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Imaginário

versão impressa ISSN 1413-666X

Imaginario v.11 n.11 São Paulo dez. 2005

PARTE I

Construção histórica da noção de adolescência e sua


redefinição na clínica psicanalítica

Historical construction of adolescence and its redefinition in a


psychoanalytical clinic

Eliane Rivero JoverI;*; Maria Lúcia Tiellet NunesII;**

I
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

II
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Endereço para correspondência

RESUMO

O presente texto tem por objetivo revisar brevemente a constituição histórica da


noção de adolescência, enfatizando a mudança de seu estatuto até sua
configuração como fenômeno da modernidade, conforme tem proposto a clínica
psicanalítica de autores como Ruffino e Calligaris. Apresentamos o recorte de uma
pesquisa realizada ao longo dos anos de 2001 e 2002, após a constatação da
crescente ênfase dada na produção intelectual de psicanalistas ao atendimento do
público adolescente. Nesse período, realizamos cinco entrevistas semi-estruturadas,
com o objetivo geral de identificar indicadores que apontassem para a
especificidade da clínica psicanalítica do adolescente e sua importância para a
própria redefinição teórica da psicanálise. Por meio de Análise de Conteúdo de
Bardin (1991), com abordagem qualitativa, chegamos a cinco categorias: (a)
chegada do adolescente ao atendimento; (b) adaptações clínicas; (c) aspectos
sociais da adolescência; (d) sobre a técnica; (e) aspectos teóricos. Apresentamos
aqui os achados referentes, especificamente, à categoria “c”, “Aspectos sociais da
adolescência”, os quais nos permitem concluir que a clínica específica da
adolescência pode oferecer uma chave de compreensão às novas configurações que
a psicanálise tem assumido na contemporaneidade.

Palavras chave: Psicanálise, Adolescência, História, Contemporaneidade.

ABSTRACT

The present study intends to review briefly the historical construction of the
adolescence concept, until its definition as a contemporary phenomenon, according
to psychoanalyst authors such as Ruffino and Calligaris. It is presented part of a
research made in 2001 and 2002, based on the observation of the emphasis given
in the intellectual production of psychoanalysts in relation to advise the adolescent
public. Five semi-structured interviews were made in order to identify signals of the
specificity in the psychoanalytically-oriented therapy of adolescents and its
importance related to the redefinition of psychoanalysis theory. Their results were
processed qualitatively according to Bardin’s Analysis of Content, and five analysis
categories were found out: (a) How the adolescent arrives at therapy; (b) clinical
adaptations; (c) social aspects of adolescence; (d) about the technique; (e)
theoretical aspects. It is presented in this article the results related specifically to
the category “c” - “Social aspects of adolescence”, which give us the opportunity to
understand the new configurations that psychoanalysis has assumed nowadays.

Keywords: Psychoanalysis, Adolescence, History, Contemporaneity.

Apresentação

Muito recentemente, a adolescência tem sido estudada por teóricos da psicanálise,


para além de um estágio de desenvolvimento, como uma operação psíquica
estruturante, a qual justificaria uma clínica específica. Essa operação é apresentada
como um fenômeno típico da contemporaneidade, quando as mudanças corporais
do púbere são acolhidas cada vez mais cedo, imaginariamente, pelo olhar social,
mas sem mediações simbólicas – top models e cantores pops, por exemplo, são
lançados em idade cada vez mais precoce como sex symbols, ao mesmo tempo em
que rituais de passagem são dispensados. Ruffino (1995) refere-se à adolescência
como uma necessidade constitutiva da subjetividade moderna. Calligaris (2000) a
qualifica como “uma das formações culturais mais poderosas de nossa época” (p.
9). O editorial da revista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA)
afirma:

“Este jovem sujeito desnuda nosso teatro cotidiano, nossos valores, hábitos, a
fragilidade de nossas crenças e sentimentos, como o faz qualquer tipo de outsider,
que, pelo simples fato de não ocupar um lugar, coloca em questão a naturalidade
de qualquer posição que possamos ocupar.” (APPOA, 1995: 4)

O presente texto tem por objetivo revisar brevemente a constituição histórica da


noção de adolescência, enfatizando a mudança de seu estatuto até sua
configuração como fenômeno da modernidade, conforme tem proposto a clínica
psicanalítica de autores como Ruffino e Calligaris. Optamos aqui por não ingressar
na discussão modernidade x pós-modernidade, adotando, a exemplo dos autores
supracitados, a seguinte noção de modernidade: modelo de civilização urbana
ocidental, herdada da revolução industrial do século XVIII, de tradição judaico-
cristã, cujas relações sociais deixam de ser ditadas pelos costumes para serem
orientadas pelos valores de individualidade e mobilidade. Pretendemos entender
como o conceito de adolescência foi mudando de definição e de estatuto ao longo
da história, até constituir-se em um dos temas mais recorrentes da psicanálise
contemporânea.

Método

Após uma rápida revisão bibliográfica, apresentamos o recorte de uma pesquisa


realizada ao longo dos anos de 2001 e 2002, após a constatação da crescente
ênfase dada na produção intelectual de psicanalistas ao atendimento do público
adolescente. Nesse período, realizamos cinco entrevistas semi-estruturadas, com o
objetivo geral de identificar indicadores que apontassem para a especificidade da
clínica psicanalítica do adolescente, bem como para sua importância para a própria
redefinição teórica da psicanálise. Por meio de Análise de Conteúdo de Bardin
(1991), com abordagem qualitativa, chegamos às seguintes categorias:

(A) Chegada do adolescente ao atendimento

(B) Adaptações clínicas

(C) Aspectos sociais da adolescência

(D) Sobre a técnica

(E) Aspectos teóricos

O estudo resultou na dissertação de mestrado “Paciente descolado, clínica


deslocada: mudanças que os adolescentes provocam no atendimento psicanalítico”
(JOVER, 2003), da qual ressaltaremos os achados reunidos sob a categoria C,
“Aspectos sociais da adolescência”, concernentes mais especificamente ao estatuto
social que a adolescência tem hoje.

Construção histórica da noção de adolescência: rápida revisão

Ariès (1981), ao se voltar às transformações culturais que levaram o Ocidente a


mudar suas relações afetivas com os jovens, oferece grande ajuda na compreensão
de que forma a adolescência passou a se constituir em expressão dos impasses do
sujeito moderno. Consta da sua exaustiva catalogação de obras e referências
culturais acerca da infância e da juventude uma interessante compilação latina,
datada do século XIII, de escritos do Império Bizantino. O livro VI de “O grande
proprietário de todas as coisas” trata das fases de desenvolvimento dos homens,
distribuídas em sete faixas etárias, entre as quais já se menciona a adolescência:

“Segue-se a terceira idade, que é chamada de adolescência, que termina, segundo


Constantino em seu viático, no vigésimo-primeiro ano, mas, segundo Isidoro, dura
até 28 (...) e pode estender-se até 30 ou 35 anos. Essa idade é chamada de
adolescência porque a pessoa é bastante grande para procriar, disse Isidoro. Nessa
fase, os membros são moles e aptos a crescer e a receber força e vigor do calor
natural. E, por isso, a pessoa cresce nessa idade toda a grandeza que lhe é devida
pela natureza.” (ARIÈS, 1981: p. 36)

O historiador observa que, apesar de uma referência tão antiga, o termo


adolescência ainda se confundiria com infância até o século XVIII. No latim, as
palavras “puer” e adolescens seriam atribuídas a jovens das mais variadas idades.
Na tradução para o francês, a dificuldade seria maior: ambos os termos seriam
substituídos pela palavra “enfant” (criança) e seus sinônimos – “valets”, “valeton”,
“garçon”, “fils”, “gars” (este último manteria sua ambigüidade ainda hoje, sendo
empregado para designar o menino, o rapaz ou o homem). Mais do que marcar um
corpo que não passou pelas mudanças biológicas da puberdade, a palavra “enfant”
foi empregada por mais de dois séculos para designar aquele que ainda era
dependente economicamente ou que tinha posição mais baixa na sociedade:
soldados, lacaios, auxiliares, empregados, todos recebiam a alcunha
condescendente de “petit garçon” (pequeno menino) dos seus comandantes.

Ao longo de suas pesquisas, Ariès (1981) constata que cada época elegeria um
período da vida humana como preferido, dependendo das relações demográficas.
Assim, no século XVII, a juventude militar ocuparia seu lugar de respeito (incluem-
se aí crianças maiores e homens não-idosos). O século XIX descobre a infância, o
XX define e privilegia o adolescente. Para o historiador, o primeiro adolescente
moderno típico teria sido o “Siegfried”1 de Richard Wagner:

“A música de Siegfried pela primeira vez exprimiu a mistura de pureza (provisória),


de força física, de naturismo, de espontaneidade e de alegria de viver que faria do
adolescente o herói do nosso século XX, o século da adolescência.” (ARIÈS, 1981:
46)

As observações históricas de Ariès poderiam ter seu correspondente psicológico na


obra de Van den Berg (1965). O psiquiatra holandês buscou atestar a mutabilidade
do psiquismo humano conforme o contexto espácio-temporal no conjunto de
ensaios sobre psicologia histórica reunidos em “Metablética”. A importância
conceitual de seu trabalho começa pelo título: do verbo de “metaballein” (mudar),
metablética receberia a tradução alternativa para o português de “teoria das
mudanças”. Não se trata, avisa o autor nas primeiras páginas, de escrever a
história da psicologia, e sim de escrever uma psicologia histórica, isto é, tentar
reconstruir o quadro das mudanças do psiquismo humano nos diferentes momentos
da história.

Assim, para o autor, a crítica de que a pedagogia tradicional do século XVIII


ignoraria a psicologia infantil, ao tratar crianças como adultos em miniatura,
incorreria no equívoco de supor que o psiquismo infantil do passado teria as
mesmas características de hoje. Ele identifica em Rousseau o descobridor da
infância, tal como a compreendemos hoje: “Foi ele o primeiro que entendeu a
criança e, conseqüentemente, cessou de tratá-la como adulto” (VAN DEN BERG,
1965: 22).

Rousseau (1762/1999), no clássico “Emílio (ou Da educação)”, toma para si um


aluno imaginário, a quem acompanha ficcionalmente como preceptor nos variados
momentos de seu crescimento, aplicando-lhe as regras de educação que prescreve
principalmente às mães e aos educadores. É com base nas fases de
desenvolvimento do personagem-título que o autor organizará os diferentes livros
que compõem sua obra.
Livro I: “A idade de natureza” – o bebê (infans).

Livro II: “A idade de natureza” – de 2 a 12 anos (puer).

Livro III: “A idade de força” – de 12 a 15 anos.

Livro IV: “A idade de razão e das paixões” – de 15 a 20 anos.

Livro V: “A idade de sabedoria e do casamento” – de 20 a 25 anos.

Se, no Livro III, Rousseau dedica-se à formação intelectual e profissional de seu


pupilo, vai ser no IV que ele vai dar notícias daquilo que hoje compreendemos por
adolescência. “Nascemos, por assim dizer, duas vezes: uma para existir, outra para
viver; uma para a espécie, outra para o sexo”, anuncia Rousseau (1762/1999:
271). Ainda sobre a importância do sexo na transição da vida infantil para a adulta,
o autor afirma:

“Os machos aos quais se impede o desenvolvimento ulterior do sexo conservam por
toda a vida essa conformidade; são sempre crianças grandes, e as mulheres, não
perdendo essa mesma conformidade, parecem, a muitos respeitos, não serem
jamais outra coisa. Mas o homem, em geral, não foi feito para permanecer sempre
na infância”. Dela sai no tempo indicado pela natureza, e esse momento de crise,
embora muito curto, tem longas influências. (ROUSSEAU, 1762/1999: 271)

Embora, à diferença da psicanálise, Rousseau sugira um determinante biológico à


passagem da infância para a vida adulta – “tempo indicado pela natureza” –, é
interessante observar o papel que ele atribui à sexualidade e ao caráter de crise
desse processo. Referindo-se a esse mesmo trecho, Van den Berg (1965) critica a
avaliação de Rousseau quanto às causas biológicas e ao tempo de duração da
“crise”. O médico holandês, no entanto, omite a referência ao sexo feita tão
enfaticamente por Rousseau dois séculos antes.

Van den Berg (1965) atribui a escassez de referências à adolescência anteriores a


Rousseau ao fato de, simplesmente, a criança pouco se distinguir do adulto. Os
pequenos passariam a adquirir estatuto da criança por meio da modificação
psíquica dos próprios adultos, decorrente do pluralismo e da mobilidade sociais
advindos da revolução industrial do século XVIII. A segunda causa do crescente
infantilismo das crianças estaria na sua restrição de acesso ao mundo adulto: os
ofícios, antes exercidos nas ruas ou em casa, transformaram-se nos trabalhos
executados dentro do espaço fechado das fábricas. Ainda que a mão-de-obra
infantil continuasse a ser explorada, já começava a se desenhar, nessa época, a
consciência de que certos ambientes eram caracteristicamente adultos.

A “puberdade psíquica”, observa Van den Berg (1965), surge no século XVIII como
a marca do distanciamento entre o adulto e a criança - um distanciamento, aliás,
cada vez maior:

“Nos últimos decênios, enfim, notamos que o acesso à madureza está cada vez
menos associado ao fim da puberdade e, até mesmo, em certos ambientes,
completamente desligado; esse período estende-se sobre anos que, até há pouco
tempo, faziam parte da idade adulta.”(VAN DEN BERG, 1965: 71)

O autor anteviu em sua obra uma contradição recentemente discutida pela


psicanálise: cada modelo de maturidade que o adulto oferece à criança contém em
si o convite a ser adulto e, ao mesmo tempo, a proibição de sê-lo de forma plena.
Assim, a criança é obrigada a passar cada vez mais por etapas para chegar à
adultez, “até o momento em que a comunidade lhe dá o beneplácito, consentindo-
lhe, enfim, a profissão e o casamento” (VAN DEN BERG, 1965: 72).

Calligaris (2000) observa uma circularidade semelhante nos ideais que a


modernidade deposita sobre a adolescência: uma vez que a contemporaneidade
tem a independência como ideal, um dos grandes objetivos da educação moderna é
instigar os jovens a se tornarem indivíduos. No entanto, a despeito da maturação
dos corpos, o ingresso na vida adulta é sempre postergado, sob a desculpa de que
o jovem não é maduro o suficiente. “Essa idéia é circular, pois a espera que lhe é
imposta é justamente o que o mantém ou o torna inadaptado e imaturo”, comenta
Calligaris (2000: 17). Esse tempo de suspensão ou moratória2 acabou por afetar a
própria definição do termo. Se antes ele se referia à manifestação psíquica das
mudanças corporais da puberdade, a adolescência hoje não encontra mais marcos
iniciais ou finais evidentes, em virtude da própria indefinição do que seja um
adulto. Calligaris, assim, reúne alguns elementos na tentativa de definir o que seja
um adolescente.

“Inicialmente, é alguém

1. que teve tempo de assimilar os valores mais banais e melhor compartilhados na


comunidade;

2. cujo corpo chegou à maturação necessária para que ele possa, efetiva e
eficazmente se consagrar às tarefas que lhes são apontadas por esses valores,
competindo de igual para igual com todo mundo;

3. para quem, nesse exato momento, a comunidade impõe uma moratória.”


(CALLIGARIS, 2000: 15)

4. cujos sentimentos e comportamentos são obviamente reativos, de rebeldia a


uma moratória injusta;

Mais adiante, o autor completa sua lista.

“Acrescentemos, concluindo que o adolescente é também alguém:

5. que tem o inexplicável dever de ser feliz, pois vive uma época da vida idealizada
por todos;

6. que não sabe quando e como vai poder sair de sua adolescência.” (CALLIGARIS,
2000: 21)

Van den Berg (1965), na tentativa de entender a adolescência, recorre à imagem


de uma ponte entre a infância e a adultez. Na sociedade moderna, essa ponte que
separa adultos de crianças é cada vez mais longa, e o adolescente, para percorrê-
la, encontra mais obstáculos e vislumbra distintas paisagens. A neurose é, aqui,
metaforizada como uma brincadeira no parapeito da ponte. Em sociedades
primitivas, nas quais não haveria distância entre adultos e crianças, talvez não
ocorresse a manifestação de tantas neuroses. Mas, certamente, também não
existiriam pontes, paisagens, travessias. Segundo o autor, a psicologia surge como
tentativa de teorização e cura de um fenômeno cuja produção é social.

Certamente, as observações de Van den Berg são perspicazes e precursoras de


uma série de teorizações psicanalíticas que definem a adolescência como uma
operação psíquica substitutiva do trabalho simbólico antes oferecido pelo social.
Porém, problematiza-se aqui a separação estanque entre social e psíquico, entre eu
e outro. A noção de estrutura psíquica que a psicanálise oferece desde Freud
(1921/1987) contempla em si aspectos do social. “O contraste entre a psicologia
individual e a psicologia social ou de grupo, que à primeira vista pode parecer pleno
de significado, perde grande parte de sua nitidez quando examinado mais de
perto”, anunciava Freud já na introdução de Psicologia de grupo e a análise do ego.
Ainda na mesma obra:

“Algo mais está invariavelmente envolvido na vida mental do indivíduo, como um


modelo, um objeto, um auxiliar, um oponente, de maneira que, desde o começo, a
psicologia individual, nesse sentido ampliado mas inteiramente justificável das
palavras, é, ao mesmo tempo, também psicologia social.” (FREUD, 1921/1987: 91)

Como observa Birman (1997), o “eu” se constrói na cultura.

“Em psicanálise, enunciar qualquer proposição teórica e crítica sobre a questão do


sujeito na cultura implica sublinhar, logo de início, que é impensável para o
discurso psicanalítico qualquer tematização sobre o sujeito na exterioridade do
campo da cultura. Dessa maneira, a cultura é o outro do sujeito, sem a qual é
impossível pensar nas condições de possibilidade para a constituição do sujeito.”
(BIRMAN, 1997: 9)

Segundo Birman (1997), a cultura do discurso psicanalítico é claramente definida


como a de tradição histórica ocidental dos últimos três séculos. Da mesma forma
que o sujeito seria impensável fora da cultura que o determina, a adolescência
constituiu-se também em uma construção histórica e em um conceito que, mesmo
dentro do campo de conhecimento psicanalítico, percorreu um caminho errático.
Por vezes igualada à infância ou à idade adulta, por vezes simplesmente descartada
pela psicanálise como uma clínica impossível, a adolescência ocupa hoje um espaço
cada vez mais definido e importante para a psicanálise, não só por reunir as
características contemporâneas do homem moderno, mas por provocar um
deslocamento e uma necessidade de redefinições da clínica psicanalítica.

Matheus (2002) chega a se referir à adolescência como um conceito adolescente,


não tanto pelo que ele traz de novidade, mas pela sua capacidade de perturbar
exatamente nossas certezas. Rassial (1997) avisa que a clínica da adolescência tem
o poder de confrontar o psicanalista com os limites de sua prática. Diana e Mário
Corso (1999) acreditam que o alegado mutismo adolescente relaciona-se com
aquilo que o adulto não quer ouvir. E Kusnetzoff (1979) observa que a resistência
no atendimento do adolescente costuma estar muito mais do lado do analista.

Esses e outros aspectos foram também contemplados pelos depoimentos dos cinco
psicanalistas que entrevistamos para nosso estudo, cujo recorte referente à
categoria c, “Aspectos sociais da adolescência”, apresentamos a seguir.

Especificidades percebidas na clínica: apresentação dos dados

Com o objetivo de encontrar indicadores que apontassem para a especificidade da


clínica psicanalítica do adolescente, entrevistamos cinco profissionais que atendiam
a adolescentes e que tinham produções acadêmicas reconhecidas sobre o tema. O
conjunto de participantes incluiu profissionais dos sexos masculino e feminino,
residentes em Porto Alegre e em São Paulo, com experiência clínica variável de 6 a
15 anos, que, a fim de respeitar a confidencialidade dos resultados, passamos a
denominar aleatoriamente pelas letras AB, CD, EF, GH, IJ.

A entrevistada IJ vê a inter-relação entre adolescência e campo social como o foco


de estudo mais promissor e emergente acerca do tema não só para a psicanálise,
mas também para as demais ciências humanas. “Uma das questões de que se está
tentando dar conta teoricamente agora é o aspecto social que a clínica da
adolescência concentra. Isto é, o adolescente como resultado direto da sintomática
social (...) Está se procurando pesquisar e avançar sobre o campo do social, do
coletivo, do privado, do individual, porque o adolescente é cada vez mais efeito das
relações sociais, das dificuldades nossas no contexto civilizatório. Os movimentos
civilizatórios que o mundo faz têm seus restos manifestos na adolescência.”

CD vai mais longe: para ele, os aspectos sociais são constitutivos da própria noção
de adolescência como “operação psíquica”. Ao se perguntar se a operação psíquica
da adolescência impõe-se sob qualquer circunstância, é o psicanalista mesmo quem
responde: “não sob qualquer circunstância; conforme os laços sociais estiverem
organizados, essa operação não é necessária”. Ele explica como se daria a ruptura
entre infância e adultez: “enquanto criam seus filhos, as pessoas transmitem a eles
uma noção de sociabilidade muito parecida com a tradicional, sem o quê a criança
não sobreviveria (...) Quando se fica adulto, é como se a gente saísse disso como
se sai de uma concha”. A dificuldade particular que a contemporaneidade impõe
estaria na falta de clareza do que seja assumir a condição de adulto – o que se
reflete na clínica. “Iniciei meu trabalho na clínica entre 1978 e 1979”, relata CD.
“Possivelmente, dez anos antes, a questão trazida pelo público adulto seria outra: o
jovem constituía família numa idade mais tenra, via-se na contingência de firmar-
se economicamente muito mais cedo, e a organização social permitia uma maior
fixação de papéis. Isso facilitaria a noção de independência que é própria dos
adultos.”

Com os valores da modernidade, o sujeito adulto ver-se-ia na permanente


exigência de provar e reconstruir sua individualidade. A adolescência surgiria
justamente nesse processo de passagem de uma condição protegida e, de certa
forma, organizada artificialmente, para outra na qual se impõem demandas de
reafirmação social ao mesmo tempo constantes e obscuras, como explica CD. “Nós
temos a criança com um mundo coletivo extremamente organizado quase como
antigamente, mas cuja organização artificialmente montada não irá durar mais do
que 15 anos. Nós temos, na outra ponta, o adulto, que é aquele que sobreviveu à
exigência de ser indivíduo (...) E quem é o adolescente? O adolescente é aquele
que ainda não pode se afirmar como indivíduo e que já não é uma criança que
caiba naquelas instituições artificiais. O adolescente, de alguma maneira, tenta
organizar formas de coletividade, de se haver consigo mesmo, que estejam mais ou
menos na passagem de um e de outro. Isso leva tempo.”

Leva tempo justamente porque não existiria mais um marco evidente, um ritual
que estancasse de modo rígido a passagem da adolescência para a vida adulta. CD
explica: “quanto à questão de ser adulto, não existe preto e branco. Tem um cinza.
Tem um ir se tornando. Tem muito do imaginário do que seja um adulto. Tem uma
identificação especular com todas as alienações do estágio do espelho. E nesse ir se
tornando adulto, vão aparecendo diferenças”. EF deduz uma relação entre esse
prolongamento da adolescência e a crescente procura desse público por análise: “a
adolescência está começando mais cedo e acabando depois, avançando sobre a
infância e se estendendo para a adultez. Existem mais tarefas. E talvez por isso
estejamos atendendo mais adolescentes. Eles estão com tarefas difíceis, estão
fazendo sintoma com o tipo de demanda que existe sobre eles de, ao mesmo
tempo, realizar aquilo que não foi realizado e, ao fazerem isso, causarem medo,
susto, apavoramento nos adultos”.
Entender a adolescência como deflagradora do sintoma social parece ser essencial
para que o clínico não tenha uma visão normativa do comportamento jovem, como
observa AB. “Assim como existe uma estrutura peculiar e existe um sintoma do
sujeito, existe também uma questão que é social e que é cultural, bem como que
norteia esse sintoma. E isso precisa ser muito bem-entendido, esse poder que
assujeita, essa relação maior de valores, de modalidade, de estilos, que imprimem
também marcas nesse psiquismo e modos de se apresentar diante dos outros e na
relação com os outros. Então, isso cria impasses, até confrontando com valores do
próprio terapeuta. Isso se dá de uma forma muito interessante, o quanto a gente
precisa se fazer confiável para poder compreender, mas não normatizar isso.
Porque daí entraríamos em outro extremo, que não seria mais terapêutico e que, às
vezes, pode acontecer com quem trabalha com adolescentes: cair num impasse
muito mais educativo, digamos, ou normativo em algumas situações. Isso mudou
bastante. Aquilo que não era normal, passa a ser na vida do adolescente.”

A exemplo de IJ, EF também faz uma aposta nas próximas tendências de


investigação acerca da clínica do adolescente. Mais uma vez, o social aparece como
campo privilegiado. “Associando com esse pessoal que faz uma relação entre
adolescência e contemporaneidade, que define o adolescente como um fenômeno
da modernidade, um paradigma, até mesmo um estereótipo da modernidade, acho
que se teria que pensar o que seria uma análise na contemporaneidade. Não é mais
a mesma análise que Lacan ou que Freud formularam. É uma prática que envolve
estruturas que não são mais aquelas do caso Dora, do Homem dos Ratos. Quando
Rassial fala de o adolescente ser também um efeito da modernidade, da maneira de
o adolescente se colocar ser uma posição que engloba várias questões da
contemporaneidade, a gente também está falando de uma prática clínica num
sentido mais amplo.”

Dessa forma, a ampliação da clínica do adolescente seria mais um reflexo das


novas posições que a cultura tem exigido da psicanálise. “Eu acho que a psicanálise
está se desdobrando para vários outros campos: tem psicanalista trabalhando em
escolas, em repartições públicas, em hospitais, em abrigos para adolescentes”,
observa EF. “Então, eu acho que o que vai nortear as próximas produções e o
caminho que a psicanálise vai fazer nos próximos anos é pensar sobre isso: os
desdobramentos de lugar do analista na cultura. E acho que atender a adolescentes
é um efeito disso. Atender a eles é estar acompanhando um movimento que a
história faz.”

GH, num depoimento bastante pessoal, fala do otimismo que a possibilidade de


trabalhar com adolescentes lhe traz. “Ela é uma clínica divertida. Na verdade, é a
oportunidade que a gente tem de dissipar alguns fantasmas monstruosos,
primitivos, relativos às gerações vindouras ou ao que está acontecendo. Nós fomos
uma geração de adolescentes bastante atrapalhada, bastante difícil, com uma
relação muito conflituosa com a família e com o mundo, muito beligerante, muito
louca – pessoas se perderam, outras viraram gente grande com seus problemas e
suas neuroses. De repente, a gente vê esses pimpolhinhos virando gente de uma
forma muito bonita. Essa gurizada que vem aí traz consigo uma dimensão ética de
tolerância, de ecologia, o que é uma coisa muito bonita. Eu realmente tenho
profunda admiração, o que me leva a ter muita esperança em relação ao mundo
que a gente tem pela frente.”

Se crescer está cada vez mais difícil para o adolescente, esta não parece ser uma
tarefa mais fácil para os próprios adultos. AB comenta: “do ponto de vista da
contemporaneidade, eu tenho percebido que para os adultos também está muito
difícil crescer. Então, para os próprios pais está muito complicado ficar na posição
de pais. E, às vezes, eles agem ou pensam não como pai e mãe, não como adultos
que deveriam ser, mas como se fossem ou ainda pudessem ter o mesmo tipo de
intimidade, de segredo, de trocas, que tinham com os filhos quando eles eram
menores”.

O termo “adultescência” é lembrado pela entrevistada na caracterização da


sociedade contemporânea, para a qual envelhecer teria deixado de ser uma
virtude. “Então, para alguns pais está muito difícil colocar-se numa posição de um
adulto já maduro, que tem referencial, que tem valor, que tem princípios, que tem
moralizações, que tem limites (...) Tu tens uma sociedade cada vez mais
adolescente, e não adulta. Quer dizer, é um adulto mascarado, mascarado de
adolescente, porque, na verdade, quer continuar tendo uma linguagem com o outro
que cresce, sem ainda se dar conta da passagem do seu próprio tempo.”

A dificuldade crescente de colocar-se como adulto diante do jovem tem feito,


segundo AB, com que as famílias cheguem ao consultório com a queixa de se
sentirem paralisadas perante o comportamento de seu adolescente: “a família
diante do impasse do crescimento do outro, e os pais extremamente mobilizados
por não saberem como lidar com esse crescimento, com as questões de autonomia,
de autoria, a questão das próprias escolhas, que para eles começa a ficar muito
difícil de se sentirem separados ou alijados disso”.

EF comenta o sofrimento dos pais diante do crescimento dos filhos com a imagem
de alguém que está, de repente, proibido de entrar no quarto daquele a quem há
pouco tempo dava banho. Habituada a intervir na relação entre adolescentes e
pais, ela vê o impacto da adolescência sobre os adultos como sintoma de
enfrentamento com um material recalcado. “Muitas vezes têm todas as fantasias
dos pais em relação à sua própria adolescência. Eles retornam à sua adolescência,
sem se lembrar dela. Por que tem alguns pais que se apavoram tanto com as
notas, com alguma bebedeira, como se nunca tivessem passado por isso?
Justamente porque eles passaram por riscos, por situações que os colocaram em
perigo. Mas isso está recalcado. E, às vezes, é possível mexer um pouco com os
pais e até encaminhá-los para falarem em outro lugar.”

Diana e Mário Corso (1999) consideram existir uma experiência de estranhamento


entre pais e filhos nesse momento. O estranho (ou “sinistro”, conforme a tradução)
é definido por Freud (1919/1987) como “aquela categoria do assustador que
remete ao que é conhecido, de velho, e há muito familiar” (p. 277). Ou seja, o
sentimento de estranheza surgiria diante da reativação de forças primitivas que o
indivíduo julgava ter superado ou das quais sequer chegou a tomar conhecimento
consciente.

Freud chega a essa conclusão por dois caminhos: pesquisando os significados


lingüísticos ligados à palavra “Unheimlich” e reunindo vários exemplos particulares
da clínica e das artes que conduzem à experiência de estranheza. Na primeira parte
de sua pesquisa, vale a pena destacar duas frases que Freud compilou entre tantas
outras do “Worterbuch der Deutschen Sprache”, de Daniel Sander, sob o verbete
“Heimlich”. Para ilustrar a utilização do prefixo – “un” – com a palavra alemã, o
dicionário oferece a seguinte frase: “esses jovens pálidos são “Unheimlich” e estão
tramando Deus sabe que desordem”. Em seguida, exemplifica com a frase de
Schelling: “‘Unheimlich’ é o nome de tudo que deveria ter permanecido secreto e
oculto, mas veio à luz” (FREUD, 1919/1987: 281).

A fala de EF parece chamar a atenção justamente para isso: para a capacidade que
o adolescente tem de fazer vir à luz algo que, para os adultos, deveria ter
permanecido secreto e oculto. A entrevistada diz: “eles (os adolescentes) realizam
os sonhos dos adultos, mas os adultos não reconhecem que ali têm ideais velados.
Ficar com um monte de gente talvez seja algo que os pais desses adolescentes
desejassem fazer, mas a cultura não tinha ainda sustentado esse tipo de realização
na sua juventude. E eles estão fazendo aquilo que, de certa forma, o Calligaris
mesmo diz, é um ideal velado. É um ideal recalcado. Muito comumente eles
chegam a tratamento porque estão fazendo ver ideais recalcados”.

Sobre o tema, Calligaris faz a seguinte afirmação:

“Em geral, o adolescente é ótimo intérprete do desejo dos adultos. Mas o próprio
sucesso de suas interpretações produz fatalmente o desencontro entre adultos e
adolescentes. Pois se estabelece um fantástico qüiproquó: o adolescente acaba
eventualmente atuando, realizando um ideal que é mesmo algum desejo reprimido
do adulto. Mas acontece que esse desejo não era reprimido pelo adulto por acaso.
Se reprimiu, foi porque queria esquecê-lo. Por conseqüência, o adulto só pode
negar a paternidade desse desejo e aproveitar-se da situação para reprimi-lo ainda
mais no adolescente. (CALLIGARIS, 2000: 27)

No suplemento “Cultura” do jornal Zero Hora, do dia 10 de agosto de 2002,


Jerusalinsky também observa uma idealização social em torno da adolescência.

“Adolescência é um tempo ao qual, em geral, as crianças querem chegar, os


adultos querem retornar e do qual os adolescentes querem sair. As crianças
querem chegar porque imaginam que poderão se livrar da tirania dos adultos. Os
adultos querem voltar porque idealizam esse como o momento da vida em que
ainda nada estava decidido e, portanto, poderiam – se retornassem – refazer suas
escolhas. Os adolescentes – desmentindo essa idealização – querem sair
justamente para se desvencilhar dessa pesada carga, que o discurso social lhes
demanda, de se prepararem para realizar tudo o que até agora ninguém conseguiu
realizar”. (p. 2)

Comentários finais

Afirmar o caráter histórico da adolescência, na verdade, não se revela nenhuma


novidade, desde que Freud (1921/1987) declarou que a psicologia individual é, em
parte, também psicologia social. Ou seja: o sujeito é impensável fora do campo
cultural que o constitui. Com o adolescente, obviamente, não seria diferente. No
entanto, essa consideração ganha maior envergadura à medida em que o fenômeno
da adolescência consegue apontar um certo fracasso dos adultos modernos como
transmissores de um legado.

A infância desassistida de um número crescente de sujeitos produz, obviamente,


cada vez mais adolescentes solitários no seu processo, os quais poderão atravessar
muito facilmente a tênue linha que separa as experiências de borda típicas da
adolescência dos atos delinqüentes muitas vezes com conseqüências irreversíveis.
Uma vez que a psicanálise começa a relativizar o determinismo dos primeiros anos
de vida na constituição do sujeito, sua responsabilidade em acolher os adolescentes
torna-se maior. Não só sua escuta tem que ser ampliada a esse público, mas o
campo de conhecimento psicanalítico tem também que se fazer ouvir pelos
diferentes setores sociais que pretendem assistir ao adolescente.

A intuição desse compromisso social e ético, somada à procura maior de


adolescentes por atendimento psicanalítico, pode ser um dos fatores que têm
levado cada vez mais profissionais a se articularem em torno do tema e a escrever
sobre a clínica do adolescente.
Referencias

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passado e o futuro. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999. pp. 81-95.

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________. Psicologia de grupo e a análise do ego. Rio de Janeiro: Imago,


1921/1987. (Obras Completas, vol. 18, pp. 87-179).

JERUSALINSKY, Alfredo. Até quando dura a juventude? [Cultura]. Zero Hora. p. 2,


2002, 10 de agosto.

JOVER, Eliane Rivero. Paciente descolado, clínica deslocada: mudanças que os


adolescentes provocam no atendimento psicanalítico. Orientação de Maria Lúcia
Tiellet Nunes. Dissertação de mestrado não-publicada, Pontifícia Universidade
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KUSNETZOFF, Juan Carlos. La resistência en la practica psicoanalitica com


adolescentes: problema clínico y teórico. Revista de Psicoanalisis, 36, 855-874,
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apresentado no Colóquio Adolescência e Construção de Fronteiras. Porto Alegre,
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Endereço para correspondência
Eliane Rivero Jover
Av. Angélica, 546/64 - Santa Cecília
01228-000 São Paulo, SP
Tel.: 11-3828-0224
E-mail: e-jeronimo@uol.com.br

Maria Lúcia Tiellet Nunes


E-mail: tiellet@pucrs.br

Recebido em 14/03/2005
Aceito em 18/04/2005

* Jornalista e Psicóloga (UF-RGS) e Mestre em Psicologia Clínica (PUC-RS).


** Faculdade de Psicologia - Pontifícia Universidade Católica do RS.
1
Drama musical em três atos, integrante da tetralogia O anel de Nibelungo,
estreado em 1876. A tragédia narra a história de Siegfried, herói que ignora seu
passado, mata seu pai adotivo durante uma prova de coragem e, por fim, une-se
pelos laços de amor a Brunilde. Vale observar que se encontram aqui sugeridos os
elementos que a psicanálise irá sublinhar, ao tratar da adolescência: a
ressignificação do passado infantil, com reedição de operações estruturais; o
assassinato do pai; o enfrentamento de uma demanda fálica; encontro com o outro
sexo.
2
Erik Erikson (1968), em Identidade, juventude e crise, foi o primeiro autor a
empregar o termo moratória para falar de adolescência, além de identificar sua
crise como extensiva aos adultos modernos.

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