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Contextualização da obra
Sobre o autor
O escritor Daniel Munduruku é indígena, graduado em
Filosofia, com licenciatura em História e Psicologia. Doutor em
Educação pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutor em
Literatura pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Diretor presidente do Instituto UKA — Casa dos Saberes
Ancestrais. Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República na
categoria da Grã-Cruz, a mais importante honraria oficial dada a um cidadão brasileiro na
área da cultura. Recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior, entre eles, o Prêmio Jabuti,
o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, o Prêmio Érico Vanucci Mendes (outorgado pelo
CNPq) e o Prêmio Tolerância (outorgado pela Unesco).
Mito é uma tentativa de o ser humano explicar o que observa no mundo, contando sobre a
experiência de estar vivo; é um facilitador do caminho que ele faz do nascimento até a morte,
ajudando-o a passar pelas fases de transição que há entre as duas extremidades da vida.
Betty Mindlin, antropóloga brasileira, acrescenta:
MINDLIN, Betty. O primeiro homem e outros mitos dos índios brasileiros. 2. ed. São
Paulo: Cosac Naify, 2001. p. 7-8.
Assim, os mitos, por meio de palavras, imagens e símbolos, ajudam o ser humano a
conhecer a sua própria cultura e a dos outros povos. Predominantemente urbanas nos dias de
hoje, as pessoas acabaram por se distanciar dos mitos. Retomar os mitos, conhecer mitos de
outras culturas é um poderoso instrumento de investigação de nossas raízes.
1. Explicar – o presente é explicado por alguma ação que aconteceu no passado, cujos efeitos
não foram apagados pelo tempo, como por exemplo, uma constelação existe porque, há
muitos anos, crianças fugitivas e famintas morreram na floresta, mas uma deusa levou-as para
o céu e transformou-as em estrelas.
2. Organizar – o mito organiza as relações sociais, de modo a legitimar e determinar um
sistema complexo de permissões e proibições. O mito de Édipo existe em várias sociedades e
tem a função de garantir a proibição do incesto, por exemplo. O “castigo” destinado a quem
não obedece às regras funciona como “intimidação” e garante a manutenção do mito.
3. Compensar – o mito conta algo que aconteceu e não é mais possível de acontecer, mas que
serve tanto para compensar os humanos por alguma perda, como para garantir-lhes que esse
erro foi corrigido no presente, oferecendo uma visão estabilizada da Natureza e do meio que a
cerca (Chauí, p. 162).
O pensamento mítico envolve e relaciona elementos diversos, fazendo com que eles ajam
entre si. Depois, ele organiza a realidade, dando um sentido metafórico às coisas, aos fatos.
Em terceiro plano, ele cria relações entre os seres humanos e naturais, mantendo vínculos
secretos que necessitam ser desvendados. O mito nos ajuda a se acomodar no meio em que
vivemos.