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3

Capítulo

NOTA S DE A ULA, REV 7.0 – UERJ 2022 – FLÁVIO ALENCA R DO RÊGO BARROS

Eletrônica 4

Osciladores Senoidais

© Flávio Alencar do Rego Barros


Universidade do Estado do Rio de Janeiro
E-mail: falencarrb@gmail.com

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2022 Eletrônica 4

Cap. 3 – Osciladores
Eletrônica 4
Flávio Alencar

O capítulo 3 (Osciladores) aborda as principais técnicas de produção de


osciladores senoidais feitas a partir de circuitos amplificadores realimentados. Estão
incluídos textos e figuras sobre: teoria dos osciladores realimentados; características
de redes RC e RL, estudo de casos de osciladores RC e RL, ponte de Wien, Phase Shift,
osciladores sintonizados (FET e transistor), osciladores a cristal.
Estas notas de aulas se destinam a reduzir o trabalho de cópia do aluno durante
as aulas (indica-se manter em cada aula, cada aluno a sua cópia), mas também oferecer
material de apoio na forma de exercícios propostos e referências onde o aluno poderá
complementar seu estudo. É importante perceber que este material NÃO esgota o que o
aluno deve ler durante o curso, nem mesmo substitui a participação em sala de aula,
devendo ser encarado apenas como material de apoio. É possível ainda esta versão
contenha alguns erros que deverão ser consertados ao longo das aulas.

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2022 Eletrônica 4

Índice do capítulo 31:


18. Osciladores Senoidais ........................................................................................... 72
Teoria dos Osciladores Senoidais ........................................................................ 72
Características de Redes RC e RL ....................................................................... 73
19. Estruturas RC e RL Práticas para Osciladores ....................................................... 75
Phase-Shift .......................................................................................................... 75
Oscilação Controlada a Corrente ......................................................................... 76
Ponte de Wien e Outras ....................................................................................... 77
20. Osciladores Sintonizados....................................................................................... 80
Teoria dos Osciladores Sintonizados ................................................................... 80
Osciladores Sintonizados a FET .......................................................................... 81
Oscilador Collpits a FET ..................................................................................... 84
Oscilador Hartley a FET ...................................................................................... 86
Osciladores Sintonizados a Transistor (BJT) ....................................................... 87
Oscilador Collpits a Transistor ............................................................................ 90
Oscilador Hartley a Transistor ............................................................................. 91
Resumo ............................................................................................................... 92
21. Osciladores a Cristal.............................................................................................. 93
Anexo D: LISTA 3......................................................................................................... i

1
Indico para todo este capítulo a leitura da referência “Strauss”.

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 72

18. Osciladores Senoidais


Oscilador eletrônico é um circuito que produz uma saída periódica sem que lhe seja
aplicado um sinal de entrada. No nosso caso, o que se quer é obter uma oscilação
(quase) senoidal.

Condição básica: realimentação com ganho de malha no ponto crítico (pólos


complexos conjugados)

Teoria dos Osciladores Senoidais


O modelo básico de osciladores de realimentação envolve segregar o comportamento
não linear a L(v), como ilustrado na Figura 67 abaixo.

Figura 67: Modelo de Oscilador Realimentado

Os resultados mostrados na Figura 67 vêm de:


V3 = (V f + V )aL V3 aL
 G= = (ganho de malha fechada – SW fechado)
V f = V3 V1 1 − aL

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UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 73

SW aberto
Para oscilar é preciso que: 1 − aL =0    (I ) (transmissão de malha)
Significa que a realimentação deve ser regenerativa.
Para pequenos sinais L(v), deve-se tomar seu valor máximo: L(v) = 1
 Na região ativa a transmissão de malha limite (threshold, at) é:

at = 1 (condição necessária, mas não suficiente para oscilação)

CRITÉRIO DE BARKHAUSEN

OBS: at é medido com a saída do amplificador carregado com impedância de entrada da


rede  (ganho limite).
1
Na freqüência de oscilação:  ( wo )at = 1   ( wo ) =
at

Para satisfazer à equação (I): Im  ( wo ) = 0

EXEMPLO: O circuito abaixo é um oscilador senoidal simples. Demonstre (s) abaixo


e deduza at .
V1 1
 ( s) = =
V2 1
3 + sRC +
sRC
1 1
se wo = :  ( jw) =
RC w w
3 + j( − o )
wo w

Figura 68: Oscilador Simples

SOLUÇÃO: Em sala de aula. Resposta: 3.

Características de Redes RC e RL
Cada harmônico introduzido pelo limitador é atuado pela rede de realimentação assim:
1
Hn = (n é o fator de realimentação para o harmônico n)
1 − a n

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H2 serve como medida de qualidade da rede (achado para a = at):


“Quanto menor |H2|, melhor a qualidade da rede na saída”

1
Observe que: H 2 = . Vamos agora obter uma metodologia para avaliar em que
1 − a 2
lugar é melhor tirar a oscilação do circuito (lembre que o circuito é em malha circular!).

Forma da saída: V3 = V1 cos(wo t +  ) +  H nVn cos(nwo t +  n )
n=2

limitador = 1
Forma da entrada (do limitador e do amplificador direto):

V1 = 1V1 cos(wo t + 1 ) +   n H nVn cos(nwo t +  n )
n=2

normalizando:
V1 
 n H nVn
= V1 cos(wo t +  ) +  cos(nwo t +  )
1 n=2 1
nHn
se K n  é a quantidade de realimentação relativa à fundamental:
1
a) se |Kn| = |Hn|  harmônicos na entrada e na saída são equivalentes.

b) se |Kn| > |Hn|  mais harmônicos na entrada (saída é melhor).

c) se |Kn| < |Hn|  mais harmônicos na saída (entrada é melhor).

Observe que neste ponto temos um critério para avaliar a qualidade da oscilação
de qualquer amplificador realimentado. Obviamente, quanto menores |Hn| e |Kn|,
melhor!

EXEMPLO: Verifique a qualidade do oscilador senoidal simples.


SOLUÇÃO: Em sala de aula. Respostas: |H2| = 2.236; |K2| = 2.

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19. Estruturas RC e RL Práticas para Osciladores

Phase-Shift
Considere o circuito abaixo. A idéia é usá-lo na rede de realimentação:

Figura 69: Rede para Phase Shift

Vf 1
= =
V3 3 2
 Z1  Z  Z 
  + 5 1  + 6 1  + 1
 Z2   Z2   Z2 
Para oscilar: Im() = 0:
Z1 3 Z Z Z
( ) + 6( 1 ) = 0  ( 1 )[( 1 ) 2 + 6] = 0    (I )
Z2 Z2 Z2 Z2

1 1
fazendo Z1 = ; Z 2 = R  wo =
jwC 6 RC
aproveitando da equação (I):
Z1 2 Z   1   1
( ) + 6 = 0  ( 1 ) 2 = −6    wo  =    wo  = 1 = −
Z2 Z2   0 + (−6)  5 + 1   29

 at = -29 (ganho mínimo para sustentar oscilação)

Observe que o sinal negativo indica um número impar de estágios. Observe ainda que
1
uma alternativa para chegar no mesmo resultado seria fazer w = wo = em (w).
6 RC
 1 
EXEMPLO: Verifique a qualidade do Phase-Shift  Z1 = ; Z 2 = R  .
 jwC 

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SOLUÇÃO: Em sala de aula. Respostas: |H2| = 0.368; |K2| = 1.25. Observe que este
resultado mostra a superioridade do Phase Shift quando comparado ao oscilador
senoidal simples!
O Phase-Shift pode ser modificado para circuito RL, com resultados similares
 
 Z1 = R; Z 2 = jwL  :
 

Figura 70: Rede RL para Phase Shift


Vf 1 R
= =  wo = ; at = −29
V3 3 2 6L
R R R
  + 5  + 6  + 1
 sL   sL   sL 
1
n = 
30 36  1 
1− 2 − j  2 − 1
n 6n  n 
|H2| = 0.360
|K2| = 0.640

Oscilação Controlada a Corrente


Se o transistor é usado no seu modo natural de amplificador de corrente, as oscilações
produzidas podem ser entendidas como controlada por corrente.
Modelo:

Figura 71: Oscilação Controlada por Corrente


Para não confundir com o fator de realimentação de voltagem, chamamos (w) o
fator de realimentação de corrente. Porém, os resultados são similares:

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I f =  ( w) I 2
 condição de oscilação: 1 −  ( w)ac L)(i) = 0
I 2 = ac L(i)(I1 + I f )

isto leva a rede Phase-Shift ao resultado:

If 1 1
 (s) = = ; wo = ; at = −29 (Prove!)
I2 Y Y Y 6 RC
( 2 ) 3 + 5( 2 ) 2 + 6( 2 ) + 1
Y1 Y1 Y1

Exemplo deste tipo de circuito:

R1 e R2 suficientemente grande
comparado com hie (hie  0)
Na equação anterior:
1
Y1 = sC ; Y2 = G =
R

Figura 72: Circuito para Oscilação Controlada por Corrente

Ponte de Wien e Outras


Ponte de Wien é uma adaptação do oscilador simples (onde os 2s harmônicos são
amplificados), com o objetivo de trocar o ganho de loop necessário.
V
Seja  = 2 do oscilador simples.
V1

Na figura 73 a seguir: Vf = V2 – V3

A combinação de R1 e R2 é ajustada de modo a

satisfazer à condição:

Figura 73: Ponte de Wien

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V3 R2 1 1
= = −    (I ) onde  é o grau de desbalanceamento da ponte,
V1 R1 + R2 3 

como veremos a seguir.


O fator de realimentação total da rede pode ser expressa por:
Vf 1 1 1
´ = =  − ( − ) , onde  = (do oscilador simples). Observe que
V1 3  w wo
3 + j( − )
wo w

1
na ressonância: ( w = wo )  ´ = ; a´t = 

a) Se  → :
1 1
como  =   ´ → 0 ; mas como a´t =  a´t → 
3 ´
R2 1
Em (I): =  R1 = 2 R2 (conclusão: a ponte está balanceada em wo ,
R1 + R2 3
mas às custas de ganho infinito para sustentar oscilação – isto é impossível de
implementar em amplificador real!)

b) Se  → 3:
1
´ = R2
3  = 0  R2 = 0 (curto!)
´ R1 + R2
at = 3

 A ponte está totalmente desbalanceada e se torna aquele oscilador simples ruim


(|H2| = 2.236; |K2| = 2). A conclusão natural é que a ponte ficará entre estes dois limites.
Comportamento dos harmônicos:
1 1 
 n´ =  n −  −  ; como a´t =  e como
3  
1 3
H n´ =  H n´ =
1 − at´  n´  (1 − 3 n )

Tomando a relação do caso geral ( H ´n ) com o caso totalmente desbalanceado ( H n ):

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3
H ´
 (1 − 3 n ) H n´ 3
n
=  =
Hn 1 Hn 
(1 − 3 n )

Conclusão: A quantidade (percentual) de 2 harmônico presente na saída é reduzida na


medida que aumenta o ganho do amplificador!

Exemplo:  = 300  H ´2 = 0.022 !!!!!!

Na saída da ponte (Vf), a melhora não é tão significativa:


 →: K n´  1
´ 3 −  (1 − 3 n )
K n´ = n H n´ =
1  (1 − 3 n )  → 3: K n´ pouco maior que 1

Outras redes têm tratamento similar à Ponte de Wien. Um exemplo é o Twin-T,


como ilustrado na Figura 73 a seguir. Para ajustar a freqüência deve variar três
elementos simultaneamente (por isto é usada em operação de freqüência fixa).

Twin-T
R R

C C
1
=
k + 1 ww0
+
R2 C2
+
1+ j2 .
Vi
-
Vf
-
k w2 − w02

1 R C
onde w02 = k= =2
2 RR2C 2 2 R2 C2

Figura 74: Twin-T

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20. Osciladores Sintonizados


Para freqüências acima de 50 KHz torna-se prático usar um circuito sintonizado de alto
Q (seletividade) para seleção de freqüência.
Como tal circuito (TANQUE, indutor em paralelo com capacitor) é resistivo
apenas na freqüência de ressonância e reativo para qualquer outra freqüência, a
condição de oscilação de desvio de fase nulo só ocorre nesta frequência. Em outros
termos, o circuito tanque é um passa-faixa, pois em baixas frequências, pois o indutor se
comporta como curto, o mesmo comportamento do capacitor em frequências altas, com
frequência central que pode ser alta. A frequência central de um TANQUE é dada por .
Um bom exercício é simular o TANQUE para C = 10 nF e L = 100 H.

Teoria dos Osciladores Sintonizados


Modelo genérico:

Supondo H = 0:
L2
Vf = Vo
L1 + L2

Figura 75: Modelo Genérico para Osciladores Sintonizados

Todos osciladores sintonizados controlados por tensão podem ser representados


por um dos modelos:

Figura 76: Sintonizados - Modelo para FET e BJT

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Em ambos pode ser notado:


1) A realimentação apresenta dois modos:
- através de Z3, do dreno (coletor) para o gate (base) e,
- através do acoplamento mútuo (M) do transformador ligando malhas de entrada
e de saída
2) Os dois modelos podem ser tratados (analisados) como de costume, analisando
a (w) (ou ac  (w) ) para a situação em que 1 − a (w) = 0 (ou 1 − ac  ( w) = 0 ) e:

- Im() = 0  frequência de oscilação

- Re( )  0  condição de partida

Recordando as características de impedância mútua:


sL p I p sMI s
   
di p di
vi = L p −M s (no primário)
dt dt
di p dis
0 = −M + Ls + is RL (no secundário)
dt dt

Figura 77: Impedância Mútua

ou seja, se ambas correntes entram pelo nó, os termos são de mesmo sinal;
se uma entra, outra sai, os termos são de sinais diferentes.

Osciladores Sintonizados a FET


Aplicando-se o modelo do FET:

Figura 78: Sintonizados – Modelo para FET

onde R|| = RL || ro , após aplicar Thevenin equivalente no dreno:

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Malha do secundário:
sinais contrários
0 = − g m v gs R|| − R|| I 2 − Z 2 ( I 2 − I 3 ) + Z m I 3

devido ao primário

Figura 79: FET, Malha do Secundário

 − g m v gs R|| = R|| I 2 + Z 2 I 2 − Z 2 I 3 − Z m I 3

 − g m v gs R|| = ( R|| + Z 2 ) I 2 − ( Z 2 + Z m ) I 3

(1) Malha mista:

Figura 80: FET, Malha Mista

sinais contrários sinais contrários


0 = Z 2 ( I 2 − I 3 ) − Z m I 3 − Z 3 I 3 − Z1 I 3 + Z m ( I 2 − I 3 )

devido ao devido ao
primário secundário

 0 = −( Z 2 + Z m ) I 2 + ( Z 1 + Z 2 + Z 3 + 2 Z m ) I 3

Notas de aula –versão 7.0


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Malha do primário:
sinais contrários
0 = v gs − Z 1 I 3 + Z m ( I 2 − I 3 )

devido ao
secundário

Figura 81: FET, Malha do Primário

 v gs = Z1 I 3 − Z m I 2 + Z m I 3  v gs = − Z m I 2 + ( Z1 + Z m ) I 3

Juntando (1) com (3) e usando (2) resulta o sistema:


( R|| + Z 2 − g m R|| Z m ) I 2 − ( Z 2 + Z m − g m R|| Z1 − g m R|| Z m ) I 3 = 0

− (Z 2 + Z m ) I 2 + ( Z1 + Z 2 + Z 3 + 2Z m ) I 3 =0

 = ( R|| + Z 2 − g m R|| Z m )(Z1 + Z 2 + Z 3 + 2Z m ) − [(Z 2 + Z m − g m R|| ( Z1 + Z m )](Z 2 + Z m ) = 0


 0
 
Aplicando Im( ) = 0 : R|| ( Z 1 + Z 2 + Z 3 + 2 Z m ) = 0
Se Re( )  0 : (self-starting): − [(Z 2 + Z m ) − g m R|| ( Z1 + Z m )](Z 2 + Z m )  0

(Z 2 + Z m ) 2
g m R||  , então:
( Z 2 + Z m )(Z 1 + Z m )

X2 + Xm 1
g m R||  =−
X1 + X m o

magnitude só é possível ser real se X1 e X2


do ganho forem do mesmo tipo (L1 e L2 ou C1 e C2)

Conclusões:
X2 + Xm
1) Se a relação de impedância ( ) NÃO for menor que o ganho, o
X1 + X m

OSCILADOR NÃO PARTE!


2) Por outro lado, se esta relação for muito menor que gmR||, o limitador pode
introduzir muito harmônico e deteriorar a forma de onda.
3) Para haver realimentação negativa, Z1 e Z2 devem ser do mesmo tipo.

Notas de aula –versão 7.0


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Oscilador Collpits a FET


X1 e X2 - capacitores
X3 - indutor
Xm = 0 (o modo principal de realimentação é através de X3)

Na Figura 82 a seguir está ilustrado o circuito do oscilador, e seus resultados


principais, estes últimos obtidos de:

Im() = 0 : R|| ( X 1 + X 2 + X 3 ) = 0 

j j
− − + jwo L3 = 0
wo C1 wo C2

Oscilador COLLPITS a FET

VDD

1
RFC w0C =
L3CT
D
G
C1 C1
S g m R||  ( partida)
C2
L3

C2

Figura 82: Collpits a FET

1 1 1 C1C 2
então wo L3 = ( + ) onde se CT = :
w0 C1 C 2 C1 + C 2

1
 woCOLLPITS =
L3CT

X2 C1
Fazendo Re( )  0 : g m R||   g m R|| 
X1 C2

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 85

EXEMPLO: Considere o oscilador Collpits básico a FET onde a freqüência nominal

para a situação sem carga é wo = 10 7 rd / s . O FET é polarizado no ponto onde

g m = 5 mA / V e ro = 2.5 K . O circuito sintonizado é projetado tal que

L
Q = 10 K e Q = 10.
CT

a) Dimensione os elementos reativos.


wo L
b) Se o efeito resistivo (r) série dos enrolamentos vale r = , contabilize este
Q
efeito em Z3 e calcule a freqüência real de ressonância (% em relação à
nominal).
SOLUÇÃO: Talvez em aula. Respostas: CT = 100 pF; C1 = 1350 pF; C2 = 108 pF; L =
100 H; 1.00369 x 107 rd/s; 0.36 %.

OBS: A menos que R||  r , o circuito será muito sensível ao carregamento externo.

Este efeito pode ser minimizado usando um amplificador para desacoplar a carga
do estágio oscilador e também acoplando fortemente este estágio ao tanque.

Notas de aula –versão 7.0


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Oscilador Hartley a FET


X1 + X2 +2 Xm - é uma bobina com tap central
X3 - capacitor

Oscilador HARTLEY a FET


VDD
1
w0 H =
C ( L1 + L2 + 2 M )
L1
C
L2 + M
L2 g m R||  ( partida)
L1 + M

Outros osciladores

L1
C3
C2 L2
M

L1 C1
C2 L2 VDD

Oscilador sintonizado no dreno e no gate


VDD
Oscilador sintonizado no dreno

Figura 83: Hartley a FET

Na Figura 83 são ilustrados o circuito do oscilador e seus resultados principais.


Este oscilador é apropriado para operações de freqüências variáveis, pois ela pode ser
mudada variando apenas um único capacitor.
Caso o modo principal de acoplamento se dê através da indutância mútua e X3
represente um acoplamento parasita insignificante, existem dois circuitos possiveis:

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 87

Figura 84: Outros Osciladores a FET

X3 é um circuito sintonizado Idêntico ao anterior, exceto que o circuito


no dreno sintonizado vai também para o gate

X1 é um enrolamento no gate
2Xm é o acoplamento mútuo
entre os 2 enrolamentos

Osciladores Sintonizados a Transistor (BJT)


A análise é similar ao caso do sintonizado com FET. A Figura 85 a seguir ilustra o
modelo de osciladores sintonizados a transistor.

Figura 85: Osciladores a Transistor

Usando correntes de malha e analisando as malhas do primário, malha mista e


do secundário, respectivamente:

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 88

(1) Malha do primário:


sinais contrários, mas sentidos resultantes contrários  MESMO SINAL!

0 = hie I 1 − Z1 ( I 3 − I 1 ) − Z m ( I 2 − I 3 )

devido ao
secundário

Figura 86: BJT –Malha do Primário

 0 = (hie + Z1 ) I 1 + Z m I 2 − ( Z1 + Z m ) I 3

(2) Malha mista:

Figura 87: BJT –Malha Mista

entra sai sai entra


0 = Z1 ( I 3 − I 1 ) − Z m ( I 2 − I 3 ) + Z1 I 3 − Z 2 ( I 2 − I 3 ) + Z m ( I 3 − I 1 )

 0 = −( Z m + Z 1 ) I 1 − ( Z 2 + Z m ) I 2 + ( Z 1 + Z 2 + Z 3 + 2 Z m ) I 3

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 89

(3) Malha do secundário:

Figura 88: BJT –Malha do Secundário

sai entra
0 = R|| I 1 + Z 2 ( I 2 − I 3 ) − Z m ( I 3 − I 1 ) + R|| I 2

 0 = ( R|| + Z m ) I 1 + ( R|| + Z 2 ) I 2 − ( Z 2 + Z m ) I 3

Determinante:
hie + Z1 Zm − ( Z1 + Z m )
 = R|| + Z m R|| Z 2 − (Z 2 + Z m )
− ( Z1 + Z m ) − ( Z 2 + Z m ) Z1 + Z 2 + Z 3 + 2Z m

Fazendo Im() = 0 

R|| hie ( X 1 + X 2 + X 3 + 2 X m ) + − [ X 3 ( X 1 X 2 ) − X 3 X 32 ] = 0

têrmo impedância em série dos têrmo correção devido à natureza do


elementos reativos do circuito carregamento externo do tanque
auto-ressonante (DEVE SER MINIMIZADO)

Portanto, identicamente ao FET:

X1 + X 2 + X 3 + 2 X m  0

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 90

Aplicando agora Re( )  0 

hie ( X 2 + X m ) 2 + R|| ( X 2 + X m ) 2 + −R|| ( X 1 + X m )( X 2 + X m )  0    (1)

Se considerarmos o 2 termo desprezível em relação ao 3 termo2:

X 2 + X m R||
 = g m R|| (condição idêntica ao FET)
X1 + X m hie

Oscilador Collpits a Transistor


Na Figura 89 a seguir estão resumidos o circuito e os principais resultados obtidos
quando se aplicam as condições Im  = 0 e Re  = 0, e onde:

X1 e X2 - capacitores
X3 - indutor
Xm = 0 (o modo principal de realimentação é através de X3)

hie
2
Realmente, se ( X 1 + X m ) = ( X 2 + X m ) colocado em (1):
 2 R||
hie h 
hie ( X 2 + X m ) 2 + R|| [ ( X 2 + X m )]2 − R||  ie ( X 2 + X m ) ( X 2 + X m )  0 , então:
R||  R|| 
hie
hie ( X 2 + X m ) 2 + ( X 2 + X m ) 2 − hie ( X 2 + X m ) 2  0 , que mostra que o termo intermediário é

realmente desprezível!

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 91

Oscilador COLLPITS a transistor

VCC
(C1 + C2 ) 1
w0C = +
LC1C2 C1C2 R||hie
RFC

R|| C1

hie C2
C1
L

C2

Figura 89: Collpits a Transistor

(C1 + C2 )
observe que o termo é a frequência de ressonância do tanque sem carga.
C1C2

Oscilador Hartley a Transistor


De forma similar, com:
X1 + X2 +2 Xm - é uma bobina com tap central
X3 - capacitor

Na Figura 90 estão também indicadas: a freqüência em que o oscilador Hartley


oscila bem como a condição de self-starting.

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 92

Oscilador HARTLEY a transistor

VCC

1
w0 H =
L1L2 = M 2
C ( L1 + L2 + 2 M ) −
R||hie
L1
C
L2 R|| L2 + M

hie L1 + M

Figura 90: Hartley a Transistor

Em ambos os casos, o carregamento resistivo do circuito sintonizado causa uma


pequena variação na freqüência. Isto pode ser minimizado, maximizando-se R||hie e
escolhendo adequadamente a razão entre L e C. Além disso, usando bobinas altamente
acopladoras, no circuito Hartley, o numerador do termo de correção será reduzido, com
acoplamento unitário ele chegará a zero e oscilará exatamente em wo.

Resumo
O esquema mostrado na Figura 90 permite obter diferentes tipos de osciladores,
conforme os seguintes elementos de reatância:

Elemento de Reatância

Tipo de oscilador X1 X2 X3
Oscilador Colpitts C C L
Oscilador Hartley L L C
Entrada sintonizada, LC LC -
saída sintonizada

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 93

Figura 91:
Configuração Básica de
Oscilador Sintonizado
(Apud Boytestad)

21. Osciladores a Cristal


É basicamente um oscilador sintonizado que explora o efeito piezo-elétrico:
- quartzo cristalino: troca de energia entre os estados elétrico e mecânico;
- uma tensão alternada de freqüência adequada aplicada convenientemente ao
XTAL fará com que vibre mecanicamente. XTAL apresentará uma freqüência
de ressonância que depende das dimensões do XTAL. fo  [100 KHz; 60 MHz]
Estes osciladores são utilizados quando é necessária grande estabilidade de frequência,
como em transmissores e receptores de comunicação.

Característica do cristal:

Cada corte diferente no cristal pode ser montado e


“vibrado” de modo diferente.

Figura 92: Oscilador a Cristal

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 94

1
Freqüência de ressonância série: ws = (frequência de impedância zero)
LC
XL
Na frequência de ressonância Q = , porém L e C são altos e R baixo, então
R
o cristal apresenta alto Q.
Em dada freqüência ws a reatância do ramo RLC é indutiva e entra em
ressonância com Co (ressonância paralela):

1 1 1
wp = ( + ) (frequência de impedância infinita)
L C Co

Como Co >> C  wp  ws. Aspecto da reatância:

Figura 93: Reatância do Oscilador a Cristal

Na Figura 94 a seguir é ilustrado um exemplo de oscilador a cristal, o Oscilador


Pierce. O cristal controla a quantidade de realimentação aplicada.

Figura 94: Oscilador Pierce

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2021 Eletrônica 4 Pag. 95

Na sua freqüência de ressonância (série), a baixa impedância apresentada


aumenta a quantidade de realimentação a um ponto onde as oscilações podem ser
sustentadas.
Como a entrada gate é capacitiva, o cristal deve ser ligeiramente indutivo, por
isto o tanque deve ser sintonizado capacitivamente.
Para todas outras freqüências que não a do oscilador, o cristal se apresenta com
reatância extremamente alta, o que abaixa o ganho da malha bastante aquém do limite.

Na Figura 95 é apresentado um circuito ressonante paralelo:

Figura 95: Circuito a Cristal: Resonância Paralela (Apud Boytestad)

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2022 Eletrônica 4 i

Anexo D: LISTA 3
(Assunto: Osciladores senoidais)

3.1) (Oscilador senoidal) Analisar o oscilador senoidal simples em termos de:


a) critério de Barkhausen
b) análise de pólos

C
V1 V2
a
C R

3.2) (Oscilador senoidal) Verifique a qualidade do oscilador senoidal simples.

3.3) (Phase Shift) Verifique a qualidade do Phase Shift considerando Z1 = 1/jwC e Z2 =


R.

Z1 Z1 Z1

V3 Z2 Z2 Z2 Vf

3.4) (Phase Shift) Repita o problema anterior para Z1 = R e Z2 = jwL.

3.5) (Oscilações controlda a corrente) Considere o modelo dado a seguir:

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2022 Eletrônica 4 ii

amplificador
ideal de corrente
limitador
I1 + If de corrente
I1
aaC L(i)

I2
If

(w)

Prove que:
If 1
 (s) = =
I2 Y Y Y
( 2 ) + 5( 2 ) 2 + 6( 2 )3 + 1
Y1 Y1 Y1

3.6) (Oscilador sintonizado a FET) Considere o modelo abaixo:

gmvgs
G + S D
vgs -
gm, r0
R||
RL
primário secundário
Z1 Z2 Z1 Z2
M M

Z3 Z3

Demonstre que a magnitude do ganho é restrigida por:

X2 + Xm
g m R||  onde R|| = RL // r0
X1 + X m

3.7) (Collpits a FET) Considere o oscilador Collpits básico a FET onde a frequência
nominal para situação sem carga é w0 = 107 rad/s. O FET é polarizado no ponto
onde gm = 5 mA/V e r0 = 2.5 K. O circuito sintonizado é projetado tal que:

L
Q = 10 K e Q = 10.
CT

a) Dimensione os elementos reativos

Notas de aula –versão 7.0


UERJ 2022 Eletrônica 4 iii

b) Se o efeito resistivo (r) série dos enrolamentos vale r = w0L/Q, contabilize este
efeito em Z3 e calcule a frequência real de ressonância (% em relação à
nominal).

VDD

RFC

D
G
C1
S
L3

C2

3.8) (Phase Shift) Se gm = 5000 S, rd = 40 K e o circuito de realimentação apresenta


R = 10 K, calcule o valor do capacitor e de RD para que haja oscilação em 1 KHz
quando at > 29.

3.9) (Ponte de Wien) Para a ponte de Wien abaixo:


a) Calcule a frequência de ressonância.

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UERJ 2022 Eletrônica 4 iv

b) Determine os resistores e capacitores (R e C iguais) para a operação em f0 = 10


KHz.

Notas de aula –versão 7.0

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