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CAPITULO 1 (Eu irei mudar muita

coisa neste livro. Esse não é o produto final.)

No noticiário não se falava de outra coisa, a guerra


continuava. “O líder inimigo, Forfeu, está no Sistema Mauhall
para mais uma tentativa de realizar o que ele mais quer, a posse
das Fragas, mas ninguém sabe onde elas estão e temos apenas
algumas teorias de o que ele fará com elas. As tropas de
Mauhall já estão posicionadas para conter a ameaça e os
Soberanos já estão no local”. Afirmou o jornal.

A nave de Forfeu pousou no planeta X-480 seguido de


seu exército dominado pela matéria escura. Os soldados desse
exército estavam revestidos por uma armadura de couro
translúcida, cravejada de pequenos cristais roxos dos pés à
cabeça e estavam portando armas um pouco arcaicas para os
padrões de tecnologia atuais. Eles marchavam lentamente em
direção aos Soberanos Baltazar e Salazar que lideravam na
linha de frente da batalha.

Esses Soberanos gêmeos, que compartilham o mesmo


corpo, mas com personalidades diferentes, se exibiam perante
as tropas inimigas jogando seu machado para cima e para
baixo enquanto mudavam o controle do corpo em que habitam,
onde a feição também mudava de acordo com quem está no
comando. Baltazar é barbudo, com cabelos castanhos que vão
até o meio das costas; já Salazar tinha apenas um bigode que
se encontra com o cavanhaque, com cabelos loiros que iam até
os ombros. Ambos com 2,3 metros.
Salazar começou seu discurso dizendo:
— Todos aqui estão por um único propósito, defender
a qualquer custo este planeta e este Sistema onde este planeta
se encontra. Ele já veio aqui antes, mas desta vez ele não irá
sair deste planeta com vida, sejam firmes e não recuem.

— Resumindo, vamos matar esse desgraçado! —


complementou Baltazar, batendo no peito e erguendo seu
machado.
O exército de Mauhall marchou em direção à batalha.

Forfeu desceu de sua nave revelando uma figura


ameaçadora de 2,5 metros, com um capacete se assemelhando
a uma caveira, mas com um design geométrico, remetendo a
uma máscara de gás. Forfeu encarou os Soberanos. Sua
máscara escondia qualquer feição que ele poderia ter e
qualquer sentimento que pudesse transparecer. Forfeu possuía
como arma duas lâminas que estavam presas em seus
antebraços por correntes de cor verde escuro fosco.

Baltazar avançou correndo na direção de Forfeu e suas


tropas o seguiram. Forfeu não se moveu e suas tropas passaram
por ele, indo de encontro ao outro exército. A batalha
começou.

— Tragam ela — disse Forfeu com uma voz grave e


imponente, levemente abafada por seu capacete.
Um dos soldados de Forfeu foi até a nave e buscou uma
felina com forma humanoide de 1,4 metros e a colocou de
joelhos em frente a Forfeu.
— Comece — disse Forfeu para a felina.
A felina de coloração rosa apenas encarou Forfeu com
um dos olhos inchado, por ter levado várias pancadas no local.
— Não?... Bem.... Peguem o colete.

Um colete metálico foi colocado na felina, fazendo ela


receber vários choques na região do tronco até ela começar a
urrar e chorar de dor.
— Chega! Eu vou achar! Me solta! — disse a felina.

— Começa logo! Antes que eu faça coisa pior Neeka,


e você sabe muito bem que eu posso!

O colete foi retirado de Neeka que continuava


ajoelhada, mas desta vez ela repousou suas mãos no chão e
tentou localizar as Fragas.
— Há uma oscilação de energia nesse planeta, a Fraga
pode estar aqui, a radiação se manifestou de uma forma
diferente no núcleo do planeta — disse Neeka.

— Acionem a broc...
Mas antes de Forfeu terminar sua fala, ele foi jogado
para traz pelo impacto do machado de Baltazar, mas seus
soldados entenderam a ordem e iniciaram a perfuração.
Baltazar recuperou seu machado e correu na direção de
seu inimigo. Forfeu se levantou e ficou em posição de defesa,
erguendo suas laminas enquanto sua broca ultra eficiente
realizava a escavação na direção do centro do planeta.
Baltazar partiu para cima, mas Forfeu desviou de todos
os golpes de seu oponente, evitando ao máximo um conflito
com o Soberano como uma forma de ganhar tempo para a
broca terminar seu trabalho.
Com um movimento inesperado, Forfeu acertou um
golpe com suas duas laminas em Baltazar, que o arremessou
no meio exército defensor, derrubando diversos soldados.
O exército atacante continuava sua ofensiva, e a broca,
após poucos segundos, completou sua tarefa.
Com uma perfuração limpa e um caminho inteiro só
para ele, Forfeu pulou no buraco em direção ao centro do
planeta x-480, passando por qualquer magma e qualquer rocha
que alguma vez já esteve ali, chegando ao lugar onde
supostamente deveria ser o núcleo do planeta, mas no lugar
havia uma grande esfera encrustada de cristais e minérios de
todos os tipos, fazendo proteção a algo, algo importante.
Sua armadura o protege do calor e da pressão. Forfeu
fez uma abertura na esfera com suas laminas. Ele entrou na
estrutura e se deparou com seu prêmio, uma das Fragas estava
diante dele. Forfeu fica em estado de choque e excitação, pois
uma busca de anos finalmente chegaria ao fim.
Ele andou em direção à Fraga, estendendo sua mão
para alcança-la, e cada passo era uma vitória maior do que
qualquer outra. Quando ele finalmente ficou em posse da
Fraga, ela se manifestou, e de dentro dela saiu um espectro de
um homem velho (como se o tempo tivesse o castigado durante
mil anos e ele se recusou a partir) com 22 centímetros de altura
que se anunciou dizendo:
— Como ousa.... Espere.... Você não é Forfeu....
Então.... Quem é você?.... Você está em um conflito mental....
Deixe-me liberta-lo — disse o homenzinho.
E a Fraga com formato de cristal de cor amarelo
dourado o libertou de sua luta mental, retirando as atas de seus
olhos e o fazendo enxergar a verdade.
“Forfeu” desacordou e ficou no chão por 1 minuto, pois
a liberação de radiação feita pela Fraga foi muito intensa.
— Aí... meu cérebro.... — disse “Forfeu”.
— Bem-vindo de volta Allan, como foram suas férias?
Parece que você fez uma longa viajem para estar aqui de volta,
não é? — disse o homenzinho.
CAPITULO 2
Desorientado, Allan ficou de pé e se encostou em um
dos cristais da esfera.
— Calma aí, eu não deveria estar aqui, e o que eu to
usando? Como eu tiro isso? —disse Allan enquanto tentava
tirar seu capacete.
— Você é um felizardo meu rapaz, é sim! Mesmo sem
você querer, acha um dos artefatos mais cobiçados do universo
inteiro!
Quando Allan finalmente conseguiu retirar seu
capacete, ele se encontrou em uma estranha ocasião, pois ele
estava usando uma armadura ultra tecnológica de um inimigo
que ele jurou lutar contra, estava no centro de um planeta que
onde deveria ser o núcleo, no lugar está uma esfera de cristal e
um homenzinho velho estava flutuando bem na sua frente.
Allan olhou para o chão e viu o que ele acha ser uma
das Fragas.
— Isso.... Isso é uma...
— Sim! É sim!
“O homenzinho parece estar bem feliz com essa
situação” pensou Allan.
— Certo, como você disse eu estava de “férias”, e
certamente não deveria estar usando essa armadura.
— Naturalmente —disse o homenzinho
Allan se abaixou e agarrou a Fraga amarelada e
translúcida, ele não sabia explicar, mas a Fraga exalava uma
energia própria e fez ele sentir como se ninguém mais pudesse
enganá-lo.
— Que sensação estranha — disse Allan.
— Imagino que sim, eu nunca pude segurá-la, mas sei
tudo que há para saber sobre ela —disse o homenzinho.
— Como isso é possível? Digo, como você flutua? —
perguntou Allan.
—Na verdade eu não estou aqui, a Fraga está se
comunicando com você através de mim, eu sou uma pessoa
comum que a vários anos atrás encontrou essa Fraga, a
primeira pessoa a encontrar uma Fraga na verdade.
— Mas como você explica estar flutuando? Isso burla
totalmente as leis naturais.
— De fato sim, mas as Fragas brincam com as leis
“naturais”. Para elas, não há leis. Elas transitam entre o
universo comum e outro lugar desconhecido por mim, tem
vezes que ela se ausenta da minha presença, não fisicamente,
mas mentalmente —disse o homenzinho.
— Você está dizendo que as Fragas possuem algo que
se assemelha a consciência?
Uma explosão forte atrapalhou a conversa dos dois.
Allan buscou uma maneira de sair daquela esfera, mas
nenhuma de suas tentativas foram bem-sucedidas.
— Pode me ajudar? — perguntou Allan.
— Infelizmente não, a Fraga me usa apenas para
comunicação, eu sou apenas uma projeção na sua cabeça feita
por ela —respondeu o homenzinho.
Allan olhou para baixo, notou as lâminas de Forfeu em
seus braços e ficou tomado de raiva.
— Elas estão presas no meu osso, eu consigo sentir o
metal gelado passando pelo meu músculo —disse Allan.
— Use isso a seu favor, não deixe quem quer que fez
isso, feliz por ter te usado, você merece saber quem fez isso
contigo e eu vou te ajudar a encontrar, afinal, eu não consigo
fugir da Fraga e ela está com você —disse o homenzinho.
Allan fincou as lâminas na extensa parede de rochas e
se impulsionou para cima, ele sentiu como se sempre tivesse
usado elas, como se as lâminas tivessem o acompanhado a vida
toda.
Allan colocou o capacete e continuou a subir.
Ele chegou na superfície e viu o exército inimigo quase
ganhando a batalha.
Quando Allan, ao se deparar com aquela situação
percebeu uma coisa, ele poderia controlar o exército de seu
inimigo, e é isso que ele fez.
— Todas as tropas, recuar! Recuem! Agora! —disse
Allan — Naves, levantar voo! Soldados, voltem! Voltem!
Vão! Vão! Vão! Agora é comigo! Deixem eles comigo! —
completou ele.
Allan ficou parado observando o cenário que aquela
batalha tinha deixado. Aquele lugar montanhoso, rochoso,
arenoso e cavernoso estava mais sujo e destruído desde a sua
última visita.
O exército defensor já havia recuado e ficado em
formação de sentido.
Allan viu Baltazar ajudando Neeka a se levantar e
sentiu seu dia melhorar 100% a cada segundo que observava
seu amigo de longa data, ele correu na direção deles, mas
Baltazar ainda não sabia que por baixo da armadura se
encontrava seu amigo.
Baltazar arremessa seu machado dando voltas no ar na
direção de Allan, mas desta vez, Allan pega o machado em
movimento. “Uma manobra muito difícil para quem não está
familiarizado com ele” pensou Baltazar.
Ao ver “Forfeu” agarrar seu machado no ar, Baltazar
congela e fica observando, pois agora, estava desarmado e com
medo.
Allan se aproxima de Baltazar com o machado na mão,
mas andando lentamente e com cautela, para não assustar seu
amigo.
— Calma, calma, eu vou tirar meu capacete agora.
Disse Allan enquanto se aproxima de Baltazar e Neeka.
Allan retira o capacete e o coloca pendurado na cintura.
— Allan?! Disse Baltazar
— Não.... Não é possível! Eu não acredito! Fizemos
um funeral! Nós colocamos uma estátua para você! Você não
é Allan Jordan! Me recuso a acreditar! Disse Baltazar tomado
de raiva.
— Eu posso esclarecer tudo. Disse Allan.
— Eu acho bom esclarecer direitinho, não sou de me
enganar! Benhur disse que não achou seu corpo naquele dia!
Disse Baltazar.
— Vamos sair desta zona que eu vou esclareço tudo.
Disse Allan.
— Nem eu sei direito o que está acontecendo, eu
acordei lá no centro do planeta dentro da armadura do Forfeu,
eu só quero ajuda. Disse Allan.

— Devo confiar nele? Disse Baltazar


— Se eu fosse você sim. Disse Salazar.
— Acho que eu também preciso de ajuda.... Disse
Neeka enquanto cai no chão.
— Deixa, eu pego ela. Disse Allan já ao lado de
Baltazar.
— Solta ela agora! Falou Baltazar num tom irritado e
com autoridade.
— Olha só, eu vou levar ela para sua nave, a nave que
eu te dei de presente quanto você saiu do seu treinamento, a
mesma nave que eu ajudei a projetar, com o código MJF-0486,
eu sou Allan Jordan, o mesmo Soberano que te ensinou tudo o
que sabe, então, acredita no que eu digo. Disse Allan
rapidamente.
— E.... Eu.... Disse Baltazar ainda perplexo com o que
ouviu.
— Dispense seu exército. Disse Allan indicando com a
cabeça um pequeno morro onde o exército de Baltazar estava
localizado logo atrás.
— Onde está sua nave? Completou Allan
— Naquela pequena caverna, ali mais adiante na
esquerda. Disse Baltazar ainda em choque.
— Certo, nos encontra ali depois. Disse Allan enquanto
corria com Neeka em seus braços.
— Tá. Disse Baltazar para si mesmo, ainda não
entendendo o que aconteceu.
Baltazar dá lugar a Salazar no discurso pós batalha, já
que ele era “melhor com as palavras”, segundo Baltazar.
Salazar sobe em um pequeno morro e começa seu discurso
dizendo:
— Eu estou...
No momento em que Salazar começa seu discurso, um
barulho muito forte rompe as vozes dos soldados que estavam
perplexos com o que havia acontecido.
Uma nave espacial, semelhante a uma baleia, entrou na
atmosfera do planeta. Mas, a cada vez que ela se aproximava
do solo, ela mudava a sua forma, abrindo a parte cima, de onde
saiu uma vela de barco, semelhante a uma caravela, E quando
ela finalmente atingiu uma forma se assemelhando a um navio,
que os soldados começaram a disparar contra a “nave”, que
não reagiu.
Salazar diz:
— Parem de atirar!
Os soldados obedecem imediatamente.
— Não recuem, fiquem atentos. Em posição!
Os soldados da linha de frente permanecem em pé, já
os soldados mais afastados da “nave” se ajoelham, e todos
deixam suas armas na mira da estrutura misteriosa.
Da parte de cima da “nave”, sai um homem grande e
com queimaduras no rosto. Ele ordena que a sua “linda” (ele
chama a nave de linda) se posicione a 15 metros do chão, e
assim foi feito.
— É um grande prazer revelo velho amigo Soberano!
Diz o misterioso homem para Salazar com uma voz que
parecia que estavam sufocando ele.
Salazar não esboça reação, e fixa seus olhos no homem,
sabendo do que ele é capaz de fazer.
— É assim que você me recebe depois de todos esses
anos? Disse o homem com sua estranha voz.
— Soldados, atirem! Ordena Salazar.
Uma salva de tiros é disparada mais uma vez contra a
nave, só que desta vez, ela reage. A nave dá um rasante na
direção dos soldados fazendo todos eles caírem no chão.
O homem diz:
— Eu só vim buscar o que foi tomado a força de mim,
me devolva que eu irei embora. Eu sei que você não iria deixar
Forfeu sair desde planeta se ela não estive contigo. Vamos, me
entregue ela e eu vou desaparecer da Paraláxia, você nunca
mais irá ouvir falar de mim e dos Caravelas do Cosmos
novamente se me entregar a Neeka.
— Saia imediatamente daqui Dante, antes que prenda
você e toda a sua tripulação criminosa! Disse Salazar
autoritário.
— Eu SEI que ela está aqui, mais precisamente naquela
pequena caverna ali. Disse Dante apontando para a caverna
onde Allan e Neeka estavam.
— Não quer obedecer? …ham.... Tropas! Atir...
Mas no momento em que Salazar ia dar a ordem para
seus soldados, duas bombas são lançadas pela parte de baixo
da nave, matando cerca de 2/5 dos soldados de Mauhall.
Allan escuta as explosões de longe, e sabe com certeza
que tipo de bombas são. Ele coloca ataduras nos machucados
de Neeka e um tampão no olho ferido.
— Não sei se você sabe bonitão, mas a raça Mynks
libera radiação naturalmente, em uma baixa frequência é claro,
mas é dessa forma que eles acham e são achados pelas Fragas.
Disse Dante com um ar de triunfo.
— Canhões, coloquem a caverna na mira!
— Fogo!!
Três disparos são efetuados. Dois atingem as rochas da
caverna e um atinge a nave de Salazar, com Neeka e Allan
dentro.
No momento em que Allan escutou os disparos,
rapidamente já segurou e protegeu Neeka, fazendo mais
nenhum arranhão nela.
Allan sai de meio dos destroços com Neeka em seu
colo, esquecendo de que estava com a armadura de Forfeu.
No momento em que Dante vê Forfeu” carregando
Neeka, ele entra em um estado de medo, choque e raiva.
— Homens, pegar! Disse Dante
De cima da nave pulam vários tripulantes da nave.
Todos com algum tipo de diferença entre eles.
Uns tinha um braço bem mais musculoso em relação
ao outro braço. Outros tinham um lado da cara maior. Outros
tinham suas costas tão grandes que mal podiam andar, mas
todos podiam ferir e causar dor, e todos foram em direção a
Allan, com esperança de recuperar seu prêmio.
Allan estava em um impasse, pois não poderia lutar
com Neeka no colo, por outro lado, não poderia deixar Neeka
para lutar, pois se fizesse isso, eles conseguiriam leva-la.
Allan resolve lutar contra eles usando apenas uma mão,
que é claro, não foi uma boa decisão.
Depois de dar apenas dois socos, os homens deram uma
martelada na perna esquerda de Allan, fazendo ele cair, e
Neeka cair junto.
Os homens pegam Neeka e dão um salto muito alto,
retornando para dentro do navio/nave.
A nave da partida e começa a subir, e subir rápido.
Allan tenta pular para nave, mas com a altura que ela já atingiu,
ele não consegue entrar.
Dante apenas olha para “Forfeu” com um olhar de
triunfo, e Salazar apenas olha aquela cena, em choque pelo o
que ele está vendo.
“Neeka, uma bússola que leva diretamente para as
Fragas está indo embora, e está sob pose de um dos maiores
grupos criminoso da galáxia, os Caravelas do Cosmos” Pensou
Allan.
CAPITULO 3
Allan começa a correr em direção a Salazar, mas
mantém seus olhos fixos na nave dos Caravelas. Allan usa o
morro em que Salazar está para pegar impulso até Neeka.
Allan salta, mas não consegue chegar na nave
novamente, até que ele percebe que pode usar suas lâminas
para chegar ainda mais perto, e é isso eu ele faz, ele lancha as
lâminas na nave que ficam presas nela, e as correntes prende
Allan nas lâminas. Os ventos empurram Allan, que fica sendo
jogado de um lado a outro à medida que a nave sobe.
Allan usa sua força soberana para se puxar e conseguir
subir na nave, ela parece ser um navio na parte de cima, e uma
nave normal na pare de baixo. Ela está se fechando, pois eles
estão quase entrando no espaço sideral. Allan corre, escuta
vozes, provavelmente vindas da parte sul da nave.
Allan segue as vozes. Agora elas parecem estar vindo
de seus pés. Allan salta para cima e usa suas pernas para
ultrapassar o metal, madeira e cerâmica do piso.
Ele cai bem no meio do que parecia ser uma cena de
interrogatório, com todos aqueles homens que ele havia lutado
e, no fundo encostada em uma parede, sendo pressionada por
Dante, estava Neeka
Todos param imediatamente, e todos os olhares da sala
se voltam para Allan, que agora, está fingindo ser Forfeu.
Allan fica parado olhando para eles, com suas armas e
laminas levantadas e apontadas para ele, Allan começa a dizer:
— Soberanos rejeitados! Rejeitados pelas suas
capacidades patéticas e suas ambições pífias! Eu falei a vocês
que se tirassem Neeka de mim haveria consequências! Vocês
são tão estúpidos a ponto de confrontar o maior ser que já pisou
nessa galáxia!
Todos se entre olham, mas seguem com suas armas
levantadas, com esperança de que “Forfeu” vá embora.
Dante coloca Neeka a sua frente, com uma faca no
pescoço dela, mas Allan fica tranquilo perante a situação.
Com um movimento rápido de punho, Allan lança a
lamina bem na mão em que Dante estava segurando a faca,
fazendo Neeka se soltar.
Allan corre e segura Neeka, a colocando por cima de
seu ombro e pulando para o buraco no teto de onde veio, sob
rajadas de disparos e tentativas de perfurações.
Eles já estavam na mesosfera do planeta, e Neeka
estava completamente desprotegida, e não poderia ficar mais
nenhum segundo naquele lugar sem uma roupa de proteção, e
eles não poderia retornar para dentro da nave por motivos
óbvios. A solução que Allan achou foi pular da nave e pousar
no planeta novamente, e assim ele fez.
Ele coloca Neeka em seu peito e envolve ela em seus
braços, Allan dá as costas para o planeta e recebe todo o calor
da reentrada.
Allan olha para trás e observa as montanhas presentes
no campo de batalha, e se prepara para pousar. Allan prende
Neeka com as correntes da lamina de seu braço esquerdo, e
lança a lamina de seu braço direito em uma m das montanhas
para amortecer a queda.
Ele se puxa na direção da montanha e usa seu braço e
pernas para parar. Ele pula para o chão e coloca Neeka em
segurança sentada as margens de um pequeno riacho.
Allan tira o capacete de Forfeu e fala com Neeka:
— Tudo certo? Está tudo bem?
Neeka olha para Allan com um olhar desesperada.
— O que você acha? Respondeu ela. Em menos de 10
minutos eu fui espancada, torturada, sequestrada, resgatada e
ainda fiz uma aterrisagem forçada no meio de montanhas!
Completou Neeka aos berros.
— Eu sei, eu sei. Mas agora você ta bem, você está
comigo. Disse Allan.
— Mas quem é você? Eu nem conheço você! Os
Caravelas dizem que você é Forfeu, Salazar diz que você é
Allan, e eu não sei quem é quem! Tudo isso é coisa demais
para mim!
— Ok, vou esclarecer tudo, eu sou Allan Jordan, ta?
Soberano de Mustengar, e nem eu sei o motivo de estar usando
essa roupa, eu não me lembro de nada. Disse Allan.
— Eu não consigo entender nada do que você está
falando! Eu não sei onde eu estou! Eu fui jogada aqui c sem eu
querer, eu vivia em um buraco até que os Caravelas me
acharam, eu não sabia quem eles eram até aquele dia, mais ou
menos uma semana atrás, eles me sequestraram e me forçaram
a tentar achar as Fragas, disseram que eras pessoas boas
lutando para uma galáxia melhor. Disse Neeka
— São um bando de criminosos, isso que são. Mas
você não me conhece? Não conhece as Fragas?
— Não.
— Nossa, mas que bom que você se manteve
escondida, sua raça foi extinta, ... ou quase, por vocês terem a
capacidade de encontrar as Fragas. Disse Allan.
— Sim eu sei, meu pai me contou o motivo de nós não
aparecermos.
— Se seu pai estiver com os Caravelas, eles podem
achar as Fragas! Onde ele está? O que aconteceu com ele?
Perguntou Allan.
— Ele apareceu. Disse Neeka.
CAPITULO 4
Allan escuta um barulho vindo de seu lado direto, ele
se vira e vê apenas algumas pequenas arvores e flores aos pés
da montanha quando sente um empurrão em suas costas, o
fazendo se deslocar 7 metros. Ele se vira e vê Salazar, se pondo
a frente de Neeka para protege-la.
— Agora eu quero que explique tudo, e é bom que seja
cauteloso com os detalhes! Disse Salazar.
— Calma aí! Você não dá ordem a mim rapaz.
Esqueceu que você só está aí por minha causa? Dante só detém
esse ódio por nós por você ser um Soberano no lugar dele.
Disse Allan.
— Certo..., Mas como você explicaria que Allan
Jordan, um dos maiores Soberanos que Paraláxia já teve, virou
a casaca e estava em uma batalha lutando contra tudo que ele
jurou proteger? Disse Salazar.
— Eu estava cansado. Após 150 anos sem guerras nós
pensamos que Forfeu havia morrido, pois eu e Benhur
conseguimos deixar ele muito mal, mal mesmo, tão mal a
ponto de ele explodir uma bomba na própria nuca para tentar
escapar de nós. Aquela batalha foi tão trágica que eu já queria
desistir ali mesmo. Cinco Soberanos morreram nela, e eu
queira ter ido junto, não aguentava carregar o peso e a culpa,
então após treinar os Soberanos que iriam substitui-los, eu só
queria sumir e ir para longe, chegou um momento que eu não
aguentava mais. Disse Allan.
— Mas porque você fez isso Allan? Nos deixar assim?
Você era nosso líder, nosso membro mais valioso! Você que
mantinha Forfeu longe. Disse Salazar com ar de tristeza.
— Gente, eu não entendi uma palavra que vocês
disseram, podem me explicar o que são Soberanos, Fragas,
Benhur e tudo isso?! Disse Neeka.
— Ah…, você não sabe de nada disso? Perguntou
Salazar boquiaberto.
— Ela passou a vida todo num buraco, só sabe o básico
para sobreviver, vamos para nave que eu explico tudo. Disse
Allan
— Não dá, ela foi destruída com os disparos dos
Caravelas. Disse Salazar.
— Ótimo, as Fragas estão mais cobiçadas do que
nunca, eu fui feito de fantoche e estamos sem transporte, coisa
boa! Disse Allan num tom irônico.
— É... Se está ruim para vocês imagina para mim.
Disse Neeka.
— Bem... é.... um pouco difícil de explicar, mas eu e
ele somos Soberanos, nossos corpos foram modificados
através da radiação das Fragas para proteger elas e o povo,
nossas peles ficaram mais resistente e nossa força e vida foram
prolongadas, uma radiação parecida está em você. Nós
estamos em guerra contra uma outra galáxia, eles querem as
Fragas e nós devemos protege-las, pois, o líder da outra galáxia
não é um cara com a melhor das intenções sabe? Disse Allan
-— Nós não sabemos onde elas estão, nem sabemos o
que Forfeu quer com elas, mas provavelmente não é uma coisa
boa, por que se fosse, ele não chegaria com uma guerra. Nós
já tentamos fazer diversos acordos com ele, e nenhum foi bem-
sucedido, e agora parece que ele retomou o poder de seu
exército e está atacando novamente. Completou Allan.
— Ok, mas o que as Fragas fazem, e porque tanta gente
morre por elas? Perguntou Neeka.
— Elas são a base de nossa galáxia, elas são a energia
vital que mantém tudo de pé e funcionando como deve ser! Se
algo acontecer com elas, nós vamos começar a definhar, não
só as pessoas, mas também animais, plantas e todos os corpos
celestes da galáxia. Disse Allan.
— E o que vai acontecer agora? Perguntou Neeka
assustada.
— Vamos avisar os outros Soberanos, se nós nos
unirmos vamos acabar com a guerra! Disse Salazar decidido.
— Os outros não sabem que eu voltei, e se descobrirem
que eu voltei e ainda estava na pele do inimigo, eles vão me
engolir vivo, vamos confiar só em nós por agora, porque
somente eu e Benhur sabíamos da minha “aposentadoria”, e eu
tenho certeza que Benhur nunca faria isso comigo. Disse Allan
— Tem a absoluta certeza disso? Perguntou Salazar
— Sem a menor margem para erros, as coisas que eu e
ele passamos juntos e tudo que sabemos sobre o outro criou
um vínculo de irmão entre nós, se existe alguém nessa galáxia
que não faria isso, especialmente comigo, seria ele. Disse
Allan.
— Então você tem um plano, presumo. Disse Salazar.
— Sim... sim eu tenho, e nós estamos no lugar perfeito
para colocar em prática. Disse Allan hesitante.
— Isso é uma tremenda baboseira! Allan Jordan
NUNCA se esconderia como uma marica! Você não é Allan
Jordan! Você está tentando nos enganar com todas essas falas
bonita. Disse Baltazar irritado e andando na direção de Allan.
— Eu estava com saudade desse cabeça quente mesmo,
e sabia que você iria me confrontar, mas eu sei de algo que
ninguém mais sabe... sabe aquela penúltima prova para se
tornar um Soberano que vocês fizeram uma pequena....
Mas antes de Allan terminar sua fala, Baltazar fez uma
expressão facial tão anormal que fez Allan cair na gargalhada
— Eu sabia que iria fazer essa cara... agora provei que
eu sou eu mesmo?
— É.... An..... Eu.... Eu acho que sim. Disse Baltazar
sem jeito.
— Então vamos colocar meu plano em ação, só
precisamos chegar na parte mais leste desse planeta, onde
estamos? Perguntou Allan.
— Estamos quase, mais uns 16 km para o norte e
chegamos lá. Disse Baltazar.
— Certo, mas ninguém pode me reconhecer, e eu não
posso usar a máscara do Forfeu para me esconder. Disse Allan.
— Mas nesse só tem montanhas, é um lugar quase
inóspito, só tem alguns animais e insetos. Disse Baltazar
— Vamos seguir então. Disse Allan.
Na medida em que avançavam, Neeka se maravilhava
com todas as coisas novas que via. Ela observava arvores e
pássaros, verde e sombra, amarelo e pedras. Via pequenos
animais brigarem por um inseto ainda menor, e não sabia o
porquê daquilo. Neeka tinha inúmeras duvidas, e Allan, sabia
disso.
— Então.... Disse Allan. Você disse que morava em um
buraco. Completou Allan.
— Sim, com meu pai. Disse Neeka.
— Mas como vocês viviam? Pelo que eu soube, vocês
foram extintos a quase 600 anos. Disse Allan.
— Meu pai falou que somos sobreviventes de uma raça
morta, e que se a gente aparecesse, morreríamos.
— Mas o que vocês comiam? Como passavam o
tempo? E como que ninguém soube disso antes? Perguntou
Baltazar eufórico.
— No buraco em que a gente vivia, tinha passagens que
levavam a outros buracos no chão, e a gente comia de frutas
que caiam ali, e nós tínhamos a companhia um do outro, depois
que minha mãe saiu do buraco. Disse Neeka.
— Seu pai te ensinou alguma coisa? Eu digo, como ler
e escrever? Perguntou Allan.
— Isso eu aprendi sozinha. Disse Neeka.
— Como que você aprendeu isso sozinha em um
buraco? Perguntou Allan bastante intrigado.
— Uma vez eu achei enterrado um pequeno projetor,
que tinha algumas pequenas modificações, não sei bem o que
era, só sei que ele recebia sinal e que a bateria nunca acabava,
e ele passava um programa educacional bem legal de dança,
era pra crianças, mas era a única coisa que eu tinha para passar
o tempo. Disse Neeka com um sorriso no rosto.
Os olhos de Allan se encheram de lágrimas. Ele passou
os próximos dois quilômetros olhando para Neeka,
imaginando como alguém poderia viver naquela situação sem
poder fazer nada e com um grande risco de morrer ou ser
usado.
Depois de quase seis quilômetros andando, eles
ouviram sons de naves vindo do lado direito, do lado da
civilização.
— Mas que Merda! Disse Baltazar.
— Seu rastreador? Perguntou Allan.
— Sim! Como eu fui tão burro!? Exclamou Baltazar
furioso.
Não tinha para onde ir, nada que havia ali poderia
esconder Allan. Os três apenas ficaram ali e esperaram as
naves chegarem, e elas chegaram. Cinco naves vieram de
encontro a eles, e soaram o alerta.
Todas as naves de resgate possuem câmeras, e todas
elas rapidamente se voltaram para Allan, que não poderia fazer
nada além de se entregar.
Allan encara as naves com um olhar decidido, ele tinha
que voltar de onde veio, mas não antes de resolver o que ele
tinha deixado pendente.
— Allan Jordan, Ex-Soberano de Mustengar, você está
preso por crimes de traição contra a república, afiliação com o
inimigo, homicídio e de propagar a violência. Disseram os
autofalantes das naves em alto e bom tom.
Baltazar olhou para Allan, na esperança de receber
alguma ordem se seu antigo mentor.
Com um movimento rápido e certeiro, Allan lança suas
duas laminas em direção à duas naves que estavam mais
afastadas das outras, e ele as usou para destruir as outras três
naves restantes, jogando umas nas outras com um giro de 360
graus.
— O que você fez?! Perguntou Baltazar perplexo.
— Você confia em mim ou não? Quer que eles me
levem para Mugurtariôn? Quer que eu passe meus anos finais
de vida preso por algo que eu não fiz? Você sabe que eu nunca
trairia a Paraláxia! Disse Allan autoritário.
— Mas o que vamos fazer agora?! Você destruiu duas
naves de resgate, você não se ajudou fazendo isso. Disse
Baltazar.
— Vamos por outro caminho agora, antes eu não queria
ser visto, mas agora a notícia que eu voltei vai se espalhar, e
vai começar uma caçada pela minha cabeça. Disse Allan num
tom preocupado. — Precisamos proteger a Neeka ou achar as
Fragas antes que Forfeu ou os Caravelas achem elas, existem
outros da sua espécie? Perguntou Allan para Neeka.
Neeka não conseguia falar, pois estava em choque pelo
o que havia visto.
— Eu sei que o que você viu é muito pesado,
especialmente para alguém que não testemunhou quase nada
na vida, mas eu preciso muito de você, todas as vidas da
galáxia dependem de você agora, só você pode achar as
Fragas, você precisa se concentrar e ficar focada na nossa
missão agora, ok? Eu sei que você é muito forte e vai nos
ajudar, né? Disse Allan
— Sim.... Eu vou sim.... Disse Neeka desviando o
olhar.
— Vamos rápido! Eles devem ter contatado a capital, e
armamento pesado deve estar a caminho! Disse Baltazar
— Mas nós temos a maior arma da galáxia aqui. Disse
Allan
— E o que seria? Perguntou Baltazar
— Eu.
CAPITULO 5
— Eu e.... Uma Fraga. Respondeu Allan.
— O que? Sério? Deixa eu ver. Disse Baltazar
Allan retira de um compartimento do lado direito da
armadura a Fraga, e junto dela, o homenzinho.
— Olá vocês! Caras novas! É muito bom ver gente,
sabiam? Especialmente se sua única companhia for uma pedra
que mal fala com você. Disse o homenzinho animado.
— Nossa, depois de lutar por elas e de ouvir suas
histórias, e finalmente vi uma. Disse Baltazar com um olhar
distante e sonhador. — É belíssima. Completou ele,
— Você sabe onde estão as outras Fragas? Perguntou
Allan para o homenzinho.
— Não senhor. Respondeu ele
— Senhor? Você deve ser mais velho que eu! Eu é
quem deveria te chamar de senhor. Disse Allan.
— Bom, eu tenho 256 anos. Respondeu o homenzinho.
— É, então eu sou mais velho mesmo. Disse Allan
— Qual sua idade? Perguntou Neeka.
— 946 Anos. Respondeu o homenzinho
— Como sabe disso? Perguntou Allan para ele
— No momento em que você tocou na Fraga, a
conexão que ela tem com os Soberanos foi aflorada, e eu pude
sentir tudo dentro de você, até o momento que você se
lembrava. Disse o homenzinho.
— Qual é o seu nome? Perguntou Neeka.
— Dagadãn! Respondeu ele alegre
— Certo Dagadãn, lá atrás você me disse que me
ajudaria a encontrar quem tinha feito isso comigo. Disse Allan.
— E eu irei manter a minha palavra, essa é a vontade
da Fraga. Respondeu Dagadãn.
— Que bom então, vamos seguir. Disse Allan.
— Espera um pouco, para onde você quer voltar? Que
lugar é esse que é melhor que a Paraláxia? Perguntou Baltazar.
— Não é pelo lugar, mas sim o que eu posso fazer lá.
Nesse lugar eu não sou conhecido, e posso fazer o que eu
quero! La eu tenho uma vida boa, e tenho uma família! Uma
família Baltazar! Sabe o que isso significa para nós Soberanos?
Liberdade! Liberdade para fazer nossas próprias escolhas, sem
o julgamento de pedras que nós passamos a vida protegendo e
servindo. Disse Allan.
— Mas, e o povo? E as pessoas? Sem você a galáxia
não é mais a mesma Allan, entenda, Paraláxia precisa de você!
Disse Baltazar.
— Mas eu não preciso mais dela. Eu vou achar as
Fragas, acabar com toda essa loucura e voltar para a minha
família, que o que realmente importa para mim agora.
Paraláxia já foi a minha obsessão, mas agora o foco sou eu, eu
estava cansado de só fazer a vontade dos outros e deixar a
minha de lado, quase mil anos de servidão, e para que? Para na
minha morte colocarem uma estátua em minha homenagem,
mas dois dias depois esquecerem de mim, assim como fizeram
com Gregório e comigo quando pensavam que eu tinha
morrido, por isso eu vou fazer de tudo para voltar para minha
família e sair daqui. Disse Allan. — Me chamaram de traidor,
mas eu só saí daqui por que todos achavam que a guerra tinha
terminado, eu e Benhur deixamos Forfeu na beira da morte.
Completou ele.
Todos ficaram calados apenas olhando para Allan, e no
fundo, Baltazar sabia que Allan estava certo.
Eles observam uma nave Soberana pousar próximo ao
local onde estavam. E Allan viu ali uma oportunidade de
conseguir seu transporte.
De dentro da nave sai um Soberano com cabelos
vermelhos, que se alguém visse de relance, se confundia com
fogo. Ele estava vestindo um colete, bracelete e calças
vermelhas com uma bota preta, tudo de couro com
revestimento em metal.
Allan não perde tempo, e se anuncia para o Soberano.
— Aidan, como vai?
— Então o que disseram é verdade, Allan Jordan está
vivo. Disse Aidan num tom de desprezo.
— Os outros já sabem?
— Mustenagar emitiu um alerta para todos, mas eu me
ofereci para averiguar, afinal, se tratava de um crime
gravíssimo de traição feito por um antigo Soberano Chefe, eu
tinha que ver isso antes de ser morto por ele, e eu acho que isso
vai acontecer, levando em conta o olhar que está fazendo para
mim agora. Disse Aidan.
— Eu só quero acabar com a guerra, Forfeu está de
volta, os Caravelas estão mais fortes e algum Soberano se aliou
com o inimigo, pois me fizeram de marionete para lugar a
favor de Forfeu. Disse Allan.
— Porque diz isso a mim?
— Por que eu sei que nem você, nem nenhum dos
outros quatro elementos, teriam coragem de fazer isso, e vocês
não são espertos o suficiente para saber que eu estava vivo.
Disse Allan num tom de deboche.
— Eu sozinho acabo com você! Eu vou acabar com a
guerra agora te matando, traidor! Disse Aidan com raiva.
Allan joga suas laminas e manda Baltazar e Neeka
entrarem na nave. Allan prende Aidan com suas correntes, sem
ferir o Soberano. Quando Baltazar e Neeka finalmente entram
em segurança na nave, Allan solta Aidan e entra com eles para
a nave, e Baltazar coloca ela para voar.
— Você vai responder pelos seus crimes traidor! Disso
tenha certeza! Disse Aidan enquanto a nave decolava.
— Vai! VAI! Disse Allan
Baltazar coloca a potência máxima nos motores da
nave, e ela entra em orbita do planeta rapidamente.
— Quem era aquele agora? Perguntou Neeka
— Um Soberano, um dos mais antigos, ele é capaz de
manipular o fogo. Disse Allan.
— Quantos Soberanos existem? Perguntou Neeka.
— Deveriam ser 11, mas já que Baltazar e Salazar
dividem o mesmo corpo, são 12. Quatro dos Soberanos
controlam os quatro elementos, eles foram os primeiros a
surgirem e são imortais. Explicou Allan.
— Para onde vamos? Perguntou Baltazar no comando
da nave.
— Mustengar! Exclamou Allan.
— Que lugar é esse? Perguntou Neeka.
— É a capital da galáxia! Onde eu era Soberano. Disse
Allan. — Baltazar, tem um mapa por aí? Perguntou Allan.
Baltazar lança uma pequena peça de metal para Allan,
que ele retirou da cadeira do piloto.
— Essa aqui Neeka, é a Paraláxia! Disse Allan.
MAPA
— Nossa! Eu nunca tinha visto um mapa. Disse Neeka.
— Nós estamos aqui. Disse Allan apontando para
Mauhall. — E precisamos chegar até aqui. Disse ele apontando
para Mustengar. — Lá nós vamos conseguir entrar em contado
com Benhur, e ele vai nos ajudar. Completou Allan.
— Pelo o que eu entendi, esse Benhur é o Soberano que
está no seu lugar agora, né? Disse Neeka.
— Sim, ele agora é o Soberano Chefe. Ele é como se
fosse o líder, ele é o mais forte, mais habilidoso e com uma
maior noção de combate dentre todos os Soberanos. Disse
Allan. — Nós sempre fomos parecidos tecnicamente falando,
eu o considero um irmão de outra mãe. Completou Allan
— Quanto tempo essa viagem vai demorar? Perguntou
Neeka.
— Já que estamos em uma nave Soberana, algumas
horas. Mas se Baltazar cortar o caminho, chegaremos mais
rápido. Disse Allan.
— Quer que eu saia para fora dos escudos? Perguntou
Baltazar
— Nós podemos dar a volta por baixo da concentração
de radiação cósmica, e chegar em Meogur, e de lá, chegar em
Mustengar. Disse Allan. — Tá vendo esses raios roxos aqui
Neeka, entre Minage e Mauhall? Esses raios são extremamente
mortais, mas se nós passarmos pertos dos escudos, que são
esses octógonos aqui, chegaremos mais rápido. Disse ele
apontando para o mapa.
— Vai reduzir em 2 horas se pegarmos esse caminho,
eu devo prosseguir? Perguntou Baltazar.
— Em frente! Disse Allan.
A viagem foi bem-sucedida, eles conseguiram evitar os
raios e chegaram no sistema de Meogur em segurança, porém,
quando eles chegaram no sistema, eles receberam um pedido
de socorro vindo dos planetas X- 439 e X-440, dois planetas
gêmeos, unidos pela força magnética de rochas presentes
exclusivamente nesses planetas.
— Socorro! Socorro! Chamando os Soberanos para
um alerta urgente! Nossos planetas estão saindo de suas
órbitas, e isso pode resultar em duas grandes extinções em
massa! Se vocês estiverem escutando isso, por favor, nos
ajude! Disseram a central de ajuda dos planetas.
Baltazar e Allan trocam olhares, e Baltazar,
entendendo o olhar, desvia a rota da nave para ir de encontro
aos planetas. Eles pousam na parte mais oeste do planeta
localizado a direta, e saem da nave cautelosos.
— Muito obrigado por virem tão rápido! Nossos
planetas irão se separar em poucas horas. Disse um homem
residente do planeta. — Você é Allan Jordan, né? Você está
vivo! Que bom que está vivo! Precisamos de um Soberano que
nem você para essa ocasião, nós colocamos propulsores nas
zonas antagónicas dos planetas, mas só eles não serão
suficientes para impedir a separação. Completou o homem.
— Certo, que bom que eu posso ajudar, mas me fala, o
que eu posso fazer nessa situação para ajudar? Os Soberanos
são muito fortes, mas não ao ponto de segurar dois planetas em
separação. Disse Allan.
—Sim, sim, sabemos disso, mas bem no encontro dos
planetas, tem duas montanas que quase se encostam, e nós
colocamos puxadores muito resistentes para auxiliar os
propulsores, você só teria que os segurar para pelo menos
ajudar os propulsores. Disse o homem.
— Alerta! Alerta! A força gravitacional foi alterada!
Separação dos plantes estão ocorrendo neste instante!
Disseram as sirenes de socorro.
— Rápido! Corra para cima da montanha e se segure
bem firme! Exclamou o homem para Allan.
Allan sai correndo imediatamente, e usa suas laminas
para chegar ao topo da montanha o mais rápido possível.
Chegando no topo, ele repara que a separação está
acontecendo muito rápida, e ele não consegue alcançar o
puxador do outro planeta. Então, Allan toma distância e pula
bem no vácuo entres os planetas, ele prende as laminas uma
em cada puxador dos planetas, e segura o mais firme possível,
sem poder respirar, já que ele estava em uma região sem
oxigênio.
O calor gerado é muito intenso, e Allan fez uma força
nunca antes feita por ele. Depois de quase 4 minutos segurando
os planetas, eles retornam a sua posição original, e todos os
cidadãos dos planetas ficam aliviados.
Allan desmaia, e acorda dentro da nave, com Baltazar
e Neeka ao seu lado.
— Calma aí. Depois que ajudamos os carinhas lá, você
capotou e chegaram os quatro elementos, eu peguei você e te
trouxe pra cá, eles não te viram. Disse Baltazar.
— Aidan estava junto? Perguntou Allan.
— Sim, junto com Samir, Maracâ e Océia. Respondeu
Baltazar.
— Qual é qual? Perguntou Neeka.
— Samir é o ar, do Sistema Mustur, Maracâ é a terra,
do Sistema Maitar, Océia é a água, do Sistema Meogur, e
Aidan é o fogo, do Sistema Missaúr. Eles não são os elementos
literalmente, mas protegem seus sistemas manipulando esses
elementos. Disse Baltazar.
— E as pessoas? Perguntou Allan.
— Todas estão bem, e eu pedi a elas que não falem
quem as ajudou, pedi para que eles falassem que era um alarme
falso. Disse Baltazar.
— O que é aquilo? Perguntou Allan apontando para
três sacolas no chão
— São moedas, eu insisti dizendo que nós não
queríamos nada em troca, mas eles fizeram questão de ajudar,
disseram que era pelo seu esforço de anos em ajudar todos da
Paraláxia. Disse Baltazar.
— Nossa, mas é muito dinheiro, deve ter umas 2000
moedas em cada saco. Disse Allan.
Allan abre os sacos, e neles estão todas as moedas da
galáxia, desde a de menor valor até a mais valiosa.
— Eita! Quanto dinheiro, deve ter uns 100.000 Víkys
aí. Disse Baltazar.
— Víkys é o nome do dinheiro? Perguntou Neeka.
— É sim. Respondeu Baltazar.
— Se em cada saco tem 100.000 Víkys, então temos
300.000 Víkys aqui. Disse Allan.
— Nossa, ele é muito bonito! Ele brilha! Quem é esse
atrás da moeda? Perguntou Neeka.
— Fiúzzca, Gregório Fiúzzca. Respondeu Allan com
um olhar distante. — Ele era meu mentor e criou os Víkys, ele
foi o maior Soberano que Paraláxia já viu, ele tirou a galáxia
da maior crise que tivemos, sem ele, nós perderíamos a guerra.
Disse Allan completando sua fala.
Allan par por um momento, e fica observando o nada,
o vácuo do espaço, e as vozes de Neeka e Baltazar ficaram
abafadas enquanto ele se lembrava dos momentos que teve
com Gregório e Benhur. Mas rapidamente, se lembrou do
motivo que o fez sair da Paraláxia, e voltou para seu estado
lúcido.
— Vamos seguir! Disse Allan irritado.
— Certo, Certo, para onde vamos? Disse Baltazar indo
de pressa para a cadeira do piloto.
— Mustengar. Disse Allan.
CAPITULO 6

Eles retomam seu caminho e seguem na direção da


capital, mas eles terão que passar pelas chaves de acesso legais
para chegarem ao seu destino, porém, se alguém conseguir ver
Allan, todos da Paraláxia irão querer vê-lo, seja para admirar
pelos seus feitos, ou para punir, por ele ter supostamente traído
a galáxia. Mas essa preocupação caiu por terra a baixo, pois
eles estavam recebendo uma chamada no painel da nave.
Baltazar se apressa para atender, mas Allan tenta
impedir, onde Baltazar foi mais rápido.
— Ora, ora.... Então Aidan não estava mentindo, onde
você está? Perguntou Samir aparecendo apenas seu busto no
painel da nave
— Porque? Vai vir aqui me dar um beijinho? Perguntou
Allan ironicamente.
— Na verdade iria aí te dar um abraço, faz tempo que
não nos vemos, estou com saudades. Disse Samir também num
tom irônico.
— O que você quer Samir? Perguntou Allan.
— Saber o porquê você fez todas essas coisas? Matar
cinco pilotos de naves de resgate, se juntar com o inimigo e
trair o povo! Porque Allan? Você e Benhur eram os melhores
alunos que tive, eu estou decepcionado. Disse Samir.
— Eu me lembro bem de você ter partido para cima de
Benhur uma vez e ter quase me matado. Respondeu Allan.
— Bom, você sabe que eu não simpatizo com vocês, a
verdade é essa, mas eu realmente temo por você agora, porque
quando os outros elementos souberam do que fez, e que roubou
a nave de Aidan, eles estão querendo sua cabeça. Disse Samir.
— Quero ver me achar, eu sei que vocês modificam as
naves de vocês e que tiram seus rastreadores para fazer coisas
sem ninguém saber. A verdade? Quer saber da verdade? A
verdade é que vocês têm inveja de todos os Soberanos chefes,
vocês acham que deveriam comandar todos os sistemas, mas
vocês são fracos, quase não conseguem proteger o planeta em
que estão, e querem comandar uma galáxia, vocês são a escória
da Paraláxia! Disse Allan.
— Você vai sofrer tanto Allan, e eu vou estar lá, para
garantir seu sofrimento.... Nós vamos mostrar a verdadeira
verdade para o povo, e todos vão ver quem é você por dentro,
um homem egoísta, que só virou um Soberano para satisfazer
seu ego, sem se importar com ninguém, eu via isso na época,
pena que Gregório não enxergava a face que você escondia.
Disse Samir desligando a comunicação.
Allan, Baltazar e Neeka ficam parados olhando para o
painel apagado. Allan balança a cabeça de um lado para o outro
com raiva, batendo na cadeira onde Baltazar estava sentado.
— Mustangar, é lá que tudo vai se resolver, e eu preciso
tirar essa barba, já está me incomodando. Disse Allan.
— Pois é, eu tava pensando nisso Allan, se nós formos
para Mustengar seremos vítimas de muitos olhos curioso, será
que não seria melhor nós irmos para Malatanar? Lá o Benhur
pode nos ajudar, ele é o Soberano Chefe agora. Disse Baltazar.
— Se eu te dei uma ordem, siga ela! Se eu mandar você
se jogar no chão, você se joga! Se eu mandar você explodir
alguma coisa, você obedece! Se eu mandar você dirigir essa
nave até Mustengar, você vai dirigir! Eu que mando aqui! Eu
mando e você obedece! Disse Allan furioso enquanto ia para a
outra cabine da nave.
— Nossa, que babaca. Disse Neeka.
— Deixa ele, quando a raiva o toma ele não pensa
direito. Disse Baltazar.
— Ein, me explica uma coisa, aqueles caras de cristal
são soldados de Fofeu? Perguntou Neeka.
— Sim, são. Disse Baltazar.
— Mas o que eram aquelas caras gigantes que estavam
lá também? Perguntou Neeka.
— Bom, eles são os Éktus, Forfeu criou eles através da
dor e tortura para serem parecidos com os Soberanos, ele quase
conseguiu, mas eles não conseguem viver muito, eles sentem
uma dor muito intensa constantemente. Eles são irracionais,
são quase uns animais, não podem ser mais consideradas
pessoas. Respondeu Baltazar.
— O que faz um Soberano? Perguntou Neeka mais uma
vez
— Os Soberanos protegem as Fragas e as pessoas, nós
passamos por um treinamento muito rígido, e no final de 30
anos se você passar por todas as provas e testes, você vira um
Soberano. Respondeu Baltazar.
— E como que eles selecionam quem vira ou não um
Soberano?
— Quando uma pessoa atinge 10 anos de vida, se ela
for apita para o cargo, o cabelo e os olhos começam a brilhar,
de acordo com qual Sistema ela irá. Por exemplo, nossos olhos
brilharam na cor marrom. Disse Baltazar
— Nossa, que legal. E vocês obedecem a república?
Perguntou Neeka.
— Em parte sim, nós que ditamos as regras dos
Sistemas, mas tudo tem que ser aprovado em um conselho com
os Soberanos e políticos da república, mas você é até que
entendida das coisas para quem morou a vida em um buraco.
Disse Baltazar.
— O programa que eu assistia era de educação infantil,
e ele abordou temas bem interessantes através da música e
dança. Disse Neeka.
— Certo, se você quiser se deitar um pouco para
descansar você pode, a viagem vai demorar um pouco. Disse
Baltazar.
— Certo, vou fazer isso então. Disse Neeka.
Baltazar ficou um momento sozinho consigo, e pode
digerir melhor o que estava acontecendo, e percebeu que
alguém que não gostasse do Allan, nem da galáxia e nem dos
Soberanos poderia fazer algo desse tipo.
— Será que pode ser os quatro elementos? Disse
Baltazar
— Claro que não, Allan já disse que eles não têm nem
a capacidade e nem a coragem para fazer isso. Respondeu
Salazar.
— Benhur não faria também. Disse Baltazar
— E aquele Soberano de Minage? Disse Salazar
— O Apollo? Você nem se lembra do nome dele, ele
não fez coisas relevante a ponde de fazer isso. Disse Baltazar
— Pérez e Zera? Eu nunca fui com a cara deles. Disse
Salazar.
— Eu também não, mas eles não têm cara de quem
fariam isso, nem a kailan, não vamos ficar dando palpites,
vamos nos concentrar e mais cedo ou mais tarde a verdade vai
aparecer. Disse Baltazar.
Allan vai de encontro a Baltazar já com a barba feita, e
pergunta onde Neeka estava e se ele estava bem:
— Tô bem sim, e Neeka está descansando um pouco.
Respondeu Baltazar.
— Olha, eu fui um pouco grosso agora pouco, e eu....
— Nem esquenta com isso, eu sei que o que você está
passando não é fácil, e sei que está com muita raiva acumulada.
Disse Baltazar.
— Obrigado por me entender. Onde estamos?
Perguntou Allan.
— Quase chegando, só mais uns 20 minutos.
— Certo, vou acordar Neeka. Disse Allan
Mas antes de Allan chegar até Neeka, a nave começou
a falhar, e os motores pararam de funcionar.
— Deixa eu assumir! Gritou Allan
Baltazar deu lugar para Allan, que efetuou uma
pequena manobra em direção ao sol do primeiro sistema solar
de Muatengar.
— O que está fazendo? Disse Baltazar.
— Vou usar a gravidade do sol para se catapultado para
o centro do sistema! Disse Allan.
E assim ele fez, essa manobra de Allan economizou
tempo e combustível, mas agora eles tinham um problema, a
nave estava em alta velocidade, e sem combustível, eles não
iriam conseguir parar. O planeta no centro do Sistema, que era
a capital da galáxia, estava cada vez mais perto, e eles estavam
cada vez mais desesperados.
Eles entram na atmosfera, e a nave não reponde a mais
nenhum comando. Allan não sabe o que fazer, ele não contava
com a falha da nave soberana, até que Dagadãn sai de dentro
da Fraga e diz:
— Use a Fraga como fonte de energia! Jogue ela dentro
do tanque de combustível!
Allan sai em disparada dizendo para Baltazar:
— Assume os controles!
Allan se arremessa pela janela da nave quebrando o
vidro e usando suas laminas para não ser levado pelos intensos
ventos da reentrada. Ele encontra o compartimento de
combustível, Allan o abre e joga a Fraga lá dentro. A nave
responde na hora, e Baltazar consegue realizar um pouso
forcado com a nave bem no centro da Capital, na praça onde a
gigantesca estátua de 2km de Gregório Fiúzzca está, localizada
na montanha ao norte da cidade, onde ele observa todos da
cidade com suas mãos para trás e sua cabeça levemente
inclinada para frente.
Eles pousam bem no meio da praça, em frente à
prefeitura, com centenas de pessoas olhando.
Allan fica sem reação, agora era oficial, todos sabiam
que ele estava vivo. Ele escuta murmurinhos das pessoas a sua
volta: “é ele? ” “ Mas como? ” “ Ele não tinha morrido? ”.
Baltazar sai da nave com Neeka logo atrás.
— Vamos rápido! Sai daí! Exclamou Baltazar
Mas Allan estava completamente paralisado, não
conseguia se mover diante daquela situação, até que Baltazar
o puxou e o forçou a correr.
— O que aconteceu? Perguntou Baltazar enquanto
corriam.
— Não sei, só travei. Disse Allan.
— E para onde vamos? Perguntou Neeka
— Casa. Respondeu Allan.
CAPITULO 7
A medida em que avançavam, o grupo de olhos que os
observavam aumentava cada vez mais, e cada vez mais, Neeka
ficava para trás.
— Eu tenho pernas curtas! Exclamou Neeka para os
gigantescos Soberanos.
— A Fraga! Disse Allan depois de correrem quase 200
metros.
Allan usou suas laminas para chegar mais rápido no seu
alvo, e recuperou a Fraga a tempo, seguido pelos olhos da
multidão alucinada pela aquela cena.
Allan volta a fugir, mas agora a multidão o seguia.
Baltazar segura Neeka para irem mais rápido, e Allan
vai na frente guiando o caminho. Eles pulam para cima dos
pequenos prédios que estavam próximos e conseguem
despistar parte da multidão. De prédio em prédio, eles
conseguem chegar para a Sede dos Soberanos, onde o
Soberano Chefe fica alocado.
Allan, Baltazar e Neeka pulam e quebram o vidro do
edifício oval, conseguindo entrar dentro dele, porém, eles não
encontram ninguém lá, Benhur não estava lá, soldados não
haviam lá e nem uma planta ou algo para decorar, estava tudo
completamente diferente desde a última visita de Allan
naquele local. Allan fica incrédulo, pois esperava encontrar
Benhur, pois ele é o único que, junto de Allan, poderiam
acabar com aquela situação.
— Mas e agora? Perguntou Baltazar.
— Seu comunicador, ainda está com ele? Perguntou
Allan.
— Sim.
— Então, vamos para cima, rápido! Disse Allan.
Chegando na parte mais elevada do edifício, eles
encontram o antigo computador de Allan, usado por ele para
se comunicar com todos os Soberanos em qualquer lugar da
galáxia. Allan coloca a Fraga na parte de trás do computador
para fornecer energia a ele.
— Seu comunicador. Pediu Allan
Baltazar atende e Allan começa a mandar sinal para
Malatanar, sistema onde Benhur originalmente é Soberano. O
sinal é mandado, mas não há retorno, Allan tenta novamente,
e nada.
— Droga!.... Disse Allan.
Allan tenta para Meemur, e nada. Ele tanta para
Marigustar e finalmente consegue contatar alguém.
— Alô, Benhur? Na escuta? Disse o Soberano de
Marigustar.
— Não, é o Allan, preciso da sua ajuda.
— Não consigo te enxergar, o sinal está horrível. Disse
o Soberano.
— É eu sei, mas escuta bem, eu preciso falar com
Benhur, é muito importante Pérez! Disse Allan.
— Olha, os outros Soberanos já tinham me contado
sobre você. Eu sei bem o que você fez Allan, e nem tente negar,
você me decepcionou muito, acho que todo mundo se
inspirava em ti, mas agora eu nem te reconheço mais, não vou
denunciar seu local pelo respeito e pela consideração que eu
tenho pela tua pessoa, mas minha ajuda você não vai ter. Disse
Pérez em um tom calmo, desligando a comunicação.
Allan olha para baixo em sinal de derrota, pela primeira
vez na vida, ele não estava no controle da situação.
— O que você vai fazer? Perguntou Baltazar
— Nada, vou esperar virem aqui para me prender, eu
já não aguento mais tudo isso. Respondeu Allan.
Salazar assume o controle para falar com Allan.
— Como assim? Você vai deixar a galáxia perder a
guerra? Você vai deixar todos nós a mercê? Como um fraco?
Como um covarde? É isso que você insinuou? Disse Salazar
irritado. — Você falou que tinha provado que era o verdadeiro
Allan Jordan, mas agora eu tenho a certeza que não, o meu
verdadeiro mentor nunca iria dar para trás em uma situação
dessas, ainda mais sabendo de sua inocência, você não é o
Allan, o Allan não é covarde que nem você. Completou
Salazar.
Allan olha para Salazar com um olhar de culpa, ele
sabia que precisava fazer algo, mas estava de mão atadas.
— Você não sabe o que eu passei, eu vivi quase mil
anos em uma vida de escravidão, tendo que proteger as Fragas
e servir as pessoas. Eu não podia ter uma casa onde eu queria,
roupas que eu tivesse vontade de vestir e não poderia conceber
minha família, para as Fragas, tudo isso é inútil e só serve para
nos distrair do nosso objetivo, e eu já estava farto de tudo isso,
na primeira oportunidade que tive eu fui o mais longa que
pude, eu me assegurei que Forfeu não voltaria e parti. Disse
Allan.
— Então por que você chegou tão longe? Se você não
liga mais para a gente, saia daqui de uma vez! Nos deixe aqui
para morrer e se salve. Disse Salazar.
— Ah eu vou sair mesmo, mas antes de ir eu tenho que
fazer uma última coisa, dançar minha última dança. Eu vou
reunir as Fragas e vou destruir elas. As Fragas são e sempre
foram as causadores de todo mal da Paraláxia, elas são o
prêmio da guerra, essa guerra só existe por que Forfeu as quer,
se elas deixarem de existir, todas as dores acabam. Disse Allan.
— Receio que você está correto, mas em parte, as
Fragas realmente são o prêmio da guerra, mas elas não são as
causadoras de todo mal, elas dão a energia vital de todos os
seres da galáxia, incluindo você! Sem elas, além dos
Soberanos, todas as pessoas irão definhar e acabar perecendo.
Disse Dagadãn saindo de dentro da Fraga.
—Mas igualmente, eu vou atrás das Fragas e usar a
energia delas para acabar com a força do inimigo, e assim
voltar para meu descanso. Disse Allan.
Eles escutam sirenes e muitas vozes do lado de fora do
prédio. A Soberana do Sistema de Meemur estava presente
junto das autoridades do planeta.
— Allan Jordan e Baltazar Norhtun, saiam
imediatamente! Eu, Kailan Rayvis Soberana de Meemur,
ordeno que saiam desde edifício desarmados e com nada em
mãos! Saiam antes que nós tomemos medidas mais severas!
Disse a Soberana.
— E agora? Perguntou Salazar.
— Vamos voltar para a nave, eu pego um pouco de
combustível na sala do lado e vamos sair daqui, ou melhor,
você pega o combustível e eu distraiu eles, ai quando você
chegar na nave, me encontra em cima desse prédio. Tome,
pega a Fraga e me encontra depois. Disse Allan.
— Certo, vai logo. Disse Salazar.
Allan vai de encontro a Soberana, com suas mãos
livres, como havia ordenado.
— Onde está o outro? Perguntou Kailan.
— Outro quem? Pergunta Allan
— Não venham com seu sarcasmo para cima de mim!
Traidor da pátria! Eu mesma te mataria agora se não tivesse
que ti levar em julgamento. Disse Kailan furiosa.
— Além de não ter a capacidade e técnica, não teria
forças para lutar comigo, fique onde esta para não se
machucar, viu? Disse Allan em um tom irônico.
A raiva da Soberana só aumenta, e ela começa a tremer
sua perna de raiva. Ela segura sua lança de metal com força, e
Allan sente que conseguiu irrita-la
— E aí? Tô esperando algum Soberano de verdade vir
aqui me prender, por que essa aí paralisou de medo. Disse
Allan com um sorriso debochado no rosto.
Kailan não consegue se conter e corre na direção de
Allan urrando de raiva, com seus dentes rangendo e com sua
lança metálica apontada para o Soberano.
Allan, por ser mais velho e mais experiente que ela,
mantém sua calma e seu olhar fixo em todos os seus
movimentos. Kailan usa sua estatura como vantagem, pois ela
é mais baixa que Allan, cerca de 30 centímetros menor.
Kailan parece deslizar enquanto luta, dando estocadas
e jogando sua lança de um lado para o outro sem sucesso, e
Allan não revida.
— Lute comigo! Gritou Kailan.
Em frente ao edifício estão presentes todas as estátuas
dos Soberanos passados de Mustengar, incluindo a de Allan,
dando uma volta completa ao redor do prédio, a estátua de
Allan está na reta do portão de entrada, e Kailan, com um
movimento firme para trás, atinge a estátua de Allan em sua
base derrubando-a, fazendo ela se despedaçar no chão. Allan
olha para a cena com seus olhos arregalados, olha para a
estátua e em seguida para Kailan, com uma raiva tomando seu
corpo, ele não queria, mas parece que seu corpo estava
tomando suas decisões por ele. Allan corre em direção a
Soberana, erguendo suas laminas, pronto para o combate.
Allan golpeia Kailan de cima para baixo, que defende
usando sua lança, ele parece um animal caçando sua presa,
com uma expressão maligna no rosto. Allan desfere socos na
Soberana, acertando a maioria deles, Kailan consegue se
recuperar e toma uma pequena distância de Allan, que não é o
suficiente, pois ele lança sua lamina pesa em seu braço
esquerdo na Soberana e a puxa para perto. Com sua barriga
esfaqueada e com suas forças indo embora por ter recebido
vários socos, Kailan apenas aceita seu destino, Allan usa sua
outra lamina e corta a cabeça da Soberana, na frente das
autoridades do planeta e sendo transmitido ao vivo no
noticiário.
Allan olha para todos os presentes, com o sangue de
Kailan em suas mãos e pescoço e diz:
— É melhor ninguém ficar no meu caminho!
Allan pula e começa a subir no prédio, chegando no
topo, ele vê Salazar se aproximando com a nave de Aindan, e
pula para a parte de trás da nave.
— O que é isso? O que você fez? Perguntou Salazar
— O que importa? Já está feito, cadê a Fraga?
Salazar entrega a Fraga para Allan que desaba no chão,
e fica desacordado por pouco mais de 1 minuto.
Allan acorda desnorteado, com uma dor enorme em sua
cabeça e com a mesma sensação que teve quando encontrou a
Fraga no núcleo do planeta x-480.
— Onde... ah.... Salazar? Disse Allan
— Sim, você está bem?
— Não, eu estava na entrada do prédio e agora eu estou
aqui, eu não me lembro de vir para cá. Disse Allan.
— Você chegou aqui cheio de sangue e com uma
expressão animalesca no rosto, não parecia você. Disse
Salazar.
— E seus olhos estavam cinzas. Disse Neeka.
— O que? Cinzas? Como assim?
— Você não parecia você, até me lembrou o.... Forfeu.
Disse Salazar.
— A última coisa de que lembro foi de Kailan
destruindo minha estátua, que eu mesmo teria feito mas elas
fez antes. Disse Allan — Sintonize no canal do noticiário.
Completou Allan
Salazar usa o pequeno projetor da nave para verem o
que havia acontecido, eles veem toda a cena, e Allan não
acredita no que havia feito, ele não se reconheceu, como
Salazar disse, ele parecia um animal.
— É a Fraga. Disse Allan.
— Como assim? Perguntou Salazar.
— Quando eu me distanciei da Fraga, minha mente
ficou desprotegida, ela de alguma maneira blinda minha
mente, sem a Fraga eu volto a ser Forfeu. Minha última
lembrança antes de acordar em Mauhall foi eu indo investigar
um barulho que aconteceu no quintal da minha casa à noite.
Disse Allan.
— Sua casa? Que casa? Perguntou Salazar.
— Pois é, no lugar que eu tirei minhas férias eu posso
ter uma casa! E ninguém lá me conhece, não sou julgado por
ninguém. Respondeu Allan.
— E que lugar maravilhoso é esse que é tão melhor que
aqui, hein? Perguntou Salazar.
— Esse lugar é melhor para nós Soberanos, pois lá
temos liberdade, eu prefiro fazer o que eu quero quando eu
quero! Não quando algum político manda eu ir e fazer algo,
isso é escravidão disfarçada! Uma falsa sensação de liberdade,
para proteger pessoas que nem ligam para você, acorde
Salazar, vamos achar as Fragas e ter a nossa tão merecida paz,
e ainda acabar com a guerra, vamos matar dois coelhos com
uma cajadada só. Disse Allan.
— Se fosse fácil assim, outros Soberanos já teriam
feito, não é tão simples. Disse Salazar.
— Fazer dá trabalho, e a maioria dos Soberanos não
querem passar trabalho, eles são forjados para receberem e
obedecerem a ordens, eles não são capazes de pensar fora da
caixa pois eles não tem tempo para pensar, nós estamos sempre
sufocados de tarefas e treinos intensos para nunca saímos da
vida de escravidão imposta pelas Fragas. Disse Allan.
Salazar fica sem reação, e o noticiário segue falando
dos acontecimentos recentes. Benhur, o atual Soberano Chefe,
aparece no noticiário falando sobre a morte da Soberana:
“ Eu fico profundamente triste com uma notícia dessas,
especialmente em um sistema ao qual eu deveria proteger,
quem deveria estar lá para tentar conter a ameaça era eu, não
Kailan. Eu me sinto responsabilizado pelos atos recentes, tanto
em Mustengar quanto em Mauhall. Testemunhas estão
especulando que seja o Ex-Soberano Chefe Allan Jordan, mas
acho difícil de que seja verdade, pois eu mesmo estava lá no
dia de sua morte, e o homem que eu um dia conheci nunca faria
atentados contra a vida e contra a galáxia, pode até estar no
corpo dele, mas não é ele, eu não reconheço aquela pessoa ” “
Então você está especulando que alguém esteja controlando o
corpo do Allan? ” Perguntou o entrevistador para Benhur. “
Sim, estou. Existem inúmeros inimigos da república, e ter um
Soberanos como marionete é uma arma extremamente
poderosa nas mãos inimigas, eu achava que ele estava morto,
mas agora eu presumo que alguém o encontrou e conseguiu
transforma-lo em algo que ele nunca seria, eu acredito que
exista um traidor entre nós, mas é impossível que seja o Allan.
” “ O que os Soberanos irão fazer agora, Benhur? ” Perguntou
o entrevistador, “ Nós iremos atrás dele, e vamos tirar a prova
real de quem está fazendo isso. ” “ Ok então, estamos
aguardando novas informações, obrigado pelo seu precioso
tempo” Disse o repórter.
— Agora todos sabem. Disse Allan.
— Estamos com todos os olhos da galáxia voltados
para nós. Disse Salazar em tom de derrota.
— Mas temos uma vantagem que ninguém mais tem.
Disse Neeka.
— O que? Pergunta Allan
— Eu. Respondeu Neeka.
CAPITULO 8
— Quando eu estava com os Caravelas, nós passamos
próximo a um planeta e eu senti uma energia diferente vindo
dele. Disse Neeka.
— E onde era? Perguntou Allan.
— Era perto daqueles planetas que estavam se
separando, quando nós chegamos perto deles, eu senti a mesma
energia que tinha sentido em Mauhall, eu acho que vinha do
lado esquerdo. Disse Neeka.
— Mas o único planeta perto daqueles é o.... Disse
Salazar.
— X-444. Disse Allan.
Allan mostra para Neeka o mapa da galáxia, e dá um
zoom no Sistema de Meogur. Ele mostra os planetas gêmeos e
em seguida o planeta ao lado
— Você tem certeza que sentiu algo perto desse
planeta? Perguntou Allan.
— No momento em que passamos com a nave, senti
um arrepio, e quando chegamos nos planetas gêmeos, eu sentia
que algo me puxasse em direção aquele planeta. Respondeu
Neeka.
— E agora? Senta alguma coisa? Perguntou Allan.
— Não. Disse Neeka
— Vou voltar para lá. Disse Salazar no controle da
nave.
— Faça isso. Disse Allan. — Você? Sabe de algo que
não sabemos? Completou ele tirando a Fraga de seu bolso.
— Nadinha senhor. Respondeu Dagadãn saindo da
Fraga.
— Se souber de algo que possa ajudar avisa, tá? Disse
Allan.
— Positivo senhor! Respondeu Dagadãn.
Salazar aproxima a nave do planeta X-444. E Allan faz
um sinal com a mão para ele se aproximar mais.
— Sente algo? Pergunta Allan para Neeka.
— Sim, um arrepio muito forte.
— Pouse no planeta. Disse Allan.
Salazar começa a manobra para realizar o pouso, mas
algo o impede.
— Não consigo, parece que tem algo que impede a
minha entrada! Parece um tipo de escudo. Disse Salazar.
Duas pequenas naves vão de encontro a eles, parecendo
pequenas aranhas, elas se unem e começam a projetar uma
imagem de um robô humanoide, que tem apenas olhos em seu
rosto, sem nenhum tipo expressões.
— É melhor vocês saírem daqui, é impossível acessar
este planeta, não há nenhuma forma orgânica presente,
nenhum objeto que possui massa consegue entrar ou sair, nós
construímos um paraíso metálico, sem a interferência de
pessoas medíocres e suas políticas idiotas, já que não vão
conseguir entrar e não podemos ameaçar vocês com nossos
projéteis já que não são capazes de sair deste planeta, sugiro
que nos deixem em paz e nós deixaremos vocês em paz.
— É uma oferta justa, mas nós precisamos de uma
coisa que está aí no seu planeta, será que vocês não podem
desativar seus escudos só por no máximo 1 hora? Só vamos
pegar e sair, é jogo rápido. Disse Allan.
— Você não entendeu, não queremos nenhum tipo de
matéria orgânica aqui, nem por uma hora e nem por um
segundo! Tudo que vocês tocam é destruído. Disse o robô.
— Vamos sair daqui. Disse Allan para Salazar.
Salazar dá meia volta e começa a se distanciar do
planeta, mas Baltazar assume o corpo de seu irmão e usa toda
a potência da nave para ir de encontro ao planeta.
— AAAAAAHHHHH!!! Gritou Baltazar.
— Para! Para! Exclamou Neeka.
A nave se choca com a barreira magnética do planeta,
e eles não lançados para longe do planeta, sem nenhum dano
neles e na nave.
— O que você fez? Não ouviu a explicação dele? Não
sei por que eu te aprovei para ser Soberano, você é imaturo e
impulsivo, faz coisas sem medir as consequências, parecendo
um bebê que precisa de atenção todo o tempo!
— Eu pensei que se usasse a nave em velocidade os
escudos não iriam resistir. Disse Baltazar. Em um tom triste
— Pensou errado. Disse Allan com repreensão
— Eu só estava tentando ajudar. Disse Baltazar em tom
melancólico.
— Com licença, mas eu ouvi o robozão falando que
nada que possui massa pode entrar no planeta, certo? Disse
Dagadãn.
— Sim, e daí? Disse Allan.
— E daí é que talvez possa existir uma certa Fraga que
possa ajudar a entrar nesse planeta. Disse Dagadãn.
— Mas e se a Fraga que precisamos já estiver dentro
do planeta? Nunca vamos conseguir pega-la. Disse Allan.
— Aí você tem um argumento, mas na pior das
hipóteses, teremos três das quatro Fragas. Disse Dagadãn.
— Certo, mas como que ela pode nos ajudar?
Perguntou Allan.
— Ela consegue afetar toda a biologia, ela emite uma
radiação que afeta esse tipo de matéria. Disse Dagadãn.
— Mas como afetar a biologia ajuda nesse caso?
Mesmo se todo o meu DNA mudar, não vai adiantar de nada,
nada que possui massa entra naquele planeta. Disse Allan.
— Eu não tenho certeza, mas ela talvez possa mudar
seu organismo para não possuir mais massa alguma, é uma
aposta, mas vale a pena arriscar. Disse Dagadãn.
— É o melhor que temos, mas a questão é onde estão
as outras. Disse Allan.
— Nós vamos ficar indo de um lado ao outro da galáxia
passando por todos os planetas até a Neeka sentir algo?
Perguntou Baltazar.
— Eu não gosto muito dessa ideia. Disse Allan.
— O que vamos fazer então? Perguntou Baltazar
— Vamos ir falar com Benhur, ele é o único que vai
nos entender e pode nos ajudar a achar as Fragas, ele mesmo
disse que acredita que alguém arquitetou tudo isso. Disse
Allan.
— Precisamos ir para Malatanar então? Perguntou
Baltazar.
— Isso, vá em direção a Maitar e saia por uma das rotas
soberanas. Saia pela esquerda. Disse Allan.
Baltazar obedece Allan, e realiza a manobra entre os
três sistemas. Ele se aproxima do Sol do sistema solar que se
localiza bem no centro de três sistemas, para ter mais
velocidade quando realizar o escape.
— Onde estamos? Perguntou Neeka.
— Írrito, é um sistema solar escondido, um lugar que
não está sob a legislação da Paraláxia, um lugar sem regras.
Disse Allan. — Poucas pessoas sabem desse lugar, e os que
sabem, evitam ao máximo pisar nele. Completou Allan.
— Como você conhece esse lugar? Perguntou Neeka.
— Eu já fui jovem, era inexperiente e muito imaturo.
Na verdade, eu achei esse lugar quase que por acidente, se não
existisse Írrito, talvez eu não estaria aqui. Disse Allan.
Neeka se senta na mesa e fica olhando para Allan, na
esperança dele contar pelo menos um pouco de sua história.
— Bem.... Na época em que estávamos treinando para
nos tornarmos Soberanos, eu, Benhur e o Irmão de Benhur
conseguimos acesso a uma nave Soberana, para o nosso
treinamento de pilotagem, mas nós éramos totalmente sem
noção na época, e decidimos dar um passeio. Nosso
treinamento era no planeta X-444, antes dele ser tomado por
maquinas, e depois do treinamento, eu chamei Benhur e Noah
para sairmos por aí, mas eu não imaginava que iria perder o
controle da nave, bem entre os três sistemas, e essa é uma área
que se nós nos perdêssemos, ninguém iria nos achar. A nave
perdeu o rumo e nós começamos a gritar, pois a nave estava
em uma alta velocidade, mas de repente, nós avistamos uma
estrela e por sorte a nave estava na posição perfeita para entrar
no campo gravitacional da estrela sem ser torrada por ela, e
quando a nave conseguiu reduzir a velocidade por um milagre,
eu consegui pousar a nave naquele planeta ali (disse Allan
enquanto apontava para o único planeta orbitando a estrela).
Nós conseguimos pousar bem, mas as pessoas que transitam
por aquele planeta não são pessoas de uma índole imaculada,
se é que me entende. Quem vai naquele planeta são pessoas
que foram rejeitadas no processo de se tornar Soberano, e
guardam uma grande mágoa, é ali que os Caravelas recrutam
pessoas desesperadas e de mente fraca. Eu e Benhur
conseguimos sair com vida, mas Noah infelizmente não. Disse
Allan.
— Que idade tinham? Perguntou Neeka.
— Nossa, eu nem me lembro mais, talvez uns 19 ou 20
anos, mais ou menos. Faz tanto tempo.... Disse Allan.
— E o que é milagre? Perguntou Neeka.
— É uma palavra que aprendi no lugar onde estava.
Disse Allan.
— E o que significa? Disse Neeka curiosa e ansiosa
para aprender
— Bom... é quando....
— Allan! Os Caravelas! Exclamou Baltazar.
— Onde estamos? Perguntou Allan.
— Passamos um pouco por Mugurtariôn, quase
chegando em Marigustar. Disse Baltazar.
— Estão atacando? Perguntou Allan.
— Sim, três disparos, mas nenhum pegou.
— Tenta entrar em contato. Disse Allan.
Eles escutam um chiado no comunicado e conseguem
visualizar a silhueta de Dante se formando no painel da nave.
Baltazar olha para Neeka e consegue perceber que ela estava
se acostumando com aquela situação louca, e ele sentiu que
aquilo não era correto, pois um ser tão inocente como ela não
deveria estar presenciando e passando por problemas que
apenas Soberanos deveriam experimentar.
— Saudações novamente! Disse Dante com sua voz
esganiçada e que pareciam que o estavam enforcando.
— Se você não sair do nosso caminho, eu pessoalmente
mato todos da sua nave. Disse Allan
— E saiba que ele não está sozinho. Disse Baltazar.
— Calma rapazes, eu só quero recuperar o que é meu!
Depois que Forfeu, ou melhor, depois que Allan roubou Neeka
de nós, nós ficamos profundamente enraivecidos e com um
sentimento de vazio, quase o sentimento de rejeição, nos fez
lembrar daquele miserável dia de incorporação da Academia
Soberana. Disse Dante com amargura e desgosto.
— Neeka agora está conosco, ela não é um troféu para
que possa ser conquistada. Ela é livre, e vai exercer uma
função de relevância para a galáxia, coisa que você não teve a
capacidade de fazer. Disse Allan.
— Não tive? Ou você que não me achou bom o
suficiente? Eu dei meu sangue! Dediquei minha vida para te
agradar! Para estar nos “padrões” da soberania, mas vocês são
tão cegos que não conseguem enxergar as outras inúmeras
qualidades que não só eu, mas todos os homens e mulheres
desta nave tinha a oferecer a vocês, mas nunca estava bom o
suficiente, vocês queriam que as pessoas se encachassem nos
padrões que decidiram. E esse pau mandado do seu lado
cumpriu todos os requisitos! É o otário perfeito para obedecer
às ordens. Disse Dante com raiva no olhar.
— Vocês não se tornaram Soberanos justamente por
terem essa visão destorcida da realidade. Olha o que vocês
fazem, saem pela galáxia saqueando planetas e impondo medo
nas pessoas, isso só prova que todos vocês são crianças
grandes com um desejo desesperado de atenção, e viram em
Neeka uma oportunidade de terem a maior de todas as
atenções, e querem a todo custo ela de volta. Disse Allan
Dante fica sem reação perante as verdades doloridas
ditas por Allan, mas mantem o olhar fixo no Soberano, um
olhar de respeito, mas também de afronta. O silencio
finalmente é quebrado quando Dante diz:
— Vocês têm vinte segundos para entregar a Neeka
para nós, e acho melhor entregar, pois se não fizerem isso, nós
vamos caçar vocês por toda a galáxia e não vamos descansar
até ver Allan Jordan morto novamente. Disse Dante com ar de
superioridade.
— Acho melhor limpar os motores então, por que não
vamos dar nada a vocês! Disse Allan — Baltazar! Avante!
Completou Allan.
Baltazar ativa toda a capacidade do motor, e se
distancia alguns quilômetros de seus perseguidores que
rapidamente conseguem alcança-los. Eles passam por
Murigustar, em uma perseguição conturbada, os Caravelas
atiram com seus canhões utilizando seus projeteis modificados
radiotivamente, causando pequenas explosões em superfícies
atingidas, mas a nave soberana aguanta bem o tranco, e eles
seguem em direção a Malatanar.
Allan, Baltazar e Neeka, avistam um pequeno cinturão
de asteroides localizado abaixo de Murigustar, que se estende
até Meemur, passando Mugurtariôn e por cima de Malatanar,
e Baltazar não tem escolha a não ser entrar dentro do cinturão,
pois os Caravelas estavam cada vez mais perto e seu
combustível quase acabando, e ele viu no cinturão uma
oportunidade de tentar despistar a ameaça, e assim ele fez.
Baltazar mergulhou no cinturão acompanhado pelos
gritos de Neeka e pela calma de Allan, que observa a situação
como se já estivesse passado por aquilo uma centena de vezes.
Os Caravelas os seguem diminuindo a distância da nave
soberana. No cinturão existem vários tipos e tamanhos de
asteroides, e é inevitável não esbarrar em algum, mas a questão
era de quem iria esbarrar primeiro.
Ambas as naves precisavam fazer manobras rápidas e
precisas para não colidirem, e precisavam frear bruscamente
em várias ocasiões, e a nave soberana levou a melhor, por se
tratar de uma nave menor e mais versátil, mesmo assim, com
uma pequena desvantagem, os Caravelas não desistiram e
seguiram firma em sua perseguição, até avistarem algo que não
deveria estar ali.
— Ui! Disse Neeka.
— O que foi? Perguntou Allan.
— Um arrepio. Disse Neeka.
— O mesmo que sentiu em Meogur?
— Sim. Respondeu a felina.
Quatro pequenas estrelas começaram a se mover no
horizonte, e se momento rápido, e cada vez mais perto do
cinturão. Quando chegaram mais perto, foi revalado que não
se tratavam de estrelas, mas sim de quatro naves de
investigação do sistema de Malatanar.
— A nossa pequena perseguição e os disparos
efetuados pelos Caravelas chamou a atenção dos radares de
Malatanar. Disse Allan.
Allan observou que os Caravelas haviam deixado de
os perseguir, e ele percebeu que eles fugiram quando as naves
se aproximaram. Baltazar tenta escapar também, mas eles são
cercados rapidamente pelas quatro naves, e uma voz é entoada
no comunicador:
— Allan Jordan, Baltazar Northun e Salazar Northun.
Vocês estão presos sob a jurisdição de Malatanar, e suas
condenações serão julgadas pelo Soberano Chefe da Paraláxia,
que nessa questão, também é Soberano de Malatanar, o próprio
Benhur Buxes em pessoa. Disse um soldado e piloto da nave.
— Não reagem, ou teremos que tomar medidas mais severas,
vocês serão escoltados até o julgamento, que será efetuado em
instantes. Completou o soldado
— Temos uma chance. Disse Allan.
— O que? Como assim Allan? Acabou, fomos pegos,
todos os portais de noticia estão dizendo que somos traidores
de guerra, você foi visto literalmente usando a armadura de
Forfeu, nem Benhur pode te livrar dessa. Disse Baltazar.
— Só fica calmo, deixa que eu resolvo. Disse Allan.
A nave deles é escoltada até a capital de Malatanar no
planeta X-391, e são recebidos por uma frota enorme de naves,
cerca de oitenta naves presentes, e cerca de quinhentos
soldados em frente ao prédio onde Benhur se encontra.
A nave de Allan estava sendo controlada de fora pelos
soldados que estavam a escoltando, pois nenhum deles tinham
coragem de entrar na nave para controla-la. Eles pousaram a
nave bem no topo do prédio e um autofalante anunciou a
chegada deles dizendo:
— Inimigos da República pousaram no prédio, por
favor, manter uma distância de 100 metros do local. Eles são
seres imprevisíveis e muito perigosos.
Allan escutou aquilo e seu coração se encheu de raiva,
pois tudo aquilo que estavam passando era uma injustiça
enorme. E somente Benhur o entenderia.
As portas traseiras da nave se abrem, e Baltazar sai
primeiro. Allan olha para Neeka e observa uma pequena
lagrima saindo de seu olho direito.
— Não fica assim, nós vamos sair bem dessa situação,
você vai ver, vou esclarecer tudo para Benhur. Disse Allan na
tentativa de consolar Neeka.
Ela concorda com a cabeça e toma a frente de Allan na
saída da nave, enxugando sua pequena e delicada lagrima.
Allan sai da nave com a cabeça erguida e olhando para
todos os soldados com um olhar calmo e afiado. Eles ficam
parados esperando alguém para leva-los até aquele que os
julgaria, mas Allan não esperava que o próprio iria de encontro
a eles.
Benhur aparece no elevador no fundo do corredor largo
e espaçoso, usando sua túnica militar laranja e seguido de
cinco soldados.
Ele faz um gesto com a mão, indicando que eles o
acompanhassem, e assim fizeram os três. Allan esperava uma
reação mais acalorada de seu praticamente irmão ao se
reencontrarem, mas recebeu uma ordem para andar sem nem
mesmo abrir a boca.
Eles são levados a um corredor muito bonito, com um
tapete laranja estendido por todo o local, mesas de madeira
robusta com minerais em cima de cada uma, e com paredes
revestidas por quadros de todos os Soberanos de Malatanar.
Benhur pede para que Neeka e Baltazar esperem na sala a
esquerda de quem vem do corredor, e entra na última sala a
direita junto de Allan. Benhur tranca a porta e se vira para
Allan, abre um sorriso e diz:
— Meu irmão! Que saudade!
CAPITULO 9
— Quanto tempo, irmão! Disse Allan.
—Bem Allan, vou direto ao assunto que está
incomodando a nós dois, por que você fez tudo aquilo?
Perguntou Benhur num tom sério.
— Era justamente disso que eu gostaria de falar com
você. Como tu sabe, eu parti para aquele planeta que
descobrimos e que achávamos que tinha vida inteligente, e
realmente tinha! Descobri que ele se chama Terra, e os seres
que vivem nele são iguais ao povo que vive nessa galáxia.
Homens, mulheres, crianças e animais! As frutas, comidas,
cheiros e sabores, tudo igual, ou quase igual. Eles não são tão
evoluídos tecnologicamente e nem tem a variedade de raças
presentes aqui, mas eles têm explicações para diversos
problemas que enfrentamos, e eu me apaixonei pelo povo de
lá, eles têm um amor natural que emana da alma que é
inexplicável, eu finalmente pude fazer minhas vontades! Você
bem sabe que eu tinha um desejo enorme de ser pai, e na Terra
eu realizei isso! Eu tenho quatro filhos e uma linda filha recém-
nascida, e eles não podem ficar sem mim Benhur. Eu não
queria voltar, eu não queria estar aqui, em uma noite eu escutei
um barulho no quintal da minha casa e fui averiguar, e de
repente eu acordei no centro do planeta X-480 usando a
armadura e as laminas de Forfeu e sendo caçado por toda a
galáxia. Disse Allan
— Filhos? Casa? Que história é essa Allan? Alma?
Você matou uma Soberana, todo mundo quer que você morra!
E se eles ouvirem suas palavras, vão achar que está delirando
e com razão, eu não estou te reconhecendo. Disse Benhur.
— Mas preciso que acredite em mim, você sabe que eu
nunca iria lutar contra a Paraláxia, nunca iria lutar pelo Forfeu,
e na morte da Kailan em questão, eu apaguei no momento em
sai do prédio, e acordei dentro da nave, e Baltazar disse que eu
estava com os olhos cinzas e no momento em que segurei a
Fraga, eu voltei ao estado normal.
—Você achou uma das Fragas? Perguntou Benhur.
— Sim, está aqui.
Allan mostra a Fraga para Benhur, e a pupila de seus
olhos dilatam perante a beleza daquela joia.
— Incrível. Disse Benhur hipnotizado.
— Eu acredito que ela possua propriedades que me
impeçam de ser controlado mentalmente, pois quando eu
apaguei, a Fraga não estava comigo, e quando eu a segurei,
voltei a lucidez. Disse Allan.
— Você acha que alguém foi até o planeta em que
estava, te sequestrou e controlou sua mente para lutar contra a
Paraláxia?
— É o plano perfeito! Todos achavam que eu estava
morto, e quando essa pessoa descobriu que eu não estava, me
usou como marionete sem precisar sujar as mãos. Disse Allan.
— Mas os únicos que sabiam que você estava vivo era
você e eu. Você não acha que eu que fiz isso, né? Perguntou
Benhur.
— Não, claro que não. Assim como você não acredita
que eu trairia a galáxia, né? Pergunta Allan
— Não acredito mesmo, mas a questão que fica é,
quem fez isso? Alguém deve ter descoberto isso na sua partida,
pois eu nunca comentei isso com ninguém.
— Não faço ideia, mas você Benhur, o que tem feito?
Está sendo difícil gerenciar tudo isso? Pergunta Allan
— Ah,você sabe, algumas ordens ali, outras ali, mas a
parte mais difícil é não ter você aqui. Disse Benhur.
— É difícil sem você mesmo, eu só sentia saudade de
você, e um pouco de Baltazar, Salazar, Pérez e Zera. Disse
Allan.
— Pérez veio aqui no dia que foi embora, foi a última
vez que o vi, me fez algumas perguntas e foi embora, ele anda
muito estranho desde aquele dia. Disse Benhur
— E Zera?
— Ela eu vejo mais frequentemente, nós fizemos uma
parceria comercial recentemente, vai beneficiar muito as
próximas gerações.
— Isso é bom. Disse Allan.
—Nossa! Eu quase me esqueço, as Fragas
manifestaram e crianças, cerca de vinte crianças manifestaram
a radiação, mas parecia diferente, a luz de seus cabelos e
sobrancelhas estavam mais fortes, meus olhos arderam quando
elas chegaram aqui. Disse Benhur.
— As Fragas estão recrutando? Não fazem cerca de
150 anos desde a última manifestação de radiação, o que será
que aconteceu?
— Estão tentando achar uma resposta, mas a verdade é
que não tem explicação, talvez as Fragas estão achando que
esses Soberanos não são bons o suficiente e que precisam de
ajuda. Disse Benhur.
— Onde estão as crianças? Qual a idade delas?
Perguntou Allan.
— Estão aqui, nesse planeta, e estão na faixa de 8 a 11
anos, e.… uma delas... é minha filha. Disse Benhur.
— O que? Serio? Meus parabéns irmão! Meus
parabéns! Mas ninguém sabe né? Onde está a mãe da criança?
Perguntou Allan entusiasmado.
— Não, não, ninguém sabe. A mãe me entregou ela
logo quando nasceu, e todos acham que ela é apenas uma
criança órfã que estou criando, nós não podemos ter filho, mas
podemos adotar, vai entender. Eu comecei a ensinar ela
técnicas de combate, e quando ela atingiu 11 anos, seus
cabelos começaram a brilhar numa cor roxa, um roxo muito
bonito, brilhando em um tom que eu nunca tinha visto antes, e
quando isso aconteceu eu chorei, fazia mais de um século que
eu não chorava de emoção, foi uma sensação única, você é pai
e sabe do que eu estou falando. Disse Benhur
— Qual o nome dela?
— Carla.
— Gostei da homenagem. Disse Allan.
— Carla foi a nossa melhor amiga, e eu sentia que nós
não honramos a memória dela da maneira correta, vi na minha
filha uma oportunidade de realizar isso.
— A melhor Soberana que existiu, sem dúvidas. Disse
Allan desviando seu olhar para o chão
— Sim. Concordou Benhur fazendo o mesmo gesto.
— E a sua Carla também será, eu não tenho dúvidas,
ainda mais sendo treinada pelo segundo maior Soberano de
todos os tempos! Disse Allan.
— Segundo? Estou atrás de quem? De Gregório?
Perguntou Benhur
— Está atrás de mim obviamente. Disse Allan
sarcasticamente.
— Hahahaha. Riu Benhur com uma risada que encheu
a sala. — Você só se tornou Soberano Chefe por que eu deixei!
E eu ainda te ajudei nesse processo, se não fosse eu você nem
seria um Soberano. Completou Benhur.
— E sabe o pior? Tudo o que você disse é verdade,
obrigado por estar sempre comigo amigo. Disse Allan
abraçando Benhur, e ambos os olhos se encheram de lágrimas.
— Olha para nós, dois homes feitos chorando um no
ombro do outro, hahahaha. Disse Benhur.
— Hahahahaha. Riu Allan. — Mas vamos focar no
problema, como que vamos resolver essa situação? Perguntou
Allan.
— Eu tenho uma ideia, vamos tentar ver quem tem
mais inimizades com você. Disse Benhur
— Os Quatro elementos não vão com a minha cara,
mas eles são covardes e fracos demais para tentar lutar contra
mim, modéstia à parte. Disse Allan
— Pois é, eles em sã consciência não entrariam em um
combate contra qualquer Soberano, ainda mais um Soberano
Chefe. Disse Benhur.
— Restam outras opções, Pérez, Zera e Maximiliano.
Disse Allan.
— Você realmente acha que é algum Soberano?
Perguntou Benhur.
— Eu acredito que sim, quem mais faria? Uma pessoa
normal não aguentaria uma viagem até a Terra. É um
Soberano, eu tenho certeza. Disse Allan.
— Então vamos caça-lo e lava-lo a justiça. Disse
Benhur.
Um pequeno filete de laser é visto perfurando uma
parede da sala, ele esculpe uma porta e de dentro dela saem os
Soberanos Aidan, Samir, Maracâ e Oceia.
— Ora, ora, se não é o assassino mais procurado da
galáxia. Disse Maracâ.
— O que fazem aqui? Perguntou Benhur.
— Nós não podemos deixar de ouvir nossos nomes
citados na conversa de vocês, e ficamos profundamente
ofendidos pelas afirmações do dito cujo. Disse Maracâ.
— Você acha que somos fracos, Allan? Você não faz
ideia das coisas que tivemos que fazer para você estar aqui
hoje. No início da Paraláxia, apenas nós quatro protegíamos a
galáxia, e o exército não era tão organizado e avançado como
é agora. Então lave a sua boca antes de falar de algum de nós.
Disse Samir levemente irritado.
— Eu falo do jeito que quero, de quem eu quero. Vocês
não impõem medo em ninguém, precisou de mais Soberanos
para fazer o trabalho de vocês, porque vocês são
incompetentes demais para exercer qualquer tarefa. Disse
Allan em tom de superioridade.
O clima entre a elite Soberana esquenta. De um lado
estava Allan Jordan, ex-Soberano Chefe e detentor de
inúmeros feitos inigualáveis acompanhado de Benhur Buxes,
o atual Soberano Chefe e igualmente detentor de feitos únicos.
Do outro lado, temos os Soberanos mais antigos da galáxia,
sendo os primeiros Soberanos a protegerem a Paraláxia com
habilidades impares, usando sua radiação interior para
controlas os quatro elementos individualmente e
respectivamente divididos entre esses Soberanos.
Os olhares trocados entre os seis são de ódio e respeito,
eles sabem que se entrarem em um conflito, não irá acabar bem
para ambas as partes. Allan segura firme suas laminas e se
coloca na frente de Benhur, pois ele estava desarmado e Allan
estava pronto para proteger seu amigo caso algo acontecesse.
— Então, o que vai ser? Disse Allan afrontando os
Soberanos.
— Não podemos deixar você ir, você é nosso inimigo
agora, você traiu seu povo e matou seus aliados, você é tão
horrível quanto Forfeu! Eu odeio você! Por mim você já estaria
morto! Disse Océia muito irritada.
— Pois venha me matar! Ou é covarde demais para
isso!? Disse Allan determinado e com raiva.
Océia parte para cima de Allan gritando. Ela projeta
uma pequena esfera de agua em sua mão, e joga na direção de
Allan, que explode em sua cara, porém Allan desvia do
primeiro soco de Océia e contra-ataca seu golpe usando suas
laminas para arrancar o braço da Soberana, depois disso, ele
ergue a Soberana no ar e a lança na direção dos outros
Soberanos.
Samir retira de seu cinto uma granada e arremessa na
direção de Allan. Benhur percebe o ato de Samir e empurra
Allan para trás, ficando entre ele e a explosão. Os outros
Soberanos se retiram em disparada pelo buraco na parede, e
Benhur permanece no chão agonizando pelo impacto da
explosão.
Allan se aproxima de Benhur rastejando no chão, e
percebe que a explosão arrancou seus membros inferiores e
suas costelas estavam expostas. Allan nunca tinha visto uma
granada tão forte em todos os seus anos lutando em uma
guerra.
— Não! Não, não, não! Seja forte meu irmão, Paraláxia
precisa de você! Não ouse se entregar, lute! — Exclamou
Allan na esperança de motivar seu amigo.
Bombas explodem na parte exterior do prédio. Allan
sabia que eram Samir e companhia. Ele escutou os gemidos de
dor entoados pelos soldados.
— Benhur! Se não quer lutar por você, lute por mim!
Lute pela Carla! — Suplicou Allan.
Benhur estava com extrema dificuldade de respirar, e
vertia água e sangue de seus órgãos. Ele fixa seus olhos nas
pupilas de Allan e usa seus últimos suspiros para dizer:
— Traga a paz para a galáxia, pague o preço que for.
E com essas palavras, Benhur Buxes morreu nos braços
de seu amigo que o acompanhou por vida toda. Allan não
conseguiu conter a explosão de sentimentos acontecendo em
sua mente e coração e começou a berrar e chorar com toda a
força de seus pulmões. Ele apoiou sua cabeça no ombro de seu
falecido amigo e abafou suas lagrimas no pescoço de Benhur.
Allan levanta sua cabeça e observa a fumaça no
horizonte através da passagem na parede. Seu choro se
transforma em ódio, e suas feições não eram mais de tristeza,
eram de raiva, muita raiva. Seu olhar se encontra ao vazio de
um corpo oco sob seus braços, observando a carcaça de um dos
homens mais poderosos que já existiram na galáxia, e tivera a
honra de chama-lo de irmão.
Naquele momento, Allan ficou sem reação, ficou
paralisado diante daquela cena, se sentiu impotente, fraco, sem
rumo e com uma sensação de missão fracassada.
Baltazar e Neeka entram na sala ofegantes. Neeka se
adianta para falar, mas Baltazar segura seu ombro a impedindo
de falar, ele sabia que aquele estava sendo um momento difícil
para Allan. Salazar assume e diz:
— Allan, sei que não está sendo fácil, mas precisamos
agir! As explosões serviram de holofote para todas as tropas
militares do planeta, eles estão vindo com todo o poder de fogo
disponível, precisamos sair daqui e rápido!
Allan dá ouvidos a voz da razão e se levanta dizendo:
— Me desculpa por não ser forte. — Observando pela
última vez o rosto de seu amigo.
Allan se levanta e observa um prédio feito de vidros
bem em frente de onde eles estavam, e enxerga diversas
crianças dentro dele. Uma delas, uma menina, o observava
pelo vidro com uma expressão de confusão no rosto, e Allan
teve a certeza de que era a filha de Benhur.
CAPITULO 10
Eles saem em disparada, buscando algum meio de sair
daquele planeta o mais rápido possível.
— Vamos voltar para a espaçonave. Disse Salazar
— Não, tem soldados rodeando em todos os cantos
desse prédio.
— Então o que vamos fazer? Perguntou Neeka com um
olhar perdido.
— Benhur guarda sua nave no subsolo desse prédio...
guardava... Disse Allan.
— Vamos para lá então! Disse Salazar decidido.
Soldados aparecem e seguem eles pelos corredores.
Allan sabia que seus disparos não são eficientes contra
Soberanos, mas contra os Mynks são. Ele agarra Neeka e a
coloca na frente deles, a segurando suspensa no ar enquanto
iam para o seu destino.
Eles se deparam com uma porta de metal maciça, e
Salazar fica no meio do corredor para impedir que os soldados
cheguem até Allan e Neeka. Os soldados descarregam toda a
sua munição em Salazar que não reagiu. Allan sabia a senha
que Benhur usava e abriu a porta sem dificuldades, ele e Neeka
passam pela porta, e Salazar correu para alcança-los antes que
a porta se fechasse.
No subsolo, eles encontram a espaçonave Soberana de
Benhur, ela estava do mesmo jeito que Allan lembrara. Eles
entram na nave e Salazar consegue manipular os controles dela
para conseguir decolar.
O tanque de combustível estava cheio e a rota estava
traçada para Mustengar. Os soldados arrombam a porta usando
explosivos de alta periculosidade e começam a disparar na
direção da nave de Benhur, bem na região onde estava escrito
“ Solaris”, causando pequenos arranhões.
A nave decola aos trancos e barrancos, Salazar
consegue estabilizar a nave e usa os controles presentes na
nave para abrir uma passagem no subsolo para eles
conseguirem sair do local.
— Você está bem? Perguntou Allan para Neeka.
— Sim, mas tudo isso é uma loucura.
— É, mas precisamos ser fortes, especialmente agora.
— Disse Allan seriamente— Salazar, preciso que volte para o
cinturão de asteroides. Completou Allan.
— Traçando a rota para o cinturão. Disse Salazar.
Allan caminha até um sofá na parte mais ao centro da
nave e se deita, acompanhado de Neeka. Ela se senta em uma
cadeira ao lado direito da mesa que está à frente do sofá em
que Allan está.
— Ai, minha cabeça! Exclamou Allan levantando sua
mão e afagando sua testa
— Olha, eu sei que é dolorido, meu pai foi arrancado
de mim por bandidos sem emoção, nem ligaram se ele era pai
de alguém ou se iriam sentir a falta dele. Mas você precisa
aguentar essa pressão, uma galáxia inteira depende de você
agora. Disse Neeka na esperança de consola-lo.
— Eu já me acostumei com a perda. Durante centenas
de anos eu lutei em uma guerra sem fim. — Disse Allan
enquanto se levantava para se sentar— Ano após ano, Forfeu
invade nossos Sistemas e mata tudo o que enxerga, eu já perdi
meus amigos, meu mentor, minha família e dediquei toda a
minha vida por essa guerra, eu já experimentei essa dor antes,
mas dessa vez teve um peso a mais, o contexto é diferente, essa
morte foi causada por aquele que deveria ser aliado! Tem o
peso da traição junto! Todos acham que eu sou um monstro
assassino, mas a verdade vai prevalecer, ela sempre prevalece,
independentemente do tempo que levar. Disse Allan
gesticulando e fazendo movimentos intensos com as mãos.
A nave segue seu percurso até chegar ao cinturão,
Allan e Neeka se deslocam para a ponta mais ao norte da nave
para se encontrarem com Salazar.
— Sente alguma coisa? Perguntou Allan
— Sim, um arrepio, está na minha frente, um pouco
para a direita.
— Siga para nordeste. Disse Allan para Salazar.
Salazar posiciona a nave para o local indicado, e se
iniciou uma busca por um pequeno objeto na vastidão do
vácuo do espaço sideral.
Depois de algumas centenas de quilômetros
percorridos, Neeka sente que a direção de seu arrepiou mudou,
e avisa dizendo:
— PARA!
Salazar reduz bruscamente a velocidade da nave e olha
para Neeka, que diz:
— A direita, bem na direita.
— Eu vou atrás dela, fiquem aqui, deixem a nave perto
— Disse Allan
Ele coloca novamente a armadura de Forfeu, pois ela
resiste bem no vácuo e impede que ele sufoque, podendo ser
utilizada como um traje espacial. Ele observa sete asteroides
no local onde Neeka indicou, e não sabe qual é o certo. Ele
olha para trás e observa Neeka indicando o que estava mais
afastado à esquerda.
Ao chegar no asteroide, ele percebe que além de seu
formato nada convencional, se assemelhando a um coração, o
material era completamente diferente de qualquer rocha
presente ali, ele tentou quebrar a superfície do asteroide
utilizando suas laminas, porém nada aconteceu.
— Isso aqui é feito de um material mais duro que as
laminas, não consigo quebrar. — Disse Allan. — Estão
conseguindo me ouvir daí? — Perguntou Allan tentando
parear sua comunicação.
— Sim, Sim. — Respondeu Salazar pelo rádio da nave.
— Eu tive uma ideia, mas é um pouco arriscada, vire
os canhões para a rocha e mude para o modo “foco”, depois
use a Fraga como energia e canalize para a rocha. — Disse
Allan para Salazar, e assim ele fez.
Allan entregou a Fraga amarelada para o Soberano
através de uma pequena passagem na região onde a corda que
prendia Allan estava. Salazar configurou tudo, seguindo as
ordens que lhe foram dadas e mirou o canhão para a área em
que Allan estava indicando com seu dedo.
Um feixe de laser fino é produzido pela ponta do
canhão da espaçonave, gerando calor suficiente para derreter o
material incomum de que a rocha era feita. Após cerca de 20
segundos sendo exposto pelo intenso calor, o material
finalmente cedeu e abriu um espaço suficiente para Fraga de
coloração verde ser vista pelos olhos de Allan. A Fraga
esverdeada era completamente diferente daquela que estava
sob sua posse, a nova Fraga tinha um visual que é muito difícil
de descrever, parecia que dentro ela havia milhares de
pequenos espelhos que espelhavam um ao outro e cada um
deles intensificava o incrível tom de verde que emanava de
dentro dela. A medida que olhava, Allan tinha a impressão de
que seu âmago era infinito.
— Isso... isso é... — Disse Allan sem reação
Depois de anos lutando para proteger as Fragas, duas
delas estavam sob sua posse, sob seu poder, ele era
oficialmente a pessoa mais poderosa que a galáxia já teve, mais
que qualquer Soberano do passado ou do improvável futuro.
— Allan! Allan! Como é a sensação? — Perguntou
Salazar empolgado.
Allan olhou para ele, deu um sorriso de canto de boca
e disse:
— Única.
Allan retorna para a nave indo de encontro aos seus
companheiros com seu prêmio em mãos. Salazar e Allan se
abraçavam e comemoravam loucamente, gritando e dando
pulos de alegria enquanto Neeka apenas os observava com um
sorriso confuso no rosto, entendendo o motivo da
comemoração, mas não compreendendo o porquê de tanta
alegria, pois na visão dela, aquilo era apenas uma pedra bonita.
— Conseguimos! Finalmente! — Disseram Allan e
Salazar simultaneamente. — E sem você, ficaríamos mais
perdidos do que ratazanas em Meemur. — Disse Allan
levantando Neeka e a dando um abraço apertado.
Após alguns segundos de excitação e comemoração, os
ânimos se acalmam e eles começam a traçar um plano.
— Certo, vamos dar uma olhadinha na princesa! —
Disse Baltazar surgindo de repente.
Allan abre sua mão direita e revela os magníficos raios
verdes emanando da belíssima Fraga.
— Ela é tão suave e.… poderosa. Acolhedora,
aconchegante e perigosa ao mesmo tempo — Disse Salazar
retomando o controle do corpo e ficando boquiaberto.
Baltazar retoma o controle mais uma vez e fica sem
palavras diante da formosura da Fraga.
— Tá bom seus babões, fechem a boca para não
contaminar a Fraga com suas salivas mal lavadas. — Disse
Allan em tom de deboche.
— Ela é simplesmente linda, posso afirmar que é a
coisa mais bela que vi em toda a minha existência! — Disse
Salazar retornando.
Allan retira de seu bolso esquerdo a Fraga amarela, e
junto dela, o homenzinho.
— Que saudade que eu estava desses rostos! Disse
Dagadãn. — Jubilo de alegria em poder vê-los novamente. —
Disse ele com seus braços levantados e com um sorriso de
orelha a orelha.
— Precisamos da sua ajuda, será que você consegue
nos dizer o que elas são capazes de fazer? — Perguntou Allan
para Dagadãn segurando as duas Fragas nas mãos.
— Bem, as Fragas são muito ariscas, eu mesmo
demorei décadas para trocar simples frases com uma Fraga, e
olha que eu estava preso dentro dela! Ela era a minha única
companheira, mas demorou para pegar confiança em mim. Só
consegui descobrir que ela é capaz de mostrar a verdade aos
individuas e blindar suas mentes contra truques psicológicos
alguns dias antes de você chegar. — Disse Dagadãn.
— Ah! Então foi por isso que eu acordei de repente lá
no núcleo do planeta! Alguém estava manipulando minha
mente e a Fraga me libertou, a teoria do Benhur estava certa!
— Disse Allan. — E essa daqui? Pode descobrir suas
propriedades? — Perguntou Allan esticado sua mão direita na
direção de Dagadãn.
— Posso tentar, eu nunca tive contato com outra Fraga
além da amarela. Não sei se terei êxito. — Disse ele com
receio.
Dagadãn lentamente se desloca em direção a Fraga
verde. Ele gradativamente vai diminuindo seu tamanho e
entrando dentro dela. Quando ele finalmente encosta na Fraga,
seus raios se intensificam e começam a brilhar cada vez mais
forte e a ficar cada vez mais quente.
Allan solta a Fraga pelo seu intenso calor e ela começa
a girar no chão. Ela girou tão intensamente que ficou quase
impossível de vê-la, pois, a medida que ela girava, seu brilho
ficava mais forte.
Os três saíram da sala e fecharam a porta, podendo ver
a luminosidade da Fraga através das frestas da passagem pela
sala principal da nave.
— E agora? — Perguntou Neeka.
— Agora é esperar, Dagadãn disse que levou décadas
até ele se comunicar com uma das Fragas, quem sabe o tempo
que isso pode levar. — Disse Allan desesperançoso.
— Então vamos ficar parados e esperar anos até algo
acontecer? — Perguntou Salazar.
— Claro que não, vamos atrás dos assassinos do
Benhur, agora mesmo! — Disse Allan com raiva no olhar.
Eles sintonizam os comunicadores da nave para
receber os sinais emitidos pelo Jornal da Infinitude. Quando os
sinais foram recebidos, apareceu a imagem dos quatro
Soberanos que foram os responsáveis pelo falecimento de
Benhur. Eles estavam com semblantes tristes e diziam:
estavam dizendo:
— O que aconteceu com Benhur foi, certamente, uma
das maiores fatalidades que ocorreu na história da Paraláxia...
— Olha como são falsos! — Exclamou Allan
indignado.
— Ele foi covardemente assassinado pelo, até então,
melhor amigo, o Ex-Soberano Chefe Allan Jordan...
— Como podem ser tão sujos assim?! Gritou Allan,
pulando de sua cadeira e mexendo seus braços freneticamente
para baixo.
— Nós já estamos tomando as devidas providencias
para encontra-lo, mas ele está totalmente descontrolado e é
muito perigoso. Nós descobrimos que ele se aliou a Forfeu e
está lutando em seu nome, todos esses ataques que ocorreram
recentemente são de natureza dos nossos inimigos com a
liderança de Allan...
Allan fixa seus olhos na tela com uma expressão
serrada no rosto, com dentes apertados e um olhar amolado.
— O ato que presenciamos foi de um nível animalesco
e selvagem, pois além de matar Benhur, Allan arrancou o
braço de Océia sem esboçar nenhum tipo de sentimento, ele é
certamente a pior pessoa que passou nessa galáxia! E vamos
atrás dessa ameaça que, ao meu ver, é pior que Forfeu, porque
traiu não só a república, mas todo o povo paralaxiano! — Disse
Samir com autoridade.
— Olha o que ele disse! Olha o absurdo que ele falou!
— Disse Allan desligando a mensagem — e sabe o que é pior?
Tudo o contexto corrobora para a narrativa que eles estão
contando, eles nunca gostaram nem de mim nem do Benhur,
sempre quiseram nos derrubar, desde aquela vez no planeta X-
394! Eles são sujos! E ouça o que eu digo, eles estão do lado
de quem estava controlando a minha mente, estão
mancomunados com o erro e vão pagar por isso! — Disse
Allan enfurecido enquanto saia da cabine principal da nave
batendo seus pés e indo em direção ao seu quarto.
— O que vamos fazer? — Perguntou Neeka a Salazar.
— Não faço ideia, estou totalmente sem chão. Tudo o
que Samir disse foi mentira, e pelo o que eu conheço do Allan,
o que ele mais odeia é a injustiça, ele não vai repousar sua
cabeça em paz até por um fim nessas mentiras, e acima de tudo,
vingar a morte de Benhur. — Disse Salazar com preocupação
no olhar — Eu temo pela vida dele, uma galáxia inteira está o
confrontando, estão o acusando de crimes que qualquer um
que o conhece pelo menos de vista, sabe que nunca seria capaz
de cometer, principalmente contra algo que ele dedicou a vida
para defender, mas as pessoas têm mente fraca, esses quatro
Soberanos sempre tiveram invejas daqueles que estavam
acima deles na escala de poder, eles foram os primeiros, mas
nunca fizeram nada de relevante a favor da galáxia. — Disse
Salazar.
— E tudo isso por minha causa. — Disse Neeka
desviando seu olhar para o chão.
— O que?! Nada disso!
— É sim, depois que os Caravelas me pegaram
aconteceu tudo isso, se eu tivesse ficado lá no meu buraco,
talvez tudo estaria em paz e pessoas não precisariam morrer.
— Disse Neeka enchendo seus olhos de lagrimas.
— Neeka, entenda, nós sempre estivemos em uma
guerra, pessoas sempre morreram, nós vivemos em uma
realidade cruel e triste, mas infelizmente é a única que temos.
O que está acontecendo agora é necessário para que essa
guerra acabe, se encontrarmos as Fragas, teremos a explicação
de como acabar com todo esse sofrimento, você não tem culpa
de absolutamente nada que está acontecendo, na verdade sem
você a guerra poderia se estender por mais alguns longos
séculos. Se continuarmos nesse ritmo, poderemos resolver
tudo dentro de poucos dias, você é a peça central para acabar
com a guerra. — Disse Salazar calmo, tentando tranquilizar
sua amiga.
— Cer.... Certo. — Disse Neeka contendo suas
lagrimas.
— Acho melhor descansarmos um pouco, Allan deve
estar fazendo isso.
Salazar começa a se deslocar pela nave e Neeka o
segue, eles chegam até o quarto onde supostamente Allan
estaria, mas eles não o encontram lá. Eles andam mais adiante
e escutam o barulho que parecia ser água fervente
borbulhando. A medida que eles iam andando, o som ficava
mais forte, e gemidos eram escudados vindo da mesma direção
do barulho de agua.
Eles chegam no banheiro, e lá estava Allan, dentro de
uma banheira com óleo fervente, Salazar olhou para ele e
disse:
— Ah! É uma boa ideia, falta muito ai?
— Não... estou quase.... e.... já foi. — Respondeu Allan
saindo de dentro da banheira e dando lugar para Salazar.
Ele entra na banheira e se alivia quando sente o óleo
fervendo encostar em sua pele.
— O que vocês estão fazendo? Como isso é possível?
— Perguntou Neeka perplexa.
— Nós somos Soberanos, existe muita radiação dentro
do nosso corpo, e usamos essa radiação quando fazemos força,
andamos e etc. O calor repõe a radiação que precisamos, sem
isso, nós vamos aos poucos deixando de ser Soberano. —
Explicou Allan.
— Nossa...
— É complicado... bem... amanhã iremos continuar,
descansem bem, quero vocês fortes e atentos, boa noite! —
Disse Allan indo em direção ao seu quarto.
CAPITULO 11
— Homens! Ali! Ali!
— ONDE?
— Na direita imundos, na direita!
A nave dos Caravelas do Cosmos segue em disparada
atrás de uma nave de transporte intersistemica, que partia de
Mustur para Meogur.
— Acoplem, agora! Ordenou Dante com sua voz
abafada e esganiçada.
A nave dos Caravelas se aproximam cada vez mais da
nave de passageiros prateada e comprida, eles lançam cabos de
aço e titânio em direção ao transporte o prendendo junto de sua
nave. Dante e mais dois pularam na parte a esquerda na nave e
entraram nela quebrando a janela mais frágil utilizando um
pequeno explosivo azul.
Os passageiros se surpreenderam com aquela situação
e começaram a se levantar de seus assentos e a gritarem de
desespero. Dante gira um pequeno disco de sua perna direita
cibernética, aumentando a pressão que ela exerce sob seu
joelho e causando um barulho forte o suficiente para que todas
as pessoas se calassem, quando elas pararam Dante disse:
— Vamos manter a calma aqui, não é nossa intenção
machucar ninguém, estamos procurando um homem baixinho,
mais ou menos 1,50 de altura, tem um bigode que se encontra
com as costeletas e está com um pequeno baú nas mãos.
As pessoas se entreolham na esperança de acharem o
homem e a ameaça ir embora, mas ninguém se manifesta.
Dante os encara com seriedade, sabendo que impôs medo
naquelas pessoas. O homem a esquerda de Dante o cutucou e
indicou com a cabeça a parte de cima a direita deles do vagão
da nave.
O pequeno homem estava lá em cima, tentando se
misturar com as malas dos passageiros, abraçado em suas
pernas e com o bauzinho no meio de seus braços.
O líder dos Caravelas estica sua mão e puxa o homem
para o chão, o desequilibrando e deixando seu baú cair.
— Não! Você não compreende, isso não é um
brinquedo! Isso pode influenciar todas as vidas da Paraláxia!
Disse o homem desesperado enquanto era agarrado por um dos
subordinados de Dante.
Dante não dá ouvidos, abre o misterioso baú e todas as
pessoas daquele vagão estavam ansiosas pelo o que iria
acontecer.
Ele retira do baú um pequeno frasco de madeira, Dante
o analisou com cuidado, o abriu e se certificou de que o
conteúdo do frasco estivesse intacto.
— Verde e denso, nas perfeitas condições! Parabéns,
(nome). — Disse Dante.
— Isso feito para salvar vidas, curar doenças! — Disse
(nome)
— Mas nas minhas mãos, isso será usado para a
liberdade, acabar com o sofrimento e restaurar a paz para o
nosso tempo. — Disse Dante.
— E para os que ficam, eu deixo uma marca dos
Caravelas. — Disse o homem a esquerda de Dante.
O homem da uma cotovelada em um aquário que se
estendia até o final da nave em blocos de 10 metros, que servia
de lugar para os passageiros da raça FECÍNOS, seres similares
aos humanos que vivem exclusivamente na água, fazendo a
agua se esvair aos poucos, causando desespero não somente
para os seres aquáticos, mas aos demais passageiros.
Os quatro Fecínos que estavam no bloco, começaram a
se debaterem e a colocar suas mãos no local onde a agua estava
saindo, mas suas tentativas não tinham sucesso. Os demais
passageiros também estavam tentando ajudar, colocando
camisetas e outros tipos de tecidos para tentar conter o
vazamento, mas nada adiantou, a agua foi deixando o aquário
e a pele dos Fecínos que naturalmente é de coloração verde
oliva para os três machos e de vermelho sangue para a fêmea,
se transformou em azul ciano, suas bocas ficaram abertas para
uma última esperança de receber água e suas mãos atrofiaram,
os passageiros tiveram que assistir a morte de quatro pessoas
sem conseguirem fazer nada, enquanto os Caravelas saiam
com rapidez do local, sem nenhum tipo de remorso. Os três
saíram da nave pelos cabos, deixando para trás um grupo de
pessoas perplexas e desesperadas.
Eles retornam para sua nave com a missão comprida,
se juntam aos seus companheiros na sala principal e começa a
festejar diante daquela vitória, os Caravelas erguem seus copos
de bebidas e brindam uns aos outros pela conquista. Dante
subiu em uma mesa e disse:
— Hoje demos mais um passo importante para a
liberdade!
— AAUUHH!
— Mais uma peça do quebra-cabeça foi achada!
— AAUUHH!
— Dentro de pequenas rotações, finalmente teremos
nosso tesouro em nossas mãos!
— AAUUHH!
— Mas temos um impasse, ainda faltam os malditos
metais para nosso proposito ser concluído, o ouro sabemos
onde está, mas o (nome do metal) que é o problema. Teremos
que invadir Mustengar, por isso eu preciso de todos vocês,
homens corajosos que a Paraláxia e os Soberanos tiveram o
desprazer de rejeitar!
— AAUUHH!
— Atacaremos pelo Leste, com toda a nossa frota.
Usaremos todo o poder de fogo disponível para essa missão.
Depois de conseguir os metais, vamos usar isso — Ele apontou
para o franco de madeira — E vamos conquistar nosso devido
lugar na galáxia! Chega de sermos rejeitados!
— AAUUHH!
— Chega de servos classificados como malfeitores e
bandidos!
— AAUUHH!
— Chega de guerra!
— AAUUHH!
— Vamos enfim nos tornarmos os verdadeiros heróis
da Paraláxia!
— AAUUHH!
— Nos julgam apenas por algumas mortes, mas os
Soberanos mataram pessoas indiretamente durante anos e
sempre foram idolatrados, fazem estátuas para eles e os
homenageiam após sua morte, mas se eles realmente fossem
bons, a guerra já teria acabado a muito tempo! Essa guerra gira
totalmente em tornos das malditas Fragas, um lado protegendo
e o outro atacando, mas nós não! Vamos usa-las para acabar
com toda essa dor! — Disse Dante.
— AAUUHH!
— Atacaremos a capital, mas antes, usaremos isso —
ele apontou para o frasco — e vamos atrás daquela maldita
coruja! — Finalizou Dante.
Uma enorme festa na nave dos Caravelas se iniciava,
eles comemoraram aquela vitória de tal maneira que a bebida
e a comida acabaram em poucas horas. Dante, porém, estava
apreensivo, eles nunca haviam chegado tão longo desde a
fundação dos Caravelas do Cosmos, ele começou a sentir um
formigamento mais intenso do que o de costume em sua
queimadura no pescoço, sua ansiedade aumentara e sua única
perna de carne estava bamba. Ele se deslocou até sua cabine
particular, se assentou em sua cadeira de madeira (a única da
nave) e retirou sua perna cibernética, de seu joelho estava
escorrendo um liquido amarelado e pequenas cotas de sangue
podiam ser vistas junto ao liquido.
Ele realizou uma rápida limpeza e calibrou a pressão
que a perna exercia sob seu joelho e recolocou ela no lugar.
Dante se levantou de sua cadeira e foi em direção a sua cama,
onde ele repousou a sua cabeça por um tempo agradável até
ser interrompido pelo seu mais próximo e confiável Caravela.
Ele o acordou dizendo:
— Dante, eu acho que descore onde a coruja pode estar,
minha mente não me deixou dormir pensando o tempo todo
nisso!
— An... — Disse Dante desnorteado — Finn... sério?
Você realmente descobriu algo?
— Não sei se descobri, mas tenho uma boa noção. A
cada troca de Soberanos, ela aparece no sistema onde o ultimo
Soberano chefe nasceu, o que significa que ela está em
Malatanar!
— Mas o último Soberano chefe nasceu em Mustengar.
— Eu pensei nisso na primeira vez, mas o ultimo
Soberano chefe foi Benhur, então na próxima troca de
Soberanos, até então, será em Malatanar.
— Até que essa mente serve para alguma coisa — disse
Dante em tom de ironia — vamos agora mesmo para lá!
Dante avisa a todos os Caravelas do novo plano
traçado e eles partem em direção ao sistema indicado. Uma das
Caravelas se aproximou de Dante e perguntou:
— Como ela é? A coruja.
— Ela é a azul, seus olhos são castanho-claros e as
penas do pescoço são verde água. Mede mais ou menos uns 70
centímetros e é a única de sua espécie, sendo assim,
extremamente rara.
— Você chegou a vê-la ela?
— Já, dos 10 candidatos finalistas para se tornarem
Soberanos, apenas 5 foram selecionados, e eu fui o sexto.
Allan estava na dúvida entre Pérez e eu, mas ele acabou
escolhendo o outro. Eu sei que sou melhor que Pérez e eu não
aceitei aquela decisão injusta, eu teria muito mais a oferecer
para Paraláxia do que ele, Pérez é mimado, enjoado e fraco,
mal conseguia segurar as machadinhas no treinamento. No dia
da escolha, a coruja surgiu entre as copas das arvores
mergulhando e saindo dentre as folhas, foi uma das cenas mais
belas que eu vi na minha vida, e ela pousou no ombro do Pérez,
aquilo me deu uma raiva, me subiu um ódio inexplicável, e
isso atrapalhou minha performance, eu só pensava no Pérez e
essa coruja estúpida.
— E qual é a relevância dessa coruja?
— Você me faz essa pergunta agora? É sério? Estamos
quase completando a missão e você me vem com essa dúvida?
Onde você estava nas ultimas década? Hein? — Disse Dante
enfurecido — ah... — suspirou Dante — essa coruja é
simplesmente um mapa vivo até as Fragas, assim como Neeka
e os Mynks, essa coruja consegue de alguma forma se conectar
com as Fragas, ela é quase a manifestação física das Fragas de
tão bela, aparece a cada 1940 anos e ajuda a decidir quem serão
os próximos Soberanos, é incrivelmente rara e só existe ela de
sua espécie. Ela aparece misteriosamente e desaparece sem ser
vista por nenhum olho sequer.
Quando Dante percebe, um grupo se formou em volta
deles enquanto conversavam, para todos os Caravelas, a coruja
era uma lenda, pois ninguém ali nunca chegou a vê-la. De
repente, uma mulher alta ergueu seu braço e começou a falar
em um tom alto e convicto dizendo:
— Todos nós fomos rejeitados e obrigados a engolir as
decisões impostas pelos Soberanos e por esses políticos
imbecis! Quando atingimos dez anos, nosso cabelo brilha sem
nossa vontade e somos forçados a realizar testes para algo que
nunca quisermos. Eles induzem nossas mentes para acharmos
que ser um Soberano é uma coisa boa e nos fazem derrubar
nossos irmãos para alcançarmos algo que vai nos escravizar
até o dia de descermos para a sepultura. Como que uma criança
de dez anos vai decidir se quer uma responsabilidade de ser
um Soberano?! Dante, estamos com você! Vamos acabar com
essa situação de merda e pôr um fim nesse câncer chamado
soberania!
Todos os tripulantes da nave vibravam e apoiavam as
falas da mulher, e a nave seguia seu curso em direção ao
Sistema Malatanar.
Chegando no Sistema, eles percebem uma
movimentação diferente das frotas Soberanas, pois elas
passaram por eles e não reagiram e nem atacaram a nave dos
Caravelas, coisa que sempre acontecia. Eles ligam os
comunicadores da nave e sintonizam no Jornal, e o jornalista
falava de forma eufórica e levemente desarrumado, como se
não estivesse pronto para dar a seguinte noticia:
— Ah... é.… eu nem sei como dar essa notícia...
acabamos de confirmar que Allan Jordan fez mais uma vítima
no final dessa tarde no planeta X-*** no Sistema Malatanar.
Benhur Buxes, foi brutalmente morto nas instalações da
Academia Soberana de Preparação Especial de Cadetes. A
Soberana Océia foi ferida e teve seu braço arrancado, os três
Soberanos responsáveis pelos demais elementos estavam no
local e confirmaram que Allan Jordan foi responsável pelos
ataques. Vamos ouvir os relatos deles agora...
Após escutarem os Soberanos e receberem a notícia de
que Benhur estava morto, Dante se vira para Mike, o Caravela
de quem ele mais confia e que é o co-lider da operação, e disse
com sua voz engasgada:
— Eles fragilizados!
— Eles estão fragilizados! — Repetiu Mike para o
resto da tripulação.
— A cadeira de Soberano-Chefe está vaga! — Disse
Dante em boa voz — Agora nós temos a oportunidade perfeita
para concertarmos de vez toda a galáxia da forma perfeita! —
Exclamou Dante erguendo seus punhos — Partiremos para o
seio da galáxia, Mustengar, e lá vamos concretizar nosso
propósito e finalmente seremos ouvidos.
— AAUUHH!
Eles chegam em Mustengar e foram recebidos da forma
que esperavam, com uma frota de naves e canhões virados para
a direção da nave. Dante tenta contato com a torre central do
congresso galáctico governado pelo presidente do planeta X-
***. Dante falou:
— Eu vim me entregar
Não ouve resposta.
— Eu vim me entregar e entregar todos os Caravelas
do Cosmos
Uma voz masculina responde dizendo:
— Por qual motivo?
— Obviamente temos interesses por trás. Nós estamos
dispostos a sacrificar nossa liberdade em troca de 20 minutos
de conversa com vossa excelência e com todos do congresso.
A resposta veio na forma de cessar fogo, com as frotas
se recolhendo, os canhões abaixando e o hangar liberado para
o pouso da nave.
Todos os tripulantes da nave saíram e foram levados
até o júri, para além de ouvirem os Caravelas, julgarem suas
ações para tirarem a prova final das declarações. Os Caravelas
foram levados para celas de detenção prévia, já Dante, foi
levado ao julgamento perante todas as maiores autoridades de
Mustengar, sendo ele o representante dos Caravelas do
Cosmos e seu porta-voz.
O Presidente da República da Paraláxia se levante e vai
de encontro até sua tribuna, onde se localizava bem ao centro
da abóboda dourada cercada de inúmeras pessoas para o
julgamento, onde o mesmo estava sendo transmitido em tempo
real para toda a galáxia. O presidente se sentou e disse:
— Eu, Joshua Fínneas McGree, declaro aberto o
julgamento dos criminosos intitulados como “ Caravelas do
Cosmos”, afim de decidir o destino destes. Uma ótima tarde a
todos.
Dante se posiciona a direita da entrada e a esquerda de
Joshua, em diagonal, no centro de todos. Uma mulher de
cabelos cachados, pele escura e roupas resplandecentes, toma
a frente e tira de baixo de sua mesa uma folha de papel extensa
que media por volta de 1,2 metros. Ela disse:
— Dante o renegado, você cometeu incrivelmente
todos os crimes que alguém poderia realizar contra os direitos
e deveres das pessoas, o que você fez é simplesmente
imperdoável. Você prejudicou nossa nação em período de
guerra. Você atacou postos militares deixando nossas defesas
totalmente vulneráveis para nossos inimigos, se tronando
igualmente inimigo da República e do povo, como você reage
perante esses fatos?
— Suas palavras estão corretas, exceto uma, eu não sou
inimigo da república. Eu ataquei sim as guaridas e quarteis por
toda a galáxia, mas isso foi necessário para chegarmos até esse
momento, eu precisava reunir o poder de fogo máximo para
ser notado tanto pelos nossos inimigos tanto pelo o povo. Eu
reuni um exército a parte da Paraláxia, um exército que vocês
rejeitaram! Pessoas extraordinárias que vocês intitulam de
Paladinos, dão um certo prestigio e marginalizam eles os
jogando em lamaçais à deriva no vacou eterno. — Disse Dante
com autoridade e imponência — Eu vim aqui prometer uma
coisa, e que fique bem claro para não gerar ambiguidade, eu
tenho o poder de acabar com a guerra dentro de poucos dias,
se me nomearem como Soberano-Chefe e me derem o poder
absoluto sob suas tropas, eu pessoalmente vou até Forfeu e
trarei a cabeça dele! Mas caso vocês queiram me prender, duas
naves estão do lado de fora deste salão prontas para dispararem
bombas de ant-matéria bem na capital! — Disse Dante abrindo
um sorriso no rosto — E aí? O que vão querer?
Todas as pessoas entram em pânico e começam a se
olhar e buscarem pela saída, mas nada adianta, pois, todas as
portas foram trancadas por fora. Joshua ficou boquiaberto, e
olhou para a mulher cacheada na esperança dela lhe dizer algo,
mas não obteve nenhuma palavra de sua parte. Diante daquele
alarde, Joshua falou:
— Já chega!
Todas as pessoas se calaram e viraram-se para ele.
— Soberano-Chefe? Nem Soberano você é! Acha
mesmo que pode vir em Mustengar e nos ameaçar?!
— Qual outra escolha você tem? — Disse Dante com
serenidade — Os seus últimos dois Soberanos-Chefe
decepcionaram bastante. Um traiu a galáxia e o outro apoiou o
traidor, quem garante que seus Soberanos não iram te trair
também? Você só tem a mim, e se não me aceitar, toda a
galáxia vai morrer.
Joshua estava se mão atadas, ele percebeu na janela ao
oeste do júri, que uma nave estava apontando seu canhão na
direção de sua testa. Ele encarou Dante por alguns segundos e
tomou sua decisão.
— Ah. — suspirou — Eu, Joshua Fínneas McGree,
Presidente da República da Paraláxia — ele hesitou — declaro
— ele fez uma pausa no tempo de semínima em um compasso
quaternário — Dante o Renegado, Soberano de Mustengar e
Soberano-Chefe da Paraláxia.
Um papel dourado medindo 16x6 centímetros saiu da
tribuna de Joshua com as seguintes inscrições: “ Mustengar.
Troca imediata de Soberania. De Allan Jordan para Benhur
Buxes, de Benhur Buxes para Dante, o Renegado. ”
Joshua pegou o papel e guardou em seu bolso. Dante
dá as costas para ele e encara a multidão de pessoas ali
presentes, eles o encaram de volta em silencio, esboçando uma
reação de surpresa e receio. Joshua abre sua boca para falar,
mas Dante de antecede dizendo:
— Eu, como novo Soberano-Chefe, vou cumprir com
minha palavra e vou acabar com essa maldita guerra que tanto
nos fez sofrer ao longo de milênios na nossa história! Irei
utilizar as Fragas, nossas maiores armas, para aniquilar Forfeu
e seu exército! Mas eu não posso ignorar a pedra no nosso
caminho, esse cara que se dizia defensor dos inocentes e
protetor dos justos está nos decepcionando cada vez mais, vou
atrás dele e de Forfeu, nem que meu sangue seja o preço!
As pessoas presentes se mantiveram caladas diante de
seu novo líder, se entreolhando e fazendo pequenos sussurros
uns para os outros. Dante retribuiu o olhar, mas com
severidade, transpassando um ar de autoridade.
— Quero que soltem meus conterrâneos — ordenou
Dante.
Imediatamente, três soldados saíram do salão principal
e caminharam até onde a tripulação dos Caravelas do Cosmos
estavam sendo mantidos sob custodia, eles soltaram suas
algemas e os escoltaram até o lado de fora do júri, onde eles
ficaram lá esperando a saída de seu novo Soberano-Chefe.
Uma multidão se formou em torno do prédio assim que
foi anunciada a mudança de cargo, pegando todos da galáxia
de surpresa, gerando indignações e protestos por parte do
povo, já que os Caravelas são vistos como marginais por todos
os seres racionais da Paraláxia.
Dante saiu do prédio e se deparou com a multidão
protestando com sua nomeação, já que não foi efetuada com a
democracia, mas sim, sob um golpe. Ele ignora todas as
pessoas e sobe em sua nave juntamente de sua tripulação, indo
em direção a Malatanar, lugar onde nascera assim como
Benhur, para receber os atributos e a força de um Soberano–
Chefe diretamente da coruja que outrora, o negara para tal
função.
CAPITULO 12
Allan acorda e logo se adianta, indo imediatamente em
direção a sala principal da nave, onde Dagadãn tentava se
comunicar com a Fraga. Ao chegar, Allan percebe que tudo
estava calmo, sem barulhos nem movimento. Ele entrou e se
deparou com um verdadeiro caos; com peças de metal
espalhados, restos de comida, algumas roupas, cacos de vidros
no chão e no centro de tudo, a Fraga verde posicionada de
maneira horizontal, pulsando em verde vivo.
Ele se aproxima da Fraga e sussurra:
— Dagadãn, conseguiu?
Não obteve resposta
Allan segue mais à frente e entra na cabine de comando
na nave. Ele observa pequenos corpos celestes passando ao
fundo, se colocando entre a nave e a imensidão do universo.
Allan liga os comunicadores da nave e sintoniza no Jornal,
onde passava em tempo real a nomeação do novo Soberano-
Chefe. Após assistir toda a cerimônia em absolto silencio e
fazendo apernas algumas expressões de nojo e desprezo, ele
lentamente desliga os comunicadores e sai da cabine,
totalmente em choque com o que acabara de assistir.
Allan vai de encontro até o quarto de Salazar, onde ele
e Neeka estavam dormindo, Salazar deitado em um tapete no
chão e Neeka em uma pequena rede estendida entre duas
paredes no canto superior a esquerda do quarto. Allan da um
pequeno chute na perna direita de Salazar, com força o
suficiente para apenas o acordar sem machuca-lo.
Baltazar acordou, percebeu a estranha expressão no
rosto de Allan e perguntou:
— Onde é o enterro?
Mas ao perceber sua infeliz fala, rapidamente levantou
e disse:
— Ah... me desculpe... eu realmente não tive a
intensão.... ah... me desculpa mesmo Allan.
— Dante é o novo Soberano-Chefe — disse Allan com
um olhar distante e infeliz direcionado para o chão.
— Como que eles foram tão imbecis ao ponto de
nomear o criminoso mais procurado do universo para esse
cargo?
— Ele aproveitou a vulnerabilidade da galáxia nesse
momento e fez um golpe para cima de Mustengar e da
república.
— Onde você viu isso?
— Passou a pouco no jornal.
— Que merda!
Allan olha rapidamente para Neeka e sai o quarto, com
Baltazar o seguindo como uma sombra.
Ele volta para a sala principal e pega duas bandejas de
comida e as coloca em um pequeno formo, onde elas ficam
prontas e aquecidas quase que instantaneamente. Eles comem
sem trocar nenhuma palavra um com o outro, e Allan fixava
seus olhos somente para a Fraga pulsando no piso metálico e
gelado.
De repente, Dagadãn sai de dentro da Fraga
comemorando e rodopiando por toda a sala.
— Eu consegui! Eu consegui!
A expressão dos dois mudou, eles se olharam e
levantaram de uma vez da mesa onde estavam e começaram a
se abraçar.
— E ai?! O que aconteceu? — Perguntou Allan.
— Ela se abriu para mim totalmente! Me disse suas
habilidades e como ela vai nos ajudar a resolver tudo isso!
— Fácil assim? — Perguntou Salazar assumindo a sua
vez do corpo.
— Foi fácil assim — respondeu Dagadãn.
— Eu não compro essa história Allan, de jeito nenhum,
as Fragas se esconderam de nós durante séculos, e agora elas
querem ser nossas amiguinhas e nos ajudar? Para mim isso é
uma baita conversa fiada e um caminho de terra sem rumo —
disse Salazar desconfiado.
— Eu também fiquei receoso, por certo elas têm algum
interesse por trás, mas não temos nada melhor do que isso,
temos que confiar nelas para finalmente termos nosso
descanso e eu voltar para quem realmente importa.
Salazar apenas realiza um aceno de cabeça,
concordando com Allan e franzindo levemente seus lábios
inferiores.
— O que ela te disse? — Perguntou Allan.
— Ela se referiu a mim como “Dagadãn”, mostrando
conhecimento de minha pessoa e do que eu pretendia fazer
conversando com ela. A Fraga tem total conhecimento de
nossa missão e me disse que não mediria esforços para nos
ajudar, pois segundo ela, as mãos mais segurar para elas
estarem são as de Allan Jordan.
— Isso que eu não entendo, como que elas falam? Elas
são literalmente pedras! — Disse Salazar incrédulo.
— Você ainda não percebeu que elas são totalmente
desnaturais!? Elas não obedecem às leis da física meu chapa
— disse Dagadãn ironizando.
Salazar balança a cabeça e se afasta, como se negasse
a fala de Dagadãn.
— O que ela é capaz de fazer? — perguntou Allan.
— Ela me revelou que dentre suas propriedades estão
a de manipular a biologia e a matéria, sendo ela capaz de
ignorar totalmente quais quer leis impostas pela natureza.
Allan fia pensativo por alguns segundos, imaginando
as possibilidades que essa nova informação pode gerar para o
futuro da galáxia e da guerra.
Neeka entrou na sala e perguntou:
— Ele conseguiu?
— Sim — respondeu Salazar desdenhoso
— Neeka! Que bom que acordou, é de você quem eu
preciso agora, você lembra da exata sensação que sentiu
quando passamos perto daqueles planetas gêmeos que
ajudamos?
— Lembro sim
— Sabe me disse se é igual quando chega pertos dessas
duas Fragas? — Perguntou Allan.
— É igual
— E você se lembra o que aquele robô nos disse
quando chegamos lá?
— Que... an... é... Ah! Ele disse que nada que tem
massa pode entrar no planeta, ou algo parecido com isso.
— Exatamente! Repete o que você disse agora pouco
Dagadãn
— Que ela manipula a biologia e a matéria?
— É isso! É isso ai! Agora nós só precisamos voltar no
Complexo Meogur e pegar a Fraga — disse Allan com
excitação — se nós conseguirmos fazer isso, só vai restar mais
uma Fraga, e se reunirmos todas, isso significaria que teremos
enfim nossa era de paz — completou ele entusiasmado.
Eles se entreolharam e ficaram em silencio por longos
8 segundos, na esperança de que alguém quebrasse o gelo que
Allan instaurou, porém, o próprio tomou adiante e disse:
— Só temos um detalhezinho que precisamos analisar,
aquele planeta está no mínimo 60 anos inabitável, com
maquinas reinando por todo lado.
— Eu me lembro que foi bem no início da minha
incorporação como Soberano — disse Salazar.
— Sabe-se lá os perigos que lá habitam, pode ter
maquinas tão avançadas que nem podemos imaginar — disse
Allan sério.
— Não consegui me comunicar com a Fraga quando
passamos por esse planeta, ela é mais fria que as outras, muito
mais arisca — disse Dagadãn.
Allan ficou pensativo, ele não poderia arriscar a vida
de Neeka indo até um lugar onde nenhuma forma de vida é
bem-vinda, mas ele também não poderia a deixar sozinha, pois
isso acarretaria em um possível rapto da parte dos Caravelas
do Cosmos. Ele também não poderia descer até o planeta sem
um companheiro, suas costas estariam a todo tempo vulnerais
e a geografia do local seria totalmente desfavorável a ele, Allan
necessitaria dos gêmeos para essa missão. Ele se encontrava
em um impasse.
— Precisamos traçar o plano juntos — disse Allan para
Salazar — eu preciso de você para descer comigo até o planeta,
mas não posso deixar Neeka desprotegida.
— E se eu for com vocês? — Perguntou Neeka.
— Até eu estou com medo de enfrentar o que tem lá —
disse Allan com ironia — nós não podemos arriscar sua vida.
Se os Caravelas te acharem, podemos dar adeus a nossa
liberdade.
— Nós tínhamos que descobrir onde eles podem estar
para anteciparmos nossa investida, assim poderemos pegar a
Fraga sem eles estarem por perto, eles não podem estar em
todos os lugares da galáxia ao mesmo tempo. — Disse Salazar
— Dante acabou de ser nomeado Soberano Chefe,
todos os holofotes estão apontados para as Caravelas agora,
todos os seus passos estão sendo cuidados por todas as pessoas
— falou Allan com um olhar matador e decisivo — eles
provavelmente irão atrás da Coruja Metamórfica (ou
relativística), e enquanto eles vão para um lado, nós vamos
para outro — disse Allan.
— Mesmo se conseguirmos entrar no planeta, como
que vamos achar a Fraga por lá? — perguntou Salazar — Ele
pode até ser considerado um planeta de pequena envergadura,
mas mesmo assim seria impossível achar um objeto tão
pequeno.
— Neeka precisa estar junto — Disse Dagadãn.
— Ah — suspirou Allan — não temos escolha — disse
ele abaixando a cabeça — mas vamos deixar bem claro, você
vai estar o tempo todo do meu lado, de preferência entre
Salazar e eu — disse Allan para Neeka — fui claro?
— Sim, muito claro
— Ok, agora vamos traçar nossa rota de invasão.
— Eu tenho algumas sugestões — se adiantou Dagadãn
para falar — a forma mais eficiente para entrar das
demarcações do planeta seria utilizando a própria nave, usando
a Fraga verde para anular sua massa e permitindo assim que
entremos na gigantesca rocha sem nenhum empecilho.
— Continue
— Devemos analisar a atmosfera e as condições do
solo, pois não sabemos como estão essas vareáveis após
décadas no reinado das maquinas, aquele lugar pode estar pior
que o próprio vácuo do espaço, sendo assim, devemos ir atrás
de objetos que façam essas marcações de maneira precisa e
sem nenhuma margem para erros — completou Dagadãn.
— Apenas a elite cientifica possui detectores tão
avançados, a não ser que a gente consiga atrás de outros meios
— disse Allan
— Não está pensando em ir para aquele lugar né —
perguntou Salazar receoso
— Consegue pensar em outro lugar? Não teremos
ajuda em nenhum outro canto da galáxia — respondeu Allan
— e comece a treinar seus reflexos até chegarmos lá, já estou
providenciando nossa ida — completou ele.
— Para onde nós vamos? — perguntou Neeka.
— Írrito — respondeu Salazar
Allan assume o papel de piloto e começa a deslocar a
nave sob a vastidão do vazio até “Írrito” um planeta totalmente
dominado pelos piores criminosos da galáxia, eles saem do
sistema Malatanar, contornado por fora da galáxia até
chegarem ao local desejado, passam-se dois dias de viagem,
onde eles traçaram estratégias de batalha e invasão caso algo
saia do controle ao algo indesejado aconteça.
Eles chegam cerca de 500.000 km do planeta, pararam
e Allan disse:
— Sabem o que fazer, né?
— Sabemos — disseram Salazar, Neeka e Dagadãn ao
mesmo tempo.
— Então falem
— Eu vou ficar totalmente anônimo e garantir que sua
mente não seja invadida — disse Dagadãn
— Perfeito. Salazar?
— Estarei na nave, protegendo Neeka
— Ótimo, Dagadãn, você me assegura de que a Fraga
verde controla o material genético?
— É quase certo de que sim, mas só se pode tirar a
conclusão provando na prática.
Allan segura a Fraga com firmeza, ele mentaliza o que
deseja fazer com ela. Dentre de alguns instantes, seu rosto
começa a tomar uma outra forma, seu nariz é levemente
engordado, seus olhos um pouco mais alargados, suas pupilas
mudam de cor, seu cabelo muda de cor, sua arcada dentaria é
modificada, sua altura é minimizada em 40 centímetros e sua
entonação de voz é totalmente mudada.
Ele usa a câmera na mesa no meio da sala para
visualizar sua nova versão, movendo sua cabeça para todas as
direções da rosa dos ventos.
— Espero que não seja permanente — disse Allan.
Neeka e Salazar deram uma pequena risada.
— É você quem determina a duração, ela não irá fazer
nada que não queira — Disse Dagadãn.
— Certo, agora vamos pousar
Salazar começa a manobra de descida, e Allan se
adianta indo em direção a parte de trás da nave, com duas
bolsas cheias dinheiro em uma mochila nas suas costas.
Eles pousam em uma área clara do planeta, perto de um
ponto comercial. De longe, Allan visualiza membros dos
Caravelas do Cosmos, e cobre suas laminas com panos
pesados, para que não haja nenhum tipo de dúvida sobre sua
pessoa.
— É isso aí, já volto — disse Allan para eles
CAPITULO 13
Allan se retira da nave que sobe quase que
instantaneamente. Ele está em um local cercado de arvores
caídas e queimadas, como se rajadas de lasers tivessem sido
disparados no local.
A medida em que avança, ele escuta gemidos
masculinos de dor vindos da mata e fica em alerta para uma
ameaça eminente. Allan segue os sons e se depara com um
pequeno bairro, com estruturas comerciais e bares, onde
dezenas de homens estão reunidos realizando diversas tarefas
incomuns; como quedas de braço, testes em seus próprios
ossos para testar a afiação de suas laminas, trocas de membros
cibernéticos sem anestesia e com artérias expostas, mutilações
de animais e jogos de azar a vontade.
Ele entra em um bar cerca de 300 metros adiante de sua
aterrisagem, o Soberano ergueu sua cabeça e leu “ Callistus”
na plana a cima da porta principal.
Adentrando o local, ele logo percebeu que o ambiente
era muito escuro, com vários criminosos bebendo e apostando
em várias mesas. O lugar tinha um balcão circular de madeira
no centro, com uma mulher de pele abaçanada exercendo o
papel de bar tender, ela usava um vestido roxo, com ombreiras
pontudas que se sobressaiam na diagonal, vazando cerca de 20
centímetros para cima do vestido. O vestido era aberto no
meio, podendo visualizar o centro de seu tórax até seu umbigo.
Allan se aproxima dela com cautela, olhando para
todos os 360 graus em volta de si. A medida em que avançava,
olhares curiosos o miravam, pois, nenhum sujeito com suas
caraterísticas tinha pisado ali antes.
Ele chega no balcão, a mulher encarou ele e sutilmente
levantou sua sobrancelha direita e disse
— Vai pedir algo ou só veio ficar filmando?
— Uma dose de Roxôno
A mulher retira de baixo do balcão uma garrafa
aparentemente vazia, onde ela em si era extremamente bonita,
embora seu visual seja minimalista. A garrafa não possuía um
logotipo, e o liquido de dentro estava tão rente a tampa que dá
a impressão que não havia nenhum conteúdo dentro. Quando
a mulher retirou a tampa semelhante a uma massa de guerra, o
liquido se tornou roxo levemente viscoso e sua logo apareceu,
contendo as inscrições “ Bebidas” uma escrita delicada e
desenhada na parte de cima e “ ROXÔNO” escrito em fonte
grande e visível no meio. A mulher pega um pequeno copo e
serve uma dose da peculiar bebida, ela olhou para Allan e
disse:
— Não sei se vai aguentar, não é uma bebida para
qualquer um, não vi ninguém além de Soberanos e Paladinos
beberem mais de uma dose.
— Pode-se dizer que eu sou casca grossa
— É um Paladino? Porque eu sei que Soberano não é
— Nenhum dos dois, bonitinha, sou só um cara que
quer algumas peças — disse Allan após beber sua primeira
dose — pode me dizer onde eu consigo detectores
ultrassensíveis de atmosfera e solo?
— Informações custam
— Custam mais que duas doses?
Ela balança a cabeça indicando que sim
— Então que quero mais duas doses e preço da
informação
— As três doses vão custar 60 Vycks, e a informação
200
Allan retirou sua mochila das costas, puxou umas duas
moedas de 150 Vycks e disse:
—Me vê mais duas doses então
— Certo, tá vendo aquele ciborgue bem lá no fundo —
disse ela pegando mais dos copos.
— O velho da barba cheia?
— Ele mesmo — disse ela servindo a bebida nos copos
— o apelido dele é “Chuva guardada”, ele é muito fechado
para negócios, mas a chave de seu cadeado é o dinheiro, se
você oferecer uma boa quantia ele certamente vai te dar o
produto
Allan pegou os dois copos da mesa, bateu um no outro
e disse:
— Saúde! — Bebendo os dois de uma vez
Ele caminhou em direção ao homem, quando chegou
perto disse:
— Você que é o cara dos negócios?
— Não — respondeu o homem pegando seu cachimbo
— Não?
— Não, eu não — disse ele acendendo o cachimbo —
você vem até aqui, entra por aquelas, fala de mim com a
atendente achando que não estou ouvindo e fala que eu sou o
“cara dos negócios”? Você nunca falou comigo, nunca pagou
uma bebida para mim e nunca jogou cartas com meus
companheiros. Eu nem quem você é, não sei se é um policial
ou um Paladino revoltado.
Allan se senta na mesa junto ao homem.
— Ok, vamos lá, qual seu nome? — Perguntou Allan
— Nome? Nome. Me diz você o seu nome
— Bartolomeu
— Eu não faço negócios com que não conheço,
Bartolomeu
— Mas você nem tentou me conhecer
Ele olhou fixamente para Allan, e seus olhos que eram
negros, acenderam duas pequenas luzes no lugar das pupilas.
— Me responda rapaz, uma resposta simples para uma
pergunta direta, se estivesse cara a cara com um Soberano, por
exemplo... Allan Jordan, o que perguntaria para ele?
Allan parou por um estante, pensou se o homem estava
ciente que estava falando com ele, ou se era uma espécie de
jogo. Ele olhou para o copo sob a mesa e se certificou que seu
rosto ainda estava disfarçado.
— Eu perguntaria o porquê que ele está fazendo esses
ataques na galáxia — respondeu Allan
O homem deu uma pequena risada
— Acha mesmo que Allan que está fazendo esses
ataques? Isso só me mostra uma inocência de sua parte
— Eu claramente vi ele nos jornais
— Quando que você chegou na galáxia garoto? —
Disse o homem — eu sei que não é ele, eu fiquei na dúvida no
começo, mas quando eles disseram que Allan Jordan matou
Benhur, eu tive a total certeza que estão tramando algo para
incriminar ele.
— Ah é? Me fala o motivo
— Eu estava lá, no dia que ingressamos na academia
de Soberanos. Eu comi da mesma comida, dormi no mesmo
alojamento, treinei e sangrei do lado dele e, posso afirmar, ele
nunca mataria um Soberano aliado, muito menos Benhur, eles
eram como irmão, e digo que muitos irmãos queriam ter a
relação dos dois — disse o homem com um olhar frio — o
Allan que eu conheci lá dentro nunca trairia a galáxia.
Allan encarou o homem, tentando reconhecer seu
rosto, quando percebeu uma pequena falha em sua orelha e
rapidamente soube quem era.
— Michael
— O que?
— É o seu nome né
— Ninguém neste planeta nunca se referiu a mim por
esse nome, quem é você?
— Uma pessoa que precisa de seus serviços, e vai te
recompensar muito bem
O homem se inclinou para frente e deu uma boa olhada
no rosto de “Allan”, suas pupilas luminosas aumentaram de
tamanho e seu brilho ligeiramente mais intenso. Allan,
percebendo a análise do homem disse:
— Eu sei que você s tornou um Soberano, e sei que
estava na batalha de Malatanar a 150 anos atrás, só não sei
como sobreviveu.
O homem se atirou para trás, e encarou Allan perplexo
com o que ouviu, sua respiração ficou ofegante, e sua mão
direita (a única que ainda era de carne) começou a ficar gelada.
— Co... como sabe disso? Ninguém além dos que
estavam na batalha sabiam.
— Por isso você deve confiar em mim, eu sei de coisas
que você não teria a capacidade de compreender, e eu só estou
aqui por que sei que irá completar o serviço, então me consiga
o detector e ajuda a galáxia a ficar em paz.
O homem acenou com a cabeça e rapidamente se
levantou da mesa, indo em direção a porta dos fundos do bar,
e Allan permaneceu ali, tentando entender a situação em que
estava. Michael, o Soberano que lutou ao seu lado, estava vivo.
Ele rapidamente pegou seu comunicador e entrou em contato
com Salazar, que atendeu seu chamado instantaneamente.
— Salazar, na escuta?
— Sim chefe, ouvindo perfeitamente.
— Lembra da Batalha (de Malatanar)?
— Achei o lendário Michael, ele está vivo, e precisou
se tornar um ciborgue para sobreviver.
— Que nojo, como ele foi capaz de se sujeitar a esse
tipo de coisa?
— Provavelmente estava desesperado, viu isso como
uma forma de viver
— Mesmo se eu tivesse passado pelo o que ele passou,
eu nunca faria isso. Jamais iria trocar a energia limpa das
Fragas emanando pelo meu corpo por algumas peças
descartáveis, eu preferiria a morte.
— É um pensamento muito radical de sua parte, mas
respeito sua opinião.
— Vai dizer que você iria se tornar um ciborgue para
sobreviver?
— Dependendo do caso, sim.
— Uau, não sabia que um Soberano-Chefe teria esse
tipo de pensamento — disse Salazar surpreso — Gregório
preferiu viver sem costelas do que se sujeitar a isso
— Eu não sou ele, e nunca chegarei aos pés de seus
feitos.
— Só disse isso para servir de exemplo.
O homem retornou ao bar ofegante, com dois
dispositivos metálicos em seus braços. Ele olhou para Allan e
disse:
— Olha, eu não sei o que você vai fazer com isso, mas
quero que saiba que se te pegarem usando essa coisa, é cana
na hora! Sem conversa, e se isso acontecer, quero deixar bem
claro de que nós nunca nem nos vimos, deixei claro?
— Mais claro que meio dia em Maitar
— Como que você sabe essas coisas sobre mim?
— Não posso dizer. Não farei nada com essas
informações, se isso te preocupa
— Ninguém sabe do meu passado como Soberano,
apenas as pessoas que estavam lá comigo. Minha aparência
mudou e meus membros foram trocados, eu estava cansado da
pressão que sofria, e da cobrança que era feita. Muitos querem
a glória da soberania, mas poucos vão aceitar o valor cobrado.
— Entendo
— Entende? Como pode entender? As pessoas dizem
que entendem umas às outras, mas nunca passaram pelas as
mesmas experiências. Como você pode entender a dor de um
Soberano?
— Você não me conhece, não sabe de minhas
experiências, como pode dizer que não sei? Talvez eu estivesse
na batalha, talvez eu saiba das dores de um Soberano e talvez,
só talvez, eu tenha experimentado dores mais intensas.
Eles se encararam por longos 14 segundos, até que o
homem disse
— Seu olhar não me é de todo estranho, já nos
trombamos por aí?
— O que você acha? — Disse Allan com um leve
sorriso — Bem, obrigado! O que você quer em troca dos
equipamentos?
— 180 Mil Vickys
Allan retira de sua mochila dois sacos cheios e pesados
de dinheiro. Ele olhou ao redor, se aproximou do homem e
disse:
— Tem exatos 210 Mil aqui dentro, considere como
uma cortesia e pagamento pelos seus serviços prestados a
galáxia. Allan Jordan manda lhe dizer que foi muito grato pela
sua amizade, apesar das adversidades. Até a próxima, se
houver
O homem ficou estático, totalmente paralisado com o
que acabou de ouvir, observando o misterioso homem sair de
seu campo de visão
Allan segue adiante em direção a saída, até que percebe
uma estranha movimentação ao redor de um projetor e decide
ir averiguar a situação. Ele identifica Samir, realizando um
comunicado:
— Todos nós estamos cansados de sofrer. De todos
esses anos lutando contra as forças de Forfeu, esses últimos
dias estão sendo os mais sombrios, mas nós, os Quatro
elementos, vamos colocar um ponto final nessa história, nós
percebemos que Allan Jordan foi o estopim para tudo isso
acontecer. Desde o seu na Academia dos Soberanos, ele
apresentava comportamentos egoístas, preferindo salvar a si
mesmo e proteger seus ideais do que ajudar os outros, eu
gostaria de ter impedido sua promoção para ser Soberano, mas
fui barrado pela autoridade de Gregório Fiúzzca, e não pude
fazer nada — disse Samir com imponência — e agora, falo
diretamente com você Allan, não importa onde esteja, nos
encontre no lugar de nossa primeira desavença, um lugar que
você conhece muito bem. Dentro de 5 hora eu, Aidan, Maracâ
e Océia estaremos nesse lugar, se seu objetivo é matar os
Soberanos, venha nos encontrar.
A notícia de encerro, Allan olha para todos ao redor e
percebe as expressões de surpresa nos rostos de cada um ali.
Ele imediatamente saiu no bar e retornou o mais rápido
possível para o lugar onde havia pousado.
A espaçonave desceu rapidamente e Allan pulou
ligeiro para dentro. Salazar chegou se aproximou dele e disse:
— Samir quer matar você
— É, eu fiquei sabendo
— Viu no jornal?
— Sim
— O que vai fazer?
— Vou para a luta
— São quatro contra um, não quer que eu vá com você?
— Para essa luta ser justa, tinha que ser oito contra mim
CAPITULO 14
— Isso aí é o equipamento? — perguntou Salazar
— Sim, vamos montar nossa estratégia agora, enquanto
eu distraio a galáxia inteira, vocês me esperam na órbita do
planeta.
— Mas... e se você não voltar?
— Então minha parte será concluída nessa história —
disse Allan com pesar na fala — mas isso não vai acontecer,
na verdade isso foi bom. Eu não vou matar eles, vou apenas
incapacita-los, talvez quebrar uma perna de cada um, arrancar
alguns olhos... coisas que não matam, sabe? — disse Allan
com sarcasmo.
— Mas mesmo assim eu quero ir com você — disse
Salazar com ar de preocupação.
— Fica tranquilinho, eu vou voltar, eu estarei com as
Fragas junto comigo, simplesmente as maiores armas da
galáxia, eles não vão conseguir me matar. — disse Allan com
tocando o ombro de Salazar na tentativa de consola-lo — Eu
só preciso de um módulo de fuga
— Temos dois nessa nave
— Perfeito, me dá uma carona até o Sistema Maitar e
de lá vocês partem para Meogur.
— Eu ainda acho que não é uma boa ideia, eles são
Soberanos milenares, conhecem táticas de batalha que foram
extintas, antes mesmo de seu bisavô nascer eles estavam
lutando na guerra. — disse Salazar com expressão de medo
— As técnicas que eles dominam foram extintas por
serem totalmente ineficientes. Na minha época de aluno,
Gregório dizia que eles só estão lá para preencher espaço, eles
não são grandes guerreiros.
— Você está subestimando demais eles.
— Só estou falando a verdade, eles são fraquinhos
— Fraquinhos, mas mataram Benhur
Allan não estava esperando essa frase, aquilo foi como
um soco potente em seu estomago. Ele parou. Ficou apenas
encarando Salazar com uma pequena expressão de nojo e
raiva, sentindo-se impotente perante aquela frase e ocasião.
Ele deu as costas para Salazar sem dizer nenhuma palavra e
partiu para o modulo de fuga sem se despedir. Aquela frase
ficou remoendo sua cabeça durante a longa viagem que teve e
com a raiva tomando seu coração cada vez mais.
Ele chegou perto do planeta X-***, e percebe um
estranho aglomerado de nuvens na parte oeste do planeta. As
nuvens formavam uma perfeita letra “A” e uma tempestade de
raios abaixo dela deixava o clima mais hostil.
A medida que entrava na atmosfera do planeta, ele
percebia que a noite caia mais rápida e ficava cada vez mais
difícil de enxergar. Allan adentrou as nuvens e a tempestade,
conseguindo enxergar uma ilha gigantesca, com um vulcão ao
norte, uma cachoeira ao leste e arvores bem verdes.
Ele pousou sua pequena nave em um ponto estratégico,
caso precisasse de uma fuga rápida, entre duas grandes
palmeiras perto da costa.
Allan saiu da nave e caminhou em direção à praia. Ele
percebeu que a geografia do local não estava em seu lado, pois
do seu lado esquerdo havia uma imensidão de água, o que
favorecia Océia, abaixo de seus pés havia areia fina,
favorecendo Maracâ, do seu lado direto havia um vulcão
adormecido, que favorecia (e muito) Aidan e acima de sua
cabeça, havia uma tempestade de raios, favorecendo Samir.
Concluindo, esse é o pior cenário possível para alguém
enfrentar seres que dominam e controlam os quatro elementos.
Ele colocou estrategicamente as Fragas uma em cada
bolso, deixando-as acessíveis caso precisasse. Allan
transfigurou seu rosto e corpo de volta ao normal, e esperou os
Soberanos a beira da praia.
De repente, a tempestade ficou mais intensa e raios
começaram a cair na direção de Allan, que desviou de três
deles com sucesso, porém, o quarto raio o atingiu precisamente
em seu deltoide. Ele percebeu que as nuvens começaram a
baixar e o mar ficou mais revolto. O vulcão que estava
adormecido, começou a soltar magma laranja e a areia sob seus
pés começara a se mexer.
Ele sabia que os quatro elementos escolheram uma ilha
para levarem vantagem, e Allan só estava esperando eles
aparecerem para começar seu ataque. Allan segurou com
firmeza suas laminas e redobrou sua atenção, olhando para
todos os lados na esperança de antever algum possível ataque.
Uma enorme onde começou a se aproximar da ilha e
Allan conseguiu perceber que dentro da onda havia uma
silhueta feminina, onde certamente era Océia.
Raios e ventos começaram a cercar Allan e água e areia
se somaram para formar uma massa sólida em seus pés na
tentativa de o prender. O vulcão entrou em erupção e jorrou
uma enorme faixa laranja para o céu, onde desceu rapidamente
em direção do Ex Soberano-Chefe. Allan salta para trás com
uma cambalhota e se afasta dos ataques recebidos quando
Océia sai de dentro da água em uma onda de choque que abala
toda a estrutura da ilha, fazendo Allan se desequilibrar e cair
no chão.
Ele rapidamente se levante a fica na posição de defesa.
A rajada de magma expelida pelo vulcão caiu ao lado de Océia,
onde de dentro dela se materializou Aidan, cinco raios caíram
de uma vez ao lado esquerdo do Soberano de fogo,
materializando o líder dos quatro elementos, Samir, e por fim
um monte de areia subiu de repente ao lado direito de Océia,
onde Maracâ apareceu. Todos os quatro com expressões de
raiva, com olhos brilhando e faiscando.
Samir olhou para Allan e disse:
— Até que para um covarde você apresentou um certo
nível de coragem vindo aqui
Allan sabia que Samir estava tentando o provocar, pois
algo que Gregório sempre gostava de enfatizar era que Allan
mostrava muita coragem em batalha. Então, ele permaneceu
calado, olhando friamente e fixamente para seus alvos.
Os quatro avançaram lentamente na direção de Allan,
que ficou parado como uma rocha. Eles aumentaram a
velocidade dos passos e Allan permaneceu parado, eles
começaram a correr e Allan continuava estático. Os Soberanos
se dividiram; Samir e Aidan correram pela direita, Océia e
Maracâ pela esquerda e os quatro juntos partiram para cima de
Allan, que com um único movimento, lançou os quatro de
volta por onde vieram, foi uma manobra tão veloz que nem
mesmo Samir, que era conhecido pela sua esquiva, conseguiu
desviar.
Eles se levantaram rapidamente e se entreolharam, sem
dizer uma palavra. Samir indicou com um movimento rápido
de cabeça a direção de Allan e eles novamente correram em
sua direção.
Aidan utilizou de sua esguia envergadura e se protegeu
atrás de Samir, que junto de Maracâ, pularam na diagonal na
tentativa de acertar Allan, que repeliu a ameaça dos dois,
porém, Aidan e Océia saltaram sob os ombros de seus
companheiros e desferiram socos em Allan. Os dois firmaram
suas pernas entrelaçando-as com as de Allan, o
impossibilitando de as mover, onde o deixou sem escolhas
além de proteger sua cabeça enquanto eles usavam seu tronco
como saco de pancadas até o momento que Samir deu uma
joelhada na testa de Allan, fazendo ele voar 4 metros para trás.
Allan se recompõe e ergue seus punhos para tentar um
contragolpe. Ele percebe que Océia vinha com velocidade na
sua esquerda, então, ele efetuou um cruzado de direita
acertando precisamente a parte mais inferior da mandíbula da
Soberana, forçado seu corpo contra a áspera areia. Após o
soco, seus reflexos o alertam sobre o perigo vindo de sua
direita, representado por Samir, onde Allan defende um chute
forte de seu agressor e devolve na mesma moeda, chutando seu
tronco e o afastando.
Ao perceberem que na força física não iriam conseguir
pará-lo, os quatro elementos começaram a utilizar suas
habilidades, onde começaram a tomar a forma de seus
respectivos elementos na esperança que assim pudessem
conter a fúria de Allan. Eles combinaram suas forças e
utilizaram sua autoridade sob os elementos e fizeram com que
a tempestade que pairava sobre eles ficasse cada vez mais
intensa. Maracâ somou sua areia com a lava de Aidan,
resultando em uma pegajosa mistura dura como a rocha e
maleável como em vidro quente, já Océia e Samir fizeram um
tornado com uma pressão de gotículas d’água tão forte que se
alguém entrasse no meio dele, poderia sentir como se milhares
de agulhas perfurasse seu corpo instantaneamente.
Samir tornou seus membros inferiores em nuvens e
começou a levitar em direção a tempestade, seus olhos
brilhavam na cor branca e os raios se intensificaram, atingindo
uma coloração azul Royal. Maracâ e Aidan prenderam as
pernas de Allan em um ataque inesperado, deixando-o
totalmente paralisado e apenas movendo seus braços.
Océia utiliza as ondas do mar e move a base onde
Allan estava preso para cima, aproximando cada vez mais ele
para a potente e volumosa tempestade. Allan decidiu utilizar
suas lâminas para proteger as principais áreas de seu crânio e
não receber nenhum possível ataque mortal nessa região.
Os quatro Soberanos usaram todas as suas forças para
tentar acabar com esse confronto o mais rápido possível,
prendendo Allan em um vácuo gerado pelo redemoinho do
tornado da tempestade e queimando seu corpo com o calor dos
raios e da lava de Aidan, além disso, Océia usou as próprias
correntes da lâmina de Allan para prendê-lo. Com tudo isso
combinado, Allan começou a gritar desesperadamente, claro
que pela dor que sentia, mas também pela breve sensação de
impotência que aquela situação atípica gerava.
Flashes da morte de Benhur passavam pela cabeça de
Allan, e a raiva em sua pura essência começou a tomar a mente
de Allan. Os quatro elementos estavam elevando Allan para
cima, na tentativa de sufoca-lo ainda na estratosfera do planeta.
Ele percebeu que alguma coisa estava cutucando seu bolso
direito, e ele, por reflexo e pelo calor do momento, contraiu
seu abdômen e desferiu uma joelhada na testa de Océia, que
pelo impacto, enfraqueceu-se e seu poderoso jato de água
remiu.
Era sua chance, Allan estava com seus braços livres e
naquele momento possuía formas de contra-atacar seus
inimigos. Ele pegou suas correntes e as puxou, de modo que
os cabos das laminas pousassem exatamente em seus
metacarpos, onde ele as segurou com firmeza e desferiu um
golpe no peitoral superior de Samir, resultando no cessamento
dos raios, da tempestade e do tornado instantaneamente.
Sendo Samir quem mantinha os cinco Soberanos no ar,
todos eles começaram a cair em direção a areia e Allan tomou
uma decisão rápida, atingindo Aidan na costela com sua
lamina e puxando-o para si, fazendo com que ele sirva de
amortecimento para sua queda se posicionado em suas costas
e forçando o impacto do Soberano no solo de uma forma mais
intensa.
Após doze segundos e noventa e sete milésimos de
queda, todos eles atingem o chão e rapidamente se levantam,
exceto Aidan que permanece deitado de bruços. Maracâ ataca
primeiro, e Allan defende o soco direto dela com um chute de
esquerda, após a defesa, ele gira seu troco e acerta o rosto da
Soberana com a parte de trás da mão, que não se intimida pelo
golpe e continua os ataques. Océia se apresentou para ajudá-
la, mesmo sabendo que somente as duas não seriam capazes
de frear a fúria do Ex- Soberano-Chefe. Allan segurou os cabos
de suas laminas tão forte que as fibras de seus antebraços
pulsavam.
Samir se juntou a elas e os três tentaram realizar um
ataque combinado, que não adiantou, pois todos os socos e
chutes eram bloqueados por Allan, utilizando seus braços,
pernas, cotovelos e laminas.
Depois de um dois minutos, dezessete segundos e
noventa e um milésimos, de uma batalha tão técnica que nem
mesmo o autor dessa história teria a capacidade de descrever,
Allan consegue cortar a barriga de Océia na vertical, passando
precisamente no meio de seu umbigo, resultando em um corte
onde o sangue não escorreu.
Maracâ era a única dos quatro que ainda estava em sua
plana forma física e tentou a todo custo ferir Allan em uma
área em que o pudesse debilita-lo para a luta ficar mais
equilibrada. Ela levou a luta para a mata, pois sabia que lá teria
uma clara vantagem. A Soberana manipulou os caules das
árvores e os partiu em vários galhos pontiagudos, jogando
todas as mil trezentos e dezenove estacas em Allan, o forçando
a girar as laminas como hélices em uma velocidade de dois mil
giros por minuto, tornando as estacas em pequenos palitos
finos.
As raízes saíram do solo e avançaram em Allan,
prendendo suas pernas, e Maracâ desferiu toxinas venenosas
das raízes no rosto do Soberano, onde ele rapidamente de
desvencilhou da arapuca e fez uma invertida potente, jogando
as duas laminas em Maracâ, que fugiu em direção à praia.
Allan a segue e se depara com os Quatro Elementos em
posição de defesa, prontos para qualquer ataque que poderia
ser desferido contra suas integridades.
Allan, sabendo que três dos quatro de seus inimigos
estão machucados, ele foi com toda a sua força para acabar
com o ataque de vez
Primeiro, ele atacou Aidan, pois ele era o que mais
apresentava sinais de fraqueza, onde Allan chutou sua
mandíbula, levando ao nocaute. Segundo, ele levou um pouco
mais de trabalho, pois quando ele ia dar um soco na barriga de
Océia, Samir se interviu e recebeu o ataque em seu lugar, onde
Allan, por ser levemente mais rápido e sem ferimentos graves,
conseguiu afastar Samir, jogando-o para a copa das árvores.
Océia e Maracâ estavam apresentando expressões de
medo genuíno, e se entreolharam como se quisessem dizer
uma para a outra que queriam fugir dali. Allan não teve
piedade e correu na direção de Océia como um leão que não
comia a muito tempo indo em direção a sua presa, mas antes
de efetuar seu golpe no pescoço da Soberana, Maracâ se
colocou entre os dois, desviando o braço de Allan, que não
adiantou, pois Allan deu uma cabeçada em sua testa, onde ela
abaixou sua guarda e Allan cortou sua cabeça em um golpe
limpo e certeiro.
Ele olhou para Océia, e ela nunca sentiu tanto medo em
toda a sua longa vida. Ela viveu por milhares de anos, centenas
de experiências, viu Soberanos acenderem e morrerem, viu
milhões de nascimentos e muitas civilizações se
desenvolverem e evoluindo até chegarem em seu ápice, e
mesmo lutando na guerra durante eras, encarando
pessoalmente o próprio Forfeu, Océia nunca sentiu tanto
pavor.
Allan olha para ela somente dois segundos e vinte e
nove milésimos, mas para ela foram longos minutos. Quando
Allan ergueu sua lamina para matá-la e ela aceitando sua
morte, Aidan, que estava inconsciente, se jogou em sua cintura
e os dois foram rolando para longe. Os dois se levantaram e
Aidan invocou chamas em seus punhos e começou a desferir
socos, onde cinco foram certeiros e acertaram áreas sensíveis
como supercílio, nariz, pescoço e costelas.
Samir retomou a batalha e os dois começaram uma
sequência de porradas no Ex-Soberano-Chefe, pois o fogo
combinado com o ar cria uma corrente poderosa e Allan não
conseguia fazer muita coisa além de bloquear os ataques com
suas laminas e correntes. Após uma rajada lancinante de ar
quente que facilmente derreteria vidro e até mesmo prata,
Allan consegue usar a geografia do local e se lança para o mar
utilizando uma rocha média que estava na sua direta.
Allan se desvencilha das dores, mas a ameaça ainda
continuava ali. Os dois elementos que estavam atacando, por
estarem enfraquecidos pelos ferimentos, resolveram esperar
até que Allan retornasse para a terra firme. Samir começou a
atacar o ponto fraco de Allan, seu psicológico, dizendo:
— Covarde! Você não era aquele que iria nos matar?
Acho que não! É fraco demais para isso!
Os olhos de Allan voltaram-se para Océia, ele pensou
que por estar em um local onde ela poderia facilmente
controlar a situação, ela o atacaria, mas ao invés disso Océia
ficou parada, apenas observando a cabeça desacoplada da
mulher que a acompanhou durante milhares de anos, que a
ajudou e defendeu por eras, que observaram juntas civilizações
acenderem e definharem, que lutaram em guerras e viram
mortes juntas, e naquele momento, Océia pôde sentir a mesma
sensação que ela causou a Allan.
Samir continua suas provocações, e os dois Soberanos
fizeram uma barreira com seus corpos para que proteger Océia.
Allan saiu da água com velocidade e se deslocou aos
dois Soberanos. Eles se posicionaram estrategicamente para
uma tentativa de conter os ataques, mas não obtiveram
sucesso, Allan com um soco quebrou a mandíbula de Aidan,
ele estava com tanto ódio guardado que não conseguiu conter-
se, ele usou a força do soco para seguir se movimentando,
realizando um giro de 360 gruas para defender um soco de
Samir vindo da sua esquerda, com a defesa bem-sucedida, ele
começou a sequência de socos em Samir, com golpes tão
rápidos que os neurônios de Samir não conseguiam
acompanhar o raciocínio de Allan. Após onze segundos e
setenta e oito milésimos, Samir é ajudado por Aidan, que
chegou por traz de Allan e o puxou para longe de seu
companheiro. Samir nunca tinha visto ninguém lutar daquele
jeito, uma maneira que apenas Gregório Fiúzzca havia lutado,
por um breve momento, Samir viu Gregório jovem na sua
frente, espelhado na forma física de Allan. Ele cogitou em
parar aquela briga, mas o que estava em jogo era maior que a
vida de qualquer um que estava ali, e pelas convicções de
Samir, ele deveria continuar até sua morte, pois para ambas as
partes, eles possuíam a razão e a verdade.
Samir e Aidan atacam juntos, mas Allan sem esforço
imobiliza o ataque com suas laminas. Eles tentam novamente,
e novamente não conseguiram. Allan andou na direção deles e
eles recuaram como cães sem dono e com fome, ele deu uma
ligeira risada e disse:
— Valeu a pena contar mentiras? O preço de suas
palavras é a morte e foram vocês que escolheram isso.
— Mentiras? Nossos olhos são mentirosos agora? Eu
mesmo vi a morte de pessoas inocentes feitas por você — disse
Samir.
— Estavam me controlando e sabiam disso! Você
nunca gostou de mim, Samir. Nuca gostou nem de mim, nem
do Benhur e nem da Carla! E eu sei que aquela Bomba de
Congelamento Ártico-Atômico era uma tentativa de me matar.
— Eu tentei te ajudar, tentei mesmo, mas eu vi o que
Gregório não viu... eu vi um rapaz promissor e esforçado, mas
muito teimoso e egocêntrico, percebi que isso seria sua ruina e
estava certo, mas quando você começou a quebrar recordes
estabelecidos a gerações, todo mundo te apoiou e isso
praticamente garantiu sua Soberania, eu gostava mesmo de ti
Allan, mas depois que você fez aquilo com Maximiliano, para
mim você poderia ter acabado com a fome na galáxia que
mesmo assim eu não aguentaria ver a sua cara.
— Eu me levei sim por vingança, mas esperava
maturidade da sua parte — disse Allan chegando cada vez
mais perto dos dois.
Aidan, ao perceber que Allan estava levemente
relaxado com a conversa, realizou um ataque peculiar,
evaporando parte de seu braço e se jogando na direção de Allan
que pulou e ergueu suas laminas, cravando-as nas costas de
Aidan e o jogando para um tronco caído próximo a mata. O
Soberano caiu morto em uma estaca no tronco e filetes de
sangue saíram de seus olhos, nariz e boca.
Restava apenas Samir e Océia. O Soberano do ar
contraiu seu braço para efetuar um soco, mas Allan chutou sua
barriga e deu um golpe em seu peitoral, forçando a recuar.
Samir colocou a mão no ferimento de seu peito e
ajoelhou-se, colocando sua outra mão na areia para se apoiar.
Allan caminhou em sua direção lentamente e serrou seus
punhos, ele estava decidido a mata-lo. Allan olhou firme para
a cabeça careca de Samir e disse:
— Fraco demais para levantar?
— Não... — respondeu Samir — só quero que minha
última visão seja essa delicada areia, não um rosto de um
monstro maníaco.
Allan puxou Samir para si e disse:
— Pois essa será exatamente sua última visão
Então, ele começou a estrangular Samir, se certificando
que olhasse para seus olhos. Samir não resistiu e aceitou a
morte como uma sombra que sempre o perseguiu.
Allan se levantou, tirou a poeira de sua roupa, e olhou
para a cena que ele proporcionou. Três dos quatro Soberanos
mais antigos da Paraláxia estavam mortos, os mesmos que um
dia o ensinaram, que ensinaram seu maior mentor e que
defenderam a galáxia durante gerações de Soberanos. Porém,
ao invés de sentir um alivio, Allan sentiu uma profunda
tristeza, pois aquilo significaria que o povo estaria mais
vulnerável e que ele era de fato um assassino. Ele escutou sons
de choro, e logo percebeu de quem se tratava.
Ele caminhou na direção de Océia, e seus pés pareciam
estar com o triplo de peso. Quanto mais ele andava, mais cenas
da morte de Benhur vinham à tona em sua mente, e aquilo era
puro sofrimento para ele. Allan finalmente chegou até Océia,
e ela estava extremamente abalada, encolhida em posição fetal
e aos prantos.
Allan puxou seu cabelo com força e a colocou de
joelhos de frente para ele. Ainda chorando muito e não
conseguindo conter suas lagrimas, Océia olhou para Allan com
olhar de piedade como se dissesse no olhar sua intenção.
— Para de chorar! — gritou Allan pegando a cabeça de
Océia e posicionando para que ela o visse.
Ele olhou para ela e ergueu sua lamina na mão direita,
ele estava decidido a matá-la, mas percebeu que ela estava
profundamente abalada com o que acabara de presenciar, então
ele olhou para o fundo de seus olhos e disse:
— Você não merece a morte, não merece que seu
sofrimento seja aliviado. Esse será seu castigo, passará o resto
de sua existência remoendo esse sentimento dentro de ti, e
torsa para não me encontrar de novo — ele apontou o dedo na
cara de Océia — se não vai sentir uma dor maior que essa.
Allan dá as costas para Océia e vai em direção a sua
nave que impressionantemente estava intacta, apesar das
adversidades. Ele entrou no cockpit, deu a partida e saiu do
planeta, deixando para traz um rastro de pranto e destruição.
CAPITULO 15

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