (Emax = 0,45 ± 0,04
e 0,44 ± 0,06, 0,01 e 0,1 por mN, respectivamente) nem clortalidona (Emax = 0,49 ± 0,04
e 0,47 ± 0,05 mN; 0,01 e 0,1 µM, respectivamente) causou alterações significativas nas
contrações induzidas por fenilefrina em comparação com o controle (0,44 ± 0,05 mN,
Figura 15 - Curvas de resposta à concentração de fenilefrina (PE; 10; 30 e 100 µM) obtidas em tiras
de músculo liso de corpo cavernoso de camundongo antes ou após pré-incubação com diuréticos
sulfonamídicos: (A) Hidroclorotiazida (10-100 mM); (B) Indapamida (1; 3 e 10 µM); (C)
Clortalidona (3 e 10 uM). Os valores experimentais foram calculados em relação às contrações
máximas (nM) produzidas por fenilefrina em cada tecido. Dados apresentados como média ± s.e. de
4-6 experimentos.
58
16A), triamtereno (100 µM, n = 3; figura 16B) e furosemida (100 µM, n = 4; Figura
controle correspondentes (Tabela 1). Concentrações mais baixas destes diuréticos (10
µM) não alteraram a contração induzida pela fenilefrina (dados não mostrados). O
inibidor de anidrase carbônica, metazolamida (100 µM, n = 3), não provocou qualquer
pré-contraídas pela ação de acetilcolina (ACh), tendo sido observado EC50 (metade da
concentração eficaz máxima) de 7,26 ± 0,29 e 7,97 ± 0,29 para controle e ACh,
respectivamente, n = 5.
Figura 16 - Curvas de resposta à concentração de fenilefrina (PE; 10; 30 e 100 µM) obtidas em tiras
de músculo liso de corpo cavernoso de camundongo antes ou após pré-incubação com diuréticos
poupadores de potássio: (A) Amilorida (100 µM); (B) Triamtereno (100 µM); e (C), Furosemida
(100 µM). Os valores experimentais foram calculados em relação às contrações máximas (Mn)
produzidas por fenilefrina em cada tecido. Dados apresentados como média ± S.E.M. de 4-7
experimentos.
59
Tabela 1 - Potência (pEC50) e a resposta máxima (Emax) obtidas a partir de curvas de resposta à
concentração de fenilefrina (10 µM - 100 µM) na ausência e na presença de diuréticos no músculo
liso do corpo cavernoso de camundongo.
Fenilefrina
esquerda nas contrações induzidas pela fenilefrina (Figura 17A, Tabela 2). A adição de
em comparação com o grupo controle (Figura 17B, Tabela 2), mas não alterou o tonus
Figura 17 - Curvas de resposta à concentração de fenilefrina (PE; 10; 30 e 100 µM) obtidas em tiras
de músculo liso de corpo cavernoso de camundongo na ausência ou na presença de (A)
hidroclorotiazida (100 µM) e/ou L-NAME (100 µM); ou (B) ) hidroclorotiazida (100 µM) e/ou
indometacina (5 µM). Os valores experimentais foram calculados em relação às contrações
máximas (Mn) produzidas por fenilefrina em cada tecido. Dados apresentados como médias ± s.e.
de 4-7 experimentos.
61
Tabela 2 - Potência (pEC50) e resposta máxima (E max) obtidas a partir de curvas de resposta à
concentração de fenilefrina (10 µM-100 µM) na ausência e na presença de hidroclorotiazida (100
M), L-NAME e indometacina no músculo liso do corpo cavernoso de camundongo.
Fenilefrina
Dados apresentados como média ± s.e. de n experimentos. Potência (pEC 50) representada como -log da
concentração molar para produzir 50% da resposta máxima de contração induzida por agonista em relação às
contrações induzidas por fenilefrina. Resposta máxima (E max) calculada como mN de contração em relação a
alterações máximas de resposta contráctil produzida pela fenilefrina. * P <0,05 comparado ao grupo controle;
** P <0,01 comparado ao grupo controle; *** P <0,001 em relação ao grupo controle.
hidroclorotiazida (100 µM), durante 30 min antes e durante a EFS aumentou claramente
as respostas contráteis (Figura 18 A). Na presença de L-NAME (100 µM) não houve
respostas para EFS (Figura 18C). Em tiras de músculo liso de corpo cavernoso pré-
resposta máxima à fenilefrina (Figura 19A; Tabela 1). No entanto, o mesmo tratamento
campo elétrico (EFS) (Figura 19B), sem afetar as respostas contráteis induzidas por EFS
(dados não mostrados). O tratamento crônico também não afetou o relaxamento por Ach
em tiras de músculo contraídas por U 46619 (CE50 7,33 ± 0,13 e 7,38 ± 0,16 para o
não foram observadas em tiras de músculo liso de corpo cavernoso que receberam a
semanas (Quadro 2 ), e também não afetou o relaxamento induzido por acetilcolina das
63
tiras contraídas pela ação de U46619 (EC50 7,7 ± 0,11 e 7,8 ± 0,2 para o controle e
Figura 19 - (A) curvas de resposta à concentração de fenilefrina (PE) nas concentrações de 0,01 a
100 µM em músculo liso do corpo cavernoso obtido de animais tratados com a hidroclorotiazida (6
mg/kg/dia) durante 4 semanas. (B) respostas de relaxamento à estimulação de campo elétrico (EFS)
de 1-32 Hz obtidas em preparações semelhantes. (C) curvas de resposta à concentração de
fenilefrina (PE) nas concentrações de 0,01 a 100 µM em músculo liso do corpo cavernoso obtido de
animais tratados com hidroclorotiazida (6 mg/kg/dia) e amilorida (0.6mg/Kg/dia) durante 4
semanas. (B) respostas de relaxamento a estimulação elétrica de campo (EFS, 1-32 Hz) obtidas em
preparações semelhantes. Os dados apresentados são meios ± s.e. de 4-10 experimentos. * P <0,05
comparado ao grupo controle.
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
tiras de músculo liso do corpo cavernoso de camundongos induzida tanto por fenilefrina
64
como por estimulação de campo elétrico (EFS). Este efeito também foi observado ex
Esta ação parece ser específica para esta classe de diuréticos, pois não foi
anidrase carbônica.
Estudos anteriores mostraram que a tiazida tanto in vivo como in vitro atenua a
ação vasoconstritora induzida por agonista por dessensibilização das células do músculo
liso vascular ao cálcio através da via da cinase Rho-RhoA (ZHU et al, 2005). Também
de cobaia pela abertura de canais de K+ ativados por Ca2+, o que leva à hiperpolarização
1993).
corpo cavernoso foi, assim, inesperada e, pelo menos em termos de fluxos iônicos,
(ROBINSON et al, 2001; FÉLÉTOU et al, 2010; WONG et al, 2010). A inibição de
humanos (KNAUF et al, 2006), indicando um possível papel das prostaglandinas nos
efeitos renais das tiazidas. Mais próximo do presente contexto, indometacina potencia o
contração.
deslocamento para a direita da curva das contrações induzidas por fenilefrina, sugerindo
por acetilcolina em aorta de ratos (ZHOU et al, 2008), indicando que a sua ação sobre
que o desvio para a esquerda da curva causada pela inibição por NO "supera" outros
tecido.
foi relatada após tratamento in vivo com a hidroclorotiazida (CHANG et al, 1991;
PRISANT et al, 1994; BURCHARDT et al, 2000; MOULIK; HARDY, 2003; BÖHM et
al, 2007; KLONER, 2007). A ereção peniana é uma resposta neurovascular complexa
NANC (SAEZ DE TEJADA et al, 1988), que agem no sentido de aumentar o fluxo
al, 1988). Assim, a disfunção erétil resultaria claramente de uma perturbação desse
1995).
a partir da discussão anterior, é razoável supor que a contração do músculo liso não
67
terapeuticamente - cerca de 130 ng/mL após um comprimido 25mg (PATEL et al, 1984)
aproximadamente 50% do Emax. É importante notar que a disfunção erétil causada por
clinicamente como um agente único e não há, portanto, dados disponíveis sobre seu
hidroclorotiazida e não existe qualquer evidência clínica de que esta combinação esteja
terapeuticamente. Estes resultados podem explicar por que esta classe de diuréticos está
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Gilberto de Nucci pela intensa colaboração que permitiu a realização deste
trabalho.
70
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