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Há muito tempo atrás, Belle vivia em uma pequena vila muito tradicional e conservadora.

Os que
tinham mais cabeças de gado e terras eram os que governavam naquelas terras, enquanto os que
estavam embaixo os serviam. Ela nunca gostou disso, mas era o que tinha para lidar.

Enquanto todas as moças cuidavam de crochê e de vendas nas tavernas, Belle ajudava o pai nos
trabalhos das fazendas do coronel Ruffs. Naquela época Byron estava estudando para poder se
formar na capital, então eram eles que tinham que arranjar dinheiro para a casa. Por causa disso ela
recebeu um estigma muito forte. Mulheres não deveriam fazer as mesmas coisas que os homens, o
que ela está tentando ser?, a comunidade se perguntava. Mas não é como se ela se incomodasse
tanto assim, afinal, tinha mesmo um gosto parecido com o dos outros homens.

Com os vinte anos, Belle foi expulsa da cidade por ter sido encontrada se engraçando com a filha
do patrão contra a vontade da moça. Na verdade isso foi o que Pâmela disse, para conseguir se safar
impune. Enquanto isso, a vergonha e o nojo caiu todo sobre a mais velha. O pai e o irmão não
puderam fazer nada, pois não podia perder o emprego e a ambição de Byron por conhecimento era
muito forte, então, foram egoístas.

Belle ficou abalada, mas endureceu com isso. E assim, ela se ergueu e usou o seu desprezo como
arma. Ela logo encontrou pessoas, como ela, rejeitadas, e foi acolhida, encontrando um próprio
caminho para seguir: o de assassina.

Ela se juntou à gangue do Olho Obseno que, após a morte de seu antigo líder e com Belle tomando
a liderança, virou a Gangue do Braço Dourado. Além de assassina, a gangue também roubava de
casas de famílias ricas e ganhava um bom dinheiro com ambas tarefas. Belle nunca esteve tão
rodeada de luxos e regalias e não se importava mais em olhar para trás, já tendo tudo o que queria
em suas mãos.

Foi quando, um dia, um empregado do Coronel Ruffs bateu na porta de sua base querendo que ela
matasse uma bruxa.

– Uma bruxa? – ela repetiu.

O esqueleto estava sentado só no sofá enquanto os muitos outros membros da gangue estavam
rodeando ele de diversos lados, o deixando extremamente nervoso e soltando sons de ossos.

– S-Sim! Ela tornou a nossa cidade numa eterna noite e nada pode ser produzido nas lavouras!
Além de que todos os lobos e coiotes que antes ficavam somente na floresta começaram a andar
pelas ruas e atacar qualquer um que aparecesse!

Belle olhou disfarçadamente para Tara, a bruxa de sua gangue, procurando algum vestígio de
confirmação. Podia, realmente, uma bruxa fazer algo do tipo? E a linguagem corporal, os olhos
surpresos e os ombros erguidos, diziam que sim.

– O seu chefe realmente acha que somos capazes de fazer isso por ele? – Belle perguntou,
sombriamente. O esqueleto se encolheu quando a mulher se levantou. – Depois de ele ter me
arrancado um braço por causa daquela vadia ele agora quer que eu salve o coro dele?!

– N-Não é só ele que está sofrendo com isso!! Não é só ele que precisa ser salvo! Você sabe quantas
pessoas estão morrendo por causa dessa maldição?! Ele pode muito bem se esconder na casa chique
dele e nos deixar servir como comida de lobos, mas já estão acabando as opções de jantar e nós
vamos ter que nos sacrificar!!
Belle não esperava a exaltação do esqueleto, mas percebeu que era genuíno. Talvez alguém querido
pra ele tivesse ido com isso. Belle se lembrou de pessoas que realmente gostava quando morava em
sua vila. Mesmo que elas não levantaram a mão para ajudá-la, o que eles podiam fazer? Ela
suspirou e pôs a mão na cabeça.

– Quanto estão oferecendo?

– 200 gemas!

– De entrada?

– P-Pelo trabalho todo?

– Bora lá, acha que eu vou te dar desconto só por esse showzinho? – Belle puxou o saco de gemas
que o esqueleto segurava e o jogou para Colt, que teve dificuldades de segurá-lo e caiu no chão. –
Vou querer 300 para quando eu encontrar e mais 200 para matar.

– Q-Quê?

– Esses desgraçados acham que eu faço caridade. Levem eles pra fora, filhos.

Assim, o esqueleto foi despachado para de volta a sua vila e Belle ficou no escritório a sós com
Edgar e Tara, que pareciam exaltados pelo serviço.

– Você não vai fazer isso, vai? – Edgar perguntou, parecendo desgostoso. Ele também tinha um
histórico ruím com traições e desprezava totalmente as pessoas que o fizeram.

– … Tara, o que você acha?

A voz da mulher ecoou em suas cabeças. “Poucos usuários de magia conseguem fazer algo desse
tipo. Ilusões são complicadas mas requerem baixa magia, mas verdadeira mudança do tempo que
modifica o comportamento de animais não é qualquer coisa… Isso cheira ao clã dos Ossos
Cruzados.”

–… Ah não. Não não não. – Edgar recuou, temeroso. O clã dos Ossos Cruzados é um grupo de
criminosos de elite, poucos membros mas capacidades além do conhecimento do próprio Braço de
Ouro. – Não vamos mesmo nos meter com isso, não é chefe?

Belle sabia que aquilo era arriscado e sequér tinha apreço pelos que ia salvar – mas um desejo de
vingança subiu pela garganta dela. Derrotando os Ossos Cruzados, se tornaria a heroína do povo
que a odiava. Era o melhor tapa na cara de todos.

– É melhor eles dobrarem o valor e ainda beijarem nossos sapatos – ela falou, assim, decretando a
missão.

Iriam derrotar a bruxa que estava tornando Brawl City em um mundo inabitável.
Belle, Tara e Edgar foram, então, em direção a cidade, que ficava há alguns quilômetros de
distância. O caminho até lá er

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