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por Marx est

Ou seja, a radiçao teorica inaugurada


soberaniapopular e a possib
ce
enrc

uma
dependëncia e fommaede
a populaç o as
fim a separaçao entre Com-
de pôr weber sabe que o
plexas de administragao. o entanto,
Socicdades
das modernas uexige a
complexiIdade
mento da
dos meios de administraçao
e
produção Dari
ansferência cOm o conseqüente
funcionarios especanzados uente
controle de funcionários sohre
controle de tais a dos
aumento do
19683). E nessas circunstâncias que
individuos (Weber,
de Economia e Socieaae
Se
pergunta acerca do sig.
autor weberiana é clara:ad
nificado da democracia. A resposta Tormal dos dircitos políticos
significa a igualdade
mocracia
evidentemente, Impiica
na reduçao do escopo da so.

o que,
berania popular.
weber da importantes passos
Não é difícil perceber que
com a concepgao
classica de democracia
tanto na ruptura realista de de.
de um conceito
estabelecimento
quanto no
entre Wcber e as con.
mais importante
mocracia. A ruptura
democracia e a substituição de um con-
cepções clássicas da é o alcança-
racionalidade cuja pretensão
ceito holístico de
bem comum por um con-
mento de uma
idéia unificada de
racionalidade de acordo com o qual o au-
ceito técnico de
socicdades modernas apontaria
mento da complexidade das
entre a população e os meios
na continuidade
da separação
administração. Tais condiçõcs, que para Weber
de produço e
uma tentativa rea-
estreitadoras da soberania, implicam cm
são
lista de da democracia. Essa última é, então,
redefinição
direitos políticos, isto
definida a partir da generalização dos
de constituição do governo
é, a partir da extensão do direito esse
nacional. Para Weber,
a todos os membros do Estado

constituiria o cerme realista da teoria democrática.


bastante se-
de preocupações
Joseph Schumpeter parte
de partida
melhantes às de Wcber, adotando, como ponto
como a tradiçao
da sua discussão sobre democracia, a forma
socialista defendia a natureza democrática da sua proposta
de organização da sociedade. Diferentemente de Weber quc
tra-
1dentificou a popular com a separação entre
soberania
balhadores e meios de produção-administração, Schumpeter
1denüfica a questão da soberania com o conteúdo da idela

104
de bem comum, tal como propos pelo pensam
nto socia
sta (Schumpeler, 1942 235-236). O fato dos
teóricos
cialistas eitarem que o conteúdo da sua so-
deria, eventualmente, Ser
concepção de bem
contraditório com a for
comemocracia leva Schumpeter perceber a

cacão da soberania popuiar com o conteúdo dequeuma iden-


a

posta especílica de organização societária pro-


ademo-
cracia uma proposta substantiva. Ao meem
esmo tempo, a tra-
socialista, ao identilicar a
demoCracia com uma
d cnecífica de bem comum, pro-
posta
com procedimentos democraticos.
poderia levar à
ruptura
E a identificação de uma
ontradição prática entre forma c conteúdo da democracia
que leva Schumpete a reavailar os conceitos de "sobera-

nia'", "bem comum" e racionalidade" nas suas formulações


pclos teóricos clássicos da democracia.
Para o autor de Capitalismo, Socialismo e Democracia
a definição clássica da democracia supõe duas ficçies in-
capazes de resistir a uma análise realista: a primeira ficção
é de que a democracia constituiria um aranjo institucional
capaz de permitir que os individuos alcancem um acordo
acerca do significado do bem comum (Schumpeter, 1942:
250). Para Schumpeter, o problema com essa definião éa
suposição quc cada pessoa pode, através da argumentação
racional, entender ou ser convencida acerca de uma con-
cepção unificada do bem comum. Duas críticas principais
poderiam ser feitas a essa concepçao, uma primeira de na-
turcza técnica e uma segunda de natureza normativo-realis-
ta. A critica técnica implica em entender que mesmo as
questões que podem se constituir em objeto de consenso
entre a população, como, por exemplo, a necessidade de
um sistema püblico de saúde, envolvem discordäncias que
não são necessariamente passíveis de resoluço racional. A
critica valorativa implica em perceber que não existe um
Homem, tal como supôs a teoria clássica da democracia,
mas homens e mulheres diferentes. Tal pluralidade implica
na cxistëncia de diversidade de valores c, lal como
uma

Wcber, Schumpeter também sabe que os valores estão alem


do campo "da mera lógica" (Schumpeter, 1942: 251). Em

Suma, a teoria clássica da democracia seria inadequada, tecnica


al1dade
Piutaltc

Sopossi
e bilidadc da
quando, na Verdade,
cedimento para
H uma
que também é
a
convivencia entre possível Supor
scgunda ficção indivíduos
unificação
um da s

acerca do crilucada por suposta pela teoriadiferopro


indivíduo racional.Schumpeter: cláee
ções clássicas da
A
crítica do trata-se da fice
ras
reflexões democracia foi autor a CÇão
importantes
moderno. Traçando um sobre a influenciada conce
pelas nei
lítica,
Schumpeter massificação
paralelo entre a do
individa
argumenta que mesmo economia
cotidianos os indivíduos-consumidores nos
e a
po.
.) não têm
eventos mais
mai
preferências preferências muito definidas
não se e suas
lado, (tais assemelham nada
indivíduos a atitudes em
outros L.A.) São to
racional ou relação
imediato. Por a tais
rências sio
métodos de
persuasão
que muitas vezes
susceptiveis à influência da outro
impostas pelos produtores, parece propaganda
(Schumpeter, 1942: 257.) ao invés
de
guiarem
que suas
prefe.
esses últimosOs.
Maiores seriam os
dadãos a se
motivos que levariam
ada comportarem forma semelhanteindivíduos ci
os
de
lítica.
ainda menos
pelas
a
propensão dos na
indivíduos esfera de se po-
econömicas dada
questöes politicas do que interessarem
pelas
ceder "[...] a questões
a sua
e
preconceitos propensão
iracionais
a

como
supor um
ou
extra-racionais" não haveria impulsos
comportamento
esfera política. Ambas racional dos indivíduos
na
da críticas do autor à teoria
democracia irão constituir
as
o clássica
posição de uma pano de fundo
teoria alternativa para a
pro-
"realista". por cle denominada de

3.
massas. Sua
Schumpeter tem uma visão
bastante unilateral da
análise não consegue sociedade de
tos a absorver uma série de
respeito da massificação formulados tanto
canalitica, na qual ele no interior da
contra-argumen
nömica. No
parece se apoiar,
quanto no
teoria ps
interior da tcorin
que diz respeito a cco
último aspecto a teoria
esse
parece incapaz explicar fenömenos empíricos como schumpeteriana
de
Sumidorese formas de
pressão desses últimos sobre osassociaçöes de con
Habermas, 1992; Tuckmann, 1988.) produtores. (ViOe
106
Schumpeter propoe a Substituição da idéia da demo-
racia enquanto soberania pela ide1a da democracia enquan
to método. Para ele, a democracia consiste

Iem um certo upo oe arrno instuciona para se alcançar decisões

egislativas e
administrativas). Ela é, portanto, incapaz de se
constituir em um m em nesma independentemente das decisões que
nroduzirá em condiçoes nistoricas especificas (Schumpeter, 1942: 242).

A definição de Schumpeter rompe definitivamente com


a relação entre democraca e soberania ao transferir a fun-
damentação da democracia do conteúdo substantivo da von-
tade popular para o metodo de acordo com o qual decisões
distintas são tomadas em conjunturas historicamente espe-
cfficas. Não existem duvidas de que, nesse respeito, Schum
peter um precursor da maior parte das teorias contempo-

râneas da democracia ao implodir como mito da unidade


da vontade geral substituindo-o por uma pluralidade de
vontades que podem, no maximo, chegar a um acordo entre
si sobre procedimentos comuns para a resolução de diver-
gências. O que não parece tão claro é a necessidade da
identificagão da dimensão criticada por Schumpeter- a di-
mensão substantiva da democracia com a idéia de racio-
nalidade. Tal identificaço acaba limitando drasticamente
OS polenciais racionais do método democrático, tal como
proposto por Schumpeter, o que nos leva à discussão do
segundo elemento da teoria schumpeteriana da democracia.
O autor de Capitalismo, Socialismo e Democracia não
apenas propõe que a democracia seja considerada um mée
todo, como tambén ressalta sua característica de método
de produço de governos. Ao discutir a forma como os
governos são produzidos, Schumpeter propõe a superação
do empecilho provocado pela imacionalidade das massas,
alravés da limitação da sua participaço na política ao ato
da produção de governos, isto é, ao voto. Todas as demais
atribuições do governo capazes de gerar algum nível de

racionalidade política passam a fazer parte dos encargos das


tes. Essas últimas ao competir livremente pelo voto se
rlam capazes de assegurar, de forma semelhante a livre

107
o prevaiccimento da racionalida.
no mercado,
competição
política. Existe, no entanto, um
proolema fundamental
lormação da ra
com a forma Schumpeter propoe a na
como
sua teoria
cionalidade politica, qual seja, a ausenca da
instancia indiVidual de gera
uma
racionalidade politica de
Tanto o racionalismo critico quanto
racionalidade.
ção da
econömica na qual ele Se Daseza para propor a ana-
a teoria
entre mercado c polilica supoem uma certa dose de
logia
racionalidade individual sem a qual ambas padeceriam de

de coerencia logica. A noçao de racionalidade


um problema
acaba carecendo de
democrática pregada por Schumpeter
critério tornaria o voto
em determinada parcela das
um que
ou menos racional. Nesse senudo, Sua teoria ao
clites mais
dos agentes deixa de tratar de
prescindir da racionalidade
como a democracia entendida
forma adequada o modo
do Estado seria capaz
como forma racional de organização
com 0 individuoea sociedade.
de compatibilizar o Estado
de Weber e Schumpeter
Obalanço das contribuiçöes
Ambos autores perceberam que
apontana mesma direção.

soberania conflitava tanto com as


formas
pressuposto da
do Estado moderno quanto
complexas de administração
valores de orientações individuais.
com a pluralidade de
e

tambem a necessidade de
Ambos os autores perceberam
oferecer uma resposta formal ao problema da justificação
da democracia: Weber apontou a exiensão dos direitos po-

líticos como a dimens o justificadora da democracia


formal
torno
ao passo que Schumpeler propös o consenso em
nenhum
do método de constituição do governo. Todavia,
dos dois autores conseguiu conectar a forma com a qual

da democracia com a idéia de


eles identificaram a prática

4. Apesar da concepção de racionalidade de Schumpeter ser inspiradn


no racionalismo critico, cxiste uma diferença importante entre a conceP no

de racionalidade de um autor como Popper e aquela defendida por S c n u e

peter. Para Popper a racionalidade não pode ser concebida a priori c re

sulta do próprio processo de critica de uma teoria ou de uma autoridaoe


estabelecida. Desse modo, não seria possível entender porque a competig ao
as e nao no interior da sociedade como um todo seria
apenas ehire clntes
capaz de gerar racionalidade. (Vide Popper, 1963: 25-26.)

T08
racionalidade associada com a democrac desde a sua o
gem no periodo moderno. Weber não ioi capaz de fazë-lo
porque para ele o untco tipo de racionalidade com a qual
pordo poderia se identificar era uma racionalidade ins
ntal sem qualquer valor em si mesma'. Schumpeter
capaz de laze-lo porque ele negou a base indivi.
Aal-racional constitutiva da democracia. Ambos os autores,
Dortanto, propoem solugoes a0s dilemas enfrentados pela
coria democrática da pri.meira metade do século capazes
de justificar a continuidade da prática democrática. No en.
tanto, ambos parecem incapazes de dar uma resposta con-
sistente ao diagnóstico de Tocqueville e Ling Ch'ao na me-
dida em que parecem incapazes de conciliar o realismo do
método democratico por eles propOsto com o apelo norma
tivo da idéia de democracia apontado por ambos os autores.
Na próxima seçao deste trabalho iremos analisar a mai
bem-sucedida alternativa, no período do pós-guema, de fun
damentar uma concepção elitusta da democracia com base
na racionalidade individual: a teona da democracia proposta
por Anthony Downs.

II. A Teoria Democrática de Downs: ou da Relação


entre Racionalidade Individual e Elitismo Democrático

O livro dec Anthony Downs An Economic 1heory of


Democracy inaugura a teoria democrática do pós-guera na

medida em que o autor enfrenta parte das questões levan


ladas por weber e Schumpeter na primeira metade do

. O conceito weberiano de racionalidade distingue racionalidade va-

oraliva de racionalidade de meios e fins. A acionalidade de valores seria

soCLIS, Sem ievar


Caracterizada por uma situação na qual "TJ0s agentes
de a sua

qualquer upo de conscquenciaS, agem acorud com


cOnvicçao, daquilo que seria demandado pelo dever. pela nonra. pe
A racionalidade de meios esta ligada a
,
pelal picdade religiosa .]"
avallaçao dos instrumentos mais adequados para se alcangar uni
prcocierminado. Para Weber, esse último tipo de racionalidade impieana
de tor-
da liberdade individual e iria
contra a possibilidade
nuição
alecimento da democracia. (Vide Weber, 19%8a.)

109
século e, simultancamente, antecipa parte das
serem levantadas pelos teóricos da democracia da sestõo
metade do século. Downs ainda se preocupa com
da irracionalidade massas, das
questao questão
central enfrentad a

pela teoria democratica da primeira metade do s é e l d a


ao mesmo tempo, e capaz de
antecipar as mas,
questões que
substituição do cenario
europeu pelo cenario norte-amer
ano irão suscitar para a leoria democratuca. E
essa substi
tuição que irá permitir a Downs preencher lacuna evidente
a
na teoria
schumpeteriana:incapacidade do autor de a

pitalismo, Socialismo Democracia de compatibilizar a Ca


e
sua
teoria demoCrática com teoria da racionalidade
uma
dual. Downs
indivi.
propõe uma soluçao para esse problema atra
vés da identificação da ideia de
do indivíduo capaz de maximizar os benefícios
com a idéia
raci1onalidade
que cle usu
frui do sistema
politico.
O criterio que Downs formece à
teoria democrätica para
consiste
abordardos
a racionalidade individual
na avaliação empírica meios empregados por
um determinado indivíduo para alcançar um determinado
fim. Quatro clementos seriam capazes de apontar o
preen
chimento ou não de tais requisitos:
1. capacidade de decisäo do indivíduo quando confron-
tado com diversas altemativas.
2. capacidade do indivíduo de classificar e
alternativas.
hierarquizar
3. a escolha da alternativa mais bem-colocada
dentro
de um ranking hipotéico.
4. a escolha da mesma alternativa sempre que o indi-
víduo veja confrontado com a mesma opção (Downs, 1956).
se

Mais importante que


indagar em que medida Schumpeter
discordaria dos critérios
apontados por Downs ou se a dis-
cordncia entre ambos os autores se
reduziria apenas a
p0
lêmica em torno da equalização da racionalidade com a ma-
ximização de beneficios por um determinado indivíduo, é
perceber que Downs encontra um princípio de
lização entre o funcionamento
da "democracia compatibl
elitista" c a
racionalidade individual. E
bilização que permite a Downspossibilidade
a de tal
compati-
propor um modelo de fun-
110
em dois supostos: um
amento da democracia Daseado
00jeivo
sena compatibilizar
primeiro principio uo o modus operandi dos gover-
eionalidade individual com c a reeleição e
que,
dos governos
que o objelvo
tem como 0DJenvo maximizar o seu
rtanto, todo governo c bjetivo as
eleitoral.
Um
segundo principio
apoio como realismo
cociar a idéia de racionalidade indi vidual
nos locais nos quais ela é
a democracia exIste
que
poe permiuriam a teona downsiana
Os dois principlos
nraticada. mas não atingido
alcançar ponlo de cnegada aimeJado
o
o da compatibilização de uma
pela teoria schumpelerana:
um modus operandi de
teoria realista
da
demorCld Com
das elites no poder. O problema lógico enfren-
evezamento
Wcber e dchumpcter teria, desse modo, sido re-
tado por
compatibilização de uma
solvido por
Downs
araves dacom uma foma realista de
racionaidade
de
idéia realista
organizaça0 da democracia.

Ieita Downs com o objetivo de com-


A operação por
o entismo e a ideia de racionalidade
patibilizar realismo,o
no0 entanto, um preço: a economiza-
individual envolve,
com a consequente redução da lógica de-
ção da política adversarial da economia
e
mocrática a logica compelitiva
introdução do axioma do
(Mansbridge, 1990). Através da
auto-interesse cujo pressuposto é que cada indivíduo dá pre-
essa entra em con-
feréncia a sua propria fclicidade quando
com a felicidade dos demais individuos (Downs, 1956:
flito
27), Downs elabora um conceito de democracia no qual os

interesses dos indivíduos e dos grupos politicos estão per


a
manentemente em conlito. Na verdade, o contlito passa
constituir a noção estruturante do sistema politico na me

da relação entre in-


dida em
que Downs inverte os temos

teresse, solidariedade e conflito. Para ele, os partidos poll-


tucOs não tëm como objetivo formular programas de gover
no m a s ganhar eleições. Os governos tampouco VISam a

de bem comum. Pelo contrarno,


Tealizaçao de qualquer lipo
0 Objetivo dos governos é se manter no poder (Downs,
1956: 28-31). É da forma adversarial de funcionamento do
SIStema democrático que Downs deduz, portanto, a conexdo
entre a racionalidade individual c a racionalidade global do
individuo racional é aquele
democrático. O ue
sistema
maximizar os beneicios que o governo pode Ihe oferecer

O sistema
democraticoe racionat
porque os partidos e p
vernos pretendem
se manter no poder e, para tanto,may:
beneficios que eles sao capazes de oferecer a
mizam os

indivíduos. Desse modo,


eles incorporam a lógica de ma
no nivel individual
ximização de
beneticios
Vigentes
Downs constilu, potano, O prniro autor Weber
desde

propor um
moocio de
racional
funcionamento
que consegue
do sistema democratico
capaz dC compaibilizar a raciona.
individuais com a racionalidade do própri
lidade dos atores
A resposta dada por Downs ao
sistema democrático. pro
individual uma conectada ao
blema da racionalidade vez
funcionamento da demoCracia proposto por Schumpeter tor-
umal concepça0 coerente de
na o "elitismo democratico
democracia. Seus principais ciementos sao: o
realismo, a
das elites cnquanto portadoras
da racionalidade,
proposição
racionalidade com a maximização dos
a identificação da
defesa da desejabilidade
de
e
benefícios públicos a

politica. Tais elementos quando


xo grau de participaçao democracia indi
da
confrontados c o m a promessa original

cam um longo processo


de estreitamento da pratica demmo
como os principais
tecóricos do cli-
crática. No entanto, tal
da
tismo irão argumentar,
promessas originais
as democra
cumpridas (Bobbio, 1974).
eram possiveIs de serem
Cia
não dois clementos altamente problemá-
E possível apontar
feila pelo clitismo demo-
democracia
ticos na proposta de

crático:
da
1. O apontamento das elites enquanto portadoras
Schumpeter
racionalidade. Esse argumento introduzido por
irracionalidade do elcitorado ou do ho-
enquanto resposta à levando ao
acaba
mem comum (Schumpeter, 1944: 270)
limiles da raciona-
inverso: a não-percepçao dos
cqufvoco
lidade das clites. Nenhuma das versões do elitismo demo
sausla-
acima consegue dar
uma solução
cratico abordadas interesses próprios e serem
tória ao fato das elites possufrem
intra-clnes,
capazes de estabelecer uma agenda política
agcnda essa nao necessariamente compativel ou repic

112
ariva dos interesses da populaç o (Lukes, 1974; Mills

S).Ou seja, sem negr que existam critérios capazes de


ear necessidade de um upo administrativo de racio
nao poderiamos, | por outro lado, negar que a
alidade,
nal de
mocracia
necessita de
necessita de critério
critérios parauma
compatibilizaçãob
entre cssa fera administrati c uma oulra instncia na

se ria uma discussao política capaz de determinar


qual ções do governo c Capaz. de umitar o exercicio

da autoridad O "elitismo democrälico" ao limitar a demo-


cracia ao metodo de consuuao
do governo
ignora t: di
mensão resolvendo, c 1orma insatisfatória, o proble
da
geração de acionalidade na política moderna ao não pro-
blematizar o processo de discussao quc leva a constituição

do govern0.
2. A redução da racionalidade individual à maximiza-
ção da utilidade e de beneticios materiais. Sc, por um lado,
Downs inequivocamente olerece uma contribuiço à teoria
democrática na medida em que ele reintroduz a dimensão
do indivíduo racional, por ouiro, a torma como cle identi
ica racionalidade c maximzagão da utilidade, é altamente
problemática. Ela é problemática porque deixa de lado a
questão dos bens simbôlicos cada vez mais relevantes na
política contemporänea e porque ela parece ser altamenie
irrealista em relação ao seu cntendimento da ação humana'
A forma como Downs supõe a racionalidade individual so
lapa qualquer relação entre racionalidade individual e os
conceitos e valores mais gerais envolvidos na prática de-
mocrática. O resullado é a impossibilidade de se associar
democrac1ia, na sua versao dowSiana, a um processo de
racionalização socictária. Ambas as crilicas apontam na

.Um nimero muito grande de autores tem questionado a pasibi


idade
120c de reconstrução da ação individual a partir do paradigma do auko-

inieresse. Ez1oni (1988) e Mansbridge (1990) parecem conshtuir as prn


esse respeito: Etzioni se refere a importantes trahlhas
a
na area de ncis
movimentos ideia do
a auto-interess
o único motivo
soctats qucq uestionam

aleia Mans
omo
O Unico mofivo que explicarin a açao indnvidual c colcu. D

e s s i t a um conjunto de trabalhos empiricos que u


Uuto-e r e s s e não explicaria momentos e dimensoes iunpNTLUNes uo 3i>*

tema político amerieano.

113
mesma direção ao ressaltarem o fato do "elitismo democrá-

uma de organização do
tico" reduzir a democracia a tona
qualquer pa.
na qual a socicdade
nao desempenha
governo a socicdade e Suas fomas de dis.
Se, em Schumpeter,
pel. a
sociedade
cussão simplesmente desaparecem, em Downsde
indivíduos
é a articulação descentralizaoa da demanda
de opinião de dis.e
maximizadores de As Tormas organização da
utilidade.

so-
propria
cussão publica caractcistucas da
na
cm
que o cliusmo vincula
medida

ciedade desaparecem da
partici
a teoria da
sua
a
uma diminuiçao parecem
racionalidade

No entanto,
as
Operaçoes
anmbas demonstraremos
pação política. desnecessarias, tal como
nas
amplamente
trabalho a o
discutir as obras do Dahl
deste
seções seguintes que para
e de
Habemas. O primeiro
destes aulores demonstra
antinornattvo. O segundo de.
necessarno ser
ser realista não é democracia enquanto
entender a
fende a possibilidade de o conteúdo
formal C, ainda
assim, perceber
um método
Nas duas proximas
seções des-
democrática.
ético da forma vai de Dahl
trabalho pretendemos traçar
o
caminno que
te necessidade sentida pelos dois
mostrando a
Habermas da teoria
a das preocupações
mantendo algumas
autores de, ao pro-
democrática do começo do seculo, soluçao dar uma

as di-
capaz de integrar no seu interior
blema democrático Tocqueville e Ling
normativa e participativa que
mensões democracia.
como o
apelo da
grande
Ch'ao já percebiam

Normatividade à
ou o
Retorno da
IM. Robert Dahl
Teoria D e m o c r á t i c a

"eli-
intermediário entre o
Robert Dahl ocupa
um lugar
no+mativa e partuc-
democrático" e uma concepçao
tismo o mo
Esse constitui, provavelmente,
democracia.
pativa da as v e r
é visto com simpatia por ambas
tivo pelo qual ele da
a despeito
democrática'. No entanto,
tentes da teoria

ser un
Sartori parece
Entre os leóricos
do elitismo democrático,
7.
dahlsiana. No en
elemenlos da leoria
dos tentam incorporar alguns faz
que
termina incorporando apenas aquilo
que em Dahl Sen
tanto, Sartori

114
simpatia queos teoricos do "elitismo
manit ela obra dahisiana lemocrático" possam
dois importantes eleparece mais do
que existem aois importantes elementos presentesque claro
meiras tormulaçoes da obra dahlsianpresentes nas
nas
epr desses
claro rompmento com o cljtismo. O primeiro ntamele-
um
pri
mentos e a rentativa de Dahl de
superar oposição a
fatória idealismoe realismo. Já
no Prefácio à insatis-
Democratica, introduz um elemento
Dahl Teoria
adiciona
ria democratica: o principio da maximizacão
ktna teo-
Para ele, se o
objeuvo de
estabelecer uma poliar
mocrática 1or, de
fato, levado sério, é precisoliarquia d
a
como amplar a vigëncia de certos clementnSar em

quias. Não
trata simpiesmente de analisar como
se

cracia ou a
pollarguia ou
funciona, mas trata- demo
e

ceber que uma


avallaçao coteçao de rota na forma como
certas caracteristucas Ga
ou

dade das sociedades ponarquia manifestam reali se


na

avaliar o
grau de contemporaneas
igualdade de e
e
fundamental para se
liberdade efetivamente
existente em tais

maximizaçao passa
sociedades.
a0
Desse modo, o
princípio da
oposição largo
da
mo. O segundo elemento importante do idealismo/realis
Dahl e o clitismo tambem rompimento entre
presente no Prefácio à Teoria
Democrática constitui o fato de, se a
uma forma de poliarquia constitui
organização do sistema de
governo, tal forma
pode, segundo Dahl, ser mais ou
menos
dendo do de
legítüma depen
processo discussão anterior à
As condições 4 e 5 para a existência da própria eleição.
a poliarquia abordam
possibilidade dos indivíduos apresentarem
liticas altemativas po-
e se informarem a respeito de tais altemativas
1956: 70). Elas (Dahl,
recolocam, no interior da teoria democrá-
tica, o problema da
participação para a avaliação da quali-
dade da poliarquia existente.
Desse modo, é
que ja no Prefácio à Teoria possivel perceber
Dahl dois clementos
Democrática encontramos em
centrais para a críitica ao elitismo demo

do para o elitismo: os critérios empiricos para a


Oc cltes (Sartori, 1994: aferição da existënca
pp. 202-203). Não existe na obra de
poraçao ou ao menos um diálogo sobre o significado do Saron
principiouma
da
i m zaço
para a teoria democrática
da oposiçao 1dealismo/realie.
crático: o rompimento alismo ea
preocupaça0
com a qualhdade
da prática
complementados na
democrática. Tais
Democracia
is
elementos serão
racionalidadodeus
Críticos por uma detesa nomativada
dual e pela introdução de um crilério societário de avaliação
da democracia.

Em A Democracia e Seus CrincOs, Dahl continua e


lefi-
nindo a democracia a partir de uma relação entre descrie
e maximização, tal com0 no Prejacio a Teoria Democrátie
(Dahl, 1989: 6). No entanto, podem0S perceber lambém a
tentativa de definir a democracia como algo mais do que um
sistema de governo. Para Dahi, a democracía constitui um
processo de lomada de decisoes coletivas" (Dahl, 1989: 5).
Tal processo pode ocoTer tanto no interior das associações
civis quanto no interior do Estado ainda quc, tal como no

Prefácio, Dahl reserve o termo democracia a uma forma de


organização política ideal com a qual as sociedades moder.
nas não podem ser comparadas (Danl, 1989: 90). A ideali-
dade da forma democracia nao impcde, no entanto, a sua
avaliação normativa uma vez que Dahl inverte os termos

da avaliação da democracia pelo elitusmo: para o autor da


Democracia e seus Críticos não é o idealismo da democra-
cia que deve ser crilicado e sim o lato das democracias reais
não conseguirem alcançar o ideal democrático (Dahl, 1989:
91). Desse modo, uma teoria capaz de conciliar o empírico
co normativo teria como tarela restaurar o ideal de autono
mia moral cajustificativa normativa da democracia tentan-

do demonstrar a importância desses ideais na prática demo-


erática. Dahl demonstra tal possibilidade em duas elapas
distintas, uma primeira na qual ele discute os fundamentos
morais da democracia e uma segunda na qual ele discute a

realidade empfrica dos países que se tornaram poliarquias


democráticas. Permitam-me desenvolver cada uma dessas

vertentes do pensamento dahlsiano.


Ao discutir as formas possíveis de justificação da de-

mocracia, Dahl parte do suposto quc a democracCia, sempre


que comparada com os outros sistemas de governo, Iende
melhor modo de organização do Estado (Dahi,
a ser o
1989*
84). Se, por um lado, a comparação entre a demoCracia

16
istemas não-democrducos nos Tornece um critério em-
os a n a 2 de colocar a democracia em posição de desta-

pfrncaDahl tal método não suficiente para justificar


ue,
olhos
dos próprios atores poltucos a desejabilidade «
o s

cracia. Esse
constitui o motivo da reintrodução pelo
da auto do
det da Democracia
aulor
e seus
interior
Criticos princípio
deniocratica. Dahl da teora sus-
moral no
nomia

(enta
que

propr1a escolha J facilita o desen-


nto
river sob legislaç3o ua nossa
a
Dessoal dos cidadäos como seres
moraus e sociais capacitan
volvin nler e ampliar os seus direitos, interesses e preocupaçoes mais
do-0s OcTc Dohl l989: 91.)
(Dani,
fundamentaIs.

Desse modo, Danl Sustenta nao apenas que a partici-


vimento moral,
e alm
ao desen vol
pação democratica democratica
reco

na teoria
um elemento ausente desde
locando uma critica eli
principio ao
Schumpeter,
como
deauz desse
o principio moral traz, en
da autonomia
tismo. Para cle,
decomencia, a constataçao de que "todos os indiví
quanto das
duos são
sulicientemente qualiticados para participar
decisões coletivas de uma associação que afete significati
vamente os seus interesses (Dah, 1989: 98). 0 princípio
o rompimento tanto
da autonomia moral implica, portanto,
a versão dowsiana
com a visäão schumpeteriana quanto com
em que recoloca
do "elitismo democrático" na medida
um

mes-
fundamento moral no cerme da teoria demOCratica ao
mo tempo em que rompe com a noção restrita de raciona

lidade enquanto maximização de benefícios materiais.


O segundo clemento importante da teoria dahisiana da

democracia diz respeito às características empíricas das so-


Ciedades democráticas, isto , àquelas caracteristicas da or-

ganização social capazes de tornarem as poliarquias demo


Cralucas factíveis. Dahl, nesse momento, faz uma transiçao
do nível nomativo e moral para o nível empínico. O crilerio

que ele adota para caracterização dos elementos necessa-


a
sao
para a existência de uma poliarquia demoerätica
Os
erivados de uma constatação empírica dos elementos prin-
Cipais da organização social dos países que Se encaixaram

17
1odos esses países Doces

de poliarquia. a
na definição
1) altos níveis de renda
as seguintes
caracteristicas:

altos de hurbanização;
índices de
Cx
constante da renda; 3)
pansão percentagem« de
rural; 5) alta
indi
4) pequena populaçao universitario; 6) economia c
do grau
detentores
víduos
para o mercado; 7) indicadoree de
tada predominantemente baivo
tais como alta expectativa de vida e
bem-estar geral,
intantil. Tas indicadores empíricos
fndices de mortalidade de favorecer o
de soCiedade capaz surei.
indicariam o lipo
a consolidação da poliarguia
(Dahl, 1989: 251)
mento e
uma socIedade na qual o
poder e
definida, então, enquanto
distrbuidos. A forma como Dahl
influência estão bem
características
necessarnas no nível da socieda
relaciona as
desenvolvimento das poliarquias aponta na
dire
de para o

teoria. DoS limites parecem claros


da sua
ção dos limites a dimensão societária da de
na forma como Dahl tematiza
primeiro deles
è que nao fica claro que tipos
mocracia: o
necessárias para se alcançar tipo de o
de práticas seriam
constatada enquanto favorecedora
sociedade empiricamente
da democracia. O segundo
problema é que a teoria dahl-
Os fundamentos
societá
postular empiricamente
siana, ao
converter a sua teoria da
rios da democracia, no consegue
à au-
democracia em uma teoria da democratização devido

sência de uma concepção sobre as capazes de tornar


práticas
uma sociedade normativamente desejável. Ambos os pro

de um terceiro limite
blemas parecem apontar na direção
teoria dahlsiaa como um todo, qual seja,
que perpassa a coletiva
o da sua incapacidade
de tematizar a dimensão
limitando a reintrodução
ou intersubjetiva da democracia,

normatividade na teoria democrática à


idéia da auto-
da
autor da
realização moral dos indivíduos. Escapa ao

8. Essa constitui uma observação feita por Habermas em Entre FalOs

Normas.
9. O conceito de cultura política está amplamente ausente da estru
tura da analise dahisiana em A Democracia e seus Criticos. Ele e men

cionado em uma brevissima seção na qual Dahl nos diz o seguinte: "
cultura talvezZ
crenças, aitudes, e
predisposições formam uma política ou

diversas culturas politicas no interior das quais oS indivíduos São sociallzndos

18
seus Criticos a dimensão
normativa da de
Dem enguanto valor coletivo compartilhado por uma
associaçac de indivíduos capazes de estabelecer formas co-
ação. Pretendem mostrar, na seção final deste
muns de
que essa dimensao da democracia pode ser compa
prCOupagoes levantadas origina
tibilizada com as Scnumpeter.
Weber e
por

Democracia e kacionalidade Socictária: Reflexões


IV com Base na Obra de Habermas
Conclusivas

da trajetoria da teoria democrática ao lon-


A análise
do século aponta na direçao de dois problemas per-
e Schumpeler, cuja soluço permane-
cebidos por weber
o problema da ex-
ce insatistatória. Em primeiro lugar,
burocracia e da contradiçao entre democracia
pansão da
e ampliação da dimensao estatal. Ta fenömeno, apontado
Weber enquanto limitador
da autonomia individual
por
recebeu, por parte da teoria democrática, duas respos
uma primeira vertente de tes-
tas, ambas inadequadas:
ricos da democracia constatou a inviabilização das for-
da
participação direta provoOcadas pelo
aumento
mas de
1974;
complexidade da administração cstatal (Bobbio,
Sartori, 1994). Uma segunda vertente de teóricos supôs
benefícios concedidos pelo Estado
o aumento dos
que
constituísse a única variável a ser levada em consideração

pela teoria (Downs, 1956), desconsiderando,


democrática

assim, a rclação entre a formulação


de demandas e sua

implementação. Ambas as respostas parecem inadequadas


o que seria
na medida cm que elas deixam de perguntar

uma cultura políitica


fortemente
favoravet
cm varios níveis. Um país com crises ao

poarquial será capaz de superaruma culturaque podem levar rompimenio


politica menos 1avoriver
Oarquia em um
país com

1989: 262-263). Mais uma vez o que não fica


claro e
quais sio as
anl, una

s no nível da sociedade capazes de levar


à consttuigao
de
de uma concepyao nor
polithca favorável à poliarquia. A ausëncia
V r a de sociedade impede que Dahl dê uma resposta a essa quest

119
democrätica, isto como
central para a leoria
bilizar os valores caraclerizadore da democraciz ompati.
com
Estado? do
uma forma de administraçao complexa
O segundo problema j percebido pelos teóricos da de.
mocracia do começo do seculo c cuja solução também
pa-
rece amplamente inadequada envolve a relação entre demo
cracia e racionalidade ou entre bem comum e racionalidad
Tal problema, levantado pela primeira vez por impeter,
merece uma reavaliação na medida em que a solução pro
posta pelo "elitismo democråtico" foi a substituição gra-
dual das arenas consensuais próprias a política moderna
(Habermas, I1989), por uma forma descentralizada de reso-
lução de conflitos (Downs, 1956; Przeworski, 1991). A tcn-
tativa de Dahl de reintroduzir a dimensão nomativa no in-
Icrior da teoria democrática constitui, sem dúvida, uma das
mais importantes contribuições à leoria democrática do fim
do século. No entanto, tal teoria permanece inadequada de
vido à estreita vinculação entre normatividade e individua-
lidade na medida cm que o quc está por detrás da
cação normativa da democracia por Dahl são as condições
justifi
que propiciam a auto-realização individual. Desse modo, a
teoria democrática permanece sem responder de que modo
atitudes coletivas próprias à democracia
as normas e

riam ser compatibilizadas com a idéia de racionalidade in-


pode
dividual. Se ambas as questões permanecem irrespondidas,
tanto pelo elitismo quanto pelo pluralis1mo, é, no entanto,
necessário diterenciá-los, na medida em que o clitismo repre-
senta uma tentativa mal-sucedida de construção de uma teo-
ria democrática capaz de
prescindir de ambas as questões
ao passo que o pluralismo representa uma tentativa de rein-
troduzir ambas as questões no interior da teoria democrá-
tica. A resposta do pluralismo insatisfatória porque cle
nao e capaz de realizar duas operações fundamentais ne-
cessárias para a produção de uma resposta satisfatória aos

problemas levantados por Weber e Schumpeter: ele não


consegue separar administração de esfera pública para, en-
tão, postular a
reintrodução das arenas
participativas e dis
Cursivas na
politica. Ele não consegue estender o seu
con
120
normatividade do plano individual em direção à
de
ceito
organizaçao da sociedade.

organA obra recente de Haberinas tem como


ponto de partida
hlemas semelhantes aqueles levantados por Weber e
Schumpeter, a sader, o crescimento das arenas burocrálico-
interior do
Estado moderno e a
no
a d m i n i s t r a t i v a s

sibilidade e indesejabilidade de uma idéia substantiva d


impos
hem comum. Ambas as preocupaçoes são relacionadas
por
benas com a problemática da racionalidade, mas rece-
uma resposta fundamentalmente distinta da resposta
dada por Wcber e dchunmpeter. Para Habemas, a existêne

d i s tipos de racionalidade, uma comunicativa e uma


outra sistêmica, nos pemmilina tratar adequadamente tanto
o fenômeno da Durocrauzagao quanto o fenõmeno da plu-
ralização. Os dois tenomenos teriam, na percepção naber
masiana, raizes aisntas c Se loOcalizariain em esferas dis-

tintas da sociabilidade. A burocratização estaria associada


sistemica c seria dominante na esfera ad-
à racionalidade
ministrativa do Estado moderno, estera essa estruturada em
torno da lógica cstrategico-competitiva e de uma forma im-

de coordenaçao da açao. A cxpansão da influência


pessoal
de tal forma de ação, certamente, conduz a uma diminuição
da autonomia dos individuos frente ao Estado modemo. No
entanto, diferentementc do suposto por Wcber, esse não
constitui o único fenômeno com o qual a política modema
está associada. Habermas demonstra a existëncia de uma
forma distinla de racionalidade capaz de nutrir e fortalecer
as formas interativas de comunicação com as quais a de-
mocracia foi identificada pelos teóricos da politica moder
na. A racionalidade comunicativa não estruturaria a estera
do Estado e sim a esfera pública entendida enquanto uma

arena discursiva na qual os valores democráticos se tormam

e se reproduzem. Desse modo, o diagnóstico habermastano


da democracia conseguc dar uma resposta para o probiema

. Habermas, como já foi apontado no Capínulo 2, distingue entre

dois tia e racionalidade. Um primeiro lipo, de naltureza cogittOn


Habemas, 198.
umental e uma outra, de natureza intersubjetiva. (Vide
Cooke, 1994.)
121
Tal ienomen0
se tornaria uma
da burocratização. medida o mcaça
da emocracia na em
a expansao
para a afetar as estruturas comunicativas da esfera ubl
sasse
Enquanto a burocratiZaçao se Iimitar à esfera do Estado,
a democracia.
ela não ateta iTemedlaveinente
A forma como Habermas COnstro o seu conceito

racionalidade comunicativa Ihe permite também dar uma


isto é, à impossihil
ao problema Schumpeleriano,
solução
dade de se sustentar uma concepçao substantiva de bem
comum. Mais uma vez, a solugao nabernasiana e de natu-
reza diferente daquela oferecida pelo autor de Capitalisnmo
Socialismoe Democracia. Para Habermas, a impossibilidade
de se sustentar uma noçao uniticada de bem comum tem
como implicação a necessidade de ransitar para o domínio
das éticas formais ou discursivas. Tais eticas estariam ba-
seadas na idéia de que a argumentaçao publica envolve um
tem um conteúdo ético-
princípio de universalizaçao que
formal (Habermas, 1990: 86-87). Desse modo, se o ponto
de partida habermasiano é a impossibilidade da associação

da racionalidade com uma noçao substantiva de bem co-

mum, o ponto de chegada c a constataçao de um princípio


de universalização presente nas proprias regras do discurso,

capaz de fundamentar igualdade


a prática da
princípio esse
decorrem da
democrática. Duas conseqüencias importantes
solução habermasiana ao problema da relação entre racio
nalidade e ética. A primeira delas é que, na medida em que

inexiste uma verdade objetiva no campo da política, essa

critério de validade possivel: a qua-


passa a ter apenas um
lidade do processo de argumentação e de discussão próprio
Nesse sentido,
democracia (Habermas, 1995: Capítulo 8).
critério de avaliação e de maximi-
Habermas introduz um

vigente no nível
zação da prática democrática, critério esse,
da própria sociedade. Existe uma segunda conseqüëncia re
lacionada com a associação entre democracia c um processo
prático de argumentação que é a impossibilidade de se Jus
tificar a democracia em termos individuais. A validade da de
mocracia está inerentemente ligada ao processo de argumen
tação através do qual um indivíduo reconhece ao outro en
quanto igual na utilização da linguagem. Conseqüentemente,

122
da democracia esta ligada ao ato argumentativo
va ricipam pelo
pelo menos
menos cdois individuos, um ato emi
do qual participam
nentement coletivo. Ambas as características do proccsso
a Habermas definir
de
argumentaçao pemitem democra
a

u processo de institucionalização dos


procedimen
las condiçoes de comuncagao, processo esse capaz

OCCdimentalizar a soberania popular ao tormaro siste-


das redes periféricas de comunica
ma político dependenie
presentes
eslera
na publica (Habermas, 1994).
cão
ASolução habermasiana a0s problemas enfrentados
teoria democraica desde o começo do século repre-
ela
do que um mero exerciCIO heurístico. Ela pre r
senta mais
uma forma
de compaubilização entre democracia, r
senta
e paricipaçao, rorma cssa ausenie da teoria de-
cionalidade
desde as 1ormulaçóes de Weber e Schumpeter
mocrática
nos oferece como soluçao ao problema da par-
Habermas
a existëncia de püblicos não-institucionalizados
ticipação
de se organizar no nivel da sociedade e forçar a
capazes
compatibilização entre estera publica c sistema
político. A

compatibilização entre popular procedimen-


uma soberania

um debate discursivo no nível


talizada e os resultados de
a racionalização do sis-
da esfera püblica contribuina para
restauraria, de uma forma dife-
tema político. Tal processo
a relação entre politica e
rentc da suposta pelos clássicos,
racionalidade. Ela nos permite entender o apelo normativo

Tocqueville e Ling Ch'ao


da democracia já percebido por
e ignorado pelas teorias elitistas da democracia.

123

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