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mil anos cada vez mais usada Bolsonaro sabia? O que ex-
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Há 5 horas
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"Ele me ensinou que o negócio é manter o controle sobre meu propósito moral.
Na verdade, (ele me ensinou) que eu sou o meu propósito moral. Ele me ensinou
que sou totalmente responsável por tudo o que faço e digo. E que sou eu quem
decide e controla minha própria destruição e minha própria libertação."
Como Marília Mendonça
Na matéria a seguir, três especialistas em estoicismo ouvidos pelo programa continua a ser fenômeno após
Forum, do BBC World Service, apresentam, em linguagem simples, algumas das sua morte
ideias centrais do pensamento estóico. E nos oferecem um guia prático para 12 maio 2023
mantermos a calma no meio do caos.
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"O que é que um aviador naval, tomador de Martini e jogador de golfe, vai fazer
com um livro desses?", se perguntou em seguida.
Anos mais tarde, entrevistado pela filósofa americana Nancy Sherman, Stockdale As sacerdotisas africanas
disse que, quando viajava a bordo do porta-aviões Ticonderoga, no rio Mekong, no perseguidas pela Inquisição no
sul do Vietnã, acabou memorizando o livreto. Brasil
13 maio 2023
Ele contou que, ao ser abatido, teria pensado : "Não saio daqui em menos de cinco
anos e estou deixando para trás o mundo da tecnologia para entrar no mundo de
Epiteto."
"E de fato, Epiteto foi sua salvação", diz a filósofa à BBC. "Essa ideia de você
minimizar o que está fora do seu controle, mesmo sob tortura, mesmo durante
dois anos e meio em prisão solitária... Para ele, estar na prisão teve um lado bom:
possibilitou que ele aprendesse a utilidade do estoicismo. Mesmo em momentos
em que ele considerou seriamente o suicídio - como esse trecho do livro sugere".
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"O que Epiteto está querendo dizer aqui é que "o que tiver de ser será. Mas se não
tenho de lidar com isso agora, vou fazer outra coisa". Massimo Pigliucci, filósofo
italiano e praticante do estoicismo hoje.
2. "Você não é aquilo que finge ser. Então, reflita e decida: isso é para você? Se
não for, esteja pronto para dizer: para mim, isso é nada. E deixe o assunto de lado."
"Deixe para trás as coisas que não estão sob o seu controle e tente trabalhar duro
naquilo que você pode controlar." Nancy Sherman, filósofa americana que estuda
a influência do pensamento estóico sobre a ética militar.
3. "Não espere que o mundo seja como você deseja, mas sim como ele realmente
é. Dessa forma, você terá uma vida tranquila."
"Para quem vê conformismo nessas palavras, uma ressalva: eles não estão
propondo que você seja passivo em relação à vida, mas que aceite as coisas que
estão além do seu controle e que já aconteceram", diz o filósofo e psicoterapeuta
escocês Donald Robertson.
História do Estoicismo
O estoicismo foi fundado no século 3 a.C. por Zeno, um rico mercador da cidade
de Cítio, no Chipre.
Após sobreviver a um naufrágio em que perdeu tudo o que tinha, Zeno foi parar
em Atenas. Ali, conheceu as filosofias de Sócrates, Platão, Aristóteles e seus
seguidores.
"Ele se deu conta de que existia um mundo não material que era mais previsível e
controlável do que o mundo que ele tinha como mercador. Abraçou as ideias
daqueles filósofos e passou a viver uma vida simples e fundou sua própria escola
filosófica", disse Sherman.
Os primeiros estóicos criaram uma filosofia que oferecia uma visão unificada do
mundo e do lugar que o homem ocupava nele. O pensamento era composto de
três partes: ética, lógica e física.
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"Se pudermos viver com sabedoria, guiados pela razão, vamos florescer e realizar
nosso potencial como seres humanos. Deus nos deu essa capacidade, cabe a nós
usá-la de maneira apropriada", diz ele.
"A maioria dos homens míngua e flui em miséria entre o medo da morte e as
dificuldades da vida; eles não estão dispostos a viver, e ainda não sabem como
morrer. Por essa razão, torne a vida como um todo agradável para si mesmo,
banindo todas as preocupações com ela. Nenhuma coisa boa torna seu possuidor
feliz, a menos que sua mente esteja harmonizada com a possibilidade da perda;
nada, contudo, se perde com menos desconforto do que aquilo de que, quando
perdido, não se sente falta. Portanto, encoraje e endureça seu espírito contra os
percalços que afligem até os mais poderosos."
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A ideia central dessa carta é a de que devemos não apenas estar preparados para
enfrentar as dificuldades da vida - devemos também nos preparar sempre para o
pior, explica o italiano Massimo Pigliucci, filósofo e estóico contemporâneo.
"Um exercício muito comum entre estóicos é você se preparar para alguma
situação crucial que deve enfrentar perguntando a si mesmo: qual seria o pior
desfecho possível para essa situação?"
"A lógica por trás disso é, primeiro, se você já sabe qual seria o pior resultado
possível, pode começar a se preparar para ele. Segundo, o exercício serve para
lembrar você mesmo de que, se o pior acontecer, você é perfeitamente capaz de
lidar com isso. E na verdade, na maioria das vezes, o pior não acontece".
"Para os estóicos, a vida não é em si uma coisa boa, é uma oportunidade. E o que
importa é o que fazemos dela. Um sábio, um homem ou uma mulher bons podem
fazer algo útil com suas vidas, uma pessoa má ou tola pode fazer algo ruim com
suas vidas. E o mesmo vale para qualquer coisa que os estóicos consideram estar
fora do nosso controle, como, por exemplo, nossa saúde, nossa riqueza ou nossa
reputação. Essas coisas são vantagens que a vida nos dá, mas não são
intrinsecamente boas. Um homem mau pode usar sua riqueza e reputação para
fazer coisas terríveis. Mas nas mãos de uma pessoa boa, essas coisas podem ser
usadas para fins bons", diz Robertson.
Eles propunham que devíamos colocar nosso foco nas emoções ruins, ou pouco
saudáveis, aprendendo a lidar com elas.
Admirado por filósofos ao longo dos séculos, o famoso ensaio Sobre a Ira, de
Sêneca, propôs formas de lidarmos com esse sentimento.
"Sêneca sugere o seguinte: Você tem uma visão a respeito de algo ruim que
aconteceu. Mas você pode mudar sua opinião sobre aquilo. (Pode dizer a você
mesmo que) não foi tão mau assim, que foi um acidente, que a pessoa não tinha
essa intenção, ou, que isso não é importante para você", explica Nancy Sherman.
Volta à cena Epiteto, um ex-escravo que viveu no século primeiro da era cristã. No
trecho a seguir, extraído do seu manual, ele reflete sobre esse mesmo tema - as
paixões e como lidar com elas.
"Os homens são perturbados não pelas coisas, mas pelas opiniões que eles têm
delas. A morte, por exemplo, nada tem de terrível, senão tê-lo-ia parecido assim a
Sócrates. Mas a opinião que reina em relação à morte, eis o que a faz parecer
terrível a nossos olhos. Por conseguinte, quando estivermos embaraçados,
perturbados ou penalizados, não o atribuamos a outrem, mas a nós próprios, isto
é, às nossas próprias opiniões. Quem acusa os outros pelos próprios infortúnios
revela uma total falta de educação; quem acusa a si mesmo mostra que a sua
educação já começou; mas quem não acusa nem a si mesmo nem aos outros
revela que sua educação está completa".
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"Ele está dizendo que são nossas opiniões sobre as coisas que vão determinar se
vamos ou não ficar incomodados a respeito delas. Na verdade, são nossas
opiniões que vão determinar nossas emoções mais fortes. E indo ainda mais
longe, são os nossos juízos de valor, baseados em nossas crenças e valores mais
profundos, que nos levam a ficar aborrecidos em relação às coisas".
"Essas são reações emocionais involuntárias. São a sua primeira reação em relação
a algo, talvez algo que pegou você de surpresa, e você sente sua pressão
sanguínea subindo. Para os estóicos, essa não é uma emoção completa, não está
inteiramente sob o seu controle. Então, eles dizem que, em vez de lutar contra
elas, você deve encará-las como naturais, inevitáveis. Devem ser vistas com
indiferença."
"As coisas que estão sob nosso controle são nossos julgamentos, opiniões e
valores que escolhemos adotar. E o que não está sob nosso controle é todo o
resto, além de tudo o que é externo", explica o filósofo italiano Massimo Pigliucci.
"O externo aqui inclui minha reputação, minha riqueza e até meu próprio corpo".
"Você pode influenciar seu corpo, manter uma dieta saudável, fazer exercícios. No
final, porém, seu corpo não está sob seu controle. Você pode pegar um vírus ou
sofrer um acidente e quebrar sua perna".
Segundo Pigliucci, essa distinção permite perceber que se as únicas coisas que
estão sob seu controle são seus julgamentos, opiniões e valores, é neles que você
deve manter seu foco.
O que resulta dessa forma de ver o mundo é que o ex-escravo Epiteto acabou
influenciando um outro filósofo estóico que vinha de uma classe social
completamente diferente. Trata-se do general e imperador romano Marco
Aurélio.
"É uma grande ironia da história. Marco Aurélio, um homem pleno de poder,
privilégios e status, que liderava tropas, sentia que, de forma a ser virtuoso,
precisava praticar o estoicismo. E se inspirou em Epiteto".
Marco Aurélio acreditava também que devíamos nos preparar para lidar com o
lado desagradável das outras pessoas, enfrentando-o com a calma e auto-
controle típicos dos estóicos. Como ele próprio escreveu no texto a seguir.
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"A ideia de que nossas emoções não são apenas completamente separadas dos
nossos pensamentos, crenças e juízos de valor. Mas que nossas emoções mais
fortes são, com muita frequência, determinadas pelo tipo de juízos de valor que
fazemos. E esses juízos são crenças que podem ser verdadeiras ou falsas e
portanto podemos aprender a avaliá-las, questioná-las e alterá-las. A terapia
cognitiva moderna usa uma técnica chamada de questionamento socrático. Os
estóicos usavam essa prática também. Para ajudar as pessoas a refletirem
racionalmente sobre suas crenças de forma a transformar suas emoções".
Antes de ir para a cama, reflita sobre as coisas mais importantes que aconteceram
naquele dia, coisas que são importantes em termos da sua ética pessoal. Pergunte
a você mesmo: O que fiz errado? O que fiz certo? E o que ainda precisa ser feito?
2. Exercícios de autoprivação.
Tome banho frio, embora não todos os dias. Os estóicos faziam alguns exercícios
de autoprivação, como tomar banho frio, sair no frio sem casaco ou jejuar.
"Em inglês moderno, o estoico acabou virando sinônimo de pessoa reprimida, sem
emoções. Mas o estoicismo, escola filosófica da Antiguidade, é muito mais
sofisticada e tem uma teoria psicológica bem mais complexa".
Mas ao propor que deixemos de lado e aceitemos tudo aquilo que é externo, que
está fora do nosso controle, essa filosofia não estaria gerando pessoas
politicamente apáticas e conformistas? - rebatem os críticos.
"O estoicismo cria indivíduos que não podem ser intimidados pelos poderosos
porque não têm medo de abrir mão de tudo ou de morrer. Na verdade, são
treinados por sua filosofia para abandonar a vida sem medo ou arrependimento,
defender seus princípios racionais acima de qualquer ameaça ou suborno".
Para ouvir na íntegra, em inglês, o programa Forum, do BBC World Service, sobre
o estoicismo, clique aqui.
Aceite e continue
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