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O TEXTO
Dois livros de Ester:
HEBRAICO: mais antigo
GREGO: mais breve e tardio - não é uma simples tradução do texto
hebraico. É uma transformação completa de enquadramento e de
importação do texto hebraico.
O texto grego é deuterocanônico.
A DATA DE REDAÇÃO
O texto grego tem data certa: a partir do último versículo (10,31) podemos
deduzir que a data do livro se coloca entre 114 e 112 aC, durante o governo
de João Hircano sobre a Judéia.
A datação do texto hebraico é mais complexa e os estudiosos manifestam as
opiniões mais variadas: situam o texto desde a época de Xerxes (450 aC)
até depois de Jesus Cristo.
Com a maioria dos estudiosos podemos situar uma datação no fim da época
persa, lá pela metade do quarto século antes de Cristo (350 aC mais ou
menos).
Os conhecimentos exatos da estrutura administrativa do reino persa, a
ausência total de referência ao mundo grego e a sua cultura justificam a
nossa escolha.
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O ASSUNTO DO LIVRO
A história contada no livro de Ester se desenrola em Susa, uma das
capitais do império persa, no tempo do rei Xerxes (chamado de
Assuero). O texto grego já fala do rei Artaxerxes. Por uma
desobediência, ele manda embora sua mulher Vasti (Astin no
grego), abrindo assim o caminho para a escolha de Ester, uma órfã
hebréia, que se tornará rainha no lugar de Vasti.
Neste ínterim, explode um conflito entre o primeiro-ministro Amã e
o judeu Mardoqueu, que não quer se ajoelhar na frente dele e Amã
decide punir Mardoqueu e destruir todos os judeus do reino.
A intervenção de Ester, perante o rei, desmascara o plano perverso
de Amã, que é enforcado; e Mardoqueu fica no lugar dele.
Os judeus são autorizados a se defender e derrotam seus inimigos,
matando 75.000 pessoas.
A vitória dos judeus passa a ser festejada por uma grande festa que
é chamada festa dos Purim, e que deverá ser celebrada para sempre.
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CONCLUSÃO
Podemos concluir que o fato aqui narrado, como é narrado, não aconteceu. O
próprio estilo dramático da narração, feita de contrastes e suspense, se aplica
muito mais a um romance do que a uma história verdadeira.
Temos sempre que nos lembrar que os autores sagrados não são jornalistas
preocupados em relatar os fatos ocorridos. Muito mais do que isso, eles se
preocupam em animar a caminhada e a fé do povo.
Eles querem ajudar o povo a se posicionar no lugar verdadeiro, a fazer
escolhas verdadeiras, a encontrar o verdadeiro rumo da história, alimentando
assim a verdadeira esperança que nunca será iludida pelas falsidades do
mundo.
Eles querem dar respostas verdadeiras às verdadeiras perguntas do povo: a
verdade não é um fato acontecido, mas uma resposta que mostre o caminho
certo e não leve o povo "pro brejo”.
A preocupação do autor de Ester não é contar uma história verdadeira, mas A
VERDADE DA HISTÓRIA, uma verdade que possa ser vivida e feita por
todos os crentes, de todos os tempos e lugares. Também por nós hoje.
Os leitores de Ester encontraram uma resposta apropriada às perguntas que
eles tinham no coração. Com isso animaram sua fé e acertaram o caminho.
Esta e só esta é a verdade verdadeira, na qual vale a pena acreditar.
O CONTEXTO
Estamos na metade do século IV antes de Cristo, ao redor do ano
350. O império dos persas está chegando ao fim. Mais vinte anos e
os gregos despedaçarão este imenso império.
O livro de Ester nos dá uma rápida visão da grandeza e da força da
dominação persa: 127 províncias, várias capitais, um luxo
desmedido, uma abundância excepcional.
A estrutura imperial é muito bem organizada: ministros, cortesãos,
generais, homens da lei, astrólogos, conselho dos senhores, vice-rei,
governadores das províncias, sátrapas, escribas, todos eles
articulam a máquina administrativa e política do império.
A riqueza do palácio é impressionante: festas, banquetes, ouro,
marfim, tecidos finíssimos, comida e bebida em abundância.
Debaixo de todo este esplendor, porém, estão presentes abusos,
autoritarismo, ambição, descontentamentos, revoltas, ameaças de
atentados à própria vida do rei.
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A SITUAÇÃO CULTURAL-RELIGIOSA
A situação política, enfrentada com realismo, leva a uma mudança
substancial na perspectiva ideológica e religiosa do grupo.
Os judeus da diáspora persa não fazem mais nenhuma questão de
voltar à terra de Israel. A promessa da posse da terra era um aspecto
essencial da bênção de Javé para seu povo. Isso não é mais importante
para estes judeus.
A bênção de Deus é desligada da posse da terra. Isso devagar vem
mudando o próprio rosto de Javé e as características do seu projeto.
A mensagem dos antigos profetas era baseada numa palavra-chave:
FAZER A JUSTIÇA. Era a denúncia de um sistema opressor injusto,
na vontade de restabelecer uma ordem política e econômica sobre os
pilares da justiça, da partilha, para que não houvesse oprimidos no
meio do povo. Para que isso acontecesse, era necessário enfrentar a
questão da posse da terra, que devia ser garantida a todos, sem
nenhuma exploração.
Fazer justiça, neste sentido, é sociologicamente inviável, dentro
do império persa.
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AS SACEIAS
Era uma festa, só que de julho, do verão. Festa celebrada com muita
alegria, até demais. Por um dia eram invertidas as situações sociais:
o escravo virava dono, o dono escravo; o homem virava mulher e a
mulher, homem.
A grande alegria da festa dos Purim e a mudança da situação, tema
central do livro, nos levam a ver nisso outra raiz.
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1ª parte:
Inicia com 3 banquetes (1,3.5.9) e termina com l banquete (2,18).
São os banquetes dos poderosos e representam o sistema dominador.
2ª parte:
Intervalo entre os banquetes : aparece o conflito entre Amã e
Mardoqueu e a decisão de exterminar os judeus.
3ª parte:
Inicia com um banquete (5,1-5) e termina com outro banquete (7,1-
6). São os banquetes de Ester.
4ª parte:
Intervalo entre os banquetes: resolve-se o conflito entre Amã e
Mardoqueu. O povo judeu se salva.
5ª parte:
Inicia com um banquete (8,15-17) e termina com 3 banquetes
(9,17.18.19). São os banquetes do povo. Sinal da libertação
alcançada.
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CONCLUSÃO: 10,1-3
A verdadeira maneira de governar
Aqui termina o livro hebraico de Ester. Um último
trecho que teria melhor lugar depois de 9,19 e
encerraria mais logicamente a narração.
É a visão final do livro que mais uma vez coloca
em confronto as duas maneiras de governar.
De um lado o governo de Assuero, dominador e
baseado no tributarismo pesado e explorador
( 10,1).
É um reino que tem um livro, para escrever a
história do poderoso que domina sobre toda a terra
e as ilhas do mar ( 10,2).
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