Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LICENCIATURA EM
EDUCAÇÃO FÍSICA
A DISTÂNCIA
uma realidade
baiana
Licenciatura em
Educação Física
a distância
uma realidade
baiana
Reitor
João Carlos Salles Pires da Silva
Vice-reitor
Paulo Cesar Miguez de Oliveira
Assessor do Reitor
Paulo Costa Lima
Diretora
Flávia Goulart Mota Garcia Rosa
Conselho Editorial
Alberto Brum Novaes
Angelo Szaniecki Perret Serpa
Caiuby Alves da Costa
Charbel Niño El Hani
Cleise Furtado Mendes
Evelina de Carvalho Sá Hoisel
José Teixeira Cavalcante Filho
Maria do Carmo Soares de Freitas
Maria Vidal de Negreiros Camargo
Licenciatura em
Educação Física
a distância
uma realidade
baiana
Salvador
EDUFBA
2017
Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil
desde 2009.
Revisão
Lia Nery
Normalização
Sandra Batista
L 698 Licenciatura em educação física a distância: uma realidade baiana | Helio José Bastos
Carneiro de Campos...[et.al]. (organizadores). Salvador: EDUFBA, 2017.
284 p. il. 24 cm.
ISBN 978-85-232-1658-0
CDU 37.018.43
Editora afiliada à
Editora da UFBA
Rua Barão de Jeremoabo
s/n – Campus de Ondina
40170-115 – Salvador – Bahia
Tel.: +55 71 3283-6164
Fax: +55 71 3283-6160
www.edufba.ufba.br
edufba@ufba.br
7 Prefácio
9 Apresentação
No final de 2009 fui convidado pelo professor Francisco Pitanga para participar
de um inusitado projeto, na verdade um auspicioso projeto, algo inédito, grandio-
so e inovador na Educação Física baiana. Tratava-se do curso de licenciatura em
Educação Física a Distância. Como sou movido a desafios profissionais, logo me
entusiasmei com a novidade, “arregacei as mangas” e vamos lá.
Lembro que discutimos bastante sobre a viabilidade do curso, pois tínhamos
muitas dúvidas, até mesmo porque não acreditávamos que se poderia formar um
professor de Educação Física com boa formação pedagógica e técnica no processo
de ensino a distância. Questionávamo-nos muito, principalmente sobre as aulas
práticas, de laboratórios, estágios e trabalho de conclusão de curso.
Hoje tenho clareza que as minhas dúvidas tinham fundamento, pois residiam
profundamente sobre minhas experiências de mais de 30 anos na docência uni-
versitária, na formação de professores de Educação Física através do ensino pre-
sencial na Universidade Católica do Salvador (UCSal) e na Universidade Federal
da Bahia (UFBA).
Todavia, a proporção que fui me engajando no projeto, participando das reu-
niões preparatórias e de importantes treinamentos passei a pesquisar com afinco,
ler artigos, assistir vídeos referentes à educação a distância, participar de palestras
e seminários visando me inteirar melhor do assunto, sobretudo, entender como eu
poderia fazer parte de maneira eficaz do projeto tão original da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB), um dos pioneiros no país.
Entusiasmado, participava intensamente das reuniões preparatórias e oficinas
específicas sobre o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), como elaborar os
1
Manteve-se a crase no termo “à distância” em referências e citações diretas.
10
11
13
Quando fomos convidados pelo professor Antonio Pitágoras para fazer a coorde-
nação do curso de Educação Física na modalidade Ensino a Distância (EAD), pelo
sistema Universidade Aberta do Brasil/Universidade do Estado da Bahia (UAB/
UNEB), nossa primeira reação foi responder: “Educação Física a distância? Isto é
impossível”. Naquele momento, o professor Silvar Ribeiro, coordenador do sis-
tema UAB-UNEB respondeu: “Pitanga, se você aceitar participar de nossas reuniões
tenho certeza que irei convencê-lo de que isto é possível.”
Apesar de, naquele momento, não acreditar na afirmação do professor Silvar,
resolvemos participar das reuniões do grupo gestor da EAD na UNEB. Fomos à
primeira reunião, à segunda, e não é que ele tinha razão? Fomos convencidos da
viabilidade do projeto, porém colocamos um condicionante para assumir a coor-
denação do curso: as aulas práticas dos principais conteúdos da Educação Física
(esportes, jogos, danças, lutas e ginásticas) tinham que ser garantidas. Após o en-
tendimento de que os cursos do sistema UAB eram semipresenciais percebemos
que este condicionante não era tão difícil de se tornar realidade.
Além disso, fomos informados de um aspecto que nos estimulou bastante para
assumir a coordenação que nos foi proposta: os cursos de licenciatura no sistema
UAB-UNEB deveriam ser direcionados prioritariamente para formar professores
que já atuavam na educação básica, porém não eram graduados. Assim, ao vis-
lumbrar a possibilidade singular de qualificar estes docentes, que já atuavam mi-
nistrando aulas de educação física na educação básica em diferentes municípios
baianos, ficamos ainda mais motivados.
Começamos então a trabalhar para a implementação da proposta. Deparamo-
nos com o projeto pedagógico do curso já praticamente pronto, no qual fizemos
pequenos ajustes para que a sua execução fosse possível. A nossa maior preocu-
pação era garantir um projeto de curso de licenciatura em Educação Física que
15
efetivamente formasse o professor para atuar na educação básica. E por que tive-
mos essa preocupação? Exatamente porque, numa nuance de estranha coincidên-
cia e inexplicável equívoco, todos os cursos de licenciatura em Educação Física
da UNEB e de todas as outras instituições de ensino superior públicas no estado
da Bahia propõem formar licenciados em Educação Física para atuar também em
clubes, academias de ginástica, hospitais, clínicas e na atenção básica à saúde. Que
desrespeito à formação do professor! Que lástima! Que descaso com a educação
básica do estado da Bahia!
Será que este fato é realmente uma coincidência ou será que é proposital? Para
responder essa questão temos que fazer alusão ao sistema de capitanias hereditá-
rias enquanto forma de administração territorial do império português, pela qual
a Coroa, com recursos limitados, delegou a tarefa de colonização e exploração de
determinadas áreas a particulares, através da doação de lotes de terra, sistema uti-
lizado inicialmente com sucesso na exploração das ilhas atlânticas. No Brasil, esse
sistema ficou conhecido como capitanias hereditárias, tendo vigorado sob diversas
formas, durante o período colonial, do início do século XVI até ao século XVIII.
(WIKIPEDIA, 2015)
Além disso, temos que comentar também sobre o Donatário, que era o título
dado à pessoa a quem era concedida a donataria de um determinado território,
numa concepção tardo-feudal que implicava que o poder do rei era delegado nessa
pessoa, que, a troco do pagamento de determinadas imposições, recebia o encargo
de administrar esse território, procurando a sua colonização e o aproveitamento
dos seus recursos. (WIKIPEDIA, 2015)
E por que temos que fazer alusão ao sistema de capitanias hereditárias com seus
respectivos donatários quando nos reportamos ao projeto pedagógico do curso de
Educação Física na modalidade EAD da UNEB? Será que existe alguma semelhança
deste sistema de administração territorial e a educação física nas instituições públi-
cas do estado da Bahia?
Bem, o mínimo que podemos dizer é que existe semelhança porque todas es-
tas Instituições de Ensino Superior (IES) oferecem o curso de licenciatura em
16
Educação Física, que sob determinado controle central e fazendo alusão ao siste-
ma de capitanias com seus respectivos donatários, seguem rigorosamente “ordens
superiores” e não permitem a criação dos cursos de bacharelado, fato que provoca
grande retrocesso para a nossa área de conhecimento. Importante frisar que o dis-
curso dominante nestes cursos de Educação Física é extremamente coincidente e
exatamente o mesmo:
17
a. Fundamentos básicos:
Educação e Novas Tecnologias;
Fundamentos da Anatomia Humana;
Bases Sócio-Filosóficas da Educação;
História da Educação Física;
Atividade Física e Saúde;
Bioquímica básica;
Leitura e Produção de Textos
Psicologia da Educação;
Primeiros Socorros e Urgência;
Crescimento e Desenvolvimento;
Fisiologia Humana;
Bases Psico-Antropológicas do Movimento Humano;
Estrutura e Funcionamento da Educação;
Processos Educacionais de Inclusão e Exclusão.
b. Conhecimentos científicos:
Metodologia da Pesquisa Científica;
Trabalho de Conclusão de Curso I;
Trabalho de Conclusão de Curso II.
c. Conhecimentos didático-pedagógicos:
Didática da Educação Física;
Atletismo;
Voleibol;
Atividades Aquáticas (Natação, Hidroginástica);
Handebol;
Capoeira;
Basquetebol;
Futebol;
Educação Física Adaptada à Saúde;
18
d. Aprofundamento de conhecimentos:
Cinesiologia e Biomecânica;
Psicologia do Esporte;
Medidas e Avaliação em Educação Física;
Fisiologia do Exercício;
Treinamento Desportivo;
Atividade Física e Envelhecimento;
Atividades Física para Grupos Especiais;
Administração e Marketing em Educação Física.
e. Eixo articulador :
Seminário sobre Funções de Linguagem;
Seminário em Saúde;
Seminário de Atividades Aquáticas;
Seminário – O Que é Educação Física;
Seminário – Esportes Adaptados;
Seminário – O Esporte na Escola;
Seminário – Grupos Especiais.
19
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 20
Aquáticas Estágio Estágio Educação Física
da Anatomia Atletismo Avaliação em em Ginástica
(Natação e Supervisionado I Supervisionado II Escolar II
Humana Educação Física Rítmica e
Hidroginástica)
Artistica
Bases Sócio- Atividade Primeiros Estrutura e Atividade Estágio
Estágio
Filosóficas da Física e Socorros e Handebol Funcionamento Física e Supervisionado
Supervisionado III
Educação Saúde Urgência da Educação Envelhecimento IV
Fundamentos Bases Psico-
Metodologia Processos
Teóricos e Antropológicas Treinamento Nutrição Escolar Recreação e
20
da Pesquisa Voleibol Educacionais de
Metodológicos do do Movimento Desportivo e Esportiva Lazer
Científica Inclusão
Jogo Humano
Didática da Atividades Física Adminstração
História da Psicologia do Educação Física
Educação Capoeira Basquetebol Para Grupos e Marketing em
Educação Física Esporte Escolar I
Física Especiais Educação Física
Leitura e Fundamentos Educação Física Seminário – O
Psicologia da Crescimento e Seminário –
Produção de Teóricos da Ação Adaptada a Esporte na
Educação Desenvolvimento Grupos Especiais
Textos Pedagógica Saúde Escola
Seminário Sobre Seminário de Seminário – O Seminário
Seminário em
Funções de Atividades Que É Educação – Esportes
Saúde
Linguagem Aquáticas Física Adaptados
01/12/2017 16:18:15
Francisco José Gondim Pitanga
COORDENADOR DO CURSO
Francisco José Gondim Pitanga
COORDENADOR DE TUTORIA
Valter Abrantes Pereira da Silva
1
Importante destacar a expressiva contribuição dos colegas Carla Cristina e Gustavo Moraes no pro-
cesso de implantação e desenvolvimento do projeto do curso.
21
Nosso próximo desafio foi, então, deflagrar o processo de construção dos módulos
das disciplinas (material didático) e promover o treinamento dos nossos professo-
res, a maioria deles sem experiência na EAD, inclusive o seu coordenador. Que ár-
dua tarefa! Apesar de difícil e obviamente com atrasos, os módulos das disciplinas
foram sendo construídos e os professores foram se adaptando à nova modalidade
de ensino. Podemos dizer que, hoje, com o curso já concluído, temos quase que
todos os módulos de disciplinas finalizados e o mais importante, módulos com
grande qualidade técnica e principalmente acadêmica.
O curso foi sendo desenvolvido com a oferta das disciplinas do 1º, 2º, 3º, 4º, 5º
e 6º semestres sempre com grande empenho do corpo docente por nós montado.
Apesar das diversas dificuldades que foram surgindo no decorrer do processo, ca-
minhamos sempre com o objetivo de formar professores para atuar na educação
básica com seriedade e qualidade.
Nestas etapas, contamos com outros professores que foram se engajando na pro-
posta e muito contribuíram para o sucesso do projeto, tais como: Angela Cristina
Fagundes Góes, João Franco Lima, Antônio Marcos Motta, Luís Alexandre Ávila,
Iuri Brandão Nascimento, Edna de Cassia S. e Souza, Luria Melo de Lima, João
Marcos, entre outros.
Outro grande desafio foi a seleção e treinamento dos nossos tutores, tanto presen-
ciais, quanto à distancia. A principal dificuldade foi a incorporação de tutores com
formação específica na área de educação física, muitas vezes difícil de ser encontra-
do em determinados polos no interior da Bahia. Porém, conseguimos vencer essa
barreira e obtemos tutores com grande qualidade técnica e acadêmica.
22
nossos docentes. As salas de aula virtuais ficaram muito bem montadas, fato que
contribuiu em muito para que o processo de ensino-aprendizagem nos nossos
componentes curriculares fosse maximizado.
A colação de grau
23
Considerações finais
24
Referências
25
27
29
30
muito pequeno de atendimento nesse setor, o qual também prima pela qualidade
de vida dos baianos. Aproximar boa parte do contingente populacional ao conhe-
cimento e prática da educação física, também requer minimizar as distâncias entre
territórios e fronteiras existentes nesse Estado de grande dimensão. É o que pode
vir a representar a EAD nesse setor educacional.
Esse estudo justifica-se pelo trabalho motivado junto aos participantes dos di-
ferentes polos, no contato, seja online e/ou presencial, com relação às discussões
diagnosticadas pelos alunos no que se refere à relevância social da educação física
na vida das pessoas. Este olhar torna-se também uma boa iniciativa, pelo fato de
poucos estudos ocorrerem nessa literatura trazendo a EAD. A viabilidade desta
pesquisa foi facilitada em função do arsenal de dados oriundos da articulação com
os polos existentes que, sempre acrescidos a novos dados, se tornarão fonte de
embasamento teórico da EAD em Educação Física.
Métodos-recursos
31
Figura 1 – Total de cursos de Educação Física por região do Brasil (presencial e em Ead)
1
Ver em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&id=12823:o-que-e-educacao-adistan
cia&Itemid=230>.
32
Para Almeida (2005),2 antes a EAD, desde o século XIX, funcionava como al-
ternativa de educação não escolar, com o uso do correio para transmitir infor-
mações e instruções aos alunos e receber destes as respostas às lições propostas.
Posteriormente, ganhou uma reputação de educação de baixo custo e de segunda
classe por ser utilizada para tornar a educação escolar acessível às pessoas resi-
dentes em áreas isoladas ou àqueles que não tinham condições de cursar o ensino
regular no período acadêmico.
Por outro lado, a EAD tem representado crescente importância nas políticas
públicas em centenas de países ao redor do mundo. O crescimento do numero de
alunos matriculados em cursos a distância tem se tornado um fenômeno mundial.
No Brasil, o Censo da Educação Superior 2012 registrou 1.113.850 matrículas em
cursos de graduação, o que corresponde a 15,8% do total da população universitá-
ria brasileira. Além do que, a união das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO) recomenda aos governos e aos poderes legislativos de seus
países membros que formulem políticas públicas que permitam aproveitar o po-
tencial das TIC no campo educacional, conforme a declaração final da Conferência
Mundial da Educação Superior realizada em Paris, desde 2009. (INEP, 2012)
Pelos fatos elencados acima, na Bahia a EAD chega como possibilidade também
de inserção ao conhecimento profissional com os cursos de licenciatura. Estes têm
como objetivo principal habilitar e capacitar o estudante a lecionar para alunos
da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio). Para se-
guir carreira na área da educação é necessário que este profissional educador seja
graduado em pelo menos um curso de licenciatura. Conforme a escolha da área,
podendo ser Humanas, Biológicas ou Exatas, os cursos de licenciatura a distância
também devem oferecer profissionalização em nível de especialização exigida pe-
los campos de atuação.
Os cursos de graduação em licenciatura são formados por disciplinas gerais e es-
pecíficas que dispõem de conteúdos através dos quais os estudantes aprendem sobre
didáticas e formas de lecionar e conviver com os desafios diários que um professor
se depara quando está em sala ministrando suas aulas na educação básica. Esses
cursos vinculados ao sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) são destinados
2
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo e do Departamento de Ciência da
Computação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).
33
A EAD na Bahia aparece como ferramenta para levar a educação superior aos
lugares mais distantes. Atualmente, os polos vinculados às universidades públicas
estão em: Alagoinhas, Amargosa, Barreiras, Brumado, Campo Alegre de Lourdes,
Conceição do Coité, Dias D’Ávila, Esplanada, Euclides da Cunha, Feira de Santana,
Ilhéus, Ipiauí, Itaberaba, Itabuna, Itapetinga, Itamarajú, Itanhém, Juazeiro, Mundo
Novo, Paulo Afonso, Pintadas, Piritiba, Tinhaém, Vitória da Conquista, Santo
Estêvão e Seabra.
Na UNEB, a EAD iniciou a oferta dessa modalidade em 2002, e já oferece cursos
de graduação e pós-graduação lato sensu numa parceria com a UAB. Essa oferta
vem se configurando como uma das principais universidades, também pelo re-
conhecimento, em 2011, através da reeleição do professor Silvar Ribeiro para a
Vice-Presidência do Fórum Nacional de Coordenadores da UAB, sistema ligado ao
Ministério da Educação (MEC) coordenado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que integra 92 instituições públicas do país,
dentre elas 28 universidades estaduais. Foi ele quem elaborou o primeiro projeto
34
35
36
Com base nos dados da EAD / UNEB, o total de vagas disponibilizadas para o curso
de licenciatura em Educação Física pela modalidade EAD, inicialmente, eram para
500 (quinhentos) e atualmente 200 (duzentos) estudantes, formadas preferencial-
mente por professores em exercício nas redes públicas de ensino nas séries finais
do ensino fundamental e do ensino médio, sem licenciatura na disciplina em que
estejam exercendo a docência, classificados em processo seletivo específico. Mas
também abre vagas para candidatos oriundos das comunidades dos polos. Essa for-
mação tem duração de quatro anos, que também é avaliada pelo Exame Nacional
de Desempenho de Estudantes (ENADE) a cada ano. Atualmente, os professores
dos componentes curriculares da EAD na UNEB também passam por processo se-
letivo, tendo como critério a exigência mínima de mestrado e doutorado nas áreas
específicas, as quais os professores foram designados.
Com base na Resolução do Conselho Universitário (CONSU) n.º 1.068/2014, a
Unidade Acadêmica de Educação a Distância (UNEAD) da UNEB, para o vestibular
2015, ofereceu 2.925 vagas em 12 cursos de graduação a distância distribuídos em
20 polos de responsabilidade entre Estado e Município. Para o curso de licenciatura
em Educação Física, as vagas se distribuem num diálogo com os seguintes Campi:
37
CAMPUS II - ALAGOINHAS
Código do Curso Departamento de Polo de Apoio Natureza do Turma/ Não Optante Negro Optante Sobrevagas
Educação Presencial Curso Módulo (60%) (40%) Indígenas (5%)
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 38
CAMPUS IV - JACOBINA
Código do Curso Departamento de Polo de Apoio Natureza do Turma/ Não Optante Negro Optante Sobrevagas
Educação Presencial Curso Módulo (60%) (40%) Indígenas (5%)
CAMPUS XI - SERRINHA
Código do Curso Departamento de Polo de Apoio Natureza do Turma/ Não Optante Negro Optante Sobrevagas
38
Educação Presencial Curso Módulo (60%) (40%) Indígenas (5%)
CAMPUS XX - BRUMADO
Código do Curso Departamento de Polo de Apoio Natureza do Turma/ Não Optante Negro Optante Sobrevagas
Educação Presencial Curso Módulo (60%) (40%) Indígenas (5%)
01/12/2017 16:18:16
José Antônio Carneiro Leão, Margarete de Souza Conrado
39
É neste ensino híbrido (entre o presencial e o virtual), que ocorre uma perspec-
tiva de observatório com vistas a Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDEs),
prevista na Constituição Federal de 1988, nos Art. 21, inciso IX; Art. 43; e Art.
48, inciso IV. São conjuntos de municípios cuja origem baseia-se no princípio de
cooperação entre os diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal). Na
Bahia são 27 territórios de identidade, dos quais em apenas seis se inserem os polos.
O princípio de colaboração nessa estrutura e metodologia, dentre os polos mul-
ticampi da UNEB com o curso de licenciatura em Educação Física, é o do mu-
nicípio de Esplanada (o mais próximo à capital baiana de Salvador), que possui
30 vagas reservadas aos alunos da EAD. Com 24 alunos, este polo representa um
apoio ao campus II - Departamento de Educação (DEDC) - de Alagoinhas, e está no
território macro leste e o seu território de identidade é o Litoral Norte - Agreste
Baiano. Neste departamento, também consta o curso de licenciatura em Educação
Física presencial.
Com base no IBGE/Censo 2010, compõe esse território 22 municípios
(Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde,
Crisópolis, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Itapicuru, Jandaíra, Mata
de São João, Olindina, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio Real, Sátiro Dias). Este
território possui uma superfície de 13.7 mil km², população estimada de 628,2 mil
habitantes, porém, os nascidos até 14 anos vêm diminuindo. Nessa faixa etária, o
acesso à educação se ampliou significativamente entre os anos de 2000/2010. Na
saúde, os índices negativos vêm se reduzindo. Essa região formou uma rede de sus-
tentabilidade nos últimos anos, atraindo significativos investimentos em infraes-
trutura turística, a exemplo de hotéis, resorts e condomínios de alto luxo. O setor
que mais se sobressaiu foi o de Serviços. Registra, ainda, avanços em relação à me-
lhor distribuição da riqueza e uma redução da extrema pobreza. (BAHIA, 2015b)
O polo do município de Santo Estêvão possui 40 vagas reservadas aos alunos
da EAD do curso de licenciatura em Educação Física. Hoje com 21 alunos, este polo
representa um apoio ao campus XI/UNEB - Departamento de Educação (DEDC)
- de Serrinha, e está no território macro norte e o seu território de identidade é o
Portal do Sertão.
40
41
42
43
44
45
Será que o país melhorou seus índices quantitativos de acesso à educação bá-
sica em consonância com o seu desenvolvimento regional? A perspectiva da EAD
poderá vir ainda a qualificá-la, sobretudo na escola pública? Quanto ao ensino
superior, parece ainda estarmos longe dos índices alcançados mesmo nos países
emergentes. No Brasil, apesar da expansão efetuada a partir do final do século XX,
é preciso verificar se ainda apenas um de cada dez jovens tem acesso ao ensino
superior. O que torna impossível atingir a meta do Plano Nacional de Educação, de
atender boa parte da população na faixa etária de 18 a 24 anos.
Em muitos estados, a educação superior ainda se concentra nas áreas metro-
politanas, apesar do esforço recente para um processo gradativo de interiorização,
como vem sendo feito na Bahia. O nosso país tem dimensões continentais, seja
por sua dimensão geográfica, seja pelo tamanho e composição de sua população ou
pelos produtos e serviços que possui.
A história da formação do povo brasileiro é complexa. O domínio da cultura
ocidental e de seus valores criou margens sociais, econômicas, raciais, sexuais, ét-
nicas e religiosas. Há uma imensa dívida social a ser amenizada, distorções histó-
ricas a serem corrigidas mediante processos que, direta ou indiretamente, passam
necessariamente pelo fator educativo. A EAD em educação física, operacionalizada
por processos informatizados, apresenta uma proposta inovadora no campo edu-
cacional: o uso de novas tecnologias torna-se potencial revolucionário de práticas
pedagógicas em todos os níveis da educação, desde a básica, perpassando a legis-
lação em EAD pela educação profissional e superior, até a educação continuada.
Com base no Decreto n.º 5.622, de 19 de dezembro de 2005, no Art. 10º, – este
regulamenta o artigo 80 da Lei n.º 9. 394, de 20 de dezembro de 1996, que estabe-
lece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – tem-se o seguinte: “Compete ao
Ministério da Educação promover os atos de credenciamento de instituições para
oferta de cursos e programas a distância para educação superior”. (BRASIL, 2005,
art. 10) E em seus parágrafos:
46
Para tanto, em seu parágrafo 2º, “Os atos resultantes das ações mencionadas
no caput devem ser comunicados à Secretaria de Estado à qual estão vinculadas
as respectivas instituições e ao Conselho Estadual de Educação”. (BRASIL, 2005)
Na UNEB, os estudantes de cursos de graduação em EAD encontram-se com os
professores e tutores pessoalmente apenas uma noite por semana. Mas também há
atividades presenciais pré-agendadas entre os professores e tutores e os estudantes,
a exemplo de aulas práticas e laboratoriais, de acordo com as especificações de cada
curso, e dos estágios curriculares, nos casos das licenciaturas. As avaliações, em ge-
ral, também são realizadas presencialmente e com base na realização das atividades
virtuais.
O sistema semipresencial parece ter valorizado mais a presença do professor
responsável pelo componente curricular no local de classe de estudo. Estar distante
aproximou mais a necessidade da presença docente, e, por outro lado, o momento
online oportunizou espaço para propiciar mais possibilidades de articular novos
dados ao ensino-aprendizado, tendo como referência o ambiente virtual para no-
vos encontros.
Os estudantes precisam cumprir uma jornada de trabalho diária de oito horas e
residem em áreas afastadas dos centros urbanos, onde ainda não há um serviço efi-
ciente de transporte. Para tanto, o aluno de EAD pode organizar seu tempo de estu-
do, de acordo com suas possibilidades, uma vez que ele cumpre a maior parte da carga
47
horária de seu curso universitário sem se deslocar de casa ou da cidade onde mora,
o que representa para muitas famílias uma economia no investimento em educação.
Boa parte da carga horária de uma graduação em EAD é feita nos ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA), plataformas nas quais os professores dispõem
todo o material didático necessário ao desenvolvimento das disciplinas. É também
pelo AVA que os estudantes podem interagir com os professores e tutores e entre
si, criando comunidades de aprendizagem, em especial quando são realizados os
fóruns de discussão. A metodologia é diversificada com intercâmbio entre profes-
sores, alunos e ambientes virtuais de aprendizagem. É preciso registrar que o valor
de um diploma de uma graduação EAD é idêntico ao de um curso presencial.
Um perfil de formação que venha a atuar e refletir criticamente acerca de suas
funções formadora, pedagógica, científica, política e social, exige nessa área de co-
nhecimento da Educação Física, nos diferentes espaços e dimensões da educação
básica e da perspectiva das práxis pedagógica e social, desenvolver a atitude cien-
tífica por meio da pesquisa, da reconstrução do conhecimento e de avaliações so-
cioculturais do movimento humano, com foco nas diferentes formas de educação
corporal, visando à produção e à ampliação do acervo cultural humano. Esse acer-
vo passa pela produção local, na geração da economia solidária e de capital cultural.
O que faz compreender as relações que permeiam o corpo e suas interfaces com a
educação, o lazer, a saúde, a estética, a cultura, o mundo do trabalho e a sociedade,
numa relação permanente com a natureza.
Considerações finais
48
49
Referências
50
51
52
53
55
A chegada das TIC trouxe novas expectativas para a EAD, induzindo vários
profissionais da área de educação a se dedicarem na criação de cursos a distância,
bem como a atuarem como docentes nessa área. Nesse contexto, se estabelece o
problema de pesquisa deste estudo: de que maneira a educação a distância pode ser
considerada uma modalidade de ensino que contribui para o processo de inclusão
digital? Seguindo a linha de raciocínio, pode-se afirmar que um indivíduo que nun-
ca teve acesso a um computador, ao optar por um curso na modalidade a distân-
cia, necessitará/dependerá do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) para realizá-lo.
Compreender de que forma a educação a distância pode ser considerada uma
modalidade de ensino que contribui para o processo de inclusão digital é o objetivo
principal da pesquisa. Os objetivos secundários são: contextualizar a educação a
distância na contemporaneidade, identificar os fatores positivos da inclusão digital
e estabelecer as relações existentes entre a modalidade de ensino a distância e o
processo de inclusão digital.
É no âmbito social que o tema proposto sugere apoio, dando ênfase às pesqui-
sas existentes, demonstrando diversos aspectos inerentes à EAD, ressaltando os
fatores que contribuem para a inclusão digital e promovendo, assim, a inserção do
indivíduo na sociedade.
A pesquisa está enquadrada na dimensão exploratória, que conforme Gil (2002,
p. 41), “[...] tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a desco-
berta de intuições”. Portanto, o seu alvo é propiciar maior familiaridade com o
problema, visando torná-lo mais explicito. Assim sendo, optou-se pelo estabele-
cimento de critérios, métodos e técnicas para a elaboração do trabalho visando o
aperfeiçoamento dos pensamentos.
A abordagem metodológica tem caráter qualitativo, por tratar-se de uma refle-
xão acerca do processo de inclusão digital a partir da educação a distância, a qual
sua propriedade é representada por categorias, modalidades ou atributos, ou seja,
aspectos não mensuráveis.
Como assevera Neves (1996, p. 1), a pesquisa qualitativa costuma ser direcio-
nada ao longo de seu desenvolvimento; além disso, não busca enumerar ou medir
eventos e, geralmente, não emprega instrumental estatístico para análise de dados.
Martins e Pinto (2001, p. 41), definem pesquisa bibliográfica como:
56
Assim sendo, o estudo se deu por meio de pesquisas bibliográficas, que têm
como âncora a literatura existente na área da modalidade de ensino educação a
distância, como também no campo da inclusão digital, tais como: livros, artigos,
publicações por meios eletrônicos, dentre outros; a partir daí, foram realizadas lei-
turas exploratórias, seguidas de leituras de reconhecimento do conteúdo, visando
condensar o teor do material pesquisado.
Dessa forma, espera-se que este trabalho possa contribuir, a título de reflexão,
para o processo de inclusão digital na contemporaneidade, na busca constante de
aperfeiçoamento para utilização das novas tecnologias no processo educacional.
Educação a distância
57
58
Nos Estados Unidos da América, a EAD surgiu no final do século XIX, onde
eram oferecidos cursos por correspondência por meio das instituições particula-
res. Já na Europa, a criação da Fern Universität, na Alemanha, e a Universidad
Nacional de Educación a Distancia (UNED), na Espanha, ao oferecerem cursos em
nível superior a um número significativo de estudantes, confirmaram-se interna-
cionalmente e fizeram a diferença da EAD pela prioridade dada à sequência de seus
cursos, favorecendo o enriquecimento do ensino a distância.
A partir de então, tal modalidade de ensino obteve expressivos avanços e teve
como importante marco referencial a criação do sistema rádio-educativo, logo
após a utilização do telefone e da televisão para fins educacionais que, ao lado dos
correios, compuseram meios valiosos para o processo de aprendizagem.
No início dos anos 1960 surgiu mais um grande passo para a evolução da EAD,
devido à institucionalização de ações nos campos da educação secundária e supe-
rior, começando pela Europa e se expandindo aos demais continentes. A partir
daí desenvolveram-se também, na América Latina, projetos de alfabetização des-
tinados às populações camponesas e rurais, dispersas geograficamente e afastadas
dos centros urbanos, que utilizavam o rádio e encontros presenciais para trocar
informações. (LITWIN, 2001)
Porém, a grande investida dessa modalidade de educação foi dada a partir da cria-
ção, em meados de 1969, da Universidade Aberta de Londres (Open University).
Essa instituição despertou a atenção das autoridades de todo o mundo para a im-
portância e seriedade da EAD como solução para encarar as pressões sociais quanto
à acessibilidade ao ensino superior, ofertando cursos de alta qualidade, sobretudo
durante o período de férias nas instituições convencionais, competindo, assim,
com as universidades que ofereciam cursos na modalidade presencial. Dessa forma
é que se chegou aos dias atuais, nos quais o uso dos multimeios avança sempre em
direção à utilização de uma comunicação cada vez mais instantânea, a exemplo do
videofone, causando uma maior flexibilidade às informações.
Entre as primeiras experiências de educação a distância no Brasil, destacam-
se o Instituto Universal Brasileiro, fundado em 1941, o sistema de Televisão
Educativa (TVE) do Maranhão, que teve início em 1969, e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC), que iniciou suas atividades em EAD no ano
de 1976 com a criação de um Sistema Nacional de Teleducação.
59
60
Inclusão digital
De acordo com Silveira (2008, p. 43), “A ideia de exclusão foi introduzida na so-
ciedade da informação para denunciar os processos que impedem a maioria da
população de acessar a comunicação mediada por computador, ou seja, de utilizar
as redes informacionais”.
Atualmente, quando se trata sobre inclusão digital, está se referindo à utilização
dos recursos oferecidos pela tecnologia a todos os seres humanos, sem distinção de
classe e cor, seja no tocante apenas ao uso de um simples editor de texto, da plani-
lha eletrônica, da internet como meio de comunicação, ou até mesmo para uma
fonte de renda pessoal.
Segundo Berman-Bieler (2001, p. 1), inclusão digital pode ser definida como:
61
62
63
para a expansão de uma rede. Desde 2002, milhares de brasileiros passaram a dis-
por do acesso à internet por meio do Programa, que proporciona oportunidades
de inserção no mundo das TIC por meio de uma iniciativa governamental pública,
gratuita e democrática. (BRASIL, [201-], p. 1)
No caso específico da Bahia, o governo do Estado, por intermédio da Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) criou o Programa de Inclusão
Sociodigital, denominado “Cidadania Digital”, que tem como maior propósito ar-
ticular e coordenar ações que promovam oportunidades de desenvolvimento e de
inclusão social, mediante a democratização do acesso da população aos recursos da
informática e da internet em todas as regiões do Estado da Bahia e para todas as
camadas sociais.
Os principais objetivos do programa são:
A partir daí, para atingir esses objetivos, foram criados os Centros Digitais de
Cidadania (CDC) que estão sendo instalados em diversos municípios e regiões do
Estado. Os CDC são locais de livre acesso onde qualquer cidadão pode utilizar os
computadores para fazer trabalhos, navegar e pesquisar na internet. O objetivo
maior desses centros é o de possibilitar ao cidadão o livre acesso às TIC, especial-
mente àquele de baixa renda.
64
65
66
Conclusão
67
Referências
68
69
71
73
74
inferir que o planejamento que ele(a) traça é influenciado por suas vivências pes-
soais, profissionais e coletivas, como bem aponta Nóvoa (1992, p. 7):
75
76
deles como um meio para alcançar os objetivos e não como princípio e fim da ação
educativa.
A Avaliação, por fim, que historicamente está quase sempre associada às no-
tas e conceitos em determinados períodos letivos, não se reduz tão somente no
mapeamento do rendimento dos(as) educandos(as) através de provas escritas.
Implica, sim, em um processo contínuo de acompanhamento do processo de ensi-
no e aprendizagem, para superar, sobretudo, as barreiras ao sucesso escolar de cada
educando(a). (SILVA, 2011)
Considerando o aqui exposto, evidencia-se que não é fácil pensar o planeja-
mento nos cursos presenciais, efetivá-lo na EAD, considerando todos os seus ele-
mentos, quer seja pelo universo dos alunos atendido, quer seja pelas diferentes
realidades das turmas, localizadas em diferentes espaços geográficos, o que é um
desafio maior ainda, conforme visto na sequência.
O planejamento na EAD
O ritmo cada vez mais célere das mudanças, ditado pelos avanços tecnológicos que
ocorreram e continuam a ocorrer nas sociedades humanas, principalmente a partir
do último século, vem delineando novas possibilidades para a educação formal.
No cerne dessas mudanças, de acordo com Moran (2005, p. 1) “[...] desenraizam o
conceito de ensino-aprendizagem localizado e temporalizado. Podemos aprender
desde vários lugares, ao mesmo tempo, on-line e off-line, juntos e separados”. É nes-
te cenário que a EAD vem se consolidando como uma importante possibilidade de
acesso ao processo de ensino e aprendizagem, principalmente para uma expressiva
parte da população brasileira que reside em regiões mais afastadas ou distantes dos
grandes centros urbanos.
Belloni (2001) evidencia que a EAD traz consigo inúmeros desafios a serem
vencidos pelos sistemas educacionais. Entre esses desafios, destacam-se a pre-
mência de se democratizar o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) e a transformação das práticas pedagógicas convencionalmente utilizadas na
educação presencial. Corroborando as reflexões de Belloni (2001), Santos e Radike
(2005, p. 327) assim afirmam:
77
78
Ramal (2009), uma nova humanidade que circula, graças às novas tecnologias, por
diversos espaços, reconstruindo e ampliando, ininterruptamente, a sua percepção
de mundo, a partir do diálogo com diferentes pessoas, textos e contextos. É essa
realidade que se abre ao(a) educador(a) e que deve por ele(a) ser considerada ao
definir o quê, para quê, como e com o quê ensinará e avaliará o resultado das ações
definidas em seu planejamento de ensino. São as respostas a esses questionamentos
que expressam os objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e aprendizagem,
recursos didáticos e processo de avaliação que alicerçam o planejamento.
Na perspectiva de superar o desafio de pensar o processo de ensino e aprendiza-
gem que privilegie o conhecimento do educando, não cabe mais ao professor, com
atribuições infindáveis na EAD, realizar o seu planejamento de forma solitária.
Isso porque ele(a) necessita não somente superar os ranços da educação tradicio-
nal, que sinalizam ainda para um conhecimento do(a) discente inferior ao(a) do(a)
docente, mas sobretudo efetivar as parcerias com os demais sujeitos do processo,
a exemplo do coordenador pedagógico, e dos tutores, por exemplo, para efetivar o
seu planejamento.
Do coordenador pedagógico, que na EAD tem uma função mediadora, o pro-
fessor pode contar com o desvelar dos múltiplos significados da proposta do cur-
so, expressas em planejamentos já efetivados ou a efetivar por outros professores.
Neste sentido, a parceria do(a) professor(a) com o coordenador pedagógico não se
traduz em um caminho para cumprir tão somente uma obrigação curricular, mas
em um ato de pensar propostas que também estão de acordo com os propósitos e
com os compromissos de um determinado coletivo. Cabe-lhe, também, realizar a
interdisciplinaridade, aqui compreendida como a interação das variadas discipli-
nas, temas e conteúdos do currículo escolar entre si e com a realidade. No plane-
jamento, ela é tecida no engajamento dos(as) professores(as) com um novo modo
de pensar, sendo fruto de um trabalho em conjunto com coordenadores, tutores
e alunos, que é fundamentado também na troca, na reciprocidade e na interação
entre as diversas áreas e expressões do conhecimento.
As vivências desta pesquisadora como coordenadora pedagógica em um curso de
Educação Física ofertado na modalidade a distância, apresentadas a seguir, demons-
tram o quão instigante e enriquecedor pode ser o ato de planejar o processo de en-
sino e aprendizagem pra quem supera o isolamento e se abre ao trabalho em equipe.
79
Cada espaço educativo – ainda que pertencente a uma mesma modalidade de ensi-
no – é único, possuindo características e demandas que o particularizam entre os
demais. Desse princípio não fogem os cursos ofertados na modalidade a distância,
conforme vem observando esta pesquisadora nos anos em que vem atuando como
educadora em cursos desta modalidade e presenciais, nos quais também se inclui o
curso aqui em questão.
O curso em pauta é ofertado por uma instituição pública estadual de ensino
da Bahia, que hoje desenvolve diferentes projetos na modalidade de educação a
distância. Integrante do Consórcio de Instituições Públicas de Educação Superior
da Bahia para oferecimento de cursos e atuação em EAD sob a coordenação do
Ministério da Educação/Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (MEC/CAPES), através do Sistema Universidade Aberta do Brasil
(UAB), a instituição em causa oferta atualmente cursos de graduação, de especiali-
zação e cursos de extensão.
O início da oferta de cursos de graduação a distância na instituição em causa
ocorreu no ano de 2006; em 2008, já com a UAB implementada, ingressaram as
primeiras turmas dos cursos de licenciatura, aos quais se somaram posteriormen-
te outros, aí incluído, em 2010, o curso de licenciatura em Educação Física, alvo
deste estudo.
A exemplo do que ocorre nos demais cursos ofertados pela instituição através
da UAB, o processo de ensino e aprendizagem envolve diferentes sujeitos identi-
ficados, como professor-autor, professor-tutor online, professor-tutor presencial,
coordenador de curso, coordenador pedagógico, coordenador de tutoria, coorde-
nador de estágio e coordenador de Trabalho de Conclusão de Curso. Há funções
e sujeitos que se articulam direta ou indiretamente com os diversos espaços de
aprendizagem que o curso abrange, possibilitando as ações de apoio e suporte ne-
cessárias ao processo de ensino e aprendizagem.
No curso, o professor-autor tem a função de produzir os conteúdos específi-
cos e de definir as atividades interativas do processo de ensino e aprendizagem
para o componente curricular sob sua responsabilidade. Esse processo é apoiado e
acompanhado pelo coordenador pedagógico, tanto na etapa de elaboração dos ins-
trumentos que possibilitarão as atividades no ambiente virtual de aprendizagem e
nos encontros presenciais, quanto na disponibilização das atividades no ambiente
virtual de aprendizagem.
80
81
82
Considerações finais
Conforme evidenciado neste artigo, a prática educativa, por ser sobretudo inten-
cional, precisa ser previamente pensada e organizada. Esse ato, que se concretiza
através do planejamento e tem elementos que o constituem e o caracterizam, é
necessário para projetar, organizar e sistematizar a ação docente no decorrer do
processo de ensino e aprendizagem.
Verificou-se que planejamento, particularmente no contexto da EAD, longe
de se constituir em um ato estanque e individual, é uma ação dinâmica e ao mes-
mo tempo reflexiva, que demanda hoje ser pensada, estruturada e fundamentada
na troca, na reciprocidade e na interação entre as diversas áreas e expressões do
conhecimento e no diálogo entre diferentes atores do processo educativo. Nesse
sentido, evidencia-se o papel do coordenador pedagógico, como sujeito que pode
favorecer tal interação.
Destaque-se que a superação da percepção do planejamento como ato solitário
evidenciada no artigo guarda coerência com as características da EAD, modalidade
de ensino que envolve, entre outros, diferentes sujeitos identificados como profes-
sor-autor, professor-tutor online, tutor presencial, coordenador de curso, coorde-
nador pedagógico e coordenador de tutoria.
Constatou-se, por fim, que o planejamento pode se constituir também em um
momento de formação continuada, tendo por ponto de partida as principais de-
mandas do curso e que o coordenador pedagógico, como sujeito que propicia a
mediação desse processo, pode contribuir com o professor no processo de reflexão
sobre o que, para que e como ensinar.
Referências
ALMEIDA, G. P. de. Transposição didática: por onde começar? São Paulo: Cortez, 2007.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e
quarto ciclos: apresentação dos temas transversais (5ª a 8ª Séries). Brasília, DF, 1998.
BELLONI, M. L. Educação a distância. São Paulo: Autores Associados, 2001.
CLEMENTINI, N. A voz dos outros e a nossa voz: alguns fatores que intervêm na atuação
do coordenador. In: PLACCO,V. M. N. S.; ALMEIDA, L. R. (Org.). O coordenador
pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo: Loyola, 2001.
83
84
85
1
Discurso do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil na homenagem a Sergio Vieira de Mello, em Genebra,
19 de agosto de 2004, ver: <http://www.cultura.gov.br/discursos/-/asset_publisher/DmSRak0YtQfY/
content/ministro-da-cultura-gilberto-gil-na-homenagem-a-sergio-vieira-de-mello-36642/10883>.
87
Sim, agora dou aula de capoeira à distância, sabe como é? Mando os alunos ginga-
rem na cidade de Itanhém, Valença, Mundo Novo, Euclides da Cunha, Esplanada
e Santo Estevão e eles gingam, peço uma armada e aplico uma rasteira para ver a
capacidade de defesa, entro na vingativa e observo se eles sabem sair de rolê, e assim
vou jogando, avaliando o jogo e o desempenho, tudo isso, eu em Salvador e os alunos
distantes e espalhados no interior do estado.
89
90
Marco teórico
91
92
93
94
EAD no Brasil
95
96
97
98
99
Resultados e discussão
100
Olá professor. Esse final de semana tivemos aula prática de capoeira aqui no polo
de Itanhém. Foi um momento muito importante pois pudemos ver como inserir a
capoeira no contexto escolar de maneira inclusiva pois nos possibilita trabalhar com
públicos de várias idades e pessoas com certas limitações. Gostaria de agradecer à
contramestre Batata pelos momentos agradáveis e pela sua simpatia e humildade,
quando colocou que a vida estamos sempre em eterno aprendizado pois quando
acharmos que sabemos tudo a vida perde a graça. Obrigada pela oportunidade de
aprendermos um pouco mais sobre o que é a capoeira e poder sentir no corpo e na
alma os benefícios que ela traz.
Parabenizo ao professor Fábio pela aula e a turma de Santo Estevão pela união e en-
trosamento demonstrados. Foi possível perceber a dimensão ampla da capoeira como
101
uma manifestação popular, rica em movimentos e também cultural. Sem dúvida uma
atividade muito importante para a educação física escolar principalmente pelo seu
potencial na formação global do aluno, pois, através dos movimentos, podemos de-
senvolver a criatividade, o interesse pelas artes e pela cultura, proporcionando uma
mudança de comportamento atravésdas múltiplas experiências que ela possibilita.
102
Caros Alunos
Estou lançando um desafio de capoeirista. Convido a
todos a escrever uma poesia ou letra de uma música
que retrate os seguintes temas: 1) Capoeira história e
resistência e 2) Capoeira Angola, ritual e seus mestres.
Detalhe importante, a atividade deve ser original e inédita
produzida por cada aluno. Atenção! Os comentários e
participação de todos são de suma importância.
Vamos lá, quero ver a criatividade.
Hellio Campos - Mestre Xaréu
A resposta foi extremamente positiva, não apenas pelo número de poemas pos-
tados, mas principalmente pelos conteúdos dos poemas, pela motivação, criativi-
dade e interação dos alunos.
Fábio Silva, de Itanhém, escreveu um belo poema.
103
Capoeira
104
Outra experiência gratificante foi quando solicitei aos alunos que postassem no
Fórum Aberto uma fotografia sobre capoeira. Assim, provoquei: “Capoeirando –
Olá pessoal, vai aqui um desafio. Cada estudante deverá pesquisar uma foto de capoeira,
postar e fazer um breve relato iconográfico.”
Luzimar Junior, de Itanhém, atendeu à solicitação e depositou a foto acompa-
nhada do seguinte texto:
105
A aluna fez uma entrevista com o Mestre Roque que assim se expressou:
106
A leitura imagética permite perceber ser, o espaço, um ambiente simples, mas re-
pleto de significados culturais afro-brasileiros. Ali, para exercitar a prática da ca-
poeira, se reúnem adultos, jovens e crianças de todas as camadas sociais da cidade,
independente do gênero. Momento em que o Mestre e os seus seguidores transmitem
seus ensinamentos que incluem resgate de tradição, valores, conceito de disciplina,
respeito, integração social e cidadania.
2
Entrevista concedida em agosto de 2010.
107
Conclusão
108
Brasileiro, pelo Decreto 487, de 11 de outubro de 1890, Capítulo XIII, Art. 402:
“Dos Vadios e Capoeiras”.
Ficou constatado que os alunos criaram uma enorme expectativa para a dis-
ciplina, alguns chegaram a postar no Fórum Aberto sua inquietação e os tutores
sinalizaram de maneira marcante.
Verificamos que as aulas práticas ministradas por professores convidados,
mestres de capoeira, e previamente agendadas para o final de semana tiveram
uma excelente repercussão, extrapolando a assimilação dos conteúdos práticos,
mas, sobretudo, ficaram as lições sobre o conhecimento da capoeira como arte,
educação, cultura, identidade cultural, história de vida, competência, compromis-
so e amor ao que faz.
As evidências apontam para a motivação e aprendizado dos alunos nas ativida-
des referentes à postagem dos poemas e letras de músicas. A resposta foi extrema-
mente positiva, não apenas pelo número de poemas postados, masprincipalmente
pelos conteúdos dos poemas, pela motivação, criatividade e interação dos alunos.
Constatamos que os alunos atenderam de maneira motivada os desafios de fa-
zerem suas tarefas bem elaboradas e próprias para fomentar a discussão no Fórum
Aberto. Foram postagens livres, originais, inéditas e criativas. Nesse estudo, tam-
bém constatamos de maneira negativa as dificuldades que os estudantes do curso
de licenciatura em Educação Física em EAD/UNEB/UAB têm para serem plena-
mente ativos no cumprimento de suas tarefas no AVA.
As principais dificuldades foram:
109
Referências
110
111
112
113
115
pelas novas tecnologias nas áreas de informação e comunicação, que estão abrindo
novas possibilidades para os processos de ensino-aprendizagem a distância.
Provavelmente, as primeiras experiências com educação a distância no Brasil
tenham ficado sem registro, e os primeiros dados conhecidos são do século XX.
(ALVES, 2011) Essa forma de ensino era realizada por correspondências, sendo
que, com o passar do tempo e com o desenvolvimento tecnológico, também pas-
sou a ser realizada por áudio, vídeos, transmissões via rádio e televisão, videotex-
to, videodisco, computador e, recentemente, com tecnologias de multimeios que
combinam textos, som e imagens. (SARAIVA, 1996)
Foi em 8 de junho de 2006, com o Decreto 5.800, que foi criada a Universidade
Aberta do Brasil (UAB). O Sistema UAB é integrado por instituições públicas que
oferecem cursos de nível superior, por meio do uso da metodologia da educação
a distância, para democratizar e interiorizar o acesso da população ao ensino su-
perior público de qualidade. O público, em geral, é atendido, mas os professores
que atuam na Educação Básica têm prioridade de formação. Na sequência, vem os
dirigentes, os gestores e os trabalhadores da área de Educação Básica dos Estados,
dos municípios e do Distrito Federal. (BRASIL, 2016)
São vários os cursos ofertados pelas universidades públicas e instituições fede-
rais em convênio com o sistema UAB/CAPES, destaco aqui o curso de licenciatura
em Educação Física, oferecido pela Universidade Estadual da Bahia-BA (UNEB).
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) foi criada pela Lei Delegada n.º 66/83
datada de 1º de junho de 1983. Sua autorização de funcionamento deu-se através
do Decreto Presidencial n.º 92.937, de 17 de julho de 1986.
Nesse trabalho, busquei trazer os desafios e as realizações encontradas enquanto
docente nas disciplinas teórico-práticas (Voleibol e Basquetebol) do curso de licen-
ciatura em Educação Física, na modalidade a distância, pelo convênio UAB-UNEB.
116
117
Quanto às disciplinas com carga horária com exigências práticas, como é o caso
do Basquetebol e Voleibol, é oferecido mais um encontro. Normalmente, ele acon-
tece no final de semana, com a presença do professor formador, e a duração é de 15
horas para realizar as vivências dos conteúdos abordados nas disciplinas.
A começar
118
119
Não resta dúvida que apesar de ser uma produção com exigências diferenciadas
daquelas que até então estava acostumada a realizar, confesso que ainda no meio
do primeiro módulo o prazer em escrevê-lo já era presente. Aliar o meu conhe-
cimento com novas oportunidades metodológicas de ensinar, a cada momento,
era mais gostoso e renovador. E ao final de cada capítulo produzido fazia a leitura
e imaginava o aluno distante –“km e km” –, se, realmente, ele estaria se sentindo
orientado, informado e incentivado com aquela produção. Imaginava, dentro do
seu tempo e das suas reflexões, como eu estaria chegando ao seu despertar. Apesar
de bastante trabalhoso é realmente encantador esse novo processo de produção.
A construção do material da disciplina não se acaba aí. Antes mesmo, ou para-
lelamente, a produção do módulo deu-me a responsabilidade de montar o plano de
ensino, plano de sala virtual e o cronograma.
A produção do plano de ensino não teve muitas novidades, poucas mudan-
ças em relação àquele usualmente construído nas disciplinas de cursos presenciais.
Mas o cronograma e o plano de sala de aula virtual foram os próximos desafios
por mim enfrentados. O cronograma trata-se da distribuição dos conteúdos, as-
sim como da explicação minuciosa das atividades avaliativas presenciais e online.
Lembrando sempre da pessoa, do tutor que, sem dúvida alguma, é peça fundamen-
tal nesse novo cenário educacional.
O tutor não é a representação do professor, mas uma figura que se põe à dispo-
sição para orientar o aluno, observar as dificuldades e esclarecer dúvidas, organizar
as atividades e supervisionar as práticas. É ele que faz o cronograma funcionar.
Na produção do cronograma surgiram alguns pontos que gostaria de chamar
atenção, pois foram momentos de pensar e repensar essa nova prática pedagógi-
ca. Quais conteúdos deveriam ser trabalhados nos momentos presenciais e quais
deveriam ser direcionados para atividades online? Como identificar nas disciplinas
Basquetebol e Voleibol os conteúdos a serem trabalhados como presenciais e online?
Mas as dúvidas foram clareando à medida que fui buscando novas informações,
leituras e aprofundamentos sobre aspectos metodológicos na educação a distância. E
descobri que temos vários mecanismos de comunicação que facilitam esse aprendi-
zado, substituindo muito bem a riqueza pedagógica do momento presencial. A partir
daí ficou fácil o processo de construção do cronograma, à medida que encontrava
caminhos diversificados e enriquecedores para que o aluno absorvesse o conteúdo,
além de despertar a reflexão buscando a sua autonomia no seu tempo e espaço.
120
121
122
Considerações finais
123
Referências
124
125
127
Jogo
O jogo é o humano dos nossos corpos tão vividos e ainda toma conta
do nosso destino. Se as pernas nos faltam, não nos falta a imaginação,
e continuamos seguindo para aquele adiante que é o inatingível ponto
de chegada de todo animal que se fez humano. (FREIRE, 2005, p. 9)
1
A escala de necessidades de Maslow, que apresenta uma visão hierarquizada das necessidades da vida
humana, é muito difundida e acatada por diversos estudiosos, entretanto, sua ideia é contestada por
outros tantos. Entre os que discordam, Medeiros (1974 apud LIMA, 2009) propôs uma inversão de tal
escala, incluindo lazer entre as necessidades básicas, mas manteve a ideia de hierarquia, já Elizalde
(2004) sustenta que a noção de necessidades humanas básicas implica uma visão reducionista.
128
Com base nesse fragmento de texto podemos acreditar que, talvez, o significa-
do de jogo seja intangível, mas perceptível, isto é, embora não possamos dizer com
clareza o que significa jogo, percebemos o sentido do que é jogo. Parece que o jogo
“joga” conosco, não é mesmo?
O sentido de jogo parece estar relacionado às necessidades como também às
funções. Em relação à natureza do jogo como função, alguns estudiosos construí-
ram teorias como as citadas pelas autoras Neves e Santiago (2009) e por Huizinga
(2008): teorias da energia excedente ou de descarga da energia vital superabun-
dante; teorias do instinto com ênfase na imitação ou instinto de imitação; teorias
que relacionam o jogo à necessidade de distensão; teorias advogadas do jogo como
preparação do jovem para as tarefas sérias da vida adulta; teorias defensoras da
evolução do jogo como recapitulação dos estágios de desenvolvimento da história
humana; necessidade humana transmitida geneticamente; exercício de autocon-
trole; impulso inato para exercer certa faculdade; desejo de competir como válvula
de escape para impulsos prejudiciais; restaurador de energia; realização de desejo;
ficção destinada a preservar o sentido do valor pessoal.
Sobre tais teorias, Huizinga (2008) comenta haver algo em comum a todas elas,
pois pressupõem que o jogo se encontra ligado a algo que não seja o próprio jogo,
no qual deve haver uma finalidade biológica e tendem mais a se complementar do
129
que se excluir. No entanto, estas não passam de soluções parciais e não contem-
plam seu caráter profundamente estético.
Para Huizinga (2008), o jogo parece estar largamente ligado ao domínio da es-
tética, provavelmente devido à profunda afinidade com a ordem, e algumas pala-
vras que são utilizadas para designar elementos do jogo são as mesmas palavras
utilizadas para descrever os efeitos da beleza, a exemplo de tensão, equilíbrio, com-
pensação, controle, variação, solução, união e desunião. “Há nele uma tendência
para ser belo”. (HUIZINGA, 2008, p. 13)
Além disso:
O jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas
definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana;
mas, os animais não esperaram que os homens os iniciassem na ativi-
dade lúdica. É-nos possível afirmar com segurança que a civilização
humana não acrescentou característica essencial alguma à ideia ge-
ral de jogo. Os animais brincam tal como os homens. (HUIZINGA,
2008, p. 3)
Este pensamento parece indicar que o jogo surge com o advento da vida animal
e não é exclusivo do animal humano. Além disso, o jogo parece confundir-se ou ser
o mesmo que atividade lúdica e brincadeira, e no final deste fragmento de texto o
tradutor chama a atenção em nota que:
130
O autor traz ainda que a categoria geral de jogo não foi distinguida com o mes-
mo rigor e nem sempre sintetizada em uma única palavra por todas as línguas. Ele
aponta também que o latim abrange todo o terreno do jogo com a palavra ludus,
de ludere.
É importante salientar que muitas expressões deixam de ser utilizadas, perdem
o sentido e significado original, ou são transformadas ou substituídas por outras.
Em relação a ludus, Huizinga (2008, p. 41-42, grifo do autor) observa que:
Pelo que foi visto, discutir sobre jogo é tarefa complexa, pois falar acerca de
jogo é tratar da motricidade, que segundo Freire (1992, p. 117) abriga a ideia de
complexidade, pois: “A motricidade humana rejeita a ideia de simplificação. Acolhe
131
132
Parece que o mundo abstrato não está tão à parte do mundo real, e a viagem
que fazemos entre um e outro nos possibilita entender melhor o mundo no qual
vivemos.
133
134
Dessa forma, parece que o jogo não é apenas necessidade do indivíduo, mas da
sociedade, ou melhor, das sociedades humanas, para entendimento, compreensão,
construção, reestruturação, manutenção da vida em coletividade.
Freire, ao refletir sobre possíveis funções ou necessidades e utilidades do jogo
para os sujeitos e as sociedades, nos faz perceber a necessidade de pensar em possí-
veis contradições, pois Abbagnano (1998, p. 589) nos traz o conceito de jogo insti-
tuído por Aristóteles como “atividade que tem fim em si mesma e que é procurada
e exercida pelo prazer intrínseco, e não pelo resultado que dele deriva”. Ele tam-
bém observa que, embora tenha sido atribuída às atividades lúdicas importância
crescente e multiplicidade de funções em diversos campos, seu conceito continua
sendo substancialmente o mesmo. No entanto, não podemos
135
Lúdico
Entender o jogo como meio de educar nos leva a considerar educar para a cida-
dania plena, o que abrange a educação para o lazer e a valorização do lúdico. Já vi-
mos anteriormente que a palavra ludus era derivada do termo, também de origem
latina, ludere, que abrangia todo o terreno do jogo, mas perdeu o sentido original.
No entanto, o termo lúdico mantém relação com jogo, brincadeira, festa, folguedo,
as atividades conhecidas como lúdicas.
Dessa forma, podemos compreender que o lúdico está ou é a essência das ativi-
dades lúdicas, inclusive do jogo. Deste modo, talvez, a chave para perceber melhor
o que é jogo passa por entender o que é lúdico, ou seja, conhecer as características
ou componentes das atividades lúdicas.
Um dos componentes é a falta de seriedade, ou uma seriedade distinta da se-
riedade de outras esferas da vida. Muitas vezes as atividades lúdicas são referidas
como não sérias. Será que isso significa dizer que não há seriedade nas atividades
lúdicas? Ou é para dizer que o sentido da possível seriedade das atividades lúdicas
tem um significado diferente de outras atividades, como, por exemplo, o trabalho?
Sobre a seriedade das atividades lúdicas, Bruhns (1993, p. 21), fundamentada
em Chateau (1987), explica que ela “não provém e não segue os mesmos sentidos
da sociedade do trabalho, [...], do objeto, nem da situação, muito menos de inte-
resses vitais. A seriedade da criança na atividade lúdica vem das suas conquistas
no jogo”. A autora, na mesma página, aponta ainda que esta seriedade não possui
“caráter propedêutico, isto é, como uma preparação para a vida adulta, pois, sabe-
se que a infância tem uma vida própria”. (BRUHNS, 1993, p. 21)
136
Assim, as atividades lúdicas podem ser também excelentes meios para promo-
ção de comunicação, entendimento, educação, transformação, tanto para crianças
e adolescentes como para adultos e, até mesmo, para idosos. Entretanto, muitos
2
É importante chamar a atenção para a possibilidade, na própria atividade lúdica, como ressalta
Huizinga (2008), do afloramento de sentimentos desagradáveis como a anulação do prazer, devido à
insegurança, temores excessivos.
137
adultos parecem acreditar que as atividades lúdicas são apenas para crianças, ou
não são valorizadas como deveriam. Um exemplo que demonstra o pouco valor
dado ao lúdico, que o coloca em segundo plano, é a frase que você já deve ter ouvi-
do: “Primeiro a obrigação...”.
Contudo, como vimos até aqui, apesar da resistência ao lúdico, é grande a im-
portância das atividades lúdicas tanto para os sujeitos como para as sociedades.
Mas, como adverte Lorenzetto (1996, p. 62), “parece, no entanto que, aprisionado
durante muito tempo no âmbito da sisudez da formalidade, o corpo desaprendeu
o jogo de ser feliz”.
Alguns autores abordam a respeito do grande valor dado às atividades lúdicas
em sociedades mais remotas e a perda desse valor no decorrer da formação da so-
ciedade industrial, como por exemplo, é visto no trecho a seguir:
138
Brinquedo
É fundamental entender sobre brinquedo porque este pode ser elemento para o
jogo brincado ou o jogo de brincadeira. A princípio, podemos pensar o brinquedo
como objeto para a brincadeira, que, muitas vezes, é tido como instrumento para
o divertimento infantil. No entanto, Volpato (2002) nos mostra que a história di-
verge desse pensamento, pois na sua origem a maioria dos brinquedos eram com-
partilhados por adultos e crianças, sendo masculinos ou femininos, em distintas
situações do cotidiano.
Volpato (2002), fundamentado em Benjamin (1984), menciona ainda que mui-
tos brinquedos como a bola (que atualmente é utilizada em diversos jogos), o pa-
pagaio, entre outros, foram impostos às crianças como objetos de culto e somente
algum tempo depois foram transformados em brinquedos devido à força imagina-
tiva infantil; também menciona que, no início, os brinquedos surgiram nas ofici-
nas de entalhadores de madeira, de fundidores de estanho, e não eram construídos
por fabricantes especializados, por esse motivo a sua venda não era prerrogativa
de comerciantes específicos; que os objetos, animais de madeira entalhada, solda-
dinhos de chumbo, figuras de doce, bonecas de cera, encontrados no carpinteiro,
no caldeireiro, no confeiteiro, no fabricante de velas, começaram a desaparecer,
sobretudo com o início da especialização dos brinquedos no século XVIII, quando,
com o desenvolvimento do capitalismo, o brinquedo passou a ser comercializado
com fins lucrativos.
A partir daí, com o surgimento da indústria cultural do brinquedo, se dá a ho-
mogeneização do mundo do brinquedo da criança e do adolescente, e que de acor-
do com Kunz (2006, p. 94-95), há interesse, além do mercadológico,
139
Então, de acordo com esse pensamento, o brinquedo pode ser utilizado como
instrumento de dominação. Mas será que a criança e o adolescente ficam reféns
dessa alternativa?
De acordo com Kunz (2006, p. 95), é possível transcender os limites deste “real
construído” pela indústria cultural do brinquedo devido à sensibilidade infantil, e
que:
A criança, pelo seu brinquedo e pelo seu jogo, quer interagir com o
mundo, o mundo real, dos objetos, e com os outros. O brincar torna-
se para a criança a sua forma de expressão. No seu brincar a criança
constrói simbolicamente sua realidade e recria o existente.
Silva (2004), por exemplo, reconhece que por um lado o brinquedo é conside-
rado suporte da brincadeira e que nesse sentido qualquer objeto pode tornar-se
fonte dessa ação lúdica, mas procura entendê-lo como produção cultural da crian-
ça e de uma produção cultural para a criança. E, em trecho do texto desse autor,
podemos notar também que a criança ultrapassa os limites sugeridos (ou talvez
impostos) pela indústria cultural do brinquedo, veja o que ele escreve:
140
Brincadeira
A brincadeira, que também é uma atividade lúdica, e pode ser um jogo, é tão
complexa quanto este, e nas palavras de Debortoli (2004, p. 20), “o brincar e a
brincadeira, mais que conceitos, materializam-se como concepções e princípios
profundamente complexos: quanto mais os tentamos agarrar, mais eles se dissol-
vem e nos contradizem”.
141
A brincadeira parece ser tão antiga quanto o jogo. Segundo Kunz (2006), há
vestígios de que tanto a brincadeira como o jogo existem em todos os povos e civi-
lizações e em todos os tempos, e não se restringe ao público infantil, mas:
Dessa forma, neste processo civilizatório foi cada vez mais valorizado o tra-
balho, principalmente no início da consolidação da industrialização, ocorrendo
o inverso com as atividades lúdicas. Talvez por esta inversão de valores alguns
acreditem que brincadeira é apenas para a faixa etária infantil. Entretanto, “[...]
embora a brincadeira não seja uma ação ou expressão específica e restrita às crian-
ças e ao tempo da infância, pode-se dizer que é uma das formas principais em que
elas constroem suas aprendizagens e conhecimentos”. (SILVA, 2004, p. 25) Mas
brincadeira é muito mais!
Sobre brincadeira, Huizinga (2008, p. 3) registrou que tanto os animais não
humanos como os humanos brincam, e as “[...] brincadeiras dos cachorros consti-
tuem apenas uma das formas mais simples de jogo entre os animais. Existem ou-
tras formas muito mais complexas, verdadeiras competições, belas representações
destinadas a um público”.
Neste sentido, brincadeira pode ser entendida como uma forma elementar de
jogo, mas nem todos os autores concordam com a ideia de que animais não hu-
manos também brinquem. Debortoli (2004, p. 20) é um deles, a sua explicação é a
seguinte: “Animais não brincam! Os seres humanos, ao observarem determinados
comportamentos dos animais, os categorizam a partir daquilo que se assemelha à
sua condição humana”.
De uma forma ou de outra, o que nos interessa aqui é o brincar do humano. E
as suas brincadeiras vão das mais simples às mais complexas, das que se asseme-
lham às “brincadeiras” de outros animais às que envolvem elementos próprios dos
sujeitos e suas sociedades.
E, embora haja contradições, concepções diversas, diferentes pontos de vista
sobre a brincadeira, “[...] entre os humanos, brincar é uma evidência tão gritante
142
que chega mesmo a ser difícil flagrar uma criança deixada livre que não esteja brin-
cando”. (FREIRE, 2005, p. 18) Também, parece certo que “[...] para a faixa etária
infantil, brincar é uma necessidade. Basta deixarmos uma criança livre para fazer
o que quiser e teremos como resultado uma brincadeira”. (PEREIRA, 1999, p. 42)
Para Debortoli (2004, p. 20), fundamentado em Vygotsky (1998) e Brougére
(1994), o brincar “constitui-se [...] como imaginação e narrativa, processo de pro-
blematização e reconstrução da realidade”. Além disso, ele escreveu que:
No entanto, o autor adverte que nem todo jogo é uma brincadeira e nem todo
jogo se expressa como possibilidade de reconstrução e ressignificação da realidade.
Mas, como no jogo, na brincadeira há relação entre o imaginário e o real. Existem
possibilidades, por meio da brincadeira, de contato com o mundo. A brincadeira,
assim como o jogo, pode ser um meio de educar.
Deste modo, abordar sobre atividades lúdicas, jogo, brincadeira, é tratar do ser
humano e de sua relação com o mundo. Essa relação com o mundo como conjunto
de significados, como espaço de atividades, que se inscreve no tempo, é a relação
de um sujeito com o meio ambiente, com os outros e com ele mesmo. Esteja onde
estiver e tenha a idade que tiver, o ser humano estará envolvido nesta relação.
Nesta discussão notamos que o ser humano não apenas está situado em um
ambiente, mas está em constante relação com ele, pois “[...] um ser vivo não se
reduz a uma encruzilhada de influências, [...] entre o ser vivo e o meio, a relação se
estabelece como debate”. (CANGUILHEM apud CHARLOT, 2000, p. 78)
Charlot (2000) reforça esse pensamento referindo-se a esse meio como sendo
um mundo que o homem partilha com outros. Deste modo, abordar sobre ativi-
dades lúdicas, jogo, brincadeira, recreação é tratar do ser humano e de sua relação
com o saber, que de acordo com Charlot é uma forma da relação com o mundo.
143
Recreação
Não podemos deixar de abordar a respeito de recreação, pois além de ser ativi-
dade lúdica pode ser vivenciada por meio do jogo e utilizada como meio de educar.
Gomes (2003) sinaliza que na Língua Portuguesa a palavra recreação procede do
verbo recrear (do latim recreare), equivalente a proporcionar recreio, divertir, brin-
car, folgar, sentir ou causar prazer e satisfação, alegrar. A autora aponta ainda que
de acordo com Ferreira (1986), recreação significa recreio, mas pode ser confron-
tada ou comparada também com o substantivo recriação, ato ou efeito de recriar.
Mas a compreensão do termo recreação, no Brasil, principalmente na primeira
metade do século XX, segundo Gomes e Pinto (2009), sofreu influência do signifi-
cado da palavra recreation na língua inglesa, pois:
E como observa Gomes (2003) citando Saraiva (1888), recreation e recreator são
derivados de recreare. E ainda, de acordo com Gomes e Pinto (2009, p. 69), neste
estudo, Gomes (2003) constatou que no contexto brasileiro, na maioria das vezes, a
palavra recreação é “entendida como sinônimo de atividades realizadas com intuito
de promover diversão, especialmente àquelas desenvolvidas a partir da atuação de
um educador profissional ou voluntário.” Além disso, é importante destacar que:
144
145
Deste modo, a autora não só defendeu a recreação como necessidade, mas tam-
bém concordou com os outros estudiosos quanto à recreação como aliada do pro-
cesso educativo e do desenvolvimento dos educandos.
Medeiros (1961, p. 13) considerou as brincadeiras e jogos como atividades re-
creativas que poderiam trazer benefícios como:
Assim, fica evidente que Medeiros (1959, 1961) teve intenção de apontar a im-
portância da recreação no âmbito da educação como ferramenta ou meio de en-
sino, capaz de promover um desenvolvimento mais amplo e de poder contribuir
para o processo de socialização dos sujeitos envolvidos.
146
É importante salientar, como pode ser visto em Lima (2009), que a autora
apontou ainda as possibilidades da recreação para além da escola, em consonância
com o pensamento escolanovista e a psicologia desenvolvimentista, afirmando que
tais publicações foram encomendadas por Anísio Teixeira e compromissadas com
o propósito de desenvolvimento pelo qual passava o Brasil da época.
Retomando os textos de Medeiros (1959, 1961), de acordo com Lima (2009),
além de atender aos objetivos de uma educação para a produção, para o trabalho,
para o desenvolvimento almejado, a autora – já envolvida com a recreação em
diversos âmbitos – empenhada no aprofundamento sobre as teorias circulantes na
época, tanto em território nacional como em outros continentes, para elaboração
dos seus textos procurou não restringir nem excluir possibilidades, assim:
Lazer
É importante discutir sobre lazer porque o jogo pode ser uma das suas opções
para vivenciar sua prática, assistir outros sujeitos jogando e também ser um meio
de educar para o lazer.
A expressão “lazer” é muito utilizada atualmente. No entanto, o significado do
termo “lazer” não é claro para a maioria da população, inclusive é possível encon-
trarmos divergências entre os estudiosos desse campo. Afinal, o que é lazer? Essa
é uma pergunta que vem sendo feita e um tema muito estudado. Inclusive, ainda
hoje, não há um consenso entre os profissionais da área. No decorrer desse bate
-papo não pretendo defender um conceito de lazer, mas apresentar alguns dos mais
difundidos na nossa realidade.
Marcellino (1996), um dos autores mais citados em nosso país, salienta que
uma determinada atividade pode significar lazer para um sujeito, e para outro não,
destacando a dimensão subjetiva do que é ou não lazer. Além disso, o autor chama
147
Gomes (2005, p. 32) registra que segundo Bramante, o lazer é constituído por
três elementos: tempo, espaço e atitude, e que de acordo com esse:
148
Outro conceito muito utilizado ainda hoje é o que foi formulado por Dumazedier
(1976), autor que de acordo com Gomes (2003, p. 58) afirmava que o lazer possuía
“traços específicos, característicos da civilização nascida da revolução industrial”.
Este pesquisador influenciou muitos estudiosos, que passaram a referir lazer a um
conjunto de ocupações. Restringindo o lazer à prática de determinadas atividades
e supondo que o sujeito deve estar ocupado com algo, pois esse autor compreendia
o lazer como:
Este conceito parece ter acarretado certa confusão em nosso contexto e aproxi-
mando o conceito de lazer ao de recreação, como nota Gomes (2003, p. 295):
149
150
151
Isso nos mostra como o âmbito do lazer e suas relações com outros elementos
da vida em sociedade são complexas, e evidencia a variedade de significados e com-
preensões em relação ao lazer, fato que implica na necessidade do profissional em
estar sempre se atualizando.
Assim, não poderíamos deixar de falar em lazer, pois a produção de conhecimen-
to nesta área cresce a cada dia, além disso, estamos tratando do jogo na educação,
e como já dissemos, para contribuir na formação para a cidadania plena, e já que o
cidadão tem o direito ao lazer, o jogo pode contribuir também na educação para o
lazer. Lazer este que, além do que vimos aqui, de acordo com o pesquisador Augusto
César Rios Leiro, ao responder questionário da pesquisa publicada por Gomes e
Pinto (2009, p. 110), “[...] é uma experiência que se renova nos contrastes da vida
cotidiana, concorre para que homens e mulheres se humanizem e se reconciliem
com a natureza, podendo contribuir para melhoria da qualidade de vida de todos”.
Em estudo recente, com o objetivo de apresentar uma análise sobre o lazer,
Gomes e Pinto (2009) trazem dados, fontes, experiências e conhecimentos produ-
zidos no Brasil que favorecem a continuidade do diálogo a respeito do tema.
Cultura
Devemos tratar também de cultura, pois é uma construção humana e o jogo é
um dos seus elementos. Como podemos ler em Lynn Rosalina Gama Alves (2004),
a palavra “cultura” derivada do latim colçre, com sentido de cultivar, cuidar de, tra-
tar, ou, de acordo com Melo (2006), do também latino colere, que significa colono,
colônia, passou por variações em seu sentido no decorrer do tempo.
Ainda hoje o termo cultura é empregado em alguns campos do conhecimento
(agronomia, botânica, microbiologia, entre outros), em referência ao cultivo de
plantas, animais, microrganismos, ou qualquer tecido vivo. Mas pode ser utilizado
também nas ciências humanas, sociais, com outro entendimento, como mostrado
mais abaixo.
No século XVI, cultura referia-se ao cultivo de lavouras e animais, daí passou
a ser utilizado metaforicamente para designar o cultivo de faculdades mentais. No
entanto, é importante ressaltar que, ainda no século XV, mesmo que de forma
incipiente, cultura já se relacionava às “belas-artes”. No século XVIII, ela foi ma-
joritariamente compreendida como um processo de progresso intelectual e espi-
ritual tanto referente aos indivíduos quanto à sociedade. Na transição do século
XIX para o XX, a cultura se converteu em um palco de disputas e uma necessidade
152
153
154
[...] o grande desafio do professor é possibilitar que os seus alunos - com deficiência
ou não - vivenciem os conteúdos culturais: jogos, brinquedos, brincadeiras, danças,
esportes, lutas ginástica, dentro de seus limites e possibilidades de criar e recriar
novas práticas e movimentos.
155
[...] que Freire em 1992 cita a formação profissional como falha, pois os cursos de
graduação se preocupavam com a reprodução sem análise de atividades e esporti-
vização dos conteúdos, vendo a educação pelo paradigma empresarial e nós temos
agora uma oportunidade ímpar de ver essa situação mudar com a evolução dos cur-
sos, em especial na área de Educação Física com disciplinas como essa que aborda de
forma clara e objetiva a real função do professor de Educação Física na utilização
dos jogos como uma das alternativas para a aquisição do conhecimento, vivências
e troca de experiências.
Neste contexto, os estudantes trataram dos jogos, como jogos eletrônicos, jo-
gos simbólicos, jogos de construção, jogos competitivos, jogos cooperativos, jogos
populares e todos esses como possíveis de serem jogos educativos. Vivenciaram
esta experiência por meio de diálogos no ambiente virtual, em sala com a discussão
presencial, em aulas práticas e nos exercícios acadêmicos como estágio e elabora-
ção e apresentação de trabalhos da disciplina, e alguns o levaram para o Trabalho
de Conclusão de Curso, como visto a seguir:
Dessa forma, acredito que nosso objetivo foi atingido, pois os estudantes de-
monstraram entender os significados de jogo e realizaram reflexões sobre a utiliza-
ção do jogo como meio de estímulo ao processo ensino e aprendizagem.
Por fim
Acredito que o lazer, como uma dimensão da cultura, com forte relação e influência
das e sobre as outras dimensões da cultura, representa uma dimensão privilegiada,
pois devido às suas características que favorecem o desenvolvimento da capacida-
de criadora – através de vivência lúdica e prazerosa de diferentes manifestações
156
Referências
157
158
159
161
Desde criança, sempre fui apaixonado por esporte. Eterno praticante e aprecia-
dor do futebol em diversos contextos. Sem dúvida, esse fenômeno me aproximou
da Educação Física, até que, em 2005, fui selecionado para ministrar o compo-
nente curricular Metodologia do Ensino do Futebol, no curso de Educação Física
da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador (FTC). Como aluno do curso
de Especialização em Metodologia da Educação Física e Esporte, da Universidade
Estadual da Bahia (UNEB) (concluído em 2006), tive a oportunidade de apro-
fundar a pesquisa acerca da Pedagogia do Futebol. Já no curso de Mestrado em
Desenvolvimento Humano e Responsabilidade Social da Fundação Visconde
de Cairú (concluído em 2009), me inseri na linha de pesquisa Desenvolvimento
Humano e Ação Educativa, na qual percebi grande possibilidade de avançar meus
estudos, que foram concretizados no trabalho intitulado, “O futebol como agente
de inclusão social: um estudo sobre as práticas pedagógicas em escolinhas de fute-
bol de Salvador - Ba”.
Em 2013, fui convidado pelos professores Francisco Pitanga e Valter Abrantes
para conversarmos sobre o projeto do curso de licenciatura em Educação Física
a distância e o formato de oferta da disciplina Futebol em vários municípios
do Estado da Bahia, com atividades nos polos de Brumado, Euclides da Cunha,
Esplanada, Itanhém, Mundo Novo e Santo Estevão. Percebi que naquele momento
teria um grande desafio. De qualquer maneira, fiquei entusiasmado com o projeto
e a possibilidade de experimentar um trabalho inovador.
Logo comecei a participar das reuniões preparatórias e oficinas específicas so-
bre o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), além da elaboração do módulo,
a produção do vídeo de apresentação, planejamento, plano de curso, cronograma
e avaliação.
163
164
sobretudo da infância mais pobre e masculina, dos garotos de pés descalços, das
periferias, dos lugares em que sobra algum espaço para brincar.
Freire (2003) e Venlioles (2004) explicam que, no tempo em que havia mais
espaço e brincadeiras nas ruas, nem fazia sentido falar de escolas de futebol, mais
popularmente conhecidas como “escolinhas de futebol”. Como as grandes cida-
des brasileiras vêm sendo vítimas da urbanização descontrolada, faltam espaços
livres para demarcar campos de futebol. Nestes espaços, no passado, formaram-se
grandes jogadores brasileiros, como Pelé, Garrincha e Romário. A percepção dessa
urbanização descontrolada e a constatação da escassez de espaços para jogar bola
motivaram a iniciativa de idealizar as escolinhas de futebol. Estas, principalmente
após a conquista do tetra campeonato mundial na Copa dos Estados Unidos, em
1994, começaram a ser procuradas pelas famílias, preocupadas com a educação e a
segurança de seus filhos.
Partimos da seguinte preocupação: será que o ensino do Futebol num curso de
licenciatura em Educação Física a distância consegue dimensionar adequadamente
a importância da pedagogia do futebol em escolinhas?
Através de uma abordagem qualitativa, na qual optamos pela pesquisa biblio-
gráfica, esse artigo tem como objetivo analisar, em três seções, questões relaciona-
das à criança, às atividades físicas, iniciação esportiva e trato pedagógico diante da
competição e da especialização precoce.
Tais conteúdos foram contemplados pelo Bloco 3, de conteúdos idealizados na
condição de Professor Formador do componente curricular Futebol, no segun-
do semestre de 2013 e primeiro semestre de 2014 no curso de licenciatura em
Educação Física em EAD/UNEB/UAB.
Marco teórico
165
O atleta do século, Pelé, certa vez falou sobre as peladas dos meninos de rua nos
campos de várzea, de terreno esburacado e cheio de pedras, com os meninos de
rua da vizinhança, segundo ele, “melhor arrumada”, justificando que o campo ruim
facilita a aprendizagem do domínio de bola. Em outro momento, comenta que,
nessas disputas, ficavam 20 ou 30 garotos em cada time, o que exigia muita habili-
dade, por terem que definir uma jogada rapidamente. Muitas vezes, ele levantava a
bola e “dava um chapéu” nos adversários. O rei do futebol ressalta que só se tornou
jogador de futebol porque teve a oportunidade de brincar. (KORSAKAS, 2002)
Isso implica dizer que o aspecto lúdico teve fundamental importância em sua vida.
Freire (2003) e Santana (2004) ressaltam a importância das brincadeiras de rua
(bobinho, disputa, controle, golzinho, gol a gol, pelada e tantas outras) no pro-
cesso de aprendizagem do futebol brasileiro. Melo (2002, p. 9) ressalta algumas
características de indivíduos que aprendem a jogar futebol sem orientação: “[...]
normalmente joga com apenas uma das pernas, de cabeça baixa, não tendo uma
visão do posicionamento dos companheiros, é muito individualista, prendendo
a bola em demasia, é deficiente no domínio de bola, e tem dificuldade de passar a
bola corretamente [...]”.
Leal (2000) refere-se à técnica do futebol como um conjunto de fundamentos
básicos cuja peculiaridade está principalmente no uso dos pés e pernas para execu-
tar ações básicas de defesa (desarmar), manter a bola (dominar, controlar, levantar,
proteger, conduzir e passar) e atacar (fintar, driblar, assistir, chutar, cabecear, e
finalizar) para marcar gols (principal objetivo do jogo). A cabeça, o peito e os om-
bros também são usados para execução de algumas ações motoras no contexto do
jogo. O autor ressalta as diferenças entre técnica e estilo, dizendo que a técnica é
“impessoal” e o estilo é algo “particular”, característica inata de cada jogador.
Freire (2003) salienta a importância de compreendermos o gesto esportivo
para facilitar o ato de ensinar. Para ensinarmos futebol, assim como outra modali-
dade esportiva, é necessário conhecer seus fundamentos, a fim de desenvolvê-los
mediante processos pedagógicos, propiciando o aprendizado das crianças.
Até um tempo atrás não imaginaríamos o que atualmente ocorre na questão
do ensino-aprendizagem do futebol: escolinhas e professores. Não havia compro-
missos com horários de aulas, competições oficiais e ensino sistematizado. Ainda
hoje há crianças que jogam bola na rua, principalmente nas periferias das grandes
cidades. (FREIRE, 2003; SANTANA, 2004; VENLIOLES, 2004)
166
Saber jogar significa saber ensinar? Nista-Piccolo (2005) diz que ex-jogadores
nem sempre são capazes de adaptar suas habilidades a “exercícios educativos”, que
167
possam preparar bem seus alunos; parece que a maioria desses ex-jogadores apenas
reproduz suas experiências nas escolinhas.
Essa nova forma de aprender futebol difere daquela em que brasileiros apren-
diam a jogar em qualquer lugar, sem compromisso com a performance e o rendimen-
to. Sobre isso Homrich e Souza (2003, p. 43) afirmam: “[...] os tempos mudaram e a
intencionalidade pela qual se aprende ou ensina a jogar futebol também [...]”.
Cardoso (2003) diz que o saber-fazer (técnica) substituiu o saber-pensar (senti-
do). O ser que se movimenta passou a ter menos importância do que o movimento.
Esse parece ser o cenário da maioria das escolinhas, quando o assunto a ser discu-
tido é a prática pedagógica.
Muitos professores cometem equívocos diante da perspectiva de serem reco-
nhecidos e respeitados como técnicos esportivos. A despeito de seus alunos serem
atletas em potencial, tal operação simbólica foi constituída pelo ensino tradicional
/tecnicista. (SADI, 2005)
Homrich e Souza (2003, p. 45) consideram que o desejo dos proprietários de
escolinhas é, em sua grande maioria, “[...] fomentar futuros atletas com o objetivo
de subsidiar os clubes profissionais e fechar um grande negócio”. Nessa perspecti-
va, Santana (2004) considera que o despreparo de alguns professores do esporte é,
além de pedagógica, uma questão ética.
Deste modo, a pedagogia das escolinhas de futebol pode ensejar os seguintes
questionamentos: elas ensinam futebol? De que maneira? É possível afirmar que as
crianças aprendem o futebol e os valores sociais do esporte? Além disso, aprendem
a ter autonomia e a se tornarem homens e mulheres inteligentes?
A despeito de, tradicionalmente, as escolinhas de futebol ensinarem gestos
técnicos separados do contexto dos jogos, normalmente em fila, para, depois do
processo, juntar os fundamentos dos jogos e aplicá-los em situação concreta de
competição, a ilusão dessa forma (método) de ensinar é exatamente esta: nem sem-
pre os fundamentos do futebol podem ser utilizados em situações concretas, pois
os jogos são constituídos por uma dinâmica de múltiplas funções e envolvem um
movimento rápido da inteligência humana (inteligência corporal cinestésica) ou a
capacidade de usar o próprio corpo de maneira altamente diferenciadas e hábil, que
a todo instante requer mecanismos de mudança. (SADI, 2005)
Em se tratando de método, o que é mais importante? A automatização desse ou
daquele gesto, posicionamento, jogada ou a capacidade de adaptação às situações
novas, de solucionar problemas e de improvisar? A criança precisa executar o gesto
168
técnico com perfeição para depois jogar? Na fase de aprendizado, podemos enten-
der o gesto técnico apenas como referência, e não como padrão de movimento
considerado “correto”, pois o que conta é a eficácia desse gesto durante o jogo.
Pode não parecer, mas o futebol, como a maioria das modalidades esportivas,
requer um processo de informação de uma variedade de fontes e o desempenho de
mais de uma habilidade em uma mesma situação. O simples movimento do joga-
dor deslocando-se no espaço de jogo com a bola requer uma série de informações
que vão se processando com a finalidade de decisão – fabricação de estratégias.
Assim, quanto mais experiências os jogadores forem adquirindo durante sua fase
de aprendizagem, mais facilidade em processar estas informações eles terão em seu
desenvolvimento futuro.
Para melhor entendimento desta questão, reportamo-nos às palavras de Júlio
Garganta (1995, p. 52):
Scaglia (2005) enfatiza que uma boa pedagogia não é aquela que demonstra um
gesto para ser copiado, mas sim aquela que permite ao aluno vivenciar o proces-
so de ensino-aprendizagem que estruture seu gesto motor. Santana (2004, p. 48)
afirma: “Em se tratando de pedagogia do esporte, a função do professor é planejar
diferentes tipos de jogos”. Entretanto, os jogos devem ser adaptados aos vários
níveis de desenvolvimento em prol do processo de aprendizado.
Para que possamos analisar as práticas pedagógicas que podem ser utilizadas em
escolinhas de futebol é necessário entender as questões que permeiam a pedagogia
do esporte, ou seja, as características da criança, os benefícios da prática esportiva,
os cuidados necessários durante a iniciação e o trato pedagógico com a competição.
169
a. A criança de quatro anos repete tudo o que ouve e vê, tendo o corpo como
instrumento de relação, a musculatura de membros inferiores é mais inde-
pendente, capaz de andar com ritmo alternado de passos, não exerce con-
trole sobre sua unilateralidade. Interessa-se por atividades tipo correr, sal-
tar, trepar, sendo bastante expansiva;
b. A criança de cinco anos tem como grande alicerce o lar e os pais, apresentan-
do traços de possessividade em relação às coisas que a cerca. Sua capacidade
de concentração é maior e tem melhor compreensão em relação ao espaço e
tempo, identifica-se mais com atividades naturais, já apresenta lateralidade
bem definida a si própria e melhor equilíbrio estático;
c. A criança de seis anos tem necessidade de experiências na relação com pes-
soas, o que gera insegurança nos ambientes desconhecidos, tem maior facili-
dade para participar de atividades com um companheiro do que com dois ou
mais, tem o corpo como grande veículo de comunicação, sua participação
em atividades fortalecem seu aprendizado em razão de sua automotivação,
capacidade de concentração, melhor compreensão de informações verbais,
170
171
172
permitir à criança iniciante a obtenção de uma cultura corporal, que lhe propor-
cione uma aprendizagem motora adequada.
Não existe uma idade ideal para iniciar a criança na prática do futebol. Tudo vai
depender de seu prazer em “jogar bola”, para que possa evoluir progressivamente
dentro desta modalidade. O importante não é modelar a criança, mas possibilitar
o desenvolvimento motor que lhe permita desenvolver várias habilidades físicas.
Para Scaglia (2005), um ingrediente especial e essencial para que a criança goste
desse esporte é a competição. Entretanto, a competição exacerbada leva o profes-
sor a impor à criança o desenvolvimento máximo por meio da técnica específica
do futebol, levando-a a uma extrema especialização. (APOLO, 2007) E quando
isso acontece nas escolinhas de futebol, temos especialização precoce difundida de
forma indiscriminada e seletiva. A especialização precoce pode trazer riscos de na-
tureza biológica, psicológica e de desenvolvimento social. (FIMS, 1997) De acordo
com Paes (1997), as crianças muito cobradas quase sempre ficam desmotivadas e
acabam abandonando o esporte.
Matsudo, médico e presidente do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão
Física de São Caetano do Sul, recomenda que as crianças se dediquem em média
uma hora por dia a uma mesma modalidade. O apelo do esporte-performance ou de
rendimento, pelos meios de comunicação de massa, principalmente da televisão,
leva os donos de escolinhas de um modo geral a desconhecer a magnitude da utili-
zação pedagógica do esporte como meio de educação.
Tubino (2001) esclarece que, embora tenham sido identificadas finalidades opos-
tas entre o esporte-performance e o esporte-educação, desde a década de 1970, persis-
tem as exacerbações dos talentos e até os vícios do esporte de alto nível, no ambiente
escolar. Nas escolinhas de futebol esse quadro é ainda mais evidente, já que muitos
donos e professores não se preocupam com a formação integral do indivíduo, e os
procedimentos de ensino estão em busca de especialização, de funções, técnicas e
gestos por meio de treinamento físico exagerado, o que contribui para substituir o
prazer de jogar pela seriedade de treinar e competir. (HOMRICH; SOUZA, 2003)
De acordo com Santana (2004), a especialização da criança no esporte leva a
determinadas práticas pedagógicas e a alguns riscos, como:
173
1
Expressão da língua inglesa muito utilizada no meio esportivo para se referir ao “jogo limpo”, ou seja,
honesto e justo, que respeita as regras e o adversário em qualquer circunstância. (SCAGLIA, 2005)
174
Conclusão
175
Referências
APOLO, A. A criança e o adolescente no esporte: como deveria ser. São Paulo: Phorte, 2007.
ARAÚJO, M. A. S. de. O trabalho de futebol nas divisões inferiores. Revista de Educação
Física, São Paulo, p. 55-66, 1993.
CARDOSO, A. L. Futebol co-educativo na concepção emancipatória: possibilidades
pedagógicas. In: KUNZ, E. (Org.). Didática da educação física 3:futebol.Ijuí: Unjuí, 2003.
DAMATTA, R. Esporte na sociedade: um ensaio sobre o futebol brasileiro. In:
DAMATTA, R. (Org.). Universo do futebol: esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro:
Pinakotheke, 1982. p. 19-42.
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA ESPORTIVA-FMIS. Treinamento
físico excessivo em crianças e adolescentes (posicionamento oficial). Revista Brasileira de
Medicina Esportiva, São Paulo, v. 3, n. 4, p. 122-124, out./dez.1997.
FERRAZ, O. L. O esporte, a criança e o adolescente: consensos e divergências. In: ROSE
JÚNIOR, D. de (Org.). Esporte e atividade física na infância e adolescência: uma abordagem
multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 25-38.
FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Campinas: Autores Associados, 2003.
GALDINO, M. L. Pedagogia do esporte e competência motora. In: PAES, R. R.;
BALBINO, H. F. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005. p. 25-39.
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos esportivos coletivos. In: GRAÇA, A.;
OLIVEIRA, J. (Org.). O ensino dos jogos coletivos. 2. ed. Porto: Universidade do Porto,
1995. p. 11-25
176
177
179
181
A concepção da disciplina
O estudo dos movimentos realizados pelos seres humanos é composto por uma
análise detalhada do sistema locomotor. Para a compreensão desse sistema é preci-
so buscar fundamentação na Cinesiologia, disciplina que combina o conhecimento
da anatomia, fisiologia, biomecânica e os associa à realização do movimento hu-
mano. Sua origem etimológica vem do grego kinein, “mover”, e logos, “estudar”, daí
entendermos a cinesiologia como o estudo do movimento. (RASH; BURKE, 1987)
De forma didática, devemos entender os seguintes conceitos para uma melhor
compreensão do conteúdo dessa disciplina, sendo assim:
CINESIOLOGIA: Estudo científico do movimento humano. BIOMECÂNICA:
Estudo da aplicação da mecânica aos sistemas biológicos. Avalia o movimento de um
organismo vivo e o efeito da força nesse organismo. (HAMILL; KNUTZEN, 1999)
A importância da análise do movimento, neste caso, os exercícios utilizados
no treinamento resistido, no esporte, e nas mais diversas manifestações corporais,
reside no fato de que a escolha dos exercícios que compõem um programa de trei-
namento bem como a compreensão e análise de qualquer movimento, utilizado
durante a prática esportiva, também são determinados pela análise dos músculos
que estão sendo exercitados e o quanto os mesmos participam de determinado
movimento.
182
183
Conteúdos da disciplina
184
materializasse na prática, sendo essa realizada através da análise de vídeos e das vi-
vências realizadas em outras disciplinas já cursadas pelos alunos, como por exem-
plo o atletismo, vôlei, basquete, handebol. Dessa forma, promovemos a interação
com outras disciplinas, fato esse que tornou possível uma melhor compreensão
dos conteúdos estudados na Cinesiologia, através das aulas práticas das discipli-
nas que abordaram modalidades esportivas. Assim que adotamos essa estratégia os
alunos começaram a relacionar melhor os conteúdos e entender a ação muscular
dentro de contextos específicos como o esporte e os jogos recreativos.
BLOCO I
Conceito de Cinesiologia e Biomecânica
Tipos de articulações
Função das articulações
Planos e eixos por onde ocorrem os movimentos do corpo humano.
Movimento das articulações sinoviais
Sistema de Alavanca
Articulação do Ombro e Cintura Escapular
Movimentos da articulação do ombro
Músculos que atuam na articulação do ombro.
Cintura escapular
Músculos que atuam na cintura escapular
Articulação do cotovelo e do punho.
Movimentos da articulação do cotovelo.
Músculos que atuam na articulação do cotovelo
Articulação do Punho
Movimentos da articulação do punho
Músculos que atuam na articulação do punho
BLOCO 2
Articulação do quadril
Movimentos da articulação do quadril
Músculos que atuam na articulação do quadril
Articulação do joelho
Movimentos da articulação do joelho
Músculos que atuam na articulação do joelho
Articulação do tornozelo
Músculos que atuam na articulação do tornozelo
Movimentos da articulação do tornozelo
BLOCO 3
Coluna Vertebral
Músculos que realizam os movimentos do tronco
185
Estratégia metodológica
Durante curso dessa disciplina foram realizadas atividades que levaram os alunos
a participarem ativamente de todo o processo de aprendizagem através de semi-
nários, leitura de artigos científicos, debates e vivências. Todos os conteúdos da
disciplina foram relacionados uns com os outros, de forma que o aluno passou a ter
recursos para realizar uma análise cinesiologica de qualquer movimento utilizado
durante a sua prática pedagógica, proporcionando a materialização do arcabouço
teórico dessa disciplina e sua aplicação no ambiente escolar.
Também por orientação da coordenação pedagógica as atividades da disciplina
são realizadas através de seminários, participação em fóruns de discussão e chats no
ambiente virtual de aprendizagem (AVA), lista de exercícios, debates em sala de
aula. Essa multiplicidade de atividades possibilita ao aluno expressar-se de várias
maneiras, explorando suas habilidades de formas diferentes. Vale ressaltar que os
alunos comparecem ao polo (local onde ocorrem as aulas presenciais) uma vez por
semana para realizar um encontro presencial sob a orientação de um professor de
Educação Física (Tutor Presencial). Além do apoio desse profissional, os alunos
desse curso contam também com a figura do tutor online e do professor formador,
ambos graduados em Educação Física.
Para um melhor acompanhamento do programa da disciplina, produzimos um
módulo de estudos que foi disponibilizado para os alunos do curso. Nesse módu-
lo o aluno encontra um texto sobre todos os conteúdos propostos além de fotos
ilustrativas. A construção desse material veio suprir a falta de livros didáticos nos
186
polos de ensino onde o curso é ofertado; vale ressaltar que todas as cidades que se-
diam o curso são do interior do estado da Bahia, nessas cidades o acesso a esse tipo
de literatura é bastante difícil. Utilizamos também recursos materiais disponibili-
zados na internet e livros online, além disso, selecionamos sites com informações
relativas aos conteúdos abordados no curso. Também foram disponibilizados links
de vídeos postados no YouTube como referência para análise cinesiologica, assim
sendo, montamos uma videoteca com bastante material que foi utilizado para con-
sulta durante todo o curso.
Além desses recursos, foram disponibilizados slides com esquemas de aulas so-
bre cada conteúdo do curso. Todo o material foi postado no Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA), ferramenta fundamental para a realização de cursos na
modalidade a distância. O AVA utilizado nesse curso utiliza a plataforma Moodle.
Quadro 2 – Videoteca
187
188
189
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 190
Biomecânica
vídeo postado na sala; AVA; A participação dos
Tipos de alunos durante o
2- Chat com o professor – Módulo da
articulações debate.
esclarecimentos gerais sobre os disciplina LER
Função das objetivos, cronograma e processo de CAPÍTULO 1 As contribuições
articulações avaliação da disciplina; propostas pelo aluno
durante o debate.
Planos e eixos por 3- DEBATE: Os alunos deverão debater
onde ocorrem os sobre o conceito de cinesiologia e OBS: Nesse encontro
190
movimentos do biomecânica, tipos e função das deverá ser pontuado
corpo humano. articulações, movimentos das o debate.
articulações sinoviais, planos e eixos
Movimento das
por onde ocorrem os movimentos do
articulações
corpo humano.
sinoviais
4- Apresentação e sorteio dos temas
para o Seminário sobre Articulações:
Equipe 1: Articulação do ombro
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
01/12/2017 16:18:23
Orientações: A equipe deverá
apresentar uma aula sobre a
articulação que foi sorteada, falando da
estrutura anatômica dessa articulação
(ossos, ligamentos, músculos),
movimentos realizados por essa
articulação, músculos que realizam
esses movimentos, além de apresentar
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 191
exercícios ou movimentos dos esportes
que envolvam essa articulação. A
apresentação em sala poderá ser
feita em forma de painéis, cartazes,
datashow ou transparência, de forma
que toda a sala possa ver claramente
o que esta sendo apresentado. Cada
equipe terá entre 15 e 20 minutos para
realizar sua apresentação.
191
- Todo o conteúdo necessário para
a elaboração desse trabalho será
apresentado no decorrer do curso,
sendo assim, nesse primeiro encontro
Carlos Fernando de Amorim Alves
01/12/2017 16:18:23
20 A 26/08 Online - Sistema de l ATIVIDADE ONLINE 1: -Slides com O tutor deverá 2,0
Alavancas aula sobe observar:
Data Os alunos deverão realizar a leitura do
sistema de
limite da CAPÍTULO 2 do módulo da disciplina e Registro dos
alavancas
postagem em seguida fazer um fichamento do principais pontos do
postados no
da referido capítulo. O fichamento deverá CÁPITULO 2;
AVA
atividade: ser postado no AVA.
Coerência e coesão;
26/08 - Módulo da
OBS: utilizar letra Arial tamanho 12 e
disciplina Respeito às
espaçamento 1,5 entre as linhas.
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 192
CÁPITULO 2 normas da Língua
OBS: Procure fazer um resumo Portuguesa;
do capítulo, enfatizando as ideias
Originalidade (não
principais sobre o tema proposto.
serão aceitos plágios)
Comente as partes do texto que está
lendo, registre cada tópico do texto e O fichamento deverá
faça um comentário, isso o ajudará a ter: tópicos de cada
assimilar melhor o assunto. tema abordado no
capítulo, além do
192
comentário sobre o
referido tópico
27/08 Presencial - Articulaçaõ do lll ATIVIDADE PRESENCIAL 2: - Slides com O tutor deverá 2,0
ombro e cintura aula sobre observar:
Os alunos deverão resolver,
escapular articulação
individualmente, em sala, uma lista de A participação dos
do ombro
- Movimentos da exercícios com questões referentes alunos durante o
e cintura
articulação do aos conteúdos dessa aula. debate.
escapular,
ombro
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
01/12/2017 16:18:23
- Cintura escapular
- Músculos que
atuam na cintura
escapular
27/08 A Online - Articulação do l ATIVIDADE ONLINE 2: - Slides com Cada aluno será 2,0
02/09 cotovelo e do aula sobre avaliado a partir dos
Fórum 1: Com base no estudo sobre as
punho. articulação seguintes critérios:
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 193
Data articulações do ombro, cotovelo e do
do cotovelo
limite da - Movimentos da punho responda a seguinte questão: Participante - Não
e do punho
postagem: articulação do oferece contribuição
Quais os movimentos realizados pelas postados no
02/09 cotovelo. para a discussão;
articulações do ombro e do cotovelo AVA.
não há evidências
- Músculos durante a braçada do nado crawl?
-Módulo da de que apresenta
que atuam na
OBS: procure observar o vídeo sobre o disciplina conceitos ou opiniões.
articulação do
referido nado, além das informações CAPITULO 4 Apenas participou
cotovelo
fornecidas no módulo da disciplina porque emitiu uma
- Vídeos
- Articulação do Atividades Aquáticas. mensagem, expôs-se
193
postados no
punho frente ao grupo, mas
AVA.
não traz contribuições
- Movimentos da significativas à
_ Módulo da
articulação do temática, não
disciplina
Carlos Fernando de Amorim Alves
01/12/2017 16:18:23
Colaborador - Faz
intervenções
relacionais, colabora
com algumas
reflexões e indicações
referentes à temática
em questão; explicita
conceitos e expressa
posturas, traz alguns
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 194
elementos para a
discussão, mas não
vai além do texto, não
aprofunda; (1,5)
Interventor - Faz
intervenções
interpretativas e
críticas, além de
194
possuir todas as
características do
sujeito colaborador,
acrescenta novos
elementos à discussão
da temática; dá outro
direcionamento
à discussão,
desdobrando-a;
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
sistematiza, amplia
o assunto abordado.
(2,0)
Fonte: elaborado pelo autor.
01/12/2017 16:18:23
Período: 3 set. 2012 a 16 set. 2012
Prazo/ Modalidade Conteúdo Meio Descrição da Atividade Recursos Critérios de Avaliação Nota/
Data Presencial Didáticos Conceito
/Online
03/09 Presencial - Articulação ll ATIVIDADE PRESENCIAL 3: - Slides com aula O tutor deverá corrigir o 4,0
do quadril sobre articulação questionário e emitir a nota
Os alunos deverão resolver,
do quadril postados conforme orientação do
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 195
- Movimentos individualmente, em sala,
no AVA professor formador, que
da articulação um questionário referente
fornecerá as respostas e o valor
do quadril aos conteúdos dessa aula. - Módulo da
de cada questão.
disciplina CÁPILULO
- Músculos OBS: o questionário será
5
que atuam na enviado ao tutor presencial
articulação do pelo professor formador.
quadril
Recomendação de leitura
para o próximo encontro
presencial: módulo da
195
disciplina
03 A 09/09 Online - Articulação l ATIVIDADE ONLINE 3: - Slides com aula Cada aluno será avaliado a 2,0
do joelho sobre articulação partir dos seguintes critérios:
Carlos Fernando de Amorim Alves
01/12/2017 16:18:23
OBS: procure observar o Colaborador - Faz intervenções
vídeo sobre o referido nado, relacionais colabora com
além das informações algumas reflexões e indicações
fornecidas no módulo referentes à temática em
da disciplina Atividades questão; explicita conceitos e
Aquáticas. expressa posturas, traz alguns
elementos para a discussão,
OBS: observe também o
mas não vai além do texto, não
vídeo postado no AVA sobre
aprofunda; (1,5)
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 196
ciclismo.
Interventor - Faz Intervenções
interpretativas e críticas,
além de possuir todas as
características do sujeito
colaborador, acrescenta
novos elementos à discussão
da temática; dá outro
direcionamento à discussão,
196
desdobrando-a; sistematiza,
amplia o assunto abordado. (2,0)
10/09 Presencial - Articulação III ATIVIDADE PRESENCIAL 4: - Módulo da O tutor deverá observar : 6,0
do ombro disciplina
As equipes deverão - A participação dos alunos
- Articulação apresentar Seminário sobre - Slides postados durante a apresentação.
do quadril articulações, preparado no AVA
As contribuições propostas pelo
ao longo da disciplina,
- Articulação - Vídeos postados aluno durante a apresentação do
em consonância com as
do joelho no AVA. trabalho;
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
orientações disponibilizadas
- Articulação neste cronograma em A qualidade e inovação nos
do cotovelo 20/08/2012 recursos utilizados (slides,
atividades propostas etc);
01/12/2017 16:18:23
A clareza na exposição oral e
escrita (recursos gráficos) dos
conceitos;
A apresentação gráfica e o
respeito às normas da língua
padrão e da ABNT.
10 A 16/09 Online Articulação do l ATIVIDADE ONLINE 4: - Módulo da Cada aluno será avaliado a 2,0
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 197
tornozelo disciplina partir dos seguintes critérios:
Data Fórum 3: Responda a
Limite da - Músculos seguinte questão: quais os - Slides postados Participante - Não oferece
postagem: que atuam na movimentos realizados pela no AVA contribuição para a discussão;
16/09 articulação do articulação do tornozelo não há evidências de que
- Vídeos postados
tornozelo durante a caminhada? apresenta conceitos ou opiniões.
no AVA.
Apenas participou porque emitiu
- Móvimentos OBS: observe os vídeos
uma mensagem, expôs-se
da articulação postados no AVA sobre
frente ao grupo, mas não traz
do tornozelo caminhada
contribuições significativas à
197
temática, não informou nem
sugeriu com links, ou outros
textos de suporte; (1,0)
Carlos Fernando de Amorim Alves
01/12/2017 16:18:23
Interventor - Faz intervenções
interpretativas e críticas,
além de possuir todas as
características do sujeito
colaborador, acrescenta
novos elementos à discussão
da temática; dá outro
direcionamento à discussão,
desdobrando-a; sistematiza,
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 198
amplia o assunto abordado. (2,0)
Fonte: elaborado pelo autor.
198
Online
17/09 Presencial Todo o conteúdo II ATIVIDADE PRESENCIAL 5: Formulário com 6,0
trabalhado até o as questões da
Prova individual, sem consulta.
presente momento prova
do curso.
17 a 23/09 Online - Coluna Vertebral l ATIVIDADE ONLINE 5: - Módulo da Cada aluno será avaliado a 2,0
disciplina partir dos seguintes critérios:
Data - Músculos que Fórum 4: Quais são as regiões
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
01/12/2017 16:18:24
Participante - Não oferece
contribuição para a
discussão; não há evidências
de que apresenta conceitos
ou opiniões. Apenas
participou porque emitiu
uma mensagem, expôs-se
frente ao grupo, mas não traz
licenciatura-em-educacao-fisica-a-distancia-miolo.indd 199
contribuições significativas à
temática, não informou nem
sugeriu com links, ou outros
textos de suporte; (1,0)
Colaborador - Faz
intervenções relacionais,
colabora com algumas
reflexões e indicações
referentes à temática em
199
questão; explicita conceitos
e expressa posturas, traz
alguns elementos para a
discussão, mas não vai além
Carlos Fernando de Amorim Alves
01/12/2017 16:18:24
A disciplina Cinesiologia e Biomecânica no curso de Educação Física
Conclusão
Referências
200
201
203
204
Metodologia
205
Elementos Gráficos
Os elementos gráficos foram coletados de publicações clássicas sobre o atletis-
mo e escolhidos com o critério didático-pedagógico que atendesse à proposta da
informalidade do módulo, que apresentou uma proposta avançada de comunicação
visual, exemplificada na sequência:
206
207
208
209
210
211
212
mesmo envolve todos os elementos motores e fisiológicos que constam dos fun-
damentos para qualquer outra prática esportiva que envolva o movimento viril.
O ambiente didático da escola impõe uma prática inclusiva, lúdica e motivadora
para o atletismo, porém não podemos abrir mão de um processo de progressão
pedagógica e fisiológica na distribuição de tais práticas. Assim, as aulas de atletismo
devem obedecer a momentos que vão desde a preparação física e emocional, pas-
sando pela especificidade da prática esportiva e culminando com uma descontração.
O brincar é um instante bastante motivador e fundamental na vida de adultos
e crianças. Todos os fundamentos técnicos, fisiológicos e regras comportamentais
podem ser compreendidos melhor quando vivenciados de maneira lúdica. É im-
portante salientar que o grau de dificuldade e compreensão de jogos lúdicos deve
obedecer ao desenvolvimento físico e mental da criança.
Na nossa proposta para materializar tal contexto, destacamos os jogos pré-des-
portivos, de caráter lúdico, como veremos na Figura 7. No jogo de velocidade su-
gerido, um grupo se divide em dois, com o mesmo número de participantes. Ao
sinal do professor, o primeiro de cada grupo correrá até um arco, distante 20m
em linha reta à sua frente e deverá passar o arco por todo corpo, dos membros
inferiores à cabeça, em seguida recolocá-lo no mesmo local, na sequência voltará a
toda velocidade, tocando a mão do próximo parceiro, que deverá repetir o mesmo
processo, tornando-se vencedor o grupo que conseguir que todos os componentes
repitam a atividade em menor tempo.
213
214
foram fortes argumentos que precisaram estar em posição de debate para gerar
belíssimas reflexões, existentes em nosso fórum aberto e que demonstravam que o
poder do pensamento no esporte iria muito mais longe do que somente meros re-
petidores de técnicas. Percebia-se que não eram todos os alunos que se envolviam
em tais debates, digamos que uma média de 30%, porém quando o faziam eram
sempre lúcidos e maduros nas defesas de seus pensamentos, respeitando o senti-
mento democrático do pensar diferente do outro. Para Saramago (2010), o ato do
convencimento é um dos sintomas mais antidemocráticos que existe.
Tanto os debates técnicos quanto os filosóficos eram lastreados pelas leituras
diversificadas solicitadas e até mesmo encaminhadas pelo professor formador, na
abertura de um novo fórum de discussão, ou até mesmo pelo envio de artigos em
anexo aos fóruns já existentes. Obviamente que essas solicitações estavam acompa-
nhadas por provocações que alimentavam o debate acadêmico.
A linguagem adotada não somente no módulo como também nas mensagens
de abertura e provocações dos fóruns foram bastante corriqueiras, caracterizan-
do muito mais uma conversa informal do que um texto de produção científica.
Foi fundamental o envolvimento do alunado em um clima bastante intimista, que
mesmo distante de uma sala de aula presencial o fizesse sentir próximo à presen-
ça do outro, nesse caso, o professor. Essa liberdade verbal criou no alunado um
sentimento de confiança e autoestima, para que o mesmo apresentasse condições
de desenvolver e descrever ideias, pensamentos e conclusões sobre determinados
temas, que mesmo com pouca base teórica refletiam a essência do existir social e
acadêmico de cada um.
A linguagem unicamente acadêmica se faz necessária em ambiente onde os
atores envolvidos apresentem condição intelectual de interpretação dos vocábu-
los usualmente citados, sendo que em tese reflete uma determinada sofisticação
qualificada da oratória. Porém, em ambientes corriqueiros e usuais, pode servir
como uma barreira limitadora da produção e liberdade intelectual de uma socie-
dade, podendo até mesmo apresentar-se como instrumento de dominação e ma-
nipulação de pensamento coletivo, em alguns casos até uma ferramenta política
bastante usual, pois intimida e inibe a exposição do pensar de atores de camadas
sociais menos favorecidas.
Um aspecto positivo na elaboração dos textos comunicadores dos fóruns e tare-
fas foram as mensagens motivadoras de manutenção do vínculo do alunado com o
ensino a distância, pois a ausência, a flexibilidade de horários, a disponibilidade de
215
216
217
218
219
220
221
222
Resultados e avaliações
A maneira como nos foi apresentada essa disciplina, me fez gostar e assimilar me-
lhor os assuntos. Espero que nas disciplinas vindouras você seja nosso professor [...].
(Erenilda Argolo de Almeida, AVA, Atletismo, 2011)
Olá Professor. Obrigada pela dedicação e, sobretudo, pelo profissionalismo. Você
soube, como ninguém, tornar a educação EAD mais leve e quase presencial. Ficou
a vontade de conhecê-lo pessoalmente devido à simpatia a todos nós dedicada [...]
(Eliane Menezes, AVA, Atletismo, 2011)
223
Foi muito gratificante pra mim também tê-lo como professor, pois nos abriu bas-
tante a mente para que futuramente possamos ser educadores, mesmo com grandes
dificuldades que possamos encontrá-los, que essa despedida não seja um fim, pois os
bons acontecimento ficarão guardados para sempre [...]. (Liliane Pereira Santana,
AVA, Atletismo, 2011)
Considerações finais
224
225
Referências
226
227
229
230
231
232
233
234
235
236
acima, passando a ser entendido como novos e desnecessários fluxos, que poderão
transformar a realidade que eles não querem que mude, porque pareciam ser eter-
nas, a do total saber do educador, padrão que era evidente em décadas passadas e que
discordamos nesta pesquisa.
Esse artigo apresenta e discute a chamada relação emancipatória, ou seja, uma
atitude de disponibilizar informações necessárias para que os discentes pesquisem
e produzam seus trabalhos com autonomia, sem a dependência exacerbada que
muitos ainda pensam que deve ter. Além do mais, com um frequente contato por
inúmeros meios disponíveis na atualidade, o docente deve e precisa dar assistência
afetiva, moral, sociopolítica e, obviamente, técnica ao formando; esse foi o perfil
da orientação ao TCC II no curso de Educação Física em EAD/UNEB/UAB na
cidade de Valença. Incorporada a um olhar contemporâneo e emancipado, foco da
escrita, Katz (2005, p. 7), diz que:
Faz muito tempo que o homem deseja entender o que tem a sua
volta. Faz pouco tempo, entendeu o quanto está implicado no que
está observando, aparentemente lá fora. Uma perspectiva tão nova,
que inaugurou outro renascimento. Estamos inscritos num fluxo de
transformações que altera o mundo e a nós mesmos. Somos corpos
que se colocam num cosmo que não estaciona.
Diante do ponto de vista de Katz, transitamos por uma complexidade que per-
mite e até propõe um envolvimento maior da pessoa em processos pelos quais
nos transformamos e, assim, evoluímos. No princípio educativo, toda ação que
envolva alguém deverá desafiá-lo dentro de objetivos que busquem o ser diferente
para com o que vinha sendo. Foi o modelo educativo utilizado para a cidade de
Valença. Estímulos para ler bibliografias indicadas pelo orientador, escrever, suge-
rir, questionar, debater citando exemplos, de pessoas que se superaram com esses
princípios foi uma práxis fundamental para o primeiro encontro.
Ao colocar-me completamente à disposição do grupo para contatos, fiquei em
Stand By, ação que os deixou confiantes de que conseguiriam produzir bem na
ausência do professor do componente curricular. Era o processo de maturação des-
bravando no ser pensante que todos nós humanos somos.
A partir desse primeiro encontro tivemos a convicção que a prática freireana
trabalha com o conceito de problematização como parte indispensável do proces-
so na transmissão de saberes. Problematizar desafiando-os, provocando-os, são o
237
balanço e a análise que pude fazer. Ela também visa oportunizar a transformação
da opressão em objetos que levem à reflexão dos dependentes.
As produções começaram a aumentar, a densidade da escrita tornava-se reali-
dade, exceto 20% do grupo que só obteve êxito no final do processo, muito pró-
ximo ao dia da defesa do TCC, mas que só foi possível pela ênfase do “método
esperançoso”, ao qual o professor orientador e grupo se propuseram. Então, re-
gistramos que rigidez, imposição, falta de afetividade nas relações pedagógicas le-
vam, no mínimo, a um convívio de reforço e legitimação de uma ação autoritária e
abusiva, impedindo, assim, a construção de consciências críticas e autônomas com
relação ao seu próprio fazer.
Diante de uma conduta mais flexível, ainda que com erros, acreditamos ter
um estudo compartilhado, de repetições à experiência, aumentando, assim, a au-
toestima do estudante. É importante salientar que essa inquietação não pretende
desqualificar ou burlar os princípios metodológicos relevantes de cada profissio-
nal, mas, através dela, denunciar enfaticamente que nenhum de nós é detentor
absoluto de domínio algum.
O que se tem notado e nos interessa muito é a clareza com os elementos concei-
tuais abordados e confrontados por Freire. Até o final dos anos 1990, referem-se
exatamente aos comportamentos educacionais diários, que, mesmo hoje atualiza-
dos, não se distanciam muito dos apontados naquele momento histórico. Freire
remete ao pensar certo, algo que deve fazer parte da prática docente não apenas ao
ensinar conteúdos e sim pelo incentivo na individualidade da imaginação, para o
desenvolvimento de competências e habilidades. Acrescenta que é preciso estimu-
lar a argumentação, orientar que se corre o risco da aceitação ou não, pelo simples
fato da exposição do pensamento renovado. Logo, fica claro que Freire pensou à
frente do seu tempo, ao preconizar que o pensar certo:
238
239
a fim de que possamos tratá-los com digno respeito, carinho e, sempre, levantar a
autoestima deles.
No caso de Valença, orientandos de diversas cidades migravam para lá em dias
de aula do curso em EAD; Santo Amaro, Serrinha, Feira de Santana e outras, com
o intuito de atender às demandas das várias disciplinas da grade, que normalmente
aconteciam aos finais de semana. Sobre os nossos queridos orientados, diante do
processo dialógico adotado como procedimento metodológico, descobrimos que
eram cidadãos com histórias de vida semelhantes.
O título/canudo universitário era o foco, pois quando mais jovens não tiveram
a oportunidade de contemplar a formação acadêmica. Embora já exercessem a pro-
fissão há décadas, aproveitaram a oportunidade possibilitada pelas prefeituras das
localidades, órgãos privados e outros públicos que os bancavam para realizar seus
sonhos profissionais (fala da maioria). Em partilha com o pensamento libertador,
para Vasconcelos (2009, p. 35),
240
241
alguns informes. Eram ações mais pontuais as quais refletiam o cotidiano metodo-
lógico aplicado na produção bibliográfica. Enquanto educação e processo de ensi-
no/aprendizagem, falávamos de comprometimento total com a leitura e escrita,
mas que gerasse ações prazerosas.
É coerente pensar que esse prazer perpassa por uma forma de sugerir e não or-
dena, é o enunciado em detrimento ao comando. Percebe-se que este recorte me-
todológico descaracteriza toda tentativa linear que possa emergir no processo de
mediação do professor, tendo em vista não ser do interesse dele imperar enquanto
saber absoluto. Se assim o fizer, estará no fluxo do resgate e fatalmente apropriado
dos pressupostos tradicionalistas e autoritaristas dos quais a educação se despiu
com o fim do modelo republicano de governo.
A não linearidade provém de um professor flexível, maleável, que entende o
mundo das relações pedagógicas como mutáveis, de ambos, recíproco, adotando
a cumplicidade como elemento fundamental na construção do conhecimento. A
descrição desse panorama permeou nos meses que não nos víamos presencialmen-
te, por conta do combinado no primeiro momento presencial.
A distância exigia orientações mais técnicas para o saber fazer procedimental,
ainda assim se valorizava mais o estudante e menos o método, pensamento em
Freud ao criar a psicanálise educacional no século XIX. Mesmo em uma aula codi-
ficada, com chamada, horário de início e de término, enfim, com todo aparato que
a educação formal impõe, é preciso inquietá-los, e, assim, romper com as diretrizes
conduzidas apenas pelo professor. É a troca, simbolizada por iniciativas dos alunos.
242
243
244
245
acerca dos conteúdos, propõe-se que haja uma ampla e subjetiva reflexão, a fim de
entender que foram ações pedagógicas adaptadas para a orientação do TCC II no
curso de Educação Física em EAD, e, para a nossa surpresa, estas ações se adequa-
ram muito bem à turma.
Podemos complementar essa estratégica metodológica com as sugestões da
turma. Ainda que limitados em conhecimentos na área, é possível estimulá-los
para emergir ideias próprias. Esse momento de fala mútua deve gerar um clima
de confiança configurado em um espaço emancipado para trocas e discussões de
um trabalho compartilhado. Postula-se ser extremamente importante em momen-
tos oportunos de orientação questioná-los a respeito do planejamento pessoal, o
cronograma de atividades e sua aplicação. Também é possível que algumas das
correções tenham origem na aula anterior, é o que podemos chamar de ação-refle-
xão-ação metodológica.
Identificado o sentido amplo que envolve o conceito de metodologia, define-se
como será encaminhando o trabalho a ser realizado. Normalmente está atrelado
ao contexto geral do público-alvo; tempo, disponibilidade, capacidade de desloca-
mento e outros. Como se tem reforçado, todo o processo de ensino/aprendizagem
é fundamentado no diálogo para emancipação de todos envolvidos no processo,
assim como para construção de novos conhecimentos.
A dimensão progressista libertadora, Vasconcelos (2009) parafraseando Freire
emite que é uma “Prática Docente, especificamente humana, é profundamente for-
madora, por isso ética”. Com base nela, os estudantes são também parceiros e,
no início de cada ciclo, devemos convidá-los para uma relação de compreensão e
cooperação entre professor e aluno.
Essa iniciativa, que não é muito comum por parte dos professores mais conser-
vadores, suscita confiança e responsabilidade, ambiência e bem-estar no grupo de
orientandos. Esse fato já foi experimentado em diversas turmas de alunos de TCC
I e TCC II, em diferentes instituições de nível superior.
Considerações finais
246
247
Referências
248
STRECK, D. R.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte:
Autêntica, 2010.
VASCONCELOS, M. L. M. C. Conceitos de educação em Paulo Freire: glossário. 3. ed.
Petrópolis: Vozes; São Paulo: Mack Pesquisa – Fundo Mackenzie de Pesquisa, 2009.
ZABALA, A. A prática educativa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
249
251
253
254
255
256
257
258
A referida Lei, em seu Art. 2º classifica que o estágio possa ser obrigatório ou
não obrigatório, em conformidade com as diretrizes curriculares, a modalidade
e área de ensino e o projeto pedagógico dos cursos. Definindo como obrigatório
aquele Estágio previsto como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito
para aprovação e obtenção de diploma. O Estágio não obrigatório é aquele desen-
volvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória.
Ressalta ainda este mesmo artigo que as atividades de extensão, de monitorias
e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, pode-
rão ser consideradas estágio se previstas no projeto pedagógico do curso.
Nesse contexto de estágio, o espírito investigativo surge a partir do momen-
to em que os discentes terão a oportunidade de vivenciar o espaço de atuação
de um profissional na área de formação e conviver com o cotidiano do trabalho.
Refletindo sobre os sujeitos, os objetos e as formas de se realizar o processo de
ensino e aprendizagem, compreendemos a prática educativa como sendo um com-
plexo de vias de acessos e saídas que constituem um processo de interligação de
sujeitos e coletividades, no qual não existe somente aquele que ensina e outro que
somente aprende. Todos interagem na construção de compreensões, entendimen-
tos e mudanças.
Quanto às obrigações das Instituições de Ensino, no que se refere à realização
das atividades de estágio de seus educandos, a Lei n.º 11.788/08 estabelece em seu
Artigo 7º:
259
260
O processo de ensino aprendizagem requer uma atenção especial, pois esta relação
é muito dinâmica nos vários ciclos de ensino, variando a faixa etária, hábitos, cos-
tumes e as culturas.
Sendo assim, se faz necessário o acompanhamento de um professor orientador
que tenha vivência no ambiente específico de atuação educacional, conduzindo
todo processo de construção e execução das atividades propostas para serem de-
senvolvidas durante o estágio.
a. Coordenador do curso;
b. Coordenador de estágio do curso;
c. Professor Formador do estágio;
d. Um representante dos Tutores;
e. Um representante discente.
261
262
263
264
265
266
267
268
Observação:
Perfil exigido para tutor: funcionário público, formado na área de Ciências
Sociais Aplicadas, e/ou discentes de cursos de pós-graduação de áreas correlatas.
No caso da não existência de professores com formação específica no campo de
estágio, este tutor poderá ser de áreas afins estabelecendo diálogos interdisciplina-
res e transdisciplinares sempre com o foco nas questões formativas do estagiário.
Do campo de estágio
269
Anexos
270
Da avaliação
271
272
O relatório deve ser apresentado com capa, folha de rosto, agradecimento, men-
sagem, sumário, elaborado dentro das normas da ABNT, obedecendo às fontes, os
espaços, às citações e dividido da seguinte forma: introdução, a docência na edu-
cação, caracterização da unidade de ensino, descrição das atividades desenvolvidas
no estágio, considerações finais, apêndices, referências bibliográficas e anexos.
Aqui foi feito um estudo diagnóstico da unidade de ensino que foi realizada o está-
gio, através da sua localização para entender toda sua funcionalidade, assim como
sua clientela com as dificuldades locais. Dessa forma, foi descrito um texto falando
de sua localização, da clientela, identificação do bairro para a cidade com suas difi-
culdades de saneamento, de segurança, de área destinada para o lazer e a importân-
cia da escola para aquela comunidade.
273
Identificamos também todas as opções de acesso para a escola para quem vai
de ônibus, de moto-táxi, andando, de bicicleta, destacando os pontos de referência
e apontando todas as alternativas que venham evitar transtornos de atraso para o
desenvolvimento das atividades propostas.
Fizemos também uma descrição breve da estrutura física da unidade de ensino,
com o objetivo de analisar a dimensão física e estrutura na utilização das aulas e do
organograma da escola, verificando o quantitativo referente ao corpo administra-
tivo e pedagógico da escola, assim como outros tópicos que consideramos relevan-
tes para complementar a análise reflexiva sobre o campo de estágio.
Além destes aspectos, neste item, solicitamos que fosse destacada a tendência
pedagógica (por exemplo, tradicionalista, construtivista, tecnicista...) concebida
nesta instituição. Vale ressaltar que a definição da tendência pedagógica da Unidade
de Ensino (EU) deve estar fundamentada em exemplos (circunstâncias vividas na
escola) e pode ser encontrada no projeto político pedagógico ou proposta pedagó-
gica da escola ou até mesmo em uma análise proveniente da observação em campo.
Neste item o aluno pôde, de forma crítica e fundamentada, relatar todos os mo-
mentos vividos no estágio, trazendo a metodologia vivida para uma reflexão de
contribuição para sua formação profissional como experiência de campo.
Aqui foi elaborado um texto com a descrição de todas as atividades desenvolvi-
das em sua carga horária de estágio, como os momentos de observação, copartici-
pação, de intervenção e execução do projeto.
A práxis pedagógica foi descrita com riqueza de detalhes, com a opinião de
cada estagiário e sua fundamentação, tendo em vista discorrer sobre as atividades
desenvolvidas, bem como as intervenções realizadas no processo de ensino-apren-
dizagem. O referencial teórico que embasou a concepção de educação adotada pelo
estagiário foi apresentado neste item do relatório.
274
Considerações finais
Apêndices
Aqui foi postado todo material produzido pelos alunos durante o estágio: crono-
grama de estágio, cronograma das aulas, planos de aulas, atividades propostas e
atividades avaliativas, fotografias.
Referências
Esta postagem foi no final do trabalho e consistiu na relação das fontes de consulta
que foram utilizadas para a organização teórica do seu relatório, como por exem-
plo, periódicos, livros, ou trabalhos citados no texto.
A elaboração desta lista seguiu as normas fixadas pela ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
Anexos
275
Considerações finais
Esta experiência foi muito gratificante, pois foi uma proposta desafiadora para o
ensino na modalidade a distância. Diante das dificuldades de compreensão e elabo-
ração das propostas de construção do relatório, a disciplina Estágio Supervisionado
proporcionou ao acadêmico resgatar todos os conteúdos estudados durante o cur-
so de graduação, estimulando o mesmo a repensar a teoria para colocar em prática
no ambiente específico de atuação profissional.
Diante desta experiência vivida de implantação da disciplina Estágio
Supervisionado no campo da Educação a Distância, no curso de Educação Física
pela UNEB-UAB, fui obrigado a atualizar meus conhecimentos da utilização das
tecnologias para facilitar o processo do aprendizado, assim como a buscar alterna-
tivas de comunicações para facilitar o entendimento e estimular às ações reflexivas
dos conteúdos utilizados durante o estudo da disciplina, obtendo um melhor resul-
tado na proposta do EAD.
Como o docente precisa, de forma constante, reciclar seus conhecimentos atra-
vés das atualizações dos seus conteúdos em busca de se capacitar para melhor exer-
cer sua profissão, é que aceitei este desafio com a certeza de encontrar um meio
termo que conseguisse bons resultados dos alunos, no sentido de atingir seus ob-
jetivos de forma mais contundente tanto no formato presencial como a distância.
No campo de Educação a Distância o docente deve estar sintonizado com as
novas tecnologias para caminhar junto com o processo de ensino aprendizagem,
facilitando assim a percepção dos alunos e capacitando os mesmos para atuação no
campo profissional.
Para minha surpresa, não precisei mudar os conteúdos utilizados no curso pre-
sencial para o curso a distância, e sim fazer uma adaptação deste conteúdo para
uma linguagem escrita com a utilização das tecnologias.
Os resultados foram bastante satisfatórios, podendo inclusive afirmar que os
trabalhos construídos e apresentados pelos alunos do curso a distância foram além
das expectativas em muitos momentos, apresentando domínio e segurança total
tanto quanto os alunos do curso presencial.
A maior dificuldade apresentada para o desenvolvimento prático é que em al-
gumas cidades não têm aulas de Educação Física com professores da disciplina em
determinado ciclo do ensino, e nestes casos tivemos que fazer uma adaptação para
as aulas de Educação Física com o próprio estagiário e a coordenadora pedagógica
da escola.
276
Sabemos que este modelo de ensino ainda é muito recente para alguns cursos
e que precisa de muitas adaptações para chegar a um modelo ideal, mas estamos
convictos que é uma realidade de sucesso, possível de formar profissionais na área
de Educação Física que possam atuar profissionalmente atendendo às verdadeiras
necessidades que a profissão exige.
Referências
ALVES, N. (Org.). Formação de professores: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 2004.
BRASIL. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de
1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil.
Brasília, DF, 18 ago. 1971. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/
l5692_71.htm>. Acesso em: 3 jul. 2014.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em:
27 jun. 2014.
BRASIL. Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes;
altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de
1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art.
6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 26 nov. 2008
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais. 2. ed. Rio de
Janeiro: DP&A, 2000.
CHILLON. G. D. Apologia do diário escolar. Pátio, Porto Alegre, ano 1, n. 4, p. 46-49.
fev./abr. 1998.
COLL, C. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.
COLL, C. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.
DEMO, P. Saber pensar. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
ETAL, G. P. S. J. Didática de educação física, a criança em movimento, jogo, prazer e
transformação. São Paulo: FTDS, 1998.
FAZENDA, I. C. A. A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas: Papirus, 2000.
GUEDES, M. H. de S. Oficina de brincadeira. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
277
278
279
280
281
282
283
284
Formato 17 x 24 cm
Impressão EDUFBA
Tiragem 300
ISBN 978-85-232-1658-0
9 788523 216580