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Entre dois pedidos uma graça sublime – Mt 20.

17-34
Caminhar com o Mestre é um privilégio imensurável! Seus ensinos, seu
toque é sublime sempre. No percurso deste livro de Mateus, o Messias
esperado caminhou nesta terra entre os pecadores. Não houve partes que
Ele não tocava e não deixasse uma marca inconfundível. Ora lemos e
vemos, talvez até nos sentimos ali, vendo-o libertar cativos, curar
enfermos e ressuscitar mortos; noutro momento, vemos Ele tocar as
mentes dos seus discípulos procurando puxar deles a correta percepção
de quem Ele era, como também ele colocava em xeque os raciocínios dos
religiosos e doutores da Lei daquela época, alias até hoje tudo isto é muito
real.
Como é sublime nosso Mestre, Senhor e Salvador!
Em direção dos seus últimos dias nesta terra, Ele caminha rumo a
Jerusalém. É fato que ao lermos Mateus vemos fatos narrados numa
cronologia da via cruz, o apogeu da obra vicária do nosso Senhor por nós.
Mas nesta caminhada, Mateus é cuidadoso em relatar acontecimentos
que devem chamar a nossa atenção ao lermos tão precioso evangelho, na
ótica de um publicano cobrador de impostos, que sabia sobre a Lei, e que
largara tudo para seguir o Mestre.
Dentro deste aspecto literário, é registrado varias vezes que o Senhor
Jesus dá o conhecimento sobre sua morte e ressurreição: Mt 17.22; 20.18
e 26.2. Fato é que os discípulos não entenderam o que claramente lhes foi
passado. Chama-nos a atenção de que também nós, muitas vezes lemos,
ouvimos sermões bíblicos e ainda assim, talvez com a atenção em outras
coisas, não vemos aquilo que está explícito diante de nossos olhos e
ouvidos. Creio que esta mensagem de hoje tem muito a ver conosco.
O tema de hoje é: Entre dois pedidos uma graça sublime!
Primeiramente, observamos o pedido de dois discípulos, anuídos com sua
mãe (vv.20-27). Se formos aos evangelhos de Marcos 10.35-45, vemos que
aqui foram os próprios discípulos que pediram ao Senhor Jesus para um se
assentar a direita e outro a sua esquerda; porém em Mateus, nosso texto,
nos diz que a mãe deles que também seguia a Jesus, que pediu para o
Senhor este benefício. Fato é que os olhos destes irmãos estavam num
reino materialista e visível, tal como era comum da humanidade naquela
época e hoje também. Porém, o anúncio do nosso Senhor sobre o Reino
era um Reino invisível e espiritual, o qual no tempo determinado pelo Pai
será manifestado a todos os eleitos como novos céus e nova terra onde
habita justiça. O pedido dos irmãos levou a uma manifestação de desejo
privilegiado e não de humildade, aquilo que o Mestre sempre ensinou.
Como dista o pedido de Tiago e João a ação generosa do Senhor da Vinha,
não é mesmo? E ainda a pressa deles em dizer que tomariam do cálice do
Senhor. Esta expressão era participar da honra do Rei em seu reinado,
mas Jesus afirmou a eles que eles iriam receber das mesmas dores que o
Mestre iria receber: foi chamado de belzebu, perseguiram a Cristo, foi
escarnecido, injuriado e cuspido por aqueles que diziam serem o povo de
Deus – assim também os discípulos do Senhor, participam dos sofrimentos
parecidos com o de Jesus. O Reino do Senhor não é como deste mundo, o
Senhor não é deste mundo que morre no maligno, no pecado, mas como
o Senhor tem seu Reino de Luz Imarcescível e inconfundível, assim seus
discípulos são também deste Reino, em que não há acepção de pessoas,
todos tem um único Senhor: Cristo Jesus, que veio para servir e não ser
servido, sendo Rei e Senhor de todos.
Foi assim que neste pedido dos irmãos Tiago e João, e vendo a reação dos
outros discípulos, o Mestre trouxe outro ensinamento (veja os versos 25 a
28):
Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem
autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será
vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a sua vida em resgate por muitos.

Um outro pedido, foi de dois cegos na saída de Jericó gritam por Jesus.
Antes de falar da narrativa de Mateus, observamos que nos evangelhos de
Marcos 10.46-52 e Lucas 18.35-43, fala de um cego apenas. Marcos relata
até o nome deste cego Bartimeu, e Lucas, por sua vez, diz que o cego
estava na entrada de Jericó e não na saída como diz Mateus. Estes
detalhes apontam para a veracidade do fato e não para contradição que
fosse feita para negar. Quando se faz uma acareação em um tribunal,
quando as testemunhas dizem exatamente iguais sobre um determinado
fato, os juristas ficam na dúvida da verdade do fato contato, chegando a
afirmar que há um complô entre as testemunhas e que tal narrativa é uma
inverdade. Porém, nós temos pontos de vistas diferentes sobre o mesmo
fato, e que Jesus poderia estar entrando ou saindo, na perspectiva de cada
uma das testemunhas que narraram o fato. Dito isto, vamos ao que
interessa: cegos queriam ver. Mas eles ficaram sabem quem era que
estava ali: “Senhor, Filho de Davi” (v.30). Eles não tinham duvida que era o
Messias esperado, que abriria os olhos aos cegos, traria audição aos
surdos e que libertaria o seu povo de todos os males deste mundo
tenebroso (Mt 11.5 cf Is 61.1-3).
Que pedido?! Ver, contemplar o Senhor, quem sabe não é enxergar
diferente do que os olhos naturais possam ver. Ver a esperança da glória.
Mas como eu disse nosso tema é: Dois pedidos, uma graça sublime. Esta
graça é anunciada pelo Senhor Jesus aos seus discípulos nos versos 17-19.
Era necessário o Filho de Deus ser entregue nas mãos dos pecadores, mas
a morte não venceria, Ele iria ressuscitar ao terceiro dia. Irmãos, três vezes
Mateus registra que o Senhor Jesus avisou deste fato importante a
acontecer, que aconteceu, porém, os discípulos, talvez mais cegos e
surdos do que aqueles que o Senhor curou, tanto na passagem que lemos
sobre os cegos em Jericó, como em outras passagens dos evangelhos,
obstinados por um reino material e perecível, não compreenderam
tamanha graça manifestada. Se o Senhor não tivesse se entregado por
eles, e por nós, e não ressuscitasse ao terceiro dia, estaríamos perdidos!
Mas glória seja dada ao Salvador e Senhor de nossas almas, Ele se
entregou por nós, para que nós mortos pelo pecado que em nós habita,
fossemos salvos da ira vindoura, que cegos pelo conflito de nossas almas
com as coisas deste mundo, fossemos trazidos a visão de contemplar no
Senhor, no dia que Ele derramou seu Espírito em nós, para enxergarmos a
glória que há de vir. Graça sublime! Maravilhosa graça!
Diante disto só me resta fazer perguntas para você, que são as mesmas
que eu faço a mim todos os dias:
Você tem buscado contemplar ao Senhor?
O quanto você tem desejado este mundo perecível e não o reino
vindouro?
Quanto tempo você investe em contemplar o Senhor em oração e leitura
da sua Palavra?

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