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Antonio Fernando Silveira Alves

Avaliação de
Riscos Ambientais
APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Avaliação de Riscos
Ambientais, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi-
co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às)
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 CONTEXTO HISTÓRICO...................................................................................................................... 7
1.1 Histórico Mundial.............................................................................................................................................................8
1.2 Grandes Acidentes...........................................................................................................................................................9
1.3 Consequências ..............................................................................................................................................................13
1.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................13
1.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................14

2 RISCO AMBIENTAL............................................................................................................................... 15
2.1 Conceito de Risco..........................................................................................................................................................15
2.2 Outros Conceitos Básicos...........................................................................................................................................17
2.3 Tipos de Risco..................................................................................................................................................................26
2.4 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................31
2.5 Atividades Propostas....................................................................................................................................................31

3 TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS .................................................................... 33


3.1 Relação das Técnicas de Identificação de Perigos.............................................................................................33
3.2 Análise Preliminar de Perigos (APP) – Preliminary Hazard Analysis (PHA)................................................34
3.3 Análise de Perigos e Operabilidade – HazOp (Hazard and Operability Study)........................................43
3.4 Análise “E se...” (“What if...?”).......................................................................................................................................54
3.5 Lista de Verificação (Checklist)..................................................................................................................................55
3.6 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) – Failure Modes and Effects Analysis (FMEA)...............57
3.7 Análise Histórica de Acidentes.................................................................................................................................64
3.8 Inspeção de Segurança...............................................................................................................................................64
3.9 Análise de Árvore de Falhas (AAF) – Fault Tree Analysis (FTA).......................................................................64
3.10 Análise de Árvore de Eventos (AAE) – Event Tree Analysis (ETA)................................................................71
3.11 Análise de Causas e Consequências....................................................................................................................72
3.12 Resumo do Capítulo..................................................................................................................................................73
3.13 Atividades Propostas.................................................................................................................................................73

4 ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO AMBIENTAL (EAR)..................................................... 75


4.1 Etapas de um Estudo de Análise de Risco (EAR)................................................................................................75
4.2 Caracterização do Empreendimento e da Região............................................................................................77
4.3 Identificação dos Perigos e Consolidação de Cenários de Acidentes.......................................................78
4.4 Estimativa dos Efeitos Físicos e Análises de Vulnerabilidade........................................................................78
4.5 Estimativa de Frequências.........................................................................................................................................84
4.6 Estimativa e Avaliação de Riscos.............................................................................................................................85
4.7 Avaliação dos Riscos.....................................................................................................................................................89
4.8 Gerenciamento de Riscos ..........................................................................................................................................90
4.9 Comunicação de Riscos..............................................................................................................................................95
4.10 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................96
4.11 Atividades Propostas ................................................................................................................................................96
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 97
REFERÊNCIAS............................................................................................................................................105
INTRODUÇÃO

Este material busca apresentar a você, aluno(a) da área de Ciências Exatas, na modalidade a distân-
cia, os conceitos a respeito de Avaliação de Riscos Ambientais como parte importante da área Ambiental.
Este é um tema de extrema importância e muito utilizado na área de Gestão Ambiental. O Estudo
de Análise de Riscos (EAR) mantém uma correlação com os estudos de EIA/RIMA. Em algumas situações,
o EAR acaba sendo um dos elementos do processo de Licenciamento Ambiental e do EIA/RIMA.
Durante o desenvolvimento desta disciplina, iremos abordar conceitos importantes, como Técnicas
de Identificação de Perigos, Avaliação de Riscos Ambientais, entre outros.
Entre os objetivos principais desta disciplina, esperamos que você, ao concluir esta disciplina, esteja
apto a aplicar os conceitos aqui apresentados, como identificar e aplicar a(s) técnica(s) mais adequada(s)
de identificação de perigos para cada situação e desenvolva a habilidade para efetuar um Estudo de Aná-
lise de Riscos, percorrendo todas as etapas desse processo.
Entre os documentos oficiais que apresentaremos nesta apostila, iremos nos fundamentar basica-
mente em dois documentos, sendo um deles elaborado pela CETESB e outro desenvolvido pela FEPAM.
Em geral, esses documentos são referências para outros estados, mas, caso você venha a desenvolver
atividades correlatas a esta área, verifique antes se o seu estado não possui um documento com parâme-
tros específicos.
Aproveitamos a oportunidade, para orientá-lo(a) em relação às leituras complementares indicadas
nesta apostila. Tivemos a atenção especial de indicar textos importantes para você e que complemen-
tarão os estudos aqui apresentados. Entre esses textos indicados, gostaríamos de destacar o texto que
fala sobre Contabilidade Ambiental do BNDES. Indicamos também a leitura de sites, sendo dois deles
muito importantes. O primeiro é o site do órgão responsável pela área de Riscos Ambientais nos EUA (a
tradução desse site utilizando a ferramenta “tradutor” do Google funciona muito bem), e o segundo, um
site com um software gratuito para efetuar os cálculos mais complexos para a Avaliação de Riscos. Não
deixe também de consultar os links indicados nas referências bibliográficas no final desta apostila. Entre
eles, relacionamos 10 links contendo um curso completo de Gestão de Riscos Ambientais, elaborado pela
empresa D.N.V. para utilização do Ministério do Meio Ambiente.

Antonio Fernando Silveira Alves

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1 CONTEXTO HISTÓRICO

Caro(a) aluno(a), neste capitulo iremos abor- sobre os quais estabeleceremos as teorias aqui
dar as origens dos estudos de análise de riscos, fa- apresentadas. Esses conceitos serão definidos
zendo uma ligação com o estudo de análise de precisamente nos capítulos posteriores.
riscos ambientais. Aproveitando o embasamento
histórico, faremos um breve relato dos grandes
acidentes ambientais mundiais ocorridos a partir Atenção
dos anos 1960, cuja gravidade e impactos gera- Os conceitos e metodologias estabelecidos
dos levaram à implementação das primeiras leis nesta apostila estão baseados nas referências
e normas baseadas em análise de riscos ambien- do IBAMA, CETESB e FEPAM. Os modelos de Es-
tais, com o objetivo de minimizar o potencial de tudo de Análise de Riscos (EAR) utilizados pela
FEPAM e CETESB estão direcionados ao seg-
acidentes ambientais e suas consequências. mento industrial, e a avaliação de riscos aplica-
No Brasil, o órgão responsável no âmbi- -se à população externa da indústria, não in-
to federal pela elaboração das leis e normas é o cluindo, portanto, a avaliação dos riscos à saúde
e à segurança dos trabalhadores ou danos aos
Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus ór- bens patrimoniais das instalações analisadas.
gãos vinculados, como o Instituto Brasileiro do Entende-se por consequências externas os da-
Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), nos causados às pessoas (mortes ou lesões) nas
áreas circunvizinhas, situadas além dos limites
e colegiados, como o Conselho Nacional do Meio
físicos da instalação.
Ambiente (CONAMA). No entanto, as Secretarias
Estaduais de Meio Ambiente, por meio de seus
órgãos vinculados, também possuem autonomia Em sua dissertação de mestrado, Berrêdo
para efetuar essa normatização, de acordo com Viana (2010) afirma que palavras como impacto,
as particularidades de cada região. Na esfera es- avaliação, ambiente e risco não foram cunhadas
tadual, merecem destaque a CETESB, Companhia propositadamente para expressar um conceito
de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São preciso, esclarecedor, como nas outras ciências.
Paulo, a FEPAM, Fundação Estadual de Proteção Foram apropriadas do vernáculo e fazem parte do
Ambiental Henrique Luiz Roessler, do Rio Grande jargão profissional desse campo, criando diversas
do Sul, e o INEA, Instituto Estadual do Ambiente, ambiguidades na sua interpretação.
do Rio de Janeiro, que foi criado em 4 de outu- Ao efetuar um estudo sobre o tema central
bro de 2007 e instalado em 12 de janeiro de 2009, desta disciplina, observamos, por meio da pes-
unificando e ampliando a ação dos três órgãos quisa bibliográfica, que estes e outros termos ora
ambientais vinculados à Secretaria de Estado do são tratados como sinônimos, ora são definidos
Ambiente do Rio de Janeiro (SEA): a Fundação Es- de forma distinta. Entre esses termos, vamos des-
tadual de Engenharia e Meio Ambiente (FEEMA), tacar três palavras e três expressões, que dividire-
a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas mos em dois grupos. O primeiro grupo inclui as
(SERLA) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF). palavras: Risco, Perigo e Dano. O segundo grupo
Antes de efetuar essa abordagem histórica, inclui as expressões Análise de Riscos e Avalia-
vamos comentar brevemente alguns conceitos, ção de Riscos e Gerenciamento de Riscos. Note

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que dependendo do contexto, esses termos pare- No desenvolvimento dos conceitos utiliza-
cem semelhantes. Porém, de acordo com o enfo- dos nesta apostila, iremos utilizar o ponto de vista
que que adotaremos nesta apostila, esses termos americano, uma vez que aparenta ser o mais co-
irão representar significados distintos. mum, além de que a literatura nacional adotada
Berrêdo Viana (2010) verificou que a litera- nos documentos oficiais dos órgãos citados tende
tura mundial acaba por utilizar as expressões ava- a essa escolha, como poderemos observar mais
liação de risco, gerenciamento de riscos e análise adiante, ao detalharmos os trabalhos da CETESB
de risco como sinônimos, devido às diferenças e da FEPAM.
nas traduções e discrepâncias entre os países. Por Dessa forma, asseguramos que todos os re-
exemplo, segundo Kirchhoff (2004), no Canadá a ferenciais teóricos adotados nesta apostila estão
avaliação de risco engloba a análise de risco, en- baseados nos documentos oficiais editados pelos
quanto que nos Estados Unidos a análise de riscos órgãos citados.
é algo abrangente, com diversas etapas, e, entre
estas, a avaliação de risco.

1.1 Histórico Mundial

As indústrias de processo, há mais de 40 e Safe and Sound, pelo British Chemical Industry
anos, demonstraram as primeiras preocupações Safety Coucil (BCISCl), 1969, ambos na Grã-Breta-
em relação às possíveis falhas e perigos oriundos nha. Também, nos Estados Unidos, Frank Bird Jr.
de suas atividades, onde observaram que essas fundamentou sua teoria de “Controle de Danos”
falhas poderiam causar perda de vida e de pro- (1966), a partir da análise de uma série de aciden-
priedade. tes ocorridos numa empresa metalúrgica ameri-
A indústria alimentícia dos Estados Unidos cana.
manifestou esse interesse ainda nos anos 1920. Além disso, o desenvolvimento das tec-
Já na década de 1930, pesquisadores de labora- nologias utilizadas pelas indústrias resultou em
tórios de toxicologia, na indústria, iniciaram ava- grandes mudanças nas indústrias químicas e pe-
liações das propriedades tóxicas de produtos po- troquímicas, tais como alterações nas condições
tencialmente perigosos. de pressão e temperatura, tendo como conse-
Em 1931, o pesquisador H. W. Heinrich efe- quência um aumento na energia armazenada
tuou uma pesquisa sobre os custos de um aciden- nos processos, representando, portanto, um pe-
te em termos de Seguro Social e introduziu, pela rigo maior. Ao mesmo tempo, as instalações de
primeira vez, a filosofia de “acidentes com danos processo começaram a crescer, quase dez vezes
à propriedade”, ou seja, acidentes sem lesão, em mais, em tamanho. Também, começaram a ope-
relação aos acidentes com lesão incapacitante. rar em fluxo contínuo, aumentando o número de
A partir desse momento, diversos estudos interligações com outras plantas, para a troca de
sobre acidentes industriais com danos à proprie- subprodutos, tornando, dessa forma, os proces-
dade multiplicaram-se, com o objetivo de estimar sos mais complexos.
os custos derivados das perdas. Simultaneamente, outros temas emergiram
No final dos anos 1960 surgiram vários rela- no contexto social, tais como a poluição ambien-
tórios sobre segurança nas plantas químicas, tais tal, e começaram a se tornar motivo de preocu-
como Safety and Management, pela Association pação para o público e para os governos. Como
of British Chemical Manufactures (ABCM), 1964, consequência, a indústria foi obrigada a examinar
os efeitos de suas operações sobre o público ex-

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terno e, em particular, a analisar mais cuidadosa- Em 1970, no Canadá, John A. Fletcher, pros-
mente os possíveis perigos decorrentes de suas seguindo a obra iniciada por Bird, propôs o esta-
atividades. belecimento de programas de “Controle Total de
Basicamente até o início da década de Perdas”, objetivando reduzir ou eliminar todos os
1970, o foco principal em relação à segurança nas acidentes que pudessem interferir ou paralisar
indústrias centrava-se na segurança dos equipa- um sistema.
mentos e do projeto em questão. Assim, a ênfase Em 1972, criou-se uma nova mentalidade
concentrava-se na produção, em detrimento dos baseada nos trabalhos desenvolvidos pelo enge-
aspectos de saúde e segurança. A preocupação nheiro Willie Hammer, especialista em Seguran-
ambiental era praticamente ignorada e esse tema ça de Sistemas, o qual empregou a experiência
quase não era mencionado nas discussões de in- adquirida na Força Aérea e nos programas espa-
vestimentos das empresas. Também não havia in- ciais norte-americanos para desenvolver diversas
terferências externas, seja do poder público ou da técnicas a serem aplicadas na indústria, a fim de
população. Os governos não impunham grandes preservar os recursos humanos e materiais dos
exigências de controle para a poluição ambiental. sistemas de produção.
No entanto, a partir da década de 1970, Em paralelo, a indústria nuclear começou
devido à grande repercussão das consequências a desenvolver suas atividades de consultoria na
dos acidentes industriais que causaram a morte área de confiabilidade, e as indústrias passaram a
de milhares de pessoas e impactos de grandes adotar técnicas desenvolvidas pelas autoridades
dimensões ao meio ambiente, esse tema veio à de energia atômica na avaliação de riscos maiores
tona de forma mais contundente, mobilizando os e na estimativa de taxas de falhas de instrumen-
governos e a população. tos de proteção.

1.2 Grandes Acidentes

Bhopal Em condições normais, o isocianato de me-


tila é líquido à temperatura de 0 ºC e pressão de
É bem provável que você já tenha ouvido 2,4 bar.
falar sobre esse acidente ambiental, pois foi e ain- A causa provável do acidente foi atribuída
da é muito comentado na mídia mundial, devido à entrada de água num dos tanques do comple-
às circunstâncias em que ocorreu e à grande ex- xo industrial, causando a elevação da pressão dos
tensão de sua gravidade e danos à população e tanques de armazenamento a mais de 14 bar e da
ao meio ambiente. temperatura dos reservatórios para aproximada-
Esse acidente ocorreu numa unidade da mente 200 ºC, causando assim uma reação alta-
Union Carbide, situada nos arredores da cidade de mente exotérmica.
Bhopal, na Índia. Na madrugada de 03/12/1984, Os vapores emitidos deveriam ter sido neu-
uma nuvem tóxica de isocianato de metila cau- tralizados em torres de depuração; porém, como
sou a morte de milhares de pessoas. uma dessas torres se encontrava desativada, o sis-
O isocianato de metila é um produto utiliza- tema não funcionou possibilitando a liberação do
do na fabricação de inseticidas, comercialmente produto para a atmosfera.
conhecidos como “Sevin” e “Temik”, da família dos
carbamatos, utilizados como substitutos de pra-
guicidas organoclorados, como o DDT.

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Este é conhecido como a maior catástrofe


da indústria química. O número de mortes esti-
madas gira em torno de 4.000 pessoas, além de
causar a intoxicação de cerca de 200.000 pessoas.

Figura 1 – Foto das instalações da Union Carbide no dia do desastre ambiental.

Fonte: http://www.greenpeace.org/international/en/multimedia/photos/a-view-of-the-abandoned-pestic/

Saiba mais Flixborough

Bhopal, Índia. O pior desastre químico da história


1984-2002 Aproximadamente às 17 horas do dia
01/06/1974, ocorreu uma explosão na planta
Leia este documento para saber um pouco mais de produção de caprolactama da fábrica Nypro
sobre esse acidente ambiental, que teve grande
repercussão mundial na época. Ltda., situada em Flixborough, Inglaterra. A explo-
Saiba mais são ocorreu devido ao vazamento de ciclohexa-
Disponível em: no, causado pelo rompimento de uma tubulação
http://www.greenpeace.org.br/bhopal/docs/Bho-
temporária instalada como “by-pass” devido à re-
pal_desastre_continua.pdf
moção de um reator para a realização de serviços
de manutenção. O vazamento formou uma nu-
vem de vapor inflamável que entrou em ignição,
resultando uma violenta explosão seguida de um
incêndio que destruiu a planta industrial.

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A ruptura da tubulação de 20 polegadas nando pessoas, animais e o solo na vizinhança da


foi atribuída a um projeto mal elaborado, uma unidade industrial.
vez que a estrutura instalada para a sustentação A planta operava em regime de batelada e,
do duto não suportou a sua movimentação, em no momento do acidente, encontrava-se paralisa-
função da pressão e da vibração a que o tubo foi da para o final de semana. No entanto, o reator
submetido durante a operação. continha material a uma elevada temperatura.
Estimou-se que cerca de 30 toneladas de Provavelmente, a presença de etilenoglicol com
ciclohexano vazaram, formando rapidamente hidróxido de sódio causou uma reação exotérmi-
uma nuvem de vapor inflamável, a qual encon- ca descontrolada, fazendo com que a pressão in-
trou uma fonte de ignição entre 30 e 90 segundos terna do vaso excedesse a pressão de ruptura do
após o início do vazamento. Os efeitos da sobre- disco de segurança, causando a emissão. A reação
pressão ocorrida foram estimados como sendo ocorrida, associada a uma temperatura entre 400
equivalentes à explosão de uma massa variando e 500 °C, contribuiu para a formação do TCDD.
entre 15 e 45 toneladas de TNT. O reator não possuía um sistema automá-
Ocorreram danos catastróficos nas edifica- tico de resfriamento e como a fábrica se encon-
ções próximas, situadas ao redor de 25 metros do trava com poucos funcionários, já que paralisaria
centro da explosão. Além da destruição da planta, suas operações no final de semana, não foram
em função do incêndio ocorrido, 28 pessoas mor- desencadeadas ações de resfriamento manual
reram e 36 foram gravemente feridas. Ocorreram do reator para minimizar a reação ocorrida. Dessa
ainda impactos nas vilas situadas nas proximida- forma, a emissão ocorreu durante cerca de 20 mi-
des da planta, afetando 1.821 residências e 167 nutos, até que um operador conseguisse paralisar
estabelecimentos comerciais. As perdas foram o vazamento.
estimadas em US$ 412 milhões. Toda a vegetação nas proximidades da
Esse acidente tornou-se um marco na ques- planta morreu de imediato devido ao contato
tão da avaliação de riscos e prevenção de perdas com compostos clorados. No total, 1.807 hecta-
na indústria química. O acidente levou ao estabe- res foram afetados. A região denominada Zona A,
lecimento do Advisory Committee on Major Ha- com uma área de 108 hectares possuía uma alta
zards (ACMH), na Inglaterra, que durou de 1975 a concentração da dioxina TCDD (240 µg/m²).
1983 e introduziu uma legislação para controle de Foram evacuadas 736 pessoas da região,
riscos maiores nas indústrias. sendo que 511 retornaram para as suas casas no
final de 1977, mas as que moravam na Zona A
Seveso perderam suas residências, em função do nível de
contaminação ainda existente nessa área, a qual
permaneceu isolada por muitos anos. Toda a ve-
Por volta das 12h30 do dia 10/06/1976,
getação e solo contaminados foram removidos e
numa planta industrial situada em Seveso, uma
as edificações tiveram que ser descontaminadas.
província de Milão, Itália, ocorreu a ruptura do
Os custos estimados na operação de evacuação
disco de segurança de um reator, que resultou na
das pessoas e na remediação das áreas conta-
emissão para a atmosfera de uma grande nuvem
minadas foram da ordem de US$ 10 milhões. Os
tóxica.
efeitos imediatos à saúde das pessoas se limita-
O reator fazia parte do processo de fa- ram ao surgimento de 193 casos de cloroacne
bricação de TCP (triclorofenol) e a nuvem tó- (doença de pele atribuída ao contato com a dio-
xica formada continha vários componen- xina). Os efeitos à saúde de longo prazo ainda são
tes, entre eles o próprio TCP, etilenoglicol e monitorados.
2,3,7,8-tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD). A
nuvem se espalhou numa grande área, contami-

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Esse acidente gerou um profundo impacto uma imensa nuvem de gás inflamável, a qual foi
na Europa, ainda sob o impacto do acidente de levada por um vento de destino sudoeste, aju-
Flixborough na Inglaterra, em 1974, e originou o dado pela inclinação do terreno, até encontrar a
desenvolvimento da Diretiva de Seveso – EC Di- fonte de ignição e explodir. Nesse caso, a fonte
rective on Control of Industrial Major Accident de ignição direta foi o flare instalado inadequada-
Hazards –, em 1982. mente ao nível do solo, pois, no entendimento da
empresa, dada a força dos ventos no local, a insta-
Cidade do México lação do flare a uma altura mais elevada compro-
meteria a sua eficiência.
A explosão da nuvem atingiu cerca de 10
Na manhã de 19/11/1984, por volta das
residências e iniciou o incêndio nas instalações
5h35 ocorreu a explosão de uma nuvem de vapor
da base. A vizinhança pensou tratar-se de um
e uma série de BLEVEs na base de armazenamen-
terremoto devido ao forte barulho da explosão.
to e distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo
Por volta das 5h45 da manhã ocorreu o primeiro
(GLP) da empresa PEMEX, localizada no bairro de
BLEVE, após um minuto outro BLEVE aconteceu,
San Juanico, Cidade do México.
sendo o mais violento dessa catástrofe, gerando
uma bola de fogo com mais de 300 m de diâme-
Dicionário tro. Ocorreram mais de 15 explosões, BLEVE nas
quatro esferas menores e em muitos dos reser-
BLEVE: do original inglês Boiling Liquid Expanding vatórios cilíndricos, explosões dos caminhões-
Vapor Explosion. Fenômeno decorrente da explo-
são catastrófica de um reservatório, quando um -tanque e botijões, chuva de gotículas de GLP,
líquido nele contido atinge uma temperatura bem transformando tudo que atingiam em chamas;
acima da sua temperatura de ebulição à pressão alguns reservatórios e pedaços das esferas trans-
atmosférica com projeção de fragmentos e de ex-
pansão adiabática (CETESB, 2003). formaram-se em verdadeiros projéteis, atingindo
edificações e pessoas.
Os trabalhos de extinção do fogo e preven-
A base recebia GLP de três refinarias dife-
ção de novas explosões terminaram às 23 horas.
rentes por meio de gasoduto. A capacidade prin-
As consequências desse acidente foram trágicas:
cipal de armazenamento da base era de 16.000
morte de 650 pessoas, mais de 6.000 feridos e
m³ (aproximadamente 8.960.000 kg) de GLP, dis-
destruição total da base.
tribuídos em: duas esferas com capacidade in-
dividual de 2.400 m³, quatro esferas menores de
1.600 m³ de capacidade individual e 48 cilindros Vila Socó – Cubatão
horizontais (capacidades individuais variando de
36 m³ a 270 m³). No momento do acidente, a PE- Este é outro exemplo de um acidente am-
MEX estava com o armazenamento em torno de biental que provavelmente você tenha conheci-
11.000 m³ de GLP. mento. Infelizmente, o Brasil não deixou de sofrer
A catástrofe iniciou-se com o vazamento de com os problemas decorrentes de um grande aci-
gás devido à ruptura de uma tubulação de 8 po- dente ambiental.
legadas de diâmetro que transportava o gás de Por volta das 22h30 do dia 24/02/1984, mo-
uma das esferas para os reservatórios cilíndricos. radores da Vila Socó (atual Vila São José), Cubatão/
A sala de controle da PEMEX registrou por volta SP, perceberam o vazamento de gasolina em um
das 5h30 uma queda de pressão em suas insta- dos oleodutos da Petrobras, que ligava a Refinaria
lações e também em um duto localizado a 40 km Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa.
de distância, porém a sala de controle não conse- A tubulação passava em região alagadiça,
guiu identificar a causa dessa queda de pressão. A em frente à vila constituída por palafitas. Na noi-
liberação aconteceu por 5-10 minutos, formando

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te do dia 24, um operador alinhou inadequada- após o vazamento aconteceu a ignição seguida
mente e iniciou a transferência de gasolina para de incêndio. O fogo se alastrou por toda a área
uma tubulação (falha operacional) que se encon- alagadiça superficialmente coberta pela gasolina,
trava fechada, gerando sobrepressão e ruptura incendiando as palafitas.
da mesma, espalhando cerca de 700 mil litros de O número oficial de mortos é de 93, porém
gasolina pelo mangue. Muitos moradores, visan- algumas fontes citam um número extraoficial su-
do a conseguir algum dinheiro com a venda de perior a 500 vítimas fatais (baseado no número
combustível, coletaram e armazenaram parte do de alunos que deixou de comparecer à escola e
produto vazado em suas residências. Com a mo- à morte de famílias inteiras sem que ninguém re-
vimentação das marés, o produto inflamável es- clamasse os corpos), dezenas de feridos e a des-
palhou-se pela região alagada e cerca de 2 horas truição parcial da vila.

1.3 Consequências

Esses acidentes caracterizaram-se por ex- Como consequência, essas discussões le-
trapolar as divisas das indústrias, projetando-se varam ao surgimento das primeiras leis e regula-
nas populações e meio ambiente a posteriori, com mentações sobre segurança industrial e controle
efeitos de médio e longo prazo. ambiental nos principais países industrializados.

1.4 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo você pôde verificar que a preocupação com a questão ambiental é
algo relativamente recente no contexto industrial, pois até a década de 1970 esse tema era praticamente
ignorado pelas grandes indústrias. A preocupação à época restringia-se a minimizar as perdas e danos
relativos ao processo industrial, praticamente inexistindo a preocupação com os danos causados à po-
pulação e ao meio ambiente.
Devido à repercussão das consequências dos acidentes ambientais ocorridos nos anos 1970, esse
tema veio à tona e tornou-se objeto de extrema importância para os governos, originando, assim, as pri-
meiras normas e legislações ambientais.
Você também conheceu e aprendeu um pouco mais sobre alguns dos principais acidentes ambien-
tais ocorridos em diversos países do mundo, onde foram expostas as causas e consequências, e também
teve ciência dos documentos que servirão de base para os conceitos e referenciais teóricos que serão
estudos no decorrer desta disciplina, cujo teor será discutido nos próximos capítulos.

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1.5 Atividades Propostas

1. Faça uma pesquisa e comente sobre a aplicação do Estudo de Análise de Riscos (EAR) em ou-
tras áreas da ciência.

2. Faça uma pesquisa e comente sobre outros acidentes ambientais que tiveram grande reper-
cussão mundial.

3. Comente sobre os riscos da utilização da energia nuclear e faça uma reflexão posicionando-se
em relação à sua utilização no Brasil. Você é a favor ou contra? Apresente seus argumentos,
justifique. Dê consistência à sua posição!

4. Faça uma pesquisa e comente sobre alguns acidentes nucleares e suas consequências para a
população e o meio ambiente.

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2 RISCO AMBIENTAL

2.1 Conceito de Risco

Caro(a) aluno(a), neste capítulo iremos efe-


tuar uma breve discussão sobre o emprego das Atenção
palavras Risco, Perigo e Dano, e em seguida apre-
Antrópico: é um termo usado em Ecologia que
sentar as definições que serão utilizadas e as clas- se refere a tudo aquilo que resulta da atuação
sificações e definições para os diversos tipos de humana.
risco. Por exemplo: ação antrópica é a ação do ho-
mem sobre o habitat e as modificações dela
Como afirmado no capítulo anterior, encon- resultantes.
tramos na literatura diversos significados para a
palavra risco. Também é comum aplicarmos a pa-
lavra risco em nosso cotidiano nos mais variados Formalmente, o risco, tratado dentro da
contextos e com significados distintos. visão mencionada, é definido como a combi-
Como exemplo, podemos citar o emprego nação entre a frequência de ocorrência de um
da palavra risco, que utilizamos com o sentido acidente e a sua consequência. A adequada
probabilístico, matemático, a partir do qual essa composição desses fatores possibilita estimar o
palavra representa certa chance de algo aconte- risco de um empreendimento, sendo o estudo de
cer. Dessa forma, entendemos que o risco é con- análise de risco a ferramenta utilizada para esse
siderado elevado quando algum fato nos parece fim.
certo ou tem grande chance de acontecer, e con- Com a estimativa realizada, é possível com-
sideramos um fato com risco baixo quando obser- parar as diversas formas de expressão do risco
vamos que a chance desse fato correr é reduzida. com padrões previamente estabelecidos, fazen-
Sob a ótica ambiental, é costumeiro obser- do-se então a avaliação do risco, sendo, portanto,
var os efeitos das substâncias químicas conside- possível decidir sobre a viabilidade ambiental de
radas poluentes sobre o homem ou, mais ampla- um empreendimento.
mente, sobre o meio ambiente. Os efeitos podem O emprego predominante do estudo de
decorrer das emissões contínuas ou intermiten- análise de risco acontece durante o licencia-
tes provenientes das indústrias, das diversas for- mento ambiental de fontes potencialmente
mas de transporte ou, genericamente, da ativida- geradoras de acidentes ambientais.
de antrópica. É possível estimar e avaliar o risco
Risco segundo a Society for Risk Analysis é:
dessas atividades, bem como propor formas de
o potencial de realização de consequências ad-
gerenciamento desse risco.
versas indesejadas para a saúde ou vida humana,
para o ambiente ou para bens materiais.

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Risco pode ser definido como a probabili- gamente com a frequência esperada
dade de uma comunidade sofrer consequências de ocorrência.
econômicas, sociais ou ambientais, em uma área 2. As consequências indesejadas caracte-
particular e durante um tempo de exposição de- rizam o fato de que o conceito de risco
terminado. está intimamente ligado a algum tipo
Exemplos: de dano, seja para a saúde, para a vida,
para o meio ambiente ou para as finan-
ƒƒ ferimento e/ou morte de seres vivos; ças individuais ou sociais.
ƒƒ avaria de bens;
ƒƒ prejuízo na capacidade produtiva; Quantitativamente, o risco tem sido ex-
ƒƒ interrupção da atividade econômica. presso como algum tipo de combinação (uma
função matemática) entre a frequência espe-
rada de ocorrência do evento indesejado e a
São fatores de risco: magnitude das suas consequências.
Observe que as três definições apresenta-
ƒƒ a periculosidade; das são idênticas e podem ser resumidas generi-
ƒƒ a vulnerabilidade; camente como:
ƒƒ a exposição ao perigo.
RISCO = COMBINAÇÃO DE FREQUÊNCIA E
CONSEQUÊNCIA
Se qualquer um desses fatores aumenta-
rem, o risco aumenta.
O IBAMA destaca, ainda nesse estudo, dois
A CETESB (2013), por meio da Norma P4.261,
conceitos importantes em análise de risco, que
define risco como sendo a medida de danos à
são os conceitos de risco e perigo. Embora ainda
vida humana, resultante da combinação entre
haja alguma confusão entre os dois, existe atual-
a frequência de ocorrência e a magnitude das
mente um consenso bastante grande sobre as
perdas ou danos (consequências).
definições desses dois termos.
A adequada composição desses fatores
Como destacado desde a introdução desta
possibilita estimar o risco de um empreendimen-
apostila, observe que são termos distintos.
to, sendo o estudo de análise de risco a ferramen-
ta utilizada para esse fim.
Consultando a apostila do curso sobre Es-
tudo de Análise de Riscos e Programa de Geren-
ciamento de Riscos do IBAMA, encontramos a
seguinte definição: o Risco de uma determinada
atividade pode ser entendido como o potencial
de ocorrência de consequências indesejadas de-
correntes da realização da atividade.
Dois aspectos importantes dessa definição:

1. O potencial de ocorrência expressa o


elemento de incerteza inerente ao con-
ceito de risco. A sua expressão quanti-
tativa pode ser feita com o conceito de
probabilidade de ocorrência ou analo-

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Atenção

PERIGO ≠ RISCO

PERIGO
Característica de uma atividade ou substância que expressa a sua condição de causar algum tipo de dano a
pessoas, a instalações ou ao meio ambiente.
Situação ou condição que tem potencial de acarretar consequências indesejáveis. É a propriedade intrínseca de
uma substância perigosa ou de uma situação física de poder provocar danos à saúde humana e/ou ao ambiente

RISCO
Medida da capacidade que um perigo tem de se transformar em um acidente.
Está relacionado com a chance de ocorrerem falhas que “libertem” o perigo e da magnitude dos danos gerados.
Contextualização de uma situação de perigo, ou seja, a possibilidade da materialização do perigo ou de um
evento indesejado ocorrer.

Assim, temos que:

PERIGO = “Fonte de Riscos”

Analisando as definições apresentadas, va- tiplicação só é igual a zero se um dos fatores for
mos definir o conceito de Risco de modo mais zero), o que na maioria das vezes é impossível e
formal. este é o motivo de efetuarmos o Gerenciamento
Assim, Risco será definido como o produ- de Riscos.
to da probabilidade de ocorrência de um de- Mas, por outro lado, esses riscos podem e
terminado evento pela magnitude das conse- devem ser minimizados, tornando-os tão baixos
quências. quanto seja necessário, adotando para isso algu-
mas salvaguardas. Mas alguns fatores devem ser
R = P x C (Probabilidade x Magnitude da levados em consideração, como os custos que es-
Consequência) sas alterações podem implicar.
Para isso, foram adotados alguns critérios
de aceitabilidade de riscos (seja qualitativo ou
Efetuando uma análise matemática da
quantitativo). Caso contrário, não haveria como
equação representada, concluímos que a única
se tomar decisões relativas a investimentos em
forma de se ter risco zero consiste na completa
medidas para se aumentar a segurança de uma
eliminação do perigo (o resultado de uma mul-
instalação.

2.2 Outros Conceitos Básicos

Com base no Manual de Análise de Riscos À frente de cada terno, temos a fonte uti-
(nº 01/2001) da FEPAM e no Manual de Orienta- lizada. Alguns termos estão relacionados duas
ção para a Elaboração de Estudos de Análise de vezes, apresentando os conceitos utilizados pela
Riscos da CETESB – Norma P4.261, 2003 –, iremos CETESB e pela FEPAM.
apresentar algumas definições para os termos
específicos e técnicos que serão utilizados no de-
senvolvimento do Estudo de Análise de Risco.

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Acidente (CETESB) rência e a magnitude das possíveis consequên-


Evento específico não planejado e indesejável, cias.
ou uma sequência de eventos que geram conse-
quências indesejáveis. Análise de vulnerabilidade (CETESB)
Estudo realizado por intermédio de modelos ma-
Acidente (FEPAM) temáticos para a previsão dos impactos dano-
Acontecimento não desejado que possa vir a re- sos às pessoas, instalações e ao meio ambiente,
sultar em danos físicos, lesões, doença, morte, baseado em limites de tolerância estabelecidos
agressões ao meio ambiente, prejuízos na produ- através do parâmetro Probit para os efeitos de so-
ção etc. brepressão advinda de explosões, radiações tér-
micas decorrentes de incêndios e efeitos tóxicos
advindos da exposição a uma alta concentração
ALARA (FEPAM)
de substâncias químicas por um curto período de
Do inglês As Low as Reasonably Achievable (tão tempo.
baixo quanto razoavelmente atingível), significa
que os riscos devem ser reduzidos sempre que o
custo das medidas necessárias para redução for Área vulnerável (FEPAM)
razoável quando comparado com os benefícios Área no entorno da atividade, onde ambiente,
obtidos em termos de redução de riscos. Às vezes população e trabalhadores encontram-se expos-
também mencionado na forma ALARP – As Low tos aos efeitos de acidentes. A abrangência dessa
as Reasonably Possible (tão baixo quanto razoavel- área é determinada pela Análise de Vulnerabili-
mente possível). dade.

Análise (FEPAM) Auditoria (CETESB)


Procedimento técnico baseado em uma determi- Atividade pela qual se pode verificar, periodica-
nada metodologia, cujos resultados podem vir a mente, a conformidade dos procedimentos de
ser comparados com padrões estabelecidos. operação, manutenção, segurança e treinamen-
to, a fim de se identificar perigos, condições ou
procedimentos inseguros, para verificar se a ins-
Análise de riscos (CETESB)
talação atende aos códigos e práticas normais de
Estudo quantitativo de riscos numa instalação in- operação e segurança; realizada normalmente
dustrial, baseado em técnicas de identificação de através da utilização de checklists, podendo ser
perigos, estimativa de frequências e consequên- feita de forma programada ou não.
cias, análise de vulnerabilidade e na estimativa do
risco.
Auditoria (FEPAM)
Conjunto de procedimentos que visam a avaliar
Análise de risco (FEPAM)
a conformidade da atividade com os regulamen-
Constitui-se em um conjunto de métodos e téc- tos, padrões, condições e restrições estabelecidos
nicas aplicados a uma atividade proposta ou exis- pela autoridade ambiental.
tente. Identifica e avalia qualitativa e quantitati-
vamente os riscos que essa atividade representa
para a população vizinha, ao meio ambiente e à Avaliação de riscos (CETESB)
própria empresa. Os principais resultados de uma Processo pelo qual os resultados da análise de
análise de riscos são a identificação de cenários riscos são utilizados para a tomada de decisão,
de acidentes, suas frequências esperadas de ocor- através de critérios comparativos de riscos, para
definição da estratégia de gerenciamento dos ris-

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cos e aprovação do licenciamento ambiental de Categorias de risco (FEPAM)


um empreendimento. Hierarquia de risco estabelecida com base na po-
tencialidade dos danos causados por acidentes,
Antes de prosseguir com a leitura das defi- visando à priorização das ações de controle e fis-
nições que estamos apresentando, volte e releia calização.
atentamente as definições apresentadas para os
termos Análise de Riscos e Avaliação de Riscos. Concentração letal 50 (CL50) (CETESB)
Neste momento, fica clara a diferenciação Concentração calculada e estatisticamente obti-
entre as expressões Análise de Risco e Avaliação da de uma substância no ar que ingressa no orga-
de Risco, que chamamos a atenção no início do nismo por inalação e que, em condições bem de-
Capítulo 1. terminadas, é capaz de causar a morte de 50% de
Segundo a definição da CETESB, a Avaliação um grupo de organismos de uma determinada
de Risco é um processo que será aplicado após a espécie. É normalmente expressa em ppm (partes
Análise de Riscos e que será utilizado para definir por milhão), devendo também ser mencionado o
as estratégias que serão implementadas para o tempo de duração da exposição do organismo à
Gerenciamento de Riscos. Já a Análise de Riscos substância.
é basicamente o processo pelo qual aplicamos as
técnicas de Identificação dos Perigos (assunto do Confiabilidade (FEPAM)
próximo capítulo), obtendo, assim, dados quanti-
Probabilidade de que um equipamento ou siste-
tativos e qualitativos e que servirão de base para
ma opere com sucesso por um período de tempo
efetuarmos a Avaliação de Riscos.
especificado e sob condições de operação defini-
O Estudo de Análise de Riscos compreende, das.
ainda, outras etapas, que serão discutidas nos ca-
pítulos posteriores desta apostila.
Curva F-N (CETESB)
Curva referente ao risco social determinada pela
BLEVE (CETESB)
plotagem das frequências acumuladas de aciden-
Do original inglês Boiling Liquid Expanding Vapor tes com as respectivas consequências expressas
Explosion. Fenômeno decorrente da explosão ca- em número de fatalidades.
tastrófica de um reservatório, quando um líquido
nele contido atinge uma temperatura bem acima
da sua temperatura de ebulição à pressão atmos- Curva de iso-risco (CETESB)
férica com projeção de fragmentos e de expansão Curva referente ao risco individual determinada
adiabática. pela intersecção de pontos com os mesmos valo-
res de risco de uma mesma instalação industrial.
Também conhecida como “contorno de risco”.
Bola de fogo (fireball) (CETESB)
Fenômeno que se verifica quando o volume de
vapor inflamável, inicialmente comprimido num Dano (CETESB)
recipiente, escapa repentinamente para a atmos- Efeito adverso à integridade física de um organis-
fera e, devido à despressurização, forma um volu- mo.
me esférico de gás, cuja superfície externa quei-
ma, enquanto a massa inteira eleva-se por efeito Diagrama de instrumentação e tubulações (P
da redução da densidade provocada pelo supera- & ID) (CETESB)
quecimento.
Representação esquemática de todas as tubula-
ções, vasos, válvulas, filtros, bombas, compres-

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sores etc. do processo. Os P & IDs mostram todas Empreendimento (CETESB)


as linhas de processo, linhas de utilidades e suas Conjunto de ações, procedimentos, técnicas e
dimensões, além de indicar também o tamanho e benfeitorias que permitem a construção de uma
a especificação das tubulações e válvulas, incluin- instalação.
do toda a instrumentação da instalação.

Erro humano (CETESB)


Dispersão atmosférica (CETESB) Ações indesejáveis ou omissões decorrentes de
Mistura de um gás ou vapor com o ar. Essa mistu- problemas de sequenciamento, tempo (timing),
ra é o resultado da troca de energia turbulenta, a conhecimento, interfaces e/ou procedimentos,
qual é função da velocidade do vento e do perfil que resultam em desvios de parâmetros estabe-
da temperatura ambiente. lecidos ou normais e que colocam pessoas, equi-
pamentos e sistemas em risco.
Distância à população fixa (dp) (CETESB)
Distância, em linha reta, da fonte de vazamento à Estabilidade atmosférica (CETESB)
pessoa mais próxima situada fora dos limites da Medida do grau de turbulência da atmosfera, nor-
instalação em estudo. malmente definida em termos de gradiente ver-
tical de temperatura. A atmosfera é classificada,
Distância segura (ds) (CETESB) segundo Pasquill, em seis categorias de estabili-
Distância determinada pelo efeito físico decor- dade, de A a F, sendo A a mais instável, F a mais
rente do cenário acidental considerado, onde a estável e D a neutra. A classificação é realizada
probabilidade de fatalidade é de até 1% das pes- a partir da velocidade do vento, radiação solar e
soas expostas. percentagem de cobertura de nuvem; a condição
neutra corresponde a um gradiente vertical de
temperatura da ordem de 1 ºC para cada 100 m
Dose letal 50 (DL50) (CETESB) de altitude.
Quantidade calculada e estatisticamente obtida
de uma substância administrada por qualquer
Estimativa de consequências (CETESB)
via, exceto a pulmonar, e que, em condições bem
determinadas, é capaz de causar a morte de 50% Estimativa do comportamento de uma substân-
de um grupo de organismos de determinada es- cia química quando de sua liberação acidental no
pécie. meio ambiente.

Duto (CETESB) Estudo de Impacto Ambiental (EIA) (CETESB)

Qualquer tubulação, incluindo seus equipamen- Processo de realização de estudos preditivos so-
tos e acessórios, destinada ao transporte de pe- bre um empreendimento, analisando e avaliando
tróleo, derivados ou de outras substâncias quími- os resultados. O EIA é composto de duas partes:
cas, situada fora dos limites de áreas industriais. uma fase de previsão, em que se procura prever
os efeitos de impactos esperados antes que ocor-
ra o empreendimento e outra em que se procura
Efeito dominó (CETESB) medir, interpretar e minimizar os efeitos ambien-
Evento decorrente da sucessão de outros eventos tais durante a construção e após a finalização do
parciais indesejáveis, cuja magnitude global é o empreendimento. O EIA conduz a uma estimativa
somatório dos eventos individuais. do impacto ambiental.

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Explosão (CETESB) a) Concentração no ar de substância tó-


Processo onde ocorre uma rápida e violenta libe- xica capaz de causar morte em 1% das
ração de energia, associado a uma expansão de pessoas expostas durante um tempo de
gases acarretando o aumento da pressão acima 30 minutos;
da pressão atmosférica. b) Fluxo de radiação térmica capaz de cau-
sar morte em 1% das pessoas expostas
Explosão de vapor confinado (CVE) (CETESB) durante um tempo de 60 segundos;

A explosão de vapor confinado (CVE – Confined c) Explosão gerando combinação de so-


Vapour Explosion) é o fenômeno causado pela brepressão e impulso capaz de causar
combustão de uma mistura inflamável num am- morte em 1% das pessoas expostas.
biente fechado, com aumento na temperatura e
na pressão internas, gerando uma explosão. Esse Flashfire (CETESB)
tipo de explosão pode ocorrer com gases, vapo- Incêndio de uma nuvem de vapor em que a mas-
res e pós. Nesse caso, grande parte da energia sa envolvida não é suficiente para atingir o estado
manifesta-se na forma de ondas de choque e qua- de explosão. É um fogo extremamente rápido em
se nada na forma de energia térmica. que todas as pessoas que se encontram dentro da
nuvem recebem queimaduras letais.
Explosão de nuvem de vapor não confinado
(UVCE) (CETESB) Fluxograma de processo (CETESB)
A explosão de nuvem de vapor não confinado Representação esquemática do fluxo seguido
(UVCE – Unconfined Vapour Cloud Explosion) é a no manuseio ou na transformação de matérias-
rápida combustão de uma nuvem de vapor infla- -primas em produtos intermediários e acabados.
mável ao ar livre, seguida de uma grande perda É constituída de equipamentos de caldeiraria
de conteúdo, gerada a partir de uma fonte de ig- (tanques, torres, vasos, reatores etc.); máquinas
nição. Nesse caso, somente uma parte da energia (bombas, compressores etc.); e tubulações, vál-
total irá se desenvolver sobre a forma de ondas vulas e instrumentos principais, onde devem ser
de pressão e a maior parte na forma de radiação apresentados dados de pressão, temperatura,
térmica. vazões, balanços de massa e de energia e demais
variáveis de processo.
Fator de Distância (FD) (FEPAM)
Frequência (CETESB)
Número de ocorrências de um evento por unida-
onde “distância (m)” é a menor distância, em me- de de tempo.
tros, entre o ponto de liberação do fator de perigo
e o ponto de interesse onde estão localizados os Gerenciamento de riscos (CETESB)
recursos vulneráveis.
Processo de controle de riscos compreendendo a
formulação e a implantação de medidas e proce-
Fator de Perigo (FP) (FEPAM) dimentos técnicos e administrativos que têm por
objetivo prevenir, reduzir e controlar os riscos,
bem como manter uma instalação operando den-
MLA e MR ver adiante. tro de padrões de segurança considerados tolerá-
veis ao longo de sua vida útil.
Consideram-se situações graves aquelas
onde se possa observar:

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IDLH (FEPAM) LD50 (FEPAM)


Do inglês Immediately Dangerous to Life and Dose de substância para a qual 50% dos mamífe-
Health (imediatamente perigoso para vida e saú- ros mais sensíveis morrem em testes de absorção
de), representa a máxima concentração de subs- cutânea ou por ingestão oral.
tância no ar, à qual pode se expor uma pessoa por
30 minutos sem danos irreversíveis. Valores de *Obs.: Definição semelhante à dose letal 50 (DL50),
concentrações (IDLH) para substâncias são esta- utilizada pela CETESB.
belecidos pelo National Institute for Occupational
Safety and Health (NIOSH).
LCLO (FEPAM)
A mais baixa concentração da substância, no ar,
Incêndio (CETESB)
para a qual foi observada morte entre os mamífe-
Tipo de reação química na qual os vapores de ros mais sensíveis, em testes de inalação.
uma substância inflamável combinam-se com o
oxigênio do ar atmosférico e uma fonte de igni-
ção, causando liberação de calor. LDLO (FEPAM)
A mais baixa dose da substância, para a qual foi
observada morte entre os mamíferos mais sensí-
Incêndio de poça (pool fire) (CETESB)
veis, em testes de absorção ou por ingestão oral.
Incêndio que ocorre numa poça de produto, a
partir de um furo ou rompimento de um tanque,
esfera, tubulação etc.; em que o produto estoca- Licença Prévia (LP) (FEPAM)
do é lançado ao solo, formando uma poça que se Concedida na fase preliminar do planejamento
incendeia, sob determinadas condições. do empreendimento ou atividade, aprovando
sua localização e concepção, atestando a viabili-
dade ambiental e estabelecendo os requisitos bá-
Instalação (CETESB)
sicos a serem atendidos nas fases de localização,
Conjunto de equipamentos e sistemas que per- implantação e operação.
mitem o processamento, armazenamento e/ou
transporte de insumos, matérias-primas ou pro-
dutos. Para fins deste manual, o termo é definido Licença de Implantação (LI) (FEPAM)
como a materialização de um determinado em- Autoriza a instalação do empreendimento ou ati-
preendimento. vidade de acordo com as especificações constan-
tes dos planos, programas e projetos aprovados,
incluindo as medidas de controle ambiental e de-
Jato de fogo (jet fire) (CETESB)
mais condicionantes, da qual constituem motivo
Fenômeno que ocorre quando um gás inflamável determinante.
escoa à alta velocidade e encontra uma fonte de
ignição próxima ao ponto de vazamento.
Licença de Operação (LO) (FEPAM)
Autoriza a operação da atividade ou empreendi-
LC50 (FEPAM)
mento, após a verificação do efetivo cumprimen-
Concentração da substância, no ar, para a qual to do que consta das licenças anteriores, com as
50% dos mamíferos mais sensíveis morrem em medidas de controle ambiental e condicionantes
testes de inalação, para um tempo de exposição determinados para a operação.
menor ou igual a 8 horas.

*Obs.: Definição semelhante à concentração letal 50


(CL50), utilizada pela CETESB.

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Licenciamento ambiental (CETESB) mentos que justifiquem o uso de um tempo de


Procedimento administrativo pelo qual o órgão vazamento menor do que o necessário para vazar
ambiental competente licencia a localização, ins- menos do que 20% da massa do material consi-
talação, modificação, ampliação e a operação de derado, a MLA poderá ser estimada com base
empreendimentos ou atividades utilizadoras dos nesse tempo, desde que devidamente justificado.
recursos ambientais, consideradas efetivas ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob Massa de Referência (MR) (FEPAM)
qualquer forma, possam causar a degradação É definida para cada uma das substâncias perigo-
ambiental, considerando as disposições legais e sas conforme apresentado no Apêndice 1 desse
as normas técnicas aplicáveis ao caso. manual. Essa massa pode ser entendida como a
menor quantidade da substância capaz de causar
Limite Inferior de Inflamabilidade (LII) (CETESB) danos a uma certa distância do ponto de libera-
Mínima concentração de gás que, misturada ao ar ção.
atmosférico, é capaz de provocar a combustão do Consideram-se situações graves aquelas onde se
produto, a partir do contato com uma fonte de ig- possa observar:
nição. Concentrações de gás abaixo do LII não são
combustíveis, pois, nessa condição, tem-se exces- a) Concentração no ar de substância tó-
so de oxigênio e pequena quantidade do produto xica capaz de causar morte em 1% das
para a queima. Essa condição é denominada “mis- pessoas expostas durante um tempo de
tura pobre”. 30 minutos;
b) Fluxo de radiação térmica capaz de cau-
Limite Superior de Inflamabilidade (LSI) sar morte em 1% das pessoas expostas
(CETESB) durante um tempo de 60 segundos;
Máxima concentração de gás que, misturada ao c) Explosão gerando combinação de so-
ar atmosférico, é capaz de provocar a combus- brepressão e impulso capaz de causar
tão do produto, a partir de uma fonte de ignição. morte em 1% das pessoas expostas.
Concentrações de gás acima do LSI não são com-
bustíveis, pois, nessa condição, tem-se excesso de
Perigo (CETESB)
produto e pequena quantidade de oxigênio para
que a combustão ocorra. Essa condição é deno- Uma ou mais condições, físicas ou químicas, com
minada “mistura rica”. potencial para causar danos às pessoas, à proprie-
dade, ao meio ambiente ou à combinação destes.

Massa Liberada Acidentalmente (MLA)


(FEPAM) Planta (CETESB)
É a maior quantidade de material perigoso capaz Conjunto de unidades de processo e/ou armaze-
de participar de uma liberação acidental de subs- namento com finalidade comum.
tância perigosa devido a vazamento ou ruptura
de tubulações, componentes em linhas, bombas, Plano de Ação de Emergência (PAE) (CETESB)
vasos, tanques etc., ou por erro de operação ou Documento que define as responsabilidades,
de reação descontrolada ou de explosão confi- diretrizes e informações, visando à adoção de
nada ou não, nas instalações em licenciamento. procedimentos técnicos e administrativos, estru-
Na ausência de informações mais precisas, a MLA turados de forma a propiciar respostas rápidas e
deve ser considerada como igual a 20% da massa eficientes em situações emergenciais.
de material estocado ou em processo. Havendo
sistemas de segurança automáticos ou procedi-

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Ponto de ebulição (CETESB) Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)


Temperatura na qual a pressão interna de um lí- (CETESB)
quido iguala-se à pressão atmosférica ou à pres- Documento que define a política e diretrizes de
são à qual está submetido. um sistema de gestão, com vistas à prevenção de
acidentes em instalações ou atividades potencial-
Ponto de fulgor (CETESB) mente perigosas.

Menor temperatura na qual uma substância libe-


ra vapores em quantidades suficientes para que Relatório Ambiental Preliminar (RAP) (CETESB)
a mistura de vapor e ar, logo acima de sua super- Documento de caráter preliminar a ser apresen-
fície, propague uma chama, a partir do contato tado no processo de licenciamento ambiental no
com uma fonte de ignição. estado de São Paulo. Tem como função instru-
mentalizar a decisão de exigência ou dispensa de
População fixa (CETESB) EIA/RIMA para a obtenção da Licença Prévia.

Pessoa ou agrupamento de pessoas em residên-


cias ou estabelecimentos industriais ou comer- Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
ciais, presentes no entorno de um empreendi- (CETESB)
mento. Vias com grande circulação de veículos, Documento que tem por objetivo refletir as con-
como rodovias, grandes avenidas e ruas movi- clusões de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
mentadas, devem ser consideradas como “popu- Suas informações técnicas devem ser expressas
lação fixa”. em linguagem acessível ao público, ilustradas por
mapas com escalas adequadas, quadros, gráficos
Pressão de vapor (CETESB) e outras técnicas de comunicação visual, de modo
que se possam entender claramente as possíveis
Pressão exercida pelos vapores acima do nível de
consequências ambientais e suas alternativas,
um líquido. Representa a tendência de uma subs-
comparando as vantagens e desvantagens de
tância gerar vapores. É normalmente expressa em
cada uma delas.
mmHg a uma dada temperatura

Risco (CETESB)
Probabilidade (CETESB)
Medida de danos à vida humana, resultante da
Chance de um evento específico ocorrer ou de
combinação entre a frequência de ocorrência e a
uma condição especial existir. A probabilidade é
magnitude das perdas ou danos (consequências).
expressa numericamente na forma de fração ou
de percentagem.
Risco individual (CETESB)

Probit (CETESB) Risco para uma pessoa presente na vizinhança


de um perigo, considerando a natureza da injúria
Parâmetro que serve para relacionar a intensi-
que pode ocorrer e o período de tempo em que o
dade de fenômenos como radiação térmica, so-
dano pode acontecer.
brepressão e concentração tóxica com os danos
que podem causar às estruturas ou pessoas. O
Probit (unidade de probabilidade) é uma variável Risco individual (FEPAM)
randômica com média 5 e variância 1. O valor do Risco individual é a frequência anual esperada de
Probit é relacionado a uma determinada porcen- morte devido a acidentes com origem em uma
tagem por meio de curvas ou tabelas. instalação para uma pessoa situada em um deter-
minado ponto nas proximidades da mesma.

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Risco social (FEPAM) ƒƒ LD50 – Oral # 200 mg/kg de massa cor-


Risco social associado a uma instalação ou ativi- pórea (LD50 – Oral = dose para a qual
dade é o número de mortes esperadas por ano 50% dos mamíferos mais sensíveis mor-
em decorrência de acidentes com origem na ins- rem em testes de absorção por via oral).
talação/atividade, usualmente expresso em mor-
tes/ano. No caso de não serem disponíveis os dados de
LC50 ou LD50, para determinada substância, de-
Risco social (CETESB) vem ser utilizados os LCLO ou LDLO correspon-
Risco para um determinado número ou agrupa- dentes, que têm o significado de serem a mais
mento de pessoas expostas aos danos de um ou baixa concentração ou a mais baixa dose para a
mais acidentes. qual foi observado qualquer caso de morte do
mamífero mais sensível.

Rugosidade (CETESB)
Medida da altura média dos obstáculos que cau- Substâncias combustíveis e inflamáveis
sam turbulência na atmosfera, devido à ação do (FEPAM)
vento, influenciando na dispersão de uma nuvem Substâncias combustíveis são aquelas que po-
de gás ou vapor. dem reagir exotermicamente e de modo autos-
sustentado com um agente oxidante, usualmen-
te o oxigênio do ar, com emissão de luz e calor.
Sistema (CETESB)
São classificadas como substâncias inflamáveis as
Arranjo ordenado de componentes que estão substâncias combustíveis cujo ponto de fulgor é
inter-relacionados e que atuam e interatuam com inferior a 55 ºC.
outros sistemas, para cumprir uma tarefa ou fun-
ção num determinado ambiente.
Substâncias explosivas (FEPAM)
Substâncias explosivas são aquelas capazes de
Substância (CETESB)
causar uma súbita liberação de gases e calor, ge-
Espécie da matéria que tem composição definida. rando rápido aumento de pressão, quando sub-
metidas a choque, pressão ou alta temperatura.
Substâncias tóxicas (FEPAM)
São consideradas substâncias de ação tóxica, isto Substância perigosa (FEPAM)
é, com risco grave para a saúde, após exposição, Substância que se enquadre em qualquer uma
as substâncias que tenham um dos itens abaixo: das definições de substância tóxica e/ou combus-
tível e inflamável e/ou explosiva.
ƒƒ LC50 # 2000 mg/m3, para um tempo de
exposição # 4 horas, (LC50 = concen-
Unidade (CETESB)
tração da substância, no ar, para a qual
50% dos mamíferos mais sensíveis mor- Conjunto de equipamentos com finalidade de
rem em testes de inalação); armazenar (unidade de armazenamento) ou de
provocar uma transformação física e/ou química
ƒƒ LD50 – Cutânea # 400 mg/kg de massa
nas substâncias envolvidas (unidade de proces-
corpórea (LD50 – Cutânea = dose para a
so).
qual 50% dos mamíferos mais sensíveis
morrem em testes de absorção cutâ-
nea);

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2.3 Tipos de Risco

Uma das formas de classificar os riscos é Os Riscos Ambientais podem ser classifica-
considerar situações potenciais de perdas e da- dos como Riscos Naturais e Riscos Antrópicos, e
nos ao homem e ao meio ambiente, dividindo-os estes são subdivididos em Riscos Tecnológicos e
em algumas classes e subclasses e tendo como Riscos Sociais.
ponto de partida os Riscos Ambientais (CERRI; Outras subdivisões para a classificação dos
AMARAL, 1998). riscos seguirão adiante.

Figura 2 – Pré-classificação dos riscos ambientais – parte I.

Riscos antrópicos ƒƒ utilização ou liberação de substâncias


químicas,
ƒƒ Riscos Sociais: podem ser causados ƒƒ radiações ionizantes;
pela sociedade ou riscos com conse- ƒƒ organismos geneticamente modifica-
quências para a sociedade humana, dos.
como assaltos, guerras etc.
ƒƒ Riscos Tecnológicos: são aqueles cuja
As atividades de risco são chamadas de
origem está diretamente ligada à ação
perigosas, e incluem as atividades capazes de
humana. Podem ser causados por va-
causar dano ambiental, como muitas atividades
zamentos de produtos tóxicos ou infla-
industriais, o transporte e o armazenamento de
máveis, radioativos, quedas de aviões,
produtos químicos, o lançamento de poluentes e
colisão de automóveis etc.
a manipulação genética, entre outros.
Essas atividades podem acarretar danos
Esses riscos são causados por diferentes materiais aos ecossistemas e à saúde do homem.
ações antrópicas, como:

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Segundo Sevá Filho (1988), a abordagem presariais e estatais e assalariados); e a condição


desse tipo de risco deve levar em conta três fa- humana (existência individual e coletiva, ambien-
tores indissociáveis: o processo de produção (re- te). Onde for encontrado pelo menos um desses
cursos, técnicas, equipamentos, maquinário); o fatores, haverá o risco tecnológico ou a probabili-
processo de trabalho (relações entre direções em- dade de um problema causado por tal risco.

Figura 3 – Fatores impactantes no risco antrópico.

Fonte: Sevá Filho (1988).

Saiba mais

Os EUA são referência mundial quando se quer pesquisar algo sobre EAR. Eles desenvolveram uma complexa estru-
tura para tratar desse tema. Por meio de seu órgão principal, US Environmental Protection Agency, o EPA, desenvol-
veram metodologias para a avaliação, gerenciamento e redução dos riscos, que são aplicadas em diversas áreas e
não somente na área industrial.
No site desse órgão, você pode encontrar manuais, metodologias e instruções sobre o EAR.
Mas não desanime no meio dessa leitura, caso não domine a língua inglesa. Faça uma simples busca no Google pelo
Saiba mais
termo US Environmental Protection Agency e clique no link “traduzir esta página”. A tradução fica muito bem feita
para o português, o que nos possibilita acessar a todas as informações. O tradutor efetua, inclusive, a tradução de
alguns guias e manuais. Não deixe de acessar esse site e aprender um pouco mais sobre esse tema tão rico.
O endereço do site é: www.epa.gov

Prosseguindo com o processo de classifica- substâncias presentes em águas sub-


ção dos riscos, temos que os Riscos Tecnológicos terrâneas utilizadas para abastecimen-
são subdivididos em dois tipos de risco: to doméstico, e à liberação contínua de
pequenas quantidades de poluentes.
ƒƒ Agudos: são decorrentes do mau fun-
cionamento de um sistema tecnoló- Riscos naturais
gico, como, por exemplo, acidentes
industriais ampliados, vazamento de
petróleo de um duto ou navio. Na caracterização de situações de risco na-
tural, deve-se sempre levar em conta a ação do
ƒƒ Crônicos: são decorrentes da exposição
homem como deflagrador ou acelerador dos pro-
da população a agentes físicos, como
cessos naturais. A intensidade e frequência dos
ruído, e/ou a agentes químicos, como

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fenômenos podem ser aumentadas devido às


ações antrópicas.
Por sua vez, os Riscos Naturais também são
subdivididos em dois grupos: Riscos Físicos e Ris-
cos Biológicos.

Figura 4 – Pré-classificação dos riscos ambientais – parte II.

Os Riscos Biológicos são divididos em ris- riscos associados à flora estão relacionados a
cos associados à fauna e riscos associados à flora. doenças provocadas por fungos, pragas (ervas
Os riscos associados à fauna estão relacionados daninhas), ervas tóxicas e venenosas etc.
à atuação de agentes vivos, como organismos Já os Riscos Físicos são associados aos pro-
patogênicos. Como exemplos, podemos citar a cessos do meio físico, sendo divididos em 3 gru-
dengue, febre amarela, picadas de animais, doen- pos: riscos atmosféricos (ar), geológicos (solo e
ças provocadas por vírus e bactérias, pragas (roe- rocha) e hidrológicos (água).
dores, gafanhotos etc.) e epidemias de gripe. Os

Figura 5 – Classificação dos riscos físicos.

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ƒƒ Atmosféricos: como as situações de


risco sempre estão associadas a proces- Atenção
sos, temos que os riscos atmosféricos
Subsidência: processo caracterizado pelo afun-
são oriundos de processos e fenôme- damento da superfície de um terreno em rala-
nos meteorológicos e climáticos. Po- ção às áreas circunvizinhas. É o processo oposto
dem ser de temporalidade curta, como ao levantamento tectônico, que resulta numa
elevação da superfície. A subsidência pode ser
os furacões, tornados, trombas de água,
devida a fenômenos geológicos, tais como dis-
tempestades, granizo e raios, ou de solução, erosão, compactação do material de
temporalidade longa, como as secas. superfície, falhas verticais, terremotos e vulca-
nismos. Normalmente o fenômeno acontece
ƒƒ Hidrológicos: são os riscos oriundos de de forma gradual e mais raramente de forma
processos e fenômenos hidrológicos, brusca e repentina.
como as chuvas intensas e inundações,
enchentes e alagamentos.
ƒƒ Geológicos: os riscos geológicos são A seguir temos um esquema com a classifi-
associados aos processos geológicos, cação final dos riscos ambientais.
podendo ser subdivididos em dois gru-
pos, relacionados predominantemente
à geodinâmica interna ou externa. Po-
demos citar como exemplos de riscos
endógenos os sismos e atividades vul-
cânicas, tsunamis (associados à geodi-
nâmica interna), e como exemplos de
riscos exógenos os escorregamentos,
erosões e assoreamentos, subsidência
e colapsos, solos expansivos, entre ou-
tros (associados à geodinâmica exter-
na).
ƒƒ Siderais: são os riscos que têm origem
fora do planeta, como uma queda de
meteoritos.

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Figura 6 – Classificação final dos riscos ambientais.

Fonte: Amaral e Silva (1996 apud EDERSOL, 2007).

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2.4 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo apresentamos importantes conceitos e definições, que serão muito
úteis em nossa disciplina. Voltamos a destacar, que neste momento deve estar muito claro para você, as
diferenças entre Perigo, Risco e Dano. Também é importante reconhecer a diferença entre Identificação
de Perigos, Análise de Riscos e Avaliação de Riscos.
Além da definição de uma série de outros conceitos, verificamos também como os riscos são clas-
sificados.

2.5 Atividades Propostas

1. Escreva com suas palavras a definição de Perigo. Após responder a esta pergunta, procure a
definição dada neste capítulo e verifique se você compreendeu o conceito e definiu correta-
mente.

2. Escreva com suas palavras a definição de Risco. Após responder a esta pergunta, procure a defi-
nição dada neste capítulo e verifique se você compreendeu o conceito e definiu corretamente.

3. Escreva com suas palavras a definição de Dano. Após responder a esta pergunta, procure a defi-
nição dada neste capítulo e verifique se você compreendeu o conceito e definiu corretamente.

4. Escreva com suas palavras a definição de Análise de Risco. Após responder a esta pergunta,
procure a definição dada neste capítulo e verifique se você compreendeu o conceito e definiu
corretamente.

5. Escreva com suas palavras a definição de Avaliação de Risco. Após responder a esta pergunta,
procure a definição dada neste capítulo e verifique se você compreendeu o conceito e definiu
corretamente.

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TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE
3 PERIGOS

Caro(a) aluno(a), neste capítulo vamos apre- Assim, as técnicas para a identificação de
sentar algumas técnicas de Identificação de Peri- perigos e estimativa dos efeitos no homem e no
gos. Entre as mais utilizadas, destacamos a Análise meio ambiente, decorrentes de incêndios, explo-
Preliminar de Perigos (APP) ou Análise Preliminar sões e liberações de substâncias tóxicas, já am-
de Riscos (APR) e o HazOp – Estudo de Perigos e plamente utilizadas nas áreas aeronáutica, mili-
Operabilidade (em inglês, Hazard and Operability tar e espacial, foram gradativamente adaptadas
Study). e aperfeiçoadas e passaram a ser incorporadas
Iremos apresentar, no total, 10 técnicas. como “ferramentas” para o gerenciamento de ris-
Existem, ainda, outras técnicas além das apresen- cos em atividades industriais, em particular nas
tadas aqui. Vamos nos ater às mais comuns e utili- indústrias química e petroquímica.
zadas na área ambiental.
Já vimos nos capítulos anteriores que os Atenção
grandes acidentes de origem tecnológica envol-
vendo substâncias químicas, ocorridos nas déca- Não confunda Identificação de Perigos com
Análise de Riscos e Avaliação de Riscos.
das de 1970 e 1980, motivaram os órgãos gover- Entre as técnicas que iremos estudar, as mais
namentais a promover diversos programas para o utilizadas são:
gerenciamento de riscos impostos por atividades APP – Análise Preliminar de Perigos.
HazOp – Estudo de Perigos e Operabilidade
industriais.
(Hazard and Operability Study).

3.1 Relação das Técnicas de Identificação de Perigos

Caro(a) aluno(a), existem diversas técnicas 5. Análise de Modos de Falhas e Efeitos


que podem ser utilizadas para a identificação de (AMFE);
perigos num empreendimento. Entre as diversas 6. Análise histórica de acidentes;
técnicas utilizadas para a identificação de perigos, 7. Inspeção de segurança;
as mais comumente utilizadas, e aqui apresenta-
8. Análise de causas e consequências.
das, são:
9. Análise de Árvore de Falhas (AAF);
1. Análise Preliminar de Perigos (APP); 10. Análise de Árvore de Eventos (AAE).
2. Estudo de perigos e operabilidade (Ha-
zOp – Hazard and Operability Study); Não existe a melhor técnica. Dependendo
3. Lista de verificação (checklist); da necessidade e da complexidade do empreen-
4. Análise “E se...?” (What if...?); dimento, pode ser necessária a combinação de
duas ou mais técnicas no processo. O que se deve

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fazer é combinar aquelas que resultem melhor Nos próximos tópicos, você poderá apren-
avaliação, tanto qualitativa, quanto quantitativa der os fundamentos e metodologias dessas técni-
dos riscos, ou seja, das ameaças de perdas even- cas e como utilizá-las.
tuais.

3.2 Análise Preliminar de Perigos (APP) – Preliminary Hazard Analysis (PHA)

A Análise Preliminar de Riscos (APP), tam- A APP deve focalizar todos os eventos pe-
bém denominada Análise Preliminar de Riscos rigosos cujas falhas tenham origem na instala-
(APR), é uma técnica que foi desenvolvida espe- ção em análise, contemplando tanto as falhas
cificamente para aplicação nas etapas de plane- intrínsecas de equipamentos, de instrumentos e
jamento de projetos, visando a uma identificação de materiais, quanto os erros humanos. Também
precoce de situações indesejadas, o que possibili- deve examinar maneiras pelas quais a energia ou
ta a adequação do projeto antes que recursos de material do processo pode ser liberado de forma
grande monta tenham sido comprometidos. descontrolada.
Trata-se, portanto, de uma técnica de po- Na APP devem ser identificados os perigos,
tencial emprego em EIA, pois não exige o deta- as causas e os efeitos (consequências) sobre pes-
lhamento da instalação industrial a ser analisada. soas e meio ambiente e as categorias de severida-
Essa técnica está descrita como a técnica a de correspondentes, bem como as observações e
ser utilizada nos manuais da CETESB e da FEPAM. recomendações pertinentes aos perigos identifi-
Preparam-se planilhas nas quais, para cada cados, devendo os resultados ser apresentados
perigo identificado, são levantadas suas possíveis em planilha padronizada. Assim, concluímos que
causas, efeitos potenciais e medidas básicas de a APP é uma avaliação qualitativa dos riscos. É
controle aplicáveis (preventivas ou corretivas). precursora de outras análises.

Além da identificação, os perigos são tam- A elaboração da APP compreende as eta-


bém avaliados com relação à frequência e grau de pas:
severidade de suas consequências.
A análise preliminar de perigos pode ser ƒƒ definição dos objetivos e do escopo da
uma etapa inicial, seguida de outras ferramentas análise;
de análise. ƒƒ definição das fronteiras do processo
Segundo o Manual de Orientação para a Ela- (instalação);
boração de Estudos de Análise de Riscos (Norma ƒƒ coleta de informações sobre a região, a
P4.261) da CETESB, a APP é uma técnica que teve instalação e os perigos envolvidos;
origem no programa de segurança militar do De- ƒƒ subdivisão do processo (instalação) em
partamento de Defesa dos EUA. Trata-se de uma módulos;
técnica estruturada que tem por objetivo identi- ƒƒ realização da APP com o preenchimen-
ficar os perigos presentes numa instalação, que to da planilha com os dados levantados;
podem ser ocasionados por eventos indesejáveis. ƒƒ elaboração das estatísticas dos cenários
Essa técnica pode ser utilizada em insta- identificados por categorias de risco,
lações na fase inicial de desenvolvimento, nas utilizando as tabelas de frequência e se-
etapas de projeto ou mesmo em unidades já em veridade;
operação, permitindo, nesse caso, a realização de ƒƒ análise dos resultados.
uma revisão dos aspectos de segurança existen-
tes.

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Para o desenvolvimento da APP, necessita-


remos ter o conhecimento das informações des-
critas no Quadro 1.

Quadro 1 – Informações necessárias para a elaboração da APP.

Fonte: CETESB (2003).

Inicialmente, no processo de levantamento


dos dados, utiliza-se a planilha no modelo a se-
guir (Quadro 2).

Quadro 2 – Modelos de planilhas para a elaboração da APP.

Fonte: CETESB (2003).

Exemplo ƒƒ o cilindro pressurizado vasa ou rompe-


-se;
Como exemplo, consideremos um proces- ƒƒ o processo não consome todo H2S;
so que utilizará H2S líquido bombeado. O analis- ƒƒ as linhas de alimentação de H2S apre-
ta de APP só dispõe da informação de que esse sentam vazamento ou ruptura;
produto será usado no processo e nenhum outro ƒƒ ocorre um vazamento durante o recebi-
detalhe do projeto. O analista sabe que o H2S é mento do H2S na planta.
tóxico e identifica sua liberação como um perigo.
Estuda então as causas para essa liberação:

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O analista determina, então, o efeito dessas ƒƒ instalar o cilindro de maneira a facilitar


causas. Nesse caso, havendo liberações maiores, o acesso por ocasião das entregas, mas
poderão ocorrer mortes. A tarefa seguinte con- distante do tráfego de outras plantas;
siste em oferecer orientação e critérios para os ƒƒ sugerir o desenvolvimento de um pro-
projetistas aplicarem no projeto da planta, reco- grama de treinamento para todos os
nhecendo cada um dos mecanismos de liberação empregados, a respeito dos efeitos do
em potencial significativos. Por exemplo, para o H2S e das práticas de emergência, a ser
primeiro item, vazamento no cilindro, o analista entregue a todos os empregados, an-
poderia recomendar: tes da ativação inicial da planta e, sub-
sequentemente, a todos os novos em-
ƒƒ estudar um processo que armazene pregados, junto com um estudo de um
substâncias alternativas de menor toxi- programa semelhante para os vizinhos
dez, capazes de gerar o H2S de acordo da planta.
com as necessidades da operação;
ƒƒ instalar um sistema de alarme na planta; Registro dos resultados
ƒƒ minimizar o armazenamento local do
H2S, sem excesso de manuseio ou de
Os resultados da APP são registrados con-
entregas, como, por exemplo, armaze-
venientemente num formulário (Quadro 3), que
namento das necessidades de produ-
mostra os perigos identificados, as causas, o
ção para um período de duas semanas
modo de detecção, efeitos potenciais, categorias
a um mês;
de frequência e severidade e risco, as medidas
ƒƒ desenvolver um procedimento de ins- corretivas/preventivas e o número do cenário.
peção de cilindros;
ƒƒ estudar um recipiente cilíndrico dotado
de um sistema de inundação disparado
por um detector de vazamentos;

Quadro 3 – Modelos de planilhas para apresentação final da APP.

Fonte: Fleming e Garcia (1999).

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A seguir, detalhamos o preenchimento de Como exemplo de cenário de acidente pos-


cada coluna. sível, podemos mencionar uma grande liberação
de substância inflamável devido à ruptura de tu-
ƒƒ 1ª coluna: Perigo bulação, podendo levar à formação de uma nu-
vem inflamável e tendo como consequência in-
Esta coluna contém os perigos identificados
cêndio ou explosão da nuvem.
para o módulo de análise em estudo. De uma for-
ma geral, os perigos são eventos acidentais que De acordo com a metodologia de APP ado-
têm potencial para causar danos às instalações, tada, os cenários de acidentes foram classificados
aos operadores, ao público ou ao meio ambiente. em categorias de frequência, as quais fornecem
Portanto, os perigos referem-se a eventos como a uma indicação qualitativa da frequência esperada
liberação de material inflamável e tóxico. de ocorrência para cada um dos cenários identifi-
cados, conforme indicado a seguir, na Tabela 1.

ƒƒ 2ª coluna: Causa
ƒƒ 6ª coluna: Categoria de Severidade
As causas de cada perigo são discriminadas
nesta coluna. Essas causas podem envolver tanto Também de acordo com a metodologia de
falhas intrínsecas de equipamentos (vazamentos, APP adotada, os cenários de acidentes foram clas-
rupturas, falhas de instrumentação etc.) quanto sificados em categorias de severidade, as quais
erros humanos de operação e manutenção. fornecem uma indicação qualitativa do grau de
severidade das consequências de cada um dos ce-
nários identificados. As categorias de severidade
ƒƒ 3ª coluna: Modo de Detecção
utilizadas no presente trabalho estão descritos a
Os modos disponíveis na instalação para a seguir, na Tabela 2.
detecção do perigo identificado na primeira co-
luna foram relacionados nesta coluna. A detecção ƒƒ 7ª coluna: Categoria de Risco
da ocorrência do perigo tanto pode ser realizada
através de instrumentação (alarmes de pressão, Combinando-se as categorias de frequên-
de temperatura etc.) quanto através de percep- cia com as de severidade obtém-se a Matriz de
ção humana (visual, odor etc.). Riscos, conforme descrito no Quadro 4, o qual
fornece uma indicação qualitativa do nível de ris-
co de cada cenário identificado na análise.
ƒƒ 4ª coluna: Efeito
Os possíveis efeitos danosos de cada perigo
ƒƒ 8ª coluna: Medidas/Observações
identificado são listados nesta coluna.
Os principais efeitos dos acidentes envol- Esta coluna contém as medidas que devem
vendo substâncias inflamáveis e tóxicas incluem: ser tomadas para diminuir a frequência ou seve-
ridade do acidente ou quaisquer observações
pertinentes ao cenário de acidente em estudo. A
ƒƒ incêndio em nuvem;
letra E (Existente) nesta coluna indica que as me-
ƒƒ explosão de nuvem; didas já foram tomadas.
ƒƒ formação de nuvem tóxica.
ƒƒ 9ª coluna: Identificador do Cenário
ƒƒ 5ª coluna: Categoria de Frequência de Acidente
do Cenário Esta coluna contém um número de iden-
No âmbito da APP, um cenário de acidente tificação do cenário de acidente. Foi preenchida
é definido como o conjunto formado pelo perigo sequencialmente para facilitar a consulta a qual-
identificado, suas causas e cada um dos seus efei- quer cenário de interesse.
tos.

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Tabela 1 – Categorias de frequências de ocorrência dos cenários.

Fonte: Camacho (2004).

Tabela 2 – Categorias de severidade da APP.

Fonte: CETESB (2003).

A classificação dos riscos é obtida pela com-


binação das tabelas de frequências e de severida-
de, como podemos na Figura 7.

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Figura 7 – Matriz de classificação de risco – APP.

Fonte: Amorim (2013).

De acordo com o problema apresentado no


exemplo anterior, poderemos ter como resultado
final a planilha a seguir (Quadro 4).

Quadro 4 – Exemplo de apresentação do resultado final da APP.

Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 5– Exemplo de apresentação do resultado final da APP.

Fonte: Amorim (2013).

Conforme descrito na Norma P4.261 da (APR) descritas no Manual de Análise de Riscos (nº
CETESB, o relatório final de apresentação da APP 01/2001) da FEPAM.
deve conter a seguinte estrutura: Esse documento apresenta os tópicos que
deverão ser contemplados em trabalhos de APR
ƒƒ descrição dos objetivos e escopo da de plantas industriais a serem apresentados à DI-
análise; COPI/FEPAM.
ƒƒ descrição do sistema, contemplando A APR, também conhecida como Análise
aspecto de operação, manutenção e Preliminar de Perigos (APP), é uma técnica quali-
possíveis modificações; tativa para identificação de possíveis cenários de
ƒƒ descrição da metodologia e critérios acidentes em uma dada instalação.
adotados na análise; Deve ser elaborada obedecendo à seguinte
ƒƒ apresentação da Análise Preliminar de estrutura:
Riscos, contendo:
1. modelos de análise; 1. objetivo da aplicação da APR e abran-
2. planilhas da APP; gência de análise;

3. estatísticas dos cenários de aciden- 2. descrição do sistema analisado, com


tes. ênfase em operação, manutenção e em
prováveis alterações a serem propostas
ƒƒ conclusões gerais com cenários de risco
para o sistema;
sério ou crítico identificados na APP;
3. metodologia utilizada, ressaltando os
ƒƒ referências bibliográficas;
critérios aplicados na análise;
ƒƒ anexos contendo os fluxogramas utili-
4. apresentação do sistema analisado,
zados na APP.
identificando os módulos de análise e
apresentando as planilhas correspon-
A seguir, apresentaremos as orientações dentes com estatística dos cenários dos
para realização de Análise Preliminar de Risco acidentes arrolados pela técnica;

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5. apresentação das conclusões gerais da


APR, arrolando os cenários de risco sé- 1. um especialista em análise de riscos,
rio ou crítico identificados; que deve explicar aos demais mem-
6. listagem das recomendações decor- bros do grupo como se faz a aplicação
rentes da análise; da técnica e conduzir as reuniões;
7. referências bibliográficas; 2. um membro da gerência da planta;
8. deverão integrar o estudo a ser enca- 3. um engenheiro de projeto;
minhado todos os fluxogramas utiliza- 4. um engenheiro ou técnico ligado à
dos na APR; produção;
9. deverão integrar os anexos: plantas da 5. um engenheiro de instrumentação;
fábrica com identificação de todas as 6. um técnico envolvido nas rotinas ope-
unidades e entorno da unidade fabril racionais do setor avaliado;
com discriminação dos usos. 7. um secretário.

Por ser uma atividade que envolve conhe- De acordo com a metodologia da APR, os
cimento em diversas áreas, a equipe responsável cenários de acidentes devem ser classificados em
pela elaboração da APR deve ser formada por categorias de frequência, as quais fornecem uma
uma equipe multidisciplinar. indicação qualitativa da frequência esperada de
Deverá constar do trabalho, a relação de to- ocorrência de cada cenário identificado, confor-
dos os participantes da equipe, bem como suas me exemplificado na Tabela 3.
funções no grupo e na empresa. Preferencialmen-
te, a equipe que realizará a APR deverá ser com-
posta de:

Tabela 3 – Categorias de frequência da APP.

Fonte: FEPAM (2001).

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Ainda de acordo com a metodologia da APR, das consequências de cada cenário identificado.
os cenários de acidentes devem ser classificados Na Tabela 4 são exemplificadas as categorias de
em categorias de severidade, as quais fornecem severidade que poderão ser utilizadas.
uma indicação qualitativa do grau de severidade

Tabela 4 – Categorias de severidade da APP.

Obs.: Para classificação de um cenário em uma dada categoria de severidade não é necessário que todos
os aspectos previstos na categoria estejam incluídos nos possíveis efeitos deste acidente.
Fonte: FEPAM (2001).

As categorias de frequência e severidade


podem ser combinadas para se gerar categorias
de risco. Na Figura 8, tem-se uma possível defini-
ção das categorias de risco mencionadas.

Figura 8 – Matriz de classificação de risco – APP.

Fonte: FEPAM (2001).

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Depois de realizado o preenchimento da combinações de classe de frequência e de severi-


planilha, deve-se fazer um levantamento do nú- dade, montando-se uma tabela tal como a Tabela
mero de cenários identificados em cada uma das 5.

Tabela 5 – Matriz de classificação de risco – APP.

Obs.: onde, nAI corresponde ao número de cenários que foram classificados como sendo de
categoria de frequência A (muito improvável) e de severidade I (desprezível). As demais en-
tradas na tabela têm significado semelhante.
Fonte: FEPAM (2001).

3.3 Análise de Perigos e Operabilidade – HazOp (Hazard and Operability Study)

Esta técnica também é uma das mais utiliza- da instalação, além de perdas na produção em ra-
das no processo de Identificação dos Riscos. zão de descontinuidade operacional.
Em 1963, a Divisão de Química Orgânica Também é objetivo da técnica identificar
Pesada da ICI estava projetando uma planta para problemas que possam contribuir para a redução
produção de fenol. Devido a problemas de cus- da qualidade operacional da instalação (operabi-
tos, o projeto foi cortado em muitos pontos, per- lidade da mesma). Cabe lembrar que num HazOp
dendo algumas de suas características originais, a operabilidade é tão importante quanto a iden-
gerando assim algumas críticas. tificação dos perigos, sendo que, na maioria dos
Em 1964, foi estabelecida uma equipe para trabalhos, encontram-se mais problemas de ope-
aplicação de um exame crítico no projeto da plan- rabilidade quando comparados aos perigos.
ta, a fim de detectar deficiências e investir da me- Tem se tornado extremamente claro que,
lhor forma possível. Durante quatro meses, três embora os códigos de práticas sejam de grande
especialistas trabalharam no projeto, examinan- valia, é particularmente importante suplementá-
do detalhadamente todos os diagramas de linha -los com uma técnica imaginativa, que antecipe
da planta, encontrando muitos perigos potenciais os perigos quando novos projetos envolverem
e problemas operacionais que não haviam sido novas tecnologias.
previstos no projeto. Portanto, o princípio da téc- A necessidade de identificar erros ou omis-
nica que se baseava em “encontrar alternativas” sões de projeto tem sido reconhecida há muito
foi modificado para “identificar desvios”, surgindo tempo, mas vem sendo realizada tradicionalmen-
assim a técnica HazOp. te com base em conhecimentos individuais de
O termo HazOp origina-se do inglês Hazard especialistas.
and Operability Study. Também conhecido como Exemplo: O engenheiro de instrumentação
Estudo de Perigos e Operabilidade, o HazOp é verifica os sistemas de controle e, se está satisfei-
uma técnica projetada para identificar perigos to, aprova o projeto e o passa para o próximo es-
que possam gerar acidentes nas diferentes áreas

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pecialista. Esse tipo de verificação individualizada Nessa altura, o projeto já está bem definido,
melhora o projeto, mas tem pouca chance de de- a ponto de permitir a formulação de respostas ex-
tectar perigos relacionados com a interação das pressivas às perguntas do estudo.
diversas funções ou especialidades. Além disso, nesse ponto ainda é possível al-
O HazOp é efetivo na identificação de inci- terar o projeto sem grandes despesas.
dentes previsíveis, mas também é capaz de iden- Do ponto de vista de custos, o HazOp é óti-
tificar as mais sutis combinações que levam a mo quando aplicado a novas plantas, no momen-
eventos pouco esperados. to em que o projeto está estável e documentado,
A Análise de Perigos e Operabilidade é uma ou para plantas existentes ao ser planejado um
técnica para identificação de perigos projetada remodelamento.
para estudar possíveis desvios (anomalias) de Os principais resultados obtidos do HazOp
projeto ou na operação de uma instalação. são:
Consiste no trabalho integrado de uma
equipe de especialistas que realiza um exame ƒƒ identificação de desvios que conduzem
crítico sistemático, a fim de avaliar o potencial de a eventos indesejáveis;
riscos decorrentes da má operação ou mau fun- ƒƒ identificação das causas que podem
cionamento de itens individuais dos equipamen- ocasionar desvios do processo;
tos e os efeitos na instalação, seguindo uma es-
ƒƒ avaliação das possíveis consequências
trutura dada por determinadas palavras-guia que
geradas por desvios operacionais;
permitam identificar desvios ou afastamentos da
normalidade. ƒƒ recomendações para a prevenção de
eventos perigosos ou minimização de
A equipe procura identificar as causas de
possíveis consequências.
cada desvio e, caso sejam constatadas conse-
quências consideradas relevantes, ou seja, as de
elevada probabilidade ou magnitude, são avalia- A Tabela 6 apresenta um exemplo de pla-
dos os sistemas de proteção para determinar se nilha utilizada para o desenvolvimento da análise
estes são suficientes para controlar essas situa- de perigos e operabilidade.
ções. Se a equipe considerar que outras medidas
ou dispositivos de segurança são necessários,
então são feitas as respectivas recomendações.
A técnica é então repetida até que cada seção
do processo ou equipamento de interesse tenha
sido revisado.
A principal vantagem dessa discussão é que
ela estimula a criatividade e gera ideias. Essa cria-
tividade resulta da interação da equipe com dife-
rentes formações.
A melhor ocasião para a realização de um
estudo de riscos e operabilidade é a fase em que
o projeto se encontra razoavelmente consolida-
do, pois o método requer consultas a desenhos, P
& IDs e plantas de disposição física da instalação,
entre outros documentos.

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Tabela 6 – Modelos de planilhas para a elaboração do HazOp.

Fonte: CETESB (2003).

Observe, a seguir, alguns exemplos de pala-


vras-guia, parâmetros de processo e desvios.

Quadro 6 – Modelos de palavras-guia, desvios e parâmetros (HazOp).

Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 7 – Modelos de palavras-guia, desvios e parâmetros (HazOp).

Fonte: CETESB (2003).

Quadro 8 – Modelos de palavras-guia, desvios e parâmetros (HazOp).

Fonte: CETESB (2003).

A seguir, apresentamos alguns exemplos de


desvios e suas possíveis causas.

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Quadro 9 – Exemplos de desvios e possíveis causas (HazOp).

Fonte: Amorim (2013).

Embora o objetivo geral consista na identi- ƒƒ segurança pública;


ficação dos perigos e problemas de operabilida- ƒƒ impactos ambientais.
de, a equipe deve se concentrar em outros itens
importantes para o desenvolvimento do estudo,
tais como: Os estudos HazOp devem ser realizados por
uma equipe multidisciplinar, composta de 5 a 7
membros, embora um contingente menor possa
ƒƒ verificar a segurança do projeto;
ser suficiente para a análise de uma planta peque-
ƒƒ verificar os procedimentos operacio- na. Sendo a equipe numerosa demais, a unidade
nais e de segurança; do grupo se perde e o rendimento tende a ser
ƒƒ melhorar a segurança de uma instala- menor.
ção existente; Para a análise de um novo projeto, a equipe
ƒƒ certificar-se de que a instrumentação pode ser composta por:
de segurança está reagindo da melhor
forma possível; ƒƒ Engenheiro de projeto;
ƒƒ verificar a segurança dos empregados; ƒƒ Engenheiro de processo;
ƒƒ considerar perda da planta ou de equi- ƒƒ Engenheiro de automação;
pamentos;
ƒƒ Engenheiro eletricista;
ƒƒ considerar perdas de produção;
ƒƒ Líder da equipe.

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Para a análise de uma planta em operação, a mentos existentes contêm, via de regra, informa-
equipe pode ser composta por: ções suficientes para o estudo. É importante não
deixar que faltem cópias dos desenhos.
ƒƒ Chefe de fábrica; No caso de plantas descontínuas, os pre-
ƒƒ Supervisor de operação; parativos são em geral mais extensos, sobretudo
ƒƒ Engenheiro de manutenção; pela necessidade maior de operações manuais;
assim, as sequências de operação constituem a
ƒƒ Engenheiro de instrumentação;
maior parte do HazOp. Esses dados operacionais
ƒƒ Engenheiro eletricista; podem ser obtidos nas instruções operacionais,
ƒƒ Químico; diagramas lógicos ou diagramas sequenciais de
ƒƒ Líder da equipe. instrumentos.
Havendo operadores fisicamente envolvi-
dos no processo, como, por exemplo, alimentando
Alguns projetos necessitarão da inclusão de
vasos, suas atividades deverão ser representadas
diferentes disciplinas, como, por exemplo, enge-
pelas instruções (ou protocolos) de fabricação.
nheiro elétrico, engenheiro civil e farmacêutico-
-bioquímico, entre outros. O primeiro requisito consiste na avaliação
das horas necessárias à realização do estudo.
A equipe deve ter um líder que tenha expe-
riência na condução de estudos de HazOp e que Como regra geral, deverá ser estudada cada
tenha em mente fatores importantes para asse- parte isoladamente. Por exemplo, cada tubulação
gurar o sucesso das reuniões, como: não competir principal alimentando um vaso utilizará em média
com os membros da equipe, ter o cuidado de ou- 15 min do tempo da equipe. Um vaso com duas
vir a todos, não permitir que ninguém seja colo- entradas, duas saídas e um alívio deverá utilizar
cado na defensiva, manter o alto nível de energia, cerca de 1 hora e meia. Nessas condições, torna-
fazendo pausas quando necessário. -se possível efetuar uma estimativa com base no
número de tubulações e de vasos a serem anali-
Para que o estudo possa ser realizado, é im-
sados.
portante que esteja disponível toda a documen-
tação necessária, tais como: O HazOp requer a divisão da planta em
nodos (nós) de estudo (pontos estabelecidos
nos desenhos de tubulação, instrumentação e
ƒƒ P & IDs (diagramas de tubulação e ins-
procedimentos, entre os quais encontram-se os
trumentação);
componentes da planta como bombas, vasos,
ƒƒ Fluxogramas de processo e balanço de
trocadores de calor etc.) e que o processo, em tais
materiais;
pontos, seja analisado com auxílio das palavras-
ƒƒ Plantas de disposição física da instala- -guia.
ção;
A equipe de estudo começa pelo início do
ƒƒ Desenhos isométricos; processo, progredindo no sentido do seu fluxo
ƒƒ Memorial descritivo do projeto; natural, aplicando palavras-guia em cada nodo
ƒƒ Folha com os dados dos equipamentos; de estudo, identificando os problemas potenciais
ƒƒ Diagrama lógico de intertravamentos nesses pontos. Como exemplo, a palavra-guia
juntamente com a descrição completa. alta combinada com o parâmetro pressão resulta
num desvio de alta pressão.
A equipe analisa os efeitos desse desvio no
O volume de trabalho exigido nesse estágio ponto em questão e determina suas possíveis
depende do tipo da planta. Em plantas contínuas, causas, bem como suas consequências.
os preparativos são mínimos. Os fluxogramas
atualizados e desenhos de tubulações e instru-

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É importante também que todas as linhas Entre os benefícios resultantes, podemos


de serviço, incluindo linhas de vapor, água, ar relacionar:
comprimido, nitrogênio e drenagem sejam “ha-
zopadas”, assim como as linhas de processo. Além ƒƒ Revisão sistemática e completa: pode
disso, deverão ser observadas pequenas deriva- produzir uma revisão completa do pro-
ções ou ramificações que podem não conter uma jeto de uma instalação e sua operação.
numeração. ƒƒ Avaliação das consequências dos
O sucesso do HazOp depende de vários fa- erros operacionais: embora o HazOp
tores, a saber: não substitua uma análise completa de
erro humano, ele pode auxiliar na iden-
ƒƒ fundamentalmente do grau de comple- tificação de cenários nos quais os ope-
mentação e precisão dos documentos e radores podem errar, originando sérias
outros dados para a fase de estudo; consequências, justificando medidas
ƒƒ da habilidade técnica e do discernimen- adicionais de proteção.
to da equipe; ƒƒ Prognóstico de eventos: o HazOp
ƒƒ da habilidade da equipe em usar uma pode ser efetivo na descoberta de inci-
aproximação como um auxílio à sua dentes previsíveis, mas também pode
imaginação para visualizar desvios, cau- identificar sequências de eventos raros
sas e consequências; que possam acarretar incidentes que
ƒƒ da habilidade da equipe em se concen- nunca ocorreram.
trar nos perigos mais importantes entre ƒƒ Melhoria da eficiência da planta:
aqueles que forem identificados. além da identificação dos perigos, o Ha-
zOp pode descobrir cenários que levam
a distúrbios na planta, como bloqueios
O processo de registro constitui uma parte não planejados, danos a equipamentos,
importante do HazOp. É impossível registrar to- produtos fora de especificação, bem
dos os comentários e sugestões, contudo é im- como melhorias básicas na maneira
portante que nenhuma ideia se perca. pela qual a planta é operada.
É altamente recomendável que os integran- ƒƒ Melhor compreensão dos engenhei-
tes da equipe revisem individualmente o relató- ros e operadores com relação às
rio e depois se reúnam para uma revisão final do operações da planta: uma série de in-
mesmo. formações detalhadas do projeto e da
O formulário HazOp que documenta os re- operação surge e é discutida durante
sultados da análise deve ser preenchido durante um HazOp bem-sucedido.
as reuniões do HazOp (vide exemplo nos Qua-
dros 10, 11 e 12 a seguir).
Entre as deficiências, pontos fracos ou difi-
É também conveniente que as sessões se-
culdades que podem ser encontradas durante a
jam gravadas para posterior transcrição.
aplicação do HazOp, destacamos:
Outra forma de se documentar um HazOp é
através de computadores. Para isso, entretanto, a
ƒƒ Pouco conhecimento dos procedimen-
pessoa encarregada pelo registro dos dados deve
tos de aplicação do HazOp e dos recur-
estar familiarizada com o programa e com a lin-
sos requeridos.
guagem do computador, de forma que os dados
possam ser digitados correta e rapidamente. Um ƒƒ Inexperiência da equipe: um HazOp
registro lento poderá aumentar o tempo gasto realizado por equipes inexperientes
para a conclusão do estudo. pode não atingir os objetivos desejados

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quanto à identificação dos perigos, ou ƒƒ Extensas sessões de HazOp: na pressa


ainda gerar recomendações não perti- pela conclusão do HazOp, as sessões
nentes. são algumas vezes planejadas para cin-
ƒƒ Líder inexperiente ou não adequada- co dias consecutivos ou mais, em perío-
mente treinado: o líder de HazOp pre- do integral, levando a equipe ao extre-
cisa ser tecnicamente forte e experiente mo cansaço. Para HazOps que duram
na técnica, de forma a extrair os conhe- o dia todo, a eficiência da equipe cai
cimentos de todos os participantes. drasticamente. Na prática, para estudos
ƒƒ Falha em se estabelecer um ambiente que duram mais do que uma semana,
“seguro” para os membros da equipe: um HazOp de cinco horas por dia pode-
um HazOp deve ser uma troca livre de rá ser melhor executado, sem o cansaço
informações a respeito de como a plan- da equipe.
ta realmente é operada. A menos que os
membros da equipe estejam livres de re- Vamos ilustrar com dois exemplos um pro-
criminação e possam fazer declarações cesso utilizando o HazOp.
do tipo “aquele sistema de bloqueio não
foi testado em dois anos”, o HazOp não ƒƒ Exemplo 1:
cobrirá algumas falhas sérias de projeto
ou de operação da planta.
ƒƒ Acreditar em medidas de proteção Considere, como um exemplo simples, o
desnecessárias: é fundamental que o processo contínuo onde o ácido fosfórico e a
líder force a equipe a avaliar a eficácia amônia são misturados, produzindo uma subs-
de cada medida de proteção antes de tância inofensiva, o fosfato de diamônio (DAP).
requerê-la. Se for acrescentada uma quantidade inferior de
ácido fosfórico, a reação será incompleta, com
ƒƒ Atualização deficiente dos P & IDs: em
produção de amônia. Se a amônia for adicionada
muitos casos, os P & IDs de instalações
em quantidade inferior, haverá produção de uma
existentes não foram mantidos atuali-
substância não perigosa, porém indesejável. A
zados, podendo causar atraso e aumen-
equipe de HazOp recebe a incumbência de inves-
to nos custos. A equipe pode falhar em
tigar “os perigos decorrentes da reação”.
identificar perigos importantes se os P
& IDs ou outros documentos estiverem
imprecisos ou desatualizados.
ƒƒ Aplicação inadequada do HazOp para
determinados sistemas: para alguns sis-
temas, outras técnicas de identificação
de perigos podem ser mais apropriadas.
Num estágio inicial de um novo projeto,
antes que os P & IDs estejam estabele-
cidos, uma APP, ou mesmo um What if,
poderá ser mais adequada.

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Figura 9 – Unidade de produção de DAP.

Fonte: Amorim (2013).

Quadro 10 – Modelos de formulários para a elaboração do HazOp.

Fonte: Amorim (2013).

Quadro 11 – Modelos de formulários para a elaboração do HazOp.

Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 12 – Modelos de formulários para a elaboração do HazOp.

Fonte: Amorim (2013).

ƒƒ Exemplo 2: Testes recentes indicam que poderá ocorrer


uma reação descontrolada, com ruptura do vaso,
caso a temperatura atinja um valor elevado.
Uma reação exotérmica ocorre no reator
EP 1. A temperatura da reação é controlada pelo
ajuste da vazão de água através da malha de con- REAÇÃO: A + B = C + energia.
trole constituída pelos elementos TT 1, Ts 1, TC 1 e
TV 1. O alarme de temperatura (TA 1) alerta o ope- ƒƒ A reação é controlada em 50 ºC;
rador quando a temperatura excede as condições ƒƒ O alarme é acionado em 60 ºC;
operacionais estabelecidas. Nessa situação, a vál- ƒƒ A temperatura da água é de 5 ºC.
vula de by pass (H 1) deve ser aberta manualmen-
te para aumentar a vazão de água de refrigeração.
Existe também uma válvula de alívio rápido Analisar o subsistema Água de Refrigeração.
(RV 1) no costado do reator com o objetivo de evi-
tar a ruptura do vaso.

Figura 10 – Representação do subsistema água de refrigeração.

Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 13 – Modelos de formulários para a elaboração do HazOp.

Fonte: Amorim (2013).

Quadro 14 – Modelos de formulários para a elaboração do HazOp.

Fonte: Amorim (2013).

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3.4 Análise “E se...” (“What if...?”)

O procedimento What-If é uma técnica de d) Reunião de revisão de processo: para


análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastan- os integrantes ainda não familiarizados
te simples e útil para uma abordagem em primei- com o sistema em estudo;
ra instância na detecção exaustiva de riscos, tanto e) Reunião de formulação de questões:
na fase de processo, projeto ou pré-operacional, formulação de questões “O QUE - SE...”,
não sendo sua utilização unicamente limitada às começando do início do processo e
empresas de processo. continuando ao longo do mesmo, pas-
O What-If é um procedimento de revisão so a passo, até o produto acabado colo-
de riscos de processos que se desenvolve através cado na planta do cliente;
de reuniões, questionamento de procedimentos, f) Reunião de respostas às questões
instalações etc., gerando também soluções para (formulação consensual): em sequên-
os problemas levantados. cia à reunião de formulação das ques-
Utiliza-se de uma sistemática técnico-ad- tões, cabe a responsabilidade individual
ministrativa que inclui princípios de dinâmica de para o desenvolvimento de respostas
grupos. O What-If, uma vez utilizado, é aplicado escritas às questões. As respostas serão
periodicamente. analisadas durante a reunião de respos-
Como resultados, espera-se determinar a ta às questões, sendo cada resposta ca-
revisão de um largo espectro de riscos, obtendo- tegorizada como:
-se um consenso entre as áreas de atuação (pro- ƒƒ resposta aceita pelo grupo tal como
dução, processo, segurança) sobre a operação se- submetida;
gura da planta. ƒƒ resposta aceita após discussão e/ou
Os resultados finais são apresentados por modificação;
meio de um relatório detalhado, de fácil entendi- ƒƒ aceitação postergada, em depen-
mento, que pode servir também de material para dência de investigação adicional.
treinamento e base de revisões futuras.
O consenso grupal é o ponto-chave
As etapas de elaboração do What-If são as- desta etapa, onde a análise de riscos
sim descritas: tende a se fortalecer;
g) Relatório de revisão dos riscos do
a) Formação do comitê de revisão: mon- processo: o objetivo é documentar
tagens das equipes e seus integrantes; os riscos identificados na revisão, bem
b) Planejamento prévio: planejamento como registrar as ações recomendadas
das atividades e pontos a serem abor- para eliminação ou controle dos mes-
dados na aplicação da técnica; mos.
c) Reunião organizacional: com a fina-
lidade de discutir procedimentos, pro-
gramação de novas reuniões, definição
de metas para as tarefas e informação
aos integrantes sobre o funcionamento
do sistema sob análise;

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Saiba mais

ARAquá
O software ARAquá foi desenvolvido para auxiliar as avaliações de riscos ambientais de agrotóxicos, considerando as
possíveis contaminações de corpos d’água superficiais e subterrâneos, através da comparação de suas concentra-
ções estimadas, em cenário de uso agrícola, com parâmetros de qualidade de água.
A interface do ARAquá com o usuário foi planejada para ser amigável e os dados de entrada necessários são de fácil
obtenção, quando comparado com outros softwares para o mesmo fim.
O cadastramento pelo usuário de condições do clima e de propriedades do solo e do agrotóxico permite os cálcu-
los para situações específicas, além daquelas pré-cadastradas que seguem com o software. Dessa forma, o ARAquá
mostra-se adaptado às condições brasileiras de clima e solo e de pouca disponibilidade de dados.
Requisitos mínimos:
Processador: Pentium III 500 MHz ou posterior
Memória: 256 MB
Sistema Operacional: Windows XP/Vista Saiba mais
Adobe Reader 7.0 ou posterior
Resolução de Tela: 1024 X 768 pixels (Melhor Visualização)
Fonte: http://www.sgte.embrapa.br/produtos/araqua.php

3.5 Lista de Verificação (Checklist)

Uma das ferramentas mais utilizadas é o O Checklist simplificado que se segue foi de-
Checklist, conhecido também como questionário. rivado de questões What-If e cobre importantes
Baseia-se na elaboração e aplicação de uma aspectos de uma operação de produção. As pala-
sequência lógica de questões para a avaliação das vras ou frases da listagem devem servir para esti-
condições de segurança de uma instalação, por mular questões relativas a cada assunto.
meio de suas condições físicas, dos equipamen-
tos utilizados e das operações praticadas.
A lista de verificação aplica-se às etapas de
elaboração de projeto, de construção, de opera-
ção e durante as paradas para manutenção.

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Quadro 15 – Modelos de formulários para a elaboração do checklist.

Fonte: Campos (2012).

Exemplo ƒƒ “Onde foram usados revestimentos


plásticos de tubulações ou equipamen-
A frase “Materiais de Construção” deveria le- tos, temperaturas e pressões são conve-
var a questões como: nientemente baixas ou adequadamen-
te controladas?”

ƒƒ “Foi usado material adequado em tan-


ques, tubulações, instrumentação, co-
nexões de instrumentos, agitadores, tu-
bos mergulhados, válvulas, ancoragem
de tanques, flangeamentos e seus para-
fusos, juntas de expansão etc.?”

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3.6 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) – Failure Modes


and Effects Analysis (FMEA)

A Análise de Modos de Falha e Efeitos ƒƒ Determinação dos componentes cujas


(AMFE), do inglês Failure Modes and Effects Analy- falhas possam redundar em efeitos críti-
sis (FMEA), é uma técnica para análise de riscos cos na operação do sistema em análise.
que consiste no exame de componentes indivi-
duais, com o objetivo de avaliar os efeitos que
A AMFE é basicamente um método quali-
eventuais falhas podem causar no comporta-
tativo que estabelece, de forma sistemática, uma
mento de um determinado sistema; é, portanto,
lista de falhas com seus respectivos efeitos e pode
uma análise sistemática com ênfase nas falhas de
ser de fácil aplicação e avaliação para a definição
componentes, não considerando falhas operacio-
de melhorias de projetos ou modificações em sis-
nais ou erros humanos.
temas ou plantas industriais.
É importante ressaltar que também não é
Uma variação da AMFE é a AMFEC (Análise
objetivo da AMFE estabelecer as combinações
de Modos de Falhas, Efeitos e Criticidade), cuja di-
de falhas dos equipamentos ou as sequências
ferença fundamental consiste em considerar, na
das mesmas, mas sim estabelecer como as falhas
análise das falhas identificadas, uma graduação
individuais podem afetar diretamente ou contri-
do nível de criticidade dos efeitos decorrentes
buir de forma relevante ao desenvolvimento de
dessas falhas. Portanto, a AMFEC, além dos ob-
um evento indesejado que possa acarretar conse-
jetivos e resultados obtidos com a aplicação da
quências significativas.
AMFE, propicia também a avaliação comparativa
Assim, a aplicação da técnica AMFE, em das diferentes falhas identificadas, em termos de
sistemas ou plantas industriais, permite analisar importância ou prioridade para a definição do es-
como podem falhar os diferentes componentes, tabelecimento de modificações ou ações de ge-
equipamentos ou sistemas, de forma que possam renciamento das possíveis anormalidades.
ser determinados os possíveis efeitos decorrentes
A AMFE pode ser utilizada nas etapas de
dessas falhas, permitindo, consequentemente,
projeto, construção e operação.
definir alterações de forma a aumentar a confiabi-
lidade dos sistemas em estudo, ou seja, diminuir Na etapa de projeto, a técnica é útil para a
a probabilidade da ocorrência de falhas indesejá- identificação de proteções adicionais, que pos-
veis. sam ser facilmente incorporadas para a melhoria
e o aperfeiçoamento dos aspectos de segurança
Com base no anteriormente exposto, pode-
dos sistemas.
-se concluir que os principais objetivos da AMFE
são: Na fase de construção, a AMFE pode ser uti-
lizada para a avaliação das possíveis modificações
que possam ter surgido durante a montagem de
ƒƒ Revisão sistemática dos modos de falha
sistemas, o que é bastante comum; por fim, para
de componentes, de forma a garantir
instalações já em operação, a técnica é útil para a
danos mínimos aos sistemas;
avaliação de falhas individuais que possam indu-
ƒƒ Determinação dos possíveis efeitos que zir a acidentes potenciais.
as possíveis falhas de um determinado
Em geral, a aplicação da AMFE pode ser
componente poderão causar em outros
realizada por dois analistas que conheçam perfei-
componentes do sistema em análise;
tamente as funções de cada equipamento ou sis-
tema, assim como a influência destes nas demais
partes ou sistemas de uma linha ou processo. Em

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sistemas complexos, o número de analistas é, nor- O formato da tabela a ser utilizado está tam-
malmente, incrementado, de acordo com a com- bém associado ao tipo de análise e nível de deta-
plexidade e especificidades das instalações. lhamento desejado; na sequência estão apresen-
De forma geral, para se garantir a efetivida- tados dois tipos de tabelas, sendo o segundo um
de na aplicação da técnica, deve-se dispor de: exemplo de tabela para a aplicação da AMFEC.
A definição do problema e das condições
ƒƒ Lista dos equipamentos e sistemas; de contorno deve contemplar a determinação
ƒƒ Conhecimento das funções dos equipa- prévia do que efetivamente será analisado; assim,
mentos, sistemas e planta industrial; de forma geral, como elementos mínimos devem
ser considerados:
ƒƒ Fluxogramas de processo e instrumen-
tação (P & IDs);
ƒƒ A identificação da planta e/ou dos siste-
ƒƒ Diagramas elétricos, entre outros docu-
mas a serem analisados;
mentos e informações, de acordo com a
instalação ou processo a ser analisado. ƒƒ O estabelecimento dos limites físicos
dos sistemas, o que implica normal-
mente a utilização de fluxogramas de
Na aplicação da AMFE, devem ser contem- engenharia;
pladas as seguintes etapas: ƒƒ O reconhecimento das informações ne-
cessárias para a identificação dos equi-
ƒƒ Determinar o nível de detalhamento da pamentos e suas relações como os de-
análise a ser realizada; mais sistemas da planta a ser analisada.
ƒƒ Definir o formato da tabela e informa-
ções a serem apontadas;
ƒƒ Definir o problema e as condições de
contorno;
ƒƒ Preencher a tabela da AMFE;
ƒƒ Apontar as informações e recomenda-
ções.

O nível de detalhamento da análise a ser


realizada na aplicação da AMFE dependerá, ob-
viamente, da complexidade da instalação a ser
analisada, bem como dos objetivos a serem al-
cançados; assim, se a análise tiver por finalidade
definir a necessidade ou não de proteções ou
sistemas de segurança adicionais (redundâncias),
certamente a análise deverá ser mais detalhada e
criteriosa, podendo haver a necessidade de estu-
dar cada equipamento, acessórios, interfaces, in-
tertravamentos etc.

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Quadro 16 – Exemplo de tabela – AMFE.

Fonte: Amorim (2013).

Quadro 17 – Exemplo de tabela – AMFEC.

Fonte: Amorim (2013).

O Quadro 18, que segue, apresenta um


exemplo de classificação para a categorização do
nível de severidade (criticidade), associado aos
possíveis efeitos decorrentes das falhas identi-
ficadas, conforme previsto na tabela da AMFEC,
anteriormente apresentada.

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Quadro 18 – Categorias de severidade – AMFEC.

Fonte: Amorim (2013).

O preenchimento da tabela deve ser reali- tuações que possam provocar conse-
zado de forma sistemática, propiciando assim as quências relevantes;
condições para a redução de eventuais omissões ƒƒ Para cada modo de falha identificado,
nessa atividade; para tanto, em geral, utiliza-se deve-se procurar avaliar os efeitos em
como referência um fluxograma de engenharia outros componentes ou no sistema; por
ou outros documentos adicionais, de acordo com exemplo, uma falha que possa gerar o
a complexidade da instalação em análise. vazamento de um líquido por um selo
Inicia-se o preenchimento da tabela, a par- de uma bomba tem um efeito imediato
tir do primeiro componente (equipamento) con- ao redor desse equipamento e, caso o
siderado de interesse para os objetivos da análise produto seja inflamável, poderá ocasio-
a ser realizada, seguindo o fluxo (sequência) nor- nar um incêndio afetando outros equi-
mal do processo até a sua etapa final, devendo-se pamentos situados nas imediações.
considerar as seguintes recomendações:

Por fim, para cada modo de falha e após a


ƒƒ Identificação adequada dos equipa- definição dos possíveis efeitos decorrentes da fa-
mentos, considerando suas denomina- lha em questão, devem ser apontadas eventuais
ções formais ou dados adicionais, caso recomendações, caso julgado necessário.
necessário;
ƒƒ Descrever adequadamente e contem-
Exemplos
plar os diferentes modos de falha em
relação ao modo normal de operação
de cada equipamento considerado na Na sequência, estão apresentados dois
análise; assim, por exemplo, um modo exemplos de forma a ilustrar a aplicação da téc-
de falha de uma válvula de controle que nica AMFE.
opera normalmente aberta, pode ser A Figura 11, que segue, representa, de for-
“falha em abrir ou falha fechada”; ma simplificada e esquemática, uma caixa d’água
ƒƒ Os analistas devem priorizar e se con- de uso domiciliar, para a qual foi desenvolvida
centrar na análise, em especial, nas si- uma AMFE, de forma a se estudar as possíveis per-
das decorrentes de falhas de seus componentes.

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Figura 11– Esquema simplificado de caixa d’água.

Fonte: Amorim (2013).

O Quadro 19, apresentado na sequência,


mostra a aplicação da técnica AMFE para a caixa
d’água.

Quadro 19 – Caixa d’água – AMFE.

Fonte: Amorim (2013).

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A Figura 12 apresenta um esquema simpli- são mostrados os quadros relativos à aplicação da


ficado de um processo industrial com um reator técnica, dessa vez considerando também os mo-
exotérmico, que tem a temperatura de reação dos de detecção das falhas e a severidade (criti-
controlada pela circulação de água; na sequência cidade) dos possíveis efeitos associados (AMFEC).

Figura 12 – Reator exotérmico.

Fonte: Amorim (2013).

Quadro 20– Tabela AMFEC – reator exotérmico.

,
Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 21 – Tabela AMFEC – reator exotérmico (continuação).

Fonte: Amorim (2013).

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Quadro 22 – Tabela AMFEC – reator exotérmico (continuação).

Fonte: Amorim (2013).

3.7 Análise Histórica de Acidentes

Consiste no levantamento de acidentes


ocorridos em instalações similares, utilizando-se
a consulta a bancos de dados de acidentes ou re-
ferências bibliográficas específicas.

3.8 Inspeção de Segurança

Por definição, é um método que somente se


aplica a instalações em operação.

3.9 Análise de Árvore de Falhas (AAF) – Fault Tree Analysis (FTA)

A Análise de Árvore de Falhas (AAF) (Failu- A AAF é um método excelente para o estu-
re Tree Analysis – FTA) foi desenvolvida por H. A. do dos fatores que poderiam causar um evento
Watson, nos anos 1960, para os Laboratórios Bell indesejável (falha) e encontra sua melhor aplica-
Telephone, no âmbito do projeto do míssil Minu- ção no estudo de situações complexas.
teman, sendo posteriormente aperfeiçoada e uti- A Análise de Árvores de Falhas é uma téc-
lizada em outros projetos aeronáuticos da Boeing. nica dedutiva que tem por objetivo identificar as

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causas potenciais de acidentes e de falhas (even- Pode-se também determinar caminhos crí-
tos indesejáveis – topo) num determinado siste- ticos, sequências de eventos com maior probabili-
ma, a partir da combinação lógica das falhas dos dade de levar ao evento indesejado (denominado
diversos componentes do sistema, além de per- evento-topo, por situar-se no topo, ou no tronco
mitir a estimativa da probabilidade ou frequência de uma árvore invertida, cujas bifurcações são as
de ocorrência de uma determinada falha ou aci- raízes).
dente (obtenção da probabilidade de ocorrência Observações: pode ser realizada em dife-
do evento indesejado). rentes níveis de complexidade. Ótimos resulta-
Portanto, é um método que possibilita uma dos podem ser conseguidos apenas com a forma
Análise Quantitativa e Qualitativa. qualitativa de análise. Completa-se excelente-
A AAF consiste na construção de um pro- mente com a Análise de Modos de Falhas e Efei-
cesso lógico dedutivo que, partindo de um even- tos (AMFE).
to indesejado predefinido (hipótese acidental), Alguns significados básicos:
busca as suas possíveis causas. O processo segue
investigando as sucessivas falhas dos componen- ƒƒ Evento: desvio, indesejado ou espera-
tes até atingir as chamadas falhas (causas) bási- do, do estado normal de um compo-
cas, que não podem ser desenvolvidas, e para as nente do sistema;
quais existem dados quantitativos disponíveis. ƒƒ Evento-Topo: evento indesejado ou hi-
O evento indesejado é comumente chamado de pótese acidental. Localizado no topo da
“Evento-Topo”. árvore de falhas, é desenvolvido até que
A construção do processo lógico dedutivo as falhas mais básicas do sistema sejam
é efetuada com o auxílio da Álgebra Booleana. identificadas, por meio de relações lógi-
cas que estabelecem as relações entre
as falhas;
Dicionário
ƒƒ Evento Intermediário: evento que
Álgebra Booleana: ramo da matemática que des- propaga ou mitiga um evento iniciador
creve o comportamento de funções lineares ou
(básico) durante a sequência do aciden-
variáveis binárias: on/off; aberto/fechado; verda-
deiro/falso. Todas as árvores de falhas coerentes te;
podem ser convertidas numa série equivalente ƒƒ Evento Básico: um evento é considera-
de equações “booleanas”. Para proceder ao estudo
quantitativo da AAF, é necessário conhecer e re- do básico, quando nenhum desenvolvi-
lembrar algumas definições da Álgebra de Boole. mento a mais é julgado necessário;
A Álgebra Booleana foi desenvolvida pelo mate-
mático George Boole para o estudo da lógica. ƒƒ Evento Não Desenvolvido: evento
que não pode ser desenvolvido porque
não há informações disponíveis.
Para a construção da árvore de falhas, a ƒƒ Porta Lógica (Comporta Lógica): for-
partir de um determinado “evento-topo”, três ma de relacionamento lógico entre os
perguntas são consideradas fundamentais para eventos de entrada (input-lower) e o
a identificação dos eventos intermediários e bási- evento de saída (output-higher). Esses
cos e de suas relações lógicas; são elas: relacionamentos lógicos são normal-
mente representados como portas E
(AND) ou OU (OR).
ƒƒ Que falhas podem ocorrer?
ƒƒ Como essas falhas podem ocorrer?
ƒƒ Quais são as causas dessas falhas? A diagramação lógica da árvore de falhas
com bifurcações sucessivas é feita utilizando-se
símbolos e comportas lógicas, indicando o rela-

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cionamento entre os eventos considerados. As A relação lógica entre os eventos-topo, in-


duas unidades básicas ou comportas lógicas en- termediários e básicos é representada por símbo-
volvidas são os operadores E e OU, que indicam los lógicos, cujos principais são:
o relacionamento casual entre eventos dos níveis
inferiores que levam ao evento-topo. As combi-
nações sequenciais desses eventos formam os di-
versos ramos da árvore.

Figura 13 – Símbolos lógicos utilizados em uma árvore de falhas.

Fonte: Amorim (2013).

De forma geral, a sequência para o desen- ções, eventos particulares ou falhas que
volvimento de uma árvore de falhas contempla as possam vir a contribuir para ocorrência
seguintes etapas: do evento-topo selecionado;
ƒƒ Construção da árvore de falhas, deter-
ƒƒ Seleção do evento indesejável ou falha, minando os eventos que contribuem
cuja probabilidade de ocorrência deve para a ocorrência do evento-topo, esta-
ser determinada. Seleção do “Evento-To- belecendo as relações lógicas entre os
po” (na aplicação em estudos de análise mesmos;
de riscos, normalmente o evento-topo ƒƒ Montagem, através da diagramação
é definido a partir de uma hipótese aci- sistemática, dos eventos contribuintes
dental, identificada anteriormente, pela e falhas levantadas na etapa anterior,
aplicação de técnicas específicas, como mostrando o inter-relacionamento en-
Análise Preliminar de Perigos, HazOp, tre esses eventos e falhas, em relação
Análise de Modos de Falhas e Efeitos e ao evento-topo. O processo inicia com
What-If, entre outras; os eventos que poderiam, diretamente,
ƒƒ Revisão dos fatores intervenientes: am- causar tal fato, formando o primeiro ní-
biente, dados do projeto, exigências do vel – o nível básico.
sistema etc., determinando as condi-

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ƒƒ Seguir esse procedimento para os even- Entre os principais benefícios do uso da AAF,
tos intermediários até a identificação em estudos de análise de riscos pode-se destacar:
dos eventos básicos em cada um dos
“ramos” da árvore; ƒƒ Conhecimento detalhado de uma insta-
ƒƒ À medida que se retrocede, passo a pas- lação ou sistema;
so, até o evento topo, são adicionadas ƒƒ Estimativa da confiabilidade de um de-
as combinações de eventos e falhas terminado sistema;
contribuintes. Desenhada a árvore de ƒƒ Cálculo da frequência de ocorrência de
falhas, o relacionamento entre os even- uma determinada hipótese acidental;
tos é feito através das comportas lógi-
ƒƒ Identificação das causas básicas de um
cas;
evento acidental e das falhas mais pro-
ƒƒ Realizar uma avaliação qualitativa da ár- váveis que contribuem para a ocorrên-
vore elaborada, dando especial atenção cia de um acidente maior;
para a ocorrência de eventos repetidos;
ƒƒ Detecção de falhas potenciais, difíceis
ƒƒ Através de Álgebra Booleana são de- de ser reconhecidas;
senvolvidas as expressões matemáticas
ƒƒ Tomada de decisão quanto ao controle
adequadas, que representam as entra-
dos riscos associados à ocorrência de
das da árvore de falhas. Cada comporta
um determinado acidente, com base
lógica tem implícita uma operação ma-
na frequência de ocorrência calculada e
temática, podendo ser traduzidas, em
nas falhas contribuintes de maior signi-
última análise, por ações de adição ou
ficância.
multiplicação;
ƒƒ Aplicação das probabilidades ou fre-
quências nos eventos básicos;
ƒƒ Cálculo das frequências dos eventos
intermediários, de acordo com as rela-
ções lógicas estabelecidas, ou seja, de-
terminação da probabilidade de falha
de cada componente;
ƒƒ A probabilidade de ocorrência do even-
to-topo será investigada pela combina-
ção das probabilidades de ocorrência
dos eventos que lhe deram origem.

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Figura 14 – Estrutura de uma árvore de falhas.

Fonte: Campos (2012).

Figura 15 – Exemplo genérico de uma árvore de falhas.

Fonte: Campos (2012).

Exemplo 1 para subsidiar a elaboração da árvore de falhas;


assim, as possíveis causas (falhas) que podem le-
A falha catastrófica de uma luminária é: “Fa- var ao evento-topo (falha da luminária em acen-
lha da luminária em acender”; logo, esse será o der) incluem:
“evento-topo” da árvore de falhas.
Considerando que os componentes desse
sistema (luminária) são, de forma simplificada, a
lâmpada, o fio, o interruptor e a corrente elétrica,
o analista deve procurar identificar cada uma das
possíveis causas (falhas) desses componentes, de
forma a estabelecer uma relação lógica entre elas

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Figura 16 – Esquema para elaboração da árvore de falhas para falha de uma luminária.

Fonte: Amorim (2013).

Tomando por base a identificação desses


eventos (falhas), vamos estruturar a árvore de fa-
lhas para o evento-topo definido, conforme mos-
tra a Figura 17.

Figura 17 – Árvore de falhas para falha de uma luminária.

Fonte: Amorim (2013).

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Exemplo 2

Evento indesejado para um congressista


que não consegue chegar a tempo à conferência.

Figura 18 – Árvore de falhas para um congressista que não consegue chegar a tempo à conferência.

Fonte: Campos (2012).

Exemplo 3

Evento indesejado para falha em um siste-


ma de alarme de fogo domiciliar.

Figura 19 – Árvore de falhas para sistema de alarme de fogo domiciliar.

Fonte: Campos (2012).

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3.10 Análise de Árvore de Eventos (AAE) – Event Tree Analysis (ETA)

A Análise da Árvore de Eventos (AAE) é um b) Definir os sistemas de segurança (ações)


método lógico-indutivo para identificar as várias que podem amortecer o efeito do even-
e possíveis consequências resultantes de um cer- to inicial;
to evento inicial. c) Combinar em uma árvore lógica de de-
É composta por um diagrama que descreve cisões as várias sequências de aconte-
a sequência de eventos para que ocorra um aci- cimentos que podem surgir a partir do
dente. evento inicial;
Cada ramificação desse diagrama possui d) Uma vez construída a árvore de even-
apenas duas possibilidades: Sucesso ou Fracasso. tos, calcular as probabilidades associa-
A técnica busca determinar as frequências das a cada ramo do sistema que conduz
das consequências decorrentes dos eventos in- a alguma falha (acidente).
desejáveis, utilizando encadeamentos lógicos a
cada etapa de atuação do sistema. A árvore de eventos deve ser lida da esquer-
Como observado nas técnicas já apresen- da para a direita. Na esquerda começa-se com o
tadas e nos exemplos anteriores, nas aplicações evento inicial e segue-se com os demais eventos
de análise de risco, o evento inicial da árvore de sequenciais. A linha superior é NÃO e significa
eventos é, em geral, a falha de um componente que o evento não ocorre, a linha inferior é SIM e
ou subsistema, sendo os eventos subsequentes significa que o evento realmente ocorre.
determinados pelas características do sistema. O exemplo genérico da Figura 20 represen-
Para o traçado da árvore de eventos as se- ta, esquematicamente, o funcionamento da téc-
guintes etapas devem ser seguidas: nica de AAE.

a) Definir o evento inicial que pode con-


duzir ao acidente;

Figura 20 – Exemplo genérico para uma árvore de eventos (AAE).

Fonte: Campos (2012).

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Exemplo fictício para proceder a análise O descarrilamento pode ser causado por
quantitativa qualquer uma das três falhas assinaladas.

Investigar a probabilidade de descarrila-


mento de vagões ou locomotivas, dado que exis-
te um defeito nos trilhos.

Figura 21 – Árvore de eventos (AAE) – descarrilamento de vagões.

Fonte: Campos (2012).

3.11 Análise de Causas e Consequências

Visa à identificação dos fatores que podem


causar acidentes.
Sua metodologia utiliza a preparação de
árvore de eventos, buscando o detalhamento de
evento para determinação de suas causas básicas
(árvore de falhas).
Como resultados, deseja-se obter a deter-
minação de medidas de redução de eventos aci-
dentais.

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3.12 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, estudamos as principais técnicas para a identificação de perigos
num empreendimento, que foram:

1. Análise Preliminar de Perigos (APP);


2. Estudo de perigos e operabilidade (HazOp – Hazard and Operability Study).
3. Lista de verificação (Checklist);
4. Análise “E se...” (“What if...?”);
5. Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE);
6. Análise histórica de acidentes;
7. Inspeção de segurança;
8. Análise de causas e consequências.
9. Análise de Árvore de Falhas (AAF);
10. Análise de Árvore de Eventos (AAE).

3.13 Atividades Propostas

1. Cite as principais características da metodologia de desenvolvimento de uma APP e quando


que é indicada. Faça uma pesquisa e procure um exemplo que tenha utilizado a APP como
técnica para Identificação de Risco.
2. Cite as principais características da metodologia de desenvolvimento de um HazOp e quando
que é indicado. Faça uma pesquisa e procure um exemplo que tenha utilizado o HazOp como
técnica para Identificação de Risco.
3. Analisando o evento indesejável “Queda de Elevador Provisório de Passageiros” por rompi-
mento do cabo, monte a Árvore de Falhas (AAF) para esse evento.
4. Considere uma instalação na qual os reagentes A e B reagem entre si para formar o produto
C. Suponha que a química do processo é tal que a concentração de B não deva nunca exceder
a de A, senão ocorreria uma explosão: Reação química: A + B = C. Para o caso apresentado,
considerando a variável Fluxo de A, selecione duas palavras-guia e monte a planilha HazOp1.
5. Liste a sequência de atividades que você teria que fazer para lavar 5 kg de roupa utilizando a
lavadora automática. Em seguida monte uma tabela What-If.

1
Obs.: Exercícios 3 e 4 foram retirados do material de Estudos de Riscos, do professor A. Castellar (2008).

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ESTUDO DE ANÁLISE DE RISCO
4 AMBIENTAL (EAR)

Com a publicação da Resolução nº 1, de Nesta apostila, para a elaboração de um Es-


23/01/1986, do Conselho Nacional do Meio Am- tudo de Análise de Risco (EAR), nos baseamos nas
biente (CONAMA), que instituiu a necessidade de orientações contidas no Manual de Orientação
realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a Elaboração de Estudos de Análise de Riscos
e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Norma P4.261 ) da CETESB.
(RIMA) para o licenciamento de atividades modi- A seguir, reproduziremos o capítulo da
ficadoras do meio ambiente, os estudos de aná- P4.261 da CETESB, que apresenta as definições e
lise de riscos passaram a ser incorporados nesse descreve as metodologias para a elaboração de
processo, para determinados tipos de empreen- um EAR.
dimento, de forma que, além dos aspectos rela- Neste momento, cabe um comentário. Va-
cionados com a poluição crônica, também a pre- mos nos restringir somente ao estudo da norma
venção de acidentes maiores fosse contemplada da CETESB. As demais normas, como a da FEPAM,
no processo de licenciamento. são estruturalmente equivalentes, mas possuem
A avaliação de riscos é uma atividade cor- algumas diferenças e especificidades em alguns
relata ao EIA, mas os dois se envolvem em con- pontos mínimos, e discutir esses aspectos não
textos separados, por comunidades profissionais seria adequado neste momento, pois tornaria a
e disciplinares diferentes. leitura extensa e desgastante.
O Estudo de Análise de Risco (EAR) é uma Assim, vamos nos concentrar no aprendiza-
ferramenta amplamente utilizada nas ciências em do da estrutura básica de um EAR. Caso você sin-
geral e é empregado em áreas como segurança ta a necessidade de ampliar o seu conhecimento
no trabalho, gestão de projetos, em computação ou por questões profissionais, poderá, posterior-
para avaliar a fragilidade de hardwares e softwa- mente, observar essas diferenças mais detalhada-
res, entre outras. mente.

4.1 Etapas de um Estudo de Análise de Risco (EAR)

De modo geral, um estudo de análise de ƒƒ Estimativa dos efeitos físicos e análises


risco pode ser dividido nas etapas que seguem de vulnerabilidade;
(CETESB, 2003): ƒƒ Estimativa de frequências;
ƒƒ Estimativa e avaliação de riscos;
ƒƒ Caracterização do empreendimento e ƒƒ Gerenciamento de riscos.
da região;
ƒƒ Identificação dos perigos e consolida-
ção de cenários de acidentes;

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Saiba mais

Uma aplicação importante do EAR é a sua utilização pelas instituições financeiras.


Porém, com o aumento da consciência ambiental e as exigências mercadológicas para que os empreendimentos em
geral sejam sustentáveis, as instituições financeiras vêm utilizando o conceito de Análise de Risco Ambiental com a
finalidade de exigir que seja cumprido o aspecto da sustentabilidade nas operações das grandes empresas, condicio-
nando os resultados obtidos no EAR a liberação de linhas de crédito especiais e outros exemplos.
Assim, aproveitamos a oportunidade para indicar a você uma leitura do artigo: Avaliação Contábil do Risco Ambiental,
de Sebastião Bergamini Junior, publicado inicialmente na Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 7, n. 14, p. 301-328, dez.
2000. Saiba mais
Esse artigo está disponível na internet. Você pode efetuar o download no próprio site do BNDES.
Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Publicacoes/Consulta_Expres-
sa/Setor/Meio_Ambiente/200012_12.html.

Vamos detalhar cada uma dessas etapas


para sua melhor compreensão.

Figura 22 – Etapas para a elaboração de estudos de análise de riscos.

Fonte: CETESB (2003).

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4.2 Caracterização do Empreendimento e da Região

Entre as finalidades desta etapa, destaca- nais (tipo e nº de habitantes), áreas urbanas, áreas
mos a identificação de aspectos comuns que pos- de expansão urbana, áreas rurais.
sam interferir, tanto no empreendimento quanto Os aspectos referentes aos sistemas viários
no meio ambiente, assim como a identificação também são importantes, devendo-se observar
na região de atividades que possam interferir no as informações referentes às vias urbanas, consi-
empreendimento sob o enfoque operacional e derando fluxo e tipo de tráfego, rodovias, ferro-
de segurança, e, por fim, estabelecer uma relação vias, hidrovias e aeroportos.
direta entre o empreendimento e a região sob in- Também devem ser levados em conside-
fluência. ração os dados referentes a cruzamentos e/ou
Como produto final dessa etapa, espera-se interferências, como adutoras, galerias, eletrodu-
obter um diagnóstico das interfaces existentes tos, gasodutos, oleodutos, linhas de transmissão
entre o empreendimento em análise e o local de de energia elétrica, áreas geotecnicamente instá-
sua instalação e a caracterização dos aspectos re- veis, regiões sujeitas a inundações, áreas de pre-
levantes que subsidiarão os estudos de análise de servação ou de proteção ambiental, áreas ecolo-
risco, definindo os métodos, diretrizes ou necessi- gicamente sensíveis.
dades específicas, além de propiciar o auxílio na Como vimos nos relatos dos grandes aci-
determinação do nível de abrangência do estudo. dentes ambientais descritos no Capítulo 1, as
Assim, essa etapa inicial do trabalho deve características meteorológicas também represen-
contemplar os seguintes aspectos: tam fatores importantes, devendo-se observar os
dados referentes à temperatura, categoria de es-
ƒƒ Realização de levantamento fisiográfico tabilidade atmosférica, umidade relativa do ar e
da região sob influência do empreendi- velocidade e direção de ventos.
mento; Em relação à caracterização das atividades e
ƒƒ Caracterização das atividades e dos as- dos aspectos operacionais do empreendimento,
pectos operacionais; devemos obter os dados referentes à planta geral
ƒƒ Cruzamento das informações e inter- da instalação, do arranjo físico (layout), especifica-
pretação dos resultados. ção dos equipamentos, descrição das operações
e procedimentos de segurança, identificação e
caracterização de fontes de ignição.
Para efetuar um completo e eficaz levan-
Em relação aos aspectos operacionais, de-
tamento de dados para a caracterização do em-
vemos obter os dados referentes às substâncias
preendimento e da região, devemos obter os da-
envolvidas, como inventários, formas de armaze-
dos referentes à localização do empreendimento
namento, características físico-químicas, caracte-
que englobam: planta planialtimétrica do entor-
rísticas toxicológicas, fluxogramas de engenharia
no da instalação, corpos d´água, consumo huma-
e de processo, instrumentação, dados opera-
no, abastecimento industrial, utilização agrope-
cionais que englobam informações referentes à
cuária, geração de energia e piscicultura.
pressão e vazão e sobre os sistemas de segurança.
Quando o empreendimento objeto do EAR
localizar-se em áreas litorâneas, devemos ma-
ƒƒ Distribuição populacional da região;
pear e obter os dados referentes aos manguezais,
praias (abertas ou protegidas), costões, estuários, ƒƒ Descrição física e layout da instalação
portos e áreas de navegação, núcleos habitacio- em escala;

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ƒƒ Carta planialtimétrica ou fotos aéreas Devem ser consideradas as matérias-


que apresentem a circunvizinhança ao -primas, produtos auxiliares, interme-
redor da instalação; diários e acabados, bem como resíduos,
ƒƒ Características climáticas e meteoroló- insumos e utilidades;
gicas da região; ƒƒ Descrição do processo e rotinas opera-
ƒƒ Substâncias químicas identificadas atra- cionais;
vés de nomenclatura oficial e número ƒƒ Apresentação de plantas baixas das
CAS, incluindo quantidades, formas de unidades e fluxogramas de processos,
movimentação, armazenamento e ma- de instrumentação e de tubulações;
nipulação, contemplando suas caracte- ƒƒ Sistemas de proteção e segurança.
rísticas físico-químicas e toxicológicas.

4.3 Identificação dos Perigos e Consolidação de Cenários de Acidentes

Esta etapa tem por objetivo identificar os 1. Análise Preliminar de Perigos (APP);
possíveis eventos indesejáveis que podem levar 2. Estudo de perigos e operabilidade (Ha-
à materialização de um perigo, para que possam zOp – Hazard and Operability Study).
ser definidas as hipóteses acidentais que poderão 3. Análise “E se...” (What if...?);
acarretar consequências significativas.
4. Lista de verificação (Checklist);
Para tanto, devem ser empregadas técnicas
5. Análise de Modos de Falhas e Efeitos
específicas para a identificação dos perigos, entre
(AMFE).
as quais cabe mencionar:

4.4 Estimativa dos Efeitos Físicos e Análises de Vulnerabilidade

Tomando-se por base as hipóteses de aci- Estimadas as possíveis consequências de-


dentes identificadas na etapa anterior, cada uma correntes dos cenários gerados pelas hipóteses
deverá ser estudada em termos das possíveis con- acidentais, esses resultados deverão servir de
sequências que possam ser ocasionadas, mensu- base para a análise do ambiente vulnerável no
rando-se os impactos e danos causados por essas entorno da instalação em estudo.
consequências. A estimativa dos efeitos físicos decorrentes
Para tanto, deverão ser utilizados modelos dos cenários acidentais envolvendo substâncias
de cálculo que possam representar os possíveis inflamáveis deverá ser precedida da elaboração
efeitos decorrentes das diferentes tipologias aci- de Árvores de Eventos, para a definição das dife-
dentais, tais como: rentes tipologias acidentais.
A Análise de Árvores de Eventos (AAE) de-
ƒƒ Radiações térmicas de incêndios; verá descrever a sequência dos fatos que possam
ƒƒ Sobrepressões causadas por explosões; se desenvolver a partir da hipótese acidental em
ƒƒ Concentrações tóxicas decorrentes de estudo, prevendo situações de sucesso ou falha,
emissões de gases e vapores. de acordo com as interferências existentes até
a sua conclusão, com a definição das diferentes

78
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tipologias acidentais. As interferências a serem ƒƒ temperatura ambiente e umidade


consideradas devem contemplar ações, situações relativa do ar: adotar a média para os
ou mesmo equipamentos existentes ou previstos períodos diurno e noturno;
no sistema em análise, que se relacionam com o ƒƒ velocidade do vento: adotar a média
evento inicial da árvore e que possam acarretar para os períodos diurno e noturno, indi-
diferentes “caminhos” para o desenvolvimento da cando a altura da medição;
ocorrência, gerando, portanto, diferentes tipos de ƒƒ categoria de estabilidade atmosféri-
fenômeno. ca (Pasquill): adotar aquelas compatí-
A estimativa dos efeitos físicos deverá ser veis com as velocidades de vento para
realizada através da aplicação de modelos mate- os períodos diurno e noturno, de acor-
máticos que efetivamente representem os fenô- do com a Tabela 7;
menos em estudo, de acordo com as hipóteses ƒƒ direção do vento: adotar pelo menos
acidentais identificadas e com as características e oito direções com suas respectivas pro-
comportamento das substâncias envolvidas. babilidades de ocorrência, indicando
Os modelos a serem utilizados deverão si- o sentido do vento DE: PARA. Ex.: (N:S
mular a ocorrência de liberações de substâncias 15%; NW:SE 21%).
inflamáveis e tóxicas, de acordo com as diferentes
tipologias acidentais.
Quando as informações meteorológicas
Para uma correta interpretação dos resulta-
reais não estiverem disponíveis, deverão ser ado-
dos, esses modelos requerem uma série de infor-
tados os seguintes dados:
mações que devem estar claramente definidas.
Portanto, neste capítulo estão definidos os pres- Período diurno:
supostos que deverão ser adotados para o desen-
volvimento dessa etapa do estudo de análise de ƒƒ temperatura ambiente: 25 oC;
riscos, bem como a forma de apresentação dos ƒƒ velocidade do vento: 3,0m/s;
resultados. Qualquer alteração nos dados aqui ƒƒ categoria de estabilidade atmosférica:
apresentados deverá ser claramente justificada. C;
Deve-se ressaltar que todos os dados utili- ƒƒ umidade relativa do ar: 80%;
zados na realização das simulações deverão ser
ƒƒ direção do vento: 12,5% (distribuição
acompanhados das respectivas memórias de cál-
uniforme em oito direções).
culo, destacando-se, entre outros, os cálculos das
taxas de vazamento, as áreas de poças e as mas-
sas das substâncias envolvidas nas dispersões e Período noturno:
explosões de nuvens de gás ou vapor.
ƒƒ temperatura ambiente: 20 oC;
Condições atmosféricas ƒƒ velocidade do vento: 2,0 m/s;
ƒƒ categoria de estabilidade atmosférica:
Nos estudos de análise de riscos deverão E;
ser utilizados dados meteorológicos reais do local ƒƒ umidade relativa do ar: 80%;
em estudo, quando estes estiverem disponíveis, ƒƒ direção do vento: 12,5 %( distribuição
devendo-se considerar, no mínimo, os valores dos uniforme em oito direções).
últimos três anos, considerando:

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Tabela 7 – Categorias de estabilidade em função das condições atmosféricas(*).

Fonte: CETESB (2003).

Topografia vazamento seja suficiente para ocupar todo esse


volume.
O parâmetro relacionado com a topogra- Para os reservatórios sem bacia de conten-
fia de uma região é denominado rugosidade da ção, a área de espalhamento da substância deve-
superfície do solo, o que considera a presença de rá ser estimada considerando-se uma altura de 3
obstáculos, tais como aqueles encontrados em cm.
áreas urbanas, industriais ou rurais.
Os valores típicos de rugosidade que deve- Massa de vapor envolvida no cálculo de
rão ser adotados para diferentes superfícies são: explosão confinada

ƒƒ Superfície marítima: 0,06; Para a estimativa da massa de vapor exis-


ƒƒ Área plana com poucas árvores: 0,07; tente no interior de um recipiente, deverá ser
ƒƒ Área rural aberta: 0,09; considerada a fase vapor correspondente a, no
ƒƒ Área pouco ocupada: 0,11; mínimo, 50% do volume útil do recipiente.

ƒƒ Área de floresta ou industrial: 0,17;


ƒƒ Área urbana: 0,33. Rendimento de explosão

Caso o modelo utilizado para cálculo da so-


Tempo de vazamento
brepressão proveniente de uma explosão requei-
ra o seu rendimento, esse valor não deverá ser
Nos casos dos vazamentos estudados, de- inferior a 10%, quando a massa considerada no
verá ser considerado um tempo mínimo de de- cálculo da explosão for aquela dentro dos limites
tecção e intervenção de dez minutos. de inflamabilidade.
Para as substâncias altamente reativas, tais
Área de poça como o acetileno e óxido de eteno, deverá ser uti-
lizado rendimento não inferior a 20 %.
Nos reservatório onde existam bacias de A utilização de outros valores que não os
contenção, a superfície da poça deverá ser aque- aqui citados deve ser respaldada por literatura
la equivalente à área delimitada pelo dique, des- técnica reconhecida e atualizada.
de que a quantidade de substância envolvida no

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Valores de referência Para os casos de sobrepressões decorrentes


de explosões (CVE, UVCE e BLEVE), deverão ser
Substâncias inflamáveis adotados os valores de 0,1 e 0,3 bar. O primeiro
representa danos reparáveis às estruturas (pare-
des, portas, telhados) e, portanto, perigo à vida,
O valor de referência a ser utilizado no es- correspondendo à probabilidade de 1% de fatali-
tudo de dispersão deverá ser a concentração cor- dade das pessoas expostas. O segundo represen-
respondente ao Limite Inferior de Inflamabilidade ta a sobrepressão que provoca danos graves às
(LII). estruturas (prédios e equipamentos) e, portanto,
Para o flashfire deverá ser considerado que, representa perigo à vida, correspondendo à pro-
na área ocupada pela nuvem de vapor inflamável babilidade de 50% de fatalidade.
(delimitada pelo LII), o nível de radiação térmica
corresponderá a uma probabilidade de 100 % de
Observação: para a etapa de modelagem
fatalidade.
matemática de consequências, os derivados de
Para os casos de incêndios (jato, poça e fire- petróleo listados na Tabela 8 poderão ser simula-
ball), os níveis de radiação térmica a serem adota- dos como substâncias puras.
dos deverão ser de 12,5 kW/m2 e 37,5 kW/m2, que
representam, respectivamente, uma probabilida-
de de 1% e de 50% de fatalidade da população
afetada, para tempos de exposição de 30 e 20 se-
gundos.

Dicionário

Bola de fogo (fireball) (CETESB): fenômeno que se


verifica quando o volume de vapor inflamável,
inicialmente comprimido num recipiente, escapa
repentinamente para a atmosfera e, devido à des-
pressurização, forma um volume esférico de gás,
cuja superfície externa queima, enquanto a massa
inteira eleva-se por efeito da redução da densida-
de provocada pelo superaquecimento.

Tabela 8 – Substâncias puras equivalentes a derivados de petróleo.

Fonte: CETESB (2003).

Substâncias tóxicas babilidades de 1% e 50% de fatalidade, para um


tempo de exposição de pelo menos 10 minutos
Para as substâncias tóxicas cuja função ma- nos casos de liberações contínuas.
temática do tipo PROBIT esteja desenvolvida, de- Para as liberações instantâneas, caso esse
verão ser adotados como valores de referência as tempo seja inferior, a concentração de referência
concentrações tóxicas que correspondem às pro- deverá ser calculada mantendo-se as probabilida-

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des de 1% e 50% de fatalidade, para o tempo de Já, para os cenários envolvendo a dispersão
passagem da nuvem. de nuvens tóxicas na atmosfera, a distância apre-
sentada deverá ser aquela correspondente à con-
Distâncias a serem consideradas centração utilizada como referência, conforme
apresentado no item Substâncias Tóxicas.

Para cada cenário acidental estudado, as


distâncias a serem apresentadas deverão ser sem- Apresentação dos resultados
pre consideradas a partir do ponto onde ocorreu
a liberação da substância. Tabelas
Para os cenários acidentais envolvendo in-
cêndios, as distâncias de interesse são aquelas Para cada um dos cenários acidentais con-
correspondentes aos níveis de radiação térmica siderados no estudo, deverão ser apresentados,
de 12,5 kW/m2 e 37,5 kW/m2. de forma clara, os dados de entrada, como pres-
No caso de flashfire, a distância de interesse são, temperatura, área de furo ou ruptura, área
será aquela atingida pela nuvem de concentração do dique e quantidade vazada, entre outros, bem
referente ao Limite Inferior de Inflamabilidade como os dados meteorológicos assumidos.
(LII). Ressalta-se que a área de interesse do flash- Os resultados deverão ser tabelados de for-
fire é aquela determinada pelo contorno da nu- ma a relacionar os valores de referência adotados
vem nessa concentração. Para o evento “explosão e as respectivas distâncias atingidas.
não confinada de nuvem de vapor na atmosfera A seguir, apresentam-se algumas sugestões
(UVCE)”, a distância a ser considerada para os ní- da forma de apresentação dos dados de entrada
veis de 0,1 bar e 0,3 bar de sobrepressão deverá (Tabela 9) e dos resultados (Tabelas 10 e 11) para
ser aquela fornecida pelo modelo de cálculo da um determinado cenário acidental.
explosão utilizado, acrescida da distância equiva-
lente ao ponto médio da nuvem inflamável.
Para o evento “explosão confinada (CVE)”,
a distância a ser considerada para os citados ní-
veis de sobrepressão, deverá ser aquela fornecida
pelo modelo de cálculo utilizado, medida a partir
do centro do recipiente em questão. Quando fo-
rem utilizados modelos de multienergia, o ponto
da explosão deverá ser o centro geométrico da
área parcialmente confinada.

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Tabela 9 – Exemplo – dados de entrada.

Fonte: CETESB (2003).

Tabela 10 – Exemplo – resultados – gás tóxico.

Fonte: CETESB (2003).

Tabela 11 – Exemplo – resultados – líquido inflamável.

Fonte: CETESB (2003).

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Mapas O mapeamento deverá ser acompanhado


da interpretação dos resultados obtidos, isto é,
Os resultados dos efeitos físicos decorren- deverão ser relacionadas às áreas afetadas, que
tes de cada um dos cenários acidentais deverão deverão estar devidamente caracterizadas, ou
ser plotados em carta planialtimétrica atualizada, seja, deverão conter informações sobre os tipos
em escala 1:10.000, quando as dimensões da ins- de edificação (residenciais, industriais, comerciais,
talação forem compatíveis com a escala, de forma hospitalares, escolares, recreativas) presentes nas
que se tenha uma clara visualização do empreen- áreas de risco e o número de pessoas atingidas,
dimento e do seu entorno. Caso contrário, deverá entre outras informações relevantes.
ser utilizada uma escala maior, mais adequada.

4.5 Estimativa de Frequências

A elaboração de estudos quantitativos de exemplo, terremotos, enchentes, deslizamentos


análise de risco requer a estimativa das frequên- de solo e queda de aeronaves, entre outros.
cias de ocorrência de falhas de equipamentos re-
lacionados com as instalações ou atividades em
análise. Atenção
Da mesma forma, a estimativa de proba-
Entre as técnicas de identificação de perigos
bilidades de erro humano deve muitas vezes ser que estudamos, as mais indicadas para o cálcu-
quantificada no cálculo de risco. Esses dados são lo das frequências de ocorrência dos cenários
normalmente difíceis de serem estimados, em acidentais são:
função da indisponibilidade de estudos desse • Análise histórica de falhas decorrentes de
tipo. acidentes, através de pesquisas em refe-
rências bibliográficas ou em banco de
Para cálculo das frequências de ocorrência dados de falhas;
dos cenários acidentais podem ser utilizadas as • Análise de Árvores de Falhas (AAF);
seguintes técnicas: • Análise de Árvores de Eventos (AAE).

ƒƒ Análise histórica de falhas decorrentes


de acidentes, através de pesquisas em Os dados referentes às falhas de equipa-
referências bibliográficas ou em banco mentos normalmente estão disponíveis nos fa-
de dados de falhas; bricantes, os quais, na maioria das vezes, mantêm
ƒƒ Análise de Árvores de Falhas (AAF); bancos de dados baseados nos testes de confiabi-
lidade realizados nas linhas de fabricação.
ƒƒ Análise de Árvores de Eventos (AAE).
Da mesma forma, algumas indústrias man-
têm seus próprios bancos de dados com vistas a
Em determinados estudos, os fatores exter- não só aperfeiçoar a especificação de seus equi-
nos ao empreendimento podem contribuir para pamentos, mas também prevenir acidentes e,
o risco de uma instalação. Nesses casos, devem principalmente, subsidiar programas de manu-
ser também levadas em consideração as probabi- tenção.
lidades ou frequências de ocorrência de eventos Com relação ao erro humano, os dados de
indesejados causados por terceiros ou por agen- confiabilidade ou probabilísticos de falhas devem
tes externos ao sistema em estudo, como, por ser utilizados com muita cautela, uma vez que

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diversos fatores influenciam nesse processo, tais Um fator que deve ser levado em conside-
como: ração na análise do erro humano durante a reali-
zação de uma determinada operação diz respeito
ƒƒ tipos de falha; aos erros de manutenção, os quais são responsá-
ƒƒ condições ambientais; veis por cerca de 60 a 80% das causas de acidentes
maiores envolvendo erro humano (AICHE, 2000).
ƒƒ características dos sistemas envolvidos;
ƒƒ tipos de atividade ou operações realiza-
das;
ƒƒ capacitação das pessoas envolvidas;
ƒƒ motivação;
ƒƒ disponibilidade e qualidade de normas
e procedimentos operacionais;
ƒƒ tempo disponível para execução de ta-
refas.

4.6 Estimativa e Avaliação de Riscos

A estimativa e a avaliação dos riscos de um Risco social


empreendimento dependem de uma série de va-
riáveis, por vezes pouco conhecidas e cujos resul- O risco social refere-se ao risco para um de-
tados podem apresentar diferentes níveis de in- terminado número ou agrupamento de pessoas
certeza. Isso decorre principalmente de que não expostas aos danos decorrentes de um ou mais
se podem determinar todos os riscos existentes cenários acidentais.
ou possíveis de ocorrer numa instalação e tam-
A apresentação do risco social deverá ser
bém da escassez de informações nesse campo.
feita através da curva F-N, obtida por meio da plo-
De acordo com a visão da CETESB (2003), tagem dos dados de frequência acumulada do
os riscos a serem avaliados devem contemplar evento final e seus respectivos efeitos represen-
o levantamento de possíveis vítimas fatais, bem tados em termos de número de vítimas fatais. A
como os danos à saúde da comunidade existente estimativa do risco social num estudo de análise
nas circunvizinhanças do empreendimento. de riscos requer as seguintes informações:
Sendo o risco uma função que relaciona as
frequências de ocorrências de cenários acidentais ƒƒ tipo de população (residências, estabe-
e suas respectivas consequências, em termos de lecimentos comerciais, indústrias, áreas
danos ao homem, pode-se, com base nos resulta- rurais, escolas, hospitais etc.);
dos quantitativos obtidos nas etapas anteriores do
ƒƒ efeitos em diferentes períodos (diurno
estudo, estimar o risco de um empreendimento.
e noturno) e respectivas condições me-
Assim, nos estudos de análise de riscos teorológicas, para o adequado dimen-
submetidos à CETESB, cujos cenários acidentais sionamento do número de pessoas ex-
extrapolem os limites do empreendimento e pos- postas;
sam afetar pessoas, os riscos deverão ser estima-
ƒƒ características das edificações onde as
dos e apresentados nas formas de Risco Social e
pessoas se encontram, de forma que
Risco Individual.

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possam ser levadas em consideração sociadas aos efeitos físicos e em função das pes-
eventuais proteções. soas expostas nas direções de vento adotadas,
considerando-se em cada uma dessas direções
as duas velocidades médias de vento, correspon-
Diferentes distribuições ou características
dentes aos períodos diurno e noturno.
das pessoas expostas podem ser consideradas
na estimativa dos riscos por intermédio de sim- A estimativa do número de vítimas fatais
plificações, como, por exemplo, através do uso de poderá ser realizada considerando as probabili-
dados médios de distribuição populacional; no dades médias de morte, conforme segue:
entanto, deve-se estar atento quanto ao emprego
dessas generalizações, que pode induzir a erros ƒƒ aplicar a probabilidade de 75% para as
significativos na estimativa dos riscos, razão pela pessoas expostas entre a fonte do va-
qual esses procedimentos devem ser tratados zamento e a curva de probabilidade de
com a devida cautela. Ressalta-se que os dados fatalidade de 50%;
oriundos de censos de densidade demográfica ƒƒ aplicar a probabilidade de 25% para as
em áreas urbanas não devem ser utilizados para pessoas expostas entre as curvas com
a estimativa da população exposta numa deter- probabilidades de fatalidade de 50% e
minada área. 1%.
Para cada tipologia acidental, deverá ser
estimado o número provável de vítimas fatais, de A Figura 23 mostra de forma mais clara a es-
acordo com as probabilidades de fatalidades as- timativa do número de ritmos.

Figura 23 – Estimativa do número de vítimas para o cálculo do risco social.

Fonte: CETESB (2003).

Considerando o anteriormente exposto, o


número de vítimas fatais para cada um dos even-
tos finais poderá ser estimado, conforme segue:

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Onde:
Nik = número de fatalidades resultante do evento final;
Nek1 = número de pessoas presentes e expostas no quadrante k até a distância delimitada pela cur-
va correspondente à probabilidade de fatalidade de 50%;
Nek2 = número de pessoas presentes e expostas no quadrante k até a distância delimitada pela cur-
va correspondente à probabilidade de fatalidade de 1%.

Para o caso de flashfire, o número de pessoas expostas é o correspondente a 100% do número das
pessoas presentes dentro da nuvem, até o limite da curva correspondente ao Limite Inferior de Inflama-
bilidade (LII); assim tem-se:

Onde:
Nik = número de fatalidades resultante do evento final i;
Nek = número de pessoas presentes no quadrante k até a distância delimitada pela curva correspon-
dente ao LII.

Para cada um dos eventos considerados no estudo, deve ser estimada a frequência final de ocor-
rência, considerando-se as probabilidades correspondentes a cada caso, como, por exemplo, a incidên-
cia do vento no quadrante e a probabilidade de ignição, entre outras; assim, tomando como exemplo a
liberação de uma substância inflamável, a frequência de ocorrência do evento final i poderá ser calculada
da seguinte forma:

Onde:
Fi = frequência de ocorrência do evento final i;
fi = frequência de ocorrência do evento final i;
pk = probabilidade do vento soprar no quadrante k;
pi= probabilidade de ignição.

O número de pessoas afetadas por todos os eventos finais deve ser determinado, resultando numa
lista do número de fatalidades, com as respectivas frequências de ocorrência. Esses dados devem então

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ser trabalhados em termos de frequência acumulada, possibilitando assim que a curva F-N seja construí-
da; assim, tem-se:

Onde:
FN = frequência de ocorrência de todos os eventos finais que afetam N ou mais pessoas;
Fi = frequência de ocorrência do evento final i;
Ni= número de pessoas afetadas pelos efeitos decorrentes do evento final i.

Risco individual A apresentação do risco individual deverá


ser feita através de curvas de iso-risco (contornos
O risco individual pode ser definido como o de risco individual), uma vez que estas possibili-
risco para uma pessoa presente na vizinhança de tam visualizar a distribuição geográfica do risco
um perigo, considerando a natureza do dano que em diferentes regiões. Assim, o contorno de um
pode ocorrer e o período de tempo em que este determinado nível de risco individual deverá re-
pode acontecer. presentar a frequência esperada de um evento
capaz de causar um dano num local específico.
Os danos às pessoas podem ser expressos
de diversas formas, embora as injúrias sejam mais Para o cálculo do risco individual num de-
difíceis de serem avaliadas, dada a indisponibili- terminado ponto da vizinhança de uma planta in-
dade de dados estatísticos para serem utilizados dustrial, pode-se assumir que as contribuições de
em critérios comparativos de riscos; assim, o risco todos os eventos possíveis são somados. Dessa
deverá ser estimado em termos de danos irrever- forma, o risco individual total num determinado
síveis ou fatalidades. ponto pode ser calculado pelo somatório de to-
dos os riscos individuais nesse ponto, conforme
O risco individual pode ser estimado para
apresentado a seguir:
aquele indivíduo mais exposto a um perigo, para
um grupo de pessoas ou para uma média de in-
divíduos presentes na zona de efeito. Para um ou
mais acidentes, o risco individual tem diferentes
valores.

Onde:
RIx,y = risco individual total de fatalidade no ponto x,y;
(chance de fatalidade por ano (ano-1))
RIx,y,i= risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i;
(chance de fatalidade por ano (ano-1))
n = número total de eventos considerados na análise.

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Os dados de entrada na equação anterior são calculados a partir da equação:

Onde:
RIx,y,i = risco de fatalidade no ponto x,y devido ao evento i;
(chance de fatalidade por ano (ano-1))
Fi = frequência de ocorrência do evento final i;
pfi = probabilidade que o evento i resulte em fatalidade no ponto x,y, de acordo com os efeitos
resultantes das consequências esperadas.

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4.7 Avaliação dos Riscos

A avaliação dos riscos impostos ao ser hu- na medida em que há a necessidade de se avaliar
mano por um empreendimento depende de os empreendimentos com potencial para causar
uma série de variáveis, cujo resultado pode apre- danos à população, decorrentes de acidentes en-
sentar um nível razoável de incerteza, decorrente volvendo produtos perigosos.
principalmente da escassez de informações nes- Assim, independentemente das limitações
se campo. existentes, foi realizado um amplo levantamen-
A análise comparativa de riscos requer o to dos critérios internacionais atualmente vigen-
estabelecimento de níveis de riscos (limites), a tes (Reino Unido, Holanda, Hong Kong, Austrália,
serem utilizados como referências que permitam Estados Unidos e Suíça), a partir dos quais foram
comparar situações muitas vezes diferenciadas. estabelecidos os critérios de tolerabilidade para
O estabelecimento desses níveis envolve os riscos social e individual, assumindo-se valores
a discussão da tolerabilidade dos riscos, que de- médios entre os critérios pesquisados.
pende de um julgamento por vezes subjetivo e A Figura 24 apresenta a curva F-N adotada
pessoal, envolvendo temas complexos, como, por como critério para a avaliação do risco social.
exemplo, a percepção dos riscos, que varia consi-
deravelmente de indivíduo para indivíduo.
Apesar dessas dificuldades, a definição de
critérios de tolerabilidade de riscos é importante

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Figura 24 – Curva F-N de tolerabilidade para risco social.

Fonte: CETESB (2003).

Os riscos situados na região entre as curvas empreendimento aprovado, uma vez que o enfo-
limites dos riscos intoleráveis e negligenciáveis, que principal na avaliação dos riscos está voltado
denominada ALARP (As Low As Reasonably Prac- aos impactos decorrentes de acidentes maiores,
ticable), embora situados abaixo da região de in- afetando agrupamentos de pessoas, sendo, por-
tolerabilidade, devem ser reduzidos tanto quanto tanto, o risco social o índice prioritário nessa ava-
praticável. liação.
Para o risco individual, foram estabelecidos Nos estudos de análise de riscos em dutos,
os seguintes limites: os riscos deverão ser avaliados somente a partir
do risco individual, de acordo com os seguintes
ƒƒ Risco máximo tolerável: 1 x 10-5 ano-1; critérios:
ƒƒ Risco negligenciável: < 1 x 10-6ano-1.
ƒƒ Risco máximo tolerável: 1 x 10-4 ano-1;
ƒƒ Risco negligenciável: < 1 x 10-5ano-1.
Para a aprovação do empreendimento, de-
verão ser atendidos os critérios de risco social e
individual conjuntamente, ou seja, as curvas de O conceito da região denominada ALARP
riscos social e individual deverão estar situadas na (As Low As Reasonably Practicable) também se
região negligenciável ou na região ALARP. aplica na avaliação do risco individual; assim, os
Entretanto, nos casos em que o risco social valores de riscos situados na região entre os limi-
for considerado atendido, mas o risco individual tes tolerável e negligenciável, também, deverão
for maior que o risco máximo tolerável, a CETESB, ser reduzidos tanto quanto praticável.
após avaliação específica, poderá considerar o

4.8 Gerenciamento de Riscos

As recomendações e medidas resultantes que possua substâncias ou processos perigosos


do estudo de análise e avaliação de riscos para deve ser operada e mantida, ao longo de sua vida
a redução das frequências e consequências de útil, dentro de padrões considerados toleráveis,
eventuais acidentes devem ser consideradas razão pela qual um Programa de Gerenciamento
como partes integrantes do processo de geren- de Riscos (PGR) deve ser implementado e consi-
ciamento de riscos; entretanto, independente- derado nas atividades, rotineiras ou não, de uma
mente da adoção dessas medidas, uma instalação planta industrial.

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Embora as ações previstas no PGR devam desenvolvam atividades nas instalações envolvi-
contemplar todas as operações e equipamentos, das nesse processo.
o programa deve considerar os aspectos críticos Toda a documentação de registro das ativi-
identificados no estudo de análise de riscos, de dades realizadas no PGR, como, por exemplo, os
forma que sejam priorizadas as ações de geren- resultados de auditorias, serviços de manutenção
ciamento dos riscos, a partir de critérios estabele- e treinamentos, devem estar disponíveis para ve-
cidos com base nos cenários acidentais de maior rificação sempre que necessária pelos órgãos res-
relevância. ponsáveis, razão pela qual devem ser mantidos
O objetivo do PGR é prover uma sistemáti- em arquivo por, pelo menos, seis anos.
ca voltada para o estabelecimento de requisitos
contendo orientações gerais de gestão, com vis- Informações de segurança de processo
tas à prevenção de acidentes.

As informações de segurança de processo


Programa de Gerenciamento de Riscos I são fundamentais no gerenciamento de riscos de
instalações perigosas. O PGR deve contemplar a
O escopo aqui apresentado se aplica a em- existência de informações e documentos atuali-
preendimentos de médio e grande porte, deven- zados e detalhados sobre as substâncias químicas
do contemplar as seguintes atividades: envolvidas, tecnologia e equipamentos de pro-
cesso, de modo a possibilitar o desenvolvimento
ƒƒ Informações de segurança de processo; de procedimentos operacionais precisos, assegu-
ƒƒ revisão dos riscos de processos; rar o treinamento adequado e subsidiar a revisão
dos riscos, garantindo uma correta operação do
ƒƒ gerenciamento de modificações;
ponto de vista ambiental, de produção e de se-
ƒƒ manutenção e garantia da integridade gurança. Assim, as informações de segurança de
de sistemas críticos; processo devem incluir:
ƒƒ procedimentos operacionais;
ƒƒ capacitação de recursos humanos; ƒƒ Informações das substâncias quími-
ƒƒ investigação de incidentes; cas do processo: incluem informações
ƒƒ Plano de Ação de Emergência(PAE); relativas aos perigos impostos pelas
substâncias, inclusive intermediárias,
ƒƒ auditorias.
para a completa avaliação e definição
dos cuidados a serem tomados, quando
No âmbito do licenciamento ambiental, consideradas as características perigo-
o PGR é parte integrante do processo de avalia- sas relacionadas com inflamabilidade,
ção do estudo de análise de riscos. Dessa forma, reatividade, toxicidade e corrosividade,
as empresas em avaliação pelo órgão ambiental entre outros riscos; assim, é de funda-
deverão apresentar um relatório contendo as di- mental importância a disponibilidade
retrizes do PGR, no qual deverão estar claramente de fichas de informação e orientações
relacionadas as atribuições, as atividades e os do- específicas sobre tais riscos.
cumentos de referência, tais como normas técni- ƒƒ Tecnologia de processo: inclui infor-
cas, legislações e relatórios, entre outros. mações do tipo diagrama de blocos,
Todos os itens constantes do PGR devem fluxogramas de processo, balanços de
ser claramente definidos e documentados, apli- materiais e de energia, contendo in-
cando-se tanto aos procedimentos e funcionários ventários máximos, limites superiores e
da empresa quanto em relação a terceiros (em- inferiores, além dos quais as operações
preiteiras e demais prestadores de serviço) que

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podem ser consideradas inseguras para Gerenciamento de modificações


parâmetros como temperatura, pres-
são, vazão, nível e composição e respec- As instalações industriais estão permanen-
tivas consequências dos desvios desses temente sujeitas a modificações com o objetivo
limites. de melhorar a operacionalidade e a segurança, in-
ƒƒ Equipamentos de processo: inclui in- corporar novas tecnologias e aumentar a eficiên-
formações sobre os materiais de cons- cia dos processos. Assim, considerando a com-
trução, diagramas de tubulações e ins- plexidade dos processos industriais, bem como
trumentação (P & IDs), classificação de outras atividades que envolvam a manipulação
áreas, projetos de sistemas de alívio e de substâncias químicas perigosas, é imprescin-
ventilação, sistemas de segurança, shut- dível ser estabelecido um sistema gerencial apro-
-down e intertravamentos, códigos e priado para assegurar que os riscos decorrentes
normas de projeto. dessas alterações possam ser adequadamente
ƒƒ Procedimentos operacionais: esses identificados, avaliados e gerenciados previa-
procedimentos são partes integrantes mente à sua implementação.
das informações de segurança do pro- Dessa forma, o PGR deve estabelecer e im-
cesso, razão pela qual um plano especí- plementar um sistema de gerenciamento con-
fico deve estabelecer os procedimentos templando procedimentos específicos para a ad-
a serem seguidos em todas as opera- ministração de modificações na tecnologia e nas
ções desenvolvidas na planta industrial. instalações. Entre outros, esses procedimentos
devem considerar os seguintes aspectos:
Revisão dos riscos de processo
ƒƒ Bases de projeto do processo e mecâni-
co para as alterações propostas;
O estudo de análise e avaliação de riscos im-
plementado durante o projeto inicial de uma ins- ƒƒ Análise das considerações de seguran-
talação nova deve ser revisado periodicamente, ça e de meio ambiente envolvidas nas
de modo a serem identificadas novas situações modificações propostas, contemplan-
de risco, possibilitando assim o aperfeiçoamento do inclusive os estudos para a análise
das operações realizadas, de modo a manter as e avaliação dos riscos impostos por es-
instalações operando de acordo com os padrões sas modificações, bem como as impli-
de segurança requeridos. cações nas instalações do processo à
montante e à jusante das instalações a
A revisão dos estudos de análise de riscos
serem modificadas;
deverá ser realizada em periodicidade a ser defi-
nida no PGR, a partir de critérios claramente esta- ƒƒ Necessidade de alterações em proce-
belecidos, com base nos riscos inerentes às dife- dimentos e instruções operacionais, de
rentes unidades e operações. segurança e de manutenção;

A realização de qualquer alteração ou am- ƒƒ Documentação técnica necessária para


pliação na instalação industrial, a renovação da registro das alterações;
licença ambiental ou a retomada de operações ƒƒ Formas de divulgação das mudanças
após paradas por períodos superiores a seis me- propostas e suas implicações ao pes-
ses, são situações que requerem obrigatoriamen- soal envolvido;
te a revisão dos estudos de análise de riscos, in- ƒƒ Obtenção das autorizações necessá-
dependentemente da periodicidade definida no rias, inclusive licenças junto aos órgãos
PGR, considerando-se sempre os critérios para a competentes.
classificação de instalações industriais.

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Manutenção e garantia da integridade de sistemas Procedimentos operacionais


críticos
Todas as atividades e operações realizadas
Os sistemas considerados críticos em insta- em instalações industriais devem estar previstas
lações ou atividades perigosas, sejam estes equi- em procedimentos claramente estabelecidos,
pamentos para processar, armazenar ou manusear que devem contemplar, entre outros, os seguin-
substâncias perigosas, ou mesmo relacionados tes aspectos:
com sistemas de monitorização ou de segurança,
devem ser projetados, construídos e instalados ƒƒ Cargos dos responsáveis pelas opera-
no sentido de minimizar os riscos às pessoas e ao ções;
meio ambiente. Para tanto, o PGR deve prever um ƒƒ Instruções precisas que propiciem as
programa de manutenção e garantia da integri- condições necessárias para a realização
dade desses sistemas, com o objetivo de garantir de operações seguras, considerando as
o correto funcionamento dos mesmos, por inter- informações de segurança de processo;
médio de mecanismos de manutenção preditiva,
ƒƒ Condições operacionais em todas as
preventiva e corretiva. Assim, todos os sistemas
etapas de processo, ou seja: partida,
nos quais operações inadequadas ou falhas pos-
operações normais, operações tempo-
sam contribuir ou causar condições ambientais
rárias, paradas de emergência, paradas
ou operacionais inaceitáveis ou perigosas devem
normais e partidas após paradas, pro-
ser considerados como críticos. Esse programa
gramadas ou não;
deve incluir o gerenciamento e o controle de to-
das as inspeções e o acompanhamento das ativi- ƒƒ Limites operacionais.
dades associadas com os sistemas críticos para a
operação, segurança e controle ambiental. Essas Os procedimentos operacionais devem ser
operações iniciam com um programa de garantia revisados periodicamente, de modo que repre-
da qualidade e terminam com um programa de sentem as práticas operacionais atualizadas, in-
inspeção física que trata da integridade mecânica cluindo as mudanças de processo, tecnologia e
e funcional. Dessa forma, os procedimentos para instalações.
inspeção e teste dos sistemas críticos devem in-
A frequência de revisão deve estar clara-
cluir, entre outros, os seguintes itens:
mente definida no PGR, considerando os riscos
associados às unidades em análise.
ƒƒ Lista dos sistemas e equipamentos críti-
cos sujeitos a inspeções e testes;
Capacitação de recursos humanos
ƒƒ Procedimentos de testes e de inspeção
em concordância com as normas técni-
cas e códigos pertinentes; O PGR deve prever um programa de treina-
mento para todas as pessoas responsáveis pelas
ƒƒ Documentação das inspeções e testes,
operações realizadas na empresa, de acordo com
a qual deverá ser mantida arquivada
suas diferentes funções e atribuições. Os treina-
durante a vida útil dos equipamentos;
mentos devem contemplar os procedimentos
ƒƒ Procedimentos para a correção de ope-
operacionais, incluindo eventuais modificações
rações deficientes ou que estejam fora
ocorridas nas instalações e na tecnologia de pro-
dos limites aceitáveis;
cesso.
ƒƒ Sistema de revisão e alterações nas ins-
O programa de capacitação técnica deve
peções e testes.
ser devidamente documentado, contemplando
as seguintes etapas:

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ƒƒ Treinamento inicial: todo o pessoal das e divulgadas na empresa, de modo que situa-
envolvido nas operações da empre- ções futuras e similares sejam evitadas.
sa deve ser treinado antes do início A documentação do processo de investiga-
de qualquer atividade, de acordo com ção deve contemplar os seguintes aspectos:
critérios preestabelecidos de qualifica-
ção profissional. Os procedimentos de ƒƒ Natureza do incidente;
treinamento devem ser definidos de
ƒƒ Causas básicas e demais fatores contri-
modo a assegurar que as pessoas que
buintes;
operem as instalações possuam os co-
nhecimentos e habilidades requeridos ƒƒ Ações corretivas e recomendações
para o desempenho de suas funções, identificadas, resultantes da investiga-
incluindo as ações relacionadas com a ção.
pré-operação e paradas, emergenciais
ou não. Plano de Ação de Emergência (PAE)
ƒƒ Treinamento periódico: o programa
de capacitação deve prever ações para
Independentemente das ações preventivas
a reciclagem periódica dos funcioná-
previstas no PGR, um Plano de Ação de Emergên-
rios, considerando a periculosidade e
cia (PAE) deve ser elaborado e considerado como
complexidade das instalações e as fun-
parte integrante do processo de gerenciamento
ções; no entanto, em nenhuma situação
de riscos.
a periodicidade de reciclagem deve ser
O PAE deve se basear nos resultados obti-
inferior a três anos. Tal procedimento
dos no estudo de análise e avaliação de riscos,
visa a garantir que as pessoas estejam
quando realizado, e na legislação vigente, deven-
permanentemente atualizadas com os
do também contemplar os seguintes aspectos:
procedimentos operacionais.

ƒƒ Treinamento após modificações:
ƒƒ introdução;
quando houver modificações nos pro-
cedimentos ou nas instalações, os ƒƒ estrutura do plano;
funcionários envolvidos deverão, obri- ƒƒ descrição das instalações envolvidas;
gatoriamente, ser treinados sobre as cenários acidentais considerados;
alterações implementadas antes do re- área de abrangência e limitações do
torno às suas atividades. plano;
ƒƒ estrutura organizacional, contemplan-
do as atribuições e responsabilidades
Investigação de incidentes
dos envolvidos;
ƒƒ fluxograma de acionamento;
Todo e qualquer incidente de processo ou
ƒƒ ações de resposta às situações emer-
desvio operacional que resulte ou possa resultar
genciais compatíveis com os cenários
em ocorrências de maior gravidade, envolvendo
acidentais considerados, de acordo com
lesões pessoais ou impactos ambientais, deve ser
os impactos esperados e avaliados no
investigado. Assim, o PGR deve contemplar as di-
estudo de análise de riscos, consideran-
retrizes e critérios para a realização dessas inves-
do procedimentos de avaliação, contro-
tigações, que devem ser devidamente analisadas,
le emergencial (combate a incêndios,
avaliadas e documentadas.
isolamento, evacuação, controle de va-
Todas as recomendações resultantes do
zamentos etc.) e ações de recuperação;
processo de investigação devem ser implementa-
ƒƒ recursos humanos e materiais;

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ƒƒ divulgação, implantação, integração das instalações e dos riscos delas decorrentes,


com outras instituições e manutenção não devendo, no entanto, ser superior a três anos.
do plano; Todos os trabalhos decorrentes das audi-
ƒƒ tipos e cronogramas de exercícios teó- torias realizadas nas instalações e atividades cor-
ricos e práticos, de acordo com os dife- relatas devem ser devidamente documentados,
rentes cenários acidentais estimados; bem como os relatórios decorrentes da imple-
ƒƒ documentos anexos: plantas de locali- mentação das ações sugeridas nesse processo.
zação da instalação e layout, incluindo
a vizinhança sob risco, listas de aciona- Programa de Gerenciamento de Riscos II
mento (internas e externas), listas de
equipamentos, sistemas de comunica-
O escopo aqui apresentado se aplica a em-
ção e alternativos de energia elétrica,
preendimentos de pequeno porte, devendo con-
relatórios etc.
templar as seguintes atividades:

Auditorias ƒƒ informações de segurança de processo;
ƒƒ manutenção e garantia da integridade
Os itens que compõem o PGR devem ser de sistemas críticos;
periodicamente auditados, com o objetivo de se ƒƒ procedimentos operacionais;
verificar a conformidade e efetividade dos proce- ƒƒ capacitação de recursos humanos;
dimentos previstos no programa.
ƒƒ Plano de Ação de Emergência (PAE).
As auditorias poderão ser realizadas por
equipes internas da empresa ou mesmo por audi-
tores independentes, de acordo com o estabeleci- O conteúdo de cada uma das atividades
do no PGR. Da mesma forma, o plano deve prever acima relacionadas deve contemplar o descrito
a periodicidade para a realização das auditorias, nos respectivos subitens apresentados anterior-
de acordo com a periculosidade e complexidade mente.

4.9 Comunicação de Riscos

Por que comunicar riscos ambientais? Objetivos da comunicação de risco

A comunicação de risco surgiu para infor- A comunicação de risco pode ser elaborada
mar sobre os riscos para a segurança e a saúde visando a diversos objetivos, como, por exemplo:
que as pessoas estão expostas. O crescente inte-
resse público pelas questões ambientais, em par- ƒƒ Alertar o público para um risco especí-
ticular os riscos de impactos ambientais negativos fico;
provocados por resíduos industriais – inclusive os ƒƒ Acalmar o público para um risco espe-
gerados em acidentes –, vem impondo às empre- cífico;
sas uma revisão de sua estratégia da gestão am-
ƒƒ Informar sobre a revisão de estimativas
biental, com a comunicação de risco tornando-se
de risco;
um dos elementos decisivos no gerenciamento
dessa atividade. ƒƒ Mudar o comportamento;
ƒƒ Auxiliar ou buscar auxílio;

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ƒƒ Buscar a participação pública e gover- ƒƒ Educação e informação;


namental no processo decisório; ƒƒ Aprimoramento do conhecimento pú-
ƒƒ Superar oposição pública e governa- blico;
mental às decisões; ƒƒ Mudança de comportamento e ações
ƒƒ Garantir a sobrevivência da organiza- preventivas;
ção. ƒƒ Metas organizacionais;
ƒƒ Metas de cunho legal;
De um modo mais genérico, os objetivos de ƒƒ Resolução de problemas e conflitos.
uma comunicação de risco são alocados em seis
categorias:

4.10 Resumo do Capítulo

Prezado(a) aluno(a), neste capítulo final, você estudou todas as etapas que contemplam um EAR,
estando entre elas, algumas destacadas nos capítulos iniciais, como a Identificação dos Perigos. Obser-
vou também que o EAR deve ser apresentado numa estrutura preestabelecida. Nesta apostila, desta-
camos apenas as instruções e procedimentos descritos na norma P4.261 da CETESB. Como afirmado
anteriormente, outras normas como a norma da FEPAM apresentam pequenas diferenças, mas podemos
dizer que estruturalmente são equivalentes.
Caso tenha a necessidade de trabalhar com outro padrão não mencionado aqui, bastará você
efetuar os pequenos ajustes necessários.

4.11 Atividades Propostas

1. Quais são os mais relevantes atributos da Comunicação de Risco?

2. Quais são as três principais questões que devem ser levantadas para um bom planejamento no
campo da comunicação de risco?

3. Quais são as cinco práticas essenciais que influenciam a efetividade da comunicação de risco?

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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. Entre as diversas aplicações em outras áreas do Estudo de Análise de Riscos podemos citar a
aplicação na área de Segurança no Trabalho, que com o auxílio de diversas técnicas e elabora-
ção de mapas de riscos procura-se detalhar e reduzir ao mínimo os riscos de acidentes sofridos
pelos empregados no ambiente de trabalho. Podemos citar também a aplicação na área das
Ciências Atuariais (Seguros), cujo estudo de forma mais ampla e complexa busca quantificar o
risco de um determinado evento ocorrer e, assim, servir de base para a determinação do custo
a ser pago pelo contratante. Também é utilizado na Administração, na área de Gerenciamento
de Projetos. Outra aplicação ocorre na área de TI e Informática, onde são aplicados os conceitos
de EAR avaliando-se questões como tempo de downtime de operações e abrangendo diversas
áreas que vão desde a parte lógica – softwares específicos que não podem ficar sem acesso
(como banco de dados) – até a parte estrutural (como rede/internet, servidores, armazenamen-
to de dados etc.), além das questões de custos-benefícios em nível de investimento financeiro.
Em Economia, análise de risco é a verificação dos pontos críticos que possam vir a apresentar
não conformidade durante a execução de um determinado objetivo. Já no Mercado Financeiro
pode ser aplicado para tomada de decisões sobre investimentos ou ainda sobre a liberação de
crédito. Outra área que merece destaque é a utilização do Estudo de Análise de Risco Ambien-
tal pelas instituições financeiras. Uma adequada avaliação dos riscos ambientais vem sendo
crescentemente demandada por diversos interessados: as empresas, em função dos custos fi-
nanceiros e da imagem pública; a comunidade de negócios, para melhor instrumentalizar a
precificação de suas transações; as instituições financeiras públicas, pelo seu papel estratégico
no desenvolvimento sustentável e na proteção ambiental; e a sociedade organizada, para de-
monstrar seu esforço na defesa do bem comum. A comunidade de negócios vem desenvol-
vendo sistemas de avaliação de risco ambiental ao estilo de classificação de risco de crédito
(rating), os quais têm o objetivo de avaliar duas questões-chave da empresa: mensurar o mon-
tante de seus custos e passivos ambientais; e qualificar sua capacitação efetiva em administrar
esses custos e passivos. Tais sistemas estão em fase embrionária, considerando situações em
diversos níveis de complexidade, e sua utilização no ambiente nacional provavelmente se dará
no longo prazo. Na ausência desses sistemas de rating, a comunidade de negócios baseia-se
em avaliações sistemáticas realizadas por empresas de auditoria ambiental e consultores espe-
cializados.

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2.
ƒƒ Entre os grandes acidentes ambientais ocorridos, além dos já citados no Capítulo 1, pode-
mos mencionar:
ƒƒ Baia de Minamata (Japão – 1958), lançamento de mercúrio usado como catalisador usado
no processo de produção do cloreto de vinila, matéria-prima do PVC. 143 mortes, 899 reco-
nhecidas como afetadas pela doença de Minamata.
ƒƒ Oppau, na Alemanha, em setembro de 1921, com explosão de um silo estocando uma mis-
tura de sulfato de amônia e nitrato de amônia, com a morte de 561 pessoas, ferimentos em
2.000 pessoas e destruição de 700 residências.
ƒƒ Texas City, nos Estados Unidos, em 1947, explosão em navio com nitrato de Amônio, cau-
sando 552 mortes e 3.000 feridos.
ƒƒ Feyzin, na França, em janeiro de 1966, com fogo em esferas de propano, que matou 18
pessoas e feriu 81 pessoas. Destruiu 5 esferas de armazenamento de propano. Perdas de
68 milhões de dólares.
ƒƒ Rio de Janeiro, no Brasil, em setembro de 1972, ocorreu BLEVE em estocagem de GLP, com
37 mortes e 53 feridos.
ƒƒ Potchefstroom, na África do Sul, em 1973, com vazamento de amônia e 18 mortes e 65
intoxicados.
ƒƒ Rio de Janeiro, no Brasil, em março de 1975, vazamento de 6.000 toneladas de petróleo de
navio.
ƒƒ São Sebastião, no Brasil, com vazamento de 6.000 toneladas de petróleo de navio.
ƒƒ Portstall, no Reino Unido, em março de 1978, com vazamento de 230.000 toneladas de
petróleo de um navio encalhado e perdas de US$ 85,2 milhões.
ƒƒ Los Afaques, na Espanha, em julho de 1978, com explosão tipo BLEVE de um caminhão
tanque com 45 m3 de propileno e com 216 mortos e 200 feridos.
ƒƒ Piper Alpha, no Mar do Norte, em julho de 1988, vazamento de gás em plataforma de pe-
tróleo, com 167 mortos e perdas de US$ 3,4 bilhões.
ƒƒ Quebec no Canadá, em agosto de 1988, com incêndio em armazém com 8.000 peças com
resíduos de bifenilapolicloradas, que culminou com a evacuação de 4.000 pessoas em 17
dias.
ƒƒ Alasca, nos Estados Unidos, em março de 1989, com vazamento de 40.000 toneladas de
petróleo de navio encalhado e morte de 100.000 aves.
ƒƒ Ufa, na Rússia, em junho de 1989, com VCE em duto de gás natural, com 645 mortes e 500
feridos.
ƒƒ Catzacoala, em março de 1991, explosão em planta de processo e vazamento de cloro, com
perdas de US$ 150 milhões.
ƒƒ Guadalajara, no México, em abril de 1991, com explosão em duto de gasolina, causando
300 mortes.
ƒƒ Mill Bay, no Reino Unido, em fevereiro de 1996, com vazamento de 70.000 toneladas de
petróleo de um navio, com 2.300 pássaros mortos.
ƒƒ Araras, no Brasil, em 1998, explosão de caminhão tanque com gasolina e óleo diesel, pro-
vocando 54 mortes.

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ƒƒ Rio de Janeiro, no Brasil, em 2000, vazamento de 1.500.000 de litros de óleo e danos ao


meio ambiente.
ƒƒ Araucária, no Brasil, em julho de 2000, vazamento de 4.000.000 de litros de óleo e danos ao
meio ambiente.
ƒƒ Rio de Janeiro, no Brasil, em março de 2001, explosão em plataforma de petróleo, com 11
vítimas fatais e prejuízos de US$ 500 milhões.
ƒƒ Cidade do Texas, nos Estados Unidos, em março de 2005, quando houve o vazamento de
hidrocarbonetos leves, seguido de explosão. Mais de 100 pessoas ficaram feridas e 15 pes-
soas morreram, além dos prejuízos materiais.

Todos esses eventos tiveram em comum, como consequência de suas ocorrências, ou o alto
número de fatalidades ou danos ao meio ambiente, com contaminação da fauna, da flora,
águas e ar, além de altos prejuízos materiais.

3. Temos o risco de contaminação do meio ambiente pelos resíduos radioativos que demandam
um forte esquema de segurança para deixá-los isolados. Em um ano, um reator nuclear de 1200
MW (como p. ex. o de Angra 2) produz 265 kg de resíduo de Plutônio-239, que tem uma meia-
-vida de 24.000 anos. Isso já produz material de sobra para se produzirem danos consideráveis
às populações humanas e ao meio ambiente em geral.
Podemos destacar também os riscos de acidentes nucleares com as usinas em funcionamento,
como os exemplos de Chernobyl, na Rússia, em abril de 1986 e Fukushima I, Japão, ocorrido
após um terremoto e um tsunami em 11 de março de 2011. Esses riscos podem servir de base
para os argumentos para as pessoas que se posicionam contra a utilização da Energia Nuclear.
Em contrapartida, como argumentos a favor da utilização da Energia Nuclear, podemos citar
o fato de a Energia Nuclear poder ser utilizada em substituição aos combustíveis fósseis e não
gerar gases de Efeito Estufa.
Comparando-se com a energia hidrelétrica, apresenta a vantagem de não necessitar o alaga-
mento de grandes áreas para a formação dos lagos de reservatórios, evitando assim a perda
de áreas de reservas naturais ou de terras produtivas, bem como a remoção de comunidades
inteiras das áreas que são alagadas. Outra vantagem da energia nuclear em relação à geração
hidrelétrica é o fato de que a energia nuclear é imune a alterações climáticas futuras que por-
ventura possam trazer alterações no regime de chuvas.
Já que a maior parte (cerca de 96%) do combustível nuclear queimado é constituída de Urânio
natural, uma grande parte do combustível utilizado nos reatores nucleares é reprocessada em
plantas de reprocessamento como a Urenco no Novo México. Cerca de 60% do combustível
nuclear é mandado diretamente para o reprocessamento. O reprocessamento visa a enrique-
cer novamente o urânio exaurido, tornando possível que ele seja novamente utilizado como
combustível.
A parte do combustível que não é reprocessada imediatamente é armazenada para reproces-
samento futuro, ou é armazenada definitivamente em depósito próprio.
Cerca de 4% do total do combustível queimado é constituído dos chamados produtos de fissão
e da série dos actinídeos, que são originados a partir da fissão do combustível nuclear. Estes
podem incluir elementos altamente radioativos como o Plutônio, Amerício e Césio. Atualmen-
te esses elementos são separados do urânio que será reprocessado e são armazenados em

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depósitos projetados especificamente para armazenamento de elementos radioativos ou utili-


zados em pesquisas. O Plutônio tem valor estratégico e científico particularmente alto por ser
utilizado na fabricação de armamentos nucleares e também para pesquisas relacionadas aos
chamados Fast Breed Reactors, que são reatores que operam utilizando uma combinação de
urânio natural e plutônio como combustível. O Plutônio também é utilizado como combustível
de satélites artificiais.

4. Podemos citar os quatro acidentes relacionados a seguir:


ƒƒ Goiânia, no Brasil, em setembro de 1987, exposição à radiação ionizante, resultou em 4
mortos, 129 contaminados e a geração de 13,4 toneladas de lixo contaminado com Cé-
sio-137.
ƒƒ Chernobyl, na Rússia, em abril de 1986, com explosão em usina nuclear, com missão de
Urânio e 135.000 pessoas evacuadas. O acidente contaminou radioativamente uma área
de aproximadamente 150.000 km² (corresponde a mais de três vezes o tamanho do estado
do Rio de Janeiro), sendo que 4.300 km² possuem acesso interditado indefinidamente. Até
180 quilômetros distantes do reator situam-se áreas com uma contaminação de mais de
1,5 milhões de Becquerel por km², o que as deixa inabitáveis por milhares de anos.
ƒƒ A falha de resfriamento pode ser causada por erros humanos, impacto de catástrofes na-
turais ou ataques terroristas. Foram falhas de funcionários no caso do acidente da usina
Three Mile Island perto de Harrisburg, Pennsylvania, EUA, que levou à destruição completa
do reator e ao vazamento de substâncias radioativas com mais de 1,6 · 1015 Bq no dia 28
de março de 1979 (nível 5 na escala INES).
ƒƒ Um terremoto da 8,9 na escala Richter e o subsequente tsunami levou ao acidente nuclear
de Fukushima I (nível 7 na escala INES). A falha de resfriamento fez os níveis de água nos
tanques de arrefecimento baixar, provocando aquecimento dos combustíveis e a formação
de hidrogênio em 4 dos 6 blocos da central. As seguintes explosões destruíram os prédios
e causaram vazamentos em contêineres de segurança com liberação de materiais radioa-
tivos.

CAPÍTULO 2

As respostas das questões encontram-se descritas ao longo do capítulo.

CAPÍTULO 3

As respostas das questões 1 e 2 encontram-se descritas ao longo do capítulo.

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3.

4.
A é transferido numa vazão especificada (ou seja, o parâmetro é o “fluxo de A” ou “vazão de A”).
O primeiro desvio é obtido aplicando-se a palavra-guia “NENHUM” à intenção. Isso é combina-
do com a intenção para fornecer:
“NENHUM” + “FLUXO DE A” = “NENHUM FLUXO DE A”
O fluxograma é então examinado para estabelecer as causas que podem produzir uma parada
completa do fluxo de A.
Algumas destas são causas claramente possíveis e, portanto, pode-se dizer que este é um des-
vio importante. Outras, não.
Em seguida, para as causas possíveis deve-se passar para a próxima etapa e avaliar as conse-
quências.

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5.
1. Selecionar roupa;
2. Ligar a máquina;
3. Encher de água;
4. Adicionar sabão;
5. Adicionar roupa;
6. Programar lavagem;
7. Desligar a máquina;
8. Retirar roupa;
9. Estender para secagem.

CAPÍTULO 4

1. Informar e conscientizar acerca dos riscos de segurança e saúde aos quais as pessoas estão
expostas e ser capaz de explicar os fatores de risco associados às endemias, aos acidentes am-
bientais e à atividade humana são algumas das principais atribuições da comunicação de risco,
que, ao mesmo tempo que tem de evitar alarde e preocupação indevida à população, deve
romper com a barreira da linguagem inerente ao vocabulário técnico-científico. A comunica-
ção de risco busca, antes de tudo, sensibilizar a população e a comunidade científica sobre os
desafios envolvidos em uma grande crise na área de saúde pública ou em quaisquer outras
áreas correlatas.

2. Para comunicar ao público e aos meios de comunicação de forma adequada, é necessário inda-
gar-se sobre: (1) quais informações são cruciais em mensagens iniciais a fim de promover rea-
ções apropriadas durante uma situação de crise? (2) quais são as mensagens a serem emitidas
antes, durante e após um incidente? (3) quais são os obstáculos à comunicação eficaz e como
eles podem ser minimizados?

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3. As cinco práticas são: (1) construção, manutenção ou restauração da confiança do público na-
queles responsáveis por gerenciar a crise e prover informações sobre o tema; (2) comunicados
rápidos, de forma a contribuir para o controle eficaz de uma situação de crise; (3) transparência,
que pode ser definida como a comunicação que é aberta, franca, facilmente entendida, com-
pleta e precisa; (4) respeito à preocupação do público, que deve ser vista como legítima, bem
como pesquisada e respeitada como uma força que irá influenciar no impacto da emergência
sanitária; (5) planejamento antecipado, vital para a efetiva comunicação em uma crise. O pla-
nejamento da comunicação da crise deve ser uma parte do planejamento da administração da
própria crise desde o começo.

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