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Física IV

Franklin Cruzio

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Apresentação

O propósito deste trabalho é favorecer a autonomia do aprendiz, proporcionar


condições de interatividade com novos objetos, ambientes de aprendizagem,
onde cada um contribui com suas singularidades, limitações e criações. O texto
é composto de 4 unidades.
Na unidade 1, apresentamos circuitos com resistores, capacitores e indutores
conectados em várias combinações alimentados por tensão senoidal.
Na unidade 2, mostraremos que das equações de maxwell se deduz a
equação de onda dos vetores elétrico e magnético, que descreve uma onda
eletromagnética.
Na unidade 3, você terá a oportunidade de examinar as leis da reflexão e a
formação de imagens pelos espelhos e lentes.
Na unidade 4, apresentamos algumas teorias e experiências que nos
permitem compreender a natureza ondulatória da luz.

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Sumário
Unidade 1 Circuitos de corrente alternada
1.1 Circuitos de corrente alternada....................................................................05
1.1.1 Objetivo.....................................................................................................05
1.1.2 Contexto....................................................................................................05
1.2 Componentes lineares.................................................................................06
1.2.1 Gerador de corrente alternada..................................................................06
1.3 Relação entre corrente e voltagem em cada elemento...............................08
1.3.1 Resistor em regime AC.............................................................................08
1.3.2 Capacitor em regime AC...........................................................................08
1.3.3 Indutor em regime AC...............................................................................08
1.4. Circuito RLC com gerador.........................................................................09
1.4.1 Circuito RLC em série...............................................................................09
1.4.2 Circuito RLC em paralelo..........................................................................13
1.4.3 Circuito AC - Exercícios...........................................................................16
Unidade 2 As equações de Maxwell
2.1 As equações de Maxwell........ ...................................................................19
2.1.1Objetivo......................................................................................................19
2.1.2 Contexto...................................................................................................19
2.1.3 As equações.............................................................................................20
2.1.4 Parâmetros característico dos meios.......................................................24
2.1.5 Informações gerais...................................................................................25
2.1.6 Informação adicional................................................................................26
2.1.7 Operadores diferenciais e Teorema da divergência.................................27
2.1.8 Ondas eletromagnéticas...........................................................................29
Unidade 3 Óptica geométrica
3.1 Óptica geométrica........................................................................................34
3.1.1 Objetivo.....................................................................................................34
3.1.2 Contexto....................................................................................................34
3.2 Conceitos Básicos.......................................................................................35
3.2.1 Os raios de luz e ondas de luz..................................................................35
3.2.1 Os raios de luz e ondas de luz..................................................................37
3.2.3 Reflexão de uma superfície curva...........................................................39
3.2.4 Refração da luz de interfaces ópticas ......................................................40
3.2.5 Lei de Snell...............................................................................................42
3.2.6 Ângulo crítico e reflexão interna total........................................................44
3.2.7 Refração em prismas................................................................................46
3.2.8 Aplicações especiais de prismas..............................................................46
3.2.9 Formação de imagens por espelhos........................................................46
3.2.10 Imagens formadas por espelhos esféricos.............................................48
3.2.11 Raios.......................................................................................................50
3.2.12 Fórmulas do espelho..............................................................................51
3.1.13 Ampliação de uma imagem de espelho..................................................52
3.2.14 Formação de imagem com lentes.........................................................54
3.2.15 Função de uma lente..............................................................................55
3.2.16 Lentes ...................................................................................................;57
3.2.17 Tipos de lentes ......................................................................................58
3.2.18 Localização de imagens pelo método gráfico.................................. ....58

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Unidade 4 Óptica ondulatória
4.1 óptica ondulatória.........................................................................................64
4.1.1 Objetivo.....................................................................................................64
4.1.2 Contexto....................................................................................................64
4.2 Interferência, difração e polarização...........................................................65
4.2.1 Coerência..................................................................................................65
4.2.2 Difração.....................................................................................................68
4.2.3 Experimento de Young.............................................................................71
4.2.4 Redes de difração.....................................................................................75
4.3.1 Polarização da luz.....................................................................................82
4.3.2 Polarizadores............................................................................................82
4.3.3 Polarização por reflexão...........................................................................84
4.3.4 Exercícios adicionais................................................................................84
Referências........................................................................................................

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UNIDADE 1 Circuitos de corrente alternada

1.1 Circuitos de corrente alternada


1.1.1 Objetivo
 Analisar circuitos alimentados por gerador de corrente alternada.
 Estudar a resposta temporal e em freqüência de circuitos básicos AC.
1.1.2 Contexto
Os resistores, os capacitores e os indutores são denominados componentes
lineares, porque a corrente aumenta na proporção direta da tensão aplicada, de
acordo com a lei de Ohm. Os componentes que não mantém essa
proporcionalidade são ditos componentes não lineares.
Em circuitos de corrente alternada aparecem dois novos conceitos
relacionados com a oposição a circulação da corrente elétrica. Trata-se da
reatância e a impedância. Um circuito apresentará reatância se inclui
condensadores ou bobinas ou ambos. O conceito de reatância é diferente do
conceito de resistência elétrica. A impedância é um conceito totalizador, é a
soma de ambos. É, portanto um conceito mais general que a simples
resistência ou reatância. Essa impedância depende da freqüência. Quando a
freqüência aumenta, a reatância indutiva aumenta e a reatância capacitiva
diminui; assim, existe sempre uma freqüência para a qual a reatância indutiva é
igual à reatância capacitiva. Para essa freqüência o circuito se comportará
como puramente resistivo, os efeitos capacitivos e indutivos se anulam
mutuamente. Esse efeito é chamado de ressonância.
Sempre que uma diferença de potencial for subitamente estabelecida em um
circuito que contenha um resistor e um capacitor ou um resistor e um indutor,
existirá uma corrente que varia exponencialmente com o tempo. Uma corrente
deste tipo, que não se repete, é denominada transiente. Nesta unidade, nós
descreveremos circuitos de corrente alternada.
Nós estudaremos circuitos com resistores, capacitores e indutores conectados
em várias combinações alimentados por uma tensão senoidal.

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1.2 Componentes lineares
Todos componentes usados em circuitos eletrônicos possuem três
propriedades básicas: resistência, capacitância e indutância. Em muitos casos,
apenas uma das três propriedades prevalece. Portanto, podemos tratar
componentes como tendo somente uma das três propriedades quando
apropriadamente, comporta-se de acordo com as seguintes definições.
Resistência
É a propriedade associada a um componente que exibe oposição a circulação
de corrente elétrica.
Capacitância
É a propriedade do componente associada à oposição a qualquer variação em
voltagem entre seus terminais.
Indutância
É a propriedade do componente associada à oposição a qualquer variação em
corrente entre seus terminais.
Componentes nos quais prevaleça resistência são chamados resistores;
aqueles que exibem capacitância são chamados capacitores, e outros que
exibem indutância são chamados indutores.
1.2.1 Gerador de corrente alternada
Um circuito AC consiste de elementos de circuito e um gerador que provê
corrente alternada.
O gerador de corrente alternada é um dispositivo que converte a energia
mecânica em energia eletrifica. O gerador mais simples consta de uma espira
retangular que gira em um campo magnético uniforme. O movimento de
rotação das espiras é produzido pelo movimento de um elemento externo.
Quando a espira gira, o fluxo do campo magnético a través da espira varia com
o tempo. Produzem-se uma fem.
Ф = B ∙ A = BAcos θ = BA cos t
dФ/dt = - BAsint.
ε = - dФ/dt = BAsint
Os terminais da espira se conectam a dois anéis que giram com a espira, tal
como se vê na figura 1. As conexões ao circuito externo se fazem mediante
escovas estacionarias em contacto com os anéis coletores..
Outros geradores são quase sempre, versões mais complexas do mesmo
dispositivo.
Um circuito AC consiste de elementos de circuito e um gerador que provê
corrente alternada. O princípio básico do gerador AC é uma conseqüência da
lei de indução de Faraday. A espira de fio em rotação entre os pólos de um ímã
é basicamente o protótipo do gerador de corrente alternada ou alternador.
O diagrama da figura 1 mostra um gerador de corrente alternada capaz de
produzir tensão alternada. Quando v ( t ) é positivo ( no topo da onda ), isto
significa que a tensão no terminal superior da carga resistiva é maior do que a
tensão no terminal inferior. E quando v é negativo, então o terminal inferior tem
uma tensão maior do que a tensão no terminal superior. Um osciloscópio
permite exibir isto.

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O diagrama também mostra um gráfico da tensão produzida pelo gerador, em
função do tempo quando a espira gira de um círculo completo. Esta voltagem
senoidal instantânea é v ( t ) = Vmax∙ sin ( t + .φ )
• v ( t ) = Vmax∙ sin ( t + .φ ) é a função que dá a curva sua forma de
onda; Vmax, t e φ são parâmetros que descrevem detalhes da curva:
• Vmax é a amplitude máxima ou de pico da onda senoidal,
• ω é a freqüência angular e descreve a rapidez com que a curva oscila ( é a
taxa de rotação do gerador medida em radianos por segundo ), e φ é o ângulo
de fase; determina o deslocamento da onda para esquerda ou para direita. A
espira em rotação representada na figura 1 pode ser utilizada como fonte num
circuito externo. Uma mudança de 360 graus angulares ( 2 radianos ) é uma
rotação de um ciclo completo e todas as pequenas mudança são mudança de
menos de um ciclo.
O circuito RLC é o circuito elétrico consistindo de um resistor de resistência R,
uma bobina de indutância L, um capacitor de capacitância C e uma fonte de
tensão em série. Analisaremos as relações entre voltagem e corrente
instantâneas em cada um dos elementos: fonte de alimentação ou fem,
resistores, indutores e condensadores. Em particular, se supõe que a fem
proporciona uma voltagem instantânea senoidal da forma v ( t ) = V0sinθ
Num circuito AC, os únicos componentes que dissipam energia são os
resistores. Os reatores, capacitores e indutores, armazenam energia.
Nota: Para representarmos correntes e tensões senoidais faremos diagramas
de fasores. Nesses diagramas, o valor instantâneo de uma grandeza que varia
com o tempo é representado pela projeção vertical segundo um dos eixos
coordenados. A combinação de grandezas senoidais com diferenças de fase, é
análoga a uma soma de vetores.

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1.3 Relação entre corrente e voltagem em cada
elemento
1.3.1 Resistor em regime AC
Quando um resistor de resistência R é
conectado aos terminais de uma fonte
AC como representado na figura 2, tanto
a corrente como a voltagem variam com
sin( t ), de modo que a corrente está
em fase com a tensão. As amplitudes da
corrente e da voltagem, como representa
a figura 2, estão relacionadas da mesma
maneira que em um circuito DC.

1.3.2 Capacitor em regime AC


Para o capacitor, figura 3, submetido à
tensão AC, v = Vosin ( t ), a diferença
de potencial instantânea é: v = q / C
dv / dt = ( 1/C ) ∙ dq / dt
Com: v = ( Vo sin t ); dq / dt = I,
 Vo cos t = (1/C) ∙ I,
I = C Vo cos t
I = C Vo sin( t + /2 )
I = Io sin( t + /2 ), onde Io = CVo é o
valor de pico da corrente.
Observe que a corrente de pico chega ao
capacitor ¼ de período antes da tensão,
figura 3.
A relação entre a tensão de pico e a
corrente de pico é: Vo = ( 1/C ) Io.
Com: XC = 1/C, Vo = Io ∙ XC

A constante de proporcionalidade 1/C é


chamada reatância capacitiva, XC;
1.3.3 Indutor em regime AC
Para o gerador de corrente alternada
conectado a uma indutância, circuito
esquematizado na figura 4, I = Io sin( t ).

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( O fenômeno não se altera se ao invés da corrente, I = Io sin ( t ) toma-se
como referência o valor da tensão no circuito ).
v = - vL , vL = - L∙ dI/dt, v = L∙ dI/dt.

dI/dt =  Io cos t

v = L Io cos t

v = L Io sin ( t + 90° )

v = Vo sin( t + 90° )

A corrente segue a tensão. Neste caso, a


corrente se atrasa de 900 em relação à
tensão ( ou a tensão está avançada de
900 em relação à corrente ).
Com Vo = IoL, a reatância indutiva é:
XL   ∙ L (reatância indutiva).
O termo genérico reator é usado para se referir tanto a um indutor como a um
capacitor.
1.4 Circuito RLC com gerador
Há dois tipos comuns de configuração para o circuito RLC: série e paralelo.
1.4.1 Circuito RLC em série
As diferenças de potencial instantâneas
em um circuito AC em série se somam
algebricamente, tal como em um circuito
DC, mas as amplitudes de voltagem se
somam como vetores, figura 5.
Quando o gerador de corrente alternada
é conectado ao circuito composto por um
resistor R, um indutor L e um capacitor
C, todos ligados em série, como é
mostrado na figura 5, para manter a
corrente I = Io sin t no circuito, são
necessárias tensões para vencer a
resistência ôhmica, a reatância capacitiva
e a reatância indutiva.

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Neste caso as tensões se somam da seguinte forma:

v1 = RI v1 = Io Rsin t

v2 = LdI/dt v2 = L Io cos t

v3 = (1/C)  Idt v3 = - (1/C) Io cos t

v = Vo sin ( t +  ) = R Io sin t + L Io cos t - (1/C) Io cos t

v = Vo sin ( t +  ) = R Io sin t + ( L - 1/C ) Io cos t

As condições:

 Para t = 0, Vo sin  = ( L – 1/C ) Io

 Para t = /2, V ocos  = R Io , Vo/ Io = Z

Zsin  = ( L – 1/C ) Z =  R2 + ( L – 1/C )21/2

Zcos  = R tg  = ( L – 1/C ) / R

Com : R; XL = L; XC = 1/C , Z =  R2 + ( XL – XC )2 1/2

A amplitude da tensão AC é:

Vo = Z ∙ Io, mas a tensão tem um avanço de um angulo  em relação à


corrente.
A constante Z de proporcionalidade entre Vo e Io é chamada impedância e é
análoga a R na lei de Ohm:
Vo / Io = Z =  R2 + ( L – 1/C )21/2

A fórmula para a impedância de um circuito de corrente alternada em série tem


um mínimo, quando:
( L – 1/C ) = 0  = ( 1/LC ) ½.

Este valor de  é denominado freqüência de ressonância o:

o = ( 1 / LC ) 1/2 .

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Com Q( t ) a carga do capacitor e I( t ) a corrente no circuito as tensões em
R, L e C são: VR = RI, VL = L dI / dt e VC = Q/ C  Pela lei de Kirchhoff :
L d I ( t ) / dt + R I ( t ) + Q( t ) / C = v ( t ) ou
LI'( t ) + RI( t ) + Q( t ) / C = v ( t )

Conhecidos R, L, C e v ( t ), esta é uma equação diferencial com duas


incógnitas, I e Q. No entanto, as duas incógnitas estão relacionadas por:
I ( t ) = d Q( t ) / dt
A equação diferencial do circuito é:
LQ"( t ) + RQ'( t ) + Q( t ) / C = v (t)
ou, diferenciando a equação LI'( t ) + RI( t ) + Q( t ) / C = v ( t )

LI"( t ) + RI'( t ) + I( t ) / C = v'( t )

Para uma fonte de tensão alternada, escolhendo a origem de tempo de modo


que v ( 0 ) = 0, v ( t ) = E0 sin ( ωt ) a equação diferencial torna-se

LI"(t) + RI'(t) + I(t)/C = ωE O cos(ωt) Eq.[ a ]


Solução geral
Para simplificar a resolução desta equação, há um teorema que diz:
Se Ip ( t ) é a solução da equação diferencial não homogênea, e Ih ( t ) é uma
solução da equação homogênea correspondente, então I ( t ) = Ip ( t ) + Ih ( t )
também é uma solução da equação não homogênea.
A equação [ a ] tem muitas soluções. Por considerações físicas é de se esperar
que uma das soluções seja uma solução estacionária de coordenadas I( t ) e
ω ( freqüência angular da fonte externa ).

I p ( t ) = Asin( ωt – φ )

com amplitude A e fase φ a ser determinada. Neste caso, o circuito


responde a uma oscilação externa em tensão com uma corrente que oscila
com a mesma taxa. Para Ip ( t ) ser a solução,

LI p "( t ) + RI p '( t ) + I p ( t ) / C = ωE O cos( ωt )

–Lω2 Asin ( ωt – φ ) + RωAcos ( ωt – φ ) + 1 / C Asin ( ωt – φ ) =


= ωE0 cos ( ωt ) = ω E0 cos ( ωt - φ + φ )
e, portanto, ( 1 / C - Lω2 ) Asin ( ωt – φ ) + RωAcos ( ωt – φ ) =

= ωE0 cos ( φ ) cos ( ωt – φ ) - ωE 0 sin ( φ ) sin ( ωt - φ )

Comparando os coeficientes de sin ( ωt – φ ) e cos ( ωt – φ )


( Lω2 - 1/ C ) A = ωE0 sin ( φ ) Eq.[ b]
RωA = ωE0 cos ( φ ) Eq.[ c]

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Resolvendo as equações [ b ] e [ c ] para A e φ
tan ( φ ) = ( Lω2 - 1/ C ) / Rω
Φ = tan -1 ( Lω / R - 1 / RCω ) ⇒ [ ( Lω2 - 1 / C ) 2 + R 2 ω 2 ] 1/2 A =
= ωE0 ⇒ A = ωE0 / [ ( Lω 2 - 1/ C ) 2 + R2 ω 2 ]1/2 Eq.[ d]
Note que, freqüências externas ω distintas produzem resultados distintos em
amplitudes. O esboço gráfico da figura 6 representa um típico resultado para a
curva A versus ω, com todos os outros parâmetros mantidos fixo.
Note a estreita faixa de freqüência para uma grande resposta em amplitude.
Este é o fenômeno da ressonância.

Para saber mais execute a simulação em:


http://www.lon-capa.org/~mmp/kap23/RCL/app.htm
Equação homogênea
Na condição LI"(t) + RI'(t) + I(t)/C = 0 Eq.[ e]
Esta é a chamada equação homogênea correspondente da Eq.[ a ]. Há muitas
soluções para a equação [ e ].
No caso da equação [ e ], cujos coeficientes são constantes, existe sempre
uma solução da forma I ( t ) = ert , com a constante r a determinar. Esta é uma
solução de Eq.[ e ] se e somente se

Lr2 ert + Rrert + 1 / C ert = 0 ⇒ Lr 2 + Rr + 1/ C = 0 ⇒


r = [ - R ± ( R2 - 4L / C )1/2 ] / 2L ≡ r 1,2 Eq.[ f]
Assim, er1 t e er2 t satisfazem a Eq.[ e ] . Porque a Eq.[ e ] é linear e
homogênea, isto impõe que C1e r1 t + C2e r1 t também seja uma solução,
para quaisquer valores das constantes C1 e C2 .
( Para verificar isso, basta substituir C1 er1 t + C2 er2 t em Eq.[ e ] ).
Com R 2 ≠ 4L / C , r1 e r2 são distintas.
Então, a solução geral da Eq.[ a ] é:

I ( t ) = C1 er1 t + C2 er2 t + Asin ( ωt – φ )


com r1 , r2 dada em Eq.[ f ] e A, φ dada em Eq.[ d ] . As constantes
arbitrárias C1 e C2 determinadas por condições iniciais. No entanto, quando
er1t e er2t caem com rapidez, em geral seus valores não são significativos.

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Por conseguinte podemos obter a solução I( t ) para esta equação como soma
de uma solução homogênea com solução particular ( de forma senoidal ou
harmônica ).
A solução homogênea se conhece como corrente transitória ou transiente; a
solução particular ou forçada se conhece como corrente permanente.
1.4.2 Circuito RLC em paralelo
No caso de associação em paralelo, figura 7, as três ramificações têm a tensão
total v = Vo sint, a qual origina as correntes I1, I2 e I3, que estão relacionadas,
entre si, da seguinte forma:

v = RI1 I1 = ( Vo / R ) sin t

v = L ( dI2/dt ) I2 = ( 1/L )  Vdt = - ( Vo / L ) cos t

v = ( 1/C )  I3dt I3 = C ( dV/d t) = C Vo cos t

Pela lei de Kirchhoff: I = I 1 + I 2 + I3


I = Io sin( t +  ) = ( Vo /R )sin t - (Vo / L) cos t + C Vo cos t

I = Io sin( t +  ) = ( Vo /R )sint + ( C – 1/L ) Vo cos t

As condições:

 Para t = 0, Io sin  = ( C – 1/L ) Vo

 Para t = /2, Io cos  = Vo / R, Io / Vo = 1/Z

1/Zsin  = ( C – 1/L ), 1/Z =  1 / R2 + ( C – 1/L )21/2

1/Zcos  = 1 / R, tg  = R ( C – 1/L )

Com: XL = L ; XC = 1/C

1/Z =  1 / R2 + ( 1/XC – 1/XL )2 1/2

Para XL = XC ou L = 1/C,  = ( 1/LC ) 1/2 , Z é máximo.

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Com: I = I1 + I2 + I3 , I( t ) = v / R + ( 1 / L )  vdt + C ( dv /d t)

A equação diferencial do circuito é:

Cv"( t ) + 1/R( v'( t ) ) + v( t ) / L = dI / dt

Na condição I = 0

Cv"( t ) + 1/R( v'( t ) ) + v( t ) / L = 0

Para v ( t ) = C ert

r 1,2 ≡ - 1 / 2RC ± [ ( 1/2RC ) 2 - 1 /L C )] 1/2

v ( t ) = C1e r1 t + C2e r1 t

 = 1/2RC; 02 = 1 / L C

 é chamada freqüência neperiana ou coeficiente de amortecimento


exponencial e é representada por  = 1/2RC, esta expressão é uma medida da
rapidez com que decai ou é amortecida para o estado permanente a resposta
do circuito.
As raízes da equação característica contem três possíveis condições:
 Duas raízes reais e distintas para 2 > 02 . Circuito sobre-amortecido.
 Duas raízes reais iguais para 2 = 02. Circuito criticamente amortecido
 Duas raízes complexas para 2 < 02. Circuito sub-amortecido

Usualmente equações diferenciais de segunda ordem são escritas da seguinte


forma: I"(t) + 2  I'(t) + ω02 = 0

Para saber mais acesse:

http://extraphysics.com/java/models/rlc.html

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O circuito RLC é de segunda ordem, porque é descrito por uma equação
diferencial de segunda ordem. Sua equação característica é:

r 2 + 2r + ω02 = 0.

Onde é fator de amortecimento e ω0 é a freqüência natural do oscilação.

Para o circuito RLC em série  = R / 2L; para o circuito RLC em paralelo


 = 1 / 2 RC e para ambos os casos, ω0 = ( 1 / LC ) ½

Se não há fontes nem sorvedouros no circuito após qualquer mudança ( ou


mudança súbita ), consideramos o circuito na condição de oscilador livre. A
solução completa é a resposta natural.

A resposta de um circuito RLC é sobre-amortecida, sub-amortecida, ou


criticamente amortecido, dependendo das raízes da equação característica.

A resposta é criticamente amortecida quando as raízes são reais e iguais


(r1 = r2 ou = ω0 ); sobre-amortecida quando as raízes são reais e distintas
(r1 ≠ r2 ou  > ω0 ); ou sub-amortecida, quando as raízes são complexas
conjugadas ( r1 = r2 ou  < ω0 ), figura 8.

Se há fontes independentes presentes no circuito após uma mudança, a


resposta total é a soma da resposta transitória e a resposta em estado
estacionário.

A potência instantânea dissipada no circuito é P(t) = v(t)I(t). De acordo com a


equação, v(t) = Vosin(t + ) quando I = Iosin t . Assim:

P(t) = Vo Io sin(t + ) sint = Vo Io ( sint cos - cost sin ) sint

Como cost sin = ( sin2t ) / 2, a potência média dissipada é

P = ( Vo Io / 2) cos

O fator cos é chamado fator de potência e vale cos = R / Z

P = ( ZIo ) (Io / 2) ( R / Z ) = 1 / 2 Io 2 R, I ef 2 = 1 / 2 Io 2

Para saber mais acesse


http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/elecmagnet/induccion/alterna/alterna.htm

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1.4.3 Circuito AC - Exercícios
Exercício 1
Uma bobina retangular de 50 espiras, cada uma com 50cm 2 de área, gira em
torno de um eixo num campo magnético uniforme de 0.14Wb / m 2, com o eixo
de rotação perpendicular ao campo e velocidade angular 150 rad / s. A
resistência ôhmica da bobina é 5, e a fem está aplicada por meio de anéis e
escovas a uma resistência externa de 10 , figura 1.
Calcule a corrente de pico que flui e a potência média fornecida ao resistor.
Solução

 NAB
  NAB sin t , I   sin t . O valor de pico da corrente é:
R R

NAB 500  50  10 4  0.14  150


I max    3A
R 15
Nota: - A unidade SI de fluxo magnético é dada pela unidade de campo
magnético 1T onde, 1T  1 N A  m multiplicada pela unidade de área 1m 2 .
Essa unidade é chamada de weber , 1Wb ; 1Wb  10 8 Maxwell .

Exercício 2
Uma lâmpada fluorescente de 500W absorve corrente de 2.5A, com um fator
de potência 1. Calcule a indutância da bobina que é necessário incluir em série
com a lâmpada, caso esta deva funcionar com uma fonte de 250V e 60Hz.
Solução
Uma vez que a lâmpada absorve corrente de 2.5A, com fator de potência 1, ela
deve ser puramente resistiva e ter resistência tal que P  I 2 R
P 500W
R 2   80
I 2.5 A2
Uma vez que o arranjo definitivo deverá funcionar com uma fonte de 250V e
60Hz, um reator de indutância L deve ser ligado em série, onde

Z 2  R 2  L2 2 Z2 
250V 2  10000 2
2.5 A2
60
  2 L2  3600 2 L  100mH
2  60s 1

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Exercício 3
Determine a amplitude das oscilações de um circuito LC alimentado por um
gerador de tensão alternada.
Solução

d 2q q
A equação diferencial para o circuito LC forçado é: L   V (t )
dt 2 C
Em particular, se supõe que o gerador proporciona uma voltagem instantânea
senoidal da forma v(t) = Vo sin t. Além disso, ω0 = ( 1 / LC ) ½
Estes valores substituídos na equação, resulta:

d 2q
 L0 q  Vo sin t
2
L 2
dt
O sistema é obrigado a pulsar com a freqüência externa ω Assim, a resposta
também é harmônica. A solução da equação diferencial é da forma:

q = qo sint, então:

dq/dt = qo  cost; d2q/dt2 = - 2qosint

- L2qosint + Lo2qosint = Vosint


Resolvendo a equação para qo,

qo = Vo / ( L ( o2 - 2 ) )
Esta expressão dá a amplitude das oscilações para o circuito LC forçado. Na
condição  = o o circuito entra em ressonância. Neste caso a amplitude seria
infinita, mas isto não acontece. Em circuitos práticos a resistência é um
parâmetro importante e deve ser levada em consideração.
Exercício 4
Resolva a equação diferencial para as oscilações livres de um circuito RLC.
Obtenha a carga instantânea Q = Q(t) nas placas do capacitor.
Solução

A equação diferencial do circuito é:


LQ"( t ) + RQ'( t ) + Q( t ) / C = 0

Q"( t ) + R/LQ'( t ) + Q( t ) / LC = 0

Em geral, as oscilações eletromagnéticas deste circuito são amortecidas.

Assim, considerando a condição  < ω0 ,

17
com:  R2L , ω0 = ( 1 / LC ) ½

A equação característica é: r 2 + 2r + ω02 = 0.


Há duas soluções a considerar:
r 1,2 ≡ - R / 2L ± ( 2 - ω02)1/2

Na condição  < ω0 , as soluções do polinômio característico são complexas


e têm a parte real negativa. O sistema está sub-amortecido.

r 1,2 ≡ - ± ω1  j onde, j   1 e ω1 = ( ω02 - 2 )1/2


A solução geral da equação diferencial é:
Q  K1e t  j1t  K 2 e t  j1t
Com: K1  1 2 Ae j , K 2  1 2 Ae  j ,

Q  Ae t cos(1t   )
A constante A = Qo; ω1 é a freqüência angular das oscilações livre.
A amplitude de oscilação decresce exponencialmente com o tempo, figura 9.

18
UNIDADE 2 As Equações de Maxwell

2.1 As Equações de Maxwell


2.1.1 Objetivo
 Estudar efeitos elétricos e magnéticos de cargas e correntes.
 Descrever a propagação de uma onda eletromagnética senoidal.
2.1.2 Contexto
As quatro equações de Maxwell descrevem os campos elétricos e magnéticos
resultantes de diferentes distribuições de cargas elétricas e correntes; como
esses campos variam no tempo. As equações são a sínteses matemática de
resultados experimentais de efeitos elétricos e magnéticos de cargas e
correntes. A contribuição de Maxwell é apenas o último termo da última
equação Um aspecto importante da generalização de Maxwell está na
admissão de que um campo magnético é produzido não só por uma corrente
elétrica, mas também por um campo elétrico variável; um campo elétrico é
provocado não só por cargas elétricas, mas também por um campo magnético
variável. A variação do fluxo de campos elétricos e magnéticos podem
alimentar-se mutuamente estes campos propagam-se indefinidamente pelo
espaço, longe das cargas variáveis e correntes onde se originaram. Com o
novo termo da equação ( Maxwell o chamou de corrente de deslocamento ) os
campos percorrem o espaço de uma forma auto-sustentável, e com a
velocidade da luz

2.1.3 As equações
I. Lei de Gauss para campos elétricos:

( forma integral )

( forma diferencial )

19
( A Lei de Gauss estabelece que o fluxo do campo elétrico, através de
qualquer superfície fechada, é igual a 1  o vezes a carga em excesso no
interior da superfície ).

 
Carga puntiforme Pela lei de Gauss,  E  q onde  E   E  dS é o fluxo
total do campo elétrico através da superfície S, figura 1.
   
Assim,  o E   E  dS  q ;  DdS  q . No caso da distribuição uniforme de
q
carga num volume V , a densidade de carga é definida como:  ;
V
   
 
q  V ;  E   D  dS ; lim
  dS
D 
  ; div.D  lim
  dS
D

V 0 V V 0 V
  d   d   
  D  lim
V 0 V
  ou, D 
dV
 e  D  dS   divD  dV
S V


O significado geométrico de divD está expresso no teorema conhecido como
teorema da divergência ou teorema de Gauss.

O teorema de Gauss estabelece que o fluxo de uma função vetorial Dx, y, z 
contínua e diferenciável através de uma superfície fechada S é igual a integral
de volume da divergência do vetor considerado, sendo V o volume encerrado
pela superfície.
    
De acordo com a equação  D  dS   divD  dV , “ a quantidade total de   D
S V

contida no volume V” é igual ao fluxo total de D que sai por S .

20
II. A fórmula correspondente para os campos magnéticos:

( forma integral )

( forma diferencial )

O fluxo do campo magnético através de uma superfície fechada é zero( Não


existe carga magnética: não há monopolos ".)

III. Lei de Faraday da indução magnética:

( forma integral )

( forma diferencial )

( A integral de linha ao longo da curva fechada C, geralmente um fio, é igual a


força eletromotriz. Esta força eletromotriz é igual a taxa de variação do fluxo
magnético através da superfície S limitada pela curva ), figura 2.

Para saber mais acesse:

http://www.youtube.com/watch?v=stUDqGzpev8

21
IV. Lei de Ampère e a corrente de deslocamento de Maxwell:
( forma integral )

( forma diferencial )

A Lei de Ampère estabelece que existem duas fontes de campo magnético: a


corrente de condução IC e a corrente de deslocamento 0dФE/dt, em que Ф E
é o fluxo elétrico que age como fonte do campo magnético. É a lei de Ampere
com a corrente de deslocamento de Maxwell, e mostra que a integral de linha
da indução magnética B ao longo de qualquer contorno fechado C, é igual
a μ0 vezes a corrente que passa por qualquer superfície limitada pelo contorno,
somado a μ0ε0 vezes a taxa de variação do fluxo através da superfície.

   
  I I  B  dl    dl
B
 B dl   o  J x  S ; J x   ; lim
yz z S 0 S
  o J x ; rot x B  lim
S 0 S
   Bz   B y 
 dl  B y y   Bz  y y z   B y  z z y  Bz z
B

   Bz B y 
 B dl  
  y

 z
yz

 

rot x B  lim
 B  dl   Bz  B y     J i
yz 0 yz  y z 
o x

  B B y   Bx Bz   B y Bx 
rotB   z  i     j    k   o i  J x  jJ y  k  Jz 
 y z   z x   x y 

22

  B
rotB   o  J , H

    
Com i  j k ; H  iH x  jH y  kH z , pode-se verificar que:
x y z

i j k
       
  H  o  J ou   H 
x y z
Hx Hy Hz

 
Num ponto dentro do fio, que conduz uma corrente estacionária, o   H é igual
a densidade de corrente J no ponto, figura 3.
          
 H dl  I ;  H  dl   J x  dS ;  H  dl     H dS  
C S C S

O significado geométrico do rotacional é dado pelo teorema de Stokes:

O teorema de Stokes estabelece que a integral de circuitação de um vetor ao


longo de uma curva fechada C é igual ao fluxo do rotacional do referido vetor
através de uma superfície S que é limitada pela curva C.
     
 
De acordo com a equação  H  dl     H dS , “o rotH em qualquer ponto

C S

mede a intensidade com que H circula em torno deste ponto”. A intensidade


do campo magnético é proporcional à densidade de corrente.
Para saber mais acesse: http://alfaconnection.net/pag_avsm/vet0404.htm
O Exemplo de Maxwell

O exemplo de Maxwell ilustra por que o termo 0dФE/dt deve ser adicionado a
lei de Ampere: Considere a lei de Ampere para o caso de um longo fio
conduzindo uma corrente constante I; considere também que o fio condutor
seja cortado em algum ponto e a seguir ligado a duas placas metálicas
paralelas, um capacitor, de modo que a carga é simplesmente acumulada em
uma das placas e drenada da outra. Para o percurso circular usual ao redor do
fio, a situação parece inalterada, a lei de Ampère diz que o campo magnético
a uma distância r, a partir de:
 B  dl  μ I , 0

é apenas B
 0
I
2r

O fluxo elétrico total através da superfície entre as placas,

 E  dA  q  0

23
Neste caso, a corrente no fio, é apenas a taxa de variação da carga na placa,
I  dq dt

d
I 0
dt 
Das duas equações acima, E  dA

A lei de Ampère pode agora ser escrita da seguinte forma.

 B  dl   0

I  0

d
dt
 E  dA
Esta é a quarta equação de Maxwell.
Note que no caso do fio, ou a corrente no fio, ou o aumento de campo elétrico,
podem contribuir com o termo do lado direito da igualdade da equação.

Corrente de deslocamento

Maxwell se refere ao segundo termo do lado direito da equação, como a


corrente de deslocamento. Isso foi uma analogia com um material dielétrico.
Se um material dielétrico é exposto a um campo elétrico, as moléculas são
alinhadas, suas cargas positivas se movendo levemente para a direita, por
exemplo, as cargas negativas levemente para a esquerda Agora considere o
que acontece com um dielétrico em um campo elétrico maior. As cargas
positivas serão deslocadas para a direita por uma distância continuamente
maior, assim, contanto que o campo elétrico varie essas taxas também variam:
existe realmente uma corrente de deslocamento.

Solução das equações


As equações de Maxwell em função dos campos:

As equações de Maxwell quando os campos elétricos e magnéticos não


dependem do tempo:

24
De   E  0 deduzimos que o campo elétrico deriva do gradiente de um
potencial, ou seja, E   .

De deduzimos que o campo magnético é o rotacional de um vetor,


isto é, B    A .

Equações de Maxwell no vácuo

As equações de Maxwell são apresentadas da seguinte forma:

No vácuo podemos supor que no existem fontes (ou seja, que  e ).

Dessa forma é possível demonstrar que tanto o campo como o campo


tomam a forma de uma equação de ondas com uma velocidade 1  0  0  c
igual a velocidade da luz. Maxwell fez isto. Maxwell formulou a hipótesis de
que a luz é uma onda eletromagnética propagando-se no vácuo, hipótesis
experimentalmente verificada por Hertz alguns anos depois.
A partir destas quatro equações ( duas delas vetoriais ) se deduz a óptica
eletromagnética.
2.1.4 Parâmetros característicos dos meios
Os parâmetros que intervém na formulação das equações de Maxwell são os
seguintes:

25
 - Campo elétrico existente no espaço, criado pelas cargas.
 - Campo dielétrico que resume os efeitos elétricos da matéria.

D E;

 - Campo magnético existente no espaço, criado pelas correntes.


 - Campo magnético que resume os efeitos magnéticos da matéria.

B
H

  - Densidade de cargas existentes no espaço.



 J -Densidade de corrente, mede o fluxo de cargas por unidade de tempo e
 
superfície e é igual a J  v .
 - Permissividade elétrica, característica dos materiais dielétricos.
  - Permeabilidade magnética, característica dos materiais paramagnéticos.

2.1.5 Informações Gerais


As substâncias dielétricas ( que isolam eletricidade ) se distinguem das
condutoras por não possuírem cargas livres que submetidas a um campo
elétrico possam mover-se através do material. Nos dielétricos, os elétrons
estão ligados e por isso o único movimento possível é o deslocamento das
cargas positivas e negativas em direções opostas, em geral pequeno em
comparação com distâncias atômicas Esse deslocamento, chamado
polarização elétrica, atinge valores importantes em substâncias cujas
moléculas possuam um ligeiro desequilíbrio na distribuição das cargas. Nesse
caso, se produz ainda uma orientação dessas moléculas no sentido do campo
elétrico externo e se constituem pequenos dipolos elétricos que criam um
campo característico.
Polarização e deslocamento
A grandeza que descreve de quanto as moléculas de um de um dielétrico se
tornaram polarizadas por um campo elétrico, ou orientadas na direção do
campo, é uma quantidade vetorial chamada polarização P. Se p for a
componente do vetor momento de dipolo de cada molécula na direção do
campo aplicado e se houver n moléculas por unidade de volume, a polarização
é definida como P = n p, figura 4.

26
Podemos definir uma nova quantidade D, chamada deslocamento, como a
soma vetorial
D =  E + P
Definimos uma propriedade do dielétrico, chamada suscetibilidade , pela
equação P =  E. Quanto maior a suscetibilidade, maior a polarização num
dado campo. As quantidades ,  são diferentes maneira de escrever a
mesma propriedade de um dielétrico, isto é, de quanto ele se polariza quando
em presença de um campo elétrico; “suscetibilidade do vácuo é zero”. Somente
uma substância material pode se tornar polarizada. A constante dielétrica é
definida como   1   . No vácuo   1 e    o .
Magnetização
A extensão com que os momentos magnéticos moleculares são induzidos em
um material, ou são alinhados por um campo magnético externo é descrita por
uma quantidade vetorial denominada magnetização M. Esse vetor é definido de
modo a expressar a contribuição do núcleo no aumento da intensidade do vetor
campo magnético, figura 5.
B = o ( H + M )
O vetor intensidade magnética H é definido como: H = B / o - M
A magnetização M em um material depende do campo magnético H e da
natureza do material: M = m . H . Defini-se a suscetibilidade magnética m ,
como a magnetização por unidade de campo magnético.
Essas constantes estão relacionadas pela expressão:
 = o ( 1 + m )
 é a permeabilidade magnética e é dada em T  m / A; a suscetibilidade
magnética é um número.

Os materiais diamagnéticos se opõem a ação do campo magnético, têm


suscetibilidade magnética negativa, os paramagnéticos têm peguena
suscetibilidade magnética, os ferromagnéticos têm alta suscetibilidade
magnética.

2.1.6 Informação adicional


A equação de onda
Uma função de onda geral y(x,t) é uma solução da equação diferencial
conhecida como equação de onda (∂2y(x, t)/∂x2) = 1/v2(∂2y(x,t)/∂t2).

27
A equação (∂2y(x, t)/∂x2) = 1/v2(∂2y(x,t)/∂t2) é uma equação de derivadas
parciais. Qualquer função de (x - vt) ou (x + vt) satisfaz esta equação.
Para simplificar, consideramos  x vt e y(x,t) qualquer função de onda,
y(x,t) = y(x - vt) = y(  )
Com y' derivada de y em relação a 
(∂y/∂x) = (∂y/∂)(∂/∂x) = y' (∂/∂x)
(∂y/∂t) = (∂y/∂)(∂/∂t) = y' (∂/∂t)
Com, ∂/∂x = 1; ∂/∂t = -v

(∂y/∂x) = y' e (∂y/∂t) = -v y'; (∂2y/∂x2) = y",


(∂2y/∂t2) = -v (∂y/∂t) = -v(∂y'/∂)(∂/∂t) = v2 y",
(∂2y/∂x2) = 1/v2(∂2y/∂t2) é a equação de onda.
Sendo y o deslocamento de uma corda vibrante, esta equação descreve as
ondas na corda; sendo y a modificação da pressão ou densidade de um gás,
esta equação descreve as ondas sonoras; a mesma equação descreve as
ondas eletromagnéticas, em que y é o campo elétrico ou o campo magnético.

2.1.7 Operadores diferenciais e Teorema da divergência


O "operador del”, usualmente indicado pelo símbolo  "nabla", pode ser
considerado como um vetor cujos componentes nas três direções do sistema
de coordenadas cartesianas são as diferenciais parciais em relação as três
direções. As diferenciais parciais por si só não tem valor definido, até que
aplicadas a uma função. Fazendo i, j, k denotar os vetores unitários nas
direções x, y, z, o “operador del” pode ser expresso como:

Todas as operações principais do cálculo vetorial, ou seja, a divergência, o


gradiente, o Laplaciano podem ser construído a partir deste único operador. As
entidades em que operamos podem ser campos escalares e campos vetoriais.
Um campo escalar é apenas um único valor da função de coordenadas x, y, z
em cada ponto. Por exemplo, a pressão estática do ar em uma determinada
região pode ser expressa como um campo escalar p (x, y, z), pois há apenas
um único valor da p pressão estática p em cada ponto. Por outro lado, um
campo vetorial v atribui um vetor para cada ponto do espaço. Um exemplo
disso seria a velocidade v (x, y, z) do ar ao longo de uma determinada região.
Se nós simplesmente multiplicamos um campo escalar como p (x, y, z) pelo
"operador del”, o resultado é um campo vetorial, e os componentes do vetor em
cada ponto são apenas as derivadas parciais do campo escalar nesse ponto ,
ou seja,

28
Isso é chamado de gradiente de p. Por outro lado, se multiplicarmos um campo
vetorial v (x, y, z) pelo "operador del”precisamos primeiro decidir que tipo de
"multiplicação" queremos usar, porque há dois tipos diferentes de multiplicação
do vetor, usualmente chamado de produto escalar e produto vetorial.
Por exemplo, para dois vetores arbitrários
a =axi+ayj+akze b =bi+zbybj+kz
a  b “o ponto é o produto escalar” e a x b “o x é o produto vetorial” são
definidos como

O produto escalar é um escalar igual ao produto do modulo de a e b vezes o


cosseno do ângulo entre eles, e o produto vetorial é um vetor perpendicular a
ambos a e b ( com direção determinada convencionalmente pela " regra da
mão direita ") e cuja modulo é igual ao produto do modulo de a e b vezes o
seno do ângulo entre eles.
Para saber mais consulte:
http://www.lon-capa.org/~mmp/kap17/vector/vector.htm
O produto escalar de  e um campo vetorial v (x, y, z),
v (x, y, z) = v x (x, y, z) i + y v (x, y, z) j + z v (x, y, z k)
resulta um escalar, conhecido como a divergência de v, para cada ponto no
espaço:

O produto vetorial  e um campo vetorial v (x, y, z) resulta um vetor,


conhecido como rotacional de v, para cada ponto no espaço:

Note que o gradiente de um campo escalar é um campo vetorial, a divergência


de um campo de vetores é um campo escalar, e o rotacional de um campo
vetorial é um campo vetorial. Podemos construir a partir do operador del um
operador diferencial que cria uma campo escalar de um campo escalar. Se
aplicarmos o operador gradiente a um campo escalar para dar um campo
vetorial, e depois aplicarmos o operador divergência a esse resultado, teremos
um campo escalar. Isto é também chamado de “div grad” de um campo escalar
e é dado por .

Para simplificar é usual designar este operador pelo símbolo 2, e é


usualmente chamado de operador Laplaciano, porque Laplace estudou
aplicações físicas de campos escalares  (x, y, z) ( tais como o potencial

29
associada a uma força que o obedece a lei inversa do quadrado ) que
satisfazem a equação , isto é,

Esta fórmula resulta não apenas no contexto de campos de potencial ( como o


potencial eletrostático em um campo elétrico e o potencial de velocidade em
um fluido ideal sem atrito), também aparece na equação de Poisson
e na equação fundamental da onda

onde c é a velocidade de propagação da onda.

2.1.8 Ondas eletromagnéticas

Utilizaremos as equações de Maxwell para deduzir a equação de onda das


ondas eletromagnéticas.
Admitiremos que os campos elétricos e magnéticos, E e B são funções do
tempo e de somente uma coordenada espacial, a coordenada x. A figura 6
representa esta onda plana. Supomos que a frente de onda se desloca da
esquerda para a direita na direção do eixo Ox com velocidade constante.
Inicialmente, devemos verificar se a equação de onda satisfaz as duas leis de
Gauss para campos elétricos e magnéticos.

30
Para isso, utilizamos a superfície gaussiana representada na figura 7.
Na situação que estamos analisando, o vácuo sem densidade de carga ou de
correntes as duas leis de Gauss indicam que o fluxo de E ou de B através de
qualquer superfície fechada é igual a zero, figura .

Consideramos a lei de Faraday aplicada a curva de lados xy, figura 7.

∫ E  dl = Ey( x + x, t ) y - Ey( x, t ) y =


= [ Ey( x + x, t ) - Ey( x, t ) ] y
[ Ey( x + x, t ) - Ey( x, t ) ] = Ey  (∂Ey/∂x) x
Então, ∫ E  dl  (∂Ey/∂x) xy
O fluxo de indução magnética através desta curva

∫ B  dS = Bzxy
Pela lei de Faraday
(∂Ey/∂x) xy = - (∂Bz/∂t) xy
(∂Ey/∂x) = - (∂Bz/∂t)
A equação (∂Ey/∂x) = - (∂Bz/∂t) mostra que se há um componente do campo
Ey que depende de x, deve haver um componente da indução magnética Bz
que depende do tempo.

31
Considerando a lei de Ampere aplicada a curva de lados xy

∫ B  dl = - Bz( x, t ) z – Bz(x + x, t ) z =


= [Bz( x, t ) z – Bz(x + x, t )] z
[Bz( x, t ) z – Bz(x + x, t )] = Bz  - (∂Bz/∂x) xz
Então, ∫ B  dl  - (∂Bz/∂x) xz
(∂Bz/∂x) = - (∂Ey/∂t)
Este resultado relaciona a variação espacial da indução magnética B a
variação temporal do campo elétrico Ey.
Derivando os dois lados da igualdade da equação (∂Ey/∂x) = - (∂Bz/∂t) em
relação a x
(∂2Ey/∂x2) = - ∂/∂t (∂Bz/∂x)

(∂2Ey/∂x2) = - ∂/∂t (- (∂Ey/∂t) = (∂2Ey/∂t2)

(∂2Ey/∂x2) = (∂2Ey/∂t2)
Essa expressão possui a mesma forma da equação geral de uma onda,
(∂2y(x, t)/∂x2) = 1/v2(∂2y(x,t)/∂t2)
Assim, os campos elétrico Ey e magnético Bz , obedecem a equação de onda
com as ondas movendo-se a velocidade 1  0  0  c que é a velocidade da
luz.
Uma solução para a equação (∂2Ey/∂x2) = 1/c2 (∂2Ey/∂t2) é a função da forma
Ey = Eyo sin ( kx - t )
Substituindo esta solução na equação (∂Ey/∂x) = - (∂Bz/∂t) , podemos ver
que a indução magnética Bz está em fase com o campo elétrico Ey
(∂Ey/∂x) = k Eyo cos ( kx - t ) = - (∂Bz/∂t)
Bz = k /Eyo sin ( kx - t ) = Bzo sin ( kx - t )

Com: Bzo = k /Eyo = Eyo / c

32
As ondas eletromagnéticas têm diferentes comprimentos de onda e
freqüências que abrangem uma faixa conhecida como o espectro
eletromagnético figura 8. Luz é uma estreita faixa de ondas
eletromagnéticas que o olho pode detectar. Luz de comprimentos de
onda diferentes produz diferentes percepções de cores. O maior
comprimento de onda produz a percepção do vermelho, enquanto os
mais curtos produzem a percepção da cor violeta.

Exercício:
(a) Qual o comprimento de onda de uma onda de infravermelho, cuja
freqüência é 2,0 x1013 Hz? Qual o número de onda, freqüência angular e
período?.
Solução:
c 3,0 x108
  13
 1,5 x10 5 m
f 2,0 x10
2 2
k   4,19 x10 5 rad / m
 1,5 x10 5

  2f  2 xx2,0 x1013  1,26 x1014 rad / s


T=1/f=1/2,0x1013=5x10-14 s

(b) Tente isto para uma onda de Raios-X, cuja freqüência é 3,0x1018 Hz.
Resposta:

33
Exercício:
Sabendo-se que a amplitude do campo elétrico para uma onda de rádio vale
0,05 V/m, calcule a amplitude do campo magnético correspondente.
Solução:
E 0,05
B  8
 1,67 x10 10 T
c 3,0 x10
Exercício:
O campo elétrico de uma onda depende da posição e do tempo de acordo com
a seguinte equação: E(x,t) = Emax sin(kx – ωt) = (100 V/m) sin(4,0 106 x – ωt).
(a) Ache a amplitude do campo magnético da onda; (b) ache o valor de ω.
Resposta:

34
UNIDADE 3 Óptica geométrica

3.1 Óptica geométrica


3.1.1 Objetivo
 Identificar a formação de diferentes tipos de imagens por espelhos planos e
por espelhos curvos.
 Saber quais aspectos da lente determina o tipo de imagem que ela produz.
3.1.2 Contexto
A ótica geométrica vai ajudar você a entender as bases da reflexão da luz, da
refração e da utilização de simples elementos ópticos, como espelhos, prismas,
lentes e fibras ópticas.
A ótica física vai ajudar você a entender o fenômeno da interferência de ondas
de luz, difração e polarização; o uso de revestimentos de película fina de
espelhos para aumentar ou suprimir a reflexão; o funcionamento de placas
polarizadoras de quarto de ondas nos leitores de CD e DVD ( a conversão da
luz polarizada linearmente em luz polarizada circularmente é feita por meio de
dispositivos conhecidos como placas polarizadoras de quarto de onda).
Começamos o estudo básico de óptica geométrica, examinando como a luz é
refletida e como a luz é refratada em interfaces lisas e interfaces planas.
Estendemos o estudo para superfícies lisas e superfícies curvas, criando o
cenário para a interação da luz com espelhos e lentes, elementos fundamentais
em muitos sistemas ópticos. Note que idéias exploradas no estudo sobre
espelhos também são úteis no domínio das lentes.

Para saber mais:


Consulte o website http://www.lon-capa.org/~mmp/kap13/cd372.htm

35
3.2 Conceitos Básicos
Leis da reflexão e leis da refração.
A figura 1-a mostra a reflexão da luz em uma superfície plana, e a figura 1-b
mostra refração da luz em duas superfícies planas sucessivas. Em cada caso,
a luz é retratada simplesmente em termos de linhas retas, as quais nós
referimos como os raios de luz.

É útil pensar em um raio de luz estreito muito estreito como um feixe de laser,
bem definido.

3.2.1Os raios de luz e ondas de luz


Considerem-se as ondas bidimensionais produzidas na superfície da água de
uma cuba de ondas por uma seqüência de gotas que caem no mesmo ponto,
figura 2-a. As circunferências ( em perspectiva ) representam as cristas das
ondas, os pontos do meio com elongação máxima relativamente à posição de
equilíbrio. Todos esses pontos oscilam em fase. Os pontos sobre qualquer
circunferência com centro no ponto de origem das ondas oscilam em fase. O
lugar geométrico contínuo dos pontos do meio que oscilam em fase é chamado
superfície ondulatória.
Toda linha ao longo da qual se propaga a frente de onda é chamada raio, figura
2-b. Em um meio isotrópico, todo raio é uma linha reta perpendicular às
superfícies ondulatórias. Assim, toda reta que sai do ponto de origem das
ondas e passa por qualquer ponto da frente de onda é um raio.

36
Como representa a figura 3, frentes de onda circular são mostradas com linhas
radiais em várias direções. Cada um dos raios descreve o movimento da frente
de onda em uma direção em particular. Geometricamente, um raio é uma linha
perpendicular a uma série de frentes de onda sucessivas; especifica a direção
do fluxo de energia na onda.
A figura 3 representa planos de frentes de onda de luz. O mesmo diagrama
mostra os raios de luz correspondente a estas frentes de onda, desviado pela
lente. A figura 3 mostra a conexão entre as ondas reais e os raios utilizados
para representá-las. No estudo da ótica geométrica, é usual representar a
interação das ondas de luz com superfícies planas, superfícies esféricas, com
espelhos e lentes a partir de raios de luz.

37
Frente de onda: lugar geométrico dos pontos no espaço com o mesmo valor
da amplitude para ondas adjacentes – convenciona-se separar duas frentes de
onda por um comprimento de onda.
Raio luminoso: direções perpendiculares (normais) às frentes de onda
Ondas planas: frentes de onda são planos paralelos, raios luminosos são
paralelos entre si
Ondas esféricas: frentes de onda são superfícies esféricas concêntricas; raios
luminosos têm direções radiais.
 Fontes luminosas extensas e distantes: ondas planas
 Fontes luminosas puntiformes e próximas: ondas esféricas
A construção geométrica do raio de luz permite representar a propagação,
reflexão e refração da luz no espaço com desenhos simples.
Por exemplo, na figura 4-a, a propagação da luz de uma fonte “pontual” é
representada por raios de luz que divergem da fonte. Cada raio indica o
caminho geométrico ao longo do qual a luz se propaga.
A figura 4-b mostra a reflexão de vários raios de luz em uma superfície de
espelho curvo, e a figura 4-c mostra a refração de um único raio de luz que
passa através de um prisma.

3.2.2 Reflexão da luz a partir de superfícies ópticas


Quando a luz incide sobre a interface entre dois meios ópticos transparentes,
tais como ar e vidro; água e vidro; podem acorrer diferentes fenômenos:.
• A luz incidente pode ser parcial ou totalmente refletida na interface.
• A luz incidente pode ser espalhada em direções aleatórias na interface.
• A luz incidente pode ser parcialmente transmitida através de refração na
interface e entrar no segundo meio.
• A luz incidente pode ser parcialmente absorvida em qualquer meio.
Vamos considerar apenas as superfícies lisas que dão origem a reflexões
especular figura 5-a e ignorar superfícies que dão origem a reflexões difusa
(irregular) figura 5-b.

38
Além disso, vamos ignorar a absorção da energia ao longo do trajeto da luz,
apesar da absorção ser uma consideração importante em sistemas ópticos.
A lei da reflexão: superfície plana.
O mais simples dos espelhos é o espelho plano; muito da sua função é
explicada usando a Lei de Reflexão. Espelhos planos produzem imagens
virtuais, imagens que não podem ser capturadas e exibidas em uma tela. Isto
porque não existe luz proveniente da imagem, o que vemos é a luz de um
objeto, refletida pelo espelho, figura 6.

Quando a luz é refletida em uma superfície plana especular, o raio incidente, o


raio refletido e a normal à superfície, no ponto de incidência, estão no mesmo
plano. Esta é a primeira lei da reflexão especular.
Há uma segunda lei que estabelece:  O ângulo de reflexão é igual ao ângulo
de incidência.

39
Os metais polidos, as superfícies líquidas, e os espelhos que refletem a luz de
tal modo que os raios refletidos são perfeitamente definidos, são denominados
refletores especulares, figura 7.
3.2.3 Reflexão de uma superfície curva.
Os espelhos curvos são classificados de acordo com a sua curvatura, figura 8.

No estudo de sistemas ópticos, em que se busca principalmente a ampliação


dos sistemas, é útil a construção geométrica para raios de luz como
procedentes de uma fonte distante, figura 9 .

Com os espelhos esféricos, a reflexão da luz ocorre em uma superfície curva.


Como mostrado na figura 10, por cada ponto P da superfície curva é possível
traçar a tangente e construir a normal a superfície onde incide a luz.
A segunda lei da reflexão estabelece que o ângulo de incidência é igual ao
ângulo de reflexão.

40
3.2.4 Refração da luz de interfaces ópticas
Quando a luz incide em uma interface ( plano geométrico que separa um meio
óptico de outro ) será parcialmente refletida e parcialmente transmitida. A
figura 11 é uma representação da luz incidente sobre uma interface. Parte da
luz é refletida pela superfície ( de acordo com leis da reflexão ) e parte é
refratada em um segundo meio. O desvio dos raios de luz em uma interface
entre dois meios ópticos é chamado de refração. A seguir, apresentamos a lei
da refração.

Índice de refração.
Os dois meios ópticos transparentes que formam uma interface distinguem-se
por uma constante chamada de índice de refração, usualmente identificado
com o símbolo n. O índice de refração de uma substância é c / v, onde c é a
velocidade da luz no vácuo e v é a velocidade da luz no meio.

n=c/v

onde, c é a velocidade da luz no vácuo


v é a velocidade da luz no meio
n é o índice de refração do meio

O índice de refração para o espaço livre é exatamente um. Para o ar e outros


gases é aproximadamente um, na maioria dos cálculos é considerado como
sendo 1.0.

41
A tabela da figura 12 lista os índices de refração de materiais comuns.

Quanto maior o índice de refração de um meio, menor será a velocidade da luz


nesse meio e quando refratada, mais a luz é desviada. A figura 13 mostra dois
casos, um para luz que passa de um meio de menor índice de refração para o
de maior índice, o outro quando passa de um meio de maior índice para o de
menor índice. Note-se que no primeiro caso ( inferior ao mais elevado índice ),
o raio de luz é desviado em direção a normal à superfície. No segundo caso
( do maior para o de menor índice ), o raio de luz afasta-se da normal.

42
3.2.5 Lei de Snell.
A lei de Snell da refração relaciona os senos dos ângulos de incidência e
refração em uma interface entre dois meios ópticos com os índices de refração
destes dois meios. A lei de Snell permite calcular a direção do raio refratado se
soubermos os índices de refração dos dois meios e a direção do raio incidente.
A expressão matemática da lei de Snell e o diagrama correspondente são
apresentados na figura 14.

Usualmente a lei de Snell é escrita da seguinte forma: n1sin1 = n2sin2.


Tanto o ângulo de incidência 1quanto o de refração 2 são medidos em
relação a normal à superfície; o raio incidente, normal e o raio refratado
encontram-se no mesmo plano geométrico.
3.2.6 Ângulo crítico e reflexão interna total.
Na figura 15, estão representados quatro raios de luz provenientes de uma
fonte pontual, o ponto O no meio de maior índice de refração; cada raio incide
sobre a interface em um ângulo de incidência diferente. Em geral, quanto maior
for o ângulo de incidência maior será a parcela refletida e menor a refratada. O
ângulo limite é o maior ângulo de incidência que ainda produz refração, é o
ângulo de incidência que corresponde a um raio refratado rasante. Nesse ponto
o ângulo de refração é 900 graus angulares. Quando os ângulos de incidências
são maiores que o ângulo crítico c , não existe raio refratado e dizemos que
houve reflexão interna total, o que ocorre unicamente quando a luz se propaga
de um meio mais refringente para um meio menos refringente.

43
O ângulo crítico é – Pela lei de Snell: n1sinc = n2sin 900 ; 2 = 900
c = sin-1 n2 / n1 ( ângulo crítico ).
Nós utilizamos esse resultado e as leis de Snell para determinar o cone de
entrada para os raios de luz na face da fibra óptica, de tal forma que o raio
refratado no núcleo da fibra está incidente no ângulo crítico sobre o
revestimento. Nós fazemos isso também na concepção do prisma "refletor". A
fibra óptica consiste num núcleo central no interior de uma camada de
revestimento externo de índice de refração mais baixo. Somente os raios que
são refletidos internamente podem ser propagados ao longo do cabo, figura 16.

O guia de imagens é um tipo especial de guia de luz feito pelo agrupamento de


muitas fibras. Uma imagem projetada em uma extremidade do arranjo é
reproduzida na outra extremidade. Quanto menor o diâmetro de cada fibra,
melhor a resolução da imagem.
Guias de imagens são usadas em aplicações médicas e industriais para ver
objetos em regiões remotas ou locais de difícil acesso. Em geral não há luz
nesses locais e para fornecer iluminação é utilizado um segundo guia de luz,
como representa a figura 17.

44
3.2.7 Refração em prismas
Os Prismas de vidro são comumente utilizados para desviar a luz. Com o
conhecimento da lei de Snell o processo de refração em prismas fica
simplificado. Observe a figura 18a: quando um raio de luz incide em uma das
superfícies do prisma e sai por outra é desviado de sua direção original. A
figura representa a seção transversal de um prisma isósceles, com o ângulo do
vértice A = 30° e índice de refração n = 1,50. O ângulo de incidência θ e o
ângulo de desvio δ são mostrados no diagrama.
A figura 18b mostra como o ângulo de desvio δ muda quando o ângulo θ do
raio incidente varia. A curva apresentada é específica para o prisma descrito na
figura 18a. Note-se que δ tem um valor mínimo, 23 ° aproximadamente para
este prisma específico. Cada prisma tem seu próprio e único ângulo de desvio
mínimo.

Dessa forma é possível determinar o índice de refração de um material


transparente, moldando-o na forma de um prisma isósceles e, em seguida,
medindo o seu ângulo de desvio mínimo. Com referência à figura 18a, a
relação entre o índice de refração n do prisma, o ângulo do vértice A e o
ângulo mínimo de desvio δm é dada por:

 A  m 
sin  
n  2 
A
sin
2
onde: A e δm são medidos em graus.
Esta equação é obtida fazendo uso da lei de Snell e relação geométrica entre
os ângulos de refração em cada superfície do prisma.

45
Exercício
Considere o prisma representado na figura 18. Obtenha a relação entre o
índice de refração n do prisma, o ângulo do vértice A e o ângulo de desvio δ.
Solução
O desvio angular é dadopelo ângulo formado entre a direção do raio que
incide no prisma e a direção do raio emergente.
Pela geometria da figura,
 = A / 2;  -  )
 A 
sin  
 = ( Pela lei de Snell: sin = n sin   n   2 
A
sin
2
Dispersão da luz. A figura 19a lista os índices de refração para diversos tipos
de vidro. Note que o índice de refração é ligeiramente dependente do
comprimento de onda da luz. Por exemplo, para a luz azul o índice de refração
do vidro flint é cerca de 1% maior em comparação com o índice de refração do
mesmo material para a luz vermelha. A variação do índice de refração n do
material, com comprimento de onda λ da luz é chamada de dispersão.
A figura 19a mostra uma curva de dispersão de nλ versus λ para diferentes
tipos de vidro ótico.
A figura 19b mostra a separação em cores individuais da luz branca produzida
por um prisma para comprimentos de onda λ no intervalo de 400nm a 700 nm.
Note-se que nλ diminui de curto comprimento de onda para longo comprimento
de onda, produzindo um desvio menor para a luz vermelha do que o desvio
causado a luz azul, por exemplo. Este tipo de dispersão representa as cores
vistas em um arco-íris, sendo o "prisma" gota individual de chuva.

46
3.2.8 Aplicações especiais de prismas.
Os prismas são comumente usados em sistemas ópticos, tanto para mudar a
direção da luz como para alterar a orientação de uma imagem. Embora os
espelhos possam ser usados para atingir fins semelhantes, as faces refletoras
de um prisma são mais fáceis de manter livre de contaminação e o processo de
reflexão interna total é de alta refletividade. Alguns prismas usuais são
mostrados na figura 20, com detalhes do redirecionamento de luz e
reorientação de imagem.

3.2.9 Formação de imagens por espelhos


Se o tamanho, a orientação e a localização de um objeto em relação a um
espelho são conhecidos, as leis de reflexão podem ser úteis para localização
gráfica da imagem.

47
Imagens formadas com espelhos planos
A figura 21 mostra um ponto luminoso de origem O, o objeto pontual, localizado
a uma distância o à frente de um espelho plano. A luz que incide sobre o
espelho é representada pelos raios que divergem de O. A formação da imagem
I é obtida pelo prolongamento dos raios refletidos pelo espelho.

A lei da reflexão assegura que os pares de triângulos como ONP e INP são
iguais, assim todos os raios refletidos parecem ter origem na imagem I , que
fica ao longo da linha normal ON, e em tal profundidade que a distância da
imagem i ao espelho é igual a distância do objeto o.
O olho vê a imagem de um ponto luminoso em i, exatamente da mesma forma
que veria um objeto pontual real. Uma vez que os raios luminosos não existem
abaixo da superfície do espelho, a imagem é dita ser virtual. A imagem I não
pode ser projetada em uma tela, como no caso de uma imagem real. No caso
de um objeto extenso, como a seta na figura 21b, cada ponto objeto tem o seu
ponto de imagem. A construção da figura 21b também deixa claro que o
tamanho da imagem é idêntico ao tamanho do objeto. Além disso, as
orientações transversais do objeto e imagem são as mesmas. Um objeto como
a mão direita, no entanto, aparece como a mão esquerda em sua imagem.

48
3.2.10 Imagens formadas por espelhos esféricos
No caso do espelho plano, a imagem é exatamente do mesmo tamanho do
objeto. O espelho plano quando encurvado de forma a torná-lo côncavo em
direção ao observador, como na figura 22a, a imagem formada é maior que o
objeto. Se encurvado para torná-lo convexo na direção do observador, como na
figura 22b a imagem aproxima-se do vértice do espelho e é diminuída.

Como mostrado anteriormente na figura 10, a lei de reflexão pode ser utilizada
para determinar a direção ao longo do qual qualquer raio incidente em uma
superfície de espelho esférico é refletido. Utilizando a lei da reflexão, podemos
traçar os raios desde qualquer ponto sobre o objeto até o espelho, e do
espelho para o ponto imagem correspondente.
Note que o eixo de simetria normal à superfície do espelho é o seu eixo óptico.
O ponto onde o eixo óptico encontra a superfície do espelho é o vértice. Para
localizar uma imagem nós usamos dois pontos comuns a cada superfície de
espelho, o centro de curvatura C e o ponto focal F. Eles são mostrados na
figura 22, com o vértice V do espelho, tanto para um espelho côncavo como
para o espelho esférico.

49
As bordas dos espelhos côncavos sempre curvam em direção à luz que se
aproxima. Esses espelhos têm o seu centro de curvatura C e F o ponto focal
localizado à esquerda do vértice como visto na figura 23a.

As bordas dos espelhos convexos são curvadas no sentido da propagação da


luz. O centro de curvatura C e o foco F do espelho, estão localizados à direita
do vértice, figura 23b. Raios paralelos são raios luminosos proveniente de uma
fonte muito distante ( como o sol ) ou de um feixe laser colimado. A lei da
reflexão, aplicada a cada ponto da superfície do espelho, onde um raio
luminoso é incidente, exige que o raio refletido passe pelo foco do espelho
figura 24a ou ser refletido para parecer vir de um ponto focal F por trás do
espelho, figura 24b. Observe que uma linha traçada do centro de curvatura C
para qualquer ponto no espelho é uma linha normal a superfície naquele ponto
e, portanto, divide o ângulo entre os raios incidente e refletido. Enquanto a
dimensão transversal do espelho não é muito grande, geometria simples
mostra que o ponto F, para qualquer espelho, está localizado no ponto médio
entre C e V, assim a distância FV é a metade do raio de curvatura CV. A
distância FV é a distância focal e é usualmente designado pela letra f.

50
3.2.11 Raios.
A figura 25 mostra o desenho de três raios apropriado para localizar um ponto
da imagem corresponde a um determinado ponto do objeto.

Dois destes raios, traçados desde o ponto objeto P permitem a localização da


imagem correspondente P. Na maioria das situações, com apenas o ponto P'
localizado é possível desenhar a imagem inteira.
Para um espelho côncavo, figura 25a:
• O raio traçado do ponto objeto P paralelo ao eixo, como o raio 1, é refletido no
espelho e converge para o ponto focal F ( raio 1' ).
• O raio traçado do ponto objeto P que passa pelo ponto focal F, como raio 2, é
refletido no espelho como um raio paralelo ao eixo ( raio 2' ).
• O raio traçado do ponto objeto P que passa pelo centro de curvatura C, como
o raio 3, é refletido nesta mesma direção ( raio 3 ').
• Os raios refletidos 1', 2' e 3' convergem para localizar o ponto imagem P'.
Esta imagem é uma imagem real que pode ser formados em uma tela.
Para um espelho convexo, figura 25b:
• O raio traçado do ponto objeto P, paralelo ao eixo como o raio 1, é refletido no
espelho para parecer vir do ponto focal F por trás do espelho ( raios 1 ').
• O raio traçado do ponto objeto P, como o raio 2, em direção ao ponto focal F
por trás do espelho, é refletido no espelho em uma direção paralela ao eixo
óptico ( raio 2 ').
• O raio traçado do ponto objeto P, como raio 3, em direção ao centro de
curvatura C atrás do espelho, é refletido nesta mesma direção ( raio 3 ').
• Raios 1', 2' e 3' divergem após reflexão. Uma pessoa olhando para o espelho
intercepta os raios divergentes e vê que parecem vir de seu ponto de
intersecção P comum, atrás do espelho. A imagem é virtual, uma vez que não
pode ser projetada em uma tela.

51
3.2.12 Fórmulas do espelho
Um procedimento útil para localizar imagens mediante construção geométrica é
o diagrama de raios. No lugar de métodos gráficos, podemos utilizar fórmulas
para localizar a imagem. O diagrama de raios de luz pode ajudar determinar a
localização e tamanho aproximado da imagem, mas não fornecem informações
numéricas sobre a distância e tamanho da imagem. Para obter esse tipo de
informação numérica, é necessário utilizar a “equação dos fabricantes de
lente”. Esta equação expressa a relação quantitativa entre a distância do
objeto, a distância da imagem e a distância focal.

Dedução da fórmula do espelho.


As quantidades importantes são: distância o do objeto, a distância i da
imagem, o raio de curvatura r, figura 26. P e Q são medidos em relação ao
vértice do espelho, como mostrado, e o sinal algébrico de r indica a
concavidade do espelho – côncavo ou convexo.

O espelho representado na figura 26 é convexo com centro de curvatura C do


lado direito. Traçados dois raios provenientes do objeto, ponto O, um deles
normal à superfície e um outro raio arbitrário incidente em P. O primeiro raio é
refletido na mesma direção do raio incidente, o segundo é refletido em P de
acordo com a lei da reflexão. Os raios refletidos divergem. A intersecção do
prolongamento destes raios refletidos determina posição da imagem do ponto
objeto O. A imagem é virtual e situada atrás da superfície do espelho.
Por construção geométrica, θ = α + φ em ΔOPC e 2θ = α + α' em ΔOPI,
α - α' = 2φ
Para raios próximos ao eixo do espelho os ângulos α, α' e φ coincidem com
suas tangentes. Assim: h / o - h / i = - 2h / r ou, 1 / o - 1 / i = - 2 / r
No caso do espelho côncavo o centro de curvatura está à esquerda. Para
certas posições do objeto, é possível a formação de imagem real do ponto O
também do lado esquerdo do espelho. Nestes casos, a relação geométrica é
análoga à equação para o espelho convexo, mas com diferença nos sinais
algébricos.
Adotando a convenção de sinais, a equação válida para os dois tipos de
espelhos é:
1/o + 1/i=-2/r

52
Utilizando a regra dos sinais de modo apropriado, ela se aplicará não somente
a espelhos mas também a superfícies de refração esféricas e a lentes. Na
aplicação destas regras chamamos a frente do espelho, onde somente podem
ser formadas imagens reais – de lado R ( real ) do espelho; a parte de trás do
espelho – onde somente podem ser formadas imagens virtuais – de lado V
( virtual ) do espelho. Assim, devem ser associado positivo com real, lado R e
vertical para cima; negativo com virtual, lado V e imagem invertida. Esta
convenção de sinal deve ser usada em conjunto com a figura 26 e a equação
1 / o + 1 / i = - 2 / r.
3.1.13 Ampliação da imagem.
A figura 27 mostra um desenho a partir do qual a ampliação – razão entre a
altura da imagem hi e a altura do objeto ho pode ser determinada. Por
construção geométrica os lados dos triângulos VOP e VIP são proporcionais;
os ângulos θ1, θ1’ e α são iguais,. Assim,
hi / ho = i / o , m = i / o

Para o caso geral, atendendo a convenção de sinais:


m=-i/o

A ampliação negativa ocorre quando tanto a distância o do objeto quanto a


distância i da imagem são positivos; informa que a imagem é invertida. Apesar
das equações, com a convenção de sinal, em geral o trabalho prático em óptica
exige que se saiba apenas se a imagem é real ou virtual, e se tenha uma idéia
aproximada da sua localização. É isto que um diagrama de raios faz.

53
Exemplo
No caso de um espelho que permita ver a imagem do seu próprio rosto
aumentada duas vezes, por exemplo, a uma distância de 50cm, que tipo de
espelho você deve utilizar e qual deve ser o raio de curvatura?
Solução
O espelho deve ser esférico côncavo, figura 28a. O espelho convexo não
produz uma imagem maior do que o objeto real, figura 28b. Um espelho
côncavo só pode produzir uma imagem direta quando a distância entre ele e o
objeto é menor que a distância focal.

Cálculos:
1 1 1 1 1 1 i 50  o
    m  2
o i f o 50  o f o o
50 o(50  o) o  2o
50  o  2o o cm  f  
3 50  2o o
100
f  2o f  cm
3

54
3.2.14 Formação de imagem com lentes
Assim como a lei da reflexão determina as propriedades de imagem dos
espelhos, a lei de Snell da refração determina as propriedades de imagem das
lentes. As lentes são essencialmente elementos de controle de luz, usados
principalmente para a formação de imagem com luz visível, mas também para
a luz ultravioleta e infravermelha..
3.2.15 Função de uma lente
Uma lente é um sistema óptico limitado por duas superfícies refratoras. Em
geral a lente é um meio transparente, algum tipo de vidro, com superfícies de
formato esférico. O raio de luz incidente em sua superfície é refratado, se
propaga através da lente e é refratado na interface posterior de acordo com a
lei de Snell . A figura 29 mostra isto, raios refratados de OP formam a imagem
O’P. A construção do diagrama de raios e fórmulas da lente utilizados aqui
baseiam-se na ótica Gaussiana, assim como é para os espelhos.

Nota: – A óptica de Gauss, às vezes chamada ótica paraxial decorre de


aproximações como: sin φ  φ, tan φ  φ, e cos φ  1 onde φ é o ângulo
subtendido entre o raio e o eixo óptico e é um número pequeno φ 1 rad. Em
geral a validade desta aproximação se estende até cerca de 300. Estas
aproximações simplificam as fórmulas da lente, mas restringem os ângulos dos
raios de luz com o eixo óptico
Imagens formadas por refração.

55
A figura 30 ilustra a formação de imagem pela refração da luz numa superfície
esférica que separa dois meios de índice de refração n1 ( atmosfera ) e índice
de refração n2 ( lente ). Podemos obter a equação que relaciona a distância da
imagem e a distância do objeto à superfície da lente, o raio de curvatura e os
índices de refração – Pela lei de refração de Snell, n1sin1 = n2sin2 .
Por construção geométrica 21
Considerando pequenos ângulos s / o; s / i; s / r.
Assim: n11 = n22 ; 2
n11 = n2
com: 1n1 ( n2 n1  n1  n2  n2 
n1n2  n1 n2 s / r n2n1n2s / r  n2s / i
A equação é: n2n1r  n1  n2i.
Podemos utilizar, nesta equação, a habitual convenção de sinais. Note que no
fenômeno da refração, quando o objeto está a esquerda, as imagens reais se
formam a direita da superfície.
Podemos utilizar esta equação para calcular a profundidade aparente de um
ponto de referência do fundo de um tanque com água.
Neste caso, a superfície refratora é plana, o raio de curvatura é infinito e as
distâncias estão relacionadas da seguinte forma:
n1  n2i i n2 n2 ) o
O sinal negativo indica que a imagem é virtual e está do mesmo lado da
superfície refratora que o objeto.
3.2.16 Lentes
Se a espessura da lente não é negligenciável em comparação com os raios de
curvatura de suas superfícies, o método gráfico e fórmulas de imagem da lente
não é simples. Programas de computador são muitas vezes desenvolvidos
para detectar os raios através das lentes ou fazer cálculos de superfície por
superfície.
Se a espessura t da lente, figura 31, for pequena em comparação com os raios
de curvatura de suas superfícies, pode ser descrita como uma lente delgada,
fina. A equação n2n1r  n1  n2i simplifica o cálculo da posição
final da imagem.
Para isto, calculamos a refração em cada superfície separadamente.
Considere uma lente de vidro, com índice de refração n, tendo o ar como meio
externo, figura 31. Os raios de curvaturas de suas superfícies dados por r1 para
a primeira interface e r2 para segunda interface. Para um objeto à distância o
da primeira superfície, a equação n2n1r  n1  n2 x dá, para a
distância da imagem:

n1r1  1  n x Eq. 1

56
A menos que a lente seja exageradamente espessa em geral esta imagem não
se forma. A luz é refratada na segunda superfície, figura 31.

Considerando as duas refrações sucessivas, podemos calcular a posição final


da imagem utilizando a distância ( x – t ) como a distância do objeto em
relação à segunda superfície refratora. Observando a convenção de sinal para
lentes a distância ( x – t ) é negativa,
- n / (x – t ) + 1 / i = ( 1 – n) / r 2
No caso da lente delgada, considerando t = 0,
- n / x + 1 / i = ( 1 – n) / r 2 Eq. 2
Combinando as equações
1 / o + 1 / i = ( n – 1 ) (1 / r 1 – 1 / r 2 )
Esta equação dá a distância da imagem i com relação à distância do objeto o;
aos parâmetros da lente r1 e r2 e do índice de refração n.
A distância focal da lente delgada é definida como a distância da imagem
quando a distância do objeto é muito grande. Com a distância o tendendo ao
infinito em 1 / o + 1 / i = ( n – 1 ) (1 / r 1 – 1 / r 2 ),
1 / f = ( n – 1 ) (1 / r 1 – 1 / r 2 ) e
1/o+1/i = 1/f
Esta equação é conhecida como a equação dos fabricantes de lentes. Dá a
distância focal da lente delgada em função de parâmetros da lente.
Note que os dois raios de curvatura podem ser negativos, de acordo com a
convenção de sinal adotada.
No caso da lente biconvexa da figura o primeiro raio r1 é positivo; o centro de
curvatura está à direita da superfície, que é o lado real, mas r2 é negativo. O
centro de curvatura da segunda superfície está no lado esquerdo ou virtual, da
superfície.

57
3.2.17 Tipos de lentes
Convergência em lentes
A figura 32, mostra várias formas comum de lentes finas ou delgadas. As três
primeiras lentes são mais espessas no centro do que nas bordas e são
descritas como lentes convergentes ou positivas. Essas lentes dão origem a
distâncias focais positiva. As últimas três lentes são mais finas no centro que
nas bordas e são descritas como lentes divergentes ou negativas. Estas lentes
dão origem a distâncias focais negativa.

Para saber mais consulte:


http://teleformacion.edu.aytolacoruna.es/FISICA/document/fisicaInteractiva/Opt
Geometrica/Instrumentos/fresnel/fresnel.htm
Lentes finas
Pontos focais de lentes finas.
Assim como para os espelhos, os pontos focais de lentes são definidos em
termos de seu efeito sobre raios de luz paralelos e frentes de ondas planas. A
figura 33 mostra os raios de luz paralelos e as associadas frentes onda plana
incidente em uma lente positiva, figura 33a e uma lente negativa, figura 33b.
Para a lente positiva, a luz é desviada para o foco à direita da lente. Para a
lente negativa, a luz diverge, parecendo vir do ponto focal (imagem virtual),
localizado à esquerda da lente.
Note como as frentes de ondas planas são alteradas. Isso ocorre porque a luz
viaja mais lentamente no meio da lente do que no ar circundante, por isso a
parte mais espessa da lente retarda a luz mais do que a parte mais fina.

58
Para os espelhos, só há um único ponto focal para cada superfície, a luz
permanece sempre do mesmo lado do espelho. Simetricamente em cada lado
da lente, existem dois pontos focais. Os esboços na figura 34 mostram os dois
pontos focais.

3.2.18 Localização de imagens pelo método gráfico


Para localizar a imagem de um objeto formado por uma lente fina, são
utilizados três pontos importantes para a lente: o ponto focal F a esquerda da
lente, o ponto focal F à direita, e o vértice V da lente. Na figura 35 os três raios
mostrados localizam a imagem P' que corresponde a um dado ponto P do
objeto, tanto para uma lente positiva como para uma lente negativa. A altura do
objeto é OP e a imagem correspondente é IP. Os raios principais mostram a
conexão entre os pontos F, F', e V. Apenas dois dos três raios são necessários
para localizar um ponto da imagem gerada. Note também que a localização do
ponto imagem P' é suficiente para esboçar o resto da imagem IP, que
corresponde ao objeto OP.

59
Note que a lente positiva, figura 35a, forma uma imagem real, enquanto a lente
negativa forma uma imagem virtual, figura 35b.
Uma importante propriedade de imagens geradas por superfícies refletoras ou
por superfícies refratoras é que a imagem gerada por uma superfície ou um
dispositivo óptico pode servir como objeto para a formação de outra imagem
em uma segunda superfície ou dispositivo.
No caso simples de um microscópio ( ou telescópio ), utilizamos sempre a
fórmula dos fabricantes de lentes a cada uma das lentes. A objetiva tem, como
se mostra no diagrama da figura 36, um objeto real em O e uma imagem real
em X; a ocular tem um objeto real em X e uma imagem virtual em I.

Exemplo
Um microscópio composto consiste de uma objetiva e uma ocular com
distâncias focais 0,6 e 2cm, respectivamente. A imagem de um objeto a 5/8
de centímetros da objetiva é vista à distância mínima de visão distinta ( 25cm ).
Qual o aumento do sistema e a distância de separação das lentes.

60
Solução
Num problema simples de microscópio, telescópio a fórmula das lentes é
utilizada sempre a cada uma delas em seguida. A objetiva tem como está
mostrado no diagrama, figura 37, um objeto real O e uma imagem real em X.

Cálculos:
1 1 1
  x = 15cm
5 8 x 0.6
A ocular tem um objeto real em X e uma imagem virtual em I
1 1 1
  ou o’ = 1,85cm
o' 2 25
A separação das lentes é x + o’ = 16,85cm
x 15
O aumento linear da objetiva é m1 =     24
o 58
y o' 25 1
O aumento angular é M =   13
y 25 o' 2
O aumento total do sistema é m1 x M = - 324

Telescópios
O telescópio, figura 38, segue a mesma finalidade dos microscópios; aumentar
o que se deseja observar. Em ambos a imagem gerada pela objetiva é vista
através da ocular. A diferença essencial é que o telescópio é usado para ver
objetos situados a grandes distâncias

61
Exemplo
Uma lente telescópica simples consiste de uma lente convergente de distância
focal de 20cm seguida, à distância de 20cm, por uma lente divergente de
distância focal –10cm. Qual deve ser a posição do “screen” para receber a
imagem final se o objeto está a 100cm da primeira lente?

Solução
Na ausência da lente negativa, o objeto O produziria uma imagem real em X, à
distância x da lente, figura 39.
Cálculos:
1 1 1
   x = 25cm
100 x 20
Os raios nunca alcançam X devido a presença da lente divergente. Desta
forma X funciona para esta lente como um objeto virtual, gerando uma imagem
real em I. A distância do objeto é 20cm – 25cm = - 5cm.
1 1 1
     i  10 cm
5 i 10

A luneta de Kepler está esquematizada na figura 40. Note a ocular negativa do


telescópio de Galileu substituída por uma lente positiva. Esta substituição foi
sugerida por Johannes Kepler em seu trabalho Dioptrice, publicado em 1611.

A objetiva gera uma imagem real de objeto distante nas vizinhanças do seu
segundo ponto focal, que coincide com o primeiro ponto focal da ocular.

Para saber mais acesse:


http://www.vikdhillon.staff.shef.ac.uk/teaching/phy105/telescopes/phy105_tel_pr
inciples.html

62
O Olho
A córnea e o cristalino, em conjunto, focalizam a imagem na retina. A
quantidade de luz que atinge a retina é controlada pela íris, que regula o
tamanho da pupila.
Quando o objeto muda a sua distância em relação à lente, entram em ação os
músculos ciliares, que alteram as curvaturas das faces do cristalino, a imagem
continua a formar-se sobre a retina.. Este mecanismo de ajuste da imagem
sobre a retina é conhecido como acomodação visual.
Quando o objeto se situa muito afastado do olho, objeto no infinito - ponto
remoto PR, o foco-imagem da lente coincide com a retina. Esta situação
corresponde ao estado de repouso do olho, isto é, à ausência de tensão nos
músculos ciliares; portanto, o objeto é observado sem esforço visual. Este fato
justifica o conforto da contemplação de ambientes á distância.
Quando o objeto é aproximado da vista, o músculo ciliar se contrai aumentando
a curvatura do cristalino e diminuindo a distância focal do sistema, a imagem
permanece projetada na retina. O ponto mais próximo da vista em que o
cristalino ainda consegue focalizar a luz na retina é conhecido como ponto
próximo PP. Em geral o ponto próximo é cerca de 25mm.
Quando, na vista relaxada, as imagens de objetos distantes formam-se atrás
da retina, diz-se que há hipermetropia. O defeito é corrigido com uma lente
convergente; quando a imagem do objeto é focalizada antes da retina, há
miopia. O defeito é corrigido com uma lente divergente, figura 41.

63
Exemplo
No caso de um individuo só poder ver distintamente a olho nu objetos entre
75cm e 200cm dos seus próprios olhos. Que tipo de óculos precisa a fim de
enxergar tanto objetos distantes como objetos a 25cm?

Solução

O indivíduo só pode enxergar até 75cm. Mas precisa enxergar até 25cm. Para
correção deste defeito, precisa de uma lente que, recebendo a luz de um objeto
afastado 25cm, vai convergi-la o suficiente para que ao olho atrás da lente, ela
pareça provir de um objeto a 75cm de distância.
Com o objeto a 25cm de distância, a lente produzirá uma imagem virtual à
distância de 75cm.
Cálculos
Para o caso representado na figura 42a – Pela fórmula das lentes:
1 1 1 1 1 1
     f  37,5cm
o i f 25 75 f
Para o caso representado na figura 42b a lente necessária é a que produz, de
um objeto no infinito, uma imagem virtual a 200cm.
1 1 1
    f  200cm
 200 f
Os óculos são bifocais, a parte superior de cada lente sendo a lente divergente
e a parte inferior sendo a lente convergente.

64
UNIDADE 4 Óptica ondulatória

4.1 Óptica ondulatória


4.1.1 Objetivo
 Estudar a figura de interferência formada pela interferência de duas ondas
luminosas coerentes.
 Conhecer as características importantes da interferência, difração e
polarização de uma onda.
4.1.2 Contexto
Ao tratarmos o tópico conhecido como óptica geométrica, não levamos em
consideração o caráter ondulatório da luz, nem sua polarização. Nestas
condições, efeitos tais como difração e interferência não se evidenciam. Para
interpretar estes importantes fenômenos da óptica é necessário considerar a
natureza ondulatória da luz. Por esta razão, esta parte da física é denominada
óptica física ondulatória. Estes fenômenos são:
 A interferência, que nos mostra que luz somada a luz pode dar escuridão
em alguns casos.
 A difração, que nos mostra que a luz se “curva” ao redor dos objetos.
 A polarização, que nos indica que as vibrações luminosas são transversais.
Estudaremos cada fenômeno e veremos como a teoria ondulatória permite
explicar isto.
Entende-se como meio homogêneo aquele no qual o índice de refração não
depende da posição, sendo, portanto constante. O meio pode ser
simultaneamente homogêneo e anisotrópico, caso comum em cristais, para os
quais o índice de refração não se mantém constante para distintas direções de
propagação da luz. No caso do meio não homogêneo, o índice de refração
depende da posição, em geral devido às flutuações de densidade, temperatura,
ou composição química do material.
Um típico fenômeno de interferência é observado na luz projetada na parede
por uma lanterna de filamento com refletor curvo. Os círculos claros formados
pela interferência construtiva e os círculos escuros formados pela interferência
destrutiva ocorrem por causa da diferença no trajeto das ondas de luz.
Observando as estrelas, elas parecem pulsar. Isto se deve às turbulências
atmosféricas, tais como flutuações de pressão e densidade, que levam à
formação de correntes de vento e variações do índice de refração do ar.
O aquecimento do ar próximo à superfície da Terra modifica seu índice de
refração e o trajeto da luz não é retilíneo. É o efeito miragem.
Na transmissão de microondas por visada direta, onde o sinal gerado por uma
antena parabólica é recebido por outra antena, flutuações na atmosfera
produzem ruído no sinal transmitido. A instabilidade no trajeto dos raios, podem
ocasionalmente não atingir a antena receptora.

65
4.2 Interferência, difração e polarização
4.2.1 Coerência
Se as ondas que provêem de duas fontes de ondas se encontram em um ponto
do espaço, interferirão, reforçando-se ou anulando-se, segundo a diferença
entre os caminhos percorridos por cada uma delas. A amplitude da onda
resultante é a soma das amplitudes de cada onda e a onda resultante exibe o
que denominamos interferência de ondas. Para que a figura de interferência
seja estável, é necessário que as duas fontes:
 Produzam vibrações de igual freqüência
 Estejam em fase ou tenham uma diferença de fase constante ao transcorrer
o tempo.
Atendidas estas condições se diz que as fontes são coerentes. Estas
condições se realizam facilmente para fontes mecânicas; por exemplo, as duas
pontas de um diapasão que produzam ondas em uma cuba de água. No
entanto, esta condição não se realiza para duas fontes pontuais luminosas
distintas. O fenômeno da interferência ocorre quando um feixe de luz é dividido
em duas partes e depois recombinado. A figura 1 ilustra a recombinação de
duas ondas em um ponto sobre o “screen”.
Nota: – As figuras são apenas ilustrações e estão fora de escala.
As franjas escuras são geradas por ondas defasadas de meio comprimento de
onda – Interferência destrutiva. A recombinação das ondas refletidas em fase
gera as franjas claras – Interferência construtiva.

Os dois campos elétricos cancelam-se por um processo chamado interferência


destrutiva produzindo uma faixa ou franja escura; duas ondas refletidas que
incidem no “screen” em fase exibem interferência construtiva, seus campos
elétricos são somados para produzir uma faixa com luz.

66
A figura 2 representa duas ondas com o mesmo comprimento de onda a
mesma freqüência  a mesma amplitude A e diferença de fase constante. São
precisamente estes tipos de ondas denominadas de ondas coerentes. No caso
do esquema da figura 60 a distância do foco ou da origem destas ondas são
distintas e as chamaremos de d1 e d2.
Assim, uma onda é 1 sint - k d1) e a outra 2sint - k d2).

A onda resultante é a soma 12


sint - k d1) + sint - k d2)
Da relação trigonométrica para a soma de dois senos:
sin a + sin b = 2 sin ( ( a + b ) / 2 ) ( cos ( a – b ) / 2 )
Portanto,
sint – k( d1 + d2 ) / 2) cos k( d2 – d1) / 2 ) ou
 cos( k( d2 – d1) / 2 ) sint – k d )
onde d = ( d1 + d2 ) / 2
Com a substituição d = ( d1 + d2 ) / 2 verificamos que a onda resultante é uma
onda que parece vir de uma distância d que é a semi-soma das distâncias aos
focos das ondas mas com amplitude dada por cos k( d2 – d1) / 2 ) que varia
para cada ponto P do plano.
A amplitude será máxima para pontos nos quais cos k( d2 – d1) / 2 ) = 1 e
mínima para aqueles sítios onde cos k( d2 – d1) / 2 ) = 0. Neste caso, para
aqueles pontos que verificam a condição
k( d2 – d1) / 2 = n,

a onda resultante tem o seu valor máximo em amplitude. Neles se produzirá o


que se denomina interferência construtiva. Nestes pontos as ondas se
superpõem construtivamente dando lugar a uma amplitude que é a soma das
amplitudes de cada componente, como representado na figura 3.

67
Os sítios onde este co-seno modulador é nulo, são aquelas para os quais a
condição k( d2 – d1) / 2 = ( 2n + 1 )2é verificada.
A amplitude é sempre zero, independentemente do tempo. Estes pontos que
nunca apresentam amplitude são chamados nodos e as linhas que os unem de
líneas nodais. Um exemplo de interferência destrutiva está representado na
figura.4.

68
4.2.2 Difração
É possível descrever o fenômeno da difração pelo princípio de Huygens. Nesse
princípio, “quando pontos de uma abertura ou de um obstáculo são atingidos
pela frente de onda eles tornaram-se fontes de ondas secundárias que mudam
a direção de propagação da onda principal, contornando o obstáculo”
O Principio de Huygens provê um modelo para interpretar este comportamento.
Huygens considerou o avanço de uma crista da onda como sendo um ponto de
origem para pequenas ondas secundárias circulares que se expandem com a
velocidade da onda. A superfície tangente a estas ondas secundárias ou
“wavelet” determina o contorno do avanço da onda, figura 5. Imagine que em
um determinado momento, cada ponto da frente de onda possa ser
considerado como o ponto de inicio de outra onda esférica (wavelet).

Figura de difração de uma fenda simples


Considerando o problema de uma onda plana incidente numa fenda, de acordo
com o princípio de Huyghens, podemos determinar a onda à direita da fenda
admitindo que cada ponto ao longo da linha da fenda é uma fonte de onda
secundária circular.
A figura 6 mostra a difração de uma onda através de uma barreira com uma
fenda. O espalhamento das ondas na saída da fenda é acentuado quando o
tamanho da abertura é da ordem de grandeza do comprimento de onda, e é
pequeno quando a fenda é muito maior do que o comprimento de onda.

69
A difração de Fresnel ocorre quando a figura de interferência formada pela
difração destas ondas é observada nas vizinhanças da sua origem.
No caso da difração de Fraunhofer o “screen” ou a tela de projeção utilizada
para observar o fenômeno da difração é muito afastado da fenda. A condição
para os mínimos da figura de difração é:
a sin   m , m  1,2,3,...
onde:  é o ângulo de desvio da luz,  o comprimento de onda e a a largura da
abertura da fenda.
A amplitude da onda sobre pontos no “screen” é:
sin  a sin 
E  Eo , com  
 

Considere a situação mostrada na figura 7 . O padrão de intensidade visto no


“screen” ou tela de projeção é a soma das contribuições de cada ponto na
frente de onda na fenda. Essas contribuições, na tela, diferem em fase porque
a onda percorre trajetos diferentes para chegar a um ponto comum sobre a
tela. Considere o primeiro ponto na fenda a uma distância x do ponto médio da
fenda. Assumindo que a distância D é muito maior do que a largura a da
fenda, a distância extra no trajeto da luz é aproximadamente igual a:
L  x sin 

Se Ao é a amplitude da frente de onda na fenda e esta é constante ao longo de


toda a largura da fenda, então, a contribuição de uma seção de largura dx é:
Ao dx
:
a

A onda originada em x está defasada da onda originada no ponto médio da


2L
abertura por um ângulo de fase   . Esta contribuição é:

 2x sin  
Ao dx cos 
  
a

70
A amplitude da onda em qualquer ponto da tela de projeção é obtida com a
integração desta expressão ao longo de toda fenda. Para simplificar, definirmos
uma nova variável:

a sin 


sin 
Assim, A  Ao

A intensidade da luz é proporcional ao quadrado da amplitude. Um esboço


gráfico do padrão de intensidade é mostrado na figura 8. Os zeros do padrão
de intensidade ocorrem nos pontos para os quais sin   1 ( Exceto   0 ). Isto
exige que:
a sin 
 m , m  1,2,3...

e, portanto,

a sin   m

A intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude. Assim,

I o sin 2 
I
2

Para saber mais acesse:


http://www.youtube.com/watch?v=MB9hVL0MxEU

71
Exemplo
Calcule o módulo do campo elétrico e a intensidade luminosa no centro de
simetria da figura de difração formada por uma fenda simples na condição de
Fraunhofer.
Solução
Neste caso,   0 ,
sin  I sin 2  a sin 
A  Ao ; I o 2 onde  
  

sin 
lim  1. Assim E  Eo ; I  I o
 0 

4.2.3 Experimento de Young


Thomas Young demonstrou pela primeira vez a interferência de ondas de luz
com fenda dupla. O esquema para este experimento é mostrado na figura 9.

72
A única fonte de luz está localizada em S0, figura 10. A luz passa através de
duas janelas estreitas em S1 e S2. ( Uma única fonte de luz é necessária
porque as ondas de luz devem ter freqüência e fase idêntica. O feixe de luz é
considerado como de uma única cor ). Cada uma das fendas atua como uma
fonte de ondas circular em expansão. Os pontos de interseção de duas cristas,
uma de cada onda secundária, são pontos de interferência construtiva. O ponto
de interseção de uma crista de uma onda e uma depressão de outra é um
ponto de interferência destrutiva.

A figura 10 mostra o padrão de interferência, que consiste em franjas claras e


franjas escuras alternadas visto na “screen”.
Para saber mais acesse:
http://extraphysics.com/java/models/diffract.html

Para entender melhor como esses pontos são gerados, a figura 11 mostra raios
com origem em duas fendas direcionados para o ponto P no “screen”.

A diferença no comprimento do trajeto dos dois raios é dada por: d sin   I1  I 2

73
Na interferência com fenda simples, determinamos os ângulos em que se
formam franjas escuras. De forma análoga, é possível determinar para que
ângulos de desvio  se formam no “screen” ou tela as franjas claras.
Se a diferença de caminho for um número inteiro de comprimentos de onda,
então ocorre a interferência construtiva. Se os caminhos diferem de um número
inteiro de metade dos comprimentos de onda, ocorre interferência destrutiva.
Utilizando n para representar qualquer número inteiro, os dois casos podem ser
escritos da seguinte forma:

Condição de máximos n  d sin 


 1 
Condição de mínimos  n     d sin 
 2 

onde λ é o comprimento de onda e d é a distância entre as duas fendas.


Nota: A figura 11 está fora de escala; a distância ( L ) é muito maior que a
distância entre as fendas ( d ).
O padrão de difração de fenda dupla pode ser reproduzido como o resultado da
sobreposição dos padrões de duas fendas simples que quase coincidem. Para
calcular a soma, note que o raio de luz de uma das fendas está defasado do
2d sin 
raio de luz da outra fenda de   como resultado da diferença de

comprimentos do trajeto entre eles, figura 11. O comprimento extra em um dos
trajetos é: L  d sin  onde d é a separação entre as fendas.

A amplitude total é obtida adicionando à primeira, a segunda onda multiplicada


pelo atraso entre elas, cos  .

Ao sin 2  
2
 2d sin   
2

A 2 1  cos  
 2
   

A condição de máximo é:

2d sin 
 2n n  1,2,3...

A condição de mínimo é:

2d sin 
 2n  1 n  1,2,3...

A intensidade está novamente proporcional ao quadrado da amplitude.


I o sin 2  
2
 2d sin   
I  1  cos  
 2    

74
Exemplo
Na experiência de Young com duas frestas, usando-se luz de comprimento de
onda  = 5.5  10-7m, a franja brilhante de ordem zero do padrão de
interferência situa-se no centro da tela de observação. Quando um filme fino de
material transparente e índice de refração 1.45 é colocado sobre uma das
frestas, a posição central passa a ser ocupada pela franja brilhante de quarta
ordem.
Determine a espessura do filme.

Solução
Quando ambas as frestas estão descobertas, figura 12, a posição sobre a tela
“screen” da franja brilhante de ordem zero está no ponto O eqüidistante de S1 e
S2. Neste ponto, as ondas originadas em S1 e S2 estão em fase por terem
percorrido distâncias iguais.
Quando a fresta S1 é coberta pelo filme de espessura desconhecida d e índice
de refração n, a luz que atravessa o filme percorre um trajeto óptico de
comprimento nd.
Nota: o comprimento óptico de um trajeto de luz, definido como o comprimento
geométrico vezes o índice de refração do meio no qual a luz se propaga,
equivale à distância que a luz teria percorrido no vácuo.
O comprimento óptico nd = c l / v, onde v é a velocidade da luz no meio. Mas
a luz propaga-se neste meio com velocidade constante, e, portanto l / v = t,
onde t é o tempo empregado pela luz para percorrer o trajeto.

nd  ct  nd  lo

lo é a distância que a luz teria percorrido com velocidade c, no vácuo. Desta


forma o comprimento óptico é o equivalente da distância que a luz teria
percorrido durante o mesmo tempo no vácuo.
A luz de S2 , atravessando uma espessura correspondente d de ar, índice de
refração igual a 1, percorre somente o comprimento óptico d. Há portanto uma
diferença entre os trajetos da luz das duas frestas, que é nd – d = d(n – 1).
A franja em O é de quarta ordem, o que significa que a diferença entre os
trajetos ópticos S1 O e S2 O é 4

4 4  5,5  10 7
d  m  4,98  10 6 m
n 1 0,45

75
4.2.4 Redes de difração
Em geral uma rede de difração consiste de um grande número de fendas ou
ranhuras igualmente espaçadas produzidas numa placa de vidro. Este
importante dispositivo é útil na análise da luz, figura 13 . O padrão de difração
da rede ou grade de difração pode ser entendido utilizando resultados para
difração de dupla fenda.
No caso de uma grade de difração com N ranhuras ou fendas,
A sin  N  2nd sin  
NA  o  cos ,
 n 0   

Assim, o ângulo de desvio do máximo de interferência de ordem m


correspondente a um comprimento de onda  é dado por:
m
sin  
d

Exemplo
Ondas planas monocromáticas de comprimento de onda   600mm incidem
normalmente sobre uma rede de difração com 500 ranhuras por mm.
Determinar os ângulos de desvio da primeira, segunda e terceira ordem.

Solução
 O comprimento de onda da luz é   600mm  6  10 5 cm
 A constante de grade é: g  500mm1
1
d mm  d  2  10 4 cm
500
Ângulo de desvio correspondente a primeira ordem, m = 1
m 6  10 5
sin    4
 0.3   sin 1 0.3  17.5o
d 2  10

76
Ângulo de desvio correspondente a segunda ordem, m = 2
m 12  10 5
sin     0.6   sin 1 0.6  36.9 o
d 2  10 4

Ângulo de desvio correspondente a terceira ordem, m = 3

m 18  10 5
sin     0.9   sin 1 0.9  64.1o
d 2  10 4

Difração e resolução
A figura 8 representa a difração na condição de Fraunhofer produzida por uma
fenda simples. Podemos observar esta figura de difração utilizando uma fenda
estreita e um laser. Recorde que largura do máximo central depende da razão
entre o comprimento de onda da luz e a largura da fenda. Quanto mais estreita
for a fenda, mais largo é o máximo de difração. Calculamos também o ângulo 
entre o raio dirigido para o primeiro mínimo e o máximo central de difração em

função da largura da fenda a e do comprimento de onda : sin   .
a

Na figura 14 está representada a difração na condição de Fraunhofer gerada


por uma abertura ou janela circular.

Ela tem importantes aplicações para a resolução de instrumentos ópticos. O


ângulo , subtendido pelo primeiro mínimo de difração está relacionado com o
comprimento de onda  e com o diâmetro a da abertura por:

sin   1.22
a
Esta equação difere pelo fator 1.22 da equação que determina o desvio  para
a luz difratada por uma fenda simples.

77
Nota adicional
De acordo com o princípio de Huygens, devem ser somadas as contribuições
das ondas originadas de todos os pontos no interior da abertura, de modo a ser
obtida a amplitude resultante. Cada onda secundária contribui com coskrdA ,
onde r é a distância representada na figura 15 e dA é o elemento de área no
interior da abertura circular.

A amplitude para um ângulo  , é a integral


 coskr dA
Esta é uma integral tabelada que resulta na função de Bessel de primeira
ordem, J 1 x  . Esta função está representada na figura 16.

O valor final da intensidade para o ângulo , obtida pelo cálculo da integral


sobre a abertura, elevado ao quadrado, é

 J  2
2

I  Io  1  , onde   ka sin 
  4 

78
Na abertura circular, o primeiro mínimo ocorre para J 1 x   0 . Como
representado no gráfico da figura 16, a função de Bessel tem seu primeiro zero

em x  3.84 . Assim,  min 2  3.84 ; ka sin  min 2  3.84 ; sin  min  1.22 .
a
Poder de resolução
Um microscópio óptico de alto poder utiliza uma lente objetiva com pequena
distância focal. O objeto a ser ampliado é ajustado próximo ao foco da lente.

O plano de imagem está a uma distância D muitas vezes maior do que a


distância focal, figura 17a. Como no caso do telescópio, uma chapa fotográfica
pode ser ajustada no plano de imagem ou a imagem pode ser aí examinada
com uma ocular.
Na figura 17b a separação angular das duas fontes pontuais é tal que o
máximo da configuração de uma fonte coincide com o mínimo da configuração
da outra fonte, configuração conhecida como critério de Rayleigh para
resolução, figura 18.

79

Pela equação sin   1.22 , quando dois objetos estão no limiar de separação
a

devem ter uma separação angular dada por  R  sin 1 1.22 . Como os ângulos
a
envolvidos são pequenos podemos substituir sin  R por  R em radianos

 R  1.22 .
a
Num microscópio, é de interesse a distância mínima de resolução entre dois
f
pontos. Seja esta distância d min . Então, d min   R  f ; d min  1.22 .
a

nformação adicional
Redes de difração e poder de resolução
Se a luz não é monocromática, são geradas imagens das ranhuras da rede ou
grade para distintos comprimento de onda. Diversos espectros são produzidos
correspondente às ordens m = 1, 2, ...Assim, é requerido que uma rede de
difração produza uma separação entre os comprimentos de onda tão grande
quanto possível, apresente grande dispersão. A dispersão de uma rede de

difração é definida por: D  , figura 19.


Quanto menor o espaçamento d entre as ranhuras da rede, maior os efeitos da


dispersão. A expressão que localiza a posição angular das linhas do espectro
m
de difração é: sin   . Diferenciando esta expressão, resulta:
d

d
d cos  d  md
m

d d cos 
Podemos reescrever o quociente destas grandezas diferenciais como o
quociente de pequenas variações de  e  da seguinte forma:
 m

 d cos 

80
m
Assim, a dispersão de uma grade é: D 
d cos 
Para separar linhas do espectro, correspondente a comprimentos de onda
muito próximos, é importante que a largura de cada linha seja tão estreita
quanto possível. Podemos dizer que, neste caso, a grade de difração possui
elevado poder de resolução.

Definimos poder de resolução da seguinte forma: R  , onde  é o valor

,
médio do comprimento de onda de duas linhas espectrais próximas, no limite
de resolução para qual a diferença de comprimento de onda é  .
Considerando uma grade de difração com N fendas, na condição de Frauhofer
ou então com uma tela situada no plano focal de uma lente condensadora,
como mostra a figura 19, os pontos onde ocorrem os máximos de interferência
m
são dados pela equação: sin   para m  1,2,3,...
d
Note que d é a distância entre duas fendas ou ranhuras consecutivas. Com as
N fendas consideradas esta condição deve ser cumprida para dois raios com
origem em duas das fendas adjacentes. Aumentando o número N de fendas,
um ponto de máximo na tela é iluminado por um maior número de ondas
aumentando os efeitos da interferência destrutiva nas vizinhanças deste ponto
de máximo. Assim, quanto maior o número N de fendas menor é a largura de
cada franja de interferência.
A diferença de fase entre duas ondas originadas de duas ranhuras adjacentes
é:   2 / N e a diferença de trajeto L   / N .
Sendo  o espaço angular que subtende a largura da franja central,
L  d sin  e sin    / Nd é a largura da franja central.
Pequena variação de comprimento de onda, de  a    , produz uma
variação do ângulo de difração de  a    , então:
m
diferenciando sin   e a expressão que dá a diferença de fase entre dois
d
2d sin 
raios adjacentes   , obtém-se: d cos  d  md e

2d cos  d 2m 2m
d  . Assim,    2 / N 
  

O poder de resolução de uma grade de difração escrito de forma


simplificada é: R  mN .
 
Assim,  mN ou N
d md
Para saber mais acesse:
http://www.microscopy.fsu.edu/primer/java/imageformation/gratingdiffraction/ind
ex.html
http://www.lon-capa.org/~mmp/kap27/Gary-Inter2/app.htm

81
Exercício
o
A luz amarela de sódio, que consiste de dois comprimentos de onda   5890 A
o
e   5896 A , incide normalmente sobre uma grade de difração com 1500
linhas por centímetro. Que separação angular é observada entre as duas linhas
no espectro de segunda ordem e sob que condições elas serão vistas
separadamente?
Solução
A fórmula da grade é, na notação usual, d sin   m ou sin   gm onde,
g é a constante de grade.
1
A constante de grade é: g  1500cm 1  d  cm
1500
Com, sin   gm , uma pequena variação de comprimento de onda, de  a
   , produz uma variação do ângulo de difração de  a    , então:
cos d  mgd
mgd mgd 1  1500cm 1  6  10 8 cm
 d   , d 
cos  1  m 2 p 2 2 1  12  1500 2 cm 2  58932  10 16 cm 2
9  10 5
 d   9.04  10 5 rad
0.9961
O poder de resolução da grade é R  mN , onde N é o número total de
 
ranhuras da grade de difração. Desta forma,  mN ou N . Para o
d md
espectro de primeira ordem da grade,
5893  10 8 cm
N  982ranhuras
1  6  10 8 cm
Se a grade for suficientemente larga para conter 982 ranhuras, as linhas
amarelas de sódio serão separadas em primeira ordem.

82
4.3.1 Polarização da luz
Em qualquer instante de tempo, uma onda de luz ou uma onda eletromagnética
consiste de campos E e B, mutuamente perpendiculares em cada ponto do
espaço. A direção de polarização é definida como a direção de E e o plano de
polarização é definido como o plano que contém E e a direção do feixe.
Portanto, a direção de B é perpendicular ao plano e polarização. A radiação
eletromagnética, na qual a direção de E é fixa, é chamada radiação plano-
polarizada. Para um feixe proveniente de uma fonte incoerente, a direção do
campo elétrico se move aleatoriamente, enquanto permanece perpendicular a
direção do feixe. Diz-se que esse feixe é não-polarizado.

4.3.2 Polarizadores
A maior parte das fontes de luz emite luz incoerente, não polarizada. Um feixe
de luz não polarizada pode ser polarizado, fazendo-o passar através do
chamado polarizador. Uma grade de fios finos paralelos funciona como um
polarizador para microondas, como é visto na figura 20.

Se o feixe de microondas for verticalmente polarizado e os fios estiverem


orientados verticalmente, como na figura 21b, haverá uma corrente induzida I,
em cada fio. A corrente induzida será tal, que o campo da radiação emitido por
ela será E' = - E. O Campo resultante antes do polarizador, no sentido da
incidência, é E + E' = 0. Assim o polarizador, com esta orientação, funciona
como um refletor perfeito e o feixe não passa.

83
Se os fios estiverem dispostos perpendicularmente ao campo E, figura 21a,
não haverá corrente induzida vertical. Não existirá radiação adicional e a onda
incidente não será perturbada.
O eixo de polarização é definido como sendo perpendicular aos fios. Se um

polarizador tiver seu eixo formando um ângulo com E , figura 22, emitirá um
campo formando um ângulo reto com o eixo de polarização.

O campo E', é a componente de E, paralelo ao eixo e, por conseguinte, de


módulo E   E cos  ou I   I cos 2 
Um filtro polaróide para a luz utiliza o mesmo princípio. O polaróide é feito de
plástico distendido, que consiste principalmente de longas cadeias paralelas de
moléculas. Essas cadeias são revestidas de modo a conduzir corrente ao longo
de seu comprimento. Desse modo, o polaróide é uma versão microscópica do
polarizador de fios paralelos. O eixo de um filtro polaróide é perpendicular a
cadeia de moléculas.
Exemplo
Os eixos de polarização de duas placas polarizadoras são paralelos, de forma
que para uma dada posição de ambos se obtém intensidade máxima.
Determine o ângulo que deve girar uma das placas para que a intensidade se
reduza a quarta parte.
Solução:

1 1 1
I'  I , I '  I cos 2  cos 2   cos  
4 4 2

  60 o   120 o

Para saber mais execute a simulação em:


http://www.lon-capa.org/~mmp/kap24/polarizers/Polarizer.htm

84
4.3.3 Polarização por Reflexão
Quando a luz não-polarizada é refletida numa interface plana, a superfície que
separa o ar do vidro ou o ar da água, por exemplo, a luz está parcialmente
polarizada. A polarização completa depende do ângulo de incidência e dos
índices refração dos dois meios.
Quando o ângulo de incidência é tal que os raios refletido e refratado são
perpendiculares, a luz refletida está completamente polarizada. Este resultado
foi descoberto por Brewster.
A figura 23 representa a luz incidente no ângulo de polarização p ( ângulo de
Brewster ) em que a luz refletida está completamente polarizada.
Lembre-se que o plano de incidência é o plano que contém a normal a
superfície e o raio incidente. Assim, na figura 23 os pontos referem-se a
polarização perpendicular e as setas curtas referem-se a polarização paralela.
É possível relacionar o ângulo de polarização p aos índices de refração. A lei
de Snell faz isto.. Sendo n1 o índice de refração do primeiro meio e n 2 o índice
de refração do segundo meio – Pela lei de Snell
n1 sinp = n2 sin 2

onde 2 é o ângulo de refração. Da figura 23, a soma dos ângulos de reflexão e


refração é 90o . Então, 2 = 90o - p

n1 sinp = n2 sin( 90o - p ) = cós p ; tan p = n2 / n1

Esta equação é conhecida como lei de Brewster.

Exemplo
Se o índice de refração da água for 1.33, em que ângulo a luz refletida na
superfície desaparecerá totalmente, quando vista por alguém usando óculos
polaróide?
Resposta
n
tan  p  2  tan  p  1.33 ,  p  53o .
n1

Para este ângulo a luz refletida é polarizada horizontalmente, o eixo do


polaróide nos óculos deve ser vertical. Assim, se o Sol estiver 37 o acima do

85
horizonte, sua reflexão numa superfície de água parada poderá ser absorvida
pelos óculos.
Exercício
Calcule o ângulo de incidência da luz natural para que ocorra polarização total
por reflexão, em um cristal de índice de refração 1,5.

Solução:
Para que o raio de luz se polarize totalmente é necessário que:

n2
tan  p   tan  p  1.5   p  56 o19 '
n1

Para saber mais acesse:


http://webphysics.davidson.edu/physlet_resources/bu_semester2/c27_brewster
.html

Exercícios adicionais
01. Um fio de cobre longo e retilíneo, com área de seção reta circular 2.1mm2 ,
transporta corrente de 16 A . A resistividade do material é de 2.0  10 8   m .

( a ) Qual é o campo elétrico uniforme no material?


( b) Quando a corrente varia a uma taxa de 4000 A/ s , qual é a taxa de variação
do campo elétrico no material? Neste caso, qual é a densidade da corrente de

deslocamento no material e o módulo do campo magnético B a 6.0cm do centro
do fio? Note que tanto a corrente de condução quanto a corrente de

deslocamento devem ser incluídas no cálculo do campo magnético B .

Solução:

I
( a ) A lei de Ohm assegura que E   ,
A
E
2.0 10 8

  m 16 A
 0.15V m .
2.1  10 6 m 2
dE d  I  2  10 8   m
(b)     4000 A s   38V m  s ;
dt dt  A  2.1  10 6 m 2
Como   1 para o cobre, podemos considerar    o .

  o 38V m  s   3.4  10 10 A m 2


dE
jD   o
dt
  
I D  j D A  3.4  10 10 A / m 2 2.110 6 m 2  7.14 10 16 A

ID  7.14  10 16 A
BD   o  o  2.38  10 21T
2r 2 0.060m
I  o 16 A
BC   o C   5.33  10 5 T
2r 2 0.060m

86

“A contribuição de I D para o campo B é de segunda ordem comparada com a
contribuição de I C ”.

02. Na figura 1, as placas do capacitor possuem área de 5,0cm 2 e separadas


de 2.0mm . As placas estão em um vácuo. A corrente de carga possui um valor
constante de 1.80mA . No instante t  0 , a carga nas placas é zero.

( a ) Calcule a carga sobre as placas, o campo elétrico entre as placas e a


diferença de potencial entre elas quando t  0.500s .
dE
( b ) Calcule , a taxa de variação com o tempo do campo elétrico entre as
dt
placas.
( c ) Calcule a densidade de corrente de deslocamento j D entre as placas e a
corrente de deslocamento I D .

Solução:

( a ) I C  1.80  10 3 A ; em t  0 q  0
  
q  I C t  1.80  10 3 A 0.500  10 6 s  9.00  10 10 C
1 q 9.00  10 10 C
E   2.03  10 5 V m

 0 A 8.854  10 C / Nm 5.00  10 m
12 2 2 4

2

 
V  Ed  2.03  10 V m 2.00  10 m  406V
5 3

(b)
dE 1 dq dt 1 I C 1.80  10 3 A
    4.07  1011V / m  s
dt  0 A  
 0 A 8.854  10 12 C 2 / N  m 2 5.00  10 4 m 2 
(c)
jD   o
dE
dt
  
j D  8.854  10 12 C 2 / N  m 2 4.07 1011 V ms  3.60 A / m 2

  
I D  j D A  3.60 A / m 2 5.00  10 4 m 2  1.80  10 3 A

I D  IC

87
03. Considere o campo elétrico na direção x perpendicular a duas placas
condutoras, um capacitor. l é a distância entre as placas e Vo a diferença de
potencial. Calcule: ( a ) a densidade superficial de carga  ; ( b ) o campo

elétrico E entre as placas.

Solução:

Neste caso,   0 – Pela equação de Maxwell  2V  0 ,


 2V d 2V d  dV   dV 
V 2 ;
2
 0;  0    Const. V  Const.  x  Vo
x dx 2 dx  dx   dx 
Vo
Em x  0 , V  Vo ; xl , V  0. Assim, V   x  Vo e o campo
l
 dV   dV 
elétrico é: E   i .   0  é a densidade superficial de carga.
dx  dt 
V
E o
l

04. Dois espelhos coaxiais, separados pela distância de 32cm, têm suas
superfícies refletoras uma em frente a outra. Um dos espelhos é côncavo tendo
raio de curvatura 24cm mas o outro é desconhecido; o objeto está situado na
metade da distância entre eles. Qual o tipo do segundo espelho para que a
imagem gerada fique também localizada, na metade da distância entre os dois
espelhos?

Solução:

88
Imagem I 1 gerada pelo espelho côncavo
1 1 1 2
   e, neste caso, o1  16cm , f1  12cm
o1 i1 f1 R1
1 1 1 1
    i1  48cm
i1 12cm 16cm 48cm
O primeiro espelho forma uma imagem real em I 1 , mas os raios não alcançam
I 1 , e I 1 funciona como um objeto virtual em relação ao segundo espelho,
, onde o' 2  32  48cm  16cm e i' 2  16cm
1 1 1 2
  
o' 2 i ' 2 f 2 R2
1 1 1
  0  f 2   , Neste caso o segundo espelho é plano.
16 16 f 2

Q5. Uma placa de vidro no ar tem espessura de 0.40mm. O índice de refração


do vidro é 1,50. Que comprimento de onda, dentro dos limites do espectro
visível, de   40  10 6 cm a   70  10 6 cm são refletidos intensamente quando
iluminada por luz branca em incidência normal?

Solução:

A espessura da lâmina de vidro é t  400m ; o espectro visível considerado


entre 1  400m e 2  700m .
O comprimento de onda da luz no vidro é:  n e o número de comprimentos
de onda contidas no espaço t é:

89
N1 
2t
para 1 e N2 
2t
para 2
1 n 2 n
2  400
N1   3 . Como N é um número inteiro de comprimentos de ondas
400 1.5
luminosas, não há luz refletida com intensidade. Note que, quando o meio além
da interface tem um índice de refração maior, como neste caso, há uma
mudança de fase de 180 o , a onda refletida é defasada de meio comprimento de
onda.
Assim, o comprimento da onda refletida do espectro visível fortemente
2t 2nt 2  1.5  400
intensificada é: N      480m
 n N 2.5

Com 2  700m o número de comprimentos de ondas no espaço entre as


2t 2  400
superfícies é: N 2    1.7 . Neste caso há reflexão, N não é um
2 n 700 1.5
número inteiro de ondas.

90
Referências
http://www.lon-capa.org/~mmp/applist/applets.htm
http://alfaconnection.net/pag_avsf/luz0202.htm
http://people.clarkson.edu/~jsvoboda/eta/ecsa.html
http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/HFrame.html
http://www.falstad.com/circuit/e-index.html
http://www.wainet.ne.jp/~yuasa/EngF5.htm
http://www.educypedia.be/education/magnetisme.htm

http://www.educypedia.be/education/physicsopticslenses.htm

http://galileoandeinstein.physics.virginia.edu/more_stuff/Maxwell_Eq.html

http://www.lon-capa.org/~mmp/applist/optics/o.htm

http://www.gigahertz-optik.de/?/571-1-properties-and-concepts-of-light-and-
color.htm
http://webphysics.davidson.edu/physlet_resources/bu_semester2/c23_reflection
.html

http://teleformacion.edu.aytolacoruna.es/FISICA/document/fisicaInteractiva/Opt
Geometrica/lentes/FormulasLentes.htm

http://mathworld.wolfram.com/letters/E.html

Nota: Para executar as simulações é necessário instalar a plataforma Java no


seu computador! Instale a plataforma Java disponível no website:
http://www.java.com/pt_BR/download/ie_manual.jsp?locale=pt_BR&host =
www.java.com

Outros textos
Young & Freedman, Física, São Paulo, Addison Wesley, 2009
Hesnick, Robert Halliday e Krane Kenneth, Física, Livros técnicos e
Científicos Editora S.A. Rio-RJ, 1996.
Orear,Jay, Fundamentos da Física, Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A., Rio de Janeiro, 1981.
Sears, Francis Weston, Física, Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro,
1981.
P. Tipler. Física, Ed. Guanabara, Rio de Janeiro, 1980

91
Purcell, E., Eletricidade e Magnetismo Curso de Física de Berkeley, São
Paulo – SP, Editora Edgard Blucher, 1973.
MacDonald, Simon G.G., Física Geral, Livro Técnico S.A., Rio de Janeiro, 1971
‘Physical Science Study Commitee, Física, Ed. preliminar, Brasília,
Ed. Universidade de Brasília, 1963-1964.

92
93

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