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LIÇÃO 07

FÉ PARA CRER QUE


DEUS FALA POR MEIO
DA PROFECIA

JONATHAS KAYRAN S. DOS SANTOS


DADOS CATALOGRÁFICOS

Diagramação, arte e produção:


Jonathas Kayran Souza dos Santos

Correção Teológica:
Pr. Isaque C. Soeiro

Correção orto-gramatical:
Pr. Mário Saraiva

SANTOS, Jonathas Kayran S. Fé para crer que Deus


fala por meio da profecia: subsídio bíblico-teológico
da lição de jovens da CPAD. São José de Ribamar,
MA: IPEC, 2023.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610,


de 19/02/1998. Copyright © 2023 para IPEC Proibida a
reprodução total ou parcial por quaisquer meios –
mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos,
gravação, estocagem em banco de dados etc. – salvo em
citações com indicação da fonte.

Novembro de 2023
O presente texto serve de apoio aos professores da
Classe de Jovens da Escola Bíblica Dominical do
currículo da CPAD. Assim também como texto livre
sobre o assunto para todos quanto tiverem interesse.

Este 4º Trimestre de 2023 tem como tema central:


“sejam fortes - ensino sadio e caráter santo nas cartas
pastorais”.

O comentarista das lições é o pastor Eduardo Leandro


Alves, pastor auxiliar da Assembleia de Deus em João
Pessoa – PB. Ele é doutor em Teologia e autor da obra
A Sociedade Brasileira e o Pentecostalismo Clássico
publicado pela CPAD.

As citações bíblicas foram retiradas da Nova Almeida


Atualizada - NAA, salvo as indicações em contrário e
devidamente referenciadas.

Este breve subsídio de apoio à “LIÇÃO 07, Fé para


crer que Deus fala por meio da profecia”. Foi
escrito tendo como objetivos:

Apresentar o ofício de profeta do Antigo


Testamento, o dom de profecia no Novo
Testamento e suas diferenças.

Refletir sobre a correta utilização do dom de


profecia nas igrejas locais.
INTRODUÇÃO

A palavra profecia, sem dúvida alguma, é um dos termos


mais banalizados pela igreja moderna, em especial nos
círculos neopentecostais; e, em alguns casos, até mesmo
entre os pentecostais. É comum se ouvir expressões do tipo:
“abre a tua boca e profetiza”, “receba essa profecia”, “eu
declaro essa palavra profética na sua vida”, “estou realizando
um ato profético” etc. Tais expressões, além de não terem
fundamentação bíblica, representam o quanto a igreja atual
tem trivializado o termo profecia, que é bíblico e muito
necessário para orientação do povo de Deus.

Profecia é um termo de significado amplo dentro do


contexto bíblico, vai muito além de fazer previsões para o
futuro ou revelações pessoais de alguém. Na verdade, a
profecia está mais atrelada à comunicação de Deus e de seu
povo, através de um profeta, do que prever o futuro ou
revelar situações desconhecidas. Deus, na sua auto-
revelação a seu povo, utilizou homens para comunicar a sua
vontade, seu plano de salvação e até mesmo o futuro da
humanidade. No AT, esses homens eram conhecidos como
profetas, pois recebiam e transmitiam a mensagem
diretamente de Deus. No NT, essas tarefas foram delegadas
aos apóstolos.

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Contudo, Deus continua a utilizar homens e mulheres na
tarefa de comunicação da sua vontade já revelada pelos
profetas e apóstolos. Porém, deve ser observado que Deus já
revelou a sua vontade, seu plano e o fim de todas as coisas;
assim, não há nada mais a ser revelado neste sentido,
cabendo agora apenas a transmissão dessa revelação fechada
pelos apóstolos de Cristo. Deus ainda fala hoje, usa homens e
mulheres no relacionamento com seu povo; porém, utilizando
as Sagradas Escrituras como fonte de comunicação e
julgamento do que se é dito em nome de Deus.

Assim, neste breve estudo, buscar-se-á apresentar o ofício dos


profetas no Antigo Testamento e também o dom de profecia
descrito no Novo Testamento. Procurar-se-á, ainda, tratar da
grande diferença entre eles e de como o dom de profecia
deve ser entendido e exercido na igreja local.

Bons estudos!

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01
O OFÍCIO DOS
PROFETAS

Pelas palavras de Cristo, sabe-se que os profetas duraram


até João Batista (Lc 16.16). Portanto, João é o último homem
que exerceu o oficio de profeta à semelhança do Antigo
Testamento. Este ofício foi iniciado por Deus, que antes se
comunicava por teofania e passou a utilizar homens para
comunicar a sua vontade. O pastor Heber Carlos de Campos,
comentando sobre o ofício dos profetas, afirma:

O profeta era chamado por Deus para o exercício de uma autoridade


oficial, como porta-voz de Deus. Não há muitos exemplos, mas a sua
autoridade divina, advinha da vocação divina, era passada
publicamente a ele pelo ministério de outro profeta (1Rs 19.16). O
profeta, portanto, exercia uma função oficial, devidamente
credenciado por Deus, de maneira que o povo reconhecia a sua
autoridade como homem de Deus[1].

Assim, ser profeta de Deus no Antigo Testamento era carregar


um ofício, assim como o de Rei e Sacerdote. Podem-se ainda
destacar algumas características dos profetas neste período:

1.1 Eram vocacionados. Não era qualquer pessoa que se


autoproclamava profeta que era aceito como tal pelo povo de
Deus. O verdadeiro profeta era comissionado pelo próprio
Senhor, nem partia de uma escolha própria, nem mesmo de
linhagem nobre ou sacerdotal, mas sim da vontade de Deus. O
pastor Heber Carlos de Campos é oportuno ao comentar:

[1] MATOS, Alderi Souza de. Fé cristã e misticismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2013., p. 80

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O profeta verdadeiro não era profeta necessariamente porque
recebia os sonhos ou visões, ou por ter realizado milagres e feito
predições, nem por ter tido as suas predições realizadas. Nem era ele
profeta por escolha própria, mas porque recebia um chamado
diretamente de Deus, mesmo que, por vezes, esse chamado fosse
obedecido com muita relutância. Era a vocação divina que fazia dos
homens um verdadeiro profeta de Deus. [2]

Moisés (Ex 4.10-13), Jeremias (Jr 1.5-10), Amós (Am 7.14-15),


Ezequiel (Ez 2.6-7; 3.26-27), assim como todos os outros
profetas do Antigo Testamento, foram convocados por Deus
para exercerem tal ofício; e, mesmo que alguns relutassem,
foram profetas conforme a vontade de Deus e não a deles
próprios.

1.2 Eram receptores da mensagem de Deus. Os profetas


recebiam a mensagem de Deus diretamente do próprio
SENHOR. Suas mensagens eram fidedignas, infalíveis e cheias
de autoridade, porque era a mensagem do Deus Altíssimo. É
na pessoa do profeta Moisés que essa verdade fica mais
evidente, pois, antes deste, a revelação era, majoritariamente,
por meio de teofania. Campos comenta:

Há um sentido em que Moisés, como profeta de Deus (Dt 18.15), foi


singular. Deus revelou-se a Moisés de modo diferente ao que Ele
revelou-se aos profetas posteriores e a todos os outros profetas
clássicos. Deus falava com Moisés tomando as mais variadas formas
(a isto chamamos de teofania). Era uma revelação direta de Deus.
Contudo, por razões não explicadas, Deus resolveu mudar a forma de
comunicar a sua revelação aos profetas, da forma de teofania para
um modo diferente da revelação aos profetas[3].

[2] MATOS, Ibidem., p. 82.


[3] MATOS, Ibidem., p. 80

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Assim, pode-se afirmar que é a partir de Moisés que Deus
inicia sua forma de revelação por sonhos e visões, sempre
comunicando sua vontade aos profetas que Ele mesmo
elegeu.

1.3 Eram transmissores da mensagem de Deus. Recebida


a mensagem de Deus, os profetas transmitiam essa
mensagem ao povo, de forma autoritária e normativa, infalível
e poderosa. Fosse uma mensagem agradável ou não, o profeta
deveria comunicar conforme recebida.

Em alguns casos, o profeta nem desejava falar o que Deus


mandava, mas era seu ofício e tinha que ser cumprido. Os
profetas do Antigo Testamento, em sua grande parte, eram os
que traziam ao conhecimento do povo os juízos de Deus;
assim, suas mensagens não eram tão agradáveis. Contudo, o
profeta não poderia mudar a mensagem, não deveria
amenizá-la, pois esta deveria ser entregue conforme recebida.
Campos comenta:

A mensagem levada pelo profeta ao povo não é menos Palavra de


Deus do que quando ela é trazida diretamente de Deus ao profeta,
num sonho ou visão, ou uma teofania, como é o caso de Moisés ou
Abraão. [...] A função de um profeta é ser “a boca de Deus”, que fala
não as suas próprias palavras, mas as de Deus[4].

Contudo, os profetas não eram usados mecanicamente, pois


entregavam a mensagem conforme suas características
pessoais, além de terem respeitado sua linguagem e contexto
social. Assim, “o profeta transmite a mensagem impregnada
com suas próprias características sem, contudo, deixar de ser
absolutamente fiel às palavras que ouviu”[5].

[4] MATOS, Ibidem.


[5] MATOS, Ibidem., p. 82.

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02
O DOM DE PROFECIA

O profeta do Novo Testamento é diferente dos profetas do


Antigo Testamento. Como visto, no AT existia o ofício de
profeta, alguém que era escolhido por Deus para receber e
transmitir sua Palavra ao povo. Já no NT, essa função é dos
apóstolos de Cristo e não dos profetas. O profeta
neotestamentário é aquele que recebeu o dom de profecia,
que Deus usa esporadicamente, da forma e onde quer.

Assim, o profeta neotestamentário não possui a mesma


autoridade que os antigos profetas, não recebe a mesma
função e não recebe o mesmo tipo de revelação. Quando
comparado, observam-se as seguintes características:

2.1 Eles recebem um dom, não um ofício. Diferentemente


dos profetas antigos, os profetas do Novo Testamento
recebem um dom, e não um cargo, uma função delineada e
permanente. O dom é disponibilizado somente quando o
Espírito Santo deseja, e, ao utilizá-lo, o profeta tem que estar
sujeito a toda revelação já entregue ao povo de Deus. O
comentarista bíblico Russell N. Champlin observa:

Os profetas, na igreja cristã primitiva, evidentemente eram homens


dotados de considerável aptidão psíquica, conhecidos por suas
declarações inspiradas, pelo que também eram distinguidos dos
pregadores comuns das igrejas. Quanto à categoria espiritual e
quanto ao exercício dos dons espirituais, eram considerados
imediatamente depois dos apóstolos, segundo se depreende de
textos como 1Coríntios 12.28; Efésios 2.20; 3.5; 4.11 e

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Apocalipse 22.9. No livro de Atos, os profetas são aludidos em Atos
13.1; 15.32; 21.9,10, e nesta seção (Atos 11.27). Os profetas exerciam
o seu ofício (Atividade) mais em virtude de seus dons carismáticos do
que por qualquer sanção oficial ou nomeação por parte da igreja,
porquanto não há evidências de que a posição deles existia por meio
de qualquer forma de ato consagratório[6].

2.2 Eles estavam subordinados à Escritura e aos


Apóstolos. Enquanto que o profeta do AT era o principal
porta-voz de Deus para o povo, no NT os profetas estavam
sujeitos a julgamentos, e sua mensagem deveria estar de
acordo com as Escrituras e ensino dos apóstolos (1Co 14.29-
31).

Os profetas da era da Igreja não são infalíveis, suas mensagens


não devem ser recebidas como verdades imediatamente, suas
profecias não trazem novas revelações da vontade de Deus.
Assim, tudo o que o profeta falar, deve ser passado pelo crivo
da vontade de Deus já revelada nas Sagradas Escrituras (Gl
1.8).

2.3 Eles eram intérpretes da Mensagem, e não seus


receptores. Os profetas do Antigo Testamento recebiam
diretamente de Deus a sua mensagem, e assim transmitiam ao
povo. Eram eles os receptores da revelação de Deus, e mesmo
esses não poderiam contradizer o que antes já tinha sido
revelado (Dt 13. 1-3). Quanto aos profetas do Novo
Testamento, não se conhecem novas revelações da mensagem
divina para o seu povo por meio deles. Tudo o que foi escrito
no Novo Testamento saiu da pena dos apóstolos ou de seus
discípulos.

Assim, Paulo orienta à igreja que, ao ouvir um profeta, deve


[6] CHAMPLIN, Russell N. O novo testamento interpretado versículo por versículo: Volume 3: Atos,
Romanos. São Paulo: Hagnos, 2014, p. 290.

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haver um julgamento para saber se sua mensagem está de
acordo com as Escrituras e com o ensino dos apóstolos (1Co.
14.29. Eles eram usados por Deus na comunicação da vontade
de Deus, conforme já revelada. O pastor assembleiano
Eduardo L. Alves comenta:

O teste do profeta, ou de qualquer pessoa que julgue apresentar


reivindicações de espiritualidade é expresso pelo apóstolo da
seguinte forma: “reconheça ser mandamento do Senhor o que vos
escrevo” (1Co. 14.37,38, ARA). Qualquer palavra à parte do
mandamento do Senhor deve ser rejeitada. Ou seja, os profetas não
eram (e nem são!) fontes de “novas verdades”, “novas revelações”,
“nova unção”, a serem apresentadas à Igreja, mas são meros
expositores da verdade revelada do próprio Deus[7].

Assim, a diferença do profeta para o Mestre, por exemplo, está


no fato de que o profeta recebe uma inspiração da parte do
Espírito Santo para trazer uma mensagem para o povo de
Deus, ou pessoa especifica, de forma espontânea e sem prévia
preparação, enquanto que o mestre é aquele se prepara para
a pregação e ensino. Myer Pearlman observa:

A profecia se distingue da pregação comum, pois a última é


geralmente o produto de estudo da revelação existente, enquanto a
profecia é o resultado da inspiração espiritual espontânea. A
intenção não é de suplantar a pregação ou o ensino, mas apenas
complementá-la com toque de inspiração. [...] A inspiração manifesta
no dom de profecia não está no mesmo patamar da inspiração das
Escrituras. Isto está implícito pelo fato de que os crentes são
instruídos a provar ou julgar as mensagens proféticas (cf 1Co. 14.29)
[8].

Portanto, ao exercer o dom recebido, o profeta se assemelha


mais a um pregador do que a um adivinho ou vidente.
Contudo, Deus pode lhe revelar situações desconhecidas ou

[7] ALVES, Eduardo Leandro. A prova da vossa fé. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 70/71.
[8] PEARLMAN, Myer. Conhecendo as doutrinas da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2009, p. 323.

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ainda não acontecidas, conforme for da vontade de Deus,
sem, contudo, contradizer ou acrescer à sua Palavra já
revelada.

03
O EXERCÍCIO DO DOM DE
PROFECIA SEGUNDO PAULO

3.1 O mau uso do dom. Em contexto geral, a igreja


moderna, em especial os neopentecostais, o movimento
carismático e, ainda, alguns daqueles que se dizem
pentecostais têm confundido, consciente ou
inconscientemente, o dom de profecia com a confissão
positiva. Este último seria a ação de alguém proferir palavras
em tom profético, em nome de Deus, ter fé que vai acontecer
e assim o que foi dito acontecerá. Espera-se que tais palavras
se concretizem pelo poder da fé e por ser um ato realizado em
nome de Deus.

A palavra profecia geralmente é utilizada antes da verbalização


da confissão positiva; assim, misturam uma verdade bíblica
com um ensino de que contradiz o ensino bíblico. Essa
mentalidade ou mesmo ação de muitos crentes hoje é
percebida pelos famosos “atos proféticos” realizados em
cruzadas, marchas para Jesus, eventos políticos, shows gospels
etc.

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Também se percebe essa mentalidade em muitas canções e
pregações gospels, em que é orientado aos ouvintes que
“profetizem”, “declarem”, “determinem” em nome de Deus, ou
até mesmo quando pregadores afirmam estarem “trazendo
uma palavra profética” no meio de seu sermão. Tanto os “atos
proféticos” como essas orientações sempre visam bênçãos da
parte de Deus a uma determinada nação, estado, cidade, igreja
local, pessoa ou o próprio declarante. Tal ensino é claramente
herético e enganoso.

Por outro lado, o dom de profecia tem intenções e propósitos


congregacionais, e não individuais. A profecia não parte da
vontade do profeta, não acontece na hora em que o profeta
deseja, não leva em consideração as emoções e anseios do
profeta. Além disso, não é qualquer pessoa que pode
profetizar; somente aqueles a quem o Espírito Santo conceder
este dom. Assim, não é a agenda do homem que determina o
momento de um profecia, não é a vontade do profeta que
determina o que vai ser profetizado ou não, também não cabe
à igreja fazer agendas de “atos proféticos”, pois ela não é
detentora da ação do Espírito Santo. Portanto, o exercício do
dom de profecia é, na verdade, uma ação sobrenatural de
Deus, utilizando quem Ele desejar e para quem Ele desejar.

3.2 A verdadeira função do dom. O apóstolo Paulo


orientando a igreja de Corinto esboça claramente a função do
dom de profecia para o corpo de Cristo, o que nada tem a ver
com confissão positiva. Assim Paulo coloca:

Mas o que profetiza fala aos homens para edificação,


exortação e consolação.
(1Coríntios 14:3/NAA/grifo nosso)

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3.2.1 Para Edificação. O profeta, ao ser usado pelo Espírito
Santo, traz edificação para o povo de Deus. Crescimento na
graça e no conhecimento. Campos afirma que:

A função do profeta é edificar, e essa função tem sido durante os


séculos aquilo para que ela foi designada. Conforme o ensino
apostólico, os crentes de todas as épocas, que formam a família de
Deus. [...] A função do profeta, e de todos os que possuem os dons
relacionados com a fala, é a de edificar com a palavra baseada no
fundamento dos apóstolos e dos profetas do Antigo Testamento[9].

Portanto, Qualquer palavra que não resulte em edificação


para o povo de Deus não pode ser tida como uma profecia
partida do Espírito de Deus.

3.2.2 Para Exortação. O profeta é também aquele a quem o


Espírito Santo usa para exortar a igreja de Cristo. Na língua
portuguesa, a palavra exortação tem algumas nuances,
podendo ser entendida como admoestar, encorajar e
fortalecer. Assim, entende-se que, através do profeta, Deus
alerta seu povo dos caminhos tortuosos, das heresias, dos
ensinos de demônios e de toda sorte de desvio doutrinário ou
moral. Além disso, os profetas são usados para encorajarem o
povo a seguir em fidelidade ao Senhor, além de estar
fortalecido em suas promessas.

3.2.3 Para Consolação. Também é função do profeta o


consolo ao povo de Deus em momentos de aflição, luto ou
perseguição. Essa função, assim como as demais, é exercida
através da ministração da Palavra de Deus, por uma ação do
Espírito Santo na vida do profeta.

Assim, observa-se que este é um dom muito necessário para a


igreja de Cristo, e que ainda hoje tem sua utilidade e atividade
entre o povo de Deus.

[9] MATOS, Ibidem., p. 94.

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3.3 A forma correta de exercer o dom. Paulo também
orienta a igreja de Corinto quanto à forma que este dom e os
demais devem ser exercidos na igreja local. Assim ele diz:

Trantando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os


outros julguem (1Co 14.29)

Tudo, porém, seja feito com decência e ordem (1Co 14.40)

O ensino é que não pode haver bagunça ou movimentos


espalhafatosos no culto. Tanto o dom de profecia como os
demais dons são concedidos pelo Espírito Santo, que não é
espírito de confusão (1Co 14.33).

Portando, a decência é uma característica daqueles que


verdadeiramente são usados por Deus no dom de profecia. O
verdadeiro sinal de espiritualidade é a ordem e não a
desordem. Os profetas devem ter consciência do que fazem,
do que falam e de como falam.

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CONCLUSÃO

Como já afirmado, o dom de profecia é verdadeiro e atual,


necessário e indispensável para a igreja de Cristo. Porém, é
lamentável o que muitos crentes pensam sobre este dom, é
lamentável como muitos supostos profetas se colocam diante
da igreja de Deus; é lamentável, ainda, que muitos crentes se
deixem levar facilmente por tais enganadores. Campos alerta
sobre esse fato:

Os muitos chamados “profetas” de igrejas locais contemporâneas não


estão de acordo com as funções estabelecidas por Paulo, pois o que
eles fazem é somente tentar adivinhar a vida pessoal e o futuro dos
crentes, provocando nas pessoas um encantamento do qual é difícil
demovê-las. Ao invés de fazerem o que está prescrito na Escritura, os
chamados “profetas” tentam tornar as pessoas dependentes do seu
ministério. O resultado é que muitos da igreja procuram esse tipo de
profecia para a vida deles, ao invés de buscarem a orientação na
própria Palavra de Deus, como está registrada nas Santas
Escrituras[10].

Assim, seguindo o conselho das Escrituras, por meio de Paulo,


e também deste alerta do pastor Heber Carlos Campos, é
oportuno a igreja atual observar que:

O dom de profecia é do Espírito Santo e não do


profeta. Sabendo disso, a igreja compreenderá que é o
Espírito Santo quem decide quando, aonde, quem será o
profeta e para quem será usada profecia.

[10] MATOS, Ibidem., p. 95.

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Toda e qualquer palavra do profeta deva passar pelo
crivo da palavra de Deus. Sabendo disso, a igreja não será
levada por qualquer vento de doutrina, mas estará segura pela
verdade.

O exercício do dom deve ser acompanhado de decência


e ordem. Os cultos onde a baderna e a desordem são
comuns, não são cultos espirituais. Segundo as Escrituras, o
culto deve ter ordem e decência.

O dom é para edificação, exortação e consolo. O dom de


profecia nunca deve ser usado em benefício próprio, para
proferir palavras positivas para si mesmo ou para sua própria
comunidade. Mas deve sim ser usado para edificação do corpo
de Cristo.

A igreja deve buscar o dom de profecia e não os


adivinhos disfarçados de profetas. Paulo orienta que se
busque o dom de profecia (1Co. 14.1,39). Porém, o dom que
Paulo se refere não é de adivinhação ou revelação de CPF. Mas
o dom que ensine a Igreja de Cristo, que a edifique e exorte-a
a seguir no caminho da verdade.

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AUTOR: Diác. JONATHAS KAYRAN, diácono na Igreja Evangélica
Assembleia de Deus na cidade de Senador Alexandre Costa (MA).
Graduações em: Bacharel em Administração (FACAM-MA).
Pós-graduações em: Teologia e Interpretação Bíblica (FABAPAR-PR),
Docência no ensino superior (FAVENI-ES), Especialização em Gestão
Escolar (FAVENI-ES).
Pós-graduando em: Teologia e Literatura (INSTITUTO REFORMADO
DE SÃO PAULO)
E-mail: jonathaskayran@icloud.com

REVISOR: PR. ISAQUE C. SOEIRO, pastor auxiliar na Igreja Evangélica


Assembleia de Deus na cidade de Satubinha (MA) e filiado na
CEADEMA – Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias
de Deus no Maranhão.
Graduações em: Bacharel em Administração (UNITINS-TO), Bacharel
em Teologia (FATEH-MA).
Pós-graduações em: Especialização em Gestão Educacional
(UNISEBCOC), Especialização em Ciência das Religiões
(ILUSES/FATEH-MA),
Mestrado em Teologia (FAETAD) e Mestrando em Ciência das
Religiões (ILUSES/LUSÓFONA).
Diretor do Instituto Pentecostal de Educação Cristã – IPEC.
E-mail: ic.soeiro.ic@gmail.com.

REVISOR: PR. MÁRIO SARAIVA, pastor auxiliar na Igreja Evangélica


Assembleia de Deus em Buriticupu (MA) e filiado na CEADEMA –
Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no
Maranhão.
Graduações em: Licenciatura em Letras, com habilitação em
Português, Inglês e suas respectivas literaturas (Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA).
Pós-graduações em: Especialista em Teologia (Universidade Estácio
de Sá – UNESA), Pós-Graduando em Exegese Bíblica (Centro de
Estudos Bet-Hakam) e Mestrando em Ciências Teológicas
(Universidade de Desenvolvimento Sustentável – UDS, Assunção,
Paraguai).
E-mail: pr.mariosaraiva@gmail.com
REALIZAÇÃO

APOIO

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