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EM ESTÉTICA
Introdução
A melanogênese pode ser influenciada por fatores intrínsecos e extrín-
secos e eles afetam diretamente na pigmentação da pele. Entre esses
fatores, incluem-se os genéticos, os hormonais e ação dos raios UV.
Os ativos clareadores podem atuar por diferentes mecanismos de
ação. Eles estão envolvidos diretamente em minimizar ou bloquear a
produção ou transferência de pigmentos responsáveis pela pigmentação
da pele.
Neste capítulo, você conhecerá o mecanismo de ação dos clareado-
res cutâneos, identificará riscos e complicações decorrentes do uso de
clareadores cutâneos e classificará os cosméticos clareadores conforme
os diferentes fototipos cutâneos.
Inibidores da tirosinase
■ Ácido kójico: inibe a ação da tirosinase como quelante de íons. Quela
o íon presente nessa enzima e bloqueia todo o mecanismo de produção
da melanina, promovendo a diminuição da formação de pigmento
(RENDON; GAVIRIA, 2005).
■ Hidroquinona: inibe a tirosinase, reduzindo a conversão de dopa em
melanina. Também pode destruir melanócitos, degradar melanossomos
e inibir a síntese de DNA e RNA. É indicada no clareamento gradual
Ativos clareadores 5
De acordo com Kim et al. (2003), com base em estudos realizados em cultura de células
Mel-Ab, cultura de melanócitos humanos e de ensaios de atividade da tirosinase in vitro,
quando essas células foram submetidas a variações de temperatura de incubação por
períodos determinados de tempo, verificou-se variações na atividade da tirosinase.
Mudanças ambientais, como a variação de temperatura, influenciam a morfologia de
melanócitos, o grau de atividade enzimática da tirosinase e a síntese de melanina; em
temperaturas de 27°C a 31°C, a atividade enzimática é reduzida de maneira temperatura-
-dependente e, portanto, diminui a síntese de melanina.
8 Ativos clareadores
Inibidores da tirosinase
■ Ácido kójico: pode causar alergias de contato e tem alto potencial
de sensibilização, mas não foram constatados efeitos teratogênicos.
Em comparação com os demais clareadores usados comumente
para o tratamento de manchas, é menos irritante e mais suave e não
causa fotossensibilização, o que permite que se use durante o dia
(RENDON; GAVIRIA, 2005).
■ Hidroquinona: acarreta efeitos citotóxicos linfocitários, observa-
dos pelo prejuízo de diferentes funções celulares (LEE et al., 2002;
DIMITROVA et al., 2005), na proliferação e secreção de citocinas,
tanto das células circulantes e de órgãos linfóides secundários
quanto de células provenientes da medula óssea (MCCUE et al.,
2003; CHO, 2008), além de causar inibição da blastogênese e inter-
ferência na progressão do ciclo de células T (FRAZER-ABEL et al.,
2007). O tratamento com hidroquinona pode causar vermelhidão,
coceira, descamação, inflamação excessiva, vesículas (bolhas) e
sensação leve de queimação. Outras reações menos frequentes
também podem derivar do uso, como manchas marrons reversíveis
nas unhas. Não se deve utilizar hidroquinona em grandes áreas do
corpo, evitando o contato com os olhos e em pele irritada e com
presença de queimaduras solares. Gestantes e lactantes também
não devem usar o produto.
Ativos clareadores 9
Estudos demonstraram que o uso do protetor solar de amplo espectro, UVA e UVB,
associado a cremes despigmentantes, constituem a base fundamental no tratamento
do melasma (STEINER et al., 2009).
Para saber mais sobre a fisiopatologia do melasma, leia o artigo no link a seguir.
https://goo.gl/WFdsKU
Maio (2011).
Inibidores da tirosinase
(Continuação)
Inibidores da tirosinase
(Continuação)
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