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Lágrimas Derramadas: Á Morte do Cão Tinhoso

Crítica comparada dos contos “Nós matamos o cão tinhoso” e


“Nós choramos pelo Cão Tinhoso”
Lucas Duarte Barreiros – 2°B N:25

As lágrimas tomavam contam de todos, estampavam a tristeza e desconforto que


transparecia na história do cão. Desde os amigos de Ginho, que esperavam pelo tão
demorado tiro, até dentro da sala de aula, pelo aluno que recitava em voz alta para toda a
sua turma, era possível ver a tão deplorável sensação que transmitia a morte do cão
tinhoso.
O conto “Nós matamos o cão tinhoso”, foi escrito por Luís Bernardo Honwana
em 1964, período no qual Moçambique passava pela mais importante de suas guerras, a
Guerra da Independência de Moçambique. Nesse conto, é acompanhada a história de um
menino, chamado Ginho que narra a dolorosa morte de seu cachorro, de pele preta,
caracterizado como feio, assustador e repleto de rugas. Historicamente, a terra
moçambicana, lar do cão tinhoso, ainda era de comando português, portanto, situando-se
das circunstâncias em que o pais se encontrava, se torna claro a presença da Nação, dentro
do conto, através da representação de Moçambique no próprio cão e da resistência e luta
travada por Isaura.
Da mesma forma, o conto “Nós choramos pelo Cão Tinhoso”, laçado alguns anos
após “Nós matamos o cão tinhoso”, faz referencias a ele. Mesmo contando uma história
diferente, que dessa vez é acompanhada de outro garoto que recita o fim do conto em voz
alta para toda a sua sala, a mesma sensação de tristeza e desconforto, que é um pouco
mais presente em “Nós matamos o cão tinhoso”, é transmitida pelos alunos na sala de
aula. O choro, presente nos dois contos, é a maior representação dos sentimos causados
pela história, afinal, ela trata sobre a gigantesca banalização da violência, tanto das
grandes, como as bombas deferidas ao Cão Tinhoso e a Moçambique, que foram
resistidas, quanto as menores, como os maus tratos e as condições de vida representadas
nos dois lugares.
É curioso, o modo como a vida do Cão Tinhosa é representada no conto. Mesmo
estando vivo, não vivia, ao menos aparentava, era um verdadeiro morto-vivo. Até que por
um mero incomodo por sua feiura, decidiram-no matar, levando assim consigo não apenas
a vida do cão como toda a nação de Moçambique, que assim, a partir daquele momento
teria de se regenerar e resgatar toda a sua vida e identidade, silenciadas e tiradas a força.
As características linguísticas é outro aspecto que conecta muito os contos e os
torna marcantes. Nos dois textos, como já dito é muito representada a cultura
Moçambicana e sua identidade.
Com isso, é perceptível a conexão entre ambos os textos, que narram diferentes
perspectivas de um mesmo acontecimento e em um mesmo ritmo, parado e
desconfortante, que gera essa sensação nos leitores. Os textos trazem por um lado, a visão
das crianças, que enfatiza esse sentimento de violência contra a população Moçambicana
e de outro, o da própria história, representando com sigo a morte de sua própria
personalidade. Os dois contos, acabam por narrar a morte de Moçambique como nação,
que perde então sua personalidade.

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