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Agente despigmentante

cutâneo

CISTEAMINA HCl Utilizado no tratamento


de melasma

Uniformiza o tom da pele

O QUE É?

A cisteamina é um antioxidante endógeno, um composto aminotiol, derivado do metabolismo celular da coenzima A. Na


forma de cloridrato, sua aplicação tem sido explorada em distúrbios pigmentares, como a hiperpigmentação ou melasma,
uma vez que a cisteamina tem se apresentado como um ativo altamente biodisponível e biocompatível, já que é sintetizado
por praticamente todas as células do organismo humano. Além disso, a cisteamina tem demonstrado baixa toxicidade e
um perfil de segurança superior em comparação aos agentes despigmentantes usualmente empregados no tratamento
de hiperpigmentações, como a hidroquinona, que costuma induzir à irritação e sensibilização cutânea.

Figura 1 - Estrutura química da Cisteamina HCl. SciFinder, 2019.


QUAL O MECANISMO DE AÇÃO?

O mecanismo do cloridrato de cisteamina no tratamento de distúrbios pigmentares ainda não está completamente elucidado.
Entretanto, tem sido demonstrado que a cisteamina atua através da inibição da síntese de melanina (melanogênese), resultando
no clareamento cutâneo.

Melanogênese, por definição, é a produção dos pigmentos de melanina e estes são frequentemente produzidos por células
chamadas melanócitos, que transferem estes pigmentos até a camada mais externa da pele. A estrutura química e molecular
da melanina é adequada à absorção de ultravioleta (UV), portanto, a melanina atua como forma de proteção à radiação UV,
especialmente da luz solar. O processo de biossíntese da melanina pode ser influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos,
incluindo a exposição à radiação UV e determinados compostos químicos assim como processos inflamatórios, idade ou etnia,
respectivamente.

Figura 2 – Melanócitos localizados na camada basal da pele produzem melanina, que é transferida através dos melanossomas
para os queratinócitos na epiderme cornificada. Adaptado de D´MELLO et. al. 2016.

Simplificadamente, a biossíntese da melanina tem início no interior do melanossoma com a hidroxilação do aminoácido
essencial tirosina a DOPA e posteriormente a oxidação de DOPA a DOPAquinona, sendo essas reações catalizadas pela enzima
tirosinase. Após a formação de DOPAquinona, as reações da melanogênese podem seguir dois caminhos distintos: um deles
levando à formação da eumelanina e outro, à formação da feomelanina.

Na presença de cisteína, a DOPAquinona se transforma em DOPAcisteína que se oxida e se transforma em feomelanina


(pigmento de coloração amarelado ou avermelhado) ou em eumelanina (pigmento de coloração acastanhado ou preto) se
a DOPAquinona passar por ciclização, convertendo-a em DOPAcromo e seus subprodutos 5,6-dihidroxiindol (DHI) e ácido
5,6-dihidroxiindol-2-carboxílico (DHICA).

Grande parte destas reações está relacionada às condições de oxidação-redução no interior do melanócito, e níveis mais
elevados de glutationa ou a expressão e a atividade aumentada de enzimas antioxidantes estão associadas com uma maior
formação de eumelanina em relação à feomelanina. A eumelanina apresenta propriedades antioxidantes, age como barreira
física contra a radiação UV e tem capacidade de quelar metais pesados, mantendo a homeostase da pele. 1–3
Figura 3 - Etapas da biossíntese de melanina. Adaptado de ROCHA et. al. 2007.

A cisteamina apresenta em sua estrutura um grupamento funcional –SH, denominado grupamento tiol ou mercaptano, assim como
o ácido tioglicólico, um agente despigmentante conhecido por inibir a enzima tirosinase, envolvida na biossíntese da melanina.
Sendo a cisteamina pertencente ao grupo dos tióis, acredita-se que sejam compartilhados os mesmos mecanismos atribuídos aos
despigmentantes desta classe, incluindo a inibição da tirosinase, remoção de DOPAquinona da via da melanogênese e quelação
de íons de ferro e cobre, que participam de reações envolvidas na síntese do pigmento. Além disso, a cisteamina demonstrou
aumentar os níveis intracelulares de glutationa, mantendo o equilíbrio redox necessário para a formação de melanina. 4–6

EVIDÊNCIAS NA LITERATURA

CISTEAMINA E TRATAMENTO DE MELASMA

Melasma é uma hipermelanose adquirida, crônica, recorrente, simétrica, que é caracterizado por manchas marrons de variável
intensidade especialmente em áreas expostas ao sol. O melasma é mais comum em mulheres, representando 90% de todos os
casos, e que pode se manifestar em todos os fototipos de pele. Grande parte de sua fisiopatogenia permanece desconhecida,
havendo relação com fatores genéticos, hormonais, uso de medicamentos, cosméticos, endocrinopatias e fotoexposição.

Vários agentes despigmentantes estão disponíveis para o manejo do melasma, sendo a hidroquinona e seus derivados os mais
comumente utilizados no tratamento de alterações pigmentares. No entanto, estes agentes costumam induzir efeitos colaterais
locais como irritação, sensibilização e eritema, além de apresentar potencial mutagênico e carcinogênico.

Neste sentido, o cloridrato de cisteamina tem se apresentado como uma alternativa útil no tratamento desta hipermelanose, com
resultados crescentemente relatados na literatura.
A eficácia de um creme de cisteamina a 5,0% foi avaliada em pacientes com melasma em comparação ao placebo. Os indíviduos
aplicaram o creme com cisteamina ou apenas o creme placebo uma vez ao dia, no período noturno, ao longo de quatros meses.
Avaliações colorimétricas foram realizadas no segundo e no quarto mês de uso, demonstrando uma diminuição significativa no
conteúdo de melanina nas hiperpigmentações em ambos os períodos avaliados nos pacientes que usaram cisteamina. 6

Estes dados foram corroborados por outro estudo que seguiu o mesmo protocolo, utilizando ferramentas de diagnóstico mais
precisas para distúrbios pigmentares e índices de melanina, de forma que o uso do creme de cisteamina demonstrou reduzir o
conteúdo de melanina nas lesões. 5

Figura 4 - Participante de ensaio clínico, 38 anos, portadora de melasma resistente aos tratamentos convencionais. A) Antes do tratamento
B) 2 meses de tratamento C) Após 4 meses de tratamento com creme de cisteamina a 5,0 %. Adaptado de FARSHI, et. al. 2018.

O uso tópico de cisteamina demonstrou ser eficaz e bem tolerado no tratamento de melasma resistente aos
tratamentos convencionais. Em um relato de caso, uma paciente de 44 anos que apresentava melasma resistente
ao tratamento com fórmula de Kligman (hidroquinona 5,0%, dexametasona 1,0% e ácido retinóico 0,05%)
passou a utilizar cisteamina diariamente, sendo verificada melhora das lesões hiperpigmentadas, assim como
redução da telangiectasia e hipopigmentação decorrentes do tratamento anterior. Após 4 meses, os resultados
terapêuticos foram mantidos através de um regime de aplicação quinzenal do creme com cisteamina. A paciente
foi acompanhada ao longo de 3 anos, fazendo uso de fotoprotetor diário e não foram observadas recidivas das
hipermelanoses ou efeitos colaterais associados ao uso de cisteamina. 4

Em conjunto, as evidências demonstram que a cisteamina em creme pode ser uma alternativa aos agentes
despigmentantes convencionais, dado seu perfil de segurança e eficácia.

É importante ressaltar que a melhor forma de prevenção para o melasma é a proteção solar. As medidas de
proteção devem ser realizadas diariamente, mesmo que o dia esteja nublado ou chuvoso. Como o melasma
pigmenta também com a luz visível, os filtros solares comuns não protegem totalmente as pessoas com melasma.
Por isso, devem-se associar à fotoproteção filtros físicos, que protegem da luz visível. Outra medida importante
é a reaplicação do filtro solar, para manter a proteção adequada durante todo o dia. Toda medida que evite a
exposição solar da região acometida deve ser estimulada. Ao longo do tratamento com cisteamina, o paciente
deve ser orientado a fazer o uso do fotoprotetor diariamente.
SUGESTÃO POSOLÓGICA:
USO TÓPICO: 5,0% (para tratamento de melasma)

SUGESTÃO DE FÓRMULA:
Cisteamina HCl 5,0%
Glutationa Reduzida 0,5%
Loção ou creme base não iônico qsp 30 g
Aplicar na face limpa e seca a noite, deixando agir por
15 minutos (enxaguar após) durante 3 meses. Para
manutenção dos resultados, aplicar 2x na semana.
RECOMENDAÇÕES FARMACOTÉCNICAS
Manter a formulação final sob refrigeração.
Não utilizar instrumentos de metal (ex.: espátulas).
Dispensar em embalagens plásticas, como bisnaga.
pH final da formulação: 4,0 a 5,0

Este insumo deve ser utilizado sob orientação


médica ou de outros profissionais da saúde.

Informativo destinado a profissionais da saúde.

LITERATURAS CONSULTADAS

1. D’Mello SAN, Finlay GJ, Baguley BC, Askarian-Amiri ME. Signaling pathways in melanogenesis. Int J Mol Sci. 2016;17(7):1-18. doi:10.3390/
ijms17071144
2. Gillbro JM, Olsson MJ. The melanogenesis and mechanisms of skin-lightening agents - Existing and new approaches. Int J Cosmet Sci.
2011;33(3):210-221. doi:10.1111/j.1468-2494.2010.00616.x
3. Luciane de Melo Rocha LM de AM. Diagnóstico laboratorial do albinismo oculocutâneo Laboratory diagnosis of oculocutaneous albinism. JBras Patol
Med, Lab. 2007;23(1):25-30.
4. Kasraee B, Mansouri P, Farshi S. Significant therapeutic response to cysteamine cream in a melasma patient resistant to Kligman’s formula. J Cosmet
Dermatol. 2019;18(1):293-295. doi:10.1111/jocd.12837
5. Farshi S, Mansouri P, Kasraee B. Efficacy of cysteamine cream in the treatment of epidermal melasma, evaluating by Dermacatch as a new
measurement method: a randomized double blind placebo controlled study. J Dermatolog Treat. 2018;29(2):182-189. doi:10.1080/09546634.2017
.1351608
6. Mansouri P, Farshi S, Hashemi Z, Kasraee B. Evaluation of the efficacy of cysteamine 5% cream in the treatment of epidermal melasma: A randomized
double-blind placebo-controlled trial. Br J Dermatol. 2015;173(1):209-217. doi:10.1111/bjd.13424

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