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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ-UFPI


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS-CCHL
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
LETRAS-LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA

DÉBORAH CRISTINA SOARES RIBEIRO

EMBARGO NA RESSIGNIFIÇÃO DA REALIDADE: HOMEM versus MÁQUINA

TERESINA
2019
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DÉBORAH CRISTINA SOARES RIBEIRO

EMBARGO NA RESSIGNIFIÇÃO DA REALIDADE: HOMEM versus MÁQUINA

Projeto de Pesquisa de Trabalho de


Conclusão de Curso (TCC) apresentado à
disciplina TCC I, do Curso de Letras-
Português, da Universidade Federal do
Piauí, como requisito parcial para a
obtenção de nota.

Orientador: Prof. Me. Carolina de Aquino


Gomes

TERESINA
2019
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SUMÁRIO

1 TEMA.....................................................................................................................3
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................3
3 PROBLEMA........................................................................................................ ..3
4 JUSTIFICATIVA....................................................................................................3
5 OBJETIVOS........................................................................................................ ..4
5.1 Geral......................................................................................................................4
5.2 Específicos...........................................................................................................4
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................4
7 METODOLOGIA....................................................................................................6
8 CRONOGRAMA...................................................................................................7
REFERÊNCIAS.....................................................................................................8
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1 TEMA

O trabalho com a linguagem literária para ampliação dos sentidos em “Embargo”, de


José Saramago.

2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

Análise do modo como a linguagem literária é utilizada por Saramago no


conto Embargo, para a ampliação dos sentidos, de forma a alcançar o indizível.

3 PROBLEMA

Como Saramago redireciona a história para discutir sobre a coisificação do


homem perante a máquina, por meio da linguagem literária?

4 JUSTIFICATIVA

O presente projeto de pesquisa concentra sua importância na possibilidade de


um desenvolvimento de ideias essenciais ao tema proposto. Ideias estas que serão
trabalhadas pelo estudo e análise do conto “Embargo”, de José Saramago (1978),
sob um contexto supostamente histórico, que favoreceu a criação de um
redirecionamento do homem na realidade. Este conto serve de base para
discussões quanto a possíveis reflexões e questionamentos direcionados ao leitor
na perspectiva da linguagem literária promovida pelo uso de recursos da literatura
fantástica. Para o autor isso significa o contrário de “fuga da realidade”, ou seja, ele
incide sobre a realidade por meio o fantástico a fim de impactar o indivíduo-leitor a
respeito de problemáticas em uma sociedade extremamente capitalista, utilizando
artifícios estéticos - o absurdo e o insólito- na narração pelo viés do ficcional e do
fantástico.
Faz-se necessário analisar também a narrativa pelo fato de que há sempre
algo por trás da história contada, que ao invencionar em determinada situação um
homem sendo dirigido (manipulado) por seu automóvel, pode direcionar o leitor a
questões sociais e políticas, levando-o ainda a uma espécie de auto-entendimento e
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auto-avaliação. Também pode simplesmente levar este indivíduo a compreender,


por meio da leitura literária, assuntos que, embora passem despercebidos, por
causa de costumes ligados ao consumo de tecnologias, acabam incidindo sobre
mudar sua forma de ver o mundo. Assim, o conto de José Saramago mostra-se em
sintonia com as questões que inquietam a sociedade contemporânea por meio
dessa discussão sobre o homem e a dependência de novas tecnologias.

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo Geral:


Analisar o modo como a linguagem literária é utilizada por José Saramago no conto
“Embargo”, tendo como foco principal a coisificação do homem e a humanização da
máquina na ressignificação da realidade.

5.2 Objetivos Específicos:


● Analisar o contexto histórico em que a narrativa foi produzida;
● Entender a construção da linguagem literária fantástica, considerando o insólito e
o absurdo;
●Identificar na análise da narrativa os pontos que possibilitam uma reflexão do
homem na sua realidade.

6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6.1 Crise e ditadura materializadas nas entrelinhas de um legado deixado aos


tempos modernos
A narrativa que será analisada cita logo no início do conto o fato que envolve
o contexto onde o personagem principal se encontra: “Este estúpido embargo. O
pânico, as horas de espera, em filas de dezenas e dezenas de carros. Diz-se que a
indústria irá sofrer as consequências”. (SARAMAGO, 1998, p. 20). Neste ponto, sem
muita profundidade, o autor sugere ao leitor um acontecimento verídico, ou seja,
buscando fontes históricas a partir da informação presente neste pequeno trecho
sabe-se que Portugal, vista como inimiga do maior produtor de petróleo, o Oriente
Médio, foi diretamente afetada por um embargo total. Embargo este que ganhou
forças ainda na ditadura materializada pelos ideais do Estado Novo (1933 – 1974).
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Ademais, o século XX foi um período de grandes mudanças na economia, e como o


seu bom andamento pode envolver questões de interesse para outras potências
diferentes, não tardou para grandes conflitos acontecerem quando o maior produtor
do “ouro preto” se deu conta da desigualdade diante da exploração dos europeus:

O Oriente Médio tornou-se desde o fim da Primeira Guerra Mundial, o


principal produtor de petróleo do mundo, o que levou à cobiça dos
europeus, que dominaram a região por décadas, colonizando e explorando
as suas riquezas. Aos poucos, os países do Oriente Médio foram adquirindo
a sua independência política, mas sem ter o controle da sua principal
riqueza, que até 1970, tinha mais de 90% da sua produção petrolífera
controlada por sete companhias, as chamadas “Sete Irmãs. (LEE-MEDDI,
2009, p.1)

Ainda sobre a popularização do automóvel, é importante destacar aqui a


relação de dependência do homem à tecnologia, no intuito de abordar um dos
objetivos da narrativa em análise. Saramago foi sagaz ao colocar o personagem da
história para a representação do humano consumidor, mas mais especificamente o
humano que pensa comandar uma máquina, mas na verdade ela que o comanda.
Em A modernidade sobre rodas (2003), Marco Antonio Connacioni Sávio, posiciona-
se diante de questões similares, quando aborda a cultura do automóvel:

Essa cultura do automóvel que permeia o nosso cotidiano é uma cultura que
passou a ser forjada logo nos primeiros anos do século passado. Essa
cultura atravessou o oceano e chagou até nós, sendo absorvida e
interpretada conforme idéias que envolviam não apenas questões de
mecânica, combustíveis, pavimentação, serviços diversos, estradas e de
tráfego, mas também questões culturais, políticas e de identidade.

Ao chegar a um ponto de auto-entendimento e reflexão, o indivíduo encontra-


se diante de um problema, como é o caso do clímax da narrativa. Neste ponto,
também é observável que o carro ao se deparar com a falta de combustível, assume
autoconsciência, justamente pelo fato de motivações políticas e econômicas
ameaçarem seu funcionamento.

6.2 Crítica Literária a respeito da produção de José Saramago


O contexto da época em que se encontravam os produtores de conteúdo
literário influenciou fortemente as produções que se encaixam nas premissas da
Literatura Portuguesa Contemporânea. Não só pelo período que as determina como
tal, mas também pelo caráter inovador, que encontrou no campo da linguagem
literária fantástica, suporte para atingir o consciente do leitor, através de um
sentimento de revolta por aqueles que possivelmente ansiavam por libertação.
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O escritor português José Saramago (1922-2010), criador da obra que aqui


permitiu inspiração para análise, construiu um historicismo fantástico que ganhou
concretude pela necessidade de denúncia daquele período tão repressor que
Portugal experimentou durante a ditadura salazarista e a implantação do Estado
Novo.
Ademais, Ana Marcia A. Siqueira (2018), com a publicação de A linguagem
fantástica em “Coisas” – a rebelião necessária apresenta essa dura realidade de
repressão experimentada pelos portugueses, e que mesmo após anos de sua
ocorrência ainda hoje é conhecida e muito trabalhada, tanto nos diversos campos da
intelectualidade, como pelos leitores que não se inserem no meio acadêmico:

José Saramago insere-se nesse contexto heterogêneo trazendo à baila,


assim como diversos outros autores portugueses, o debate sobre o peso
imposto pela tradição portuguesa ligada a um passado glorioso, a
necessidade de se repensar a autoimagem do país após décadas de
paralisação e medo impostos pelo salazarismo, a denúncia do silenciamento
social e cultural promovido por este regime, assim como dos rumos
equivocados tomados pelo novo governo. Desses objetivos, nasceu uma
profícua produção literária agudamente crítica e inovadora reconhecida
tanto pelo público, quanto pelo meio acadêmico, que tem se desdobrado
sobre sua obra, resultando em extensa bibliografia.

Além dessa abordagem sobre a ditadura, acontecimento que se tornou


propício para essas novas criações na Literatura, seja a coletânea de contos na obra
Objecto Quase (1978), de Saramago, seja, em especial, “Embargo”, percebe-se uma
visão crítica do autor nas entrelinhas da narrativa, isto é, essa construção do autor
ressignifica a realidade e atinge o indivíduo enquanto alvo desse desejo de
denunciar esse acontecido catastrófico antes vivenciado. Contudo, é através da
ficcionalização de dados reais, da verossimilhança, do discurso amplamente
metafórico, do fantástico e todos os construtos possíveis que se chega ao ponto
principal da escrita de Saramago. Pelo fantástico, o escritor português também
rompe criticamente com paradigmas de uma sociedade movida pelo consumismo,
formulando com a linguagem literária novos sentidos que agora são capazes de
ampliar a percepção humana.

6.3 Reificação: Linguagem Literária do Insólito e do Absurdo


Essa junção entre artifícios estéticos que compõem a linguagem literária
fantástica, e coisificação do homem e a humanização da máquina é um conteúdo
que por si só rompe com as mesmices cotidianas, experimentadas por quem há
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anos está acomodado com o consumismo, fazendo disso o combustível para o bem-
estar e estabilização enquanto ser humano. Esta é uma afirmação resultante das
interpretações relativas ao conto “Embargo”. Interpretações, no plural, porque a
relação entre literatura contemporânea e história permite contemplar a construção e
ampliação de sentidos presentes na narrativa, tanto pelo viés crítico que faz
entender a problemática da existência humana, como pelo segmento literário
contemporâneo que traz o irreal como um dos componentes caracterizadores da
Literatura Fantástica.
Esta definição do que seria literatura fantástica traz diferentes concepções de
diversos autores. Mas fundamentando-se em estudos atuais sobre este movimento e
o que é próprio dele, problematizações serão demonstradas e reflexões acerca das
especificidades de cada um resultarão em uma definição satisfatória. A começar
pela compreensão dessa literatura por meio das diferenças e similitudes pela
perspectiva do “modo”; pela tentativa de organização dessa narrativa em gêneros;
perpassando pelo insólito e o absurdo, artifícios utilizados por Saramago no conto
“Embargo” e defendidos por alguns estudiosos como elementos determinantes do
fantástico, e ainda, com forte presença na narrativa a ser analisada.

7 METODOLOGIA
O presente projeto de pesquisa é de caráter descritivo e explanatório. Trará
como análise o conto “Embargo”, do escritor português José Saramago (1922-2010).
Por meio dessa narrativa que se concretiza pela linguagem literária fantástica e o
contexto histórico da época retratados em sua composição, serão realizadas
discussões a cerca da Literatura Portuguesa Contemporânea. Através dela será
possível entender como Saramago redireciona a história para a ressignificação da
realidade.
O contexto histórico que apresenta a crise petrolífera e ditadura vivenciadas
pelos portugueses durante o salazarismo; a crítica literária a respeito da produção
de Saramago, desenvolvida pela linguagem literária fantástica que é tecida no conto,
ao passo que a humanização do homem e humanização da máquina contextualizam
os caminhos da narrativa terão como fundamentação teórica as ideias defendidas
por Ana Márcia Alves Siqueira (2018), David Roas (2001) e Marisa Martins Gama-
Khalil (2013), além das composições de outros estudiosos que auxiliarão nesse
estudo, a fim de internalizar as principais críticas que o conto em questão impõe,
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contribuindo pra a concretude do objetivo geral e dos outros fatores que são de real
importância retratados pela escrita relevante de Saramago.

1 INTRODUÇÃO
2 CONTEXTO HISTÓRICO: CRISE E DITADURA
3 CRÍTICA LITERÁRIA A RESPEITO DA PRODUÇÃO DE JOSÉ
SARAMAGO
4 A REIFICAÇÃO EM “EMBARGO”: LINGUAGEM LITERÁRIA DO
INSÓLITO E DO ABSURDO
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

8 CRONOGRAMA

PROJETO DE PESQUISA INTERVALO MONOGRAFIA

PERÍODO DE
AGO. SET. OUT. NOV. DEZ. 2019.2 MAR. ABR. MAIO JUN. JUL.
TEMPO
2019.2 2019.2 2019.2 2019.2 A 2020.1 2020.1 2020.1 2020.1 2020.1
FEV. 2020.1

ATIVIDADES
Embasamento teórico
para construção do
projeto de pesquisa
Levantamento
bibliográfico
Elaboração do projeto
de pesquisa

Orientações do
provável professor de
conteúdo
Orientações do
professor da
disciplina
Ajustes do projeto de
pesquisa

Apresentação do
projeto de pesquisa

Revisão do projeto de
pesquisa

Leitura e fichamento
da bibliografia teórica
9

Elaboração da
monografia
Orientações do
professor orientador
de conteúdo
Revisão textual da
monografia
Depósito da
monografia na
coordenação do
curso para defesa
Apresentação da
monografia

REFERÊNCIAS
GOLDMANN, Lucien. A reificação. In: ___. Dialética e cultura. 2. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1979, p. 105-152.

GAMA-KHALIL, Marisa M.. A literatura fantástica: gênero ou modo? Terra Roxa e


Outras Terras. Londrina, v. 26, n0. 1, p.18-31, dez. 2013.

RAMOS, Marilúcia M. A sociedade de consumo como objeto de conto do escritor


português José Saramago e do brasileiro J. J. Veiga: confluências temáticas. In:
Anais do XXII Congresso Internacional da ABRAPLIP, 2009.

SARAMAGO, José. Objeto quase. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SÁVIO, Marco A. C. Há Liras de Orfeu em todos os automóveis: as feiras


automobilísticas e as seduções do automóvel em São Paulo, nos anos 20, s.d.

SÁVIO, Marco A. C. A modernidade sobre rodas. São Paulo, tecnologia automotiva,


cultura e sociedade. São Paulo: EDUC/FAPESP, 2003.

ROAS, David. A ameaça do fantástico. Aproximações teóricas. Tradução


de Julián Fuks. São Paulo: Unesp, 2014.

LEE-MEDDI, Jeocaz. O mundo e a crise do petróleo de 1973 - Disponível em


SAPOBLOGS, 2009.

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