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A

Fantástic
a Fábrica
de
Chocolat
e
ADAPTAÇÃO
WILLIAN GUILHERME
Personagens:
Willy Wonka
Charlie Bucket
Mike TV
Veruca Salt
Violet Beauregarde
Augustus Gloop
Narrador (Voz de Fundo)
Oompa-loompas
CENA UM: O ÚLTIMO CONVITE DOURADO É MEU!
(Charlie encontra o ultimo convite dourado)

NARRADOR – (Charlie entra em cena e vai andando pela plateia e após


um tempo sai de cena) esta é a historia de um garotinho comum chamado
Charlie Bucket, ele não era mais rápido, nem mais forte, ou mais
inteligente que as outras crianças; a família dele não era rica, nem poderosa
ou influente, na verdade eles mal tinham o que comer. Charlie Bucket era o
menino mais sortudo do mundo, ele só não sabia disso ainda. (as quatro
crianças entram em cena e ficam brincando no palco)

CHARLIE – (entra em cena gritando) Eu encontrei! Eu encontrei! O último


convite dourado é meu! (se senta junto dos outros quatro).

CENA DOIS: BILHETES DOURADOS


(as crianças estão lendo o convite dourado)

(Estão às cinco crianças sentadas no palco, lendo os convites dourados)

CHARLIE – Meus parabéns ao feliz ganhador do convite dourado do Sr.


Willy Wonka. Meus sinceros cumprimentos. E agora peço que você venha
a minha fábrica, para ser meu convidado por todo um dia.

VIOLET – Eu, Willy Wonka, vou conduzi-lo pessoalmente pela a fabrica


mostrando tudo o que há para ver...

AUGUSTOS – E depois quando for a hora de partir, você será levado para
a casa acompanhado por uma fileira de caminhões, todos eles carregados
com todo o chocolate que poderá comer...

VERUCA – E lembre-se, uma das cinco crianças sortudas receberá um


premio extra acima de qualquer expectativa, e aqui estão as instruções...

MIKE TV – No dia primeiro de fevereiro, esteja no portão da fabrica às 10


horas da manhã em ponto. Se quiser, poderá trazer um membro de sua
família pra cuidar de você. Ate lá, Willy Wonka!

VIOLET – Primeiro de fevereiro.

AUGUSTOS – (todos se olham) Mas é amanhã! (Todos saem de cena


correndo)

CENA TRES: ENTRADA DA FÁBRICA


(todos estão para entrar na fabrica do senhor Willy Wonka)

VERUCA – (brava) Eu quero entrar já!

CHARLIE – São 09h59min ainda.

VERUCA – Então acelere o tempo! (Augustos faz barulho comendo


chocolate)

VIOLET – (falando sozinha) Olho no premio Violet, fica de olho!


WILLY WONKA – (voz de fundo) Entrem, por favor, podem se
aproximar. Caros visitante é com grande prazer que os convido a minha
humilde fábrica. E quem sou eu? Bem... (Cortinas se abrem e começa a
dança “Willy Wonka ele é mestre no que faz”).

WILLY WONKA – (batendo palmas) Não foi um show magnifico? Eu tive


medo de que estivesse um pouco exagerado no meio, mas aquele final foi
uau!

VIOLET – Quem é você?

CHARLIE – Ele é Willy Wonka!

(Pausa. Todos se entreolham em silencio)

WILLY WONKA – Bom dia, estrelinhas. A terra diz olá! (Pega um cartão
e lê) “Caros convidados, saudações. Bem vindos à fábrica, eu aperto suas
mãos com carinho” (estende a mão, mas é ignorado). Meu nome é Willy
Wonka.

VERUCA – Não deveria estar sentado ali?

WILLY WONKA – Eu não poderia ver o show direito de lá, poderia


garotinha?

CHARLIE – (mostra uma foto do avô) Sr. Wonka, não sei se o senhor vai
se lembrar, mas meu avô trabalhou muito tempo aqui na fábrica.

WILLY WONKA – Seu avô era um daqueles espiões desprezíveis que


todos os dias tentavam roubar a obra da minha vida e vender para aqueles
parasitas imitadores de meia tigela?

CHARLIE – Não, senhor.

WILLY WONKA – (sorri) Então ótimo! Seja bem vindo. Vamos lá,
crianças!

AUGUSTUS – Não quer saber nossos nomes?

WILLY WONKA – De que isso adiantaria? Venham logo, há muito o que


ver. Podem deixar os casacos em qualquer lugar.

MIKE TV – Está muito calor aqui dentro!


WILLY WONKA – Sim, tenho que manter aquecido porque meus
operários estão acostumados com o clima bem quente. Eles não suportam o
frio.

CHARLIE – Quem são eles?

WILLY WONKA – Tudo em seu tempo. Vamos...

(Violet abraça Willy Wonka)

VIOLET – Sr. Wonka, sou Violet Beauregarde.

WILLY WONKA – Ah, eu não ligo.

VIOLET – Mas deveria ligar, porque sou eu quem vai ganhar o prêmio
especial no fim.

WILLY WONKA – É... Você parece bem confiante, e confiança é tudo.

VERUCA – (entra na frente de Willy Wonka) Sou Veruca Salt, é um


prazer conhecê-lo, senhor.

WILLY WONKA – Eu sempre pensei que Veruca fosse um tipo de verruga


que dá na sola do pé.

AUGUSTUS – Sou Augustus Gloop, eu adoro chocolate.

WILLY WONKA – Já percebi. Eu também, eu nunca esperei que


tivéssemos tanto em comum. (Para e olha para Mike TV) Você! Você é
Mike TV, você foi o pestinha que invadiu o meu sistema! (Para Charlie) E
você, só teve sorte de estar aqui, não é? E quem os trouxe ate aqui foram os
seus (gagueja) pa... pa...

VERUCA – Pais, Sr. Wonka?

WILLY WONKA – É, mães e pais. (Começa a devanear) Pai? Papai?


(Volta) Então tá, vamos continuar!

AUGUSTUS – (para Charlie) Quer comer chocolate?

CHARLIE – Quero.
AUGUSTUS – Então deveria ter trazido um!

VERUCA – Vamos ser amigas. (seguram as mãos)

VIOLET – Grandes amigas! (fazem sorriso falso)

WILLY WONKA – (todos se agacham) Esta é uma sala importante, afinal


estamos em uma fábrica de chocolate.

MIKE TV – E porque a porta é tão pequena?

WILLY WONKA – É para manter o enorme sabor do chocolate lá dentro.

CENA QUATRO: LAGO DE CHOCOLATE


(Augustus cai no lago de chocolate, saindo de cena).

WILLY WONKA –(todos olham encantados) Agora tomem muito cuidado,


meus queridinhos. Não percam a cabeça, não fiquem muito ansiosos,
procurem manter a calma. (Augustus deixa cair seu chocolate no chão).

CHARLIE – É maravilhoso!

WILLY WONKA – O que disse? Ah, sim, é maravilhoso! Cada gota do rio
é chocolate derretido da melhor qualidade. A cachoeira é o mais
importante, ela mistura o chocolate com perfeição, deixando-o leve e
aerado. Vocês sabiam que nenhuma outra fábrica do mundo mistura
chocolate com uma cachoeira, meus queridinhos? Podem acreditar no que
digo. Pessoal, aquele cano suga o chocolate e distribui para toda a fábrica,
milhares de galões por hora. Gostaram do meu gramado? Provem da minha
grama, por favor. Uma folhinha, a vontade! É tão deliciosa e tão bonita de
ver...

CHARLIE – Podemos comer a grama?

WILLY WONKA – É claro que podem, tudo neste espaço é comestível, até
eu sou comestível. Mas isto seria canibalismo, meus queridinhos, e é visto
com maus olhos por muitas sociedades. Divirtam-se, vão!

(Augustus sai comendo tudo que vê pela frente. Veruca pega um pirulito e
Mike TV começa a quebrar uma abóbora.)
VERUCA – Porque está fazendo isso?

MIKE TV – Ele falou “divirtam-se”!

(Charlie tenta pegar um doce, mas Violet é mais rápida.)

CHARLIE – (Violet guarda o chiclete atrás da orelha) Pra que guardar o


chiclete? Porque não abre outro?

VIOLET – Porque dai eu não seria uma campeã. Seria uma perdedora,
como você!

VERUCA – Hei, olhem aquilo lá! O que é? É um homenzinho!

(Oompa-loompas estão na plateia.)

VIOLET – São dois homenzinhos.

MIKE TV – São mais que dois!

CHARLIE – De onde será que eles vêm?

VIOLET – E quem são eles?

MIKE TV – São gente de verdade?

WILLY WONKA – Claro que são gente de verdade! São Oompa-loompas!

VERUCA – Oompa-loompas?

WILLY WONKA – Importados da Loompalândia.

MIKE TV – Não existe esse lugar!

WILLY WONKA – O que?

MIKE TV – isso é coisa da sua imaginação, não existe isso nos mapas de
geografia.

Willy Wonka – Olhe direito e vai ver que existe, e é um país horroroso.
(foco em Willy Wonka) “O lugar não passa de uma selva fechada
infestada das mais perigosas feras do mundo, chifrocerontes, ratavalhas e
os terríveis e maldosos vespobondos. Eu fui a Loompalândia procurar
sabores exóticos para meus chocolates e foi lá que eu os conheci. Eles
comiam lagartas verdes que tinham um gosto horrível, mas a comida que
eles mais apreciavam era o cacau. Um oompa-loompa tinha sorte se
achasse uns três ou quatro cacaus por ano, chegavam a endeusá-lo, eles só
pensavam em cacau. Acontece que cacau é a matéria prima do chocolate,
então eu disse ao chefe: venham viver na minha fábrica, vão poder comer
quantos cacaus quiserem! Posso até pagar o seu salario com cacau se
quiser”. São trabalhadores fantásticos, mas vou logo avisando eles são
muito brincalhões.

(Augustus começa a beber chocolate do rio)

CHARLIE – Hei, menino! Não faça isso.

WILLY WONKA – Oh, rapazinho! Meu chocolate não pode ser tocado por
mãos humanas!

(Augustus cai no rio e começa a se afogar).

TODOS – (todos desesperados) Ele esta se afogando, ajudem! (se afoga,


todos ficam em silencio)

CHARLIE – Vejam! Oompa-loompas!

MIKE TV – Caiam fora, suas aberrações!

VERUCA – O que eles estão fazendo?

WILLY WONKA – Eu acho que vão cantar uma musiquinha pra gente,
coisa que só fazem em ocasiões especiais, é claro. Eles não tem plateia há
muito tempo.

(Oompa-loompas dançam “Augustus Gloop o comilão”, depois levam o


garoto para fora de cena).

WILLY WONKA - Bravo, bravo! Não são uns amores?

VERUCA – Estavam muito bem ensaiados!

MIKE TV – Como se soubessem o que iria rolar.

WILLY WONKA – Mas que bobagem.


CHARLIE – Onde está o Augustus? Pra onde vai aquele lago?

WILLY WONKA – Esse lago vai para a sala onde eu faço o mais delicioso
glacê de chocolate com morango para bolos.

VIOLET – Então ele vai virar um glacê de chocolate com morango para
bolos?

WILLY WONKA – Não, eu não permitiria. O gosto seria horrível e


ninguém iria comprar! (chama um Oompa-loompa) Eu quero que vá até a
sala de glacê e tente encontrar o senhor Augustus. Leve uma vara comprida
para remexer o grande barril de chocolate, está bem? (Se cumprimentam e
o Oompa-loompa sai de cena.)

CHARLIE – Sr. Wonka...

WILLY WONKA – Sim?

CHARLIE – Como é que o nome do Augustus já estava na canção dos


Oompa-loompas? Se eles não...

WILLY WONKA – Improviso é um truque muito comum, qualquer um


pode fazer. (Para Violet) Você menininha, diga alguma coisa, qualquer
coisa...

VIOLET – Mascar chiclete!

WILLY WONKA – Mascar chiclete é uma nojeira, mascar chiclete é dar


bobeira! Viu? É a mesma coisa.

MIKE TV – Não é, não.

WILLY WONKA – Você não deveria falar entre dentes, porque eu não
entendo nada do que você diz. Agora, vamos em frente.

CHARLIE – Os Oompa-loompas estavam só brincando, né?

(Os Oompa-loompas trazem um barco, aos risos.)

VIOLET – Porque estão rindo?


WILLY WONKA – Eu acho que é porque comem cacau demais. E, por
falar nisso, vocês sabiam que o chocolate possui uma substância que
estimula a liberação de endorfina e faz a gente se sentir apaixonado?

MIKE TV – Que ridículo!

WILLY WONKA – Embarcar! Em frente!

(Todos entram no barco. Música de fundo. Willy Wonka dá uma colher de


chocolate para Charlie.).

WILLY WONKA – Tome um pouquinho. Vai lhe fazer bem.

CHARLIE – Delicioso!

WILLY WONKA – É porque ele é misturado com a cachoeira, e ela é a


mais importante, pois ela mistura o chocolate com perfeição, deixando-o
leve e aerado. E, por falar nisso, nenhuma fábrica no mundo...

VERUCA – Você já disse isso!

WILLY WONKA – Vocês são tão baixinhos.

VIOLET – É claro, somos crianças!

WILLY WONKA – Ora, isso não é desculpa! Eu nunca fui desse tamanho.

MIKE TV – Já foi, sim!

WILLY WONKA – Não fui, nada. Sabe por quê? Porque eu me lembro
muito bem de colocar um chapéu na minha cabeça. Esses bracinhos não
alcançariam a cabeça.

CHARLIE – O senhor se lembra da sua infância?

WILLY WONKA – Claro que lembro... Será?

NARRADOR – Na verdade, Willy Wonka não pensava na infância há


anos.

(Willy Wonka fica pensantivo.)

CHARLIE – Sr. Wonka? Sr, Wonka? Nós vamos entrar em um túnel!


WILLY WONKA – Ah, sim. Força total à frente! (musica de fundo)

VIOLET – Como eles veem aonde estão indo?

WILLY WONKA – Eles não veem, não tem como saber aonde estão indo!

(Luzes se apagam e as crianças gritam. Música de fundo)

WILLY WONKA - Acendam as luzes!

CENA CINCO: A SALA DE INVENÇÕES


(Violet come um chiclete refeição deixando ela gorda)

WILLY WONKA – Parem o barco. Quero mostra uma coisa a vocês: a sala
de invenções. (Pausa) Agora, atenção, pois esta é a sala mais importante de
toda a fábrica, então todos vocês se divirtam, mas não toquem em nada.
Vão, xeretem! (crianças se espalham).

VIOLET – Sr. Wonka, o que é isso?

WILLY WONKA – Eu vou mostrar a vocês. Estas são as balas sem fim.
São para crianças que recebem muito pouca mesada. Você pode chupar o
ano todo que elas não ficam menores, não é genial?

VIOLET – Parece chiclete!

WILLY WONKA – Não. Chiclete é para mascar, se tentar mascar uma


dessas balas sem fim, vai quebrar todos os seus dentinhos. Elas têm um
gosto esplendido. E essa é a bala capilar, se você chupar uma dessas balas,
em exatamente meia hora, um tufo de cabelo novinho começa a crescer na
sua cabeça, além de barba e bigode.

MIKE TV – Quem quer ter barba?

WILLY WONKA – Bom... Intelectuais, por exemplo. Cantores e


motociclistas. Sabe toda essa gente ai “prafrentex”, que anda sempre na
beca, e esta em evidência, mó barato bicho, tá morando no lacem, está
manjando o assunto? Eu sabia que sim, então toca aqui meu irmão!
(estende a mão para Mike TV que ignora) Infelizmente não esta no ponto.
Vejam isso! (barulho de maquina fazendo chiclete)
(Aponta para a máquina que faz chiclete refeição).

MIKE TV – Só faz isso, então?

WILLY WONKA – E você sabe o que é isso?

VIOLET – É chiclete.

WILLY WONKA – É uma lasca do mais incrível e sensacional chiclete de


todo universo, e sabem por quê? Porque este chiclete sozinho vale por uma
refeição completa!

VERUCA – Porque alguém compraria isso?

WILLY WONKA – (Pega um cartão e lê) “Seria o fim de todas as cozinhas


e cozinheiros. Um único tablete do chiclete Wonka, e é tudo o que você vai
comer no café da manha, almoço e jantar”. Este chiclete aqui é de sopa de
tomate, rosbife e torta de amora azul.

CHARLIE – Parece delicioso.

VERUCA – Parece esquisito.

VIOLET – Parece meu tipo de chiclete.

WILLY WONKA – É melhor não experimentar, ainda falta uma coisinha


ou outra.

VIOLET – Eu sou recordista mundial de mascar chiclete. Não tenho medo


de nada!

(Pega o chiclete e começa a mascar.)

CHARLIE – E então?

VIOLET – É incrível! Sopa de tomate, sinto descendo pela minha


garganta...

WILLY WONKA – É, vai falando!

CHARLIE – Talvez fosse melhor você...


VIOLET – Está mudando! Rosbife com batatas assadas e bem crocantes e
manteiga...

WILLY – É. Mas só estou preocupado com...

VIOLET – Torta de amora azul com sorvete!

WILLY – Essa parte.

VERUCA – O que é isso no nariz dela? Está ficando azul!

MIKE TV – O nariz dela está ficando violeta.

VIOLET – Como assim?

CHARLIE – Ela está ficando violeta!

VIOLET – O que é isso?

WILLY WONKA – Bom, eu disse que não estava no ponto, por que fica
meio esquisito quando chega na sobremesa. É a torta de amora azul que faz
isso, eu sinto muitíssimo!

(Willy Wonka se esconde e todos se afastam de Violet. Ela vai ficando


roxo e começa a gritar).

CHARLIE – (musica de suspensa) Está virando uma amora!

WILLY WONKA – Olha, eu já testei em uns vinte Oompa-loompas e


todos ficaram assim, é tão estranho...

VIOLET – Mas não posso ficar assim, como vou competir?

VERUCA – Inscreva-se na feira gastronômica.

(Oompa-loompas entram em cena dançando “Atenção esta no ar a


senhorita Beauregarde” e depois retiram ela de cena).

VIOLET – Sr. Wonka!

WILLY WONKA – (Para um Oompa-loompa) Eu quero que rolem a


senhorita Beauregarde ate o barco, e levem ela para a sala de sucos
imediatamente.
VERUCA – Sala de sucos?

WILLY WONKA – É! Eles vão espremê-la igual a uma espinha! Eles têm
que tirar o suco dela rapidinho.

CENA SEIS: A SALA DE SELEÇÃO DE NOZES


(Veruca quer um esquilo, e se fera quando tenta ter pegar um).

WILLY WONKA – Bom, sem o barco vamos ter que andar mais
rapidamente para cumprir a programação. Ainda temos muito o que ver.

CHARLIE – Sr. Wonka?

WILLY WONKA – Sim?

CHARLIE – Porque deixou pessoas entrarem?

WILLY WONKA – Ora, para poderem ver a fábrica é claro.

CHARLIE – Mas porque agora? E só nós cinco?

MIKE TV – Qual o prêmio especial? E quem vai ganhar?

WILLY WONKA– Com essa sua pressa vai estragar a surpresa.

VERUCA – Violet vai ser uma amora pra sempre?

WILLY WONKA – Não. Talvez. Eu não sei. Mas é nisso que dá mascar
chiclete o dia todo, que coisa nojenta!

MIKE TV – Se detesta chiclete, porque fabrica?

WILLY WONKA – Eu já disse pra não falar entre dentes, esta começando
a me deprimir.

CHARLIE – Se lembra da primeira bala que comeu?

WILLY WONKA – Não.


NARRADOR – (foco em Willy Wonka) Mas Willy Wonka se lembrava
muito bem da primeira bala que comeu.

WILLY WONKA – Me desculpem, eu acho que tive um devaneio!

VERUCA – Sei. Esses devaneios são frequentes?

WILLY WONKA – Estão piores, hoje.

VERUCA – Esquilos!

WILLY WONKA – É. São especialmente treinados para tirar as nozes das


cascas.

MIKE TV – Porque esquilos? Porque não usa os Oompa-loompas?

WILLY WONKA – Porque só os esquilos tiram a noz inteira quase todas


às vezes. Veja como ele bate com os dedinhos para ver se ela não esta ruim.
Veja, ele pegou uma estragada.

VERUCA – Eu quero um esquilo desses! Porque em casa eu só tenho um


pônei, dois cães, quatro gatos, seis coelhos, dois periquitos, três canários,
um papagaio, uma tartaruga e um hamster pra lá de velho! Eu quero um
esquilo! Qual o seu preço?

WILLY WONKA – Não, não estão a venda. Você não vai ter um!

(Veruca fica irritada)

VERUCA – Se não quer me dar um esquilo, vou pegar um eu mesma!

WILLY WONKA – Menininha? (pausa) Menininha, não toque nas nozes


do esquilo! Ele fica muito bravo!

(Veruca o ignora e tenta pegar um esquilo)

VERUCA – Eu quero você!

(O esquilo pula em cima de Veruca, e as crianças se desesperam)

VERUCA – Sr. Wonka, me ajude! Faça-o parar! (Wonka procura a chave


certa para entrar e as crianças continuam desesperadas musica de suspense)
CHARLIE – O que ele está fazendo?

WILLY WONKA – Ele esta vendo se ela presta. (O esquilo bate na cabeça
de Veruca) Ai, que horror! Ela é uma noz estragada!

MIKE TV – (leva Veruca ate o duto de lixo) Pra onde ele a esta levando?

WILLY WONKA – Para onde todas as nozes estragadas vão: para o duto
de lixo.

CHARLIE – E pra onde o duto leva?

WILLY WONKA – Para o incinerador. Mas tudo bem, só ligamos as


terças. (O esquilo joga Veruca no lixo).

MIKE TV – E hoje é terça!

WILLY WONKA – Há possibilidades deles resolverem não ligar hoje!

(Os Oompa-loompas entram em cena dançando “Veruca Salt a sem


noção”. Um deles se aproxime e diz algo na orelha de Willy Wonka).

WILLY WONKA – Que bom! Acabo de ser informado de que o


incinerador quebrou. Devem ter umas três semanas de lixo para amortecer
a queda dela.

CHARLIE – Já é uma boa noticia.

WILLY WONKA – É! Vamos em frente!

CENA SETE: SALA DE TV


(Mike TV entra no tele portador e fica pequenininho)

(Willy Wonka, Charlie e Mike TV entram no elevador de vidro).

WILLY WONKA – Porque não pensei nisso antes? O elevador é o jeito


mais eficiente de se passear pela fábrica.

MIKE TV – Não pode ter tantos andares assim!


WILLY WONKA – Como é que sabe, seu espertinho? Além do mais, este
não é um elevador comum que sobe e desce. Este elevador pode ir para os
lados, para as diagonais e qualquer outro ângulo que você imaginar, é só
apertar qualquer botão e pronto, já foi! (Pausa) Vejam! Senhoras e
senhores, bem vindos ao Monte Fudge!

(Várias luzes coloridas piscam com barulhos de fogos de artifícios e os


Oompa-loompas brincam com arminhas).

MIKE TV – Porque tudo aqui é tão sem sentido?

CHARLIE – Chocolate não precisa ter sentido! É por isso que é doce.

MIKE TV – Que ridículo! Doces são uma perda de tempo!

(Willy Wonka devaneia com lembranças do seu pai.)

MIKE TV – Quero escolher uma sala.

WILLY WONKA – À vontade.

MIKE TV – Sala de televisão!

(Eles descem do elevador.)

WILLY WONKA – Atenção, por favor, coloquem os óculos e não tirem


isso de jeito nenhum! Esta luz pode queimar suas retinas e deixar vocês
cegos. E não queremos que isso aconteça. Esta é a sala de testes da minha
mais nova recente invenção, a televisão chocolate. Um dia eu pensei “Ora,
se a televisão pode dividir uma imagem em vários milhões de pedacinho,
manda-los zunindo pelo ar, e reagrupa-los do outro lado, porque não posso
fazer o mesmo com o chocolate? Porque não posso mandar uma barra de
chocolate pela televisão prontinha para ser comida?”.

CHARLIE – Parece impossível.

MIKE TV – E é! Você não entende nada de ciência. Primeiro, existe uma


grande diferença entre ondas e partículas! Dã! Segundo, a força necessária
para converter energia em matéria equivale a nove bombas atômicas!

WILLY WONKA – (Grita) É mentira! (Pausa) É serio, eu não entendo uma


palavra do que você diz garoto. Bem, agora eu vou enviar uma barra de
chocolate de um lado da sala para o outro, pela televisão. Tragam o
chocolate! (Música de suspense. Oompa-loompa trás a barra e coloca na
plataforma) E a barra tem que ser bem grande porque na televisão ela fica
desce tamainho. (Black out barra some).

CHARLIE – Sumiu!

WILLY – Não disse? A barra de chocolate esta passando pelo ar acima de


nossas cabeças em milhões de pedacinhos. Vamos ver na Televisão. (Barra
de chocolate aparece na televisão). Pegue!

MIKE TV – É só uma imagem na tela!

WILLY WONKA – Seu medroso! (Para Charlie) Pega você, vamos lá, é só
esticar a mão e pegar.

(Charlie pega a barra.)

CHARLIE – Pela madrugada!

WILLY WONKA – Vai, come! É uma delicia. É a mesma barra, ela só


ficou menorzinha com a viagem.

CHARLIE – (Charlie da uma mordida) É mesmo uma delicia.

WILLY WONKA – Imagine só, você esta sentado vendo televisão e de


repente um comercial entra na tela com uma voz que diz: “Chocolates
Wonka são os melhores do mundo, se você não acredita, prove agora
mesmo”. Daí você estica sua mão e pega!

MIKE TV – E você pode enviar outras coisas, por exemplo, barras de


cereais?

WILLY WONKA – Você sabe do que são feitas as barras de cereais? São
aquelas raspinhas de lápis que saem do apontador.

CHARLIE – Mas poderia mandar pela televisão se quisesse?

WILLY WONKA – É claro que sim.

MIKE TV – Pessoas também?

WILLY WONKA – Porque eu mandaria pessoas? Elas não têm um gosto


bom.
MIKE TV – Será que você não percebe o que inventou? É um tele
portador! É a invenção mais importante da história do mundo, e você só
pensa em chocolate!

CHARLIE – Calminha, Mike. Acho que o Sr. Wonka sabe muito bem o
que está falando.

MIKE TV – Não sabe, não! Ele não faz ideia! Você acha que ele é um
gênio, mas é um estupido! Mas eu não sou! (Corre para a plataforma.)

WILLY WONKA – Oh, rapazinho! Não aperte os botões!

(Uma luz se acende sobre Mike. A luz apaga e ele sai de cena.)

CHARLIE – Ele sumiu!

WILLY WONKA – Vamos até a televisão pra ver se o achamos. Eu só


espero que nenhuma parte fique para trás.

CHARLIE – Como?

WILLY WONKA – É... Bom... É que às vezes só metade do caminho acha


o caminho. Se ele fosse seu irmão e tivesse que escolher só metade dele,
qual você escolheria?

CHARLIE – Que pergunta é essa?

WILLY WONKA – Não precisa ficar nervoso, foi só uma curiosidade. É


melhor tentar todos os canais, estou começando a ficar preocupado.

(Willy Wonka começa a mudar os canais com um controle. Oompa-


loompas entram em cena dançando “A mente faz apodrecer e as ideias
perecer”).

WILLY WONKA – É melhor alguém pegar. Parece que ele escapou ileso.

(Charlie pega Mike TV, que encolheu.)

MIKE TV – (voz de fundo) Ileso? Me mandem de volta para o outro lado!

WILLY WONKA – Não tem outro lado. É televisão, não é telefone: é bem
diferente.
MIKE TV – E o que você vai fazer?

WILLY WONKA – Não sei, mas jovens são flexíveis. Eles esticam feito
louco, vamos esticar que nem caramelo!

MIKE TV – (voz de fundo) Esticar?

WILLY WONKA – Hei, essa ideia foi minha. Puxa ele vai ficar magrinho.
(Chama um dos Oompa-loompas.) Eu quero que leve o Sr. TV ao esticador
de caramelo esta bem? Estiquem direito.

CENA OITO: CHARLIE GANHA A FÁBRICA


(algo inesperado vai acontecer)

WILLY WONKA – Vamos lá! Ainda temos muito que ver! Bom, quantas
crianças sobraram?

CHARLIE – Sr Wonka, eu sou o único que sobrou.

WILLY WONKA – Quer dizer que só tem você?

CHARLIE – Só.

WILLY WONKA – E o que houve com os outros? (Pausa e sorri.) Meus


parabéns! Isso quer dizer que você venceu! Está de parabéns, está mesmo!
Estou encantado! Eu tinha este palpite desde o início! Muito bem, não
podemos perder tempo agora. Temos um número enorme de coisas a fazer
até o fim do dia. Felizmente, temos o grande elevador de vidro para
facilitar tudo! (Bate a cabeça e cai no chão). Pode vir. Para cima e além!

CHARLIE – Para cima e além? Que tipo de lugar é esse? (Música de


fundo).

WILLY WONKA –Você vai ver! Ai, caramba, precisamos ir muito mais
rápido se não nunca vamos atravessar!

CHARLIE – Chegar aonde?

WILLY WONKA – eu esperei anos para apertar esse botão. Lá vamos nós,
para cima e além!
CHARLIE – Quer dizer que vamos...?

WILLY WONKA– Vamos, vamos!

CHARLIE – Mas é feito de vidro! Vai quebrar em mil pedaços!

(Willy ri. Caem do elevador no palco, e as outras quatro crianças vão


saindo pela plateia).

CHARLIE – Quer dizer que eu ganhei uma coisa?

WILLY WONKA – Não foi uma coisa qualquer, foi a coisa mais incrível
que qualquer coisa já foi! Eu vou dar a você toda a minha fábrica!

CHARLIE – Deve estar brincando!

WILLY WONKA – Não, é a pura verdade! Compreenda, há alguns meses


eu fiz o meu corte de cabelo semestral e tive uma estranha revelação: eu
tinha um cabelo branco! Comecei a refletir sobre todo o meu trabalho, a
minha fábrica, os meus queridos Oompa-loompas... Quem iria cuidar de
tudo depois de mim? Eu percebi naquele instante que eu precisava de um
herdeiro. E eu consegui, Charlie! Você!

CHARLIE – Por isso enviou os convites dourados?

WILLY WONKA– Aham. Eu convidei cinco crianças até a fábrica, e a


que fosse menos chata seria a vencedora. O que me diz? Esta pronto para
deixar tudo pra trás e vir morar comigo aqui na fábrica?

CHARLIE – Sim, é claro! Quer dizer, tudo bem, se a minha família puder
vir.

WILLY WONKA – Meu caro rapaz, é claro que não! Não pode ser o dono
de uma fábrica com uma família pendurando em você feito cabide velho.
Um chocolateiro tem que ser livre e só, ele deve seguir seus sonhos e que
se danem as consequências. Olhe para mim, eu não tive família e sou muito
bem sucedido.

CHARLIE – Se eu ficar com você na fábrica, nunca mais poderei ver


minha família?

WILLY WONKA – Considere isso um bônus!


CHARLIE – Então eu não ficarei. Eu não deixaria minha família por nada!
Nem por todo chocolate do mundo.

WILLY WONKA – Entendo. (pausa) Curioso, tem outros doces além do


chocolate.

CHARLIE – Desculpe, Sr. Wonka, mas eu vou embora.

WILLY WONKA – Puxa! Isso é tão... Inesperado e... Estranho. Então já


pode ir. (Charlie vai saindo de cena) Você está certo do que quer?

CHARLIE – (olha e responde) Estou sim.

WILLY WONKA – Muito bem. Então, adeus. (Charlie vai saindo de cena)

CHARLIE – A situação vai ficar bem melhor, Charlie.

NARRADOR – E desta vez Charlie tinha razão.

CENA NOVE: WILLY E CHARLIE, OS SÓCIOS.


(Charlie e Willy entram em acordo)

WILLY WONKA – (Conversando com um Oompa-loompa) Eu não


consigo compreender. Doce era a única coisa de que tive certeza, mas
agora não tenho certeza de nada! Eu não sei que sabores fazer ou que ideias
tentar, eu estou me contradizendo, eu sempre fiz todos os doces de que tive
vontade e... Então é isso não é? Eu faço o doce que sinto vontade. Como
me sinto péssimo, os doces saem péssimos! Mas porque ele prefere a
família do que doces? Família vive dizendo o que devemos ou não fazer e
isso atrapalha muito a criatividade. (Pausa) Então é isso, a família é algo
importante para nós, sem ela não teríamos amor ao próximo. É ela que nos
faz bem! O senhor é muito bom!

NARRADOR – E foi nesse momento que Willy Wonka entendeu o porquê


Charlie havia preferido ficar com a família, e então Willy Wonka repetiu a
oferta novamente para Charlie, que aceitou com uma condição.

CHARLIE – Que deixe que minha família venha morar na fábrica comigo.

WILLY WONKA – Muito bem!


(Apertam as mãos e se abraçam)

WILLY WONKA – Que tal pequenas pipas de framboesas?

CHARLIE – Com rabiola sabor anis!

WILLY WONKA – Eu acho que nós vamos nos entender, Charlie! (se
abraçam)

NARRADOR – No final, Charlie Bucket ganhou a fábrica de chocolate,


mas Willy Wonka ganhou um prêmio melhor ainda: uma família. E uma
coisa é mais do que certa: A vida nunca foi tão doce!

FIM

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